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All content following this page was uploaded by Gertrudes Aparecida Dandolini on 03 June 2014.
IDENTIFICAÇÃO DE OPORTUNIDADES
DE INOVAÇÃO ATRAVÉS DA
CONSTRUÇÃO E ANÁLISE DE
CENÁRIOS PROSPECTIVOS
Resumo
O mercado a cada ano que passa fica mais competitivo obrigando as
empresas a buscar novas oportunidades e a inovar. A utilização
deferramentas comuns de geração de ideias já não é mais suficiente
para se criar um portfólio de projetos de innovação que garanta a
competitividadedas organizações, pois o resultado é baseado no que já
existe e o foco, na maioria dos casos, é o curto prazo. Para se inovar
de forma mais efetiva é necessário pensar no médio e no longo prazo e
o uso de cenários prospectivos passa a ser uma boa alternativa de
metodologia para identificação de novas oportunidades. O objetivo do
presente artigoé fazer uma pesquisa exploratória sobre a importância
dos cenários prospectivos na identificação de novas oportunidades de
inovações para empresas. É feita uma revisão bibliográfica sobre a
construção de cenários prospectivos bem como sobre as ferramentas
que são utilizadas para a construção dos mesmos. Em seguida é
analisado como os cenários podem ser utilizados na identificação de
oportunidades de inovação. Aimportância do tema se deve à
necessidade crescente de se identificar novas oportunidades de
crescimento para as empresas, tarefa que a cadadia que passa se torna
mais difícil. Através desse estudo, pôde-se concluir que a elaboração
de cenários prospectivos é uma metodologia que pode trazer resultados
muito positivos para as empresas que buscam crescer através da
inovação.
1. Introdução
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2. Cenários prospectivos
Cenários prospectivos caracterizam-se por ser um estudo criativo sobre o futuro e que
segue uma metodologia própria para sua construção. Não se trata de prever o futuro, mas de
identificar futuros plausíveis existentes. A elaboração desses cenários não é um exercício de
predição, mas sim uma tarefa de descrever situações futuras possíveis, de forma consistente,
com todas as condicionantes do caminho entre a situação atual e cada cenário futuro,
apresentando os fatores relevantes ao processo decisório da empresa (WRIGHT e SPERS,
2006). Marcial e Grumbach (2008, p. 18) destacam que a construção de cenários prospectivos
prepara as organizações para enfrentar diferentes situações, ou ainda cria condições para
modificar suas probabilidades de ocorrência ou para minimizar seus efeitos. De forma
semelhante, Popcorn e Hanft (2002) relatam que os cenários proporcionam às organizações
condições para enfrentar os futuros complexos e incertos, auxiliando na elaboração de
estratégias mais robustas e de longo prazo.
Existem na literatura diversas definições para cenários. Segundo Schwartz (2004), é
uma ferramenta para ajudar a adoção de uma visão de longo prazo (com arte e criatividade),
num mundo de grande incerteza política, social, econômica e tecnológica. São histórias sobre
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como será o mundo num futuro próximo e que ajudam a reconhecer as mudanças no ambiente
e a se preparar para adaptar-se a elas. Para Godet (1993), a técnica de cenários é um conjunto
formado pela descrição coerente de uma situação futura e pelo encaminhamento imaginado e
criado dos acontecimentos que permitem passar da situação de origem à situação futura. Os
estudos prospectivos não têm como objetivo prever o futuro, mas estudar as diversas
possibilidades de futuros plausíveis existentes e preparar as organizações para enfrentar
qualquer uma delas, ou até mesmo criar condições para que modifiquem suas probabilidades
de ocorrência, ou para minimizar seus efeitos.
Godet e Roubelat (1996) afirmam que a prospecção não busca eliminar as incertezas
de direção da mudança através de predições ilusórias, mas sim tem a pretenção de reduzi-las,
de modo a se tomar decisões baseadas em futuros plausíveis. Eles definem cenário como uma
situação futura e o curso de eventos que permitem que se mova da situação atual para a futura.
Já Porter (1986, p. 223-224) reforça a importância para as empresas em construir
múltiplos cenários, de modo que possam avaliar quais são as possíveis decisões estratégicas a
serem tomadas para cada cenário. Caso a empresa tenha recursos, ela pode ainda optar pela
tentativa de provocar a ocorrência do cenário que lhe é mais favorável.
Segundo Wright e Spers (2006), a elaboraração de cenários não é um exercício de
predição, mas envolve um trabalho para descrever possíveis situações futuras de forma
plausível e consistente. A metodologia apresenta as hipóteses levadas em consideração para
sair da situação atual e atingir cada um dos possíveis cenários, além de destacar quais são os
fatores relevantes que devem ser levados em consideração no processo decisório.
O primeiro a utilizar a palavra “prospectiva” foi Gaston Berger, de forma a mostrar a
necessidade de uma atitude orientada para o futuro (GODET e ROUBELAT, 1996;
MARCIAL e GRUMBACH, 2008, p. 27-28). Segundo Berger,
A atitude prospectiva significava olhar longe, preocupar-se com o longo prazo; olhar
amplamente, tomando cuidado com as interações; olhar a fundo até encontrar os
fatores e tendências que são realmente importantes; arriscar, porque as visões de
horizontes distantes podem fazer mudar nossos planos de longo prazo; e levar em
conta o gênero humano, grande agente capaz de modificar o futuro.
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que a mesma está inserida. Segundo Porter, são cinco as forças que regem o mercado
industrial: novos entrantes, a ameaça de produtos substitutos, o poder de negociação dos
clientes, o poder de negociação dos fornecedores e a rivalidade entre concorrentes. A
metodologia é composta por oito etapas. O método tem início com a definição dos propósitos
do estudo prospectivo, sua amplitude e o ambiente temporal. É feito um estudo do histórico e
da situação atual do ramo industrial em questão, de modo a se identificar as incertezas que
podem afetá-lo. Em seguida é feita uma lista das variáveis que poderão causar um impacto
considerável sobre a indústria num futuro próximo, bem como deve ser identificado o grau de
incerteza de cada uma, além de lassifica-las em variáveis constantes (pouca probabilidade
de sofrer mudanças), pré-determinadas (sofrerão mudanças, porém em grande parte
previsíveis) e incertas. Para a determinação dos cenários são utilizadas apenas as variáveis
incertas; as demais auxiliam na descrição dos cenários, pois são elementos importantes na
estrutura da empresa. A verificação do comportamento futuro das variáveis é feita através da
consulta aos especialistas. Em seguida é feita a análise dos cenários e sua consistência. Para
que haja credibilidade no processo de construção dos cenários, Porter recomenda a criação de
um cenário que reflita as convicções da gerência. Os cenários devem ser analisados em
relação à estrutura futura da organização, a sua implicação como fonte de vantagem
competitiva e à atratividade industrial. Em seguida devem ser analisados os possíveis
movimentos da concorrência em relação a cada cenário. Por fim são descritas as histórias dos
cenários e a elaboração das estratégias competitivas (PORTER, 1992; MARCIAL e
GRUMBACH, 2008, p. 106-110; MORITZ, MORITZ e PEREIRA, 2012, p. 57-60).
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MORITZ, 2006).
Apesar de terem o objetivo comum de proporcionar uma visão de futuro às
organizações, as abordagens na construção dos cenários são diferentes. No quadro 2 são
apresentados os diferentes métodos comparando o número de etapas, as características e as
técnicas e softwares utilizados, proporcionando uma visão geral dos métodos.
Como visto na seção anterior, existem diversos métodos para construção de cenários,
porém todos têm como base a identificação e análise do grau de importância das incertezas.
Existem outros métodos de elaboração de cenários, além dos apresentados neste artigo, mas
segundo Bradfield et al (2005) e Amer et al.(2012), a maioria é originada de três grandes
escolas: a) da lógica intuitiva, proposta por Kahn e usada também por Pierre Wack, Schwartz
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de oportunidades de inovação ainda é algo recente e são poucos os artigos nessa área. Postma,
Broekhuizen e Bosch (2012) e Sarpong e Maclean (2011) apresentaram a aplicação dos
cenários no processo de desenvolvimento de produtos de inovação; Wang e Ohsawa citam a
contribuição dos cenários na descoberta de ideias; e Drew (2006) aborda a questão do uso de
cenários no desenvolvimento de inovações disruptivas. Mesmo pouco estudada, a aplicação
de cenários na identificação de oportunidades de inovação é uma área bastante promissora, e a
proposta desse trabalho foi justamente enfatizar a importância desse tema e incentivar a
comunidade científica a pesquisá-lo.
4. Considerações finais
Nesse artigo foi feita uma revisão bibliográfica sobre cenários prospectivos. Os
principais modelos foram analisados, bem como as principais ferramentas e técnicas
utilizadas na sua construção. Como conclusão, foi verificado que os cenários proporcionam
uma visão de futuro para as organizações, analisando tanto o ambiente interno quanto externo.
Servem de base no processo de tomada de decisão e na elaboração das estratégias das
empresas, principalmente quando o foco é o longo prazo, além de ser uma forma de ampliar o
conhecimento organizacional. Ao se definir os possíveis cenários de futuro, as organizações
têm uma base mais sólida para elaborar seu plano estratégico e, consequentemente, identificar
novas oportunidades de inovação, com o objetivo de garantir que consigam atender às
necessidades dos consumidores que ainda estão por vir.
Apesar do evidente benefício dos cenários prospectivos na identificação de
oportunidades de inovação, os gestores e dirigentes ainda não se preocupam com o longo
prazo. São poucas as empresas que desenvolvem estratégias num horizonte de 10 ou mais
anos. A preocupação com as atividades diárias e com a entrega de resultados no curto prazo
induz os executivos a não pensar no longo prazo. Conforme Jouvenel (2000), devemos olhar
além do trabalho rotineiro e escravo do dia-a-dia para poder gerenciar as mudanças para o
caminho desejado. O resultado é que existe um número muito limitado de companhias que
conseguem realmente inovar no sentido de lançar produtos disruptivos no mercado, atendendo
a necessidades que até então não tinham sido identificadas pelos consumidores.
Outro ponto a destacar é que as empresas brasileiras ainda concentram-se muito na
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manufatura e em como serem mais produtivas e a maior preocupação hoje é como competir
no mercado globalizado, principalmente levando-se em consideração a concorrência dos
produtos chineses. Dificilmente o Brasil irá conseguir vencer essa batalha pelo custo. Porém
se os empresários começarem a pensar no futuro e a realizar um trabalho sério de construção
de cenários prospectivos para identificar novas oportunidades de inovação, o Brasil pode
vencer a guerra através de novos produtos, serviços ou mesmo através da criação de novos
mercados. É lógico que riscos existem, mas eles são inerentes aos negócios e à inovação. Mas
se as empresas não estiverem dispostas a tomar risco, dificilmente conseguirão estar à frente
no mercado global. O uso de cenário pode ser também uma boa alternativa na minimização
dos riscos, pois conforme cita Postma (2012), ele contribui para reduzir as incertezas inerentes
ao processo de fuzzy front end do PDP, tornando mais assertivo o processo de inovação.
Como sugestão para trabalhos futuros é proposto que seja feito um estudo de caso em
diferentes empresas para se verificar como o planejamento estratégico é feito e se existe
integração com técnicas de elaboração de cenários prospectivos e na identificação de
oportunidades de inovação.
Referências
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