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predizer o futuro com precisão numérica. Essa característica oferece aos usuários insights
sobre o progresso e o mecanismo da mudança.
Fahey e Randall (1998) complementam afirmando que cenários são narrativas de
projeções alternativas plausíveis de uma parte específica do futuro, oferecendo descrições
contrastantes de como vários aspectos incertos do futuro podem se desenvolver.
Essas definições trazem à luz a contribuição que cenários podem oferecer para o
conteúdo das possíveis estratégias a serem acessadas pela organização. Pontua Huss (1988)
que o resultado mais importante da ferramenta não é predizer exatamente a sequência de
eventos, antes disso, deve oferecer entendimento sobre a dinâmica do ambiente, as tendên-
cias-chave para monitorar e os limites dos desfechos do futuro para o qual se pretende pla-
nejar. Esses insights auxiliam os tomadores de decisão se não prever pontos de inflexão,
pelo menos acessar quando as condições estão corretas para uma mudança estrutural de
maior porte.
Para que os cenários sejam elaborados, é necessário, portanto, que o cenarista con-
sidere um conjunto de forças que atuam sobre o sistema em estudo. Entretanto, a conside-
ração de tais forças não deve se limitar à extrapolação de tendências passadas. É preciso ir
além e adotar uma abordagem pluralista do futuro, balizada por forças restritivas e por for-
ças propulsoras que atuam sobre as variáveis do sistema, bem como os limites naturais ou
sociais dentro dos quais as variáveis podem evoluir no horizonte de tempo em análise. A
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figura 2.1 apresenta esquematicamente esta visão, com base nas definições de Wright e
Spers (2006), Schnaars e Topol (1987), Fahey e Randall (1998) e Huss (1988).
Hoje as empresas modernas estão inseridas num mercado caracterizado pela globa-
lização da economia, por uma intensa competitividade no desenvolvimento de novos produ-
tos e serviços e na disputa pelo cliente. Neste ambiente dinâmico, sujeito a mudanças cada
vez mais velozes, vem se consolidando o uso da Inteligência Competitiva nas organizações,
até como necessidade de sobrevivência. Este ritmo extremamente veloz das mudanças tem
como consequência frequentes rupturas de tendências. Essas, por sua vez, aumentam a in-
certeza com relação ao futuro das organizações públicas e privadas de nosso tempo.
Para Marcial (2009, p.22), “os estudos de cenários prospectivos são uma das ferra-
mentas mais adequadas para a definição de estratégia em ambiente turbulento e incerto”.
Por outro lado, salienta que os cenários prospectivos se utilizam, também, das várias ferra-
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mentas descritas no estudo de Inteligência Competitiva, como por exemplo as redes de in-
formações, a análise automática da informação e outras técnicas de monitoração do ambien-
te que melhorem a qualidade de seus resultados. Considerando que cenários são elaborados
mediante uma combinação de planejamento, pesquisa, pensamento analítico e imaginação,
pode-se observar sua interconexão com as funções da inteligência empresarial estratégica,
proposta por Cardoso Jr. (2001), ou seja, memória, rede, análise e direção.
A função rede permite que sejam acessadas pessoas excepcionais, que tenham
uma percepção especial sobre o que está acontecendo no macroambiente, possibilitando
uma ampla gama de perspectivas como, por exemplo, cientistas, líderes políticos e empresa-
riais, jornalistas e especialistas, entre outros.
Segundo Cardoso Jr, (2001), a partir das informações obtidas de fontes abertas e
da rede, a função análise atua nos seguintes aspectos: identificação de elementos prede-
terminados, forças motrizes e tendências correntes; agrupamento de diferentes visões, se-
gundo padrões de conexão; percepção de sinais de mudança, momentos de virada e descon-
tinuidades latentes. Ressalta-se que, em se tratando de cenários, é necessário ir além do
mero pensamento analítico e desenvolver habilidades que envolvam imaginação e criativida-
de. Afinal, o pensamento linear é insuficiente para projetar cenários da realidade futura ba-
seados em variáveis complexas, principalmente de ordem social e cultural.
O planejamento de cenários é realizado por uma equipe de pessoas, que podem ser
internas à organização (funcionários) ou externas (especialistas contratados), que se reúnem
para compartilhar ideias e conhecimentos sobre os possíveis cenários futuros que podem
ocorrer e afetar a organização. Os participantes devem ser criativos, comunicadores, respei-
tados e apresentarem perspectivas diferentes, assim, suas opiniões terão mais credibilidade
diante dos outros participantes.
De acordo com Wade (2013, p. 29) o processo de construção de cenários pode ser
divido em dez etapas:
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2.4.1 Método de Porter
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mentos independentes, ou seja, fazem parte do cenário, porém não são base pa-
ra o mesmo.
5. Análise de cenários e consistência – é importante elaborar cenários a partir
das variáveis incertas supostas pelos gestores da organização, porém é necessá-
rio analisar se estas são consistentes. Os cenários incoerentes são postos de lado
e é feita uma análise mais detalhada das incertezas consistentes, buscando a re-
dução do número de cenários a serem estudados.
6. Concorrência – com o número reduzido de cenários, faz-se necessário identifi-
car os concorrentes e suas possíveis reações frente a cada cenário traçado.
7. Elaboração das histórias de cenários – nesta etapa é realizada a construção
de histórias para cada cenário. Para Moritz, Moritz e Pereira (2012, p. 60) as his-
tórias “devem conter a descrição minuciosa do comportamento das variáveis in-
certas dependentes e independentes, das mudanças estruturais predeterminadas
e dos elementos constantes da estrutura da indústria”.
8. Elaboração das estratégias competitivas – com base nos cenários elabora-
dos e nas histórias de cada cenário, são desenvolvidas as estratégias competiti-
vas da organização. Na figura 2.2, a seguir, estão descritas as fases do método
de Porter.
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2.4.2 Método de Michel Godet
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a base para a geração dos cenários alternativos. A análise morfológica é realiza-
da decompondo-se cada variável explicativa em seus possíveis comportamentos
ou estados futuros, segundo as estratégias dos atores. O próximo passo é a ela-
boração dos cenários propriamente ditos, levando-se em conta as variáveis-
chaves, as tendências de peso, as estratégias dos atores e os fatos portadores
de futuro já identificados. Marcial & Grumbach (2002) reiteram que o método de
cenários consiste em descrever, de maneira coerente, o encaminhamento entre
a situação atual e os horizontes Godet apud Marcial & Grumbach (2002) reco-
menda a implantação de um sistema de monitoração estratégica, a fim de avali-
ar as opções estratégicas desenvolvidas, quaisquer que sejam as estratégias a-
dotadas e os planos descritos. Na figura 2.3, a seguir, estão descritas as fases
do método de Godet.
Autoestudo
I. Propósito do estudo.
IV. Concorrência.
a) I e II.
b) III, IV e V.
d) II e V.
e) I, II, III, IV e V.
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Gabarito
1) Letra C.
3) O enfoque projetivo constitui-se de uma única visão de futuro, faz-se geralmente em am-
bientes pouco turbulentos e para planejamentos de curto prazo. Já o enfoque extrapolativo
prevê um futuro por meio de tendências do passado e do presente, em ambientes de fatores
políticos, econômicos e tecnológicos estáveis.
Referências bibliográficas
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rios. New York: Wiley, 1998.
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MARCIAL, Elaine Coutinho, GRUMBACH, Raul José dos Santos. Cenários prospectivos:
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MORITZ, Gilberto de Oliveira; MORITZ, Mariana Oliveira; PEREIRA, Maurício Fernandes. Pla-
nejamento por cenários prospectivos: referencial metodológico baseado em casos
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WADE, Woody. Planejando cenários: um guia prático para se preparar para o futuro
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