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CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2020

© CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução.

Tema: Fraternidade e Vida: Dom e Compromisso


Lema: “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele” (Lc 10,33-34).

MANUAL

Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)

Brasília – DF
Diretor-Geral:
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Mons. Jamil Alves de Souza


Secretário Executivo para Campanhas da CNBB:
Pe. Patriky Samuel Batista
Revisão:
Leticia Figueiredo
Vinícius Pereira Sales
João Vítor Gonzaga
Fernanda Justo
Ilustrações:
Leonardo Cardoso
Cartaz da CF 2020:
Edições CNBB
Capa:
Júlia Costa Fonseca
Projeto Gráfico e diagramação:
Henrique Billygran Santos de Jesus
Impressão e acabamento:
Foxy editora gráfica

Edições CNBB
SAAN Quadra 3, Lotes 590/600
Zona Industrial – Brasília-DF
CEP: 70.632-350
Fone: 0800 940 3019 / (61) 2193-3019
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C748c CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil / Campanha da Fraternidade 2020:
Manual. Brasília: Edições CNBB, 2019.

Campanha da Fraternidade 2020: Manual / CNBB.


432 p.: 14 x 21 cm
ISBN: 978-85-7972-778-8

1. Campanha da Fraternidade;
2. Dom – compromisso;
3. Paz – solidariedade.

CDU: 250.1
Sumário
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Oração da CF 2019 .........................................................................................4


Hino da CF 2019 ............................................................................................5
Apresentação ...............................................................................................7
Texto-base .................................................................................................11
Fraternidade Viva ....................................................................................114
Encontros Catequéticos para Crianças e Adolescentes ..................................141
Jovens na CF .............................................................................................167
Círculos Bíblicos ........................................................................................198
Via-sacra ..................................................................................................224
Vigília Eucarística e Celebração da Misericórdia ..........................................243
Celebração Ecumênica...............................................................................269
Ensino Fundamental I ...............................................................................279
Ensino Fundamental II ..............................................................................299
Ensino Médio ............................................................................................320
Famílias na CF...........................................................................................338
Retiro Popular Quaresmal .........................................................................370
Oração da Campanha da Fraternidade 2020
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Deus, nosso Pai, fonte da vida e princípio do bem viver,


criastes o ser humano e lhe confiastes o mundo
como um jardim a ser cultivado com amor.

Dai-nos um coração acolhedor para assumir


a vida como dom e compromisso.

Abri nossos olhos para ver


as necessidades dos nossos irmãos e irmãs,
sobretudo dos mais pobres e marginalizados.

Ensinai-nos a sentir a verdadeira compaixão


expressa no cuidado fraterno,
próprio de quem reconhece no próximo
o rosto do vosso Filho.

Inspirai-nos palavras e ações para sermos


construtores de uma nova sociedade,
reconciliada no amor.

Dai-nos a graça de vivermos


em comunidades eclesiais missionárias
que, compadecidas,
vejam, se aproximem e cuidem
daqueles que sofrem,
a exemplo de Maria, a Senhora da Conceição Aparecida,
e de Santa Dulce dos Pobres, Anjo Bom do Brasil.

Por Jesus, o Filho amado,


no Espírito, Senhor que dá a vida.
Amém!

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Hino da Campanha da Fraternidade 2020
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Tema: Fraternidade e Vida: Dom e Compromisso


Lema: “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele” (cf. Lc 10,33-34)
Autor: José Antonio de Oliveira

1) Deus de amor e de ternura, contemplamos


este mundo tão bonito que nos deste. (Cf. Gn 1,2-15; 2,1-25)
Desse Dom, fonte da vida, recordamos: (Cf. SI 36,10)
Cuidadores, guardiões tu nos fizeste. (Cf. Gn 2,15)

Peregrinos, aprendemos nesta estrada


o que o “bom samaritano” ensinou:
Ao passar por uma vida ameaçada,
Ele a viu, compadeceu e cuidou. (Cf. Lc 10,33-34)

2) Toda vida é um presente e é sagrada,


seja humana, vegetal ou animal. (Cf. LS, esp. Cap. IV)
É pra sempre ser cuidada e respeitada,
desde o início até seu termo natural.

3) Tua glória é o homem vivo, Deus da Vida; (Cf. Santo Irineu)


ver felizes os teus filhos, tuas filhas;
é a justiça para todos, sem medida; (Cf. Am 5,24)
É formarmos, no amor, bela Família.

4) Mata a vida o vírus torpe da ganância,


da violência, da mentira e da ambição.
Mas também o preconceito, a intolerância.
O caminho é a justiça e conversão. (Cf. 2Tm 2,22-26)

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Apresentação
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A Campanha da Fraternidade é um modo privilegiado pelo qual


a Igreja no Brasil vivencia a Quaresma. Há mais de cinco décadas,
ela anuncia a importância de não separar a conversão do serviço aos
irmãos e irmãs, à sociedade e ao planeta, nossa Casa Comum. A cada
ano, um tema é destacado como sinal de que realmente necessitamos
de conversão. Assim, a Campanha da Fraternidade já nos convidou
a enfrentar realidades muito próximas dos brasileiros, por exemplo:
família, políticas públicas, saúde, trabalho, educação, moradia e vio-
lência, entre outros enfoques. Em cada um desses temas tão especí-
ficos, temos sido convidados a alargar nosso olhar e a perceber que o
pecado ameaça a vida como um todo.
Neste ano, somos convidados a olhar, de modo mais atento e deta-
lhado, para a vida. Longe de ser uma mera repetição de assunto exausti-
vamente abordado, o tema vida emerge em nossos dias como um clamor
que brota de tantos corações que sofrem de inúmeras formas e da criação
que se vê espoliada (LS, n. 53). Como nos indicou a Campanha da Fra-
ternidade de 2019, que tratou das políticas públicas, esse clamor se depa-
ra com a insuficiência de ações efetivas para a superação dos problemas.
O olhar que se eleva para Deus, no mais profundo espírito qua-
resmal, volta-se também para os irmãos e irmãs, contempla o planeta,
identificando a criação como presente amoroso do Senhor. Percebe-se
também que não estamos cuidando como deveríamos desse amoroso
presente divino. Constata-se que chegamos a um ponto em que até
mesmo a nossa condição humana mais profunda esbarra em uma série
de angustiantes indagações. O que aconteceu conosco? O que vem
ocorrendo com a humanidade, que, embora percebendo o aumento
dos números de sofrimentos, parece não mais sensibilizar-se com eles?
Teríamos deixado se perder o sentido mais profundo da vida? Diante,
por exemplo, de concepções de felicidade individualista e consumista,
não estaríamos nos esquecendo do significado maior da existência?
Por que vemos crescer tantas formas de violência, agressividade e des-
truição? Perdemos, de fato, o valor da fraternidade?
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Em meio a tantas questões, a Campanha da Fraternidade deste
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ano nos convoca a refletir sobre o significado mais profundo da vida e


a encontrar caminhos para que esse sentido seja fortalecido e, algumas
vezes, até mesmo reencontrado. Não será uma Campanha que aborda-
rá apenas uma dentre tantas questões angustiantes, consequências do
pecado. Será uma Campanha que, olhando transversalmente as diver-
sas realidades, nos interpelará a respeito do sentido que estamos, na
prática, atribuindo à vida nas suas diversas dimensões: pessoal, comu-
nitária, social e ecológica.
Para nos ajudar, nunca será demasiado recordar o que o Papa
Francisco conclamou, logo no início do seu pontificado, quando visi-
tou a ilha de Lampedusa, sul da Itália, em julho de 2013. Aquela era
a primeira viagem que ele fazia depois de assumir a missão de suces-
sor de Pedro. Da pequena ilha no Mar Mediterrâneo, o Papa nos con-
vocou a vencer a “globalização da indiferença”. Se já não somos mais
capazes de perceber a desumana dor ao nosso lado, também nós nos
tornamos desumanizados.
É por isso que a Campanha da Fraternidade de 2020 proclama: a
vida é Dom e Compromisso! Seu sentido consiste em ver, solidarizar-
-se e cuidar. A vida é essencialmente samaritana, tal qual o homem que
interrompeu sua rotina para cuidar de quem estava caído à beira do
caminho (Lc 10,25-37). Não se pode viver a vida passando ao largo
das dores dos irmãos e irmãs.
Para combater a autossuficiência, somos quaresmalmente convi-
dados a redescobrir o dom de Deus ( Jo 4,10). Vivendo a conversão
e buscando assumir o espírito da Quaresma com toda a sua riqueza
espiritual. Diante da inconsequência, somos interpelados a recuperar
o valor do compromisso (Lc 14,25-33). Assustados pela indiferença,
torna-se urgente testemunhar e estimular a solidariedade (Mt 25,45).
Em Jesus Cristo, vencedor do pecado e da morte, somos vocaciona-
dos ao intercâmbio do cuidar: cuidamos uns dos outros, cuidamos
juntos da Casa Comum, porque Deus sempre cuida de todos nós
(Sl 8,4; Is 49,15; 1 Pd 5,7)!

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Permita o Bom Deus que cada pessoa, grupo pastoral, movimen-
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to, associação, Igreja Particular, enfim, o Brasil inteiro, motivado pela


Campanha da Fraternidade, possa ver fortalecida a revolução do cui-
dado, do zelo, da preocupação mútua e, portanto, da fraternidade. Ao
final deste texto, como de costume, são apresentadas algumas suges-
tões para o agir. Muito mais pode ser feito quando o coração se abre
para o intercâmbio do cuidado, e a criatividade se deixa conduzir pela
fraternidade e pela solidariedade.
Não nos acomodemos com a virulência do pecado. A Quaresma
é um tempo para reforçarmos em nós a fé no Ressuscitado. Jesus ven-
ceu a morte. Jesus derrotou o pecado. Nele, com Ele e por Ele, também
nós o faremos, reconstruindo os laços, unindo os corações, as mentes
e a sociedade.
Não temamos se nos sentirmos pequenos diante dos problemas.
Lembremo-nos de Santa Dulce dos Pobres, mulher frágil no corpo,
mas fortaleza peregrinante pelas terras de São Salvador da Bahia de
Todos os Santos. Dulce, presença inquestionável do amor de Deus
pelos pobres e sofredores. Dulce, incansável peregrina da caridade e
da fraternidade. Dulce, testemunho irrefutável de que a vida é dom
e compromisso. Dulce que via, se compadecia e cuidava. Dulce que
intercede por nós no céu.

Brasília, 6 de agosto de 2019

Dom Walmor Oliveira de Azevedo Dom Jaime Spengler, OFM


Arcebispo de Belo Horizonte – MG Arcebispo de Porto Alegre – RS
Presidente 1º Vice-Presidente

Dom Mário Antônio da Silva Dom Joel Portella Amado


Bispo de Roraima – RR Bispo Auxiliar de São Sebastião
2º Vice-Presidente do Rio de Janeiro – RJ
Secretário-Geral

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Lista de siglas
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CA Centesimus Annus
CDSI Compêndio da Doutrina Social da Igreja
CIgC Catecismo da Igreja Católica
CV Caritas in Veritate
DAp Documento de Aparecida
DCE Deus Caritas Est
DGAE Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil
DM Dives in Misericordia
EG Evangelii Gaudium
EV Evangelium Vitae
GeE Gaudete et Exsultate
GS Gaudium et Spes
GSa Gratissimam Sane
LS Laudato Si’
NMI Novo Millennio Ineunte

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O Bom Samaritano: Anúncio da
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compaixão e do cuidado com a vida

1. Em meio aos inúmeros e ricos textos bíblicos que podem ilu-


minar a nossa Quaresma, um deles é destacado pela Campanha da
Fraternidade deste ano, tornando-se referência para tudo o que vier-
mos a rezar, refletir e agir: “‘25Um doutor da Lei se levantou e, para
experimentar Jesus, perguntou: “Mestre, que devo fazer para herdar
a vida eterna?” 26Jesus lhe disse: “Que está escrito na Lei? Como lês?”
27
Ele respondeu: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, com
toda a tua alma, com toda a tua força e com todo o teu entendimento; e a
teu próximo como a ti mesmo!” 28Jesus lhe disse: “Respondeste correta-
mente. Faze isso e viverás”. 29Ele, porém, querendo justificar-se, disse
a Jesus: “E quem é o meu próximo?” 30Jesus retomou: “Certo homem
descia de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos de assaltantes, que lhe
arrancaram tudo, espancaram-no e foram embora, deixando-o meio
morto. 31Por acaso descia por aquele caminho um sacerdote, mas ao
ver o homem, passou longe. 32Assim também um levita: chegou ao lu-
gar, viu o homem e seguiu adiante pelo outro lado. 33Um samaritano,
porém, que estava viajando, chegou perto dele e, ao vê-lo, moveu-se de
compaixão. 34Aproximou-se dele e tratou-lhe as feridas, derramando
nelas azeite e vinho. Depois, colocou-o sobre seu próprio animal e o
levou a uma hospedaria, onde cuidou dele. 35No dia seguinte, pegou
dois denários e deu-os ao dono da hospedaria, recomendando: ‘Cui-
da dele, e o que gastares a mais, eu o pagarei quando eu voltar’. 36No
teu parecer, qual dos três fez-se o próximo do homem que caiu nas
mãos dos assaltantes?” 37Ele respondeu: “Aquele que usou de mise-
ricórdia para com ele”. Então Jesus lhe disse: “Vai e faze o mesmo”’
(Lc 10,25-37).
2. Essa parábola, proposta por Jesus em seu caminho de subida a
Jerusalém (Lc 9,51–19,27), é parte da explicação do que seria neces-
sário fazer para entrar na vida eterna. Esse tipo de questionamento era
muito comum naquele tempo já que existiam mais de 613 leis e outras
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prescrições pontuais a serem cumpridas para se chegar a esse fim. Por
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essa razão, vendo a impossibilidade de cumprir fielmente todos os


mandamentos, o doutor da lei questiona Jesus sobre o que realmente
não poderia deixar de ser feito para herdar a vida eterna.
3. “Que devo fazer?”. A busca pelo cumprimento exato das pres-
crições da lei deveria ser seguida do esforço pessoal para colocá-las em
prática. Diante da questão, Jesus responde com uma nova pergunta
com a qual indaga sobre o conteúdo das Escrituras. O que elas dizem
sobre o que fazer para herdar a vida eterna? A resposta oferecida pelo
doutor da lei a Jesus conecta Dt 6,5 a Lv 19,18 criando um mandamen-
to único composto de duas partes: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo
o teu coração, com toda a tua alma, com toda a tua força e com todo o teu
entendimento; e a teu próximo como a ti mesmo” (Lc 10,27).
4. A Jesus não interessava inserir um novo ensino teórico sobre
os deveres em relação ao mandamento do amor a Deus e ao próximo.
Diante da segunda pergunta do doutor da lei, “Quem é meu próxi-
mo?”, Jesus propõe uma nova perspectiva e uma nova possibilidade
de realizar tal mandamento, divergindo do que havia sido proposto.
Os mestres fariseus já haviam ensaiado muitas vezes respostas sobre
quem seria o próximo citado em Lv 19,18. No entanto, suas respostas
oscilavam sempre entre as ligações nacionais, étnicas, afetivas, sociais
e religiosas. No texto do Antigo Testamento, o próximo era o compa-
triota, membro do povo de Deus e também aquele que tinha sido inse-
rido no povo na medida em que assumia sua religião e seus costumes
(Lv 19,33-34).
5. A parábola é composta por cinco personagens anônimos, indi-
cados apenas por suas etnias ou funções, e ocorre em um local de fácil
compreensão para alguém daquele tempo. Por isso, embora seja uma
parábola, a história narrada possui grande possibilidade de ter sido,
ao menos em parte, um fato que realmente aconteceu na estrada que
ligava Jericó a Jerusalém. Um homem, vítima de salteadores, é deixa-
do quase morto, à beira da estrada. O fato de ter sido agredido leva
a pensar na possibilidade de ter resistido ao assalto, o que lhe teria

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ocasionado a agressão quase fatal e o abandono à beira da estrada, não
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sendo mais capaz de fazer algo por si mesmo.


6. Dois transeuntes oriundos do templo, o sacerdote, responsável
pelos sacrifícios, e o levita, responsável pela animação da liturgia, re-
tornam de Jerusalém após concluírem seus turnos de trabalho e agem
com indiferença diante daquele que jaz sofrendo à beira da estrada.
Não se descreve o motivo da indiferença. Poderia ser por motivos cul-
turais, religiosos [se fossem contaminados com o sangue ou o homem
viesse a morrer, ficariam impuros (Lv 15; 21,11)], ou simplesmente
por não desejarem interromper a viagem, não mudarem seus planos,
não terem seu trajeto e horário prejudicados por esse acontecimento.
De qualquer forma, é dito que viram o homem e se distanciaram dele,
seguindo o trajeto anteriormente proposto.
7. Um samaritano que passava, ao ver o homem, sentiu compai-
xão. Essa compaixão nasceu do seu modo diferente de olhar, do seu
modo diferente de perceber aquela realidade. Essa compaixão o levou
a se aproximar do homem, gastar tempo, modificar parcialmente sua
viagem, tudo para não ser indiferente com aquele que sofria diante
dele. Os cuidados práticos descritos na parábola são emergenciais:
desinfeta as feridas com vinho e alivia a dor com o óleo, costumes da-
quele tempo; transporta o homem até a hospedaria e paga as despesas
de sua estada.
8. A postura inesperada do samaritano contém o centro do en-
sinamento de Jesus: o próximo não é apenas alguém com quem pos-
suímos vínculos, mas todo aquele de quem nos aproximamos. É todo
aquele que sofre diante de nós. Não é a lei que estabelece prioridades,
mas a compaixão que impulsiona a fazer pelo outro aquilo que é pos-
sível, rompendo, dessa forma, com a indiferença. A fé leva necessaria-
mente à ação, à fraternidade e à caridade.
9. A vida nos traz oportunidades de concretizar a fé em atitu-
des bem específicas. Para perceber os outros, principalmente em suas
necessidades, não bastam os conceitos, mas, sim, a compaixão e a

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proximidade. Não se deve questionar quem é o destinatário do amor.
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Importa identificar quem deve amar e não tanto quem deve ser amado,
pois todos devem ser amados, sem distinção. Não importa quem é o
próximo. Importa quem, por compaixão, se torna próximo do outro
(Lc 10,36). A medida do amor para com o próximo não é estabelecida
com base em pertença religiosa, grupo social ou visão de mundo. Ela
é estabelecida pela necessidade do outro, acolhendo como próximo
qualquer pessoa de quem se possa acercar com amor generoso e ope-
rativo. Isso abre uma nova perspectiva nos relacionamentos, excluindo
a indiferença diante da dor alheia.
10. No final da narrativa, Jesus se dirige novamente ao doutor da lei
com uma nova pergunta: “No teu parecer, qual dos três fez-se próximo
do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?” (Lc 10,36). Desse modo,
afirma Papa Francisco, Jesus inverte a pergunta do seu interlocutor e tam-
bém a lógica de todos nós. Cristo nos faz entender que não somos nós,
com base em nossos critérios, que definimos quem é o próximo e quem
não é, mas é a pessoa em situação de necessidade a quem devemos reco-
nhecer como próximo, isto é, usar de misericórdia para com ela.
11. “Ser capazes de sentir compaixão: essa é a chave. Essa é a nos-
sa chave. Se, diante de uma pessoa necessitada, você não sente com-
paixão, o seu coração não se comove, significa que algo não funciona.
Fique atento, estejamos atentos. Não nos deixemos levar pela insensi-
bilidade egoística. A capacidade de compaixão se tornou a medida do
cristão, ou melhor, do ensinamento de Jesus”. 1
12. Discursando aos párocos da Diocese de Roma sobre o signi-
ficado da misericórdia para um presbítero, o Papa Francisco apresenta
a proximidade, a afinidade e o serviço como critérios para a ação pas-
toral. Atitudes que nascem de uma autêntica escuta nos questionam
sobre a compaixão que habita em nossos corações e é expressa em
nossas atitudes. Interpela-nos o Santo Padre:

1 Disponível em: <https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2019-07/papa-francisco-ange-


lus-bom-samaritano-misericordia.html>. Acesso em: 8 ago. 2019.

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13. “Tu choras? Ou perdemos as lágrimas. Recordo que os mis-
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sais antigos continham uma oração extremamente bonita para pedir


o dom das lágrimas. A oração começava assim: ‘Senhor, vós que con-
fiastes a Moisés o mandato de bater na pedra para que dela brotasse
água, batei na pedra do meu coração, para que eu verta lágrimas. (...)
quantos de nós choram diante do sofrimento de uma criança, perante
a destruição de uma família, diante de tantas pessoas que não encon-
tram o seu caminho?”.2
14. Recordando o exemplo dos moradores de rua e de como nos
comportamos diante de alguém caído no chão, Papa Francisco mais
uma vez nos provoca: “Pergunte a si mesmo se o seu coração não en-
dureceu, se não se tornou gelo. (...) A misericórdia, diante de uma vida
humana em situação de necessidade, é a verdadeira face do amor. Que
a Virgem Maria nos ajude a compreender e, sobretudo, a viver sempre
mais o elo indissolúvel que existe entre o amor a Deus, nosso Pai, e o
amor concreto e generoso pelos nossos irmãos e nos dê a graça de ter e
crescer na compaixão”.3 O Bom Samaritano nos inspira e ensina como
vencer a globalização da indiferença.
15. O rompimento da indiferença torna o samaritano mais hu-
mano. A compaixão expressa o zelo aos moldes de Deus: aproximar-
-se e fazer-se útil ao outro. Servi-lo! Ver, sentir compaixão e cuidar
apresentam-se como um autêntico PROGRAMA QUARESMAL:
1) escuta da Palavra que converte o coração; 2) verdadeira atenção
pelos outros; 3) romper com a indiferença frente ao sofrimento;
4) disponibilidade para o serviço. Torna-se, assim, visível a corres-
ponsabilidade da vida humana, pois somos todos irmãos e irmãs
(Mt 23,8) e, por isso, responsáveis uns pelos outros. Assim se define
a vida!

2 Discurso do Papa Francisco aos párocos da Diocese de Roma. Sala Paulo VI, 6 de março de
2014.
3 Disponível em: <https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2019-07/papa-francisco-ange-
lus-bom-samaritano-misericordia.html>. Acesso em: 8 ago. 2019.

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16. Quaresma é tempo favorável para sairmos de nossa aliena-
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ção existencial causada pelo pecado.4 Tempo de abertura ao mistério


da dor e da morte, da cruz, do Crucificado, Vencedor da morte. Nele
somos conduzidos à graça da vida plena, que é o encontro com Deus
e a aceitação de sua vontade salvífica. Por essa razão, o Evangelho abre
nossos olhos para vermos a grandeza e a profundidade do viver em
Cristo. Graças à escuta da Palavra de Deus, percorremos um itinerário
que nos deixa intuir a preciosidade da existência cristã e vivermos na
liberdade e na verdade de sermos filhas e filhos de Deus. A escuta tam-
bém é profecia: escutar a voz de Deus em sua Palavra e ouvir a palavra
daqueles que já não conseguem dizer nada!
17. A Igreja nos recorda que esse caminho de vida nova em
Cristo e com Cristo pede jejum, oração e esmola. O jejum ajuda a
esvaziar-se, abrir-se ao outro. No vazio de nós mesmos, somos fecun-
dados pela gratuidade da vida. Jesus crucificado, vazio de si, é entrega
suave-sofrida ao Pai: “em tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23,45).
No jejum somos reintegrados! A oração, diálogo de amor, de amizade,
é aproximação, nova relação, exposição; ocasião em que somos toca-
dos pela amorosidade de Deus. Uma súplica de afeto e amor: “Meu
Deus, meu Deus, porque me abandonaste?” (Mt 27,46). Esmola: partilha
de vida, cuidado amoroso, liberdade de entrega! A esmola é encontro
com o próximo; é exercício de compromisso com o dom da vida, pois,
“para o outro, o próximo é você” (CF 1969).
18. “Se, por meio das obras corporais, tocamos a carne de Cristo
nos irmãos e irmãs necessitados de serem nutridos, vestidos, alojados,
visitados, as obras espirituais tocam mais diretamente o nosso ser de
pecadores: aconselhar, ensinar, perdoar, admoestar, rezar. Por isso, as
obras corporais e as espirituais nunca devem ser separadas. Com efei-
to, é precisamente tocando, no miserável, a carne de Jesus crucificado
que o pecador pode receber, em dom, a consciência de ser ele próprio

4 FRANCISCO. Mensagem para a Quaresma de 2015. Disponível em: <http://w2.vatican.va/


content/francesco/pt/messages/lent/documents/papa-francesco_20141004_messaggio-qua-
resima2015.html>. Acesso em: 19 set. 2019.

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um pobre mendigo. Por essa estrada, também os soberbos, os pode-
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rosos e os ricos, de que fala o Magnificat, têm a possibilidade de aper-


ceber-se que são, imerecidamente, amados pelo Crucificado, morto e
ressuscitado também por eles”.5
19. Jesus é o verdadeiro bom samaritano que se aproxima dos ho-
mens e das mulheres que sofrem e, por compaixão, lhes restitui a digni-
dade perdida. A encarnação é sinal concreto da proximidade de Deus
que salva aqueles que jazem nos sofrimentos. A perspectiva do Paraíso
eterno orienta a vida ainda no momento presente e convida os homens
e as mulheres a terem em si os mesmos sentimentos que estão no cora-
ção misericordioso de Cristo, apresentando, assim, o anúncio do reino
de Deus e ressignificando a vida humana como dom e compromisso.
20. “O próprio Jesus é o modelo dessa opção evangelizadora que
nos introduz no coração do povo. Como nos faz bem vê-lo perto de
todos! Se falava com alguém, fitava os seus olhos com uma profun-
da solicitude cheia de amor: ‘Jesus, fitando-o, com amor’ (Mc 10,21).
Vemo-lo disponível ao encontro, quando manda aproximar-se o cego
do caminho (Mc 10,46-52) e quando come e bebe com os pecado-
res (Mc 2,16), sem se importar que o chamem de comilão e beberrão
(Mt 11,19). Vemo-lo disponível quando deixa uma prostituta ungir-
-lhe os pés (Lc 7,36-50) ou quando recebe, de noite, Nicodemos
( Jo 3,1-15). A entrega de Jesus na cruz é apenas o culminar desse esti-
lo que marcou toda a sua vida. Fascinados por esse modelo, queremos
inserir-nos a fundo na sociedade, partilhamos a vida com todos, ou-
vimos as suas preocupações, colaboramos material e espiritualmente
nas suas necessidades, alegramo-nos com os que estão alegres, chora-
mos com os que choram e comprometemo-nos na construção de um
mundo novo, lado a lado com os outros. Mas não como uma obriga-
ção, nem como um peso que nos desgasta, mas como uma opção pes-
soal que nos enche de alegria e nos dá uma identidade” (EG, n. 269).6

5 Idem.
6 FRANCISCO. Exortação Apostólica Evangelii Gaudium: a Alegria do Evangelho sobre o anúncio
do Evangelho no mundo atual. (Documentos Pontifícios, 17). Brasília: Edições CNBB, 2015.

19
21. Na busca de transformação e santificação, a Igreja no Brasil,
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oferece às Comunidades, no tempo da Quaresma, uma realidade para


ser refletida, meditada, rezada. É a Campanha da Fraternidade que, nes-
te ano, tem como tema: “Fraternidade e Vida: Dom e Compromisso”
e como Lema: “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele” (Lc 10,33-34).
22. Fraternidade e Vida! Pelo Verbo de Deus tudo foi criado e
no faça-se! (Gn 1,3), quando tudo passou a existir, a vida divina foi
irresistivelmente comunicada como um transbordamento do amor
Trinitário.7 Todos os seres animados e inanimados, como efusão do
amor de Deus, foram criados por amor. Nada escapa ou está fora desse
amor. Assim, Deus vem ao nosso encontro, pois quer “(...) comunicar
a sua própria vida divina aos homens, criados livremente por ele, para
fazer deles, no seu Filho único, filhos adotivos” (CIgC, n. 52).8 Essa
comunicação de Deus nos permite conhecê-lo e amá-lo e, assim, par-
ticiparmos da glória amorosa da Trindade Santa.
23. Dom e Compromisso! A vida é um dom que recebemos
de Deus e que somos chamados a partilhar em busca da plenitude:
“De tal modo Deus amou o mundo, que deu o seu Filho Unigênito,
para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna”
( Jo 3,16). Deus tudo disse no seu Verbo encarnado: “Cristo, o Filho
de Deus feito homem, é a Palavra única, perfeita e insuperável do Pai”
(CIgC, n. 65). Eis o nosso compromisso para com essa vida, dom de
Deus: levá-la à plenitude de Cristo. Criados à sua imagem e semelhan-
ça, somos filhos no Filho e os seus gestos de fraternidade nos ensinam
este caminho: “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele” (Lc 10,33-34).
24. Vida é Dom de Deus! “Eu vim para que tenham a vida, e a te-
nham em abundância” ( Jo 10,10). Jesus Cristo não apenas anunciou,
mas Ele mesmo é a plenitude, a consumação de toda a vida. O seu
viver, sua pregação, sua morte e Ressurreição despertam para o senti-
do da vida e, assim, Ele mesmo se revela para nós como o Caminho,

7 SÃO BOAVENTURA. Itinerário da mente para Deus. São Paulo: Vozes, 2012, p. 85-93.
8 SANTA SÉ. Catecismo da Igreja Católica. Brasília: Edições CNBB, 2013.

20
a Verdade e a Vida! ( Jo 14,6). Ele anuncia o ano da graça do Senhor,
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pois, na unção, proclama a liberdade aos presos no corpo e na alma,


oferece visão aos cegos sem horizontes, liberta e alivia os oprimidos
pela ganância e egoísmo; é a Boa-nova da solidariedade e da gratuida-
de para os pobres e desamparados (Lc 4,16-19).
25. Vida é compromisso fraterno! A vida como dom nos con-
duz a um compromisso. Despertamos para a responsabilidade de nos-
sa existência e de todas as criaturas. Compromisso como promessa
de permanecer junto de, comprometer-se com. É o que lemos e vemos
na parábola do bom samaritano. Ele permanece junto ao assaltado e
garante-lhe acolhimento e cuidado: VER, SENTIR COMPAIXÃO e
CUIDAR serão os verbos de ação que nos conduzirão no tempo qua-
resmal. Que possamos nos dispor a uma profunda conversão da cultu-
ra da morte para a cultura da vida.

CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2020


Fraternidade e Vida: Dom e Compromisso
“Viu, sentiu compaixão e cuidou dele” (Lc 10,33-34).

Objetivo geral
Conscientizar, à luz da Palavra de Deus, para o sentido da vida
como Dom e Compromisso, que se traduz em relações de mútuo
cuidado entre as pessoas, na família, na comunidade, na sociedade e
no planeta, nossa Casa Comum.

Objetivos específicos
 Apresentar o sentido de vida proposto por Jesus nos Evangelhos;
 Propor a compaixão, a ternura e o cuidado como exigências fun-
damentais da vida para relações sociais mais humanas;
 Fortalecer a cultura do encontro, da fraternidade e a revolução
do cuidado como caminhos de superação da indiferença e da
violência;

21
 Promover e defender a vida, desde a fecundação até o seu fim
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natural, rumo à plenitude;


 Despertar as famílias para a beleza do amor que gera continua-
mente vida nova;
 Preparar os cristãos e as comunidades para anunciar, com o tes-
temunho e as ações de mútuo cuidado, a vida plena do Reino de
Deus;
 Criar espaços nas comunidades para que, pelo batismo, pela
crisma e pela eucaristia, todos percebam, na fraternidade, a vida
como Dom e Compromisso;
 Despertar os jovens para o dom e a beleza da vida, motivando-
-lhes o engajamento em ações de cuidado mútuo, especialmente
de outros jovens em situação de sofrimento e desesperança;
 Valorizar, divulgar e fortalecer as inúmeras iniciativas já existen-
tes em favor da vida;
 Cuidar do planeta, nossa Casa Comum, comprometendo-se
com a ecologia integral.

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I PARTE – “VIU, sentiu compaixão e
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cuidou dele” (Lc 10,33-34)

1. O olhar de Jesus – atenção aos outros


“Se buscarmos o princípio deste olhar,
é necessário voltar ao livro do Gênesis,
naquele instante em que, depois da criação do ser humano,
‘homem e mulher’, Deus viu ‘que era muito bom’.
Esse primeiro olhar do Criador se reflete no olhar de Cristo”.9

26. Diante do convite para vivermos uma profunda conversão,


temos duas maneiras de olhar que são apresentadas por Jesus na pa-
rábola do bom samaritano: um olhar que vê e passa em frente, vivido
pelo sacerdote e pelo levita; e um olhar que vê e permanece, se en-
volve, se compromete, vivido pelo samaritano. Diante desses olhares,
há uma vida em jogo, em perigo, necessitada e vulnerável. Para uma
verdadeira mudança de vida, precisamos aprender a configurar nosso
olhar com o de Jesus, com o olhar do Bom Samaritano. Nesse sentido,
é interessante observar também que as duas vidas marcadas pelo ego-
ísmo correm o risco da morte eterna, consequência do pecado.
27. “Somente um olhar interessado pelo destino do mundo e do
ser humano permitirá experimentar a dor pela situação que rege a his-
tória, mas que é superada pelo amor de Deus que a envolve. Somente
contemplando o mundo com os olhos de Deus, é possível perceber e
acolher o grito que emerge das várias faces da pobreza e da agonia da
criação” (DGAE 2019-2023, n. 102).10

9 SÃO JOÃO PAULO II. Carta aos jovens no ano Internacional da Juventude, 31 de março de
1985, n. 7.
10 CNBB. Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil: 2019-2023. (Documentos
da CNBB, 109). Brasília: Edições CNBB, 2019.

23
28. O olhar que vê e passa adiante representa toda indiferença e
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desprezo pela vida do outro. Reflete aquilo que temos por dentro. Pelo
olhar, construímos e se manifestam os conceitos mais profundos sobre
a vida e o viver. Pelo olhar, podemos expressar verdades e mentiras,
amor e ódio, alegria e tristeza. Muitas vezes nosso olhar pode se tornar
maldoso, viciado e cansado. É preciso exercitar a mesma perspectiva
do olhar virtuoso que Cristo nos ensina. Não um olhar de indiferen-
ça, mas de compaixão. Essa foi a virtude que muitos santos buscaram
viver em suas vidas: conformar seus olhos ao olhar de Cristo. Santa
Terezinha, por exemplo, nos diz:

“Ah! Compreendo agora que a caridade perfeita consiste em


suportar os defeitos dos outros, em não se escandalizar com as suas
fraquezas, em edificar-se com os mais pequenos atos de virtude que
se lhes vir praticar; mas compreendi, sobretudo, que a caridade não
deve ficar encerrada no fundo do coração: ‘ninguém, disse Jesus,
acende uma candeia para a colocar debaixo do alqueire, mas coloca-
-a sobre o candelabro para alumiar todos os que estão na casa’. Creio
que essa luz representa a caridade, que deve iluminar e alegrar, não só
os que são mais queridos, mas todos aqueles que estão em casa, sem
exceção de ninguém”.11

29. Na Conferência de Aparecida (2007), os Bispos afirmam


que devemos olhar a realidade como discípulos missionários de Jesus
Cristo (DAp, n. 20)12 a fim de não nos deixarmos afligir pelas situa-
ções que contrariam o plano de Deus e atentam contra a vida nas suas
múltiplas formas. Além disso, o olhar de discípulos missionários nos
anima, porque nos revela a beleza e a alegria escondidas em uma rea-
lidade que, às vezes, se mostra caótica e desesperadora. A vida, como
Dom e Compromisso, é portadora de uma beleza e de uma alegria que

11 SANTA TEREZINHA DO MENINO JESUS. História de uma alma. São Paulo: Paulos, 2002.
12 CELAM. Documento de Aparecida: Documento Conclusivo da V Conferência Geral do Episco-
pado Latino-Americano e do Caribe. Brasília-São Paulo: Edições CNBB-Paulus-Paulinas, 2008.

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nos levam a superar a dor e o sofrimento, as injustiças e as violações
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de direitos, convencidos de que “Deus criou o infinito para a vida ser


sempre mais!”.13
Uma samaritana comprometida com a vida
No dia 26 de maio de 1914, nascia em Salvador, Bahia, Maria
Rita de Souza Brito Lopes Pontes, (1914-1992) missionária do amor,
conhecida por todos como Irmã Dulce; nome que traz em homena-
gem à sua mãe, mas que, ao mesmo tempo, carrega a essência de sua
alma, a doçura em seu coração que ardentemente desejava servir a
Deus por intermédio do próximo.
Aos 13 anos, graças ao seu destemor e senso de justiça, traços
marcantes revelados quando ainda era muito novinha, Irmã Dulce
passou a acolher mendigos e doentes em sua casa, transformando
a residência da família em um centro de atendimento. A casa ficou
conhecida como “A Portaria de São Francisco”, tal o número de
carentes que se aglomeravam à sua porta. Também é nessa época que
ela manifesta, pela primeira vez, após visitar com uma tia áreas onde
habitavam pessoas pobres, o desejo de se dedicar à vida religiosa.
Tendo iniciado sua caminhada junto às Irmãs Missionárias da
Imaculada Conceição da Mãe de Deus, na cidade de São Cristóvão,
em Sergipe, depois da profissão religiosa ela retornou para Salvador,
onde se viu imersa em uma realidade de miséria e de pobreza sobre
a qual escreveria tempos depois: “As lágrimas enchiam meus olhos...
O meu coração estava invadido pela dor em ver tanta miséria ao meu
redor”. Foi assim que, caminhando ao lado dos excluídos na região
de Alagados, pelas ruas e vielas, pelas favelas e palafitas da cidade de
Salvador, a presença de Santa Dulce ao lado dos abandonados à mar-
gem do sistema que exclui e flagela o seu povo, é sinal de uma vida
inteiramente doada ao próximo, tal qual o bom samaritano descrito
no Evangelho.
Indo ao encontro daqueles que necessitavam de sua ajuda, em
pouco tempo, Santa Dulce conseguiu autorização de sua superiora

13 Canção: “Se calarem a voz dos profetas”. Autor: Antônio Cardoso.

25
para trabalhar com aqueles a quem tanto chamava seu coração, tor-
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nando-se, assim, verdadeira samaritana em seu meio, presença e ima-


gem de Cristo que cuida e conforta a todos aqueles que se encontram
em estado de miséria e sofrimento.
Santa Dulce cuidou das famílias de operários e desempregados.
Tal cuidado logo se estendeu a todos aqueles que pediam sua aju-
da. Em uma pequena casa abandonada, construiu um consultório
para cuidar daqueles que passavam por grandes enfermidades e não
tinham ninguém para os socorrer, lembrando, assim, o Evangelho de
Lucas: “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele” (10,33-34).
Por estar em uma casa considerada invadida, logo foi expulsa de lá
com seus doentes e, assim, ficou peregrinando por dez anos em diversos
locais de Salvador. Nesse tempo, Deus a inspira a levar seus doentes ao
Convento Santo Antônio, lugar de habitação das religiosas de sua congre-
gação e, com autorização de sua superiora, instalou-os no galinheiro, que
em pouco tempo se tornaria um dos maiores hospitais públicos do Brasil.
Assim, Santa Dulce dedicava-se cada dia à sua missão e, mesmo em
estado de saúde precário, por causa de um problema pulmonar, não con-
seguia ficar longe dos pobres, aqueles a quem se via incumbida por Deus
de cuidar, seus “filhos”, a quem ela configurava a sua vida por amor. E aos
poucos foram nascendo as Obras Sociais Irmã Dulce (OSID), nas quais
nosso anjo bom da Bahia dedicou sua vida a todos aqueles que eram mar-
ginalizados e necessitavam de cuidados, obras que, segundo nossa queri-
da santa brasileira, não eram suas, porém de Deus.
Hoje, mais de vinte anos depois de sua páscoa para a vida eter-
na, temos um grande modelo de santidade, com carisma missionário
e cuidadoso, em nossas vidas. Vida doada é vida santificada! Mulher
corajosa, boa samaritana no meio em que viveu. Irmã Dulce é hoje
para nós exemplo de fé, amor, cuidado com a vida e compromisso
cristão com aqueles que mais necessitam.14

14 PASSARELLI, Gaetano. Irmã Dulce: o anjo bom da Bahia. 3.ed. São Paulo: Paulinas, 2012.

26
1.1. O olhar da indiferença gera ameaças à vida
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1.1.1. O olhar que abandona a vida das pessoas


“É preciso que todos tenham fé e esperança
em um futuro melhor.
O essencial é confiar em Deus.
O amor constrói e solidifica.”
(Santa Dulce dos Pobres)15

30. A realidade mostra que será necessário empreender muitos


esforços para que realmente a vida esteja em primeiro lugar. No Brasil,
22,6% das crianças e adolescentes com idade entre 0 e 14 anos vivem em
situação de extrema pobreza. Esses dados correspondem a 9,4 milhões de
menores com renda domiciliar per capita mensal inferior ou igual a um
quarto de salário mínimo, ou R$ 234,25 em valores de 2017. Além des-
ses dados, 2,5 milhões de crianças e adolescentes até 17 anos trabalham;
11,7 mil crianças e adolescentes foram vítimas de homicídios em 2017;
mais de 3 milhões de domicílios estão em favelas; 16,4% das adolescen-
tes são mães antes dos 19 anos.16 É igualmente alarmante o crescimento
do número de pessoas desaparecidas, razão de angústia para familiares.17
31. A desigualdade é um triste distintivo da sociedade brasileira.
Em 2017, o Brasil era o 9º país mais desigual do planeta em distri-
buição de renda. Dados do IBGE revelam que, no ano de 2018, “os
50% mais pobres da população brasileira sofreram uma retração de
3,5% nos seus rendimentos do trabalho (...) Por outro lado os 10%
de brasileiros mais ricos tiveram crescimento de quase 6% em seus
rendimentos do trabalho”.18

15 Todas as citações de Santa Dulce do presente do texto encontram-se nesta referência: OBRAS
SOCIAIS IRMÃ DULCE. Disponível em: <https://www.irmadulce.org.br/portugues/religio-
so/vida-de-irma-dulce>. Acesso em: 16 set. 2019.
16 ABRINQ (Fundação). Cenário da infância e adolescência no Brasil 2019. Disponível em: <https://
www.fadc.org.br/sites/default/files/2019-05/cenario-brasil-2019.pdf>. Acesso em: 13 set. 2019.
17 Para mais informações, remetemos ao site: < https://www.desaparecidos.gov.br/>.
18 Dados segundo a Organização Não Governamental Oxfam. Disponível em: <http://agen-
ciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2018-11/renda-recua-e-Brasil-se-torna-o-
-9%C2%BA-pa%C3%ADs-mais-desigual>. Acesso em: 13 set. 2019.

27
32. Segundo os Bispos da América Latina e Caribe, a globaliza-
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ção econômica tem contribuído para o surgimento de novos rostos de


pobres cuja vida é desrespeitada e, constantemente, violada. A lista,
composta em 2007, parece não ter sofrido alterações na perspectiva de
superação da invisibilidade, da exclusão e do descarte que ameaçam a
pessoa humana. Assim, continuam a reclamar nossa atenção e cuida-
do: “os migrantes, as vítimas da violência, os deslocados e refugiados,
as vítimas do tráfico de pessoas e sequestros, os desaparecidos, os en-
fermos de HIV e de enfermidades endêmicas, os toxicodependentes,
idosos, meninos e meninas que são vítimas da prostituição, pornogra-
fia e violência ou do trabalho infantil, mulheres maltratadas, vítimas
da exclusão e do tráfico para a exploração sexual, pessoas com capaci-
dades diferentes, grandes grupos de desempregados(as), os excluídos
pelo analfabetismo tecnológico, as pessoas que vivem na rua das gran-
des cidades, os indígenas e afro-americanos, agricultores sem-terra e
os mineiros” (DAp, n. 402).
33. O aborto é uma realidade que ameaça a vida das crianças des-
de o ventre materno. Vemos claramente o desprezo pelo nascituro e
pela sua dignidade em tantas tentativas de legislar a favor do aborto. A
criança, inocente e vulnerável, torna-se vítima cruel do não reconhe-
cimento do nascituro como pessoa, mas como objeto de descarte e
fonte de lucro, por exemplo, no uso de embriões para pesquisas. Esse
é o olhar perverso que não consegue perceber a dignidade da pessoa
desde a fecundação, negando as fases da nossa própria natureza. Da
mesma forma, o desprezo pela vida se manifesta, também, por meio
de projetos que querem regularizar a eutanásia e o suicídio assistido,
garantindo o que chamam direito de antecipação da morte.
34. Por essa razão, “a defesa do inocente nascituro, por exemplo,
deve ser clara, firme e apaixonada, porque nesse caso está em jogo a
dignidade da vida humana, sempre sagrada, e exige-o o amor por toda
a pessoa, independentemente do seu desenvolvimento (...) igualmen-
te sagrada é a vida dos pobres que já nasceram e se debatem na mi-
séria, no abandono, na exclusão, no tráfico de pessoas, na eutanásia

28
encoberta de doentes e idosos privados de cuidados, nas novas formas
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de escravatura e em todas as formas de descarte” (GeE, n. 101).19


35. Nesse horizonte, não podemos deixar de citar também a re-
alidade de milhares de crianças órfãs que perderam suas famílias, so-
bretudo em tempos de forte violência e migração forçada. São crian-
ças que ficam invisíveis na sociedade do espetáculo e do consumo. O
olhar que despreza os mais inocentes e não os acolhe sofre de um ego-
ísmo doentio e de um pessimismo estéril incapaz de gerar vida e amor.
36. Outro cenário que agride a vida humana é o desemprego.
No primeiro trimestre de 2019, a taxa de desemprego atingiu 12,7%
da população. Segundo o IBGE, “a população desocupada (13,4
milhões) cresceu 10,2% (mais 1,2 milhões de pessoas) frente ao tri-
mestre de outubro a dezembro de 2018 (12,2 milhões)”.20 Além disso,
o número de pessoas desalentas (4,8 milhões) subiu em ambas as
comparações: mais 3,9% (180 mil pessoas) em relação ao trimestre
de outubro a dezembro de 2018 e mais 5,6% (256 mil pessoas) em
relação ao mesmo de 2018.
37. “O Brasil é considerado o país mais ansioso e estressado da
América Latina. Nos últimos dez anos, o número de pessoas com de-
pressão aumentou 18,4%, isso corresponde a 322 milhões de indivídu-
os, ou 4,4% da população da Terra. No Brasil, 5,8% dos habitantes (...)
sofrem com o problema. Em relação à ansiedade, o Brasil também lide-
ra, com 9,3% da população. Esse problema engloba efeitos como fobia,
transtorno obsessivo-compulsivo, estresse pós-traumático, ataques e
síndrome de pânico. As mulheres sofrem mais com a ansiedade: cerca
de 7,7% das mulheres são ansiosas e 5,1%, deprimidas. Já entre os ho-
mens, o número cai para 3,6% nos dois casos”. 21 Apesar de a depressão

19 FRANCISCO. Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate sobre o chamado à santidade no


mundo atual. (Documentos Pontifícios, 33). 3. ed. Brasília: Edições CNBB, 2019.
20 Disponível em: <https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agen-
cia-de-noticias/releases/24284-pnad-continua-taxa-de-desocupacao-e-de-12-7-e-taxa-de-su-
butilizacao-e-de-25-0-no-trimestre-encerrado-em-marco-de-2019>. Acesso em: 9 jul. 2019.
21 Disponível em: <https://jornal.usp.br/atualidades/brasil-vive-surto-de-depressao-e-ansieda-
de/>. Acesso em: 8 ago. 2019.

29
atingir sujeitos de todas as idades, os fatores de risco se tornam maiores
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quando somados à pobreza, ao desemprego, à promiscuidade sexual, às


mortes violentas, às crises de relacionamento, ao abandono, às doenças
inesperadas e ao uso de álcool e de drogas ilícitas.
38. A automutilação é um fenômeno que tem crescido entre os jo-
vens. Ela consiste em “uma prática de agredir o próprio corpo, que pode
acontecer de diferentes formas. A mais comum é fazer pequenos cortes na
pele, mas a pessoa também pode se bater, se queimar, arrancar os cabelos,
se furar com agulhas ou praticar qualquer outra autolesão. ‘Os ferimentos
costumam ser feitos em lugares que podem ser escondidos, como braço,
perna e barriga. Os adolescentes tentam escondê-los com pulseirinhas,
deixam de usar shorts e passam a usar mais mangas longas’”.22
39. Quem provoca tal agressão a si mesmo não busca a dor física
pelo prazer de senti-la, o que em si já é problemático. “‘Na maioria
dos casos, a automutilação é reflexo de uma incapacidade de lidar com
seus próprios sentimentos, como angústias, medos, tristeza e confli-
tos. Os adolescentes veem nessa prática a saída mais rápida para aliviar
esse intenso sofrimento. É uma troca da dor emocional pela dor física’
(...) O ato também pode ter relação com se punir por alguma atitude,
raiva ou com a baixa autoestima”.23 Em muitos desses casos, a tristeza
se apresenta como característica recorrente. Além disso, o bullying se
apresenta como uma forma de indiferença em nossos dias. Atitudes
agressivas, sejam elas físicas ou verbais, ferem a dignidade humana.
40. Em 2016, no Brasil, houve 11.433 mortes por suicídio, ou
seja, 31 casos de suicídio por dia. Ainda de acordo com o Ministério
da Saúde, o enforcamento aparece como o principal meio de mortes
por suicídio, respondendo por 60% dos óbitos. Intoxicação por drogas
aparece em segundo, com 18%; arma de fogo é a terceira causa, com
10%; outros meios respondem por 12% dos casos. Os jovens, entre 15

22 Disponível em: <https://novaescola.org.br/conteudo/3384/cutting-o-que-e-como-lidar-com-


-automutilacao-na-escola>. Acesso em: 8 ago. 2019.
23 Idem.

30
e 29 anos, estão entre as maiores vítimas do suicídio que é considerada
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a quarta maior causa de morte nessa faixa etária. Mortes violentas e


por acidente de trânsito também são realidades que inspiram cuidados
e ações concretas de educação para o respeito e a tolerância.24
41. Nos seis primeiros meses de 2018, os acidentes de trânsito
provocaram 19.398 mil mortes e 20 mil casos de invalidez perma-
nente no país. Segundo dados do Centro de Pesquisa e Economia do
Seguro (CPES), “as principais vítimas são homens de 18 a 65 anos
e motociclistas (...) os principais fatores associados aos acidentes são
falta de educação no trânsito, desrespeito às leis, excesso de velocida-
de, ingestão de álcool, direção perigosa e uso de celular”.25
42. A quantidade de vítimas, mortas ou feridas, em acidentes nas
rodovias federais é considerada uma das mais altas do país. Segundo
estudo, “53,7% dos acidentes são causados pela negligência ou impru-
dência dos motoristas, seja por desrespeito às leis de trânsito (30,3%)
ou falta de atenção do condutor (23,4%). É o chamado ‘fator humano’.
Aproximadamente 30% dos casos de óbitos registrados entre 2007 e
2016 são causados pelo desrespeito, o que, em números absolutos, re-
presenta mais de 23 mil mortos. Já em relação à falta de atenção, foram
mais de 15 mil mortos e 276 mil feridos no mesmo período”.26
43. No Brasil, os povos indígenas sofrem sucessivas agressões em
seus territórios, culturas e vidas. Os ataques contra os diferentes povos
têm sido constantes, envolvendo violências físicas, ameaças, precon-
ceitos e homicídios. Entre os anos de 2003 e 2018, ocorreram mais
de 1200 assassinatos de indígenas. A falta de demarcação e proteção
das terras indígenas agravam ainda mais a situação. Em função disso,

24 Disponível em: <http://www.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/44404-novos-dados-refor-


cam-a-importancia-da-prevencao-do-suicidio>. Acesso em: 8 ago. 2019.
25 Disponível em: <http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2018-09/mais-de-193-mil-
-pessoas-morreram-em-acidentes-de-transito-em-3-meses>. Acesso em: 7 set. 2019.
26 Dados do Ministério dos Transportes, Portos e Aviação sobre Segurança nas Rodovias Fe-
derais. Disponível em: <http://transportes.gov.br/ultimas-noticias/7999-estudo-aponta-que-
-mais-de-50-dos-acidentes-de-tr%C3%A2nsito-s%C3%A3o-causados-por-falhas-humanas.
html>. Acesso em: 7 set. 2019.

31
muitos povos continuam vivendo em uma condição de vulnerabilida-
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de social, econômica, cultural e religiosa, em acampamentos de beira


de estrada, em áreas degradadas ambientalmente ou em reservas su-
perlotadas. Dos 128 casos de suicídio registrados entre os indígenas
no ano de 2017, os estados que apresentaram as maiores ocorrências
foram Amazonas (54 casos) e Mato Grosso do Sul (31 casos). Em rela-
ção à mortalidade de crianças de 0 a 5 anos, dos 702 casos registrados,
236 ocorreram no Amazonas, 107 no Mato Grosso e 103 em Roraima.
Os registros do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), em relação
à desassistência na área de saúde e à desassistência geral em 2017, tive-
ram a mesma quantidade de casos que em 2016. Já em relação à morte
por desassistência à saúde, disseminação de bebida alcóolica e outras
drogas e desassistência na área de educação escolar indígena houve
um aumento dos registros.27
44. Uma triste ameaça à vida é o aumento do feminicídio. Em
2017, a cada dez feminicídios, registrados em 23 países, quatro ocorre-
ram no Brasil. “Naquele ano, pelo menos 2.795 mulheres foram assas-
sinadas, das quais 1.133 no Brasil. Já o Atlas da Violência 2018, publica-
do pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum
Brasileiro de Segurança Pública, apontou uma possível relação entre
machismo e racismo: a taxa de assassinatos de mulheres negras cresceu
15,4% na década encerrada em 2016. Ao todo, a média nacional, no
período, foi de 4,5 assassinatos a cada 100 mil mulheres, sendo que a
de mulheres negras foi de 5,3 e a de mulheres não negras foi de 3,1”.28
45. Ainda vivemos em um cenário de guerra quando lançamos o
olhar para os conflitos existentes no campo. Conflitos que envolvem ter-
ra, água, trabalho, garimpo e violências contra a pessoa como assassina-
tos, ameaças, agressões, prisões etc. Tais conflitos “aumentaram em 4%
em relação a 2017, passando de 1.431 para 1.489. Desses, 1.124 foram

27 Disponível em: <https://cimi.org.br/2018/09/relatorio-cimi-violencia-contra-os-povos-indi-


genas-no-brasil-tem-aumento-sistemico-e-continuo/>. Acesso em: 13 set. 2019.
28 AGÊNCIA SENADO. Disponível em: <https://www12.senado.leg.br/noticias/mate-
rias/2019/06/17/preocupacao-com-aumento-de-feminicidios-no-brasil-motiva-debate-na-
-cdh>. Acesso em: 7 set. 2019.

32
por terra. Perto de um milhão de pessoas foram envolvidas no total dos
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conflitos, 36% a mais que em 2017, 51,6% na região Norte. Aí também a


concentração de terras em conflito: 92% do total em 2018. Outros índi-
ces alarmantes confirmam a Amazônia como foco principal”.29
46. A extensão de terras em conflito vem crescendo ano após
ano. Em 2014, a extensão de terras em conflito atingia uma área de
8.1 milhões de hectares. Em 2015, esse número saltou para 21,3 mi-
lhões de hectares e, no ano seguinte, chegou a um perímetro de 23,6
milhões. Em 2017, os conflitos chegaram a uma área de 37,0 milhões
e, em 2018, a 39,4 milhões o que significa 4,6% do território nacional
em disputa.30
47. Os conflitos por água também vêm crescendo desde 2002,
com um aumento de 40,1%. Ribeirinhos e pescadores foram as víti-
mas preferenciais: 80,5%. Metade desses conflitos foram causados por
mineradoras. Em 2017, foram 71 pessoas assassinadas, sendo 31 em
cinco massacres. Nessa onda de violência, as lideranças do campo, que
lutam pela terra e em defesa dos territórios dos povos originários e
comunidades tradicionais, estão sendo massacradas. No ano de 2018,
73,5% dos casos de conflito de terra e água em todo o Brasil envolve-
ram as populações tradicionais. Os conflitos trabalhistas também au-
mentaram, sobretudo as ocorrências de trabalho escravo: de 66 casos,
envolvendo 530 pessoas, em 2017, para 86, envolvendo 1.465 pessoas,
em 2018.31 Nesse mesmo ano, 13.532 famílias foram expulsas de suas
moradias por ordens de despejo, dando a entender que, com esse ato,
estariam sendo removidos os entraves para o desenvolvimento.
48. Uma série de ameaças à vida está batendo em nossas portas,
por intermédio dos meios de comunicação e das redes sociais, con-
fundindo os cristãos, iludindo as famílias, atraindo os jovens para uma

29 COMISSÃO PASTORAL DA TERRA. Conflitos no Campo Brasil 2018. Disponível em: <ht-
tps://www.cptnacional.org.br/component/jdownloads/send/41-conflitos-no-campo-brasil-
-publicacao/14154-conflitos-no-campo-brasil-2018?Itemid=0>. Acesso em: 31 ago. 2019. p. 11.
30 Ibidem, p. 12.
31 Idem.

33
mentalidade permissiva disfarçada de progresso científico. Na verda-
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de, são propostas que excluem as pessoas e descartam vidas inocentes.


Essas ameaças à vida têm nome: aborto, eutanásia, suicídio assistido,
eugenia, tráfico de drogas, de pessoas e de órgãos entre outros.
49. As redes sociais, infelizmente, têm funcionado, em muitos
casos, como uma caixa amplificada que reverbera todos esses tipos de
violência, causando grande mal à vida. A banalização da vida alcançou
o mundo virtual por meio das fake news, dos perfis falsos e da dissemi-
nação de notícias caluniosas e raivosas sem nenhuma preocupação em
verificar a veracidade do que se compartilha e do que se curte. Esse ce-
nário vem crescendo e ceifando vidas. Basta observarmos os números
da violência que se apresenta de várias formas.
50. É preciso ficar atento, pois também nós corremos o risco de
entrar na dinâmica perversa que atualmente atinge as redes sociais.
“Pode acontecer também que os cristãos façam parte de redes de vio-
lência verbal por meio da internet e de vários fóruns ou espaços de
intercâmbio digital. Mesmo nos media católicos, é possível ultrapassar
os limites, tolerando-se a difamação e a calúnia e parecendo excluir
qualquer ética e respeito pela fama alheia. Gera-se, assim, um dualis-
mo perigoso, porque, nessas redes, dizem-se coisas que não seriam
toleráveis na vida pública e procura-se compensar as próprias insatis-
fações descarregando furiosamente os desejos de vingança. É impres-
sionante como, às vezes, pretendendo defender outros mandamentos,
ignora-se completamente o oitavo: “não levantar falsos testemunhos”
e destrói-se sem piedade a imagem alheia. Nisso se manifesta como a
língua descontrolada “é um fogo! É o universo da malícia (...) e pon-
do em chamas a roda da vida, sendo ela mesma inflamada pela geena”
(Tg 3,6)” (GeE, n. 115).
51. Os vínculos comunitários que identificam o ser humano
como um ser de relações são cada vez mais frágeis em uma organi-
zação social que incentiva o individualismo chegando até o egoísmo.
Isso coloca a pessoa em uma situação de competição, na qual vê-se o
outro como adversário, como inimigo a ser abatido, não como irmão

34
a ser amado, alguém a quem se deve servir. Assim, as relações de so-
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lidariedade e fraternidade vão se diluindo cada vez mais com fortes


consequências para vida do ser humano e para natureza.
52. O individualismo marca de tal maneira as relações, que a vida
corre o risco de ser vista não mais como Dom e Compromisso, mas
como um peso ou como algo de que a pessoa possa dispor a seu bel
prazer. Assistimos, então, a uma cada vez mais crescente mercantiliza-
ção da vida, em que o ser humano passa a ser avaliado pelo que produz
e pelo que consome. Dessa forma, relativizam-se ou, simplesmente,
ignoram-se os direitos humanos, abrindo brecha para o perverso ca-
minho da intolerância política, religiosa e cultural, raiz de fundamen-
talismos, de preconceitos e de discriminações. Por trás de cada ato de
preconceito e discriminação, há muita dor e sofrimento diante dos
quais não podemos permanecer indiferentes.
53. “No atual cenário, enquanto está em curso a mais profunda
transição demográfica de nossa história, rumo ao envelhecimento da
população, a alta letalidade de jovens gera fortes implicações, inclusive
sobre o desenvolvimento econômico e social. De fato, a falta de opor-
tunidades, que levava 23% dos jovens no país a não estarem estudando
nem trabalhando em 2017, aliada à mortalidade precoce da juventude
em consequência da violência, impõe severas consequências sobre o
futuro da nação. Para além da questão da juventude, os dados descri-
tos nesse relatório trazem algumas evidências de um processo extre-
mamente preocupante nos últimos anos: o aumento da violência letal
contra públicos específicos (...)”.32
54. Perante o panorama apresentado, observa-se a forte banali-
zação da vida. Trata-se de uma mentalidade que vai assumindo com
naturalidade a relativização da existência, o enfraquecimento do con-
ceito de pessoa e até a justificativa legal de modalidades de homicí-
dios e extermínios humanos, sob a alegação de conquista de direitos.

32 IPEA (Instituo de Pesquisa Econômica Aplicada); FBSP (Fórum Brasileiro de segurança pú-
blica). Atlas da Violência 2019. Disponível em: <http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/
PDFs/relatorio_institucional/190605_atlas_da_violencia_2019.pdf. Acesso em: 5 set. 2019. p. 6.

35
Nesse sentido, assume maior importância o papel do Estado como
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guardião da vida.
55. Em nossos dias, temos assistido uma transformação na con-
cepção do próprio Estado, cujas preocupações parecem estar mais vol-
tadas para o aspecto econômico do que para o cuidado com as pessoas.
Por certo, é possível ouvir que a preocupação com o viés econômico
se destina ao cuidado com as pessoas. Contudo, é preciso indagar: o
que dizer às vítimas de hoje? Elas podem ser sacrificadas em nome de
um progresso que um dia poderá vir? O Estado tem indispensavel-
mente uma função social. Essa função tem de ser cumprida no hoje da
história, com um efetivo equilíbrio entre as questões econômicas e as
sociais. Quando o equilíbrio desaparece, deparamo-nos com uma re-
alidade humanitária cruel que, por vezes, causa desespero, sendo que
os mais pobres são aqueles que mais sofrem.
56. O Estado cuida da vida quando promove ações específicas,
políticas públicas conforme lembrou a CF 2019, em favor de todas
as pessoas, com especial atenção aos mais necessitados. Se, por qual-
quer razão, o Estado se omite, ele se equipara àqueles que promovem
a morte como nos casos de guerra.
57. A incapacidade do Estado de frear a violência contribui para
a banalização do mal, na medida em que grupos de extermínio deter-
minam os que devem viver e os que devem morrer. Os poderes para-
lelos são fortalecidos por um Estado distante e acuado. Com isso, eles
impõem a violência e a morte. Como se este fato já não fosse grave em
si, ainda mais grave é a concepção daqueles que nutrem uma visão na
qual o extermínio do outro soa como alívio.
58. “A pobreza se expande e se manifesta em inúmeras formas
de sofrimento, sombras que desafiam a todos nós. É a vida agredida
nas mais diversas formas, desde a fecundação até a morte natural. É
a forte crise de sentido (DAp, n. 37), que gera desesperança, esgo-
tamento existencial, depressão, chegando até o suicídio, uma reali-
dade da qual ninguém está isento, nem mesmo ministros religiosos”
(DGAE 2019-2023, n. 59).

36
1.1.2. O olhar que destrói a natureza
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“O que fazer para mudar o mundo? Amar.


O amor pode, sim, vencer o egoísmo”
(Santa Dulce dos Pobres)

59. Nos últimos anos, vem crescendo a consciência de que, ar-


ticulada com o desrespeito ao ser humano, encontra-se a agressão à
natureza. “Quando falamos de ‘meio ambiente’, fazemos referência
também a uma particular relação: a relação entre a natureza e a socie-
dade que a habita. Isso nos impede de considerar a natureza como algo
separado de nós ou como uma mera moldura da nossa vida. Estamos
incluídos nela, somos parte dela e compenetramo-nos. As razões, pe-
las quais um lugar se contamina, exigem uma análise do funcionamen-
to da sociedade, da sua economia, do seu comportamento, das suas
maneiras de entender a realidade. Dada a amplitude das mudanças, já
não é possível encontrar uma resposta específica e independente para
cada parte do problema. É fundamental buscar soluções integrais que
considerem as interações dos sistemas naturais entre si e com os sis-
temas sociais. Não há duas crises separadas: uma ambiental e outra
social; mas uma única e complexa crise socioambiental. As diretrizes
para a solução requerem uma abordagem integral para combater a po-
breza, devolver a dignidade aos excluídos e, simultaneamente, cuidar
da natureza” (LS, n. 139).33
60. Ainda segundo Papa Francisco, só podemos falar de autênti-
co progresso quando há melhoria global na qualidade da vida huma-
na. Para que isso ocorra, é necessário ter atenção para com o todo da
vida, incluindo os ambientes em que vivem as pessoas. Quando esse
ambiente “aparece desordenado, caótico ou cheio de poluição visual
e acústica, o excesso de estímulos põe à prova as nossas tentativas de
desenvolver uma identidade integrada e feliz” (LS, n. 147).

33 FRANCISCO. Carta Encíclica Laudato Si’ sobre o cuidado da Casa Comum. (Documentos
Pontifícios, 22). Brasília: Edições CNBB, 2016.

37
61. O domínio da economia, que retira o olhar para a pessoa do
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centro, orientando-se por outros interesses, é o motor da desigualdade


social que agride a vida, não só do ser humano, mas de todo o planeta,
modificando nossa Casa Comum. Constatamos, assim, que, por es-
sas e outras razões, a exuberância da criação e da vida não esconde
também seus limites, fraquezas, dores e sofrimentos, os quais têm suas
raízes, ora na própria natureza, ora na ação humana marcada pelo ego-
ísmo, pela ganância e pelo desejo desmesurado do ter e alimentada por
um sistema político-econômico voraz e insaciável.
62. Tanto a extinção de espécies quanto os desequilíbrios climá-
ticos apresentam forte ligação com a exploração desordenada e com o
aumento da poluição. Raramente se registra o deslizamento de terras
em áreas em que a vegetação está preservada. Contudo o contrário
torna-se presente e desastroso em nossos dias, como atestam os rom-
pimentos das barragens de rejeitos de minério no distrito de Fundão,
em Mariana (MG), ocorrido em 5 de novembro de 2015, e no Córre-
go do Feijão, município de Brumadinho (MG), ocorrido pouco mais
de três anos depois, em 25 de janeiro de 2019. No primeiro, 19 pesso-
as foram engolidas pelo tsunami de 55 milhões de metros cúbicos de
rejeitos de minério e, no segundo, centenas de pessoas tiveram suas
vidas tiradas por cerca de 12,7 milhões de metros cúbicos de rejeitos.
Em ambos os casos e em diversos outros semelhantes Brasil afora, o
dano ecológico e humano é incalculável, modificando a biodiversi-
dade e deixando milhares de pessoas sem seu sustento por causa da
contaminação do solo e das águas da bacia do Rio Doce, no caso de
Mariana, e da bacia do rio Paraopeba, em Brumadinho.
63. “É urgência minimizar a dor dos atingidos por mais esse
desastre ambiental, sem se esquecer de acompanhar, de perto, a atu-
ação das autoridades na apuração dos responsáveis por mais um tris-
te e lamentável episódio, chaga aberta no coração de Minas Gerais.
Que a justiça seja feita com lucidez e sem mediocridades que geram

38
passivos, com sentido humanístico e priorizando o bem comum, com
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incondicional respeito e compromisso com os mais pobres”.34


64. Ao lado da mineração, questiona-se também o modo como
outras atividades econômicas são levadas adiante. Preocupa sua rela-
ção desrespeitosa e danosa com nossa Casa Comum e com a vida hu-
mana. É o caso de alguns tipos de agronegócio e de monoculturas que
não demonstram compromisso com a sustentabilidade, empregando
cada vez mais os agrotóxicos, eufemisticamente chamados defensores
agrícolas.
65. “O Brasil é campeão mundial no uso de pesticidas na agri-
cultura, alternando a posição, dependendo da ocasião, apenas com os
Estados Unidos. O feijão, base da alimentação brasileira, tem um nível
permitido de resíduo de malationa (inseticida) que é 400 vezes maior
do que aquele permitido pela União Europeia. Na água potável brasi-
leira, permite-se 5 mil vezes mais resíduo do herbicida glifosato. Na
soja, podemos encontrar até 200 vezes mais resíduos do mesmo glifo-
sato (...) ‘como se não bastasse, o Brasil liderar este perverso ranking,
[assusta a tentativa de criação de leis] que flexibilizam as atuais regras
para registro, produção, comercialização e utilização de agrotóxicos’”.
As perdas “não se limitam à contaminação de alimentos e dos cursos
d’água”. Há casos em que, “depois de extensa exposição aos agrotóxi-
cos, ocorrem também casos de mortes e suicídios associados ao con-
tato ou à ingestão dessas substâncias”.35
66. O olhar que destrói a natureza nasce da incapacidade de per-
cebê-la em sua singularidade. A natureza requer paciência para ofere-
cer a nós o melhor ar para respirarmos; a melhor água para nos saciar;

34 Dom Walmor Oliveira de Azevedo em nota da CNBB sobre Brumadinho. In: CNBB é solidá-
ria com as vítimas em Brumadinho (MG) e afirma que o “Desastre de Mariana” ensinou muito
pouco. 26 de Janeiro de 2019. Disponível em: <http://www.cnbb.org.br/cnbb-manifesta-soli-
dariedade-com-as-familias-atingidas-pelo-rompimento-da-barragem-de-brumadinho-mg-
-e-afirma-que-o-desastre-de-mariana-ensinou-muito-pouco/>. Acesso em: 7 set. 2019.
35 Dados do atlas Geografia do uso de agrotóxicos no Brasil e conexões com a União Europeia.
In: FERREIRA, Ivanir. Lançado na Europa mapa do envenenamento de alimentos no Brasil.
(Disponível em: <https://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-ambientais/lancado-na-europa-ma-
pa-do-envenenamento-de-alimentos-no-brasil/>. Acesso em: 10 jul. 2019.

39
o melhor frescor da brisa suave em tempos cálidos; a chuva mansa que
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traz vida à terra. Terra que é mãe a nos oferecer seus mais belos frutos.
Mãe que cuida e a quem devemos cuidar. Por que então não estamos
cuidando dela como deveríamos?
1.1.3. O olhar da indiferença exclui a vida
“No amor e na fé encontraremos
as forças necessárias para a nossa missão”
(Santa Dulce dos Pobres)

67. Essas formas de sofrimento mostram, em primeiro lugar, que


a vida é continuamente agredida. A todo momento, ela é confrontada
com uma mentalidade que insiste em colocar o lucro acima das pes-
soas e da dignidade humana. O mercado, ídolo que seduz a um con-
sumismo desenfreado, atropela a vida dos mais pobres sem escrúpulo
nem constrangimento algum. Com isso, cresce a indiferença com a si-
tuação dos mais frágeis e se desenvolve a cultura da invisibilidade e do
descartável (EG, n. 52-62).
68. Junto à indiferença, sentimo-nos diante de um outro inimigo
que tem crescido em nossos dias: o ódio. A indiferença e o ódio, em
todas as suas formas, paralisam e impedem que se faça o que é justo até
mesmo quando se sabe que é justo. A indiferença “é um vírus que con-
tagia perigosamente a nossa época, um tempo no qual estamos cada
vez mais ligados com os outros, porém sempre menos atentos ao pró-
ximo”. 36 “Nenhuma família, nenhum grupo de vizinhos, nenhuma et-
nia e, muito menos, nenhum país terão futuro se o motor que os une e
encobre as diferenças for a vingança e o ódio”.37 O contexto globaliza-
do do mundo de hoje deveria nos ajudar a compreender que nenhum
de nós é uma ilha, mas que somos responsáveis uns pelos outros. Em

36 FRANCISCO. Discurso aos participantes da conferência Internacional sobre a responsabi-


lidade dos Estados, instituições e indivíduos na luta contra o antissemitismo e aos crimes
ligados ao ódio antissemita, 29 de janeiro de 2018.
37 FRANCISCO. Missa no Estádio Nacional de Zimpeto em Maputo, Moçambique, 6 de setem-
bro de 2019.

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uma sociedade profundamente marcada pelos traços de Caim, Deus
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novamente nos pergunta “Onde está (...) teu irmão?” (Gn 4,9).
69. São João Paulo II, na Encíclica sobre o valor e a inviolabili-
dade da vida (Evangelium Vitae), que, neste ano de 2020, completa
25 anos, retoma as palavras do Concílio Vaticano II para descrever as
ameaças sofridas pela vida humana: “Tudo o que se opõe à vida, qual
seja toda a espécie de homicídio, genocídio, aborto, eutanásia e sui-
cídio voluntário; tudo o que viola a integridade da pessoa humana,
como as mutilações, os tormentos corporais e mentais e as tentativas
para violentar as próprias consciências; tudo o que ofende a dignida-
de da pessoa humana, como as condições de vida infra-humanas, as
prisões arbitrárias, as deportações, a escravidão, a prostituição, o co-
mércio de mulheres e jovens; e também as condições degradantes de
trabalho em que os operários são tratados como meros instrumentos
de lucro e não como pessoas livres e responsáveis. Todas essas coisas e
outras semelhantes são infamantes; ao mesmo tempo que corrompem
a civilização humana, desonram mais aqueles que assim procedem, do
que os que padecem injustamente; e ofendem gravemente a honra de-
vida ao Criador” (EV, n. 3).38
70. Passados 25 anos da Encíclica, com tristeza, ainda hoje cons-
tatamos sua afirmação: “Infelizmente, esse panorama inquietante, lon-
ge de diminuir, tem vindo a dilatar-se: com as perspectivas abertas pelo
progresso científico e tecnológico, nascem outras formas de atentados
à dignidade do ser humano, enquanto se delineia e consolida uma nova
situação cultural que dá aos crimes contra a vida um aspecto inédito
e – se é possível – ainda mais iníquo, suscitando novas e graves preo-
cupações: amplos setores da opinião pública justificam alguns crimes
contra a vida em nome dos direitos da liberdade individual e, sobre tal
pressuposto, pretendem não só a sua impunidade, mas ainda a própria
autorização da parte do Estado para praticá-los com absoluta liberdade
e, mais, com a colaboração gratuita dos Serviços de Saúde” (EV, n. 4).

38 SÃO JOÃO PAULO II. Carta Encíclica Evangelium Vitae sobre o valor e a inviolabilidade da
vida humana, 25 de março de 1995.

41
71. Essa constatação nos leva inevitavelmente a se questionar:
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estaremos marcados para conviver, de modo definitivo, com a indife-


rença e o ódio? Ou seremos capazes de encontrar caminhos de supe-
ração? Para superar o vírus da indiferença, “é urgente educar as jovens
gerações para que participem ativamente na luta contra os ódios e as
discriminações, e também na superação das oposições do passado e
para que nunca se cansem de ir ao encontro do outro. Com efeito, para
preparar um futuro verdadeiramente humano, não é suficiente rejeitar
o mal, mas é preciso construir juntos o bem”.39 Por essa razão, a Cam-
panha da Fraternidade deseja fermentar uma cultura do cuidado, da
responsabilidade, da memória e da proximidade, estabelecendo uma
aliança contra todo tipo de indiferença e ódio.
1.1.4. O olhar da solidariedade social
“O corpo é um templo sagrado. A mente, o altar. Então, devemos
cuidá-los com o maior zelo. Corpo e mente são o reflexo da nossa
alma, a forma como nos apresentamos ao mundo e um cartão de visitas
para o nosso encontro com Deus”
(Santa Dulce dos Pobres)

72. O olhar da fé, ao mesmo tempo em que identifica sombras,


deve, indispensavelmente, identificar luzes. Não é um olhar amargo,
desiludido, apenas para o que é negativo. A tristeza que brota de quem
olha o sofrimento não pode impedir que o olhar de esperança encon-
tre também as luzes da solidariedade. Por isso, não podemos esquecer
o testemunho de quem defende a vida atuando nas diversas entidades,
nos Conselhos de Direitos, Organizações Não Governamentais, nos
Movimentos Sociais e Populares, nos Sindicatos, nas Associações de
Bairros e em muitas outras organizações comprometidas com a vida.

39 FRANCISCO. Discurso aos participantes da conferência Internacional sobre a responsabi-


lidade dos Estados, instituições e indivíduos na luta contra o antissemitismo e aos crimes
ligados ao ódio antissemita, 29 de janeiro de 2018.

42
73. Com esperança, vemos surgirem e mesmo se consolidarem
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serviços de escuta, de ajuda na vitória sobre as drogas, o alcoolismo,


o jogo e outras formas de agressão à vida, experiências de visitas mis-
sionárias a famílias, especialmente em áreas de maior vulnerabilidade,
presença junto às pessoas em situação de rua. Esses exemplos nos ale-
gram e mostram que muito pode ser feito, apesar dos poucos recursos
que às vezes estão disponíveis.
74. Nossa realidade está repleta de histórias de pessoas que su-
peram a fragilidade da vida, realçando a beleza e a alegria de viver. Na
família, edifica o exemplo dos pais que acolhem com amor os filhos
com deficiência, dedicando-lhes carinho e ternura samaritanos. Com
seu gesto, testemunham o valor e a inviolabilidade da vida humana e
dão prova de que o amor é a medida para se acolher a vida.
75. É incontável o número de pessoas que, pública ou anonima-
mente, dedicam sua existência a promover e defender a vida. Elas o
fazem de forma gratuita, cheias de fé, pela alegria de servir no amor.
Pensemos, por exemplo, nos 74 mil voluntários da Pastoral da Criança
que, em todo o Brasil, atendem mais de 800 mil crianças,40 nos agentes
da Pastoral da Saúde, nos que atuam na Pastoral Carcerária, na Pas-
toral do Povo da Rua e na Pastoral do Menor, nos que se dedicam a
salvar crianças do aborto, acolhem e acompanham mães nas casas
pró-vida, como também os grupos que dão suporte a pais e mães que
passaram pelo trauma de abortar (Projeto Esperança, Projeto Raquel,
Projeto José). Lembremos também dos agentes que atuam nos gru-
pos da Pastoral da Sobriedade, Pastoral da Pessoa Idosa e tantas outras
ações das 26 pastorais sociais da Igreja no Brasil, que promovem e cui-
dam da dignidade da vida humana.

40 Esses dados referem-se a março de 2019 e foram obtidos via e-mail junto à Coordenação
Nacional da Pastoral da Criança.

43
76. O mesmo se diga dos jovens de todo o Setor Juventude nas
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dioceses e de outras expressões juvenis, que levam adiante a campanha


contra a violência e o extermínio dos jovens; dos agentes da Pastoral
da AIDS e da Pastoral da Mulher Marginalizada no duro combate con-
tra a discriminação e o preconceito; dos agentes da Pastoral Familiar; e
dos milhares de catequistas e tantos outros cristãos leigos e leigas que
empregam suas forças nos vários serviços oferecidos em razão da fé.
Como não olhar também para todos os movimentos, entidades, novas
comunidades, organismos que se estruturam única e exclusivamente
para atender aos pobres e aos marginalizados além de experiências an-
tigas e novas que têm marcado a vida da Igreja no Brasil?
77. No campo e nas terras indígenas, a Comissão Pastoral da
Terra (CPT) e o Cimi, profeticamente, se colocam na defesa da vida
ameaçada de trabalhadores e trabalhadoras, indígenas, quilombolas e
ribeirinhos. O testemunho dos que derramaram seu sangue pela cau-
sa da vida, mártires dos tempos atuais, remete-nos a Jesus que disse:
“Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a própria vida por
seus amigos” ( Jo 15,13).
78. São animadores o empenho, a dedicação e o exemplo de
Bispos, presbíteros, diáconos, consagrados e consagradas, inúme-
ros cristãos leigos e leigas que, destemidamente, dão testemunho do
Evangelho da vida em situações desafiadoras que ameaçam a vida e a
dignidade humanas.
79. Nesse contexto, é significativo recordar a palavra do Papa
Francisco aos participantes do Encontro Mundial dos Movimentos
Populares, em Roma, no ano de 2014: “Vós não trabalhais com ideias,
mas com realidades como as que mencionei e muitas outras que me
descrevestes. Tendes os pés na lama e as mãos na carne. O vosso cheiro
é de bairro, de povo, de luta! Queremos que a vossa voz seja ouvida, a
qual, normalmente, é pouco escutada. Talvez porque incomode, talvez
porque o vosso grito incomode, talvez porque se tenha medo da mu-
dança que vós pretendeis, mas sem a vossa presença, sem ir realmente

44
às periferias, as boas propostas e os projetos que muitas vezes ouvimos
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nas conferências internacionais permanecem no plano da ideia”.41


1.1.5. Qual será o nosso olhar?
“Se Deus viesse à nossa porta, como seria recebido? Aquele que
bate à nossa porta, em busca de conforto para a sua dor, para o
seu sofrimento, é um outro Cristo que nos procura”.
(Santa Dulce dos Pobres)

80. Essas sombras e luzes nos remetem a um desafio: o que será o


amanhã? Pergunta o poeta. O que é o hoje? Perguntam os que sofrem
e os que sonham com um mundo diferente. Essas perguntas nos re-
metem ao compromisso por um olhar solidário de respeito e cuidado
com a vida, missão primeira do ser humano em relação a toda a cria-
ção, que não será redimida se o ser humano não mudar o paradigma de
relação com a vida em todas as suas formas e expressões. Diante desse
cenário, é necessária uma ética do cuidado que, valorizando as luzes,
passe a olhar com responsabilidade e compromisso todas as criaturas.
81. Devemos ter claro que assumir o olhar solidário capaz de cui-
dar, como modo de ser no mundo, nos permite ir além do egoísmo e da
indiferença. O cuidado reinstaura o espaço da graça e da leveza dian-
te do mundo e de todas as formas de vida, gerando um novo laço de
amor entre nós. Essa imagem nos remete ao belo poema “Não sei” de
Cora Coralina:
Não sei se a vida é curta
ou longa demais para nós,
mas, sei que nada
do que vivemos tem sentido,
se não tocamos o coração das pessoas.

41 Disponível em: <https://w2.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2014/october/docu-


ments/papa-francesco_20141028_incontro-mondiale-movimenti-popolari.html>. Acesso
em: 19 fev. 2019.

45
Muitas vezes basta ser:
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o colo que acolhe,


o braço que envolve,
a palavra que conforta,
o silêncio que respeita,
a alegria que contagia,
a lágrima que corre,
o olhar que acaricia,
o desejo que sacia,
o amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo,
é o que dá sentido à vida.

É o que faz com que ela não


seja nem curta, nem longa demais,
mas que seja intensa, verdadeira,
pura enquanto ela durar.

46
II PARTE – “Viu, SENTIU COMPAIXÃO,
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e cuidou dele” (Lc 10,33-34)

2. Compaixão de Jesus – romper


com a indiferença
“O importante é fazer a caridade, não falar de caridade.
Compreender o trabalho em favor dos necessitados
como missão escolhida por Deus”.
(Santa Dulce dos Pobres)

82. Se, por um lado, o olhar da indiferença gera tanto mal, o olhar
da compaixão pode fecundar o bem no coração humano e conferir ver-
dadeiro sentido à vida. Na parábola do Bom Samaritano, o olhar que
Jesus nos ensinou é o olhar daquele que se compromete com o outro. Um
olhar interessado, não em si mesmo, mas no bem do próximo, seja ele
quem for: simpático ou antipático, de qualquer etnia ou religião, amigo
ou inimigo. O olhar da compaixão gera um “permanecer com”, uma pre-
sença que salvaguarda, cuida e transforma a vida de quem mais precisa.
83. Não se trata apenas de um olhar de comiseração ou de dó,
mas, sim, de um olhar compassivo que reconhece a dignidade de cada
um e procura resgatar a imagem e semelhança no rosto de homens e
mulheres desfigurados pelo pecado (Gn 1,26). Esse é o olhar de Deus
manifestado em Jesus Cristo. O olhar de Jesus é revelador do olhar
Trinitário, de um Deus que gera vida e amor. É por isso que, nesta
Quaresma, somos convocados a exercitar esse olhar de Jesus. Somos
interpelados a transformar nosso modo de ver, sentir, conviver, con-
formando-nos à verdade que Ele nos ensinou.
84. Somos chamados a iluminar nosso olhar com o olhar do
Cristo, que, do alto do madeiro, viu e perdoou todos os pecados e nos
salvou por sua misericórdia. “Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que
fazem!” (Lc 23,34). Esse novo olhar precisa gerar e promover a vida,

47
defendê-la e dela cuidar desde a fecundação até a plenitude. Não so-
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mente a vida humana, mas também todas as outras formas de vida,


respeitando e preservando a natureza. O Espírito Santo, Senhor que
dá a vida, é o auxílio que garante a continuidade do olhar de Cristo
no nosso olhar e nos impulsiona a ver a dignidade humana e de toda a
obra da criação conforme o beneplácito de Deus. Assim, ainda que ve-
jamos ameaças à vida, existem também muitos olhares de compaixão,
ternura, amor, solidariedade, carinho: olhares de fraternidade.
85. Em uma época na qual a indiferença vai tomando conta das
consciências e dos corações, a Quaresma se mostra como tempo im-
portante para a reflexão sobre a misericórdia e a compaixão. Neste
tempo quaresmal, podemos mergulhar no mistério que nos conduz
para a Paixão, morte e Ressurreição de Jesus Cristo na medida que
nos propomos uma sincera conversão. Para o Papa Francisco, a pará-
bola do Bom Samaritano é uma dádiva maravilhosa, mas também é
um compromisso: “A cada um de nós, Jesus repete aquilo que disse ao
doutor da Lei: Vai e também tu faz o mesmo! Somos todos chamados
a percorrer o mesmo caminho do bom samaritano, que é a figura de
Cristo: Jesus debruçou-se sobre nós, fez-se nosso servo, e foi assim
que nos salvou, para que também nós pudéssemos amar como Ele nos
amou, do mesmo modo”.42
86. Nessa mesma audiência, o Papa nos faz refletir sobre a centra-
lidade dessa parábola: trata-se exatamente do versículo 33: “encheu-se
de compaixão”. Assim, explica o Santo Padre: “o seu coração, as suas
vísceras comoveram-se! Eis a diferença. Os outros dois viram, mas
os seus corações permaneceram fechados, insensíveis. Ao contrário,
o coração do samaritano estava sintonizado com o coração do pró-
prio Deus. Com efeito, a ‘compaixão’ é uma característica essencial da
misericórdia de Deus. Deus tem compaixão de nós. O que isso signi-
fica? Padece ao nosso lado, sente os nossos sofrimentos. Compaixão
quer dizer ‘padecer com’. O verbo indica que as vísceras se movem e

42 FRANCISCO. Audiência Geral. Praça de São Pedro, 27 de abril de 2016.

48
estremecem à vista do mal do homem. Nos gestos e ações do bom
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samaritano, reconhecemos o agir misericordioso de Deus em toda a


história da salvação”.
87. Acolher essa proposta de vida cristã exige uma autêntica res-
posta às seguintes perguntas: Estou disposto a fazer o mesmo? Quero
concretizar para os irmãos e irmãs a mesma compaixão e cuidado que
o Senhor tem para comigo? Estou disposto a não ignorar ninguém que
me pede ajuda, apoio, socorro, presença, consolação? Se cada um de
nós não se fizer essas perguntas, pelo menos uma vez na vida, não po-
derá dizer que tem verdadeiramente fé e talvez, não poderá nem dizer
que é efetivamente humano, enquanto imagem e semelhança de Deus.
88. Quem ama viu a Deus, porque Deus é amor (1Jo 4,7-16).
Fomos criados pelo Amor e para o amor. Nossa vida assume sentido
quando abrimos nosso coração ao outro, de modo especial ao outro
que sofre, que é pobre, abandonado, esquecido às margens de uma so-
ciedade da indiferença e da exclusão (Mc 10,46-52). O que acontece
com uma pessoa que só pensa em si mesma? O que acontece com uma
sociedade em que o egoísmo, o individualismo, o consumismo, a indi-
ferença e o ódio tendem a predominar? Será que precisaremos de mui-
tas outras provas, de raciocínios complicados, para concluir que pes-
soas egoístas e sociedades indiferentes constroem sombras e mortes?
89. Somos discípulos e amigos do Ressuscitado ( Jo 15,15)!
Estamos a serviço da Vida! Por isso, não nos fechamos em nós mesmos.
A Páscoa nos ensina a, por Cristo, com Cristo e em Cristo, romper os
túmulos da indiferença e do ódio e ressurgir para o zelo, o cuidado e a
solidariedade. O que acontece em nosso coração quando praticamos
o bem? De onde vem a força para compartilhar do pouco que se tem
com quem tem menos ainda? O que leva uma pessoa a se esquecer
totalmente de si e acolher as grandes causas pela transformação do
mundo? Um prato partilhado, um agasalho oferecido, incompreen-
sões sofridas, agressões e repressões, noites em claro, vidas entregues
até o martírio? Fracos com os fracos (1Cor 9,22) levamos alimento
noturno para quem vive nas ruas e, diante deles, não reconhecemos

49
seus rostos à luz do dia; entramos nas cadeias, separando o pecado
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do pecador; limpamos feridas que o pecado e a ganância desprezam;


buscamos terra e direitos defendendo os pequenos; estamos ao lado
de crianças, jovens, adultos e idosos, em suas alegrias e dores. Conso-
lados por Cristo, encontramos, no mais profundo de nós mesmos, a
nossa vocação humana e divina de consolar os que se acham em algu-
ma tribulação (2Cor 1,3-4). É possível que o mundo de indiferença e
ódio nos considere loucos. De algum modo, somos: loucos de amor,
loucos pela fé e, por isso, loucos pela vida.
90. Sentir nas vísceras a dor do outro é muito mais do que ter dó.
Significa comprometer-se com ele, sem medo de aproximar e identifi-
car-se com o próprio amor de Deus para conosco: “Amai-vos uns aos
outros como eu vos amei” ( Jo 13,34).
91. O samaritano agiu com verdadeira misericórdia e foi capaz
de assumir a dor do outro provendo tudo o que lhe era necessário. Na
compaixão não há incertezas, não se titubeia, não existe indiferença,
pois trata-se de ter, em nós, os mesmos sentimentos de Cristo (Fl 2,5).
Fazer-se próximo sem preconceitos, sem classificação, sem esperar
nada em troca. Gratuitamente amar! Assim nos ensina Jesus.

2.1. Compaixão é ter mais coração nas mãos


“Se houvesse mais amor, o mundo seria outro;
se nós amássemos mais, haveria menos guerra.
Tudo está resumido nisto:
Dê o máximo de si em favor do seu irmão,
e, assim sendo, haverá paz na terra”.
(Santa Dulce dos Pobres)

92. Na história da Igreja, temos muitos exemplos de homens e


mulheres que, pelo encontro com Jesus Cristo, testemunharam o ver-
dadeiro sentido da compaixão. Um dos momentos mais difíceis da ex-
periência humana é quando somos acometidos de uma doença. Nessa
hora, a compaixão toma seu mais forte significado. Esse “sofrer com”

50
é o sinal do nosso total respeito e interesse pela pessoa enferma. Um
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grande exemplo de compaixão na doença é de São Camilo de Lellis.


Ele dizia aos cuidadores: “Colocai mais coração nessas mãos!”.
93. O Papa Francisco, ao falar para os médicos católicos e para os
profissionais da saúde, nos recorda que, “a fragilidade, a dor e a doença
são uma provação difícil para todos, até para o pessoal médico, são um
apelo à paciência, ao ‘sofrer com’; portanto, não se pode ceder à tenta-
ção funcional de aplicar soluções rápidas e drásticas, movidos por uma
falsa compaixão nem por meros critérios de eficiência e de preserva-
ção econômica. É a dignidade da vida humana que está em jogo”.43

O coração compassivo de São Camilo


“São Camilo de Lellis nasceu em Buquiânico, Itália, em 25 de
maio de 1550. Filho de pai militar e de mãe muito devota, o nasci-
mento de Camilo foi considerado um milagre, tendo em vista que
seus pais ainda não tinham herdeiro e tiveram um filho já em idade
avançada. Ambos faleceram quando Camilo era ainda jovem, levan-
do-o a enfrentar a vida sozinho e a assumir responsabilidades pre-
maturamente. Camilo seguiu a carreira militar do pai, alistando-se
no exército aos 17 anos de idade. Viveu sob condições financeiras
precárias e, sem ainda atentar-se à presença de Deus em sua vida,
entregou-se aos prazeres e aos vícios do mundo, principalmente à
bebida e ao jogo, chegando a perder a própria roupa em uma apos-
ta. Naquele período, Camilo adquiriu também uma dolorosa úlcera
no pé, ferida que o acompanhou durante toda sua vida. Padecendo
sob condições adversas, passando fome, frio e sem ter onde morar,
Camilo foi acolhido no convento dos Capuchinhos, onde passou a
trabalhar. Um dia, levando uma mercadoria do convento para a cida-
de, Camilo cai do animal que o transportava e, em um momento
de profundo arrependimento e comoção, se converte a Deus entre
prantos, comprometendo-se a mudar de vida e a servir a Deus como

43 FRANCISCO. Discurso para os Médicos Católicos, 9 de junho de 2016.

51
religioso capuchinho. Era dia 2 de fevereiro de 1575. A ferida no pé,
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entretanto, impediu-o de permanecer naquele convento e de abra-


çar a vocação capuchinha. Camilo parte, então, para o Hospital São
Tiago, em Roma, onde passa a cuidar dos doentes. Naquele local,
Camilo compreende a missão que Deus queria para sua vida: servir
os enfermos como se fossem o próprio Cristo crucificado. Torna-se
sacerdote e organiza uma companhia de homens de boa vontade que
querem doar suas vidas no cuidado dos doentes e mais necessitados.
O grupo de Camilo foi crescendo e atraindo homens motivados a
cuidar dos enfermos. A Santa Sé autorizou o uso da cruz vermelha
como distintivo do grupo e, logo depois, a Congregação foi eleva-
da ao grau de Ordem Religiosa, sendo conhecida como Ordem dos
Ministros dos Enfermos. Após uma vida de doação ao serviço dos
doentes, Camilo morre em 14 de julho de 1614. Foi canonizado em
1746 e, posteriormente, declarado padroeiro dos doentes, hospitais
e profissionais da saúde”.44

94. De fato, quem ama não julga, não acusa, não divide! Quem
ama, cuida, acolhe, integra. Quem ama dialoga, suporta, se compade-
ce. O egoísta e prepotente, cujo alcance da visão e do coração é ele
mesmo, julga o mundo a partir de si, esquecendo-se de que seu olhar
está embaçado pelo pecado, seu coração está entupido pela maldade.
O que seria do mundo se nos julgássemos menos e nos compreendês-
semos mais? O que seria do mundo se houvesse menos competição e
mais compaixão? Não seria um mundo diferente se houvesse menos
voracidade e mais partilha?
95. “Mas é nocivo e ideológico também o erro das pessoas que
vivem suspeitando do compromisso social dos outros, considerando-
-o algo de superficial, mundano, secularizado, imanentista, comunista,
populista; ou então relativizam-no como se houvesse outras coisas
mais importantes, como se interessasse apenas uma determinada ética

44 BIOGRAFIA. Disponível em: <https://www.camilianos.org.br/sao-camilo/biografia>. Acesso


em: 16 set. 2019.

52
ou um arrazoado que eles defendem. (...) Não podemos nos propor
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um ideal de santidade que ignore a injustiça deste mundo, onde alguns


festejam, gastam folgadamente e reduzem a sua vida às novidades do
consumo, ao mesmo tempo que outros se limitam a olhar de fora en-
quanto a sua vida passa e termina miseravelmente”(GeE, n.101).
96. Nossas mãos não podem estar fechadas para socar. Elas têm
de estar abertas para apoiar. Não podem ser mãos fechadas para agre-
dir. Devem ser mãos unidas para cuidar. Sem ter onde reclinar a cabeça
(Mt 8,20), o filho do homem salvou o mundo. O que estamos fazendo
com tantos recursos, tanta tecnologia, tanto avanços científicos? Esta-
mos acomodados em nossa zona de conforto, ou temos coragem de
termos em nós os mesmos sentimentos de Jesus, fazendo de nossas
vidas uma oferta generosa da presença de Deus?
97. Precisamos aprender a contemplar a casa comum e perceber
que toda a criação é um hino à comunhão, à harmonia e à fraternidade.
“Custa-nos reconhecer que o funcionamento dos ecossistemas natu-
rais é exemplar” (LS, n. 22). Triste gastar o tempo nos embates e nas
acusações, quando ele poderia ser utilizado na prática da misericórdia,
da solidariedade e do perdão.

2.2. Compaixão é ter mais justiça no coração


“Habitue-se a ouvir a voz do seu coração.
É através dele que Deus fala conosco e
nos dá a força de que necessitamos para seguirmos em frente,
vencendo os obstáculos que surgem na nossa estrada”
(Santa Dulce dos Pobres)

98. Na encíclica Dives in Misericordia, São João Paulo II afir-


ma que “Jesus revelou, sobretudo com o seu estilo de vida e com as
suas ações, como está presente o amor no mundo em que vivemos,
amor operante, amor que se dirige ao homem e abraça tudo quanto
constitui a sua humanidade. Tal amor transparece especialmente no
contato com o sofrimento, injustiça e pobreza; no contato com toda

53
a ‘condição humana’ histórica, que de vários modos manifesta as limi-
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tações e a fragilidade, tanto físicas como morais, do homem. Precisa-


mente o modo e o âmbito em que se manifesta o amor são chamados
na linguagem bíblica ‘misericórdia’” (DM, n. 3).45
99. Já no Antigo Testamento, ensina-se que, embora a justiça no
homem seja autêntica virtude e em Deus signifique perfeição trans-
cendente, o amor deve ser maior que a própria justiça. É maior no sen-
tido em que, relativamente a ela, é anterior e fundamental. O amor
condiciona a compreensão de justiça. A justiça serve à caridade. O
amor-caridade (Ágape) é a forma mais plena de justiça.
100. O primado e a superioridade do amor em relação à justiça –
ponto característico de toda a Revelação – manifestam-se precisamen-
te pela misericórdia. Isso parece tão claro aos salmistas e aos profetas
que o próprio termo justiça acabou por significar a salvação realizada
pelo Senhor por meio da sua misericórdia (DM, n. 4).
101. A justiça divina revelada na cruz de Cristo é a medida de
Deus, porque nasce do amor e se realiza no amor, produzindo frutos
de salvação. A dimensão divina da Redenção não se verifica somente em
ter feito justiça ao pecado, mas também no fato de ter restituído ao
amor uma nova força criativa, graças à qual o homem tem novamente
acesso à plenitude de vida e de santidade que provém de Deus. Desse
modo, a redenção traz em si a revelação da misericórdia na sua plenitu-
de. O mistério pascal é o ponto culminante da revelação e da atuação
da misericórdia, capaz de justificar o homem e de restabelecer a justiça
como realização do desígnio salvífico de Deus. Até o homem que não
crê poderá descobrir nele a eloquência da solidariedade com o destino
humano, bem como a harmoniosa plenitude da dedicação desinteres-
sada à causa do homem, à verdade e ao amor (DM, n. 7).
102. Não é difícil verificar que hoje se tem falado muito sobre o
sentido da justiça, o que indubitavelmente põe em relevo tudo o que se

45 SÃO JOÃO PAULO II. Carta Encíclica Dives in Misericordia sobre Deus-Pai misericordioso.
(Documentos Pontifícios, 21). Brasília: Edições CNBB, 2015.

54
opõe a ela, tanto nas relações entre as pessoas e grupos sociais, como
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nas relações entre os povos e os Estados. Essa corrente profunda e


multiforme, em cuja base a consciência humana contemporânea si-
tuou a justiça, atesta o caráter ético das tensões e das lutas que avassa-
lam o mundo (DM, n. 12).
103. Um dos grandes desafios para o nosso tempo é definir o que se
entende por justiça. Trata-se, sem dúvida, de uma palavra muito usada, po-
rém, com muitas compreensões diferentes. O ponto em comum reside no
fato de que se deva dar a alguém aquilo que ele merece. Diferem, entretan-
to, as compreensões ao especificar o que é merecido. Na maioria das vezes,
trata-se daquilo que pode ser retribuído, com o dinheiro, com o trabalho,
com o bom comportamento, atendendo às expectativas do grupo ou da so-
ciedade em que se está inserido. Esse não é um conceito errado de justiça,
mas ele é incompleto, porque deixa de fora os seres humanos que, de algum
modo, não podem retribuir: os pobres, os pecadores e os inimigos.
104. Todos somos filhos do mesmo Deus que faz chover sobre
maus e bons (Mt 5,45). Onde, portanto, está o erro quando o senhor
da vinha paga por igual a trabalhadores que cumpriram jornadas dife-
rentes (Mt 20,1-11)? Terá o Senhor Jesus errado na parábola, ou esta-
remos nós tão marcados por um conceito incompleto de justiça que
não enxergamos a amplitude de um coração que é, ao mesmo tempo,
justo e misericordioso? Em Jesus, justiça e misericórdia, não se con-
trapõem. Ao contrário, complementam-se, ampliam-se, levando-nos a
tangenciar a eternidade. O Dono da vinha paga por igual, não porque
os trabalhadores renderam por igual, mas porque todos são humanos
e, por isso, são iguais. A justa misericórdia, ou a misericordiosa justiça
de Deus, ultrapassa qualquer situação para ver a pessoa que ali está e
dela cuidar, principalmente quando não merece. “Dificilmente alguém
morrerá por um justo; por uma pessoa boa, talvez alguém ouse mor-
rer. Deus, contudo, prova o seu amor para conosco, pelo fato de que
Cristo morreu por nós, quando ainda éramos pecadores” (Rm 5,7-8).
105. Em tudo isso, a misericórdia é a mais perfeita motivação
da igualdade entre os seres humanos e, por conseguinte, também a

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motivação mais perfeita da justiça, na medida em que ambas têm em
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vista o mesmo fim. Enquanto a igualdade introduzida mediante esse


tipo de justiça só considera o merecimento objetivo e extrínseco, o
amor e a misericórdia fazem com que as pessoas se encontrem umas
com as outras. Essa igual dignidade de todos os seres humanos, me-
diante a justiça misericordiosa, não elimina as diferenças.
106. Ao contrário, valorizando as diferenças, convida à comu-
nhão e ao cuidado mútuo. Aquele que dá torna-se mais generoso
quando se sente recompensado por aquele que recebe o seu dom. E,
vice-versa, o que sabe receber o dom com a consciência de que tam-
bém ele faz o bem ao recebê-lo, está, por seu lado, servindo à grande
causa da dignidade da pessoa e contribuindo para unir mais profunda-
mente os homens entre si (DM, n. 14).
107. A justiça misericordiosamente entendida se concretiza no per-
dão. Em passagem alguma do Evangelho, encontramos o perdão signifi-
cando aceitação do mal, do escândalo, da injúria causada ou dos ultrajes.
108. Todas as vezes que encontra um pecador, Jesus proclama:
“Vai, e de agora em diante não peques mais” ( Jo 8,1-11). A reparação
do mal ou do escândalo, a compensação do prejuízo causado e a sa-
tisfação da ofensa são consequências do perdão. Ele é sempre a mais
ampla manifestação da amorosa graça de Deus. Uma vez perdoado, o
coração humano não se cansa de, também ele, transbordar em perdão.
Por isso, podemos falar em reparação.
109. Assim, a estrutura fundamental da justiça é sempre penetra-
da pela misericórdia. Ela tem a missão de conferir à justiça um conteú-
do novo, que se exprime do modo mais simples e pleno no perdão. O
perdão manifesta que, além do processo de compensação e de trégua,
característico da justiça, é necessário também o amor para que o ho-
mem se afirme como tal (DM, n. 14).
110. O cumprimento das condições da justiça é indispensável,
sobretudo para que o amor possa revelar a sua própria fisionomia. Ao
analisarmos a parábola do filho pródigo, dirigimos a atenção para o

56
fato de que aquele que perdoa e o que é perdoado se encontram em um
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ponto essencial, que é a dignidade; isto é, o valor essencial do ser hu-


mano, que não se pode deixar perder e cuja afirmação, ou reencontro,
dá origem a uma alegria ainda maior. Com razão, a Igreja considera
como missão assegurar a autenticidade do perdão, tanto na vida e no
comportamento concreto, como na educação e na pastoral. Não a pro-
tege de outro modo senão guardando a sua fonte, isto é, o mistério da
misericórdia de Deus, revelado em Jesus Cristo (DM, n. 14).
111. A compaixão sentida nas vísceras não é um sentimento qual-
quer. O coração compassivo vai até as raízes da dor e do sofrimento do
outro. Quando essa dor é causada pela injustiça social que gera e ali-
menta o olhar da indiferença, ela se torna ainda mais intensa. Por isso, o
Papa Francisco nos adverte sobre a profunda ligação entre compaixão e
justiça: “A compaixão é um caminho privilegiado também para edificar
a justiça, porque colocarmo-nos na situação do outro, não somente nos
permite encontrar as suas fadigas, dificuldades e receios, mas também
descobrir, no âmbito da fragilidade que conota cada ser humano, a sua
preciosidade e valor único, em uma palavra: a sua dignidade. Porque a
dignidade humana é o fundamento da justiça, enquanto a descoberta
do valor inestimável de cada homem é a força que nos estimula a supe-
rar as desigualdades com entusiasmo e abnegação”.46
112. Nessa perspectiva, a CF 2020, ao tratar da vida como Dom
e Compromisso, nos convida a uma conversão pessoal, comunitá-
ria, social e conceitual em relação à justiça que nutrimos. Em linha
de continuidade com seus predecessores, o Papa Francisco aponta as
desigualdades sociais como raiz de muitos males que desumanizam e
desfiguram a dignidade do homem e da mulher, criados à sua imagem
e semelhança. Se não focarmos na busca de soluções para esse mal que
atinge os mais fracos, jamais viveremos a verdadeira justiça e compai-
xão que transformam e reconstroem a dignidade perdida pelo pecado
encrustado nos corações e pelas injustiças sociais.

46 Disponível em: <http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/messages/pont-messages/2017/


documents/papaofrancesco_20171118_conferenza-disparita-salute.html>. Acesso em:
10 jul. 2019.

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113. “A necessidade de resolver as causas estruturais da pobre-
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za não pode esperar; e não apenas por uma exigência pragmática de


obter resultados e ordenar a sociedade, mas também para curá-la de
uma mazela que a torna frágil e indigna e que só poderá levá-la a novas
crises. Os planos de assistência, que acorrem a determinadas emer-
gências, deveriam considerar-se apenas como respostas provisórias.
Enquanto não forem radicalmente solucionados os problemas dos po-
bres, renunciando à autonomia absoluta dos mercados e da especula-
ção financeira e atacando as causas estruturais da desigualdade social,
não se resolverão os problemas do mundo e, em definitivo, problema
algum. A desigualdade é a raiz dos males sociais” (EG, n. 202).
114. A missão do discípulo missionário de Jesus Cristo é revelar
ao mundo o rosto da misericórdia. É edificar a justiça e viver a com-
paixão. É acreditar na justiça expressa na Palavra de Deus e colaborar
para promovê-la e garanti-la. Valorizar a vida e promover a justiça mi-
sericordiosa é um ato de fé. Mas é também um exercício que passa pela
organização comunitária e social que não pode ser confundido como
algo meramente assistencialista.
115. A justiça misericordiosa mostra-se particularmente impor-
tante no contexto atual, em que o valor da pessoa, da sua dignidade
e dos seus direitos são seriamente ameaçados pela generalizada ten-
dência a recorrer exclusivamente aos critérios da utilidade e da posse
(CDSI, n. 202).47 Também a justiça, com base nesses critérios, é con-
siderada de modo reducionista, ao passo que adquire um significado
mais pleno e autêntico quando vista sob a ótica da Palavra de Deus.
Justiça não é uma simples convenção humana, porque o que é justo
não pode ser determinado apenas pela correlação de forças sociais
nem pela capacidade de se impor sobre os outros, utilizando os mais
diversos instrumentos. Justiça é o encontro de todos, um ideal que co-
meça nesta vida e prolonga-se até a eternidade (1Cor 15,28).

47 PONTIFÍCIO CONSELHO JUSTIÇA E PAZ. Compêndio da Doutrina Social da Igreja, 26 de


maio de 2006.

58
116. A plena verdade sobre o homem permite superar a limitada
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visão contratualista (CDSI, n. 203) da justiça e se abre para compreen-


dê-la no horizonte da solidariedade e do amor. A justiça contratualista
não consegue dar conta de todos os conflitos. Pode resolver questões
imediatas, mas não transforma pessoas, nem sociedades. Ao conceito
de justiça a Doutrina Social da Igreja associa o valor da solidariedade,
enquanto via privilegiada para a construção da paz. A paz é fruto da
justiça (Is 32,17) e a justiça se compreende a partir da misericórdia e
da solidariedade. O autêntico justo é misericordioso, solidário e capaz
de cuidar. O justo é misericordioso e solidário. Ele exerce sua justiça
mediante o cuidado, o zelo, pelos outros e pela Casa Comum!

2.3. A caridade: verdadeiro sentido da vida


117. “Nenhuma legislação, nenhum sistema de regras ou de pac-
tos, conseguirá persuadir homens e povos a viver na unidade, na fra-
ternidade e na paz, nenhuma argumentação poderá superar o apelo da
caridade” (CDSI, n. 207). Somente ela pode animar e modificar o agir
social no contexto de um mundo cada vez mais complexo. Para que
tudo isso aconteça, é necessário redescobrir a caridade, não só como
inspiradora da ação individual, mas também, como força capaz de sus-
citar novas vias de enfrentamento dos problemas do mundo de hoje
renovando estruturas, organizações sociais e ordenamentos jurídicos.
Nessa perspectiva, a caridade se torna caridade social: a caridade social
nos leva a amar o bem comum e a buscar efetivamente o bem de todas
as pessoas, consideradas não só individualmente, mas também na di-
mensão social que as une (CDSI, n. 207).
118. Assim, na tradição cristã, a justiça jamais estará desvincu-
lada da caridade. A justiça é samaritana, sempre capaz de cuidar in-
dependente das condições em que se encontra aquele que está à bei-
ra do caminho. Nas palavras do Apóstolo das nações: “(...) vivendo
segundo a verdade, no amor, cresceremos sob todos os aspectos em
relação a Cristo, que é a cabeça. É dele que o corpo todo recebe coesão
e harmonia, mediante toda sorte de articulações e, assim, realiza o seu
crescimento, construindo-se no amor, graças à atuação devida de cada
membro” (Ef 4,15-16).

59
119. A contribuição cristã mais característica a serviço da vida
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e de tantos que, em nosso tempo, necessitam descobrir o sentido da


existência é, em uma palavra, o amor. “O amor – caritas – será sempre
necessário, mesmo na sociedade mais justa. Não há qualquer orde-
namento estatal justo que possa tornar supérfluo o serviço do amor.
Quem quer desfazer-se do amor, prepara-se para se desfazer do ho-
mem. Sempre haverá sofrimento que necessita de consolação e ajuda.
Haverá sempre solidão” (DCE, n. 28b).48
120. A caridade se expressa no empenho e na atuação política dos
cristãos e das Comunidades Eclesiais Missionárias. “A caridade deve
animar a existência inteira dos fiéis leigos e, consequentemente, também
a sua atividade política vivida como ‘caridade social’” (DCE, n. 29). A
boa política é um meio privilegiado para promover a paz e os direitos
humanos fundamentais.49 A caridade, portanto, “é o princípio não só
das microrrelações (...), mas também das macrorrelações como relacio-
namentos sociais, econômicos, políticos. A omissão dos cristãos nesse
campo pode trazer gravíssimas consequências para a ação transforma-
dora na Igreja e no mundo” (DGAE 2019-2023, n. 107; cf. n. 182).
121. Verdadeira caridade é também ofertar um coração capaz de
escutar o outro. A escuta também é profecia. Assim nos exorta o Papa
Francisco: “Gostaria de analisar também uma questão imprescindível,
sobretudo para quem serve o Senhor dedicando-se à saúde dos irmãos.
Se o aspeto organizativo é fundamental para prestar os cuidados devi-
dos e oferecer a melhor atenção ao ser humano, é também necessário
que nunca venham a faltar (...) as dimensões da escuta, do acompa-
nhamento e do apoio à pessoa. Jesus, na parábola do bom samaritano,
oferece-nos as atitudes pelas quais concretiza os cuidados em relação
ao nosso próximo marcado pelo sofrimento. Antes de tudo, o sama-
ritano ‘vê’, apercebe-se e ‘sente compaixão’ pelo homem despojado e
ferido. Não é só uma compaixão sinônima de pena ou consternação, é

48 BENTO XVI. Carta Encíclica Deus Caritas Est sobre o amor cristão. (Documentos Pontifícios,
1). Brasília: Edições CNBB, 2007.
49 FRANCISCO. Mensagem para o 52º Dia Mundial da Paz, 1º de janeiro de 2019).

60
algo mais: indica a predisposição para entrar no problema, na situação
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do outro. Mesmo se o homem não pode igualar a compaixão de Deus,


que entra no coração do homem e habitando-o o regenera, pode, con-
tudo, imitá-la ‘fazendo-se próximo’, ‘cuidando dele’”. 50
122. Uma Igreja samaritana, sinal e expressão da caridade de Cristo,
vê além das aparências e para além das circunstâncias. Uma Igreja que
cuida pessoalmente daqueles que estão feridos à beira do caminho e que
não permite que lá permaneçam. “Uma Igreja das pessoas e não dos pa-
péis e dos poderes (...) uma Igreja onde as pessoas vivem pela fé, dentro
da qual se deixam transformar, segundo o modo de existência da comu-
nhão, segundo a verdade Trinitária gravada no coração do homem, feito
à imagem e semelhança de Deus”.51 Em todo o tempo, é tempo de fazer o
bem. Para quem vive o mandamento do amor cáritas, sempre é tempo de
cuidar, pois o próximo é quem cuida com misericórdia (Lc 10,37).
123. Assim, tendo na caridade o verdadeiro sentido da vida, no
itinerário de conversão que a Quaresma no convida, é urgente que, em
nossas ações, possamos promover o diálogo entre irmãos que frater-
nalmente também é estabelecido a partir do encontro. Pensando no
diálogo como forma de encontro, o Papa Francisco nos indica ações
concretas capazes de promover a cultura do encontro. “(...) O Evange-
lho nos convida sempre a abraçar o risco do encontro com o rosto do
outro, com a sua presença física que interpela, com o seu sofrimento e
suas reivindicações, com a sua alegria contagiosa, permanecendo lado
a lado. A verdadeira fé no Filho de Deus feito carne é inseparável do
dom de si mesmo, da pertença à comunidade, do serviço, da recon-
ciliação com a carne dos outros. Na sua Encarnação, o Filho de Deus
convidou-nos à revolução da ternura” (EG, n. 88).
124. Por fim, sob tantos aspectos, o próximo a ser amado se apre-
senta em sociedade, de sorte que amá-lo no plano social significa, de

50 Disponível em: <http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2017/november/docu-


ments/papa-francesco_20171116_unioneapostolica-clero.html>. Acesso em: 2 set. 2019.
51 RUPNIK, Marko Ivan. Segundo o Espírito: a teologia espiritual no caminho da Igreja do Papa
Francisco. (A Teologia do Papa Francisco, 11). Brasília: Edições CNBB, 2019. p. 29.

61
acordo com as situações, valer-se das mediações sociais para melhorar
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sua vida ou remover os fatores sociais que causam a sua indigência. Sem
dúvida alguma, é um ato de caridade a obra de misericórdia com que
se responde aqui e agora a uma necessidade real que impele ao próxi-
mo (2Cor 5,14), mas é igualmente um ato de caridade indispensável o
empenho com vistas a organizar e estruturar a sociedade de modo que o
próximo não venha a se encontrar na miséria, sobretudo quando essa se
torna a situação em que se debate um incomensurável número de pes-
soas e mesmo povos inteiros. Essa situação assume hoje proporções de
uma verdadeira e própria questão social mundial, global (CDSI, n. 208).
125. É preciso redescobrir o valor e a beleza do conteúdo cristão
da justiça. Diante de várias formas de compreendê-la, lançamos um
olhar sobre as concepções retributiva e restaurativa. Sob o olhar retri-
butivo a justiça é vista como merecimento, uma retribuição à altura
diante do delito cometido. Embora a lei de talião, olho por olho e den-
te por dente, tenha sido um avanço na história da humanidade, Jesus
avançou muito mais. Ele não se limitou a retribuir, pois, na verdade,
nada havia a retribuir. Ele restaurou. Por isso, compreender a justiça
no horizonte restaurativo é estabelecer uma nova compreensão sobre
a pessoa que errou e sobre o conflito no qual ela se encontra envolvida.
126. Aqui, temos uma perspectiva não meramente punitiva, mas,
tendo em vista a reparação dos danos provocados e o restabelecimento
dos laços sociais entre os envolvidos, desponta para toda comunidade
um bem maior que surge como alternativa a um sistema predominan-
temente retributivo, na prática punitivo, que tem apresentado poucos
resultados no que tange à sua eficácia.
127. Na parábola dos trabalhadores da décima primeira hora
(Mt 20,1-11), encontramos um exemplo de justiça restaurativa. Aquele
que saiu à procura de trabalhadores para sua vinha contratou vários ope-
rários ao longo de todo o dia. No entardecer, na hora do pagamento, os
primeiros a serem chamados pensam que, por merecimento, deveriam
receber mais do que aqueles que chegaram ao findar do dia. Foi então que
o dono da vinha surpreendeu a todos, pois, para ele, não havia diferença.

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Todos receberam o mesmo valor pelo serviço prestado. Para o dono da
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vinha, as pessoas não são classificadas em razão do que podem render pe-
los serviços prestados. São classificadas a partir de um amor que é graça
radical e que as considera, simplesmente, porque elas existem.
128. A reação daqueles que esperavam uma ação retributiva é ime-
diata: “Esses últimos trabalharam uma hora só, e tu os igualaste a nós,
que suportamos o peso do dia e o calor intenso” (Mt 20,12). Aqui, re-
vela-se um conceito de justiça que se baseia na mentalidade do olho por
olho, dente por dente. Aquele, porém, que chama os trabalhadores para
sua vinha, olha o ser humano de forma integral, no desejo de contribuir
com a restauração da sua dignidade corrompida, no caso da parábola,
pela falta de trabalho. Cuidar da vida, ser justo, é, acima de tudo, ter um
coração misericordioso. Diante daqueles que o censuravam, o dono da
vinha adverte: “me olhas mal, porque estou sendo bom?” (Mt 20,15).
129. É possível que alguém pense que a justiça misericordiosa é
idílica, é irreal, acontecendo somente nos sonhos e nas histórias infan-
tis. A Quaresma, no entanto, é um tempo propício para discernirmos
se, de fato, estamos diante de uma fantasia ou em face ao sentido mais
profundo do nosso existir. A justiça misericordiosa está na nossa ori-
gem e no nosso destino. Fomos criados por um amor gratuito para um
dia nos apresentarmos diante desse mesmo amor, levando conosco o
que tivermos praticado ou não (Mt 25,31-46). Por isso, um dos gran-
des desafios da humanidade, desafio que se torna ainda mais urgen-
te em nossos dias, consiste em traduzir a concepção misericordiosa
de justiça em estruturas jurídicas e políticas. Temos aqui o desafio de
construir uma verdadeira democracia. Essa responsabilidade é de to-
dos os cidadãos, independentemente de qualquer outra condição. As-
sim como o senhor da vinha equiparou os operários com idêntico sa-
lário, o Deus de misericórdia a todos equipara com a mesma graça para
contribuírem, a partir das suas aptidões, em vista do bem comum, para
que se descubram caminhos eficazes de edificação da democracia.
130. Em discurso dirigido a juízes, advogados, assessores e de-
fensores no final de um encontro sobre direitos sociais e doutrina

63
franciscana, o Papa Francisco afirma que “A injustiça e a falta de opor-
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tunidades tangíveis e concretas são também uma forma de gerar violên-


cia: silenciosa, mas violência”.52 Segundo o Papa, um sistema político-
-econômico precisa garantir que a democracia não seja somente nomi-
nal, mas também marcada por ações concretas que velem pela dignida-
de de todos os cidadãos. Isso exige esforços por parte das autoridades
para reduzir a distância entre o reconhecimento jurídico e a sua prática.
131. “Não existe democracia com fome, desenvolvimento com po-
breza nem justiça com iniquidade”. A igualdade perante a lei, continua
Francisco, não pode degenerar em propensão à injustiça. “Em um mun-
do de transformação e fragmentação, os direitos sociais não podem ser
somente exortativos ou apelativos nominais, mas farol e bússola para o
caminho”. Nesse cenário, o Papa recorda que os setores populares não são
um problema, mas parte ativa do rosto de nossas comunidades e nações e
têm todo o direito de participar na busca e construção de soluções inclu-
sivas. Por isso, é importante estimular que, desde o início de sua forma-
ção, os operadores da justiça e do direito, possam estar em contato com
as realidades a que um dia servirão, conhecendo-as em primeira mão e
compreendendo as injustiças contra as quais um dia terão de combater.
132. Os operadores do direito e da justiça “têm um papel essen-
cial, são também poetas sociais quando não têm medo de serem pro-
tagonistas na transformação do sistema judicial baseado no valor, na
justiça e na primazia da dignidade da pessoa humana sobre qualquer
outro tipo de interesse ou justificação”.53 Tal empreendimento requer
lideranças valentes capazes de abrir caminhos às gerações atuais e tam-
bém às futuras, criando condições para superar as dinâmicas de exclu-
são e segregação de modo que a injustiça não tenha a última palavra.
Que sejamos promotores da justiça do Reino, expressa em atitudes
que iniciem processos de perdão e reconciliação e que contribuam
com a restauração da vida humana.

52 Disponível em: <https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2019-06/papa-francisco-discur-


so-juizes-encontro-vaticano.html>. Acesso em: 8 ago. 2019.
53 Idem.

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133. Muitas histórias de valorização da vida e de superação da
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miséria e da fome já foram contadas nas biografias de muitos homens


e mulheres corajosos que desafiaram o mundo para salvaguardar os
mais pequeninos. No Brasil, um exemplo dessa incansável dedicação
foi vivido pela leiga, médica, Dra. Zilda Arns. Ela dizia: “As crianças,
quando estão bem cuidadas, são sementes de paz e esperança. Não
existe ser humano mais perfeito, mais justo, mais solidário e sem pre-
conceitos que as crianças”. Viver a compaixão é ter mais justiça no
coração e, para a Dra. Zilda Arns, essa justiça é compreendida já no
coração dos mais pequeninos, a nós cabe garantir que ela continue a
crescer no coração da humanidade e nunca permitir que a beleza da
vida se desfigure no rosto dos mais pobres.

Uma mulher de coragem!


“Dra. Zilda viveu para defender e promover as crianças, ges-
tantes e idosos, construir uma sociedade mais justa, fraterna, com
menos doenças e sofrimento humano. Em seu trabalho, sempre aliou
o conhecimento científico ao conhecimento e à cultura populares;
valorizou o papel da mulher pobre na transformação social; mobili-
zou a todos, pobres e ricos, analfabetos e doutores, na busca da Vida
Plena para todos. Ela costumava dizer: “Há muito o que se fazer, por-
que a desigualdade social é grande. Os esforços que estão sendo fei-
tos precisam ser valorizados para que gerem outros ainda maiores”.
Morreu dia 12 de janeiro de 2010 no terremoto que devastou o Haiti.
Nesse mesmo dia, discursara sobre como salvar vidas com medidas
simples, educativas e preventivas. Fez o que sempre falou: congregou
mais pessoas para se unirem na busca de “vida em abundância” para
crianças e gestantes pobres. Deixou sua marca na história do Brasil ao
fundar e coordenar a Pastoral da Criança e Pastoral da Pessoa Idosa”.54

54 Disponível em: <https://www.pastoraldacrianca.org.br/dra-zilda-arns-neumann>. Acesso


em: 16 set. 2019.

65
2.4. Cuidar é ter mais ternura na vida
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134. Diante da realidade em que vivem as pessoas, outro modo


de traduzir para os nossos tempos o afeto que o Senhor sente por nós
se apresenta por meio da ternura. Ela pode concretizar precisamente
o nosso modo de acolher hoje a misericórdia divina. “A ternura revela-
-nos, ao lado do rosto paterno, o materno, o rosto materno de Deus,
de um Deus apaixonado pelo homem, que nos ama com um amor in-
finitamente maior do que o de uma mãe pelo próprio filho. Indepen-
dentemente do que acontece, do que fazemos, temos a certeza de que
Deus está próximo, compassivo, pronto para se comover por nós. Ter-
nura é uma palavra benéfica, é o antídoto do medo em relação a Deus,
porque no amor não há temor, porque a confiança vence o medo. Por-
tanto, sentirmo-nos amados significa aprender a confiar em Deus, a
dizer-lhe, como Ele quer: ‘Jesus, confio em ti’”.55
135. Quando o ser humano se sente amado, sente-se estimulado
a amar e a cuidar. Se Deus é ternura infinita, também o ser humano,
criado à sua imagem, é capaz de ternura. “Então a ternura, longe de ser
apenas sentimentalismo, é o primeiro passo para superar o fechamento
em si mesmo, para sair do egocentrismo que deturpa a liberdade huma-
na. A ternura de Deus leva-nos a compreender que o amor é o sentido
da vida. Compreendemos assim que a raiz da nossa liberdade nunca é
autorreferencial. E sentimo-nos chamados a verter no mundo o amor
recebido do Senhor, a decliná-lo na Igreja, na família, na sociedade, a
conjugá-lo no servir e no doar-nos. Tudo isso não por dever, mas por
amor, por amor àquele pelo qual somos ternamente amados”.56
136. Sentir compaixão e cuidar com ternura é reacender a chama
de uma vida; é reconstruir uma história; é aquecer um coração deses-
perado; é iluminar quem está na escuridão; é abrir os braços para quem
precisa de um abraço; é fazer-se presente onde ninguém deseja estar
ou queira ficar. O Papa Francisco, ao discursar para os membros da

55 FRANCISCO. Discurso do Santo Padre aos participantes do Simpósio nacional sobre a teolo-
gia da ternura do Papa Francisco. Sala Clementina, 13 de setembro de 2018.
56 Idem.

66
comunidade de Santo Egídio, que cuida dos pobres em Roma, expressa
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bem esse sentimento: “Caminhando assim, contribuís para fazer pros-


perar a compaixão no cerne da sociedade – que é a verdadeira revolução,
a da compaixão e da ternura, aquela que nasce do coração – para fazer
crescer a amizade e não os fantasmas da inimizade e da indiferença”.57
137. Não é possível falar de cuidado sem falar de ternura. Ambos
são centelhas do amor Divino que experimentamos quando saímos de
nós mesmos e vamos ao encontro dos outros. Para viver a compaixão e a
ternura, não se tem uma receita pronta, mas é sempre uma surpresa divi-
na que o Espírito Santo impulsiona com uma moção de “loucura e pai-
xão” (1Cor 1,21). Precisamos estar atentos para não perder a graça que
todos os dias passa por nós e nos convida a viver o cuidado e a ternura.
138. Quem cuida não deixa de sofrer diante do sofrimento, dian-
te dos sofredores. O coração do cuidador, repleto de ternura, é um
coração sofrido e, por isso mesmo, indignado quando percebe que o
sofrimento poderia ser facilmente evitado. A Igreja em saída, cami-
nhando entre as periferias existenciais, não se incomodando em sujar
os pés com as poeiras do mundo, sabe que, em hipótese alguma, pode
perder a ternura. Se algumas vezes o profeta experimenta uma ira santa
(Sl 59,13), ele saberá, pela graça de Deus, do Deus que se rebaixa, do
Deus que alimenta e cuida, levantar-se e continuar caminhando em
ternura, esperança e missão (1Rs 19,9-18). Em um mundo que aban-
dona e despreza, o profetismo cristão também se faz presente pelo
cuidado; interpela-se a indiferença quando, servindo à ternura, nos
tornamos cuidadosos.
139. Quem viveu com intensidade essas virtudes foi Santa Dulce
dos Pobres, nossa querida Irmã Dulce. Sua peregrinação pelas ruas da
cidade, encontrando pobres e desamparados, demonstra claramente
como age um coração cuidador e cheio de ternura sintonizado com

57 FRANCISCO. Palavras do Papa Francisco durante a visita à comunidade de Santo Egídio. Ba-
sílica de Santa Maria em Trastevere, 15 de junho de 2014. Disponível em: <http://w2.vatican.
va/content/francesco/pt/speeches/2014/june/documents/papa-francesco_20140615_comu-
nita-sant-egidio.html>. Acesso em: 16 set. 2019.

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Deus. É um esvaziar-se de si mesmo para deixar Deus preencher todo
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o nosso vazio com a abundância da sua graça, que nos impulsiona a ir


ao encontro dos mais fragilizados. Santa Dulce pulsava a ternura di-
vina no seu coração e se compadecia com a dor do rosto de Deus no
rosto humano. Dulce, rosto da ternura de Deus, caminhando em meio
aos pobres.
140. Os pés, as mãos, os olhos e o sentimento de um coração cui-
dador se confundem com os pés, as mãos, os olhos e as dores daquele
que sofre, tamanha é a configuração entre cuidado e ternura. Assim
dizia Santa Dulce: “Se Deus viesse à nossa porta, como seria recebido?
Aquele que bate à nossa porta, em busca de conforto para a sua dor,
para o seu sofrimento, é um outro Cristo que nos procura”.
141. A ternura nos torna mais abertos a aceitar os outros. Uma
vida que é movida e impulsionada pela ternura não tem medo de en-
frentar a escuridão dos erros e dos pecados, pois, pela misericórdia
de Deus, ultrapassa essa escuridão e encontra a pessoa, como Deus a
sonhou. Santa Dulce acreditou na vida por inteiro e na pessoa pela sua
dignidade: “No coração de cada homem, por mais violento que seja,
há sempre uma semente de amor prestes a brotar”.
142. A fonte de toda ternura não está em nós. Deus é a fonte de
todo bem e de toda ternura. Mesmo nas situações mais difíceis da
vida, Ele se revela presente e transforma as situações mais difíceis em
grandes oportunidades de aprendizado, por meio das quais amadu-
recemos e nos tornamos melhores, mais afáveis, mais ternos. Santa
Dulce passou por momentos difíceis, mas nunca desanimou de con-
tinuar fazendo o bem ao próximo e a fé a ajudou a perseverar no ca-
minho da defesa da vida, do cuidado fraterno e da compaixão terna.
Seu testemunho de vida é uma grande mensagem para vivermos nesta
Quaresma: “Habitue-se a ouvir a voz do seu coração. É através dele
que Deus fala conosco e nos dá a força que necessitamos para seguir-
mos em frente, vencendo os obstáculos que surgem na nossa estrada”.

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2.5. A boa-nova do cuidado da vida
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143. O Evangelho da vida encontra eco profundo e persuasivo no


coração de cada pessoa. Mesmo entre dificuldades e incertezas, todo o ser
humano sinceramente aberto à verdade e ao bem pode, pela luz da razão e
com o secreto influxo da graça, chegar a reconhecer, na lei natural inscrita
no coração, o valor sagrado da vida humana desde o seu início até o seu
termo, e afirmar o direito, que todo o ser humano tem, de ver plenamente
respeitado esse seu bem primário. Sobre o reconhecimento de tal direito,
é que se funda a convivência humana e a própria comunidade política. “O
Evangelho da vida está no centro da mensagem de Jesus. Amorosamen-
te acolhido cada dia pela Igreja, há de ser fiel e corajosamente anunciado
como Boa-Nova aos homens de todos os tempos e culturas” (EV, n. 1).
144. Em cada tempo, a Igreja discerne os sofrimentos mais agudos
e se faz presente junto aos que padecem. No início deste terceiro milê-
nio do cristianismo, São João Paulo II convidou-nos a considerar que, às
antigas formas de pobreza e de miséria, se juntaram novas formas, como
o “desespero da falta de sentido, a tentação da droga, a solidão na velhice
ou na doença, a marginalização ou discriminação social”. A partir disso,
indicou consequentemente a relação entre a atuação cristã e a fé: “o cris-
tão que se debruça sobre esse cenário deve aprender a fazer o seu ato de
fé em Cristo, decifrando o apelo que Ele lança a partir deste mundo de
pobreza. Trata-se de dar continuidade a uma tradição de caridade, que
já teve inumeráveis manifestações nos dois milênios passados, mas hoje
requer, talvez, ainda maior capacidade inventiva. É hora de uma nova
‘fantasia da caridade’, que se manifeste não só – nem sobretudo – na efi-
cácia dos socorros prestados, mas na capacidade de pensar e ser solidá-
rio com quem sofre, de tal modo que o gesto de ajuda seja sentido, não
como esmola humilhante, mas como partilha fraterna” (NMI, n. 50).58
145. A noção bíblica de imagem de Deus é o ponto de referência
mais importante para a rica história do Magistério sobre o tema da

58 SÃO JOÃO PAULO II. Carta Apostólica Novo Millennio Ineunte ao episcopado, ao clero e aos
fiéis no termo do grande Jubileu do ano 2000, 6 de janeiro de 2001.

69
vida humana. Sua tradução para a cultura greco-romana se deu por
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meio do conceito de pessoa, que é uma das contribuições mais impor-


tantes do cristianismo para a cultura humana em geral. No Magistério
recente, as noções de ecologia humana e de ecologia integral sinteti-
zam e, ao mesmo tempo, aprofundam esse Magistério.
146. Entre a Escritura e o Magistério recente, toda a tradição cris-
tã, com unanimidade, propõe e defende a dignidade e a inviolabilidade
da vida e da liberdade humana opondo-se, muitas vezes, a costumes
profundamente arraigados em certas culturas. Sua posição em favor da
vida e da liberdade muitas vezes levou cristãos a sofrer, custando per-
seguições de vários tipos. Entre os escritos cristãos mais antigos con-
tam-se, por exemplo, a Didaqué e a Epístola a Diogneto. Na primeira,
afirma-se que um distintivo dos cristãos é o seu respeito pela vida: “Tu
não matarás, mediante o aborto, o fruto do seio; e não farás perecer a
criança já nascida”.59 Na segunda, esse ensinamento é reafirmado: “Eles
[os cristãos] procriam filhos, mas não eliminam nunca os fetos”.60
147. Entretanto, a Igreja não se limita às declarações de seu Ma-
gistério. Em todos os lugares em que está presente, ensina com clareza e
defende com vigor esses altíssimos valores. Isso porque considera que
uma civilização só se constrói e se mantém sobre eles, como as únicas
bases realmente sólidas e duráveis. Não apenas ensina e defende, mas
ela mesma, por diversos meios, cria instituições para a promoção e a
defesa desses valores. Ao longo de sua história, é pioneira na criação
de escolas, hospitais, abrigos para órfãos e anciãos desamparados.

2.6. Ecologia integral


148. A Igreja, evocando a “urgente necessidade moral de uma re-
novada solidariedade” (CV, n. 48),61 nas relações entre os países como
também individualmente entre as pessoas, indica como fundamento

59 Didache apostolorum, V, 2 (FUNK, Francicus Xaverius. Patres Apostolici, 1,17).


60 Sources Chrétiennes 33,63.
61 BENTO XVI. Carta Encíclica Caritas in Veritate sobre o desenvolvimento humano integral na
caridade e na verdade. (Documentos Pontifícios, 3). Brasília: Edições CNBB, 2009.

70
a convicção segundo a qual Deus oferece a todos o ambiente natural
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e, em decorrência, o gozo desse bem implica responsabilidade pesso-


al frente a toda a humanidade, particularmente frente aos pobres e às
gerações futuras. Trata-se de uma verdadeira responsabilidade pela cria-
ção, de acordo com a qual, a Igreja não tem o compromisso de promo-
ver apenas a defesa da terra, da água e do ar. Seu dever sagrado inclui
contribuir para proteger as pessoas de uma possível destruição de si
mesmas. Isso porque, quando a ecologia humana é respeitada dentro da
sociedade, beneficia-se também a ecologia ambiental. O caminho que
ela indica é o desenvolvimento “da aliança entre ser humano e ambien-
te, que deve ser espelho do amor criador de Deus”.62
149. “O compromisso para superar problemas como fome e in-
segurança alimentar, persistente desconforto social e econômico, de-
gradação do ecossistema e ‘cultura do desperdício’ requer uma renova-
da visão ética, que saiba colocar no centro as pessoas, com o objetivo
de não deixar ninguém à margem da vida. Uma visão que una em vez
de dividir, que inclua ao invés de excluir”.63
150. A inclusão da noção de ecologia integral na Doutrina Social
da Igreja, de modo articulado e orgânico, é uma das grandes contri-
buições do Papa Francisco. Com a Encíclica Laudato Si’, recolhendo
elementos tradicionais da fé judaico-cristã, do Magistério de seus ime-
diatos predecessores e do pensamento humanista e científico recente,
ofereceu uma reflexão profunda e abrangente sobre esse tema canden-
te. É de se notar que esse ensinamento se articula tendo por base a
dignidade da vida, em particular da vida humana. Ele nos recorda que
o desenvolvimento de uma ecologia integral é tanto um chamado como um
dever. “É um chamado a redescobrir a nossa identidade de filhos e fi-
lhas de nosso Pai Celeste, criados à imagem de Deus e encarregados
de ser administradores da terra, recriados por meio da morte salvífica
e da Ressurreição de Jesus Cristo, santificados pelo dom do Espírito

62 Mensagem para o Dia Mundial da Paz de 2008, n. 7.


63 FRANCISCO. Discurso aos participantes do encontro Internacional “A Doutrina Social da
Igreja, das raízes à era digital”, 8 de junho de 2019.

71
Santo”. O desafio de “ser mais solidários como irmãos e irmãs e de uma
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responsabilidade compartilhada pela Casa Comum”, torna-se cada vez


mais urgente. “Mudar o modelo de desenvolvimento global, abrindo
um novo diálogo sobre o futuro de nosso planeta”, é a tarefa que está
diante de nós.64
151. “A paz interior das pessoas tem muito a ver com o cuida-
do da ecologia e com o bem comum, porque, autenticamente vivida,
reflete-se em um equilibrado estilo de vida aliado com a capacidade
de admiração que leva à profundidade da vida. A natureza está cheia
de palavras de amor; mas, como poderemos ouvi-las no meio do ruído
constante, da distração permanente e ansiosa, ou do culto da notorie-
dade? Muitas pessoas experimentam um desequilíbrio profundo, que
as impele a fazer as coisas a toda a velocidade para se sentirem ocupa-
das, em uma pressa constante que, por sua vez, as leva a atropelar tudo
o que tem ao seu redor. Isso tem incidência no modo como se trata o
ambiente. Uma ecologia integral exige que se dedique algum tempo
para recuperar a harmonia serena com a criação, refletir sobre o nosso
estilo de vida e os nossos ideais, contemplar o Criador, que vive entre
nós e naquilo que nos rodeia e cuja presença ‘não precisa de ser criada,
mas descoberta, desvendada’” (LS, n. 225).
152. Quando nos permitimos parar e observar a natureza, damo-
-nos conta da beleza da criação. Vem-nos à mente o cântico de São
Francisco lembrado na encíclica Laudato Si’. “Louvado sejas, meu Se-
nhor, pela nossa irmã, a mãe terra, que nos sustenta e governa e pro-
duz variados frutos com flores coloridas e verduras” (LS, n. 1). Nosso
pensamento se volta, então, para aqueles que fazem da defesa e pro-
teção da natureza uma de suas maiores causas na vida. Recordamos,
por exemplo, os povos originários a cuja cultura e costumes devemos
a preservação da Amazônia, não obstante as agressões provocadas pela
ação devastadora dos que colocam o lucro acima da vida. Igualmente
admirável é o empenho dos que se entregam à defesa e à prática de

64 Idem.

72
uma produção ecologicamente sustentável, como acontece na agri-
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cultura familiar, combatendo o alto índice de agrotóxicos e toda for-


ma predatória de uso da natureza. Não se pode esquecer também do
árduo trabalho daqueles que se põem contra a exploração predatória
das riquezas da natureza. Só o amor à criação será capaz de vencer o
egoísmo e a ganância.
153. Ainda na Laudato Si’, o Papa recorda que a experiência reli-
giosa pode oferecer um contributo de especial importância à ecologia,
na medida que ambas são manifestações de Deus Criador. Em espe-
cial, destaca a capacidade do cristianismo para tal contribuição. De
São Francisco, recorda que “seu testemunho mostra-nos também que
uma ecologia integral requer abertura para categorias que transcen-
dem a linguagem das ciências exatas ou da biologia e nos põem em
contato com a essência do ser humano” (LS, n. 11).

2.7. O desafio do sentido


154. Na consideração dos atuais e diversos tipos de atentado
contra a vida e contra a dignidade humana, São João Paulo II diagnos-
ticou, como fonte de uma profunda crise de valores, verdadeira crise
civilizatória, que inclui o ceticismo quanto aos fundamentos do co-
nhecimento e da ética, que “torna cada vez mais difícil compreender
claramente o sentido do homem, dos seus direitos e dos seus deveres”.
A essa falta radical de fundamento, prossegue o Papa: “vêm juntar-se
as mais diversas dificuldades existenciais e interpessoais, agravadas
pela realidade de uma sociedade complexa, em que frequentemente as
pessoas, os casais, as famílias são deixadas sozinhas, entregues aos seus
problemas” (EV, n. 11).
155. A Igreja, que faz suas, juntamente com as alegrias e espe-
ranças, as tristezas e as angústias humanas (GeE, n. 1), sente-se com-
prometida e solidária com toda a humanidade em suas interrogações
fundamentais: o que é a pessoa humana? Qual o sentido e a finalidade
da vida, especialmente da vida humana? De onde provêm os inúmeros

73
sofrimentos? Como alcançar a almejada felicidade? Como promover a
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paz de modo definitivo? (NA, n. 1).65


156. Para a Igreja, a solidariedade se fundamenta na considera-
ção de que em Cristo, essas respostas foram dadas de modo definiti-
vo. “Cristo, o novo Adão, manifesta plenamente o homem ao próprio
homem e lhe revela a sua altíssima vocação” (GS, n. 22).66 Em Cristo,
esclarece-se o enigma da vida humana. A solidariedade da Igreja com
o ser humano leva-a a perguntar pelos valores absolutos que podem
garantir a verdadeira e permanente felicidade. Refere-se, obviamente,
não aos valores em si mesmos, mas ao modo como ela pode partilhar
com todos as suas profundas convicções. Refere-se também aos mo-
dos como seus filhos podem ter o conhecimento correto desses valo-
res, mergulhados nos desafios e limites de seu tempo.
157. Conhecer e redescobrir o sentido da vida e traduzir esse
conhecimento em atitudes e mediações adequadas é um dos maiores
desafios de nosso tempo. De modo vigoroso, o Papa Francisco expri-
me esta mais tradicional convicção cristã: “Somente graças a este en-
contro – ou reencontro – com o amor de Deus, que se converte em
amizade feliz, é que somos resgatados da nossa consciência isolada e
da autorreferencialidade. Chegamos a ser plenamente humanos quan-
do somos mais do que humanos, quando permitimos a Deus que nos
conduza para além de nós mesmos, a fim de alcançarmos o nosso ser
mais verdadeiro. Aqui está a fonte da ação evangelizadora. Porque, se
alguém acolheu este amor que lhe devolve o sentido da vida, como é
que pode conter o desejo de o comunicar aos outros?” (EG, n. 8).
158. “Neste tempo em que as redes e demais instrumentos da co-
municação humana alcançaram progressos inauditos, sentimos o de-
safio de descobrir e transmitir a ‘mística’ de viver juntos, misturar-nos,

65 CONCÍLIO VATICANO II. Declaração Nostra Aetate sobre a Igreja e as religiões não cristãs.
In: SANTA SÉ. Concílio Ecumênico Vaticano II: Documentos. Brasília: Edições CNBB, 2018,
p. 659-667.
66 CONCÍLIO VATICANO II. Constituição Gaudium et Spes. In: SANTA SÉ. Concílio Ecumêni-
co Vaticano II: Documentos. Brasília: Edições CNBB, 2018, p. 199-329.

74
encontrar-nos, dar o braço, apoiar-nos, participar desta maré um pouco
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caótica que pode transformar-se em uma verdadeira experiência de fra-


ternidade, em uma caravana solidária, em uma peregrinação sagrada.
Assim, as maiores possibilidades de comunicação traduzir-se-ão em
novas oportunidades de encontro e solidariedade entre todos. Como
seria bom, salutar, libertador, esperançoso, se pudéssemos trilhar este
caminho! Sair de si mesmo para se unir aos outros faz bem. Fechar-se
em si mesmo é provar o veneno amargo da imanência, e a humanidade
perderá com cada opção egoísta que fizermos” (EG, n. 87).
159. “A Igreja proclama a ‘Boa-Nova da paz’ (Ef 6,15) e está aber-
ta à colaboração com todas as autoridades nacionais e internacionais
para cuidar deste bem universal tão grande. Ao anunciar Jesus Cristo,
que é a paz em pessoa (cf. Ef 2,14), a nova evangelização incentiva
todo batizado a ser instrumento de pacificação e testemunha credí-
vel de uma vida reconciliada. É hora de saber como projetar, em uma
cultura que privilegie o diálogo como forma de encontro, a busca de
consenso e de acordos, mas sem a separação da preocupação por uma
sociedade justa, capaz de memória, sem exclusões. O autor principal,
o sujeito histórico deste processo, é a gente e a sua cultura, não uma
classe, uma fração, um grupo, uma elite. Não precisamos de um pro-
jeto de poucos para poucos, ou de uma minoria esclarecida ou teste-
munhal que se aproprie de um sentimento coletivo. Trata-se de um
acordo para viver juntos, de um pacto social e cultural” (EG, n. 239).

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III PARTE – “Viu, sentiu compaixão, e
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CUIDOU DELE” (Lc 10,33-34)

3. O cuidar de Jesus – disposição em servir


“Nós somos como um lápis com que Deus escreve os textos que
Ele quer ditos nos corações dos homens”
(Santa Dulce dos Pobres)

160. Percebendo o ser humano integrado a toda vida pulsante


do planeta, assim indaga o salmista: “Quando vejo os teus céus, obra
dos teus dedos, a lua e as estrelas, as coisas que criaste, que é o ser hu-
mano, para dele te lembrares, o filho do homem, para que o visites?”
(Sl 8,4s.) O ser humano, que recebe o carinho divino e que é chamado
a cultivar a criação, é também convocado a cuidar com divino carinho
da vida em todas as suas formas e expressões.
161. O sentido da vida, nós o encontramos no amor que, entre ou-
tros aspectos, se traduz na capacidade de se compadecer e cuidar. Por essa
razão, um dos primeiros passos do nosso agir não poderia ser outro senão
este: como discípulos missionários daquele que é Vida, resgatar o sentido
do viver no horizonte da fé cristã proclamando a beleza da vida. “Fazei
coisas belas, mas, sobretudo tornai as vossas vidas lugares de beleza”.67
162. A vida, enquanto lugar da manifestação de uma beleza
única e singular, só será redescoberta assim quando abrimos nossos
corações a uma real convivência com o outro. Somos todos irmãos!
Diante da globalização da indiferença em uma sociedade de Caim, é
urgente iniciar processos de construção de uma autêntica fraternida-
de. Tal construção supõe um renovado compromisso fundamentado
no amor de Cristo Pastor e Missionário, superando assim a indiferen-
ça que invade a sociedade e fere a sacralidade da vida quando impede
de reconhecer o próximo em sua singularidade.

67 BENTO XVI. Discurso no Encontro com o mundo da cultura. Lisboa, 12 de maio de 2010.

76
163. Assim, aprendemos com o Bom Samaritano: o meu próxi-
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mo é aquele de quem eu me achego. É aquele a quem dedico cuida-


do. É aquele com quem tenho a alegria de compartilhar o caminho da
vida. Neste mundo tão acelerado, é preciso ter a coragem da fé, que é
capaz de parar, de interromper a rotina, para cuidar. A vida é essencial-
mente samaritana!
164. Não basta se aproximar de qualquer modo. É preciso des-
cer da montaria e oferecê-la a quem está ferido à beira do caminho e
precisa ser conduzido à hospedaria ou, como diria o Papa Francisco,
ao hospital de campanha, que é a Igreja, que são nossas comunidades
eclesiais missionárias. Se for preciso, devemos seguir adiante para en-
contrar outros que talvez estejam em situação semelhante àquele que
estava ferido e abandonado à beira do caminho.
165. Agir como o bom samaritano supõe um novo aprendizado:
empregar nossos melhores recursos, humanos, materiais e espirituais,
para que aqueles que estão desfigurados pela dor possam reencontrar,
com o auxílio da fraternidade, a dignidade da vida: “Cuida dele, e o
que gastares a mais, eu o pagarei quando eu voltar” (Lc 10,35).
166. Com a Campanha da fraternidade, somos convidados a
proclamar em todo país que a vida, Dom e Compromisso, é essencial-
mente samaritana! Convertidos pela Palavra de vida e salvação, somos
convocados a testemunhar e estimular a solidariedade; fortalecer a re-
volução do cuidado, da ternura e da fraternidade como testemunho de
vida dos discípulos missionários, daquele que oferece vida em pleni-
tude. A missão evangelizadora brota de um coração capaz de cuidar e
de ser cuidado.
167. Recolhendo as boas inspirações que estimulam e motivam
o agir da Campanha da Fraternidade, não podemos nos distanciar do
horizonte quaresmal. Durante a Semana Santa, inúmeras comunida-
des realizam atividades evangelizadoras, orações e encenações que
ajudam a reviver as horas que antecederam a oferta da própria vida do
Senhor no calvário. Recordamos e celebramos a oferta de uma vida
que foi intensamente doada, dedicada, compartilhada, cuidadora.

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Neste intercâmbio do amor-doação, lembramos o gesto de Pilatos,
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que ficou eternizado na história da humanidade. Ele lavou as mãos,


mesmo consciente da inocência de Jesus, não foi capaz de agir em fa-
vor da vida do Salvador.
168. Em nosso agir evangelizador, “também temos, diante de
nós, à nossa disposição, duas bacias com água: de um lado, a bacia
utilizada por Pilatos, símbolo da indiferença e da omissão; do outro
lado, a bacia utilizada por Jesus no lava-pés, sinal de terno cuidado e
compromisso para com o serviço. Serviço evangelizador que dá visi-
bilidade ao Reino de Deus presente no mundo. Qual das duas bacias
temos utilizado como evangelizadores?”.68
169. Não necessitamos de novos Pilatos, que buscam ilusoria-
mente justificar a indiferença e a omissão diante da dor do próximo.
Necessitamos de corações semelhantes ao coração de Jesus, que se
curvou sensivelmente à dor de toda a humanidade e dela cuidou. “O
Senhor envolve-se e envolve os seus, pondo-se de joelhos diante dos
outros para lavá-los; mas, logo a seguir, diz aos discípulos: ‘Sereis feli-
zes se o puserdes em prática’ ( Jo 13,17)” (EG, n. 24).
170. Redescobrindo as águas do nosso Batismo, as águas da ba-
cia do lava-pés e, com elas, os gestos que tocam a vida da Igreja, preci-
samos colocar em atitudes a beleza de uma Igreja em saída. Para isso, é
preciso ousadia e criatividade; dedicação e compromisso, a fim de que
a vida seja valorizada em todas as suas formas e expressões.
171. Uma das maiores contribuições que os cristãos são vocacio-
nados a dar a uma sociedade marcada pela indiferença e pela morte
consiste em incansavelmente anunciar que o sentido da vida se en-
contra no amor, o qual se traduz no cuidado para com os que sofrem.
Não se pode amar a Deus se não vemos, se nos deixamos levar pela
indiferença perante quem está diante de nossos olhos (1Jo 4,19-20).
“Somos frágeis, mas portadores de um tesouro que nos faz grandes e

68 Batista, P. Samuel. Animados pela força do Evangelho: sermão da Ceia do Senhor. Paróquia São
Carlos Borromeu, Lagoa da Prata-MG, 2016.

78
pode tornar melhores e mais felizes aqueles que o recebem. A ousadia
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e a coragem apostólica são constitutivas da missão” (GeE, n. 131).


172. Para o discípulo missionário de Jesus Cristo, o sentido da
vida está naquele que disse: eu sou o caminho, a verdade e a VIDA. Na-
quele que é a vida, encontramos o sentido do viver. Mas onde o en-
contramos? Ele mesmo nos diz: “onde dois ou três estiverem reunidos
em meu nome, ali eu estarei, no meio deles” (Mt 18,20). A vida é um
intercâmbio de cuidados. Encontro que transforma, presença que for-
talece os vínculos fraternos.
173. Tudo o que é ofertado, tudo o que é compartilhado se trans-
forma. Assim acontece na ceia eucarística: ofertamos pão e vinho que
são transformados na presença real do Senhor. A presença real do Se-
nhor da vida clama por uma presença real e concreta de seus discípu-
los na vida, sobretudo onde a vida grita por sobrevivência. Portanto,
é preciso ter coragem para ofertar a própria vida e dedicar tempo aos
apelos do Evangelho.
174. “Jesus, o evangelizador por excelência e o Evangelho
em pessoa, identificou-se especialmente com os mais pequeninos
(cf. Mt 25,40). Isso recorda-nos, a todos os cristãos, que somos cha-
mados a cuidar dos mais frágeis da Terra. Mas, no modelo ‘do êxito’ e
‘do individualismo’ em vigor, parece que não faz sentido investir para
que os lentos, fracos ou menos dotados possam também singrar na
vida” (EG, n. 209).
175. Há uma íntima conexão entre evangelização e promoção
humana que se deve exprimir e desenvolver em toda a ação evangeliza-
dora. Tudo a partir do coração do Evangelho: “Confessar que o Filho
de Deus assumiu a nossa carne humana significa que cada pessoa hu-
mana foi elevada até o próprio coração de Deus. Confessar que Jesus
deu o seu sangue por nós nos impede de ter qualquer dúvida acerca
do amor sem limites que enobrece todo o ser humano. A sua redenção
tem um sentido social, porque ‘Deus, em Cristo, não redime somente
a pessoa individual, mas também as relações sociais entre os homens’.

79
Confessar que o Espírito Santo atua em todos implica reconhecer que
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Ele procura permear toda a situação humana e todos os vínculos so-


ciais: ‘O Espírito Santo possui uma inventiva infinita, própria da men-
te divina, que sabe prover a desfazer os nós das vicissitudes humanas
mais complexas e impenetráveis’” (EG, n. 178).
176. Neste cenário é preciso primeirear, ter iniciativa!
(EG, n. 24). O Evangelho nos apresenta um belo horizonte para a
ação: não basta ter sensibilidade diante de quem sofre, é preciso,
à semelhança do bom pastor que sai em busca da ovelha perdida
(Lc 15,1-7), tomar a iniciativa, não se contentando em atender apenas
aos que chegam. É preciso sair em busca dos que não têm mais forças
para chegar até nós. Quais foram nossas últimas iniciativas concretas
em favor da vida e da dignidade de alguém? O que nos motiva a servir
àqueles a quem chamamos de irmãos?
177. “A fé nos faz próximos, aproxima-nos da vida dos outros.
A fé desperta o nosso compromisso com os outros, desperta a nossa
solidariedade (...) a fé que não se faz solidariedade é uma fé morta. É
uma fé sem Cristo, uma fé sem Deus, uma fé sem irmãos. O primeiro a
ser solidário foi o Senhor, que escolheu viver entre nós, escolheu viver
no nosso meio (...). A fé que Jesus desperta é uma fé com capacidade
de sonhar o futuro e de lutar por ele no presente”. 69
178. É necessário promover a solidariedade com os sofredores (...)
como sinal privilegiado a interpelar e a permitir o diálogo com o mundo
que aí está. Enquanto ele “tende ao individualismo que acaba por ex-
cluir, a vivência do Evangelho necessita explicitamente gerar experiên-
cias de solidariedade e inclusão”. Junto aos que sofrem, especialmente
os que sequer têm direito à sobrevivência, a Igreja é chamada a reprodu-
zir a imagem do Bom Samaritano (DGAE 2019-2023, n. 174).
179. De fato, “Contemplar o Cristo sofredor na pessoa dos po-
bres significa comprometer-se com todos os que sofrem, buscando

69 FRANCISCO. Discurso na visita a Bañado Norte, Paraguai, 12 de julho de 2015.

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compreender as causas de seus flagelos, especialmente as que os jo-
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gam na exclusão. A ausência de sentido para a vida é fonte de grande


sofrimento. De fato, a correria do cotidiano, a exigência de metas e
desempenho e a lógica da eficiência afetam a qualidade de vida na so-
ciedade atual, cada vez mais urbanizada, individualista e consumista.
O vazio tende a colocar em crise o sentido da vida para muitas pessoas.
A frustação, especialmente dos jovens, emerge quando não se conse-
gue alcançar o desempenho sugerido pela sociedade de infinitas pos-
sibilidades. Também os cristãos são afetados por essa crise de sentido
que gera cansaço, depressão, pânico, transtornos de personalidade e
até o suicídio. Essa situação ocorre porque se vive em uma sociedade
que sustenta tudo ser possível, especialmente com o avanço das novas
tecnologias” (DGAE 2019-2023, n. 110).
180. Nesse cenário, falar da beleza da vida é resgatar os gestos
e ações de fraternidade que colocam o amor em ação. Se “A glória de
Deus é o homem vivo, e a vida do homem é a visão de Deus”, mais do
que nunca é preciso renovar nosso compromisso com a vida. A co-
munhão eclesial que une todo o Brasil em um caminho de dedicação
e amor ao próximo, sinais do Ressuscitado, nos ensina que a Cam-
panha da Fraternidade nada mais é do que o amor organizado, que
resgata e promove a vida e a dignidade da pessoa a partir da procla-
mação do Evangelho: “Eu vim para que tenham vida, e a tenham em
abundância” ( Jo 10,10).

3.1. Um compromisso com a vida


181. “O amor às pessoas é uma força espiritual que favorece o
encontro em plenitude com Deus, a ponto de se dizer, de quem não
ama o irmão, que ‘está nas trevas, caminha nas trevas’ (1Jo 2,11),
‘permanece na morte’ (1Jo 3,14) e ‘não chegou a conhecer a Deus’”
(1Jo 4,8). Bento XVI disse que “fechar os olhos diante do próximo tor-
na cegos também diante de Deus”, e que o amor é fundamentalmente
a única luz que “ilumina incessantemente um mundo às escuras e nos
dá a coragem de viver e agir” (EG, n. 272).

81
182. “Portanto, quando vivemos a mística de nos aproximar dos
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outros com a intenção de procurar o seu bem, ampliamos o nosso in-


terior para receber os mais belos dons do Senhor. Cada vez que nos
encontramos com um ser humano no amor, ficamos capazes de desco-
brir algo de novo sobre Deus. Cada vez que os nossos olhos se abrem
para reconhecer o outro, ilumina-se mais a nossa fé para reconhecer a
Deus. Em consequência disso, se queremos crescer na vida espiritual,
não podemos renunciar a ser missionários” (EG, n. 272).
183. “A tarefa da evangelização enriquece a mente e o coração,
abre-nos horizontes espirituais, torna-nos mais sensíveis para reco-
nhecer a ação do Espírito, faz-nos sair dos nossos esquemas espirituais
limitados. Ao mesmo tempo, um missionário plenamente devotado ao
seu trabalho experimenta o prazer de ser um manancial que transbor-
da e refresca os outros. Só pode ser missionário quem se sente bem,
procurando o bem do próximo, desejando a felicidade dos outros.
Esta abertura do coração é fonte de felicidade, porque ‘há mais felici-
dade em dar do que em receber’ (At 20,35)” (EG, n. 272).

3.2. Um compromisso pessoal


184. As mudanças que tanto queremos no mundo só serão reais
se começarem em nós, a partir de nós, afetando, assim, o ambiente em
que vivemos. A conversão pastoral é fruto da conversão pessoal. “Vai e
faze o mesmo” (Lc 10,37). Daí a importância de renovarmos, pessoal-
mente, nosso compromisso de cuidado e valorização da vida. Dar iní-
cio a processos de fraternidade e de ternura. Cultivar boas amizades.
Redescobrir o valor da vizinhança. Valorizar desde o simples cuidado
com a própria saúde, até o lazer e o descanso, sem descuidar da solida-
riedade. Somos imagem e semelhança de um Deus que é comunhão e
que, em comunhão, cuida.
185. Por mais que tenhamos desafios pessoais e comunitários,
jamais podemos no acomodar diante deles. “‘No deserto, é possível
redescobrir o valor daquilo que é essencial para a vida; assim sendo, no
mundo de hoje, há inúmeros sinais da sede de Deus, do sentido último
da vida, ainda que muitas vezes expressos implícita ou negativamente.

82
E, no deserto, existe sobretudo a necessidade de pessoas de fé que,
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com suas próprias vidas, indiquem o caminho para a Terra Prometida,


mantendo assim viva a esperança’. Em todo caso, lá somos chamados
a ser pessoas-cântaro para dar de beber aos outros. Às vezes o cântaro
se transforma em uma pesada cruz, mas foi precisamente na Cruz que
o Senhor, trespassado, se entregou a nós como fonte de água viva. Não
deixemos que nos roubem a esperança!” (EG, n. 86).
186. Como discípulos missionários que vivem em Cristo
(Gl 4,20) devemos sempre recordar das palavras de Santa Teresa de
Calcutá: “Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma
gota de água no oceano. Mas o oceano seria menor se lhe faltasse uma
gota”. Um pequeno gesto é capaz de fazer diferença em uma existência
toda. Quando tais gestos nascem do coração configurado ao coração
do Senhor da Vida, tornam-se capazes de conferir sentido e plenitude
à existência.

3.3. Uma renovação familiar


187. São João Paulo II já apontou uma das causas da crise que
vem crescendo e se desenvolvendo no coração das nações: um ataque
desenfreado contra a família, santuário da vida. A família “é o lugar
onde a vida, dom de Deus, pode ser convenientemente acolhida e pro-
tegida contra os múltiplos ataques a que está exposta e, pode desenvol-
ver-se segundo as exigências de um crescimento humano autêntico”
(CA, n. 39).70 Por isso, o Papa apresentava a família como um valor
imprescindível para a humanidade: “Determinante e insubstituí-
vel é, e deve ser, considerado o seu papel para promover e construir
a cultura da vida (EV, n. 92) contra a difusão de uma autocivilização
destruidora” (GSa, n. 13).71
188. No horizonte das novas Diretrizes Gerais da Ação Evan-
gelizadora da Igreja no Brasil, é imprescindível reafirmar o valor da

70 SÃO JOÃO PAULO II. Carta Encíclica Centesimus Annus no centenário da Rerum Novarum,
1º de setembro de 1991.
71 SÃO JOÃO PAULO II. Carta às famílias Gratissimam Sane, 2 de fevereiro de 1994.

83
família e motivar, organizar, ainda mais, a Pastoral Familiar em to-
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dos os lugares e ambientes como resposta a esse desafio de tornar


nossos lares, nossas casas comunidades de fé, de ternura e de cuida-
do para com a vida. “A família é o ponto de chegada para nossa ação
pastoral e o ponto de partida para a vida comunitária mais ampla”
(DGAE 2019-2023, n. 138).
189. Nos setores pré e pós-matrimonial e em casos especiais, a
Pastoral Familiar tem uma série de iniciativas para cuidar da vida em
família, desde a concepção até o seu declínio natural, sem perder de
vista o horizonte da plenitude. Um bom caminho de ação é valorizar,
formar e potencializar todos os serviços pastorais em favor da família.
190. Mas como? Cuidar melhor da preparação personalizada para
os noivos com sensibilização para abertura à vida; promover encontros
de namorados e de casais para vivência cristã à luz da Palavra de Deus
nos lares; preparar de maneira personalizada o Matrimônio; optar pela
pedagogia da presença com o acompanhamento de gestantes; oferecer
apoio e suporte para as famílias na educação cristã e catequese fami-
liar com temas relacionados à defesa e à promoção da vida; vivenciar e
aprofundar os temas relacionados à vida na semana nacional da família
e na semana nacional da vida com grupos de reflexão chamados Hora
da Família e Hora da vida. Essas são iniciativas que podem ser potencia-
lizadas e valorizadas à luz da Campanha da Fraternidade.
191. É preciso realizar um itinerário catecumenal para a prepa-
ração do sacramento do Matrimônio que contemple os temas da vida
em família; criar programas de formação permanente nos grupos de
reflexão em família com temas voltados ao cuidado da vida em todas
as etapas; dar suporte a casais recém-casados, valorizar a adoção; ser
presença junto às famílias que enfrentam problemas com filhos ado-
lescentes para ajudar nos conflitos de perda de sentido ou nos peri-
gos do uso das redes sociais, que podem incentivar a automutilação;
acompanhar espiritual e psico-afetivamente as famílias que têm situa-
ções persistentes de depressão, desde aquelas pós-parto até idosos em
situação vulnerável.

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192. Outra bela iniciativa são as visitas às famílias que passaram por
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experiências de violência ou que perderam familiares nessa situação; a


atenção especial aos pais que têm filhos dependentes de drogas; o acom-
panhamento de famílias em situação de violência reincidentes; e o acom-
panhamento nos momentos de luto com a luz da fé no Ressuscitado.
193. Cuidar dos viúvos e viúvas motivando grupos de apoio, de
oração e de suporte em situações de abandono; organizar cuidados
pastorais com as famílias que têm idosos com doenças degenerativas;
organizar a formação e o incentivo a grupos de famílias missionárias
pela vida.
194. Incentivar as famílias a formarem associações, inclusive de
caráter jurídico, para a defesa dos direitos da família. Assim, poderão in-
fluenciar, de modo organizado e eficaz, as políticas sociais e os meios de
comunicação, a fim de se criar uma cultura, uma legislação e uma ação go-
vernamental favoráveis à dignidade e aos direitos da instituição familiar.

3.4. Em Comunidades Eclesiais Missionárias


195. O Senhor nos chama e nos envia em missão para evangeli-
zar. A comunidade também evangeliza. Anunciar Jesus não é um ato
individual, mas compromisso de toda uma comunidade que experi-
menta o amor do Ressuscitado e deseja comunicá-lo a todos. “Ele cha-
ma para estar consigo e para sair em missão. Por isso, não se pode sepa-
rar a vida em comunidade da ação missionária, como se uma só dessas
dimensões bastasse. ‘A vida nova de Jesus Cristo atinge o ser humano
por inteiro e desenvolve em plenitude a existência humana em sua di-
mensão pessoal, familiar, social e cultural’” (DGAE 2019-2023, n. 18)
196. Por esta razão “a evangelização está essencialmente relacio-
nada com a proclamação do Evangelho àqueles que não conhecem Jesus
Cristo ou que sempre o recusaram. Muitos deles buscam secretamente a
Deus, movidos pela nostalgia do seu rosto, mesmo em países de antiga
tradição cristã. Todos têm o direito de receber o Evangelho. Os cristãos
têm o dever de anunciá-lo, sem excluir ninguém, e não como quem im-
põe uma nova obrigação, mas como quem partilha uma alegria, indica

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um horizonte estupendo, oferece um banquete apetecível. A Igreja não
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cresce por proselitismo, mas ‘por atração’” (EG, n. 14).


197. É preciso evangelizar assumindo a vida em comunidade
como sinal de vida nova em meio à sociedade. Uma comunidade que
é lar: casa da Palavra, do Pão, da Caridade e da Ação Missionária. Des-
sa forma, essa comunidade-casa deve estar de portas abertas para ser
sinal profético de acolhida do dom da vida. “Abrir as portas para aco-
lher os irmãos e as irmãs é um sinal profético em um mundo no qual
o individualismo, o medo da violência e o predomínio das relações
virtualizadas, e no qual os espaços físicos das casas se tornam cada vez
menores e menos vivenciais. Nesse contexto, ser comunidade é, em si,
profecia” (DGAE 2019-2023, n. 130).
198. Diante do olhar individualista e indiferente, nossas comu-
nidades devem ser um oásis de misericórdia. Uma comunidade que
revele ao mundo de hoje o olhar de Jesus frente a novas realidades que,
à semelhança dos assaltantes da parábola do bom samaritano, deixam
a humanidade como que morta, sem horizontes de vida.
199. Inserida em um mundo, onde ninguém tem tempo para o
outro, a comunidade-casa deve ser o lugar do afeto, da ternura e do
abraço, do encontro fraterno em torno da Palavra e da Eucaristia, que
geram vida. A comunidade gera vida pela proclamação da Palavra e
pela vivência da fraternidade.
200. Superando as relações de superficialidade, mecanicistas,
fundadas no fazer coisas que tornam as pessoas dependentes e angus-
tiadas, somos convidados a construir comunidades-casas nas quais se-
jamos sustentados pela afeição, pelo bem-querer, pelo desejo de estar
juntos e partilhar uma vida sadia, fraterna e solidária como nas primei-
ras comunidades.
201. Contra uma cultura de morte, de ódio, de violência cres-
cente e de polarizações, as comunidades eclesiais missionárias devem
ser lugares de reconciliação, perdão e resiliência, anunciando a cultura
da vida.

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202. Indo para além do conformismo, do pessimismo estéril, da ti-
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bieza e da acomodação, a comunidade-casa deve ter portas abertas para


acolher, mas também para sair. Ouvindo o Ide contra todo tipo de exclu-
são, a comunidade-casa deve promover ações concretas de solidariedade
e de inclusão, junto aos que sofrem e sequer têm direito à sobrevivência.
203. “Quem deseja viver com dignidade e em plenitude não
tem outro caminho senão reconhecer o outro e buscar o seu bem”
(EG, n. 9). A comunidade eclesial missionária é a casa na qual reconhe-
cemos o outro e na qual podemos fazer, primeiramente, o bem àquele
que é o meu próximo. Essa comunidade é chamada a atuar no mundo
como comunidade em saída rumo às periferias humanas e existenciais.
204. Torna-se urgente unir todos os esforços de promoção e de-
fesa da vida a partir, principalmente, dos resultados dos Sínodos da
Família, da Juventude e para a Amazônia, abrindo-se para diferentes
projetos de valorização da vida. Além disso, a comunidade precisa fa-
vorecer espaços de apoio às vítimas de todo tipo de violência, bem
como de todos os atentados contra a vida, mobilizando campanhas de
conscientização e de formação, seja por meio da iniciação à vida cristã,
dos movimentos, das pastorais ou mesmo de parcerias.
205. A Igreja em saída é a comunidade de discípulos missioná-
rios que assumem e realizam as seguintes atitudes: primeirar, envolver,
acompanhar, frutificar e festejar. Agindo assim, guiados e conduzidos
na força do Espírito Santo, Senhor que dá a vida, iniciaremos bons
processos de concretização da Igreja em saída (EG, n. 24).

3.5. Jornada Mundial dos Pobres


206. Impulsionados pelo Papa Francisco, somos todos convida-
dos a assumir a Jornada Mundial dos Pobres como gesto concreto da
Campanha da Fraternidade 2020. Ela será celebrada ao final do ano
litúrgico, na semana que antecede a festa de Cristo Rei. Contudo, sua
motivação deve fazer parte das ações da Campanha da Fraternidade e
deve ser intensificada já durante o período quaresmal.

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207. Partindo da dimensão da caridade e do comprometimen-
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to da Igreja com sua ação sócio-transformadora, o compromisso com


a Jornada Mundial dos Pobres tem se fortalecido desde que o Papa
Francisco a instituiu e convocou a Igreja a viver ainda mais o Evange-
lho voltando-se aos principais destinatários do Reino, os pobres!
208. Em sua intenção, o Papa Francisco instituiu a Jornada Mun-
dial dos Pobres, como advertência a um mundo profundamente mar-
cado pela indiferença. Ele alerta que não se trata de uma atitude a ser
concretizada apenas em um único dia, mas que deve marcar toda a
vida dos cristãos.
209. Em sua mensagem de 24 de maio 2019, a Papa Francisco
afirmou: “os pobres não são figuras, mas pessoas às quais devemos aju-
dar, acompanhar, proteger, defender e salvar. E isso não é possível sem
a humildade de ouvir, o carisma de estar junto e o valor da renúncia”.
Portanto, para viver a fé e celebrar com dignidade o Dia Mundial dos
Pobres, o sofrimento, a responsabilidade social dos cristãos e o cuida-
do para com os empobrecidos no mundo devem fazer parte do exer-
cício e do compromisso quaresmal de todos os cristãos. É uma forma
atual de viver a esmola.
210. Também em seu pronunciamento, o Papa nos lembrou que
“para aqueles que querem percorrer os caminhos da caridade, humil-
dade e escuta é significativo ouvir os mais pequenos”, porque é tam-
bém por intermédio deles que Deus se revela. Por isso, ainda segun-
do o Papa, não é possível viver a misericórdia sem ouvir e estar com
aqueles e aquelas que, em sua essência, trazem a misericórdia de Deus.
Com essa preocupação, ele afirmou que nunca devemos olhar para
ninguém por cima do ombro! Ressaltando que a única possibilidade
de se olhar para uma pessoa de cima é quando temos que ajudar essa
pessoa a se recuperar.
211. Outra preocupação despertada pela penitência quaresmal, a
qual nos leva a refletir sobre a vida, Dom e Compromisso na Jornada
Mundial dos Pobres, é a questão migratória, em nossos dias acentuada
pela triste e vergonhosa realidade dos refugiados. A prática do acolher

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envolve não só, mas principalmente essas populações. Ela exige ressig-
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nificar as vidas dilaceradas por essas violências.


212. O Papa Francisco quis se reunir, de 26 a 28 de março de
2020, em Assis (Itália), com jovens economistas e empresários de
todo o mundo durante um evento sobre uma nova economia, reno-
vando assim seu apelo de pôr em prática um modelo econômico fruto
de uma cultura de comunhão, baseada na fraternidade e na igualdade.
Com ênfase nas questões ambientais que não podem ser dissociadas
da garantia da justiça com os pobres.
213. Neste cenário, vejamos algumas iniciativas que podem ins-
pirar ainda mais a ação de nossas comunidades eclesiais missionárias
em vista do cuidado para com o próximo. É preciso redescobrir pe-
quenas atitudes cotidianas capazes de renovar a vida pessoal e a vida
comunitária, acolhendo assim o frescor original do Evangelho. É pre-
ciso potencializar as boas iniciativas e valorizar as coisas simples que
provocam grandes transformações.
214. Primeirar. Ter iniciativa. Ousemos ser mais ousados: a bele-
za de compartilhar a vida.
a. Redescobrir os lugares onde não há presença de uma comunida-
de eclesial missionária e ali ser presença de vida;
b. Ir além das tradicionais reuniões que acontecem, criando outros
espaços e momentos que favoreçam a partilha da vida e da expe-
riência de fé entre os membros da comunidade;
c. Superar a lentidão que subordina a ação missionária à existên-
cia de espaços físicos e construções, sendo criativos, valorizando
as casas das famílias, espaços físicos cedidos, alugados e outros
espaços;
d. Valorizar o protagonismo dos leigos e leigas com a criação e for-
talecimento dos diversos serviços e ministérios, bem como dos
conselhos de pastoral e de administração nas comunidades;
e. Oferecer atendimento, escuta, aconselhamento e assessoria (ju-
rídica, psicológica e social) e atividades evangelizadoras em dias,
horários e locais acessíveis às pessoas;

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f. Promover o diálogo ecumênico e inter-religioso com organiza-
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ções e favorecer espaços de diálogos entre os jovens e as lideran-


ças mais experientes nas comunidades;
g. Ampliar o diálogo e melhorar a presença pública da Igreja na socie-
dade, estimulando leigos e leigas a se engajarem nos diversos orga-
nismos de defesa dos direitos e na participação política em geral;
h. Aproveitar as festas eclesiais para expressar o sentido de corres-
ponsabilidade, partilha e convívio: festa dos padroeiros, romaria
das águas e da terra, gritos dos excluídos, Dia nacional da juven-
tude, entre outros;
i. Valorizar datas importantes da sociedade: o dia internacional da
mulher, do migrante, da ecologia, do meio ambiente, dentre ou-
tros, como momentos fortes para formação de uma consciência
marcada pela fraternidade e pelo mútuo cuidado.

215. Envolver: a vida é um intercâmbio de ternura e cuidado!


a. Estabelecer parcerias com a comunidade escolar local tendo em
vista a formação para convivência a partir do resgate dos valores
humanos;
b. Acompanhar as famílias, com uma especial atenção as várias ex-
pressões de juventudes;
c. Promover rodas de conversa sobre temas diretamente ligados à
realidade local;
d. Fortalecer laços de vizinhança, estimulando também a parti-
cipação nas associações de moradores e em outras entidades
semelhantes;
e. Participar, junto com outros organismos da sociedade civil, das
iniciativas voltadas para a Ecologia Integral;
f. Estabelecer diálogo com poder público e entidades da sociedade
civil para a promoção e valorização da agricultura familiar e das
cooperativas em seus mais diversos âmbitos;
g. Formar parcerias com organizações que cuidem da vida a partir
dos mesmos valores do Reino de Deus.

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216. Acompanhar: processos fundamentados no Evangelho.
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a. Promover iniciativas na perspectiva da iniciação à vida cristã,


centrada na Palavra de Deus, que visem a encontros vivenciais
que despertem o seguimento e o discipulado;
b. Redescobrir a importância da liturgia como momento forte em
que se experimenta o cuidado de Deus por nós;
c. Celebrar missionariamente, com as famílias enlutadas, a dor que
brota da morte de entes queridos;
d. Promover a valorização das celebrações da Palavra de Deus com
a formação dos ministros da Palavra no horizonte do Documento
108 da CNBB;
e. Estabelecer programas de visitas missionárias a regiões desassis-
tidas pastoralmente, expressando, com isso, o cuidado da Igreja
por todas as pessoas, estejam elas onde estiverem;
f. Potencializar o acompanhamento dos processos de engajamento
e incidência das lideranças nos espaços sociais e políticos de mo-
bilização social, políticas públicas e controle social.

217. Frutificar: não perder a paz por causa do joio. É Deus quem
tudo conduz!
a. No âmbito da pessoa: fazer um sério exame de consciência tendo
em vista o pecado da omissão;
b. No âmbito da comunidade: torná-las verdadeiramente “casa da
acolhida”, “casa da amizade”, “casa do fraterno cuidado”, firmando
o projeto de chegar ao Domingo da Páscoa do Senhor com novas
comunidades formadas;
c. No âmbito da sociedade: redescobrir a esperança como força
agregadora de sentido à vida. Dessa forma, que os leigos e leigas
não se isentem da participação social e política, sendo canais de
diálogo em tempos de radicalizações.

218. Festejar: vida – dom a ser anunciado e compromisso a ser


realizado.

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a. Não descuidar dos momentos de confraternização na ação
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evangelizadora (aniversários, nascimentos, pequenas alegrias e


conquistas);
b. Promover iniciativas que favoreçam a amizade entre as pessoas:
confraternizações, passeios, mutirões, ações caritativas e ecológi-
cas, prática de esportes, dentre outros.

3.6. Uma colaboração social


219. Acolher:
a. Organizar espaços de acolhida, casas pró-vida, lugares de escuta
e apoio à vida, casas terapêuticas e de apoio a familiares de de-
pendentes químicos, enfim, espaços onde a vida possa ser cul-
tivada e promovida, lugares de valorização da vida em todas as
suas etapas;
b. Criar centros de escuta e programas de prevenção ao suicídio,
bem como capacitar os agentes de pastoral a identificar possíveis
sinais que apontem para o risco de a pessoa tomar essa atitude;
c. Ampliar o serviço e a escuta aos pobres, implementando a ideia
de construção de casas de apoio, proporcionando alternativas de
superação da pobreza;
d. Dar voz efetivamente aos pobres, valorizando a iniciativa do “Dia
mundial dos pobres” como oportunidade para refletir sobre as
causas da pobreza, favorecendo espaços onde os pobres sejam
protagonistas na partilha da situação por eles vivida;
e. Acolher os fragilizados em espaços de solidariedade e
misericórdia.

220. Proteger:
a. Acompanhar e dar suporte aos pais que descobrem que o filho
que está para nascer possui uma doença específica;
b. Criar e fortalecer grupos de valorização da vida e prevenção ao
suicídio;
c. Criar e favorecer espaços em favor das crianças;

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d. Formar Redes de Proteção, criar e estabelecer casas pró-vida,
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com equipes multidisciplinares das áreas da medicina e enfer-


magem, bem como agentes de pastoral, que possam colaborar na
defesa do nascituro e apoiar famílias em situação de vulnerabili-
dade social.

221. Promover:
a. Formação da consciência sobre o valor da própria vida e da vida
do próximo;
b. Propor a formação de agentes para cuidados paliativos;
c. Presença junto aos hospitais, principalmente os católicos, para
que aprofundem seu agir, em consonância com a proposta da
vida cristã;
d. Projetos com universidades e escolas, públicas e particulares,
para a promoção da cultura do encontro;
e. Gestos e atitudes que transformam:
š assumir um compromisso radical com a justiça e a

solidariedade;
š apostar na capacidade das pessoas de serem construtoras da

vida;
š eliminar todo tipo de exclusão ou apartação social;

š respeitar a vida das diversas culturas e das diferentes etnias;

š ampliar as lutas para a conquista de direitos.

f. Abrir uma linha de ação por meio da realização de seminários,


fóruns, debates em diálogo com a sociedade civil, com vistas a
gerar nova consciência nas pessoas, com marcas claras de uma
sociedade emancipatória, justa e fraterna;
g. Universidades e centros de capacitação, escolas de Fé e Política,
seminários eclesiais, centro de formação para agentes pastorais,
oferecendo formação sobre a Doutrina Social da Igreja;
h. Cultivar uma espiritualidade de abertura, acolhida, convivência,
diálogo e respeito frente ao crescimento do conflito, da intolerân-
cia, do ódio e da vontade de combate.

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222. Integrar:
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a. Incentivar a consciência da dignidade do ser humano e a impor-


tância da justiça restaurativa em todos os âmbitos, principalmen-
te no âmbito carcerário;
b. Combater a visão reducionista da vida com uma visão integral do
ser humano e dos seus direitos, promovendo os movimentos e as
associações que se dedicam às suas defesas e garantias;
c. Prevenção ao feminicídio, valorização da mulher, grupos de
apoio, partilha de vida, rodas de conversas;
d. Conscientizar sobre a vida substitutiva da inteligência ar-
tificial e sobre as questões do pós-humano com os avanços
biotecnológicos;
e. Organizar atividades para a semana da família, semana da vida,
dia do nascituro que promovam, valorizem e defendam a vida,
em unidade com todas as iniciativas das Pastorais, Movimentos,
Serviços e Organismos, especialmente aqueles que têm parti-
cipação nos conselhos Municipais, Estaduais e Nacionais, for-
talecendo uma agenda em prol da vida em todos os âmbitos da
sociedade pela garantia de políticas públicas em vista do tempo
comum;
f. Criar espaços de defesa e de promoção da vida dos povos ne-
gros e indígenas, dos sem teto e daqueles sem condições de
sobrevivência;
g. Ações concretas em vista da ecologia integral, considerando a
Laudato Si’ e as conclusões do sínodo Pan-Amazônico, cuidando:
š da vida no seu conjunto;

š dos bens da natureza;

š dos mais pobres;

š dos povos tradicionais tirando-os da invisibilidade social;

š da qualidade da vida humana;

š da ecologia;

š das riquezas culturais, naturais e ambientais da humanidade;

š da justiça entre as gerações.

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h. Envolver as escolas e as universidades na prevenção e acompa-
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nhamento das causas que podem levar ao suicídio;


i. Articular, no mundo político – em termos federais, estaduais e
municipais – mobilizações e ações que garantam o direito à vida
e o respeito à dignidade humana desde a sua concepção até o seu
ocaso natural, com a superação de todas as situações de morte
social (mistanásia72);
j. Despertar para a necessidade de uma legislação ambiental que
siga o princípio da ecologia integral;
k. Motivar uma cultura da paz que ajude – em especial, a juventude
– a promover esse debate em seus mais diversos ambientes;
l. Propagar iniciativas em favor da paz social e da convivência fra-
terna entre os diferentes;
m. Fazer prevalecer, em nossas comunidades, o acolhimento do ou-
tro, daquele que é diferente por pertencer a uma tradição religio-
sa e cultural distinta da nossa.

72 A palavra mistanásia advém do vocábulo grego mis (infeliz) e thanatos (morte), significan-
do, portanto, uma morte infeliz. O termo é utilizado para se referir à morte de pessoas que,
excluídas socialmente, acabam morrendo sem qualquer ou apenas uma precária assistência
de saúde. Assim, podemos afirmar que as vítimas da mistanásia são as pessoas que não dis-
põem de condições financeiras para arcar com os custos advindos dos tratamentos da própria
saúde, ficando na dependência da prestação de assistência pública. Fonte: https://jus.com.br/
artigos/68102/mistanasia-uma-breve-analise-sobre-a-dignidade-humana-no-sistema-unico-
-de-saude-no-brasil. Acesso em: 7 out. 2019.

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Conclusão
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“Se fosse preciso, começaria tudo outra vez do mesmo jeito,


andando pelo mesmo caminho de dificuldades, pois a fé,
que nunca me abandona, me daria forças para
ir sempre em frente”
(Santa Dulce dos Pobres)

223. No caminho que se apresenta a todos nós, encontramos


desafios e oportunidades. Na certeza de que a Vida é um Dom e, ao
mesmo tempo, um Compromisso, a Igreja segue os passos de seu Se-
nhor, vê, sente compaixão e cuida dos homens e das mulheres que se
encontram feridos e necessitados de amor. Sem jamais perder a alegria
do Evangelho, os cristãos são convidados a cultivar, na oração, na fra-
ternidade e no serviço, um olhar de esperança, que irradie para todos
a luz da vitória da Ressurreição de Cristo. Com Ele, a Igreja tem a cer-
teza de que o amor terá a última palavra e vencerá todo tipo de mal.
224. Com o intuito de percorrer com entusiasmo o caminho da
Esperança cristã, propõem-se alguns conselhos que o Papa Francisco
ofereceu a toda a Igreja em sua catequese Educar para a Esperança.73
225. “Não te rendas à noite (...) o mundo caminha graças ao
olhar de tantos homens que abriram frestas, que construíram pontes,
que sonharam e acreditaram; mesmo quando ao seu redor ouviam pa-
lavras de escárnio”.
226. “Onde quer que você esteja, construa! Se você está caído
na terra, levante-se! Não permaneça nunca caído, levante-se, deixe-se
ajudar para ficar de pé. Se está sentado, coloque-se em caminho! Se o
tédio o paralisa, realize obras de bem! Se se sente vazio ou desmorali-
zado, peça que o Espírito Santo possa novamente encher o teu nada”.

73 Disponível em: <http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/audiences/2017/documents/


papa-francesco_20170920_udienza-generale.html>. Acesso em: 10 jul. 2019.

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227. “Promova a paz em meio aos homens e não ouça a voz de
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quem espalha ódio e divisões. Não ouça essas vozes. Os seres huma-
nos, por mais que sejam diversos uns dos outros, foram criados para
viver juntos. Nos contrastes, paciência: um dia descobrirás que cada
um é depositário de um fragmento de verdade”.
228. “Ame as pessoas. Ame-as uma a uma. Respeite o caminho
de todos, seja linear ou difícil, porque cada um tem a sua história a
contar. Também cada um de nós tem a própria história a contar. Cada
criança que nasce é a promessa de uma vida que ainda uma vez se de-
monstra mais forte que a morte. Todo amor que surge é um poder de
transformação que deseja a felicidade”.
229. “Jesus nos entregou uma luz que brilha nas trevas: defenda-
-a, proteja-a. Aquela única luz é a maior riqueza confiada à sua vida.
E, sobretudo, sonhe! Não tenha medo de sonhar. Sonhe! Sonhe um
mundo que ainda não se vê, mas que por certo chegará. A esperança
nos leva a acreditar na existência de uma criação que se estende até o
fim, até o seu cumprimento definitivo, quando Deus será tudo em to-
dos. Os homens capazes de imaginação deram ao homem descobertas
científicas e tecnológicas. Atravessaram oceanos, pisaram terras que
ninguém antes havia pisado. Os homens que cultivaram esperanças
são também aqueles que venceram a escravidão e levaram melhores
condições de vida sobre esta terra. Pensem nesses homens”.
230. “Seja responsável por este mundo e pela vida de cada ho-
mem. Pense que cada injustiça contra um pobre é uma ferida aberta
e diminui a sua própria dignidade. E cada dia peça a Deus o dom da
coragem. Lembre-se de que Jesus venceu por nós o medo. Ele venceu
o medo!”.
231. “Tenha sempre a coragem da verdade, porém lembre-se:
você não é superior a ninguém. Recorde-se disso: você não é superior
a ninguém. Se você permanecer também o último a acreditar na ver-
dade, não se refugie, por isso, da companhia dos homens. Mesmo que
você viva no silêncio de um ermo, leva em teu coração os sofrimentos
de cada criatura. Você é cristão; e na oração tudo entrega a Deus”.

97
232. “Cultive ideais. Viva por algo que supera o homem. E, mes-
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mo que um dia esses ideais peçam a você uma conta salgada para pa-
gar, nunca deixe de levá-los em teu coração”.
233. “Se você errou, levante-se: nada é mais humano que come-
ter erros. E esses mesmos erros não devem se tornar para você uma
prisão. Não se engaiole em seus erros. O Filho de Deus veio não para
os sãos, mas para os doentes: portanto veio também para você”.
234. “Se te atinge a amargura, acredita firmemente em todas as
pessoas que ainda trabalham pelo bem: na humildade deles, há a se-
mente de um mundo novo. Conviva com pessoas que conservaram o
coração como aquele de uma criança. Aprende com a maravilha, culti-
va o estupor. Vive, ama, sonha, acredita. E, com a graça de Deus, nunca
se desespera”.
235. Fraternidade: Dom e compromisso. Ver, solidarizar-se e
cuidar, ações de uma vida samaritana. “Para partilhar a vida com o
povo e dar-nos generosamente, precisamos reconhecer também que
cada pessoa é digna da nossa dedicação. E não pelo seu aspecto físico,
suas capacidades, sua linguagem, sua mentalidade ou pelas satisfações
que nos pode dar, mas porque é obra de Deus, criatura sua. Ele criou-a
à sua imagem, e reflete algo da sua glória. Cada ser humano é objeto da
ternura infinita do Senhor, e Ele mesmo habita na sua vida. Na cruz,
Jesus Cristo deu o seu sangue precioso por essa pessoa. Independen-
temente da aparência, cada um é imensamente sagrado e merece o nosso
afeto e a nossa dedicação. Por isso, se consigo ajudar uma só pessoa a
viver melhor, isso já justifica o dom da minha vida. É maravilhoso ser
povo fiel de Deus. E ganhamos plenitude quando derrubamos os mu-
ros e o coração se enche de rostos e de nomes!” (EG, n. 274).
236. Como povo peregrino, povo da vida e pela vida, como nos
ensinou São João Paulo II, caminhamos confiantes para “um novo céu
e uma nova terra” (Ap 21,1). Não poderíamos concluir este Texto-Ba-
se, sem lançarmos o nosso olhar filial à Mãe da Esperança, a ela confia-
mos tudo o que somos e toda a Campanha da Fraternidade de 2020:

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Ó Maria, aurora do mundo novo,
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Mãe dos viventes, confiamos-vos a causa da vida:


olhai, Mãe, para o número sem fim de crianças
a quem é impedido nascer,
de pobres para quem se torna difícil viver,
de homens e mulheres vítimas de inumana violência,
de idosos e doentes assassinados pela indiferença
ou por uma falsa compaixão.
Fazei com que todos aqueles que creem no vosso Filho
saibam anunciar com desassombro e amor aos homens
do nosso tempo o Evangelho da vida.
Alcançai-lhes a graça de o acolher como
um dom sempre novo, a alegria de o celebrar
com gratidão em toda a sua existência, e a coragem
para o testemunhar com grande tenacidade, para construírem,
juntamente com todos os homens de boa vontade, a civilização
da verdade e do amor, para louvor e glória de
Deus Criador e amante da vida.
Amém!74

74 SÃO JOÃO PAULO II. Carta Encíclica Evangelium Vitae, 25 de março de 1995. Disponí-
vel em: <http://w2.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/encyclicals/documents/hf_jp-ii_
enc_25031995_evangelium-vitae.html>. Acesso em: 10 jul. 2019.

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Fundo Nacional de Solidariedade
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1. O gesto concreto – Coleta da Solidariedade


A Campanha da Fraternidade se expressa concretamente pela
oferta de doações em dinheiro na coleta da solidariedade, realizada no
Domingo de Ramos. É um gesto concreto de fraternidade, partilha
e solidariedade, feito em âmbito nacional, em todas as comunidades
cristãs, paróquias e dioceses. A Coleta da Solidariedade é parte inte-
grante da Campanha de Fraternidade.

DIA NACIONAL DA COLETA DA SOLIDARIEDADE


Domingos de Ramos, 05 de abril de 2020

Bispo, padres, religiosos (as), lideranças leigas, agentes de pasto-


ral, colégios católicos e movimentos eclesiais são os principais motiva-
dores e animadores da Campanha da Fraternidade. A Igreja espera que
com essa motivação todos participem, oferecendo sua solidariedade
em favor das pessoas, grupos e comunidades, pois: “Ao longo de uma
história de solidariedade e compromisso com as incontáveis vítimas
das inúmeras formas de destruição da vida, a Igreja se reconhece ser-
vidora do Deus da Vida” (DGAE 2011-2015, n. 66). O gesto frater-
no da oferta tem um caráter de conversão quaresmal, condição para
que advenha um novo tempo marcado pelo amor e pela valorização
da vida.

2. O Fundo Nacional de Solidariedade


O resultado integral das coletas realizadas nas celebrações do
Domingo de Ramos, Coleta da Solidariedade, com ou sem envelope,
deve ser encaminhado à respectiva Diocese.
Do total arrecadado pela Coleta da Solidariedade, a Diocese deve
enviar 40% ao Fundo Nacional de Solidariedade (FNS), gerido pela
CNBB. A outra parte (60%) permanece nas dioceses para atender aos

100
projetos locais, por meio dos respectivos Fundos Diocesanos de Soli-
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dariedade (FDS).

Doações
Doações para o Fundo Nacional de Solidariedade da CNBB, para
aplicação em projetos sociais, podem ser efetuadas na conta indicada
abaixo, ao longo de todo o ano.

Para depósito dos 40% da Coleta da Solidariedade


(Fundo Nacional de Solidariedade – FNS)
Banco Bradesco, Agência: 0484-7 – Conta Corrente: 4188-2 – CNBB
O comprovante do depósito precisa ser enviado para o e-mail:
financeiro@cnbb.org.br
OU
Correspondência - Endereço
SE/Sul Quadra 801, Conjunto B,
CEP: 70.200-014 – Brasília-DF
Contato pelo telefone: (61) 2103-8311 (falar com o departamento
Financeiro)

3. A destinação dos Recursos


Os recursos arrecadados serão destinados preferencialmente a
projetos que atendam aos Objetivos Gerais e Específicos propostos
pela CF 2020.

3.1. O trâmite dos projetos


A recepção, análise da viabilidade e acompanhamento do desen-
volvimento dos projetos enviados ao Fundo Nacional de Solidarie-
dade (FNS), são trabalhos executados pela CNBB pelo seu Departa-
mento Social.

101
A Supervisão do Fundo Nacional, a destinação dos recursos e a
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aprovação dos projetos está a cargo do Conselho Gestor do FNS, assim


composto: Secretário Geral da CNBB (Presidente do Conselho), Bis-
po Presidente da Comissão Episcopal Pastoral da Caridade, Justiça e
Paz; Ecônomo da CNBB; um representante das Pastorais Sociais; o
Secretário Executivo da Campanha da Fraternidade; um representan-
te dos Secretários Executivos Regionais da CNBB; o Coordenador de
projetos do FNS; e a Assistente Social da CNBB.
As organizações que desejarem obter apoio do FNS, de acordo
com os critérios de destinação previstos no Edital para a CF 2020,
deverão fazer o cadastro da entidade e do projeto no site <www.fns.
cnbb.org.br>, depois encaminhá-lo, junto à documentação que é exi-
gida para a pré-análise, para o seguinte endereço:

CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL –


CNBB
Departamento Social/Fundo Nacional de Solidariedade –
FNS
SE/SUL Quadra 801, Conjunto – B,
CEP: 70.200-014 – Brasília – DF
Contato: (61) 2103-8300. E-mail: fns@cnbb.org.br

Os projetos, após a pré-análise, serão submetidos ao Conselho


Gestor do FNS.
O Fundo Diocesano de Solidariedade (FDS), composto por
60% da coleta do Domingo de Ramos, é administrado pelo Conse-
lho Gestor Diocesano, que pode ser constituído com a participação
de uma pessoa da Cáritas Diocesana (onde ela exista), de um repre-
sentante das Pastorais Sociais, da Coordenação de Pastoral Diocesana,
da Equipe de Animação das Campanhas, do responsável pela admi-
nistração da Diocese e de uma pessoa ligada ao tema da CF. O Bispo
Diocesano constitui este Conselho Gestor e o preside.

102
MEMBROS DO CONSELHO GESTOR - FNS
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Dom Joel Portella Amado – Secretário Geral da CNBB


Dom José Valdecir Santos Mendes – Presidente da Comissão Epis-
copal Pastoral para a Ação Sociotransformadora
Monsenhor Nereudo Freire Henrique – Ecônomo da CNBB
Pe. Patriky Samuel Batista – Secretário Executivo de Campanhas
da CNBB
Frei Olávio Dotto – Assessor da Comissão Episcopal Pastoral para
a Ação Sociotransformadora
Pe. Agenor Guedes Filho – Representante dos Secretários Executi-
vos dos Regionais da CNBB
Franklin Ribeiro Queiroz – Coordenador de projetos – FNS/
CNBB
Antônia Mendes Ribeiro – Assistente Social – CNBB

3.2. Atividades do Fundo Nacional de Solidariedade –


2016 a 2018
Ano Total arrecadado: Total de projetos apoiados:
2016 R$ 6.594.378,91 209*
2017 R$ 6.815.265,38 237
2018 R$ 6.844.022,56 179

3.3. Projetos entendidos por região


Região 2016 2017 2018
Norte 21 23 26
Nordeste 71 77 50
Sul 45 31 17
Sudeste 51 71 61
Centro-Oeste 20 35 24
Haiti* 1* * *
Roraima ** - - 1**
Total 209 237 179

**Em 2018, após pedido feito pela Diocese de Roraima em vir-


tude da difícil situação daquele estado, foi apresentado ao Conselho
Permanente da CNBB um projeto para ajudar a suprir as necessidades

103
dos milhares de imigrantes Venezuelanos que ali aportam – 40% do
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FNS – aprovado na 55ª Assembleia Geral.


Ajude a construir a Campanha da Fraternidade! Para informa-
ções, sugestões, avaliação, esclarecimentos e orientações sobre a
organização e realização da Campanha da Fraternidade, contatar Pe.
Patriky Samuel Batista, Secretário Executivo da CF pelo e-mail: cam-
panhas@cnbb.org.br ou pelo telefone (61) 2103-8300.

3.4. Prestação de contas

CAMPANHA DA FRATERNIDADE – 2018


MITRAS, ARQ (DIOCESES) REGIONAL NORTE 1
Doador Data Pagamento Valor R$
Alto Solimões - AM 19/04/2018 2.288,27
Borba - AM 12/06/2018 1.992,50
Coari - AM 29/06/2018 3.329,82
Itacoatiara - AM 02/05/2018 3.086,58
Manaus - AM 09/05/2018 64.705,86
Parintins - AM 25/10/2018 3.243,60
Roraima - RR 25/06/2018 9.596,08
Tefé - AM 13/12/2018 3.030,65
São Gabriel da Cachoeira - AM 03/04/2019 2.763,95
SUBTOTAL DA COLETA ------------>>> 94.037,31

MITRAS, ARQ (DIOCESES) REGIONAL NORTE 2


Doador Data Pagamento Valor R$
Abaetetuba - PA 12/09/2018 5.454,35
Belém do Pará - PA 10/12/2018 43.200,00
Bragança do Pará - PA 02/07/2018 8.835,06
Cametá - PA 26/06/2018 2.905,22
Castanhal do Pará - PA 11/10/2018 14.070,00
Itaituba - PA 13/09/2018 6.667,60
Macapá - AP 14/05/2018 5.393,50
Marabá - PA 18/06/2018 10.108,45
Marajó - PA 17/05/2018 3.968,86
Óbidos - PA 04/07/2018 9.723,72
Ponta de Pedras - PA 17/07/2018 2.426,60

104
Santarém - PA 08/10/2018 21.218,80
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Santíssima Conceição do Araguaia - PA 19/07/2018 5.167,38


Xingu - PA 29/06/2018 8.119,60
SUBTOTAL DA COLETA ------------>>> 147.259,14

MITRAS, ARQ (DIOCESES) REGIONAL NORTE 3


Doador Data Pagamento Valor R$
Cristalândia - TO 10/07/2018 6.417,34
Miracema do Tocantins - TO 16/05/2018 3.328,90
Palmas - TO 26/12/2018 11.001,95
Porto Nacional - TO 06/07/2018 2.630,42
Tocantinópolis - TO 27/08/2018 14.146,86
SUBTOTAL DA COLETA ------------>>> 37.525,47

MITRAS, ARQ (DIOCESES) REGIONAL NORDESTE 1


Doador Data Pagamento Valor R$
Crateús - CE 20/06/2018 8.869,02
Crato - CE 30/05/2018 15.276,03
Fortaleza - CE 09/08/2018 84.817,93
Iguatu - CE 30/05/2018 7.585,00
Itapipoca - CE 09/05/2018 10.075,00
Limoeiro do Norte - CE 15/08/2018 8.945,50
Quixadá - CE 14/05/2018 4.819,58
Sobral - CE 20/08/2018 11.344,08
Tianguá - CE 22/05/2018 12.903,70
SUBTOTAL DA COLETA ------------>>> 164.635,84

MITRAS, ARQ (DIOCESES) REGIONAL NORDESTE 2


Doador Data Pagamento Valor R$
Afogados da Ingazeira - PE 25/04/2018 10.635,00
Caicó - RN 11/05/2018 9.010,36
Cajazeiras - PB 18/07/2018 10.300,45
Campina Grande - PB 30/04/2018 12.830,35
Caruaru - PE 09/10/2018 11.250,00
Floresta - PE 30/05/2018 3.604,24
Garanhuns - PE 06/06/2018 12.860,10
Guarabira - PB 18/04/2018 7.665,96
Maceió - AL 13/06/2018 26.219,37

105
Mossoró - RN 10/05/2018 22.844,68
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Natal - RN 04/09/2018 41.239,48


Nazaré - PE 08/05/2018 10.736,08
Olinda e Recife - PE 24/04/2019 52.813,35
Palmares - PE 14/05/2018 45.675,73
Palmeira dos Índios - AL 02/07/2018 11.004,00
Paraíba - PB 18/06/2018 27.885,62
Patos - PB 07/05/2018 34.739,54
Penedo - AL 23/08/2018 10.360,46
Pesqueira - PE 29/06/2018 7.888,97
Petrolina - PE 26/06/2018 18.394,82
Salgueiro - PE 21/05/2018 6.983,56
SUBTOTAL DA COLETA ------------>>> 394.942,12

MITRAS, ARQ (DIOCESES) REGIONAL NORDESTE 3


Doador Data Pagamento Valor R$
Alagoinhas - BA 23/09/2019 7.400,00
Amargosa - BA 16/05/2018 13.509,88
Aracaju - SE 21/05/2018 29.160,53
Barra - BA 18/06/2018 2.579,53
Barreiras - BA 29/05/2018 14.461,52
Bom Jesus da Lapa - BA 28/05/2018 7.365,70
Bonfim - BA 29/10/2018 7.582,26
Caetité - BA 14/05/2018 28.571,30
Camaçari - BA 05/07/2018 5.679,08
Estância - SE 24/04/2018 11.496,14
Eunápolis - BA 09/07/2018 7.355,00
Feira de Santana - BA 22/05/2018 16.825,64
Ilhéus - BA 10/05/2018 7.129,74
Irecê - BA 05/07/2018 4.009,33
Itabuna - BA 08/05/2018 8.199,82
Jequié-BA 19/09/2018 3.854,30
Juazeiro - BA 28/05/2018 8.176,64
Livramento de Nossa Senhora - BA 24/05/2018 7.859,08
Paulo Afonso - BA 30/01/2018 9.358,74
Propriá - SE 02/05/2018 10.285,54
Ruy Barbosa - BA 16/05/2018 8.160,40

106
São Salvador da Bahia - BA 27/06/2018 45.542,00
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Serrinha - BA 15/06/2018 17.095,88


Teixeira de Freitas - Caravelas - BA 03/07/2018 8.727,52
Vitória da Conquista - BA 27/06/2018 16.532,22
Cruz das Almas - BA 02/05/2018 5.189,90
SUBTOTAL DA COLETA ------------>>> 312.107,69

MITRAS, ARQ (DIOCESES) REGIONAL NORDESTE 4


Doador Data Pagamento Valor R$
Bom Jesus do Gurguéia - PI 22/06/2018 2.516,88
Campo Maior - PI 30/07/2018 14.684,94
Floriano - PI 11/12/2018 7.398,50
Oeiras - PI 08/06/2018 9.833,04
Parnaíba - PI 15/06/2018 21.059,91
Picos - PI 16/05/2018 9.783,86
São Raimundo Nonato - PI 15/08/2018 4.768,68
Teresina - PI 12/09/2018 46.700,64
SUBTOTAL DA COLETA ------------>>> 116.746,45

MITRAS, ARQ (DIOCESES) REGIONAL NORDESTE 5


Doador Data Pagamento Valor R$
Bacabal - MA 19/06/2018 12.550,82
Balsas - MA 15/08/2018 5.197,32
Brejo - MA 17/08/2018 7.936,90
Carolina - MA * *
Caxias do Maranhão - MA 16/07/2018 6.100,00
Coroatá - MA 04/05/2018 6.226,34
Grajaú - MA 01/06/2018 3.980,00
Imperatriz - MA 21/06/2018 10.098,70
Pinheiro - MA 18/06/2018 7.493,72
São Luís do Maranhão - MA 30/05/2018 27.896,18
Viana - MA 16/05/2018 6.590,40
Zé Doca - MA 15/05/2018 6.920,94
SUBTOTAL DA COLETA ------------>>> 100.991,32

MITRAS, ARQ (DIOCESES) REGIONAL LESTE 1


Doador Data Pagamento Valor R$
Adm. Apostólica Pessoal São João Maria Vianney 26/06/2018 3.232,00

107
Barra do Piraí-Volta Redonda - RJ 09/01/2019 38.201,28
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Campos - RJ 16/09/2019 14.052,31


Duque de Caxias - RJ 27/04/2018 21.477,12
Itaguaí - RJ 21/05/2018 9.042,04
Niterói - RJ 11/09/2019 49.188,48
Nova Friburgo - RJ 10/10/2018 27.933,62
Nova Iguaçu - RJ 14/05/2018 29.234,00
Petrópolis - RJ 18/07/2018 17.135,62
São Sebastião do Rio de Janeiro - RJ 30/05/2018 111.261,00
Valença - RJ 23/05/2018 9.405,00
SUBTOTAL DA COLETA ------------>>> 330.162,47

MITRAS, ARQ (DIOCESES) REGIONAL LESTE 2


Doador Data Pagamento Valor R$
Almenara - MG 10/05/2018 3.791,88
Araçuaí - MG 17/07/2018 4.938,32
Belo Horizonte - MG 30/05/2018 165.801,74
Cachoeiro de Itapemirim - ES 29/11/2018 49.044,21
Campanha - MG 20/04/2018 39.414,66
Caratinga - MG 21/02/2019 22.463,18
Colatina - ES 25/05/2018 45.847,47
Diamantina - MG 29/06/2018 30.144,82
Divinópolis - MG 24/05/2018 60.347,17
Governador Valadares - MG 07/05/2018 26.655,07
Guanhães - MG 07/05/2018 8.402,63
Guaxupé - MG 02/08/2018 28.780,32
Itabira-Coronel Fabriciano - MG 09/07/2018 36.746,16
Ituiutaba - MG 10/07/2018 10.124,21
Janaúba - MG 15/06/2018 4.409,60
Januária - MG 02/01/2019 6.500,00
Juiz de Fora - MG 12/06/2018 38.006,22
Leopoldina - MG 10/05/2018 24.000,00
Luz - MG 27/07/2018 14.910,16
Mariana - MG 24/05/2018 65.345,83
Montes Claros - MG 05/10/2018 21.524,74
Oliveira - MG 13/06/2018 13.722,15
Paracatu - MG 15/06/2018 7.600,64

108
Patos de Minas - MG 30/04/2018 27.224,48
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Pouso Alegre - MG 04/07/2018 46.220,00


São João del Rei - MG 07/05/2018 16.596,15
São Mateus - ES 16/05/2018 44.685,89
Sete Lagoas - MG 28/06/2018 13.652,38
Teófilo Otoni - MG 09/09/2019 1.000,00
Uberaba - MG 24/09/2018 24.960,01
Uberlândia - MG 02/07/2018 15.288,14
Vitória do Espírito Santo - ES 04/06/2018 103.861,81
SUBTOTAL DA COLETA ------------>>> 1.022.010,04

MITRAS, ARQ (DIOCESES) REGIONAL SUL 1


Doador Data Pagamento Valor R$
Amparo - SP 13/06/2018 13.402,48
Aparecida - SP 25/04/2018 17.835,00
Araçatuba - SP 25/06/2018 21.431,09
Assis - SP 17/05/2018 20.289,80
Barretos - SP 21/05/2018 14.590,32
Bauru - SP 24/05/2018 31.310,61
Botucatu - SP 30/05/2018 30.739,26
Bragança Paulista - SP 26/04/2018 45.422,60
Campo Limpo - SP 29/05/2018 44.394,43
Caraguatatuba - SP 14/09/2018 7.461,20
Catanduva - SP 17/08/2018 20.828,15
Campinas - SP 15/06/2018 67.020,64
Franca - SP 30/04/2018 43.170,81
Guarulhos - SP 18/05/2018 57.156,14
Itapetininga - SP 13/07/2018 21.300,00
Itapeva - SP 20/072019 12.247,59
Jaboticabal - SP 02/05/2018 24.698,05
Jales - SP 25/04/2018 26.817,43
Jundiaí - SP 05/06/2018 98.246,24
Limeira - SP 02/08/2018 61.342,92
Lins - SP 10/12/2018 12.735,00
Lorena - SP 27/06/2018 20.108,96
Marília - SP 27/04/2018 94.520,05
Mogi das Cruzes - SP 22/05/2018 31.432,50
Osasco - SP 30/05/2018 43.671,89
Ourinhos - SP 29/06/2018 19.613,00

109
Piracicaba - SP 15/06/2018 28.700,89
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Presidente Prudente - SP 02/08/2018 40.012,78


Registro - SP 28/06/2018 7.562,00
Ribeirão Preto - SP 07/05/2018 42.014,68
Santo Amaro - SP 25/05/2018 30.856,90
Santo André - SP 15/06/2018 77.227,71
Santos - SP 27/07/2018 57.672,35
São Carlos - SP 07/06/2018 31.157,37
São João da Boa Vista - SP 20/04/2018 26.450,58
São José do Rio Preto - SP 15/05/2018 72.708,48
São José dos Campos - SP 13/04/2018 95.060,02
São Miguel Paulista - SP 30/05/2018 39.485,56
São Paulo - SP 06/07/2018 247.323,94
Sorocaba - SP 25/10/2018 40.957,13
Taubaté - SP 07/05/2018 28.856,74
Votuporanga - SP 05/06/2018 27.504,70
SUBTOTAL DA COLETA ------------>>> 1.795.337,99

MITRAS, ARQ (DIOCESES) REGIONAL SUL 2


Doador Data Pagamento Valor R$
Apucarana - PR 16/05/2018 40.867,32
Campo Mourão - PR 22/05/2018 46.225,80
Cascavel - PR 08/05/2018 35.719,23
Cornélio Procópio - PR 18/06/2018 8.270,92
Curitiba - PR 28/05/2018 122.761,14
Foz do Iguaçu - PR 11/05/2018 31.717,60
Guarapuava - PR 25/06/2018 20.971,18
Jacarezinho - PR 14/05/2018 36.465,30
Londrina - PR 30/05/2018 78.552,93
Maringá - PR 26/07/2018 65.247,87
Palmas-Francisco Beltrão - PR 02/05/2018 38.584,94
Paranaguá - PR 18/05/2018 18.161,55
Paranavaí - PR 28/05/2018 21.446,04
Ponta Grossa - PR 02/07/2018 52.510,54
São José dos Pinhais - PR 05/06/2018 68.463,91
Toledo - PR 08/05/2018 42.918,75
Umuarama - PR 29/05/2018 39.573,30

110
União da Vitória - PR 09/07/2018 15.568,64
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Imaculada Conceição de Rito Ucraniano 02/08/2018 10.838,00


SUBTOTAL DA COLETA ------------>>> 794.864,96

MITRAS, ARQ (DIOCESES) REGIONAL SUL 3


Doador Data Pagamento Valor R$
Bagé - RS 30/05/2018 5.821,36
Cachoeira do Sul - RS 08/06/2018 2.733,59
Caxias do Sul - RS 02/07/2018 51.677,55
Cruz Alta - RS 21/05/2018 22.531,13
Erexim - RS 14/05/2018 22.755,79
Frederico Westphalen - RS 18/05/2018 16.323,05
Montenegro - RS 22/05/2018 25.664,76
Novo Hamburgo - RS 03/08/2018 58.739,07
Osório - RS 10/09/2018 13.788,00
Passo Fundo - RS 20/07/2018 38.984,22
Pelotas - RS 25/04/2019 8.904,79
Porto Alegre - RS 31/08/2018 44.675,20
Rio Grande - RS 28/05/2018 5.454,26
Santa Cruz do Sul - RS 08/06/0218 31.911,83
Santa Maria - RS 15/06/2018 21.723,32
Santo Ângelo - RS 06/07/2018 43.420,55
Uruguaiana - RS 14/11/2018 14.799,80
Vacaria - RS 05/07/2018 6.636,00
SUBTOTAL DA COLETA ------------>>> 436.544,27

MITRAS, ARQ (DIOCESES) REGIONAL SUL 4


Doador Data Pagamento Valor R$
Blumenau - SC 15/05/2018 45.269,02
Caçador - SC 04/05/2018 20.951,00
Chapecó - SC 18/06/2018 52.150,00
Criciúma - SC 18/06/2018 34.241,13
Florianópolis - SC 2105/2018 104.912,26
Joaçaba - SC 11/05/2018 14.195,33
Joinville - SC 20/07/2018 60.785,26
Lages - SC 31/07/2018 14.622,00
Rio do Sul - SC 18/06/2018 24.996,72

111
Tubarão - SC 20/11/2018 21.341,27
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SUBTOTAL DA COLETA ------------>>> 393.463,99

MITRAS, ARQ (DIOCESES) REGIONAL CENTRO-OESTE


Doador Data Pagamento Valor R$
Anápolis - GO 11/05/2018 31.383,50
Brasília - DF 23/08/2018 77.181,41
Formosa - GO 28/09/2018 4.896,16
Goiás - GO 18/06/2018 13.541,64
Goiânia - GO 28/06/2018 69.530,95
Ipameri - GO 08/06/2018 7.345,00
Itumbiara - GO 30/07/2018 8.868,82
Jataí - GO 23/05/2018 17.977,24
Luziânia - GO 09/07/2018 11.865,90
Ordinariado Militar do Brasil * *
Rubiataba-Mozarlândia - GO 09/04/2018 7.912,92
São Luís de Montes Belos - GO 23/04/2018 13.084,54
Uruaçu - GO 07/05/2018 18.431,05
SUBTOTAL DA COLETA ------------>>> 282.019,13

MITRAS, ARQ (DIOCESES) REGIONAL OESTE 1


Doador Data Pagamento Valor R$
Campo Grande - MS 19/07/2018 41.330,88
Corumbá - MS 24/04/2018 5.048,50
Coxim - MS 23/04/2018 8.285,06
Dourados - MS 18/06/2018 34.078,98
Jardim - MS 04/06/2018 6.078,96
Naviraí - MS 07/05/2018 16.392,34
Três Lagoas - MS 08/06/2018 12.028,04
SUBTOTAL DA COLETA ------------>>> 123.242,76

MITRAS, ARQ (DIOCESES) REGIONAL OESTE 2


Doador Data Pagamento Valor R$
Barra do Garças - MT 08/06/2018 9.415,34
Cuiabá - MT 24/04/2018 53.058,82
Diamantino - MT 30/05/2018 28.628,94
Juína - MT 03/07/2018 4.658,52
Primavera do Leste - Paranatinga - MT 29/05/2018 16.502,95

112
Rondonópolis - MT 15/06/2018 16.700,40
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São Félix - MT 26/04/2018 7.600,00


São Luiz de Cáceres - MT 15/06/2018 25.199,84
Sinop - MT 01/11/2018 36.558,19
SUBTOTAL DA COLETA ------------>>> 198.323,00

MITRAS, ARQ (DIOCESES) REGIONAL NOROESTE


Doador Data Pagamento Valor R$
Cruzeiro do Sul - AC 15/05/2018 4.556,36
Guajará-Mirim - RO 04/06/2018 7.736,00
Ji-Paraná - RO 18/07/2018 38.288,92
Porto Velho - RO 19/07/2018 29.801,31
Rio Branco - AC 03/08/2018 14.050,38
Humaitá - AM 15/05/2018 3.770,04
Lábrea - AM 16/05/2018 1.605,60
SUBTOTAL DA COLETA ------------>>> 99.808,61
TOTAL DA ARRECADAÇÃO DA COLETA ------------>>> 6.844.022,56

(Demonstrativo atualizado em 16/09/2019)


Informações: financeiro@cnbb.org.br

113
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INTRODUÇÃO
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O compromisso da Igreja no Brasil com a defesa incondicional


da vida suscitou, em diferentes momentos da história, experiências
de reflexão e práticas concretas para promover a justiça, os direitos
e a dignidade humana, inspirada no próprio Jesus Cristo, Aquele que
caminhou com os marginalizados, encorajou e estendeu a mão para os
caídos, enfrentou os poderosos do seu tempo para dizer que o amor
tudo supera, o amor é o que nos tornará “benditos do Pai”.
O tempo da Quaresma, no qual somos chamados à conversão
para viver, com alegria, a Páscoa do Senhor, é um caminho que pode
nos permitir encontrar com as motivações e compromissos primei-
ros da fé que professamos no Batismo. Para tal, a Campanha da Fra-
ternidade 2020, que tem como tema: “Fraternidade e Vida: Dom e
Compromisso”, convoca-nos a ver, sentir compaixão e cuidar da vida,
assim como fizera o Samaritano (Lc 10,25-37) com o homem ferido
na estrada quando descia de Jerusalém para Jericó. Ao fim da história,
seremos julgados pelo amor, pelas obras de misericórdia que fizemos
com os irmãos e irmãs que sofrem em uma vida subjugada, ameaçada,
destruída.
Todas as vidas importam, todas as vidas são obras do amor de
Deus. Por isso, este subsídio Fraternidade Viva apresenta três encon-
tros como possibilidade de aprofundar o tema da Campanha da Fra-
ternidade. O primeiro encontro é um olhar para a potência da vida que
se manifesta na criação. No segundo, somos convidados a contemplar
e inspirar nossas práticas a partir do Bom Samaritano, que abdica das
leis do seu tempo para manifestar aquilo que é importante aos olhos
de Deus: o amor e a misericórdia. No terceiro encontro, seremos guia-
dos pela leitura do Evangelista Mateus, que também nos fala sobre cui-
dado, compaixão e caridade para com a vida ameaçada dos irmãos e
irmãs que não têm direitos.

115
Desejamos que este caminho para a Páscoa do Senhor nos aju-
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de na conversão pessoal e comunitária, e que a esperança seja com-


panheira para vencer as trevas da injustiça, da violência e da opressão.
Como as mulheres que visitaram o túmulo e ficaram surpresas quando
não o encontraram, queremos também ver e anunciar que a morte não
vencerá. A vida triunfou!

Cáritas Brasileira

116
ORIENTAÇÕES PARA OS ENCONTROS
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Este subsídio foi elaborado com o propósito de oferecer às comu-


nidades, grupos e instituições mais uma possibilidade de aprofundar o
tema da Campanha da Fraternidade 2020: “Fraternidade e Vida: Dom
e Compromisso”, a partir do próprio Texto-Base e de outros materiais
que sustentam a temática.
Desejamos que o tema da Campanha da Fraternidade e o espírito
quaresmal que nos acompanham para a Páscoa do Senhor sejam moti-
vadores para o encontro fraterno entre irmãos e irmãs, pessoas que
desejam reafirmar o compromisso com a defesa da vida, inspirados no
Testemunho de Jesus Ressuscitado.
Para bem experimentar os conteúdos e a metodologia, é impor-
tante preparar os materiais e organizar o espaço para acolher as pes-
soas. No início de cada parte, estão presentes algumas sugestões, mas o
grupo poderá acrescentar outros elementos a partir de sua realidade.
Os encontros apresentam uma metodologia que pode ser viven-
ciada por grupos de diferentes realidades e gerações. A acolhida é a
partir de um refrão meditativo (que pode ser substituído por outro
que também tenha relação com o tema do encontro). O animador e
os leitores conduzem a maior parte do tempo, por isso é importante
envolver diferentes pessoas em cada encontro. O grande ápice está na
escuta e encontro com a Palavra, momento no qual o grupo pode-
rá refletir sobre o cuidado com a vida, iluminada pelas Escrituras. O
olhar para a memória e o testemunho de três mulheres que assumi-
ram a defesa da vida como causa maior de suas vidas nos ajudará no
caminho da conversão para celebrar a Páscoa como cristãos e cristãs
comprometidos com o cuidado, o amor e a justiça. E, por fim, o com-
promisso com a vida é o momento de olhar para as realidades mais
próximas do grupo e pensar concretamente a respeito de que práticas
podem ser assumidas para que a vida seja plena para todas as pessoas.

117
Para aprofundar as reflexões de cada momento de oração, ao final
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do subsídio se encontram indicações de textos, artigos e vídeos que


podem ser utilizados nos encontros, bem como em momentos poste-
riores de estudo pessoal e comunitário.

Bons encontros e boas reflexões!

118
1º ENCONTRO
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“Deus viu tudo quanto havia feito, e era


muito bom” (Gn 1,31)

Preparar o espaço: Bíblia, vela, Cartaz e Texto-Base da Campanha


da Fraternidade 2020, imagem da Irmã Dorothy Stang, vasilha com terra,
vasilha com água, frutos da terra, um globo terrestre, Encíclica Laudato Si’.

1. ACOLHIDA
Refrão meditativo: Deus vos salve Deus. / Deus vos salve Deus.
/ Deus salve a criação onde mora Deus, / Vos salve Deus.
Animador(a): Iniciamos nossa caminhada quaresmal em prepa-
ração para a Páscoa do Senhor. Ao longo desta jornada, somos convi-
dados e convidadas a revisar nossas práticas, rever os olhares e nosso
compromisso com a vida criada por Deus e oferecida a nós para ser
cuidada. “Fraternidade e Vida: Dom e Compromisso” é o tema da
Campanha da Fraternidade 2020. Com essas quatro potentes palavras,
queremos nos preparar individual e coletivamente para celebrar a vitó-
ria da vida sobre a morte, da luz sobre as trevas, a vitória do amor.
Canto: Hino da CF 2020 (p. 5)
Animador(a): Este primeiro encontro retoma a leitura do Livro
do Gênesis e o princípio de toda vida proclamada, criada e doada a
nós por Deus. Os céus, as águas e a terra, os animais, o dia e a noite, os
astros, as flores e os frutos. Tudo o que somos e temos, tudo que nos
cerca e permite nossa vida é dom de Deus. Todas as vidas, em todos os
tempos, devem ser nosso compromisso intransigente.

2. ESCUTA DA PALAVRA
Canto: Toda Palavra de Vida (Zé Vicente)
Toda palavra de vida é Palavra de Deus.
Toda ação de liberdade é a Divindade agindo entre nós.
É a Divindade agindo entre nós.

119
Boa-Nova em nossa vida, Jesus semeou /
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O Evangelho em nosso peito é prova de amor. (bis)


Todo grito por justiça que sobe do chão/
É clamor e profecia que Deus anuncia para a conversão.
Que Deus anuncia para a conversão./
Aleluia, aleluia! Bendita Palavra que faz libertar. (bis)
Leitura do Livro do Gênesis 1,1-31; 2,1-4 (ler na Bíblia.)
(Após leitura: momento de silêncio e meditação.)

3. ENCONTRO COM A PALAVRA


Leitor(a) 1: A leitura do texto de Gênesis narra o cuidado com
que Deus criou todas as coisas. O amor que ele dedicou durante toda
a criação. E sua confiança nas mulheres e homens, também criados por
Ele, para que Sua obra permanecesse “muito boa”.
Todos: Louvado sejas, meu Senhor, pela Mãe Terra!
Leitor(a) 2: O Papa Francisco, na Mensagem para o Dia Mundial
da Criação 2019, recorda que: “Desgraçadamente, a resposta humana
ao dom recebido foi marcada pelo pecado, pelo fechamento na própria
autonomia, pela avidez de possuir e explorar. Egoísmos e interesses
fizeram deste lugar de encontro e partilha, que é a criação, um palco de
rivalidades e confrontos”.1
Leitor(a) 1: Os estilos de vida que adotamos para atender às
nossas vaidades e necessidades dos sistemas de economia que matam
são danosos para os animais, as florestas e as águas; consequentemen-
te, a vida de nossos irmãos e irmãs também está ameaçada, porque
“tudo está interligado” – recorda a Encíclica Laudato Si’.
Leitor(a) 2: Não estamos nós, humanos, de um lado, e o meio
ambiente como restante da criação distante de nós. Somos parte,
interrelacionados, interconectados. O que destrói a Terra e os seus

1 FRANCISCO. Mensagem para o Dia Mundial de Cuidado com a Criação 2019.

120
recursos destrói também a nós. Essa é a perspectiva da Ecologia Inte-
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gral da qual nos fala o Papa Francisco. Ambiente, sociedade, cultura,


economia, política, espiritualidade são elementos que compõem o
grande dom da vida.
Todos: Tudo está interligado! Tudo está interligado!
Leitor(a) 1: Deus viu que toda a criação era boa. Em nossa
comunidade, na nossa região, quais são os sinais de que a “criação está
gemendo como que em dores de parto” (Rm 8,22), que sofre com
nossa falta de cuidado?
(Tempo para partilha do grupo.)
Canto: Cântico das Criaturas (Zé Vicente)
R. Onipotente e bom Senhor
A ti a honra, glória e louvor!
Todas as bênçãos de ti nos vêm
E todo o povo te diz: amém!
Louvado sejas nas criaturas
Primeiro o sol, lá nas alturas
Clareia o dia, grande esplendor
Radiante imagem de ti, Senhor
Louvado sejas pela irmã lua
No céu criaste, é obra tua
Pelas estrelas, claras e belas
Tu és a fonte do brilho delas
Louvado sejas pelo irmão vento
E pelas nuvens, o ar e o tempo
E pela chuva que cai no chão
Nos dá sustento, Deus da criação. R.
Louvado sejas, meu bom Senhor
Pela irmã água e seu valor
Preciosa e casta, humilde e boa
Se corre, um canto a ti entoa

121
Louvado sejas, ó, meu Senhor
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pelo irmão fogo e seu calor


Clareia a noite robusto e forte
Belo e alegre, bendita sorte
Sejas louvado pela irmã terra
Mãe que sustenta e nos governa
Todos os frutos, nos dá o pão
Com flores e ervas sorri o chão. R.
Louvado sejas, meu bom Senhor
Pelas pessoas que em teu amor
Perdoam e sofrem tribulação
Felicidade em ti encontrarão
Louvado sejas pela irmã morte
Que vem a todos, ao fraco e ao forte
Feliz aquele que te amar
A morte eterna não o matará
Bem aventurado quem guarda a paz
Pois o altíssimo o satisfaz
Vamos louvar e agradecer
Com humildade ao Senhor bendizer. R.

4. MEMÓRIA E TESTEMUNHO
Animador(a): Mulheres e homens de todas as partes do mun-
do estão comprometidos e comprometidas com o cuidado da criação.
São pessoas da cidade e do campo que, assumindo a vida como dom,
defendem e protegem a natureza, os territórios e seus povos.
Irmã Dorothy Stang – Mártir da Terra
Hoje fazemos memória de Irmã Dorothy Mae Stang, religio-
sa norte-americana naturalizada brasileira. Pertencia às Irmãs de
Nossa Senhora de Namur, congregação religiosa fundada em 1804
por Santa Julie Billiart (1751-1816) e Françoise Blin de Bourdon

122
(1756-1838). Essa congregação católica reúne mais de duas mil
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mulheres que realizam trabalhos pastorais nos cinco continentes.


Em 1966, iniciou seu ministério pastoral e social aqui no
Brasil, na cidade de Coroatá, no Estado do Maranhão. Irmã Doro-
thy estava presente na Amazônia desde a década de 70 junto aos
trabalhadores rurais da Região do Xingu. Sua atividade pastoral e
missionária buscava a geração de emprego e renda com projetos
de reflorestamento em áreas degradadas, junto aos trabalhadores
rurais da área da rodovia Transamazônica.
Seu trabalho focava-se também na minimização dos conflitos
fundiários na região. Atuou ativamente nos movimentos sociais no
Pará. Participava da Comissão Pastoral da Terra (CPT) da Confe-
rência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) desde a sua fundação
e acompanhou com determinação e solidariedade à vida e a luta dos
trabalhadores do campo. Defensora de uma reforma agrária justa
e consequente, Irmã Dorothy mantinha intensa agenda de diálogo
com lideranças camponesas, políticas e religiosas, na busca de solu-
ções duradouras para os conflitos relacionados à posse e à explora-
ção da terra na Região Amazônica. 
A sua participação em projetos de desenvolvimento sustentá-
vel ultrapassou as fronteiras da pequena Vila de Sucupira, no muni-
cípio de Anapu, no Estado do Pará, a 500 quilômetros de Belém do
Pará, ganhando reconhecimento nacional e internacional.
Irmã Dorothy recebeu diversas ameaças de morte, sem se dei-
xar intimidar. Pouco antes de ser assassinada, declarou: “Não vou
fugir e nem abandonar a luta desses agricultores que estão despro-
tegidos no meio da floresta. Eles têm o sagrado direito a uma vida
melhor numa terra onde possam viver e produzir com dignidade
sem devastar”.
Foi assassinada com seis tiros, um na cabeça e cinco ao redor
do corpo, aos 73 anos de idade, no dia 12 de fevereiro de 2005, às
sete horas e trinta minutos da manhã, em uma estrada de terra de
difícil acesso, a 53 quilômetros da sede do município de Anapu, no
Estado do Pará.

123
Segundo uma testemunha, antes de receber os disparos que
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lhe ceifaram a vida, ao ser indagada se estava armada, Irmã Dorothy


afirmou: “eis a minha arma!”, mostrando a Bíblia. Leu ainda alguns
trechos deste Livro para aquele que logo em seguida lhe balearia.2

5. COMPROMISSO COM A VIDA


Leitor(a) 1: O primeiro gesto que podemos assumir para cuidar
da criação é com os nossos olhos. Sim. Olhar, contemplar e agradecer
pela criação que nos cerca. Quantas vezes paramos para observar tudo
que Deus criou e está ao nosso redor? Desde nosso corpo que respira,
que toca o chão, até o alimento que comemos, que vem da terra, pro-
duzido por outras mãos e regado com a água dos rios. Este será nosso
primeiro compromisso: olhar, contemplar e agradecer. Se possível,
anote, a cada dia, quais as novidades descobertas nessa observação.
Leitor(a) 2: O segundo gesto deve ser um compromisso com a
nossa comunidade, município, região. Quais obras da criação perce-
bemos que precisam de cuidado? Conseguimos realizar algo sozinhos
ou necessitamos dialogar com outros? Recordando a Campanha da
Fraternidade 2019 sobre Políticas Públicas, será que podemos fazer
algum movimento com os governos, secretarias ou conselhos de
nosso município a fim de promover o cuidado com a vida que está
ameaçada?
(Tempo para diálogo.)
Oração da CF 2020 (p. 4)

2 Texto  elaborado por Tonny, da Irmandade dos Mártires da Caminhada. Disponível em:
<http://irmandadedosmartires.blogspot.com/2017/02/galeria-dos-martires-irma-dorothy-
-stang.html>.

124
2º ENCONTRO
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“Viu, sentiu compaixão e cuidou”


(Lc 10,33-34)

Preparar o espaço: Bíblia, vela, Cartaz e Texto-Base da Campa-


nha da Fraternidade 2020, imagem de Santa Dulce dos Pobres, foto-
grafia do Papa Francisco.

1. ACOLHIDA
Refrão meditativo: Não nos cansemos de fazer o bem. / Não
nos cansemos de fazer o bem.
Animador(a): Sejam bem-vindas e bem-vindos a este segundo
encontro do nosso caminho em preparação para a Páscoa do Senhor.
Se aproxima a festa maior de nossa Fé Cristã, que nos recorda a potên-
cia da vida manifestada na certeza da Ressureição. Neste ano, a Cam-
panha da Fraternidade é um chamado a olhar para a vida como dom e
compromisso. Parece que ao longo dos últimos tempos, o projeto de
vida plena, como desejara o próprio Jesus ( Jo 10,10) perdeu-se em
meio às migalhas, ao que sobra, àquilo que dá para fazer para continu-
ar vivendo. Como cristãos, nosso compromisso deve ser o de gestar
uma sociedade na qual todas as pessoas e toda a criação tenham vida.
Canto: Hino da CF 2020 (p. 5)
Animador(a): A leitura que nos provoca é a do Bom Samarita-
no. O Evangelista Lucas narra o encontro: indiferença de alguns e a
compaixão de outro. E no cuidado com a vida ameaçada, o amor se faz
compromisso, cumprindo o mandamento de Deus.

2. ESCUTA DA PALAVRA
Canto:
Louvor e glória a ti Senhor / Cristo Palavra / Palavra de Deus!
Oxalá ouvísseis hoje sua voz / Não fecheis os vossos corações.

125
Leitura do Evangelho segundo Lucas 10,25-37 (ler na Bíblia)
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(Após leitura: silêncio e meditação.)

3. ENCONTRO COM A PALAVRA


Leitor(a) 1: A parábola do Bom Samaritano é a grande inspira-
ção para a Campanha da Fraternidade deste ano. Ela suscita em nós
sentimentos e gestos tantas vezes adormecidos, mas que podem ser
ressignificados diante do sofrimento dos irmãos e irmãs.
Leitor(a) 2: Compaixão, bondade, solidariedade, proximidade,
atenção, cuidado. E o gesto-compromisso mais importante da vida
cristã: o amor, a misericórdia. O Sacerdote e o Levita passaram e viram
o homem caído, espancado, maltratado em seu corpo. Não se deixa-
ram afetar. Seguiram indiferentes. O Samaritano, no entanto, aquele
que ninguém esperava que fosse bondoso, foi o irmão que viu, sentiu
compaixão e cuidou.
Leitor(a) 1: Para ver, é preciso se aproximar dos que estão feri-
dos. Padre Adroaldo Palaoro recorda que “se alguém não se aproxima
não pode ver, e a originalidade e qualidade desta visão é o despertador
da própria consciência e é aquela que dá passagem à ação solidária. O
samaritano também conhecia as leis sobre a impureza legal, mas optou
pelo mandamento do amor”.3
Todos: Solidariedade: a força do amor que nos compromete
com a vida.
Leitor(a) 2: Para aliviar as dores dos que sofrem é preciso cora-
gem. Por isso, o Papa Francisco insiste na Cultura do Encontro como
caminho para viver plenamente o mandamento do amor. Estar aber-
to para conhecer, compreender e aprender com a vida daqueles que
são diferentes de nós, de outras culturas, de outros credos, com outras
opiniões.

3 PALAORO, Adroaldo. Solidariedade: o amor como êxodo solidário. Disponível em: < http://
www.ihu.unisinos.br/42-noticias/comentario-do-evangelho/590676-solidariedade-o-amor-
-como-exodo-solidario>.

126
Leitor(a) 1: Jesus desconcerta, desconstrói o que os sacerdotes
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e doutores da lei pregavam como verdade absoluta. O próximo, disse


Jesus através da parábola, não é aquele que comunga com todas as nos-
sas percepções, que está “limpo”.
Leitor(a) 2: O próximo não está nas leis, não está nos tronos. O
amor nos espera naqueles lugares e nas vidas onde muitos não querem
estar: entre os excluídos e excluídas, entre os descartados e descarta-
das, os últimos para os quais a vida é frequentemente negada.
Leitor(a) 1: Olhando para o nosso cotidiano, como reagimos
diante dos corpos e das vidas que encontramos caídas pelo caminho?
Nos deixamos afetar, praticamos a compaixão e o cuidado ou simples-
mente seguimos insensíveis pelo caminho?
(Tempo para reflexões e diálogos.)
Canto: Seu nome é Jesus Cristo (Pe. André Luna)
Seu nome é Jesus Cristo e passa fome / E grita pela boca dos famin-
tos / E a gente quando vê passa adiante / Às vezes pra chegar depres-
sa à igreja.
Seu nome é Jesus Cristo e está sem casa / E dorme pelas beiras das
calçadas / E a gente quando vê aperta o passo / E diz que ele dormiu
embriagado.
R. Entre nós está e não o conhecemos. / Entre nós está e nós o
desprezamos.
Seu nome é Jesus Cristo e é analfabeto / E vive mendigando um
subemprego / E a gente quando vê, diz: “é um à toa / Melhor que
trabalhasse e não pedisse”.
Seu nome é Jesus Cristo e está banido / Das rodas sociais e das igre-
jas / Porque dele fizeram um Rei potente / Enquanto Ele vive como
um pobre. R.
Seu nome é Jesus Cristo e está doente / E vive atrás das grades da
cadeia / E nós tão raramente vamos vê-lo / Dizemos que ele é um
marginal.

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Seu nome é Jesus Cristo e anda sedento / Por um mundo de Amor e
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de Justiça / Mas logo que contesta pela Paz / A ordem o obriga a ser
de guerra. R.
Seu nome é Jesus Cristo e é difamado / E vive nos imundos meretrí-
cios / Mas muitos o expulsam da cidade / Com medo de estender a
mão a ele.
Seu nome é Jesus Cristo e é todo homem / E vive neste mundo ou
quer viver / Pois pra Ele não existem mais fronteiras / Só quer fazer
de todos nós irmãos. R.

4. MEMÓRIA E TESTEMUNHO
Leitor(a) 2: Em outubro de 2019, o Papa Francisco elevou às
honras dos altares a primeira Santa brasileira. Santa Dulce dos Pobres
é um testemunho de compromisso com a vida, de solidariedade e cui-
dado com os pobres.
Santa Dulce dos Pobres: uma samaritana compromissada
com a vida
No dia 26 de maio de 1914, nascia em Salvador, Bahia, Maria
Rita de Souza Brito Lopes Pontes (1914-1992), missionária do
amor, conhecida por todos como Irmã Dulce; nome que traz em
homenagem à sua mãe, mas que, ao mesmo tempo, carrega a essên-
cia de sua alma, a doçura em seu coração que ardentemente deseja-
va servir a Deus através do próximo.
Aos 13 anos, graças a seu destemor e senso de justiça, traços
marcantes revelados quando ainda era muito novinha, Irmã Dul-
ce passou a acolher mendigos e doentes em sua casa, transfor-
mando a residência da família num centro de atendimento. A casa
ficou conhecida como “A Portaria de São Francisco”, tal o núme-
ro de carentes que se aglomeravam à sua porta. Também é nessa
época que ela manifesta, pela primeira vez, após visitar, com uma
tia, áreas onde habitavam pessoas pobres, o desejo de se dedi-
car à vida religiosa. Tendo iniciado sua caminhada junto as Irmãs

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Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, na cidade de
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São Cristóvão, em Sergipe, depois da profissão religiosa, ela retor-


nou para Salvador onde se viu imersa em uma realidade de misé-
ria e pobreza sobre a qual escreveria tempos depois: “As lágrimas
enchiam meus olhos... O meu coração estava invadido pela dor em
ver tanta miséria ao meu redor”.
Foi assim que, caminhando ao lado dos excluídos na região
de Alagados, pelas ruas e vielas, pelas favelas e palafitas da cidade
de Salvador, a presença de Santa Dulce ao lado dos abandonados à
margem do sistema que exclui e flagela o seu povo, é sinal de uma
vida inteiramente doada ao próximo, tal qual o bom samaritano des-
crito no Evangelho. Indo ao encontro daqueles que necessitavam de
sua ajuda, em pouco tempo Santa Dulce conseguiu autorização de
sua superiora para trabalhar com aqueles a quem tanto chamava seu
coração, tornando-se, assim, verdadeira samaritana em seu meio,
presença e imagem de Cristo que cuida e conforta a todos aqueles
que se encontram em estado de miséria e sofrimento. Santa Dulce
cuidou das famílias de operários e desempregados.
Tal cuidado logo se estendeu a todos aqueles que pediam sua
ajuda. Em uma pequena casa abandonada, construiu um consultó-
rio para cuidar daqueles que passavam por grandes enfermidades e
não tinham ninguém para os socorrer, lembrando, assim, do Evan-
gelho de Lucas: “viu, sentiu compaixão e cuidou dele” (10,33-34).
Por estar em uma casa considerada invadida, logo foi expulsa de
lá com seus doentes e, assim, ficou peregrinando por dez anos em
diversos locais de Salvador. Nesse tempo, Deus a inspira a levar
seus doentes ao Convento Santo Antônio, lugar de habitação das
religiosas de sua congregação e, com autorização de sua superiora,
instalou-os no galinheiro, que, em pouco tempo, se tornaria um dos
maiores hospitais públicos do Brasil.
Assim, Santa Dulce dedicava-se, cada dia, à sua missão e, mes-
mo em estado de saúde precário, por causa de um problema pul-
monar, não conseguia ficar longe dos pobres, aqueles a quem se via
incumbida por Deus de cuidar, seus “filhos”, a quem ela configurava

129
a sua vida por amor. E, aos poucos, foram nascendo as Obras Sociais
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Irmã Dulce (OSID), nas quais nosso Anjo Bom da Bahia dedicou
sua vida a todos aqueles que eram marginalizados e necessitavam
de cuidados, obras que, segundo nossa querida Santa brasileira, não
eram suas, mas de Deus.4
Todos: Santa Dulce dos Pobres, inspirai em nós compromis-
so com a defesa e a promoção da vida!

5. COMPROMISSO COM A VIDA


Leitor(a) 1: O samaritano viu, teve compaixão e cuidou. Nas
feridas daquele que estava machucado, passou vinho e azeite e o levou
para uma hospedaria para que os cuidados ali continuassem. Quem
são os caídos das ruas e praças de nossas comunidades? O que pode-
mos fazer durante os próximos dias para cuidar de suas feridas?
Leitor(a) 2: O compromisso com a vida não pode ser apenas
através de gestos emergenciais e assistencialistas. Diante da dor e do
sofrimento, eles são inadiáveis, mas é preciso dar passos para que o
cuidado continue e a vida seja, enfim, dom e direito para todas as pes-
soas. Quais parcerias podemos fazer para promover iniciativas de cui-
dado permanente com a vida daqueles e daquelas que estão sofrendo
em nossa comunidade?
Oração da CF 2020 (p. 4)

4 PASSARELLI, Gaetano. Irmã Dulce: o anjo bom da Bahia. 3. ed. São Paulo: Paulinas, 2012.

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3º ENCONTRO
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“Todas as vezes que fizestes isso a um


destes mínimos que são meus irmãos,
foi a mim que o fizestes!” (Mt 25,40)

Preparar o espaço: Bíblia, vela, Cartaz e Texto-Base da Campa-


nha da Fraternidade 2020, imagem da Doutora Zilda Arns, fotografias
de crianças em situação de rua, migrantes, mulheres marginalizadas,
comunidades tradicionais e outras realidades de violação de direitos.

1. ACOLHIDA
Refrão meditativo: Tudo por causa de um grande amor. / Tudo
por causa de um grande amor. / Tudo, tudo, por causa de um grande
amor. / Por causa de um grande amor.
Animador(a): A Quaresma é um tempo propício para voltar a
Jesus e às suas causas. Deixar que nossos corpos, sentimentos e ges-
tos sejam afetados pelo modo de servir ao próximo com amor, com-
paixão e justiça. No primeiro encontro, contemplamos a criação de
Deus: toda a potência da vida e a esperança de que mulheres e homens
sejam sempre seus cuidadores. No segundo encontro, refletimos sobre
a misericórdia para com a vida ameaçada e ferida, o encontro com os
irmãos e irmãs que são destituídos na sua dignidade. Hoje, seguiremos
no caminho do cuidado, da compaixão, da acolhida e do serviço.
Canto: Hino da CF 2020 (p. 5)
Animador(a): Ao aproximarmos da Páscoa do Senhor, quere-
mos olhar para as nossas práticas cotidianas na relação com a criação,
em especial com os nossos irmãos e irmãs. Assumir o testemunho do
Cristo Ressuscitado é abandonar práticas hipócritas e deixar de se
esconder atrás de palavras bem pronunciadas. É preciso que nossa con-
versão quaresmal e a alegria da Ressureição tomem lugar em gestos de
cuidado com aqueles que têm fome, sede, que estão encarcerados, no

131
leito dos hospitais, vivendo nas ruas, sem-terra, sem trabalho, migran-
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tes, crianças e jovens, mulheres marginalizadas.

2. ESCUTA DA PALAVRA
Canto:
Eu vim para escutar: / Tua palavra, Tua palavra, Tua palavra de amor.
/ O mundo ainda vai viver / Tua palavra, Tua palavra, Tua palavra de
amor.
Leitura do Evangelho segundo Mateus 25,31-46 (ler na Bíblia)
(Após leitura: silêncio e meditação.)

3. ENCONTRO COM A PALAVRA


Leitor(a) 1: No fim, seremos julgados não pelo cumprimento
de preceitos religiosos ou políticos, mas pelo amor transformado em
gestos concretos, em obras de misericórdia. No fim, seremos chama-
dos filhos e filhas de Deus se a compaixão penetrar em nossas entra-
nhas, não como os que sentem pena, mas como aqueles e aquelas que,
impulsionados pelo amor, aliviam as dores e promovem a vida plena.
Leitor(a) 2: Os que serão chamados “benditos do Pai” oferecem
ajuda cotidiana para o que têm fome, sede, os que estão nus e encarce-
rados, os que são migrantes, os que são violentados em sua dignidade.
É preciso olhar sem pressa e cuidar com amor da carne machucada de
Cristo na carne dos irmãos que sofrem. “Em cada pessoa que sofre,
Jesus sai ao nosso encontro, olha-nos, interroga-nos e interpela-nos.
Nada nos aproxima mais dele que aprender a olhar demoradamente o
rosto dos que sofrem com compaixão”.5
Leitor(a) 1: Queremos contemplar algumas realidades da socie-
dade, para, a partir delas e da força que nos impulsiona a partir da Pás-
coa, comprometer-nos para a promoção da caridade libertadora que
cuida e acompanha os que têm a vida ferida.

5 PAGOLA, José Antônio. Grupos de Jesus. O decisivo. Disponível em: < https://www.grupos-
dejesus.com/jesus-cristo-rei-do-universo-mateus-2531-46/>.

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(Se possível, as informações apresentadas abaixo podem ser colo-
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cadas em cartazes ou tarjetas para que todas as pessoas visualizem as


realidades.)
Crianças e adolescentes órfãs
“Não podemos deixar de citar também a realidade de milhares
de crianças órfãs que perderam suas famílias, sobretudo em tempos de
forte violência e migração forçada. São crianças que ficam invisíveis na
sociedade do espetáculo e do consumo” (CF 2020: Texto-Base, n. 35).6
Desemprego
“Outro cenário que agride a vida humana é o desemprego. No pri-
meiro trimestre de 2019 a taxa de desemprego atingiu 12,7% da popu-
lação. Segundo o IBGE: ‘a população desocupada (13,4 milhões) cres-
ceu 10,2% (mais 1,2 milhões de pessoas) frente ao trimestre de outubro
a dezembro de 2018 (12,2 milhões)’” (CF 2020: Texto-Base, n. 36).
Saúde mental
“O Brasil já é considerado o país mais ansioso e estressado da
América Latina. Nos últimos dez anos o número de pessoas com
depressão aumentou 18,4%, isso corresponde a 322 milhões de indi-
víduos, ou 4,4% da população da Terra. No Brasil, 5,8% dos habitan-
tes sofrem com o problema. Em relação à ansiedade, o Brasil também
lidera, com 9,3% da população. Esse problema engloba efeitos como
fobia, transtorno obsessivo-compulsivo, estresse pós-traumático, ata-
ques e síndrome de pânico” (CF 2020: Texto-Base, n. 37).
Fome
De acordo com estudos da Organização das Nações Unidas para
Alimentação e Agricultura (FAO), cerca de cinco milhões de pessoas
ainda passam fome no Brasil. Apesar dos avanços nos últimos anos
em relação às políticas de combate à fome, esse número ainda perma-
nece alto. Além disso, apesar da escassez alimentar para uma parcela
da população brasileira, outros estão se alimentando mal com dietas a

6 CNBB. Campanha da Fraternidade 2020: Texto-Base. Brasília: Edições 2020.

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base de açúcares e gordura, o que tem aumentado o número de brasi-
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leiros obesos, sobretudo entre os adolescentes e jovens.7


Violência contra as mulheres
“Uma triste ameaça à vida é o aumento do feminicídio. Em 2017,
a cada dez feminicídios, registrados em 23 países, quatro ocorreram
no Brasil. “Naquele ano, pelo menos 2.795 mulheres foram assassina-
das, das quais 1.133 no Brasil. Já o Atlas da Violência 2018, publicado
pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum
Brasileiro de Segurança Pública, apontou uma possível relação entre
machismo e racismo: a taxa de assassinatos de mulheres negras cres-
ceu 15,4% na década encerrada em 2016. Ao todo, a média nacional,
no período, foi de 4,5 assassinatos a cada 100 mil mulheres, sendo que
a de mulheres negras foi de 5,3 e a de mulheres não negras foi de 3,1”
(CF 2020: Texto-Base, n. 44).
Migrações
Irmãos e irmãs migrantes são hoje cerca de 272 milhões de pes-
soas, de acordo com dados divulgados pela Organização das Nações
Unidas (ONU)8 em 2019. São diversas as causas que obrigam muitas
pessoas a deixar seus territórios de origem, mas são decisivas as ques-
tões políticas, religiosas e ambientais que tornam impossível a vida
nos países de origem. O Brasil recebe atualmente grande número de
migrantes de países em situação de conflitos políticos, especialmente
do Oriente Médio e da Venezuela.
Conflitos por terra e água
“Conflitos que envolvem terra, água, trabalho, garimpo e violên-
cias contra a pessoa como assassinatos, ameaças, agressões, prisões
etc. Tais conflitos aumentaram em 4% em relação a 2017, passando de
1.431 para 1.489. (...) Em 2018, em 73,5% dos casos de conflito de terra
e água em todo o Brasil predominaram as populações tradicionais. Os

7 Disponível em: < https://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/07/apesar-de-menor-fome-


-ainda-afeta-o-brasil-aponta-orgao-da-onu.shtml>.
8 Disponível em: < https://nacoesunidas.org/estudo-da-onu-aponta-aumento-da-populacao-
-de-migrantes-internacionais/>.

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conflitos trabalhistas também aumentaram, sobretudo as ocorrências
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de trabalho escravo: de 66 casos, envolvendo 530 pessoas, em 2017,


para 86, envolvendo 1.465 pessoas, em 2018. Neste mesmo ano 13.532
famílias foram expulsas de suas moradias através de ordens de despe-
jo, dando a entender que, com este ato, estariam sendo removidos os
entraves para o desenvolvimento” (CF 2020: Texto-Base, n. 45; 47).
Leitor(a) 2: Quem são os que têm fome, sede, os que estão
presos, os migrantes, sem-teto e sem-terra, os que precisam de nosso
amor? Vamos olhar concretamente para o nosso bairro, nossa cidade,
região? Onde estão aqueles que precisam do nosso compromisso?

4. MEMÓRIA E TESTEMUNHO
Zilda Arns – misericórdia, cuidado e compromisso
Doutora Zilda Arns Neumann foi médica pediatra e sanitaris-
ta, fundadora e coordenadora internacional da Pastoral da Criança,
fundadora e coordenadora nacional da Pastoral da Pessoa Idosa –
organismos de ação social da Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil (CNBB). Dra. Zilda Arns também foi representante titular
da CNBB, do Conselho Nacional de Saúde e membro do Conselho
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES).
Nascida em Forquilhinha (SC), residia em Curitiba (PR), mãe
de cinco filhos e avó de dez netos. Escolheu a medicina como mis-
são e enveredou pelos caminhos da saúde pública. Sua prática diária
como médica pediatra do Hospital de Crianças Cezar Pernetta, em
Curitiba (PR), e posteriormente como diretora de Saúde Materno-
-Infantil, da Secretaria de Saúde do Estado do Paraná, teve como
suporte teórico diversas especializações como Saúde Pública, pela
Universidade de São Paulo (USP) e Administração de Programas
de Saúde Materno-Infantil, pela Organização Pan-Americana de
Saúde (OPAS/OMS). Sua experiência fez com que, em 1980, fosse
convidada a coordenar a campanha de vacinação Sabin para com-
bater a primeira epidemia de poliomielite, que começou em União
da Vitória (PR), criando um método próprio, depois adotado pelo
Ministério da Saúde.

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Em 1983, a pedido da CNBB, a Dra. Zilda Arns criou a Pasto-
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ral da Criança juntamente com Dom Geraldo Magela Agnello, Car-


deal Arcebispo Primaz de São Salvador da Bahia, que na época era
Arcebispo de Londrina. Foi então que desenvolveu a metodologia
comunitária de multiplicação do conhecimento e da solidariedade
entre as famílias mais pobres, baseando-se no milagre da multipli-
cação dos dois peixes e cinco pães que saciaram cinco mil pessoas,
como narra o Evangelho de São João ( Jo 6,1-15). A educação das
mães por líderes comunitários capacitados revelou-se a melhor for-
ma de combater a maior parte das doenças facilmente preveníveis e
a marginalidade das crianças. 
Após 30 anos, a Pastoral acompanha mais de um milhão de
crianças menores de seis anos, 60 mil gestantes e 860 mil famílias
pobres, em 3.665 municípios brasileiros. Seus mais de 175 mil
voluntários levam fé e vida, em forma de solidariedade e conheci-
mentos sobre saúde, nutrição, educação e cidadania para as comu-
nidades mais pobres.
Em 2004, a Dra. Zilda Arns recebeu da CNBB outra missão
semelhante: fundar, organizar e coordenar a Pastoral da Pessoa Ido-
sa. Mais de 163 mil idosos são acompanhados todos os meses por
aproximadamente 19 mil voluntários.
Dra. Zilda Arns Neumann recebeu o título de Cidadã Honorá-
ria de 11 estados e 37 municípios brasileiros, 19 prêmios (nacionais
e internacionais) e dezenas de homenagens de governos, empresas,
universidades e outras instituições, pelo trabalho realizado na Pas-
toral da Criança.9
Faleceu no dia 12 de janeiro de 2010, no terremoto que atin-
giu a cidade de Porto Príncipe, Haiti. Estava em missão de trabalho,
espalhando a metodologia da Pastoral da Criança naquele sofrido
país do Caribe. Morreu junto com os pobres, promovendo e defen-
dendo a dignidade humana.

9 Biografia disponível no site da Pastoral da Criança: <https://www.pastoraldacrianca.org.br/


biografia-dra-zilda>.

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5. COMPROMISSO COM A VIDA
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Leitor(a) 1: Conversão para o amor, conversão para a com-


paixão. Esse é o chamado para vivermos o tempo quaresmal. Nosso
caminho de reflexão durante os três encontros suscitou em nós quais
compromissos? Que conversão podemos dizer, pessoal e comunita-
riamente, que experimentamos nesta Quaresma?
Leitor(a) 2: Dar de comer, dar de beber, vestir os que não têm
roupa, acolher os migrantes, visitar os presos e doentes são gestos
urgentes que manifestam a conversão para o compromisso com o Rei-
no de Deus e com o seguimento de Jesus Ressuscitado. Porém, esses
gestos não podem ser simplesmente um assistencialismo, como aque-
les que agem com pena. É preciso dar de comer, mas é preciso ques-
tionar e lutar para que todas as pessoas tenham pão em suas mesas.
É preciso acolher os migrantes em casa, mas é preciso acompanhar
as políticas públicas sobre migração e refúgio e não permitir ações de
xenofobia contra aqueles que migram. É preciso cuidar das mulheres,
crianças, idosos e tantos outros violentados, mas nosso compromisso
deve ser que o direito e a justiça nos libertem de todas as formas de
opressão.
(Tempo para diálogo.)
Oração da CF 2020 (p. 4)

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SUGESTÕES PARA APROFUNDAR
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OS ENCONTROS

1º ENCONTRO
Textos e artigos:
FRANCISCO. Mensagem para o Dia Mundial de Oração pelo Cuida-
do da Criação 2019. Disponível em: <http://w2.vatican.
va/content/francesco/pt/messages/pont-messages/2019/
documents/papa-francesco_20190901_messaggio-giorna-
ta-cura-creato.html>.
BARROS, Marcelo. Dia de Oração e Cuidado com a Cria-
ção. Disponível em: <https://cebi.org.br/reflexoes/
dia-de-oracao-e-cuidado-com-a-criacao/>.
REDE ECLESIAL PAN-AMAZÔNICA – REPAM BRASIL. Revis-
ta de Ecoteologia. Disponível em: <http://repam.org.
br/?page_id=1385>.
Vídeos:
CÁRITAS BRASILEIRA . Papa Francisco: uma família humana cuidan-
do da criação. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=I4IIcgFi1dg>.
CÁRITAS BRASILEIRA – REPAM BRASIL. Laudato Si: sobre o cui-
dado da Casa Comum. Disponível em: <https://www.you-
tube.com/watch?v=zuuOt4Q5QqA>.
MATARAM IRMÃ DOROTHY. Documentário. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=bg7HJa3NE8g>.

138
2º ENCONTRO
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Textos e artigos:
FRANCISCO. Por uma cultura do encontro. Disponível em: <http://
w2.vatican.va/content/francesco/pt/cotidie/2016/docu-
ments/papa-francesco-cotidie_20160913_cultura-do-
-encontro.html>.
PESSINI, Padre Leo. Qual antropologia como fundamento da defesa da
vida?. Disponível em: <https://www.vidapastoral.com.br/
artigos/bioetica/qual-antropologia-como-fundamento-da-
-defesa-da-vida/>.
BIANCHI, Enzo. A comunidade ferida precisa de misericórdia. Dis-
ponível em: <http://www.imissio.net/v2/jubileu-da-
-misericordia/a-humanidade-ferida-precisa-da-miseridor-
dia-enzo-bianchi:3002/>.
RONCHI, Ermes. O Bom Samaritano: a misericórdia começa por ver,
parar e tocar. Disponível em: <https://www.snpcultura.
org/o_bom_samaritano_a_misericordia_comeca_por_
ver_parar_tocar.html>.
NEIVALDO DE SOUZA, José. Solidariedade em tem-
pos de indiferença. Disponível em: <http://amerin-
diaenlared .org/contenido/11533/solidar iedade
-em-tempos-de-indiferenca/>.
Vídeos:
FRANCISCO. Globalização da indiferença. Disponível em: <https://
www.youtube.com/watch?v=f591ErfzKpY>.
REDE APARECIDA DE COMUNICAÇÃO. Irmã Dulce. Docu-
mentário. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=YknM7VvB8Bg>.

139
3º ENCONTRO
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Textos e artigos:
CASAROTTI, Ana Maria. Seremos julgados pelo amor. Disponível em:
<http://www.ihu.unisinos.br/42-noticias/comentario-do-
-evangelho/574005-seremos-julgados-pelo-amor>.
MESTERS, Carlos; OROFINO, Francisco. Quem está aí sou eu. Entre
nós está e não o conhecemos. Disponível em: <https://cebi.
org.br/noticias/mateus-2531-46-quem-esta-ai-sou-eu-
-entre-nos-esta-e-nao-o-conhecemos-mesters-lopes-e-oro-
fino-2/>.
Vídeos:
CÁRITAS BRASILEIRA . Campanha Compartilhe a Viagem. Disponível
em: https://www.youtube.com/watch?v=OeaJxvMAtBU.
INSTITUTO TRATA BRASIL. Depoimento Dra. Zilda Arns. Disponível
em: https://www.youtube.com/watch?v=6ahujqkCWVk.

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Orientações gerais
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Cada comunidade tem seu ambiente próprio, onde certos proble-


mas sociais estão mais presentes. Diante disso, podem ser feitas muitas
adaptações nas tarefas propostas e no modo de abordar o tema. Suge-
rimos alguns cantos, mas podem ser usados outros que sejam mais
conhecidos em cada grupo. Os tipos de ajuda ao próximo que serão
sugeridos também podem ser substituídos por outros que combinem
mais com o ambiente e as possibilidades das crianças e dos adolescen-
tes de cada comunidade.

142
1º ENCONTRO: Apresentação geral da
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Campanha e do tema

Preparação do local: expor o material da Campanha, colocar a


Bíblia em lugar de destaque; preparar pequenas faixas com as palavras
e expressões: bondade, violência, amizade, ajuda a quem precisa, ego-
ísmo, solidariedade, amor ao próximo, sabedoria, saber perdoar, indi-
ferença e defesa dos direitos humanos.
Preparar um caderninho com as letras das músicas que serão can-
tadas em todos os encontros.

Canto Inicial
(Enquanto cantam, colocar a Bíblia em destaque)
A Bíblia é a Palavra de Deus semeada no meio do povo/ Que cresceu,
cresceu e nos transformou/ Ensinando-nos viver num mundo novo.
Deus é bom, nos ensina a viver, nos revela o caminho a seguir:/ Só
no amor partilhando seus dons, sua presença iremos sentir./ Somos
povo, o povo de Deus e formamos o Reino de irmãos.
E a Palavra que é viva nos guia e alimenta a nossa união.
(Fr. Fabreti)

O que é uma Campanha da Fraternidade?


Estamos no tempo especial da Quaresma. São 40 dias de prepa-
ração para a Semana Santa, que é quando vamos celebrar os fatos mais
importantes da história da nossa fé: a Santa Ceia, a paixão, a morte e a
ressurreição de Jesus. A Campanha da Fraternidade é uma das partes
dessa preparação. Isso se faz todos os anos refletindo sobre um tema
que nos mostre como precisamos fazer a vontade de Deus e viver a
mensagem de Jesus diante do que acontece em nossa vida. A fraterni-
dade é nosso jeito de viver o amor ao próximo, importando-nos uns

143
com os outros como irmãos que se respeitam e se querem bem, já que
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Deus é o Pai de todos. Afinal, não adianta saber o que Jesus ensinou,
os exemplos que nos deixou e as mensagens da Bíblia se não vivemos
de fato como filhos de Deus e irmãos que sabem se ajudar. Este ano,
o tema da Campanha é “Fraternidade e Vida: Dom e Compromisso”.
(Mostrar e comentar o cartaz da Campanha.)

O significado do tema
(Deve ser trabalhado em diálogo com os catequizandos.)
Fraternidade é sabermos viver como irmãos que se amam, se res-
peitam e se ajudam. Jesus ensinou que isso é o modo mais importan-
te de agradar a Deus. Que Pai não gostaria de ver que seus filhos se
amam, partilham coisas boas e cuidam bem uns dos outros? A palavra
vida nesse tema não se refere só a estar vivo, respirando. É a vida como
ela deveria ser, com direitos respeitados, em um planeta bem cuidado,
sem gente sendo maltratada ou tratada como se não existisse. Por que
essas ideias de fraternidade e vida são importantes?
Dom é todo presente que recebemos de Deus, por exemplo: nos-
sa vida, nossos companheiros, nossos talentos, nosso país. Somos obra
de um artista que faz tudo com amor e quer nos ver fazendo coisas
muito boas. Ele deseja que o mundo fique melhor porque nós exis-
timos. Podemos pensar no que deveria ser desenvolvido para todos
viverem melhor. Vamos escolher uma faixa que tenha uma qualidade
importante a ser desenvolvida para que isso aconteça.
(Colocar as faixas no chão e deixar que cada catequizando diga qual
seria a sua escolha; comentar as escolhas, conversar sobre situações em que
essa atitude melhora a vida de alguém; pedir que cada criança ou adoles-
cente diga como pretende viver cada uma das atitudes escolhidas; comen-
tar também os efeitos negativos das condições expostas em faixas que não
devem ser escolhidas.)
Que relação há entre dom e compromisso? Quem recebe uma
coisa boa deve usá-la bem. Por exemplo: quem tem boa voz deve can-
tar músicas bonitas para alegrar os outros; quem estuda em uma boa

144
escola deve ter interesse em estudar e aprender para depois transmitir
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bem esses conhecimentos; quem conseguiu se formar e ter uma boa


profissão deve prestar bons serviços com seu trabalho; quem se sen-
tiu capaz de vencer uma dificuldade deve estar preparado para ajudar
outros em situação parecida.
Os catequizandos podem imaginar, ou até dramatizar, uma cena
mais ou menos assim: Uma pessoa chega bem alegre e dá um presente
a outra. Quem recebeu o presente o joga no lixo, bem na frente da
pessoa que o ofertou. Como se sentiria o doador do presente? E como
seria se a pessoa que deu o presente visse que foi bem aproveitado e
está melhorando a vida de quem o recebeu e de quem está por perto?
Deus nos dá condições para fazer o bem aos nossos companhei-
ros de caminhada que devem ser bem tratados. Mesmo em meio a pro-
blemas e dificuldades, o amor de Deus é o dom maior que nos ajuda
a sermos a pessoa especial que Ele planejou e acompanhou desde que
nascemos. É um presente maravilhoso. Como Ele se sentiria se des-
prezássemos esse presente ou não soubéssemos usá-lo?

A Bíblia nos fala da importância de amar os


outros filhos de Deus
As primeiras comunidades cristãs cresceram e se multiplicaram
porque ali se vivia esse amor de irmãos que se ajudam e partilham seus
dons. Os que chegavam se sentiam bem em um ambiente assim. Isso
era muito importante, como vemos na carta que João escreveu, era
através desse amor ao próximo que se mostrava um verdadeiro amor
a Deus.

Leitura do texto bíblico: 1Jo 4,7-12

Conversa sobre a mensagem do texto bíblico


Deus é amor e no seu amor manifestou-se a nós para que vivamos
nele e amemos os irmãos como ele nos amou. Vamos retomar o texto
e descobrir o que Deus nos diz?

145
Como o amor de Deus é apresentado no texto? O que Deus
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deseja que façamos com esse amor? Como Jesus foi sinal desse amor
de Deus? Como vivemos esse amor na família, com os vizinhos, com
os colegas da escola, na Igreja? Como esse amor pode se manifestar
na vida dos adultos? O que mudaria na vida do nosso povo se todos
vivessem esse amor?

Um exemplo desse amor, que é apresentado na


nossa Campanha da Fraternidade
A figura de Santa Dulce dos Pobres aparece no cartaz da Cam-
panha porque a vida dela foi um sinal vibrante desse amor aos mais
necessitados. Vamos pensar em um resumo de sua história.
Nasceu em 1914 na Bahia. Aos 13 anos, passou a acolher men-
digos e doentes em casa. Entrou depois para a congregação das Irmãs
Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus em Sergipe.
Quando voltou à Bahia ficou comovida com a situação de miséria de
muita gente e sua vida foi um total sinal de amor ao próximo, indo ao
encontro dos necessitados. Cuidou das famílias de operários e desem-
pregados e de todos que pediam a sua ajuda. Acolheu doentes, que
depois foram levados ao Convento Santo Antônio e, com autorização
da madre superiora de sua congregação, criou ali um grande hospi-
tal público. Mesmo tendo problemas de saúde, não ficava longe dos
pobres e por causa de suas ações foram nascendo as Obras Sociais
Irmã Dulce (OSID), que ela não considerava suas, mas de Deus (eram
um dom que ela viveu como compromisso). Hoje, é vista como santa,
um exemplo de fé, de amor, cuidado com a vida e cuidado cristão com
os necessitados.
Nem todos vamos fazer tudo o que ela fez, mas como esse exem-
plo poderia nos animar quando alguém precisa de ajuda? Como ficaria
nosso país se todos os necessitados fossem bem atendidos?
(A turma pode imaginar como seriam as notícias de jornal em um país
onde todos se respeitassem, se ajudassem e tivessem seus direitos garantidos;
pode então ser montada uma folha com as manchetes de um jornal assim.)

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Canto: Hino da CF 2020 (p. 5)
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(Depois de cantar, comentar a letra.)

Tarefas em casa:
Conversar com o pessoal de casa sobre dom e compromisso e
sobre a importância de uma Campanha da Fraternidade. Contar a his-
tória de Santa Dulce dos Pobres e ver se alguém conhece outras histó-
rias de santos dedicados ao serviço dos mais pobres. Lembrar alguns
dons que já conseguem perceber nas pessoas que conhecem. Conver-
sar com Deus sobre os dons que já identificamos nessas pessoas e em
nós e sobre como gostaríamos de os ver crescer.
Oração da CF 2020 (p. 4)

147
2º ENCONTRO: A história
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do bom samaritano

Preparação do local: Expor os materiais da Campanha e a Bíblia


em local de destaque.

Canto Inicial
(Depois de cantar, conversar sobre a letra.)
Prova de amor maior não há que doar a vida pelo irmão. (2x)
Eis que eu vos dou o meu novo mandamento:/ Amai-vos uns aos
outros como eu vos tenho amado.
Vós sereis os meus amigos se seguirdes meus preceitos:/ Amai-vos uns
aos outros como eu vos tenho amado.
Como o Pai sempre me ama, assim também eu vos amei:/ Amai-vos
uns aos outros como eu vos tenho amado.
Permanecei no meu amor e segui meu mandamento:/ Amai-vos uns
aos outros como eu vos tenho amado.
Nisto todos saberão que vós sois os meus discípulos:/ Amai-vos uns
aos outros como eu vos tenho amado.
(J. Weber)

Partilha das tarefas de casa


Cada catequizando pode contar como foram as conversas em
casa e as experiências de descobrir dons em outras pessoas. É bom
perceber como é importante prestar atenção nas pessoas e descobrir
novas coisas boas até naquelas que a gente pensa que já conhece total-
mente. Que tal escolher alguém para ser olhado com mais profundida-
de e interesse, buscando descobrir coisas interessantes nessa pessoa?

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O lema da Campanha da Fraternidade 2020
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No primeiro encontro, tratamos do tema da CF 2020.


(Ver se alguém tem dúvidas, perguntas ou novas ideias sobre isso.)
Agora, vamos pensar no lema: “Viu, sentiu compaixão e cuidou
dele” (Lc 10,33.34).
Esse lema é um resumo do que fez um personagem de uma histó-
ria contada por Jesus para explicar o que é mais importante para poder-
mos estar com Deus aqui agora e depois no céu. Está em Lc 10,25-37.
Jesus gostava de contar histórias quando queria ensinar algu-
ma coisa. É um modo bem interessante de passar uma mensagem. Já
aprendemos alguma coisa desse jeito? Que histórias ficam guardadas
em nosso coração?
(Pode ser lembrada, por exemplo, a história do Pinóquio, que se tor-
nou um menino de verdade quando deixou a ilha dos prazeres, seguiu sua
consciência e foi salvar o pai que estava dentro da baleia; outra seria a do
Shrek, pois mostra que o valor de cada um não depende da aparência.)
Na história contada por Jesus, a Campanha da Fraternidade está
destacando 3 atitudes:
VER – Muitas vezes passamos pelas pessoas e não prestamos
atenção nelas. Assim é como se não as estivéssemos vendo.
SENTIR COMPAIXÃO – É compartilhar o que outro está sen-
tindo, sentir junto. Assim fica mais fácil querer ajudar.
CUIDAR DO OUTRO – Não basta ver e sentir, é preciso fazer
alguma coisa para melhorar a situação de quem está sofrendo.

Os personagens e a história contada por Jesus


São 4 personagens e um ouvinte que está recebendo o ensina-
mento de Jesus:
O homem assaltado e ferido caído na estrada – não se diz quem é
ele, o que importa é que está em uma situação em que precisa de ajuda.
O sacerdote – um líder religioso daquele tempo, que dirigia as
celebrações.

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O levita – membro da tribo destinada a ajudar no templo.
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O samaritano – pessoa que pertencia a um grupo que era visto


como desviado das práticas religiosas do templo.
O doutor da Lei – é quem ouve a história e deveria conhecer bem
os regulamentos religiosos.

Leitura do texto bíblico: Lc 10,25-37


(Ler pausadamente, refletindo sobre cada parte.)
Para entender o texto:
 O doutor da Lei pergunta o que era preciso fazer para ganhar a
vida eterna. Jesus pede que ele diga o que está na Lei de Deus. Ele
já sabe a resposta e cita os dois mandamentos mais importantes:
amar a Deus e amar ao próximo. Como cumprimos hoje esses
mandamentos?
 Mas aí ele faz a Jesus outra pergunta: Quem é o meu próximo?
Próximo, na nossa linguagem comum, significa o que está perto.
Então alguém podia pensar que se trata de amar só os parentes
e amigos. Mas Jesus mostra que nós é que temos que nos tornar
próximos de quem estiver necessitado. Não se trata só de socorrer
quem é assaltado. O homem caído é um símbolo que representa
qualquer pessoa em situação de sofrimento, precisando de ajuda.
 A gente se torna “próximo” quando sabe ver, prestar atenção no
outro, mesmo quando ainda não o conhecemos. Será que temos
na escola ou na vizinhança alguém em quem ainda não repara-
mos, que não sabemos olhar com atenção e perceber seus sen-
timentos? Como essa pessoa se tornaria um “próximo”, do jeito
como Deus quer?
 Mas não basta ver, é preciso fazer alguma coisa que melhore a si-
tuação da outra pessoa. O samaritano fez isso. E nós? Já ajudamos
alguém porque nosso coração se comoveu (tivemos compaixão)
diante da sua situação?
Podemos lembrar algumas situações em que até as crianças
e os adolescentes podem ser o “próximo” de alguém necessitado.

150
Por exemplo: um colega pode ter estado doente e perdido aulas na
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escola; alguém pode estar triste porque foi ofendido; uma pessoa com
deficiência física pode precisar ser valorizada; alguém com complexo
de inferioridade pode estar se sentindo inútil e sem valor. O que pode-
ríamos fazer para ajudar alguém nessas situações?
Sobre SENTIR COMPAIXÃO, poderíamos pensar na cena de
um seriado americano ER (Emergency Room, um espaço de Pronto-
-Socorro). Era assim:
A enfermeira Abby trabalhava na maternidade e foi transferida
para o Pronto-Socorro. Logo no primeiro dia, ao atender uma senhora
doente, a paciente morreu em seus braços. Abby ficou desesperada e
subiu chorando para o terraço do hospital. Um colega viu e a seguiu,
tentando ajudá-la. Ela chorava e dizia: “Não estou acostumada com
isso. Lá onde eu trabalhava as pessoas não morriam, ficavam felizes
com a criança que nascia”. O colega disse que tinha para ela uma boa e
uma má notícia E perguntou qual ela gostaria de ouvir primeiro? Ela
optou pela má notícia e ele disse: “A má notícia é que você nunca vai se
acostumar. Sempre que acontecer algo assim, você vai sofrer”. No meio
das lágrimas ela perguntou: “E qual é a boa notícia?” Ele respondeu:
“A boa notícia é que você nunca vai se acostumar, porque seu coração
não vai endurecer, você sempre vai ser uma boa pessoa, sensível diante
dos sofrimentos do próximo”.
(A turma pode criar uma história com personagens diferentes,
ambientada nos dias de hoje e passando uma mensagem semelhante.
Depois a história pode ser dramatizada.)

Mas o número de “próximos” pode ser muito


maior que imaginamos
Há os que podemos ajudar pessoalmente e há os que precisam
uma ajuda mais organizada, por exemplo: doentes sem acesso a hos-
pital, crianças que não têm como ir à escola, gente passando fome
porque não consegue emprego, e quem mais? Há ajudas individuais e
há situações que precisam ser corrigidas na sociedade para que todos
tenham seus direitos garantidos.

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(Ver como os catequizandos percebem isso.)
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Nossa Igreja tem grupos de trabalho interessados em defender


os direitos humanos de todos (mencionar as pastorais ativas na comuni-
dade; se for possível e conveniente, convidar uma pessoa envolvida nessas
atividades para participar do quarto encontro).
Canto: Hino da CF 2020 (p. 5)
Tarefa de casa
Conversar com a família sobre direitos humanos que não estão
sendo atendidos. O que seria importante mudar para que todos tives-
sem uma vida digna e fossem bem tratados?
(Anotar o que foi conversado, para partilhar no próximo encontro.)
Oração da CF 2020 (p. 4)

152
3º ENCONTRO: Cuidar bem da casa de
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todos e da família humana


Preparação do local: expor os materiais da Campanha, a Bíblia e um
globo terrestre, rodeado de figuras que mostrem belas paisagens da natu-
reza, cenas urbanas e sinais de danos ao meio ambiente. Preparar o quadro
que deve ser completado e pequenos cartões para registrar a tarefa de casa.

Partilha das tarefas de casa


Que direitos humanos foram lembrados?
O que se percebeu que precisaria mudar?
Hoje, vamos conversar sobre um direito fundamental: Deus nos
deu o planeta, com toda a natureza e com muitos recursos, para ser a
casa de todos. É um dom. Sendo dom, nos pede também o compro-
misso de cuidar bem do que é de todos.

Canto inicial
(Depois de cantar, comentar a letra da canção e o tratamento que
devemos dar à natureza.)
Irmão sol com irmã luz, trazendo o dia pela mão,/ Irmão céu de inten-
so azul a invadir o coração, aleluia!
Irmãos, minhas irmãs, vamos cantar nesta manhã/ Pois renasceu
mais uma vez a criação nas mãos de Deus./ Irmãos, minhas irmãs,
vamos cantar: Aleluia, aleluia, aleluia!
Minha irmã terra, que ao pé dá segurança de chegar./ Minha irmã
planta, que está suavemente a respirar. Aleluia!
Irmã flor que mal se abriu, fala do amor que não tem fim./ Água irmã
que nos refaz e sai do chão cantando assim. Aleluia!
Passarinhos, meus irmãos, com mil canções a ir e vir./ Homens todos,
meus irmãos, que vossa voz se faça ouvir. Aleluia!
(Waldeci Farias; Navarro)

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Nosso planeta, casa e responsabilidade de todos
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Vamos fazer uma roda em volta do globo terrestre e conversar


sobre nossa relação com o planeta. Ele foi criado por Deus para nós,
tem paisagens bonitas e muitas outras obras interessantes de Deus e
dos seres humanos. As paisagens ao redor do globo serão comenta-
das. Os catequizandos podem falar sobre praias, rios, montanhas, ani-
mais, plantas, flores, céu estrelado e outras coisas que vêm na natureza.
Vamos olhar também as cenas urbanas, cheias de coisas construídas
pelos seres humanos, e também merecedoras de cuidado. .Depois se
conversa sobre algumas perguntas: Para que Deus fez este planeta?
Se o planeta é de todos por que tantos ficam sem casa, sem comida,
sem saúde? Por que muitas vezes se estraga o planeta e a segurança
das pessoas para ganhar mais dinheiro? Como teríamos que cuidar da
natureza e das nossas cidades?
A Bíblia fala do planeta e do ser humano que Deus encarre-
gou de cuidar dele

Leitura do texto bíblico: Gn 1,27-30

Para entender o texto


É um texto que não fala só do que aconteceu no começo do mun-
do, mas quer transmitir uma mensagem um importante para a huma-
nidade de todos os tempos. Deus criou (e continua criando) tudo que
há no mundo, mas deu ao ser humano uma responsabilidade especial.
Conviver em harmonia com todos os seres da terra. Por isso, dominar
a terra como aparece no texto, significa cuidar dela. Ninguém é “dono”
da terra, mas todos têm direito a ela, que precisa ser bem cuidada para
que haja vida digna para todos.
E o que pode prejudicar o planeta que é de todos? Vamos con-
versar sobre o que os catequizandos já sabem sobre cuidados com a
água, as plantas, o ar (coisas indispensáveis para a vida). Ninguém tem
o direito de estragar ou tomar só para si o que é importante para a vida
saudável e digna de todos.

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No Evangelho de Mateus vemos uma regra que melhoraria muito
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o planeta e a vida das pessoas: tudo, portanto, quanto desejais que os


outros vos façam, fazei-os vós também a eles (Mt 7,12).
Não podemos consertar sozinhos tudo que estiver errado. Mas é
importante querer o melhor para todos, ter a opinião correta sobre os
direitos de cada pessoa. Pensando nisso, poderíamos conversar sobre
como se completaria um quadro assim (ou pode ser criado outro que
corresponda mais aos problemas locais):
Quero ter sempre para mim: Então não posso concordar com:
Uma rua limpa para andar. Jogar lixo nas ruas.
Água saudável para beber. ________________________________
Meus direitos respeitados. ________________________________
Uma casa boa para morar. ________________________________
Um ar bom para respirar. ________________________________
Natureza bem cuidada. ________________________________
Segurança ao andar nas ruas. ________________________________
Bom tratamento quando estiver ________________________________
doente. ________________________________

Jesus disse (está no Evangelho de João 10,10): Eu vim para que


todos tenham vida, muita vida (vida em abundância). Essa “muita
vida, vida em abundância” é a vida como ela deveria ser, para todos.
Se somos seguidores de Jesus também temos que querer vida boa para
todos, não só para nós. E ele nos fez também um pedido superimpor-
tante: Amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, assim também
deveis amar-vos uns aos outros. Nisto conhecerão que sois meus dis-
cípulos: se vos amardes uns aos outros ( Jo 13,34-35).
Conversa em duplas sobre como estamos dispostos a amar
mais o nosso próximo, lembrando o que abordamos no segun-
do encontro: VER – SENTIR COMPAIXÃO – CUIDAR DO
OUTRO.
Depois de partilhar o que foi conversado, o(a) catequista faz em
voz alta uma oração colocando diante de Deus um pedido: que cada

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um consiga responder aos dons recebidos de Deus com um compro-
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misso de cuidar bem do próximo.


O(A) catequista combina com as crianças e os adolescentes para
fazerem um convite a um agente pastoral da comunidade para que
venha ao próximo encontro e conte o que seu grupo está fazendo para
cuidar bem do próximo.
Hino da CF 2020 (p. 5)

Tarefa de casa
Cada um vai receber um cartãozinho para preencher em casa com
2 ou 3 coisas que todos devem fazer para preservar o meio ambiente,
gerando uma vida mais saudável.
Oração da CF 2020 (p. 4)

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4º ENCONTRO: Que bom se cada um
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fizer a sua parte!

Preparação do local: Deixar em exposição a Bíblia e os mate-


riais da Campanha e faixas com as frases que vão ser citadas. Preparar
um quebra-cabeça para ser montado pelo grupo, com a figura do car-
taz da Campanha cortada em pedaços. Antes do encontro, o(a) cate-
quista deverá combinar com a comunidade como será a oferta pedida
para ser entregue na celebração da semana seguinte.

Partilha da tarefa de casa


Em duplas, conversar sobre o que foi registrado no cartão que
cada um levou para casa. Depois, os cartões serão lidos para toda a
turma, colocados em uma cesta ao lado da Bíblia e oferecidos a Deus
com uma prece em que se pede sabedoria e disposição para viver o
compromisso de cuidar da casa comum.
Todos: Dai-nos, Senhor, sabedoria para perceber como
podemos ser bons cuidadores deste planeta, a casa comum que
nos deste. Ajuda-nos a viver com alegria e perseverança esse
compromisso.

Canto Inicial
Os cristãos tinham tudo em comum, dividiam seus bens com alegria./
Deus espera que os dons de cada um se repartam com amor no dia a
dia.
Deus criou este mundo para todos, quem tem mais é chamado a repar-
tir/ Com os outros o pão, a instrução e o progresso, fazer o irmão sorrir.
Mas acima de alguém que tem riqueza está o homem que cresce em
seu valor/ E liberto caminha para Deus, repartindo com todos o amor.
(Navarro e W. Farias)

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Apresentação do(a) representante da pastoral
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que foi convidado(a) para o encontro e será


entrevistado(a) no final.
Não consertamos o mundo sozinhos
Em primeiro lugar, é claro, contamos com a graça de Deus, que
quer agir em nós. Mas pessoas que fizeram muito para defender a vida
deixaram alguns recados para nós. Vejam só:
 Santa Dulce dos Pobres lembrou a importância de termos Deus
como parceiro e disse: “É preciso que todos tenham fé e esperan-
ça em um futuro melhor. O essencial é confiar em Deus. O amor
constrói e solidifica”.
 Assim falou o Papa Francisco, em um discurso em 2018: “Para
preparar um futuro verdadeiramente humano não é suficiente re-
jeitar o mal, mas é preciso construir juntos o bem”.
 Madre Teresa de Calcutá, uma mulher muito santa que cuidou
dos desamparados na Índia nos disse: “Por vezes, sentimos que
aquilo que fazemos não é senão uma gota de água no oceano.
Mas o oceano seria menor se lhe faltasse uma gota”.
Essa fala de Madre Teresa combina com uma parábola que mui-
tos conhecem. É assim:
Houvera um incêndio grande na floresta e os animais estavam
assustados. Um pássaro mergulhou seu bico na água de um rio e voou
em direção ao local do incêndio. Queria pelo menos jogar gotas de
água nas chamas. Os outros se espantaram porque, é claro, a água que
ele levava não era suficiente para deter o fogo. Então ele disse a todos:
“Pelo menos estou fazendo a minha parte. E, se cada um de vocês fizes-
se o mesmo, o incêndio acabaria diminuindo”.
Os catequizandos podem pensar que, na idade deles, é pouco
o que podem fazer para melhorar o mundo, mas é bom considerar 3
pontos:
1. Crianças e adolescentes que defendem o que é certo e dão bons
exemplos podem impressionar muito os adultos;

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2. Cada um, em seu ambiente, em meio a seus parentes e amigos,
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pode ir plantando boas ideias e assumindo bons comportamen-


tos, ajudando quem estiver precisando de carinho, respeito,
apoio e acolhimento;
3. Quem hoje é criança ou adolescente está se preparando para o fu-
turo. Se começa agora a perceber que tem uma responsabilidade
diante do amor de Deus por todos os seus filhos, vai crescer com
boa disposição para construir o bem.

Leitura do texto bíblico: Rm 12,2-8


Esse capítulo 12 termina com uma frase que pode nos ani-
mar: Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem, ou
seja, nada de desanimar diante do que está errado. Unidos, vamos
mostrar como vale a pena defender a vida. E essa vida é para todos,
não é só para alguns.

Para entender o texto


Os discípulos de Jesus conseguiram anunciar o Evangelho e con-
tagiar corações, porque trabalhavam unidos. Era uma situação difícil,
Jesus tinha sido crucificado, e seus seguidores também estavam sen-
do perseguidos. Tudo poderia ter acabado ali. Mas eles trabalhavam e
viviam em clima de amor fraterno. Assim, o Evangelho foi transmitido
a outros povos e hoje está conosco. Temos hoje esta missão: comuni-
car a todos o Evangelho com alegria.

A Igreja já trabalha em conjunto para


defender a vida
Há transformações que podemos fazer por nossa conta, amando,
acolhendo e ajudando quem precisa. Mas há trabalhos que exigem um
esforço coletivo. Para isso, nossa Igreja tem diversas Pastorais que cui-
dam de ajudar os necessitados. O(A) catequista apresenta a lista das
Pastorais que são ativas na comunidade e explica como elas atuam.
A seguir, o(a) representante presente conversará com os catequizan-
dos sobre o trabalho que seu grupo faz. As crianças e os adolescentes

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podem ser convidados a visitar o trabalho dessa pastoral em uma oca-
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sião a ser combinada.

Um exercício para lembrar o valor do trabalho


conjunto e a importância do que esta
Campanha da Fraternidade está pedindo
O cartaz, o tema e o lema da Campanha pedem um comporta-
mento que será muito mais eficiente se trabalharmos todos juntos.
Ninguém vai fazer tudo sozinho, mas se cada um fizer o que for capaz,
o cenário da defesa da vida vai ficar completo. Então vamos distribuir
pedaços desse cartaz no grupo. Cada um vai escrever, no avesso do
pedaço que receber, algo que vai colocar em prática a partir das refle-
xões desta Quaresma. Depois, todos recomporão a figura, que será
colada e guardada para a celebração da semana seguinte (com local,
data e horário a serem comunicados aqui).
No final, todos fazem uma roda de mãos dadas em volta do car-
taz, cantando o Hino da CF 2020 (p. 5).

Tarefa de casa
Conversar sobre o que foi refletido, convidar parentes e amigos
para a celebração, e cada um pode fazer uma oferta de ajuda aos neces-
sitados (explicar como será, conforme combinado previamente na
comunidade).
Oração da CF 2020 (p. 4)

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CELEBRAÇÃO DO QUE FOI REFLETIDO,
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UM IMPULSO PARA CONTINUAR


DEFENDENDO A VIDA
(Os cantos podem ser substituídos por outros que sejam mais conhe-
cidos na comunidade.)
Entrada dos catequizandos: com os materiais usados nos
encontros, que vão ficar expostos à frente do altar (ou de uma mesa
com um crucifixo e a Bíblia, se a celebração não for feita na igreja).
Canto de entrada: Hino da CF 2020 (p. 5)
Dirigente: Nesta Quaresma, preparamos nosso coração para a
Semana Santa refletindo sobre Fraternidade e Vida. Olhamos para os
dons que recebemos de Deus e queremos nos comprometer com a
tarefa de cuidar bem dos irmãos que Deus nos oferece na grande famí-
lia humana. Agora nos reunimos para colocar diante de Deus o que
refletimos e pedir que Ele nos ajude a sermos todos construtores de
um mundo melhor.

Orações de exposição do que foi refletido.


(Os leitores serão escolhidos entre os catequizandos.)
Leitor(a) 1: Agradecemos a presença de todos que estão aqui
para orar conosco e acolher no coração a mensagem que a Igreja nos
ofereceu na Campanha da Fraternidade. Queremos viver bem na gran-
de família dos filhos e filhas de Deus, inspirados no amor do qual Jesus
foi para nós o maior sinal.
Todos: Nós te agradecemos, Senhor, por estarmos juntos
sempre aprendendo e procurando viver cada vez melhor o teu
projeto de amor.
Leitor(a) 2: (Exibindo o cartaz da Campanha, como ficou monta-
do em conjunto no quarto encontro, com os pedaços unidos.) Neste cartaz
da Campanha da Fraternidade, colocamos, nos pedaços que unimos
para recompor a figura, nossa vontade de trabalhar juntos para que
161
todos tenham uma vida do jeito como Deus quer. Hoje, queremos que
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os desejos aqui reunidos possam ser bem vividos em conjunto, para


sermos mais capazes de construir um mundo melhor.
Todos: Contamos com a tua graça, Senhor, para ajudarmos uns
aos outros na bonita e grandiosa tarefa de cuidar bem da vida de todos.
Leitor(a) 3: Recebemos muitos dons de Deus: a vida, a nature-
za que nos cerca e nos sustenta, os companheiros que estão ao nosso
lado, os talentos que podemos partilhar e muito mais. Queremos agra-
decer por esses dons assumindo o compromisso de usá-los sempre
para construir o bem.
Todos: Dom e compromisso são partes importantes da nossa vida.
Caminhando com Jesus, queremos saber agradecer o que recebemos e
usar para o bem os talentos e as possibilidades que o Senhor nos dá.
Leitor(a) 4: O melhor presente de Deus foi Jesus, que viveu e até
morreu por nós todos, e nos deu os mais bonitos exemplos de amor ao
próximo. Se vivêssemos todos como ele ensinou, o mundo seria um
lugar mais feliz para todos.
(Se os catequizandos montaram a folha do jornal como está sugerido
no primeiro encontro, ela pode ser exposta agora.)
Todos: Queremos estar sempre com Jesus, animados para
viver com alegria do jeito como ele ensinou, tratando os outros
como gostamos que nos tratem.

Canto
Um coração para amar, pra perdoar e sentir,/ Para chorar e sorrir, ao
me criar tu me deste./ Um coração pra sonhar, inquieto e sempre a
bater,/ Ansioso por entender as coisas que tu disseste.
Eis o que eu venho te dar, eis o que eu ponho no altar./ Toma,
Senhor, que ele é teu, meu coração não é meu.
Quero que o meu coração seja tão cheio de paz/ Que não se sinta
capaz de sentir ódio ou rancor./ Quero que a minha oração possa me
amadurecer,/ Leve-me a compreender as consequências do amor.
(Pe. Zezinho)

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Pedido de perdão por nossas falhas e indiferenças
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Leitor(a) 5: Refletimos nesta Quaresma sobre a necessidade de


cuidar melhor da nossa casa comum e de todos os outros filhos de
Deus, especialmente dos mais necessitados. Mas muitas vezes os pro-
blemas do próximo estão à nossa volta e não prestamos atenção.
Todos: Perdoai-nos, Senhor, pelas ocasiões em que fomos
indiferentes aos problemas de quem estava precisando de ajuda.
Abre nossos olhos e nosso coração para fazermos o que estiver ao
nosso alcance para cuidar melhor da vida.
Leitor(a) 6: Há pessoas e grupos trabalhando pela defesa da vida
porque há muita coisa que ninguém pode fazer sozinho. Mas muitas
vezes não nos interessamos por esse trabalho e deixamos de fazer o
que poderíamos para divulgar a ajudar essas obras.
Todos: Perdoai-nos, Senhor, quando não nos unimos na medi-
da do possível com os que estão usando seus dons em defesa da vida.
Leitor(a) 7: Para defender a vida precisamos também cuidar do
planeta, da água, do ar, das ruas, da justiça. Crianças e adolescentes
também devem mostrar como isso é importante. Esse interesse seria
um bom exemplo para todos.
Todos: Perdoai-nos, Senhor, quando, em vez de pedir e fazer
o que é certo, acabamos imitando gestos de indiferença ou de des-
respeito pela natureza que precisa ser preservada.

Canto
Quem, ó Senhor, em tua casa habitará?/ O que for justo e a verdade
praticar,/ Aquele que não fala mal de seu irmão/ E não pratica a injus-
tiça e a opressão.
Feliz quem ama a fraternidade e em sua casa vive a verdade (2x)
Aquele que constrói a paz na caridade/ E é fermento de uma nova
humanidade/ Aquele que começa em casa a cada dia/ A construir fra-
ternidade na alegria.
(Fátima Oliveira / Aury A. Brunetti)

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Outra opção de canto
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Eu canto a alegria, Senhor, de ser perdoado no amor! (2x)


Senhor, tende piedade de nós! (2x)
Cristo, tende piedade de nós! (2x)
Senhor, tende piedade de nós! (2x)
(Áurea Sigrist / A. Haddad)
Dirigente: O lema da Campanha da Fraternidade 2020 é baseado na
parábola do bom samaritano, narrada por Jesus para valorizar a ajuda ao
próximo. Dela, foram destacadas 3 atitudes: VER (o samaritano viu, pres-
tou atenção no homem que estava caído); SENTIR COMPAIXÃO (ele se
comoveu com o sofrimento do homem ferido e abandonado); AJUDAR
O OUTRO (ou seja: não ficou só olhando, fez o que era preciso). Jesus
sempre valorizou a ajuda dada a quem precisa, como podemos ver em
outros textos bíblicos.

Canto
Bendita, bendita, bendita a Palavra do Senhor!/ Bendito, bendito,
bendito quem a vive com amor!
A Palavra de Deus escutai. No Evangelho Jesus vai falar:/ A justiça do
Reino do Pai, procurai em primeiro lugar.
(Maucyr Gibin / J. Weber / Waldeci Farias)

Leitura bíblica
(As leituras podem ser feitas por agentes das Pastorais ou catequistas.)
Primeira leitura: Pensando no que foi refletido nesta Quares-
ma, podemos pedir a Deus que nos ajude a tornar realidade o que o
profeta Isaías anunciou: Isaías 32,16-18
Todos: Queremos nos comprometer com essa justiça que
torna melhor a vida de todos.
Segunda leitura: Na primeira carta de Pedro, temos uma men-
sagem sobre o uso dos dons que recebemos de Deus: Primeira Carta
de Pedro 4,8-11
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Todos: Ajuda-nos, Senhor, a perceber nossos dons para
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podermos usá-los bem a serviço de quem deles precisar.


Terceira leitura: Falando de sua vitória final, onde ele será perce-
bido como rei da criação, Jesus ensina o que devemos fazer para sermos
recebidos em seu Reino. Ele se sente atendido, servido, amado, quando
cuidamos bem de nossos irmãos necessitados: Mateus 25,34-40
Todos: Queremos ver os necessitados como teu amor os vê e
colocar em ação a nossa fé.

Homilia
(Que pode ser feita pelo padre, religiosa, pelo(a) catequista ou por
um(a) agente de Pastoral, em forma de diálogo com as crianças e os
adolescentes.)
Todos: Queremos viver a maravilhosa aventura de tornar o
mundo melhor vivendo o amor, a compaixão, a ação solidária.
Fica conosco, Senhor, e dai-nos sabedoria para usar bem nossos
talentos.
Oferta para os necessitados: O dirigente ou outra pessoa por
ele indicada vai explicar como se pretende usar o que for oferecido.
Pessoas das Pastorais podem comunicar sobre a maneira de agir de seu
grupo em defesa da vida e no compromisso de colocar seus dons em
ação. As crianças podem ajudar no recolhimento das ofertas.

Canto que acompanha a entrega das ofertas


Agora é tempo de ser Igreja, caminhar juntos, participar
Somos povo escolhido e na fronte assinalado/ Com o nome do
Senhor, que caminha ao nosso lado.
Somos povo em missão, já é tempo de partir./ É o Senhor que nos
envia em seu nome a servir.
Somos povo esperança, vamos juntos planejar/ Ser Igreja a serviço e
a fé testemunhar.

165
Somos povo a caminho construindo em mutirão/ Nova terra, novo
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Reino de fraterna comunhão.


(Ricciardi)
Dirigente: Agradecemos ao Senhor pela oportunidade de estar
trabalhando o tema da Campanha da Fraternidade com essas crianças
e esses adolescentes, sinais do futuro que esperamos construir. Assim,
aprendemos também porque nessa idade as pessoas têm um olhar
puro sobre a vida, que foi bem valorizado por Jesus, que nos disse:
“Deixai as crianças a mim e não as impeçais, pois o Reino dos Céus
pertence aos que se assemelham a elas” (Mt 19,14).
Oremos, então, relembrando tudo que refletimos e pedindo a
Deus que nos fortaleça na defesa da vida.
Oração da CF 2020 (p. 4)
Dirigente: Agora, ao terminar nossa celebração, enquanto canta-
mos, abracemo-nos todos, adultos, crianças e adolescentes, desejando
que tenhamos um magnífico aproveitamento dos dons que recebemos
de Deus.

Canto final
Quero te dar a paz do meu Senhor com muito amor (2x)
Na flor vejo manifestar o poder da criação,/ Nos teus lábios eu vejo
estar o sorriso de um irmão./ Toda vez que te abraço e aperto a tua
mão/ Sinto forte o poder do amor dentro do meu coração.
Deus é Pai e nos protege, Cristo é Filho e Salvação/ Santo Espírito
Consolador, na Trindade somos irmãos./ Toda vez que te abraço e
aperto a tua mão/ Sinto forte o poder do amor dentro do meu coração.
(Pedro de Almeida)

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Introdução
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O tema “Fraternidade e Vida: Dom e Compromisso” quer ser um


instrumento de reflexão, aprofundamento e oração. A vida é o dom
mais precioso que Deus nos deu, e cuidar dela é um dever de todos os
seres humanos.
No livro do Gênesis, encontramos o cuidado de Deus com a cria-
ção do mundo. Depois que criou tudo e viu que era bom, criou o ser
humano à sua imagem e semelhança. Cuidar da vida é colocar em prá-
tica o mandamento do amor. Jesus amou tanto o ser humano que deu
a sua própria vida em prol da nossa.
O lema “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele” (Lc 10,33-34)
provoca as juventudes a reafirmar o seu compromisso batismal. Ser
discípulo missionário de Jesus Cristo exige de cada um radicalidade
no seguimento. O texto bíblico apontado como lema do Caderno
jovem da CF leva-nos a olhar a figura do bom samaritano, que viu a
situação daquela pessoa espancada, caída no chão, e teve compaixão
cuidando dela. Não só limpou as feridas, mas deu dignidade e ajudou a
pessoa a se refazer na vida. O bom samaritano motiva o amor presente
dentro de nós a sair e, como cristãos, fazer a diferença no mundo.
A metodologia dos encontros nos levará a perceber que é pos-
sível tomar consciência da importância da vida e nos comprometer-
mos a defendê-la. No final do último encontro, oferecemos uma Lectio
Divina para que, por meio da luz da Palavra de Deus, você possa medi-
tar e fortalecer a sua fé na vida.
Convidamos a fazer essa experiência. Deus conta com você.

Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB

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ENCONTRO 1: O conceito da vida
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“Sim, amas tudo o que existe e não desprezas nada do que fizeste;
porque, se odiasses alguma coisa, não a terias criado. (...)
como poderia alguma coisa subsistir, se não a tivesses querido?
Ou como poderia ser mantida na existência, se por ti não
tivesse sido chamada? A todos, porém, tratas com bondade,
porque tudo é teu, Senhor, amigo da vida!”.
(Sb 11,24-26)

Se iniciarmos este encontro dando oportunidade para que cada


um expresse o que entende por VIDA, certamente palavras como
“existir, respirar, sentir, nascer, crescer, reproduzir, evoluir” seriam
pronunciadas pela grande maioria. E, de fato, tudo isso faz parte da
condição essencial de “estar vivo”.
Na etimologia, a palavra “vida” vem do latim vita e significa exis-
tência. Na biologia, a vida é definida como a capacidade que as estru-
turas moleculares têm de estabelecer material necessário para sobre-
viver em um ambiente com condições favoráveis à existência. Para a
ciência, um ser vivo deve atender a um conjunto de definições, como
a fisiológica, a molecular, a metabólica, a genética e a termodinâmica.
Para nós cristãos, a vida é dom e, na mesma proporção, um grande
mistério.
Um dom, porque a recebemos de graça no mais alto grau de
perfeição. Contemplar, desfrutar e contribuir com a criação é um dom,
um privilégio e uma responsabilidade. Acreditar e viver apoiados na
verdade de que Deus criou todas as coisas com amor, por amor e para
o amor, é uma particularidade de nós cristãos, que atribuímos todas as
coisas à bondade do Criador.

“Aberta a mão pela chave do amor, as criaturas surgiram”.


(Santo Tomás de Aquino)

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É também um mistério, porque em nossa humanidade não con-
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seguimos abarcar o entendimento da vida como um todo: desde a infi-


nitude do universo à composição e ao funcionamento do nosso pró-
prio corpo. Quantas coisas a ciência ainda não desvendou? Quantas
perguntas nossa inteligência ainda não respondeu?
E é também perfeita, em suas cores e sabores, nas suas dimensões
e medidas, do início ao fim, nas alegrias e nos sofrimentos, a vida que
vem do Criador é sempre boa e perfeita.

“Tudo dispuseste com medida, número e peso”.


(Sb 11,20)

1. Caminhos
Nos dissabores da vida cotidiana, no ordinário e no extraordiná-
rio, perdemos a dimensão da beleza da vida, sua perfeição e o dom que
ela carrega em si. Que tal resgatarmos o sentido profundo do amor
que nos cerca em meio à vida que renasce a cada dia?

2. Nosso espaço
Preparar o local onde se realizará o encontro de hoje, utilizan-
do fotos que manifestem a vida: natureza, paisagens, idosos, bebês,
famílias etc.
Também separar frases bíblicas que revelem o amor de Deus e a
criação, e deixar disponíveis em uma vasilha para que, ao final do encon-
tro, cada participante possa retirar para si um versículo bíblico. Sugestões:
“Então Deus viu tudo quanto havia feito, e era muito bom” (Gn 1,31);
“Deus disse: ‘Façamos um ser humano, à nossa imagem e segun-
do nossa semelhança’” (Gn 1,26);
“Ó Senhor, Senhor nosso, quão admirável é o teu nome em toda
a terra!” (Sl 8,10);
“Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as
obras de suas mãos” (Sl 19,1);

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“A bondade do Senhor enche a terra” (Sl 33,4);
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“O Senhor formou o coração de cada um e por todos os seus atos


se interessa” (Sl 33,14);
“Porque és precioso aos meus olhos, e foste glorificado, eu te
amo!” (Is 43,3);
“É este o povo que eu formei para mim, e ele vai proclamar o meu
louvor” (Is 43,21).

3. Palavra de Deus
Em Jesus, encontramos o nosso modo de ser e fazer. Lucas narra
um episódio em que o Senhor, em dia de sábado, sai ao encontro do
seu próximo para lhe reestabelecer a vida. A vida é dom, e seu valor
precisa ser resgatado e defendido.
Vejamos o que a Palavra de Deus quer falar ao nosso coração:
vamos ler atentamente a passagem de Lucas 6,6-11 e fazer uma breve
partilha no grupo.

4. Nossa vida
Gianna Beretta nasceu em Magenta (Milão, Itália) em 4 de
outubro de 1922. Desde sua primeira juventude, acolhe plenamente
o dom da fé e a educação cristã, recebidos de seus ótimos pais. Essa
formação religiosa ensina-lhe a considerar a vida como um dom mara-
vilhoso de Deus, a ter confiança na Providência e a estimar a necessi-
dade e a eficácia da oração.
Enquanto exercia sua profissão médica, que considerava como
uma missão, consagra-se intensivamente a ajudar adolescentes. Atra-
vés do alpinismo e do esqui, manifesta sua grande alegria de viver e de
gozar os encantos da natureza. Através da oração pessoal e da oração
dos outros, questiona-se sobre sua vocação, considerando-a como dom
de Deus. Opta pela vocação matrimonial, que abraça com entusiasmo,
assumindo total doação para formar uma família realmente cristã.

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Casa-se com o engenheiro Pedro Molla em 24 de setembro
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de 1955. Quatro anos mais tarde, já é a radiosa mãe de Pedro Luís,


Mariolina e Laura. Com simplicidade e equilíbrio, harmoniza os deve-
res de mãe, de esposa, de médica e da grande alegria de viver. Em
setembro de 1961, no final do segundo mês de gravidez, vê-se atin-
gida pelo sofrimento e pela dor. Aparece um fibroma no útero. Antes
de ser operada, embora sabendo o grave perigo de prosseguir com a
gravidez, suplica ao cirurgião que salve a vida que traz em seu seio e,
então, entrega-se à Divina Providência e à oração. Com o feliz sucesso
da cirurgia, agradece intensamente a Deus a salvação da vida do filho.
Passa os sete meses que a distanciam do parto com admirável força
de espírito e com a mesma dedicação de mãe e de médica. Receia e
teme que seu filho possa nascer doente e suplica a Deus que isso não
aconteça.
Alguns dias antes do parto, sempre com grande confiança na
Providência, demonstra-se pronta a sacrificar sua vida para salvar a do
filho: “Se deveis decidir entre mim e o filho, nenhuma hesitação: esco-
lhei – e isto o exijo – a criança. Salvai-a”. Na manhã de 21 de abril de
1962, nasce Gianna Emanuela. Apesar dos esforços para salvar a vida
de ambas, 7 dias depois em meio a atrozes dores e após ter repetido a
jaculatória “Jesus eu te amo, eu te amo”, morre santamente. Tinha 39
anos. Seus funerais transformaram-se em grande manifestação popu-
lar de profunda comoção, fé e oração.
Foi beatificada por São João Paulo II no dia 24 de abril de 1994,
no Ano Internacional da Família, e canonizada no dia 16 de maio de
2004. Na ocasião, recebeu de São João Paulo II o título de “Mãe de
Família”. Na cerimônia, estavam presentes o seu marido, Pietro Molla,
suas filhas, Gianna Emanuela e Laura, e o filho Pierluigi.1

1 Disponível em: <http://www.vatican.va/news_services/liturgy/saints/ns_lit_doc_20040516_


beretta-molla_po.html>. Acesso em: 15 out 2019.

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5. Trocando ideias
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Vamos partilhar sobre tudo o que vimos até agora?


Podemos formar grupos de três ou quatro pessoas e, no final, par-
tilharmos com todos as considerações dos grupos menores.
Partimos dos seguintes questionamentos:
 Sinto-me particularmente amado por Deus no dom da vida e
através de tudo aquilo que posso usufruir gratuitamente?
 Manifesto esse amor tornando-me a cada dia mais consciente e
responsável no cuidado com a vida?
 Agradeço a Deus frequentemente pelo chamado à existência?
 Estou disposto a fazer ofertas e sacrifícios em favor da vida?

6. Dinamizando
Louvor “ping-pong”
Objetivos: Reconhecer as maravilhas de Deus na criação, sua
bondade e providência em nossa vida.
Desenvolvimento: Dividir o grupo em duplas aleatórias, posi-
cionar-se um de frente para o outro e, um de cada vez, verbaliza um
agradecimento por algo. Por exemplo, o primeiro inicia dizendo que
louva a Deus pela vida, o segundo responde que louva pela nature-
za, novamente o primeiro agradece pela família e de novo chega à vez
do segundo, e assim sucessivamente durante alguns minutos. Quanto
mais motivos para louvar e reconhecer a bondade de Deus, melhor.

7. Sentinelas da manhã
O Livro de Daniel nos apresenta três jovens que foram atirados
ao fogo por escolherem ser fiel ao Deus de Israel. Em meio às chamas,
eles dedicam ao Senhor um canto de louvor, relembrando a criação de
Deus. Vamos rezar também como eles? Tomemos nossa palavra em
Daniel 3,57-76. Cada um pode ler um versículo.

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8. Mãos na massa
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“O sentido essencial da realeza e domínio do homem sobre o mundo


visível, que lhe foi confiado pelo próprio Criador, consiste na priorida-
de da ética sobre a técnica, no primado da pessoa sobre as coisas e na
superioridade do espírito sobre a matéria”.
(São João Paulo II)

A partir do que vimos e ouvimos neste encontro, examinemos


nós mesmos, colocando em ordem nossos valores. Vamos utilizar nos-
sas redes sociais para comunicar a beleza da natureza, exaltar a criação,
o valor da vida e a bondade de Deus.

9. Mais um pouquinho
 Ouvir a música “Toque de Amor”, de Suely Façanha.
 Livro Santa Gianna médica, esposa e mãe: um holocausto pela vida.
 Filme “O Extraordinário”.

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ENCONTRO 2: A ação da Igreja
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na defesa da vida

Havendo criado o homem e a mulher à sua imagem e semelhança


(Gn 1,27), Deus proclama o caráter sagrado da vida. Aqui está a dignidade
da pessoa humana, e a Igreja tem o dever de cuidar, proteger e promover a
vida. “De tal modo Deus amou o mundo, que deu o seu Filho unigênito,
para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16).
Jesus Cristo veio nos trazer vida em abundância e, com seu exem-
plo, mostrou a real preocupação do Pai com seus filhos e filhas. Por isso,
“Tudo quanto se opõe à vida, como seja toda a espécie de homicídio,
genocídio, (...) as condições degradantes de trabalho, em que os operá-
rios são tratados como meros instrumentos de lucro e não como pessoas
livres e responsáveis. Todas estas coisas e outras semelhantes são infa-
mantes; ao mesmo tempo que corrompem a civilização humana, deson-
ram mais aqueles que assim procedem, do que os que padecem injusta-
mente; e ofendem gravemente a honra devida ao Criador” (EV, n. 3).2
Jesus é o bom samaritano, é aquele que se comove e busca trans-
formar, iluminado pelo Pai, com uma ajuda eficaz. A comunidade é
o espaço perfeito para sermos exemplos de evangelização e de trans-
formação de realidades excludentes. Nesse sentido, a Igreja busca de
todas as formas ser o exemplo na promoção da dignidade da pessoa
humana, valorizando, acolhendo, dialogando e sendo presença em
todos os níveis da vida.
As ações que aproximam Deus do povo são realizadas desde as
orações até as obras. O número de pessoas e organizações que dedi-
cam suas vidas para melhorar as condições de vida de outras aumen-
ta a cada dia. Com o trabalho das pastorais sociais, os mais variados
níveis são abraçados pelos cristãos que atendem ao pedido do Papa
em ser e fazer uma Igreja em saída.

2 SÃO JOÃO PAULO II. Carta Encíclica Evangelium Vitae sobre o valor e a inviolabilidade da
vida humana, 25 de março de 1995.

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Guiados pelo Papa Francisco, o importante é que a Igreja no
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Brasil tem tido a capacidade de ser uma Igreja mais missionária e também
de se qualificar mais, aceitando o desafio de ser uma Igreja evangelizado-
ra que possa realmente chegar às periferias geográficas, sociais e existen-
ciais. É necessário sair da zona de conforto, que limita e nos impede de
ver Cristo no outro, e ir em direção ao povo para sermos Igreja viva.

1. Nosso espaço
Preparar o ambiente para recordar os projetos de promoção da
vida realizados pela Igreja no Brasil. Recomenda-se colocar um teci-
do colorido, utilizar o cartaz da CF 2020, velas e uma Bíblia. Colocar
também matérias que tratem da Igreja e suas atividades de promoção
da dignidade humana.

2. Palavra de Deus
No momento oportuno, escolhido por quem prepara o encontro,
ler a Palavra de Deus e conversar, e/ou rezar, a partir dela:
Comentário: “O ser humano ainda não se conscientizou de que
não é o príncipe da criação, mas seu primeiro responsável e cuidador.
A centralidade humana na criação não se refere à sua suposta supe-
rioridade ou ao senhorio sobre a criação, mas à sua responsabilidade
diante de todos os seres que deve se manifestar no cuidado com toda
a obra da criação. Em relação aos seres humanos, cabe-nos cultivar o
amor enquanto ato de reciprocidade. O reconhecimento de si como
criatura deve conduzir o humano à humildade diante do mistério da
vida em todas as suas formas e manifestações”.
Leia com muita atenção o texto bíblico: Gênesis 1,27.

3. Nossa vida
Sabemos que nossa Igreja tem uma função social importante na
sociedade, de modo que, seguindo os ensinamentos de Cristo, bus-
ca fazer da terra o Reino dos céus. Ouçamos atentamente o relato de
experiência da Pastoral Carcerária, que realiza atividades em vários
estados do Brasil:

176
Inspirada pela Campanha da Fraternidade de 1997, “Fraternidade
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e os encarcerados”, que teve por lema “Cristo liberta de todas as pri-


sões”, a Pastoral Carcerária do Pará realiza desde aquele ano o Círio
de Nossa Senhora de Nazaré nas unidades prisionais daquele estado,
permitindo que os presos manifestem a devoção junto à imagem pere-
grina. A iniciativa sempre tem o apoio e a participação da Arquidiocese
de Belém e a colaboração da Superintendência do Sistema Penal do
Pará (Susipe). O Círio de Nazaré é comemorado em outubro no Pará
e nas semanas que o antecedem a imagem peregrina de Nossa Senhora
de Nazaré é levada a diferentes locais. Segundo o Diácono Ademir da
Silva, coordenador da Pastoral Carcerária no Pará, a ida da imagem
peregrina às unidades prisionais “tem levado aos encarcerados, de for-
ma antecipada, a emoção vivida por toda comunidade católica paraen-
se no segundo domingo do mês de outubro”. O Diácono recordou, ain-
da, as palavras que um preso disse emocionado a Dom Alberto Taveira,
Arcebispo de Belém: “Lá fora, nunca consegui chegar perto da imagem
peregrina e hoje, ela veio até mim aqui na prisão”. Também segundo o
Diácono Ademir, “essa peregrinação da imagem nas casas penais e nos
centros de acolhimento de menores é uma forma de se levar aos nossos
irmãos encarcerados o amor de Maria, que ama a todos indistintamen-
te, Ela, da mesma forma que esteve ao lado de seu filho Jesus por toda
a vida, especialmente aos pés da cruz, permanece agora com todos nós,
incluindo-se aí a comunidade carcerária, também seus filhos e filhas
nas provações do dia a dia, os quais têm manifestado suas emoções de
forma cada vez mais forte” (Pastoral Carcerária, 2015).

4. Papo cabeça
1. Observando a Igreja no Brasil, quais ações da Igreja na defesa da
vida você consegue identificar?
2. Você acredita que é possível preservar a vida na terra com peque-
nas ações? De que maneira o grupo tem colaborado para isso?
3. De que forma você acredita que o autocuidado, o cuidado com
o outro e com a casa comum contribuem para a valorização da
vida humana?

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5. Agita a galera
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Para esta atividade, o grupo precisará apenas de um aparelho de


som e as músicas previamente baixadas.
“Este é o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros, assim
como eu vos amei” ( Jo 15,12-17).
Aprendamos, nós também, a valorizar a nossa vida, como forma
de amar a Deus e ao próximo. Portanto, vamos ouvir as músicas “Te
desejo vida”, de Flavia Wenceslau, e “Alma”, de Zélia Ducan, e dedicar
um momento ao cuidado com o outro.
O grupo deverá se dividir em duplas e, ao ouvir a música, fazer
uma breve massagem no corpo da outra pessoa. Revezando quando
julgar necessário, para que todos e todas pratiquem e recebam.
Ao finalizarem a atividade, os e as participantes poderão relatar,
de modo totalmente espontâneo, a experiência do momento.

6. Sentinelas da manhã
Neste momento, vamos entregar nossas vidas ao serviço e rea-
firmar nosso compromisso de cristãos e cristãs comprometidos com
a construção da Civilização do Amor, como bem nos lembra o Papa
Francisco. Vamos ainda lembrar de nossas ações cotidianas que con-
tribuem diariamente para o bem viver. Portanto:
429. Dizemos sim à vida! Sabemos que isso nos obriga ao pen-
samento crítico, à aceitação e ao serviço permanente e, acima de
tudo, à defesa e à opção pelos pobres. Não importa! Dizemos sim
ao amor como vocação humana! No amor, reconhecemos-Te, Pai
querido. Que esse amor seja o impulso transformador em todas as
dimensões deste Continente.
431. Dizemos sim à verdade e ao diálogo! Em todas as pessoas,
inclusive nas juventudes, revela-se uma parte da plena verdade de
Teu Filho. Isso, Pai querido, fundamenta e exige uma atitude cons-
tante de diálogo, um caminhar de forma decidida, junto com os
jovens e as jovens. Partilhar, descobrir, reconhecer, aceitar.

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433. Dizemos sim ao respeito às culturas! Aprendemos com
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teu Filho que Deus “quer que todos sejam salvos e cheguem ao
conhecimento da verdade” (1Tm 2,4). Sim, inteiramo-nos de que
somente a partir do respeito ao diferente se pode progredir rumo
a uma nova humanidade. Que sejamos mais maduros em nosso
desejo.
434. Dizemos sim ao respeito à natureza! Somos convocados
a viver o amor a toda a natureza e a reconhecer tua presença na
criação, acolhendo-a com reverência e respeito, não como objeto
de dominação.3

7. Mãos na massa
Sugestão de gesto concreto:
Como material, recomenda-se utilizar: faixa de tecido TNT
(da cor de preferência), tintas e pincel.
Sugerimos que o grupo, a partir do momento vivido no encontro
e relembrando a trajetória dos encontros anteriores, coloque em pou-
cas frases o que acreditam como defesa e valorização da vida. A faixa
poderá ser exposta na Igreja ou durante a Missa, ficando a critério do
grupo decidir como será essa partilha.

8. Mais um pouquinho
Sugestões de música:
 “Te desejo vida” (Flavia Wenceslau);
 “Alma” (Zélia Duncan).

3 CELAM. Civilização do Amor – Projeto e Missão. Brasília: Edições CNBB, 2013, p. 188-189.

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ENCONTRO 3: A vida que sofre
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e é atacada
“(...) com as perspectivas abertas pelo progresso científico e tecnoló-
gico, nascem outras formas de atentados à dignidade do ser humano,
enquanto se delineia e consolida uma nova situação cultural que dá
aos crimes contra a vida um aspecto inédito e – se é possível – ainda
mais iníquo, suscitando novas e graves preocupações”.4

No mês de setembro, conhecido pela cor amarela, temos no


Brasil um apelo para a prevenção do suicídio, grande mal que vem afli-
gindo jovens do mundo todo. O suicídio não está limitado a um grupo
étnico, social, faixa etária, renda etc. Segundo estudo divulgado pelo
Ministério da Saúde, houve um aumento da taxa de suicídio nos anos
de 2007 a 2016.5 No período citado, foram registrados, no Sistema de
Informações sobre Mortalidade (SIM), 106.374 óbitos por suicídio.
Em 2016, a taxa chegou a 5,8 por 100 mil habitantes, com a notifica-
ção de 11.433 mortes por essa causa. De acordo com a publicação do
Ministério da Saúde, a intoxicação é responsável por 18% das mortes,
enquanto o enforcamento apresenta um índice de 60% dos óbitos.
Quantos são os casos de jovens que, sentindo-se diminuídos
pelos outros, não se excluem socialmente, chegando muitas vezes a
atentar contra a própria vida? Com nosso tempo cada vez mais gas-
to nas redes sociais, o bullying,6 que antes se restringia a um espaço
fechado, agora ganha a internet e torna-se o cyberbullying, no qual o
anonimato reina e o ataque ao próximo toma dimensões incalculáveis.
Não obstante esse cenário, quantas vidas não foram ceifadas de
forma tão abrupta por pessoas que invadiram escolas, igrejas, locais
públicos e dispararam com armas de fogo de forma aleatória ou não?

4 SÃO JOÃO PAULO II. Carta Encíclica Evangelium Vitae sobre o valor e a inviolabilidade da
vida humana, 25 de março de 1995.
5 Disponível em: < http://portalms.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/44404-novos-dados-
-reforcam-a-importancia-da-prevencao-do-suicidio >. Acesso em 15 out 2019.
6 Palavra do inglês, que pode ser traduzida como “intimidar” ou “amedrontar”.

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Quantas violações contra a vida e a integridade humana sofremos
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ainda hoje? Deportações, escravidão, prostituição, tráfico de mulhe-


res e jovens e condições degradantes de trabalho. Por que, em vez de
serem erradicadas, continuam a ser difundidas em nossa sociedade?
Esse cenário não deve nos acomodar, mas invocar em nós um
desejo de mudança. Não pode nos fazer querer renunciar nossa juven-
tude, e sim sermos profetas que denunciam. Por isso, recordemos a
Exortação Apostólica do Papa Francisco:
“Não deixes que te roubem a esperança e a alegria que te drogue, para
te usar como escravo de seus interesses. Atreva-te a ser mais, porque teu
ser importa mais que qualquer coisa. Não te serve o ter ou aparecer.
Podes chegar a ser o que Deus, teu Criador, sabe que és, se reconheces
o muito a que és chamado. Invoca o Espírito Santo e caminha com
confiança para a grande meta: a santidade. Assim não serás uma foto-
cópia. Serás plenamente tu mesmo” (ChV, n. 7).7

1. Nosso espaço
De preferência, organize a disposição dos assentos, para que seja
formado um semicírculo. No centro, deixe uma caixinha e peça aos
jovens que depositem os seus celulares ali e somente o peguem no
momento da dinâmica. De um lado, coloque símbolos, fotografias que
representam ataques à vida. Do outro lado, sinais de esperança.

2. Palavra de Deus
Qual é a pessoa a que, perante uma tribulação, nunca ocorreu
primeiramente um pensamento de negação, um questionamento do
porquê Deus permitiu tal coisa?
Quando nossos olhos se voltam apenas para nós mesmos, não
deixamos espaço para que Deus possa vir e fazer em nós morada.
Os momentos mais difíceis são justamente aqueles que Deus nos
ajuda a ter a vitória, porque seu amor nunca falha.

7 FRANCISCO. Exortação Apostólica Pós-Sinodal Chritus Vivit (Documentos Pontifícios, 37).


Brasília: Edições CNBB, 2019.

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À luz dessa reflexão, façamos a leitura da Palavra de Deus:
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Romanos 5,1-10.

3. Nossa vida
Um encontro transformador
“Eu cresci na igreja porque minha família sempre frequentou. Quan-
do eu fui crismada, comecei a frequentar o grupo de jovens. Lá conversá-
vamos sobre Deus e o ‘mundo’. Começamos a sair para comemorar ani-
versários em baladas, em barzinhos, eu tinha quinze anos e nunca tinha
saído. Comecei a mentir para os meus pais que estava indo para casa de
amigos, quando estava indo para barzinhos. Comecei a beber toda a vez
que saia, comecei a fumar cigarros, a ficar com meninos...
Com 16 anos, depois de fazer tanto disso, eu comecei a ficar com
meninas também. Então entrava na homossexualidade e tinha a sensa-
ção de que eu havia me encontrado ali. Como nesse meio existe muita
droga, comecei a fumar maconha todos os dias; passava o dia inteiro
fumando. Depois, passei a cheirar cocaína e ainda mantinha um rela-
cionamento sério com uma garota. Ficamos três anos juntas.
Com 18 anos, meus pais descobriram e falaram que eu não podia
frequentar a igreja no estado em que eu estava. Então, eu larguei de vez
a igreja mesmo. E aí comecei a cantar em barzinhos e boates. Saia de
terça a domingo, sem parar. Nessa vida de viagem, bebidas e drogas.
Em 2011, eu estava com 21 anos e fui convidada por uma tia para
participar de uma vigília da Comunidade Aliança de Misericórdia.
Olhando para eles, eu fiquei com vergonha de me apresentar,
porque, se eles soubessem quem eu era e a vida que eu vivia, eu sabia
que eles iriam me rejeitar, já que eu me sentia rejeitada, como se eu
não pudesse estar na igreja, fazer parte dela.
Depois de dois meses da vigília, eu fiz o Talita Khun.8 E, nesse
encontro, tem um momento que pede uma decisão nossa, em que
você precisa se lançar nos braços de Deus, e a pregadora dizia que, se

8 Encontro querigmático promovido pela Comunidade Aliança de Misericórdia.

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você se lançasse, Deus poderia mudar a sua vida. E eu duvidei! Duvi-
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dei porque já tinha estabelecido verdades dentro de mim.


Então resolvi me lançar... Voltei para a casa dos meus pais e, de
forma automática, sem pensar muito, não fumei cigarro, não bebi
naquela semana, porque não me dava vontade. Aquele relacionamento
que eu tinha virou amizade e eu comecei a frequentar a fraternidade.
Hoje, faço parte da comunidade de vida; há sete anos, sou irmã
celibatária. Eu achei que tinha me encontrado de alguma forma no
mundo com meus dezesseis anos, mas depois eu me encontrei de ver-
dade naquilo que eu sou, na minha essência: que eu sou filha amada
de Deus. Esse foi o maior encontro que fiz, o encontro com Deus pai”.
(Lilian, 28 anos)

4. Trocando ideias
A partir do texto introdutório, discuta em grupo:
Quais são as ameaças que os jovens enfrentam hoje em dia e
como combatê-las?
No testemunho da Lilian, o que mais chamou a atenção do
grupo?
Partilhem também histórias transformadas por um verdadeiro
encontro com Deus.

5. Dinamizando
Exercício de escuta
Participantes: indefinido.
Tempo estimado: 10 a 15 minutos.
Material: nenhum.
Objetivo: é um exercício que faz com que a pessoa olhe para
dentro de si mesma, percebendo seu estado emocional, para poder
compartilhá-lo e também treinar o seu escutar.
Descrição: O grupo é separado em duplas aleatórias. Escolhe-
-se quem irá começar. Uma pessoa da dupla fará a seguinte pergunta:

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“como você está?”. A outra pessoa deve então responder da forma mais
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sincera possível, evitando apenas a resposta curta de “estou bem”. São


dois minutos de fala, aberta e honesta, com a garantia de que ela(e)
não será interrompida(o). É pedido para que o(a) ouvinte não faça
comentários, não busque se identificar nem dar conselhos. É uma ati-
vidade de escuta.
Após essa primeira etapa, fazem 10 segundos de silêncio absolu-
to mantendo contato visual.
Por fim, o ouvinte diz à sua dupla o que ele entendeu sobre o que
foi escutado, e confirma se entendeu certo ou não. Então, trocam os
papéis, o que falou, agora, escuta e o que escutou, fala.
Para deixar o ambiente mais confortável, mantenha uma boa dis-
tância entre as duplas. Pode ser utilizada música ambiente e esta ser
desligada no momento do silêncio.

6. Sentinelas da manhã
Vamos colocar como intenção todas as mazelas que os jovens
enfrentam. Trazer presente a nossa realidade, nossa família, amigos e
conhecidos. Rezar por cada realidade juvenil, pedindo que o Senhor
esteja sempre presente e faça de nós instrumentos.

Oração do Jovem9
Senhor, Mestre da Sabedoria,/ que Orienta minha alma para que saiba
nos revela ensinamentos de vida discernir/ entre o escutar e o falar,/
eterna,/ guia meus passos no cami- entre a verdade e a mentira,/ a luz e
nho do bem,/ para que, seguindo as trevas,/ o bem e o mal.
teu exemplo,/ eu ilumine o mundo Conceda-me a graça de seguir teus
com o testemunho/ de uma vida passos,/ para que vivendo na ple-
alicerçada na tua Palavra. nitude de tua presença/ meus dias
sejam permeados de paz e amor.

9 Oração do Jovem, Pe. Flávio Sobreiro, da Canção Nova.

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Que meus dias sejam sementes Cristo Senhor, fortalece meu
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de uma nova geração/ que gerem coração no compromisso/ de


frutos de vida eterna no coração/ anunciar ao mundo a felicidade
dos sofredores e marginalizados,/ de ser todo teu/ e de viver cada dia
dos oprimidos e perseguidos,/ na presença de tua misericórdia.
dos injustiçados e desanimados. Amém!
Santifica meus gestos para que
sejam reflexo/ do teu misericor-
dioso e sagrado coração.

7. Mãos na massa
Um dos grandes males é a falta de tempo. Vivemos correndo con-
tra o relógio para darmos conta do trabalho, dos estudos, da família e
dos amigos. Mas quanto tempo dedicamos para a atividade de escuta?
Sendo assim, convidamos-te a reservar um pouco do seu tempo em
alguma atividade de voluntariado voltado para a escuta de quem pre-
cisa muitas vezes, somente desabafar.
Lembra que deixamos os telefones ao centro do círculo?
Agora é a hora de pegá-los e cada um deve postar em uma rede
social uma mensagem de alegria e esperança.

8. Mais um pouquinho
Sugestão de leitura:
 Carta encíclica Evangelium Vitae, de São João Paulo II;
 Exortação Apostólica Pós-Sinodal Christus Vivit, do Papa
Francisco – para os jovens e para todo o povo de Deus.

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ENCONTRO 4: Compromissos que nós
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jovens devemos assumir na defesa da vida


“CRISTO VIVE: é Ele a nossa esperança e a mais bela juventude
deste mundo! Tudo o que Ele toca se torna jovem, se torna novo, se
enche de vida. Então, as primeiras palavras que quero dirigir a cada um
dos jovens cristãos são: Ele vive e te quer vivo!” (ChV, n. 1).
É com essa afirmação que queremos iniciar a reflexão, a qual quer
despertar nossa consciência e nosso compromisso com a vida, sobre-
tudo com aquela que está vulnerável. E infelizmente em nosso país as
juventudes são as principais vítimas quando o tema é ataque à vida.
Assim, podemos afirmar que a melhor resposta quando questiona-
dos sobre qual o maior desafio da juventude brasileira hoje é: sobreviver.
Sobreviver no aspecto mais básico que o termo possa vir a expres-
sar, vide os dados que tratam dos homicídios no Brasil, além de dados
sobre o desemprego e a educação.

Homicídios
Segundo dados do Atlas da Violência publicado em 2018 pelo
Ipea, entre 2006 e 2016, o Brasil registrou 324.967 casos de jovens
assassinados. Só para se ter um breve comparativo, durante 20 anos de
guerra no Vietnã, os EUA tiveram 47.434 motos.
De 2006 para 2016, o índice de homicídios na faixa etária que se
refere à juventude (15 a 29 anos) teve um crescimento de cerca de 23%.
Segundo a OMS, a cada 100 mil pessoas, o índice de jovens assas-
sinados no Brasil é de 65,5, o que é 6 vezes maior do que índice global
de assassinato de jovens.
Diante desses índices alarmantes, fica clara a urgência de darmos
um basta ao extermínio de nossas juventudes.
No entanto, a palavra sobreviver em nosso cotidiano também sig-
nifica ter possibilidade de acesso aos bens e aos direitos básicos que
garantam a dignidade humana.
186
O que infelizmente também é uma luta nada fácil para esse grupo
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social.

Desemprego
Segundo reportagem do Portal G1, de 17 de agosto de 2018:
Dados do mercado de trabalho divulgados pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, nos traba-
lhadores entre 18 e 24 anos, a taxa de desemprego é maior que o dobro
da taxa da população em geral. Enquanto a taxa geral ficou em 12,4%
no segundo trimestre, entre os jovens esse percentual salta para 26,6%.
“Essa taxa é muito maior entre os jovens por conta das barreiras
que são impostas a eles para ingressar no mercado de trabalho. Capa-
citar uma pessoa para o mercado de trabalho custa caro. Por isso o
mercado tende a buscar quem já tem experiência profissional”, expli-
ca Cimar Azeredo, que gerencia a Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios (PNAD).

Educação
Segundo reportagem da Revista Isto é, de 25 de abril de 2018,
atualmente, a cada 100 jovens entre 18 e 24 anos (faixa etária esperada
para se estar no ensino superior), apenas 18 têm acesso a esse nível de
educação.
Então, estima-se que hoje cerca de 11 milhões de jovens estão em
uma condição de vida sem acesso ao estudo e sem trabalho. Ou seja,
com seus direitos básicos negados e sem condições de sobrevivência
digna.

Conclusão
Esse cenário é sem dúvida fruto de um desequilíbrio ecológico, ou
seja, fruto de uma desigualdade no meio social em que a população juve-
nil brasileira está inserida, e é preciso perceber que os dados acima apre-
sentados são consequências visíveis de uma ética social perversa, que
coloca o lucro do capital como um valor supremo, tendo no acumulo

187
de renda e riqueza o seu fim e a sua perversidade. Pois o mesmo siste-
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ma que gera as desigualdades sociais trata a natureza como mero objeto


que, assim como os pobres, deve ser explorada e exaurida ao extremo.
Sem dúvida, uma ética Cristã não deve compactuar com esse
modelo, mas buscar conhecer, criar e se comprometer com novas formas
de vida, sendo, assim, agente de um novo céu e de uma nova terra, onde
o choro e a morte da vida já não imperem e a fraternidade universal, sinal
de amor entre os membros da comunidade humana, possa reinar.

1. Nosso Espaço
Sugere-se que a ambientação do encontro seja feita da seguinte
forma:
Que os participantes sentem-se em círculo para facilitar a visibi-
lidade de todos e uma melhor fluidez nos diálogos.
Que, ao centro do círculo, possam ser dispostas reportagens de
revistas e jornais locais, com notícias de situações que maltratam a vida
da juventude e do planeta. Exemplo: índice de desemprego, violências
contra a juventude, desastres ambientais. Além disso, sugerimos que
também haja flores, frutos, uma pequena fonte de água e reportagens
que revelem iniciativas de ações que buscam um bem viver.
Essas informações dispostas no ambiente servem para perceber-
mos as complexidades do ambiente em que o grupo está inserido a fim
de que possa ir se ambientando com o lugar que deve se comprometer.

2. Palavra de Deus
O texto de Lucas 4,14-21 trata de Jesus em sua terra, em seu
espaço comunitário e religioso, em uma ação litúrgica que, ao ser exer-
cida, revela profunda vivência de fé e vida, os quais, por sua vez, se
tornam sinais concretos do seu compromisso com todos aqueles que
estavam marginalizados, subjugados pelo sistema que oprimia e não
gerava vida plena a todos. Esse ato simbólico de Jesus tomar para si as
palavras do profeta Isaías é sinal de seu compromisso profético com
o Reino de Deus. Jesus deixa claro seu projeto, seu lado, o qual fica

188
evidente não ser o mesmo dos poderosos que, em seus esquemas de
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poder, não querem partilhar a vida, e sim garantir perpetuamente seus


privilégios.
Assim, a questão para nós é: como nós estamos seguindo esse
exemplo e sendo testemunhas fiéis do Reino em nossa comunidade
nos dias de hoje?
Qual vem sendo nosso compromisso diante dos que são impedi-
dos de terem uma vida plena?
Nossa fé e nosso serviço litúrgico são sinais de profecia ou mero
formalismo desligado da vida do povo?

3. Nossa vida
A Carta da Terra
A Carta da Terra foi primeiramente idealizada pela Comis-
são Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento das Nações
Unidas, em 1987.
Durante o ano de 1992, no Rio de Janeiro, foi realizada a
Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvol-
vimento (CNUMAD), também conhecida por Rio 92 ou Eco-92, em
que foi elaborada a primeira versão da Carta da Terra.
Paralelo a isso, no mesmo evento, foi assinada por 179 países a
Agenda 21, um instrumento de planejamento com o intuito de alertar
para uma sociedade sustentável.
Ainda que tenha sido apresentada nesse evento, a Carta da Terra
foi somente ratificada e assumida pela Unesco em 2000 no Palácio da
Paz em Haia, Holanda, com a adesão de mais de 4.500 organizações
do mundo, incluindo o Brasil.
A Carta da Terra é uma inspiração para a busca de uma socie-
dade em que todos sejam responsáveis por ações de paz, respeito e
igualdade.
Assim, ela preza pelo bem-estar mundial ao tratar de temas éticos
de suma importância para todos os cidadãos do século XXI.

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Resumo10
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Preâmbulo
Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, em
uma época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida
que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro
enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para
seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio de uma magnífica
diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana
e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar
forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito
à natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e em
uma cultura da paz. Para chegar a esse propósito, é imperativo que nós,
os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os
outros, com a grande comunidade da vida e com as futuras gerações.

Princípios da Carta da Terra


A Carta da Terra possui 16 princípios básicos, os quais estão
agrupados em quatro grandes tópicos:

I. RESPEITAR E CUIDAR DA COMUNIDADE DA VIDA


1. Respeitar a Terra e a vida em toda sua diversidade.
2. Cuidar da comunidade da vida com compreensão, compaixão e amor.
3. Construir sociedades democráticas que sejam justas, participati-
vas, sustentáveis e pacíficas.
4. Garantir as dádivas e a beleza da Terra para as atuais e as futuras
gerações.

II. INTEGRIDADE ECOLÓGICA


5. Proteger e restaurar a integridade dos sistemas ecológicos da Terra,
com especial preocupação pela diversidade biológica e pelos pro-
cessos naturais que sustentam a vida.

10 Disponível em: < https://www.todamateria.com.br/carta-da-terra/>. Acesso em 15 out 2019.

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6. Prevenir o dano ao ambiente como o melhor método de prote-
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ção ambiental e, quando o conhecimento for limitado, assumir


uma postura de precaução.
7. Adotar padrões de produção, consumo e reprodução que prote-
jam as capacidades regenerativas da Terra, os direitos humanos e
o bem-estar comunitário.
8. Avançar o estudo da sustentabilidade ecológica e promover a tro-
ca aberta e a ampla aplicação do conhecimento adquirido.

III. JUSTIÇA SOCIAL E ECONÔMICA


9. Erradicar a pobreza como um imperativo ético, social e ambiental.
10. Garantir que as atividades e as instituições econômicas em todos
os níveis promovam o desenvolvimento humano de forma equi-
tativa e sustentável.
11. Afirmar a igualdade e a equidade de gênero como pré-requi-
sitos para o desenvolvimento sustentável e assegurar o acesso
universal à educação, à assistência de saúde e às oportunidades
econômicas.
12. Defender, sem discriminação, os direitos de todas as pessoas a
um ambiente natural e social, capaz de assegurar a dignidade hu-
mana, a saúde corporal e o bem-estar espiritual, concedendo es-
pecial atenção aos direitos dos povos indígenas e minorias.

IV. DEMOCRACIA, NÃO VIOLÊNCIA E PAZ


13. Fortalecer as instituições democráticas em todos os níveis e pro-
porcionar-lhes transparência e prestação de contas no exercício
do governo, participação inclusiva na tomada de decisões e aces-
so à justiça.
14. Integrar, na educação formal e na aprendizagem ao longo da vida,
os conhecimentos, os valores e as habilidades necessárias para
um modo de vida sustentável.
15. Tratar todos os seres vivos com respeito e consideração.
16. Promover uma cultura de tolerância, não violência e paz.

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4. Trocando ideias
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Quais relações são possíveis de serem estabelecidas entre os


dados apresentados no texto de introdução do encontro e os princí-
pios propostos pela Carta da Terra?
Qual dos princípios te chamou mais atenção? Por quê?

5. Dinâmica
Dividir o grupo em quatro, para que cada um possa fazer a leitura
de um dos grandes tópicos da Carta da Terra, sendo eles: I. Respeitar
e cuidar da comunidade da vida; II. Integridade ecológica; III. Justiça
social e econômica; IV. Democracia, não violência e paz.
Após a leitura e o debate, pedir que cada grupo, inspirado na lei-
tura, redija um compromisso com a comunidade local, carta do grupo
de jovens. Ela pode ser feita por tópicos.
Após esse exercício, propõe-se que o grupo apresente o seu tra-
balho para todos, e possa juntar com os outros em uma única carta:
Carta da comunidade.

6. Referências de leitura
Carta da Terra.11

7. Sentinela do amanhã
Em espírito orante, neste momento, convidamos todos a se pôr
em sintonia com a Oração de São Francisco de Assis, exemplo de
homem, que fez uma opção preferencial pelos pobres e viveu uma
dinâmica capaz de perceber a beleza de uma fraternidade universal, ou
seja, a beleza e a importância de toda a criação.

11 Disponível em: < http://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/agenda-21/car-


ta-da-terra> (site do Ministério do Meio Ambiente). Acesso em 15 out 2019.

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Oração de São Francisco
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Senhor: Fazei de mim um instrumento de vossa Paz./ Onde houver


Ódio, que eu leve o Amor,/ Onde houver Ofensa, que eu leve o Per-
dão./ Onde houver Discórdia, que eu leve a União./ Onde houver
Dúvida, que eu leve a Fé./ Onde houver Erro, que eu leve a Verdade./
Onde houver Desespero, que eu leve a Esperança./ Onde houver Tris-
teza, que eu leve a Alegria./ Onde houver Trevas, que eu leve a Luz!/
Ó Mestre,/ fazei que eu procure mais:/ consolar, que ser consolado;/
compreender, que ser compreendido;/ amar, que ser amado./ Pois é
dando que se recebe,/ perdoando que se é perdoado,/ e é morrendo
que se vive para a vida eterna!
Amém.

8. Mão na massa
Como gesto concreto desse encontro, propomos que o grupo
possa plantar uma árvore como sinal de aliança com a natureza e a
vida. Além da responsabilidade de cuidar dela, o grupo deve examinar
quais são as principais causas de injustiça e morte na comunidade e
cuidar dessa libertação.
Sugerimos que, após esse plantio, seja feita a leitura da Carta da
comunidade, no desejo de que o cuidado com a planta seja sinal vivo
de um cuidado com a vida digna de toda a comunidade.

9. Mais um pouquinho
Encíclica Laudato Si’.12
Discurso do Papa Francisco no II Encontro Mundial dos Movi-
mentos Populares.13
Livro: Docat.

12 FRANCISCO. Carta Encíclica Laudato Si’ sobre o cuidado da Casa Comum. (Documentos
Pontifícios, 22). Brasília: Edições CNBB, 2016.
13 Disponível em: <http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2015/july/documents/
papa-francesco_20150709_bolivia-movimenti-popolari.html>. Acesso em 15 out 2019.

193
Juventude
Juventude orante: roteiro de Lectio Divina
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(Apresentamos um momento diferente dos anteriores nesse material.


A seguir, não apresentaremos uma proposta de reflexão, mas um momento
de oração a partir da Palavra de Deus, a fim de que todos possam prepa-
rar-se intensamente para a maior festa cristã: a Páscoa. Somos todos convi-
dados a colocarmo-nos em oração com auxílio do eixo bíblico da CF 2020.
Para isso, sejam preparados o ambiente e as pessoas que dele participarem,
de forma carinhosa e acolhedora.)

1. Ambientação
Preparar o ambiente para que os participantes fiquem dispostos
em círculo. Ao centro, preparar uma mesa com uma vela, a Bíblia e a
frase bíblica: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração (...)
e a teu próximo como a ti mesmo!” (Lc 10,27) e deixar bem visível
sobre a mesa. Cada participante seja acolhido com alegria e com ges-
tos de fraternidade. Pode-se motivar a acolhida mútua, desejando a
paz uns aos outros.

2. Invocação ao Espírito Santo


O animador do encontro faz a motivação para oração e invocação ao
Espírito Santo. Cada participante pode fazer sua oração espontânea, con-
vidando o Espírito Santo para fazer-se presente e conduzir todo o encon-
tro. O animador pode também motivar um canto conhecido, previamente
acordado com o grupo, e também proporcionar ao final um momento de
silêncio para melhor fecundar em nosso coração as palavras da oração.

3. Leitura do Texto Bíblico


A fim de nos preparar para acolher a Palavra de Deus, a Bíblia
que se encontra na mesa ao centro do ambiente pode passar de mão
em mão. Cada participante procure acolher a Palavra de Deus de for-
ma especial. O último a receber a Palavra pode então proclamar o
Evangelho. Ao final, a Bíblia volta para o centro da mesa.

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Comentário: desde sempre, o povo de Deus é chamado a
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caminhar de acordo com a sua Palavra. Em cada tempo da história, a


Palavra de Deus nos ensina a discernir a sua vontade e a agir segundo
ela. Ela é viva e atual, ou seja, com o coração sincero e humilde, posso
e devo buscar na Palavra de Deus respostas de conduta para as realida-
des que vivemos hoje. Peçamos ao Espírito Santo que a Palavra procla-
mada nesta noite brilhe em nosso interior, de forma especial para nós
jovens, nos fazendo compreender o que Deus deseja de nós e para nós.
Sugestão de canto: Vem Espírito Santo, vem. Vem iluminar.
Ler atentamente o texto: Lucas 10,25-37. Se necessário, o texto
pode ser lido mais de uma vez, por pessoas diferentes.

4. Aprofundamento do texto bíblico


O animador pode iniciar o aprofundamento bíblico motivando
uma partilha em que se responde: O que o texto diz? Quem são os
personagens envolvidos? O que Jesus ensina nesse relato?
O texto que acabamos ler fala claramente sobre a prática do amor
ao próximo, em um diálogo de Jesus com um homem letrado, estudio-
so e conhecedor da lei e da justiça, muito entendido de quem é Deus
e a sua Lei, porém não tão seguro de quem, afinal, era o seu próximo.
Jesus incorpora, através dessa palavra, o amor à Lei. Porque só
amor dá sentido à Lei, e também a justifica. Jesus sai da teoria e entra
na prática por meio dessa história exemplar. O homem consegue a ple-
nitude da vida assumindo a sua vida em Deus, ou seja, sua vida inte-
rior (“Amar a Deus sobre todas as coisas...), mas também saindo de si
para ir ao encontro do seu próximo, acolhendo com responsabilidade
a vida do outro (... e ao próximo como a ti mesmo”).
O samaritano se destaca do levita e do sacerdote, porque, além
de ver o seu próximo, ele sentiu compaixão, e por isso cuidou dele. É
preciso tornar o nosso olhar amável e misericordioso diante da vida
alheia para amadurecermos na tomada de iniciativa, sempre necessá-
ria, fazendo-se dessa forma alguém próximo dos mais necessitados.

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5. Meditação
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Após o aprofundamento da palavra que proclamamos, pode-se


promover uma partilha, inicialmente dois a dois, sobre o que o texto
fala ao seu coração. Depois se pode abrir a partilha para o grande gru-
po, em que os que quiserem poderão expor sua meditação. Se o grupo
for muito grande, podemos dividi-lo em dois menores.
Jesus não diz nada acerca do homem que foi assaltado, é uma
figura anônima. Não sabemos quem era, de onde veio, o que fazia e o
que faria em Jericó. O samaritano que se ocupa das necessidades desse
homem assaltado não era parente, conhecido, amigo nem mesmo divi-
dia a mesma religião ou ocupação. Eram desconhecidos um do outro.
E é justamente nessa condição que Jesus apresenta quem é o nosso
próximo: é o necessitado, aquele que a providência de Deus coloca em
nosso caminho para exercitarmos o amor e a misericórdia.
Exposto isso, vamos refletir um pouco:
 O caminho de Jerusalém para Jericó era perigoso, um local pre-
ferido pelos assaltantes. Quais são as ameaças à vida nos dias de
hoje, especialmente no mundo juvenil?
 Quem são aqueles que precisam de “azeite e vinho” nas suas feri-
das nos tempos de hoje?
 De que forma temos negligenciado o próximo?
 Qual é a importância que a vida do próximo tem para mim?
 De que forma podemos tornar o nosso coração sensível às neces-
sidades do outro, abrindo-nos à compaixão e tornando-nos mais
proativos com a vida do próximo?
Ao final, o animador motiva um silencio contemplativo diante de
toda a meditação, para que cada um possa discernir o que está ao seu
alcance, o que lhe cabe dentro desse ensinamento do Senhor.

6. Preces
Após a meditação, convidar todos a ficarem de pé e elaborar pre-
ces espontâneas nas seguintes intenções:
1. Pelas vítimas dos abusos da internet.
196
2.Pelas vítimas dos crimes ambientais.
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3.Pelas vítimas da violência.


4.Pelos que perderam o gosto e o sentido da vida.
5.Pelas vítimas de aborto.
6.Pelos migrantes e refugiados.
7.Pelos enfermos.
8.Pelas vítimas do trabalho escravo infantil.
9.Pelos discriminados.
Pode-se incluir outras preces espontâneas. A resposta a cada prece
pode ser “Dai-nos, Senhor, a coragem de defender e promover a vida”.

7. Oração Final
O grupo pode rezar uma Ave-Maria confiando a Nossa Senhora
nosso desejo de ser e defender a vida, e rezar todos juntos a seguinte
Oração pela vida:
“Pai Santo, Amor Criador, Senhor da vida, Deus providente e todo-
-poderoso: desde toda a eternidade quisestes o ser e a vida de cada um de
nós, e enviastes o vosso Filho ao mundo a fim de que tenhamos a Vida e a
tenhamos em abundância. Dai-nos o vosso Espírito vivificante para que,
sempre, em qualquer circunstância e sem excepção alguma, defendamos,
amemos e sirvamos a vida, dignidade, direitos e integridade de cada ser
humano – desejado ou imprevisto, são ou enfermo, perfeito ou deficiente –
desde o momento da sua concepção, ou fase unicelular, e em todas as fases
da sua existência até à morte natural, e, indo, assim, ao vosso encontro,
alcancemos a felicidade eterna. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo. Amém”.14
O grupo pode se despedir com um abraço de paz, enquanto se
coloca como fundo o Hino da Campanha da Fraternidade 2020.

14 Disponível em: < http://www.ordem-do-carmo.pt/index.php/oracoes/575-oracao-pela-vida.


html>. Acesso em 15 out 2019.

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Observações
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1. Procuramos ter sempre presente o conteúdo do Texto-Base da


CF 2020.
2. Buscamos manter uma centralidade da Bíblia, de tal forma que
ela pudesse percorrer todo o encontro: título, desenvolvimento,
preces, orações etc.
3. Foi proposital não inserir o texto bíblico no roteiro, a fim de que
a Bíblia seja levada e usada nas reuniões.

Oração Inicial: ORAÇÃO DA CAMPANHA


DA FRATERNIDADE 2020
Deus, nosso Pai, fonte da vida e princípio do bem viver,
criastes o ser humano e lhe confiastes o mundo
como um jardim a ser cultivado com amor.

Dai-nos um coração acolhedor para assumir


a vida como dom e compromisso.

Abri nossos olhos para ver


as necessidades dos nossos irmãos e irmãs,
sobretudo dos mais pobres e marginalizados.

Ensinai-nos a sentir a verdadeira compaixão


expressa no cuidado fraterno,
próprio de quem reconhece no próximo
o rosto do vosso Filho.

Inspirai-nos palavras e ações para sermos


construtores de uma nova sociedade,
reconciliada no amor.

Dai-nos a graça de vivermos


em comunidades eclesiais missionárias

199
que, compadecidas,
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vejam, se aproximem e cuidem


daqueles que sofrem,
a exemplo de Maria, a Senhora da Conceição Aparecida,
e de Santa Dulce dos Pobres, Anjo Bom do Brasil.

Por Jesus, o Filho amado,


no Espírito, Senhor que dá a vida.
Amém!

Oração Final:
Ó Maria, aurora do mundo novo,
Mãe dos viventes, confiamos-vos a causa da vida:
olhai, Mãe, para o número sem fim de crianças
a quem é impedido nascer,
de pobres para quem se torna difícil viver,
de homens e mulheres vítimas de inumana violência,
de idosos e doentes assassinados pela indiferença
ou por uma falsa compaixão.
Fazei com que todos aqueles que creem no vosso Filho
saibam anunciar com desassombro e amor aos homens
do nosso tempo o Evangelho da vida.
Alcançai-lhes a graça de o acolher como
um dom sempre novo, a alegria de o celebrar
com gratidão em toda a sua existência, e a coragem
para o testemunhar com grande tenacidade, para construírem,
juntamente com todos os homens de boa vontade, a civilização
da verdade e do amor, para louvor e glória de
Deus Criador e amante da vida.
Amém!
(São João Paulo II)

200
1º ENCONTRO: Rever o nosso olhar?
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“Chegou perto dele e, ao vê-lo, moveu-se de compaixão”. (Lc 10,33)

1. Iniciando nosso encontro


a. Preparação do ambiente: Bíblia, vela acesa e flores, Cartaz da CF
2020;
b. Canto de abertura e invocação da Santíssima Trindade;
c. Oração da Campanha da Fraternidade 2020 (p. 199).

2. Preparando para ouvir a Palavra


Leitor(a) 1: Cada Campanha da Fraternidade é um convite à
nossa conversão. A Igreja no Brasil nos convida a contemplar os mis-
térios da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor diante dos crucifi-
cados de nossa história. E assim como Jesus sempre cuidou, defendeu
e preservou a vida, somos convocados a celebrar e viver o tempo qua-
resmal de forma semelhante: cuidando, defendendo e preservando a
vida humana e a vida do planeta. No Evangelho de Lucas, a parábola
do samaritano nos coloca diante do que é necessário fazer para entrar
na vida eterna. Vamos ouvir o que o Senhor vem nos falar.
Todos (cantando): Envia tua Palavra, Palavra de Salvação,
que vem trazer esperança, aos pobres, libertação. (bis)

3. Deus nos fala


Canto de aclamação (um canto à escolha,p. 221-223)
Chave de Leitura: Lucas 10,25-33.
1. O que é preciso fazer para herdar a vida eterna?
2. Qual a diferença entre o olhar do sacerdote, do levita e do
samaritano?
3. Nosso olhar é mais semelhante a qual desses três?

201
4. Iluminando a vida com a Palavra
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Leitor(a) 2: O doutor da Lei, com a intenção de testar Jesus,


questiona-o sobre a vida eterna. Jesus responde com outra pergunta:
“Que está escrito na Lei? Como lês?” (Lc 10,26b). Nesse questiona-
mento, Jesus vai além da letra das Escrituras. Ele coloca a questão da
interpretação que se dá ao texto. A Palavra de Deus não deve ser ape-
nas lida como o fazem os fundamentalistas. Ela deve passar também
pelo crivo da interpretação. A interpretação da Palavra deve ser feita
de frente para vida, de olhos abertos à realidade. Procurar sempre a
vontade de Deus diante de cada situação que vivenciamos. Por isso,
Jesus propõe ao doutor da Lei uma parábola para ajudar a aproximar a
Lei e a vida; a teoria e a prática; a fé e a vida; a oração e a ação; o amor
a Deus e o amor aos irmãos.
Todos (cantando): Eu vim para que todos tenham vida. Que
todos tenham vida plenamente. (bis)
Leitor(a) 3: O sacerdote era o responsável pelos sacrifícios no
Templo de Jerusalém e o levita responsável pela animação da liturgia.
Tanto um como o outro agiram com indiferença diante do necessitado
à beira da estrada. Eles viram, mas se desviaram e não o socorreram.
No entanto, o samaritano, ao ver o homem, sentiu compaixão. Essa
compaixão nasce do seu modo diferente de olhar, leva-o a se aproxi-
mar do homem, gastar tempo, modificar os planos de sua viagem. Ele
não cai na indiferença diante do necessitado e sofredor. Ele oferece os
cuidados emergenciais: limpa as feridas, alivia a dor, leva o homem até
a hospedaria e paga as despesas de sua estadia.
Todos (cantando): Peregrinos, aprendemos nesta estrada / o
que o “bom samaritano” ensinou: / Ao passar por uma vida ame-
açada, / Ele a viu, compadeceu e cuidou (cf. Lc 10,33-34).
Leitor(a) 4: Próximo não é apenas alguém com quem possu-
ímos vínculos, mas todo aquele de quem nos aproximamos. É todo
aquele que sofre diante de nós. Não é a lei que estabelece prioridades,
mas é a compaixão que impulsiona a fazer pelo outro aquilo que é pos-
sível, rompendo assim com a indiferença. A fé leva, necessariamente,

202
à ação, à caridade e à fraternidade. Jesus é o verdadeiro bom samari-
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tano que se aproxima dos homens e das mulheres que sofrem e, por
compaixão, lhes restitui a dignidade perdida. Neste tempo quaresmal,
temos diante de nós duas maneiras de olhar: um olhar que vê e passa
adiante, como o sacerdote e o levita, e um olhar samaritano que vê e se
faz próximo, se envolve, se compromete. Para uma verdadeira conver-
são, precisamos rever o nosso olhar. Aprender com Jesus a ter o olhar
do bom samaritano.
Todos (cantando): Peregrinos, aprendemos nesta estrada / o
que o “bom samaritano” ensinou: / Ao passar por uma vida ame-
açada, / Ele a viu, compadeceu e cuidou (cf. Lc 10,33-34).
Leitor(a) 5: A Igreja no Brasil nos recorda que “Somente um
olhar interessado pelo destino do mundo e do ser humano permi-
tirá experimentar a dor pela situação que rege a história, mas que é
superada pelo amor de Deus que a envolve. Somente contemplan-
do o mundo com os olhos de Deus, é possível perceber e acolher o
grito que emerge das várias faces da pobreza e da agonia da criação”
(DGAE, n. 102).1 A partir do modo de olhar, desdobra-se um jeito de
agir. Se não aprendemos a olhar como Jesus, não agiremos como Ele.
Não seremos de fato seus seguidores, pois só se torna seguidor quem
faz a vontade do Pai.

5. Puxando conversa
O que mais nos chamou a atenção nos comentários do texto
bíblico e no tema da reunião de hoje?

6. Pergunta para aprofundamento


Diante dos sofredores e dos necessitados, nosso olhar é de indi-
ferença, de curiosidade ou de solidariedade? Em que precisamos
crescer?

1 CNBB. Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil: 2019-2023. (Documentos


da CNBB, 109). Brasília: Edições CNBB, 2019.

203
7. Rezar a Palavra de Deus na vida
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1. Senhor, que este tempo quaresmal nos ajude a enxergar as


pessoas, os acontecimentos e as situações de forma mais samaritana e
zelosa pela vida humana e pela vida no planeta, rezemos:
Todos: Senhor, dai-nos um olhar samaritano!
2. Senhor, que sejamos capazes de vencer a “globalização da indi-
ferença”, sendo capazes de nos indignar diante de toda forma de injus-
tiça e violência, rezemos:
Todos: Senhor, dai-nos um olhar samaritano!
3. Senhor, Dra. Zilda Arns costumava dizer: “Há muito o que se
fazer, porque a desigualdade social é grande”. Ajudai-nos a lutar con-
cretamente contra a desigualdade, rezemos:
Todos: Senhor, dai-nos um olhar samaritano!
(Outras preces espontâneas.)

8. Pistas de ação
1. Ler em casa o texto do próximo encontro: Levítico 19,9-18.
2. Convidar outros amigos ou vizinhos para participar do próximo
encontro.
3. Descobrir as iniciativas que nos ajudam a ser solidários aos
sofredores.

9. Encerramento
a. Avisos
b. Canto (à escolha, p. 221-223)
c. Oração Final (p. 200)

204
2º ENCONTRO: Rever o nosso agir
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“Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. (Lv 19,18b)

1. Iniciando nosso encontro


a. Preparação do ambiente: Bíblia, vela acesa, algo que lembre os
trabalhos que temos a favor da vida, cartaz da CF 2020;
b. Canto de abertura e invocação da Santíssima Trindade;
c. Oração da Campanha da Fraternidade 2020 (p. 199);
d. Partilhar a tarefa do encontro anterior.

2. Preparando para ouvir a Palavra


Leitor(a) 1: Levi era um dos filhos de Jacob (Ex 1,2), cuja tribo foi
escolhida para o serviço religioso e sacerdotal do templo (Dt 10,8-9).
Devia viver do dízimo, sem possuir propriedade. Trata-se do livro de
culto do povo da Aliança. Esse conjunto de leis referentes aos cultos
colocadas diante do Monte Sinai, no contexto da Aliança de Deus com
seu povo, quer indicar que o culto não pode se limitar apenas aos ritos
litúrgicos. Em seu tempo, Jesus não destruiu esse culto (Mt 5,17-20);
mas aponta para um que nasça do coração e esteja sempre comprome-
tido com a sua vida concreta e com o mundo que o rodeia (Mt 5,21-48;
Mc 7,1-23; Jo 4,20-21). Vamos, com calma e atenção, ouvir o que o
Senhor vem nos falar.
Todos (cantando): Bendita, bendita, bendita a Palavra do
Senhor. Bendito, bendito, bendito quem a vive com amor. (bis)

3. Deus nos fala


Canto de aclamação (um canto à escolha,p. 221-223)
Chave de Leitura: Levítico 19,9-18.
1. No texto, que atitudes de solidariedade o Senhor pede?
2. No texto, que atitudes de justiça o Senhor exige?
3. Hoje, como devemos concretizar o nosso amor ao próximo?

205
4. Iluminando a vida com a Palavra
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Leitor(a) 2: A leitura de Levítico pode nos ajudar a encontrar as


raízes do verdadeiro culto cristão. O culto cristão deve ser seguido de
atitudes de justiça, de solidariedade e de misericórdia como nos revela
o texto acima. A Campanha da Fraternidade 2020 continua nos convi-
dando a um processo de conversão que nos faça rever nosso modo de
ser e de agir na sociedade de hoje. Por isso, ela volta nossa atenção para
a realidade da desigualdade, que é um triste distintivo da sociedade bra-
sileira. Em 2017, o Brasil era o 9º país mais desigual do planeta em dis-
tribuição de renda. Dados do IBGE revelam que os 50% mais pobres
da população brasileira ficaram ainda mais pobres (3,5%), enquanto os
10% de brasileiros mais ricos tiveram crescimento de quase 6% em seus
rendimentos. Nesse cenário, percebemos que o olhar do descarte e da
indiferença gera um sentimento de desprezo sobre a vida.
Todos (cantando): Entre nós está e não o conhecemos, entre
nós está e nós o desprezamos. (bis)
Leitor(a) 3: O Papa Francisco nos ajuda a enxergar melhor essa
situação da desigualdade, ele aponta que “assim como o mandamento
‘não matar’ põe um limite claro para assegurar o valor da vida humana,
assim também hoje devemos dizer ‘não a uma economia da exclusão
e da desigualdade social’. Esta economia mata. Não é possível que a
morte por enregelamento de um idoso sem abrigo não seja notícia,
enquanto o é a descida de dois pontos na Bolsa. Isto é exclusão. Não
se pode tolerar o fato de se jogar comida no lixo, quando há pessoas
que passam fome. Isto é desigualdade social. (...) O ser humano é con-
siderado, em si mesmo, como um bem de consumo que se pode usar
e depois jogar fora. Assim teve início a cultura do ‘descartável’. (...) Os
excluídos não são ‘explorados’, mas resíduos, ‘sobras’” (EG, n. 53).2
Todos (cantando): Peregrinos, aprendemos nesta estrada / o
que o “bom samaritano” ensinou: / Ao passar por uma vida ame-
açada, / Ele a viu, compadeceu e cuidou (cf. Lc 10,33-34).

2 FRANCISCO. Exortação Apostólica Evangelii Gaudium: a Alegria do Evangelho sobre o anún-


cio do Evangelho no mundo atual. (Documentos Pontifícios, 17). Brasília: Edições CNBB, 2015.

206
Leitor(a) 4: A Campanha da Fraternidade 2020 quer ajudar a
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rever nosso agir cristão na sociedade. Ela nos revela que há uma men-
talidade que vai assumindo com naturalidade a relativização da vida,
o enfraquecimento do conceito de pessoa e até a justificativa legal de
modalidades de homicídios e extermínios humanos, sob a alegação de
“conquista de direitos”. Uma série de ameaças à vida chega a nós, atra-
vés dos meios de comunicação, das redes sociais, que confundem os
cristãos, iludem as famílias e atraem os jovens para uma mentalidade
permissiva disfarçada de progresso científico. As redes sociais têm fun-
cionado como uma caixa amplificada que faz parecer normal todo tipo
de violência, causando grande mal à vida.
Todos (cantando): Peregrinos, aprendemos nesta estrada / o
que o “bom samaritano” ensinou: / Ao passar por uma vida ame-
açada, / Ele a viu, compadeceu e cuidou (cf. Lc 10,33-34).
Leitor(a) 5: A Campanha da Fraternidade 2020 nos mostra uma
crescente banalização da violência, favorecida por meio das fake news,
dos perfis falsos e da disseminação de notícias caluniosas e raivosas.
Isso faz crescer a violência por meio de agressões físicas, homicídios,
feminicídio, drogas, desrespeito no trânsito, passando pela agressão
psicológica, verbal e simbólica. O Estado, que tem o papel de ser o
guardião da vida, em muitas situações, apenas administra a morte. Isso
contribui para a banalização do mal na medida em que as milícias e os
grupos de extermínio determinam os que devem viver e os que devem
morrer. À luz da vida de Jesus, temos que rever nosso jeito de cultuar a
Deus, rever o nosso jeito de pensar e, sobretudo, o nosso modo de agir.

5. Puxando conversa
O que mais nos chamou a atenção nos comentários do texto
bíblico e no tema da reunião de hoje?

6. Pergunta para aprofundamento


Nossas reações diante da situação de ódio e violência testemu-
nham que somos verdadeiros cristãos? Dê exemplos.

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7. Rezar a Palavra de Deus na vida
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1. Senhor, que esta Campanha da Fraternidade nos faça mais


zelosos com a defesa, a proteção e a preservação da vida, rezemos:
Todos: Senhor, fazei-nos praticantes da justiça e do direito!
2. Senhor, ajudai-nos a vencer a indiferença que nos impede de
ver no outro nosso irmão e dai-nos coragem para recriar em nós as
atitudes de Jesus, rezemos:
Todos: Senhor, fazei-nos praticantes da justiça e do direito!
3. Senhor, que a exemplo de Santa Dulce, que, mesmo em esta-
do de saúde precário, não conseguia ficar longe dos pobres, possamos
crescer na prática da solidariedade humana, rezemos:
Todos: Senhor, fazei-nos praticantes da justiça e do direito!
(Outras preces espontâneas.)

8. Pistas de ação
1. Ler em casa o texto do próximo encontro: Lucas 4,14-29.
2. Procurar descobrir as iniciativas concretas de nossa paróquia
para esta Campanha da Fraternidade e com ela colaborar mais
ativamente.

9. Encerramento
a. Avisos
b. Canto (à escolha, p. 221-223)
c. Oração Final (p. 200)

208
3º ENCONTRO: Viver é dom e
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compromisso

“Enviou-me para proclamar a liberdade”. (Lc 4,18c)

1. Iniciando nosso encontro


a. Preparação do ambiente: Bíblia, vela acesa, flores e algo que lem-
bre as bem-aventuranças;
b. Canto de um refrão orante, invocação da Trindade;
c. Oração da Campanha da Fraternidade 2020 (p. 199);
d. Lembrar a tarefa do encontro anterior.

2. Preparando para ouvir a Palavra


Leitor(a) 1: No contexto do Evangelho de Lucas, compreende-
mos Jesus como o bom samaritano que passou pelo mundo fazendo o
bem, promovendo a justiça, a solidariedade e a paz. A raiz dessa ação
samaritana de Jesus está no projeto de Deus, sendo o enviado do Pai
ao mundo com a missão de anunciar o Reino. Ao ler e reler os profetas,
Jesus compreende a vontade do Pai e o compromisso que lhe foi con-
fiado. A vida de Jesus e a vida de cada pessoa são um dom, um presente
gratuito de Deus e, ao mesmo tempo, um compromisso, uma missão
a ser realizada no mundo. Viver é um dom e um compromisso. Vamos
ouvir o que o Senhor quer nos falar.
Todos (cantando): Fala, Senhor! Fala, Senhor! Palavra de
Fraternidade. Fala, Senhor! És luz da humanidade. (bis)

3. Deus nos fala


Canto de aclamação (um canto à escolha,p. 221-223)
Chave de Leitura: Lucas 4,14-29.
1. Qual é a missão dada pelo Espírito?
2. Como o povo reage ao enviado de Deus?
3. O que este texto nos diz diante da realidade que vivemos?

209
4. Iluminando a vida com a Palavra
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Leitor(a) 2: Ao reler o livro de Isaías, Jesus identifica sua própria


missão no mundo. Ele retoma o texto e o aplica em sua vida, atualizan-
do-o. “O Espírito do Senhor está sobre mim, pois ele me ungiu para
anunciar o evangelho aos pobres: enviou-me para proclamar a liber-
dade aos presos e, aos cegos, a visão; para pôr em liberdade os oprimi-
dos” (Lc 4,18). Eis aí o sentido de sua vinda ao mundo. A vida de Jesus
e sua missão no mundo implicam um compromisso com os pobres e
os sofredores, Ele veio para libertá-los. Como discípulos e missioná-
rios de Jesus, também nossa vida é dom e compromisso, temos a mis-
são de recriar, no hoje de nossa história, as ações libertadoras de Jesus.
Temos a missão de agir como bons samaritanos no mundo de hoje.
Todos (cantando): Vem, vem, vem. Vem Espírito Santo de
Amor. / Vem a nós. Traz à Igreja um novo vigor. (bis)
Leitor(a) 3: A Campanha da Fraternidade 2020, ao tratar da
vida como “dom e compromisso”, leva-nos a uma conversão pessoal,
comunitária e também social. O Papa Francisco aponta as desigualda-
des sociais como raiz de muitos males que desumanizam e desfiguram
a dignidade do homem e da mulher, criados à imagem e semelhança
de Deus. “A necessidade de resolver as causas estruturais da pobreza
não pode esperar; (...) Enquanto não forem radicalmente soluciona-
dos os problemas dos pobres, renunciando à autonomia absoluta dos
mercados e da especulação financeira e atacando as causas estruturais
da desigualdade social, não se resolverão os problemas do mundo
e, em definitivo, problema algum. A desigualdade é a raiz dos males
sociais” (EG, n. 202).
Todos (cantando): Peregrinos, aprendemos nesta estrada / o
que o “bom samaritano” ensinou: / Ao passar por uma vida ame-
açada, / Ele a viu, compadeceu e cuidou (cf. Lc 10,33-34).
Leitor(a) 4: Para o início de um processo de superação das desi-
gualdades, é fundamental aprendermos a valorizar a vida humana e a
vida no planeta. Tudo o que está à nossa disposição no mundo, tudo
o que gera a vida é dom de Deus, mas é também um compromisso

210
de preservação. Valorizar a vida em primeiro lugar é um ato de fé, é
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uma reverência ao Criador, pois ela é um dom de Deus. Além disso, é


também um exercício que passa pela organização comunitária e social,
e não pode ser confundido com um ato meramente assistencialista e
ideológico.
Todos (cantando): Peregrinos, aprendemos nesta estrada / o
que o “bom samaritano” ensinou: / Ao passar por uma vida ame-
açada, / Ele a viu, compadeceu e cuidou (cf. Lc 10,33-34).
Leitor(a) 5: Também São João Paulo II nos convidou a conside-
rar que às antigas formas de pobreza e de miséria se juntam as novas
formas, como o “desespero da falta de sentido”, a “tentação da droga”, a
“solidão na velhice ou na doença”, a “marginalização ou discriminação
social”. É hora de uma nova “caridade”, que se manifeste não só nem
sobretudo na eficácia dos socorros prestados, mas na capacidade de
pensar e ser solidário com quem sofre, de tal modo que o gesto de
ajuda seja sentido, não como esmola humilhante, mas como partilha
fraterna” (NMI, n. 50).3 “Hoje cumpriu-se esta palavra da Escritura
que acabais de ouvir” (Lc 4,21). Eis aí o caminho que devemos trilhar
a partir da Campanha da Fraternidade 2020. Coloquemos em prática
o que nos pedem as Escrituras.

5. Puxando conversa
O que mais nos chamou a atenção nos comentários do texto
bíblico e no tema da reunião de hoje?

6. Pergunta para aprofundamento


O que podemos fazer para reforçar as ações de defesa da vida
humana e do planeta em nossa comunidade? Dê exemplos.

3 SÃO JOÃO PAULO II. Carta Apostólica Novo Millennio Ineunte ao episcopado, ao clero e aos
fiéis no termo do grande Jubileu do ano 2000, 6 de janeiro de 2001.

211
7. Rezar a Palavra de Deus na vida
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1. Senhor, que a exemplo de São Camilo, que aprendeu a servir


os enfermos como se fossem o próprio Cristo crucificado, saibamos
fazer de nossa vida uma doação no cuidado dos doentes e dos mais
necessitados, rezemos:
Todos: Senhor, fazei-nos praticantes da vossa Palavra!
2. Senhor, que saibamos reconhecer nossa vida como um dom,
colocando-nos a serviço da vida e da esperança, rezemos:
Todos: Senhor, fazei-nos praticantes da vossa Palavra!
3. Senhor, que a Campanha da Fraternidade 2020 produza frutos
de verdadeira conversão e de preservação da vida, rezemos:
Todos: Senhor, fazei-nos praticantes da vossa Palavra!
(Outras preces espontâneas.)

8. Pistas de ação
1. Ler em casa o texto do próximo encontro: Lucas 10,33-37.
2. Procurar descobrir formas de ampliar as ações concretas da
Campanha da Fraternidade e incentivar os grupos de reflexão ou
círculos bíblicos em nossa comunidade.

9. Encerramento
a. Avisos
b. Canto (à escolha, p. 221-223)
c. Oração Final (p. 200)

212
4º ENCONTRO:
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Ter compaixão: romper a indiferença

“Vai e faze o mesmo”. (Lc 10,37b)

1. Iniciando nosso encontro


a. Preparação do ambiente: Bíblia, vela acesa, Cartaz da CF 2020 e
algo que lembre o samaritano;
b. Canto de um refrão orante, invocação da Santíssima Trindade;
c. Oração da Campanha da Fraternidade 2020 (p. 199);
d. Lembrar a tarefa do encontro anterior.

2. Preparando para ouvir a Palavra


Leitor(a) 1: O sacerdote e o levita permaneceram indiferentes
ante a situação do homem ferido à beira da estrada. Eles não foram
capazes de ver a realidade com os olhos de Deus. A atitude deles
denuncia a prática de um culto a Deus longe da realidade da vida. O
verdadeiro culto nos faz recriar no nosso dia a dia, as atitudes de frater-
nidade, de misericórdia, de justiça, solidariedade e de paz praticadas
por Jesus. Nesse sentido, o culto deve nos ajudar a abrir os olhos para a
realidade vivida por nossos semelhantes. “A glória de Deus é a vida dos
homens” (Santo Irineu). A Liturgia, o culto a Deus e a participação na
Eucaristia devem nos ajudar a vencer a indiferença, a enxergar as rea-
lidades da vida com “os olhos de Deus”. Vamos ouvir o que o Senhor
vem nos falar.
Todos (cantando): A vossa Palavra, Senhor, é sinal de inte-
resse por nós.

3. Deus nos fala


Canto de aclamação (um canto à escolha,p. 221-223)
Chave de Leitura: Lucas 10,33-37.

213
1. Quais são as atitudes do Samaritano?
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2. O que Jesus pede ao doutor da Lei?


3. O que Jesus espera de seus seguidores hoje?

4. Iluminando a vida com a Palavra


Leitor(a) 2: Na parábola, a surpresa vem do terceiro homem,
um samaritano, desprezado pelos judeus e tratado como pessoa de
uma raça inferior. Desde a destruição da Samaria e do reino de Israel
(2Rs 17), a Samaria passou a ser considerada, para os judeus, como
um local de sincretismo, ou seja, de uma mistura do culto de seu
Deus com deuses de outros povos. Nas Escrituras, Ben Sirac descre-
ve os samaritanos como “o povo insensato que habita em Siquém”
(Sr 50,28). Para melhor entender como eram desprezados os samari-
tanos, na tradição judaica, os judeus eram proibidos de dizer “amém”
em uma oração proferida por um samaritano.
Todos (cantando): Peregrinos, aprendemos nesta estrada / o
que o “bom samaritano” ensinou: / Ao passar por uma vida ame-
açada, / Ele a viu, compadeceu e cuidou (cf. Lc 10,33-34).
Leitor(a) 3: Foi o samaritano que rompeu a indiferença. Foi ele que
se aproximou do homem ferido, que se moveu de compaixão. Ele partici-
pou das dores daquele homem, sentiu com ele sua situação, teve compai-
xão e misericórdia. A compaixão fez com que mudasse seus planos, atra-
sasse sua viagem. Ele colocou o homem ferido em seu próprio animal e o
levou a uma hospedaria. O amor leva ao comprometimento. No samarita-
no, podemos ver a Palavra de Deus interiorizada, transformada em mise-
ricórdia, em gesto concreto, em atitude de defesa da vida do necessitado.
O samaritano tem olhos abertos à realidade, coração sensível ao sofredor
e mãos generosas para ajudar o necessitado. Ele se fez próximo.
Todos (cantando): Peregrinos, aprendemos nesta estrada / o
que o “bom samaritano” ensinou: / Ao passar por uma vida ame-
açada, / Ele a viu, compadeceu e cuidou (cf. Lc 10,33-34).
Leitor(a) 4: Ter compaixão pela vida humana e pela vida no
planeta é uma tarefa que Deus nos deu. Trata-se de uma verdadeira

214
“responsabilidade pela vida e pela criação”, de acordo com a qual a
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Igreja não tem o compromisso de promover apenas a defesa da terra,


da água e do ar. Seu dever sagrado inclui em contribuir para proteger
as pessoas de uma possível destruição de si mesmas. Nas palavras do
Papa Francisco, somos chamados a “redescobrir a nossa identidade de
filhos e filhas, criados à imagem de Deus e encarregados de ser admi-
nistradores da terra, recriados por meio da morte e ressurreição de
Jesus Cristo, santificados pelo dom do Espírito Santo”.
Todos (cantando): Peregrinos, aprendemos nesta estrada / o
que o “bom samaritano” ensinou: / Ao passar por uma vida ame-
açada, / Ele a viu, compadeceu e cuidou (cf. Lc 10,33-34).
Leitor(a) 5: A Campanha da Fraternidade 2020 desafia-nos a
“sermos mais solidários como irmãos e irmãs e a uma responsabilida-
de compartilhada pela casa comum, torna-se cada vez mais urgente”.
“Mudar o modelo de desenvolvimento global, abrindo um novo diálo-
go sobre o futuro de nosso planeta”, é a tarefa que está diante de nós”.
Que sejamos uma Igreja samaritana, sinal e expressão da caridade de
Cristo, que vê além das aparências e para além das circunstâncias.
Uma Igreja em saída, hospital de campanha, que cuida pessoalmente
daqueles que estão feridos a beira do caminho e que não permite que
lá permaneçam. “Uma Igreja das pessoas, e não dos papéis e dos pode-
res”. Todo o tempo é tempo de fazer o bem. Sempre é tempo de cuidar,
pois próximo é quem cuida com misericórdia (Lc 10,37).

5. Puxando conversa
O que mais nos chamou a atenção nos comentários do texto
bíblico e no tema da reunião de hoje?

6. Pergunta para aprofundamento


Que passos precisamos dar para ajudar os demais cristãos a ven-
cer a indiferença e a ser mais ativos na defesa e na preservação da vida?
Dê exemplos.

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7. Rezando a Palavra de Deus na vida
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1. Santa Dulce cuidou das famílias de operários e desemprega-


dos. Tal cuidado logo se estendeu a todos aqueles que pediam sua
ajuda. Que seu exemplo de vida samaritana nos faça também samari-
tanos, rezemos:
Todos: Fazei-nos, Senhor, agir com misericórdia!
2. Senhor, que saibamos traduzir o Evangelho em atitudes de cui-
dado e misericórdia, rezemos:
Todos: Fazei-nos, Senhor, agir com misericórdia!
3. Senhor, que esta Campanha da Fraternidade nos faça mais sen-
síveis à dor dos irmãos sofredores, rezemos:
Todos: Fazei-nos, Senhor, agir com misericórdia!
(Outras preces espontâneas.)

8. Pistas de ação
1. Ler em casa o texto do próximo encontro: Mateus 20,1-15.
2. Participar das celebrações quaresmais e da CF 2020 promovidas
por nossa paróquia ou comunidade.

9. Encerramento
a. Avisos.
b. Canto (à escolha, p. 221-223)
c. Oração Final (p. 200)

216
5º ENCONTRO: Cuidar e restaurar a vida
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“Ide vós também para a minha vinha”. (Mt 20,7b)

1. Iniciando nosso encontro


a. Preparação do ambiente: Bíblia, vela acesa, flores, Cartaz da CF
2020 e algo que lembre o resgate da vida;
b. Canto de um refrão orante, invocação da Santíssima Trindade;
c. Oração da Campanha da Fraternidade 2020 (p. 199);
d. Lembrar a tarefa do encontro anterior.

2. Preparando para ouvir a Palavra


Leitor(a) 1: Na hora do acerto, o dono da vinha mostra uma jus-
tiça muito superior à justiça comum. Quem é justo retribui, a cada um,
segundo o esforço ou a produção. Quem produziu mais recebe mais,
quem produziu menos recebe menos. Na parábola, o senhor da vinha
paga a cada um segundo a sua necessidade. Por isso, quem começou
cedo ou quem começou no fim do dia tem o mesmo salário, pois todos
têm a mesma necessidade. Vamos, com calma e atenção, ouvir o que o
Senhor vem nos falar.
Todos (cantando): Fala, Senhor, fala, Senhor/ palavra de fra-
ternidade!/ Fala, Senhor, fala, Senhor/ és luz da humanidade!

3. Deus nos fala


Canto de aclamação (um canto à escolha,p. 221-223)
Chave de Leitura: Mateus 20,1-15.
1. Quantas vezes o dono da vinha saiu para contratar trabalhadores?
2. Quem reclamou na hora do acerto?
3. Qual é a justificativa do acerto?
4. Temos coragem de agir como o senhor? Por quê?

217
4. Iluminando a vida com a Palavra
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Leitor(a) 2: Nessa parábola (Mt 20,1-11), encontramos um


exemplo de justiça restaurativa. Aquele que chama os trabalhadores
para sua vinha olha o ser humano de forma integral, no desejo de con-
tribuir com a restauração da sua dignidade, corrompida pela falta de
trabalho. Cuidar da vida, ser justo, é também ter um bom coração. Os
que reclamam na hora do acerto estão acostumados com o pagamen-
to segundo a produção e não conseguem enxergar a necessidade dos
outros. Esse é o jeito de Deus. Com Ele, aprendemos a bem julgar e
agir no mundo para que todos e também tudo (incluindo toda a Cria-
ção de Deus) tenham vida.
Todos (cantando): Eu vim para que TUDO tenha vida. Que
TUDO tenha vida plenamente (bis).
Leitor(a) 3: A Campanha da Fraternidade 2020 nos recorda que
há uma justiça retributiva e outra restaurativa. Por um lado, sob o olhar
retributivo, a justiça é vista meramente como punição. É a concretiza-
ção da lei de talião: “olho por olho, dente por dente”. Por outro lado, a
justiça restaurativa nasce de um novo olhar sobre a pessoa que errou e
também sobre o conflito com o qual ela se encontra envolvida. Trata-
-se de uma alternativa ao sistema punitivo retributivo que tem apre-
sentado poucos resultados e pouca eficiência no combate à violência.
É preciso ver, ter compaixão e cuidar.
Todos (cantando): Peregrinos, aprendemos nesta estrada / o
que o “bom samaritano” ensinou: / Ao passar por uma vida ame-
açada, / Ele a viu, compadeceu e cuidou (cf. Lc 10,33-34).
Leitor(a) 4: A Campanha da Fraternidade nos convida a um
compromisso com a vida humana e com a vida no planeta. Esse com-
promisso é pessoal, familiar, comunitário e social. Em cada um desses
setores de nossa vida, é preciso: primeirear. Ter iniciativa. Ser mais
ousados. Como ações concretas, a CF 2020 nos aponta: organizar
espaços de acolhida, casas pró-vida, lugares de escuta e apoio à vida,
casas terapêuticas e de apoio a familiares de dependentes químicos;
criar centros de escuta e programas de prevenção de suicídio; dar

218
efetivamente voz aos pobres valorizando a iniciativa do “Dia mundial
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dos pobres”.
Todos (cantando): Peregrinos, aprendemos nesta estrada / o
que o “bom samaritano” ensinou: / Ao passar por uma vida ame-
açada, / Ele a viu, compadeceu e cuidou (cf. Lc 10,33-34).
Leitor(a) 5: A Campanha da Fraternidade 2020 ainda nos anima
a desenvolver gestos e atitudes que transformam: assumir um compro-
misso radical com a justiça e a solidariedade; apostar na capacidade das
pessoas de serem construtoras da vida; eliminar todo tipo de exclusão
ou apartação social; respeitar a vida das diversas culturas e das diferen-
tes etnias; integrar ações da Igreja em parceria com outras forças vivas
da sociedade. Enfim, esta CF nos recorda que temos diante de nós duas
bacias: a de Pilatos, que é a bacia da indiferença, que favorece a injustiça
e continua fazendo vítimas; e a bacia de Jesus, que se despoja e se colo-
ca a servir, que doa sua vida para que todos tenham vida.

5. Puxando conversa
O que mais nos chamou a atenção nos comentários do texto
bíblico e no tema da reunião de hoje?

6. Pergunta para aprofundamento


Com qual bacia vamos, de fato, celebrar esta Quaresma: com a
bacia de Pilatos (indiferença) ou com a bacia de Jesus (serviço)? Qual
é o gesto concreto a ser assumido a partir da Campanha da Fraterni-
dade 2020?

7. Rezando a Palavra de Deus na vida


1. Senhor, ajudai-nos a desenvolver atitudes concretas de defesa e
preservação da vida em nossas famílias e comunidades, rezemos:
Todos: Senhor, fazei de nós guardiões da vida!
2. Senhor, que saibamos lutar a favor de uma justiça restaurativa
para superar o espírito de vingança e a violência em nossa sociedade,
rezemos:

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Todos: Senhor, fazei de nós guardiões da vida!
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3. Senhor, que esta Campanha da Fraternidade fortaleça nossa


vivência da fé e nos faça verdadeiros defensores da vida, da justiça e
da paz, rezemos:
Todos: Senhor, fazei de nós guardiões da vida!
(Outras preces espontâneas.)

8. Pistas de ação
1. Participar de outros cursos de formação ligados à CF 2020.
2. Desenvolver ações concretas a partir desta CF a fim de superar-
mos as agressões à vida humana e à vida no planeta.

9. Encerramento
a. Avisos
b. Canto (à escolha, p. 221-223)
c. Oração Final (p. 200)

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CANTOS
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1. Missão de todos nós


O Deus que me criou, me quis me consagrou / para anunciar
o seu amor. (Bis)
1. Eu sou como chuva em terra seca / pra saciar, fazer brotar / eu vivo
para amar e pra servir!
É missão de todos nós / Deus chama, eu quero ouvir a sua
voz! (Bis)
2. Eu sou como a flor por sobre o muro. / Eu tenho mel, sabor do céu.
/ Eu vivo pra amar e pra servir.
3. Eu sou como estrela em noite escura. / Eu levo a luz sigo a Jesus. /
Eu vivo pra amar e pra servir!
4. Eu sou, sou profeta da verdade. / Canto a justiça e a liberdade. / Eu
vivo pra amar e pra servir!

2. Bendita, Bendita
Bendita, bendita, bendita a Palavra do Senhor! / Bendito,
bendito, bendito quem a vive com amor!
1. A Palavra de Deus escutai:/ no Evangelho Jesus vai falar./ “A justiça
do reino do Pai/ procurai em primeiro lugar”!

3. Fala, Senhor, fala, Senhor!


(Almir dos Reis; Paulo de Oliveira; Adenor Terra)
Fala, Senhor, fala, Senhor, / palavra de fraternidade! / Fala,
Senhor, fala, Senhor, / és luz da humanidade!
1. A tua Palavra é fonte que corre, / penetra e não morre, não seca
jamais.
2. A tua Palavra que a terra alcança / é luz, esperança que faz caminhar.
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4. Oração de São Francisco de Assis
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Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. / Onde houver ódio, que


eu leve o amor; / onde houver ofensa, que eu leve o perdão; / onde
houver discórdia, que eu leve a união; / onde houver dúvida, que
eu leve a fé; onde houver erro, que eu leve a verdade; / onde houver
desespero, que eu leve a esperança; / onde houver tristeza, que eu leve
a alegria; onde houver trevas, que eu leve a luz. Ó Mestre, fazei que eu
procure mais / consolar, que ser consolado; / compreender, que ser
compreendido; / amar, que ser amado. / Pois é dando que se recebe, /
é perdoando que se é perdoado / e é morrendo que se vive para a vida
eterna. Amém!

5. É Como a chuva que lava


É como chuva que lava, é como fogo que arrasa, tua palavra é
assim, não passa por mim sem deixar um sinal.
1. Tenho medo de não responder, de fingir que eu não escutei. /
Tenho medo de ouvir teu chamado, virar para o outro lado e
fingir que não sei.
2. Tenho medo de não perceber, de não ver teu amor passar. / Tenho
medo de estar distraído, magoado e ferido e então me fechar.
3. Tenho medo de estar a gritar e negar meu coração. / Tenho medo
do Cristo que passa, oferece uma graça e eu digo que não.

6. Preciso Compreender (Padre Zezinho)


1. Se eu não partilhar / em todos os momentos / meus dons e meus
talentos / e os bens que Tu me dás, / jamais entenderei / a Tua euca-
ristia, / milagre que extasia / e traz tão grande paz.
Preciso compreender, Senhor, / que neste pão repartido /
que neste vinho bebido / toda a verdade se encerra / sobre a
justiça na terra / sobre o amor e a bondade / e sobre a frater-
nidade / que tu vieste ensinar / que tu vieste ensinar.

222
2. Se eu não der de mim / podendo me doar, / serei então culpado /
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do vinho e do pão. / Se acaso eu partilhar / da Santa Eucaristia, / a paz


que ela irradia / em mim não brilhará.
3. No dia em que eu me for / a fim de te encontrar, / eu quero estar
tranquilo / do pão que eu dividi. / E tu que és meu Senhor / irás mul-
tiplicar / meus dons e tudo aquilo / que em vida eu reparti.

223
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CELEBRAÇÃO DA VIA-SACRA
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Vamos levar: A Cruz do Senhor, com uma faixa de tecido bran-


co nos braços simbolizando a Ressurreição de Jesus, é levada à frente
pelos participantes, acompanhada com velas acesas. Acolher e convi-
dar todos para participar, com fé e devoção, da meditação dos Misté-
rios da paixão, morte e ressurreição do Senhor.

ACOLHIDA
Dirigente: Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
Todos: Amém!
Dirigente: Irmãos e irmãs, que a paz de Jesus Cristo esteja
conosco!
Todos: Bendito seja o Senhor, que nos reuniu na sua paz!
Leitor(a) 1: Todos os anos, a Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil (CNBB) apresenta a Campanha da Fraternidade como cami-
nho de conversão quaresmal. Um caminho pessoal, comunitário e
social que visibiliza a salvação paterna de Deus. “Fraternidade e Vida:
Dom e Compromisso” é o tema da Campanha para a Quaresma em
2020. A parábola do bom samaritano inspira o lema: “Viu, sentiu com-
paixão e cuidou dele” (Lc 10,34-35).
Todos: A vida é Dom e Compromisso! Seu sentido consiste
em ver, solidarizar-se e cuidar. Não se pode viver a vida passando
ao largo das dores dos irmãos e irmãs!
Leitor(a) 2: Neste ano, somos convidados a olhar, de modo mais
atento e detalhado, para a vida e seus clamores e “a refletir sobre o sig-
nificado mais profundo da vida e a encontrar caminhos para que esse
sentido seja fortalecido e, algumas vezes, até mesmo reencontrado”.
Todos: Senhor, ajudai-nos a romper com as estruturas exis-
tentes em nós que não nos ajudam a enxergar que a vida é um
Dom precioso!

225
Dirigente: Irmãos e irmãs, como discípulos missionários de
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Jesus, iniciemos nossa caminhada, meditando com piedade os passos


de sua Paixão, morte e Ressurreição. Iluminados por esse Mistério,
vamos nos comprometer com a construção de um mundo melhor.
Todos: Senhor, dai-nos coragem para estarmos abertos à
proposta que Deus nos faz e preparados para testemunhar, com
a nossa vida, em palavras e ações concretas, o que vamos meditar.
Canto: Hino da CF 2020 (p. 5)

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1ª ESTAÇÃO:
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Jesus é preso e condenado à morte


Dirigente: Nós vos adoramos, ó
Cristo, e vos bendizemos!
Todos: Porque, pela vossa Santa
Cruz, remistes o mundo!
Leitor(a) 1: Vítima de uma acusação
injusta, Jesus se encontra diante de Pôncio
Pilatos para receber a sentença definiti-
va. Enquanto Jesus permanece silencioso,
como uma ovelha pronta a ser conduzida
ao matadouro, a multidão e as autoridades
se agitam. A decisão cabe a Pilatos. Com-
preendendo que Jesus é inocente, ele tenta livrá-lo da morte, mas cede à forte
pressão e lava suas mãos: “Eu não sou responsável pelo sangue deste homem”.
Leitor(a) 2: Pilatos vê a injustiça cometida contra Jesus, mas
não tem coragem de tomar posição em seu favor. Pilatos é o símbolo
perene de todos aqueles que veem sem se compadecer e sem cuidar,
daqueles que preferem permanecer como observadores distantes, “em
cima do muro”, valendo-se de uma diplomacia que corre o sério risco
de se tornar covardia. Não há como escapar; somos todos responsá-
veis pelo derramamento do sangue do Filho do Homem e de tantos
homens e tantas mulheres, nossos irmãos e irmãs.
Todos: Senhor Jesus Cristo, cuja condenação nos absolve,
não nos deixeis cair na tentação de ver sem compaixão e sem cui-
dado. Abri os nossos olhos e o nosso coração diante dos sofrimen-
tos da natureza e dos nossos irmãos e irmãs.
(Reza-se as orações: Pai-Nosso; Ave-Maria; Glória ao Pai.)
Canto: A morrer crucificado, teu Jesus é condenado / por teus crimes,
pecador! Por teus crimes, pecador!
Pela Virgem dolorosa, vossa Mãe tão piedosa / perdoai-me, meu
Jesus! Perdoai-me, meu Jesus!
227
2ª ESTAÇÃO: Jesus carrega a cruz
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Dirigente: Nós vos adoramos, ó


Cristo, e vos bendizemos!
Todos: Porque, pela vossa Santa
Cruz, remistes o mundo!
Leitor(a) 1: O condenado à mor-
te de Cruz deve carregar o madeiro
até o lugar da crucifixão. Os soldados
depõem a pesada Cruz sobre o ombro
de Jesus e o obrigam a caminhar até o
Calvário.
Leitor(a) 2: Na verdade, é o próprio Jesus a tomar sobre si a sua
Cruz. Carregar a Cruz é uma decisão sua, em obediência aos desígnios
do Pai. Mesmo sofrendo interiormente, Jesus aceita cumprir a sua mis-
são e abraça o seu destino: “Pai, que não seja feito o que eu quero, mas
o que tu queres”.
Todos: Senhor Jesus, cuja obediência expia a nossa desobe-
diência, em comunhão convosco, nós também queremos tomar
a nossa cruz de cada dia e seguir os vossos passos no caminho da
dor e da esperança.
(Reza-se as orações: Pai-Nosso; Ave-Maria; Glória ao Pai.)
Canto: Com a Cruz é carregado, e do peso acabrunhado / vai morrer
por teu amor! Vai morrer por teu amor!
Pela Virgem Dolorosa, vossa Mãe tão piedosa / perdoai-me, meu
Jesus! Perdoai-me, meu Jesus!

228
3ª ESTAÇÃO: Jesus cai pela primeira vez
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Dirigente: Nós vos adoramos, ó


Cristo, e vos bendizemos!
Todos: Porque, pela vossa Santa
Cruz, remistes o mundo!
Leitor(a) 1: O caminho que con-
duz ao Calvário é íngreme e a caminha-
da é árdua. Jesus havia padecido a ter-
rível flagelação, a coroação de espinhos
e grandes humilhações. O cansaço e a
angústia se abatem sobre Ele. Jesus cai com o rosto por terra.
Leitor(a) 2: O esgotamento de Jesus não é só um esgotamento
físico, mas também moral e espiritual. Na Cruz estão os pecados e os
sofrimentos dos homens e das mulheres de todas as raças e línguas, de
todas as épocas e lugares. Pesa sobre Jesus o peso da opressão do mal,
que continuamente tenta esmagar e oprimir a criação.
Todos: Senhor Jesus, cujo peso da Cruz nos alivia, como
sobre vós pesam nossos pecados, sofrimentos e angústias, sobre
nós venham a leveza e a suavidade do vosso jugo.
(Reza-se as orações: Pai-Nosso; Ave-Maria; Glória ao Pai.)
Canto: Pela Cruz tão oprimido, cai Jesus desfalecido / pela tua
salvação! Pela tua salvação!
Pela Virgem Dolorosa, vossa Mãe tão piedosa / perdoai-me, meu
Jesus! Perdoai-me, meu Jesus!

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4ª ESTAÇÃO: Jesus se encontra com sua Mãe
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Dirigente: Nós vos adoramos, ó


Cristo, e vos bendizemos!
Todos: Porque, pela vossa Santa
Cruz, remistes o mundo!
Leitor(a) 1: Fiel ao seu sim, dado
ao Arcanjo Gabriel em um momento de
alegria, Maria acompanha Jesus em uma
circunstância de extrema tristeza. Seus
olhos, habituados a contemplar a sua
beleza, agora o contemplam desfigura-
do. Os olhares da Mãe e do Filho se cruzam e ela, entre lágrimas e sem
dizer nada, anima o Filho amado a continuar o seu caminho.
Leitor(a) 2: O olhar de Maria transborda de compaixão e de cui-
dado. Ela possui um olhar místico sobre uma realidade injusta e cruel.
Vê e sente além dos fatos concretos. Maria vê Deus onde tudo grita o
seu abandono. O olhar da Mãe não pode livrar o Filho do peso que
carrega, mas lhe infunde ânimo e coragem.
Todos: Senhor Jesus, o olhar triste de vossa Mãe nos infunde
esperança e força, ensinai-nos a olhar com compaixão e com cui-
dado para todos aqueles que completam na carne o que faltou à
vossa paixão redentora.
(Reza-se as orações: Pai-Nosso; Ave-Maria; Glória ao Pai.)
Canto: De Maria lacrimosa, no encontro lastimosa / vê a viva compai-
xão! Vê a viva compaixão!
Pela Virgem Dolorosa, vossa Mãe tão piedosa / perdoai-me, meu
Jesus! Perdoai-me, meu Jesus!

230
5ª ESTAÇÃO: Simão, o cirineu, ajuda
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Jesus a carregar a cruz

Dirigente: Nós vos adoramos, ó


Cristo, e vos bendizemos!
Todos: Porque, pela vossa Santa
Cruz, remistes o mundo!
Leitor(a) 1: Percebendo que Jesus
desfalece, os soldados obrigam Simão
de Cirene, um trabalhador que, prova-
velmente está indo almoçar com sua
família, a carregar a Cruz em seu lugar.
Leitor(a) 2: De improviso e sem
compreender o que se passa, o Cireneu toma parte no drama da salva-
ção. Com resiliência e atemorizado, ele recebe a Cruz em seu ombro.
O Cireneu representa todos aqueles que, sem estarem preparados, de
um momento para outro, experimentam um sofrimento, uma perda,
uma injustiça e descobrem a força da aceitação: “Se alguém quer vir
após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”.
Todos: Senhor Jesus, cujo cansaço nos descansa, dai-nos for-
ça para carregar a nossa Cruz e, pela fé e pela paciência, fazei-nos
participantes do mistério da vossa paixão.
(Reza-se as orações: Pai-Nosso; Ave-Maria; Glória ao Pai.)
Canto: Em extremo desmaiado, deve auxílio tão cansado / receber do
Cirineu! Receber do Cirineu!
Pela Virgem Dolorosa, vossa Mãe tão piedosa / perdoai-me, meu
Jesus! Perdoai-me, meu Jesus!

231
6ª ESTAÇÃO: Verônica enxuga o rosto
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de Jesus

Dirigente: Nós vos adoramos, ó


Cristo, e vos bendizemos!
Todos: Porque, pela vossa Santa
Cruz, remistes o mundo!
Leitor(a) 1: Muitas mulheres acom-
panharam Jesus no exercício do seu minis-
tério público. Algumas o acompanham,
também, na via dolorosa. Uma delas, com
um gesto amoroso, se aproxima e com seu
sudário enxuga o rosto do Mestre.
Leitor(a) 2: A tradição chama essa mulher compassiva e cuida-
dosa de Verônica, porque, desde então, ela traz consigo a verdadeira
imagem de Jesus estampada no sudário. Jesus é a imagem do Deus
invisível que se faz visível no rosto sofrido de cada pessoa humana.
Verônica é a imagem de todo aquele que tem a coragem apaixonada
de se aproximar de quem sofre, tocar na sua carne ferida e demonstrar
afeto.
Todos: Senhor Jesus, cujo rosto desfigurado se transfigura na
beleza do rosto humano, ensinai-nos a ver a vossa face e enxugá-la
na face de cada irmão sofredor.
(Reza-se as orações: Pai-Nosso; Ave-Maria; Glória ao Pai.)
Canto: O seu rosto ensanguentado, por Verônica enxugado /
contemplemos com amor! Contemplemos com amor!
Pela Virgem Dolorosa, vossa Mãe tão piedosa / perdoai-me, meu
Jesus! Perdoai-me, meu Jesus!

232
7ª ESTAÇÃO: Jesus cai pela segunda vez
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Dirigente: Nós vos adoramos, ó


Cristo, e vos bendizemos!
Todos: Porque, pela vossa Santa
Cruz, remistes o mundo.
Leitor(a) 1: Sob insultos e empur-
rões dos soldados, Jesus continua o seu
caminho em direção à morte. Mais uma
vez, o peso o oprime acima de suas for-
ças e Ele cai abatido.
Leitor(a) 2: Deus vê, se compade-
ce e cuida de cada homem caído. A compaixão pelos caídos é tanta que
Jesus se deixa cair esmagado pelo pecado e pelo abandono de Deus.
Ao cair, Jesus ergue o mundo e o enobrece. Desse modo, Ele mostra
que não veio para condenar, mas para salvar e perdoar.
Todos: Senhor Jesus, cuja queda eleva os caídos, tende pie-
dade de nós prostrados em nossas misérias e nos recordai sempre
que nada pode nos separar do amor que vós nos manifestais com
vossa paixão.
(Reza-se as orações: Pai-Nosso; Ave-Maria; Glória ao Pai.)
Canto: Outra vez desfalecido, pelas dores abatido / cai por terra, o
Salvador! Cai por terra, o Salvador!
Pela Virgem Dolorosa, vossa Mãe tão piedosa / perdoai-me, meu
Jesus! Perdoai-me, meu Jesus!

233
8ª ESTAÇÃO: Jesus consola as mulheres
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de Jerusalém
Dirigente: Nós vos adoramos, ó
Cristo, e vos bendizemos!
Todos: Porque, pela vossa Santa
Cruz, remistes o mundo!
Leitor(a): A cidade inteira se
aglomera para acompanhar o drama da
paixão de Jesus. O espetáculo terrível
leva aos prantos as mulheres, filhas de
Jerusalém. Jesus se aproxima delas e as
consola.
Leitor(a): Jerusalém é a cidade
das contradições; condena e, ao mesmo tempo, chora pelo condena-
do. Jesus, pouco antes da sua paixão, já havia desvelado essa realidade
complexa: “Jerusalém, Jerusalém! Tu que matas os profetas e apedre-
jas os que te foram enviados! Quantas vezes eu quis reunir teus filhos,
como a galinha reúne os pintinhos debaixo das asas, mas tu não qui-
seste!”. E naquela hora foi Ele a chorar por Jerusalém e não Jerusalém
a chorar por Ele. O choro contraditório da Cidade Santa representa
o choro da humanidade e da criação inteira que “geme e chora”. O
homem destrói irresponsavelmente o Dom da criação e, logo, chora o
Dom que foi destruído: “Chorai por vós mesmas e por vossos filhos”.
Todos: Senhor Jesus, cujas lágrimas se misturam às lágrimas das
criaturas e as consolam, ajudai-nos a consolar os sofredores, a reno-
var a esperança dos abatidos e a libertar a criação da opressão do mal.
(Reza-se as orações: Pai-Nosso; Ave-Maria; Glória ao Pai.)
Canto: Das mulheres piedosas, de Sião filhas chorosas / é Jesus
consolador! É Jesus consolador!
Pela Virgem dolorosa, vossa Mãe tão piedosa / perdoai-me, meu
Jesus! Perdoai-me, meu Jesus!

234
9ª ESTAÇÃO: Jesus cai pela terceira vez
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Dirigente: Nós vos adoramos, ó


Cristo, e vos bendizemos!
Todos: Porque, pela vossa Santa
Cruz, remistes o mundo!
Leitor(a) 1: Pela terceira vez, víti-
ma de uma fadiga incalculável, Jesus cai
sob o peso esmagador da Cruz.
Leitor(a) 2: A terceira queda
de Jesus mostra a radicalidade da sua
comunhão com o mundo decaído. “Ele
se fez pecado por nós”. A sua queda ao chão o leva além dos limites
do solo, ao submundo das misérias humanas. Ele não se apega à sua
condição divina e desce até aos infernos para buscar a ovelha perdida
e arrebatá-la das mãos do Maligno.
Todos: Senhor Jesus, cuja queda levanta os caídos, nenhuma
realidade está fora do alcance de vossa misericórdia. Tomai-nos
em vossas mãos e nos transportai sobre os vossos ombros, como a
ovelha perdida recuperada pelo Bom Pastor.
(Reza-se as orações: Pai-Nosso; Ave-Maria; Glória ao Pai.)
Canto: Cai terceira vez prostrado, pelo peso redobrado / dos pecados
e da Cruz! Dos pecados e da Cruz!
Pela Virgem dolorosa, vossa Mãe tão piedosa / perdoai-me, meu
Jesus! Perdoai-me, meu Jesus!

235
10ª ESTAÇÃO: Jesus é despojado de suas
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vestes

Dirigente: Nós vos adoramos, ó


Cristo, e vos bendizemos!
Todos: Porque, pela vossa Santa
Cruz, remistes o mundo!
Leitor(a) 1: Chegando ao Calvário,
o lugar da crucifixão, os soldados pega-
ram as vestes de Jesus e lançam à sorte a
sua túnica.
Leitor(a) 2: Antes do pecado ori-
ginal, Adão e Eva não precisam de ves-
timentas. Uma vez decaídos, eles precisam cobrir-se e se esconder.
Chegando ao Calvário, Jesus, o Novo Adão, expõe a Deus e ao mundo
o espetáculo da sua nudez desfigurada pelo pecado. É necessário que
o céu e a terra contemplem o quanto o pecado desfigura o ser humano.
Na carne lacerada de Jesus está resumida a história humana com seus
maiores horrores. No Calvário, tudo se manifesta sem véus; tudo está
nu e descoberto; tudo está revelado.
Todos: Senhor Jesus, cuja nudez vergonhosa revestiu de
beleza e de dignidade o homem caído, em vossas chagas reconhe-
cemos que o pecado é a raiz de todo mal. Ensinai-nos a compre-
ender que toda obra de justiça começa com o esforço de nossa
conversão pessoal.
(Reza-se as orações: Pai-Nosso; Ave-Maria; Glória ao Pai.)
Canto: Das suas vestes despojado, por algozes maltratado / eu vos
vejo, meu Jesus! Eu vos vejo, meu Jesus!
Pela Virgem dolorosa, vossa Mãe tão piedosa / perdoai-me, meu
Jesus! Perdoai-me, meu Jesus!

236
11ª ESTAÇÃO: Jesus é pregado na cruz
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Dirigente: Nós vos adoramos, ó


Cristo, e vos bendizemos!
Todos: Porque, pela vossa Santa
Cruz, remistes o mundo!
Leitor(a) 1: Tendo despojado
Jesus de suas vestes, os soldados o colo-
cam no madeiro e o crucificam. Pregado
pelas mãos e pelos pés, Jesus é levantado
na Cruz.
Leitor(a) 2: Doravante, o Cristo e
a Cruz são uma só coisa. Do alto da Cruz, o Crucificado atrai todos os
olhares da história e se torna a salvação de todo homem e do homem
todo. Todavia, a Cruz não é só a salvação dos homens, mas é a salva-
ção de todas as coisas criadas. A criação inteira traz, na sua essência, a
forma da Cruz.
Todos: Senhor Jesus, vós, que pregado na Cruz nos recondu-
zis à liberdade de filhos e filhas, concedei a nós e à criação inteira
a graça de renascermos à sombra de vossa santa Cruz.
(Reza-se as orações: Pai-Nosso; Ave-Maria; Glória ao Pai.)
Canto: Sois por mim na Cruz pregado, insultado, blasfemado / com
cegueira e com furor! Com cegueira e com furor!
Pela Virgem dolorosa, vossa Mãe tão piedosa / perdoai-me, meu
Jesus! Perdoai-me, meu Jesus!

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12ª ESTAÇÃO: Jesus morre na cruz
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Dirigente: Nós vos adoramos, ó


Cristo, e vos bendizemos!
Todos: Porque, pela vossa Santa
Cruz, remistes o mundo!
Leitor(a) 1: Depois de três horas
de agonia na Cruz, Jesus consuma a sua
missão e entrega o seu espírito ao Pai.
Leitor(a) 2: As três horas de Jesus
na Cruz têm a força de resumir a histó-
ria do mundo, do princípio ao fim. A
Cruz torna-se o divisor de águas da história. Há um antes e um depois
da Cruz. Com a morte de Jesus, tudo está redimido, tudo está expiado.
A culpa que pesava sobre o mundo está cancelada. Consuma-se o sen-
tido vertical e horizontal da Cruz. O homem e a criação inteira estão
reconciliados com o Criador, que agora se torna Pai. A fraternidade é
a nova forma de relação entre as criaturas.
Todos: Senhor Jesus, cuja morte nos trouxe a vida em pleni-
tude, ensinai-nos a viver como filhos do único Pai e a nos sentir-
mos plenamente irmãos, cuidando com responsabilidade do dom
da vida uns dos outros e da criação.
(Reza-se orações: Pai-Nosso; Ave-Maria; Glória ao Pai.)
Canto: Por meus crimes padecestes / meu Jesus, por mim morrestes!
Ó que grande é minha dor! Ó que grande é minha dor!
Pela Virgem dolorosa, vossa Mãe tão piedosa / perdoai-me, meu
Jesus! Perdoai-me, meu Jesus!

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13ª ESTAÇÃO: Jesus é descido da cruz
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Dirigente: Nós vos adoramos, ó


Cristo, e vos bendizemos!
Todos: Porque, pela vossa Santa
Cruz, remistes o mundo.
Leitor(a) 1: Ao entardecer daque-
le mesmo dia, José de Arimateia pede
autorização a Pilatos para retirar o cor-
po de Jesus da Cruz. Ao ser descido da
Cruz, o corpo de Cristo é depositado no
colo de Maria, sua Mãe.
Leitor(a) 2: Antes de conhecer o ventre da terra, no qual perma-
necerá por três dias, Jesus volta ao colo materno. Maria, Senhora da
Piedade, apresenta-se como a Nova Eva, que tem nos braços o Novo
Adão. O homem velho e a mulher velha passaram. Na Cruz uma nova
humanidade é gerada e se manifesta ao mundo.
Todos: Senhor Jesus, cujo corpo morto é plenitude de vida e
de fecundidade, dai-nos a graça de viver a vida nova e manifestá-la
ao mundo.
(Reza-se as orações: Pai-Nosso; Ave-Maria; Glória ao Pai.)
Canto: Do madeiro vos tiraram / e à Mãe vos entregaram / com que
dor e compaixão! Com que dor e compaixão!
Pela Virgem dolorosa, vossa Mãe tão piedosa / perdoai-me, meu
Jesus! Perdoai-me, meu Jesus!

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14ª ESTAÇÃO: Jesus é sepultado
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Dirigente: Nós vos adoramos, ó


Cristo, e vos bendizemos!
Todos: Porque, pela vossa Santa
Cruz, remistes o mundo!
Leitor(a) 1: José de Arimateia
envolve o corpo do Mestre em um len-
çol de linho e o deposita em um túmulo
novo, escavado na rocha, ao redor do
qual se havia plantado um jardim.
Leitor(a) 2: José de Arimateia é
modelo de compaixão e de cuidado. O amor pelo Mestre o leva a cui-
dar afetuosamente do seu corpo sem vida. Por mais que esteja desilu-
dido pelo fim trágico do Mestre, ele sabe o quanto é grande Aquele a
quem dá sepultura. A compaixão presente em José de Arimateia nos
recorda que “o amor é mais forte do que a morte”. A vida é um dom
que precisa de cuidado afetuoso, desde o seu início, no ventre mater-
no, até o seu término natural e, mesmo após a morte, o corpo merece
respeito e cuidado, até chegar ao seu repouso no ventre da terra.
Todos: Senhor Jesus, vós que encerrado no sepulcro nos
abristes a porta do paraíso, ensinai-nos a abrir o nosso coração a
todos os que se encontram necessitados de compaixão e cuidado
e a plantar um jardim onde o deserto avança.
(Reza-se as orações: Pai-Nosso; Ave-Maria; Glória ao Pai.)
Canto: No sepulcro vos puseram, mas os homens tudo esperam / do
mistério da Paixão! Do mistério da Paixão!
Pela Virgem dolorosa, vossa Mãe tão piedosa / perdoai-me, meu
Jesus! Perdoai-me, meu Jesus!
Meu Jesus, por vossos passos / recebei em vossos braços / a mim,
pobre pecador! A mim, pobre pecador!

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15ª ESTAÇÃO: A ressurreição de Jesus
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Dirigente: Nós vos adoramos, ó


Cristo, e vos bendizemos!
Todos: Porque, pela vossa Santa
Cruz, remistes o mundo!
Leitor(a) 1: Na madrugada do
Domingo, desconsoladas pela ausência
do Mestre, as mulheres vão ao túmulo
levando perfumes e o encontram aberto
e vazio.
Leitor(a) 2: O sepulcro de Jesus
está vazio. A morte não pode conter o Senhor da vida. O grão de trigo
caído na terra, morto, germina e produz frutos de vida nova. O deserto
recua e tudo floresce. Até o sepulcro se faz jardim. Passou o que era
velho. Tudo canta de alegria. Há uma explosão de vida e de sentido.
Já se anuncia um novo céu e uma nova terra, um novo homem e uma
nova criação.
Todos: Senhor Jesus, cuja vida destrói a morte, ensinai-nos
a viver a vida nova de filhos do Pai e de irmãos vossos, a jardinar
o mundo ameaçado pela desertificação física e espiritual e anun-
ciar, com entusiasmo, que o bem triunfa sobre o mal!
(Reza-se as orações: Pai-Nosso; Ave-Maria; Glória ao Pai.)
Canto: Vitória, tu reinarás! Ó Cruz, tu nos salvarás!
Brilhando sobre o mundo, que vive sem tua luz,
Tu és um sol fecundo, de amor e de paz, ó Cruz!

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CONCLUSÃO
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Somos discípulos e amigos do Ressuscitado ( Jo 15,15)! Esta-


mos a serviço da Vida! Por isso, não nos fechamos em nós mesmos.
A Páscoa nos ensina a, por Cristo, com cristo e em Cristo, romper os
túmulos da indiferença e do ódio e ressurgir para o zelo, o cuidado
e a solidariedade. O que acontece em nosso coração quando pra-
ticamos o bem? De onde vem a força para compartilhar do pouco
que se tem com quem tem menos ainda? O que leva uma pessoa a
se esquecer totalmente de si e acolher as grandes causas pela trans-
formação do mundo? Um prato partilhado, um agasalho oferecido,
incompreensões sofridas, agressões e repressões, noites em claro,
vidas entregues até o martírio? Fracos com os fracos (1Cor 9,22)
levamos alimento noturno para quem vive nas ruas e, diante deles,
não reconhecemos seus rostos à luz do dia; entramos nas cadeias,
separando o pecado do pecador; limpamos feridas que o pecado e a
ganância desprezam; buscamos terra e direitos defendendo os peque-
nos; estamos ao lado de crianças, jovens, adultos e idosos, em suas
alegrias e dores. Consolados por Cristo, encontramos, no mais pro-
fundo de nós mesmos, a nossa vocação humana e divina de consolar
os que se acham em alguma tribulação (2Cor 1,3-4). É possível que o
mundo de indiferença e ódio nos considere loucos. De algum modo,
somos: loucos de amor, loucos pela fé e, por isso, loucos pela vida
(CF 2020: Texto-Base, n. 89).1

1 CNBB. Campanha da Fraternidade 2020: Texto-Base. Brasília: Edições CNBB, 2019.

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RECORDANDO ALGUNS PONTOS
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SOBRE A EXPOSIÇÃO DA
SANTÍSSIMA EUCARISTIA1

82. A exposição da Santíssima Eucaristia, seja com o cibório


ou ostensório, leva a reconhecer nela a admirável presença de Cristo
e convida à íntima união com Ele, união que alcança o seu ápice na
Comunhão sacramental. Por isso, a exposição é excelente meio de
favorecer o culto em espírito e verdade devido à Eucaristia. Deve-se
cuidar que nas exposições transpareça claramente a relação do culto
do Santíssimo Sacramento com a Missa (...).
83. Durante a exposição do Santíssimo Sacramento proíbe-se a
celebração da Missa no mesmo recinto da igreja ou oratório (...).
84. Diante do Santíssimo Sacramento, faz-se a genuflexão sim-
ples, quer esteja no tabernáculo quer exposto para a adoração pública.
85. Na exposição do Santíssimo Sacramento com ostensório,
acendem-se quatro ou seis velas, isto é, como se usa na Missa. Usa-se
também incenso. Na exposição com cibório haja ao menos duas velas
e pode-se usar incenso (...).
89. Também as exposições breves do Santíssimo Sacramento
sejam organizadas de tal modo que, antes da bênção com o Santís-
simo Sacramento, se dedique tempo conveniente à leitura da Palavra
de Deus, a cantos, preces e à oração silenciosa prolongada por algum
tempo. Proíbe-se a exposição feita unicamente para dar a bênção.
91. O ministro ordinário da exposição do Santíssimo Sacramen-
to é o sacerdote ou o diácono que, no fim da adoração, antes de repor
o Sacramento, abençoa com ele o povo. Na ausência do sacerdote e
do diácono... poderão expor publicamente a Santíssima Eucaristia

1 As indicações foram extraídas do texto: SAGRADA CONGREGAÇÃO PARA O CULTO


DIVINO. A Sagrada Comunhão e o Culto do Mistério Eucarístico fora da Missa. 4. ed. São
Paulo: Paulinas, 2011, p. 111-116.

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para a adoração dos fiéis e depois repô-la o acólito e outro ministro
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extraordinário da Sagrada Comunhão ou outra pessoa designada pelo


Ordinário do lugar. Todos estes poderão fazer a exposição abrindo o
tabernáculo, ou também, se for oportuno, colocando o cibório sobre o
altar ou a hóstia no ostensório (...). Não lhes é permitido, porém, dar a
bênção com o Santíssimo Sacramento.

Preparação do ambiente
Preparar o local de forma sóbria, de modo que os participantes
fiquem bem acomodados. Se a adoração for realizada dentro da Igreja,
a exposição deve ser feita sobre o altar em que se celebra a Eucaristia,
contendo algumas velas em torno dele, como a comunidade tem cos-
tume de usar para a Celebração Eucarística.
Prepare-se também a mesa da Palavra (ambão) com o Lecionário
(ou uma Bíblia) previamente marcado com os textos a serem procla-
mados. Os ministérios devem ser previamente distribuídos e prepara-
dos para maior harmonia da celebração.

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CELEBRAÇÃO DA VIGÍLIA EUCARÍSTICA
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Ritos Iniciais
(Enquanto as pessoas chegam e vão se acomodando, entoar o refrão
meditativo ou outro à escolha.)
Refrão meditativo: Onde há amor e a caridade, Deus aí está!
Presidente: Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
Todos: Amém.
Presidente: A graça e a paz de Deus, nosso Pai, e de Jesus Cristo,
nosso Senhor, estejam convosco.
Todos: Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo.
Leitor(a) 1: Aqui nos reunimos para um momento de forte inti-
midade com Cristo Jesus, que, no Santíssimo Sacramento da Euca-
ristia, garante sua presença viva e eficaz junto de nós, que formamos
a sua Igreja. “Fraternidade e Vida: Dom e Compromisso” é o tema
da Campanha da Fraternidade deste ano. Através dela, a Igreja no
Brasil “deseja fermentar uma cultura do cuidado, da responsabilidade,
da memória e da proximidade, estabelecendo uma aliança contra todo
tipo de indiferença e ódio” (CF 2020: Texto-Base, n. 71).
Leitor(a) 2: Vivendo com toda Igreja este intenso tempo de
oração e conversão que o Tempo da Quaresma nos favorece, devem
ressoar intensamente em nossos corações essas palavras do Papa
Francisco: “Não nos deixemos contagiar pela arrogância, não nos
deixemos invadir pela amargura, nós que comemos o Pão que em si
contém toda a doçura. O povo de Deus ama o louvor, não vive de
lamentações; está feito para a bênção, não para a lamentação. Diante
da Eucaristia, de Jesus que se fez Pão, deste Pão humilde que contém
a totalidade da Igreja, aprendamos a bendizer o que temos, a louvar a
Deus, a abençoar e não a amaldiçoar o nosso passado, a dar boas palavras
aos outros” (Homilia da Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue do
Senhor, 2020).

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Leitor(a) 3: Acolhendo este convite do Papa Francisco, louve-
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mos e bendizemos a Deus nestes instantes de Vigília Eucarística por-


que Ele, através de seu filho Jesus – como outrora fizera com o povo
hebreu, escravo no Egito – “viu, sentiu compaixão e cuidou” de nós ao
dar-nos constantemente o verdadeiro Pão do Céu ( Jo 6,32). Cante-
mos acolhendo Jesus Eucarístico em nosso meio.

Exposição do Santíssimo
(Enquanto o ministro expõe o Santíssimo, canta-se o hino eucarís-
tico ou outro à escolha. Se for conveniente, pode-se também fazer uso do
incenso.)
1. Deus de amor, nós te adoramos neste Sacramento,/ Corpo e San-
gue que fizeste nosso alimento./ És o Deus escondido, vivo e vence-
dor,/ A teus pés depositamos todo nosso amor.
2. Meus pecados redimiste sobre a tua cruz./ Com teu Corpo e com
teu Sangue, ó Senhor Jesus!/ Sobre os nossos altares, vítima sem par,/
Teu divino sacrifício queres renovar!
3. No Calvário se escondia tua divindade,/ Mas aqui também se escon-
de tua humanidade:/ Creio em ambas e peço, como o bom ladrão,/
No teu reino, eternamente, tua salvação!
4. Creio em Ti ressuscitado, mais que São Tomé./ Mas aumenta na
minh’alma o poder da fé./ Guarda a minha esperança, cresce o meu
amor./ Creio em Ti ressuscitado, meu Deus e Senhor!
5. Ó Jesus, que nesta vida pela fé eu vejo,/ Realiza, eu te suplico, este
meu desejo:/ Ver-te, enfim, face a face, meu divino amigo/ Lá no céu,
eternamente, ser feliz contigo.
Ministro: Graças e louvores se deem a todo momento. (3x)
Todos: Ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento.
(Momento de silêncio para contemplação e oração pessoal.)

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Liturgia da Palavra
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Leitor(a) 1: “Graças à escuta da Palavra de Deus, percorremos


um itinerário que nos deixa intuir a preciosidade da existência cristã e
vivermos na liberdade e na verdade de sermos filhas e filhos de Deus.
A escuta também é profecia: escutar a voz de Deus em sua Palavra e
ouvir a palavra daqueles que já não conseguem dizer nada!” (CF 2020:
Texto-Base, n. 16). Ouçamos, portanto, em uma atitude profética, a
Palavra:
(Do ambão é proclamado o texto de Êxodo 3,1-10.)
(Após a leitura, faz-se um tempo de silêncio e meditação.)
Leitor(a) 1: “Jesus é o verdadeiro bom samaritano que se apro-
xima dos homens e das mulheres que sofrem e, por compaixão, lhes
restitui a dignidade perdida. A encarnação é sinal concreto da pro-
ximidade de Deus que salva aqueles que jazem nos sofrimentos”
(CF 2020: Texto-Base, n. 19). Aclamemos o Santo Evangelho:
R. Honra, glória, poder e louvor / a Jesus, nosso Deus e Senhor!
V. Buscai o bem, não o mal, pois assim vivereis;/ então, o Senhor, nos-
so Deus, convosco estará!
(Do ambão é proclamado o texto de Lucas 10,25-37.)
(Após a leitura, faz-se um tempo de silêncio e meditação.)

Canto:
Eu me entrego, Senhor, em tuas mãos e espero pela tua
salvação!
1. Junto de ti, ó Senhor, me refugio; não tenha eu de que me enver-
gonhar; em tuas mãos, ó Senhor, eu me confio fiel e justo, Senhor,
vem me livrar.
2. Pois me tornei a vergonha do inimigo, e a gozação do vizinho e
conhecido, dos corações esquecido qual um morto, e rejeitado
como um ser apodrecido.

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3. Mas eu repito, Senhor, em ti confio: Tu és meu Deus e em ti me
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refugio; o meu espírito em tuas mãos entrego, e Tu me livras das


mãos do inimigo!
4. A tua face serena resplandeça sobre o teu povo liberto, em tua
paz! De coração sede fortes, animados, todos vós que no Senhor
sempre esperais.
(Momento de silêncio para meditação.)

Preces
Presidente: Cada um deve sempre se perguntar “se o seu cora-
ção não endureceu, se não se tornou gelo. A misericórdia, diante de
uma vida humana em situação de necessidade, é a verdadeira face do
amor. O Bom Samaritano nos inspira e ensina como vencer a globali-
zação da indiferença” (Papa Francisco – CF 2020: Texto-Base, n. 14).
Peçamos, então, diante de Jesus Eucarístico que deixemos nosso cora-
ção se assemelhar ao seu divino coração:
Todos: Jesus, nosso Bom Samaritano, fazei o nosso coração
semelhante ao vosso!
1. “Diante do convite para vivermos uma profunda conversão, te-
mos duas maneiras de olhar que são apresentadas por Jesus na
parábola do bom samaritano: um olhar que vê e passa em frente,
vivido pelo sacerdote e pelo levita; e um olhar que vê e perma-
nece, se envolve, se compromete, vivido pelo samaritano. Dian-
te desses olhares, há uma vida em jogo, em perigo, necessitada
e vulnerável” (CF 2020: Texto-Base, n. 26). Para que saibamos
configurar nosso olhar com o olhar de Jesus Bom Samaritano,
rezemos:
Todos: Jesus, nosso Bom Samaritano, fazei o nosso coração
semelhante ao vosso!
2. “O olhar que vê e passa adiante representa toda indiferença e
desprezo pela vida do outro. Reflete aquilo que temos por den-
tro. Pelo olhar, construímos e se manifestam os conceitos mais
profundos sobre a vida e o viver. Pelo olhar, podemos expressar

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verdades e mentiras, amor e ódio, alegria e tristeza. Muitas vezes
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nosso olhar pode se tornar maldoso, viciado e cansado. É preci-


so exercitar a mesma perspectiva do olhar virtuoso que Cristo
nos ensina” (CF 2020: Texto-Base, n. 28). Para que consigamos
ter um olhar de compaixão, em meio a tanta indiferença, confor-
mando nosso olhar ao olhar do Cristo, rezemos:
Todos: Jesus, nosso Bom Samaritano, fazei o nosso coração
semelhante ao vosso!
3. Vivemos em uma época em que a indiferença toma conta das
consciências e dos corações diante de tantas ameaças à Vida
como Dom e Compromisso. “Essas ameaças à vida têm nome:
aborto, eutanásia, suicídio assistido, eugenia, tráfico de drogas, de
pessoas e de órgãos, entre outros” (CF 2020: Texto-Base, n. 48).
Para que sintamos dirigidas também a nós a palavra que Jesus di-
rigiu ao doutor da Lei: “Vai e faze o mesmo!” e a fim de que seja-
mos defensores e promotores da vida, rezemos:
Todos: Jesus, nosso Bom Samaritano, fazei o nosso coração
semelhante ao vosso!
4. “A banalização da vida alcançou o mundo virtual por meio das
fake news, dos perfis falsos e da disseminação de notícias calu-
niosas e raivosas sem nenhuma preocupação em verificar a ve-
racidade do que se compartilha e do que se curte. Esse cenário
vem crescendo e ceifando vidas. Basta observarmos os núme-
ros da violência que se apresenta de várias formas” (CF 2020:
Texto-Base, n. 49). Para que estejamos atentos a buscar sempre a
verdade dos fatos e sejamos anunciadores da Verdade que Cristo
nos revelou, rezemos:
Todos: Jesus, nosso Bom Samaritano, fazei o nosso coração
semelhante ao vosso!
5. “Os vínculos comunitários que identificam o ser humano como
um ser de relações são cada vez mais frágeis em uma organização
social que incentiva o individualismo chegando até o egoísmo.
Isso coloca a pessoa em uma situação de competição, na qual

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vê-se o outro como adversário, como inimigo a ser abatido, não
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como irmão a ser amado, alguém a quem se deve servir. Assim, as


relações de solidariedade e fraternidade vão se diluindo cada vez
mais com fortes consequências para a vida do ser humano e para
a natureza” (CF 2020: Texto-Base, n. 51). Para que sejamos capa-
zes de testemunhar o Reino de Deus em comunidades eclesiais
missionárias, cuidando da nossa Casa Comum, rezemos:
Todos: Jesus, nosso Bom Samaritano, fazei o nosso coração
semelhante ao vosso!
(Preces espontâneas.)
Presidente: Concluamos nossas preces com a Oração da
Campanha da Fraternidade 2020 (p. 4).
Pai Nosso...
(se for oportuno, preparando-se para o momento da Bênção do
Santíssimo, guardar um momento de silêncio e contemplação.)

Bênção do Santíssimo
(de joelhos, canta-se:)
Tão Sublime Sacramento, adoremos neste Altar,/ pois o Antigo
Testamento deu ao Novo o seu lugar./ Venha a fé por suplemento,
os sentidos completar./ Ao Eterno Pai cantemos e a Jesus, o Salva-
dor,/ ao Espírito exaltemos, na Trindade eterno Amor./ Ao Deus
Uno e Trino demos a alegria do Louvor./ Amém! Amém!
(durante o canto, pode-se incensar o Santíssimo Sacramento.)
Presidente: Do céu lhes destes o pão!
Todos: Que contém todo o sabor!
Presidente: Oremos. (pausa silenciosa) Senhor Jesus Cristo, nes-
te admirável Sacramento, nos deixastes o memorial da vossa paixão.
Dai-nos venerar com tão grande amor o mistério do vosso Corpo e
do vosso Sangue, que possamos colher continuamente os frutos da
redenção. Vós que viveis e reinais para sempre.

251
Todos: Amém.
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[Outras orações à escolha:


Presidente: Oremos. (pausa silenciosa) Senhor nosso Deus, con-
cedei-nos haurir a salvação eterna desta divina fonte, pois cremos e
professamos que Jesus Cristo, nascido da Virgem Maria e morto por
nós na cruz, está realmente presente no sacramento da Eucaristia. Por
Cristo, nosso Senhor.
Todos: Amém.
Ou:
Presidente: Oremos. (pausa silenciosa) Ó Deus, que nos destes o ver-
dadeiro Pão do céu, concedei-nos que, pela força deste alimento espi-
ritual, vivamos sempre em vós e ressuscitemos gloriosos no último
dia. Por Cristo, nosso Senhor.
Todos: Amém.]

Bênção solene
(se houver diácono ou sacerdote)
- Bendito seja Deus.
- Bendito seja o seu Santo Nome.
- Bendito seja Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem.
- Bendito seja o nome de Jesus.
- Bendito seja o seu Sacratíssimo Coração.
- Bendito seja o seu Preciosismo Sangue.
- Bendito seja Jesus no Santíssimo Sacramento do altar.
- Bendito seja o Espírito Santo Paráclito.
- Bendita seja a grande Mãe de Deus, Maria Santíssima.
- Bendita seja sua Santa e Imaculada Conceição.
- Bendita seja sua gloriosa Assunção.

252
- Bendito seja o nome de Maria, Virgem e Mãe.
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- Bendito seja São José, seu castíssimo Esposo.


- Bendito seja Deus, nos seus Anjos e nos seus Santos.
Presidente: Deus e Senhor nosso, protegei a vossa Igreja, dai-lhe
santos pastores e dignos ministros. Derramai as vossas bênçãos sobre o
nosso Santo Padre, o Papa, sobre o nosso bispo, sobre o nosso pároco
e todo o clero, sobre o chefe da nação e do Estado e sobre todas as pes-
soas constituídas em dignidade para que governem com justiça. Dai ao
povo brasileiro paz constante e prosperidade completa. Favorecei com
os efeitos contínuos de vossa bondade o Brasil, este (arce)bispado, a
paróquia em que habitamos, cada um de nós em particular e todas as
pessoas por quem somos obrigados a rezar ou que se recomendaram as
nossas orações. Tende misericórdia das almas dos fiéis que padecem no
purgatório. Dai-lhes, Senhor, o descanso e a luz eterna.
(Faz-se a Reposição do Santíssimo no Tabernáculo.)
Canto: Hino da CF 2020 (p. 5)

ENVIO
Presidente: Ide em paz, glorificai o Senhor com vossas vidas e
que ele sempre vos acompanhe.
Todos: Graças a Deus.

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CANTOS
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1. Nós somos muitos


R. Nós somos muitos, mas formamos um só corpo, que é o Corpo
do Senhor, a sua Igreja; pois todos nós participamos do mesmo
pão da unidade, que é o corpo do Senhor, a Comunhão.
1. O Pão que reunidos nós partimos é a participação do Corpo do
Senhor.
2. O cálice do Senhor abençoado é a nossa comunhão no Sangue do
Senhor.
3. À ordem do Senhor obedecendo, celebramos a memória da nossa
redenção.
4. Da Ceia do Senhor participando, pelo Espírito seremos unidos num
só corpo.
5. Seu Corpo e seu Sangue comungando, sua morte anunciamos, até
que Ele venha.

2. Campanha da fraternidade 1995


1. A quem nós servimos, quando partimos o pão do amor?/ Criança
sem nome, morrendo de fome,/ eras Tu, Senhor!
R. Vem ser nesta mesa o pão da igualdade e da libertação/ Teu
Corpo e Teu Sangue/ animem, sustentem/ a nossa missão!
2. A quem acolhemos, quando envolvemos de humano calor?/ O
velho esquecido, também excluído,/ eras Tu, Senhor!
3. De quem nós cuidamos, quando curamos feridas e dor?/ O pobre
doente da vida descrente,/ eras Tu, Senhor!
4. A quem escutamos, quando tratamos com digno valor?/ O índio
poeta, de sangue profeta,/ eras Tu, Senhor!

254
5. A quem amparamos, quando mostramos um mundo melhor?/ O
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jovem drogado, por não ser amado,/ eras Tu, Senhor!


6. A quem nós somamos, quando irmanados na luta e na dor?/ Aquele
operário, chorando o salário,/ eras Tu, Senhor!
7. A quem apoiamos, quando medimos do rosto o suor?/ O homem
do campo em seu desencanto,/ eras Tu, Senhor!
8. A quem defendemos, denunciando o mal, sem temor?/ Mulher
explorada, o negro ainda escravo,/ eras Tu, Senhor!

3. Eis o tempo de conversão


R. Eis o tempo de conversão,/ Eis o dia da salvação/ Ao pai volte-
mos, juntos andemos./ Eis o tempo de conversão!
Os caminhos do Senhor/ São verdade, são amor:/ Dirigi os passos
meus:/ Em vós espero, ó Senhor!
Ele guia ao bom caminho/ Quem errou e quer voltar:/ Ele é bom, fiel
e justo:/ Ele busca e vem salvar.
Viverei com o Senhor:/ Ele é o meu sustento./ Eu confio, mesmo
quando/ Minha dor não mais aguento.
Tem valor aos olhos seus/ Meu sofrer e meu morrer:/ Libertai o vosso
servo/ E fazei-o reviver!
A Palavra do Senhor/ É a luz do meu caminho;/ Ela é vida, é alegria:
Vou guardá-la com carinho.
Sua lei, seu Mandamento/ É viver a caridade:/ Caminhemos todos
juntos,/ Construindo a unidade!

4. Vejam eu andei pelas vilas


1. Vejam: Eu andei pelas vilas, apontei as saídas como o Pai me pediu./
Portas eu cheguei para abri-las, eu curei as feridas como nunca se viu.

255
R. Por onde formos também nós que brilhe a tua luz!/ Fala,
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Senhor, na nossa voz, em nossa vida./ Nosso caminho então con-


duz, queremos ser assim:/ Que o pão da vida nos revigore em
nosso “sim”.
Vejam: Fiz de novo a leitura das raízes da vida que meu Pai vê melhor./
Luzes acendi com brandura, para a ovelha perdida não medi meu suor.
Vejam: Procurei bem aqueles que ninguém procurava e falei de meu
Pai./ Pobres, a esperança que é deles eu não quis ver escrava de um
poder que retrai.
Vejam: Semeei consciência nos caminhos do povo, pois o Pai quer
assim./ Tramas, enfrentei prepotência dos que temem o novo, qual
perigo sem fim.
Vejam: Eu quebrei as algemas, levantei os caídos, do meu Pai fui as
mãos./ Laços, recusei os esquemas, Eu não quero oprimidos, quero
um povo de irmãos.
Vejam: Procurei ser bem claro; o meu reino é diverso, não precisa de
Rei./ Tronos, outro jeito mais raro de juntar os dispersos o meu Pai
tem por lei.
Vejam: Do meu Pai a vontade eu cumpri passo a passo, foi pra isso
que Eu vim./ Dores, enfrentei a maldade, mesmo frente ao fracasso eu
mantive meu “sim”.
Vejam, fui além das fronteiras, espalhei Boa-Nova: Todos filhos de
Deus./ Vida, não se deixe nas beiras, quem quiser maior prova venha
ser um dos meus.

256
CELEBRAÇÃO DA MISERICÓRDIA
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Orientações2
Celebrações penitenciais são reuniões do povo de Deus para
ouvir a sua Palavra, que convida à conversão e à renovação de vida,
proclamando também nossa libertação do pecado pela morte e res-
surreição de Cristo.
Convém que, depois do rito inicial (canto, saudação e oração),
sejam feitas uma ou várias leituras da Sagrada Escritura, intercaladas
de cantos, salmos ou momentos de silêncio, que serão explicadas e
aplicadas aos fiéis pela homilia. Nada obsta que antes ou depois das
leituras bíblicas sejam lidos trechos dos Santos Padres ou de outros
escritores que levem realmente a comunidade e cada um a um verda-
deiro conhecimento do pecado e a uma sincera contrição interior, que
conduzam à conversão.
Após a homilia e a meditação da Palavra de Deus, convém que a
assembleia dos fiéis reze em um só espírito e em uma só voz, median-
te alguma prece litânica ou outra maneira de promover a participa-
ção. Ao final sempre se rezará o Pai-Nosso, para que Deus, nosso Pai,
“perdoe nossas ofensas assim como nós perdoamos aos que nos têm
ofendido... e nos livre do mal”. O sacerdote, ou ministro que preside,
conclui com a oração e despede o povo.
 Deve-se cuidar que os fiéis não confundam estas celebrações
com a celebração do sacramento da Penitência.

Preparação do ambiente
Preparar o espaço celebrativo com sobriedade, em conformidade
com a espiritualidade quaresmal. Preparar previamente a celebração,
distribuindo os ministérios e as funções litúrgicas. Valorizar o ambão,
onde deve ser colocado o Lecionário ou a Bíblia, do qual será pro-
clamada as leituras. Em local conveniente, nunca no ambão, colocar

2 Indicações extraídas do Ritual de Penitência, n. 36-97.

257
o Cartaz da CF 2020 e outros símbolos penitenciais que evoquem a
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espiritualidade quaresmal ou também ligados ao tema da CF.


O Rito aqui preparado e proposto, em primeiro lugar, leva em
consideração a Celebração Penitencial presidida por um presbítero,
com confissão e absolvição individuais. Poderá, contudo, ser adaptado
e presidido por um diácono ou um leigo.

Ritos Iniciais

CANTO: Senhor, eis aqui o teu povo (ou outro à escolha, p. 254-256)
R. Senhor, eis aqui o teu povo que vem implorar teu perdão./ É
grande o nosso pecado, porém é maior o teu coração.
1. Sabendo que acolheste Zaqueu, o cobrador,/ E assim lhe devolveste
tua paz e teu amor,/ Também, nos colocamos ao lado dos que vão/
Buscar no teu altar a graça do perdão.
2. Revendo em Madalena a nossa própria fé,/ Chorando nossas penas
diante dos teus pés/ Também, nós desejamos o nosso amor te dar/
Porque só muito amor nos pode libertar.
3. Motivos temos nós de sempre confiar,/ De erguer a nossa voz, de
não desesperar,/ Olhando aquele gesto que o bom ladrão salvou,/
Não foi, também, por nós, teu sangue que jorrou?
Presidente: Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
Todos: Amém!
Presidente: Estejam convosco a graça e a paz de Deus, nosso Pai,
de Jesus Cristo, o Senhor, que se entregou por nossos pecados.
Todos: A Ele a glória pelos séculos dos séculos. Amém!

Motivação
Presidente: Queridos irmãos e irmãs, estamos vivendo um tem-
po forte de oração, jejum e penitência ao trilharmos, com toda a Igreja,
o Tempo da Quaresma. “Fraternidade e Vida: Dom e Compromisso” é

258
o tema da Campanha da Fraternidade deste ano. Através dela, a Igreja
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no Brasil “deseja fermentar uma cultura do cuidado, da responsabilida-


de, da memória e da proximidade, estabelecendo uma aliança contra
todo tipo de indiferença e ódio” (CF 2020: Texto-Base, n. 71).
Leitor(a) 1: “Ver, sentir compaixão e cuidar apresentam-se
como um autêntico PROGRAMA QUARESMAL: Escuta da Palavra
que converte o coração; verdadeira atenção pelos outros; romper com
a indiferença frente ao sofrimento e disponibilidade para o serviço.
Torna-se, assim, visível a corresponsabilidade da vida humana, pois
somos todos irmãos e irmãs (Mt 23,8) e, por isso, responsáveis uns
pelos outros. Assim se define a vida!” (CF 2020: Texto-Base, n. 15).
Leitor(a) 2: “Em uma época na qual a indiferença vai tomando
conta das consciências e dos corações, a Quaresma se mostra como
tempo importante para a reflexão sobre a misericórdia e a compaixão.
Neste tempo quaresmal, podemos mergulhar no mistério que nos
conduz para a Paixão, morte e Ressurreição de Jesus Cristo na medida
que nos propomos uma sincera conversão. Para o Papa Francisco, a
parábola do Bom Samaritano é uma dádiva maravilhosa, mas também
é um compromisso: ‘A cada um de nós, Jesus repete aquilo que disse
ao doutor da Lei: Vai e também tu faz o mesmo! Somos todos chama-
dos a percorrer o mesmo caminho do bom samaritano, que é a figura
de Cristo: Jesus debruçou-se sobre nós, fez-se nosso servo, e foi assim
que nos salvou, para que também nós pudéssemos amar como Ele nos
amou, do mesmo modo’” (CF 2020: Texto-Base, n. 85).
Presidente: Jesus, nosso bom samaritano, sempre se apresenta
com “um olhar compassivo que reconhece a dignidade de cada um e
procura resgatar a imagem e semelhança no rosto de homens e mulhe-
res desfigurados pelo pecado (Gn 1,26). Esse é o olhar de Deus mani-
festado em Jesus Cristo. O olhar de Jesus é revelador do olhar Trinitá-
rio, de um Deus que gera vida e amor. É por isso que, nesta Quaresma,
somos convocados a exercitar esse olhar de Jesus. Somos interpelados
a transformar nosso modo de ver, sentir, conviver, conformando-nos à
verdade que Ele nos ensinou” (CF 2020: Texto-Base, n. 83).

259
Canto: Eis o tempo de conversão
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Eis o tempo de conversão,/ Eis o dia da salvação!/ Ao Pai volte-


mos, juntos andemos./ Eis o tempo de conversão!
Presidente: Irmãos, peçamos a Deus, que nos chama à conver-
são, a graça de uma frutuosa e verdadeira Penitência. Unamo-nos a
Cristo, que foi crucificado por nossos pecados, e busquemos, com a
humanidade inteira, participar de sua Ressurreição.
(Todos rezam em silêncio por algum tempo; se possível, de joelhos.)

Oração
Presidente: Oremos. (silêncio) Deus todo-poderoso e cheio de
misericórdia, vós nos reunistes em nome de vosso Filho para alcançar-
mos misericórdia, e sermos socorridos em tempo oportuno. Abri nos-
sos olhos para vermos o mal que praticamos, e tocai nossos corações
para que nos convertamos a vós sinceramente. Que vosso amor recon-
duza à unidade aqueles que o pecado dividiu e dispersou; que vosso
poder cure e fortaleça os que em sua fragilidade foram feridos; que
vosso espírito renove para a vida os que foram vencidos pela morte.
Restabelecido em nós vosso amor, brilhe em nossas obras a imagem
do vosso Filho para que todos, iluminados pela caridade de Cristo,
que resplandece na face da Igreja, reconheçam como vosso enviado
Jesus Cristo, vosso Filho, nosso Senhor.
Todos: Amém!

Liturgia da Palavra
(Do ambão se proclama o texto bíblico sugerido. Outros textos à
escolha: Is 53,1-7.10-12; 1Pd 2,20b-25. Pode-se também utilizar outros
textos do Ritual da Penitência – Capítulo IV.)
1ª LEITURA : Leitura do Livro do Êxodo (3,1-10).

SALMO RESPONSORIAL (Salmo 50)


R. Pequei, Senhor, misericórdia!

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1. Tende piedade, ó meu Deus, misericórdia!/ Na imensidão de vos-
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so amor, purificai-me!/ Lavai-me todo inteiro do pecado,/ e apagai


completamente a minha culpa! R.
2. Eu reconheço toda a minha iniquidade,/ o meu pecado está sempre
à minha frente./ Foi contra vós, só contra vós, que eu pequei,/ e prati-
quei o que é mau aos vossos olhos! R.
3. Mostrais assim quanto sois justo na sentença,/ e quanto é reto o
julgamento que fazeis./ Vede, Senhor, que eu nasci na iniquidade,/ e
pecador já minha mãe me concebeu. R.
4. Mas vós amais os corações que são sinceros,/ na intimidade me
ensinais sabedoria./ Aspergi-me e serei puro do pecado,/ e mais bran-
co do que a neve ficarei. R.
5. Fazei-me ouvir cantos de festa e de alegria,/ e exultarão estes meus
ossos que esmagastes./ Desviai o vosso olhar dos meus pecados/ e
apagai todas as minhas transgressões! R.
6. Criai em mim um coração que seja puro,/ dai-me de novo um espí-
rito decidido./ Ó Senhor, não me afasteis de vossa face,/ nem retireis
de mim o vosso Santo Espírito! R.
7. Dai-me de novo a alegria de ser salvo/ e confirmai-me com espíri-
to generoso!/ Ensinarei vosso caminho aos pecadores,/ e para vós se
voltarão os transviados. R.
8. Da morte como pena, libertai-me,/ e minha língua exaltará vossa
justiça!/ Abri meus lábios, ó Senhor, para cantar,/ e minha boca anun-
ciará vosso louvor! R.
9. Pois não são de vosso agrado os sacrifícios,/ e, se oferto um holo-
causto, o rejeitais./ Meu sacrifício é minha alma penitente,/ não des-
prezeis um coração arrependido! R.
10. Sede benigno com Sião, por vossa graça,/ reconstruí Jerusalém e
os seus muros!/ E aceitareis o verdadeiro sacrifício,/ os holocaustos e
oblações em vosso altar! R.

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Aclamação ao Evangelho
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Todos: (cantando) Louvor a vós, ó Cristo. Rei da eterna gló-


ria! (bis)
(Ou outra aclamação quaresmal, à escolha da equipe de canto.)

Evangelho (Lucas 10,25-37)


(Como de costume, o presidente da celebração proclama o Evangelho
do Lecionário ou da Bíblia.)

Homilia
(Breve homilia, inspirada nos textos das leituras e da CF 2020,
levando os penitentes ao Exame de Consciência e à Renovação da Vida. Ao
término, breve momento de silêncio.)

Exame de consciência
(Seguem alguns trechos do Texto-Base da CF 2020 que podem aju-
dar o Presidente da Celebração na condução do Exame de Consciência.
Outra sugestão para o Exame de Consciência: Ritual da Penitência –
Apêndice III, p. 242.)
1. “Ser capazes de sentir compaixão: essa é a chave. Essa é a nossa
chave. Se, diante de uma pessoa necessitada, você não sente compaixão,
o seu coração não se comove, significa que algo não funciona. Fique
atento, estejamos atentos. Não nos deixemos levar pela insensibilidade
egoística. A capacidade de compaixão se tornou a medida do cristão,
ou melhor, do ensinamento de Jesus” (CF 2020: Texto-Base, n. 11);
2. No Discurso do Papa Francisco aos párocos da Diocese de
Roma, em 6 de março de 2014, ele dizia: “Tu choras? Ou perdemos
as lágrimas. Recordo que os missais antigos continham uma oração
extremamente bonita para pedir o dom das lágrimas. A oração come-
çava assim: ‘Senhor, vós que confiastes a Moisés o mandato de bater na
pedra para que dela brotasse água, batei na pedra do meu coração, para
que eu verta lágrimas (...)’. quantos de nós choram diante do sofri-
mento de uma criança, perante a destruição de uma família, diante de

262
tantas pessoas que não encontram o seu caminho?” (CF 2020: Texto-
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-Base, n. 13);
3. “Em uma sociedade profundamente marcada pelos traços de
Caim, Deus novamente nos pergunta: ‘Onde está (...) teu irmão?’
(Gn 4,9)” (CF 2020: Texto-Base n. 68);
4. “São João Paulo II, na Encíclica sobre o valor e a inviolabilidade
da vida (Evangelium Vitae), que, neste ano de 2020, completa 25 anos,
retoma as palavras do Concílio Vaticano II para descrever as amea-
ças sofridas pela vida humana: ‘Tudo o que se opõe à vida, qual seja
toda a espécie de homicídio, genocídio, aborto, eutanásia e suicídio
voluntário; tudo o que viola a integridade da pessoa humana, como
as mutilações, os tormentos corporais e mentais e as tentativas para
violentar as próprias consciências; tudo o que ofende a dignidade da
pessoa humana, como as condições de vida infra-humanas, as prisões
arbitrárias, as deportações, a escravidão, a prostituição, o comércio de
mulheres e jovens; e também as condições degradantes de trabalho
em que os operários são tratados como meros instrumentos de lucro
e não como pessoas livres e responsáveis. Todas essas coisas e outras
semelhantes são infamantes; ao mesmo tempo que corrompem a civi-
lização humana, desonram mais aqueles que assim procedem, do que
os que padecem injustamente; e ofendem gravemente a honra devida
ao Criador’” (CF 2020: Texto-Base, n. 69);
5. “Estaremos marcados para conviver, de modo definitivo, com
a indiferença e o ódio?” (CF 2020: Texto-Base, n. 71);
6. “A tristeza que brota de quem olha o sofrimento não pode
impedir que o olhar de esperança encontre também as luzes da solida-
riedade” (CF 2020: Texto-Base, n. 72);
7. Santa Dulce dos Pobres questionava: “Se Deus viesse à nossa
porta, como seria recebido? Aquele que bate à nossa porta, em busca
de conforto para a sua dor, para o seu sofrimento, é um outro Cristo
que nos procura” (CF 2020: Texto-Base, n. 80);
8. Poema “Não sei” de Cora Coralina: “Não sei se a vida é curta ou
longa demais para nós, mas, sei que nada do que vivemos tem sentido,

263
se não tocamos o coração das pessoas. / Muitas vezes basta ser: o colo
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que acolhe, o braço que envolve, a palavra que conforta, o silêncio que
respeita, a alegria que contagia, a lágrima que corre, o olhar que aca-
ricia, o desejo que sacia, o amor que promove. / E isso não é coisa de
outro mundo, é o que dá sentido à vida. / É o que faz com que ela não
seja nem curta, nem longa demais, mas que seja intensa, verdadeira,
pura enquanto ela durar” (CF 2020: Texto-Base, n. 81);
9. “Acolher essa proposta de vida cristã exige uma autêntica res-
posta às seguintes perguntas: Estou disposto a fazer o mesmo? Que-
ro concretizar para os irmãos e irmãs a mesma compaixão e cuidado
que o Senhor tem para comigo? Estou disposto a não ignorar ninguém
que me pede ajuda, apoio, socorro, presença, consolação? Se cada um
de nós não se fizer essas perguntas, pelo menos uma vez na vida, não
poderá dizer que tem verdadeiramente fé e, talvez, não poderá nem
dizer que é efetivamente humano, enquanto imagem e semelhança de
Deus” (CF 2020: Texto-Base, n. 87);
10. “Somos discípulos e amigos do Ressuscitado (Jo 15,15)!
Estamos a serviço da Vida! Por isso, não nos fechamos em nós mes-
mos. A Páscoa nos ensina a, por Cristo, com Cristo e em Cristo, romper
os túmulos da indiferença e do ódio e ressurgir para o zelo, o cuidado
e a solidariedade. O que acontece em nosso coração quando pratica-
mos o bem? De onde vem a força para compartilhar do pouco que se
tem com quem tem menos ainda? O que leva uma pessoa a se esque-
cer totalmente de si e acolher as grandes causas pela transformação do
mundo? Um prato partilhado, um agasalho oferecido, incompreensões
sofridas, agressões e repressões, noites em claro, vidas entregues até o
martírio? Fracos com os fracos (1Cor 9,22) levamos alimento noturno
para quem vive nas ruas e, diante deles, não reconhecemos seus rostos à
luz do dia; entramos nas cadeias, separando o pecado do pecador; lim-
pamos feridas que o pecado e a ganância desprezam; buscamos terra e
direitos defendendo os pequenos; estamos ao lado de crianças, jovens,
adultos e idosos, em suas alegrias e dores. Consolados por Cristo,
encontramos, no mais profundo de nós mesmos, a nossa vocação
humana e divina de consolar os que se acham em alguma tribulação

264
(2Cor 1,3-4). É possível que o mundo de indiferença e ódio nos consi-
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dere loucos. De algum modo, somos: loucos de amor, loucos pela fé e,


por isso, loucos pela vida” (CF 2020: Texto-Base, n. 89);
11. “O que seria do mundo se nos julgássemos menos e nos com-
preendêssemos mais? O que seria do mundo se houvesse menos com-
petição e mais compaixão? Não seria um mundo diferente se houvesse
menos voracidade e mais partilha?” (CF 2020: Texto-Base, n. 94);
12. “Nossas mãos não podem estar fechadas para socar. Elas
têm de estar abertas para apoiar. Não podem ser mãos fechadas para
agredir. Devem ser mãos unidas para cuidar. Sem ter onde reclinar a
cabeça (Mt 8,20), o Filho do Homem salvou o mundo. O que esta-
mos fazendo com tantos recursos, tanta tecnologia, tanto avanços
científicos? Estamos acomodados em nossa zona de conforto, ou
temos coragem de termos em nós os mesmos sentimentos de Jesus,
fazendo de nossas vidas uma oferta generosa da presença de Deus?”
(CF 2020: Texto-Base, n. 96);
13. “Todas as vezes que encontra um pecador, Jesus proclama:
‘Vai, e de agora em diante não peques mais’ ( Jo 8,1-11). A reparação
do mal ou do escândalo, a compensação do prejuízo causado e a satis-
fação da ofensa são consequências do perdão. Ele é sempre a mais
ampla manifestação da amorosa graça de Deus. Uma vez perdoado, o
coração humano não se cansa de, também ele, transbordar em perdão.
Por isso, podemos falar em reparação” (CF 2020: Texto-Base, n. 108);
14. “A contribuição cristã mais característica a serviço da vida
e de tantos que, em nosso tempo, necessitam descobrir o sentido da
existência é, em uma palavra, o amor. ‘O amor – caritas – será sem-
pre necessário, mesmo na sociedade mais justa. Não há qualquer
ordenamento estatal justo que possa tornar supérfluo o serviço do
amor. Quem quer desfazer-se do amor, prepara-se para se desfazer do
homem. Sempre haverá sofrimento que necessita de consolação e aju-
da. Haverá sempre solidão’” (CF 2020: Texto-Base, n. 119);
15. “Uma Igreja samaritana, sinal e expressão da caridade de
Cristo, vê além das aparências e para além das circunstâncias. Uma

265
Igreja que cuida pessoalmente daqueles que estão feridos à beira do
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caminho e que não permite que lá permaneçam. ‘Uma Igreja das pes-
soas e não dos papéis e dos poderes (...) uma Igreja onde as pessoas
vivem pela fé, dentro da qual se deixam transformar, segundo o modo
de existência da comunhão, segundo a Verdade Trinitária gravada no
coração do homem, feito à imagem e semelhança de Deus’. Em todo
o tempo, é tempo de fazer o bem. Para quem vive o mandamento do
amor caritas, sempre é tempo de cuidar, pois o próximo é quem cuida
com misericórdia (Lc 10,37)” (CF 2020: Texto-Base, n. 122).
(Terminado o Exame de Consciência, quem preside convida todos a
se ajoelharem ou a se inclinarem:)
Presidente: Amados irmãos e irmãs, ainda que em nosso mundo,
na realidade que nos cerca, “vejamos ameaças à vida, existem também
muitos olhares de compaixão, ternura, amor, solidariedade, carinho:
olhares de fraternidade” (CF 2020: Texto-Base, n. 84). Confiando nos
olhares fraternos de tantos santos, nossos intercessores junto a Deus,
no olhar terno e materno de Maria que nos acompanha e nos olhares
de fraternidade que aqui somos chamados a ter uns pelos outros, con-
fessemos os nossos pecados:
Todos: Confesso a Deus todo-poderoso e a vós, irmãos e
irmãs, que pequei muitas vezes, por pensamentos e palavras, atos
e omissões, por minha culpa, minha tão grande culpa. E peço
à Virgem Maria, aos anjos e santos e a vós, irmãos e irmãs, que
rogueis por mim a Deus, nosso Senhor.
(Onde se julgar oportuno, depois do “Confesso a Deus”, pode-se rea-
lizar algum gesto penitencial ou exercício de piedade, como a adoração
da Cruz, a recitação de uma dezena do terço, aspersão com a água ben-
ta, etc. Enquanto isso, se oportuno e necessário for, canta-se uma música
adequada.)

Oração de bênção da água


Presidente: Senhor, nosso Deus, fonte e origem de toda a vida,
dignai-vos abençoar † esta água que nos recorda o nosso Batismo e a

266
vida nova que constantemente nos é dada pela graça do perdão. Con-
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cedei, ó Deus, que, por vossa misericórdia, jorrem sempre para nós as
águas da salvação, para que possamos celebrar os mistérios da Páscoa
de coração reconciliados convosco, com nossos irmãos e todas as cria-
turas, obra de vossas mãos. Por Cristo, Senhor nosso.
(Todos são convidados a tocar na água benta e a traçar sobre si o
Sinal da Cruz ou o ministro asperge a assembleia enquanto se canta um
hino adequado.)

Oração do Senhor
Presidente: Agora, irmãos e irmãs, dirijamos nossa súplica ao
Pai, para que nos torne participantes de sua misericórdia e peçamos
perdão por nossas ofensas, rezando:
Todos: Pai Nosso...
Presidente: Livrai-nos de todos os males, ó Pai, e, pela santa
Paixão de vosso Filho, à qual nos unimos pela penitência, fazei-nos
participar com alegria de sua Ressurreição gloriosa. Por Cristo, nosso
Senhor.
Todos: Amém!
 Havendo possibilidades, realiza-se a confissão sacramental (confis-
são e absolvição individual);
 Não havendo confissão sacramental, sendo oportuno, quem preside
poderá solicitar das pessoas presentes um gesto de mútua reconcilia-
ção e paz;
 Antes do canto de ação de graças, solicitar um compromisso em
sintonia com a CF 2020.

Louvor à misericórdia do Pai


(Pode-se cantar o canto abaixo ou outro de louvor à escolha da equi-
pe de canto.)
Presidente: Entoemos nosso louvor pelas maravilhas da miseri-
córdia de Deus. Em sua honra, cantemos exultantes:

267
1. Obrigado, Senhor, porque és meu amigo,/ Porque sempre comi-
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go Tu estás a falar./ No perfume das flores, harmonia das cores,


E no mar que murmura teu nome a rezar.
Escondido tu estás no verde das florestas!/ Nas aves em festa, no
sol a brilhar,/ Na sombra que abriga, a brisa amiga,/ Na fonte que
corre ligeira a cantar!
2. Te agradeço ainda porque na alegria,/ Ou na dor de cada dia posso
te encontrar!/ Quando a dor me consome, murmuro o teu nome,/ E
mesmo sofrendo eu posso cantar.

Oração Final
Presidente: Oremos. (silêncio) Senhor Jesus Cristo, porque sois
rico em perdão, quisestes assumir a fraqueza de nossa carne, para dei-
xar-nos exemplo de humildade e fortalecer-nos em toda tribulação;
dai-nos conservar os bens que de vós recebemos, e levantai-nos pela
penitência, sempre que cairmos em pecado. Vós que viveis e reinais
para sempre.
Todos: Amém!

Bênção Final
Presidente: O Senhor vos conduza segundo seu amor miseri-
cordioso e a paciência de Cristo, seu Filho.
Todos: Amém!
Presidente: Para que possais caminhar na vida nova e agradar a
Deus em todas as coisas.
Todos: Amém!
Presidente: Abençoe-nos Deus todo-poderoso Pai e Filho e
Espírito Santo. Amém!
Todos: Amém!
Canto: Hino da CF 2020 (p. 5)

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Ecumenismo dentro da
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Campanha da Fraternidade

O ecumenismo é importante para uma boa apresentação do


Cristianismo. Jesus pediu a união de seus discípulos, pois viu nela
um elemento que iria mostrar ao mundo o amor que Deus quis nos
manifestar ao enviar Jesus. Ele orou assim por seus seguidores: “Eu
não rogo somente por eles, mas também por aqueles que hão de crer
em mim, pela palavra deles. Que todos sejam um, como tu, Pai, estás
em mim, e eu em ti. Que também eles estejam em nós, a fim de que o
mundo creia que tu me enviaste” ( Jo 17,20-21).
Diante da amplitude do que precisa ser feito para defender a vida,
juntos poderemos colocar nossos dons em ação com um testemunho
mais ativo e convincente.
O convite à participação de irmãos e irmãs de outras Igrejas deve
ser feito com antecedência, em visitas fraternas. Com isso, serão distri-
buídas as funções de cada um na celebração. Os paroquianos também
podem convidar parentes e amigos de outras Igrejas que já tenham
atitudes ecumênicas ou que queiram conhecer melhor esse tipo de
diálogo fraterno. Se houver uma ação social que possa envolver a todos
na comunidade, pode-se combinar uma entrega conjunta das ofertas
como sinal de compromisso de defesa da vida. Seria interessante tam-
bém, como momento de confraternização, haver um lanche partilha-
do depois da celebração.

270
Celebração Ecumênica – Juntos vamos
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ver, ter compaixão e cuidar da vida

Preparação da celebração
As diferentes tarefas (música, leituras, homilia, organização)
devem ser combinadas com antecedência. O presbitério deve estar pre-
parado com lugares para receber um representante de cada Igreja pre-
sente. Uma equipe de acolhida deve estar na entrada recebendo e iden-
tificando os visitantes. O cartaz da Campanha deve ser colocado em
lugar de boa visibilidade. Um lugar de destaque deve ser reservado para
colocar a Bíblia. Se estiver de acordo com o que tiver sido combinado
nas visitas de convite, prepara-se um espaço para colocar as ofertas.

Canto de entrada
(Que vai acompanhar a procissão de entrada dos visitantes que irão
ficar no altar, dos coordenadores da celebração, da apresentação da Bíblia
e do espaço onde serão colocadas as ofertas.)
Se caminhar é preciso, caminharemos unidos/ E nossos pés, nossos
braços, sustentarão nossos passos./ Não mais seremos a massa, sem vez,
sem voz, sem história,/ Mas uma Igreja que vai em esperança solidária.
Se caminhar é preciso, caminharemos unidos,/ E nossa fé será tanta
que transporá as montanhas./ Vamos abrindo fronteiras onde só havia
barreiras,/ Pois somos povo que vai em esperança solidária.
Se caminhar é preciso, caminharemos unidos,/ E o Reino de Deus
teremos como horizonte de vida./ Compartilhemos as dores, os sofri-
mentos e as penas,/ Levando a força do amor em esperança solidária.
Se caminhar é preciso, caminharemos unidos,/ E a nossa voz no deser-
to fará brotar novas fontes./ E a nossa vida na terra será antevista nas
festas./ É Deus que está entre nós em esperança solidária.
(Simei Monteiro)

271
Dirigente: Nossa celebração faz parte da Campanha da Fraternidade,
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que é um projeto sempre vivido na Quaresma, preparando nosso coração


para a Semana Santa. Este ano, o tema da Campanha é “Fraternidade e Vida:
Dom e Compromisso”. Com alegria, recebemos os que conosco vêm parti-
cipar desta celebração ecumênica. O ecumenismo une os cristãos no teste-
munho do Evangelho e na prática do amor fraterno, tão necessários para a
defesa a vida. Vamos então apresentar à comunidade os nossos visitantes.
(Os representantes das Igrejas que vão ter lugar no altar serão chama-
dos pelo nome e se apresentarão à comunidade; depois, o dirigente pedirá que
outros visitantes levantem a mão e se identifiquem mencionando sua Igreja.)
Dirigente: Juntos, vamos colocar diante do Senhor nosso com-
promisso de vivência da fraternidade e da defesa da vida, um dom pre-
cioso que o Pai oferece à humanidade. Jesus nos amou com magnífica
dedicação. Ele quer estar sempre conosco e nos pede para sermos uns
com os outros sinais desse amor, para que o mundo creia e a vida possa
ser bem cuidada e defendida.
Todos: O amor de Jesus nos estimula a cuidar bem da vida, da
natureza, das pessoas que nos cercam. Muitos problemas graves
podem fazer essa tarefa parecer difícil. Mas confiamos no Senhor
e contamos com a sua graça para podermos viver de acordo com o
Evangelho que Jesus nos deu.

Canto
Os que confiam no Senhor são como o monte de Sião. (2x)
Firmes para sempre permanecem, firmes para sempre no Senhor,/ Fir-
mes para sempre no Evangelho, firmes para sempre no amor/ Os que
confiam no Senhor, os que confiam no Senhor.
Os que esperam no Senhor as forças hão de renovar. (2x)
Sobem como águias para os montes, correm mesmo sem se fatigar/
Engajados pelo Evangelho, querem suas vidas ofertar./ Os que espe-
ram no Senhor, os que esperam no Senhor!
(Oziel Campos de Oliveira)

272
A realidade que precisamos VER e
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SENTIR, para depois poder AGIR

Dirigente: Jesus disse que veio para que todos tenham vida, e vida
em abundância. Mas a humanidade deixou muita coisa ameaçar a vida,
tanto no campo pessoal, como no convívio comunitário, na organização
social e no modo de lidar com a natureza do planeta, nossa casa comum.
Além do comportamento dos que fazem o que é errado, temos a indife-
rença de muita gente que não se envolve, não se sente chamada a cola-
borar para defender a vida. A indiferença diante desses problemas é uma
omissão, uma ingratidão diante do dom da vida que Deus nos oferece.
Leitor(a) 1: No campo pessoal, podemos ter por perto pessoas
deprimidas, viciadas em drogas, vítimas de preconceitos, sem a devida
autoestima. Esses e muitos outros seres humanos precisam ser vistos
com cuidado, ser acolhidos e ajudados, para que percebam o valor que
têm como obra preciosa de Deus e como irmãos amados na grande
família humana.
Todos: Livra-nos, Senhor, da indiferença diante dos sofri-
mentos dos que estão à nossa volta. Como Igrejas unidas, quere-
mos ser para todos sinal de esperança e amor.
Leitor(a) 2: No convívio comunitário, estamos cercados de gen-
te na igreja, no local de trabalho, no bairro. Será que sempre prestamos
atenção aos que podem estar precisando de ajuda nesses ambientes?
Sabemos ajudá-los com amor, para que se sintam valorizados e pos-
sam pôr em ação seus dons?
Todos: Livra-nos, Senhor, da indiferença que pode nos
impedir de ver o que precisaria ser feito nos lugares que frequen-
tamos. Como Igrejas unidas, queremos que nossa presença seja
construtiva e amorosa, fonte de vida e alegria.
Leitor(a) 3: Alguns problemas são mais amplos e exigem solu-
ções em nível social, por exemplo, salários baixos e desemprego, terras
em conflito, migrantes sem apoio, educação precária, saúde pública

273
sem atendimento, economia valendo mais que as pessoas. Não pode-
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mos resolver tudo isso sozinhos, mas sabemos protestar quando algo
está errado, trabalhar em conjunto e apoiar possíveis soluções?
Todos: Livra-nos, Senhor, da indiferença diante dos pro-
blemas maiores que ameaçam a dignidade de vida da população.
Como Igrejas unidas, queremos ter voz e presença na construção
de uma sociedade mais justa.
Leitor(a) 4: Outra questão importante para preservar a vida é o
cuidado com a natureza, a ecologia que precisa ser integral. O planeta
é um dom recebido de Deus, com recursos para uma vida sadia. Ele é
de todos, não de alguns. Se sabemos agradecer por esse dom, temos
que assumir o compromisso de cuidar bem da casa de todos.
Todos: Livra-nos, Senhor, da indiferença que pode até nos
transformar em cúmplices da contaminação da natureza. Como
Igrejas unidas, queremos ensinar a preservar a natureza e dar bom
exemplo pela forma saudável de viver e cuidar da vida de todos.

Canto
O nosso Deus, com amor sem medida/ Chamou-nos à vida, nos deu
muitos dons./ Nossa resposta ao amor será feita/ Se a nossa colheita
mostrar frutos bons.
Mas é preciso que o fruto se parta e se reparta na mesa do amor. (2x)
Participar é criar comunhão/ Fermento no pão, saber repartir,/ Com-
prometer-se com a vida do irmão,/ Viver a missão de se dar e servir./
Os grãos de trigo em farinha se tornam/ Depois se transformam em
vida no pão./ Assim também, quando participamos,/ Unidos criamos
maior comunhão.
(José A. Santana)

Leituras bíblicas
Dirigente: Jesus ensinou de várias maneiras que devemos VER,
SENTIR COMPAIXÃO e CUIDAR DA VIDA. Ele prestava atenção

274
nos que estavam à sua volta, ia ao encontro de gente que era rejeitada
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por outros. Um dia, resumiu isso de forma bem interessante em uma


história que mostrava que até um desconhecido precisa ser visto com
atenção, fazer sentir compaixão e ser bem cuidado se necessita de ajuda.

Canto
Fala, Senhor! Fala, Senhor, palavra de fraternidade!/ Fala, Senhor!
Fala, Senhor! És luz da humanidade!
A tua Palavra é fonte que corre,/ Penetra e não morre, não seca jamais.
A tua Palavra que a terra alcança,/ É luz, esperança que faz caminhar.
A tua Palavra, farol de justiça/ Que vence a cobiça, é bênção e paz.
(L. Almir Gonçalves dos Reis / M. Paulo Rafael / Adenor Leonardo)
Leitor(a) 5: Na figura do bom samaritano, Jesus nos convida a
olhar o próximo com atenção, sentir compaixão quando ele sofre e
cuidar dele, porque todos precisam ter vida.
Leitura do Evangelho de Lucas 10,25-37
Leitor(a) 6: Tendo aprendido com Jesus a importância de amar
ao próximo, como forma fundamental de servir a Deus, João escreve
uma carta na qual destaca que, sem esse amor voltado para todos, não
podemos dizer que amamos a Deus.
Leitura da Primeira Carta de João 4,7-16

Homilias
Cada uma das leituras bíblicas vai ser comentada por aquele que
a leu (ou por outra pessoa que tenha sido escolhida quando se plane-
jou a celebração), relacionando-a com o tema da Campanha.

Canto
O Senhor me chamou a viver, a viver a alegria do amor./ Foi teu amor
que nos fez conhecer toda a alegria da vida, Senhor.

275
Senhor da vida, teu amor nos faz recomeçar/ E eu sei que a nossa vida
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é vida perdida pra quem não amar.


Nunca é longo demais o caminho que nos leva ao encontro do amor./
Foi teu amor que nos fez descobrir toda a alegria da vida, Senhor.
O Senhor nos chamou a viver, a viver como irmãos simplesmente./ Foi
teu amor que nos vez conhecer que o próprio Deus vive a vida da gente.
(Pe. Josmar Braga / Waldeci Farias)

Compromissos que podemos assumir


Dirigente: O amor de Jesus nos mostra como Deus valoriza cada
ser humano. Cada um de nós é muito amado. Como vamos agradecer?
Deus, pessoalmente, não precisa de nada. Mas, sendo imenso o amor
que Ele dedica a cada pessoa, o jeito de agradecer a Deus, de servi-lo,
é fazer o bem a essas pessoas que Ele tanto ama. Cada um pode fazer
uma parte, mas todos juntos teremos mais força e ainda viveremos a
alegria de estarmos unidos, crescendo na amizade, no diálogo ecu-
mênico e na aventura emocionante de melhorar o ambiente em que
vivemos.
(Pessoas de Igrejas ou pastorais diferentes podem dar breve testemu-
nho do que já é feito no campo da ajuda ao próximo, da justiça social, do
cuidado com a natureza.)
Leitor(a) 1: Queremos construir um mundo melhor. Só fare-
mos isso se cumprirmos aquela orientação básica que Jesus já nos
tinha dado: tratar o outro como gostaríamos de ser tratados. Quere-
mos considerar o direito de cada ser humano como algo que nos cabe
defender porque somos todos irmãos na grande família humana em
que Deus nos colocou.
Todos: Ajuda-nos, Senhor, a crescer em compaixão, solida-
riedade, trabalho conjunto e busca da justiça para todos.
Leitor(a) 2: Como Igrejas unidas, queremos educar crianças e
jovens para a defesa da vida, o respeito aos direitos do próximo e um
convívio realmente fraterno.

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Todos: Anima, Senhor, as Igrejas e as famílias na formação
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de novas gerações que vão usar seus dons para melhorar o mundo.
Leitor(a) 3: Como bons companheiros de caminhada, quere-
mos valorizar os que nos cercam, animando cada um a reconhecer
seus dons e reconhecendo neles uma obra preciosa de Deus.
Todos: Abre nossos olhos, Senhor, para tudo de bom que
nós e os outros podemos fazer.
Leitor(a) 4: Como cidadãos de um país que precisa cuidar
melhor do seu povo, queremos estar sempre bem informados do
que acontece, para podermos nos manifestar e ser ouvidos na busca
da verdadeira justiça, dando bons exemplos de respeito a todos onde
estivermos.
Todos: Inspira-nos, Senhor, para sermos ativos, na Igreja e
na sociedade, trabalhando juntos em defesa da vida.
Leitor(a) 5: Agradecidos pelo planeta que nos foi dado como
casa comum, nos comprometemos a cuidar dos recursos da natureza,
que são de todos e não podem ser prejudicados por amor ao dinhei-
ro, nem pela acomodação de quem não se sente responsável pelo que
garante a vida saudável da humanidade.
Todos: Mostra-nos, Senhor, o melhor modo de cuidar da
natureza e de comunicar a outros essa responsabilidade que é de
todos.
(Agora, se foi combinado fazer uma oferta de ajuda aos necessitados,
um agente de pastoral explica o destino a ser dado ao que for ofertado, que
será depositado no espaço que tiver sido previamente determinado.)
Canto: Hino da Campanha da Fraternidade 2020 (p. 5)

277
Ato final: gesto de alegria fraterna pelo encontro
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aqui realizado
(Algum dos visitantes e um representante da comunidade podem
dizer como se sentiram no convívio com seus irmãos cristãos na celebração.)
Dirigente: Agradecemos ao Senhor por estarmos aqui juntos
ouvindo sua Palavra, partilhando nossas orações e nossas experi-
ências. Na alegria de estarmos unidos, vamos dar as mãos, cantar e
depois vamos participar da confraternização que faz parte da amizade
e do diálogo que queremos viver como parceiros no anúncio do Evan-
gelho e na defesa da vida.

Canto de saída, acompanhado do abraço de


confraternização
Deus chama a gente pra um momento novo/ De caminhar junto com
seu povo./ É hora de transformar o que não dá mais:/ Sozinho, isola-
do, ninguém é capaz.
Por isso vem, entra na roda com a gente, também!/ Você é muito
importante! Vem!
Não é possível crer que tudo é fácil,/ Há muita força que produz a mor-
te,/ Gerando dor, tristeza e desolação./ É necessário unir o cordão.
A força que hoje faz brotar a vida/ Atua em nós pela tua graça./ É Deus
quem nos convida pra trabalhar,/ O amor repartir e as forças juntar.
(Ernesto B. Cardoso)

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Crianças:
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1º ao 5º Ano do Ensino Fundamental

Nossa palavra a você dinamizador(a) dos encontros da


CF 2020
Em 2020, a Campanha da Fraternidade nos convida a olhar a
vida com amor, compaixão e cuidado. O ponto forte de vivência da
Campanha é o tempo quaresmal e, assim, os cinco encontros propos-
tos neste livreto devem ser realizados nesse período, dedicando-se um
dia na semana para isso.
A realidade a ser refletida, meditada, rezada tem como tema:
“Fraternidade e Vida: Dom e Compromisso” e como lema: “Viu, sen-
tiu compaixão e cuidou dele” (Lc 10,33-34) retirado da Parábola do
Bom Samaritano.
O Objetivo Geral da CF 2020 é: “Conscientizar, à luz da Palavra
de Deus, para o sentido da vida como Dom e Compromisso, que se
traduz em relações de mútuo cuidado entre as pessoas, na família, na
comunidade, na sociedade e no planeta, nossa Casa Comum”. Assim,
os encontros precisam ir além das palavras e despertar em cada criança
o melhor do que nos faz humanos.
Este exemplar que você tem em mãos foi produzido para
encontros com as crianças e foi pensado e escrito em sintonia com o
Texto-Base da CF 2020.
Você que irá atuar como facilitador(a) dessa ação deve ler pre-
viamente todos os encontros, para se inteirar previamente do que está
sendo sugerido, planejar as atividades a serem realizadas, bem como
providenciar o que se fizer necessário.
Nos encontros, principalmente na acolhida, as indicações são
dirigidas a você facilitador(a), apresentando dinâmicas que preparam
o grupo para a reflexão do tema. Naturalmente, você poderá enri-
quecer o que está indicado considerando sempre as peculiaridades e
características do seu grupo de crianças.

280
Os encontros seguem a linha metodológica utilizada pela Cam-
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panha com “O olhar a vida” (ver); “Sentindo o olhar de Jesus” (julgar);


“Nosso compromisso com a vida” (agir). Em cada uma dessas etapas,
encontramos textos que podem ser lidos individualmente, em leituras
compartilhadas e em grupo. Esteja atento(a) quanto ao vocabulário e
se assegure de que todos compreenderam o sentido do texto.
Já as reflexões, propostas em forma de perguntas, devem contar
com a participação de todos, sendo elogiadas todas as contribuições.
Estimule a realização das propostas do agir e que possam reper-
cutir junto às famílias, à escola e à comunidade, tornando a Campanha
plena de vida e transformação.
Que Maria possa estar conosco para nos ajudar a sermos teste-
munho na causa da vida contribuindo para o anúncio do Evangelho
do Amor. Como nos diz o Papa Francisco, Jesus nos entregou uma luz
que brilha nas trevas: defenda-a, proteja-a. Aquela única luz é a maior
riqueza confiada à sua vida.

Maria Mônica Pimentel Pinto


Amélia Maria Brito de Albuquerque
Pastoral da Educação – CNBB NE 1

281
1º ENCONTRO: Fraternidade e Vida:
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Dom e Compromisso

1. Acolhida
Organizar o local do encon-
con-
tro com uma Bíblia, uma vela,
uma planta, se possível com flores,
flores,
e bonecos ou gravuras que representem a família.
Convidar as crianças para ficarem em círculo e dar as boas-vindas.
Dizer que vão fazer juntos(as) uma caminhada de fraternidade e vida.
Dividir as crianças em grupos e entregar a cada grupo as letras e os núme-
ros que formam o nome: CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2020.
Estimular cada grupo a formar as palavras com as letras e o ano
com os números. Caso as crianças sejam muito pequenas, entregar
uma faixa com as palavras e o ano que devem formar. Depois que
todos os grupos formarem o nome, conversar com eles sobre o que
é Campanha e o que é Fraternidade. Escolher uma canção que fale de
fraternidade para cantar com elas.
Cantemos (um canto à escolha, p. 295-298)

2. O olhar que vê a vida


a
Explicar às crianças que ue na
Campanha da Fraternidade 2020
somos convidados(as) a olhar ar a
vida de modo mais atento e deta-eta-
lhado. Apresentar a planta que está
no local do encontro e estimularular
que falem sobre a vida na natureza.
ureza.
Conversar também sobre a vida em ffamília
l e a vida
d na escola.
l Falar
l dda
importância de cuidar e ser cuidado. Perguntar: Quem cuida de você?
Você cuida de quem em sua família? Você cuida da natureza?

282
Dizer o tema e o lema da Campanha. Oferecer lápis e papel e
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pedir que cada um faça um desenho que expresse o tema da Campa-


nha. Estimular cada criança a falar do seu desenho. Compor um painel
com todos os desenhos feitos.

3. Aclamemos a Palavra de Deus (um canto à escolha, p. 295-298)

4. O Evangelho da vida: Jo
o 13,34-35
“Eu vos dou um novo mandamento:
mento: que
vos ameis uns aos outros. Como euu vos amei,
assim também vós deveis amar-vos os uns aos
outros. Nisso conhecerão todos que sois
meus discípulos: se tiverdes amor uns para
com os outros”. Palavra da salvação.
o.
Todos: Glória a vós Senhor.

5. Sentindo o olhar de Jesus


Jesus nos diz que o grande mandamento da vida é o amor. E que
para segui-lo e ser seus discípulos temos que nos amar como irmãos.
O que, para você, significa ser irmão? É fácil amar o outro como irmão?
Por quê? Como podemos amar o outro como irmão?
Vamos rezar de mãos dadas:
Senhor Jesus amado,
Ensina-nos a amar, como você nos amou.
Ilumina para que possamos ver no outro um irmão/irmã.
Ajude para que possamos ser fraternos e cuidar da vida como
dom e compromisso.
Amém!

283
6. Nosso compromisso com a vida
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As mudanças que queremos no mundo só serão reais se come-


çarem por nós. Assim, para viver a Campanha da Fraternidade 2020
temos que assumir o compromisso de cuidado e valorização da vida.
Assim, vamos:
Cuidar de nós procurando nos alimentar de forma correta.
Cuidar dos colegas, procurando nos aproximar daqueles que
ficam mais sozinhos e têm mais dificuldade.
Cuidar de uma pessoa da nossa família dizendo o quanto a ama-
mos e o quanto é importante para nós.
Cuidar da natureza respeitando todas as formas de vida.

Rezemos a Oração da CF 2020 (p. 4)


Cantemos o Hino da CF 2020 (p. 5)

284
2º ENCONTRO:
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Viu, sentiu compaixão e cuidou dele

1. Acolhida
Apresentar às crianças o lema da CF 2020: “Viu,
sentiu compaixão e cuidou dele” (Lcc 10,33-34).
Conversar com elas sobre o significado
ado desse
versículo bíblico. O que é ver? O quee é sentir
compaixão? O que é cuidar? Colocar ass crianças
em círculo, de mãos dadas, e convidá-las
las para:
 Olharem para todos(as) no círculo lo e sorrir;
 Apertarem a mão do colega que estiver à direita dizendo: “você
é meu irmão/irmã”;
 Darem um abraço coletivo.
Cantemos (um canto à escolha, p. 295-298)

2. O olhar que vê a v
vida
A vida é ddom que recebemos de Deus e que somos
chamados a comcompartilhar. Jesus disse: “Eu vim para que
tenham vida, e a tenham em abundância” ( Jo 10,10).
vida, como dom, nos conduz a um compro-
A vid
somos responsáveis por nós mesmos, pelos
misso: som
outros, nossos
noss irmãos, e por todas as criaturas. Santa
Terezinha dizia:
d “Ah! Compreendo agora que a cari-
perfeita consiste em suportar os defeitos dos
dade perfei
outros, (...) e compreendi sobretudo que a caridade não deve
ficar encerrada no fundo do coração: ‘ninguém, disse Jesus, acende uma
candeia para a colocar debaixo do alqueire, mas coloca-a sobre o cande-
labro, para alumiar todos os que estão em casa’. Creio que essa luz repre-
senta a caridade que deve iluminar e alegrar, não só os que são mais que-
ridos, mas todos aqueles que estão em casa, sem exceção de ninguém”.

285
3. Aclamemos a Palavra de
e Deus (um canto à escolha, p. 295
295-298)
298)
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4. O Evangelho da vida: Lc 10,30-37


“Certo homem descia de Jerusalém para Jericó
e caiu nas mãos de assaltantes, que ue lhe arrancaram
tudo, espancaram-no e foram embora,
deixando-o meio morto. Por aca--
so descia por aquele caminho um
sacerdote, mas ao ver o homem, m,
passou longe. Assim também um levita: it chegou
h ao lugar,
l viu
i o homem
h
e seguiu adiante pelo outro lado. Um samaritano, porém, que estava
viajando, chegou perto dele e, ao vê-lo, moveu-se de compaixão. Apro-
ximou-se dele e tratou-lhe as feridas, derramando nelas azeite e vinho.
Depois, colocou-o sobre seu próprio animal e o levou a uma hospeda-
ria, onde cuidou dele. No dia seguinte, pegou dois denários e deu-os
ao dono da hospedaria, recomendando: ‘Cuida dele, e o que gastares a
mais, eu o pagarei quando eu voltar’. No teu parecer, qual dos três fez-
-se o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?”
Ele respondeu: “Aquele que usou de misericórdia para com ele”.
Então Jesus lhe disse: “Vai e faze o mesmo”. Palavra da salvação.
Todos: Glória a vós Senhor.

5. Sentindo o olhar de Jesus


Somos acostumados a ver as dificuldades dos nossos colegas,
amigos, pessoas da família? Tentamos ajudar? Agimos como o samari-
tano que ajudou a uma pessoa que nem conhecia? É preciso ser bom e
testemunhar a bondade onde estivermos.

Rezemos a Oração da CF 2020 (p. 4)

286
6. Nosso compromisso com
m a vida
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Vamos deixar que nos ajudem em m relação a nos-


sos defeitos e vamos ajudar nossos colegas em
relação a suas dificuldades. Vamos ouvir os
idosos da família e contar histórias interes-
santes para eles sorrirem. Vamos rezar
ezar um
Pai-Nosso, de mão dadas, pedindo a Deus
que nos ajude a perdoar, para sermosrmos
perdoados.

Cantemos o Hino da CF 2020 (p. 5)

287
3º ENCONTRO: Dulce dos pobres:
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peregrina da fraternidade

1. Acolhida
Vivenciar com as crianças um exercícioo de partilha.
Providenciar bolo, biscoito ou alguma outrautra comida
que possa ser repartida com facilidade. Darar as boas-
-vindas às crianças e pedir para formarem duplas.
uplas. Dis-
tribuir o alimento entregando apenas a um dos par-
ceiros da dupla. Informar que todos devem m comer do
alimento. Observar como foi feita a divisão em cada dupla. Depois convi-
dar todos para ficarem em círculo e indagar: Que critérios vocês utiliza-
ram para escolher seus parceiros(as) nas duplas? Como foi feita a partilha
do alimento? O que aprendemos com essa dinâmica?
Cantemos (um canto à escolha, p. 295-298)

2. O olhar que vê a vida


Vamos olhar para o Cartaz da CF 2020.
Você já ouviu falar em Santa Dulce dos
pobres, o anjo bom da Bahia? Por que será
que ela está no Cartaz da Campanha da Fra-
ternidade 2020? O que chamou sua atenção
no Cartaz? Santa Dulce passou por momen-
tos difíceis, mas nunca desanimou de conti-
nuar fazendo o bem. Ela dizia: “Habitue-se a
ouvir a voz do seu coração. É através dele que
Deus fala conosco e nos dá a força que neces-
sitamos para seguirmos em frente, vencendo
os obstáculos que surgem na nossa estrada”.

3. Aclamemos a Palavra de Deus (um canto à escolha, p. 295-298)

288
4. O Evangelho da vida: Mt 9,36-37
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“Ao ver as multidões, Jesus encheu-se de


compaixão por elas, porque estavam cansadas
e abatidas, como ovelhas que não têm pastor.
Então disse aos discípulos: ‘A colheita é gran-
de, mas os trabalhadores são poucos. Pedi,
pois, ao Senhor da colheita que envie trabalha-
dores para sua colheita’”. Palavra da salvação.
Todos: Glória a vós Senhor.

5. Sentindo o olhar de Jesus


Se Deus viesse à nossa porta, como seria recebido? Aquele que
bate à nossa porta, em busca de conforto para a sua dor, para o seu
sofrimento, é outro Cristo que nos procura. Santa Dulce dos pobres
andava pelas ruas de Salvador procurando pobres e desamparados
para ajudá-los com compaixão e ternura.
Você se sente chamado a ajudar alguém? Conhece alguma histó-
ria de pessoa que ajudou a quem precisava? Vamos compartilhar essas
histórias.

Rezemos a Oração da CF 2020 (p. 4)

6. Nosso compromisso com


m a vida
Vamos ler mais sobre a vida de Santa
anta Dulce,
fazer uma dramatização e apresentar na escola e
em outras comunidades para que mais is pessoas
conheçam o seu testemunho de amorr aos mais
necessitados.

Cantemos o Hino da CF 2020 (p. 5)

289
4º ENCONTRO:
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Não violência: a vida floresce na p


paz

1. Acolhida
Vamos acolher as crianças com alegria
desejando a todos a paz. Em uma roda oda de
conversa, falar sobre a importância dos
os valo-
res humanos em nossa vida. Relacionarr valores
importantes como amor, gratidão, fraternidade,
rnidade, fé,
esperança, perdão, amizade, verdade, justiça,
ti coragem,
paz, entre tantos outros. Entregar corações de papel e
pedir que cada um escreva seu nome e o valor que mais precisa culti-
var em seu coração. Pendurar os corações em um galho seco que será
transformado na árvore dos valores.
Cantemos (um canto à escolha, p. 295-298)

2. O olhar que vê a vida


No mundo em que vivemvivemos, podemos ver muita violência e des-
respeito às diferentes
dife formas de vida. Quantas vezes
nós agredimos
agredim outro ser humano e a natureza com
gestos, palavras
pala e até pensamentos ruins? Desejar
o mal ao outro
o também é uma forma de violên-
cia. O respeito e o cuidado para com a vida é
missão primeira de todo ser humano. Preci-
a missã
ultrapassar o egoísmo e estabelecer a res-
samos ultr
ponsabilidade como ato primeiro frente à vida,
ponsabilid
em todas as suas fases.

3. Aclamemos a Palavra de Deus (um canto à escolha, p. 295-298)

290
4. O Evangelho da vida: Jo 14,27
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“Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Eu


não a dou, como a dá o mundo. Nãoo se pertur-
be, nem se atemorize o vosso coração”.
ão”. Pala-
vra da salvação.
Todos: Glória a vós Senhor.

5. Sentindo o olhar de Jesus


us
O Papa Francisco nos diz: “Promova a paz em meio aos homens
e não ouça a voz de quem espalha ódio e divisões. Os seres humanos,
por mais diversos que sejam uns dos outros, foram criados para viver
juntos”. Temos assim que aprender todos os dias a conviver uns com
os outros. Jesus nos deu a sua paz. A paz de Jesus nasce do amor. O
que você mais vê no mundo: paz ou violência? O que é preciso para
construir a paz?

6. Nosso compromisso com a vida


Precisamos ser testem
testemunhas da paz no mundo. Pensar na paz.
Partilhar a paz. Converse com os seus colegas
Falar de paz. Partil
e planeje a gravaç
gravação de um vídeo para despertar nas pesso-
as a fraternidade
fratern e o cuidado da vida, contribuindo
com um mundo
m de paz. Todos devem participar.
Divulgue o vídeo para o maior número possível de
pessoas.

Rezemos a Oração da CF 2020 (p. 4)


Cantemos o Hino da CF 2020 (p. 5)

291
5º ENCONTRO: Cuidando da casa Comum
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1. Acolhida
Preparar previamente uma caixa xa ou sacola
com algumas perguntas voltadas para ra
as questões ambientais. Fazer circularr
a caixa ou sacola cantando uma can--
ção. Onde parar, a criança retira umaa
das seguintes perguntas e responde:
 Você se considera parte da natu- u-
reza? Por quê?
 Qual é o maior problema ambiental para você?
 O que você mais gosta na natureza?
 O que você faz para diminuir a produção do lixo?
 O que você faz para poupar a água?
Estimular que as outras crianças também complementem a res-
posta. No final, fazer uma síntese das ideias expostas.
Cantemos (um canto à escolha, p. 295-298)

2. O olhar que vê a vida


Ao olhar
olh para a natureza, vemos como
é belo tudo que Deus criou. São Fran-
cisco cantava: “Louvado sejas, meu
Senhor, pela nossa irmã, a mãe ter-
Senh
ra, que nos
n sustenta e governa e produz
variados frutos com flores coloridas e
variado
verduras”. Embora muitos agridam o
verdura
meio ambiente, exexistem aqueles que fazem da defe-
sa e proteção da natureza uma de suas maiores causas na vida. Entre
esses, destacamos os povos originários da Amazônia que, com sua cul-
tura e seus costumes, têm defendido a floresta, muitas vezes enfren-
tando pessoas muito poderosas que colocam o lucro acima da vida.

292
Também é admirável os que defendem que as plantações não sejam
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envenenadas com agrotóxicos e que possamos comer alimentos sau-


dáveis. O Papa Francisco nos diz: “Estamos destruindo a Criação (...)
Matamos a natureza sem nos dar conta de que estamos ficando com
um deserto, não com um jardim. Deus nos deu a maravilha da Criação
não para explorá-la, mas sim para amá-la e levá-la a sua perfeição”.

3. Aclamemos a Palavra de Deus (um canto à escolha, p. 295-298)

4. O Evangelho da vida: Jo 10,14-16


6
“Eu sou o bom pastor. Conheço as minhas ovelhas e elas
me conhecem, assim como o Pai me conhece e eu conheço
o Pai. Eu dou a minha vida pelas ovelhas. Tenhoho ainda
outras ovelhas, que não são deste redil; também a essas
devo conduzir, e elas escutarão a minha voz e haverá
um só rebanho e um só pastor”. Palavra da salvação.
ção.
Todos: Glória a vós Senhor.

5. Sentindo o olhar de Jesus


Jesus se apresenta como um bom pastor que cuida de todas as
ovelhas. Você se sente cuidado por Jesus? Você fala sobre Jesus e sua
mensagem para outras pessoas que ainda não o conhecem ou acredi-
tam nele? Nós somos chamados a cuidar da natureza e a defendê-la.
Defendendo a natureza criada por Deus, estamos defendendo a vida.

6. Nosso compromisso com a vida


Vamos plantar simbolicamente umaa árvore, assu-
mindo nosso compromisso com a vidaa presente na
natureza. O plantio pode ser na escola e vamos nos
comprometer a cuidar da árvore atendendo
dendo suas
necessidades para crescer e florescer.

293
Conversar sobre os principais problemas ambientais da sua cida-
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de e elaborar uma carta coletiva para ser entregue à Câmara de Vere-


adores com as sugestões que consideramos mais adequadas para pre-
servar a vida.

Rezemos a Oração da CF 2020 (p. 4)


Cantemos o Hino da CF 2020 (p. 5)

294
Cantos
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1. ERGUER AS MÃOS COM ALEGRIA


(Pe. Zezinho)
A necessidade era tanta e tamanha que a fraternidade saiu
em campanha, andou pelos vales, subiu as montanhas,
foi levar o seu pão.
A dor era tanta, a injustiça tamanha, que a luz de Jesus,
que seu povo acompanha, o iluminou pra viver em campanha
em favor dos irmãos.
Um só coração e uma só alma, um só sentimento em favor dos
pequenos e o desejo feliz de tornar o país mais irmão e fraterno
vão fazer de nós, povo do Senhor: construtores do amor, operá-
rios da paz, mais fiéis a Jesus; vão fazer nossa Igreja uma Igreja
mais santa e mais plena de luz.
Erguer as mãos com alegria, mas repartir também
o pão de cada dia (3x).

2. UTOPIA (Zé Vicente)


Quando o dia da paz renascer, quando o sol da esperança brilhar,
eu vou cantar! Quando o povo nas ruas sorrir, e a roseira de novo
florir, eu vou cantar! Quando as cercas caírem no chão, quando as
mesas se encherem de pão, eu vou cantar! Quando os muros que
cercam os jardins, destruídos, então, os jasmins, vão perfumar!
Vai ser tão bonito se ouvir a canção, cantada de novo.
No olhar da gente a certeza do irmão, Reinado do povo.
Quando as armas da destruição, destruídas em cada nação, eu
vou sonhar! E o decreto que encerra a opressão, assinado só no
coração vai triunfar! Quando a voz da verdade se ouvir, e a men-
tira não mais existir, será, enfim, tempo novo de eterna justiça,
sem mais ódio, sem sangue ou cobiça: vai ser assim!

295
3. DEUS NOS ABENÇOE, DEUS NOS DÊ A PAZ
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Deus nos abençoe, Deus nos dê a paz!


A paz que só o amor é que nos traz.
A paz na nossa vida, no nosso coração
e a benção para toda criação.
A paz na nossa casa, nas ruas, no país
e a benção da justiça que Deus quis.
A paz pra quem viaja, a paz pra quem ficou
e a benção do conforto a quem chegou.
A paz entre as igrejas e nas religiões
e a benção da irmandade entre as nações!
A paz pra toda a terra e a terra ao lavrador
e a benção da fartura e do louvor.

4. SE MEU IRMÃO ME ESTENDE A MÃO


(Pe. Zezinho)
Se meu irmão me estende a mão e pede um pouco de pão e eu
não repondo ou digo “não”, errei de rumo e direção. Nessa mesa
de perdão, o pão e o vinho elevarei e pensando em meu irmão,
o meu Senhor receberei.
Quero ver no meu irmão, a imagem dele, meu irmão que
até nem tem o necessário pra ter paz. Quero ser pro meu
irmão, a resposta dele, eu que vivo mais feliz e às vezes
tenho até demais.
O corpo e o sangue do Senhor, o corpo e o sangue de um irmão;
o mesmo pai e o mesmo amor, o mesmo rumo e direção. Nesta
mesa do Senhor, sou responsável pela paz, de quem, no riso e
na dor, comigo vai buscar o Pai.

296
5. QUERO OUVIR TEU APELO (Ir. Míria Kolling)
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Quero ouvir teu apelo, Senhor, ao teu chamado de amor e respon-


der. Na alegria te quero servir, e anunciar o teu reino de amor.
E pelo mundo eu vou. Cantando o teu amor, pois disponível
estou para servir-te, Senhor.
Dia a dia, tua graça me dás; nela se apóia o meu caminhar.
Se estás ao meu lado, Senhor, o que, então, poderei eu temer?

6. ORAÇÃO DE SÃO FRANCISCO


Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz! Onde houver
ódio, que eu leve o amor.
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver discór-
dia, que eu leve a união. Onde houver dúvidas, que eu leve a fé.
Onde houver erro, que eu leve a verdade. Onde houver desespe-
ro, que eu leve a esperança. Onde houver tristeza, que eu leve a
alegria. Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre, fazei que eu procure mais consolar que ser consola-
do, compreender que ser compreendido, amar que ser amado.
Pois é dando, que se recebe, é perdoando que se é perdoado e é
morrendo que se vive para a vida eterna!

7. ORAÇÃO PELA FAMÍLIA (Pe. Zezinho)


Que nenhuma família comece em qualquer de repente.
Que nenhuma família termine por falta de amor.
Que o casal seja um para o outro de corpo e de mente.
E que nada no mundo separe um casal sonhador.
Que nenhuma família se abrigue debaixo da ponte.
Que ninguém interfira no lar e na vida dos dois.
Que ninguém os obrigue a viver sem nenhum horizonte.
Que eles vivam do ontem, no hoje e em função de um depois.
Que a família comece e termine sabendo onde vai.

297
E que o homem carregue nos ombros a graça de um pai.
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Que a mulher seja um céu de ternura, aconchego e calor.


E que os filhos conheçam a força que brota do amor.
Abençoa, Senhor, as famílias. Amém. Abençoa, Senhor,
a minha também!
Que marido e mulher tenham forças de amar sem medida.
Que ninguém vá dormir sem pedir ou sem dar seu perdão.
Que as crianças aprendam no colo o sentido da vida.
Que a família celebre a partilha do abraço e do pão.
Que marido e mulher não se traiam nem traiam seus filhos.
Que o ciúme não mate a certeza do amor entre os dois.
Que no seu firmamento a estrela que tem maior brilho.
Seja a firme esperança de um céu aqui mesmo e depois.

298
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Adolescentes: 6º ao 9º ano
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Nossa palavra a você dinamizador(a) dos encontros da CF 2020


Em 2020, a Campanha da Fraternidade nos convida a olhar a
vida com amor, compaixão e cuidado. O ponto forte de vivência da
Campanha é o tempo quaresmal e, assim, os cinco encontros propos-
tos neste livreto devem ser realizados nesse período, dedicando-se um
dia na semana para isso.
A realidade a ser refletida, meditada, rezada tem como tema:
“Fraternidade e Vida: Dom e Compromisso” e como lema: “Viu, sen-
tiu compaixão e cuidou dele” (Lc 10,33-34) retirado da Parábola do
Bom Samaritano.
O Objetivo Geral da CF 2020 é: “Conscientizar, à luz da Palavra
de Deus, para o sentido da vida como Dom e Compromisso, que se
traduz em relações de mútuo cuidado entre as pessoas, na família, na
comunidade, na sociedade e no planeta, nossa Casa Comum”. Assim,
os encontros precisam ir além das palavras e despertar em cada adoles-
cente o melhor do que nos faz humanos.
Este exemplar que você tem em mãos foi produzido para encon-
tros com os adolescentes e foi pensado e escrito em sintonia com o
Texto-Base da CF 2020.
Você que irá atuar como facilitador(a) dessa ação deve ler pre-
viamente todos os encontros, para se inteirar previamente do que está
sendo sugerido, planejar as atividades a serem realizadas, bem como
providenciar o que se fizer necessário.
Nos encontros, principalmente na acolhida, as indicações são
dirigidas a você facilitador(a), apresentando dinâmicas que preparam
o grupo para a reflexão do tema. Naturalmente, você poderá enri-
quecer o que está indicado considerando sempre as peculiaridades e
características do seu grupo de adolescentes.
Os encontros seguem a linha metodológica utilizada pela Cam-
panha com “O olhar a vida” (ver); “Sentindo o olhar de Jesus” (julgar);

300
“Nosso compromisso com a vida” (agir). Em cada uma dessas etapas,
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encontramos textos que podem ser lidos individualmente, em leituras


compartilhadas e em grupo. Esteja atento(a) quanto ao vocabulário e
se assegure de que todos compreenderam o sentido do texto.
Já as reflexões, propostas em forma de perguntas, devem contar
com a participação de todos, sendo elogiadas todas as contribuições.
Estimule a realização das propostas do agir e que possam reper-
cutir junto às famílias, à escola e à comunidade tornando, a Campanha
plena de vida e transformação.
Que Maria possa estar conosco para nos ajudar a sermos teste-
munho na causa da vida contribuindo para o anúncio do Evangelho
do Amor. Como nos diz o Papa Francisco, Jesus nos entregou uma luz
que brilha nas trevas: defenda-a, proteja-a. Aquela única luz é a maior
riqueza confiada à sua vida.

Maria Mônica Pimentel Pinto


Amélia Maria Brito de Albuquerque
Pastoral da Educação – CNBB NE 1

301
1º ENCONTRO: Fraternidade e Vida:
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Dom e Compromisso

1. Acolhida
Sejamos todos muito bem-vindos dos
para refletirmos nesta Quaresma sobre a
vida. A Campanha da Fraternidade deste te
ano nos traz como tema: “Fraternidade e
Vida: Dom e Compromisso”. Refletir sobre bre
esse tema é despertar para a responsabilidade
dade de
nossa existência e de todas as criaturas.
O Objetivo Geral da Campanha já nos orienta: “Conscientizar,
à luz da Palavra de Deus, para o sentido da vida como Dom e Com-
promisso, que se traduz em relações de mútuo cuidado entre as pes-
soas, na família, na comunidade, na sociedade e no planeta, nossa
Casa Comum”. Olhe para quem está ao seu lado, estenda a mão e diga:
somos irmãos, vamos cuidar uns dos outros e do nosso planeta, nossa
Casa Comum.
Cantemos (um canto à escolha, p. 317-319)

2. O olhar que vê a vida


“A vida é um dom que recebemosmos
de Deus e do qual somos chamadoss a
partilhar em busca da plenitude: ‘DeDe
tal modo Deus amou o mundo, quee
deu o seu Filho Unigênito, para quee
todo o que nele crer não pereça, mass
tenha a vida eterna’ ( Jo 3,16). Deus tudo
disse no seu Verbo encarnado: ‘Cristo,risto, o
Filho de Deus feito homem, a Palavra ra única, per-
feita e insuperável do Pai’ (CIgC, nn. 65)
65). Eis o nosso compromisso

302
para com essa vida, dom de Deus: levá-la à plenitude de Cristo. Cria-
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dos à sua imagem e semelhança, somos filhos no Filho e os seus gestos


de fraternidade nos ensinam este caminho: “Viu, sentiu compaixão e
cuidou dele” (Lc 10,33-34) (CF 2020: Texto-Base, n. 23).1

3. Aclamemos a Palavra de Deus (um canto à escolha, p. 317-319)

4. O Evangelho da vida: Lc 10,25-28


“Um doutor da Lei se levantou e, para
experimentar Jesus, perguntou: ‘Mestre, e, que
devo fazer para herdar a vida eterna?’ Jesus
esus
lhe disse: ‘Que está escrito na Lei? Como omo
lês?’ Ele respondeu: ‘Amarás o Senhor, or,
teu Deus, de todo o teu coração, com toda a
tua alma, com toda a tua força e com todoo o
teu entendimento; e a teu próximo comoo a
ti mesmo’ Jesus lhe disse: ‘Respondeste correta-
correta
mente. Faze isso e viverás’”. Palavra da salvação.
Todos: Glória a vós Senhor.

5. Sentindo o olhar de Jesus


O segredo para se viver bem é amar. Os tempos mudaram, a vida
está mais urbana, mas viver bem é perceber no outro um irmão, ten-
tar ajudá-lo, valorizá-lo, respeitá-lo e caminhar junto, amando a Deus
sobre todas as coisas. O ensinamento de Jesus continua atualizado.
Como vivo a fraternidade em família? Respeito e valorizo meus
pais? Presto atenção em seus ensinamentos?
Rezemos a Oração da Campanha da Fraternidade 2020 (p. 4)

1 CNBB. Campanha da Fraternidade 2020: Texto-Base. Brasília: Edições CNBB, 2019.

303
6. Nosso compromisso com a vida
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Vamos conversar em duplas e descobrir: Em que meu irmão


pode me ajudar com as suas qualidades e em que eu posso ajudá-lo
com as minhas?
Cantemos o Hino da Campanha da Fraternidade 2020 (p. 5)

304
2º ENCONTRO:
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Viu, sentiu compaixão e cuidou dele

1. Acolhida
Sejamos todos(as) muito bem-vindos(as)
os(as)
para este encontro em que vamos refletir a
importância de conhecer as pessoas e cui-
ui-
dar de cada um como irmão.
Procuremos, em nossa realidade, de,
conhecer as pessoas com quem convive- ve-
mos, olhando para aquelas que estão passan-
assan-
do por necessidades e ainda não tínhamos percebido.
Cantemos: Como você se chama, quero lhe conhecer. Aperte a
minha mão e amigos vamos ser.

2. O olhar que vê a vida


A vida, como dom e compromisso, misso, é
portadora de beleza e alegria que nos
leva a superar a dor e o sofrimento, as
injustiças e as violações de direitos, s,
convencidos de que “Deus criou o
infinito para a vida ser sempre mais”. A
Campanha da Fraternidade deste anoo
nos diz que precisamos cuidar para:
 Apresentar o sentido da vida proposto por Jesus nos Evangelhos;
 Propor a compaixão, a ternura e o cuidado como exigências fun-
damentais da vida para relações sociais mais humanas;
 Fortalecer a cultura do encontro, da fraternidade e a revolução do
cuidado como caminho de superação da indiferença e da violência;
 Promover e defender a vida desde a fecundação até seu fim natu-
ral, rumo à plenitude;

305
 Despertar as famílias para a beleza do amor que gera continua-
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mente vida nova;


 Preparar os cristãos e as comunidades para anunciar, com o testemu-
nho e as ações de mútuo cuidado, a vida plena do Reino de Deus;
 Criar espaços nas comunidades para que, através do Batismo, da
Eucaristia e da Crisma, todos percebam, na fraternidade, a vida
como dom e compromisso.
 Despertar os jovens para o dom e a beleza da vida, motivando-
-lhes ao engajamento em ações de cuidado mútuo, especialmen-
te de outros jovens em situação de sofrimento e desesperança;
 Valorizar, divulgar e fortalecer as inúmeras iniciativas já existen-
tes em favor da vida;
 Cuidar do planeta, nossa Casa comum, comprometendo-se com
a ecologia integral (CF 2020: Texto-Base).

3. Aclamemos a Palavra
vra de Deus (um canto à escolha, p. 317-319)

4. O Evangelho da vida: Lc 10,30-37


“Certo homem desciaa de Jerusalém para Jericó e
caiu nas mãos de assaltantes,
tes, que lhe arrancaram
tudo, espancaram-no e foramam embora, deixando-
-o meio morto. Por acaso descia
escia por
aquele caminho um sacer-
dote, mas ao ver o homem,
passou longe. Assim tam--
bém um levita: chegou ao lugar, viu
o homem e seguiu adiante pelo outro lado. Um samaritano, porém, que
estava viajando, chegou perto
rto dele e, ao vê-lo, moveu-se de compaixão.
Aproximou-se dele e tratou-lhe feridas, derramando nelas azeite e
u-lhe as feridas
vinho. Depois, colocou-o sobre seu próprio animal e o levou a uma hos-
pedaria, onde cuidou dele. No dia seguinte, pegou dois denários e deu-os
ao dono da hospedaria, recomendando: ‘Cuida dele, e o que gastares a
mais, eu o pagarei quando eu voltar’. No teu parecer, qual dos três fez-se o
próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?”

306
Ele respondeu: “Aquele que usou de misericórdia para com ele”.
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Então Jesus lhe disse: “Vai e faze o mesmo”. Palavra da salvação.


Todos: Glória a vós Senhor.

5. Sentindo o olhar de Jesus


Jesus pediu que cuidássemos bem do nosso irmão. Para conhe-
cê-lo, preciso me aproximar, constatar sua realidade e ajudar. Como
aprender a fazer tudo isso? A família é o espaço para se aprender, por-
que é lá que aprendo a conhecer, respeitar e valorizar cada uma das
pessoas que estão em casa: pai, mãe, irmãos, familiares, amigos.
Respeito e valorizo meus pais, irmãos e familiares? Como conhe-
cer e valorizar, na escola, os educadores e colegas? Procure observar,
no espaço onde vive, o que precisa ser feito para que cuidemos bem
uns dos outros.
Rezemos a Oração da Campanha da Fraternidade 2020 (p. 4)

6. Nosso compromisso com a vida


Vamos olhar para o Cartaz da Cam-
panha da Fraternidade 2020, analisar cada
item e constatar: se Santa Dulce pôde fazer
tudo para ajudar os mais necessitados, o
que eu posso fazer hoje para ajudar os que
necessitam em minha realidade?

Cantemos o Hino da Campanha da Fraternidade 2020 (p. 5)

307
3º ENCONTRO:
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Testemunhas da esperança

1. Acolhida
Expor na sala imagens de homensmens
e mulheres da Igreja que testemunha- ha-
ram ou testemunham com suas vidas as
o amor, a fraternidade, a compaixão: o:
Papa Francisco, São João Paulo II,I,
Santa Dulce, São Camilo de Lélis,, Dra. Zilda Arns,
Dom Helder Câmara, São Francisco..
Compartilhar na roda de conversa: Vocês conhecem essas pessoas?
Sabem o que elas fazem ou fizeram que serve de exemplo para as
outras pessoas?
Agora vamos olhar uns para os outros procurando o que temos
de bom. Cada um vai sortear o nome de um colega do nosso grupo e
vai dizer o que mais admira nele.
Concluir dizendo: esse nosso terceiro encontro da Campanha da
Fraternidade 2020 é para refletirmos sobre as testemunhas da esperança,
aqueles e aquelas que são luzes nos indicando o caminho da santidade.
Cantemos (um canto à escolha, p. 317-319)

2. O olhar que vê a vida


O poeta cordelista Evaristo Geraldo
em seu cordel Irmã Dulce – A Santa dos
Pobres diz, entre outros versos:
(...)
Ainda na adolescência/ Irmã Dulce já cui-
dava/ De toda pessoa humilde/ Que em
sua casa chegava/ Pois nasceu para cui-
dar/ De quem dela precisava.
308
(...)
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A pequenina Irmã Dulce/ Tinha um grande coração/ Ela tratava os


humildes/ Com carinho e atenção/ Pois via em cada pessoa/ Um
semelhante, um irmão.
(...)
Nossa irmã Dulce merece/ Honra, homenagem e louvor/ Quando lhe
chamam de santa/ Dão-lhe o devido valor/ Pois essa mulher viveu/
Só praticando o amor.
Estender a mão ao próximo é missão dos discípulos e discípulas
de Jesus. Foi essa marca que várias testemunhas de fé nos deixaram. É
o caso de Santa Dulce dos Pobres, o Anjo Bom da Bahia, que foi esco-
lhida como figura de destaque do cartaz da Campanha da Fraternidade
de 2020 (mostrar o cartaz). O cenário escolhido para a composição do
desenho foi o bairro do Pelourinho, localizado em Salvador no Estado
da Bahia, berço de nascimento de Santa Dulce, representação de um
Brasil de tantos lugares e culturas. A técnica usada pelo artista Leonar-
do Cardoso da Edições CNBB na confecção do cartaz foi o mosaico.
O que você destaca no Cartaz da CF? O que mais chama sua atenção?

3. Aclamemos a Palavra de Deus (um canto à escolha, p. 317-319)

4. O Evangelho da vida: Mtt 5,13-16


“Vós sois o sal da terra. Se o sal perder
erder
o sabor, com que será salgado? Não serviráervirá
para mais nada, senão para ser jogadoo
fora e pisado pelos passantes. Vós sois a
luz do mundo. Uma cidade situada sobre bre
a montanha não pode ficar escondida.. Nem
se acende uma lâmpada para colocá-la debaixo da caixa, e sim sobre
o candeeiro, onde ela brilha para todoss os que estão na casa. Assim
também brilhe a vossa luz diante dos hhomens, para que vejam j as vossas
boas obras e glorifiquem o vosso Pai que está nos céus”. Palavra da salvação.

309
Todos: Glória a vós Senhor.
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5. Sentindo o olhar de Jesus


Todos nós temos luz e escuridão em nós. Mas podemos escolher
ser pessoas de luz levando mais alegria, fé, esperança, amor, fraterni-
dade onde estivermos. Quanto mais luz, menos escuridão. Jesus nos
incentiva a praticar boas ações para glorificar a Deus e iluminar nossa
vida e a vida dos outros. Quem é luz em sua vida? Quem é testemunho
de fraternidade?
Acender uma vela e contemplar fixamente a luz. Depois fechar os
olhos e internalizar a luz em seu coração. Fazer uma prece silenciosa
pedindo a luz de Jesus em sua vida.
Em seguida, escolher um colega para conversar sobre suas expe-
riências pessoais de ser luz na vida dos outros. Compartilhar as con-
versas no grupo.
Rezemos a Oração da Campanha da Fraternidade 2020 (p. 4)

6. Nosso compromisso com a vida


Pesquisar a biografia das pessoas apresen-
tadas como testemunha da esperança. Organi-
zar uma peça teatral em que elas transmitem
mitem
sua mensagem de vida. Apresentar a peça ça na
escola reunindo pessoas para incentivar que
todos acreditem em sua própria luz.

Cantemos o Hino da Campanha da Fraternidade 2020 (p. 5)

310
4º ENCONTRO: Cultura da fraternidade
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e superação da indiferença

1. Acolhida
N
Neste nosso 4º encontro vamos tratar
sobre
sobr cultura da fraternidade e superação
da indiferença.
Vamos começar vivenciando
uuma dinâmica: colocar na testa de cada
participante
pa um pedaço de papel no
qqual deve estar escrito: “Me ignore.
Faça de conta que eu não eexisto”.
Explicar que devem caminhar
camin pela sala fazendo exatamente o
que está indicado nas placas na testa dos colegas.
Recolher os papéis e colocar outro no qual estará escrito: “Seja
fraterno e amigo”. Orientar que se movimentem pela sala fazendo o
que a placa na testa dos colegas está solicitando. Em seguida, conver-
sar: O que vocês acham que estava escrito na primeira placa? Como
você se sentiu enquanto caminhava pela sala? Como foi tratado por
seus colegas? E na segunda placa, o que você acha que estava escrito?
Como você se sentiu? Como foi tratado por seus colegas? Como você
trata as pessoas? Você acha que a forma como tratamos as pessoas
influi na forma como elas nos tratam?
Ficar em círculo em um abraço coletivo. Cada um(a) deve falar
um valor em voz alta (por exemplo amor, paz, fraternidade, fé) e todos
vão repetir.
Cantemos (um canto à escolha, p. 317-319)

311
2. O olhar que vê a vida
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Um homem saiu com seu filho de poucoss


meses de nascido até um supermercado. Já na saí-í-
da do apartamento a criança agitou os pezinhos e
um de seus sapatos caiu. O pai recolheu o sapati-i-
nho, guardou no bolso e prosseguiu sua jornada da
empurrando o carrinho do bebê. Do seu aparta- a-
mento até o supermercado encontrou inúmeras pes-
soas, que lhe disseram que seu filho estava sem um dos sapatinhos. Ao
voltar para casa, o homem foi refletindo sobre as pessoas verem que seu
filho de meses estava sem um dos sapatos e parecer não enxergar que as
crianças que pediam esmolas no sinal estavam sem sapatos.
Muitas vezes nosso olhar exclui o que não queremos ver. Muitas
pessoas se tornam invisíveis e são consideradas descartáveis. A globa-
lização econômica na atualidade tem contribuído para o surgimento
de novos rostos de pobres cuja vida é desrespeitada e, constantemente
violada: os imigrantes, os refugiados, as vítimas do tráfico de pessoas
e sequestros, os moradores de rua, os excluídos pelo analfabetismo
digital, os desempregados, entre tantos outros.
Mas nossa realidade também está repleta de histórias de pessoas
que superam a fragilidade da vida, realçando a beleza e a alegria de
viver. Na família, edifica o exemplo dos pais que acolhem com amor
os filhos com deficiência, dedicando-lhes carinho e ternura samarita-
nos. Com seu gesto, testemunham o valor e a inviolabilidade da vida
humana e dão prova de que o amor é a medida para se acolher a vida.

3. Aclamemos a Palavra de Deus (um canto à escolha,,pp. 317-319))

4. O Evangelho da vida: Mt 7,7-8


“Pedi e vos será dado, procurai e encontrareis,
batei e a porta vos será aberta. Todo aquele que
pede, recebe; quem procura, encontra; e a quem
bate, a porta será aberta”. Palavra da salvação.
Todos: Glória a vós Senhor.
312
5. Sentindo o olhar de Jesus
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Jesus nos diz para ter fé e confiar! Você tem fé na vida? Acredita
em um futuro melhor? Reza pedindo a graça de Deus, mas estuda e
age para conseguir conquistar seus sonhos?
No desejo de que Jesus seja nosso Mestre na construção de um
olhar amoroso para a vida, vamos recitar o poema “Não sei”, de Cora
Coralina:
Não sei se a vida é curta ou longa para nós,/ mas sei que nada do que
vivemos tem sentido,/ se não tocarmos o coração das pessoas./ Mui-
tas vezes basta ser: / colo que acolhe,/ braço que envolve, / palavra
que conforta,/ silencio que respeita, / alegria que contagia,/ lágrima
que corre, / olhar que acaricia,/ desejo que sacia, / amor que promo-
ve./ E isso não é coisa de outro mundo,/ é o que dá sentido à vida./
É o que faz com que ela não seja nem curta,/ nem longa demais, mas
que seja intensa,/ verdadeira, pura enquanto durar.
Rezemos a Oração da Campanha da Fraternidade 2020 (p. 4)

6. Nosso compromisso com a vida


da
Vamos praticar a gentileza e o cuidadoo com
todas as pessoas. Ouvir as pessoas, chamar pelo
nome, enviar mensagens de WhatsApp para
nossos conhecidos falando do valor da fraterni-
ni-
dade e da valorização da vida.

d d 2020 ((p. 5))


Cantemos o Hino da Campanha da Fraternidade

313
5º ENCONTRO: Ética do Cuidado
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1. Acolhida
Selecionar imagens de desastres
ambientais recentes e compor um pai-
nel na sala. Selecionar uma canção que
trate de tema ligado ao meio ambiente
como “Sobradinho”, de Sá e Guarabira.
Este é o nosso último encontro
da Campanha da Fraternidade 2020,
mas nosso compromisso com a vida continua, seja a nossa própria
vida, a vida das pessoas de nossa família, a vida de todos os brasileiros,
a vida de toda a humanidade e do planeta Terra. Essa é nossa respon-
sabilidade sempre. Ultimamente, temos assistido muitos desastres
ambientais. Que memória nos trazem essas imagens? Quais os prin-
cipais riscos ambientais que identificamos no lugar em que vivemos?
Distribuir papéis, tintas e pincéis e sugerir que cada um expresse,
através do desenho e da pintura, seu sentimento em relação ao que
está acontecendo com a natureza e nossa responsabilidade de cuidar
da nossa Casa Comum.
Expor as obras de arte e comentar sobre elas.
Cantemos (um canto à escolha, p. 317-319)
17-319)

2. O olhar que vê a vida


É altíssima a taxa de extinção dee
espécies. Em 2010, os cientistas estima--
vam que 150 espécies eram extintas a
cada dia no mundo e a estimativa é que,
em 2030, 75% das espécies vivas estejam am
ameaçadas. Esse movimento de extinção nção
das espécies não deve apenas nos espantar pela sua grandiosidade,

314
mas despertar nossa responsabilidade enquanto membros da obra da
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criação.
Tanto a extinção de espécies quanto os desequilíbrios climáticos
apresentam forte ligação com a exploração desordenada e a poluição.
Raramente são registrados deslizamentos de terras em áreas em que a
vegetação está preservada. Mas o contrário torna-se presente e desas-
troso em nossos dias como atestam os rompimentos das barragens de
rejeitos de minério no distrito de Fundão, em Mariana (MG), e no
Córrego do Feijão, município de Brumadinho (MG). Em ambos os
casos o dano ecológico e humano é incalculável, modificando a biodi-
versidade e deixando milhares de pessoas sem seu sustento por causa
da contaminação do solo e das águas da bacia do Rio Doce, no caso de
Mariana, e da bacia hidrográfica do rio Paraopeba, em Brumadinho.

3. Aclamemos a Palavra de Deus (um canto à escolha, p. 317-319)

4. O Evangelho da vida: Mt 6,25-29


“Por isso, eu vos digo: não
fiqueis preocupados quanto à vossa
vida, pelo que haveis de comer ou de
beber; nem, quanto ao vosso corpo,
pelo que haveis de vestir. Não vale
a vida mais que o alimento, e o cor-
po, mais que o vestuário? Olhai os
pássaros do céu: não semeiam, não
colhem, nem ajuntam em celeiros. No entanto, vosso Pai celeste os ali-
menta. Será que vós não valeis mais do que eles? Quem de vós pode,
com sua preocupação, acrescentar alguma coisa à duração de sua vida?
E por que ficar preocupados quanto ao vestuário? Aprendei dos lírios
do campo, como crescem. Não trabalham, nem fiam, e, no entanto, eu
vos digo, nem Salomão, em toda a sua glória, jamais se vestiu como um
só dentre eles”. Palavra da salvação.
Todos: Glória a vós Senhor.

315
5. Sentindo o olhar de Jesus
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Jesus afirma o valor da pessoa humana sobre o lucro e o poder do


dinheiro. Ele nos mostra que devemos nos preocupar não com apa-
rências, mas com a nossa fé e com o amor que deve iluminar nosso
coração. O que você pensa a respeito do consumismo, do acúmulo de
bens, da produção do lixo? O que pode ser feito para termos uma vida
mais simples e mais próxima da natureza? Será que isso é possível?
Rezemos a Oração da Campanha da Fraternidade 2020 (p. 4)

6. Nosso compromisso com a vida


da
Vamos conversar sobre um risco ambien-ien-
tal concreto existente em nossa região. Em
seguida vamos pensar em uma ação que ue
mobilize as pessoas em prol dessa causa, pla-
a-
nejar a ação e conquistar aliados para tudo
do
acontecer.

Cantemos o Hino da Campanha da Fraternidade 2020 (p. 5)

316
Cantos
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1. ERGUER AS MÃOS COM ALEGRIA (Pe. Zezinho)


A necessidade era tanta e tamanha que a fraternidade saiu/ em campa-
nha, andou pelos vales, subiu as montanhas,/ foi levar o seu pão.
A dor era tanta, a injustiça tamanha, que a luz de Jesus,/ que seu povo
acompanha, o iluminou pra viver em campanha em favor dos irmãos.
Um só coração e uma só alma, um só sentimento em favor dos peque-
nos e o desejo feliz de tornar o país mais irmão e fraterno vão fazer de
nós, povo do Senhor: construtores do amor, operários da paz, mais fiéis
a Jesus; vão fazer nossa Igreja uma Igreja mais santa e mais plena de luz.
Erguer as mãos com alegria, mas repartir também o pão de cada dia (3x).

2. UTOPIA (Zé Vicente)


Quando o dia da paz renascer, quando o sol da esperança brilhar, eu vou
cantar! Quando o povo nas ruas sorrir, e a roseira de novo florir, eu vou
cantar! Quando as cercas caírem no chão, quando as mesas se encherem
de pão, eu vou cantar! Quando os muros que cercam os jardins, destruí-
dos, então, os jasmins, vão perfumar!
Vai ser tão bonito se ouvir a canção, cantada de novo. No olhar da gente a
certeza do irmão, Reinado do povo.
Quando as armas da destruição, destruídas em cada nação, eu vou
sonhar! E o decreto que encerra a opressão, assinado só no coração vai
triunfar! Quando a voz da verdade se ouvir, e a mentira não mais existir,
será, enfim, tempo novo de eterna justiça, sem mais ódio, sem sangue ou
cobiça: vai ser assim!

3. DEUS NOS ABENÇOE, DEUS NOS DÊ A PAZ


Deus nos abençoe, Deus nos dê a paz!/ A paz que só o amor é que nos
traz.
A paz na nossa vida, no nosso coração/ e a benção para toda criação.
A paz na nossa casa, nas ruas, no país/ e a benção da justiça que Deus
quis.

317
A paz pra quem viaja, a paz pra quem ficou / e a benção do conforto a
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quem chegou.
A paz entre as igrejas e nas religiões/ e a benção da irmandade entre as
nações!
A paz pra toda a terra e a terra ao lavrador/ e a benção da fartura e do
louvor.

4. SE MEU IRMÃO ME ESTENDE A MÃO (Pe. Zezinho)


Se meu irmão me estende a mão e pede um pouco de pão e eu não repon-
do ou digo “não”, errei de rumo e direção. Nessa mesa de perdão, o pão
e o vinho elevarei e pensando em meu irmão, o meu Senhor receberei.
Quero ver no meu irmão, a imagem dele, meu irmão que até nem tem o
necessário pra ter paz. Quero ser pro meu irmão, a resposta dele, eu que
vivo mais feliz e às vezes tenho até demais.
O corpo e o sangue do Senhor, o corpo e o sangue de um irmão; o mesmo
pai e o mesmo amor, o mesmo rumo e direção. Nesta mesa do Senhor, sou
responsável pela paz, de quem, no riso e na dor, comigo vai buscar o Pai.

5. QUERO OUVIR TEU APELO (Ir. Míria Kolling)


Quero ouvir teu apelo, Senhor, ao teu chamado de amor e responder. Na
alegria te quero servir, e anunciar o teu reino de amor.
E pelo mundo eu vou. Cantando o teu amor, pois disponível estou para
servir-te, Senhor.
Dia a dia, tua graça me dás; nela se apóia o meu caminhar.
Se estás ao meu lado, Senhor, o que, então, poderei eu temer?

6. ORAÇÃO DE SÃO FRANCISCO


Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz! Onde houver ódio, que eu
leve o amor.
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver discórdia, que
eu leve a união. Onde houver dúvidas, que eu leve a fé. Onde houver erro,
que eu leve a verdade. Onde houver desespero, que eu leve a esperança.
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria. Onde houver trevas, que eu
leve a luz.

318
Ó Mestre, fazei que eu procure mais consolar que ser consolado, compre-
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ender que ser compreendido, amar que ser amado. Pois é dando, que se
recebe, é perdoando que se é perdoado e é morrendo que se vive para a
vida eterna!

7. ORAÇÃO PELA FAMÍLIA (Pe. Zezinho)


Que nenhuma família comece em qualquer de repente.
Que nenhuma família termine por falta de amor.
Que o casal seja um para o outro de corpo e de mente.
E que nada no mundo separe um casal sonhador.
Que nenhuma família se abrigue debaixo da ponte.
Que ninguém interfira no lar e na vida dos dois.
Que ninguém os obrigue a viver sem nenhum horizonte.
Que eles vivam do ontem, no hoje e em função de um depois.
Que a família comece e termine sabendo onde vai.
E que o homem carregue nos ombros a graça de um pai.
Que a mulher seja um céu de ternura, aconchego e calor.
E que os filhos conheçam a força que brota do amor.
Abençoa, Senhor, as famílias. Amém. Abençoa, Senhor, a minha também!
Que marido e mulher tenham forças de amar sem medida.
Que ninguém vá dormir sem pedir ou sem dar seu perdão.
Que as crianças aprendam no colo o sentido da vida.
Que a família celebre a partilha do abraço e do pão.
Que marido e mulher não se traiam nem traiam seus filhos.
Que o ciúme não mate a certeza do amor entre os dois.
Que no seu firmamento a estrela que tem maior brilho.
Seja a firme esperança de um céu aqui mesmo e depois.

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Jovens: Ensino Médio
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Nossa palavra a você dinamizador(a) dos encontros da CF 2020


Em 2020, a Campanha da Fraternidade nos convida a olhar a
vida com amor, compaixão e cuidado. O ponto forte de vivência da
Campanha é o tempo quaresmal e, assim, os cinco encontros propos-
tos neste livreto devem ser realizados nesse período, dedicando-se um
dia na semana para isso.
A realidade a ser refletida, meditada, rezada tem como tema:
“Fraternidade e Vida: Dom e Compromisso” e como lema: “Viu, sen-
tiu compaixão e cuidou dele” (Lc 10,33-34) retirado da Parábola do
Bom Samaritano.
O Objetivo Geral da CF 2020 é: “Conscientizar, à luz da Palavra
de Deus, para o sentido da vida como Dom e Compromisso, que se
traduz em relações de mútuo cuidado entre as pessoas, na família, na
comunidade, na sociedade e no planeta, nossa Casa Comum”. Assim,
os encontros precisam ir além das palavras e despertar em cada jovem
o melhor do que nos faz humanos.
Este exemplar que você tem em mãos foi produzido para encon-
tros com os jovens e foi pensado e escrito em sintonia com o Texto-
-Base da CF 2020.
Você que irá atuar como facilitador(a) dessa ação deve ler pre-
viamente todos os encontros, para se inteirar previamente do que está
sendo sugerido, planejar as atividades a serem realizadas, bem como
providenciar o que se fizer necessário.
Nos encontros, principalmente na acolhida, as indicações são
dirigidas a você facilitador(a), apresentando dinâmicas que preparam
o grupo para a reflexão do tema. Naturalmente, você poderá enri-
quecer o que está indicado considerando sempre as peculiaridades e
características do seu grupo de jovens.
Os encontros seguem a linha metodológica utilizada pela Cam-
panha com “O olhar a vida” (ver); “Sentindo o olhar de Jesus” (julgar);

321
“Nosso compromisso com a vida” (agir). Em cada uma dessas etapas,
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encontramos textos que podem ser lidos individualmente, em leituras


compartilhadas e em grupo. Esteja atento(a) quanto ao vocabulário e
se assegure de que todos compreenderam o sentido do texto.
Já as reflexões, propostas em forma de perguntas, devem contar
com a participação de todos, sendo elogiadas todas as contribuições.
Estimule a realização das propostas do agir e que possam reper-
cutir junto às famílias, à escola e à comunidade, tornando a Campanha
plena de vida e transformação.
Que Maria possa estar conosco para nos ajudar a sermos teste-
munho na causa da vida contribuindo para o anúncio do Evangelho
do Amor. Como nos diz o Papa Francisco, Jesus nos entregou uma luz
que brilha nas trevas: defenda-a, proteja-a. Aquela única luz é a maior
riqueza confiada à sua vida.

Maria Mônica Pimentel Pinto


Amélia Maria Brito de Albuquerque
Pastoral da Educação – CNBB NE 1

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1º ENCONTRO: Fraternidade e Vida:
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Dom e Compromisso

1. Acolhida
Sejamos todos(as) muito bem-
-vindos(as) a este encontro no qual
vamos refletir sobre a vida que é dom e
compromisso para exercitar a fraterni-
dade com todos. Quando Deus nos fez
diferentes uns dos outros, levando em
consideração que as minhas qualidades
ajudam a superar os defeitos dos outros
e as qualidades dos outros ajudam a
superar os meus defeitos, Ele queria
verdadeiramente que percebêssemos
que somos todos irmãos uns dos outros.
Vamos cumprimentar quem está ao nosso lado dizendo: “Seja muito
bem-vindo, meu irmão!”.
Cantemos (um canto à escolha, p. 337)

2. O olhar que vê a vida


O Objetivo Geral da Campanha ha da Fraterni-
dade deste ano nos diz: “Conscientizar,
zar, à luz
da Palavra de Deus, para o sentido daa vida
como Dom e Compromisso, que se
traduz em relações de mútuo cuidado do
entre as pessoas, na família, na comuni-
uni-
dade, na sociedade e no planeta, nossa
ossa
Casa Comum”.
“A vida é compromisso fraterno! A vida como dom nos conduz
a um compromisso. Despertamos para a responsabilidade de nossa
existência e de todas as criaturas. Compromisso como uma promessa

323
de permanecer junto de, comprometer-se com. É o que lemos e vemos
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na parábola do bom samaritano. Ele permanece junto ao assaltado e


lhe garante o acolhimento e o cuidado. “Ver”, “sentir compaixão” e
“cuidar” serão os verbos de ação que irão conduzir nosso tempo qua-
resmal. Que possamos nos dispor a uma profunda conversão da cultu-
ra da morte para a cultura da vida”. Testemunhar ser irmão e colocar-
-se ao lado do outro para ajudar, faz toda a diferença nos dias em que
estamos vivendo.

3. Aclamemos a Palavra de Deus (um canto à escolha, p. 337)

4. O Evangelho da vida: Lc 10,25-28


“Um doutor da Lei se levantou e, para experi-
mentar Jesus, perguntou: ‘Mestre, que devoo fazer
para herdar a vida eterna?’ Jesus lhe disse: ‘Que
Que
está escrito na Lei? Como lês?’ Ele respondeu:deu:
‘Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu eu
coração, com toda a tua alma, com toda a tua ua
força e com todo o teu entendimento; e a teu
próximo como a ti mesmo!’ Jesus lhe disse: se:
‘Respondeste corretamente. Faze isso e viverás’”.
Palavra da Salvação.
Todos: Glória a vós, Senhor.

5. Sentindo o olhar de Jesus


Deu para perceber a importância da pergunta do Doutor da Lei:
o que fazer para herdar a vida eterna? Temos o presente à nossa dis-
posição, mas precisamos agir pensando no futuro que nos aguarda.
O tempo de que dispomos para sermos irmãos é hoje. Somos irmãos
dentro da nossa casa? Valorizamos cada um no seu jeito próprio de
ser? Ou só queremos que façam a nossa vontade?
Rezemos a Oração da CF 2020 (p. 4)

324
6. Nosso compromisso com a vida
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Vamos perceber hoje as nossas qualidades e os nossos defeitos.


Vamos olhar para os nossos irmãos e ver que eles têm de qualida-
des e defeitos, o que podemos fazer para que nossos defeitos sejam
diminuídos e no que minhas qualidades podem ajudar a diminuir os
defeitos dos meus irmãos?
Cantemos o Hino da CF 2020 (p. 5)

325
2º ENCONTRO:
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Viu, sentiu compaixão e cuidou dele

1. Acolhida
Somos todos bem-vindos(as) a esse
encontro que nos fará refletir sobre o Lema
ema
da Campanha da Fraternidade deste ano
de 2020. Ver, sentir e cuidar do outroo é
um desafio grandioso para os dias de hoje
oje
onde na convivência prevalecem as próprias
rias
opiniões e um egoísmo acentuado.
Cantemos (um canto à escolha, p. 337)
7)

2. O olhar que vê a vida


Precisamos cuidar para:
 Apresentar o sentido da vida propostosto por Jesus
nos Evangelhos;
 Propor a compaixão, a ternura e o cui-ui-
dado como exigências fundamentais ais
da vida para relações sociais maiss
humanas;
 Promover e defender a vida desde a
fecundação até seu fim natural;
 Despertar as famílias para a beleza do amor que gera continua-
mente vida nova;
 Preparar os cristãos e as comunidades para anunciarem, com o
testemunho e as ações de mútuo cuidado, a vida plena do Reino
de Deus;
 Criar espaços nas comunidades para que todos se sintam parte da
vida recebida no Batismo e o dom do Espírito Santo, na Crisma;

326
 Despertar os jovens para o dom e a beleza da vida, motivando-
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-lhes ao engajamento em ações de cuidado mútuo, especialmen-


te de outros jovens em situação de sofrimento e desesperança;
 Valorizar, divulgar e fortalecer as inúmeras iniciativas já existen-
tes em favor da vida;
 Fortalecer a cultura da fraternidade e a revolução do cuida-
do como caminho de superação da indiferença e da violência
(CF 2020: Texto-Base).1

3. Aclamemos a Palavra de
e Deus (um canto à escolha, p. 337)

4. O Evangelho da vida: Lcc 10,30-37


“Certo homem descia de
Jerusalém para Jericó e caiu nas
mãos de assaltantes, que lhe arran-
caram tudo, espancaram-no e foram m
embora, deixando-o meio morto. Por acaso descia por aquele cami-
nho um sacerdote, mas ao ver o homem,
mem, passou longe. Assim também
um levita: chegou ao lugar, viu o homem e seguiu adiante
d pelo
l outro
lado. Um samaritano, porém, que estava viajando, chegou perto dele
e, ao vê-lo, moveu-se de compaixão. Aproximou-se dele e tratou-lhe as
feridas, derramando nelas azeite e vinho. Depois, colocou-o sobre seu
próprio animal e o levou a uma hospedaria, onde cuidou dele. No dia
seguinte, pegou dois denários e deu-os ao dono da hospedaria, reco-
mendando: ‘Cuida dele, e o que gastares a mais, eu o pagarei quando
eu voltar’. No teu parecer, qual dos três fez-se o próximo do homem
que caiu nas mãos dos assaltantes?”
Ele respondeu: “Aquele que usou de misericórdia para com ele”.
Então Jesus lhe disse: “Vai e faze o mesmo”. Palavra da Salvação.
Todos: Glória a vós, Senhor.

1 CNBB. Campanha da Fraternidade 2020: Texto-Base. Brasília: Edições CNBB, 2019.

327
5. Sentindo o olhar de Jesus
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O samaritano viu, sentiu compaixão e cuidou do homem que


caiu nas mãos do ladrão. Não colocou dificuldades. Apesar de estar
viajando, percebeu que precisava ajudar aquele irmão. Que bela lição
para os dias de hoje! Costumamos usar de misericórdia no dia a dia
em nossas vidas? Você conhece pessoas que ajudam os outros?
Rezemos a Oração da CF 2020 (p. 4)

6. Nosso compromisso com a vida

Vamos descobrir, no nosso convívio, quem está precisando


de ajuda. Vamos nos reunir em grupo e providenciar o que for mais
urgente e cuidar dos irmãos necessitados.
Cantemos o Hino da CF 2020 (p. 5)

328
3º ENCONTRO:
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Na beleza do amor, uma vida nova

1. Acolhida
É uma alegria estarmos juntoss para
refletirmos sobre mais um tema da Cam-
panha da Fraternidade deste ano. Foi
um olhar de amor pelo outro que fezz
tantos santos para a Igreja. Vejamoss
o exemplo de Santa Terezinha e,,
nos dias atuais, de Santa Dulce doss
pobres. O amor constrói uma vida nova. É urgente conformarmos o
nosso olhar ao olhar de Jesus Cristo.
Cantemos (um canto à escolha, p. 337)

2. O olhar que vê a vid


vida
“Na Conferência de Aparecida (2007),
os bispos afirmam que devemos olhar a
rrealidade como discípulos missionários
dde Jesus Cristo (DAp, n. 20) a fim de
não
n nos deixarmos afligir pelas situa-
çções que contrariam o plano de Deus e
aatentam contra a vida nas suas múltiplas
formas. Além disso, o olhar de discípulos missionários nos anima,
porque nos revela a beleza e a alegria escondidas em uma realidade
que, às vezes, se mostra caótica e desesperadora. A vida, como Dom
e Compromisso, é portadora de uma beleza e de uma alegria que nos
levam a superar a dor e o sofrimento, as injustiças e as violações de
direitos, convencidos de que ‘Deus criou o infinito para a vida ser sem-
pre mais!’” (CF 2020: Texto-Base, n. 29).

329
Já procuramos perceber o quanto podemos fazer pelos outros,
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quando agimos como discípulos missionários de Jesus Cristo? Já des-


cobrimos algum colega com depressão ou sofrendo bullying? Já pensa-
mos no que fazer para ajudá-lo? De repente, o mundo hoje está espe-
rando que você faça a diferença na ajuda aos irmãos.

3. Aclamemos a Palavra de De
Deus (um canto à escolha, p. 337)

13,1-13
4. Palavra de vida: 1Cor 13,1-
“Se eu fa
falasse as línguas dos homens e
as dos anjos, m mas não tivesse amor; eu seria
como um bronze que q soa ou um címbalo que
retine. Se
S eu tivesse o dom da profe-
cia, se cconhecesse todos os mistérios
e toda a ciência; se tivesse toda a fé,
a ponto de remover montanhas, mas
não tivesse
tives amor, eu nada seria. Se eu
todos os meus bens no sustento
gastasse to
dos pobres e atéa entregasse meu corpo para
me gloriar, mas não tivesse amor, de nada me aproveitaria. O amor
é magnânimo, é benfazejo; não é invejoso,
invejos não é presunçoso nem arro-
gante; não faz nada de vergonhoso, não é interesseiro, não se encoleri-
za, não leva em conta o mal sofrido; não se alegra com a injustiça, mas
se regozija com a verdade. Ele tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo
suporta. O amor jamais acabará. Se há profecias, desaparecerão; se há
línguas, cessarão; se há ciência, desaparecerá. Com efeito, conhecemos
parcialmente e profetizamos parcialmente. Mas, quando vier o que é
completo, desaparecerá o que é parcial. Quando eu era criança, falava
como criança, pensava como criança, raciocinava como criança. Quan-
do me tornei adulto, rejeitei o que era próprio de criança. Agora, nós
vemos como num espelho, confusamente; mas, então, veremos face a
face. Agora, conheço apenas parcialmente, mas, então, conhecerei com-
pletamente, como sou conhecido. Atualmente permanecem estes três: a
fé, a esperança, o amor. Mas a maior deles é o amor”. Palavra do Senhor.

330
Todos: Graças a Deus.
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5. Sentindo o olhar de Jesus


O amor faz a diferença. O amor é paciente, é benfazejo. Ele des-
culpa tudo, crê tudo, espera tudo, suporta tudo. Jamais acabará. Per-
manecem a fé, a esperança e o amor, mas a maior delas é o amor.
No seu Evangelho, Jesus nos faz acreditar que toda a nossa vida se
resume em amar. Amar o outro como ele é, faz toda a diferença. Valo-
rizo o amor de meus pais e irmãos? Procuro amar e entender meus
irmãos em casa, na escola, no trabalho, no grupo social?
Rezemos a Oração da CF 2020 (p. 4)

6. Nosso compromisso com a vida

Vamos nos reunir em grupos de 4 pessoas e descobrir as nossas


qualidades e os nossos defeitos. Tendo feito essa descoberta, vamos
encontrar formas de ajudar-nos uns aos outros a superar os defeitos,
por meio de nossas qualidades. Percebendo um bom resultado, vamos
repassar a experiência para outros colegas da escola ou do grupo social.
Com certeza, teremos uma vida nova.
Cantemos o Hino da CF 2020 (p. 5)

331
4º ENCONTRO: Compaixão e justiça
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1. Acolhida
Somos todos(as) muito bem-vindos(as)
vindos(as)
a este Encontro da Campanha da Fraterni-
dade para hoje refletirmos sobre Compai-
ompai-
xão e Justiça. “Com efeito, a ‘compaixão’
ixão’
é uma característica essencial da miseri-
seri-
córdia de Deus. Deus tem compaixão xão
de nós. O que isso significa? Padece ao
nosso lado, sente os nossos sofrimen-
n-
tos” (CF 2020: Texto-Base, n. 86).
Cantemos (um canto à esco--
lha, p. 337)

2. O olhar que vê a vida


“A compaixão é um caminho privilegiado ado também
para edificar a justiça, porque colocarmo-nos
nos na
situação do outro, não somente nos permi- mi-
te encontrar as suas fadigas, dificuldades e
receios, mas também descobrir, no âmbito daa
fragilidade que conota cada ser humano, a suaa
preciosidade e valor único, em uma palavra: a
sua dignidade. Porque a dignidade humana é o ffun-
damento da justiça, enquanto a descoberta do valor inesti-
mável de cada homem é a força que nos estimula a superar as desigual-
dades com entusiasmo e abnegação” (CF 2020: Texto-Base, n. 111).
Já nos encontramos em alguma situação na qual sentimos compaixão
pelo outro? Qual foi a nossa atitude?

3. Aclamemos a Palavra de Deus (um canto à escolha, p. 337)

332
4. O Evangelho da vida: Mt 20,1-11
0,1-11
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“De fato, o Reino dos Céus é


como o proprietário que saiu de
madrugada para contratar trabalhado-
res para a sua vinha. Combinou com
os trabalhadores um denário ao dia e os
mandou para a vinha. Por volta da hora ter-
ceira, saiu de novo, viu outros que estavam
vam
na praça, desocupados, e disse-lhes: ‘Ide também vós para
a minha vinha! Eu pagarei o que for justo’. E eles foram. Por volta da
hora sexta e da hora nona, saiu novamente e fez a mesma coisa. Saindo
outra vez na undécima hora, encontrou outros que estavam na pra-
ça e perguntou-lhes: ‘Por que estais aqui o dia inteiro desocupados?
Eles responderam: ‘Porque ninguém nos contratou’. E ele disse-lhes:
‘Ide vós também para a minha vinha’. Ao anoitecer, o dono da vinha
disse ao administrador: ‘Chama os trabalhadores e faze o pagamen-
to, começando pelos últimos até os primeiros!’ Vieram os que tinham
sido contratados na undécima hora, cada qual recebendo um denário.
Em seguida, vieram os que foram contratados primeiro, pensando que
receberiam mais. Eles também receberam cada qual um denário. Ao
receberem o pagamento, começaram a murmurar contra o proprietá-
rio”. Palavra da Salvação.
Todos: Glória a vós, Senhor.

5. Sentindo o olhar de Jesus


Nunca foi fácil exercitar a justiça. Nem no tempo de Jesus. Dar a
cada um o que merece pelo trabalho desenvolvido exige de nós uma
visão correta da justiça. Fazer o que é certo na hora certa e pagar o que
é justo, é fazer com que também usemos de misericórdia. Para tomar-
mos a atitude correta, é preciso aprendermos com Jesus Cristo através
da leitura dos textos bíblicos nos santos Evangelhos. O exercício da
compaixão e da justiça precisamos aprender em casa com nossos pais
na vivência dos irmãos. Não existe caminho melhor.

333
Rezemos a Oração da CF 2020 (p. 4)
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6. Nosso compromisso com a vida

Vamos olhar ao nosso redor para nossa realidade e tentar desco-


brir onde precisamos usar de compaixão e exercitar a justiça. Pensar,
também, onde e quando nós precisamos da compaixão e da justiça
dos irmãos em nossas casas, em nosso trabalho ou em nossa escola.
Cantemos o Hino da CF 2020 (p. 5)

334
5º ENCONTRO: Ecologia humana e integral
g
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1. Acolhida
Estamos iniciando o último encontro
tro
sobre a Campanha deste ano. Com certe- e-
za, descobrimos muito sobre a vida, sobre
nossos irmãos e sobre a natureza. Vamos
escrever as nossas descobertas em peque--
nos pedaços de papel e pendurá-los em m
uma árvore que vamos construir e colocarr em
algum lugar onde muitos possam ver.
Cantemos (um canto à escolha, p. 337)

2. O olhar que vê a vida


“O compromisso para superar pro- o-
blemas como fome e insegurança ali-
mentar, persistente desconforto social
e econômico, degradação do ecossis--
tema e ‘cultura do desperdício’ requerr
uma renovada visão ética, que saibaa
colocar no centro as pessoas, com o obje-e-
tivo de não deixar ninguém à margem da vida. Uma visão que una em vez
de dividir, que inclua ao invés de excluir” (CF 2020: Texto-Base, n. 149).
O Papa Francisco na Encíclica Laudato Si’ recorda que o desen-
volvimento de uma ecologia integral é tanto um chamado como um
dever. “O desafio de ‘ser mais solidários como irmãos e irmãs e de uma
responsabilidade compartilhada pela Casa Comum’, torna-se cada vez
mais urgente. ‘Mudar o modelo de desenvolvimento global, abrindo
um novo diálogo sobre o futuro de nosso planeta’, é a tarefa que está
diante de nós” (CF 2020: Texto-Base, n. 150).
Como percebemos a vida no planeta? Já percebi que eu também
sou responsável para que ele seja cada vez melhor? Cuido para não o
destruir evitando o acúmulo de lixo?

335
3. Aclamemos a Palavra de Deus (um canto à escolha, p. 337)
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4. O Evangelho da vida: Mt 24,32-34


“Da parábola da figueira, aprendei
ndei
a lição: quando seus ramos vicejam e as
folhas começam a brotar, sabeis que o
verão está perto. Vós, do mesmo modo, o,
ei
quando virdes todas essas coisas, sabei
que o Filho do Homem está próximo, o,
assará
às portas. Em verdade vos digo: não passará
ça”. Palavra da Salvação.
esta geração até que tudo isso aconteça”.
Todos: Glória a vós, Senhor.

5. Sentindo o olhar de Jesus


Vamos olhar para as nossas cidades e lembrar como era a natureza
quando éramos crianças e ver como está hoje que somos jovens ou adul-
tos. Se a realidade continuar assim, o que será das gerações futuras? Che-
gou a hora de tirarmos tanto asfalto e cimento das nossas cidades e, com
inteligência, cultivarmos árvores que ajudarão a modificar o planeta.
Rezemos a Oração da CF 2020 (p. 4)

6. Nosso compromisso com a vida

Vamos em grupos fazer um levantamento de para onde é levado


o lixo de nossas casas, nossas escolas e das ruas e estudarmos formas
de descartá-lo sem prejudicar o nosso planeta. É urgente que essa
nova visão do planeta comece em cada um de nós.
Cantemos o Hino da CF 2020 (p. 5)

336
Cantos
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1. Somos gente da esperança presença é de amor/ Luz, olhar de


2. Louvor e glória a ti, Senhor/ Hon- esperança, luz. As doces palavras, luz.
ra, glória, poder e louvor a Jesus, nos- Que dá confiança, luz/ Luz que cui-
so Deus e Senhor! da de mim, que acalma meu coração,
3. Os cristãos tinham tudo em que acolhe com o seu abraço, afasta a
comum solidão/ Luz que luta por mim, que
4. Eu vos dou um novo mandamento ampara estende a mão, que nunca
5. Seu nome é Jesus Cristo duvida do amor. Que em nome do
6. Prova de amor maior não há sim, não tem medo do não/ Doce
luz. Eu sinto o seu cheiro de flor eu
Sobradinho (Sá e Guarabira) sei que você está aqui, sua presença é
O homem chega, já desfaz a natureza/ de amor/ Doce luz, que nunca aban-
Tira gente, põe represa, diz que tudo dona o irmão conceda sua força de
vai mudar/ O São Francisco lá pra fé e guia minha luz pela escuridão./
cima da Bahia/ Diz que dia menos dia Luz que cuida de mim, que acalma
vai subir bem devagar/ E passo a pas- meu coração, que acolhe com o seu
so vai cumprindo a profecia do beato abraço, afasta a solidão/ Luz que luta
que dizia que o Sertão ia alagar por mim, que ampara estende a mão,
O sertão vai virar mar, dá no que nunca duvida do amor. Que em
coração/ O medo que algum nome do sim, não tem medo do não/
dia o mar também vire sertão - Se o fardo é pesado o amor tudo
passa. / Se a dor dilacera o amor
Adeus Remanso, Casa Nova, Sento- tudo passa. / Completo abandono o
-Sé/ Adeus Pilão Arcado vem o rio amor tudo passa/ Se aperta a sauda-
te engolir/ Debaixo d’água lá se vai a de o amor tudo passa/ Se a porta se
vida inteira/ Por cima da cachoeira o fecha o amor escancara/ Se há deses-
gaiola vai subir/ Vai ter barragem no pero o amor é a calma/ Se há solução
salto do Sobradinho/ E o povo vai-se o amor então se acha/ Estou onde o
embora com medo de se afogar. amor estiver pois se tem amor tudo
passa/ Doce luz. Eu sinto o seu chei-
Doce Luz (Irmã Dulce) ro de flor eu sei que você está aqui
Doce Luz (Leo Passos e Chico sua presença é de amor/ Doce luz,
Gomes / Interprete Waldonys) que nunca abandona o irmão con-
ceda sua força de fé e guia minha luz
Doce luz. Eu sinto o seu cheiro
pela oração.
de flor sei que você está aqui sua

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1º ENCONTRO
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A revolução do cuidado

Preparação do ambiente: preparar um ambiente agradável, com


mesa forrada, arranjo de flores, Bíblia, Cartaz da Campanha da Frater-
nidade (CF) 2020, três velas, fósforo, figuras impressas ou recortadas
de revistas de pessoas que estão em situações de risco (crianças aban-
donadas, moradores de rua, pessoas tristes, doentes etc.), aparelho de
som ou caixa bluetooth e Hino da CF 2020.

1. ACOLHIDA
Animador(a): Que bom que conseguimos esta pausa para nos
encontrar! Bendito seja Deus que nos reúne em seu amor. Invoque-
mos o Espírito Santo, Senhor que dá a vida, a fim de ouvirmos a sua
voz e abrirmos nossos corações para refletir sobre a vida, dom e com-
promisso, que se concretiza em relações marcadas pelo cuidado e pela
ternura. (um instante de silêncio.)
Rezemos confiantes a Oração do Espírito Santo.
Vinde, Espírito Santo...
Animador(a): A CF em família é uma oportunidade para viven-
ciarmos o tempo quaresmal nos comprometendo, como famílias,
a trilhar um caminho de conversão. Quando Deus encontra espaço
em nossa vida, tudo muda. E a primeira coisa que muda é o nosso
olhar. Já não vemos mais as coisas do mesmo modo. O “olhar de Jesus”
contagia o nosso coração e nos faz olhar diferentemente para nossos
irmãos. Um olhar de ternura que resgata o sentido da vida. Nesses cin-
co encontros, um por semana, chegaremos à semana maior de nossa
fé, a Semana Santa, com o olhar modificado e com o coração querendo
CUIDAR melhor de nosso próximo.
Leitor(a) 1: “Permita o Bom Deus que cada pessoa, grupo pas-
toral, movimento, associação, Igreja Particular, enfim, o Brasil intei-
ro, motivado pela Campanha da Fraternidade, possa ver fortalecida a

339
revolução do cuidado, do zelo, da preocupação mútua e, portanto, da
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fraternidade (...) Muito mais pode ser feito quando o coração se abre
para o intercâmbio do cuidado, e a criatividade se deixa conduzir pela
fraternidade e pela solidariedade” (CF 2020, Texto-Base, p. 9).1
Animador(a): Revolução do cuidado! Revolução do bem, que
percebe que tudo pode ser diferente e que as atitudes, por mais sim-
ples, fazem a diferença, podem mudar e até salvar vidas. Não custa
nada dar uma chance para a ternura.

2. CONTEMPLANDO A BELEZA DA VIDA


(Apresentar as figuras das pessoas em situação de risco e afixar em
lugar de destaque.)
Animador(a): Que tipo de sentimento essas imagens despertam
em nós? Se fechar os olhos, neste momento, você seria capaz de pen-
sar em alguém nessas situações? Esses irmãos e irmãs estão à beira do
caminho, e muitas vezes não são percebidos e/ou ignorados. Somos
capazes de interromper nossa rotina para cuidar uns dos outros?
Leitor(a) 1: “Se, diante de uma pessoa necessitada, você não
sente compaixão, o seu coração não se comove, significa que algo
não funciona. Fique atento, estejamos atentos. Não nos deixemos
levar pela insensibilidade egoística. A capacidade de compaixão se
tornou a medida do cristão, ou melhor, do ensinamento de Jesus”
(Papa Francisco).
Leitor(a) 2: “Tu choras? Ou perdemos as lágrimas. Recordo que
os missais antigos continham uma oração extremamente bonita para
pedir o dom das lágrimas. A oração começava assim: ‘Senhor, vós que
confiastes a Moisés o mandato de bater na pedra para que dela bro-
tasse água, batei na pedra do meu coração, para que eu verta lágrimas.
(...) quantos de nós choram diante do sofrimento de uma criança,
perante a destruição de uma família, diante de tantas pessoas que não
encontram o seu caminho? (...) Pergunte a si mesmo se o seu coração

1 CNBB. Campanha da Fraternidade 2020: Texto-Base. Brasília: Edições CNBB, 2019.

340
não endureceu, se não se tornou gelo. (...) A misericórdia, diante de
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uma vida humana em situação de necessidade, é a verdadeira face do


amor” (Papa Francisco).
Todos: “Fraternidade e Vida: Dom e Compromisso”
“Viu, sentiu compaixão e cuidou dele” (Lc 10,33-34)
Animador(a): Peço a ajuda de três pessoas para acender as três
velas que estão na mesa, ao lado do Cartaz da CF. Cantemos juntos:
Refrão orante: Ó Luz do Senhor que vem sobre a terra, inun-
da meu ser, permanece em nós. (3x)
Animador(a): “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele”, três atitu-
des que irão iluminar toda esta campanha e que podem mudar muito
em nosso olhar, chegando em nossos corações. Três velas acesas e três
atitudes! A beleza da vida está em uma Igreja em saída, que se envol-
ve e cuida, atua em cada uma dessas realidades. As cenas que vemos
nessas imagens reapresentam a oportunidade de rever nossas atitudes,
mudar de vida e vivermos a fé como capacidade de cuidar por amor.

3. O EVANGELHO DA VIDA
 Canto
Buscai primeiro o Reino de Deus / E a sua justiça / E tudo mais
vos será acrescentado / Aleluia! Aleluia!
 Evangelho – Lc 10,25-37 (Ler na Bíblia, de forma bem pausada.)
 Perguntas para todos (partilha)
1. Quantos são e quais são os personagens dessa parábola? O que
eles fazem?
2. Com quem você mais se parece? Por quê?
3. Quem é o “meu próximo”?
Leitor(a) 1: “A postura inesperada do samaritano contém o
centro do ensinamento de Jesus: o próximo não é apenas alguém
com quem possuímos vínculos, mas todo aquele de quem nos apro-
ximamos. É todo aquele que sofre diante de nós. Não é a lei que esta-
belece prioridades, mas a compaixão que impulsiona a fazer pelo

341
outro aquilo que é possível, rompendo, dessa forma, com a indife-
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rença. A fé leva necessariamente à ação, à fraternidade e à caridade”


(CF 2020, Texto-Base, p. 13).
Leitor(a) 2: Essa parábola irá permear toda nossa reflexão nesta
CF, pois é a partir do olhar de Jesus que devemos rever nossas vidas.
Apresentamos três situações que aconteceram: na primeira, os assal-
tantes roubaram um homem. É como se dissessem “Tudo que é seu
é meu”. Na segunda situação, passaram dois personagens e seguiram
adiante, sem ajudar. É como se dissessem “Tudo que é meu é meu”.
Não compartilho com você. Na terceira situação, o samaritano sen-
te compaixão e cuida do homem, oferecendo tudo o que precisava e
então é como se dissesse “Nada nos pertence a não ser a capacidade de
cuidar. Tudo o que posso fazer é para você, que está caído à beira do
caminho, que faço”.
Todos: Senhor, que nossa vida seja reflexo de um coração
repleto de ternura e que possamos dizer, por meio de gestos e
palavras, que nossa opção será sempre pela vida!

4. FATOS DA VIDA
Animador(a): Vamos conhecer um pouco da vida de alguém
que mudou muitas outras vidas e a quem podemos chamar de “boa
samaritana”.
Leitor(a) 2: “No dia 26 de maio de 1914, nascia em Salvador,
Bahia, Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes, (1914-1992) missio-
nária do amor, conhecida por todos como Irmã Dulce. Aos 13 anos,
graças a seu destemor e senso de justiça, traços marcantes revelados
quando ainda era muito novinha, Irmã Dulce passou a acolher men-
digos e doentes em sua casa, transformando a residência da família
em um centro de atendimento. A casa ficou conhecida como ‘A Por-
taria de São Francisco’, tal o número de carentes que se aglomeravam
à sua porta. (...) Tendo iniciado sua caminhada junto às Irmãs Mis-
sionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, na cidade de São
Cristóvão, em Sergipe, depois da profissão religiosa, ela retornou para

342
Salvador, onde se viu imersa em uma realidade de miséria e pobre-
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za sobre a qual escreveria tempos depois: ‘As lágrimas enchiam meus


olhos... O meu coração estava invadido pela dor em ver tanta miséria
ao meu redor’. (...) Indo ao encontro daqueles que necessitavam de
sua ajuda, em pouco tempo, Santa Dulce conseguiu autorização de
sua superiora para trabalhar com aqueles a quem tanto chamava seu
coração, tornando-se, assim, verdadeira samaritana em seu meio, pre-
sença e imagem de Cristo que cuida e conforta a todos aqueles que
se encontram em estado de miséria e sofrimento. Santa Dulce cuidou
das famílias de operários e desempregados. (...) Por estar em uma
casa considerada invadida, logo foi expulsa de lá com seus doentes e,
assim, ficou peregrinando por dez anos em diversos locais de Salvador.
Nesse tempo, Deus a inspira a levar seus doentes ao Convento Santo
Antônio, lugar de habitação das religiosas de sua congregação e, com
autorização de sua superiora, instalou-os no galinheiro, que em pouco
tempo se tornaria um dos maiores hospitais públicos do Brasil. Assim,
Santa Dulce dedicava-se cada dia à sua missão e, mesmo em estado
de saúde precário, por causa de um problema pulmonar, não conse-
guia ficar longe dos pobres, aqueles a quem se via incumbida por Deus
de cuidar, seus ‘filhos’, a quem ela configurava a sua vida por amor.
E aos poucos foram nascendo as Obras Sociais Irmã Dulce (OSID),
nas quais nosso anjo bom da Bahia dedicou sua vida a todos aque-
les que eram marginalizados e necessitavam de cuidados, obras que,
segundo nossa querida santa brasileira, não eram suas, porém, de Deus”
(CF 2020, Texto-Base, p. 24).
4.1. Refletindo juntos: O que a vida de Santa Dulce dos Pobres
desperta em nós? (Partilhe)
Animador(a): “Hoje, mais de vinte anos depois de sua pás-
coa para a vida eterna, temos um grande modelo de santidade, com
carisma missionário e cuidadoso, em nossas vidas. Vida doada é
vida santificada! Mulher corajosa, boa samaritana no meio em que
viveu. Irmã Dulce é hoje para nós exemplo de fé, amor, cuidado com
a vida e compromisso cristão com aqueles que mais necessitam”
(CF 2020, Texto-Base, p. 24).

343
5. A ALEGRIA DE CUIDAR
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Animador(a): Quaresma é tempo forte de reflexão, escuta e de


sairmos de nós mesmos ao encontro do nosso “próximo”. “A Igreja nos
recorda que esse caminho da vida nova em Cristo e com Cristo pede
jejum, oração e esmola. O jejum ajuda a esvaziar-se, abrir-se ao outro.
No vazio de nós mesmos, somos fecundados pela gratuidade da vida”
(CF 2020, Texto-Base, p. 16).
Todos: O jejum ajuda a entender que nem só de pão vive o
homem! Nos faz solidários e comprometidos com o próximo.
Leitor(a) 1: A oração é aproximação, nova relação, exposição;
ocasião em que somos tocados pela amorosidade de Deus. Uma súpli-
ca de afeto e amor: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?”
(Mt 27,46).
Todos: A oração, diálogo de amor, ajuda a servir a Deus e aos
irmãos!
Leitor(a) 2: “Esmola: partilha de vida, cuidado amoroso, liber-
dade de entrega! A esmola é encontro com o próximo; é exercício de
compromisso com o dom da vida, pois, ‘para o outro, o próximo é
você’”.
Todos: A esmola, viver a prática da justiça, é solidariedade e
amor-caridade.
Animador(a): Como gesto concreto desta semana, iremos pra-
ticar os exercícios quaresmais, que são o Jejum, a Oração e a Esmola.
A proposta é que você, dentro de suas possibilidades, faça esses exer-
cícios, pedindo a Jesus, Bom Samaritano, que nos ajude a enxergar o
próximo para que possa nascer em nós a compaixão.

6. REZANDO AO DEUS DA VIDA


 Rezemos juntos a Benção da Ternura (p. 368).
 Cantemos o Hino da CF 2020 (p. 5).
(Sugestão: coloque o hino tocado ao fundo para que todos possam
cantar juntos e assim irão aprendendo a cantá-lo.)

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2º ENCONTRO
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Viu – O olhar de Jesus

Preparação do ambiente: preparar um ambiente agradável,


com mesa forrada, arranjo de flores, Bíblia, Cartaz da CF 2020, três
velas com castiçais, fósforo, cinco faixas com os “Olhares do Mundo”
e cinco faixas com o “Olhar da Fé”, aparelho de som ou caixa bluetooth
e Hino da CF 2020.

1. ACOLHIDA
Animador(a): Para começar nosso encontro, vamos, em um
instante de silêncio, nos entregar à ação do Espírito Santo, para que
juntos possamos refletir, partilhar e planejar a partir da Campanha da
Fraternidade. (um instante de silêncio.)
Rezemos confiantes a Oração do Espírito Santo.
Vinde, Espírito Santo...
(A primeira vela deverá estar acesa. As outras duas não serão ace-
sas hoje.)
Animador(a): A proposta de nossos encontros é que possamos,
juntos, conhecer um pouco da CF 2020 e, de uma maneira simples,
como é proposta dessa campanha, perceber que o “olhar de Jesus” pre-
cisa contagiar nosso coração e, assim, possamos fazer com que o nos-
so coração queira “olhar como Jesus”. Sejam bem-vindos ao segundo
encontro.
Leitor(a) 1: “Diante do convite para vivermos uma profunda
conversão, temos duas maneiras de olhar que são apresentadas por
Jesus na parábola do bom samaritano: um olhar que vê e passa em
frente (...) e um olhar que vê e permanece, se envolve, se compromete
(...) O olhar que vê e passa adiante representa toda indiferença e des-
prezo pela vida do outro” (CF 2020, Texto-Base, p. 21).

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2. CONTEMPLANDO A BELEZA DA VIDA
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Animador(a): “Pelo olhar, podemos expressar verdades e mentiras,


amor e ódio, alegria e tristeza. Muitas vezes nosso olhar pode se tornar
maldoso, viciado e cansado. (...) É preciso exercitar a mesma perspectiva
do olhar virtuoso que Cristo nos ensina” (CF 2020, Texto-Base, p. 22).
(Durante a leitura, afixar na parede as palavras que representam os
olhares do mundo – sombras. As cinco palavras grifadas irão representar
todas.)
Animador(a): Infelizmente, nosso mundo tem muitos olhares
que veem e passam adiante e fazem com que as sombras se dissipem
sobre a terra. Entre as sombras, temos:
 O aborto – a criança inocente e vulnerável torna-se vítima cruel
ainda no ventre materno.
 A eutanásia, o suicídio assistido, as crianças órfãs, o desemprego
etc.
 As agressões emocionais – a ansiedade, o estresse, a automutila-
ção, o suicídio e outras situações que ferem emocionalmente e
fisicamente nosso próximo.
 Os acidentes de trânsito, o feminicídio, os conflitos no campo etc.
 As redes sociais e os meios de comunicação – vêm confundindo
os cristãos, iludindo as famílias e gerando conflitos entre todos os
tipos de relações.
 O individualismo, a política do lucro, o tráfico de pessoas etc.
 A agressão à natureza – a natureza requer paciência para oferecer
a nós o melhor. Terra que é mãe a nos oferecer seus mais belos
frutos.
 O ódio – inimigo que tem crescido em nossos dias e vem junto
com a indiferença.
Leitor(a) 1: “O olhar da fé, ao mesmo tempo em que identifi-
ca sombras, deve, indispensavelmente, identificar luzes” (CF 2020,
Texto-Base, p. 40). As sombras que têm invadido a humanidade,
encontram barreira quando a luz se revela em pessoas, que com o
olhar vêm, permanecem, se envolvem e se comprometem.

346
Leitor(a) 2: “Nossa realidade está repleta de histórias de pessoas que
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superam a fragilidade da vida, realçando a beleza e a alegria de viver. Na


família, edifica o exemplo dos pais que acolhem com amor os filhos com
deficiência, dedicando-lhes carinho e ternura samaritanos (...) É incon-
tável o número de pessoas que, pública ou anonimamente, dedicam sua
existência a promover e defender a vida. Elas o fazem de forma gratuita,
cheios de fé, pela alegria de servir no amor” (CF 2020, Texto-Base, p. 41).
Todos: “O corpo é um templo sagrado. A mente, o altar.
Então, devemos cuidá-los com o maior zelo. Corpo e mente são
o reflexo da nossa alma, a forma como nos apresentamos ao
mundo é um cartão de visitas para o nosso encontro com Deus”
(Santa Dulce dos Pobres).
Animador(a): “Essas sombras e luzes nos remetem a um desa-
fio: o que será o amanhã? Pergunta o poeta. O que é o hoje? Per-
guntam os que sofrem e os que sonham com um mundo diferente”
(CF 2020, Texto-Base, p. 43). E, é pensando no amanhã, que nosso
olhar precisa ser de fé, com atitudes que tragam luz.
Música: Sim, eu quero que a luz de Deus que um dia em mim
brilhou / jamais se esconda e não se apague em mim o seu fulgor.
/ Sim, eu quero que o meu amor ajude o meu irmão / A caminhar
guiado por tua mão. Em tua lei, em tua luz, Senhor!
Animador(a): “Devemos ter claro que assumir o olhar solidário
capaz de cuidar, como modo de ser no mundo, nos permite ir além
do egoísmo e da indiferença” (CF 2020, Texto-Base, p. 43). E vamos
iluminar as trevas que foram lembradas há pouco, através de atitudes
que lembram o olhar da fé. (Cada frase deverá ser pregada na frente das
faixas das trevas.)
 Sim à vida (na frente de “aborto”).
 Saber ouvir (na frente de “agressões emocionais”).
 Buscar o equilíbrio (na frente de “redes sociais e meios de
comunicação”).
 Cuidado com a casa comum (na frente de “agressão à natureza”).
 Amor (na frente do “ódio”).

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3. O EVANGELHO DA VIDA
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 Canto
Deixa-me ficar em paz, Senhor, / para ouvir tua Palavra! /
No coração do meu silêncio / deixa-me ficar em paz!
 Evangelho – Mc 10,46-52 (Ler na Bíblia, de forma bem pausada.)
 Perguntas para todos (partilha)
1. Quais são as cegueiras que nos impedem de ver o sofrimento dos
irmãos e das irmãs?
2. Temos pedido a Jesus que abra nossos olhos como fez com o
cego Bartimeu?
Leitor(a) 1: “Jesus não abre apenas os olhos do cego, mas tam-
bém o coração. E o cego curado reconhece Jesus como o Messias”
Diante das trevas, muitas vezes parecemos cegos e nos deixamos
envolver pela sedução que elas oferecem. Nosso olhar precisa sempre
lembrar do samaritano, que vê, sente compaixão e cuida. Jesus está
sempre pronto a nos livrar das cegueiras, portanto, peçamos a graça
do olhar da fé.
Todos: Senhor, que nosso olhar seja capaz de ver e sentir
compaixão! Conceda-nos a graça de enxergar com os olhos da fé!

4. FATOS DA VIDA
Animador(a): Vamos conhecer um pouco da vida de alguém
que mudou muitas outras vidas.
Leitor(a) 2: “Dra. Zilda viveu para defender e promover as
crianças, gestantes e idosos, construir uma sociedade mais justa, fra-
terna, com menos doenças e sofrimento humano. Em seu trabalho,
sempre aliou o conhecimento científico ao conhecimento e à cultura
populares; valorizou o papel da mulher pobre na transformação social;
mobilizou a todos, pobres e ricos, analfabetos e doutores, na busca da
Vida Plena para todos. Ela costumava dizer: ‘Há muito o que se fazer,
porque a desigualdade social é grande. Os esforços que estão sendo
feitos precisam ser valorizados para que gerem outros ainda maiores’.
Morreu dia 12 de janeiro de 2010 no terremoto que devastou o Haiti.
348
Nesse mesmo dia, discursara sobre como salvar vidas com medidas
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simples, educativas e preventivas. Fez o que sempre falou: congregou


mais pessoas para se unirem na busca de ‘vida em abundância’ para
crianças e gestantes pobres. Deixou sua marca na história do Brasil ao
fundar e coordenar a Pastoral da Criança e Pastoral da Pessoa Idosa”
(CF 2020, Texto-Base, p. 63)
4.1. Refletindo juntos: O que a vida da Dra. Zilda nos ensina
sobre os “olhos da fé”? (partilha)
Animador(a): As escolhas de nossa vida fazem a grande diferença
na vida de nossos irmãos e irmãs. “Viver a compaixão é ter mais justi-
ça no coração, e para a Dra. Zilda Arns, essa justiça é compreendida já
no coração dos mais pequeninos, a nós cabe garantir que ela continue a
crescer no coração da humanidade e nunca permitir que a beleza da vida
se desfigure no rosto dos mais pobres” (CF 2020, Texto-Base, p. 63).

5. A ALEGRIA DE CUIDAR
Animador(a): “Se Deus viesse à nossa porta, como seria rece-
bido? Aquele que bate à nossa porta, em busca de conforto para a sua
dor, para o seu sofrimento, é um outro Cristo que nos procura” (Santa
Dulce dos Pobres). Essa imagem nos remete ao belo poema “Não sei”
de Cora Coralina:
Todos: Não sei se a vida é curta/ ou longa demais para nós,/
mas, sei que nada/ do que vivemos tem sentido, /se não tocamos
o coração das pessoas.
Animador(a): Muitas vezes basta ser:/ o colo que acolhe,/ o
braço que envolve,/ a palavra que conforta,/ o silêncio que respeita,/
a alegria que contagia,/ a lágrima que corre,/ o olhar que acaricia,/ o
desejo que sacia,/ o amor que promove.
Todos: E isso não é coisa de outro mundo,/ é o que dá senti-
do à vida.
Leitor(a) 1: É o que faz com que ela não/ seja nem curta, nem
longa demais,/ mas que seja intensa, verdadeira,/ pura enquanto ela
durar…

349
Animador(a): Nossa proposta para esta semana será um pouco
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ousada, pois vamos ter um “olhar de Jesus”, buscando nas coisas mais
simples uma nova forma de enxergar o irmão. No próximo encontro,
falaremos sobre os sentimentos despertados.

6. REZANDO AO DEUS DA VIDA


 Rezemos juntos a Benção da Ternura (p. 368).
 Cantemos o Hino da CF 2020 (p. 5)
(Sugestão: coloque o hino tocado ao fundo para que todos possam
cantar juntos e assim irão aprendendo a cantá-lo.)

350
3º ENCONTRO
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Sentiu Compaixão – A Compaixão de Jesus

Preparação do ambiente: preparar um ambiente agradável, com


mesa forrada, arranjo de flores, Bíblia, Cartaz da CF 2020, três velas com
castiçais, fósforo, corações com as atitudes positivas, fita crepe, corações
para todos, aparelho de som ou caixa bluetooth e Hino da CF 2020.

1. ACOLHIDA
Animador(a): Para começar nosso encontro, vamos, em um
instante de silêncio, nos entregar à ação do Espírito Santo, para que
juntos possamos refletir, partilhar e planejar a partir da Campanha da
Fraternidade. (Um instante de silêncio.)
Rezemos confiantes a Oração do Espírito Santo.
Vinde, Espírito Santo...
(A primeira e segunda velas deverão estar acesas. A terceira não será
acesa hoje.)
Animador(a): A proposta dos nossos encontros é que possa-
mos, juntos, conhecer um pouco da CF 2020 e, de uma maneira sim-
ples, como é proposta dessa campanha, perceber que o “olhar de Jesus”
precisa contagiar nosso coração e assim possamos fazer com que ele
queira “olhar como Jesus”. Estamos no terceiro encontro em um total
de cinco que teremos até chegar à semana maior de nossa fé, a Semana
Santa. Que Deus nos ajude a ela chegarmos, querendo cuidar melhor
de nosso próximo.
Leitor(a) 1: No último encontro, levamos uma proposta: olhar
com fé as situações mais simples, enxergando o próximo que estava
em cada situação, e trazer para o encontro de hoje os sentimentos
que essas experiências despertaram em nós. Agora, vamos falar dos
sentimentos, sem contar os fatos. (Ouvir os participantes.)
Leitor(a) 2: “Se, por um lado, o olhar da indiferença gera tanto
mal, o olhar da compaixão pode fecundar o bem no coração humano e
351
conferir verdadeiro sentido à vida (...) Somos interpelados a transfor-
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mar nosso modo de ver, sentir, conviver, conformando-nos à verdade


que Ele nos ensinou” (CF 2020, Texto-Base, p. 45).

2. CONTEMPLANDO A BELEZA DA VIDA


Animador(a): Perguntas para todos:
1. Como você se sente diante da compaixão de Deus?
2. Quero oferecer aos meus irmãos e irmãs a mesma compaixão e
cuidado que o Senhor tem comigo?
Leitor(a) 1: “O coração do samaritano estava sintonizado com o
coração do próprio Deus. Com efeito, a ‘compaixão’ é uma caracterís-
tica essencial da misericórdia de Deus. Deus tem compaixão de nós. O
que isso significa? Padece ao nosso lado, sente os nossos sofrimentos.
Compaixão quer dizer ‘padecer com’. O verbo indica que as vísceras
se movem e estremecem à vista do mal do homem. Nos gestos e ações
do bom samaritano, reconhecemos o agir misericordioso de Deus em
toda a história da salvação” (Papa Francisco apud CF 2020, Texto-
-Base, p. 46-47).
(Durante a leitura, afixar na parede os corações em que estão escritas
as atitudes positivas.)
Animador(a) – “Colocai mais corações nestas mãos”. Essas pala-
vras de São Camilo de Lellis revelam que é preciso sempre agir com
sentimento de amor. E, portanto, o coração, eleito como representante
desse sentimento, simboliza bem o manancial de atitudes positivas.
Algumas atitudes que podem mudar vidas:
 Justiça – “A justiça é samaritana, sempre capaz de cuidar inde-
pendente das condições em que se encontra aquele que está à
beira do caminho”.
 Misericórdia – “A missão do discípulo missionário de Jesus
Cristo é revelar no mundo o rosto da misericórdia”.
 Perdão – “Uma vez perdoado, o coração humano não se cansa
de, também ele, transbordar em perdão”.
 Paz – “A obra da justiça será a paz” (Is 32,17).

352
 Caridade – “Verdadeira caridade é também ofertar um coração
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capaz de escutar o outro”.


 Ternura – “A ternura revela-nos, ao lado do rosto paterno, o ma-
terno, o materno de Deus, de um Deus apaixonado pelo homem,
que nos ama com um amor infinitamente maior do que o de uma
mãe pelo próprio filho” (Papa Francisco).
Canto: Leva-me aonde os homens necessitem tua palavra
/ Necessitem de força de viver / Onde falte a esperança / Onde
tudo seja triste simplesmente por não saber de ti. (2x)
Leitor(a) 1: “Uma Igreja samaritana, sinal e expressão da cari-
dade de Cristo, vê além das aparências e para além das circunstâncias.
Uma Igreja que cuida pessoalmente daqueles que estão feridos à beira
do caminho e que não permite que lá permaneçam (...) uma Igreja
onde as pessoas vivem pela fé, dentro da qual se deixam transformar,
segundo o modo de existência da comunhão, segundo a verdade Tri-
nitária gravada no coração do homem, feito à imagem e semelhança de
Deus” (CF 2020, Texto-Base, p. 59).
Todos: “Em todo o tempo é tempo de fazer o bem. Para quem
vive o mandamento do amor cáritas, sempre é tempo de cuidar,
pois o próximo é quem cuida com misericórdia”.

3. O EVANGELHO DA VIDA
 Canto
Palavras que não passam/ Palavras que libertam/ Palavra pode-
rosa tem teu coração/
Palavra por palavra/ Revelas o infinito/ Como é bonito ouvir teu
coração.
 Evangelho – Mt 14,13-21 (Ler na Bíblia, de forma bem pausada.)
 Perguntas para todos (partilha)
1. Jesus teve compaixão e acolheu aquele povo. E nós como de-
monstramos compaixão?
2. “Vocês é que têm de lhes dar de comer”. Como essa ordem de
Jesus chega a nossos corações?

353
Leitor(a) 1: Jesus sentiu compaixão daquele povo. Reuniu e ali-
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mentou a multidão, mas antes nos chamou à missão: “Vocês é que têm
de lhes dar de comer”. Jesus viu, sentiu compaixão e cuidou deles. O
povo estava sedento de Deus, mas sentia fome de pão. Jesus sacia a
sede e oferece o alimento, que mais tarde terá novo sentido. Houve
reflexão, oração e ação.
Todos: Senhor, que sejamos capazes de ver, sentir compai-
xão e cuidar de nosso próximo!

4. FATOS DA VIDA
Animador(a): Vamos conhecer um pouco da vida de alguém
que mudou muitas outras vidas.
Leitor(a) 2: “São Camilo de Lellis nasceu na Itália, em 25 de
maio de 1550. Filho de pai militar e de mãe muito devota, o nasci-
mento de Camilo foi considerado um milagre, tendo em vista que seus
pais ainda não tinham herdeiro e tiveram um filho já em idade avan-
çada. Ambos faleceram quando Camilo era ainda jovem, levando-o a
enfrentar a vida sozinho e a assumir responsabilidades prematuramen-
te. Camilo seguiu a carreira militar do pai, alistando-se no exército aos
17 anos de idade. Viveu sob condições financeiras precárias e, sem ain-
da atentar-se à presença de Deus em sua vida, entregou-se aos prazeres
e aos vícios do mundo, principalmente à bebida e ao jogo, chegando
a perder a própria roupa em uma aposta. Naquele período, Camilo
adquiriu também uma dolorosa úlcera no pé, ferida que o acompanhou
durante toda sua vida. Padecendo sob condições adversas, passando
fome, frio e sem ter onde morar, Camilo foi acolhido no convento dos
Capuchinhos, onde passou a trabalhar. Um dia, levando uma merca-
doria do convento para a cidade, Camilo cai do animal que o transpor-
tava e, em um momento de profundo arrependimento e comoção, se
converte a Deus entre prantos, comprometendo-se a mudar de vida
e a servir a Deus como religioso capuchinho. Era dia 2 de fevereiro
de 1575. A ferida no pé, entretanto, impediu-o de permanecer naque-
le convento e de abraçar a vocação capuchinha. Camilo parte, então,
para o Hospital São Tiago, em Roma, onde passa a cuidar dos doentes.

354
Naquele local, Camilo compreende a missão que Deus queria para sua
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vida: servir os enfermos como se fossem o próprio Cristo crucifica-


do. Torna-se sacerdote e organiza uma companhia de homens de boa
vontade que querem doar suas vidas no cuidado dos doentes e mais
necessitados. O grupo de Camilo foi crescendo e atraindo homens
motivados a cuidar dos enfermos. A Santa Sé autorizou o uso da cruz
vermelha como distintivo do grupo e, logo depois, a Congregação foi
elevada ao grau de Ordem Religiosa, sendo conhecida como Ordem
dos Ministros dos Enfermos. Após uma vida de doação ao serviço dos
doentes, Camilo morre em 14 de julho de 1614. Foi canonizado em
1746 e, posteriormente, declarado padroeiro dos doentes, hospitais e
profissionais da saúde” (CF 2020, Texto-Base, p. 49-50).
4.1. Refletindo juntos: O que a vida de São Camilo nos revela
da compaixão ensinada por Jesus? (partilha)
Animador(a): “De fato, quem ama não julga, não acusa, não
divide! Quem ama, cuida, acolhe, integra. Quem ama dialoga, supor-
ta, se compadece. O egoísta e prepotente, cujo alcance da visão e
do coração é ele mesmo, julga o mundo a partir de si, esquecendo-
-se de que seu olhar está embaçado pelo pecado, seu coração está
entupido pela maldade. O que seria do mundo se nos julgásse-
mos menos e nos compreendêssemos mais? O que seria do mundo
se houvesse menos competição e mais compaixão? Não seria um
mundo diferente se houvesse menos voracidade e mais partilha?”
(CF 2020, Texto-Base, p. 50).

5. A ALEGRIA DE CUIDAR
Animador(a): “Colocai mais coração nessas mãos!” (São Cami-
lo de Lellis). Vamos repetir juntos.
Todos: “Colocai mais coração nessas mãos!”
Animador(a): Vamos receber agora pequenos corações e vamos
levá-los para casa. Coloque-o em um lugar que você veja todos os dias,
até o nosso próximo encontro, pois você deverá trazê-lo de volta. Você
irá escrever nele uma atitude de compaixão que tiver realizado, mesmo

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que seja a mais simples. Não escreva seu nome no coração, somen-
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te a atitude. Se acontecerem várias atitudes, que bom! Escolha uma


e escreva.
(Distribuir os corações para todos.)

6. REZANDO AO DEUS DA VIDA


 Rezemos juntos a Benção da Ternura (p. 368).
 Cantemos o Hino da CF 2020 (p. 5).
(Sugestão: coloque o hino tocado ao fundo para que todos possam
cantar juntos e assim irão aprendendo a cantá-lo.)

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4º ENCONTRO
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Cuidou Dele: O cuidar de Jesus

Preparação do ambiente: preparar um ambiente agradável,


com mesa forrada, arranjo de flores, Bíblia, Cartaz da CF 2020, três
velas com castiçais, fósforo, vasilha para queimar os corações, incenso,
vasilha transparente maior, copos, faixas pequenas coladas nos copos
com as iniciativas, música “Verdades do Tempo”, aparelho de som ou
caixa bluetooth e Hino da CF 2020.

1. ACOLHIDA
Animador(a): Para começar nosso encontro, vamos, em um
instante de silêncio, nos entregar à ação do Espírito Santo, para que
juntos possamos refletir, partilhar e planejar a partir da Campanha da
Fraternidade. (Um instante de silêncio.)
Rezemos confiantes a Oração do Espírito Santo. Vinde, Espírito
Santo...
(A primeira e segunda velas deverão estar acesas. Acender, neste
momento, a terceira vela.)
Animador(a): A proposta de nossos encontros é que possamos,
juntos, conhecer um pouco da CF 2020 e, de uma maneira simples,
como é proposta dessa campanha, perceber que o “olhar de Jesus” pre-
cisa contagiar nosso coração, e assim possamos fazer com que o nosso
coração queira “olhar como Jesus”. Estamos no quarto encontro, de
cinco que teremos até chegarmos à semana maior de nossa fé, a Sema-
na Santa, querendo cuidar melhor de nosso próximo.
Leitor(a) 1: No nosso último encontro, fizemos um propósito
bem especial: levamos um coração para nossa casa e nele escreveríamos
uma atitude de compaixão que tivéssemos. Iriamos escrever essa atitude
e trazer para nosso encontro de hoje, e não deveríamos colocar nossos
nomes. “Nós somos como um lápis com que Deus escreve os textos que
Ele quer ditos nos corações dos homens” (Santa Dulce dos Pobres).

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(Preparar vasilha para a queima e colocar incenso para perfumar.)
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Animador(a): Vamos trazer nossos corações e colocar na vasilha


que está aqui a nossa frente e iremos queimá-los, pois essa nossa ação,
com certeza, é um perfume que agrada a Deus e precisa subir até Ele,
como a fumaça que veremos.
Canto: Um coração para amar, pra perdoar e sentir / Para chorar
e sorrir, ao me criar tu me destes / Um coração pra sonhar, inquieto e
sempre a bater; / Ansioso por entender as coisas que tu disseste.
Eis o que eu venho te dar / Eis o que eu ponho no altar /
Toma, Senhor, que ele é teu/ Meu coração não é meu (2x)
Quero que o meu coração seja tão cheio de paz / Que não se sin-
ta capaz de sentir ódio ou rancor / Quero que a minha oração possa
me amadurecer / Leve-me a compreender as consequências do amor.
Animador(a): “O sentido da vida, nós o encontramos no amor
que, entre outros aspectos, se traduz na capacidade de se compade-
cer e cuidar. Por essa razão, um dos primeiros passos do nosso agir
não poderia ser outro senão este: como discípulos missionários
daquele que é Vida, resgatar o sentido do viver no horizonte da fé
cristã proclamando a beleza da vida. ‘Fazei coisas belas, mas, sobre-
tudo tornai as vossas vidas lugares de beleza’ (Papa Bento XVI)”
(CF 2020, Texto-Base, p. 75).

2. CONTEMPLANDO A BELEZA DA VIDA


(Colocar a vasilha de vidro maior transparente em uma mesa e vários
copos ao redor com água. Em cada copo esteja escrita uma das iniciativas
apresentadas abaixo.)
Leitor(a) 1: “Por mais que tenhamos desafios pessoais e comu-
nitários, jamais podemos nos acomodar diante deles. ‘No deserto, é
possível redescobrir o valor daquilo que é essencial para a vida; assim
sendo, no mundo de hoje, há inúmeros sinais da sede de Deus (...) E,
no deserto, existe sobretudo a necessidade de pessoas de fé que, com
suas próprias vidas, indiquem o caminho para a Terra Prometida, man-
tendo assim viva a esperança’. Em todo caso, lá somos chamados a ser

358
pessoas-cântaro para dar de beber aos outros (...) Não deixemos que
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nos roubem a esperança!” (Francisco apud CF 2020, Texto-Base, p. 81).


Animador(a): Sobre a mesa, temos uma vasilha que representa
o mundo e, ao seu lado, alguns copos com água e neles algumas inicia-
tivas que nos mostram o cuidado para com o próximo. Como nos dis-
se o Papa, somos pessoas-cântaro e precisamos dar de beber, matando
a sede do mundo ao nosso redor. A cada iniciativa que iremos anun-
ciar, alguém vai até a mesa e despeja a água na vasilha.
Leitor(a) 2:
 Ousadia – Ousemos ser mais ousados ao testemunhar Jesus com
nossas vidas.
 Envolver – Precisamos estimular e zelar pela ternura e pelo cui-
dado, que refletem nosso olhar de fé.
 Acompanhar – Se fazer presente e participante, testemunhando
o cuidado de Deus por nós.
 Frutificar – Semear confiando que quem faz brotar é a bondade
de Deus e o joio não pode roubar nossa paz.
 Festejar – Celebrar com alegria momentos fortes e importantes
na nossa vida, valorizando os laços de pertença.
 Acolher – Oferecer braços e ouvidos para receber aqueles que
estão fragilizados pelas situações da vida.
 Proteger – Dar suporte àqueles que, pelos momentos de sofri-
mento, estão vulneráveis às sombras da vida.
 Promover – Motivar gestos e atitudes que transformem situa-
ções, resgatando o valor da vida.
 Integrar – Promover ações que tirem da margem pessoas e que
promovam o bem comum.
Todos: “Portanto, quando vivemos a mística de nos aproxi-
mar dos outros com a intenção de procurar o seu bem, ampliamos
o nosso interior para receber os mais belos dons do Senhor. Cada
vez que nos encontramos com um ser humano no amor, ficamos
capazes de descobrir algo de novo sobre Deus. Cada vez que os
nossos olhos se abrem para reconhecer o outro, ilumina-se mais
a nossa fé para reconhecer a Deus. Em consequência disso, se

359
queremos crescer na vida espiritual, não podemos renunciar a ser
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missionários” (Francisco apud CF 2020, Texto-Base, p. 81).


Animador(a): “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele” – três ati-
tudes que vão ficando claras para nós, através desta Campanha. Cuidar
do próximo será sempre a beleza da vida, porque nos ensina a olhar
menos para nós mesmos. E a sede do mundo será sempre menor, se
nós formos verdadeiras pessoas-cântaro.

3. O EVANGELHO DA VIDA
 Canto
Palavra de salvação somente o céu tem pra dar. / Por isso meu
coração se abre para escutar. / Por mais difícil que seja seguir / Tua
palavra queremos ouvir. / Por mais difícil de se praticar / Tua palavra
queremos guardar.
 Evangelho – Jo 13,12-17 (Ler na Bíblia, de forma bem pausada.)
 Perguntas para todos (partilha)
1. O que a atitude de Jesus nos ensina?
2. Quais alegrias encontramos ao praticar esse ensinamento de
Jesus?
Leitor(a) 1: “Em nosso agir evangelizador, ‘também temos, dian-
te de nós, à nossa disposição, duas bacias com água: de um lado, a bacia
utilizada por Pilatos, símbolo da indiferença e da omissão; do outro
lado, a bacia utilizada por Jesus no lava-pés, sinal de terno cuidado e
compromisso para com o serviço. Serviço evangelizador que dá visi-
bilidade ao Reino de Deus presente no mundo. Qual das duas bacias
temos utilizado como evangelizadores?” (CF 2020, Texto-Base, p. 77).
Qual dessas bacias escolhemos?
Todos: Necessitamos de corações semelhantes ao coração de
Jesus, que se curvou sensivelmente à dor de toda a humanidade e
dela cuidou. “Pondo-se de joelhos diante dos outros para os lavar;
mas, logo a seguir, diz aos discípulos: ‘Sereis felizes se o praticar-
des’ (Jo 13,17)” (EG, n. 24).

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4. FATOS DA VIDA
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Animador(a): Vamos conhecer um pouco da vida de alguém


que tem mudado muitas outras vidas e a quem podemos chamar nos-
so Papa.
Leitor(a) 2: O Papa Francisco determinou, em 2015, que fos-
se disponibilizada para a população carente da cidade de Roma uma
ampla e bem equipada lavanderia, onde pudessem cuidar das próprias
roupas com dignidade e gratuitamente. Outra iniciativa do Papa é a
abertura de um refeitório sustentado com doações até um abrigo estru-
turado com dormitórios, duchas quentes, barbearia e lavanderia, além,
é claro, da oferta de orientação e capacitação profissional. Durante o
inverno, as portas da igreja e as salas adjacentes se abrem, com suas
trinta camas, cobertores e banheiros, para garantir aos indigentes um
teto acolhedor e refeições diárias. Para aliviar o frio e a fome, oferece
pratos quentes para centenas de pessoas necessitadas, refugiadas nas
principais estações ferroviárias e metrôs da capital italiana.
4.1. Refletindo juntos: O que os exemplos do Papa Francisco
nos motivam como cristãos? (partilha)
Animador(a): Essas são algumas atitudes de um Pastor que,
entendendo o ensinamento de Jesus, tem “feito a mesma coisa”. Suas
atitudes são rotineiras e o têm acompanhado desde o início de sua
vocação, conforme narrado por todos que o acompanharam em sua
vida sacerdotal.

5. A ALEGRIA DE CUIDAR
Animador(a): “As mudanças que tanto queremos no mun-
do só serão reais se começarem em nós, a partir de nós, afetando,
assim, o ambiente em que vivemos. A conversão pastoral é fruto da
conversão pessoal. ‘Vai e faze o mesmo’ (Lc 10,37). Daí a importân-
cia de renovarmos, pessoalmente, nosso compromisso de cuidado e
valorização da vida. Dar início a processos de fraternidade e de ter-
nura. Cultivar boas amizades. Redescobrir o valor da vizinhança”
(CF 2020, Texto-Base, p. 81).

361
Leitor(a) 1: Recordemos as palavras de Santa Teresa de Calcutá:
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“Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de
água no oceano. Mas o oceano seria menor se lhe faltasse uma gota”.
Animador(a): Em um gesto simples, vamos realizar dois
momentos. No primeiro, vamos ouvir uma música, que muitos devem
conhecer.
Música: “Verdades do Tempo” (Thiago Brado). (pode ser
eletrônica.)
Animador(a): No segundo momento, em um gesto de acolhi-
mento, ternura, amizade e celebração, vamos nos abraçar, mas não é
um simples abraço, e sim aquele abraço que nos remeta à “ternura de
Deus”. (Todos se abraçam.)
Animador(a): Como gesto concreto desta semana, iremos abra-
çar mais pessoas: mas abrace pessoas que precisam do seu “olhar de
fé”, pessoas que estão sedentas de atenção, que estejam à margem, pre-
cisando de quem lhes dê atenção. Tenha compaixão!

6. REZANDO AO DEUS DA VIDA


 Rezemos juntos a Benção da Ternura (p. 368).
 Cantemos o Hino da CF 2020 (p. 5). (Sugestão: coloque o hino
tocado ao fundo para que todos possam cantar juntos e assim irão
aprendendo a cantá-lo.)

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5º ENCONTRO
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Um novo olhar

Preparação do ambiente: preparar um ambiente agradá-


vel, com mesa forrada, arranjo de flores, Bíblia, Cartaz da CF 2020
(que precisa ser em um tamanho maior), três velas com castiçais,
fósforo, música “Fala, Senhor” (Márcio Todeschini), imagem maior
(uns 60 cm) de Nossa Senhora, velas para todos os participantes, apa-
relho de som ou caixa bluetooth e Hino da CF 2020.

1. ACOLHIDA
Animador(a): Para começar nosso encontro, vamos, em um
instante de silêncio, nos entregar à ação do Espírito Santo, para que
juntos possamos refletir, partilhar e planejar a partir da Campanha da
Fraternidade. (Um instante de silêncio.)
Rezemos confiantes a Oração do Espírito Santo. Vinde, Espírito
Santo...
(As 3 velas do castiçal deverão estar acesas.)
Animador(a): A proposta de nossos encontros é que possamos,
juntos, conhecer um pouco da CF 2020 e, de uma maneira simples,
como é proposta dessa campanha, perceber que o “olhar de Jesus” pre-
cisa contagiar nosso coração e assim possamos fazer com que o nosso
coração queira “olhar como Jesus”. Estamos no último encontro, apro-
ximando da semana maior de nossa fé, a Semana Santa, e temos certe-
za de que nossos corações têm estado mais em nossas mãos, como nos
ensinou São Camilo de Lellis.
Leitor(a) 1: No nosso último encontro, fizemos um propósito
bem especial: iríamos abraçar algumas pessoas que estivessem preci-
sando de um “olhar de fé”, pessoas sedentas de atenção. Agora quem
quiser partilhe conosco alguma experiência sobre esse propósito.
Faremos de maneira breve para que mais pessoas possam partilhar
também.

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(Esperar manifestações.)
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Animador(a): Que bom é sentir nossos corações batendo em


nossas mãos! Como é especial sentir que podemos fazer algo, mesmo
que simples, mas que pode fazer a diferença para próximo.
Refrão Orante: Onde reina o amor, fraterno amor. Onde rei-
na o amor, Deus aí está. (2x)
Animador(a): “O que fazer para mudar o mundo? Amar. O amor
pode sim vencer o egoísmo” (Santa Dulce dos Pobres). Durante nos-
sos quatro primeiros encontros refletimos sobre o olhar de Jesus, que
nos remete a atitude do samaritano, ou seja, “Viu, sentiu compaixão
e cuidou dele”. Hoje, somos chamados a refletir sobre o nosso olhar,
ou melhor, sobre o nosso novo olhar, que, entendendo a atitude do
samaritano, deseja ardentemente seguir seu exemplo.

2. CONTEMPLANDO A BELEZA DA VIDA


(Colocar o Cartaz da Campanha da Fraternidade 2020 em lugar de
destaque. Se o cartaz for pequeno, providencie um maior, pois os detalhes
serão importantes.)
Leitor(a) 1: Observem, atentamente, o Cartaz da Campanha da
Fraternidade 2020, que, hoje, está em destaque. Vejam com atenção
todos os personagens que estão no cartaz e vamos comentando quem
são eles. (Esperar que as manifestações aconteçam.)
Animador(a): Mas o convite agora é outro: qual desses persona-
gens você acha que te representa bem, ou seja, que você tem algo em
comum com ele? Pense!
(pausa)
Eles são vários, mas a proposta é que sejamos a personagem em
destaque, ou seja, aquela que “viu, se compadeceu e cuidou”, a Santa
dos Pobres, a querida Dulce. Não pensemos na grandeza de sua vida,
que foi de entrega total aos prediletos de Jesus, os pobres e os sofridos,
mas pensemos na possibilidade de olhar nosso próximo com mais
compaixão e poder cuidar dele, mesmo que de uma maneira simples,

364
mas fundamental para a vida dele. Sejamos mais ousados quando se
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tratar de amar nosso próximo.


Leitor(a) 2: “A vida é dom e compromisso”. Intercâmbio de cui-
dado e de ternura. No desejo de redescobrir a esperança que alimenta
vida, própria dos que creem em Cristo, recolhemos alguns conselhos
do Papa Francisco em sua catequese sobre educar para a esperança:
Animador(a): “Onde quer que você esteja, construa! Se você
está caído na terra, levante-se! Não permaneça nunca caído, levante-
-se, deixe-se ajudar para ficar de pé. Se está sentado, coloque-se em
caminho! Se o tédio o paralisa, realize obras de bem! Se se sente vazio
ou desmoralizado, peça que o Espírito Santo possa novamente encher
o teu nada”.
Leitor(a) 1: “Promova a paz em meio aos homens e não ouça a
voz de quem espalha ódio e divisões. Não ouça estas vozes. Os seres
humanos, por mais que sejam diversos uns dos outros, foram criados
para viver juntos. Nos contrastes, paciência: um dia descobrirás que
cada um é depositário de um fragmento de verdade”.
Todos: “Ame as pessoas. Ame-as uma a uma. Respeite o
caminho de todos”.

3. O EVANGELHO DA VIDA
 Canto:
Como são belos os pés do mensageiro / Que anuncia a paz /
Como são belos os pés do mensageiro / Que anuncia o Senhor.
Ele vive, ele reina/Ele é Deus e Senhor
 Evangelho – Jo 13,34-35 (Ler na Bíblia, de forma bem pausada.)
 Perguntas para todos (partilha)
1. Jesus nos oferece o mandamento novo. Por que é tão difícil
segui-lo?
2. Se o amor, tudo desculpa, tudo perdoa, por onde andará o amor
que Jesus nos falou nesse Evangelho?
Leitor(a) 1: O mandamento novo supera todos os outros man-
damentos. Deus e o homem são inseparáveis e é somente amando
365
ao homem que amamos a Deus. Em Jesus, Deus se fez presente no
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homem, tornando-o intocável. Tal mandamento novo gera uma comu-


nidade que oferece uma alternativa de vida digna e liberdade perante
a morte e a opressão.
Leitor(a) 2: O samaritano viveu o mandamento novo, “agiu com
verdadeira misericórdia e foi capaz de assumir a dor do outro proven-
do tudo o que lhe era necessário. Na compaixão não há incertezas, não
se titubeia, não existe indiferença, pois trata-se de ter, em nós, os mes-
mos sentimentos de Cristo (Fl 2,5). Fazer-se próximo sem precon-
ceitos, sem classificação, sem esperar nada em troca. Gratuitamente
amar! Assim nos ensina Jesus” (CF 2020, Texto-Base, p. 48).
Todos: “A vida é essencialmente samaritana!”. Senhor, aju-
de-nos a ver, com novo olhar! Pois, “em todo o tempo, é tempo
de fazer o bem. Para quem vive o mandamento do amor cáritas,
sempre é tempo de cuidar, pois o próximo é quem cuida com
misericórdia”.

4. FATOS DA VIDA
Animador(a): Vamos conhecer um pouco da vida de alguém
que tem mudado muitas outras vidas: você!
Leitor(a) 1: Você! Quem é você? Quando você descobriu seu
valor para Deus? Qual é a sua história diante dos homens e diante de
Deus? O que você traz em si que despertou o olhar do Senhor, que
tem tido compaixão de você, todo o tempo? Quem é você que faz nos-
so Senhor cuidar tanto? Quem é você, meu próximo, que tem cativado
o olhar de Jesus, que tem conquistado sua compaixão e tem recebido
seu cuidado? Você já pensou em quem é você? (pausa)
Leitor(a) 2: Você é o próximo, aquele que traz uma linda história
que tem sido escrita pelo amor e pela misericórdia de nosso amado
Pai. Com certeza, você tem fatos incríveis que, se contados, pessoas
que não conhecem a fé diriam que são apenas coincidências, mas sua
fé te dá a certeza, que nosso Deus zela por você. “Você é obra de Deus,
criatura sua. Ele criou-a à sua imagem, e reflete algo da sua glória. Cada

366
ser humano é objeto da ternura infinita do Senhor, e Ele mesmo habita
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na sua vida” (Papa Francisco). Por isso, viva, ame, sonhe, acredite. E,
com a graça de Deus, nunca se desespere.
Música: Vamos no silêncio ouvir com muita atenção uma
música:
“Fala, Senhor” (Márcio Todeschini).
Animador(a): Sabendo quem é você e ouvindo o que quer falar,
podemos olhar o Cartaz da Campanha da Fraternidade 2020 e ter a
certeza de que podemos nos espelhar na Santa Dulce dos Pobres.

5. A ALEGRIA DE CUIDAR
(A imagem de Nossa Senhora deve estar em um pequeno altar ou
sobre a mesa preparada.)
Animador(a): Durante nossos cinco encontros tivemos as velas
acesas no castiçal, lembrando o Lema “Viu, sentiu compaixão e cui-
dou dele”. Agora, vamos multiplicar essa luz! Cada um irá receber uma
vela e, durante a música, vamos acendê-la e ladear o altar onde está
a imagem daquela que entendeu o verdadeiro sentido de ver, sentir
compaixão e cuidar, Nossa Senhora.
Refrão Orante: Ó luz do Senhor, que vem sobre a terra, inun-
da meu ser, permanece em nós. (2x)
Leitor(a) 1: Voltemos o olhar para aquela que é, para nós, sinal
de esperança segura e consolação, e rezemos juntos:
Todos: “Ó Maria, aurora do mundo novo, / Mãe dos viven-
tes, confiamos-vos a causa da vida: / olhai, Mãe, para o número
sem fim de crianças / a quem é impedido nascer, / de pobres para
quem se torna difícil viver, de homens e mulheres vítimas de inu-
mana violência, de idosos e doentes assassinados pela indiferen-
ça ou por uma falsa compaixão. Fazei com que todos aqueles que
creem no vosso Filho saibam anunciar com desassombro e amor
aos homens do nosso tempo o Evangelho da vida. Alcançai-lhes
a graça de o acolher como um dom sempre novo, a alegria de o
celebrar com gratidão em toda a sua existência, e a coragem para
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o testemunhar com grande tenacidade, para construírem, junta-
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mente com todos os homens de boa vontade, a civilização da ver-


dade e do amor, para louvor e glória de Deus Criador e amante da
vida”. Amém.
Animador(a): Como gesto concreto, vamos levar essa vela
apagada e oferecê-la a alguém que esteja precisando dessa luz. Peça
a pessoa que a acenda em um lugar, onde possa vê-la. Que, quando
você entregar a vela, possa rezar: “Que como Jesus e Santa Dulce dos
Pobres, eu vi, me compadeci e cuidei!”.

6. REZANDO AO DEUS DA VIDA


 Rezemos juntos a Benção da Ternura (p. 368).
 Cantemos o Hino da CF 2020 (p. 5). (sugestão: coloque o hino
tocado ao fundo para que todos possam cantar juntos.)

BENÇÃO DA TERNURA
Animador(a): Ao final deste encontro, rezemos a benção da ter-
nura, que quer nos lembrar que o nosso Deus é terno e nos envolve,
cuidando e ensinando, como nesses encontros.
Leitor(a) 1: Senhor Deus, Pai rico em Misericórdia, com quem
precisamos aprender o verdadeiro sentido da compaixão, iluminai-
-nos através do Dom do Entendimento, para que sejamos capazes de
perceber que o nosso próximo espera e precisa de nós.
Leitor(a) 2: Que a indiferença que vem invadindo a humanidade
seja afastada por nós, para que a sensibilidade inunde nosso ser. Pedi-
mos que as lágrimas brotem em nossos olhos, diante do sofrimento
do nosso próximo, que padece à nossa frente e assim chegue ao nosso
coração a vontade de fazer acontecer algo diferente, através de nossas
mãos, que precisam se estender para aliviar o sofrimento de seus filhos
e filhas, nossos irmãos e nossas irmãs.

368
Todos: Ajude-nos, Senhor, a reconhecer nossa pequenez,
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que às vezes nos oferece a oportunidade de sermos bons samari-


tanos e, em outras vezes, nos coloca à margem precisando da aju-
da de irmãos e irmãs que se fazem nossos bons samaritanos. Que,
iluminados por esta Campanha da Fraternidade, sejamos capazes
de repensar nosso olhar, moldar nosso coração e transformar
nossas atitudes. Amém!
Animador(a): Que o Senhor nos abençoe e nos guarde!
Todos: Amém!
Animador(a): Que o Senhor nos mostre a sua face e nos conce-
da sua graça!
Todos: Amém!
Animador(a): Que o Senhor volva o seu rosto para nós e nos dê
a Paz!
Todos: Amém!
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém!

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INTRODUÇÃO
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Desde sua origem no século IV, estreitamente ligada ao Catecu-


menato de Iniciação à Vida Cristã, a Quaresma configurou-se como
um tempo de recolhimento, purificação e iluminação. É um grande
retiro de toda a comunidade cristã em preparação para a Páscoa, festa
da vida nova e definitiva.
O simbólico número quarenta recorda a caminhada de todo o
povo de Deus pelo deserto, em busca da Terra Prometida, sob a guia
de Moisés. A Terra Prometida, terra da vida abundante, no entanto,
foi para o povo Dom e Compromisso: Deus a deu, mas o povo, agora
guiado por Josué, teve que conquistá-la.
A proposta de um Retiro Popular da Quaresma, hoje, quer ser
um retorno à fontes cristãs para tornar esse rico período em um gran-
de retiro, no qual pessoa, comunidade e sociedade se articulam em
um processo de conversão, em busca da vida plena, Dom de Deus e
Compromisso de todo cristão.
A proposta que aqui fazemos se compõe de:
a. um tempo semanal de oração comunitária, que pode ser feito
na paróquia, na comunidade, na escola, na aldeia, no condomí-
nio, no trabalho, etc. Recomendamos que esse tempo seja re-
alizado na Quarta-feira de Cinzas, em tom de abertura, e nos
Domingos da Quaresma, mas reconhecemos que ele pode tam-
bém ser feito em qualquer dia daquela semana a que se refere
sem prejuízo do retiro, desde que se conjugue com o calendário
de atividades pessoais;
b. dois breves tempos diários (cerca de 10 minutos cada) de oração
pessoal, um pela manhã, em diálogo com a Palavra de Deus, para
fecundar todo o dia; e outro à noite, antes de dormir, para rever
os exercícios e a vivência do retiro quaresmal naquele dia, em um
exame diário da consciência;

371
c. um calendário de atividades e exercícios de santificação para
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todos os dias da Quaresma a ser feito com o máximo empenho


por cada retirante.
Recomendamos vivamente que ao Retiro Popular da Quares-
ma se somem outras iniciativas como o exercício da Via-Sacra de
modo pessoal e comunitário, a participação nos Círculos Bíblicos da
CF 2020, etc.
Não pode faltar, em um retiro, a celebração dos sacramentos da
Eucaristia e da Reconciliação e, ao final deste retiro, as celebrações
da Páscoa. Elas serão a culminância destes exercícios, por isso, ao
iniciar o Retiro Popular da Quaresma, intensifique a sua participa-
ção na Eucaristia, programe a sua Confissão sacramental e como e
onde serão as celebrações do Sagrado Tríduo Pascal. Ele não é o ápice
somente do nosso retiro, mas de toda a vida litúrgica da Igreja.

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1. TEMPO DIÁRIO DE ORAÇÃO PESSOAL
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TODOS OS DIAS:

De manhã:
 Fazer sobre si o sinal da cruz de Cristo, recebido no Batismo, de-
sejando viver todo o dia a partir de Cristo, morto e ressuscitado;
 Pedir as luzes do Espírito Santo para o dia que se inicia e para que
Ele lhe dê o reto conhecimento da Palavra;
 Ler, meditar, orar e contemplar o Evangelho do dia (ver tabela
a partir da p. 378), conforme o método da Leitura Orante da
Bíblia (p. 375-377).

À noite:
 Examinar a própria consciência a partir destas três perguntas:
a. Hoje, o que eu fiz de bom?
b. Em que eu poderia melhorar?
c. Amanhã, o que não posso repetir?
 Em seguida, agradecer a Deus o bem e suplicar sua misericórdia
para o mal feito;
 Por fim, recomendar-se a Nossa Senhora, rezando a Oração do
Papa Francisco a Maria (EG, n. 288):

Virgem e Mãe Maria, do que nunca,


Vós que, movida pelo Espírito, de fazer ressoar a Boa-Nova de Jesus.
acolhestes o Verbo da vida Vós, cheia da presença de Cristo,
na profundidade da vossa fé humilde, levastes a alegria a João, o Batista,
totalmente entregue ao Eterno, fazendo-o exultar no seio de sua mãe.
ajudai-nos a dizer o nosso “sim” Vós, estremecendo de alegria,
perante a urgência, mais imperiosa cantastes as maravilhas do Senhor.

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Vós, que permanecestes firme diante intercedei pela Igreja, da qual sois
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da Cruz com uma fé inabalável, o ícone puríssimo,


e recebestes a jubilosa consolação da para que ela nunca se feche nem
Ressurreição, se detenha
reunistes os discípulos à espera na sua paixão por instaurar o Reino.
do Espírito Estrela da nova evangelização,
para que nascesse a Igreja ajudai-nos a refulgir com o testemu-
evangelizadora. nho da comunhão,
Alcançai-nos agora um novo ardor do serviço, da fé ardente e generosa,
de ressuscitados da justiça e do amor aos pobres,
para levar a todos o Evangelho da para que a alegria do Evangelho
vida que vence a morte.
chegue até aos confins da terra
Dai-nos a santa ousadia de buscar
e nenhuma periferia fique privada
novos caminhos
da sua luz.
para que chegue a todos o dom da
Mãe do Evangelho vivo, manancial
beleza que não se apaga.
de alegria para os pequeninos,
Vós, Virgem da escuta e da
rogai por nós.
contemplação,
Amém!
Mãe do amor, esposa das
núpcias eternas

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2. EVANGELHO DO DIA E EXERCÍCIOS
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DIÁRIOS DE SANTIFICAÇÃO

O Evangelho do dia, lido e meditado por toda a Igreja em sua


liturgia, é para nós o alimento diário da Palavra de Deus que gera em
nós vida nova a cada dia, ao produzir em nós apelos de conversão.
Por isso, durante o Retiro Popular da Quaresma, dedicamo-nos dia-
riamente à Leitura Orante da Palavra, com o Evangelho do dia:

1. Ponha-se em oração:
 Escolha o momento mais propício do dia, quando você não
esteja cheio(a) de tarefas e preocupações, com calor ou frio,
sono ou cansaço;
 Busque um lugar onde possa estar sozinho(a) e sentir-se bem;
 Desligue a TV, o computador e o celular;
 Conecte-se unicamente em Deus;
 Tenha clareza de que este momento é único e diferente de tudo
e concentre-se nele;
 Busque uma posição corporal que lhe ajude na concentração: de
pé, sentado, de joelhos, com as mãos abertas, juntas... Respire
profundamente – uma, duas, três vezes… – tome consciência
de si mesmo(a), da vida que pulsa em si. Procure o seu modo!
Evite, porém, andar ou deitar-se;
 Faça silêncio, acalme-se, suscite em si mesmo(a) o desejo de
ouvir a Palavra de Deus;
 Um fundo musical bem baixinho e uma vela acesa podem ajudar;
 Mas o essencial é ter a Bíblia na mão.

2. Leia o texto:
 Leia o texto com toda a sua atenção;
 Se possível, leia em voz alta;
 Se preciso, leia outra vez;
 Feche a Bíblia e responda à pergunta: O QUE O TEXTO DIZ?

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 Esforce-se por recompor na sua memória tudo que o texto diz,
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palavra por palavra.

3. Medite sobre o texto:


 Procure reconstruir o cenário do texto;
 Coloque-se na cena, experimente participar dela;
 Observando os seus sentimentos, destaque o que mais lhe cha-
mou a atenção;
 Fique atento(a) aos sentimentos que essa palavra, frase ou fato
desperta no mais profundo do seu coração;
 Saboreie interiormente, sempre que algo o(a) atrair ou o(a)
impulsionar;
 Responda à pergunta: O QUE O TEXTO ME DIZ?
 Tente não imaginar coisas por você mesmo(a), mas deixe o Espírito
Santo lhe guiar;
 Preste atenção às suas emoções e sentimentos para perceber a
ação de Deus.

4. Ore com o texto:


 Assumindo uma postura de diálogo, tome consciência de que
aquilo que o texto lhe diz é Palavra de Deus: é Deus mesmo
quem lhe diz, quem fala com você;
 Tendo Deus dito a primeira palavra, agora é a sua vez: responda a Ele;
 Mergulhe em profundidade, fale e escute, louve, peça, pergunte,
dialogue, reflita, relacione-se, silencie;
 Tome o cuidado de não mudar de assunto. Sua palavra é resposta.
É Deus quem conduz a conversa, quem guia nossa oração;
 Responda à pergunta: O QUE O TEXTO ME FAZ DIZER
A DEUS?

5. Contemple a partir do texto:


 Em comunhão com o Mistério de Deus, olhe para o mundo, para
a realidade ao seu redor, ou melhor, para a realidade que parte de
você mesmo(a);
 Contemple-a com os olhos de Deus;

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 Descubra como colocar em prática o que Deus lhe está dizendo;
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 Encontre o que é preciso mudar a partir desse diálogo com Deus;


 Assuma um compromisso concreto de conversão e transformação;
 Responda à pergunta: O QUE O TEXTO ME FAZ FAZER?

6. Retorne ao seu ritmo vital:


 Reze bem baixinho um Pai-Nosso e uma Ave-Maria;
 Abandone a posição orante;
 Apague a vela;
 Desligue a música;
 Deixe claro pra você mesmo(a) que a oração terminou.

7. Avalie e registre seu tempo de oração:


 Registre, em um caderno ou diário, um pouco da sua oração;
 Escreva os trechos da Palavra de Deus, pensamentos, imagens, pa-
lavras, expressões, recordações da vida que foram mais marcantes;
 Escreva os sentimentos que mais apareceram: paz, alegria, con-
fiança, ânimo, coragem, abertura, experiência do sentido da
vida... ou inquietude, angústia, tristeza, desconfiança, desânimo,
fechamento, obscuridade, confusão, irritação...;
 Veja quais foram os apelos, impulsos, desejos, inspirações que
Deus lhe deu;
 Veja quais foram as resistências, medos e repugnâncias diante da
Palavra de Deus e de Deus mesmo a dialogar com você;
 Essas anotações podem ser oportunamente partilhadas com um
diretor espiritual.
As atividades e exercícios de santificação são ações que propo-
mos para serem desenvolvidas e praticadas dia a dia, no retiro, criando
hábitos de fazer o bem e evitar o mal, favorecendo, assim, a conversão
concreta em nossa vida.
No Retiro Popular da Quaresma, siga o calendário abaixo para
encontrar o texto para a Leitura Orante da Palavra de cada dia e o exer-
cício de santificação para cada dia. Empenhe-se diariamente, pois o
dia a dia do Retiro depende desses dois momentos.

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QUINTA, SEXTA E SÁBADO DEPOIS DAS CINZAS:
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Proposta:
Dia Evangelho Exercitar-se no
seguimento de Jesus

Quarta-feira Mt 6,1-6.16-18 Fazer jejum e abstinência


de Cinzas de carne.
(26 de fevereiro)

Quinta-feira Lc 9,22-25 Fazer o firme propósito


depois das Cinzas de renunciar a algum
(27 de fevereiro) apego material e se dispor
a vencer toda forma de
indiferença com as dores
dos outros.

Sexta-feira Mt 9,14-15 Fazer jejum, rezar a


depois das Cinzas Via-Sacra ou participar
(28 de fevereiro) da Procissão da Penitência,
conforme o costume
do lugar.

Sábado Lc 5,27-32 Convidar uma pessoa que


depois das Cinzas esteja afastada da comu-
(29 de fevereiro) nidade a participar da
celebração no Domingo.

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1ª SEMANA DA QUARESMA:
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Proposta:
Dia Evangelho Exercitar-se no
olhar de Jesus

1º Domingo Mt 4,1-11
Visitar uma pessoa idosa
da Quaresma
ou doente.
(1º de março)

Segunda-feira Mt 25,31-46
Separar roupas de bom uso
da 1ª Semana
e doá-las a quem precisa.
(2 de março)

Terça-feira Mt 6,7-15 Rezar durante o dia por uma


da 1ª Semana pessoa ou família que você
(3 de março) conheça e saiba que está
em dificuldade.

Quarta-feira Lc 11,29-32 Fazer penitência: evitar


da 1ª Semana palavras e comentários
(4 de março) desnecessários sobre a
vida das pessoas.

Quinta-feira Mt 7,7-12 Fazer uma boa ação para


da 1ª Semana uma pessoa da sua convi-
(5 de março) vência.

Sexta-feira Mt 5,20-26 Fazer jejum, rezar a Via-Sacra


da 1ª Semana ou participar da Procissão
(6 de março) da Penitência, conforme o
costume do lugar.

Sábado Mt 5,43-48 Perdoar, de coração,


da 1ª Semana pessoas que te ofenderam
(7 de março) ou magoaram.

379
2ª SEMANA DA QUARESMA:
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Proposta:
Dia Evangelho Exercitar-se no com-
prometimento de Jesus

2º Domingo Mt 17,1-9 Fazer contato, através de


da Quaresma uma ligação telefônica, com
(8 de março) uma pessoa que você não vê
há muito tempo.

Segunda-feira Lc 6,36-38 Manifestar, por palavras


da 2ª Semana e gestos, sua gratidão para
(9 de março) com as mulheres que muito
te ajudam no cotidiano.

Terça-feira Mt 23,1-12
Pedir perdão a alguém que
da 2ª Semana
você prejudicou ou ofendeu.
(10 de março)

Quarta-feira Mt 20,17-28
Servir uma pessoa que esteja
da 2ª Semana
precisando.
(11 de março)

Quinta-feira Lc 16,19-31
Doar alimento a uma pessoa
da 2ª Semana
necessitada.
(12 de março)

Sexta-feira Mt 21,33-43.45-46 Fazer jejum, rezar a Via-Sa-


da 2ª Semana cra ou participar da Procis-
(13 de março) são da Penitência, conforme
o costume do lugar.

Sábado Lc 15,1-3.11-32
Ser misericordioso com
da 2ª Semana
os pecados dos outros.
(14 de março)

380
3ª SEMANA DA QUARESMA:
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Proposta:
Dia Evangelho Exercitar-se no
amor de Jesus

3º Domingo Jo 4,5-42 Fazer uma visita ao Santíssimo


da Quaresma Sacramento e rezar pelas inten-
(15 de março) ções do Papa Francisco.

Segunda-feira Lc 4,24-30 Valorizar e estimular uma


da 3ª Semana pessoa que pensa diferente
(16 de março) de você.

Terça-feira Mt 18,21-35 Aceitar o outro como ele


da 3ª Semana é e incentivá-lo a progredir
(17 de março) nas suas virtudes.

Quarta-feira Mt 5,17-19
Evitar julgamentos e críticas
da 3ª Semana
às pessoas difíceis .
(18 de março)

Quinta-feira – São Lc 2,41-51a


José, esposo Corrigir-se de uma injustiça
de Maria cometida.
(19 de março)

Sexta-feira Mc 12,28b-34 Fazer jejum, rezar a Via-Sacra


da 3ª Semana ou participar da Procissão
(20 de março) da Penitência, conforme o
costume do lugar.
Sábado Lc 18,9-14 Reconhecer-se pecador, fazen-
da 3ª Semana do um bom exame de consci-
(21 de março) ência e se preparando para a
confissão antes da Páscoa.

381
4ª SEMANA DA QUARESMA:
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Proposta:
Dia Evangelho Exercitar-se na
compaixão de Jesus

4º Domingo Jo 9,1-41 Visitar um lar de idosos


da Quaresma
ou hospital.
(22 de março)
Segunda-feira Jo 4,43-54 Ser agradecido a Deus e ao
da 4ª Semana próximo por tudo que têm
(23 de março) sido graça divina na sua vida.
Terça-feira Jo 5,1-16 Ser solidário com a dor
da 4ª Semana e o sofrimento de alguém.
(24 de março)
Quarta-feira – Lc 1,26-38 Dedicar o dia para uma
Anunciação oração mais intensa, fazendo
do Senhor uma leitura de fé de todos os
(25 de março) acontecimentos de sua vida.
Quinta-feira Jo 5,31-47 Testemunhar a fé através
da 4ª Semana de algum gesto, palavra
(26 de março) ou mensagens enviadas às
pessoas da sua convivência
(no trabalho e na família).

Sexta-feira Jo 7,1-2.10.25-30 Fazer jejum, rezar a Via-Sacra


da 4ª Semana ou participar da Procissão da
(27 de março) Penitência, conforme
o costume do lugar.
Sábado Jo 7,40-53 Consolar a alguém que esteja
da 4ª Semana
desanimado.
(28 de março)

382
5ª SEMANA DA QUARESMA:
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Proposta:
Dia Evangelho Exercitar-se no
cuidado de Jesus

5º Domingo Jo 11,1-45 Promover um encontro com


da Quaresma as pessoas que muito te aju-
(29 de março) dam e fazer uma oração com
elas e por elas agradecendo
o dom da amizade.
Segunda-feira Jo 8,1-11 Aconselhar, fraternalmente,
da 5ª Semana uma pessoa que esteja no
(30 de março) erro.

Terça-feira Jo 8,21-30
Ter paciência com a fraque-
da 5ª Semana
za do outro.
(31 de março)

Quarta-feira Jo 8,31-42
Dar esmola, com generosi-
da 5ª Semana
dade.
(1º de abril)

Quinta-feira Jo 8,51-59 Se dispor a dar atenção e


da 5ª Semana ouvir demoradamente uma
(2 de abril) palavra.

Sexta-feira Jo 10,31-42 Fazer jejum, rezar a Via-Sacra


da 5ª Semana ou participar da Procissão da
(3 de abril) Penitência, conforme
o costume do lugar.
Sábado Jo 11,45-56 Fazer abstinência das redes
da 5ª Semana sociais por tempo determi-
(4 de abril) nado durante este dia, e aju-
dar nos afazeres domésticos.

383
6ª SEMANA DA QUARESMA:
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Proposta:
Dia Evangelho Exercitar-se na
fidelidade de Jesus

Domingo Mt 21,1-11 Rever todos os exercícios


de Ramos e realizados até aqui e se
da Paixão do dispor a realizar novamente
Senhor (5 de abril) aquilo que foi mais difícil
de fazer.
Segunda-feira Jo 12,1-11 Fazer um projeto de mudan-
da Semana Santa ça de vida para o tempo da
(6 de abril) Páscoa com a motivação de
dar o melhor de si para Jesus
e para o próximo.
Terça-feira Jo 13,21-33.36-38 Fazer uma oferta para as
da Semana Santa obras de caridade da sua
(7 de abril) comunidade.

Quarta-feira Mt 26,14-25 Exercitar-se no desapego


da Semana Santa e rezar agradecido a Deus
(8 de abril) pelos exercícios quaresmais
que você conseguiu realizar.

384
3. TEMPO SEMANAL DE ORAÇÃO COMUNITÁRIA
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QUARTA-FEIRA DE CINZAS
“Ele viu, sentiu compaixão e cuidou dele”
(Lc 10,33-34)

Ambiente: em um pano posto no centro do grupo ou à sua frente,


colocar a Bíblia em destaque, ao seu lado uma vela, o Cartaz da CF 2020,
um prato com cinzas, duas moedas bem visíveis e um vidro de azeite.
Refrão orante: Ele me amou e se entregou por mim! (Frei Luiz Turra)

1. ACOLHIDA
Dirigente: Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
Todos: Amém.
Dirigente: Estamos iniciando hoje o tempo da Quaresma, tempo
de intensa oração, jejum, penitência e conversão. “A Quaresma é tempo
favorável para sairmos de nossa alienação existencial” (CF 2020: Texto-
-Base, n. 16). A Quaresma que iniciamos hoje se estende até a Quinta-
-feira Santa, quando iniciaremos o Sagrado Tríduo Pascal, a maior de
todas as celebrações cristãs, a Páscoa da Ressurreição do Senhor. Desde
as suas origens, a Quaresma é um grande retiro que toda a Igreja, unida,
faz em preparação para a Páscoa, festa da Vida nova e definitiva.
Todos: É isto que queremos fazer: queremos que a nossa
Quaresma seja um grande retiro que nos conduza à festa da Vida,
à Páscoa, à Festa da salvação!

2. PREPARANDO O CORAÇÃO
Dirigente: Como um grande retiro, a Quaresma se caracteriza
por ser um tempo de recolhimento, de mais silêncio para uma maior
atenção aos toques que Deus nos dá por meio de sua Palavra e tam-
bém dos sinais que Ele coloca em nossa vida através dos outros. Neste
ano, um dos sinais que Deus nos dá para orientar nosso retiro de con-
versão quaresmal é a Campanha da Fraternidade.

385
Todos: Fraternidade e Vida! Dom e Compromisso! “Viu,
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sentiu compaixão e cuidou dele” (Lc 10,34-35).


Leitor(a) 1: “A CF é o modo com o qual a Igreja no Brasil viven-
cia a Quaresma (…) A cada ano, um tema é destacado como sinal de
que realmente necessitamos de conversão” (CF 2020: Texto-Base,
apresentação). “Neste ano, somos convidados a olhar, de modo mais
atento e detalhado, para a vida” (CF 2020: Texto-Base, apresentação) e
seus clamores e “a refletir sobre o significado mais profundo da vida e
a encontrar caminhos para que esse sentido seja fortalecido e, algumas
vezes, até mesmo reencontrado” (CF 2020: Texto-Base, apresentação).
Todos: “A vida é dom e compromisso! Seu sentido consiste
em ver, solidarizar-se e cuidar. Não se pode viver a vida passan-
do ao largo das dores dos irmãos e irmãs” (CF 2020: Texto-Base,
apresentação).
Leitor(a) 2: Dois ícones nos ajudarão nesta Quaresma: 1) o
Bom Samaritano (Lc 10,25-37) e 2) Santa Dulce dos Pobres. Auxi-
liados por eles, queremos valorizar a vida a partir da convocação de
Jesus: “Vai tu e faze o mesmo” (Lc 10,37) e do exemplo do Anjo Bom
da Bahia, que doou sua vida inteira no cuidado da vida mais despro-
tegida e frágil.
Todos: “Dulce dos Pobres, mulher frágil no corpo, mas for-
taleza peregrina pelas terras de São Salvador da Bahia. Dulce,
presença inquestionável do amor de Deus pelos pobres e sofre-
dores. Dulce, incansável peregrina da caridade e da fraternidade.
Dulce, testemunho irrefutável de que a vida é dom e compromis-
so. Dulce, que via, se compadecia e cuidava. Dulce, intercede por
nós no céu” (CF 2020: Texto-Base, apresentação).
Leitor(a) 3: Neste tempo de conversão, iluminados pela Palavra
e pelo testemunho dos santos, vamos nos dedicar a um intenso reti-
ro, vamos transformar nossa Quaresma em um grande retiro. Por isso,
além da participação na Celebração (eucarística) dominical, precisa-
remos dedicar um tempo à oração em comum toda semana, pois nele
encontraremos a guia e a motivação para viver nossa semana de retiro.
386
Além disso, precisaremos dedicar dois tempos diários à oração pesso-
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al: um pela manhã, ao despertar, para deixar a Palavra de Deus guiar-


-nos ao longo do dia e outro à noite, antes de dormir, para examinar
nosso dia, avaliá-lo e confiá-lo à Virgem Mãe de Deus e da Igreja. Tere-
mos ainda um exercício diário de santificação que deveremos cumprir
fielmente para sermos, a cada dia, homens e mulheres melhores, mais
parecidos com Cristo e assim estarmos mais e mais a serviço da vida,
que é dom e compromisso.
Todos: (cantando) Ó, vem conosco, vem caminhar! Santa
Maria vem! (bis)

3. ACOLHENDO A PALAVRA
Dirigente: Em meio aos inúmeros e ricos textos bíblicos que
a Quaresma nos apresenta, um deles é destacado pela Campanha da
Fraternidade deste ano, tornando-se referência para tudo o que vier-
mos a rezar, refletir e fazer. Vamos aclamá-lo:
Todos: Eu vim para escutar tua Palavra, tua Palavra, tua
Palavra de amor! Eu gosto de escutar tua Palavra, tua Palavra,
tua palavra de amor!
Evangelho: Lucas 10,25-37.
(Após proclamação da leitura, segue-se um momento de silêncio para
interiorização.)
Todos: Eu quero entender melhor tua Palavra, tua Palavra,
tua Palavra de amor!

Meditação:
1. O que devo fazer para entrar na vida eterna? É a pergunta do dou-
tor da Lei que dá origem à parábola. Nós também estamos real-
mente interessados na vida eterna ou queremos apenas aprovei-
tar a vida, o hoje, o agora, sem nos preocuparmos com o futuro,
com a salvação, com a eternidade? A Quaresma, este nosso retiro,
é um tempo oportuno para recolocar na pauta da nossa vida a
387
Vida Eterna: esta vida que é dom de Deus e compromisso nosso
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e que durará para sempre se, vencendo o egoísmo, a vivermos


para os outros.
2. Quem é o meu próximo? É a nova pergunta do doutor da Lei a Jesus,
após ouvir a sua parábola. “O próximo não é apenas alguém com
quem possuímos vínculos, mas todo aquele de quem nos apro-
ximamos” (CF 2020: Texto-Base, n. 8). Quem são os nossos
próximos? “A fé leva necessariamente à ação, à fraternidade e à
caridade” (CF 2020: Texto-Base, n. 8). Tem sido assim conosco?
Nossa fé é operosa? Ou vivemos anestesiados diante dos outros
e do mundo? Nossa fé é energia ou anestesia? Somos capazes de
compaixão e de proximidade?
3. “Vai tu e faze o mesmo” (Lc 10,37). É o mandamento final de
Jesus nesta parábola. Estamos dispostos, no início desta Quares-
ma, a deixar que Jesus nos tire da indiferença e nos ponha em
ação, nos ponha a serviço da vida daqueles que mais necessitam?
“É precisamente tocando, no miserável, a carne de Jesus crucifi-
cado que o pecador pode receber, como dom, a consciência de
ser ele próprio um pobre mendigo”.1

Canto: O mundo ainda vai viver tua Palavra, tua Palavra, tua
Palavra de amor!

4. REZANDO O QUE OUVIMOS


Dirigente: Pensando na Quaresma como tempo de conver-
são e na proposta da CF 2020 de valorizar a vida em nós e ao nosso
redor, vamos ouvir a canção “A lista” do cantor e compositor brasileiro
Oswaldo Montenegro:2

1 FRANCISCO. Mensagem para a Quaresma de 2015. In: CF 2020: Texto-Base, n. 18.


2 Uma boa interpretação, do próprio Oswaldo Montenegro, você encontra na página: https://
www.youtube.com/watch?v=2cfvBNnL0o4&list=RD2cfvBNnL0o4&startradio=1&t=31

388
Faça uma lista de grandes amigos Quantas mentiras você condenava
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Quem você mais via há dez anos atrás Quantas você teve que cometer
Quantos você ainda vê todo dia Quantos defeitos sanados com o tempo
Quantos você já não encontra mais Eram o melhor que havia em você
Faça uma lista dos sonhos que tinha Quantas canções que você não cantava
Quantos você desistiu de sonhar Hoje assobia pra sobreviver
Quantos amores jurados pra sempre Quantas pessoas que você amava
Quantos você conseguiu preservar Hoje acredita que amam você
Onde você ainda se reconhece Faça uma lista de grandes amigos
Na foto passada ou no espelho de agora Quem você mais via há dez anos atrás
Hoje é do jeito que achou que seria Quantos você ainda vê todo dia
Quantos amigos você jogou fora Quantos você já não encontra mais
Quantos mistérios que você sondava Quantos segredos que você guardava
Quantos você conseguiu entender Hoje são bobos ninguém quer saber
Quantos segredos que você guardava Quantas pessoas que você amava
Hoje são bobos ninguém quer saber Hoje acredita que amam você.

5. A PALAVRA SE TRANSFORMA EM ORAÇÃO


[O dirigente conduz os retirantes à página 375 e explica a proposta
de oração cotidiana com a Palavra (Leitura Orante da Palavra) e o texto
que deverá ser rezado a cada dia desta semana.]

6. A PALAVRA SE TORNA AÇÃO E SANTIFICAÇÃO


(Faz o mesmo na página 378, com o Calendário de atividades e exer-
cícios de santificação e nele o exercício para cada dia desta semana.)
Canto final: Hino da CF 2020 (p. 5)

389
7. UMA REFLEXÃO PARA A SEMANA:
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Começamos a nascer de novo, quando o Espírito Santo nos dá


olhos para ver os outros não apenas como nossos vizinhos (o que já
é muito), mas como nosso próximo. Ver os outros como próximo.
O Evangelho diz que uma vez perguntaram a Jesus: “Quem é meu
próximo?” (Lc 10, 29). Não respondeu com teorias, nem fez um
discurso lindo e elevado, mas usou uma parábola – a do Bom Sama-
ritano – um exemplo concreto de vida real que todos vós conheceis
e viveis muito bem. O próximo é sobretudo um rosto que encontra-
mos ao longo do caminho e pelo qual nos deixamos mover e como-
ver: mover dos nossos planos e prioridades e comover intimamente
por aquilo que vive aquela pessoa, para lhe dar lugar e espaço na
nossa caminhada. Assim entendeu o Bom Samaritano ao ver aquele
homem que fora deixado meio morto, na beira da estrada, não só
por alguns bandidos, mas também pela indiferença de um sacerdote
e um levita que não tiveram a coragem de ajudar; pois a indiferença
também fere e mata! Uns por umas míseras moedas, outros pelo
medo de se contaminar, por desprezo ou aversão social, não tiveram
dificuldade em deixar aquele homem caído na estrada. O Bom Sama-
ritano, como todas as vossas casas, mostram-nos que o próximo é,
antes de tudo, uma pessoa, alguém com um rosto concreto e real,
e não qualquer coisa a ser deixada para trás ou ignorada, seja qual
for a sua situação. É um rosto que revela a nossa humanidade tantas
vezes atribulada e ignorada.
O próximo é um rosto que incomoda maravilhosamente a vida,
porque nos lembra e coloca na estrada daquilo que é verdadeira-
mente importante, livrando-nos de banalizar e tornar supérfluo o
nosso seguimento do Senhor.
Estar aqui é tocar o rosto silencioso e materno da Igreja, que é capaz
de profetizar e criar casa, criar comunidade; o rosto da Igreja, que
normalmente não se vê e passa despercebido, mas é sinal da miseri-
córdia e ternura concreta de Deus, sinal vivo da Boa-Nova da Res-
surreição que hoje atua na nossa vida.

390
Criar “casa” é criar família; é aprender a sentir-se unido aos outros,
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sem olhar para vínculos utilitaristas ou funcionais, de modo que


nos faz sentir a vida um pouco mais humana. Criar casa é permitir
que a profecia encarne e torne as nossas horas e dias menos rudes,
indiferentes e anônimos. É criar laços que se constroem com ges-
tos simples, diários e que todos podemos realizar. Como todos
sabemos muito bem, uma casa precisa da colaboração de todos.
Ninguém pode ficar indiferente ou alheio, porque cada qual é uma
pedra necessária na sua construção. Isso implica pedir ao Senhor
que nos conceda a graça de aprender a ter paciência, aprender a
perdoar-nos; aprender cada dia a recomeçar. E quantas vezes temos
de perdoar e recomeçar? Setenta vezes sete, todas as vezes que for
necessário. Criar relações fortes requer a confiança, que se alimenta
diariamente de paciência e perdão.
Desse modo se concretiza o milagre de experimentar que, aqui, se
nasce de novo; aqui todos nascemos de novo, porque sentimos a
eficácia da carícia de Deus que nos permite sonhar o mundo mais
humano e, consequentemente, mais divino.

Papa Francisco
Lar O Bom Samaritano – lar que acolhe
enfermos com HIV e Aids
Panamá, 27 de janeiro de 2019

391
1ª SEMANA
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“Jesus foi conduzido ao deserto pelo


Espírito, para ser tentado pelo diabo”
(Mt 4,1)

Ambiente: Cruz, figuras de um deserto, de pedras, pães, monta-


nhas, dinheiro e Cartaz da CF 2020. Em destaque: Bíblia.
Refrão orante: Misericórdia, Senhor, misericórdia! (bis) /
Senhor, escuta o lamento. E tem de nós compaixão. Ao povo dá novo
alento, A tua graça e perdão (CNBB – Campanha da Fraternidade).

1. ACOLHIDA
Dirigente: Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
Todos: Amém.
Dirigente: Estimados irmãos e irmãs em Cristo, sejam todos
bem-vindos a este nosso momento em que faremos uma profunda
experiência de abandonar-nos no coração misericordioso de Deus
através deste exercício espiritual, que vai nos preparar para bem cele-
brarmos as alegrias pascais dentro de nossas comunidades.
Todos: Queremos, através destes exercícios espirituais, ama-
durecer na fé e ser mais corajosos no serviço e na missão, sendo
um verdadeiro “Dom e Compromisso” para a vida eclesial.

2. PREPARANDO O CORAÇÃO
Dirigente: Queridos irmãos e irmãs, estamos na primeira sema-
na da Quaresma. Tempo propício para fazermos uma caminhada de fé,
pautada na oração, no jejum e nas práticas de caridade. A Quaresma é
o grande retiro que todos nós somos chamados a percorrer. Por vezes,
pela correria do nosso dia a dia ou pela nossa falta de comprometi-
mento com a nossa fé, deixamos esta oportunidade passar desperce-
bida em nossa caminhada e não a aproveitamos para sermos tocados e

392
transformados pela graça de Deus, que utiliza destes momentos para
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nos fortalecer.
Todos: Senhor, perdoai-nos pela falta de comprometimen-
to com a nossa fé. E ajudai-nos, através destes exercícios, a nos
fortalecer neste bom propósito de caminharmos rumo às ale-
grias da Ressurreição.
Leitor(a) 1: Nesta semana, somos convidados a buscar os deser-
tos da nossa interioridade. O deserto é o lugar do silêncio, da oração,
da solidão; é também o lugar da liberdade em que o homem é coloca-
do diante dos seus maiores dramas existenciais. Por vezes, não gosta-
mos dos desertos que são propostos para a nossa caminhada. Fugimos
dos momentos de solidão, pois não estamos preparados para fazer o
encontro com o nosso próprio ser. Peçamos a graça de buscar, ao lon-
go deste tempo intenso, a graça de vivermos o silêncio e a escuta.
Todos: Silêncio, ó Silêncio! Deus nos fala ao coração! (Silêncio
– Frei Luiz Turra)
Leitor(a) 2: No deserto de nossa existência, somos tentados a
nos deparar com as nossas limitações e misérias. “Jesus Cristo vai para
o deserto para ser tentado, para participar nas tentações do seu povo
e do mundo, para carregar a nossa miséria, para vencer o inimigo e,
assim, nos abrir o caminho da terra prometida” ( Joseph Ratzinger, na
obra: O caminho pascal). É necessário fazermos também o caminho do
deserto e ali enfrentarmos as tentações e darmos uma resposta segura
e firme das nossas escolhas mediante a fé que professamos.
Todos: Senhor, dai-nos coragem para estarmos abertos à pro-
posta que Deus nos faz e preparados para testemunhar, com a nossa
vida, em palavras e ações concretas, o que estamos meditando.
Leitor(a) 3: “A Quaresma, que é o caminho do povo de Deus
rumo à Páscoa, um caminho de conversão, de luta contra o mal com
as armas da oração, do jejum e das obras de caridade” (Papa Francisco,
Angelus, 5 de março de 2017). Em nosso país, além daquilo que
a Igreja nos propõe, temos feito uma bonita experiência com a CF.

393
Neste ano, somos chamados a voltar o nosso olhar e refletirmos sobre
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o tema “Fraternidade e Vida: Dom e Compromisso”. Quando fazemos


a reflexão no nosso deserto, percebemos que muitas vezes um dos
grandes pecados que temos é quando deixamos o outro em um lugar
à parte em nossas vidas, sem fazermos aquela bonita experiência da
fraternidade. E mais dura ainda é a realidade que, por vezes, deixamos
o irmão caído sem nenhuma ajuda, por medo de nos comprometer
com a vida dele, assim como fez o sacerdote e o levita (Lc 10,25-37).
Todos: Senhor, ajudai-nos a romper com as estruturas exis-
tentes em nós que não nos ajudam a enxergar que a vida é um
dom precioso.

3. ACOLHENDO A PALAVRA
Aclamação: Glória e louvor a vós, ó Cristo! (bis) / O homem não
vive somente de pão, Mas de toda a palavra da boca de Deus! (Eurivaldo
S. Ferreira – CF 2011: CD)
Evangelho: Mateus 4,1-11.
(Após proclamação da leitura, segue-se um momento de silêncio para
interiorização.)

Meditação:
1. A Palavra foi proclamada, passando pelos nossos ouvidos e en-
contrando lugar em nossos corações. A semente quando é plan-
tada em terreno fértil, logo germina e produz fruto. Vamos par-
tilhar um pouco sobre aquilo que escutamos. Partilhando, um
poderá enriquecer o outro. Essa partilha é como um adubo or-
gânico que colocamos no terreno em que foi plantada a semen-
te para fortificar o fruto que dali brotará. Como lidamos com o
deserto em nossas vidas?
2. “Jejuando quarenta dias no deserto, Jesus consagrou a obser-
vância quaresmal. Desamarrando as ciladas do antigo inimigo,
ensinou-nos a vencer o fermento da maldade” – assim nos diz

394
o Prefácio da Oração Eucarística deste Domingo, assim sendo
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como temos vivenciado as práticas de oração, penitência e jejum?


Temos feito algum propósito? Se ainda não, como podemos con-
cretizar isso? Já que estamos na primeira semana da Quaresma.
3. A experiência deste grande retiro que é a Quaresma colabora
para que tenhamos uma boa caminhada de preparação para vi-
vermos as alegrias pascais. No entanto, como podemos ajudar
concretamente aqueles que ainda não estão se preparando para
viver intensamente este momento?

4. REZANDO O QUE OUVIMOS

O Silêncio (por Angelus Silesius)


(José Tolentino Mendonça)
Deus ultrapassa tudo só a alcança
nada se pode dizer a prece do teu silêncio
a tua oração seja Ninguém fala menos do que Deus
a prece do silêncio em nenhum tempo, em nenhum
Cala-te, cala-te, dileto lugar
aprende ainda a calar A Palavra que Deus pronuncia
A prodigalidade de Deus é silêncio.

5. A PALAVRA SE TRANSFORMA EM ORAÇÃO


(Verifique, na página 375, a proposta de oração cotidiana com a Pala-
vra e o texto que deverá ser rezado a cada dia desta semana.)

6. A PALAVRA SE TORNA AÇÃO E SANTIFICAÇÃO


(Veja, na página 379, o Calendário de atividades e exercícios de san-
tificação e nele o exercício para cada dia desta semana.)

Canto final: Hino da CF 2020 (p. 5)

395
7. UMA REFLEXÃO PARA A SEMANA:
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Queridos irmãos e irmãs, bom dia!


Neste Primeiro Domingo de Quaresma, o Evangelho introduz-nos
no caminho rumo à Páscoa, mostrando Jesus que permanece por qua-
renta dias no deserto, submetido às tentações do diabo (Mt 4,1-11).
Este episódio coloca-se em um momento específico da vida de
Jesus: imediatamente depois do Batismo no rio Jordão e antes do
ministério público. Ele acabou de receber a solene investidura: o
Espírito de Deus desceu sobre Ele, o Pai do céu declarou-o “Meu
Filho muito amado” (Mt 3,17). Jesus já está pronto para iniciar a
sua missão; e dado que ela tem um inimigo declarado, ou seja, Sata-
nás, Ele enfrenta-o imediatamente, “corpo a corpo”. O diabo recor-
re precisamente ao título de “Filho de Deus” para afastar Jesus do
cumprimento da sua missão: “Se tu és o Filho de Deus...”, repete
(v. 3.6), e propõe-lhe que faça gestos milagrosos — que seja “fei-
ticeiro” — como por exemplo, transformar as pedras em pão para
saciar a sua fome, e lançar-se abaixo dos muros do templo para ser
salvo pelos anjos. A essas duas tentações, segue-se a terceira: adorar
a ele, o diabo, para ter o domínio sobre o mundo (v. 9).
Mediante essa tríplice tentação, Satanás quer desviar Jesus do cami-
nho da obediência e da humilhação — porque sabe que assim, por
essa via, o mal será derrotado — e levá-lo pelo falso atalho do suces-
so e da glória. Mas as flechas venenosas do diabo são todas “detidas”
por Jesus com o escudo da Palavra de Deus (v. 4.7.10.), que exprime
a vontade do Pai. Jesus não profere qualquer palavra própria: res-
ponde somente com a Palavra de Deus. E assim, o Filho, repleto da
força do Espírito Santo, sai vitorioso do deserto.
Durante os quarenta dias da Quaresma, como cristãos somos con-
vidados a seguir os passos de Jesus e a enfrentar o combate espiri-
tual contra o Maligno com a força da Palavra de Deus. Não com a
nossa palavra, não serve. A Palavra de Deus: ela tem a força para
derrotar Satanás. Por essa razão, é necessário familiarizar-se com a
Bíblia: lê-la frequentemente, meditá-la, assimilá-la. A Bíblia contém
a Palavra de Deus, que é sempre atual e eficaz. Alguém disse: o que

396
aconteceria se tratássemos a Bíblia como tratamos o nosso celu-
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lar? Se a trouxéssemos sempre conosco, ou pelo menos o peque-


no Evangelho de bolso, o que aconteceria? Se voltássemos atrás
quando o esquecemos: se te esqueces do celular — oh, não o tenho,
volto atrás para o procurar; se a abríssemos várias vezes por dia; se
lêssemos as mensagens de Deus contidas na Bíblia como lemos as
mensagens do celular, o que aconteceria? Obviamente, a compara-
ção é paradoxal, mas faz refletir. Com efeito, se tivéssemos sempre a
Palavra de Deus no coração, nenhuma tentação poderia afastar-nos
de Deus e nenhum obstáculo nos poderia fazer desviar do caminho
do bem; saberíamos vencer as insinuações cotidianas do mal que
está em nós e fora de nós; seríamos mais capazes de levar uma vida
ressuscitada segundo o Espírito, acolhendo e amando os nossos
irmãos, especialmente os mais débeis e necessitados, e também os
nossos inimigos.
A Virgem Maria, ícone perfeito da obediência a Deus e da confiança
incondicional à sua vontade, nos sustente no caminho quaresmal,
para que nos coloquemos à escuta dócil da Palavra de Deus, a fim
de realizar uma verdadeira conversão do coração.

Papa Francisco,
Angelus, 5 de março de 2017

397
2ª SEMANA
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“Levantai-vos, não tenhais medo”


(Mt 17,7)

Ambiente: Bíblia, velas, recortes de imagens que retratam cenas


cotidianas de alegria e tristeza e o Cartaz da CF 2020.
Refrão orante: Deus é amor, arrisquemos viver por amor / Deus
é amor, Ele afasta o medo! (Deus é amor – Taizé)

1. ACOLHIDA
Dirigente: Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
Todos: Amém.
Dirigente: Queridos irmãos e irmãs, continuamos a nossa cami-
nhada neste grande deserto quaresmal, para reencontramos com
Deus, conosco e com os irmãos e irmãs, e assim ressuscitar para uma
vida nova. No início da nossa viagem, certamente a bagagem estava
pesada. Mas, no caminho, alimentando-nos da Palavra, estamos des-
cobrindo que não é preciso levar muita coisa. Pelo contrário, é preci-
so abandonar o que nos pesa e que nos impede de avançar. Basta um
coração aberto para viver a experiência de encontro com o Senhor,
que preenche os vazios de nossa existência e nos tira todo o medo.
Dessa forma, subindo a montanha para estar com Ele, desejamos viver
uma experiência penitencial profunda e transformadora, repleta de
esperança e coragem, que nos permita proclamar a uma só voz:
Todos: “O Senhor é minha luz e minha salvação: de quem
terei medo? O Senhor é o refúgio da minha vida: diante de quem
tremerei?” (Sl 26,1).

2. PREPARANDO O CORAÇÃO
Leitor(a) 1: O medo paralisa nossos corações e nossas ações
e impede que a graça de Deus opere plenamente em nossa história.

398
Somos levados a tirar nossos olhos do Senhor e de sua imensa mise-
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ricórdia e a duvidar da sua ação em nossas vidas. Paramos estáticos e


amedrontados frente a tantas situações, sonhos e projetos, pois dei-
xamos de acreditar em Deus e, consequentemente, em nós também.
A confiança, traduzida em resposta da fé, é o remédio salutar para
nos afastar do medo. Viver imersos no medo nos fecha às maravilhas
de Deus em nossas vidas. A resposta a tais situações deve ser sempre
aquela de Maria:
Todos: “Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segun-
do a tua palavra!” (Lc 1,38).
Leitor(a) 2: Mas há um risco. Seja como Moisés, que considerou sua
dificuldade de se comunicar como um obstáculo à sua missão (Ex 4,10), seja
como Pedro, que vacilou por várias vezes e que duvidou da força da palavra
de Jesus quando ordenou que ele andasse sobre as águas (Mt 14,28-31),
também nós podemos, diante da missão, sermos tomados de temor e tre-
mor. Entretanto, assim como para os dois personagens, Deus nos assegura:
“Eu estarei contigo!” (Ex 3,12), “não tenhais medo!” (Lc 5,10). Portan-
to, no coração do discípulo não deve existir espaço para a insegurança e
o medo. Ainda que surjam as dificuldades – e certamente surgirão muitas
–, nosso coração deve ser um terreno fértil onde a esperança, aquela que
jamais decepciona (Rm 5,5), pode ser plantada e venha a florescer.
Todos: “No Senhor nós esperamos confiantes, porque ele é
nosso auxílio e proteção!” (Sl 32).
Leitor(a) 3: Jesus andou por toda a parte fazendo o bem, curando,
pregando o Reino, tocando as pessoas, transformando vidas (At 10,38).
Seu ministério se realiza no caminho, e Ele tem pressa em chegar às
pessoas. O verdadeiro discípulo jamais pode se acomodar. Não pode-
mos ser “missionários de poltrona”, como nos alerta o Papa Francisco.
Aqueles que fazem a experiência do encontro com Jesus devem, como
Ele mesmo, se colocar a caminho; assim como Maria, Mãe e Discípu-
la, que se dirigiu “apressadamente” para colocar-se a serviço de Isabel
(Lc 1,39). Não se trata de mergulhar em um ativismo pastoral,
como fazem algumas pessoas e que logo se cansam, mas de assumir

399
radicalmente a missão de anunciar a Boa-Nova a todos, confiantes de
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que ao nosso lado está Aquele que nos chamou e enviou.


Todos: Caminheiro, você sabe: não existe caminho. Passo a
passo, pouco a pouco, e o caminho se faz.
Dirigente: Vivendo a liturgia da terceira semana da Quaresma,
queremos subir a montanha para estreitar nossa relação com o Senhor.
Ao vê-lo transfigurado, sinal da glória que brilhará em sua Ressurrei-
ção, somos iluminados pela esperança que brota do amor de Deus:
Ele, que é misericórdia e se revela aos homens. Dissipar o medo e assu-
mir de pé, em prontidão, a missão é resposta natural daqueles que se
deixam tocar pela luz do Transfigurado.

3. ACOLHENDO A PALAVRA
Aclamação: Que a Palavra esteja em minha boca, a Tua Palavra!
Para anunciar ousadamente o Evangelho, o mistério do Evangelho!
(O Mistério do Evangelho – CD Chamaste-me, Senhor!)
Evangelho: Mateus 17,1-9.
(Após proclamação do Evangelho, segue-se um momento de silêncio
para interiorização.)

Meditação:
1. O convite para subir a montanha aponta que existe um lugar para
o conhecimento do Cristo e que Ele nos convida, como aos após-
tolos, a estar com Ele. No encontro com Ele, acontece o trans-
bordamento do amor de Deus, que afasta todo o medo e acalma
o nosso coração. Nossa experiência de fé nos tem conduzido a
momentos de recolhimento, de intimidade com Deus e de paz?
Em se tratando de nossos momentos de oração e das celebrações
litúrgicas nas quais participamos, conseguimos fazer essa experi-
ência de retiro e de silêncio, que preenche todo nosso ser a ponto
de dizer: “Senhor, é bom estarmos aqui!” (Mt 17,4)?
2. A Transfiguração, testemunhada por Pedro, Tiago e João, é a reve-
lação prévia da vida plena que espera Jesus e a todos nós depois

400
da Ressurreição, para animar os apóstolos e a nós a enfrentarmos
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as cruzes da história sem desanimarmos da plenitude da vida


que Deus preparou para nós. Como nos comportamos diante da
cruz? Desesperamos, desanimamos, desistimos? Hoje, Jesus já
não precisa se transfigurar diante de nós, pois já o conhecemos
ressuscitado e, assim, Ele mesmo é a garantia da nossa vida plena
e eterna. Cremos nisto? Deixamos a Ressurreição atrair a nossa
vida para a certeza da plenitude?
3. A experiência gloriosa da Transfiguração é interrompida por uma
ordem: “Levantai-vos!”. Ao longo da história da salvação, muitos
homens e mulheres foram convidados a levantarem-se para pe-
gar a estrada, deixando tudo para trás em nome de algo maior, o
reinado de Deus. Foi assim com Abraão, com os apóstolos e deve
ser também conosco. O tempo quaresmal nos convida a sair da
rotina da vida, na qual estamos confortavelmente instalados, e a
comunicar aos outros a alegria do Evangelho. O que ainda nos
impede de levantar e de assumir a nossa missão?

4. REZANDO O QUE OUVIMOS

Luz sem Sombras (Benjamín González Buelta, SJ)


És a luz, mas não uma luz de sol A abóbada que te encobre em nossa
Que banha as criaturas nas margens noite temerosa.
da pele. Toda luz cria sombras,
Não és a luz que deslumbra os olhares, Mas tu és luz que as dissipa.
Nem com seu fulgor dilui todo vivente. Tantas criaturas bebem ansiosas a
Tu és a luz que nos faz visíveis desde cada noite
dentro, Sua ração de luzes passageiras em
Amanheces a cada dia no interior taças seduzidas!
dos corpos Quando eu as olhar, brilhar-lhes-á
Pelo oriente infinito de nosso desejo, em meus olhos
Acendes toda criatura e tornas O reflexo amigo que tua luz, de sua luz,
transparente Que as habita e desconhecem?

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5. A PALAVRA SE TRANSFORMA EM ORAÇÃO
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(Verifique, na página 375, a proposta de oração cotidiana com a Pala-


vra e o texto que deverá ser rezado a cada dia desta semana.)

6. A PALAVRA SE TORNA AÇÃO E SANTIFICAÇÃO


(Veja, na página 380, o Calendário de atividades e exercícios de san-
tificação e nele o exercício para cada dia desta semana.)

Canto final: Hino da CF 2020 (p. 5)

7. UMA REFLEXÃO PARA A SEMANA:


(...) A subida dos discípulos ao monte Tabor leva-nos a refletir acer-
ca da importância de nos desapegarmos das coisas mundanas, a fim
de fazer um caminho rumo ao alto e contemplar Jesus. Trata-se de
nos pormos à escuta atenta e orante de Cristo, o Filho amado do
Pai, procurando momentos de oração que permitem o acolhimento
dócil e jubiloso da Palavra de Deus. Nessa ascensão espiritual, nesse
afastamento das coisas mundanas, somos chamados a redescobrir
o silêncio pacificador e regenerante da meditação do Evangelho,
da leitura da Bíblia, que leva rumo a uma meta rica de beleza, de
esplendor e de alegria. E quando nos colocamos assim, com a Bíblia
na mão, em silêncio, começamos a sentir essa beleza interior, essa
alegria que a Palavra de Deus gera em nós. (...)
No final da admirável experiência da Transfiguração, os discípulos
desceram do monte (Mt 17,9) com os olhos e o coração transfi-
gurados pelo encontro com o Senhor. É o percurso que podemos
realizar também nós. A redescoberta cada vez mais viva de Jesus não
constitui um fim em si, mas induz-nos a “descer do monte”, restau-
rados pela força do Espírito divino, para decidir novos passos de
conversão e para testemunhar constantemente a caridade, como lei
de vida diária. Transformados pela presença de Cristo e pelo fer-
vor da sua Palavra, seremos sinal concreto do amor vivificador de
Deus por todos os nossos irmãos, sobretudo por quem sofre, pelo
que se encontram na solidão e no abandono, pelos doentes e pela

402
multidão de homens e mulheres que, em diversas partes do mundo,
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são humilhados pela injustiça, pela prepotência e pela violência.


Na Transfiguração, ouve-se a voz do Pai que diz: “Este é meu filho
amado, no qual está o meu agrado. Escutai-o!” (Mt 17,5). Olhe-
mos para Maria, a Virgem da escuta, sempre pronta para acolher e
guardar no coração cada Palavra do Filho divino (Lc 1,51). Queira
a nossa Mãe e Mãe de Deus ajudar-nos a entrar em sintonia com
a Palavra de Deus, de modo que Cristo se torne luz e guia de toda
a nossa vida.

Papa Francisco,
Angelus, 6 de agosto de 2017

403
3ª SEMANA
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“Senhor, dá-me dessa água...” (Jo 4,15)


Ambiente: Cruz, vela, jarro de barro ou balde com água e Cartaz
da CF 2020.
Refrão orante: De noite iremos, de noite iremos buscar a fonte
/ Só nossa sede nos guia, só nossa sede nos guia (De noite – Taizé).

1. ACOLHIDA
Dirigente: Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
Todos: Amém.
Dirigente: Queridos irmãos e irmãs, mais uma vez nos encontra-
mos para o nosso tempo semanal de oração comunitária neste grande
retiro quaresmal. Nesta caminhada, preparando a Festa da Páscoa do
Senhor, vamos pouco a pouco rasgando nossos corações, atentos ao
apelo que o próprio Deus nos faz ( Jl 2,12-13). Assim, sob uma dimen-
são penitencial e batismal, somos chamados a renovar e intensificar
a vivência do nosso Batismo, mediante a escuta atenta da Palavra de
Deus e uma insistente conversão.
Todos: “É agora o momento favorável, é agora o dia da salva-
ção” (2Cor 6,2).

2. PREPARANDO O CORAÇÃO
Leitor(a) 1: A água, no conjunto da criação, é um dos recursos
naturais mais necessários à vida. Nosso corpo é composto de 70 a 75%
de água. É simplesmente impossível viver sem ela. Não bastasse sua
importância fisiológica, existe também uma importância simbólica da
água. Para diferentes culturas, a água é sinal de plenitude de todas as
possibilidades, início primordial de todo o ser, força de purificação e
renovação corporal, psíquica e espiritual, fonte da juventude, fertilida-
de, vida, eternidade.3

3 BECKER, Udo. Água. In: Dicionário de símbolos. São Paulo: Paulus, 1999, p. 10-14.

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Todos: Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã água!
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Leitor(a) 2: Para o povo de Israel, a água também tinha um valor


muito especial. Ainda que a média de chuva na Palestina fosse suficien-
te para a agricultura, o país tinha, e ainda tem, falta de rios, de correntes
de água perene e de lagos. A Bíblia demonstra uma clara consciência do
valor da água para a vida e das terríveis consequências da sua falta. Cria-
dor das águas do céu e da terra (Gn 1,7-9), Deus era quem regulava sua
quantidade e a fornecia (Gn 7,11-12; 8,2-3). Usada abundantemente
nos rituais, a água tornava-se símbolo de purificação (Ex 29,4; Lv 8,6;
14,5-7; 16,4-24); do desejo de Deus (Jr 2,13), do coração temeroso
(Js 7,5), do conhecimento de Deus (Hab 2,14; Is 11,9).
Todos: Pela água que dá vida, pelos dons da criação, ó Senhor
do universo, eis a nossa louvação!
Leitor(a) 3: Da água Deus se serviu ao longo da história da salva-
ção para nos fazer conhecer a graça do Batismo. Já na origem do mun-
do, o seu Espírito pairava sobre as águas, para que elas concebessem
a força de santificar. Nas águas do dilúvio os vícios foram sepultados,
fazendo nascer nova humanidade. A travessia do mar Vermelho a pé
enxuto prefigurava o povo nascido na água do Batismo. Jesus, batizado
nas águas do Jordão, foi também ungido pelo Espírito Santo. E no alto
da Cruz, do seu coração aberto, sangue e água jorraram sobre a Igreja
nascente (cf. Oração sobre a água – Ritual do Batismo).
Todos: Dá-nos, Senhor, pela água do Batismo, a graça de
Cristo, para que, criados à vossa imagem, sejamos lavados da anti-
ga culpa e renasçamos pela água e pelo Espírito.
Dirigente: Nesta terceira semana da Quaresma, a água ocupa
lugar de destaque na liturgia. Mas não uma água como as outras.
É uma água bem melhor, diferente, sacia muito mais! Iluminados
pelo relato evangélico do encontro de Jesus com a mulher samari-
tana, à beira do poço, somos chamados a buscar essa água. Cristo,
água para nossa sede!

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3. ACOLHENDO A PALAVRA
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Aclamação: É como a chuva que lava, é como o fogo que arrasa,


tua Palavra é assim, não passa por mim sem deixar um sinal! (É como
a chuva que lava – Pe. Zezinho).
Evangelho: João 4,5-42.
(Após proclamação da leitura, segue-se um momento de silêncio para
interiorização.)

Meditação:
1. O encontro de Jesus com a samaritana rompeu esquemas cul-
turais e religiosos de seu tempo e conduziu aquela mulher ao
encontro consigo mesma, com sua história, com suas sedes.
A cultura do encontro é, pois, o remédio para tempos de “globa-
lização da indiferença”, é uma forma de nos comprometermos
com a Vida, dom do Criador. Com quem temos nos encontrado
ao longo do caminho? Como têm sido esses encontros? Quais
as nossas sedes?
2. Jesus pede água. Toma a iniciativa. Ele sabia que a água daquele
poço saciava apenas por fora, não alcançava o coração; era água
de poço, parada. Jesus pede água, mas Ele é fonte. De pedinte
passa a ser oferente. Oferece água viva, geradora de vida eterna.
Que águas temos procurado? Que águas temos oferecido?
3. A mulher samaritana não pode guardar apenas para si o Dom da-
quele encontro, mas, esquecendo sua jarra, seu passado, correu
até à cidade para anunciar: “Vinde ver!”. Nosso compromisso
batismal, que desejamos renovar nessa Quaresma, nos conduz
ao apostolado – batizados e enviados – no coração do mundo.
Como podemos redescobrir esse Dom de Deus em nossas vidas?
Como despertar nossas comunidades para o Compromisso com
vida, como nos pede a CF 2020?

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4. REZANDO O QUE OUVIMOS
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(Rompendo o silêncio da meditação, alguém declama a seguinte ora-


ção, em seguida, todos são chamados a rezar novamente em silêncio.)

Oração da sede (José Tolentino Mendonça)


Ensina-me, Senhor, a rezar minha sede
me ponha enamorado e faça de mim
a pedir-te não que a arranques de peregrino
mim ou a resolvas Que ela me obrigue a preferir a estra-
[depressa] da à estalagem
mas a amplies ainda e o aberto da confiança ao programa-
naquela medida que desconheço do do cálculo

e que apenas sei que é a tua! Que esta sede se torne o mapa e a viagem

Ensina-me, Senhor, a beber da pró- a palavra acesa e o gesto que prepara


pria sede de ti a mesa onde partilhamos o dom
como quem se alimenta mesmo às E quando der de beber aos teus
escuras filhos seja
da frescura da nascente não porque tenha a posse da água
Que a sede me torne mil vezes mas porque partilho com eles o que
mendigo é a sede.

5. A PALAVRA SE TRANSFORMA EM ORAÇÃO


(Verifique, na página 375, a proposta de oração cotidiana com a
Palavra e o texto que deverá ser rezado a cada dia desta semana.)

6. A PALAVRA SE TORNA AÇÃO E SANTIFICAÇÃO


(Veja, na página 381, o Calendário de atividades e exercícios de san-
tificação e nele o exercício para cada dia desta semana.)

Canto final: Hino da CF 2020 (p. 5)

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7. UMA REFLEXÃO PARA A SEMANA:
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(...) A mulher ia todos os dias tirar água de um antigo poço, que


remontava ao patriarca Jacó e, naquele dia, encontrou ali Jesus,
sentado, “fatigado da viagem” ( Jo 4,6). Santo Agostinho comenta:
“Não é sem motivo que Jesus se cansa... A força de Cristo criou-
-te, a debilidade de Cristo voltou a criar-te... Com a sua força criou-
-nos, com a sua debilidade veio à nossa procura” (In Ioh. Ev., 15,2).
A fadiga de Jesus, sinal da sua verdadeira humanidade, pode ser vis-
ta como um prelúdio da paixão, com a qual Ele completou a obra
da nossa redenção. Sobretudo, no encontro com a Samaritana no
poço, sobressai o tema da “sede” de Cristo, que culmina com o seu
brado na cruz: “Tenho sede” ( Jo 19,28). Essa sede, como o cansaço,
tem uma base física. Mas Jesus, como diz ainda Agostinho, “tinha
sede da fé daquela mulher” (In Ioh. Ev. 15,11), assim como da fé de
todos nós. Deus Pai enviou-o para saciar a nossa sede de vida eter-
na, concedendo-nos o seu amor, mas para nos oferecer essa dádiva,
Jesus pede-nos a nossa fé. A onipotência do Amor respeita sempre
a liberdade do homem; bate à porta do seu coração e aguarda com
paciência a sua resposta.
No encontro com a Samaritana, ressalta-se, em primeiro plano, o
símbolo da água, que alude claramente ao sacramento do Batis-
mo, nascente de vida nova para a fé na Graça de Deus. (...) “Aque-
le, porém, que beber da água que eu darei, nunca mais terá sede,
mas a água que eu darei se tornará nele uma fonte de água que jorra
para a vida eterna” ( Jo 4,14). Essa água representa o Espírito San-
to, o “dom” por excelência que Jesus veio trazer da parte de Deus
Pai. Quem renasce da água e do Espírito Santo, ou seja, no Batis-
mo, entra em uma relação real com Deus, uma relação filial, e pode
adorá-lo “em espírito e verdade” ( Jo 4,23.24), como revela de novo
Jesus à mulher samaritana. Graças ao encontro com Jesus Cristo e
ao dom do Espírito Santo, a fé do homem alcança o seu cumpri-
mento, como resposta à plenitude da revelação de Deus.

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Cada um de nós pode identificar-se com a mulher samaritana: Jesus
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espera-nos (...) para falar ao nosso, ao meu coração. Permaneçamos


um momento em silêncio, no nosso quarto, ou em uma igreja, ou
em um lugar afastado. Ouçamos a sua voz que nos diz: “Se conhe-
cesses o dom de Deus...”. A Virgem Maria nos ajude a não faltar nes-
se encontro, do qual depende a nossa verdadeira felicidade.

Papa Bento XVI,


Angelus, 27 de março de 2011

409
4ª SEMANA
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“Jesus Cristo, luz para os que


vivem na escuridão”
(cf. Jo 9,35-38)

Ambiente: em um tecido róseo: um crucifixo, a Bíblia, uma vela,


um vaso de planta viva e florida e o Cartaz da CF 2020.
Refrão orante: (3x, baixando gradualmente o volume da voz:)
A luz resplandeceu em plena escuridão. Jamais irão as trevas vencer o
seu clarão (L. e M.: Reginaldo Veloso; CD Liturgia V – Faixa 8).
(Enquanto se canta, uma pessoa acende a vela.)

1. ACOLHIDA
(Espontânea, feita pelo dirigente.)
Em nome do Pai... (pode ser cantado)

2. PREPARANDO O CORAÇÃO
Dirigente: Irmãs e irmãos, vai adiantado este tempo especial de
recolhimento, jejum, oração, esmola e conversão! Temos aproveitado
bem este tempo que o Senhor fez para nós? Como andam nossos exer-
cícios espirituais diários? Estamos nos esforçando ou continuamos
acomodados? “Desperta, tu que estás dormindo, levanta-te dentre os
mortos, e Cristo te iluminará” (Ef 5,14).
Todos: (cantando) Eu vim para que todos tenham vida!
Que todos tenham vida plenamente! (bis) (L. e M.: José Weber;
CD Liturgia VIII: Quaresma ano A.)
Leitor(a) 1: Somos presenteados com uma semana especial na
vivência quaresmal. Sim! Nesta semana já experimentamos previa-
mente a alegria da Ressurreição. É por isso que, mantendo a sobrieda-
de da Quaresma, nesta semana há um pouco mais de ornamentos em
nossa comunidade e o roxo cede espaço para o róseo, cor um pouco

410
mais clara, que indica a alegria contrita que toma nossa oração e nossa
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vida. Em nosso cotidiano também é assim: quando nos aproximamos


de alguma data ou acontecimento especial, já brilha o nosso sorriso e
estremece o coração, porque não somos nosso passado, muito menos
só o presente. Somos o passado e o presente direcionados e projetados
para o futuro.
Todos: Trindade Santa, comunidade de Amor, nós vos agra-
decemos por nos encontrarmos e pela alegria contrita que nos
embala. Dai-nos a graça de sempre nos alegrarmos pelos peque-
nos sinais de ressurreição em nossa vida e na vida dos irmãos,
vencendo todo tipo de indiferença! (cf. CF 2020: Texto-Base, n. 22)
Leitor(a) 2: Existem duas maneiras de olhar para os irmãos: olhar
indiferentemente, passando ao largo do necessitado, e olhar amorosa-
mente, comprometendo-se com ele (cf. CF 2020: Texto-Base, n. 34).
Deus sempre tem um olhar amoroso para com o ser humano, ao pon-
to de nos desconcertar, pois muitas vezes não conseguimos valorizar o
que realmente importa: “O Senhor não vê como o homem: o homem
vê a aparência, o Senhor vê o coração” (1Sm 16,7b). Por isso, Ele sem-
pre vem em auxílio daquele que necessita, do que está abandonado à
própria sorte e condenado pelos olhares superficiais. Rezar essa ver-
dade não é somente para nos lembrarmos de outras pessoas, mas para
rezarmos a nossa indigência, pobreza e pequenez alcançada pela mise-
ricórdia de Deus.
Todos: Pai Santo, nós reconhecemos que fomos atingidos
pelo vosso olhar bondoso, que vê em nós o que nem nós vemos.
Nosso coração se alegra e confirma-nos no caminho de conversão
que percorremos rumo à celebração da Páscoa do Senhor.
Leitor(a) 3: A vida daquele que é atingido pelo olhar amoroso
do Senhor é em luz para o mundo (Ef 5,8). O que era praticamen-
te invisível passa a ser percebido e questionado, porque se torna sinal
daquele que o tocou. Nós, muitas vezes, temos medo de ser sinais
daquele que nos tocou, ou porque vamos ser questionados ou porque
preferimos o sossego do anonimato. Mas não fomos feitos para isso!

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À imagem e semelhança de Deus (Gn 1,26) e mergulhados no mistério
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de Cristo pelos sacramentos, devemos, com discernimento (Ef 5,10),


cumprir a vontade Deus.
Todos: Amado Jesus, a quem nos configuramos no Batismo,
auxiliai-nos na tarefa de sermos sinais de vossa ação no mundo.
Que nunca deixemos de ver, sentir compaixão e cuidar dos neces-
sitados (Lc 10,33-34). E que saindo do nosso conforto, busque-
mos esses irmãos necessitados (CF 2020: Texto-Base, n. 183), para
sermos nas suas vidas a Luz que o Senhor é na nossa.
Dirigente: É preciso que vivamos também comunitariamente essa
conversão, fazendo da nossa comunidade uma verdadeira casa da Pala-
vra, da caridade, do Pão, da missão e do compromisso com os pobres
(DGAE 2019-2023, n. 83). Para isso, precisamos compreender nossa
comunidade não como casa dos melhores, mas hospital de campanha
(Papa Francisco) que acolhe os cegos, os pobres, os coxos e os oprimi-
dos (Lc 4,18-19). Ora, a missão da comunidade dos seguidores de Jesus
não pode ser diferente da missão daquele que caminha à sua frente.
Todos: Espírito Santo, Amor da comunidade perfeita, movei
a nossa comunidade-casa na urgente conversão, para que seja
sempre mais acolhedora e solidária, disponível para a partilha da
vida sadia e plena (CF 2020: Texto-Base, n. 207). Amém!

3. ACOLHENDO A PALAVRA
Dirigente: Tendo aquecido o coração, permitamos que a Palavra
de Deus pouse nele e produza a reflexão e a oração que o transformem
ao molde do coração de Deus, que vê, sente compaixão e cuida de nós
(CF 2020: Texto-Base, n. 93).
Aclamação: Luz radiante, luz da alegria! Luz da glória, Cristo
Jesus! (L. e M.: Reginaldo Veloso)
Evangelho: João 9,1-17.34-38.
(Após proclamação da leitura, segue-se um momento de silêncio para
meditação.)

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Meditação:
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1. Jesus viu um homem cego de nascença no seu caminho, men-


digando, e os discípulos se apressaram em perguntar quem
teria pecado para que ele sofresse essa pena. Ao contrário dos
outros que ali passavam, indiferentes à vida ameaçada daquele
homem, Jesus viu! Só Jesus não é cego nessa passagem: Ele é a
Luz que dissipa toda a cegueira ( Jo 9,5). Como tem sido nosso
olhar para as pessoas? O que nós enxergamos primeiro, as de-
bilidades ou as necessidades? Qual o grau de nossa cegueira?
O Senhor só pode curá-la se nós aceitarmos que somos cegos e
precisamos dessa cura.
2. Quando Jesus toca com barro o cego, e ele vai, lavar-se e re-
cobra a vista, os vizinhos também começam a enxergar. Entre-
tanto, ainda continuam nas trevas, porque insistem em discutir
sobre assuntos superficiais, que em nada se igualam à impor-
tância daquela vida que foi resgatada. Em nossa comunidade,
estabelecemos barreiras à consideração da vida, dizendo: “Ah!
Eu até sou a favor da vida, mas esse aí não dá para aceitar entre
nós!”? Nossa comunidade precisa se curar de que cegueira, para
que possa valorizar verdadeiramente a vida daqueles que são
resgatados de suas debilidades?
3. O homem curado dá testemunho da cura que recebeu por ação
de um homem chamado Jesus ( Jo 9,10). Mas, no final do texto,
Jesus provoca uma cura ainda mais profunda: leva-o a crer e a
professar a fé em Jesus como o Filho de Deus, como forma de
aceitar a vista perfeita. E o seu gesto é o de prostrar-se diante de
Jesus; agora, ele crê e traduz essa fé no gesto. Quando as pessoas
veem as nossas ações, identificam que nós temos fé? Somos si-
nais daquele que seguimos, ou nos contentamos em saber o seu
nome e a sua história? De que modo o agir do Filho de Deus,
Senhor da Vida, Luz do mundo, ilumina o nosso agir?

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4. REZANDO O QUE OUVIMOS
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Leitor(a) 1: Por tudo isso, fica claro para nós o motivo de já nos
alegrarmos pela Páscoa de Jesus, ainda durante esses passos que damos
rumo à celebração do mistério maior da nossa fé. Ele nos vê, se compa-
dece e cuida de nós, como temos refletido durante toda esta Quares-
ma, e queremos continuar em todo o ano, motivados pela Campanha
da Fraternidade.
Leitor(a) 2: Aproveitando as expressões artísticas do Brasil,
vamos ouvir e rezar, gravando no coração cada parte deste nosso
encontro, os versos de Erasmo Carlos.4

Convite para Nascer de Novo


(L. e M. Erasmo Carlos – CD Amor é isso)
Houve um tempo em que eu chora- Era um universo puro de uma
va quase todo dia pessoa
Dando linha a uma vida extrema- Que me viu um mundo morto por-
mente chata tador de vida
Com a vontade disponível de não existir Como um beija-flor perdido no pró-
Houve um tempo em que eu mora- prio jardim
va com minha tristeza Era um momento claro de fazer
Era amigo e confidente das manhãs saudade
sem sol Um encontro do destino com a
Prisioneiro de mim mesmo, sem felicidade
poder fugir Formidáveis primaveras de estações
De repente o infinito de uma coisa boa sem dor
Começou devagarinho a orbitar Parecia uma chance pra nascer de
em mim novo
Como num conto de fadas dos Uma plenitude mansa que acendeu
irmãos Grimm a chama

4 Uma boa interpretação do próprio Erasmo Carlos encontra-se na página: <https://www.youtube.


com/watch?v=3kt9BEDSDjw>.

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De incontáveis alegrias vindas do amor Uma plenitude mansa que acendeu
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Foi assim que eu mergulhei no mar a chama


daquele afeto De incontáveis alegrias vindas do amor
Esquecendo a fé sem rosto do meu Foi assim que eu mergulhei no mar
peito inquieto daquele afeto
Vendo os seios sobre a mesa que jor- Esquecendo a fé sem rosto do meu
ravam mel peito inquieto
E ouvindo interjeições de sentimen- Vendo os seios sobre a mesa que jor-
tos puros ravam mel
Investi nas sensações de emoções E ouvindo interjeições de sentimen-
sem juros tos puros
E ganhei um universo pra chamar de céu Investi nas sensações de emoções
Oh, oh! sem juros
Parecia uma chance pra nascer de novo E ganhei um universo pra chamar de céu.

Leitor(a) 3: Concluindo essa nossa meditação e oração, peça-


mos à Vigem Maria que nos ajude a seguir essa luz e a valorizarmos
esse céu que ganhamos de seu Filho amado, como ela o fez.
Todos: Ave Maria...
Dirigente: Olhemos nos olhos uns dos outros para enxergar-
-nos! E, saudando-nos com a paz de Cristo, que já se anuncia como
Luz do Mundo e que em breve brilhará ressuscitado, concluamos nos-
so encontro!

5. UMA REFLEXÃO PARA A SEMANA:


Diz o Senhor: Eu sou a luz do mundo. Quem me segue, não andará
nas trevas, mas terá a luz da vida ( Jo 8,12). Estas breves palavras
contêm um preceito e uma promessa. Façamos o que o Senhor man-
dou, para esperarmos sem receio receber o que prometeu, e não nos
vir Ele a dizer no dia do Juízo: “Fizeste o que mandei para espera-
res agora alcançar o que prometi?” Responder-te-á: “Disse quem e

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seguisses”. Pediste um conselho de vida. De que vida, senão daquela
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sobre a qual foi dito: Em vós está a fonte da vida? (Sl 35,10).


Por conseguinte, façamos agora o que nos manda, sigamos o Senhor,
e quebremos os grilhões que nos impedem de segui-lo. Mas quem
é capaz de romper tais amarras se não for ajudado por aquele de
quem se disse: Quebrastes os meus grilhões? (Sl 115,7). E também
noutro Salmo:  É o Senhor quem liberta os cativos, o Senhor faz
erguer-se o caído (Sl 145,7.8).
Somente os que assim são libertados e erguidos poderão seguir
aquela luz que proclama: Eu sou a luz do mundo. Quem me segue,
não andará nas trevas. Realmente o Senhor faz os cegos verem. Os
nossos olhos, irmãos, são agora iluminados pelo colírio da fé. Para
restituir a vista ao cego de nascença, o Senhor começou por ungir-
-lhe os olhos com sua saliva misturada com terra. Cegos também nós
nascemos de Adão, e precisamos de ser iluminados pelo Senhor. Ele
misturou sua saliva com a terra: E a Palavra se fez carne e habitou
entre nós ( Jo 1,14). Misturou sua saliva com a terra, como fora pre-
dito: A verdade brotou da terra (Sl 84,12). E Ele próprio disse: Eu
sou o caminho, a verdade e a vida ( Jo 14,6).
A verdade nos saciará quando o virmos face a face, porque também
isso nos foi prometido. Pois quem ousaria esperar, se Deus não
tivesse prometido ou dado?
Veremos face a face, como diz o Apóstolo: Agora, conheço apenas
de modo imperfeito; agora, nós vemos num espelho, confusamen-
te, mas, então, veremos face a face (1Cor 13,12). E o apóstolo João
diz, em uma de suas cartas: Caríssimos, desde já somos filhos de
Deus, mas nem sequer se manifestou o que seremos! Sabemos que,
quando Jesus se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque o
veremos tal como ele é (1Jo 3,2). Eis a grande promessa!
Se o amas, segue-o! “Eu o amo, dizes tu, mas por onde o seguirei?”.
Se o Senhor te houvesse dito: “Eu sou a verdade e a vida”, tu que
desejas a verdade e aspiras à vida, certamente procurarias o cami-
nho para alcançá-la e dirias a ti mesmo: “Grande coisa é a verdade,

416
grande coisa é a vida! Ah, se fosse possível à minha alma encontrar
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o caminho para lá chegar!”.


Queres conhecer o caminho? Ouve o que o Senhor diz em primeiro
lugar: Eu sou o caminho. Antes de dizer aonde deves ir, mostrou
por onde deves seguir. Eu sou, diz Ele, o caminho. O caminho para
onde? A verdade e a vida. Disse primeiro por onde deves seguir e
logo depois indicou para onde deves ir. Eu sou o caminho, eu sou
a verdade, eu sou a vida. Permanecendo junto do Pai, é verdade e
vida; revestindo-se de nossa carne, tornou-se o caminho.
Não te é dito: “Esforça-te por encontrar o caminho, para que possas
chegar à verdade e à vida”. Decerto não é isso que te dizem. Levanta-
-te, preguiçoso! O próprio caminho veio ao teu encontro e te des-
pertou do sono em que dormias, se é que chegou a despertar-te;
levanta-te e anda!
Talvez tentes andar e não consigas, porque te doem os pés. Por que
estão doendo? Não será pela dureza dos caminhos que a avareza te
levou a percorrer? Mas o Verbo de Deus curou também os coxos.
“Eu tenho os pés sadios, respondes, mas não vejo o caminho”. Lem-
bra-te que Ele também deu a vista aos cegos.

Santo Agostinho,
Ofício de Leituras da Liturgia das Horas,
IV Domingo da Quaresma

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5ª SEMANA
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“Eu sou a ressurreição e a vida”


(Jo 11,25)

Ambiente: em um tecido roxo, no centro ou diante do grupo,


um crucifixo, a Bíblia, o Cartaz da CF-2020, uma vela, faixas ou atadu-
ras, um lenço branco, algumas pedras empilhadas.
Refrão orante: Prova de amor maior não há que doar a vida pelo
irmão. (2x)
(Enquanto se canta, uma pessoa acende a vela.)

1. ACOLHIDA
Dirigente: Queridas irmãs, queridos irmãos, hoje o Senhor nos
chama para perto dele, para nos comunicar como é grande o valor da
vida humana. Em seu grande amor, Jesus Cristo se entregou por nós,
para que tenhamos a plenitude da vida! Aqui estamos reunidos como
família de Deus e, com alegria, iniciamos este nosso encontro.
Todos: Em nome do Pai... (pode ser cantado)

2. PREPARANDO O CORAÇÃO
Dirigente: Com a ajuda de Deus, estamos perseverando em nos-
sa caminhada quaresmal. Quanto já avançamos, e quanto ainda preci-
samos avançar! Este Quinto Domingo da Quaresma nos garante que a
vontade de Deus é nos oferecer uma vida definitiva que supera a mor-
te. Ser amigo de Jesus e aderir à sua proposta, fazendo de nossa própria
vida uma entrega obediente ao Pai e um dom aos irmãos, é entrar na
vida definitiva. Quem vive assim até experimenta a morte física, mas
não permanece morto: viverá para sempre em Deus.
Todos: Eu vim para que todos tenham vida, que todos
tenham vida plenamente! Reconstrói a tua vida em comunhão
com teu Senhor. Reconstrói a tua vida em comunhão com teu
418
irmão. Onde está o teu irmão, eu estou presente nele (Eu vim para
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que todos tenham vida – Pe. José Weber).


Leitor(a) 1: A Campanha da Fraternidade nos faz olhar com
maior atenção para a vida, refletindo seu significado mais profundo.
O pecado nos prende à morte, mas o Ressuscitado deu-nos a vida ple-
na como um Dom gratuito, e também como um Compromisso a ser
assumido com coragem. Em Jesus Cristo, vencedor do pecado e da
morte, somos chamados a cuidar de todas as formas de vida: “cuida-
mos uns dos outros, cuidamos juntos da Casa Comum, porque Deus
sempre cuida de todos nós!” (CF 2020: Texto-Base, apresentação).
Todos: Eu vim para que todos tenham vida, que todos
tenham vida plenamente! Eu passei fazendo o bem, eu curei todos
os males. Hoje és minha presença junto a todo sofredor. Onde
sofre o teu irmão, eu estou sofrendo nele (Eu vim para que todos
tenham vida – Pe. José Weber).
Leitor(a) 2: A Quaresma precisa ser tempo de profunda conversão,
a partir do encontro com Jesus. Somente a vida nova em Cristo supera
definitivamente a morte. “Somos discípulos e amigos do Ressuscitado!
Estamos a serviço da Vida! Por isso, não nos fechamos em nós mesmos.
A Páscoa nos ensina a, por Cristo, com Cristo e em Cristo, romper os
túmulos da indiferença e do ódio e ressurgir para o zelo, o cuidado e a
solidariedade. Consolados por Cristo, encontramos, no mais profundo
de nós mesmos, a nossa vocação humana e divina de consolar os que se
acham em alguma tribulação. É possível que o mundo de indiferença
e ódio nos considere loucos. De algum modo, somos: loucos de amor,
loucos pela fé e, por isso, loucos pela vida” (CF 2020: Texto-Base, n. 89).
Todos: Eu vim para que todos tenham vida, que todos tenham
vida plenamente! Entreguei a minha vida pela salvação de todos.
Reconstrói, protege a vida de indefesos e inocentes. Onde morre
o teu irmão, eu estou morrendo nele (Eu vim para que todos tenham
vida – Pe. José Weber).
Leitor(a) 3: A missão do discípulo missionário é a mesma de Jesus
Cristo: anunciar a Boa-Nova aos pobres, proclamar a libertação aos

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presos, recuperar a vista aos cegos, dar liberdade aos oprimidos (Lc 4,18).
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Há pessoas que estão de pés e mãos atados, não enxergam, não escutam,
não falam, falta-lhes no rosto expressão de vida. “A missão do discípulo
missionário de Jesus Cristo é acreditar na justiça expressa na Palavra de
Deus e colaborar para promovê-la e garanti-la. Valorizar a vida e promover
a justiça misericordiosa é um ato de fé. Mas é também um exercício que
passa pela organização comunitária e social que não pode ser confundido
como algo meramente assistencialista” (CF 2020: Texto-Base, n. 114).
Todos: Eu vim para que todos tenham vida, que todos
tenham vida plenamente! Vim buscar e vim salvar o que estava já
perdido. Busca, salva e reconduze a quem perdeu toda a esperan-
ça. Onde salvas teu irmão, tu me estás salvando nele (Eu vim para
que todos tenham vida, Pe. José Weber).

3. ACOLHENDO A PALAVRA
Dirigente: Muitas vezes, vivemos situações que parecem verda-
deiros sepulcros frios, escuros e sem vida. Mas são esses lugares que
Deus quer alcançar com sua graça, que nos reanima, liberta, salva.
É preciso abrir o coração e permitir a ação transformadora da Palavra
de Deus em nós.
Aclamação: É uma luz, tua Palavra! É uma luz pra mim,
Senhor! Brilhe esta luz, tua Palavra! Brilhe esta luz em mim,
Senhor! (3x)
Evangelho: João 11,1-45.
(Após proclamação da leitura, segue-se um momento de silêncio para
interiorização.)

Meditação:
1. “Preparemo-nos para celebrar a festa do Senhor não apenas com
palavras, mas também com nossos atos” (Santo Atanásio, Cartas
Pascais). Qual é a família dos irmãos de Jesus? Lutamos pela vida,
aqui e agora, com a esperança da vida futura? Podemos fazer algo
além de lamentar e chorar as situações difíceis de nosso tempo?

420
2. “Ao aproximarem-se as festas pascais, a quem tomaremos por
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guia, senão a Jesus, que tira o pecado do mundo?” (Santo


Atanásio, Cartas Pascais). Será que nos incomodamos com o
“mau-cheiro” das situações de morte, e ficamos acomodados ao
nosso conforto, sem obedecer a ordem de Jesus para remover a
pedra do túmulo?
3. “Esta é a verdadeira alegria, esta é a verdadeira felicidade: vermo-
-nos livres do mal” (Santo Atanásio, Cartas Pascais). Qual o signi-
ficado de um morto sair do túmulo com os pés e as mãos atadas,
e um pano cobrindo o rosto? E o que Jesus pede para ser feito?

4. REZANDO O QUE OUVIMOS


Leitor(a) 1: O que é a vida? Muitas vezes, pensamos na vida como
um problema a ser resolvido. O Padre Henri Nouwen (1932-1996) gos-
tava de lembrar que a vida é um mistério a ser vivido! Somente assim,
a nossa pergunta ganha um horizonte iluminado, que sai para fora do
tempo para contemplar a imensidão infinita do amor de Deus, que ilu-
mina toda a nossa história. Um grande nome da nossa música nos ajuda
a rezar com essa inspirada canção!5

O que É, o que É? (Gonzaguinha)


Eu fico com a pureza Cantar e cantar e cantar
Da resposta das crianças A beleza de ser
É a vida, é bonita Um eterno aprendiz
E é bonita Ah meu Deus!
Viver Eu sei, eu sei
E não ter a vergonha Que a vida devia ser
De ser feliz Bem melhor e será

5 Uma boa interpretação do próprio Gonzaguinha você encontra aqui: https://www.youtube.


com/watch?v=Wpt43Ki1vqA.

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Mas isso não impede Há quem fale
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Que eu repita Que a vida da gente


É bonita, é bonita É um nada no mundo
E é bonita É uma gota, é um tempo
Viver Que nem dá um segundo
E não ter a vergonha Há quem fale
De ser feliz Que é um divino
Cantar e cantar e cantar Mistério profundo
A beleza de ser É o sopro do criador
Um eterno aprendiz Numa atitude repleta de amor
Ah meu Deus! Você diz que é luta e prazer
Eu sei, eu sei Ele diz que a vida é viver
Que a vida devia ser Ela diz que melhor é morrer
Bem melhor e será Pois amada não é
Mas isso não impede E o verbo é sofrer
Que eu repita Eu só sei que confio na moça
É bonita, é bonita E na moça eu ponho a força da fé
E é bonita Somos nós que fazemos a vida
E a vida Como der, ou puder, ou quiser
E a vida o que é? Sempre desejada
Diga lá, meu irmão Por mais que esteja errada
Ela é a batida de um coração Ninguém quer a morte
Ela é uma doce ilusão Só saúde e sorte
Êh! Ôh! E a pergunta roda
E a vida E a cabeça agita
Ela é maravilha ou é sofrimento? Eu fico com a pureza
Ela é alegria ou lamento? Da resposta das crianças
O que é? O que é? É a vida, é bonita
Meu irmão E é bonita

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Viver Eu sei, eu sei
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E não ter a vergonha Que a vida devia ser


De ser feliz Bem melhor e será
Cantar e cantar e cantar Mas isso não impede
A beleza de ser Que eu repita
Um eterno aprendiz É bonita, é bonita
Ah meu Deus! E é bonita.

5. A PALAVRA SE TRANSFORMA EM ORAÇÃO


(Verifique, na página 375, a proposta de oração cotidiana com a Pala-
vra e o texto que deverá ser rezado a cada dia desta semana.)

6. A PALAVRA SE TORNA AÇÃO E SANTIFICAÇÃO


(Veja, na página na página 383, o Calendário de atividades e exercí-
cios de santificação e nele o exercício para cada dia desta semana.)
Canto final: Hino da CF 2020 (p. 5)

7. UMA REFLEXÃO PARA A SEMANA:


Escutemos as palavras de Jesus a Lázaro: “Vem para fora!”; saia
do enclausuramento da tristeza sem esperança; desate as amarras
do medo que obstaculizam o caminho; os laços das fraquezas e
das inquietações que o bloqueiam, repita que Deus desata os nós.
Seguindo a Jesus, aprendamos a não atar as nossas vidas aos proble-
mas que se agravam: sempre haverá problemas, sempre, e quando
resolvemos um deles, aí surge um outro. Porém, podemos encon-
trar uma nova estabilidade, e essa estabilidade é o próprio Jesus,
essa estabilidade chama-se Jesus, que é a Ressurreição e a Vida:
com Ele, a alegria habita o coração, a esperança renasce, a dor se
transforma em paz, o temor em confiança, a provação em oferta de
amor. E mesmo que não faltem os fardos, estará sempre sua mão a
levantar-nos, a sua palavra que nos encoraja e diz a todos nós, a cada

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um de nós: “Sai daí! Vem a mim!”. Ele diz a todos nós: “Não tenham
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medo!”. Também a nós, hoje como naquela época, Jesus diz: “Tirai
a pedra!” Por mais pesado que seja o passado, por maior que seja
o pecado, por forte que seja a vergonha, nunca atrapalhemos a
entrada do Senhor. Diante dele, removamos a pedra que impede
que Ele entre. Este é o tempo favorável para removermos nosso
pecado, nosso apego às vaidades mundanas, o orgulho que nos blo-
queia a alma, muitas inimizades entre nós, nas famílias… Este é o
momento favorável para removermos todas essas coisas. Visitados
e libertados por Jesus, peçamos a graça de sermos testemunhas de
vida neste mundo, que dela tem sede; testemunhas que suscitam e
ressuscitam a esperança de Deus nos corações cansados e sobrecar-
regados pela tristeza. Nosso anúncio é a alegria do Senhor vivente,
que ainda hoje diz, como o fez a Ezequiel: “Eis que abro o sepulcro
de vocês, e os faço sair do seu túmulo, ó meu povo!”.

Papa Francisco,
Homilia em Capri, 2 de abril de 2017

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6ª SEMANA – SEMANA SANTA
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“Eis que o teu rei vem a ti,


manso e montado num jumento”
(Mt 21,5)

Ambiente: um tecido vermelho estendido no centro, sobre ele:


um crucifixo, a Bíblia, uma vela, ramos de palmeira e figuras que retra-
tam humildade, serviço, doação, e o Cartaz da CF 2020.
Refrão orante: Eis o tempo de conversão, eis o dia da salvação!
Ao Pai voltemos, juntos andemos! Eis o Tempo de conversão!

1. ACOLHIDA
Dirigente: Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
Todos: Amém.
Dirigente: Irmãos e irmãs em Cristo, já nos encontramos na
última semana da Quaresma, a Semana Santa. Percorremos um perí-
odo intenso de preparação do nosso coração. Tanta dedicação, tantos
convites à conversão, cujo foco é a celebração do Mistério pascal do
Senhor e, como expressão da Ressurreição, uma mudança que perdura
em nossos dias. Essa atitude de conversão é uma resposta ao chamado
que Deus nos faz e um ato sincero de quem assume a cruz de Cristo
e o segue, como discípulo e discípula. Diante do mistério do amor de
Deus, estamos reunidos fraternalmente.
Todos: (cantando) Prova de amor maior não há que doar a
vida pelo irmão! (2x)

2. PREPARANDO O CORAÇÃO
Leitor(a) 1: A vida oferecida a nós como dom é manifestada ple-
namente na cruz de Jesus Cristo, cujo significado não remete à morte,
mas à vida. Sabemos como a entrega de Cristo é revestida pelo vínculo
do amor e da misericórdia. Esse sacrifício redime a humanidade de

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seus pecados e conduz o homem à plena comunhão com Deus. Nes-
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se lançar-se de Deus sobre a humanidade, vemos um Pai que não é


indiferente aos seus filhos, mas os ama e faz comunhão com eles. Se a
indiferença ainda ronda nossa caminhada, é preciso olhar para a cruz e
ver ali um Deus apaixonado por cada ser humano. Assim, aprendemos
que cada ser humano, imagem e semelhança de Deus, é um dom e que
precisa ser tocado sem medo, ter suas feridas curadas, ter seu coração
afagado, ter sua vida resgatada. “O amor é um mistério que transforma
tudo, tudo o que toca” (Santa Faustina).
Todos: Senhor, que a tua cruz seja para nós um sinal do teu
amor e da tua misericórdia. Que nela possamos encontrar forças
nos momentos de dificuldade, esperança na hora do desespero,
fé na hora da incerteza. Que nossas cruzes nos estimulem cora-
gem e ânimo, compaixão e ações que promovam a vida. Obrigado,
Senhor, por tão grande amor!
Leitor(a) 2: A entrada de Jesus em Jerusalém tem um significado que
vai além de toda forma de triunfalismo e busca de autorreferência, pois a
realeza de Jesus é diferente de qualquer outra. Conduzido sobre um jumen-
tinho e depois entronizado na cruz, Jesus apresenta a lógica do Reino, que
é diferente de qualquer lógica mundana. O Papa Francisco afirmou: Jesus
“vem salvar-nos, somos chamados a escolher o seu caminho: o caminho
do serviço, da doação, do esquecimento de nós próprios”. Como parte do
itinerário cristão, o amor que se traduz em doação é dado a nós por Jesus,
para que também nós façamos essa doação de nós mesmos a Deus, ao
Reino e aos irmãos e irmãs. Nosso compromisso pela vida deve dar um
salto do discurso e da defesa para a conversão e a ação, ou seja, devemos
comprometermo-nos de fato com a promoção da vida humana de modo
incondicional, desde a concepção até o seu declínio natural, como fez Jesus.
Todos: Jesus, afastai de nós a tentação do orgulho, da vai-
dade, da soberba, para não nos colocarmos acima dos outros.
Queremos que nossa vida seja doação plena. Por isso, dai-nos um
coração humilde como o vosso, para caminharmos convosco nes-
ta vida e estarmos convosco na eternidade.

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Leitor(a) 3: Nestes dias intensos da nossa fé, somos convidados
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a não só contemplar o mistério que envolve o calvário e o sepulcro,


mas somos chamados a estar com Jesus, a caminhar e a carregar tam-
bém a nossa cruz, aguardando a promessa de que “se já morremos com
Cristo, cremos que também viveremos com ele” (Rm 6,8). Vivendo
neste mundo as alegrias e angústias, carregando as nossas cruzes,
temos a responsabilidade de caminhar ao lado dos que são fragilizados
ou receberam fardos pesados, ajudando-os em sua luta. Mas, acima de
tudo, apontando-lhes um sinal de esperança que resplandece além do
túmulo vazio, quando todos formos glorificados com Cristo.
Todos: Nossa esperança está no Senhor, que venceu o pecado e
a morte, dando-nos uma vida plena e verdadeira. Por isso, nos reu-
nimos e queremos perseverar na fé, junto aos nossos irmãos e irmãs.
Dirigente: Com o coração atento e disponível, vamos acolher a
Palavra de Deus que vem a nós, pedindo a Deus que ela seja luz e força
em nossa caminhada com Jesus.

3. ACOLHENDO A PALAVRA
Aclamação: Palavra de salvação somente o céu tem pra dar.
Por isso meu coração se abre para escutar. Por mais difícil que seja
seguir, tua palavra queremos ouvir. Por mais difícil de se praticar,
tua palavra queremos guardar! (Palavra de Salvação – Pe. Zezinho).
Evangelho: Mateus 21,1-11.
(Após proclamação da leitura, segue-se um momento de silêncio para
interiorização.)

Meditação:
1. Chegando a este momento, temos a oportunidade de avaliar a
nossa caminhada quaresmal e nos propor uma renovação pascal.
Quais foram os frutos colhidos durante a Quaresma? Quais difi-
culdades nos afastaram do propósito de conversão? Fomos capa-
zes de exercer a caridade, o jejum e a oração de forma autêntica,
ou apenas ficamos na aparência?

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2. O relato da entrada em Jerusalém apresenta um modo diferente
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de Jesus ser rei, que não se serve de honrarias, mas vem de modo
humilde aos que são seus. Somos capazes de vivenciar essa hu-
mildade em nossa vida? Temos o desejo de ser em tudo seme-
lhantes a Jesus Cristo? Ou carregamos o desejo vaidoso de ser-
mos maiores e melhores que os outros naquilo que fazemos?
3. “Portanto, em vez de mantos ou ramos sem vida, em vez de fo-
lhagens que alegram o olhar por pouco tempo, mas depressa
perdem o seu verdor, prostremo-nos aos pés de Cristo” (Santo
André de Creta, bispo). De que modo acolhemos Jesus em nossa
vida? Deixamos que Ele entre profundamente e possa converter
em nós o que há de mau, ou ainda temos medo de acolhê-lo co-
nosco? Nossa fé é verdadeira, a partir de nossa própria vida, ou
ela vive de aparências?
4. Somos fiéis e corajosos na fé ou ainda somos como aqueles que fu-
giram diante da cruz? Temos a capacidade de abraçar a cruz cotidia-
na com amor ou vivemos arrastando e reclamando das dificuldades
da vida? Somos capazes de ajudar o irmão a carregar a sua cruz?

4. REZANDO O QUE OUVIMOS


Leitor(a) 1: “Você não pode dar a paz sem humildade. Onde há
orgulho, há sempre a guerra, sempre o desejo de vencer sobre o outro,
de crer ser superior. Sem humildade não existe paz e sem paz não há
unidade” (Papa Francisco, 21 de outubro de 2016).
Leitor(a) 2: Neste poema simples, queremos elevar uma oração
ao Bom Deus, entregando a Ele a nossa disposição humilde em ser
aquilo que Ele quer de nós, em nossa pequenez:
Leitor(a) 3:

Humildade (Cora Coralina)


Senhor, fazei com que eu aceite Não lamente o que podia ter
minha pobreza tal como sempre foi. e se perdeu por caminhos errados
Que não sinta o que não tenho. e nunca mais voltou.
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Dai, Senhor, que minha humildade minhas coisinhas pobres,
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seja como a chuva desejada minha casa de chão,


caindo mansa, pedras e tábuas remontadas.
longa noite escura E ter sempre um feixe de lenha
numa terra sedenta debaixo do meu fogão de taipa,
e num telhado velho. e acender, eu mesma,
Que eu possa agradecer a Vós, o fogo alegre da minha casa
minha cama estreita, na manhã de um novo dia que começa.

5. A PALAVRA SE TRANSFORMA EM ORAÇÃO


(Verifique, na página 375, a proposta de oração cotidiana com a Pala-
vra e o texto que deverá ser rezado a cada dia desta semana.)

6. A PALAVRA SE TORNA AÇÃO E SANTIFICAÇÃO


(Veja, na página 384, o Calendário de atividades e exercícios de san-
tificação e nele o exercício para cada dia desta semana.)

Canto final: Hino da CF 2020 (p. 5)

7. UMA REFLEXÃO PARA A SEMANA:


No centro desta celebração, que se apresenta tão festiva, está a pala-
vra que ouvimos no hino da Carta aos Filipenses: “humilhou-se a
si mesmo” (2,8). A humilhação de Jesus. Esta palavra desvenda-nos o
estilo de Deus e, consequentemente, o que deve ser do cristão: a humilda-
de. Um estilo que nunca deixará de nos surpreender e pôr em crise:
não chegamos jamais a habituar-nos a um Deus humilde! Humi-
lhar-se é, antes de mais nada, o estilo de Deus: Deus humilha-se para
caminhar com o seu povo, para suportar as suas infidelidades. Isso é
evidente, quando se lê a história do Êxodo: que humilhação para o
Senhor ouvir todas aquelas murmurações, aquelas queixas! Embora
dirigidas contra Moisés, no fundo eram lançadas contra Ele, o Pai
deles, que os fizera sair da condição de escravidão e os guiava pelo

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caminho através do deserto até à terra da liberdade. Nesta Sema-
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na, a Semana Santa, que nos leva à Páscoa, caminharemos por esta


estrada da humilhação de Jesus. E só assim será “santa” também para
nós! Ouviremos o desprezo dos chefes do seu povo e as suas intrigas
para o fazerem cair. Assistiremos à traição de Judas, um dos Doze,
que o venderá por trinta denários. Veremos ser preso o Senhor e
levado como um malfeitor; abandonado pelos discípulos; condu-
zido perante o Sinédrio, condenado à morte, flagelado e ultrajado.
Ouviremos que Pedro, a “rocha” dos discípulos, o negará três vezes.
Ouviremos os gritos da multidão, incitada pelos chefes, que pede
Barrabás livre e Ele crucificado. Vê-lo-emos escarnecido pelos sol-
dados, coberto com um manto de púrpura, coroado de espinhos.
E depois, ao longo da via dolorosa e junto da cruz, ouviremos os
insultos do povo e dos chefes, que zombam de Ele ser Rei e Filho
de Deus. Esse é o caminho de Deus, o caminho da humildade. É a
estrada de Jesus; não há outra. E não existe humildade sem humi-
lhação. Percorrendo até ao fim essa estrada, o Filho de Deus assu-
miu a “forma de servo” (Fl 2,7). Com efeito, a humildade quer dizer
também serviço, significa dar espaço a Deus despojando-se de si mes-
mo, “esvaziando-se”, como diz a Escritura (v. 7). Esta – esvaziar-se
– é a maior humilhação. Há outro caminho, contrário ao caminho
de Cristo: o mundanismo. O mundanismo oferece-nos o caminho
da vaidade, do orgulho, do sucesso... É o outro caminho. O maligno
o propôs também a Jesus, durante os quarenta dias no deserto. Mas
Jesus o rejeitou sem hesitação. E, com Ele, só com a sua graça, com
a sua ajuda, também nós podemos vencer essa tentação da vaidade,
do mundanismo, não só nas grandes ocasiões, mas também nas cir-
cunstâncias ordinárias da vida. Nisto, serve-nos de ajuda e conforto
o exemplo de tantos homens e mulheres que, a cada dia, no silêncio
e escondidos, renunciam a si mesmos para servir os outros: um familiar
doente, um idoso sozinho, uma pessoa deficiente, um sem-abrigo...
Pensamos também na humilhação das pessoas que, pela sua con-
duta fiel ao Evangelho, são discriminadas e pagam na própria pele.
E pensamos ainda nos nossos irmãos e irmãs perseguidos porque

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são cristãos, os mártires de hoje (e são tantos): não renegam Jesus e
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suportam, com dignidade, insultos e ultrajes. Seguem-no pelo seu


caminho. Verdadeiramente, podemos falar de uma “nuvem de tes-
temunhas” (Hb 12,1): os mártires de hoje. Durante esta Semana,
tomemos também nós decididamente esta estrada da humildade,
com tanto amor por Ele, o nosso Senhor e Salvador. Será o amor a
guiar-nos e a dar-nos força. E, onde Ele estiver, estaremos também
nós ( Jo 12,26).

Papa Francisco,
Homilia no Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor,
29 de março de 2015

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