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EXPEDIEN T E

EQUIPE DIRETIVA

Oswaldo Luiz Saenger


Presidente – Grupo Projeção

José Sérgio de Jesus


Reitor e Diretor de Educação

Henrique Vinícius Ramos e Silva


Diretor de Operações

Jonathan Rosa Moreira


Pró-Reitor e Diretor Acadêmico da Educação Superior

ORGANIZAÇÃO

José Sérgio de Jesus

Jonathan Rosa Moreira

Francisca Carla Santos Ferrer

Daniel Barbosa Santos

Fabrício Vieira de Santana

Thamires de Oliveira Alencar

EQUIPE EDITORIAL

Daniel Barbosa Santos

Francisca Carla Santos Ferrer

Luis Eduardo Gauterio Fonseca

Fabrício Vieira de Santana

DESENVOLVIMENTO E SUPORTE TÉCNICO

José Gustavo Dias Alves

Thamires de Oliveira Alencar

Wellington Douglas Cordeiro de Souza Junior

SUPORTE ADMINISTRATIVO E LOGÍSTICO

Érika Silva Nascimento


JOSÉ SÉRGIO DE JESUS (Org)
JONATHAN ROSA MOREIRA (Org)
FRANCISCA CARLA SANTOS FERRER (Org)
DANIEL BARBOSA SANTOS (Org)
FABRÍCIO VIEIRA DE SANTANA (Org)
THAMIRES DE OLIVEIRA ALENCAR (Org)

ALINHAMENTO ESTRATÉGICO

Coleção
Projeção lato sensu

Volume 2
Copyright © Projeção
Brasília - 2020

Diagramação: Fabrício Vieira de Santana


Capa: Thamires de Oliveira Alencar
Coleção: Projeção lato sensu
Volume: 2

DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)

658

Alinhamento estratégico / Organizadores, José Sérgio de Jesus ... [et al.] – Brasília:
Projeção, 2020. 55 p. ; 30 cm. (Coleção Projeção latu sensu, v. 2)
ISBN: 978-65-89213-22-2

1. Ensino Superior 2. Gestão do Conhecimento 3. Comunicação organizacional I. Jesus,


José Sérgio de. IV. Título V. Coleção

CDU 658

Elaborada pelo processamento técnico da Biblioteca Central do Centro Universitário Projeção


Bibliotecário Luís Eduardo Gauterio Fonseca - CRB 01/1597
SUMÁRIO

06 ..................................................................Módulo 01
Alinhamento Estratégico

17 ........................................................................Módulo 02
Gestão do Conhecimento

28 ........................................................................Módulo 03
Comunicação Organizacional

44 ........................................................................Módulo 04
Aprendizagem e Cultra Organizacionais
M Ó D ULO 1
ALINHAMENTO ESTRATÉGICO
APRESENTAÇÃO
Caro estudante, seja bem-vindo ao primeiro módulo da unidade curricular “Alinhamento
Estratégico”. Neste módulo, você vai conhecer sobre as principais definições relacionadas
ao alinhamento estratégico, principalmente, na relação entre as áreas de negócio e a área
de tecnologia da informação e comunicação. Nesta mesma perspectiva serão abordados os
fundamentos do alinhamento estratégico, especificando conceitos sobre aprendizagem orga-
nizacional, gestão da informação, sistemas de informações e suas relações com a estratégia
organizacional e planejamento estratégico.

Para Pietro et al. (2009, p. 317), a exe- rantir a ligação entre os planos de negócios e
cução bem-sucedida da estratégia é consi- de Tecnologia da Informação e Comunicação,
derada pelos executivos como uma prática definindo, mantendo e validando a proposta
relevante para o bom desempenho organiza- de valor da tecnologia, alinhando as opera-
cional. Para os autores, com base em Porter ções de tecnologia com as operações da or-
(1979), o alinhamento é um conceito central ganização (ITGI, 2007, p.8). Assim, o alinha-
retratado pelas pesquisas na área de estraté- mento estratégico identifica a necessidade
gia, que representam, em linhas gerais, dois de especificar os tipos de integração entre os
eixos sobre a questão da vantagem compe- domínios da tecnologia da informação e co-
titiva. municação e dos negócios, e isto deve ser um
processo contínuo de adaptação e mudança
O primeiro eixo aborda a questão da van-
(HENDERSON; VENKATRAMAN, 1999).
tagem competitiva com ênfase no poder do
mercado, sendo o alinhamento uma condição Para Brodbeck e Hoppen (2003), o im-
inerente ao ajuste da estratégia às oportuni- pacto da tecnologia de informação no de-
dades e ameaças do ambiente de atuação da sempenho dos negócios é alvo de diferentes
empresa (PORTER, 1979). Já o segundo eixo estudos e discussões. Pesquisadores das áre-
foca na visão da empresa baseada em recur- as de negócio e de tecnologia da informação
sos, cuja ênfase do alinhamento recai primei- realizam estudos para examinar as necessida-
ramente sobre os fatores internos. Para Mo- des e os benefícios do alinhamento da tecno-
reira (2013), o alinhamento estratégico entre logia da informação com o restante dos ne-
a Tecnologia da Informação e Comunicação e gócios (p. 10). Os executivos de TI também
os negócios pode representar um diferencial têm considerado o alinhamento entre as es-
competitivo para as organizações. O envolvi- tratégias de negócio e de TI como um dos ob-
mento geral da administração e a utilização jetivos principais da área, pela possibilidade
efetiva da tecnologia da informação e comu- de identificação de novas oportunidades de
nicação desempenham um importante papel negócios e pela obtenção de vantagens com-
para a disseminação dos objetivos organiza- petitivas baseadas em soluções de tecnologia
cionais e a implicação desta relação nas uni- da informação e comunicação.
dades de negócio é evidente.
A Figura 1 apresenta a relação de comu-
O alinhamento estratégico foca em ga- nicação entre os domínios TIC e negócios.

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Podemos considerar esta relação como trans- Modelo de Luftman
cendente, pois existem trocas, sejam elas neces-
O modelo de Luftman considera que o ali-
sidades solicitadas ou serviços prestados, cujos
nhamento evolui a partir da adaptação conjunta
impactos influenciam em ambos os domínios
de estratégias entre a TIC e os negócios (MA-
(MOREIRA, 2013).
CHADO; BLAU, 2005). Luftman aponta que
Figura 1: Domínios de tecnologia da infor- para que exista alinhamento é necessário apoio
mação e comunicação e negócios e a relação de da alta administração à tecnologia da informa-
comunicação. ção e comunicação, que por sua vez, participa
do desenvolvimento estratégico da organização
(MACHADO; BLAU, 2005).

Luftman define, ainda, um conjunto de cri-


térios que avaliam o nível de maturidade dos
processos de alinhamento estratégico entre a
tecnologia da informação e comunicação e os
Fonte: Moreira (2013). negócios. Dentre estes critérios, a comunicação
da estratégia pode ser considerada como um fa-
A Figura 1 traz dois constructos principais: (i) tor habilitador ou inibidor de sucesso para a or-
negócios; e (ii) tecnologia da informação e comu- ganização (LUFTMAN, 1996, p.51).
nicação. Observe que o eixo estruturante deste
modelo é a comunicação, que viabiliza a troca Modelo Peter Weill
de informações organizacionais e, consequente- No modelo de alinhamento estratégico de
mente, a aprendizagem organizacional. Peter Weill, uma estrutura de tecnologia da in-
Entretanto, ainda segundo Brodbeck e Ho- formação é composta por uma infraestrutura
ppen (2003, p. 10), apesar da concordância ge- corporativa e equipes locais de tecnologia da in-
ral sobre o impacto positivo do alinhamento nas formação e comunicação. Esta abordagem traz
organizações, ainda existem alguns elementos um elemento regulamentador e padronizador
inibidores do processo como um todo, tais como representado pela tecnologia corporativa, e ele-
problemas de comunicação, perda de recursos mentos que possibilitam a flexibilidade e a agili-
ou de comprometimento. dade no atendimento a demandas sazonais ou
específicas do negócio nas unidades representa-
Modelos de Alinhamento Estratégico das na estrutura pela área de tecnologia da infor-
mação e comunicação local (WEILL; SUBRAMA-
Existem modelos que avaliam a maturidade
NI; BROADBENT, 2002).
do alinhamento estratégico entre a área de tec-
nologia da informação e comunicação e os ne- No modelo de alinhamento estratégico en-
gócios da organização, como os propostos por tre tecnologia da informação e comunicação e
Luftman, Peter Weill e Venkatraman (MOREIRA, negócios de Peter Weill é apresentada a propos-
2013), Hambrick e Cannella, Beer e Eisenstat ta na qual a tecnologia deve ser dividida em 10
(PRIETO et al., 2009). (dez) clusters, os quais são agrupados em dois
grandes grupos:

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Grupo: Camada física em seus investimentos em tecnologia.

Esse grupo é composto por 6 (seis) clusters: Modelo Venkatraman


(a) Gerenciamento de Canal; (b) Gerenciamen-
No modelo de Venkatraman, é percebido
to de segurança e risco; (c) Comunicação; (d)
uma preocupação com a comunicação organi-
Gerenciamento de Dados; (e) Infraestrutura de
zacional, onde apresenta a ideia de que a área
aplicações; e (f) Gerenciamentos de facilities. Fa-
de tecnologia se encontra consolidada em seu
cility é o ativo físico de apoio às atividades de
papel coadjuvante, pois tinha apenas a função
uma organização. O gerenciamento de facilities
de suporte e apoio ao negócio, e passa a ter em
é definido como sendo o processo integrado
alguns momentos a posição de protagonista da
para apoiar e melhorar a eficácia das principais
estratégia empresarial (VENKATRAMAN, 1999).
atividades de uma organização, da gestão e da
prestação de serviços de apoio acordadas para De acordo com Henderson e Venkatraman
o ambiente adequado necessário para atingir os (1999, p. 474), “IT strategy should be articuled
seus objetivos em transformação (ATKIN, 2009, in terms of an external domain and an internal
p. 274). Basicamente, nessa camada estão agru- domain”, ou seja, a estratégia de tecnologia da
padas todas as atividades eminentemente téc- informação e comunicação tem que ser articula-
nicas onde a tecnologia já tem um histórico de da em termos de domínios internos e externos,
proficiência nela. desta forma, transcendendo a visão anterior de
que a tecnologia tinha seu papel puramente de
Grupo: Orientada ao negócio
apoiador. São apresentadas 4 (quatro) perspec-
Grupo composto por 4 (quatro) clusters: (a) tivas, compostas pela combinação de 4 (quatro)
Gerenciamento da TI; (b) Arquitetura e Padroni- atratores de ação. Atrator é o conjunto limite
zação da TI; (c) Educação em TI; (d) Pesquisa e para o qual se converge na medida em que o
Desenvolvimento em TIC. Nesta camada, agru- tempo evolui. (SAVI, 2009, p. 9):
pam-se as atividades mais voltadas às estratégias
a) Estratégia de negócio (Business Strategy)
e às ações de longo prazo.
b) Estratégia de TI (I/T Strategy)
Um aspecto que chama a atenção neste mo-
delo é a afirmação de que as iniciativas de tec- c) Processos e infraestrutura organizacional (Or-
nologia da informação e comunicação podem ganizational Infrastrutureand Processes)
ser habilitadoras ou repressoras nos negócios da d) Processos e infraestrutura de Serviços de in-
organização. Porém, uma crítica a este modelo formação (I/S Infraestruture and Processes)
é o fato dele não demonstrar com clareza como
prover este alinhamento e principalmente não Partindo da combinação destes atratores são
abordar a questão da comunicação organizacio- geradas 4 (quatro) perspectivas.
nal como elemento habilitador do alinhamento • Estratégia de execução (A–C–D): A estraté-
estratégico, relegando aparentemente as habili- gia de negócio seria o indutor da mudança,
dades pessoais dos CIO’s, desta forma, limitan- provocando ajustes da infraestrutura organi-
do-se apenas em apresentar a partir dos estudos zacional e por último a infraestrutura de tec-
de casos realizados e as características comuns nologia se adequaria às novas necessidades
encontradas das companhias que tiveram êxito organizacionais.

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• Transformação tecnológica (A–B–D): A es- tor possa selecionar qual a melhor estratégia a
tratégia de negócio continuaria a ser a indu- ser adotada, pois, em alguns momentos terá que
tora da mudança, porém agora acionaria a apoiar o negócio, em outros deverá conduzir ino-
estratégia de tecnologia e depois a infraes- vações organizacionais. Este viés dá início a ideia
trutura de tecnologia. de que o alinhamento é uma situação dinâmica
e não puramente estática, pois a cada momento
• Potencial competitivo (B–A–C): A estratégia
necessitará ser ajustado de acordo com questões
de tecnologia seria a indutora da mudança a
situacionais, portanto a questão tempo e espaço
qual provocaria ajustes na estratégia de ne-
é muito relevante na avaliação das ações e estra-
gócio e consequentemente na infraestrutura
tégias a serem adotadas.
organizacional.

• Nível de serviço (B–D–C): A estratégia de Modelo de Hambrick e Cannella


tecnologia continuaria sendo a indutora da O Modelo de Hambrick e Cannella, (1989),
mudança a qual provocaria ajustes na infra- assim como os demais, traz métricas para os pro-
estrutura de tecnologia e consequentemen- cessos gerenciais de planejamento, implementa-
te da infraestrutura organizacional. ção e revisão estratégica, com ênfase nas habi-
Nas combinações acima se observam uma lidades de construção, comunicação e gerência
maior interação entre as estratégias de TIC e de indicadores de desempenho. Por outro lado,
negócio, nas perspectivas de transformação tec- a articulação é fator preponderante do modelo e
nológica e potencial competitivo. Porém, não do planejamento estrategista.
basta apenas adotar uma das perspectivas. Nes- Figura 2: Modelo de alinhamento estratégico
te sentido, foram apresentados quatro aspectos de Hambrick e Cannella.
que comportam as principais diferenças entre
“encadeamento tradicional” e o alinhamento es-
tratégico defendido nesse modelo. O Quadro 1
apresenta a diferenciação entre o alinhamento
estratégico a visão tradicional voltada para os
negócios e tecnologia.
Fonte: Pietro et al. (2009)
Quadro 1: Diferenciando alinhamento estra-
tégico e a visão tradicional. Modelo de Beer e Eisenstat

Para Pietro et al. (2009), os modelos também


se diferenciam pela proposta da identificação de
barreiras à implementação da estratégia, diag-
nóstico de alinhamento, determinação do papel
do estrategista na implementação e a promoção
de questionamento das capacidades, incluindo
Fonte: Adaptado de Hendersen e Venkatraman (1999). da alta gestão, nas escolhas estratégicas, tal qual
apresentado na Figura 3.
Quando trata de objetivos da gerência, se faz
necessário o monitoramento constante da situa-
ção conjuntural da organização para que o ges-

10 
Figura 3: Modelo de alinhamento estratégico Figura 4: Relação transcendente entre os do-
de Beer e Eisenstat. mínios de tecnologia e negócios.

Fonte: Moreira (2013).

A Figura 4 representa essa relação de atribui-


ção das propriedades cognitivas no processo de
comunicação entre a tecnologia e os negócios.
Expressa o dinamismo no relacionamento que
envolve as necessidades e os planos de negócio,
referentes aos requisitos de negócio da organi-
zação, e os serviços e a visibilidade oriundos dos
Fonte: Pietro et al. (2009) critérios da informação (segurança, qualidade e
fiduciário) previstos para a área de tecnologia.
Considera-se a área de Tecnologia da Infor-
Ambas as dimensões (tecnologia e negócios) po-
mação e Comunicação e a área de negócios como
dem ser vistas como emissores e receptores das
domínios. Cada um desses domínios pode ser
mensagens contidas nessa relação. As mensa-
composto por um conjunto interativo de objetos
gens podem estar envolvidas por valores intrín-
(recursos) e seus respectivos estados (distinções
secos consolidados tanto de seu emissor, quan-
e memórias). O fenômeno da comunicação entre
to de seu receptor. A identificação da essência
o domínio tecnologia e o domínio negócios pode
da informação presente na mensagem pode ser
ser observado como uma relação transcendente,
considerada um fator crítico para a formação de
a qual apresenta uma troca mútua de experiên-
um conhecimento aproximado e entendimento
cias. A efetividade da comunicação, alinhamento
entre os domínios.
estratégico, ou o conhecimento dela advindo,
pode representar um resultado oriundo dessa
relação.

Como o alinhamento estratégico é um pro-


cesso dinâmico devido às mudanças e evoluções
nos negócios da organização, e a partir do pres-
suposto de que a comunicação é um dos pila-
res mais importantes do alinhamento estratégico
entre a tecnologia e os negócios, podemos as-
sociar as idiossincrasias presentes na dimensão
comunicação da Teoria da Estruturação, com a
relação de comunicação entre as áreas de TIC e
negócios.

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DESAFIO
Caro(a) acadêmico(a), que bom que você chegou até aqui.

Se você está neste desafio é porque você leu todo o material de estu-
dos (texto-base e leituras complementares) e respondeu o questioná-
rio.

A realização deste desafio é opcional. Trata-se de uma atividade pro-


positivo-atitudinal. Ou seja, não compõe nota e não deve ser postada
na plataforma. É apenas para que você tenha a oportunidade de cor-
relacionar os conteúdos curriculares às diferentes situações práticas,
alcançando a práxis.

Vamos lá?

• Que tal avaliar o nível de alinhamento estratégico em uma deter-


minada organização?

• Para tanto, você deve:

• Identificar uma empresa que tenha estrutura organizacional que


contemple áreas de TI e de gestão administrativo-financeira.

• Entrar em contato, se apresentando e solicitando autorização para


realização da pesquisa de avaliação, informe que se trata de um
trabalho acadêmico e que o objetivo geral é verificar, sob a pers-
pectiva dos próprios colaboradores a percepção de alinhamento
estratégico entre as áreas de TI e negócios. Este resultado será
analisado posteriormente à luz da teoria e você pode compartilhá-
-lo aos gestores da organização, contribuindo com seus processos
gerenciais.

• Para a realização da pesquisa, utilize o questionário apresentado


na seção SAIBA + deste módulo.

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LEITURA COMPLEMENTAR
A título de leitura complementar, para se aprofundar nas questões tratadas nessa unidade, são
sugeridas três leituras:

1. Alinhamento estratégico de tecnologia da Informação: Análise de modelos e propostas para


pesquisas futuras

A tecnologia da informação (TI) configura-se como um recurso capaz de suportar o negócio das
empresas, proporcionando agilidade, mobilidade e suporte à tomada de decisão. A interligação da
estratégia de TI à estratégia empresarial já foi objeto de estudo em relação ao modelo de TI.
AFFELDT, Fabrício Sobrosa; VANTI, Adolfo Alberto. Alinhamento estratégico de tecnologia da informação: análise
de modelos e propostas para pesquisas futuras. Revista de Gestão da Tecnologia e Sistemas de Informação Jour-
nal of Information Systems and Technology Management, v. 6, n. 2, p. 203-226, 2009. Disponível em: https://
faculdadeprojecao.nucleoead.net/pos/mod/resource/view.php?id=180. Acesso em: 5 out. 2020.

2. Aprendizagem organizacional e competências: Novos horizontes da gestão

Apesar da grande difusão da noção de competências entre empresas brasileiras, sua aplicação,
bem como seus resultados práticos, aparecem como um debate com mais sombras do que luzes,
mais impasses do que certezas. Na perspectiva de trazer um pouco de claridade a alguns de seus
pontos, este capítulo desenvo lve uma breve revisão das principais referências conceituais que
forma a noção de competência, vista aqui em suas diferentes dimensões: organizacional, grupal e
individual.
RUAS, Roberto Lima. Aprendizagem organizacional e competências: novos horizontes da gestão. Bookman, 2005.
Disponível em: https://faculdadeprojecao.nucleoead.net/pos/mod/resource/view.php?id=181. Acesso em: 5 out.
2020.

3. O Alinhamento estratégico e a construção do futuro: O alinhamento estratégico e a construção


do futuro: Um estudo exploratório

O objetivo desse trabalho é apresentar, pela primeira vez no Brasil, uma pesquisa exploratória que
analisa o direcionamento para o futuro, de acordo com os conceitos de Prahalad e Hamel (1990), e
sua associação com os processos de alinhamento estratégico, de recursos humanos e de tecnolo-
gia de informação. Para tal foram operacionalizados os conceitos de direcionamento para o futuro,
o de formalização do processo de planejamento, o de alinhamento estratégico da área de tecno-
logia de informação e o de alinhamento da área de recursos humanos. O estudo permite a análise
de cada uma das variáveis acima descritas, tanto em relação a sua confiabilidade e validade, como
também através de análises fatoriais.
NOGUEIRA, A. Roberto R.; MOREIRA, Paula C. A. O alinhamento estratégico e a construção do futuro: o ali-
nhamento estratégico e a construção do futuro: um estudo exploratório. RAC, São Paulo, v. 2, n. 2, p. 103-125,
maio/ago., 1998. Disponível em: https://faculdadeprojecao.nucleoead.net/pos/mod/resource/view.php?id=182.
Acesso em: 5 out. 2020.

13
SAIBA +
Você sabia que existem questionários validados para aplicação de pesquisas
organizacionais para verificação do nível de percepção dos colaboradores
acerca dos processos de alinhamento estratégico entre as áreas de tecnolo-
gia da informação e comunicação e de negócios?

Não bastar dizer e ter nos manuais que a empresa tem alinhamento estra-
tégico. Se este alinhamento não for percebido entre os seus colaboradores,
dificilmente vão perseguir objetivos comuns e metas compartilhadas, invia-
bilizando o alinhamento.

Aqui, apresentamos um modelo de questionário validado para avaliação do


nível de percepção de alinhamento estratégico entre as áreas de tecnologia
da informação e comunicação e de negócios. Este questionário é de Costa
(2002), da UFBA, e foi validado por pares em avaliação de mestrado.

O questionário é composto de 6 partes:

Processo de Planejamento - PP

Competências Essenciais - CE

Tecnologia e Inovação - TI

Cultura Estratégica - CE

Aprendizagem Organizacional - AO

Gestão por Competência – GC

Observe que a pesquisa foi realizada em um contexto específico em um tipo


de prestação de serviços específico. Então, você precisa adequá-la à reali-
dade da empresa que você futuramente irá pesquisa, caso seja necessário.

https://faculdadeprojecao.nucleoead.net/pos/mod/resource/view.php?id=196

14 
Referências

AFFELDT, Fabrício Sobrosa; VANTI, Adolfo Alberto. Alinhamento estratégico de tecnologia da infor-
mação: análise de modelos e propostas para pesquisas futuras. Revista de Gestão da Tecnologia e
Sistemas de Informação Journal of Information Systems and Technology Management, v. 6, n. 2, p.
203-226, 2009. Disponível em: https://faculdadeprojecao.nucleoead.net/pos/mod/resource/view.
php?id=180. Acesso em: 5 out. 2020.

ATKIN, B.; BROOKS, A. A Total Facilities Management. Oxford: Blackwell Publishing Ltd, 2009. BEER,
M.; EISENSTAT, R. A. Developing an organization capable of implementing strategy and learning. Hu-
man Relations, v. 49, n. 5, p. 597-603, 1996.

BITENCOURT, Claudia Cristina. A gestão de competências gerenciais: a contribuição da aprendiza-


gem organizacional. 2001.

BRODBECK, Ângela F.; HOPPEN, Norberto. Alinhamento estratégico entre os planos de negócio e
de tecnologia de informação: um modelo operacional para implementação. Revista de Administração
Contemporânea, v. 7, n. 3, p. 9-33, 2003.

HAMBRICK, D. C; CANNELLA JR., A. A. Strategy implementation as substance and selling. Academy


of Management Executive, v. III, n. 4, p. 278-285, 1989.

HENDERSON, J. C.; VENKATRAMAN, N. Strategic alignment: Leveraging information technology


for transforming organizations. In: IBM Systems Journal, 38, 1999. ITGI. Control Objectives for Infor-
mation and related Technology – COBIT 4.1. Illinois: Information Technology Governance Institute,
2007.

LUFTMAN, J. N. Competing in the Information Age: Strategic Alignment in Practice. Oxford Univer-
sity Press. New York, 1996.

MACHADO, C. P.; BLAU, J.C.M. Alinhamento estratégico da tecnologia da informação: um estudo de


caso na indústria de alimentos. In: XXV Encontro Nacional de Engenharia de Produção. Porto Alegre.
15, 2005.

MOREIRA, J. R. A Comunicação da informação organizacional e o alinhamento estratégico TI e negó-


cios: Uma abordagem cognitiva. Tecnologias em Projeção, v. 4, n. 2, p. 01-12, 2013.

NOGUEIRA, A. Roberto R.; MOREIRA, Paula C. A. O alinhamento estratégico e a construção do fu-


turo: o alinhamento estratégico e a construção do futuro: um estudo exploratório. RAC, São Paulo, v.
2, n. 2, p. 103-125, maio/ago., 1998. Disponível em: https://faculdadeprojecao.nucleoead.net/pos/
mod/resource/view.php?id=182. Acesso em: 5 out. 2020.

PORTER, M. E. How competitive forces shape strategy. Harvard Business Review, p. 137-145, 1979.

15
PRIETO, Vanderli Correia; CARVALHO, Marly Monteiro de; FISCHMANN, Adalberto Américo. Aná-
lise comparativa de modelos de alinhamento estratégico. Production, v. 19, n. 2, p. 317-331, 2009.

RUAS, Roberto Lima. Aprendizagem organizacional e competências: novos horizontes da gestão.


Porto Alegre: Bookman, 2005. Disponível em: https://faculdadeprojecao.nucleoead.net/pos/mod/
resource/view.php?id=181. Acesso em: 5 out. 2020.

WEILL, P.; SUBRAMANI, M.; BROADBENT, M. IT Infraestructure for strategic Agility. Cambridge:
Massachusetts Institute of Technology, 2002.

16 
M Ó D ULO 2
GESTÃO DO CONHECIMENTO
APRESENTAÇÃO
Caro estudante, seja bem-vindo ao segundo módulo da unidade curricular “Alinhamento
Estratégico”. Neste módulo, você vai conhecer sobre as principais definições relacionadas à
gestão do conhecimento organizacional, principalmente, na relação entre as áreas de negócio
e a área de tecnologia da informação e comunicação.

Nas práticas organizacionais, sobretudo to (moral); é o mundo mental do conhecimen-


com base nos conceitos mais contemporâne- to. Já o conhecimento do mundo 3, o mun-
os, a gestão do conhecimento reflete em uma do autônomo dos objetos mentais, engloba
gama de conceitos correlatos, tais como inte- as formulações linguísticas compartilháveis,
ligência, informação, gestão, conhecimento, as teorias, os modelos e os postulados de
competências, habilidades, ativos intangíveis, conhecimento sobre o mundo, sobre o belo
aprendizagem, entre outros. Essa abrangência e sobre o justo. Várias definições usuais de
conceitual traz uma dificuldade em limitar as conhecimento são discutidas. A mais comum
definições e terminologias encontradas nos delas é crença verdadeira justificada, defini-
dicionários, que levam, em algumas práticas, ção adotada por Nonaka e Takeuchi (1997) e
à negação do conhecimento à compreensão considerada do Mundo 2. O argumento, em
de que a gestão do conhecimento é apenas síntese, é de que não é possível a justificação
um modismo (WILSON, 2002). do conhecimento, já que nunca há evidências
suficientes para provar a veracidade ou fal-
De acordo com Silva Junior (2002, p.
sidade de um postulado do conhecimento.
202) não é possível identificar na literatura
A própria crítica de Gettier (1963) baseia-se
especializada em administração, diferenças
no conceito de justificação. Há, em conse-
substantivas entre esse conceito e o de ges-
quência, o questionamento e relativização
tão, mas na literatura contemporânea pare-
do conceito de verdade, para além de uma
ce haver uma confusão conceitual entre as
abordagem estritamente realista ou idealista.
atividades entendidas como gestão distinta
A definição de conhecimento como informa-
das consideradas na disciplina da Ciência da
ção em contexto (do Mundo 3) é considerada
Administração. Independente do conceito
linguística devido ao termo informação não
adotado, o consenso é que as organizações
ser frequentemente utilizado para designar
aprendem, são dinâmicas, orgânicas e produ-
as crenças e predisposições do Mundo 2.
zem conhecimento.
Fundamentalmente, não há, nessa definição,
Para Campos (2007, p. 106), com base distinção entre informação e conhecimento,
em Popper (2000), existem três tipos de co- aspecto demonstrável pela impossibilidade
nhecimento. O conhecimento do Mundo 1 de haver informação fora de contexto. A de-
está representado ou codificado em objetos finição é racionalista (só tem sentido em um
ou estruturas físicas; é o mundo material do espaço dedutivo, o contexto) e pragmática
conhecimento. O conhecimento do Mundo (só há utilidade no contexto).
2 refere-se a crenças ou a predisposições de
As relações de conhecimento estão pre-
crenças sobre o mundo, o belo (ética) e o jus-
sentes na sociedade humana desde sua ori-

18 
gem, seja por imitação (sociedades antigas), seja consequentemente, conceitos associados, tais
por compartilhamento (sociedades modernas). como:
No âmbito organizacional, ao se relacionar ges-
• Inteligência
tão com administração, a geração de conheci-
mento parte dos conteúdos para a prática. Este • Gestão estratégica
conteúdo, por sua vez, pode ser existente ou • Aprendizagem organizacional
resultado de um processo criativo estimulado
pelas empresas. Observe a Figura a seguir. Ela • Gestão de competências
mostra a evolução do processo criativo, tendo • Inovação
como origem a identificação e memória (memo-
• Propriedade intelectual
rização, manualização). O processo estruturante
é o compartilhamento. • Estratégias

• Aprendizagem individual e coletiva

• Compartilhamento

• Apropriação

• Proteção

Observe que existem conceitos que também


convergem em disciplinas, visto sua importância
para os processos maduros organizacionais, em
uma perspectiva de organização que aprende e
que cria novos conhecimentos. Nesse contexto,
aprendizagem se dá em três ordens:
A gestão do conhecimento relaciona dife-
rentes disciplinas, que são inter-relacionadas e 1. Primeira ordem: muda o fazer
transversais:
2. Segunda ordem: mudam os caminhos (méto-
• Pesquisa e desenvolvimento dos estratégias)

• Inovação 3. Terceira ordem: muda o olhar: (paradigma)

• Inteligência artificial Em uma perspectiva cíclica, as ordens se


correlacionam e têm interseções, de modo que
• Inteligência competitiva
a gestão estratégica passa a buscar o alinhamen-
• Aprendizagem organizacional to entre áreas estratégicas, como uma forma de
• Capital social dar visibilidade e conhecimento aos requisitos,
demandas e possibilidades à todas os setores,
• Comunicação
para que, colaborativamente (busca de objetivo
• Informação comum), se possam tratar métodos e estratégias
para o alcance dos resultados.
Por outro lado, ao implementar as disciplinas
que interagem com a gestão do conhecimento
organizacional, as empresas passam a adotar,

19
APRENDIZAGEM

DEVER SER
Possibilidades Desejos PODER SER
Demandas
O QUE?

VER COMO?
MÉTODO
ENXERGAR
ESTRATEGIAS

Resultados Requisitos

GESTÃO
Satisfação FAZER Meios ESTRATÉGICA
Padrão
Desejado
VIR A SER
QUEM…QUANDO
DEVIR
PRIMEIRA ORDEM:MUDA O FAZER
APRENDIZAGEM
SEGUNDA ORDEM:MUDAM OS CAMINHOS (Métodos)

TERCEIRA ORDEM:MUDA O OLHAR (PARADIGMA)

Dentre as estratégias de gestão do conheci- Ao se desenvolver processos de gestão de


mento, podemos citar: conhecimento, necessariamente, desenvolvem-
-se conceitos de dados, informação e conheci-
• Cultura oral
mento. Certamente, você já deve ter visto estes
• Inteligência competitiva conceitos em sua trajetória acadêmica. Eles, in-
• Estabelecimento de fontes confiáveis de in- clusive, podem variar, dependendo da área de
formação concentração ou área do saber.

• Educação e treinamento Aqui, apresentamos, a síntese dos conceitos


de dados, informação e conhecimento, com base
• Aprendizagem em serviço
no clássico de Davenport e Pruzak (1998). O
• Inovação aberta Quadro mostra, também, que os conceitos apre-
• Formação de comunidades de prática, inte- sentados possuem unidades analíticas. Ou seja,
resse e aprendizagem você pode identificar os atributos e as relações
de tempo e espaço dos dados, informações e
• Aprendizagem organizacional
conhecimentos nas organizações. Tais conceitos
• Gestão das inovações e mudanças são considerados ativos intangíveis, ou seja, não
• Benchmarking são materializados, mas sua importância é incon-
testável e cabe aos gestores estratégicos seu
A gestão estratégica que resulta em aprendi- compartilhamento em todos os níveis organiza-
zagem investe em prioridades estratégicas para cionais (micro, meso e macro), dando a ênfase
apoiar os processos de tomada de decisão, visa- necessária a cada um.
do o desenvolvimento de competências (conhe-
cimento, atitudes, habilidades, valores) intangí-
veis.

20 
Conceitos Dados Informação Conhecimento

Sem contexto ou Informação Sistematizada em


Associada a um con-
Atributos significação ou pro- um contexto e objeto de apren-
texto e propósito
pósito dizagem

Sinais (Números,
palavras, imagens, Inteligência
Dimensões Comunicação
sons, cores e outras Competência
formas.

Redução de Incerte- Sistematização de Informações


Operacionalização Registros
zas Objetos de Interesse

Sistemas de Infor- Sistemas de Conhecimentos


Localização Banco de Dados
mação Pessoas e Organizações

Observe o esquema a seguir. Ele traz as expres-


sões do conhecimento, o qual pode ser tácito ou
explícito. O conhecimento tácito é adquirido por
meio da experiência, relacionando imitação, re-
produção, treinamento. O conhecimento explíci-
to está procedimentado, manualizado e pode ser
replicado.

1) Tácito para explícito (externalização) é o pro-


cesso de articulação do conhecimento tácito
para explícito, expresso na forma de analo-

21
gias, hipóteses ou modelos. 2. Consciência organizacional: saber observar
as tendências, os fluxos de decisão e a políti-
2) Explícito para explícito (combinação) envolve
ca do ponto de vista da empresa.
a combinação de conjuntos diferentes de
conhecimento explícito. 3. Serviço: reconhecer e satisfazer as necessi-
dades dos clientes, internos e externos.
3) Explícito para tácito (internalização) é o pro-
cesso de incorporação do conhecimento ex- A relação dinâmica complexa da gestão do
plícito para o conhecimento tácito. conhecimento permite a compreensão da gestão
4) Tácito para tácito (socialização) é um proces- caórdica, que consiste na conversão do caos em
so de compartilhamento de experiências e, ordem. Em outras palavras, é a organização (no
a partir daí, de criação do conhecimento tá- sentido de organizar) dos processos, converten-
cito, como modelos mentais ou habilidades do problemas e possibilidades. Para tanto, há de
técnicas compartilhadas. se investir também em liderança para ampliar o
desempenho. Em todos os casos, possivelmente,
Quando as empresas investem em gestão do o resultado é sucesso nos negócios, colaborado-
conhecimento, passam a ter consciência de sim res motivados e clientes satisfeitos.
mesmo. Assim, desenvolvem consciência emo-
cional, autoconhecimento e autoconfiança. A liderança, neste contexto, passa a afetar o
ambiente de trabalho na forma como ocorre à co-
Consciência emocional: intuição para tomar operação entre os indivíduos, no intercâmbio de
decisões conhecimentos, na delegação de responsabilida-
des e competências intra e interorganizacionais,
Autoconhecimento: reconhecer as potenciali-
em suma exerce influência em toda a dinâmica
dades e limitações
rede da aprendizagem, bem como no comparti-
Autoconfiança: clareza da capacidade e do lhamento do conhecimento organizacional. Os
valor individual desafios iniciais da liderança direcionam a dois
aspectos chaves: primeiro; o de acolher o novo
A consciência de si mesmo está diretamente
paradigma emergente; e em segundo, o de con-
relacionada aos níveis de desempenho organi-
duzir o processo de mudança organizacional
zacional. Quando mais baixa a consciência, mais
rumo à nova sociedade do conhecimento, a par-
baixo o desempenho porque também são baixos
tir da criação de visão e valor, inovação e assun-
os níveis de questionamento, positividade, pro-
ção de riscos necessários (SANTOS et al., 2014,
dutividade, assertividade. Essa perspectiva da
p. 578 – 579).
alta consciência é válida tanto para a organização
como um todo quanto para os colaboradores em De um lado, é evidente que estamos viven-
termos individuais, pois acarreta transparência, do em um ambiente cada vez mais turbulento,
adaptabilidade, busca por conquista, iniciativa e onde vantagens competitivas precisam ser, per-
otimismo, resultando em consciência social, com manentemente, reinventadas e onde setores de
três elementos bem específicos: baixa intensidade em tecnologia e conhecimen-
to perdem, inexoravelmente, participação eco-
1. Empatia: saber perceber as emoções dos de-
nômica. Neste contexto, o desafio de produzir
mais, entender seu ponto de vista, demons-
mais e melhor vai sendo suplantado pelo desafio,
trar interesse ativo.

22 
permanente, de criar novos produtos, serviços, caracteriza por um processo de reorganização e
processos e sistemas gerenciais. Por sua vez, a reformulação de sua visão de mundo, dos seus
velocidade das transformações e a complexida- valores básicos e de suas estruturas sociais e po-
de crescente dos desafios não permitem mais líticas (CASTELLS, 1999). As atividades que ocu-
concentrar estes esforços em alguns poucos pavam o lugar central nas organizações deixam
indivíduos ou áreas das organizações (TERRA, de ser aquelas que visam produzir ou distribuir
2010, p. 2). Assim, emerge a economia do co- objetos e passam a ser aquelas que produzem
nhecimento com base em: e distribuem informação e conhecimento (DRU-
CKER, 1993).
• Conhecimento como valor

• Globalização e remoção das barreiras co-


merciais

• Propriedade intelectual

• Aumento crescente nos mercados de retor-


no

A sociedade do conhecimento é a primeira


sociedade humana onde o crescimento é po-
tencialmente ilimitado. O Conhecimento difere
de todos os outros meios de produção, uma vez
que não pode ser herdado ou concedido. Ele
tem que ser adquirido por cada indivíduo, e to-
dos começam com a mesma e total ignorância
(DRUCKER, 2000).

Embora o foco de estudo das organizações


do conhecimento seja feito em torno de empre-
sas de tecnologia ou de serviços, é possível en-
tender que qualquer organização, independente
de seu porte ou setor, desenvolve e possui um
estoque de conhecimento. Seguindo este racio-
cínio, conhecimento organizacional está implíci-
to naquilo que a organização desenvolve como
agente econômico, ou seja, nos ativos intangí-
veis que suportam sua atuação, como os proces-
sos internos, por exemplo; nos ativos humanos
que desenvolvem a ação produtiva, produtos
e serviços; e no entendimento e relações com
clientes e fornecedores (PEREIRA, 2002, p. 2).

Para Santos et al. (2014, p. 579), a sociedade


vivencia um período de transformação, que se

23
DESAFIO
Caro(a) acadêmico(a), que bom que você chegou até aqui.

Se você está neste desafio é porque você leu todo o material de estu-
dos (texto-base e leituras complementares) e respondeu o questioná-
rio.

A realização deste desafio é opcional. Trata-se de uma atividade pro-


positivo-atitudinal. Ou seja, não compõe nota e não deve ser postada
na plataforma. É apenas para que você tenha a oportunidade de cor-
relacionar os conteúdos curriculares às diferentes situações práticas,
alcançando a práxis.

Vamos lá?

• Acesse o site da SBGC (Sociedade Brasileira de Gestão do Conhe-


cimento, disponível em http://www.sbgc.org.br/sbgc.html

• A SBGC é uma OSCIP que desde 2001 promove a integração entre


academia, terceiro setor e organizações públicas e privadas inte-
ressadas em praticar, desenvolver e pesquisar o tema Gestão do
Conhecimento. Por meio de eventos e de treinamentos contribui
para o compartilhamento de conceitos, métodos e técnicas que
promovam a socialização do conhecimento, o aumento da efetivi-
dade das organizações, a competitividade do País e a qualidade de
vida das pessoas.

• Navegue no site, na opção conteúdo, e conheça um pouco mais


sobre gestão do conhecimento, buscando o modelo de referência
e práticas de gestão do conhecimento.

24 
LEITURA COMPLEMENTAR
A título de leitura complementar, para se aprofundar nas questões tratadas nessa unidade, são
sugeridas três leituras:

1. Bases conceituais de um modelo de gestão para organizações baseadas no conhecimento

O conhecimento tem se tornado um recurso cada vez mais estratégico para as organizações bus-
carem sua competitividade e sobrevivência: surgem assim as organizações baseadas no conheci-
mento. O objetivo deste artigo é propor bases conceituais para um modelo de gestão para aquelas
organizações. Tal modelo parte de uma arquitetura organizacional baseada em quatro fundamen-
tos: estratégia, estrutura, tecnologia/processos e pessoas. A estratégia foca o conhecimento como
a competência essencial da organização. A estrutura busca a flexibilidade para a criação e dissemi-
nação do conhecimento.
PEREIRA, Heitor José. Bases conceituais de um modelo de gestão para organizações baseadas no conhecimento.
XXII SIMPÓSIO DE GESTÃO DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA – FIA/USP – Salvador, nov. 2002. Anais, CD-ROM,
São Paulo: Universidade de São Paulo, 2002. Disponível em: https://faculdadeprojecao.nucleoead.net/pos/mod/
resource/view.php?id=187. Acesso em: 5 out. 2020.

2. Gestão do conhecimento e inteligência competitiva: desafios para as organizações produtivas

Para potencializar o alcance de novas conquistas, as organizações necessitam conduzir sua Gestão
do Conhecimento e sua Inteligência Competitiva de forma sistemática e alinhada com o seu Posi-
cionamento Estratégico. O conhecimento empresarial surge como um ativo de especial importân-
cia para qualquer trabalho produtivo a partir da progressiva constatação do papel fundamental que
exerce nos processos de produção.
SILVA, Francisco Antônio Cavalcanti; ESPÍNOLA, Marcos José Costa; VILAR, Rosângela Maria. Gestão do conhe-
cimento e inteligência competitiva: desafios para as organizações produtivas. Inf. & Soc. : Est., João Pessoa, v. 16,
n. 1, p. 91-100, jan./jun. 2006. Disponível em: https://faculdadeprojecao.nucleoead.net/pos/mod/resource/view.
php?id=188. Acesso em: 5 out. 2020.

3. Liderança autêntica e gestão do conhecimento

A liderança tem um papel importante na criação de valor, inovação e na articulação de estratégias


de implantação da gestão do conhecimento. No âmbito da liderança existe uma discussão acerca
da ética e autenticidade, principalmente, após os escândalos protagonizados por altos dirigentes
de algumas organizações, em especial, nos Estados Unidos. Neste contexto, o objetivo deste artigo
é contextualizar a teoria da liderança autêntica, amparada nos pressupostos da autenticidade e por
fortes valores éticos/morais.
SANTOS, Fabiana Besen; TECCHIO, Edivandro; FIALHO, Francisco Antônio Pereira. Liderança autêntica e gestão
do conhecimento. Revista da Universidade Vale do Rio Verde, Três Corações, v. 12, n. 1, p. 579-588, jan./jul.
2014. Disponível em: https://faculdadeprojecao.nucleoead.net/pos/mod/resource/view.php?id=189. Acesso em:
5 out. 2020.

25
SAIBA +
Para Fukunaga (2017), conhecimento e gestão certamente são conceitos
que obviamente já existem há certo tempo, mas, a combinação “gestão do
conhecimento” é, recente. Na história recente do campo da gestão do co-
nhecimento é possível identificar três origens que se deram em localidades
bem distintas: Japão, Europa e Estados Unidos.

Leia o artigo de Fukunaga (2017) que conta algumas histórias da gestão do


conhecimento, sua origem, seu fracasso e seu estado atual.

Você pode acessar a obra completa pela URL: http://www.sbgc.org.br/


uploads/6/5/7/6/65766379/3.est%C3%B3rias-curisosas-sobre-a-hist%-
C3%B3ria-da-gest%C3%A3o-do-conhecimento-fukunaga-f-2017.pdf

Navegue, leia e saiba mais!

26 
Referências

CASTELLS, M. A Sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999.

DAVENPORT, Thomas H.; PRUSAK, Laurence. Conhecimento empresarial. Rio de Janeiro: Campus,
1998.

DRUCKER, Peter. Sociedade pós capitalista. 3. ed. São Paulo: Pioneira, 1993.

DRUCKER, P. et al. Gestão do conhecimento. Harvard Business Review. Rio de Janeiro: Campus,
2000.

GETTIER, E. L. Is Justified true belief knowledge? Analysis, v. 23, p. 121-123, 1963.

NONAKA, I.; TAKEUCHI, H. Criação de conhecimento na empresa: como as empresas japonesas


geram a dinâmica da inovação. 12. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 1997.

PEREIRA, Heitor José. Bases conceituais de um modelo de gestão para organizações baseadas no
conhecimento. In: XXII SIMPÓSIO DE GESTÃO DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA – FIA/USP – Sal-
vador, nov. 2002. Anais, CD-ROM, São Paulo: Universidade de São Paulo, 2002. Disponível em:
https://faculdadeprojecao.nucleoead.net/pos/mod/resource/view.php?id=187. Acesso em: 5 out.
2020.

SANTOS, Fabiana Besen; TECCHIO, Edivandro; FIALHO, Francisco Antônio Pereira. Liderança au-
têntica e gestão do conhecimento. Revista da Universidade Vale do Rio Verde, Três Corações, v. 12,
n. 1, p. 579-588, jan./jul. 2014. Disponível em: https://faculdadeprojecao.nucleoead.net/pos/mod/
resource/view.php?id=189. Acesso em: 5 out. 2020.

SILVA, Francisco Antônio Cavalcanti; ESPÍNOLA, Marcos José Costa; VILAR, Rosângela Maria. Ges-
tão do conhecimento e inteligência competitiva: desafios para as organizações produtivas. Inf. &
Soc. : Est., João Pessoa, v. 16, n. 1, p. 91-100, jan./jun. 2006. Disponível em: https://faculdadeproje-
cao.nucleoead.net/pos/mod/resource/view.php?id=188. Acesso em: 5 out. 2020.

SILVA JÚNIOR, Celestino A. O espaço da administração no tempo da gestão. In: Política e gestão da
educação: dois olhares. Rio de Janeiro: DP&A, v. 1, p. 199-211, 2002.

TERRA, José Cláudio Cyrineu. Gestão do conhecimento: o grande desafio empresarial. 2005.

WILSON, T. D. The nonsense of ‘knowledge management’. Information Research, v. 8, n. 1, 2002.

27
MÓDULO 3
COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL
APRESENTAÇÃO
Caro estudante, seja bem-vindo ao terceiro módulo da unidade curricular “Alinhamento
Estratégico”. Neste módulo, você vai conhecer sobre as principais definições relacionadas à
comunicação organizacional, principalmente, na relação entre as áreas de negócio e a área de
tecnologia da informação e comunicação.

A comunicação é um dos fatores mais im- ção e seus públicos internos e externos, no
portantes nas organizações (KUNSCH, 2003; âmbito da sociedade global.
GIBSON et al., 1981). A Comunicação Orga-
O domínio da comunicação, seja ela in-
nizacional possui muitas definições, depen-
terna ou externa, é essencial para a sobre-
dendo do contexto sob o qual é avaliada e,
vivência da organização. O conhecimento
segundo Medrano (2007), pode ser definida
dos fluxos e das interações entre os diver-
como “um processo que ocorre, que tem lu-
sos níveis da organização pode auxiliar na
gar, entre os membros de uma coletividade
organização de estruturas comunicacionais
social”. Já Kunsch (2003) entende a Comuni-
eficazes, mediadas por variados canais, inclu-
cação Organizacional como uma teoria que
sive por sistemas informatizados. O Quadro
estuda como o fenômeno comunicacional se
1 apresenta a abordagem teórico-conceitual
processa dentro das organizações, analisa o
de Scroferneker (2006), sobre Comunicação
sistema, o funcionamento e o processo de
Organizacional, que destaca autores e suas
mediação da comunicação entre a organiza-
diferentes percepções.

Quadro 1: Diferentes abordagens de Comunicação Organizacional

AUTOR DEFINIÇÃO COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL


“examina a comunicação nas organizações considerando os fatores que
afetam o envio, o recebimento, a percepção e as interpretações dessas
HALL (1984) comunicações. A comunicação é um processo relacional – emissor/re-
ceptor – isto é, as relações sociais que se processam entre ambos, os
envolvem, como seus efeitos recíprocos à medida que se comunicam”.
“como um processo através do qual os membros da organização obtêm
as informações pertinentes sobre ela e as mudanças que nela ocorrem.
Na perspectiva deste autor, a comunicação organizacional desempe-
KREPS (1990)
nha uma função de fonte de informação (data-gathering) para os mem-
bros da organização. A informação se constitui a variável intermediária
que une a comunicação à organização”.
“partindo da concepção que a organização é um sistema vivo e aberto
conectado por um fluxo de informações entre as pessoas que ocupam
GOLDHABER
diferentes posições e representam distintos papéis, define a comunica-
(1991)
ção organizacional como sendo o fluxo de mensagens processadas em
uma rede de relações interdependentes”.

29
AUTOR DEFINIÇÃO COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL
“engloba relações públicas, estratégias organizacionais (public affairs),
marketing corporativo, propaganda corporativa, comunicação interna
RIEL (1995) e externa, enfim um grupo heterogêneo de atividades de comunicação,
voltadas, fundamentalmente, para os públicos ou segmentos com os
quais a organização se relaciona e depende”.
“a comunicação nas organizações deve ser entendida de forma inte-
gral, permeando todas as ações organizacionais, viabilizando de manei-
RESTREPO J.
ra permanente a construção de sua cultura e identidade, e marcando
(1995)
um estilo próprio e suas formas de projetar-se exteriormente (a cons-
trução de sua imagem)”.
Fonte: Adaptado de Scroferneker (2006).

Para Curral e Chambel (2001), a definição de sobre os processos de comunicação nas organi-
comunicação é “o processo pelo qual um grupo zações, historicamente vinculada ao domínio das
gera a informação”. Medrano (2007) complemen- empresas, segundo Deetz (2001), voltou-se nas
ta que a Comunicação Organizacional refere-se, últimas três décadas para o campo da Comuni-
também, aos fluxos de dados – que são coad- cação Organizacional, e as práticas de comuni-
juvantes, de algum modo – dos seus processos cação continuam como apoio às relações que as
de comunicação e intercomunicação. A necessi- organizações estabelecem com grupos externos
dade humana de se comunicar leva a comunica- e internos.
ção organizacional a impulsos unicamente social.
Segundo Tubbs e Moss (2003), “a comunicação
humana ocorre no contexto das organizações”.

ASPECTOS EPISTEMOLÓGICOS

O ser humano pertence a grupos e organi-


zações desde a sua origem. Do momento em
que o ser humano se junta a outros para desen-
volver-se é possível falar em organização. A Co-
municação Organizacional compreende “frutos
de sementes lançadas no período da Revolução
Industrial do século passado, que ensejaria gran-
des e rápidas transformações em todo o mundo”
(MEDRANO, 2007).

Ao longo da história existiram escolas de


Comportamento Organizacional que podem ser
sumarizadas em quatro teorias: (i) clássica; (ii) hu-
manista; (iii) de sistemas; e (iv) das contingências,
conforme destacado no Quadro 2. Os debates

30 
Quadro 2: A Comunicação Organizacional na história

TEORIA DA CONTIN-
TEORIA CLÁSSICA TEORIA HUMANISTA TEORIA DE SISTEMAS
GÊNCIA

Max Weber, Frede- Elton Mayo, Kurt Lewin, Joan Woodward, Tom Buns,
E. Trist, Daniel Katz, Rob-
rick W. Taylor, Henri Rensis Likert, Douglas Stalker, Paul Lawrence, Jay
ert Kahn
Fayol Mcgregos, Chris Argyris Lorsch

• Comunicação formal
e informal entre sis- • Comunicação básica
• Comunicação for- temas e subsistemas. formal dentro e entre
• Comunicação
mal e informal. sistemas.
muito formal. • Oral e escrita.
• Oral e escrita. • Oral e escrita.
• Preponderância • Horizontal e vertical.
escrita. • Horizontal, vertical • Horizontal e vertical,
• Regulação variável. interna e externa.
• Vertical descen- e ascendente, verti-
dente. cal e descendente. • Conteúdo básico or- • Regulação variável
ganizacional interno segundo demandas do
• Muito regulada. • Flexível.
e externo. entrono (situacional).
• Conteúdo bási- • Conteúdo básico
• Descentralização • Conteúdo básico orga-
co de normas e grupal (padrões de
variável. nizacional e externo.
procedimentos. necessidades) e
interno. • Busca de equilíbrio • Descentralização variá-
• Centralização interno e externo.
• Alta descentraliza- vel segundo as deman-
das decisões.
ção na tomada de das do contexto.
• Importância da re-
• Supervisão pró- decisão. troalimentação. • Comunicação como
xima e controle.
• Flexibilidade interna elemento integrador.
• Consideração das
• Não considera sem considerar ele- necessidades indivi- • Necessidades totais ou
as necessidades mentos externos. duais. parciais segundo de-
dos empregados.
• Alta consideração manda do contexto.
• Nível individual,
• Nível organiza- das necessidades subsistemas e siste- • Nível organizacional ou
cional. dos empregados. mas sem ênfases na parcial, segundo de-
informação de entra- manda do contexto.
da e saída.

Fonte: Adaptado de Medrano (2007).

31
O estudo da comunicação nas organizações 90 caracterizou-se pela a emergência de uma série
ganhou especial destaque a partir dos anos 40. de teorias e propostas, que buscaram ‘enxergar’
Sexton e Staudt (1959) publicaram uma revisão as organizações e (re)interpretá-las. [...] Além da
de literatura sobre a comunicação organizacional teoria crítica [destaca-se], com base em estudos
e encontraram 178 títulos, a maioria publicados realizados por Fernández Colado (2001), a teoria
entre 1945 e 1958. Simon (1955) destacou o narrativa pós-moderna e a teoria da administração
processo de comunicação como essencial para a baseada em equipes como as propostas básicas
organização e Bavelas e Barret (1951) descreveram que alimentaram a comunicação das organizações
a comunicação como o processo básico das nessa década. [...] A teoria narrativa pós-moderna
organizações, a partir doqual todas as outras é composta por três narrativas fundamentais: a
funções derivam (CURRAL E CHAMBEL, 2001). condição pós-moderna, a economia pastiche e o
simulacro. [...] A teoria da administração baseada
De acordo com Scroferneker (2006), em equipes se caracteriza, essencialmente, pela
comunicação multidirecional nas organizações.
Os estudos da comunicação organizacional
Assume destaque o papel dos líderes, identificados
são marcados, tomando como referência dois
como responsáveis por gerar grupos de trabalhos
grandes períodos, de 1900-1970 e de 1970 até
o presente momento. No período que se estende fortes e coesos (SCROFERNEKER, 2006).
de 1900 a 1970, os diferentes conceitos e teorias
FUNDAMENTOS TEÓRICOS
desenvolvidos apoiaram-se fundamentalmente na
Doutrina Retórica Tradicional, na Teoria das Relações Gibson et al. (1981) dá uma vertente da Ad-
Humanas e na Teoria da Gestão Organizacional.
ministração quando se refere à Comunicação
[...] A partir de então, as abordagens teóricas
Organizacional. Para o autor, as funções admi-
centraram-se na Teoria Moderna ou Empírica, na
nistrativas básicas (planejar, organizar, controlar
Teoria Naturalista e na Teoria Crítica.
e dirigir) são operacionalizadas mediante a ativi-
A autora faz uma revisão de literatura, abar- dade de comunicação, ressaltando sua importân-
cando diversos autores que contextualizam a cia para o funcionamento das organizações.
evolução das teorias sobre a comunicação orga-
A estrutura da organização deve propiciar a
nizacional, e em suma:
comunicação basicamente em três direções dife-
Os recentes trabalhos de comunicação rentes (GIBSON et al., 1981):
organizacional foram moldados pelo interesse na
comunicação empresarial e industrial – dos anos (i) de cima para baixo, quando a emissão das
20 aos anos 50 – e pela influência da escola de mensagens parte dos indivíduos que estão em
relações humanas, dos anos 50 até meados de uma posição hierárquica superior, e normalmen-
1970. [...] Os anos 80 trazem uma ‘[...] reviravolta
te são instruções ou determinações para alguma
no conhecimento acadêmico da comunicação
atividade;
organizacional’, o que não significou ‘[...] uma
ruptura completa com o passado”. É nesse contexto (ii) de baixo para cima, quando o emissor das
que novas correntes emergem, dentre elas, a
mensagens está em um nível hierárquico inferior
teoria Naturalista e a teoria Crítica. [...] A teoria
ao do receptor; e
crítica surge no final dos anos 80. Alguns de seus
pressupostos teóricos podem ser encontrados no (iii) horizontalmente, que consiste na comu-
materialismo dialético. A organização é vista sempre
nicação estabelecida entre os pares. Kunsch
como uma arena de conflitos: um campo de batalha
(2003), Curral e Chambel (2001), Tubbs e Moss
– o locus do conflito de classes. [...] a década de

32 
(2003) corroboram com a abordagem de Gibson Medrano (2007) enfatiza que a Comunica-
et al. (1981), quando consideram a existência dos ção Organizacional integrada como uma filoso-
três tipos de fluxos por meio do qual a comuni- fia que direciona a convergência entre diversas
cação pode ser feita na organização (ascendente, áreas, como as Relações Públicas (Comunicação
o descendente e o horizontal). Institucional), Comunicação Interna (Comunica-
ção Administrativa) e o Marketing (Comunicação
O homem é um ser social, portanto uma co-
Mercadológica). O autor ainda indica as termino-
municação eficaz é essencial. A efetividade da
logias que são usadas indistintamente no Brasil
comunicação pode ser influenciada pelos ca-
para designar todo trabalho de comunicação es-
nais pela qual ela é mediada. Enquanto Curral
tabelecido em ou por organizações: Comunica-
e Chambel (2001) consideram que o canal mais
ção Organizacional; Comunicação Empresarial; e
efetivo dentro de uma organização, para que a
Comunicação Corporativa.
comunicação de mensagens complexas, seja o
encontro presencial por permitir o contato pes- Kunsch (2003) sistematiza os tipos de comu-
soal, resposta imediata, e para evitar eventuais nicação e influências primárias na transmissão de
problemas de comunicação, Quinn (1992) perce- informações (Quadro 3), em função do nível de
be a importância dos processos organizacionais à análise, item que será tratado a posteriori neste
medida que as organizações aumentam seu con- estudo.
teúdo intelectual.

Medrano (2007) pontua as questões da res-


ponsabilidade social das organizações frente aos
embates do mercado, apresentando assim a ci-
dadania como um exercício fundamental das or-
ganizações. O autor ainda relaciona quatro pers-
pectivas a serem consideradas na Comunicação
Organizacional:

• A perspectiva mecânica: percebe a Co-


municação Organizacional como um processo
no qual a mensagem passa por um canal de um
ponto a outro.

• A perspectiva psicológica: o modo como


as características do indivíduo afetam sua comu-
nicação.

• A perspectiva interpretativa-simbólica:
significados compartilhados e comportamento
social.

• A Perspectiva de interação de sistemas:


concentra-se em comportamentos externos
como as unidades fundamentais de análise.

33
Quadro 3: Tipos de comunicação e influências primárias na transmissão de informações

INFLUÊNCIAS PRIMÁRIAS NA
CONTEXTO DA TIPO DE COMUNICAÇÃO
TRANSMISSÃO DE
COMUNICAÇÃO (nível de análise)
INFORMAÇÕES
• Fenômenos cognitivos e papéis
Independente da organização • Interpessoal
e normas sociais

• Papéis e normas organizacionais


mais as normas sociais aplicáveis.
• Interpessoal
Dentro da organização
• Relações interdepartamentais,
• Interunidades
efeitos conjuntos das informa-
ções trocadas.

• Interorganizacional • Relações entre as organizações.


Externo a uma organização
específica
• Organizacional ambiental • Componentes ambientais

Fonte: Adaptado de Kunsch (2003).

Sob as percepções de Iasbeck (1999) é im- Figura 1: Modelo de comunicação de Gibson


portante levar em consideração a comunicação et alli.
informal como parte da Cultura Organizacional,
pois esta representa subjetividades que estão
ocultas no discurso dos indivíduos, principal-
mente quando a Comunicação Organizacional
é percebida como um processo coletivo de pro-
dução de sentidos e não apenas um sistema de
informações.
Fonte: Adaptado de Gibson et alli (1981).
PROCESSO DE COMUNICAÇÃO ORGANIZA- • O meio: é o suporte da mensagem. As orga-
CIONAL nizações se comunicam de várias maneiras:
O modelo de comunicação de Gibson et face a face, por telefone, reunião, memoran-
al. (1981) apresenta o processo que envolve a do, computadores.
transmissão da informação (mensagem), pelo • O decodificador-receptor: o processo de co-
que o autor considera como comunicador, por municação para ser bem entendido precisa
algum canal de comunicação até que chegue ao ser compreendido pelo receptor. Os recep-
receptor. O resultado desta comunicação pode tores interpretam (decodificam) a mensagem
ser avaliado por feedback do receptor ao comu- através de experiências e estruturas de refe-
nicador, que, por sua vez, pode reiniciar o pro- rências anteriores. Quanto mais a mensagem
cesso de comunicação (Figura 1). decodificada representar aquilo que se foi
pretendido pelo comunicador, melhor será a
comunicação.

34 
• O feedback: é necessário o processo de fee- Kunsh (2003) ressalta que as organizações
dback para a comunicação, pois evita as dis- precisam avaliar os fatores intrínsecos e extrín-
torções que poderão ocorrer na comunica- secos do que constituem um aglomerado de
ção entre mensagem pretendida e proposta. pessoas que trabalham coletivamente para atin-
gir metas, cada uma com a sua cultura, universo
• O ruído: é o conjunto de todos os fatores
cognitivo, maneira de pensar, sob pressão dos
que distorcem a mensagem pretendida pelo
ambientes internos e externos, além das bar-
comunicador.
reiras presentes no processo de comunicação,
No que se refere especificamente aos ruídos pontuando o lado humano das organizações. É
no processo de comunicação, Curral e Chambel importante compreender a complexidade do ato
(2001) relacionam as seguintes categorias: comunicativo na gestão do processo de comuni-
cação, relevando “as barreiras, os níveis de aná-
• Problemas semânticos: problemas decorren-
lise, as redes, os fluxos, os meios e as diversas
tes da complexidade da mensagem do emis-
modalidades comunicacionais existentes”:
sor para o receptor.

• Efeito do estatuto: o nível de estatuto de- • Barreiras: (i) pessoais, relevando as idiossin-
termina a autoridade e a tendência de quem crasias de cada indivíduo, bem como seus
emite mais, ou menos, mensagens. valores e emoções; (ii) administrativas, como
a forma com que as organizações atuam e
• Ausência de feedback: não há certificação da processam suas informações; (iii) excesso
efetividade da comunicação. de informação, como consequência da falta
• Distrações: eventos externos que interferem de seleção de prioridades; (iv) comunicação
no processo de comunicação. incompleta e parcial, com informações frag-
mentadas, distorcidas ou sonegadas; e (v)
• Percepção do outro: cada indivíduo tem uma
outras barreiras como audição seletiva, juízo
percepção diferente do mundo, de acordo
de valor, falta de credibilidade da fonte de in-
com as suas subjetividades, que pode in-
formação, semântica, linguagem intergrupal,
fluenciar na interpretação da informação.
diferença de status, entre outras.
Continuando a ideia de caracterização do
• Níveis de análise da comunicação: (i) intra-
processo de Comunicação Organizacional, é in-
pessoal, sobre o que se passa dentro do indi-
teressante referenciar o “modelo mecanicista”
víduo; (ii) interpessoal, sobre o que se passa
que, segundo Kunsch (2003), dominou a Comu-
entre indivíduos; (iii) organizacional, sobre
nicação Organizacional nas décadas de 1960,
as relações internas da organização com o
1970 e 1980, e continua em pleno século XXI
ambiente externo; e (iv) tecnológico, sobre
em algumas organizações. Tal modelo
a utilização de tecnologias para processar e
Considera e avalia a comunicação sob o distribuir informações.
prisma funcionalista e da eficácia organizacional
• Redes: (i) formais, que representam o con-
(...). Preocupa-se com as estruturas formais e não
junto de canais e meios de comunicação
formais de comunicação e com a prática em função
estabelecidos de forma consciente e deli-
do resultado, deixando de lado as análises do
contexto social, político, econômico, tecnológico e berada, traduzidos em normas e estratégias
organizacional (KUNSCH, 2003). da organização; (ii) informação, baseado nas

35
relações sociais, que pode ser a forma mais
rápida de atender as demandas mais urgen-
tes e instáveis.

• Fluxos comunicativos: tratam de hierarquia


com comunicações verticais (descendentes
e ascendentes) e horizontais (ou laterais).

• Meios de comunicação: podem ser orais, di-


retos e indiretos, escritos, pictográficos, sim-
bólicos, escrito-pictográficos, audiovisuais,
telemáticos e presencial pessoal.

36 
DESAFIO
Caro(a) acadêmico(a), que bom que você chegou até aqui.

Se você está neste desafio é porque você leu todo o material de estu-
dos (texto-base e leituras complementares) e respondeu o questioná-
rio.

A realização deste desafio é opcional. Trata-se de uma atividade pro-


positivo-atitudinal. Ou seja, não compõe nota e não deve ser postada
na plataforma. É apenas para que você tenha a oportunidade de cor-
relacionar os conteúdos curriculares às diferentes situações práticas,
alcançando a práxis.

Vamos lá?

Vamos testar suas habilidades comunicacionais?

1. Quando conversa com alguém, você consegue facilmente colocar-


-se no lugar da outra pessoa?

SIM NÃO MAIS OU MENOS

2. Você tem dificuldade de externar sua opinião quando as pessoas


discordam de você?

SIM NÃO MAIS OU MENOS

3. Você tem o hábito de interromper as pessoas enquanto elas estão


falando? 

SIM NÃO MAIS OU MENOS

4. Você sente-se tranquilo para, educadamente, discordar de alguém


em posição hierárquica superior à sua? 

SIM NÃO MAIS OU MENOS

5. Você demonstra irritação, aborrecimento ou excitação quando o


ponto de vista da outra pessoa difere totalmente do seu? 

SIM NÃO MAIS OU MENOS

37
6. Você procura sempre o ambiente e o momento mais adequados para
conversar sobre um assunto delicado? 

SIM NÃO MAIS OU MENOS

7. Você tem facilidade de ver as coisas pelo ponto de vista dos outros?

SIM NÃO MAIS OU MENOS

8. Você tem facilidade em administrar a conversação? (por exemplo,


escolher o assunto, cadenciar o ritmo da conversa, quando mudar de
assunto etc.) 

SIM NÃO MAIS OU MENOS

9. Você gosta de dar explicações longas ou falar demoradamente sobre


cada item de uma conversação? 

SIM NÃO MAIS OU MENOS

10. Ao falar com uma pessoa você presta atenção na linguagem corpo-
ral dela e qual o seu significado? (expressão facial, postura, gestos etc.) 

SIM NÃO MAIS OU MENOS

11. Você tem o hábito de movimentar-se, mexer-se, ficar escrevendo


ou fazer ligações telefônicas enquanto alguém fala com você?

SIM NÃO MAIS OU MENOS

12. Você demonstra real interesse no que a outra pessoa está dizendo?
(por exemplo, olhar nos olhos, ficar atento ao que diz, respeitar opinião) 

SIM NÃO MAIS OU MENOS

13. Você sente-se constrangido em solicitar ao interlocutor que expli-


que novamente algo que você não entendeu? 

SIM NÃO MAIS OU MENOS

38 
14. Você tem o hábito de fazer anotações sobre os itens mais impor-
tantes de uma conversação? 

SIM NÃO MAIS OU MENOS

15. Você é do tipo caladão, que se expressa por monossílabos? 

SIM NÃO MAIS OU MENOS

TOTAL DE PONTOS__________

Como saber a pontuação?

Atribua 1 ponto para cada resposta SIM

Atribua 0,5 ponto para cada resposta MAIS OU MENOS

Atribua 0 (zero) para cada resposta NÃO

Some as respostas e avalie o seu resultado:

De 13 a 15 pontos. Ótimo. Você faz bom uso do seu papel de comuni-


cador. Sabe quando falar e, também, quando e como ouvir.

De 10 a 12,5 pontos. Você sabe se comunicar bem, mas, ocasional-


mente, experimenta alguns problemas de comunicação. Reserve um
tempo para pensar a respeito de sua abordagem de comunicação,
principalmente em relação ao envio e recepção de mensagens no de-
correr do diálogo.

Abaixo de 10 pontos. Você necessita trabalhar suas habilidades de co-


municação. Você não está se expressando adequadamente e, talvez,
também não esteja filtrando as mensagens que recebe de forma cor-
reta. A boa notícia é que dando mais atenção à comunicação, você irá
melhorar sua habilidade de conversação e entendimento.

FONTE: “Manual do Chefe em Apuros” de Ernesto Artur Berg, Juruá Editora.

39
LEITURA COMPLEMENTAR
A título de leitura complementar, para se aprofundar nas questões tratadas nessa unidade, são
sugeridas três leituras:

1. Comunicação empresarial versus comunicação organizacional: Novos desafios teóricos

O papel da comunicação e da informação no ambiente organizacional, sem dúvida, tem despertado


o desenvolvimento de diferentes enfoques conceituais e teóricos. Todavia, a não-aplicabilidade de
processos comunicativos relevantes no ambiente das organizações, principalmente em situações
complexas, leva-nos a refletir sobre um novo conceito de comunicação organizacional. Neste arti-
go, analisamos fundamentos teóricos da comunicação de Habermas e de Cohn e, principalmente,
algumas contribuições do teórico da complexidade, Dominique Genelot, para o embasamento da
comunicação organizacional como um elemento estratégico na realização dos objetivos e da inten-
cionalidade das organizações.
CARDOSO; Onésimo de Oliveira. Comunicação empresarial versus comunicação organizacional: novos desafios
teóricos. RAP, Rio de Janeiro, v. 40, n. 6, p. 1123-1144, nov./dez. 2006. Disponível em: https://faculdadeprojecao.
nucleoead.net/pos/mod/resource/view.php?id=190. Acesso em: 5 out. 2020.

2. Comunicação organizacional na perspectiva da complexidade

A Comunicação Organizacional é entendida, a partir do paradigma da com-plexidade, como pro-


cesso de construção e disputa de sentidos no âmbito das relações organizacionais. Afirma-se que
ela contempla três dimensões tensio-nadas e interdependentes: a organização comunicada (fala
autorizada); a organi-zação comunicante (fala autorizada e demais processos comunicacionais que
se atualizam sempre que alguém estabelecer relação direta com a organização); e a organização
“falada” (processos de comunicação que, não sendo a partir de relações diretas com a organização,
referem-se a ela).
BALDISSERA, Rudimar. Comunicação empresarial na perspectiva da complexidade. ORGANICON, ano 6, edição
especial, n. 10/11, p. 116-120, 2009. Disponível em: https://faculdadeprojecao.nucleoead.net/pos/mod/resour-
ce/view.php?id=192. Acesso em: 5 out. 2020.

3. Trajetórias teórico-conceituais da comunicação organizacional

As diferentes perspectivas desenvolvidas pelos autores têm procurado evidenciar a relevância da


comunicação organizacional para as organizações. O elo comum entre eles é a preocupação em
conceituála e (re)definir o seu campo de abrangência. O presente artigo objetiva, portanto, resga-
tar essas diferentes perspectivas quer do ponto de vista das teorias, quer do ponto de vista dos
autores.
ANDRADE SCROFERNEKER, Cleusa Maria. Trajetórias teórico-conceituais da comunicação organizacional. Re-
vista FAMECOS: mídia, cultura e tecnologia - PUCRS, Porto Alegre, n. 31, p. 47-53, dez, 2006. Disponível em:
https://faculdadeprojecao.nucleoead.net/pos/mod/resource/view.php?id=191. Acesso em: 5 out. 2020.

40 
SAIBA +
Kunsch (2014) destaca o poder que a comunicação exerce no mundo con-
temporâneo. Essa comunicação precisa ser considerada não meramen-
te como instrumento de divulgação ou transmissão de informações, mas
como processo social básico e como um fenômeno presente na sociedade.
Deve ser concebida como um poder transversal que perpassa todo o sis-
tema social global, incluindo neste âmbito as organizações. Em sua obra
“Comunicação Organizacional: contextos paradigmas e abrangência con-
ceitual”, Kunsch (2014) analisa o papel das organizações no contexto da
sociedade contemporânea, suas transformações, implicações e novas exi-
gências; enfatiza a importância de considerar o ambiente socioeconômico
para situar as práticas da comunicação organizacional, e destaca o poder
que a comunicação exerce na era digital com todo o aparato das inovações
e implementações tecnológicas, bem como dos impactos na comunicação
das organizações.

Leia o artigo de Kunsch (2014) e conheça mais sobre os conceitos e funda-


mentos da comunicação organizacional.

Você pode acessar a obra completa pela referência:

KUNSCH, M. M. K. Comunicação Organizacional: contextos, paradigmas e


abrangência conceitual. Matrizes, v. 8, n. 2, p. 35-61, 2014. Disponível em:
https://repositorio.usp.br/item/002682118. Acesso em: 5 out. 2020.

Navegue, leia e saiba mais!

41
Referências

ANDRADE SCROFERNEKER, Cleusa Maria. Trajetórias teórico-conceituais da comunicação or-


ganizacional. Revista FAMECOS: mídia, cultura e tecnologia - PUCRS, Porto Alegre, n. 31, p. 47-
53, dez, 2006. Disponível em: https://faculdadeprojecao.nucleoead.net/pos/mod/resource/view.
php?id=191. Acesso em: 5 out. 2020.

BALDISSERA, Rudimar. Comunicação empresarial na perspectiva da complexidade. ORGANICON,


ano 6, edição especial, n. 10/11, p. 116-120, 2009. Disponível em: https://faculdadeprojecao.nu-
cleoead.net/pos/mod/resource/view.php?id=192. Acesso em: 5 out. 2020.

CARDOSO; Onésimo de Oliveira. Comunicação empresarial versus comunicação organizacional: no-


vos desafios teóricos. RAP, Rio de Janeiro, v. 40, n. 6, p. 1123-1144, nov./dez. 2006. Disponível em:
https://faculdadeprojecao.nucleoead.net/pos/mod/resource/view.php?id=190. Acesso em: 5 out.
2020.

CURRAL, L.; CHAMBEL, M. J. Processos de comunicação nas organizações. In: José FERREIRA,
Maria Carvalho. Manual de psicossociologia das organizações. Cap. 13. FERREIRA, J.M.C et al. (Co-
ords.). Lisboa: McGraw Hill, 2001.

DEETZ, S. Conceptual foundations. In: JABLIN, F. M.; PUTNAM, L. L. (Orgs.). The new handbook
of organizational communication: advances in theory, research, and methods. Thousand Oaks, CA,
2001, p.3-46.

GIBSON, J. L. et al. Organizações: comportamento, estrutura, processos. São Paulo: Atlas, 1981.

IASBECK, L. C. A. A cultura organizacional na comunicação empresarial. São Paulo: Intercom, 1999.

KUNSCH, M. M. K. Comunicação Organizacional: contextos, paradigmas e abrangência conceitu-


al. Matrizes, v. 8, n. 2, p. 35-61, 2014. Disponível em: https://repositorio.usp.br/item/002682118.
Acesso em: 5 out. 2020.

KUNSCH, M. M. K. Planejamento de relações públicas na comunicação integrada. São Paulo: Sum-


mus, 2003.

MEDRANO, J. A. V. Comunicação organizacional integrada: alicerce intrínseco da economia de co-


munhão. Tese de Doutorado no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Esco-
la de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2007.

QUINN, J. B. Intelligent enterprises. New York: Free Press, 1992.

QUINN, J. B. et alii. Innovation explosion: using intellect and software to revolutionize growth stra-
tegies. New York: Free Press, 1997.

42 
SCROFERNEKER, C. M. A. Trajetórias teórico-conceituais da comunicação organizacional. FAME-
COS. Porto Alegre, n. 31, p. 47-53, dez. 2006.

TUBBS, S. L.; MOSS, S. Human communication: principles and contexts. 9. ed. Boston: McGraw-
-Hill, 2003.

43
MÓD ULO 4
APRENDIZAGEM E CULTURA ORGANIZACIONAIS

44 
APRESENTAÇÃO
Caro estudante, seja bem-vindo ao quarto módulo da unidade curricular “Alinhamento
Estratégico”. Neste módulo, você vai conhecer sobre as principais definições relacionadas à
aprendizagem organizacional e à consequente cultura organizacional, principalmente, na rela-
ção entre as áreas de negócio e a área de tecnologia da informação e comunicação.

A Aprendizagem Organizacional é abor- ii. a aplicada, implícita nas estratégias de


dada por Argyris e Senge como organizações ação.
que aprendem. As organizações que apren-
Nesse sentido, a Aprendizagem Orga-
dem são instituições nas quais as pessoas se
nizacional pode envolver a identificação e a
voltam para a aprendizagem coletiva, o que
correção do erro pelo circuito único – per-
requer o comprometimento com resultados
mitindo a alcance dos objetivos da organi-
que sejam motivadores (SENGE, 1990). No
zação – e pelo circuito duplo – permitindo
que se refere à Aprendizagem Organizacio-
visão nova dos objetivos, políticas e normas
nal, Senge (1990) sugere as cinco disciplinas
da organização.
básicas do aprendizado:
Guimarães (2004), que sugere que o con-
(i) domínio pessoal;
ceito de organização que aprende, demons-
(ii) visão compartilhada; tra a aplicabilidade em organizações em que
(iii) modelos mentais; as relações interpessoais entre os membros
organizacionais são saudáveis, com a comu-
(iv) aprendizado em equipe; e nicação ampla e aberta, onde a inovação e a
(v) pensamento sistêmico. mudança são incentivadas e aceitas, e onde
as pessoas percebem a interdependência en-
Ainda segundo o autor, é necessária
tre o seu trabalho e o das demais. Esse co-
uma perspectiva de liderança diferente da
nhecimento permite que a organização possa
tradicional, com projeção de processos de
avançar e evoluir, para que com isso o suces-
aprendizagem, abertura e aceitação de ou-
so individual contribua para eficiência e a efi-
tras visões que seu grupo possa ter, de modo
cácia organizacional.
a compartilhar a realidade da organização e
propiciar a aprendizagem coletiva. Segundo Freitas e Brandão (2005) a
aprendizagem significaria, então, o processo
Argyris representa a Aprendizagem Orga-
pelo qual se adquire a competência, enquan-
nizacional a partir da teoria da ação, que en-
to o desempenho da pessoa no trabalho re-
volve os componentes: estratégias de ação,
presentaria uma expressão de suas compe-
valores que orientam as escolhas, e os pres-
tências, uma manifestação daquilo que ele
supostos. O modelo de Argyris possui dois
aprendeu ao longo de suas vidas. Para Bastos
segmentos:
et al. (2004), a aprendizagem organizacional
i. o proclamado, adoção consciente e que constitui um processo amplo e complexo re-
possui justificativas; e lacionado a uma abordagem cognitivista e fa-

45
tores intra e interpisíquicos, e envolve uma mu- gem Organizacional, uma vez que se desenvolve
dança comportamental e atitudinal que envolve em grupo por meio do compartilhamento de um
os planos afetivo, motor e cognitivo. conjunto de crenças, valores, símbolos e normas.

A Aprendizagem Organizacional envolve e No contexto Inter organizacional, alianças,


por sua vez é envolvida por estratégias organiza- fusões e aquisições se traduzem nas estratégias
cionais, de modo a subsidiar a gestão e propor- mais comuns utilizadas no compartilhamento e
cionar mudanças estruturais e de produtividade, aquisição de novos conhecimentos. Sendo as-
relacionando capacidades de renovação contí- sim, percebe-se que as organizações optam pela
nua a partir de: busca de novos conhecimentos quando pressio-
nadas pelas forças ambientais. Diante disso Child
i. incentivo ao aprendizado entre toda a equi-
et al. (2005) afirmam que entre as motivações
pe;
que levam uma organização a interagir com ou-
ii. cultura transcendente de aprendizagem; tras organizações está a necessidade de adquirir
novas competências que viabilizem inovações de
iii. desenvolvimento de recursos humanos
reconhecido valor econômico no mercado.
como política estratégica; e

iv. contínua busca por transformação organiza- No que se refere aos aspectos relevantes da
cional. Aprendizagem Organizacional, é possível relacio-
nar os seguintes níveis:
ELEMENTOS CENTRAIS DA APRENDIZAGEM
ORGANIZACIONAL • Aprendizagem organizacional sob nível de
análise individual: “crescimento de insights e
A aprendizagem a nível organizacional pode de reestruturações bem-sucedidas de pro-
ser maior que a aprendizagem individual, porém blemas organizacionais, provenientes de in-
não se estabelece sem ela. Nonaka e Takeuchi divíduos que exercem papéis decisivos na
(1997) consideram que a mediação da aprendi- estrutura e nos resultados da organização”.
zagem individual para o nível organizacional de-
• Aprendizagem organizacional sob nível de
pende de quatro formas de tratamento e conver-
análise grupal: “aquisição, sustentação e mu-
são dos conhecimentos tácito e explícito:
dança de significados intersubjetivos através
i. socialização, conversão do conhecimento tá- da expressão e transmissão de ações coleti-
cito para tácito; vas de grupo” (COOK; YANOW, 1993).
ii. externalização, conversão do conhecimento • Aprendizagem organizacional sob nível de
tácito para explícito; análise organizacional: “processo pelo qual
iii. combinação, conversão do conhecimento a base do conhecimento organizacional é
explícito para explícito; e construída e desenvolvida” (SHRIVASTAVA,
1983). “codificação de inferências oriundas
iv. internalização, conversão do conhecimento da história da organização que se manifes-
explícito em tácito. tam por meio de rotinas que guiam o com-
Schein (1985) agrega a Cultura Organizacio- portamento”; “mudança no comportamento
nal como elemento que favorece a Aprendiza- organizacional”; “a capacidade, conjunto de
processos internos que mantêm ou melho-

46 
ram o desempenho baseado na experiência, zacionais e individuais que direcionam a conduta
cuja operacionalização envolve a aquisição, a da organização. Os valores organizacionais dão
disseminação e a utilização do conhecimen- suporte à manutenção da missão e da visão da
to” (DIBELLA et al, 1996). organização. Os valores individuais caracterizam
a personalidade individual adaptada ao ambiente
Pode haver aprendizagem organizacional em
organizacional e constituem atributos, crenças e
três circunstâncias:
desejos.
i. quando a mudança acontece em nível do
Os valores da organização podem ser im-
grupo ou sistema;
plícitos ou explícitos e definem questões éticas
ii. quando for constatada a mudança no conhe- aceitáveis. Barichello et al. (2002) aponta que a
cimento e valores coletivos; cultura organizacional é um conjunto de valores
implícitos que ajudam as pessoas na organização
iii. quando forem observadas mudanças nos pa-
a entender quais ações são consideradas aceitá-
drões comportamentais e normativos coleti-
veis e quais são consideradas inaceitáveis, e que
vamente partilhados.
“permite entender como uma organização fun-
No que se refere às suas perspectivas, a ciona, como são encarados os problemas, por-
aprendizagem organizacional relaciona (SHRI- que as pessoas agem de tal forma e respondem
VASTAVA, 1983): daquela maneira aos obstáculos que encontram”.

i. adaptação; A comunicação é o cerne da cultura. Segundo


ii. compartilhamento de pressupostos; Schein (1985), fundamentalmente constituída de
um sistema de crenças, valores e pressupostos
iii. institucionalização da experiência; básicos dos fundadores, que, com o passar do
iv. desenvolvimento de base de conhecimento. tempo, vão sendo aperfeiçoados e disseminados
na organização por meio de diversos mecanis-
Sob o ponto de vista cognitivo/comporta-
mos, tais como:
mental, organizações que aprendem são capazes
de adquirir, criar, produzir novos insights, trans- • o que os líderes atribuem importância, ten-
ferir conhecimentos e modificar o comporta- tando medir e controlar; como os líderes re-
mento de seus membros (GARVIN, 1993). Assim, agem a eventos críticos, carregados de emo-
a Aprendizagem Organizacional, como fator que ção, e a crises organizacionais;
favorece a Gestão do Conhecimento, permite • modelagem de papéis e instruções intencio-
uma abordagem multidisciplinar e interdisciplinar nais; critérios para a concessão de recom-
envolvendo áreas de tratamento humano e de pensas e atribuição de status;
negócios, e com forte relação social dependendo
do ambiente em que estes critérios estão pre- • critérios utilizados para recrutamento, sele-
sentes. ção, promoção, aposentadoria e exclusão;

• desenho e estrutura da organização;


CULTURA ORGANIZACIONAL
• sistemas e procedimentos organizacionais;
A Cultura Organizacional pode ser entendida
como um conjunto de normas e valores organi- • disposição do espaço físico, fachadas e ins-

47
talações; histórias, lendas, mitos e símbolos; cional e ainda explora tais limites como:
e
• Características organizacionais que inibem a
• declarações formais da filosofia organizacio- aprendizagem.
nal e seus credos.
• Pressupostos de cultura genuína de apren-
As abordagens utilizadas no estudo do tópi- dizagem.
co apresentam indício de realidades organizacio-
• Orientações baseadas em Cultura Organiza-
nais estruturadas por um conjunto de normas,
cional inovadora.
diretrizes, crenças, valores e rituais, que estão
fortemente relacionadas à Comunicação Orga- • Ambiente de segurança psicológica a favor
nizacional, responsável pela criação, transmissão do estabelecimento da cultura de aprendi-
e formalização, de forma simbólica, do conheci- zagem.
mento da organização. Segundo Schein (1985), a • Cultura organizacional que motive produção
cultura pode ser algo que a organização tem ou de cultura de aprendizagem.
algo que a organização é. Assim, a organização
pode ter normas, diagnósticos, missão e visão, No que se refere às interseções entre Cultura
ou pode ser um fenômeno social, com enfoque Organizacional e Aprendizagem Organizacional,
individual e coletivo, embasado em correntes seus conceitos “são vistos como indissociáveis,
cognitivista, estruturalista e simbólica. uma vez que as pessoas aprendem dentro de
contextos culturais decisivos na própria natureza
AS RELAÇÕES DA CULTURA ORGANIZACIO- do que é aprendido” (COOK; YANOW, 1993).
NAL
Proposta de um modelo conceitual de Constru-
A Cultura Organizacional pode estar presen- ção de Conhecimento
te nos processos de Comunicação Organizacio-
nal. Isso significa que as inferências pessoais, que Considerando os conceitos e elementos le-
constituem valores (IASBECK, 1999), podem in- vantados neste material estudo, no contexto das
terferir na efetividade do fluxo de comunicação. organizações que mantêm processos bem defini-
Tal concepção pode impactar nos processos de dos e gerenciáveis, é possível considerar a Cul-
Aprendizagem Organizacional (SILVA, 2002), tura Organizacional como base que influencia e
e consequentemente na Gestão do Conheci- direciona as ações de uma organização, definin-
mento. Barichello et al. (2002) apontam a rela- do suas diretrizes, procedimentos, normas, con-
ção entre comunicação e cultura, sendo que “a dutas, valores, objetivos, e impacta nos aspectos
comunicação faz parte do processo cultural de morais, éticos e profissionais dos colaboradores.
uma organização e, desse modo, as formas como
A Cultura Organizacional pode nortear a Co-
essa comunicação é, estrategicamente, utilizada
municação Organizacional, a Gestão do Conheci-
e compreendida são processos constitutivos da
mento e a Aprendizagem Organizacional, em um
sua cultura”.
ciclo dinâmico e não isolado que pode favorecer
Conforme percepções de Narbal, os limites o estabelecimento de espaços de Construção de
entre a Cultura Organizacional e a Aprendizagem Conhecimento, estruturados por normas, valores
Organizacional estão nos espaços de criação, organizacionais e individuais, crenças e desejos,
transmissão e perpetuação da Cultura Organiza- sejam implícitos e/ou explícitos.

48 
Existem características comuns entre a Cul- ta as trocas formais e informais de informação,
tura e Comunicação Organizacional que definem apropriação, compartilhamento, participação e
o estilo da organização, exprimindo a sua identi- colaboração, e pode direcionar a Comunicação
dade. A formalidade e a informalidade, por exem- Organizacional, sobretudo, com os sistemas de
plo, para a Comunicação Organizacional, têm a informações, tecnologias e memórias. Quando
sua importância e ambas impactam na comuni- a ênfase está na própria nos canais e processos
cação estratégica. de comunicação, criação, inovação, pesquisa e
desenvolvimento, a Gestão do Conhecimento
Barichello et alli (2002) consideram que
pode resultar em Aprendizagem Organizacional,
observar atentamente as subjetividades e in-
constructo que estimula a Comunicação Orga-
terpretações das informações mediadas pelos
nizacional. Assim, a relação entre os construc-
colaboradores é uma ação estratégica para a or-
tos Comunicação Organizacional, Aprendizagem
ganização, pois trata-se de um processo coletivo
Organizacinal e Gestão do Conhecimento, in-
de produção de sentidos, vivo e em construção,
fluenciados pela Cultura Organizacional, podem
e não apenas um sistema de informações formal,
resultar em espaços de Construção de Conheci-
estático, e descrito em normas.
mento, que, segundo Kanuka e Anderson (1998)
Figura 1: Elementos dos espaços de Cons- dependem do conhecimento acumulado, das ex-
trução de Conhecimento nas organizações periências vivenciadas, interação e integração de
ambientes.

Segundo Antonello (2005), a Aprendizagem


Organizacional reconhece uma gama extensiva
de fatores, como estratégia da organização, cul-
tura, estrutura, capacidade de absorção, resolu-
ção de problemas, competência, participação dos
funcionários, etc., determinando os resultados
da aprendizagem. A distinção mais significativa
entre autores que escrevem sobre aprendizagem
organizacional pode ser resumida de acordo com
A Figura 1 apresenta a relação onde, ainda
a ênfase que esses autores atribuem à aprendi-
sob influência da Cultura Organizacional, o cons-
zagem organizacional: como processo técnico
tructo da Comunicação Organizacional – que
(prescritivo ou incremental) ou processo social
envolve processos, canais de comunicação, me-
(descritivo).
diação, tecnologia, recepção, emissão, ruídos,
símbolos, códigos, e mensagens – favorece a Nonaka e Takeuchi (2004) afirmam que
Aprendizagem Organizacional que por sua vez
O conhecimento é criado apenas pelos
subsidia a Gestão do Conhecimento com mape-
indivíduos. Em outras palavras, uma organização
amento de processos, modelos mentais, traba-
não pode criar conhecimento por si mesma, sem
lho em equipe, objetivo estratégico, pensamento os indivíduos. É muito importante, portanto, que a
sistêmico, tecnologias, resultados, compartilha- organização apoie e estimule as atividades criadoras
mento e comunicação. de conhecimento dos indivíduos ou que proporcione
os contextos apropriados para elas. A criação do
A Gestão do Conhecimento leva em con-

49
conhecimento organizacional deve ser entendida
como um processo que “organizacionalmente”
amplifica o conhecimento criado pelos indivíduos
e o nível do grupo através do diálogo, discussão,
compartilhar de experiência, fazer sentido ou
comunidade de prática.

As abordagens identificadas na literatura


consultada para este estudo conduzem à visão
de que a Comunicação Organizacional está re-
lacionada diretamente à comunicação formal.
Entretanto, a comunicação informal tem desta-
cado o seu valor, sobretudo pelo auxílio das no-
vas tecnologias que ampliam, facilitam, agilizam
e podem garantir a integridade das mensagens
mediadas entre os colaboradores.

Barichello et al. (2002) reforçam a importân-


cia do estudo da comunicação informal no con-
texto das organizações, apontando a necessida-
de de considera-la na comunicação estratégica,
considerando a subjetividade dos membros da
organização e suas interpretações sobre as in-
formações mediadas em diferentes níveis hierár-
quicos. A incidência de comunicação formal ou
informal pode variar em função da Cultura Or-
ganizacional.

Os conceitos relacionados à Comunicação


Organizacional tangenciam muitas vezes os con-
ceitos da Cultura Organizacional. Scroferneker
(2006), por exemplo, entende que a comunica-
ção marca o estilo característico da organização
e está marcado pela cultura, que imprime a sua
identidade. A Cultura Organizacional envolve,
ainda, normas, valores e comportamentos dentro
das organizações.

50 
DESAFIO
Caro(a) acadêmico(a), que bom que você chegou até aqui.

Se você está neste desafio é porque você leu todo o material de estu-
dos (texto-base e leituras complementares) e respondeu o questioná-
rio.

A realização deste desafio é opcional. Trata-se de uma atividade pro-


positivo-atitudinal. Ou seja, não compõe nota e não deve ser postada
na plataforma. É apenas para que você tenha a oportunidade de cor-
relacionar os conteúdos curriculares às diferentes situações práticas,
alcançando a práxis.

Vamos lá?

Você compreende a importância do desenho de processos e fluxos


informacionais para a aprendizagem organizacional?

Os processos organizacionais constituem o próprio sistema de infor-


mações. Ou seja, os resultados de um processo podem ser insumos
para outros processos.

Leia o seguinte processo de uma empresa de logística:

Armazenamento: esse ponto do trabalho se refere aos métodos e


técnicas de proteção, conservação e controle de todos os produ-
tos disponíveis em estoque para uma possível distribuição. Depois
de prontos os produtos e mercadorias, eles ficam guardados nos
chamados centros de distribuição até serem transportados para os
compradores e compartilhados no mercado.

Baixe o sistema de modelagem de fluxos, processos e diagramação Bi-


zagi. O Bizagi é gratuito, intuitivo e fácil de usar, e você pode e baixa-lo
por meio do seguinte caminho: https://www.bizagi.com/pt/plataforma/
modeler

Depois de baixar o Bizagi, modele um fluxo representativo do proces-


so de logística utilizado como exemplo deste desafio.

51
LEITURA COMPLEMENTAR
A título de leitura complementar, para se aprofundar nas questões tratadas nessa unidade, são
sugeridas três leituras:

1. Cultura organizacional e liderança: Uma relação possível?

No presente artigo discutem-se as relações entre a cultura organizacional e a liderança desempe-


nhada pelos gestores no contexto de 37 restaurantes de uma capital brasileira. Como referenciais
teóricos, foram abordados os conceitos de cultura organizacional, sendo adotados para a pesquisa
o conceito de cultura como variável, os conceitos de liderança transformacional e transacional e as
relações entre cultura organizacional e liderança. Utilizaram-se questionários para entender as re-
lações entre quatro tipos de culturas organizacionais – clã, inovativa, de mercado e hierárquica – e
as lideranças transformacional (nas dimensões influência idealizada, motivação inspiracional, esti-
mulação intelectual e consideração individualizada) e transacional (nos componentes recompensa
contingente e gerenciamento por exceção e ausência de liderança).
BARRETO, Leilianne Michelle Trindade da Silva et al. Cultura organizacional e liderança: uma relação possível? R.
Adm., São Paulo, v. 48, n. 1, p. 34-52, jan./fev./mar. 2013. Disponível em: https://faculdadeprojecao.nucleoead.
net/pos/mod/resource/view.php?id=193. Acesso em: 5 out. 2020.

2. Cultura organizacional: Generalizações improváveis e conceituações imprecisas

Neste artigo buscamos problematizar, por meio da perspectiva epistemológica pós-moderna, parte
da produção nacional de pesquisas e estudos sobre cultura organizacional brasileira. Para tanto,
primeiramente apresentamos aspectos da perspectiva pós-moderna de análise, focando em suas
contribuições para o estudo da cultura nas organizações. Em seguida, desenvolvemos uma breve
apresentação das idéias centrais de artigos publicados em periódicos e congressos nacionais, no
período de 1991 a 2000, que versaram sobre cultura organizacional brasileira, buscando traçar
suas características fundamentais.
ALCADIPANI, Rafael; CRUBELLATE, João Marcelo. Cultura organizacional: generalizações improváveis e concei-
tuações imprecisas. RAE, São Paulo. v. 43. n. 2, abr./maio/jun., 2003. Disponível em: https://faculdadeprojecao.
nucleoead.net/pos/mod/resource/view.php?id=194. Acesso em: 5 out. 2020.

3. Cultura organizacional grandes temas em debate

Este texto reconstitui a bibliografia norteamericana, a partir de 1979, situando os tópicos que re-
ceberam maior destaque por parte de acadêmicos e consultores organizacionais. Agrupa sob um
mesmo título várias opiniões, indicando diversos aspectos investigados em pesquisas empíricas.
Detalha conceitos e levanta algumas interrogações sobre os conteúdos ideológicos implícitos nos
estudos citados.
FREITAS, Maria Ester de. Cultura organizacional grandes temas em debate. RAE, São Paulo, v. 31, n. 3, p. 73-82,
jul./set., 1991. Disponível em: https://faculdadeprojecao.nucleoead.net/pos/mod/resource/view.php?id=195.
Acesso em: 5 out. 2020.

52 
SAIBA +
Bruno-Faria e Fonseca (2014) avaliam medidas de cultura de inovação e
de cultura organizacional para análise da associação com inovação, porque,
para os autores, a cultura tem sido objeto de estudo em diferentes países e
áreas de conhecimento. Almeja-se com seu desenvolvimento que os mem-
bros de uma organização compartilhem valores associados à inovação.

Leia o artigo de Bruno-Faria e Fonseca (2014) e conheça um pouco mais


sobre cultura organizacional

Você pode acessar a obra completa pela referência:

BRUNO-FARIA, Maria de Fátima; FONSECA, Marcus Vinicius de Araújo. Medi-


das de cultura de inovação e de cultura organizacional para análise da associa-
ção com inovação. RAI - Revista de Administração e Inovação, v. 11, n. 3, p. 30-
55, 2014. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/rai/article/view/100214.
Acesso em: 5 out. 2020.

Navegue, leia e saiba mais!

53
Referências

ALCADIPANI, Rafael; CRUBELLATE, João Marcelo. Cultura organizacional: generalizações imprová-


veis e conceituações imprecisas. RAE, São Paulo. v. 43. n. 2, abr./maio/jun., 2003. Disponível em:
https://faculdadeprojecao.nucleoead.net/pos/mod/resource/view.php?id=194. Acesso em: 5 out.
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BARICHELLO, E. M. R. et al. Comunicação informal e cultura organizacional. Revista Comunicação


Organizacional, v. 1, n. 1, 2002.

BARRETO, Leilianne Michelle Trindade da Silva et al. Cultura organizacional e liderança: uma relação
possível? R. Adm., São Paulo, v. 48, n. 1, p. 34-52, jan./fev./mar. 2013. Disponível em: https://facul-
dadeprojecao.nucleoead.net/pos/mod/resource/view.php?id=193. Acesso em: 5 out. 2020.

BRUNO-FARIA, Maria de Fátima; FONSECA, Marcus Vinicius de Araújo. Medidas de cultura de


inovação e de cultura organizacional para análise da associação com inovação. RAI - Revista de Ad-
ministração e Inovação, v. 11, n. 3, p. 30-55, 2014. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/rai/
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