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Introdução
Nos últimos trinta anos, o mundo empresarial vivencia uma transição de uma economia
industrial para uma economia da informação, onde a competição entre as organizações tem
ocorrido com base na capacidade de obter, tratar, analisar e aplicar a informação de forma
eficaz (McGEE; PRUSAK, 1994). As organizações que não atentarem para a incorporação
da tecnologia aos seus processos de gestão estão fadadas a uma série imensa de
dificuldades que lhes ameaçam até a sobrevida (TAPSCOTT, 1997).
Nesta busca se incluem novas tecnologias que podem levar as empresas à excelência
gerencial e operacional, melhorando as práticas de gestão e agilizando os processos da
organização. Cumprir estas tarefas, para os administradores, contudo, não tem sido ação das
mais fáceis.
Neste cenário, a tecnologia da informação (TI) tem oferecido diversas soluções para alguns
problemas há muito encontrados. De acordo com O’Brien (2001), a TI provê ganhos para
todos os níveis de uma organização, seja no nível operacional via sistemas de
processamento de transações (SPT), seja pelos sistemas de apoio à decisão (SAD) no nível
tático ou até mesmo no nível institucional, através do uso dos sistemas de informações
executivas (SIE). Assim, a informação e seu tratamento passam a ser vistos, não como
simples ferramentas gerenciais, mas como fonte de vantagem competitiva.
Analisando sob uma outra ótica, a estratégia ainda pode ser definida como um plano,
padrão, posição, perspectiva ou truque. As estratégias podem ser percebidas pelas
organizações como um plano para seu futuro (olhar para frente), assim como padrões de
seu passado (olhar o comportamento passado). A idéia de posição refere-se à forma de
situar a organização em seu ambiente (MINTZBERG, 2000). De acordo com Porter (1999),
o posicionamento estratégico significa desempenhar atividades diferentes das exercidas
pelos rivais, ou desempenhar as mesmas atividades de maneira diferente. Para o autor
estratégia é criar uma posição exclusiva e valiosa, envolvendo um diferente conjunto de
atividades. Passando para a perspectiva organizacional, caminha-se da visão externa
(ambiente) para a visão interna da organização. A perspectiva de uma organização está
intimamente ligada ao modo desta enxergar o mundo. Também está relacionada fortemente
à sua razão de existir. A perspectiva é para a organização o que a personalidade é para o
indivíduo (MINTZBERGER, 2000). Por fim, a última definição é a de estratégia como
truque, isto é, uma “manobra” específica para enganar um oponente ou concorrente.
(MINTZBERG, 2000).
Segundo Kaplan e Norton (1998), apesar das características únicas de cada organização,
algumas etapas podem ser seguidas para auxiliar o desenvolvimento das estratégias. Em
princípio, deverão ser estabelecidos a missão, a visão e os objetivos de longo prazo da
instituição. Paralelamente, deve-se analisar o ambiente (interno e externo) para detectar as
oportunidades e ameaças do mercado e os pontos fortes e fracos da organização, sendo
estes de fundamental importância para entender à dinâmica da instituição e do mercado
(DAVID, 1999).
Em seguida, devem-se definir as estratégias da organização, ou seja, pensar em como a
missão, visão e objetivos de longo prazo serão atendidos. Essas estratégias deverão ser
traduzidas em objetivos mais específicos e ações de curto e médio prazo, o que tornará
possível a operacionalização da missão, da visão e dos objetivos gerais. É importante
ressaltar que os objetivos específicos deverão ser pensados através de intenções de ação e
metas (KAPLAN; NORTON, 1998). Feito isto, é preciso verificar se a organização dispõe
de recursos (tangível e intangível) para implantação dessas ações. Por fim, deve-se
monitorar a operacionalização dessas ações e os resultados alcançados. Apesar de se tratar
de uma fase de operacionalização e controle das estratégias previamente deliberadas, esta
etapa permite que ajustes sejam feitos e ações corretivas sejam tomadas em caso de
necessidade (MINTZBERG; AHLSTRAND; LAMPEL, 2000).
O tempo de reavaliação dos planejamentos pode variar de empresa para empresa e de seu
respectivo negócio, mas de maneira geral deve ser reavaliado de forma trimestral, semestral
ou até mesmo anual. Deve-se também observar a reavaliação em condições situacionais ou
especiais (REZENDE; ABREU, 2003).
Uma vez que a tecnologia, principalmente a tecnologia da informação, passa a ter papel
fundamental na transformação organizacional (ROBERTS; GRABOWSKI, 2004), alguns
modelos de alinhamento começam a dar um maior enfoque à mesma. Henderson e
Venkatraman (1993) afirmavam que a alavancagem da TI pode ser feita para transformar as
organizações. Assim, a TI passava a ter um papel mais ativo, pois não somente suportava as
atividades da empresa, mas era capaz de modificar a forma de fazer negócios, podendo,
inclusive, se pensar em um alinhamento reverso das estratégias de negócio às estratégias de
TI (Essa idéia será argumentada mais adiante nesse estudo).
Outras definições podem ser apresentadas para discutir a cronologia dos modelos de
alinhamento. O quadro 1 a seguir apresenta algumas das definições encontradas para
alinhamento estratégico.
Para uma discussão mais atual sobre alinhamento estratégico, pode-se ressaltar duas obras
bastante importante para a compreensão do assunto: Audy e Brodbeck (2001), porque
acrescentam a variável temporal à discussão; e Henderson e Venkatraman (2004), pois dão
uma noção de bilateralidade, ou seja, a TI tanto é constituída com é constitutiva dentro de
uma organização (ROBERTS; GRABOWSKI, 2001).
Muitas tecnologias como, por exemplo a Internet, têm redefinido, até mesmo, os próprios
negócios. Para ilustrar tal pensamento, pode-se utilizar o caso de grandes lojas de
departamento. Algumas lojas de departamentos tradicionais modificaram radicalmente a
forma como fazem suas transações. Inicialmente, o alinhamento permitiu a informatização
das vendas, dos controles de estoque, das finanças dentre outras. Nesse caso, percebe-se
que existe muito mais um alinhamento unilateral da estratégia de TI às estratégias de
negócios. Porém, algumas empresas adotaram a TI como peça central da organização,
tendo, portanto, a reorientação e, até mesmo, a reestruturação total da empresa. Agora, a TI
passa a influenciar mais fortemente as estratégias de negócios, configurando um
alinhamento bilateral.
Outra discussão relevante para compreensão da temática é arrolada acerca dos fatores
promotores e inibidores do alinhamento. Alguns autores relatam fatores capazes de
promover o alinhamento mais eficientemente e outros capazes de inibi-lo. A compreensão
dos mesmos é vital para o êxito do alinhamento dentro da organização.
Grover e Lederer (2003) argumentam ainda que os executivos de negócios nunca podem
desviar-se da tecnologia da informação nem delegar as questões que elas levantam para os
outros e complementam expondo que quando os executivos de negócios entendem as
oportunidades da tecnologia da informação, as barreiras que dificultam a colaboração entre
TI e negócio são quebradas. O resultado disso é uma melhoria na qualidade dos planos de
tecnologia da informação para atender as necessidades dos negócios.
Além dos elementos acima citados, são ainda considerados promotores do alinhamento:
comprometimento das pessoas com o atingimento das metas, sincronização dos recursos
entre as ações de negócios e de tecnologia da informação, instrumentação da gestão para o
eficiente monitoramento e ajuste contínuo dos processos, objetivos e metas planejadas,
postura decisória pró-ativa (BRODBECK et al., 2003).
Já os fatores inibidores a serem ressaltados são: falta de participação dos executivos de TI
nos planejamentos dos processos chaves de negócio e falta de conhecimento dos executivos
de negócio de tecnologia da informação. Outro aspecto apontado é a falha na
implementação dos sistemas, pois isso reduz a credibilidade do departamento de TI e são
ameaças para o relacionamento de trabalho por perda de confiança e cooperação (REICH;
BENBASAT, 2000).
Luftman (1998) argumenta que uma outra barreira para o alinhamento é a inabilidade da
área de TI de acompanhar as mudanças que ocorrem no ambiente de negócio da empresa e
de se relacionar e se comprometer de forma adequada com essas mesmas áreas. Outro
aspecto é a falta de patrocinador para muitos projetos chaves de TI que possuem retorno
sobre investimento garantido.
Por fim, Brodbeck (2001) ressalta que quando os modelos de alinhamento entre as
estratégias de negócio e as de TI são levadas para dentro das organizações para
implementação apresentam inúmeras dificuldades. Esse fato algumas vezes inibe o
alinhamento dentro das organizações.
Nesse contexto, alguns sistemas de gestão estratégica são capazes de maximizar os fatores
promotores e minimizar os fatores inibidores. O Balanced Scorecard (BSC) é um sistema
de medição balanceado do desempenho organizacional (KAPLAN; NORTON, 1998),
capaz de auxiliar o processo de alinhamento estratégico. A operacionalização do BSC para
promover o alinhamento entre PEE e PETI será argumentada em capítulo próprio a seguir.
REFERÊNCIAS