Contribuições das humanidades nos estudos da cultura latino-americana:
transversalidades e travessias em tempos de pandemia.
Instituto Conexão Sociocultural (CONEX) e o do Centro Latino-Americano de Estudos
em Cultura (CLAEC) em parceria com a Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), CAMPUS Jaguarão, VI Encontro Humanístico Multidisciplinar (EHM) e V Congresso Latino-Americano De Estudos Humanísticos Multidisciplinares (CLAEHM), que será que realizado em formato virtual de 23 a 27 de novembro de 2020 2
“A Arqueologia Pública na América Latina e seu contexto mundial”
Pedro Paulo A. Funari
O tema geral deste encontro, Contribuições das humanidades nos estudos da
cultura latino-americana: transversalidades e travessias em tempos de pandemia, coloca-nos diante dos desafios do momento, à luz do mais amplo contexto. O tema sugerido pela organização do evento, a Arqueologia Pública na América Latina e seu contexto mundial, pode ser abordado a partir da explicitação das perspectivas. Parte-se de uma abordagem histórica, social e cultural da Arqueologia, no mundo e no Brasil. A disciplina arqueológica surge no bojo do estado nacional e imperial, militarista e colonizador, desde os inícios no século XIX. Cada vez mais, a partir daí, viria a confrontar a insurgência dos movimentos sociais os mais variados, do anticolonialismo ao feminismo, passando pelos direitos civis e sociais. Na década de 1980, o engajamento social das ciências humanas e sociais atingiria em profundidade a Arqueologia Mundial, com a criação do Congresso Mundial de Arqueologia, em 1986. Já antes disso, a Arqueologia Social Latino-Americana, desde a década de 1960, propunha uma ação com os indígenas e com as pessoas comuns em geral. O crescente engajamento social das ciências todas aprofundou-se e, a partir do fim do século XX, o termo público passou a ser usado para demonstrar o envolvimento com o povo, em sua diversidade e variedade. A Arqueologia Pública consolidou-se no final do século XX e cresceu desde então, nos mais variados aspectos, tais como envolvimento com as comunidades locais ou grupos específicos. No Brasil, a Arqueologia sofreu com a ditadura militar (1964-1985), mas sobressaiu desde o ocaso do regime autoritário em temas como os vestígios antigos dos indígenas produtores de cultura, quilombos, Canudos. Na Argentina, desde 1984, a busca e identificação de desaparecidos (eliminados) colocou a Arqueologia Latino-Americana na vanguarda mundial, até hoje, no estudo da Repressão e da Resistência. No século XXI, multiplicaram-se as práticas e reflexões com comunidades e grupos humanos. No mundo, aprofundou-se o movimento em direção à convivência e na América Latina a inclusão tornou-se cada vez mais relevante. Em sentido contrário, movimentos nacionalistas e imperialistas recrudesceram e a atual (2020) pandemia de Covid 19 aprofundou o fosso entre o apreço e o desprezo pelo outro. A Arqueologia Pública pode contribuir para a convivência e isso, se assim for, será já uma imensa contribuição.