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REFLEXÕES SOBRE A APLICAÇÃO DO PLANEJAMENTO

ESTRATÉGICO EM SISTEMAS DE INFORMAÇÃO

Luciana de Souza Gracioso (lugracioso@yahoo.com.br)


PUC - Pontifícia Universidade Católica de Campinas
Programa de pós-graduação em Biblioteconomia e Ciência da Informação
Praça Imaculada, 105, CEP 13045-910
Campinas, SP, Brasil.

Adriana Lourenço (drilou@yahoo.com.br)


PUC - Pontifícia Universidade Católica de Campinas
Programa de pós-graduação em Biblioteconomia e Ciência da Informação
Praça Imaculada, 105, CEP 13045-910
Campinas, SP, Brasil.

Marivalde Moacir Francelin (marivalde@zipmail.com.br)


PUC - Pontifícia Universidade Católica de Campinas
Programa de pós-graduação em Biblioteconomia e Ciência da Informação
Praça Imaculada, 105, CEP 13045-910
Campinas, SP, Brasil.

Resumo:
Descrever a relevância dos Sistemas de Informação no atual contexto social,
político e econômico tornou-se redundante. O que se faz necessário no momento, é
discutir como sustentar e dinamizar estes Sistemas de Informação para que sejam
eficazes. A inserção do Planejamento Estratégico neste ambiente propicia ferramentas
que otimizam a execução de tarefas, o desempenho de funcionários e agrega
confiabilidade na tomada de decisões por parte de líderes e gestores. Neste sentido, as
Bibliotecas Universitárias – como sendo um efetivo Sistema de Informação - devem
valer-se deste Planejamento Estratégico para desempenho de suas funções. No entanto,
o Planejamento Estratégico receitado às organizações em geral, deve ser analisado com
ressalvas quando adotados em Bibliotecas Universitárias, visto que estas, têm sua
missão, objetivos e metas condizentes aos da Instituição de Ensino a qual esta inserida.
A partir disto, pretendeu identificar com este estudo, algumas considerações sobre a
adoção do Planejamento Estratégico em Sistemas de Informação, dentre eles a
Biblioteca Universitária, apresentando os principais conceitos, métodos e orientações
existentes na Literatura visando concentrar informações sobre o tema, visando agilizar
a aquisição destas informações por Bibliotecários e outros Profissionais que tenham
diagnosticado a relevância e a importância da adoção do Planejamento Estratégico em
sua Instituição.

Palavras-chave: Planejamento estratégico; Gestão estratégica; Sistemas de


informação.
INTRODUÇÃO

Em decorrência das mudanças ambientais e de sua velocidade no atual contexto social,


onde a ênfase está no compartilhamento de atividades para se atingir um objetivo específico,
há crescente demanda em torno dos Sistemas de Informação quanto à adoção de novas formas
de gestão voltadas à melhoria da qualidade dos serviços prestados a seus clientes. Como os
sistemas de informação estão presentes em todos os meios de administração e gestão, pode-se
dizer que contamos hoje com uma nova visão para gerenciar tais sistemas.

A gestão estratégica de sistemas de informação pretende, dentro deste novo ambiente,


mostrar subsídios para que líderes e gestores possam ter confiabilidade e segurança na tomada
de decisão em relação a sua Instituição. A gestão estratégica traz, aos indivíduos de uma
organização, não só um perfil de seu ambiente externo e interno, como promove a
sistematização do caminho a ser seguido pela empresa, pautados nestas análise.

O planejamento estratégico é a principal ferramenta para uma efetiva gestão


estratégica, já que neste planejamento, a Instituição mapeia seus planos, objetivos e metas, a
longo prazo, pautados na missão da organização.

A Instituição de Ensino Superior é, antes de mais nada, um complexo sistema de


informação, onde a principal função da sistematização deste sistema é promover a educação.
O planejamento estratégico, nesta Instituição auxilia não só o gerenciamento de cursos,
alunos, e finanças como a direciona para as novas necessidades do mercado educacional.

SISTEMAS DE INFORMAÇÃO E A SUA EVOLUÇÃO

Uma maneira sugestiva de explicar o conceito de sistema de informação consiste em


considerar que qualquer organização recebe fluxos físicos do exterior e opera sobre eles de
acordo com as suas finalidades, fornecendo de novo ao exterior os fluxos de saída resultantes.
No caso de uma empresa transformadora, por exemplo, os fluxos de entrada são matérias
primas e os fluxos de saída são produtos acabados.

Para Oliveira (1999) sistema é um conjunto de partes integrantes e interdependentes


que, conjuntamente, formam um todo unitário com determinada objetivo e efetuam
determinada função. Ambiente de um sistema é o conjunto de elementos que não pertencem
ao sistema, mas qualquer alteração no sistema pode mudar ou alterar os seus elementos e
qualquer alteração nos seus elementos pode alterar o sistema.

A primeira forma de utilização dos sistemas de informação correspondeu à


automatização de processos básicos ao serviço de objetivos de eficiência (fazer as coisas
corretamente). As funções pedidas aos sistemas de informação nesta categoria de utilizações
correspondiam e correspondem tipicamente ao processamento de transações. São os
denominados Sistemas de Processamento de Dados, ou sistemas de DP (Data Processing).
Inicialmente tratou-se de automatizar os processos relativos a pagamentos, encomendas dos
clientes e encomendas aos fornecedores. Mais tarde, o campo de aplicação foi-se alargando
para a gestão da produção, a gestão de stocks e o setor comercial.

Usados na automatização dos processos básicos, os sistemas de informação não eram


explorados de forma a permitir produzir informação utilizável pelos gestores nos seus
processos de decisão. Começou então a reconhecer-se a necessidade de satisfazer as
necessidades de informação dos gestores. Surgiam, assim, os objetivos de eficácia (fazer o
que deve ser feito). Tratava-se, e trata-se, de fornecer aos utilizadores ligados ao processo de
gestão os utensílios de interrogação e de análise que lhes permitam obter e trabalhar
informação destinada a apoiar os processos de tomada de decisão. A possibilidade de fazer
análises estatísticas sobre a informação guardada numa base de dados, ou a geração de
cenários e simulações para testar um modelo de planejamento, são exemplos de atributos
desejados nos sistemas de informação utilizados a este nível. São os Sistemas de Informação
de Gestão ou MIS (Management Information Systems).

Os sistemas de informação são fundamentais para o desempenho e desenvolvimento


das organizações já que subsidiam todas as decisões e direcionam todos os caminhos a serem
tomados pela mesma. Atualmente a gestão de uma organização esta diretamente relacionada
ao e respaldada pelo seu sistema de informação.

GESTÃO ESTRATÉGICA

A gestão estratégica organiza os contributos que as diversas áreas têm a dar à


organização, servindo como linha orientadora à integração dos esforços desenvolvidos pelos
vários especialistas, dispersos pela organização.
Este tipo de gestão permite desbloquear o individualismo seccionista, desassociado
dos objetivos globais da empresa. Um exemplo deste individualismo é a preocupação, por
parte de alguns departamentos, com apenas o grupo de interessados (stakeoholders) que lhe
diz respeito mais diretamente, ignorando as necessidades e interesses da globalidade dos
grupos de interessados (acionistas, clientes, fornecedores, etc.). Permite ainda uma visão
temporal mais favorável à sobrevivência da organização, pensando-se constantemente a curto
e longo prazo.A gestão estratégica é um processo complexo que consiste na análise,
formulação e implementação. Gestores e trabalhadores, têm ambos papéis individuais a
desempenhar, que deve ser todo integrado de alguma forma. Os fatores de diversidade e o
grande número de indivíduos envolvidos, são um grande desafio em qualquer tentativa de
gestão estratégica.

As atividades de gestão de uma organização podem ser estruturadas em três níveis


conforme Antony (1995): estratégico, tático e operacional. No primeiro nível, o estratégico,
inclui-se a elaboração de planos de longo prazo, a definição de objetivos para a organização e
de estratégias para a prossecução dos objetivos. O nível tático considera as atividades de
planeamento à médio prazo, a verificação da prossecução dos objetivos e metas e se as
estratégias definidas estão a ser devidamente implementadas, a tomada de decisões referentes
a ações de correção. O nível de gestão operacional inclui a elaboração de planos de curto
prazo e o controle de execução de tarefas planejadas no sentido de verificar se estas estão a
ser executadas eficientemente. O nível operacional corresponde às atividades operacionais
propriamente ditas, isto é, às transformações que a organização tem por missão realizar
utilizando os recursos disponíveis e seguindo as instruções, regras ou planos que tenham sido
definidos.

Conforme Oliveira (1995), o planejamento tático é a metodologia gerencial que tem


por finalidade otimizar determinada área de resultado da empresa, visando a uma situação
futura desejada.

Planejamento operacional é a formalização das metodologias de desenvolvimento e


para implementação de resultados específicos a serem alcançados pelas áreas funcionais da
empresa. É a metodologia gerencial que permite estabelecer a direção a ser seguida pela
empresa, visando a maior integração com o ambiente.
Do planejamento estratégico chega-se à gestão estratégica. Para que isto aconteça, é
necessário que se tenha bem delimitados os pontos fortes e os fracos da Instituição, em sua
situação atual, a fim de que se obtenha êxito nos objetivos propostos para o futuro.
(CARVALHO,1999).

O Planejamento estratégico é essencial ao desenvolvimento da organização já que tem


dois papéis: é o alvo a atingir e é o elemento concentrador que permite à organização atingir o
alvo. Apesar da sua aparente independência, as finalidades devem ser pensadas sempre com
base na situação em que a organização se encontra.

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

De acordo com Motta (1992) o planejamento estratégico é um processo contínuo e


sistemático de antecipar mudanças futuras, tirando vantagem das oportunidades que surgem,
examinando os pontos fortes e fracos da organização, estabelecendo e corrigindo cursos de
ação à longo prazo. Portanto é essencialmente um processo gerencial, que se concentra nos
níveis hierárquicos mais elevados da organização e que não pode ser concebido como
atividade clássica de planejamento, delegável a comissões de grupos de planejamento.

Oliveira (op.cit) considera que o planejamento estratégico é uma metodologia


gerencial que permite estabelecer a direção a ser seguida pela empresa, visando maior grau de
interação com o ambiente.

Um processo de planejamento estratégico, serve para integrar a vasta gama de


decisões e de ações que a gestão estratégica requer. Quando bem feito, o planeamento fornece
à organização um "mapa de estradas" que facilita a iniciativa individual. (FIGUEIREDO,
1998).

Para Johnson (1996), o planejamento estratégico pode ser considerado como um


instrumento de suporte conceitual e metodológico na condução do processo de mudanças.

Planejamento estratégico é uma técnica administrativa que, através de análise do


ambiente de uma organização, cria a consciência das suas oportunidades e ameaças dos seus
pontos fortes e fracos para o cumprimento da sua missão e, através desta consciência,
estabelece o propósito de direção que a organização deverá seguir para aproveitar as
oportunidades e evitar riscos. (FISCHMANN, 1995). É uma metodologia para desenvolver
novos talentos, necessários para uma gestão que pode eficazmente enfrentar as ameaças do
amanhã. É uma metodologia científica para alocar os recursos escassos da empresa de forma
racional para uma continuidade do empreendimento em um macroambinete turbulento e
incerto. É a única área das ciências administrativas onde existem possibilidades de ganhar
vantagens competitivas para manter, ou aumentar sensivelmente, o lucro operacional do
empreendedor, apesar das dinâmicas alterações no macroambiente e das variáveis específicas.
Serve para a transição do hoje para o amanhã na área comportamental e cultural da empresa.

Peter Drucker, um dos estudiosos mais conceituados atualmente em questões de


gestão, compara o executivo e o seu plano com o maestro a sua orquestra. O maestro não
consegue tocar os instrumentos tão bem como os músicos, verdadeiros especialistas, que são
supostos dar o seu melhor contributo. O maestro interpreta o trecho da peça e comunica a sua
lição global de como a peça deverá ser tocada. Sem o maestro a peça sairia toda desafinada.
Em semelhança, a liderança e direção do executivo devem existir no plano estratégico para
que a descentralização e o trabalho individual funcionava eficazmente.

Vasconcellos Filho (1979) faz considerações como sendo o planejamento estratégico o


único método para analisar complexidades do ambiente externo da empresa e preparar
medidas eficazes para controlar ameaças, inovações tecnológicas e táticas de sobrevivência
perante o dinâmico desenvolvimento tecnológico e o processo de obsolência. É um método
eficaz para se manipular as complexidades da demanda interna da empresa, com as
ferramentas estratégicas organizacionais de consolidação, formação de empresas, holding,
descentralização, aquisições, fusões, incorporações, retrointegrações, horizontalizações e
verticalizações estratégicas para uma continuidade e um crescimento ordenado do
empreendimento.

MODELOS DE APLICAÇÃO DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

O planejamento estratégico é um planejamento da direção que a empresa deve seguir,


envolvendo decisões estratégicas. O planejamento estratégico é predominantemente
qualitativo. È um planejamento a prazo longo, mas voltado para idéias. Com ele procura-se a
eficácia da organização (fazendo-se aquilo que deve ser feito).

Alguns pontos importantes devem ser considerados no planejamento estratégico como


a comunicação dos objetivos da empresa; o processo de estabelecimento dos objetivos; a
análise ambiental; os focos de atenção dos gerentes de segunda linha; a função do planejador
da empresa e as ligações entre planejamento e orçamento. Mesmo sendo elencados as
principais etapas do planejamento estratégico não existe um sistema universal de
planejamento porque as empresa diferem em tamanho, diversidade de operações,
organização, filosofia e estilo gerencial.

No planejamento estratégico, é essencial a completa integração das pessoas envolvidas


no processo de formulação e implantação. O planejamento não pode e não deve ser feito
exclusivamente por administradores; eles necessitam de apoio técnico. As principais etapas a
serem trabalhadas no desenvolvimento do Plano estratégico conforme Vasconcellos Filho
( op.cit) são:

1 Definição do âmbito da Organização: Refere-se aos limites físicos e psicológicos da


atuação de uma organização em termos de influenciar e ser influenciada pelo ambiente. Para
definir este âmbito pode-se tentar responder questões como “ quem é nosso cliente?, onde está
nosso cliente?, quais os benefícios que o nosso cliente espera obter ao comprar nosso
produto?. Contudo o âmbito de atuação só é benéfico ( ou prejudicial) a partir do momento
que direciona o processo decisório da organização, em termos de políticas estratégias e
objetivos.

2 Análise ambiental: compreende atividades contínuas de mapeamento, classificação


e análise das variáveis que compõe o Ambiente Total da Organização.

3 Definição das macropolíticas da organização: macropolítica são políticas de caráter


geral. As políticas devem promover flexibilidade, abrangência, coordenação e ética e suas
principais vantagens são as de promover profunda delegação de autoridade, administração por
exceção, consistência, continuidade, planejamento, trabalho de equipe, maior entendimento,
treinamento e melhores relações humanas.
4 Definição das políticas funcionais da organização: são padrões de comportamento
coerentes com as macropolíticas e podem ser subdivididas em políticas de marketing;
políticas de recursos humanos; políticas financeiras; e políticas de produção.

5 Definição da filosofia de atuação da organização: é a síntese das macropolíticas e


políticas funcionais, traduzindo, assim os princípios que orientam a sua atuação em termos de
decisões e comportamentos.

6 Formulação da macroestratégia da organização: irá definir o posicionamento da


organização frente o contexto ambiental, identificado e definido anteriormente, buscando,
assim um maior grau de interação positiva com o ambiente. Identificado através da análise
ambiental que sondou e analisou os ambientes macro, operacional e interno. Definido através
da delimitação do âmbito de atuação e do estabelecimento de macropolíticas, políticas
funcionais e filosofia de atuação da organização. Dependendo do contexto ambiental a
organização optará entre as estratégias de sobrevivência, de manutenção, de crescimento e ou
desenvolvimento.

7 Formulação das estratégias funcionais da organização: surgem a partir da


necessidade de se escolher o posicionamento de cada área funcional da organização frente ao
contexto ambiental identificado e definido. Estas estratégias funcionais devem ser formuladas
em consonância com a macroestrátégia definida anteriormente e podem ser estratégias de
marketing, estratégias financeiras, estratégias de recursos humanos, estratégias de produção.
As estratégias funcionais são extraídas de planos estratégicos.

8 Definição dos objetivos funcionais da organização: são compostos por objetivos de


marketing, objetivos financeiros, objetivos recursos humanos, objetivos de produção.

9 Definição dos macroobjetivos da organização: são levantados a partir dos objetivos


funcionais e funcionarão como um conjunto dos resultados esperados, comum a todas as áreas
funcionais.

10 Elaboração de planos de ação: para cada objetivo definido será elaborado um plano
de ação constituído por metas e subestratégias. As metas são fragmentos de um Objetivo e a
sua utilização permite um melhor controle dos resultados atingidos e também possibilita a
distribuição de responsabilidades entre os componentes da equipe. As subestratégias são as
ações necessárias para atingir as metas. fixadas.
11 Checagem da consistência do plano estratégico: nesta etapa deve-se verificar a
consistência interna( recursos da organização, escala de valores dos dirigentes, gerentes e
funcionários, cultura organizacional.), consistência externa( recursos externos, legislação
concorrentes, distribuidores, planos de governo, conjuntura econômica e política), riscos
envolvidos( riscos econômicos, sociais, políticos) e horizonte e tempo ( impactos recebidos e
exercidos a curto, médio e longo prazo).

12 Preparação de quadros financeiros: devem ser considerados os valores do ativo e


passivo, origens e aplicações dos recursos e demonstrativos financeiros do exercício.

Já Oliveira (op.cit) sugere as seguintes etapas para elaboração de um planejamento


estratégico:

1 Diagnóstico estratégico
1.1 identificação das expectativas de pessoas representativas
1.2 análise externa ( ambiente, oportunidades e ameaças)
1.3 análise interna ( ponto forte, ponto fraco, ponto neutro)
1.4 análise dos concorrentes
2 Missão da empresa
2.1 estabelecimento da missão da empresa
2.2 estabelecimentos dos propósitos atuais e potenciais da
empresa
2.3 estruturação e debate de cenários
2.4 estabelecimento da postura estratégica
2.5 estabelecimento das macroestratégias e macropolíticas da
empresa
3 Instrumentos prescritivos e quantitativos
3.1 estabelecimento de objetivos, desafios e metas da empresa
3.2 estabelecimento de estratégias e políticas funcionais da empresa
3.3 estabelecimento dos projetos e planos de ação da empresa
4 Controle e avaliação

O primeiro passo para a implantação do processo de planejamento estratégico é a


definição da missão da organização, ou seja, que papel a organização desempenha face ao
ambiente onde atua e consequentemente deve-se delimitar também seus objetivos e suas
metas.
O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO EM SISTEMAS DE INFORMAÇÃO

Devida a grande importância que a informação vem tomando com os


desenvolvimentos tecnológicos, econômicos e sociais, têm-se a necessidade de aperfeiçoar os
serviços e operações dos sistemas de informações. Para que esses sistemas possam auxiliar
empresas e organizações nas tomadas de decisões e na melhoria de qualidade de seus
produtos e serviços se faz necessário um planejamento estratégico. A partir do planejamento
sabe-se avaliar as perspectivas a curto médio e longo prazo, sabe-se agir sobre o mercado,
desenvolver diferenciais competitivos, antecipar a situações desconfortáveis, criar
participação no mercado e desenvolver serviços e produtos adequados ao mercado.

Carvalho (op.cit) considera que como qualquer outra organização, os sistemas de


informação têm se ressentido da falta de uma diretriz norteadora para suas atividades,
cabendo a seus dirigentes a tarefa de preparar a organização para se conscientizar e
acompanhar as mudanças ocorridas num ambiente globalizado e cada vez mais competitivo.

Pode-se considerar o exercício sistemático do planejamento como uma maneira de


minimizar a incerteza do processo decisório e, consequentemente, aumentar a probabilidade
de alcançar os objetivos, desafios e metas estabelecidos pela empresa, para os seus níveis
estratégico, tático e operacional.

O grande desafio do planeamento estratégico de Sistemas de Informação é o de,


partindo da identificação das necessidades estratégicas, táticas e operacionais de uma
organização, expressas em termos dos objetivos da organização e dos requisitos necessários
para atingir esses objetivos, obter uma solução de sistema de informação que satisfaça da
melhor forma essas necessidades.

O grande desafio do planejamento estratégico de sistemas de informação é o de,


partindo da identificação das necessidades estratégicas, táticas e operacionais de uma
organização, expressas em termos dos objetivos da organização e dos requisitos necessários
para atingir esses objetivos, obter uma solução de sistema de informação que satisfaça da
melhor forma essas necessidades.

Como já mencionado, para iniciar um planejamento estratégico em uma organização


deve-se primeiro esclarecer qual sua missão seus objetivo e metas. Visando, neste trabalho
propor um modelo de planejamento de um sistema de informação pode-se dizer a missão de
um sistema de informação exprime sua razão de ser, contribuindo para explicitar o negócio,
os usuários, os produtos ou serviços e mercados, orientando e delimitando as ações e
definindo a que ela se propõe. Deve responder perguntas como: Quem somos enquanto
organização? Qual é o nosso negócio, nossa vocação, ou nossa razão de ser?

Uma das metodologias de elaboração do planejamento estratégico de sistemas de


informação baseia-se na utilização de modelos, diagramas e matrizes, com o intuito de
estabelecer uma compreensão comum do negócio e identificar as necessidades de informação
que suportem os fatores críticos de sucesso da empresa. O enfoque integra os conhecimentos
do negócio, as necessidades de informação e o uso de tecnologias de Sistemas de informação,
através do envolvimento e comprometimento dos usuários, alta administração e pessoal de
desenvolvimento de sistemas.

De acordo com Furlan (1991) o escopo de estudo de planejamento estratégico para


sistemas de informação pode ser toda uma organização, uma empresa, uma divisão, ou
mesmo uma seção. Este planejamento se dá através da indagação e resposta de três questões :
onde estamos?; para onde iremos?; como iremos?.

Complementando a definição de missão para um sistema de informação pode-se que


esta é também obtida através das respostas de questões como: “onde estamos” que visa
determinar o posicionamento atual da empresa no mercado (auditoria de posição), incluindo
uma análise de negócios e verificação da efetividade dos sistemas computadorizados atuais da
empresa e do parque computacional instalado. “Para onde iremos” visa determinar as
expectativas dos executivos com relação ao futuro da empresa, incluindo a sua participação
futura de mercado e necessidades adicionais de negócio. “Como iremos” visa determinar os
meios e recursos necessários para que a empresa atinja os seus objetivos de curto, médio e
longo prazo.

De acordo com Rasmussem (1990) o planejamento estratégico é ferramenta primordial


que a alta gestão de empresas possui para obter vantagens sobre os seus competidores e
conseguir identificar oportunidades no seu macroambiente operacional. Ele, por definição,
significa planejar o futuro perante as limitações psicológicas e físicas e os pontos fortes e
fracos de uma organização, considerando as alterações do comportamento do macroambiente
referente aos segmentos econômicos, políticos, tecnológicos, sociais, ecológicos, legais,
geográficos, demográficos e principalmente competitivos.
Pode-se considerar o planejamento estratégico como:

- metodologia para desenvolver novos talentos, necessários para


uma gestão que pode eficazmente enfrentar as ameaças do amanhã.

- metodologia científica para os recursos escassos da empresa de


forma racional para apoiar uma continuidade do empreendimento em um
macroambiente turbulento e incerto.

- única área das ciências administrativas onde existem


possibilidade de ganhar vantagens competitivas para manter ou aumentar
sensivelmente, o lucro operacional do empreendimento, apesar das
dinâmicas alterações no macroambiente e das suas variáveis específicas.

- serve para a transição do hoje para o amanhã na área


comportamental e cultural da empresa.

- é o único método para analisar as complexidades do ambiente


externo da empresa e preparar medidas eficazes para controlar ameaças,
inovações tecnológicas e táticas de sobrevivência perante o dinâmico
desenvolvimento tecnológico e processo de obsolescência.

- é um método eficaz para se manipular as complexidades da


demanda interna da empresa, com as ferramentas estratégicas
organizxacionais de consolidação, formação de empresas “ holdings”,
descentralização, aquisições, fusões, incorporações, retrointegrações, pró-
integrações, horizontaliações e verticalizações estratégicas para garantir
uma continuidade e um crescimento ordenado do empreendimento.
(RASMUSSEN,1990).

De acordo com Furlan (op.cit) os objetivos do planejamento estratégico de sistemas de


informação são:

- investigar as oportunidades de ganho de vantagens competitivas através


do melhor uso de tecnologias;

- estabelecer objetivos e fatores críticos de sucesso para a empresa;


- facilitar a consecução dos objetivos empresariais através da análise de
seus fatores críticos de sucesso;

- determinar quais informações podem auxiliar a gerência a realizar


melhor o seu trabalho;

- priorizar a construção de sistemas de informação em função das


necessidades da empresa;

- crias modelo funcional e de dados do negócio;

- subdividir o modelo funcional de negócios para uma utilização


posterior na fase de análise da área de negócio;

- determinar qual área de negócio deve ser analisada primeiro;

- permitir à alta administração visualizar o negócio em termos dos


objetivos, funções, informações, fatores críticos de sucesso e estrutura
organzacional.

O planejamento de serviços de informação e bibliotecas, já se preocupam com sua


integração a sistemas maiores. Elas não podem estar relacionadas apenas a seus ambientes
imediatos. A estrutura organizacional deve ser planejada e reavaliada constantemente em
relação a todas as atividades da sociedade. (PENNA apud CARVALHO, op.cit).

Fernandez-Abali (1993) sugere três aspectos voltados ao conceito de gerência de


recursos informacionais: assegurar um papel de liderança; ser o principal conselheiro ou
assessor em matéria de informação em um sistema de tomada de decisão; participar como
membro do grupo de direção de sua organização e trabalhar comprometido com os resultados
esperados.

Na organização do planejamento deve haver o estabelecimento de uma compreensão


comum e expectativas sobre o escopo do projeto, as regras e responsabilidades
organizacionais, o plano de trabalho e as atividades e os resultados e propósitos de elaboração
do planejamento. (CARVALHO, op.cit).
O principal passo do planejamento seria o levantamento das necessidades de
informação e problemas existentes para propor soluções e desenvolver planos em
concordância com os objetivos, desafios e metas da empresa a curto, médio e longo prazo.
Essa análise da situação atual levará em consideração a missão e os objetivos da empresa.

Outro passo seria a definição dos objetivos sustentados pela missão estabelecida e
como seguinte o levantamento do modelo organizacional de sustentação onde são
estabelecidas as funções gerenciais, os objetivos da área funcional, os desafios e as metas dos
níveis estratégico, tático e operacional.

Com base nestas aplicações em Sistemas de Informação como Bibliotecas


Universitárias, devem ser consideradas as variáveis do ambiente interno e externo, com o
objetivo de orientar as decisões sobre missão, os objetivos, as metas e as estratégias porém, as
universidades não desenvolvem este tipo de habilidade por possuírem uma lógica de
funcionamento diferente e por não serem administradas por um modelo rigoroso de
custo/benefício. É importante salientar que a universidade não possui um bom sistema de
informações em geral orientado para a administração e não para a atividade de planejamento,
o que dificulta a montagem de cenários estratégicos para o estabelecimento de mudanças e
adaptação necessárias à consecução da orientação estratégica. Tomar a universidade como
uma organização dificulta a aplicação do planejamento estratégico, podendo entretanto, ser
aplicada em unidades isoladas.

Birdsall e Hensesley (1994) afirmam que o planejamento estratégico para bibliotecas


não é um conceito novo e citam que as bibliotecas universitárias foram as primeiras a
reconhecerem seu potencial através do trabalho de Kaser, em 1972. A ACRL ( Association of
College and Research Libraries) utilizaram o modelo de HENSLEY-SCHOPPMEYER para
o desenvolvimento do planejamento estratégico para ambientes da Biblioteca.
CONCLUSÕES

O Planejamento Estratégico em uma Instituição, seja ela de grande, médio ou pequeno


porte, redireciona os processos existentes visando agilizar sua execução, facilitar seu
desempenho e dar confiabilidade aos seus resultados. Instituições que resistem a adotar
planejamento estratégicos para alcance de seus objetivos estão, possivelmente, se
distanciando da concepção do que seja adequado para o desenvolvimento organizacional
contemporâneo. Nesse sentido, os Sistemas de Informação, principalmente as Bibliotecas
Universitárias devem, ao adotar o Planejamento Estratégico como ferramenta de trabalho,
adequar sua missão, metas e objetivos aos da Instituição a qual está vinculada. Somente
assim, terá respaldo de que seus esforços estarão sendo direcionados a atender seu ambiente
interno (funcionários, serviços técnicos) e externo (alunos universitários e comunidade geral).
E embora o principal objetivo da Biblioteca Universitária seja atender sua demanda especifica
de usuários (universitários), é dela também a função de ordenar e dinamizar o uso da
produção científica de determinado segmento do conhecimento. A partir disto, sua missão
torna-se muito mais abrangente, talvez, incalculável. Neste ambiente de infinitos objetos e
objetivos, a Biblioteca Universitária deve buscar seguridade junto ao Planejamento
Estratégico para o desempenho efetivo de seus serviços e produtos. Finalizando, o que se
pretendeu mostrar com este estudo foram algumas considerações sobre a adoção do
Planejamento Estratégico em Sistemas de Informação, dentre eles a Biblioteca Universitária,
apresentando os principais conceitos, métodos e orientações existentes na Literatura a esse
respeito visando agilizar a obtenção de informações sobre o tema, por Bibliotecários e outros
Profissionais que tenham diagnosticado a relevância e a importância da adoção do
Planejamento Estratégico em sua Instituição.
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