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PLANEJAMENTO E
ORGANIZAÇÃO DE
BIBLIOTECAS
CARO(A) ACADÊMICO(A)
A atividade de gestão constitui fator determinante no sucesso de uma unidade de informação. Evoluiu do conceito de
chefia para amplo campo de conhecimento no qual se destacam técnicas e conceitos de liderança, motivação,
controle, planejamento e marketing. Como por exemplo do novo pensamento, o artigo apresenta a atuação de um gestor no processo de
organização de unidades de informação.
Palavras-chaves:
INTRODUÇÃO
Cada vez mais a gestão está sendo reconhecida como atividade importante para o sucesso de um
empreendimento. Saber gerenciar uma unidade de informação desde o início dos seus trabalhos
garante melhor uso de seus recursos, traduzidos em melhores indicadores de qualidade e
produtividade. Para que um gestor desempenhe com sucesso o seu papel, é necessário que
conheça:
Tal como uma ciência, a gestão observa e modela a realidade, criando suas leis e conceitos.
Contudo, não se limita a isto. É notória a importância da intuição empresarial, que no fundo reflete
a percepção correta do negócio. O gestor ou empreendedor de uma unidade de informação deve
conceber uma idéia global dos seus mercados, dos seus clientes e fornecedores, das práticas
comerciais, dos hábitos e costumes que formam a cultura na qual está inserido o seu negócio e
também como seu negócio interage e é afetado pelo restante da sociedade. Deve ainda
compreender, em grandes linhas, no que consiste a atividade de gestão e qual o seu papel.
Mais do que discutir academicamente o que é a informação, a atenção deve se focar no seu
mercado e nas relações de troca que se estabelecem entre produtores e consumidores da
informação. A informação deve ser entendida e analisada sob a ótica mercadológica, como
qualquer outro produto e serviço. Assim sendo, deverá atender às necessidades específicas de seu
mercado, satisfazendo seus consumidores.
o vasto conhecimento utilizado por uma empresa deve ser reciclado e expandido dentro de certa
periodicidade. Quanto maior o grau de competição, maior o ritmo de evolução a que a empresa
está sujeita. Portanto, a necessidade do sistema produtivo não é genérica, nem abrange qualquer
conhecimento. A empresa precisa e deve usar apenas as informações que lhe são úteis e que
conduzam à evolução certa. Dentro do quadro de competição empresarial, a operação e o
comportamento de uma empresa devem ser bastante dinâmicos. Mudanças e investimentos devem
ser estudados, planejados e realizados, de modo a permitir que a empresa enfrente a concorrência
e se mantenha lucrativa. A estagnação ou a decisão errônea são igualmente prejudiciais ao
negócio, podendo levar a empresa à falência.
b) operacional - Acompanha a execução e o desenrolar dos trabalhos efetuados pelo grupo a fim
de garantir a sua eficiência e a harmonia entre os diversos focos de ação.
d) coordenação, harmonização e integração de esforços para consecução dos objetivos nos prazos
esperados;
Organizar bem uma unidade de informação significa prepará-la para o cumprimento das funções básicas que justificam
a sua existência. As funções básicas podem ser assim estabelecidas:
b) gerar receitas pela venda de produtos e serviços e a execução de projetos suficientes para sua
auto-sustentação e o desenvolvimento continuado;
Na fase inicial de implantação de uma unidade de informação, a organização poderá englobar ainda as atividades de
articulação e marketing, assim como a implantação dos produtos e serviços de informação. A figura 2 apresenta as
principais atividades a serem cumpridas no processo de organização.
COMO ORGANIZAR
b) alocação de recursos;
As etapas que sucedem não obedecem necessariamente a uma ordem e normalmente são
realizadas em paralelo. O importante é assegurar a mobilização de todos os recursos necessários
na quantidade e qualidade desejada e dentro do prazo. A organização é um trabalho contínuo, com
períodos de maior atividade durante o ciclo de vida de uma unidade de informação. Contudo, a
busca por melhores níveis de qualidade e produtividade, que deve ser uma preocupação constante,
impele a revisão do modelo montado e dos recursos mobilizados. A agilidade e a capacidade de
continuamente evoluir e se modificar devem ser características inerentes à organização de uma
unidade de informação.
ALOCAÇÃO DE RECURSOS
Os principais recursos (tabela 1) que devem ser alocados e mobilizados são os seguintes:
a) recursos financeiros;
b) recursos físicos;
c) recursos informativos;
d) recursos computacionais;
e) recursos humanos.
A quantidade e a qualidade dos recursos que podem ser mobilizados e alocados na operação de
uma unidade de informação devem ser diretamente proporcionais à missão, aos resultados
esperados, à quantidade e à qualidade dos produtos e serviços, assim como aos prazos
estipulados. A princípio, deve haver também um certo equilíbrio e proporcionalidade entre todos os
recursos. Essa recomendação pode ser relegada no caso de unidade de informação especializada
em determinado produto ou serviço que exija intensamente um recurso (por exemplo, consulta a
banco de dados, provedor de acesso a redes de informação etc.
RECURSOS FINANCEIROS
Os recursos financeiros são as verbas destinadas à cobertura de todas ou parte das despesas da
unidade de informação. Como a maioria das unidades de informação está instalada dentro de uma
instituição sede, a qual normalmente cobre diversas despesas operacionais, a noção de recursos
financeiros assume uma nova conotação: a de um orçamento vinculado que limita os gastos que
serão cobertos pela instituição sede. Vale ressaltar que, nesses casos, o orçamento geralmente é
bastante limitado (quando existente) para a realização de investimentos. Cabe à própria unidade de
informação buscar outras fontes de recursos para formar seu próprio fundo de investimentos.
Também poderá constituir, com as receitas auferidas, um fundo de caixa para cobrir despesas
avulsas ou não incluídas no sistema de contabilização de custos operacionais do orçamento. São
exemplos de investimentos e gastos que podem ser cobertos por recursos financeiros oriundos de
receitas diversas:
• campanhas publicitárias;
• projetos demarketing;
Como obtê-los?
de investimento em projetos específicos junto aos clientes. As exceções ficam por conta de
projetos de grande envergadura com clientes de grande porte, nos quais o custo de investimento
não é relevante, quando comparado aos resultados a serem obtidos, e o investimento é essencial
para a execução do projeto.
RECURSOS FÍSICOS
• mobiliário - móveis de escritório, estande modelo para participação em feiras e exposições etc.;
b) volume de trabalho;
c) tamanho da equipe;
Como obtê-los?
Normalmente, os recursos físicos são obtidos junto à instituição sede e posteriormente ampliados
ou atualizados mediante investimentos de fontes de financiamento ou com receita própria.
RECURSOS INFORMATIVOS
O conceito de recursos informativos na forma como está incorpora os acervos e fontes de outras
instituições que potencialmente podem prestar apoio no atendimento de consultas. Nesse caso, os
recursos de terceiros, mesmo que não prontamente disponíveis, são também contabilizados.
Contudo, a prática recomenda se limitar somente às fontes de acesso direto e imediato. Por
exemplo, se uma base de dados mantida por terceiros pode ser acessada de forma on-line pela
unidade, é considerada parte dos recursos informativos; caso contrário, não.
Como obtê-los?
RECURSOS COMPUTACIONAIS
A informática, com seus recursos computacionais, representa não só a automação do trabalho até
então manual e artesanal de geração, armazenamento e comunicação da informação, como define
um novo paradigma para a organização de qualquer trabalho humano que dependa de
conhecimento e informação. A natureza da própria informação está sendo rapidamente alterada,
deixando de ser física e analógica para se tornar eletrônica e digital. Do ponto de vista prático,
como qualquer outro recurso tecnológico, a informática propicia a melhoria da qualidade e da
produtividade do trabalho. Portanto, para ser competitiva, uma unidade de informação precisa
contar com uma estrutura tecnológica atualizada. A informática é certamente um investimento de
impacto direto sobre a capacidade produtiva instalada.
RECURSOS HUMANOS:
SELEÇÃO, CAPACITAÇÃO E MOTIVAÇÃO DA EQUIPE DE TRABALHO
Como qualquer outra prestadora de serviço, a unidade de informação tem como seu principal
recurso uma equipe treinada e capacitada. É fundamental na organização selecionar profissionais
com perfil adequado e continuamente propiciar oportunidade de atualização e capacitação técnica.
As equipes devem ser multidisciplinares e polivalentes, contando com profissionais de diferentes aptidões,
formações e personalidades. A diversidade na composição de equipes é um fator favorável para a
área de informação.
a) divulgação e convocação:
- preparação do anúncio;
- veiculação em jornais;
b) análise de currículos:
c) realização de testes:
- preparação de testes;
d) entrevista e contratação
- contratação.
Após vários anos de estudo, a área de recursos humanos está concluindo que a prática mais
adequada para a seleção e alocação de pessoas em postos de trabalho deve se basear nas
características de caráter, comportamento e personalidade. Certamente o conhecimento é importante,
porém a qualidade e a produtividade ao longo do tempo dependerão mais da identificação e harmonia entre a
personalidade e o perfil comportamental do profissional e o trabalho que executa. Convém lembrar que
conhecimento técnico pode ser desenvolvido e atualizado, porém personalidade não se muda.
Portanto, nas fases de análise de currículos e de aplicação de testes, é fundamental levar em
consideração aspectos psicológicos dos candidatos (solicitação e análise da carta de próprio
punho sobre as expectativas e o tipo de trabalho que espera realizar) e a aplicação de testes
vocacionais e psicotécnicos.
e) calendário de realização;
f) custos de realização;
h) ficha interna de avaliação do treinamento recebido a ser preenchida pelo profissional treinado;
termos de tempos e movimentos. O modelo adequado ao trabalho intelectual deve ser flexível. O
pensamento normalmente trabalha integrado e em espiral: a cada ciclo, novas contribuições e
melhorias são acrescidas ao objeto de estudo.
A figura 4 apresenta o quadro geral das atividades de uma unidade de informação privilegiando a
sua integração, a atuação planejada e controlada, a busca da satisfação dos clientes, o
conhecimento do mercado e o contínuo aprimoramento da qualidade e da produtividade. A
sucessão de quadrados, retângulos e setas mostra os relacionamentos e implicações de uma
atividade sobre as outras. A ordem cronológica e temporal é secundária, desde que a lógica não
seja infringida e os resultados sejam atingidos. É evidente que uma venda pressupõe a produção de
um produto ou serviço, mas nada impede que estudos de mercado sejam conduzidos em paralelo.
O setor de informação é uma das áreas de maior crescimento em qualquer economia desenvolvida.
Aproveitando-se dos desenvolvimentos tecnológicos da informática, várias empresas de
processamento de dados têm ocupado mais e mais espaço no mercado de informação. Da mesma
forma, as empresas editoriais e jornalísticas estão progredindo e diversificando sua linha de
atuação, com produtos e serviços cada vez mais voltados a públicos específicos.
Ser conhecido, atuar em rede e formar parcerias são procedimentos cada vez mais corriqueiros e
estratégicos para vencer a concorrência e permanecer no mercado. O panorama atual do mundo
dos negócios está importando conceitos e termos da área ecológica a fim de definir o
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Abstract
Managing is a key factor for the information centre success. Managing is much more than how to be a boss.
Nowadays, it is a new and dynamic knowledge field that has developed techniques and concepts for leadership,
motivation, control, planning and marketing. Exemplifying the new trends, the article point out the role that a manager
plays in the organisation process of information centres.
Keywords:
Information unit; Management; Organization.
AS EMPRESAS SÃO
GRANDES COLEÇÕES
DE PROCESSOS
RESUMO ABSTRACT
A idéia de processo tem estado presente nos textos e nas discussões The idea of process has been present in most texts and discussions
sobre Administração de Empresas nos últimos anos. É praticamente on business and management in the last years. It is almost impossible
impossível evitar temas como redesenho de processos, organização to avoid subjects like process re-design, process-centered
por processos e gestão por processos. Essa idéia, no entanto, não é organizations and process management. This idea, however, is not
nova e tem raízes na tradição da engenharia industrial e no estudo new and has its origins in the industrial engineering tradition and in
dos sistemas sociotécnicos. Embora muito presente, o conceito de the studies on sociotechnical systems. Although very common, the
processo não tem uma interpretação única, e a variedade de signifi- concept of process has not a unique interpretation, and the variety of
cados encontrados tem gerado inúmeros mal-entendidos. Este artigo meanings that can be found has generated many misunderstandings.
propõe-se a facilitar a compreensão do assunto, oferecendo um This article intends to facilitate the comprehension of the subject,
quadro organizado de definições e aplicações para o conceito de offering an organized framework of definitions and applications for
processo empresarial. the concept of business process.
PALAVRAS-CHAVE
Processo, redesenho de processos, organização por processos, gestão por processos, geração de valor.
KEY WORDS
Process, process re-design, process organization, process management, value generation.
O QUE SÃO OS PROCESSOS NAS equipamentos e outros bens tangíveis –, mas também
EMPRESAS podem ser informações e conhecimento. Nessa visão,
os processos também têm início e final bem determi-
Todo trabalho importante realizado nas empresas nados. Essa abordagem, característica dos adeptos do
faz parte de algum processo (Graham e LeBaron, aperfeiçoamento de processos (Harrington, 1991),
1994). Não existe um produto ou um serviço ofereci- acompanhou o raciocínio da engenharia industrial.
do por uma empresa sem um processo empresarial. No entanto, o fluxo de trabalho é apenas um dos
Da mesma forma, não faz sentido existir um proces- tipos de processo empresarial, talvez aquele em que
so empresarial que não ofereça um produto ou um as atividades são mais interdependentes e realizadas
serviço. numa seqüência específica. Essa definição estrita dei-
Na concepção mais freqüente, processo é qualquer xa de fora processos que não têm início e fim claros
atividade ou conjunto de atividades que toma um ou cujo fluxo não é bem definido. Às vezes, alguns
input, adiciona valor a ele e fornece um output a um desses processos têm impacto maior que os demais
cliente específico. Os processos utilizam os recursos na própria viabilidade da empresa, como aqueles li-
da organização para oferecer resultados objetivos aos gados à sucessão na empresa, ao desenvolvimento dos
seus clientes (Harrington, 1991). Mais formalmente, gerentes e à avaliação do desempenho do pessoal.
um processo é um grupo de atividades realizadas Os cinco modelos básicos de processos empresa-
numa seqüência lógica com o objetivo de produzir riais formam um espectro que abrange desde o mais
um bem ou um serviço que tem valor para um grupo concreto e objetivo modelo, baseado no fluxo de ma-
específico de clientes (Hammer e Champy, 1994). teriais, até o modelo mais abstrato, que se fundamen-
Essa idéia de processo como um fluxo de trabalho ta na mudança de estados de um sistema. O Quadro 1
– com inputs e outputs claramente definidos e tarefas resume as principais características desses modelos e
discretas que seguem uma seqüência e que dependem oferece exemplos.
umas das outras numa sucessão clara – vem da tradi- Assim, nem sempre os processos empresariais são
ção da engenharia (que também deu origem à idéia formados de atividades claramente delineadas em ter-
de reengenharia). Os inputs podem ser materiais – mos de conteúdo, duração e consumo de recursos defi-
RAE • RAE
©2000, v. 40 - •Revista
n. 1 • de
Jan./Mar.
Administração
2000 de Empresas / EAESP / FGV, São Paulo, Brasil. 7
Organização, Recursos Humanos e Planejamento
nidos, nem precisam ser consistentes ou realizados OS PROCESSOS NÃO FABRIS NAS
numa seqüência particular (Morris e Brandon, 1994). EMPRESAS
Muitas vezes e por diversos motivos, é mais interes-
sante organizar os processos por etapas. É o caso, A intensa utilização do conceito de processo na
por exemplo, dos processos de modernização empre- modernização das empresas provavelmente tem ori-
sarial ou de diversificação de negócios e de projetos gem na tentativa de aplicação no ambiente de escri-
de consultoria empresarial. Muitos autores, na ver- tório das técnicas de aperfeiçoamento do trabalho que
dade, entendem que as atividades de diversos pro- foram desenvolvidas para o ambiente industrial (Gon-
cessos empresariais são apenas inter-relacionadas e çalves, 1990).
que a essência dos processos é a coordenação das Os processos na área fabril são fáceis de se
atividades (Graham e LeBaron, 1994). É o caso de observar, tanto nos períodos de bom funcionamento
processos de sucessão empresarial, desenvolvimen- como na ocorrência de problemas. O desperdício e o
to de tecnologia e negociação salarial. retrabalho são claramente identificáveis, e o fluxo
do material é tão importante que os equipa-
mentos e equipes de trabalho são dispostos
ao longo dele. Toda uma ciência de aperfei-
Todo trabalho importante realizado çoamento dos processos industriais foi de-
senvolvida ao longo de décadas, chegando,
nas empresas faz parte de algum inclusive, a ser aplicada a situações de tra-
balho nos escritórios.
processo. Não existe um produto ou um Atualmente, no entanto, o trabalho nos es-
critórios segue um fluxo conduzido pelos ca-
serviço oferecido por uma empresa bos da rede informatizada, e o deslocamento
do trabalho não é tão facilmente observável.
sem um processo empresarial. Muitas vezes, o funcionamento das empre-
sas exige a organização de processos provi-
sórios, de duração limitada. Geralmente, es-
Observamos, também, que os passos de certos pro- ses processos provisórios são horizontais, embora al-
cessos organizacionais não precisam ser cuidadosa- guns times horizontais sejam bastante duradouros, es-
mente definidos nem consistentes ou realizados numa pecialmente aqueles ligados a atendimento de pedi-
seqüência particular (Morris e Brandon, 1994). dos, treinamento de pessoal-chave, geração de novos
Outros processos organizacionais correspondem a negócios e inovação (Lipnack e Stamps, 1997).
um grupo de atividades que ocorrem ao longo do tem- Olhando de outra maneira, os processos empresa-
po, como, por exemplo, o processo de amadurecimento riais são atividades coordenadas que envolvem pes-
de uma pessoa, o processo de modernização da in- soas, procedimentos e tecnologia. Na verdade, os pro-
dústria bancária ou o processo de estruturação de uma cessos em geral, e em particular, de negócio repre-
rede de lojas ao longo de 25 anos. sentam uma nova abordagem à coordenação de ativi-
Processo empresarial também pode ser definido dades ao longo da empresa (Malhorta, 1998). Pensar
como qualquer trabalho que seja recorrente, afete al- nos processos em termos de coordenação em vez de
gum aspecto da capacitação da empresa (organizational fluxos de trabalho ou fluxos físicos de materiais ou
capability), possa ser realizado de várias maneiras dis- produtos, como tem sido a abordagem predominante
tintas com resultados diferentes em termos da contri- na reengenharia e no TQM (Total Quality
buição que pode gerar com relação a custo, valor, ser- Management) (Keen, 1997), é importante para poder
viço ou qualidade e envolva a coordenação de esfor- identificar e tratar processos não industriais como
ços para a sua realização (Keen, 1997). importantes ativos de negócio e para poder analisar
Em função da interdisciplinaridade característica qualquer tipo de processo.
da Administração de Empresas, é importante reconhe- Num sentido mais amplo, chamamos de processo
cer o emprego da palavra “processo” em outras áreas de trabalho a maneira particular de realizar um deter-
do conhecimento. Encontramos a palavra sendo em- minado conjunto de tarefas, sob o ponto de vista dos
pregada na Sociologia, na Psicologia, na Biologia, na especialistas em análise do trabalho humano (Cameron
Arquitetura, na Engenharia e na Política, sempre com et al., 1995). Dessa forma, a definição inclui não ape-
acepções semelhantes, embora tratando de assuntos nas as tarefas a serem executadas mas também o nú-
muito diferentes. mero de operadores, a distribuição do trabalho entre
eles, a tecnologia empregada, os indicadores de efi- Por outro lado, algumas vezes, as atividades essen-
ciência e os resultados esperados. Liga-se também à ciais (aquelas atividades que são críticas para que se-
noção de método de trabalho (Lowenthal, 1994). Os jam atingidos os objetivos da empresa) podem ser cha-
processos podem ser entendidos popularmente como madas de processos. Elas envolvem um conjunto de
“a forma pela qual as coisas são feitas na empresa” atividades operacionais, diversos níveis organizacio-
(Lipnack e Stamps, 1997), e a maneira mais abrangen- nais e práticas gerenciais. Assim, elas são os proces-
te de definir processo empresarial é “como produzir sos que precisam ser executados para que a empresa
alguma coisa” (Malone et al., 1997). exista (Bennis e Mische, 1995). O Quadro 2 mostra
uma coleção abrangente de sistemas empresariais se- namento de determinados indivíduos e grupos nas or-
lecionados. É notável a variedade de processos que ganizações. 1 O pessoal de Organização chama esses
podemos encontrar nas empresas. padrões de interação de processos organizacionais.
A definição de processo pela descrição da transfor-
mação de inputs em outputs de valor não é suficiente TIPOS DE PROCESSOS
para especificar o assunto que interessa. Um processo
típico também envolve endpoints, transformações, Às vezes, é interessante separar os processos de pro-
feedback e repetibilidade. As transformações ocorri- dução dos bens e serviços oferecidos dos demais pro-
das num processo podem ser físicas, de localização e cessos que ocorrem na empresa: os processos relacio-
transacionais (transformação de itens não tangíveis). nados com a gestão da empresa e os de apoio aos pro-
cessos produtivos (Harrington, 1991).
Existem três categorias básicas de pro-
cessos empresariais: 2 os processos de ne-
O futuro vai pertencer às empresas que gócio (ou de cliente) são aqueles que ca-
racterizam a atuação da empresa e que são
conseguirem explorar o potencial da suportados por outros processos internos,
resultando no produto ou serviço que é re-
centralização das prioridades, as ações cebido por um cliente externo; os proces-
sos organizacionais ou de integração or-
e os recursos nos seus processos. ganizacional são centralizados na organi-
zação e viabilizam o funcionamento coor-
denado dos vários subsistemas da organi-
O emprego de todos esses atributos na definição do zação em busca de seu desempenho geral, garantindo
processo permite garantir condições mais adequadas o suporte adequado aos processos de negócio; e os
para a sua análise e gestão. processos gerenciais são focalizados nos gerentes e
As características básicas dos processos ajudam a nas suas relações (Garvin, 1998) e incluem as ações
ilustrar as diferenças entre os processos de manufatu- de medição e ajuste do desempenho da organização.
ra e os de serviços, conforme pode ser observado no A classificação geral dos processos empresariais,
Quadro 3. juntamente com suas principais características e exem-
A regularidade do padrão de interação entre os in- plos, é apresentada no Quadro 4. Cada categoria se
divíduos da organização leva ao surgimento de um subdivide em tipos de processos, que se distinguem
modelo razoavelmente definido de regras e comporta- uns dos outros em função da sua capacidade de gerar
mentos, que é essencial para a estabilização do funcio- valor, do fluxo básico, da atuação e da orientação bá-
Pontos de controle (regulam Freqüentemente não existem Estabelecidos de forma clara e formal
qualidade e dão feedback)
Medições (base estatística do Difíceis de definir, geralmente não Fáceis de definir e de gerenciar
funcionamento) existem
Ações corretivas (correção de Geralmente ocorrem de forma reativa Muito freqüentes as ações preventivas
variações)
sica com relação à estrutura organizacional. Essas ca- gócio. O suprimento de material é um processo orga-
racterísticas são discutidas a seguir. nizacional nas empresas não fabris. Os processos ge-
Os processos de negócio são ligados à essência do renciais incluem as ações que os gerentes devem rea-
funcionamento da organização (Dreyfuss, 1996). Eles lizar para dar suporte aos demais processos de negó-
são típicos da empresa em que operam e são muito cio. A avaliação da qualidade do atendimento aos pe-
diferentes de uma organização para outra. Eles têm o didos dos clientes é um processo gerencial típico em
suporte dos sistemas que têm sido desenvolvidos ao diversas organizações.
longo de décadas de desafios e aperfeiçoamento. Os processos organizacionais e gerenciais são pro-
Numa seguradora, por exemplo, um importante pro- cessos de informação e decisão. Eles podem ser ver-
cesso de negócio é o da emissão da apólice, que se ticais e horizontais. Os processos verticais usualmente
inicia com o preenchimento da proposta de seguro e se referem ao planejamento e ao orçamento empresa-
termina com o preenchimento da apólice e sua remessa rial e se relacionam com a alocação de recursos es-
ao segurado. O Quadro 5 mostra exemplos de proces- cassos (fundos e talentos). Os processos horizontais
sos característicos de algumas indústrias selecionadas. são desenhados tendo como base o fluxo do trabalho. 3
Os processos organizacionais geralmente produ- O trabalho nos processos horizontais pode ser reali-
zem resultados imperceptíveis para os clientes exter- zado de diversas maneiras, gerando três tipos de pro-
nos, mas são essenciais para a gestão efetiva do ne- cessos horizontais (laterais) (Galbraith, 1995): volun-
Fonte: Adaptado de (a) Rummler e Brache (1990); (b) James Martin (1996); (c) Susan Mohrman (1995); (d) Jay Galbraith (1995).
tários (ocorrem por meio do contato voluntário entre CARACTERÍSTICAS ESSENCIAIS DOS
os membros do grupo por iniciativa dos envolvidos), PROCESSOS EMPRESARIAIS
formais (definidos previamente por meio de documen-
tos formais) e coordenados (que exigem times de or- De maneira geral, os processos nas empresas po-
ganização mais complexa e formal). dem ser internos (quando têm início, são executados
e terminam dentro da mesma
empresa) ou externos. Os pro-
cessos podem, também, ser
As empresas do futuro deixarão de enxergar inter ou intra-organizacionais
(quando envolvem diversas
processo apenas na área industrial, serão empresas diferentes para a sua
realização). Como já foi men-
organizadas em torno de seus processos não fabris cionado, os processos empre-
sariais podem também ser ho-
essenciais e centrarão seus esforços em seus clientes. rizontais e verticais, depen-
dendo da sua orientação bási-
ca com relação à estrutura or-
Independentemente do tipo de estrutura organiza- ganizacional da empresa.
cional escolhido pela empresa, algumas atividades im- A primeira característica importante dos processos
portantes exigirão coordenação entre os departamen- é a interfuncionalidade. Embora alguns processos se-
tos. Os processos horizontais são processos de infor- jam inteiramente realizados dentro de uma unidade fun-
mação e decisão criados para a coordenação das ativi- cional, a maioria dos processos importantes das em-
dades que se espalham por várias unidades organiza- presas (especialmente os processos de negócio) atra-
cionais (Galbraith, 1995). São essenciais para prover a vessa as fronteiras das áreas funcionais. Por isso mes-
coordenação lateral necessária para a execução ade- mo, são conhecidos como processos transversais, transor-
quada dessas atividades. ganizacionais (cross-organizational), interfuncionais ou
Com relação à capacidade de geração de valor para interdepartamentais. Também são conhecidos como
o cliente, os processos podem ser primários, quando processos “horizontais”, já que se desenvolvem orto-
incluem as atividades que geram valor para o cliente, gonalmente à estrutura “vertical” típica das organiza-
ou de suporte, que são os conjuntos de atividades que ções estruturadas funcionalmente. Enquanto os times
garantem o apoio necessário ao funcionamento adequa- verticais correspondem aos componentes funcionais,
do dos processos primários (Martin, 1996). É impor- geográficos e de produto da empresa, como é o caso da
tante notar que os processos primários são os proces- equipe de vendas, os times horizontais correspondem
sos de negócio e que os processos organizacionais e os às pessoas que trabalham nos processos transor-
gerenciais, de acordo com essa definição, são pro- ganizacionais, como, por exemplo, o processo de
cessos de suporte. O Quadro 6 apresenta exemplos atendimento de pedidos de clientes.
de processos empresariais genéricos, organizados nas A segunda característica importante dos proces-
três categorias fundamentais aqui definidas. sos de negócio é o fato de que eles têm clientes
(Davenport e Short, 1990). O conceito de processo torno de seus processos não fabris essenciais e
empresarial associa-se à idéia de cadeia de valor 4, com centrarão seus esforços em seus clientes (Gonçalves,
a definição de fluxos de valor 5: uma coleção de ativi- 1997). Os processos industriais, especialmente os de
dades que envolvem a empresa de ponta a ponta com manufatura, sempre tiveram seu desempenho acom-
o propósito de entregar um resultado a um cliente ou panhado de perto pelas legiões de engenheiros de
usuário final. Nesses termos, as value streams não produção e técnicos da área industrial. Os processos
correspondem ao conceito de cadeia de valor propos- típicos da área não fabril e das empresas que não
to por Porter, visto que ela se refere à empresa como têm área fabril, no entanto, passaram despercebidos
um todo, já que elas ocorrem dentro da organização. por décadas.
Esse cliente, ao qual o resultado deve ser entregue, Parte do sucesso que as empresas japonesas tive-
pode ser interno ou externo à organização. Nesse sen- ram com relação às suas concorrentes americanas nas
tido, a empresa é uma coleção dos fluxos de valor décadas de 80 e 90 decorreu do fato de terem as em-
voltados à satisfação das expectativas de um deter- presas japonesas descoberto (ou pelo menos imple-
minado grupo de clientes. Os processos utilizam os mentado) o gerenciamento de processos (Davenport,
recursos da organização para oferecer resultados ob- 1994) muito antes de as empresas ocidentais enten-
jetivos aos seus clientes (Harrington, 1991). derem a que o assunto se referia. O papel de desta-
A definição dos processos na empresa é essencial- que dado ao gerenciamento de processos na cultura
mente dinâmica, mudando com o tempo. Novos com- corporativa japonesa garantiu que, em diversas oca-
ponentes vão sendo adicionados e outros são adapta- siões, muitas empresas daquele país tenham desen-
dos à medida que o ambiente muda, a empresa cresce e volvido processos rápidos e eficientes em áreas-chave
o conhecimento especializado se desenvolve. O funci- como desenvolvimento de produtos, logística, vendas
onamento do processo precisa, então, ser adaptado, de e comercialização.
modo que possa se adequar à nova situação. A utilização do conceito de processos nos fornece
um conveniente nível de análise, menos detalhado que
POR QUE OS PROCESSOS SÃO o do estudo do trabalho, mas muito mais descritivo
IMPORTANTES que o modelo da “caixa preta” (Garvin, 1998). Além
disso, permite-nos ter uma visão melhor do compor-
O futuro vai pertencer às empresas que consegui- tamento gerencial, mais integrada e abrangente. É in-
rem explorar o potencial da centralização das prio- dispensável também para possibilitar a análise ade-
ridades, as ações e os recursos nos seus processos. quada dos processos administrativos e gerenciais, tão
As empresas do futuro deixarão de enxergar proces- importantes para o funcionamento dos processos essen-
so apenas na área industrial, serão organizadas em ciais da organização.
• São ligados à essência • São centrados na organização • São centrados nos gerentes e nas suas
do funcionamento da • Viabilizam o funcionamento relações
organização coordenado dos vários subsistemas • Incluem ações de medição e ajuste do
• São suportados por outros da organização desenvolvimento da organização
processos internos • Garantem o suporte adequado aos • Incluem as ações de suporte que os
• Resultam no produto ou processos de negócio gerentes devem realizar
serviço que é recebido pelo cliente
A definição dos processos básicos é essencial para des. Para o pessoal de serviços, os processos são se-
algumas estratégias de aperfeiçoamento do funciona- qüências de atividades que são necessárias para rea-
mento das empresas, já que grupos serão alocados a lizar as transações e prestar o serviço (Ramaswamy,
eles, tanto para execução como para gestão. Os times 1996). A importância dos processos de trabalho au-
horizontais, por exemplo, são criados a partir de uni- menta à medida que as empresas ficam com conteúdo
dades que naturalmente se aproximam para completar cada vez mais intelectual ou nas empresas de conteú-
uma parte do trabalho a ser feito ou um processo den- do puramente intelectual (Quinn, 1992), afastando-se
tro da empresa (Graham, 1994). do modelo fabril.
Uma das mais importantes
aplicações da idéia de proces-
sos é a simulação do funciona-
Abandonando a estrutura por funções, que mento de novas formas opera-
cionais de obtenção dos resul-
foi a forma organizacional predominante nas tados da empresa, sejam eles
produtos, sejam conquistas de
empresas do século XX, as empresas estão qualquer outro tipo. Em proje-
tos de redesenho de processos,
organizando seus recursos e fluxos ao longo por exemplo, uma das etapas
de trabalho é o teste do protó-
de seus processos básicos de operação. tipo do processo que está sen-
do redesenhado (Bennis e
Mische, 1995). Outra aplicação
Identificar o processo como a maneira típica de re- importante ocorre na implementação das mudanças pre-
alizar o trabalho é importante para definir a forma bá- vistas para a operacionalização de um novo processo.
sica de organização das pessoas e demais recursos da O sucesso do novo desenho para o processo depende
empresa (Dreyfuss, 1996). O processo é um conceito fundamentalmente da sua operacionalização, e o dese-
fundamental no projeto dos meios pelos quais uma nho do processo é o blueprint, o mapa essencial do
empresa pretende produzir e entregar seus produtos e caminho a ser percorrido.
serviços aos seus clientes. Além disso, muitos dos pro-
cessos nas empresas são repetitivos e envolvem, no seu A ESTRUTURA ORGANIZACIONAL POR
conjunto, a maioria das pessoas da organização. PROCESSOS
Os processos são a fonte das competências “especí-
ficas da empresa” que fazem a diferença em termos de A organização orientada para processos está sur-
concorrência, além da influência que podem ter a es- gindo como a forma organizacional dominante para o
tratégia, os produtos, a estrutura e a indústria (Keen, século XXI (Hammer, 1996). Abandonando a estru-
1997). Os processos não criam apenas as eficiências tura por funções, que foi a forma organizacional pre-
de hoje, mas também garantem o futuro por meio de dominante nas empresas do século XX, as empresas
habilidades que se aplicam aos novos produtos. A rá- estão organizando seus recursos e fluxos ao longo de
pida inovação dos processos pode resultar em seus processos básicos de operação. Sua própria lógi-
capacitações organizacionais melhoradas (Kanter, ca de funcionamento está passando a acompanhar a
1997) que permitem, por exemplo, que os novos pro- lógica desses processos, e não mais o raciocínio com-
dutos sejam desenvolvidos mais rapidamente. É conhe- partimentado da abordagem funcional.
cido o caso das empresas industriais japonesas, que Faz sentido definir uma estrutura organizacional em
investiram 70% dos seus fundos de P&D em inovação torno de um processo como fluxo de trabalho. Tentar
de processos, ao contrário das americanas, que inves- enxergar o funcionamento das empresas do ponto de vista
tiram essa mesma proporção, mas no desenvolvimento dos processos é a mais eficaz maneira de escapar da
de produtos. Os resultados muito superiores da indús- “abordagem das chaminés”6. De acordo com essa idéia,
tria japonesa durante o período considerado provavel- as empresas se organizam geralmente como conjuntos
mente refletem as conseqüências dessa decisão. de unidades funcionais verticais isoladas umas das ou-
Nas empresas de serviços, por exemplo, o concei- tras, operando em paralelo, sem muita interligação. Nes-
to de processo é de fundamental importância, uma vez se modelo, os processos precisam atravessar as frontei-
que a seqüência de atividades nem sempre é visível, ras entre as “chaminés” funcionais, com sensível perda
nem pelo cliente, nem por quem realiza essas ativida- de tempo, qualidade e capacidade de atendimento.
A centralização das empresas nos seus processos O emprego do conceito de processos na estrutura-
levará a desenhos organizacionais muito diferentes dos ção das empresas também leva ao desenvolvimento da
que conhecemos atualmente. O primeiro estágio, não função do “dono do processo”8, cujas atribuições es-
apenas previsível, mas que já está sendo adotado em senciais são: garantir o andamento adequado ao fluxo
muitas empresas, é o de redistribuir os recursos huma- do processo (pumping), a facilitação do relacionamen-
nos e técnicos das empresas ao longo dos processos de to dos recursos aplicados ao processo (facilitating), a
negócios (Gonçalves, 1997). As parcerias e as redes avaliação do funcionamento da empresa da perspecti-
de empresas estão surgindo como um segundo estágio va do processo e o aperfeiçoamento do funcionamento
desse movimento de reforma conceitual; dessa forma, do processo.
nem todos os recursos essenciais
para a operação da empresa se en-
contram dentro da empresa ou per-
tencem a ela. É de se prever, no en- Mudar a estrutura funcional da empresa para
tanto, que essa renovação organiza-
cional venha a prosseguir, inclusive uma estrutura por processos implica definir
por caminhos ainda mais radicais. O
fim das relações duráveis entre em- a responsabilidade pelo andamento do
presa e empregados, o realinhamento
constante dos recursos para a adap- processo, minimizar as transferências,
tação aos desafios internos e exter-
nos e a redefinição do modelo de dis- maximizar o agrupamento de atividades
tribuição de responsabilidades e po-
deres nas organizações levarão a mo- e diminuir o gasto de energia.
delos organizacionais que, nesse mo-
mento, podemos apenas imaginar
(Handy, 1989). Uma vez que os processos empresariais e as ativi-
A implementação do ponto de vista do cliente na dades funcionais são ortogonais, em muitas situações,
gestão das empresas praticamente exige que se faça o as pessoas são membros de equipes funcionais e de
redesenho de seus processos de negócios. Afinal, as equipes de processos ao mesmo tempo. Essa forma ate-
empresas convencionais sempre foram voltadas para nuada de estrutura matricial apresenta várias das difi-
si mesmas, projetadas em função de uma visão que pri- culdades características daquele tipo de estrutura, es-
vilegiava a sua própria realidade interna. A adoção de pecialmente a duplicidade de comando e o conflito no
uma estrutura baseada nos processos significa, em ge- emprego dos recursos da organização.
ral, dar menos ênfase à estrutura funcional do negócio Outra conseqüência da adoção da estrutura organi-
(Davenport, 1994) e empregar outros modelos organi- zacional por processos é que não há sentido em se fa-
zacionais e de negócios (Gonçalves, 1998). lar em centralização ou descentralização administrati-
O raciocínio baseado em processos é essencial para va, uma vez que as decisões são tomadas por grupos
o “tombamento”7 das organizações: os membros da equi- de trabalho no local organizacional em que são neces-
pe dão início ao trabalho e se asseguram de que o seu sárias. Como unidade central no desenho de organiza-
trabalho seja realmente realizado, estabelecem padrões ções modernas, os processos enfrentam a crescente con-
para a avaliação da performance da equipe e de seus corrência do conceito de network9.
membros e dão apoio, encorajam e reconhecem as con-
tribuições dos colegas de equipe. Essa forma de raciocí- GESTÃO DO PONTO DE VISTA DO
nio dá maior ênfase ao processo que ao seu conteúdo. PROCESSO
Mudar a estrutura funcional da empresa para uma
estrutura por processos implica definir a responsabili- Tradicionalmente, as empresas ignoram seus pro-
dade pelo andamento do processo, minimizar as trans- cessos, mas elas têm muito a ganhar ao se dedicarem a
ferências (para reduzir esperas, erros e fronteiras), conhecê-los melhor (Hammer, 1998). De acordo com
maximizar o agrupamento de atividades e diminuir o algumas pesquisas, o processo produtivo de um produ-
gasto de energia (reunir as partes da empresa em me- to industrial genérico pode custar cerca de 10% do va-
nor número de locais ou empregar maciçamente os re- lor do produto e, durante décadas, esse processo tem
cursos de tecnologia de informação para diminuir gas- sido o foco do esforço de otimização de resultados e
tos com transporte, armazenagem e deslocamento). redução de custos nas empresas (Harrington, 1991). Por
outro lado, os processos que dão suporte aos processos e Brache, 1990). Afinal, são esses processos os gera-
produtivos são responsáveis por mais de 50% do custo dores dos produtos que apresentam valor para os cli-
dos produtos e somente nos últimos 10 ou 12 anos pas- entes da empresa. A gestão por processos se baseia,
saram a receber maior atenção. Além disso, somente portanto, nos elementos básicos dos processos
agora os processos ligados à prestação de serviços co- (Lipnack, 1997): tarefas executadas, reuniões realiza-
meçam a ser estudados de forma mais sistemática. das, decisões tomadas, metas alcançadas e resultados
Entender como funcionam os processos e quais são produzidos pelo processo.
os tipos existentes é importante para determinar como Gerenciar as empresas pelo ponto de vista dos pro-
eles devem ser gerenciados para a obtenção do máxi- cessos parece ser um dos grandes desafios da gestão
mo resultado. Afinal, cada tipo de processo tem carac- eficaz de recursos humanos nas empresas nas próxi-
mas décadas.10 A adoção do ponto de
vista dos processos na gestão das em-
Durante muito tempo, as empresas foram presas desenvolve e salienta a impor-
tância dos papéis ligados a processos11,
dirigidas por meio de metas estabelecidas que incluem a liderança do grupo, a li-
gação entre as pessoas, a facilitação dos
para as áreas funcionais, mas hoje as metas mecanismos grupais, o desenvolvimen-
to de conhecimento, o gerenciamento
são definidas para os processos essenciais, das agendas de compromissos e o su-
porte ao funcionamento das equipes
que constituem um nível fundamental de (Graham, 1994). Isso implica treina-
mento e desenvolvimento das habilida-
avaliação de desempenho da organização. des básicas em relações interpessoais,
polivalência (multiskilling), treinamen-
to interfuncional, solução de problemas,
criatividade, coordenação e planeja-
terísticas específicas e deve ser gerenciado de maneira mento (Mohrman, 1995).
específica. Os processos devem ter capacidade de res- Por outro lado, a gestão por processos traz desafios
posta aos estímulos semelhante à demonstrada pelas inéditos em termos de complexidade, já que é, por
criaturas vivas (Martin, 1996). exemplo, relativamente simples explicitar a liderança
A visão horizontal das empresas é uma maneira de de tarefa, mas é muito mais difícil tornar explícita a
identificar e aperfeiçoar as interfaces funcionais, que liderança de processo (social) (Lipnack, 1997). Além
são os pontos nos quais o trabalho que está sendo rea- disso, na ausência da hierarquia, o pessoal precisa se
lizado é transferido de uma unidade organizacional para organizar para garantir o andamento do processo. Os
a seguinte (Rummler e Brache, 1990). São nessas trans- grupos auto-administrados são um conceito antigo e
ferências que ocorrem os erros e a perda de tempo, res- começaram a ser estudados de maneira sistemática nos
ponsáveis pela maior parte da diferença entre o tempo anos 50 pelo pessoal do Tavistock Institute, nas minas
de ciclo e o tempo de processamento nos processos de carvão inglesas.
empresariais. Uma vez que as pessoas passam a trabalhar no pro-
A gestão por processos organizacionais difere da cesso, e não mais nas áreas da empresa que deixam
gestão por funções tradicional em pelo menos três pon- de existir ou perdem muito de sua importância, a ges-
tos: emprega objetivos externos; os empregados e re- tão dessas pessoas deve seguir modelos muito dife-
cursos são agrupados para produzir um trabalho com- rentes dos tradicionais. Num quadro de grande im-
pleto; e a informação segue diretamente para onde é portância das pessoas na implementação de estrutu-
necessária, sem o filtro da hierarquia (Stewart, 1992). ras por processos e na gestão de organizações estru-
O sucesso da gestão por processos está ligado ao turadas de acordo com esse modelo, surgem pergun-
esforço de minimizar a subdivisão dos processos tas inquietantes, para as quais não temos, ainda, as
empresariais. melhores respostas. Como trabalham as pessoas num
Durante muito tempo, as empresas foram dirigidas processo? A quem respondem? Como se coordena o
por meio de metas estabelecidas para as áreas funcio- trabalho realizado no processo? Como avaliar a ade-
nais, mas hoje as metas são definidas para os proces- quação e o desempenho das pessoas na organização
sos essenciais, que constituem um nível fundamental por processos? Como estruturar a carreira e o desen-
de avaliação de desempenho da organização (Rummler volvimento dessas pessoas?
A abordagem de processos adota o conceito de hie- • mudaram a economia e a natureza das mudanças e
rarquia de processos e do detalhamento em níveis su- o que era possível conseguir com ajustes incremen-
cessivos. De acordo com esse conceito, os processos tais passou a exigir transformações radicais;
podem ser subdivididos em subprocessos e agrupados • aperfeiçoa as possibilidades dinâmicas da empresa,
em macroprocessos. O nível de detalhe que importa é rotinas organizacionais que afetam a coordenação
aquele mais adequado para a análise que se pretende das atividades;
realizar. Uma das importantes metodologias para o • reduz os custos de coordenação e transação no fun-
aperfeiçoamento das empresas adota três níveis de aná- cionamento da empresa.
lise, sendo que um deles é exatamen-
te o dos processos (Rummler e
Brache, 1990).
Nem todos os processos têm a
O impacto da tecnologia na realização do
mesma importância para as empre-
sas, tanto sob o ponto de vista dos
trabalho abrange desde alterações na forma de
resultados gerados como dos recur-
sos envolvidos. Afinal, quais são os
realização do trabalho individual até a maneira
processos mais importantes na em-
presa? Aqueles de maior budget, os
pela qual as empresas trabalham juntas em
que têm maior impacto no funciona-
mento da empresa ou aqueles que
processos interorganizacionais, passando pela
são responsáveis pela maior parcela
na geração de valor para o cliente?
redefinição da maneira pela qual os grupos de
A prioridade dos processos para as
empresas pode ser avaliada por meio
pessoas realizam suas tarefas grupais.
de sua saliência (relativa importân-
cia para a empresa) e por seu valor
(o valor econômico que ele gera). O conceito de EVA12 TECNOLOGIA E PROCESSOS
pode ser utilizado para priorizar os processos que me-
recem atenção concentrada por parte das empresas13. A tecnologia tem um papel fundamental no estudo
Uma vantagem específica pode ser obtida e explo- dos processos empresariais. Ela influencia tanto a for-
rada pelas empresas que decidem investir no aperfei- ma de realizar o trabalho como a maneira de gerenciá-
çoamento de processos cuidadosamente escolhidos14. lo. Muitas vezes, o processo obedece a uma seqüência
A experiência tem mostrado que o aperfeiçoamento de estrita de atividades, ditada pela sua tecnologia carac-
processos errados pode levar ao paradoxo dos proces- terística ou pela própria lógica do trabalho. A fabrica-
sos: as empresas podem ter mau desempenho e até ção de produtos como bicicletas, camisas e livros se
mesmo falir ao mesmo tempo que esforços de melho- dá por meio de processos industriais cujas atividades
ria de processos estão sendo feitos para melhorar dra- devem ser realizadas em seqüência estrita. O fluxo de
maticamente a eficiência por meio da economia de tem- atividades do processo pode ser linear ou não, depen-
po e dinheiro e melhorando a qualidade do produto e o dendo exatamente da tecnologia empregada na sua exe-
serviço ao cliente. Muitas vezes, os resultados são dra- cução. Nos fluxos não-lineares as atividades podem ser
máticos em termos de processos individuais, mas os re- realizadas em paralelo ou sem que obedeçam a uma
sultados globais são decepcionantes (Hall et al., 1993). seqüência predeterminada.
O aperfeiçoamento de processos tem importância O impacto da tecnologia na realização do trabalho
fundamental na vantagem competitiva sustentada da abrange desde alterações na forma de realização do tra-
empresa (Keen, 1997). Podemos apontar pelo menos balho individual até a maneira pela qual as empresas
quatro razões para ver o aperfeiçoamento de processos trabalham juntas em processos interorganizacionais,
de negócio como uma chave para a vantagem competi- passando pela redefinição da maneira pela qual os gru-
tiva na economia de hoje: pos de pessoas realizam suas tarefas grupais (Gonçal-
ves, 1993).
• aumenta a plasticidade organizacional: a mudança A tecnologia empregada induz algumas dessas
organizacional era a exceção, as empresas precisam modificações e facilita a ocorrência de outras. O em-
ser flexíveis e capazes de se ajustar permanente- prego de sistemas integrados de gestão empresarial,
mente; por exemplo, exige que as pessoas passem a execu-
tar suas tarefas de acordo com as rotinas e os proce- etc. As empresas têm investido na aplicação de TI
dimentos determinados pela tecnologia, por maior aos seus processos mais importantes, de negócio ou
que seja a diferença com relação aos padrões anteri- não, exatamente para poderem aperfeiçoar o seu de-
ores. Por outro lado, a utilização de ferramentas de sempenho.
comunicação modernas, como o correio eletrônico e A utilização adequada da tecnologia pressupõe a
a teleconferência, viabiliza a montagem e o funcio- definição da prioridade de tratamento, dedicando aos
namento de novos modelos de trabalho grupal, como processos prioritários o esforço necessário de forma
a garantir um resultado realmente
importante para o negócio da em-
presa. Depende, também, da cui-
A importância do emprego do conceito de dadosa seleção dos processos a se-
rem tratados. Aparentemente, par-
processo aumenta à medida que as empresas te da decepção com os parcos re-
sultados obtidos com maciços in-
trabalham com conteúdo cada vez mais vestimentos em tecnologia na
automação de processos nas em-
intelectual, oferecendo produtos cada vez presas se deve ao fato de que mui-
to daquele investimento foi feito
mais ricos em valores intangíveis. em processos de retaguarda (back
office) e em funções administrati-
vas que geram pouco ou nenhum
os grupos interfuncionais remotos. Por causa disso, valor para o cliente da empresa. O resultado que foi
a tecnologia é considerada a ferramenta do redese- possível obter desse investimento não chega a ser
nho de processos por excelência (Gonçalves, 1995a). percebido pelo cliente externo. 16
A preocupação com os processos empresariais deu
origem ao desenvolvimento das chamadas “discipli- CONCLUSÃO
nas de processo” 15. Quando utilizadas de forma con-
sistente na empresa, permitem que as pessoas assu- Muitas empresas já fizeram esforços para melho-
mam mais responsabilidades, adotem mecanismos rar seus processos, o que não significa que se tenham
mais eficazes de participação na realização do traba- tornado centradas nos seus processos (process
lho (Kanter, 1997) e empreguem melhores meios de centered) nem que estejam fazendo as coisas da me-
comunicação e produção. lhor maneira possível. Também não quer dizer que
Depois de décadas de ostracismo, entender e es- estejam obtendo o melhor resultado possível nem que
tudar os processos nas empresas resgata a importân- estejam centrando seus recursos e esforços no seu
cia do estudo do trabalho nas organizações (Gonçal- cliente final.
ves, 1995b). O estudo do trabalho analisa a forma A falta de um entendimento claro sobre o conceito
pela qual ele é realizado e os recursos que são ne- de processo e a aplicação apenas pontual desse con-
cessários para a sua execução. Procura entender a ló- ceito na administração das empresas podem explicar
gica da forma como os resultados são obtidos e ajustar parte dessa limitação na obtenção de resultados pelas
as atividades e a tecnologia empregada de maneira a nossas empresas. Ainda há muito o que fazer na apli-
otimizar o emprego dos recursos e a eficiência geral cação do conceito de processo empresarial às empre-
dos processos. sas. O entendimento do funcionamento das organiza-
Entre todas as tecnologias empregadas nas empre- ções tem sido tão limitado, que ainda resta muito a
sas, a tecnologia de informação (TI) tem importância ser feito para aperfeiçoá-lo.
especial para a abordagem de processos. Além da sua A importância do emprego do conceito de proces-
utilização na automatização de tarefas e na própria so aumenta à medida que as empresas trabalham com
execução dos processos, ela pode ser empregada em conteúdo cada vez mais intelectual, oferecendo pro-
diversas atividades de apoio e gestão desses proces- dutos cada vez mais ricos em valores intangíveis.
sos: na visualização do processo, na automatização É maior ainda nas empresas de conteúdo puramente
do que é interessante automatizar na execução e na intelectual.
gestão do processo, na sincronização das atividades, As técnicas e práticas de gestão empresarial de-
na coordenação dos esforços, na comunicação dos verão se adequar às organizações que estão se estru-
dados, na monitoração automática do desempenho, turando por processos. Hoje, há uma tendência em
se focalizar nas atividades e habilidades individu- ção do desempenho das empresas deverão ser rede-
ais, com a conseqüente perda da visão de processo e senhados para que possam ser úteis na gestão dessas
das habilidades de equipe. Os modelos de monitora- empresas.
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NOTAS
O título deste artigo foi inspirado no trabalho de James Martin, 5. Definidos como value streams por MARTIN, James. 11. Chamados de process roles por Lipnack e Stamps
denominado Cybercorp (New York: Amacom, 1996). Cybercorp. New York: Amacom, 1996. (1997).
Um extrato deste artigo foi apresentado no II Simpoi, realizado 6. Esse stovepipe approach é mencionado por inúmeros
em outubro de 1999. autores como uma das mais típicas características das 12. EVA (economic value added) mede a capacidade de
estruturas organizacionais convencionais, e o nome foi o empreendimento gerar riqueza acima e além das
adotado pela semelhança gráfica dos organogramas expectativas dos acionistas. Confronta os ganhos obtidos
1. Baseado em DAFT, Richard et al. Implications of top característicos desse tipo de empresas com as chaminés das com o custo e o risco do capital envolvido.
managers’communication choices for strategic decisions. fábricas.
In: HUBER, George, GLICK, William (Eds.). Organizational
change and redesign. New York: Oxford, 1995.
7. “Tombamento” ou “tilting” da organização corresponde 13. É importante salientar a distinção entre benefícios e valor
ao movimento figurado de “virar” o organograma da empresa, gerados por um processo, como pode ser visto em Keen
2. Baseado em MOHRMAN, Susan et al. Designing team- conforme proposto por GRAHAM, Morris, LEBARON, Melvin. (1997).
based organizations. San Francisco: Jossey-Bass, 1995; The horizontal revolution. San Francisco: Jossey-Bass, 1994.
RUMMLER, Geary, BRACHE, Alan. Improving performance.
San Francisco: Jossey-Bass, 1990; GARVIN, David. The 8. Equivale à expressão process owner. 14. Peter Keen chama essa vantagem de “the process edge”:
processes of organization and management, Sloan a vantagem pelo processo.
Management Review, v. 39, n. 4, Summer 1998.
9. Ver, por exemplo, LIPNACK, Jessica, STAMPS, Jeffrey.
The teamnet factor. Essex Junction: Oliver Wight, 1993 e
3. Os processos horizontais também são conhecidos na BIRCHALL, David, LYONS, Laurence. Creating tomorrow’s 15. Disciplinas, nesse sentido, são abordagens compartilhadas
literatura como laterais, como pode ser visto em obras de organizations. London: Pitman, 1995. por diversas pessoas envolvidas em resolver os mesmos
GALBRAITH, Jay. Competing with flexible lateral problemas em diferentes oportunidades.
organizations. Reading: Addison-Wesley, 1994 e Designing
10. A bibliografia a respeito é extensa e muito rica. Ver, por
organizations. San Francisco: Jossey-Bass, 1995.
exemplo, GONÇALVES, José Ernesto Lima. Os novos desafios
da empresa do futuro, RAE - Revista de Administração de 16. Um dos mais famosos pesquisadores desse assunto,
4. Podemos ver essa associação em DREYFUSS, Cassio. As Empresas, v. 37, n. 3, jul./set. 1997 e FLOOD, Patrick et al. Paul Strassmann, publicou diversos livros e artigos a
redes e a gestão das organizações. Rio de Janeiro: Guide, Managing without traditional methods. New York: Addison- respeito desta desproporcionalidade entre investimentos
1996 e em Rummler e Brache (1990). Wesley, 1996. e resultados da tecnologia de informação.
FLORIANÓPOLIS
2000
Loraine Rodrigues Garrido
La,
Universidade Federal de Santa Catarina.
(^ ~ \
Prof. Nelson Gólossi, Dr.
Coordenadordo Curso
AGRADECIMENTOS...................................................................................... 4
LISTA DE TABELAS.................. ....................... ............................................ 8
LISTA DE FIGURAS.................................................................... .................. : 11
RESUMO......................................................................................................... 13
ABSTRACT................. ................................................................................... 14
1 INTRODUÇÃO.................................................................................. ......... 15
1.1 Problema de Pesquisa.... 16
1.2 Objetivos................................................................................................. 17
1.3 Justificativa......................................................................... .................... 17
2 EMBASAMENTO TEÓRICO...................................................................... 20
2.1 O Ambiente Mutável................................................................................ 20
2.1.1 O Papel Estratégico da Mudança........................................................ 23
2.1.2 Liderança para Mudança...................................................................... 25
2.2.A Organização........................................................................................ 26
2.2.1 Estrutura de Autoridade..................................................................... 27
2.2.2 Democracia e Burocracia.................................................................. 31
2.2.3 O Sistema Organizacional................................................................... 35
2.2.4 C o n flito s............................................................................................... 40
2.2.5 Liderança........................... ............................................................. 42
2.3 Competências e Habilidades G erenciais............................................. 52
2.3.1 Funções, Estilos e Papéis Gerenciais................................................ 52
2.3.1.1 Funções Administrativas..................................................................... 54
2.3.1.2 Funções Executivas Essenciais.......................................................... 61
2.3.1.3 Mitos e Papéis do Trabalho Executivo................................................ 65
2.3.1.4 Estilos Comportamentais.................................................................... 60
2.3.1.5 A Pessoa do Executivo....................................................................... 74
2.3.1.6 Estilos Gerenciais................................................................................ 80
2.3.2 A Gerência Eficaz................................................................................ 82
2.3.2.1 Práticas de um Gerente Eficaz............................................................ 82
2.3.2.2 Gerência Relacionada ao Hemisfério Direito do Cérebro.....................85
3.3.2.3 Gerência como Liderança Eficaz........................................................ ..87
2.3.3.Competências e Habilidades............................................................... ..91
2.3.3.1 A Habilidade e a Função Gerencial..................................................... ..93
2.3.3.2 Competências Gerenciais......................................................................102
2.3.3.3 Competências de “Ponta”.......................................................................103
2.3.3.4 Competência e Liderança......................................................................107
2.3.3.5 Competência Interpessoal................................................................... ..113
2.3.3.6 O Ciclo de Aprendizado de Competência........................................... ..118
2.3.3.7 Talento para Cargos Executivos......................................................... ..120
3 METODOLOGIA............................................................................................127
3.1 Design da pesquisa ................................................................................. ..127
3.2 Justificativa da escolha do m étodo....................................................... ..127
3.3 Tipo de pesquisa.......................................................................................128
3.4 População..................................................................................................128
3.5 Coleta de dados.........................................................................................129
3.6 Análise e descrição dos d a d o s ............................................................. ..130
3.7 Lim itações............................................................................................... ..130
3.8 Definição dos te rm o s............................................................................. ..130
REFERÊNCIAS............................................................................................... .170
APÊNDICES......................................................................................................173
ANEXOS.................... ........................... ........................................................... 228
LISTA DE TABELAS
This study intended to identify the skills and competence necessary to the managers
that act in the context of the affiliate to the Commercial Association of São Miguel do
Oeste, before an environment of quick and deep changes in the social, technological
and economical areas.The main characteristics of the changing environment were
identified, as well as their implications to the organizations, at the same time that the
researched managers’ skills and competence were described, making it possible a
relationship between the changing environment and the necessary skills and
competence. The theoretical study, the interviews, and the questionnaires are on the
impact of the changing environment on the companies, which is now a menace, now
an opportunity of development, depending how it is seen. The company, a result of
some people achievements, feels the need of coping with the changes of the present
world, by reviewing its management forms continuously, and assigning a great role to
the managers, who are taken as the elements capable of dynamize the changing
process. The central role that the management takes in this context, leads to the
necessity of rethinking the managing skills and competence. The study results show
that to overcome the challenges of an environment of stunning changes, it is
necessary a management based on democracy and leadership, supported by
interpersonal competence. A democratic environment, characterized by continuous
adaptability and flexibility, presents itself as the only system apt to face the always
new needs of an ever competitive environment.
1 INTRODUÇÃO
1.2 Objetivos
1.3 Justificativa
2 EMBASAMENTO TEÓRICO
cada vez mais exigentes, o número de competidores aumenta a cada dia, o ciclo
dos produtos reduz-se e a força de trabalho exige novos tipos de relacionamento.
Neste sentido, Wood Jr. (1995) sintetiza as idéias de alguns autores:
Drucker e Mills indicam para o fim da organização de comando e controle e para o
surgimento de modelos não hierarquizados; Peters menciona a influência das
turbulências ambientais e de como as organizações devem adaptar-se e usufruir
destas condições instáveis, fazendo do caos um novo modo de vida; Handy afirma
que as mudanças atuais diferem das do passado, ou seja, antes predominava a
continuidade e agora predomina a descontinuidade. Este fato exige uma postura
mental diferente, antidogmática.
As organizações empresariais sofrem com estes desafios, que por sua vez,
exigem novas competências das pessoas que nelas atuam. Requerem
desenvolvimento de atitudes, valores e visões de mundo, habilidade em apreender e
lidar com grande variedade de forças dentro e fora da organização, e
desenvolvimento de habilidades operacionais.
No que se refere à realidade organizacional brasileira, afirma Bergamini
(1990, p. 101) que “O Brasil atravessa uma era de imperiosas solicitações
ambientais que, se não forem convenientemente enfrentadas, podem vir a
transformar-se em ameaças à perpetuação de muitas empresas.” Este ambiente
extremamente dinâmico e mutável em que as empresas têm precisado viver, tem
modificado de forma considerável a natureza de diferentes atividades desenvolvidas
no trabalho. Maiores exigências têm sido feitas.quanto à habilitação para lidar de
maneira eficaz com situações mais complexas, o que determina a necessidade de
* se considerar elementos mais complexos no processo decisorio.
Segundo Bergamini (1990), o uso das máquinas não simplificou o trabalho
humano. Elas podem estar exigindo do homem tarefas mais repetitivas, mas
também requerem um maior conhecimento para que se possa trabalhar com elas.
Fatores como estes determinam uma preocupação mais centrada no homem em
situação normal de trabalho, e também uma nova escala de valores começa a surgir
dentro do ambiente humano da empresa. Nos últimos anos, as organizações
brasileiras têm-se defrontado com um ambiente em que as pessoas reivindicam, de
forma clara e direta, o que até então eram só aspirações. Este novo fenôméno
desnorteou as pessoas encarregadas de dirigir as organizações, envolvendo uma
profunda mudança de mentalidade. Estilos comportamentais diferem de área para -
22
I área de trabalho, como também entre níveis hierárquicos. Para tanto, há que se
I considerar a necessidade de levar em conta as diferenças comportamentais dos
^dife re nte s estilos, ou seja, as diferenças individuais de personalidade. Para a autora,
em muitas organizações brasileiras, nota-se uma certa intranqüilidade que,
possivelmente, traduza a necessidade do fim de uma etapa e o começo de outra.
Certo está, que o modelo antigo não mais satisfaz e, que um clima de mal-estar
encontra-se presente, causando uma grande vontade de promoção de profundas
fnudanças.
Parece ser que o operário brasileiro passa a querer que seus
administradores percebam sua sensibilidade e capacidade de pensar. Parece
também, ser necessário o abandono de uma herança burocrática que impede uma
forma harmônica e adequada de progresso pessoal e de desenvolvimento de
diferentes personalidades. O que se tem feito é infundir uma atitude de
conformidade, controles verticais a partir da autoridade do chefe.
Neste cenário surge um tipo de administrador bitolado, considerado como
homem de confiança da organização, mas que se encontra desprovido de
habilidades administrativas. Muitos não perceberam que o homem não é mais tão
lógico e racional, mas sim, alguém que possui sentimentos e ressentimentos que
interferem no processo. A necessidade é de um ambiente de maior confiança entre
as pessoas para que se possa resolver com mais propriedade os conflitos humanos.
A rapidez com que as mudanças ocorrem no ambiente empresarial, tem feito
com que as pessoas tenham uma atitude reativa, procurando ajustar-se às
mudanças. Só que, muitas vezes, o processo de ajustamento ocorre após o
acontecimento caracterizado como mudança, ou seja, primeiro a empresa muda e só
depois a pessoa procura saber onde se encaixar na nova realidade. O que as
pessoas precisam é passar da situação de vítimas passivas da mudança para
tornarem-se pró-ativas e gerenciarem a mudança social.
De acordo com Bennis (1995), as instituições são mais receptivas a
mudanças quando a estima de todos os membros é preservada e intensificada. O
que a maioria das pessoas deseja é aceitação, afeto e auto-estima. A ameaça da
perda vem junto com a mudança e quando os gerentes removem essa ameaça, as
pessoas identificam-se mais livremente com o processo de adaptação e tornam-se
mais tolerantes com o alto grau de ambigüidade que acompanha as mudanças. “As
23
organizações mudam quando os membros querem mudá-las. Você não pode forçar
essa mudança, nem mesmo com uma capa de Batman” (BENNIS, 1995, p.29).
O elemento humano é o elemento mais importante da organização. É ele
que dá a orientação e que determina o destino da empresa. As decisões levam a
marca do estilo comportamental do administrador que a toma. Farnsworter (apud
BERGAMINI, 1990) diz que a empresa vê-se obrigada a gastar tempo e dinheiro
com o desenvolvimento de executivos. Nas condições cada vez mais competitivas, o
desenvolvimento de gerentes não é um luxo, mas uma necessidade de
sobrevivência e requisito indispensável ao crescimento.
Pascale (apud JOHNSON, 1997) afirma que, quem estará chefiando as
fileiras gerenciais de amanhã, será alguém comprometido com crescimento e com
seu aprendizado pessoal; serão tanto facilitadores como tomadores de decisões e
também muito experientes em engenharia social. Ele acredita que as pessoas que
estarão no topo em 2010, poderão ser administradores de sistemas nos quais a
inteligência e as iniciativas virão de equipes auto-organizadas, e que a liderança terá
de ser mais inspirada e sábia.
O melhor estilo para 2010 vem a ser a capacidade do executivo mudar de
um estilo para outro, de acordo com as exigências da situação, bem como, na
capacidade de levar consigo a sua equipe sempre que ocorrer uma mudança
(HAMID apud JOHNSON, 1997). O autor afirma que o gerente de amanhã está
passando de um tipo carismático para um tipo mais facilitador e ouvinte, com
experiência na concepção de processos que envolvem e associam pessoas.
De acordo com Daft (1999), à medida que o mundo se torna mais e mais
complexo, a necessidade de mudanças dentro das organizações e de gerentes que
possam ter sucesso com as mudanças, continua a crescer. Tratar das mudanças
rápidas é um dos maiores desafios que as organizações enfrentam atualmente. A
modificação e adaptação necessárias, exigem “... líderes que possam reconhecer
claramente a necessidade de mudança e fazê-la acontecer, que possam
desenvolver e divulgar uma visão do que a organização pode vir a ser e
proporcionar a motivação e a orientação para conduzi-la até lá” (DAFT, 1999, p.
203). Os líderes, com essas capacidades, reconhecem que a mudança é dolorosa
para os funcionários e aprendem a se colocar no lugar destes e desenvolver
parcerias que tornam possíveis as mudanças bem-sucedidas.
A mudança bem-sucedida só pode ocorrer quando os funcionários se
prontificam a dedicar seu tempo e energia necessários para atingir novas metas e
suportar possíveis tensões e fadigas. Uma visão clara que englobe flexibilidade e
abertura para novas idéias, métodos e estilos, torna o terreno preparado para uma
organização orientada para a mudança, de forma a ajudar aos funcionários a lidar
com o caos e a tensão associados à mudança.
Daft (1999) apresenta três estágios de motivação que visam a encaminhar
os funcionários para a mudança:
a) primeiro estágio - os funcionários ouvem falar da mudança através de
reuniões, palestras, ou contato pessoal, conscientizando-se de que as
mudanças afetarão diretamente o seu trabalho;
b) segundo estágio - os líderes devem ajudar os funcionários a
compreenderem plenamente o impacto da mudança e os resultados
positivos dela esperado. Quando os funcionários percebem que a
mudança é positiva, a decisão de implementá-la está tomada;
c) terceiro estágio - começa o processo de motivação propriamente dito
(implantação). O processo de tentativa para a mudança oportuniza aos
J
26
2.2 A Organização
demais membros do sistema” (KATZ e KAHN, 1987, p. 225). Decorre deste fato que,
estrutura de autoridade e subsistema gerencial são inseparáveis, uma vez que
surgem das mesmas necessidades organizacionais, desenvolvendo-se de forma
interativa e simultânea. As organizações necessitam de meios para assegurar o
desempenho de papéis, repor membros perdidos, coordenar os diversos
subsistemas, reagir a mudanças externas e tomar decisões referentes a como tudo
isso deve ser realizado. Cada organização deve ter uma forma de subsistema
gerencial, uma estrutura de autoridade e papéis que tenham um certo grau de
especialização para cada função mencionada. Esta descrição aproxima-se da
função mínima de um líder ou supervisor, que deve observar se o desempenho das
pessoas incumbidas de determinados papéis está de acordo com os requisitos
estabelecidos pela organização, ou se precisa adotar ações corretivas, fazendo com
que os ocupantes dos papéis mudem de comportamento para que os requisitos dos
papéis sejam satisfeitos. A aceitação por parte dos subordinados em obedecer a
seus supervisores, normalmente não aparece descrita nos requisitos de um papel,
porém, esta necessidade é essencial e está vinculada ao cargo. A influência do
supervisor sobre o subordinado é considerada uma questão de lei organizacional e,
portanto, legitimada em decorrência da ocupação do oficio por parte do supervisor,
por isso é aceita por parte dos subordinados. Apesar da legitimação de autoridade
não implicar, necessariamente, em aceitação total e irrestrita e cumprimento dos
requisitos dos papéis por parte do subordinado, a organização não pode funcionar
sem uma quantidade substancial de reconhecimento e aceitação de autoridade.
Assim, é que a legitimação de relacionamentos de poder é apoiada por um sistema
de penalidades utilizado para punir faltas passadas, para correções e também para
eliminar do sistema o membro que não se desempenha e não se deixa influenciar,
de forma a evitar que suas faltas causem danos sistêmicos. O poder legítimo da
organização, para coordenar e assegurar o desempenho das pessoas em seus
diferentes papéis, leva ao estabelecimento de comportamentos legítimos e
ilegítimos, pressupondo penalidades, o que explica a necessidade de autoridade nas
organizações humanas e de desenvolvimento de uma estrutura de autoridade.
Weber (apud KATZ e KAHN, 1987) salienta que as estruturas burocráticas
modernas utilizam sua estrutura de autoridade do tipo legal-racional em contraste
com a autoridade tradicional e com a autoridade carismática. Na autoridade
tradicional, as pessoas observam as diretivas de uma pessoa que ocupa uma
29
posição de autoridade cujo posto foi herdado por direito. Neste tipo de estrutura de
autoridade não existem esferas de competência claramente definidas para
assessoria administrativa. As ações e decisões são determinadas por regras
pessoais, a mudança necessária não vem de nova legislação, mas sim da pessoa
tradicional em autoridade, que as justifica como antigos valores que ela deseja
sejam implantados de tais modos. A estrutura de autoridade do tipo carismática não
está vinculada a qualquer tipo de regras. As qualidades mágicas do líder são
ilimitadas, inviabilizando uma estabilidade de relacionamentos de conjunto de papel.
À medida que as sucessões vão acontecendo por designação do líder ou por
sucessão hereditária, o carisma inicial desloca-se para o tradicionalismo. Também
pode acontecer do carisma deslocar-se para a legalização na medida em que os
discípulos criam regras para a admissão de novas pessoas para o grupo,
estabelecendo protocolos e descrevendo a hierarquia de posições e recompensas.
Na autoridade do tipo legal, a obediência deve ser prestada somente à lei, ou seja,
obediência à ordem impessoal de um indivíduo investido de uma posição de
autoridade e dentro de sua área definida de poder legítimo.
As estruturas de autoridade apresentam limitações e deficiências quando
aplicadas a organizações maiores e mais complexas. Alguns dos problemas delas
decorrentes, podem ser solucionados através da pirâmide convencional de
autoridade, criada para minimizar o risco de falha de desempenho na organização.
Na pirâmide convencional, criam-se novos papéis, o supervisor de supervisores,
com responsabilidade direta sobre o supervisor e indireta sobre o objeto da
supervisão. No entanto, a proliferação de níveis supervisores para minimizar riscos
de falhas de desempenhos, agrava o problema da eficiência.
Uma importante alternativa de estrutura piramidal para a administração de
organizações sociais complexas é desenvolvida no governo e nas organizações
voluntárias. É o modelo denominado democrático. Os subsistemas de uma
organização democrática são os mesmos que de uma organização hierárquica, a
diferença está no subsistema gerencial e na estrutura de autoridade. Na organização
hierárquica, a pirâmide representa uma fusão de status, prestígio, recompensas e
poder que atingem seu ponto alto na pirâmide à medida que se ascende a mesma.
Assim, é que o presidente da empresa recebe o salário mais alto, desfruta de maior
prestígio e pode lançar novas políticas. O poder, na organização hierárquica, é
executivo e legislativo. Inclui não somente a operação da organização, mas também
30
informação viria a ter ao acelerar o ritmo das mudanças e ajudar a criar uma
corporação global, se não uma aldeia global.
Nos anos 80, o Japão representou um papel importante, ao moldar o
comportamento empresarial americano. Esse fato inspirou uma auto-avaliação em
massa e rompeu para sempre o status quo. Os líderes americanos estavam
dispostos a tudo, até mesmo a compartilhar suas prerrogativas com seus
subordinados, a fim de alcançar a concorrência japonesa. A partir desses
acontecimentos, surgiu um novo tipo de líder, um facilitador e não um autocrata, um
apreciador de idéias e não, necessariamente, uma fonte delas. Ainda existe
representação pública de empresas e países, mas o líder e a organização não são
mais os mesmos. Só mesmo dentro de uma democracia, a criatividade é
reconhecida como artigo de valor inestimável e absolutamente imprescindível,
podendo aparecer a qualquer hora.
para o outro, como podem durar por muitos anos, firmam-se em atitudes,
percepções, crenças, motivações, hábitos e expectativas dos seres humanos. A
constância dos indivíduos envolvidos nos relacionamentos dos sistemas sociais, é
muito baixa, decorrendo daí, uma das características do sistema social, o da
variabilidade. Essa variabilidade e instabilidade das ações humanas pode ser
reduzida através de forças de controle, tais como, a divisão do trabalho através de
um esforço coordenado de pessoas; valores e expectativas compartilhados entre as
pessoas; imposição de regras que, por sua vez, requer alguma forma de penalidade
ou sanção negativa.
Segundo Katz e Kahn (1987), a imposição de regras leva a existência de
padrões formais de comportamento, ou seja, a organização formal doutrina seus
membros em suas próprias normas de sistema. Os padrões formais de
comportamento são o desempenho em papel, as normas que prescrevem e
sancionam esses comportamentos e os valores que as justificam. Os papéis
descrevem formas de comportamentos ligados a determinadas tarefas, são
configurações padronizadas de comportamentos requeridos de todas as pessoas
que desempenham uma parte em determinado relacionamento funcional, sem no
entanto, considerar-se seus desejos pessoais ou suas obrigações interpessoais. A
normas são expectativas gerais com caráter de exigência e atingem a todos os
incumbidos de um papel num sistema ou subsistema. Os valores são as justificações
e aspirações ideológicas mais generalizadas.
Os papéis, normas e valores fornecem três bases inter-relacionadas para a
integração de organizações, quais sejam: as pessoas se acham ligadas entre si em
função da interdependência funcional de seus papéis; as pessoas não só
desempenham sua parte na cadeia de atividades interdependentes, mas também
aceitam as normas de executar um trabalho satisfatório; os valores centralizados nos
objetivos do sistema fornecem também, uma fonte de integração.
Para Katz e Kahn (1987), o processo de integração envolve dinâmicas
diferentes dos principais subsistemas organizacionais:
a) subsistema técnico ou de produção - abrange o processamento, a
transformação de energia ou de informação.
b) subsistema de apoio - leva a efeito as transações do meio ambiente,
auxilia na importação do material a ser trabalhado ou na exportação do
produto acabado, assim como, incluí estrutura de procura e de atividades
37
2.2.4 Conflitos
2.2.5 Liderança
Capacidades e Perícias
Tipo de Processo de Uderança Nível Organizacional Apropriado
Cognitivas Afetivas
Originação: mudança, criação Escalões da cúpula Perspectiva de sistema Carisma
e eliminação de estrutura
^ /
✓ /
y /
//
Perspectiva de subsis
Integração das
relações
Interpolação: suplementação e / Níveis intermediários: tema: orientação de primárias e
prolongamento da estrutura / funções-plvôs — duas vias secundárias:
pericias em
/ /
// / y relações
humanas
/■r
/
/
/ /
/ Interesse pela
Administração: uso da
/estrutura
/ Niveis mais baixos
Conhecimento técnico e
compreensão do siste
igualdade no
uso de
existente ma de regras recompensas e
sanções
e que o relacionamento afetivo em ambas as direções é uma exigência. Ele deve ser
o pino de ligação entre dois níveis da estrutura organizacional.
Em um contexto organizacional, a base para boas relações humanas é a
integração de relacionamentos primários e secundários. A ocorrência dessa
integração faz com que as normas do grupo de trabalho sejam congruentes com as
normas da organização, em que o caminho para o sucesso organizacional é o
mesmo que para a realização individual. Os requisitos organizacionais são por si só
produtores de satisfação para o membro. Por relações secundárias compreende-se
as transações interpessoais exigidas pelo papel organizacional. Para cada par de
papéis existem prescrições formais em cujos termos é definida a interdependência.
Isto vale tanto para líderes formais (contramestres, supervisores, gerentes, etc.)
como para os que estão sob sua supervisão. As prescrições do papel supervisor e
de cada papel complementar subordinado, definem o relacionamento e constituem,
em grande parte, a massa de que são construídas as organizações formais. Os
relacionamentos secundários são mais universalistas, uma vez que a suposição
organizacional é de que qualquer ocupante de um dado ofício seja tratado como os
demais. Outra propriedade do relacionamento secundário é a de que os mesmos
não implicam em afeto, ou seja, não implicam em temor ou prazer em
interdependência. Não se espera ódio ou prazer, e sim, um desempenho de papel.
Estas situações são encontradas mais na teoria que na prática. A motivação para
empenho no relacionamento secundário deve ser grandemente instrumental e não
intrínseco ao relacionamento.
As relações primárias compreendem uma interação direta, face a face e
afetivamente ligadas, a exemplo de relacionamento dentro de famílias ou entre
amigos. Nestes casos, a motivação, para sustentação do relacionamento, é
grandemente intrínseca para atividades em que há participação conjunta e para as
satisfações pessoais que delas se derivam.
A divisão existente entre relacionamento primário e secundário não é tão
clara na situação de vida. Até certo ponto os papéis são segmentares, solicitando
uma parte da pessoa, mas a pessoa não é, essencialmente segmentar. A pessoa
total está presente ou ausente, seguindo suas propriedades psicológicas,
potencialidades e qualidade única. As organizações operam especificamente no
controle e redução da variabilidade do comportamento humano que expressa
motivos e necessidades próprios de cada pessoa. Mesmo em papéis
50
De acordo com Boog (1991), os papéis que os gerentes exercem têm como
responsabilidade única atingir resultados com pessoas e com inovação. O sucesso
da organização depende de seu quadro gerencial, pois a ele cabe equilibrar o
potencial de resultados, de pessoas e de inovação da organização.
As profundas transformações que caracterizam os últimos anos
influenciaram significativamente os rumos de desenvolvimento das organizações,
causando impacto sobre a atuação gerencial. Conforme Boog ( 1991), os diferentes
períodos pelos quais a organização vem passando, caracterizam os gerentes de
forma diferenciada. No período de 1973 a 1979 o gerente era um técnico, um
53
V
54
Previsão
Organização
exemplo. No entanto, de acordo com Fayol (1986), não é exigido que o chefe da
empresa tenha o mesmo grau de competência nas outras funções essenciais, uma
vez que existem limites no poder das faculdades humanas. Quanto às funções
secundárias, basta que o chefe possua noções gerais suficientes, que aliadas aos
conselhos de seu estado-maior, possibilite-lhe tomar decisões esclarecidas sobre
todos os aspectos.
Segundo Fayol (1986), as qualidades e conhecimentos desejáveis em todos
os grandes chefes são:
- saúde e vigor físico;
- inteligência e vigor intelectual;
- qualidades morais;
- sólida cultura geral;
- capacidade administrativa;
- noções gerais sobre as funções essenciais;
- maior competência possível na especialidade profissional característica
da empresa.
Os seis primeiros grupos de qualidades e conhecimentos são compostos de
elementos semelhantes, independentemente da natureza da empresa. O último
grupo, porém, exige condições especiais e diferentes para cada tipo de empresa.
Esta capacidade profissional, muitas vezes, é o motivo pelo qual grandes chefes
atraíram a atenção, diferenciando-se dos demais que, com o acréscimo de suas
qualidades gerais, elevaram-no ao posto. A mais brilhante capacidade profissional
porém, não basta para fazer um bom chefe de grande empresa. O chefe perfeito,
para Fayol (1986), deve possuir todos os sete grupos de qualidades e
conhecimentos, o que é bastante raro.
As qualidades e conhecimentos necessários aos chefes de empresa, de
Estado, do comércio, do artesão, diferem apenas em graus. Para um chefe de
empresa muito grande, a capacidade administrativa ultrapassa em importância as
demais capacidades reunidas. Para o chefe de uma empresa rudimentar, a
capacidade mais importante é a capacidade técnica, ou seja, a função característica
da empresa, bem como as capacidades comercial e financeira, são, para este, de
importância relativamente maior que para o chefe de uma grande empresa. Esta
variação acontece também dentro de uma mesma empresa à medida em que ela
aumenta ou diminui, e também dentre seus diversos níveis (agentes inferiores e
58
grandes chefes). A saúde e vigor físico são necessários a todos, sendo que o vigor
físico depende da função exercida. A inteligência e vigor intelectuai relacionam-se à
capacidade de compreensão, assimilação, julgamento e memória. São tão
necessárias quanto forem numerosas, extensas e complexas as operações. O
grande chefe necessita de visão e agilidade de espírito de forma incomum, o que já
não é tão exigido em funções de níveis mais baixos. As qualidades morais tais
como, energia, firmeza, honestidade, iniciativa, disciplina, retidão, devotamento são
exigidos de todos os agentes. A iniciativa é mais útil quanto mais elevada for a
posição ocupada. A firmeza, coragem e senso de medida têm sua importância
aumentada de acordo com a situação, podendo encabeçar a lista de qualidades
úteis aos grandes chefes. Adquirida na escola e no decorrer da vida, a cultura geral
compreende noções que não estão relacionadas diretamente à função exercida. À
medida que sobem, os homens têm necessidade de desenvolver sua cultura geral.
Cada função exige um certo grau de cultura que vai aumentando conforme o nível
hierárquico e a importância da função. Os conhecimentos administrativos referem-se
à previsão, organização, comando, coordenação e controle. São especialmente
importantes e necessários ao grande chefe e rudimentares para o operário.
Comando
Coordenação
Controle
administração, o controle exige sempre uma contínua atenção e quase sempre uma
arte.
65
exatamente aquilo no que acreditam ser certo pessoalmente. Esta função criativa é a
essência da liderança e é, para a responsabilidade executiva, o mais alto teste de
responsabilidade, uma vez que exige a identificação de códigos pessoais e códigos
da organização, ou seja, convicção por parte de quem lidera.
Papéis interpessoais
Papéis informacionais
Bergamini e Beraldo (1988) afirmam que o executivo tem sido definido como
aquele profissional que está posicionado nos mais altos escalões da estrutura
organizacional, e que seu comportamento e atuação funcional podem vir a
comprometer ou facilitar o cumprimento das metas propostas pela organização.
Muitas vezes estão altamente capacitados em termos técnicos, mas despreparados
para o papel gerencial. Para os autores, de maneira geral, o perfil de executivo mais
valorizado e desejado, é de alguém que apresente aspiração explícita para postos
mais elevados, ambicione o poder, seja intelectualmente brilhante e versátil para se
70
trabalho, fez com que muitas teorias fossem escritas. As teorias estudadas
mostram-se de significativa utilidade em termos de referencial descritivo de
comportamentos em situação de trabalho. A contribuição maior tem sido no fato das
pessoas passarem a se conhecer melhor, através de um linguajar comum entre elas,
desmistificando algumas fantasias que muitas delas possuem a respeito do seu
comportamento e dos outros.
Bergamini (1990) apresenta alguns dos principais e mais complexos
sistemas de classificação:
a) o grid gerencial de Blake e Mouton - este sistema de classificação leva em
conta, principalmente, dois parâmetros na situação de trabalho: a
orientação pessoal para produção e orientação para as pessoas. O
primeiro considera as atitudes assumidas pelas pessoas mediante um
esforço feito, considerando o que querem alcançar; o segundo consiste
no grau de compromisso assumido com os demais, ou seja, o trato
pessoal e as relações afetivas entre as pessoas. Os dois fatores estão em
contínua interação;
b) os quatro sistemas de Likert - Likert desenvolveu experimentos através
dos quais levantou perfis de liderança. Ele admite a existência de dois
grandes grupos de atitudes que exprimem comportamento autoritário e
comportamento participativo, surgindo, a partir destes, os quatros
sistemas: rígido, benevolente, deliberativo e grupai. Em decorrência de
seus estudos, Likert salienta que, de todas as atitudes administrativas,
dirigir o comportamento humano é a mais importante, uma vez que o tudo,
mais depende dele e da forma como ele desempenha suas atividades;
c) a teoria 3D de Reddin - Reddin, em seu estudo sobre os estilos
comportamentais, cria quatro estilos básicos, que são: o separado, o
relacionado, o dedicado e o integrado. Estes quatro estilos básicos foram
deslocados para duas dimensões, a produtiva e a improdutiva, a partir das
quais, oito estilos são caracterizados: executivo, transigente, autocrata
benevolente, autocrata, promotor, missionário, burocrata e desertor.
Reddin destaca que o gerente eficaz necessita de três habilidades:
sensibilidade situacional, flexibilidade de estilo e gestão situacional;
72
JULGAMENTO
PENSAMBTTO
/ \ SENTIMENTO
\
1
1
SENSAÇÃO "CIENTISTA" 1 "EXECUTIVA**
i
PERCEPÇÃO ! i
f
1
A1 i
i
i ,
I
INTUIÇAO •TEÓRICA- i "PASSIONAL"
\
\
\
i
propósito, que transmite aos outros. O entusiasmo e fé com que se lança às ações,
servem de inspiração e modelo. Por ser “intuitivo sensível”, coloca paixão naquilo
que faz. Os líderes carismáticos possuem esses atributos, o que lhes dá condições
de perceber e sentir as necessidades dos outros, sem utilizar elementos lógicos,
mantendo-se em sintonia emocional com as pessoas.
Estilos Construtivos
Estilos Passivos/Defensivos
Estilos Agressivos/Defensivos
Drucker (1967) em sua abordagem sobre gerente eficaz, afirma ser o gerente,
um trabalhador que, em função de sua posição e conhecimento, é o responsável por
uma contribuição que afeta a capacidade da organização, causando um impacto
significativo no seu desempenho e no resultado do conjunto. “Ser eficaz é a função
do gerente" (DRUCKER, 1967, p. 1). O autor, através de sua experiência, constatou
que não existe personalidade eficaz, uma vez que os gerentes eficazes diferem-se
em temperamento, habilidades, personalidade, conhecimento e interesses. O que
existe de comum entre eles, é a capacidade de conseguir que as coisas certas
sejam feitas, independentemente do tipo de organização em que trabalhem. A
83
McCall Jr. (1995) salienta a autoconsciência como vital também para uma
liderança eficiente. A avaliação realista de seus próprios pontos fortes e fracos não é
fácil nem automática. As situações exigem líderes para desenvolver grandes
habilidades para compreensão das perspectivas dos outros, para delegação de
poderes, para a tomada de decisões de riscos e absorção de fracassos. A eficiência
para com os outros é antecedida pela compreensão de si próprio. A liderança
preocupada, em influenciar os outros através de seus próprios atos, exige que o líder
conheça seus próprios limites, para que saibam o que realmente querem e o que
estão dispostos a sacrificar para conseguí-lo, de forma a assumir a responsabilidade
por sua carreira e crescimento. A complexidade da liderança exige que os líderes
aprendam, cresçam e mudem constantemente. O aprendizado e crescimento
constante não é luxo, é requisito fundamental. Os líderes precisam de atributos que
lhes permitam se adaptar rápida e eficientemente. Tais características não
representam um tipo de novo líder. Os líderes eficientes sempre precisam dessas
características e muitos deles sempre as tiveram. As situações enfrentadas pelos
91
líderes daqui para frente exigirão mais habilidades como estas. A crença de que o
creme virá para a superfície não será suficiente para o mundo em que a liderança é
uma vantagem competitiva. Dentro dessa realidade, as organizações enfrentam dois
desafios: identificar líderes que têm potencial para adquirir as habilidades
mencionadas anteriormente e cultivá-los de forma tenaz e cuidadosa, tratando-os
como recurso precioso e vital para o sucesso.
Os atributos necessários ao líder eficiente não são estáticos e para sempre.
O líder eficiente precisa ser uma pessoa flexível, adaptável e que aprende
constantemente. A adaptação a situações é a única força motriz para o aprendizado
do executivo e a inabilidade para a adaptação é a única força demolidora para os
executivos que tiveram sucesso no passado.
Habilidade cognitiva
Habilidade analítica
Habilidade comportamental
Habilidade de acão
Habilitação Técnica
Habilitação Humana
Habilitação Conceituai
Competências interacionais
Competência de capacitação
Competência de comunicação
COMPETÊNCIAS
I ■
CLÁSSICAS -* / / . . ■*
" DE -*/-*■• “ DE PONTA"
✓' TRANSIÇÃO ' . ‘ .
/ ^ / • •
• . . • *
______________ ¿1_____________ _______________________________
PASSADO/PRESENTE -*■ FUTURO
"FRAGMENTAÇÃO" - "HOLISMO"
Competências clássicas
Competências de transição
Princípio da Competência
Princípio da Química
O Princípio da Distribuição
Gerenciamento da atenção
Gerenciamento do significado
Gerenciamento da confiança
Gerenciamento de si próprio
Direção e significado
Confiança
empresa. De ambas as partes, não mais existe empregos para toda a vida. Para
criar um ambiente de confiança é importante que a organização tenha chefes que se
ocupem com algo mais que a visão do dia. Os líderes precisam ter muito cuidado,
muita empatia, devendo colocar-se ao lado dos funcionários. Para isso é necessário
que a organização conte com líderes com os quais ela possa ser sincera. A
confiança estrutura-se sobre três pilares: a ambição e impulso, competência ,
autenticidade e integridade.
Otimismo
Busca de resultados
Sem resultados, a liderança não está garantida. Jack Welch, citado por
Bennis (2000), mede os resultados da companhia baseado em três fatores:
satisfação dos clientes, satisfação dos funcionários e fluxo de recursos eficaz. Os
líderes precisam demonstrar capacidade de resolução e compromisso com a ação.
A crítica é a tarefa um
Percepção
O relacionamento em si
b) pontos fracos
- reação a feedback - indica o aspecto mais negligenciado da
comunicação humana, a dificuldade não superada de receber feedback ,
mesmo para gerentes de alto nível, aparentemente competentes em
suas funções. A expressão do feedback (quinto item fraco) não é tão
sentida como o receber feedback, uma vez que o impacto maior não é
sobre o indivíduo, mas sim sobre o outro. A reação ao feedback como
item crítico da competência interpessoal é uma das mais difíceis
conquistas pessoais. O dar e receber feedback de forma conjugada, de
modo hábil, provocando reações defensivas, são a maior fonte de
bloqueio de comunicação efetiva e de desgaste de relacionamento;
- espontaneidade - sugere um processo de condicionamento cultural
contrário à expressão franca de idéias e sentimentos, em especial no
‘selvagem’ mundo dos negócios, em que se revelar pode ser prejudicial
na competição pelo sucesso, lucro e fama: ganha mais quem sabe mais
do outro e menos revela de si. Um processo circular como este acaba
por deteriorar o clima organizacional, provocando tensões,
desconfianças, conflitos e crises mais ou menos sérias e duradouras,
que acabam por tornar-se objeto de preocupações da alta administração
e um bom mercado de trabalho para os consultores organizacionais;
- lidar com conflitos - aponta para outra carência acentuada entre
gerentes, onde cada um procura resolver, a seu modo, os problemas
interpessoais, sem ter recebido treinamento específico para tal. Alguns
com mais habilidade intuitiva, outros, com menos, sem se dar por conta
das possíveis conseqüências a curto e médio prazos para as pessoas
envolvidas na organização;
- resistência a estresse - revela a situação real do dia-a-dia do gerente,
sujeito a pressões de todos os lados, além de pressões extra-
organizacionais e familiares.
qualificadas para tal. Neste sentido, Rhinesmith (apud VERGARA e BRANCO, 1995)
propõe a idéia de um "Ciclo de Aprendizado de Competência Global" onde faz uma
relação entre mentalidade, característica pessoal e competência.
No que diz respeito à mentalidade, o autor denomina de pessoas de
mentalidade global, pelas maneiras com as quais abordam o mundo. Investem numa
imagem mais ampla; aceitam a vida como equilíbrio de forças contraditórias; confiam
no processo para lidar com o inesperado; dão valor à diversidade e ao trabalho em
equipes multiculturais; fluem com a mudança e se sentem à vontade com surpresas;
buscam estar abertas para si e para os demais. As características pessoais
associadas à mentalidades mencionadas anteriormente, são: conhecimento amplo e
profundo; conceitualização através de um pensar especializado e holístico;
flexibilidade, adaptando-se a mudanças rápidas e a processos; sensibilidade para
lidar com diferenças individuais; julgamento para lidar com incertezas presentes nas
decisões gerenciais; reflexão para lidar com aprendizado contínuo. Para o autor, a
competência é "... uma capacidade específica de executar a ação em um nível de
habilidade que seja suficiente para alcançar o efeito desejado" (apud VERGARA E
BRANCO, 1995, p. 62). Mentalidade e características não são competências. A
competência só se estabelece quando a mentalidade é transformada em
comportamento, ou seja, quando se realiza uma ação com habilidade.
As competências gerenciais requeridas e diretamente relacionadas às
mentalidades e características pessoais vistas anteriormente, são:
a) competitividade - capacidade de atuar além das fronteiras
organizacionais, investigando, antecipando-se a fatos e tendências com
uma efetiva orientação para os resultados;
b) complexidade - postura frente às contradições e aos conflitos, equilíbrio
dos opostos. Complementando, com as idéias de Morgan (apud
VERGARA e BRANCO, 1995), complexidade refere-se a gestão de
interesses de múltiplos parceiros, de várias coisas simultaneamente e de
transição relacionadas ao ciclo de vida de produtos e serviços, em
mudanças tecnológicas, obsolescência de habilidades e transformação de
informações e conhecimento;
c) adaptabilidade - equivale a flexibilidade ou disposição para mudança.
Segundo a Xerox (apud VERGARA e BRANCO, 1995, p. 65), deve ser
revelada pela "...disposição em modificar continuamente estratégias e
120
De acordo com Crainer e Des Dearlove (2000), a questão mais crítica que
assolará as empresas neste século não é o impacto da Internet, da tecnologia ou
das mudanças em nanossegundos, mas sim, a falta de talentos para cargos
executivos. Nesta época, em que as empresas lutam com mudanças fundamentais
resultantes dos efeitos da tecnologia, da competição mundial e da transformação de
seu modo de operar, elas não conseguem encontrar gerentes e executivos
qualificados para liderar tais mudanças. Este fato deve-se ao downsizing e ao
envelhecimento da população de executivos. As habilidades exigidas de um alto
executivo num mercado globalizado aumentaram. O downsizing fez com que as
121
3 METODOLOGIA
3.4 População
3.7 Limitações
4.2.1 Entrevistas
N° de Porte da
Entrevista Sexo Idade Formação Funcionários Empresa Área
mudar, por que as coisas têm que mudar. Precisam ser convencidos de que a
mudança é benéfica. Outros acreditam que é necessário buscar parcerias e tomar
decisões rapidamente, outros ainda, acham muito difícil e partem para uma “certa
imposição de autoridade, mantém-se a idéia e vai pela força”. Existe opinião de que
até o gerente, no início, é contra mudança e que os funcionários mais resistentes
devem ser deixados de lado, buscando ouvir os que têm idéias novas a apresentar.
opinião contrária afirma que hoje não se admite o uso da intuição, que não acredita
e não considera.
4.2.2 Questionários
PERCENTAGEM
Não devolvidos
19%
Respondidos
81%
TABELA 3 - Tempo de vida das indústrias- ACISMO, São Miguel do Oeste, SC.
N0V./2OOO
Desvio
Especificação Média Padrão Mínimo Máximo Número de Casos
TEMVID 13,66 10,19 2 50 36
Fonte: Dados Primários
55 -----------------------------------------------------------------------------------------
45
35
25
15 . ------------------------------------------------------------- ------------------------------
□
5
.5 --------------------------------------------------------------------------------- ----------------
FIGURA 6 - Tempo de vida das indústrias - ACISMO, São Miguel do Oeste, SC.
N0V./2OOO
80
70
60
50
40
30
20
10
0
-10
Número de
Especificação Média Desvio Padrão Mínimo Máximo Casos
FATURA 292096,8 367548,9 19000 1500000 31
Fonte: Dados Primários
1800000
1400000
1000000
600000
200000
-200000
FATURAMENTO
TABELA 6- Nome do Cargo ocupado pelos dirigentes das indústrias - ACISMO, São
Miguel do Oeste, SC. Nov./2000
Diretor
14%
Proprietário
11%
Gerente
75%
FIGURA 9- Nome do Cargo ocupado pelos dirigentes das indústrias - ACISMO, São
Miguel do Oeste, SC. Nov./2000
18
14
10
.2 -------------------------------- .---------
TEMCAR
TABELA 9- Sexo dos dirigentes das indústrias - ACISMO, São Miguel do Oeste,
0 2
SC, N V./ OOO
FIGURA 12 - Sexo dos dirigentes das indústrias - ACISMO, São Miguel do Oeste,
SC, N0V./2OOO
TABELA 10- Idade dos dirigentes das indústrias - ACISMO, São Miguel do Oeste,
0 2
SC, N V./ OOO
Número de
Especificação Média Desvio Padrão Mínimo Máximo Casos
IDADE 38,80 8,08 23 62 36
Fonte: Dados Primários
FIGURA 13 - Idade dos dirigentes das indústrias - ACISMO, São Miguel do Oeste,
SC, NOV./2000
TABELA 11- Escolaridade dos dirigentes das indústrias - ACISMO, São Miguel do
Oeste, SC, Nov./2000
Fundamentai
14%
75%
Categorias
N° % N° % N° % N° % N° % N° %
TABELA 13 - Opinião dos dirigentes das indústrias afiliadas à ACISMO, sobre como
gerenciar pessoas nas empresas atualmente, São Miguel do Oeste,
0 2000
SC. N V./ .
Categorias
N° % N° % N° % N° % N° % N° %
TABELA 14 - Opinião dos dirigentes das indústrias afiliadas à ACISMO, sobre como
assegurar que os funcionários desempenhem suas funções
adequadamente para o alcance dos objetivos da empresa, São Miguel
do Oeste, SC. Nov./2000.
Categorias
N° % N° % N° % N° % N° % N° %
3 8 7 18 3 8 12 32 13 34 38 100
3. Para obter um desempenho
adequado por parte do funcionário é
necessário impor regras de conduta,
estabelecer leis. É necessário uma
estrutura de autoridade.
TABELA 15 - Opinião dos dirigentes das indústrias afiliadas à ACISMO, sobre como
deve ser o relacionamento entre o gerente e seus funcionários, São
Miguel do Oeste, SC. Nov./2000.
Categorias
N° % N° % N° % N° % N° % N° %
4 11 2 5 15 39 17 45 38 100
2. A relação entre gerência e
funcionários deve ser de respeito à
hierarquia
2 5 9 24 2 5 14 37 11 20 38 100
3. Hoje não se manda, hoje se pede.
TABELA 16 - Opinião dos dirigentes das indústrias afiliadas à ACISMO, sobre como
lidar com situações de conflito entre funcionários, São Miguel do
Oeste, SC. Nov./2000.
Categorias
N° % N° % N° % N° % N° % N° %
aponta para uma carência acentuada entre gerentes, onde cada um procura resolver
a seu modo os problemas interpessoais, sem ter recebido treinamento específico
para tal, uns com mais habilidade intuitiva e outros com menos, sem darem-se conta
das possíveis conseqüências a curto e médio prazo para as pessoas envolvidas na
organização.
Categorias
N° % N° % N° % N° % N° % N° %
Categorias
N° % N° % N° % N° % N° % N° %
para os dirigentes, fato este agravado pela aparente contradição com as opiniões
apresentadas sobre a necessidade de trabalhar a introdução de mudanças através
do convencimento e conscientização dos funcionários. Supõe-se que a introdução
de mudança na empresa por parte do gerente é um assunto que requer mais
atenção.
A rapidez com que as mudanças têm se apresentado faz com que as pessoas
tenham uma atitude reativa, procurando ajustar-se a mudança. O que acontece
porém, na maioria das vezes, é que primeiro a empresa muda e só depois a pessoa
procura saber onde se encaixar. Segundo Bergamini (1990), as pessoas precisam
passar da situação de vítimas passivas da mudança e tornarem-se pró-ativas,
gerenciando a mudança. A receptividade à mudança, de acordo com Bennis (1995),
acontece quando a estima de todos os membros é preservada e intensificada, pois o
que a maioria das pessoas deseja, é aceitação, afeto e auto-estima. Os gerentes
devem remover a ameaça da perda que acompanha a mudança, para que as
pessoas possam identificar-se mais livremente com o processo de adaptação e
acabam por tornar-se mais tolerantes com a grande ambigüidade que acompanha as
mudanças. Vale a pena citar novamente a afirmação de Bennis (1995, p.29), “As
organizações mudam quando os membros querem mudá-las. Você não pode forçar
essa mudança, nem mesmo com uma capa de Batman.”.
A introdução de mudanças é abordada por Katz e Kahn (1987) através de dois
enfoques, o enfoque da perspectiva sistêmica e o enfoque do carisma. No que diz
respeito a perspectiva sistêmica, deve-se ter sensitividade às exigências do meio e
ao que a organização precisa satisfazer, permitindo uma previsão de efeitos
prováveis dos diferentes cursos de ação e conseqüente escolha entre eles. Cabe à
liderança também, considerar o ambiente interno com suas diferentes necessidades,
formado por pessoas com diferentes características, sendo que tais diferenças
devem ser administradas através de capacidades interpessoais. Selznick (apud Katz
e Kahn, 1987), vai mais além ao afirmar que tal situação exige uma liderança que
ele denomina de institucional, que se preocupa tanto com diretrizes como com
pessoas. A capacidade para mudar em reação às exigências externas e internas,
varia conforme o escalão de liderança, sendo de fundamental importância no ápice
da organização, varia também conforme a estabilidade do ambiente organizacional e
com seu estágio em termos de ciclo total de vida. O enfoque sobre o carisma,
segundo os autores, considera as necessidades emocionais das pessoas e os
158
Categorias
N° % N° % N° % N° % N° % N° %
Categorias
N° % N° % N° % N° % N° % N° %
TABELA 21 - Opinião dos dirigentes das indústrias afiliadas à ACISMO, sobre o uso
da intuição na administração da empresa, São Miguel do Oeste, SC.
NOV./2000.
Categorias
N° % N° % N° % N° % N° % N° %
Categorias
N° % N° % N° % N° % N° % N° %
5 CONCLUSÃO
diretrizes, mas com as pessoas, não só com o conteúdo, mas com o processo, com
disputas internas e pressões externas. A liderança implica em distribuí-la, em
participa-la, desenvolvendo sentimento de compromisso por parte das pessoas
envolvidas (Katz e Kahn, 1987).
A competência interpessoal implica em relacionamento; em desenvolvimento
de sentido de coesão na equipe e estímulo à participação; em maximizar o
desempenho dos indivíduos e grupos; em escutar e demonstrar sensibilidade; em
estimular idéias, sentimentos e percepções nos outros; em compreensão das redes
de valores e autoridade formal e informal existente nas organizações; em
capacidade de motivar e estimular; em prover sentido de direção e articular visões
de futuro; em iniciar e manter cursos de ação; em dirigir e coordenar, delegar e
garantir comprometimento (FANDT apud REMUNERAÇÃO POR HABILIDADES E
COMPETÊNCIAS, 1999).
Para Bergamini e Beraldo (1988), o perfil de executivo mais valorizado e
desejado, é de alguém que seja intelectualmente brilhante e versátil para se adaptar
às mudanças, audacioso na proposição de inovações e na consecução de metas,
alguém firme e vigoroso no processo decisório. Este perfil é complementado com os
principais elementos da gestão de uma organização, apresentados por Wood Jr. e
Picarelli Filho (1999), quais sejam, os processos decisórios, a relação entre líderes e
liderados e a postura diante das mudanças.
Tendo em vista o exposto, sugere-se que seja desenvolvida a mesma pesquisa
com as áreas do comércio e prestação de serviço, de forma a obter-se uma visão
mais abrangente e uniforme a respeito do gerenciamento das empresas
pertencentes à ACISMO. Sugere-se também, o incentivo para que os dirigentes
passem a freqüentar o curso superior, podendo esse incentivo ser feito através da
realização de convênios e parcerias com a Universidade. Atualmente, existem
várias modalidades de ingresso em curso superior, modalidades inclusive que não
exigem concurso vestibular e que são de curta duração. Junto a isso, sugere-se a
promoção de cursos de aperfeiçoamento e atualização, que abordem temas
voltados ao gerenciamento de pessoas, com enfoque para competências
interpessoais, liderança, estrutura democrática, personalidade, aptidões emocionais
e tomada de decisão. O desenvolvimento de programas de avaliação de
desempenho e de desenvolvimento gerencial, é requisito fundamental para que os
169
REFERÊNCIAS
______ . A nova Liderança. HSM Management, São Paulo, Edição Especial, p. 74-
83, mar./abr. 2000.
CONGER, Jay. Quem é a geração X ?, HSM Management, São Paulo, n.11, p. 128-
138, nov./dez. 1998.
CRAINER, Stuart, DEARLOVE, Des. A guerra pelo talento. HSM Management, São
Paulo, n. 20, p. 14-19, maio/jun. 2000.
DAFT, Richard. Teoría e Projeto das Organizações. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC,
1999.
FAYOL, Henri. Administração Industrial e Gérai. 9. ed. São Paulo: Atlas, 1986.
GIL, Antonio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 4. ed. São Paulo:
Atlas, 1995.
KATZ, Daniel, KAHN, Robert L. Psicologia Social das Organizações. 3. ed. São
Paulo: Atlas, 1987.
McCALL Jr., Morgan W. Desenvolvendo Liderança. In: Organizando para Com petir
no Futuro. São Paulo: Makron Books, 1995. p. 225-250.
Data: / / Duração:.
Empresa:________ Segmento:
N° de Funcionários: Porte da Empresa:
Entrevistado:____ _ Cargo: __________
Sexo:__________ Idade: Formação:______
ROTEIRO
1. Qual a sua opinião sobre o ambiente de mudanças (sociais, econômicas, tecnológicas) em que as empresas estão
inseridas ?
5. A seu ver, como é possível assegurar que os funcionários desempenhem seus papéis para o alcance dos objetivos
da empresa ?
6. Na sua opinião, qual a melhor maneira de lidar com situações de baixo desempenho por parte dos funcionários ?
7. Na sua maneira de ver, como deve ser o relacionamento entre o empresário e seus funcionários?
8. A seu ver, como se deve lidar com situações de conflito entre os funcionários?
9. Como se sente em relação à utilização de novas idéias, de criatividade por parte dos funcionários nas atividades
desenvolvidas na empresa ?
10. Qual o seu pensamento com relação a trabalho participativo, a trabalho de equipe na empresa?
11. Qual a sua idéia sobre o comportamento a ser adotado pelo empresário, quando da necessidade de introduzir
mudanças na estrutura da empresa ?
12. Quais as funções que acredita, serem essenciais aos empresários, no atual ambiente de mudanças ?
13. A seu ver, existe algum tipo de influência da personalidade do empresário, na forma como ele dirige a
empresa?
14. Qual a sua idéia a respeito do uso da intuição na direção de uma empresa ?
15. Na sua opinião, quais as habilidades e competências que um empresário deve apresentar atualmente?
APÊNDICE B - Questionário
177
São Miguel do Oeste, 31 de outubro de 2000.
Dirijo-me a V. Sa. para encaminhar um questionário de pesquisa, tendo em vista estar elaborando
uma dissertação para o Curso de Mestrado em Administração, da Universidade Federal de Santa
Catarina - UFSC, da qual sou alvina. Minha pesquisa visa levantar, analisar e sugerir as competências
gerenciais requeridas dos empresários e administradores em um ambiente de negócios de intensa
mutação como o dos dias atuais. As empresas pesquisadas fazem parte da Associação Comercial e
Industrial de São Miguel do Oeste - ACISMO.
Assim sendo, desejo ressaltar a grande importância de sua contribuição para com o futuro dessas
empresas, esclarecendo o que segue:
O mundo e a sociedade estão em ritmo de rápidas e profundas mudanças em escala global, nas
áreas social, tecnológica e econômica. Por conseguinte, o processo de gestão nas empresas precisa mudar
para adequar-se ao novo contexto. A busca de maior eficiência nas empresas atribui um grande peso aos
seus gerentes, tendo em vista trabalharem essencialmente com decisões, estabelecendo sentidos de
direção para suas empresas. A importância que a gerência assume neste contexto de mudanças, leva à
necessidade de se repensar e identificar as competências e habilidades requeridas dos gerentes que atuam nas
empresas pertencentes à ACISMO. As competências e habilidades são aqui entendidas, como
conhecimentos, comportamentos, atitudes e capacidades de realizar tarefas, devendo-se para tanto,
compreender melhor a realidade dos gerentes, identificando alternativas para novos comportamentos
gerenciais, uma vez que, como mostra a história, as competências variam de acordo com as mudanças
ambientais.
Para sua maior tranqüilidade, informo que não há necessidade de identificação por parte de quem
responde o questionário, ficando assim no anonimato. As questões buscam saber a opinião, as idéias, o
pensamento do gerente geral da empresa, que antes de responder deverá 1er as instruções apresentadas. A
devolução do questionário deverá ser feita através de envelope-resposta que segue junto a esta. O
envelope-resposta pode ser despachado por Correio, ou entregue na ACISMO. Havendo uma
dificuldade maior, solicito que façam contato com a minha pessoa através do telefone 6220041 (manhã e
noite) e 6311029 (tarde), para que possa recolher pessoalmente o questionário. Necessito estar de posse
dos questionários respondidos, no máximo, até o dia 06 de novembro/2000. A rapidez e agilidade
solicitadas para a devolução do questionário, deve-se à necessidade de cumprimento do cronograma
estabelecido para desenvolvimento da pesquisa. Desde já agradeço sua preciosa colaboração não só para
com a minha pesquisa, mas em especial para o crescimento das empresas associadas à ACISMO.
Atenciosamente
INSTRUÇÕES
Para cada questão dê uma nota de 1 (um) a 5 (cinco), sendo “1” a nota mínima e “5” a nota máxima, para a
alternativa que mais representa sua concordância ou discordância, tal como demonstra o modelo abaixo:
> ~
QUESTÕES
Sua o p in iã o s c b r e o am bien ts de m ud a n ça s sm que as em presas estão in s e rid a s
e suas im p lica çõ e s para sm p rssa s s em presários
A empresa que sobreviveu foi aquela que tomou a decisão rápida e mudou. (1 2 3 4 5)
A mudança foi tão rápida que não deu tempo de a gente se preparar. (1 2 3 4 5)
Nas condições cada vez mais competitivas, o desenvolvimento de gerentes não é um luxo, (1 2 3 4 5)
mas uma necessidade de sobrevivência.
179
( 1 )Discordo plenamente ( 2 (Discordo em parte ( 3 (Indeciso ( 4 (Concordo em parte ( 5 (Concordo plenamente
Hoje é mais difícil gerenciar pessoas do que antes pela dificuldade em mudar pensamento (1 2 3 4 5)
delas.
Não é tão difícil gerenciar pessoas. Você tem que considerar seu funcionário como parceiro. (1 2 3 4 5)
Para gerenciar pessoas tem-se que utilizar muita conversa, reuniões constantes e (1 2 3 4 5)
treinamento.
Para que o funcionário desempenhe seu papel a contento, devemos ter rotinas, funções e (1 2 3 4 5)
responsabilidades bem definidas.
Para obter um desempenho adequado por parte do funcionário é necessário impor regras de (1 2 3 4 5)
conduta, estabelecer leis. É necessário uma estrutura de autoridade.
A relação entre o gerente e seus funcionários deve ser de perfeita camaradagem, com (1 2 3 4 5)
liberdade para exporem suas idéias, seus problemas.
Para solução de conflitos, deve-se ter uma comissão que analisa os diversos aspectos, (1 2 3 4 5)
isentando o gerente de tomar a decisão.
Na solução de conflitos deve-se utilizar o diálogo e nunca tomar decisões por impulso. (1 2 3 4 5)
'
180
( 1 )Discordo plenamente ( 2 )Discordo em parte ( 3 )lndeciso ( 4 )Concordo em parte ( 5 )Concordo plenamente
Deve-se dar oportunidade ao funcionário para que ele mostre aquilo que sabe fazer, (1 2 3 4 5)
demonstre sua eficiência e seu querer participar.
0 trabalho de equipe dá retomo financeiro para a empresa e bem estar para o funcionário. (1 2 3 4 5)
É realmente difícil introduzir uma mudança na empresa. 0 que fizemos aqui é uma certa (1 2 3 4 5)
imposição de autoridade, mantém-se a idéia e vai pela força.
Tem alguns funcionários que não aceitam nunca uma mudança, então esses você procura (1 2 3 4 5)
não consultar muito porque são antimudança.
0 gerente deve possuir o poder de convencer as pessoas para o alcance dos objetivos da (1 2 3 4 5)
empresa, de forma produtiva e duradoura.
É função do gerente tomar decisões que causem impacto sobre a empresa, seu desempenho (1 2 3 4 5)
e resultado.
181
( 1 (Discordo plenamente ( 2 )Discordo em parte ( 3 )lndeciso ( 4 )Concordo em parte ( 5 )Concordo plenamente
Em algumas situações os gerentes, têm que dar uma arriscada, puxar pela intuição, mas com (1 2 3 4 5)
bastante respaldo técnico.
0 gerente precisa ser uma pessoa flexível, adaptável e que aprende constantemente. (1 2 3 4 5)
0 gerente precisa ter conhecimento específico do cargo, habilidade para tratar com as (1 2 3 4 5)
pessoas e visão do todo olhando além das fronteiras.
Concordo
Plenamente Discordo
8% Plenamente
29%
Concordo em Parte
37%
Discordo em Parte
Indeciso
18%
8%
184
Discordo Plenamente 1 3
Discordo em Parte 3 8
Indeciso - -
Concordo em Parte 18 47
Concordo Plenamente 16 42
Total 38 100
Fonte: Dados Primários
Discordo
Discordo em
Plenamente Parte
3% 8%
Concordo
Plenamente
42%
Concordo em
Parte
47%
185
Discordo Plenamente - -
Discordo em Parte - -
Indeciso - -
Concordo em Parte 7 19
Concordo Plenamente 31 81
Total 38 100
Fonte: Dados Pñmários
Concordo em
Parte
18%
Concordo
Plenamente
82 %
186
PREPAR -A mudança foi tão rápida que não deu tempo Número de Percentual
da gente se preparar. Casos
Discordo Plenamente 7 18
Discordo em Parte 10 26
Indeciso 2 5
Concordo em Parte 15 40
Concordo Plenamente 4 11
Total 38 100
Fonte: Dados Primários
Concordo Discordo
Plenamente Plenamente
11 % 18%
Concordo em
Parte Parte
40% Indeciso 26%
5%
187
Discordo Plenamente - -
Discordo em Parte 5 13
Indeciso - -
Concordo em Parte 8 21
Concordo Plenamente 25 66
Total 38 100
Fonte: Dados Primários
Discordo em
Parte
13%
Concordo em
Parte
21%
Concordo
Plenamente
66%
188
Discordo Plenamente 8 21
Discordo em Parte 18 47
Indeciso 2 5
Concordo em Parte 9 24
Concordo Plenamente 1 3
Total 38 100
Fonte: Dados Primarios
Concordo Discordo
Concordo em Plenamente Plenamente
Parte
24%
3% 21%
Indeciso
5%
Discordo em
Parte
47%
189
Discordo Plenamente - -
Discordo em Parte 2 5
Indeciso - -
Concordo em Parte 8 21
Concordo Plenamente 28 74
Total 38 100
Fonte: Dados Primários
Discordo em
Parte
Concordo em
5%
Parte
21%
Concordo
Plenamente
74%
190
Discordo Plenamente - -
Discordo em Parte - -
Indeciso - -
Concordo em Parte - -
Concrodo
Plenamente
100%
191
Indeciso 1 3
Concordo em Parte 5 13
Concordo Plenamente 31 81
Total 38 100
Fonte: Dados Primários
Discordo
i- ie n a m e iiie
Concordo em
3% Indeciso
Parte
13%
Concordo
Plenamente
81%
192
Concordo Discordo
Plenamente Discordo em
Plenamente
3% Parte
13%
21%
Indeciso
8%
Concordo em
Parte
55%
193
Concordo em Parte 15 39
Concordo Plenamente 21 55
Total 38 100
Fonte: Dados Primários
Discordo Indeciso
Plenamente 2%
3% / ' ' '
194
PARCEI - Não é tão difícil gerenciar pessoas. Você tem Número de Percentual
que considerar seu funcionário como parceiro. Casos
Discordo Plenamente - -
Discordo em Parte 1 3
Indeciso 1 3
Concordo em Parte 19 49
Concordo Plenamente 17 45
Total 38 100
Fonte: Dados Primários
Discordo em
Parte Indeciso
3% 3%
Concordo
Plenamente
45%
em
Parte
49%
195
TREINA - Para gerenciar pessoas tem-se que utilizar muita Número Percentual
conversa, reuniões constantes e treinamento. de Casos
Discordo Plenamente - -
Discordo em Parte 1 3
Indeciso 1 3
Concordo em Parte 10 26
Concordo Plenamente 26 68
Total 38 100
Fonte: Dados Primários
Discordo em Indeciso
Parte , _ 3%
68%
196
Discordo em
Discordo parte
Plenamente j
3% / ° Indeciso
^ 5%
Concordo em
Concordo
Parte
Plenamente
32%
57%
197
Discordo Plenamente - -
Discordo em Parte 1 3
Indeciso 1 3
Concordo em Parte 4 11
Concordo Plenamente 32 83
Total 38 100
Fonte: Dados Primários
Discordo em
Parte
Concordo em
3% Indeciso
Parte
11%
Concordo
Plenamente
83%
198
Número
AUTORI - Para obter um desempenho adequado por parte de Percentual
do funcionário é necessário impor regras de conduta, Casos
estabelecer leis. É necessário uma estrutura de autoridade.
Discordo Plenamente 3 8
Discordo em Parte 7 18
Indeciso 3 8
Concordo em Parte 12 32
Concordo Plenamente 13 34
Total 38 100
Fonte: Dados Primários
Discordo
Plenamente
Concordo 8% Discordo em
Plenamente Parte
34% 18%
Concordo em
Parte
32%
199
Número
CAMARA - A relação entre o gerente e seus funcionários de Percentual
deve ser de perfeita camaradagem, com liberdade para Casos
exporem suas idéias, seus problemas.
Discordo Plenamente - -
Discordo em Parte 4 11
Indeciso 2 5
Concordo em Parte 14 37
Concordo Plenamente 18 47
Total 38 100
Fonte: Dados Primários
Discordo em
Parte
11% Indeciso
Concordo
Plenamente
47%
200
Número de
RESPEI - A relação entre gerência e funcionários deve Casos Percentual
ser de respeito à hierarquia.
Discordo Plenamente - -
Discordo em Parte 4 11
Indeciso 2 5
Concordo em Parte 15 39
Concordo Plenamente 17 45
Total 38 100
Fonte: Dados Primários
Discordo em
Parte
11% Indeciso
5%
Concordo
Plenamente
45%
em
Parte
39%
201
Número
ÑMANDA - Hoje não se manda, hoje se pede. de Percentual
Casos
Discordo Plenamente 2 5
Discordo em Parte 9 24
Indeciso 2 5
Concordo em Parte 14 37
Concordo Plenamente 11 20
Total 38 100
Fonte: Dados Primários
Discordo
Concordo Plenamente
5% Discordo em
Plenamente
Parte
29%
24%
Concordo em
Parte
37%
202
Discordo Plenamente 3 8
Discordo em Parte 4 11
Indeciso 6 16
Concordo em Parte 14 36
Concordo Plenamente 11 29
Total 38 100
Fonte: Dados Primários
Discordo
Discordo em
Concordo Plenamente
Parte
Plenamente 8%
11%
29%
Indeciso
16%
Concordo em
Parte
36%
203
Concordo Discordo
Plenamente Plenamente
Concordo em 3% 13%
Parte
32%
Parte
Indeciso
18%
204
Discordo Plenamente 1 3
Discordo em Parte 1 3
Indeciso - -
Concordo em Parte 6 16
Concordo Plenamente 30 78
Total 38 100
Fonte: Dados Primários
Discordo
i- iH M H r iiH iu te
Discordo em
3% Parte
3% Concordo em
Parte
16%
Concordo
Plenamente
78%
205
Discordo Plenamente 1 3
Discordo em Parte 4 11
Indeciso 2 5
Concordo em Parte 13 34
Concordo Plenamente 18 47
Total 38 100
Fonte: Dados Primários
Discordo
Plenamente
Discordo em Parte
3%
11%
Concordo Indeciso
Plenamente 5%
47%
em
Parte
34%
206
Discordo em Parte - -
Indeciso 1 3
Concordo em Parte 4 13
Concordo Plenamente 33 86
Total 38 100
Fonte: Dados Primários
Concordo em
Indeciso Parte
3% 11%
Concordo
Plenamente
86%
207
Discordo Plenamente - -
Discordo em Parte - _
Indeciso - -
Concordo em Parte 5 13
Concordo Plenamente 33 87
Total 38 100
Fonte: Dados Primários
Concordo em
Parte
13%
Concordo
Plenamente
87%
208
Discordo em Parte - -
Indeciso - -
Concordo em Parte 6 16
Concordo Plenamente 32 84
Total 38 100
Fonte: Dados Primários
Concordo em
Parte
16%
Concordo
Plenamente
84%
209
Total 38 100
Fonte: Dados Primários
Concordo em
Parte
26% Discordo
Plenamente
45%
Indeciso
5%
Discordo em
Parte
24%
210
Concordo
Plenamente
8% Discordo
Concordo em Plenamente
Parte 31%
24%
Indeciso
8% Discordo em
Parte
29%
211
Total 38 100
Fonte: Dados Primários
Concordo em
Parte
5% Discordo
Indeciso Plenamente
32% 37%
Discordo em
Parte
26%
212
Concordo em Parte 9 24
Concordo Plenamente 26 68
Total 38 100
Fonte: Dados Primários
Discordo
Discordo em
(“ I H I l H r r i H M I H
Parte
3%
5%
Concordo em
Parte
24%
Concordo
Plenamente
68%
213
Número
TENDÊN - Ao gerente cabe acompanhar diariamente as de Casos Percentual
vendas, tendências do cliente e a questão financeira.
Discordo Plenamente - -
Discordo em Parte 1 3
Indeciso 1 3
Concordo em Parte 6 16
Concordo Plenamente 30 78
Total 38 100
Fonte: Dados Primários
Discordo em
Plenamente
78%
DELEGA - 0 gerente deve exercer a função de liderança, Número Percentual
delegação de atividades e cobrança de resultados. de Casos
Discordo Plenamente - -
Discordo em Parte - -
Indeciso - -
Concordo em Parte 6 16
Concordo Plenamente 32 84
Total 38 100
Fonte: Dados Primários
Concordo em
Parte
16%
Concordo
Plenamente
84%
215
Discordo Plenamente - -
Discordo em Parte 1 3
Indeciso 1 3
Concordo em Parte 3 8
Concordo Plenamente 33 86
Total 38 100
Fonte: Dados Primários
Discordo em
Parte Concordo em
3% Parte
8%
Concordo
Plenamente
86%
216
Discordo em Parte - _
Indeciso - -
Concordo em Parte 9 24
Concordo Plenamente 29 76
Total
Fonte: Dados Primários
Concordo em
Parte
24%
Plenamente
76%
217
Discordo em Parte 1 3
Indeciso - -
Concordo em Parte 2 5
Concordo Plenamente 35 92
Total 38 100
Fonte: Dados Primários
Concordo em
Discordo em Parte Parte
3% 5%
Concordo
Plenamente
92%
IMPACT - E função do gerente tomar decisões que
causem impacto sobre a empresa, seu desempenho e Número Percentual
resultado. de Casos
Discordo Plenamente 1 3
Discordo em Parte 4 11
Indeciso 3 8
Concordo em Parte 14 37
Concordo Plenamente 16 41
Total 38 100
Fonte: Dados Primários
Discordo Discordo em
Plenamente Parte
3% 11%
Concordo
Indeciso
Plenamente
8%
41%
Concordo em
Parte
37%
219
Indeciso 3 8
Concordo em Parte 18 47
Concordo Plenamente 16 42
Total 38 100
Fonte: Dados Primáhos
Discrodo
Plenamente Indeciso
3% 8%
Concordo
Plenamente
42%
oncordo em
Parte
47%
220
Discordo em Parte - -
Indeciso 3 8
Concordo em Parte 10 26
Concordo Plenamente 25 66
Total 38 100
Fonte: Dados Primários
Indeciso
8%
Concordo em
Parte
26%
Concordo
Plenamente
66%
221
10. Opinião dos dirigentes das Indústrias pertencentes à ACISMO , sobre o uso
da intuição na administração da empresa.
Discordo
Concordo Discordo em
Plenamente
Plenamente Parte
3%
21% 16%
Indeciso
11%
Concordo em
Parte
49%
222
Discordo em
Discordo Parte
Plenamente 3%
3% Indeciso
8%
Concordo em
Parte
Concordo 24%
Plenamente
62%
223
Discordo em Parte 1 3
Indeciso 1 3
Concordo em Parte 5 13
Concordo Plenamente 31 81
Total 38 100
Fonte: Dados Primários
Discordo em
Indeciso
Parte Concordo em
3%
3% Parte
13%
Concordo
Plenamente
81%
224
Discordo em Parte - -
Indeciso 2 5,263158
Concordo em Parte 4 10,52632
Concordo Plenamente 32 84,21053
Total 38 100
Fonte: Dados Primários
Concordo em
Indeciso
Parte
5%
11%
Concordo
Plenamente
84%
225
Discordo em Parte 1 3
Indeciso 1 3
Concordo em Parte 8 21
Concordo Plenamente 28 73
Total 38 100
Fonte: Dados Primários
Discordo em
Indeciso
Parte
3%
3% Concordo em
Parte
21%
Concordo
Plenamente
73%
226
Discordo em Parte 1 3
Indeciso 1 3
Concordo em Parte 4 11
Concordo Plenamente 32 83
Total 38 100
Fonte: Dados Primários
Discordo em Indeciso
Parte 3% Concordo em
3% Parte
11%
Concordo
Plenamente
83%
227
Número Percentu
EMOCIO - As aptidões emocionais ocupam o primeiro plano de al
das habilidades empresariais atualmente. Casos
Discordo Plenamente 5 13
Discordo em Parte 10 26
Indeciso 5 13
Concordo em Parte 13 34
Concordo Plenamente 5 13
Total 38 100
Fonte: Dados Primários
Concordo Discordo
Plenamente Plenamente
13% 13%
Discordo em
Concordo Parte
Parte 26%
35%
Indeciso
13%
ANEXOS
ANEXO A - Informações sobre a ACISMO
Gestão 2000/2002 - 15a Gestão - DAVI CAVALLI - Presidente
15a. Diretoria
Organizadoras
DANIELA SPUDEIT
MARCIA SILVEIRA KROEFF
EDITORA FEBAB
Editora FEBAB
Rua Avanhandava, 40 - Conj. 108/110
CEP 01306-000 – São Paulo - SP Brasil
tel: (11) 3257-9979
e-mail: secretaria@febab.org.br
site: http: www.febab.org.br/
Conselho Editorial
Dra. Celia Zaher
Prof. Dr. Claudio Marcondes Castro Filho (USP)
Profa Dra. Maria Imaculada Cardoso Sampaio
Profa. Dra. Regina Célia Baptista Belluzzo (UNESP)
Profa. Dra. Sueli Mara Pinto Ferreira (USP)
Profa. Dra. Telma de Carvalho (UFSE)
Profa. Dra. Valeria Martin Valls (FESPSP)
Profa. Dra. Zaira Zafalon (UFSCAR)Dra. Celia Zaher
i
Gestão de unidades de informação [Recurso eletrônico]/
Organizadoras: Daniela Spudeit e Marcia Silveira Kroeff –
São Paulo : FEBAB, 2017
p.: il.
Vários autores.
ISBN 978-85-85024-11-6
SUMÁRIO 5
APRESENTAÇÃO 7
PREFÁCIO 15
1 - PLANEJAMENTO EM AMBIENTES DE
INFORMAÇÃO 17
Marta Lígia Pomim Valentim
2 - GESTÃO DE PESSOAS EM
UNIDADES DE INFORMAÇÃO 39
Ilaydiany Cristina Oliveira da Silva
Tatiana Brandão Fernandes
4 - AVALIAÇÃO DE SERVIÇOS DE
INFORMAÇÃO 69
Ana Maria Pereira
5 - GESTÃO DE PROJETOS EM
UNIDADES DE INFORMAÇÃO 86
Daniela Spudeit
7 - CONTABILIDADE PARA
BIBLIOTECÁRIOS: NOÇÕES DE
RECEITAS, GASTOS E PERDAS ÀS
UNIDADES DE INFORMAÇÃO 110
Eduardo Silveira
Daniele Feldman
Daniela Spudeit
8 - MARKETING, BIBLIOTECAS E
BIBLIOTECONOMIA: REVISÃO
CONCEITUAL E PRÁTICA 119
Eliezer Mendes Lopes
Angelica C. D. Miranda
10 - SEGMENTAÇÃO DE CLIENTES NA
BIBLIOTECA: COMO CONHECER
MELHOR O SEU PÚBLICO E
CONTRIBUIR PARA O MARKETING DE
RELACIONAMENTO COM O CLIENTE
144
Denise Rodrigues So
11 - GESTÃO DA CARREIRA E
MARKETING PESSOAL DO
BIBLIOTECÁRIO 153
Helen Beatriz Frota Rozados
12 - CONSULTORIA NA ÁREA DE
GESTÃO SERVIÇOS DE INFORMAÇÃO
170
Valéria Martin Valls
AUTORES 178
APRESENTAÇÃO
Drucker já dizia que o maior problema das instituições é a
falta de gestão. Dadas as constantes mudanças sociais e
mercadológicas, pensar em gestão é sempre um desafio
quando se trata de mobilizar recursos para atingir
resultados em prol de objetivos comuns. Se em grandes
empresas e organizações isso é fundamental, imaginem
pensar a gestão em unidades de informação que exige o
desenvolvimento de habilidades e conhecimentos para
oferta de serviços voltados para a formação de capital
intelectual, social e humano.
Foi a partir dessa demanda que surgiu a ideia em convidar
profissionais e professores especialistas da área para
refletir e discutir sobre temáticas relacionadas à gestão de
unidades de informação. Sendo assim, essa obra versa
sobre gestão financeira, avaliação, planejamento, gestão
de processos, marketing, gestão de pessoas, controle de
qualidade, gestão de projetos, segmentação de cliente,
marketing de relacionamento, mídias sociais, entre outros
pontos que abarcam as demandas de ensino na formação
de bibliotecários gestores.
A obra busca oportunizar um aprofundamento em
diferentes temáticas que convergem para a formação de
competências gerenciais do bibliotecário que são
demandadas pela sociedade e pelo mercado no século XXI.
Acredita-se que seja necessário que os bibliotecários
tenham esses conhecimentos tratados nessa obra,
desenvolvam as habilidades necessárias, saibam usar
diferentes recursos, inovem em suas unidades de
informação e promovam um diferencial para esses
ambientes a fim de agregar valor às organizações no qual
estão inseridas e, principalmente, à comunidade atendida
por elas.
David Lankes defende que “bibliotecas ruins fazem
coleções, bibliotecas boas realizam serviços, bibliotecas
excelentes criam comunidades”. É pensando nessa
contribuição social, que essa obra vem instrumentalizar os
bibliotecários para que usem técnicas e metodologias
gerenciais, transformando as unidades de informação
importantes espaços de busca e construção do
conhecimento em ambientes vivos que atendam às
demandas das comunidades em que estão inseridas.
.
Daniela Spudeit e Marcia Silveira Kroeff
(Organizadoras)
PREFÁCIO
Recentemente, nas eleições para prefeito realizadas em
2016 no Brasil, os eleitores da cidade de São Paulo
ouviram muito a palavra “gestão”. Um dos candidatos
afirmou e repetiu dezenas de vezes na propaganda
televisiva e radiofônica, bem como em seus comícios
públicos e entrevistas midiáticas, não ser um político
tradicional, mas um “gestor”, alguém que tinha experiência
na administração de uma empresa e que tinha sido bem-
sucedido nessa tarefa. Além disso, bateu continuamente na
tecla de que todos os problemas enfrentados pela maior
cidade do país podiam ser resolvidos por ele, que era tudo
uma questão de “gestão” – e disso ele tinha, mais que
seus concorrentes, conhecimento de causa.
Esse discurso auto laudatório – como em geral são os
discursos dos políticos em busca de votos, diga-se de
passagem -, parece ter encontrado eco entre os eleitores
da maior metrópole brasileira, que acabaram por eleger
esse candidato no primeiro turno da eleição, num resultado
surpreendente para todos. Inclusive para o próprio
candidato, segundo consta.
Não sei dizer se os eleitores paulistanos têm efetivamente
uma ideia clara do que seja “gestão”. Não tenho segurança
para afirmar se sua escolha foi a mais correta ou a mais
equivocada possível. Não pretendo aqui analisar as
contingências que levaram a esse resultado das urnas, se
efetivamente foi esse discurso que garantiu o resultado
favorável ao candidato ou se existiram outros fatores
igualmente influentes. Isso não é tão importante agora,
pois o tempo provavelmente acabará tornando evidentes
as respostas para todas essas indagações. Mas faço
questão de começar a minha reflexão mencionando esse
fato, de forma a salientar o aspecto, sob um certo ponto de
vista, meio que “mágico” que a palavra adquiriu em termos
de grande público – fator que provavelmente preponderou
para ela ser escolhida, pelos marqueteiros políticos, como
um bordão eleitoral naquele momento.
Nem tanto assim. Mas, tampouco, algo a ser minimizado.
Trata-se, no mínimo, de uma preocupação necessária. Se
vivêssemos em um mundo onde predomina a abundância
total de recursos, não haveria necessidade de nos
preocuparmos com a necessidade de bem utilizá-los. Mas a
realidade não é assim. Afinal, os recursos não são
ilimitados. Ao mesmo tempo, as demandas a serem
satisfeitas são em geral maiores que as possibilidades de
atendê-las. Isto é válido para qualquer área de atividade
ou de intervenção humana, dizendo atualmente respeito
tanto à área produtiva como à de lazer ou entretenimento,
ou à de serviços. Esta percepção já acompanha a
sociedade há muito tempo, mas começou a ter uma ênfase
maior a partir da revolução industrial, gerando
preocupações teóricas e aplicações práticas que levaram ao
estabelecimento de uma ciência com ela relacionada.
Escolas de pensamento foram construídas em torno da
gestão, com visões clássicas e mecanicistas sendo
substituídas por propostas humanistas, modelos
estruturais, propostas comportamentais e assim por
diante. Todas as esferas de atividade foram afetadas.
Todos os seres humanos estão sob sua égide. Não há como
fugir disso.
No entanto, a cada dia é mais comum nos deparamos
com exemplos de má gestão de recursos de todos os tipos,
em todos os aspectos da vida moderna, do que de
exemplos em sentido contrário. E somos ao mesmo tempo
vítimas e perpetradores desses exemplos, seja em termos
individuais, em nosso microcosmo, tanto profissional como
familiar, seja sob o aspecto mais macro, como
consumidores de produtos e serviços. Assim, é importante
que se direcione a devida atenção à problemática da
gestão em todos os seus aspectos e enfoques – de
pessoas, de recursos, de bens, de serviços, de processos -,
de forma a se atingir o melhor resultado possível.
Infelizmente, no entanto, contrariamente ao que o discurso
do político mencionado na página anterior pode dar
eventualmente a entender, não se trata de encontrar
aqueles que tenham nascido com o dom divino de domínio
desse atributo e colocá-lo à frente de nossas instituições,
empresas, vilas, cidades, estados ou país que tudo será
resolvido. Como num passe de mágica. Trata-se, isto sim,
de desenvolver mecanismos que permitam a cada pessoa,
no desempenho de sua atividade, ter acesso aos
conhecimentos acumulados na área de gestão e saber
aplicá-los da forma apropriada. E o melhor momento para
isso, com toda certeza, é o da formação dos profissionais.
E aqui atinjo o ponto a que pretendia chegar desde o
início, pois foi a principal motivação para as professoras
Daniela Spudeit e Márcia Silveira Kroeff, ambas da
Universidade do Estado de Santa Catarina, organizarem o
livro sobre “Gestão de unidades de informação” que tenho
a honra de agora prefaciar. Sentindo que essa
problemática não se encontra suficientemente contemplada
na literatura especializada das áreas de Biblioteconomia e
Ciência de Informação, decidiram preencher essa lacuna,
conclamando um grupo de professores e profissionais a se
juntarem a elas no objetivo de fornecer parâmetros
seguros para atuação de todos aqueles que estão
envolvidos na gestão de unidades de informação.
Sonhadoras e ambiciosas, talvez. Visionárias e corajosas,
sem dúvida. E, mais que isso, com toda certeza,
propositivas e empreendedoras. Que bom!
Eu sou do tempo em que praticamente o único livro
existente sobre o tema “gestão de unidades de
informação” era um opúsculo de um autor norte-americano
chamado Gaston Lytton11, que tinha lá os seus méritos,
mas que, convenhamos, deixava muito a desejar. Depois
dele, felizmente, outros surgiram no mercado e eu mesmo
estive envolvido em alguns deles. Mas reconheço que já
faz algum tempo que os profissionais da área se ressentem
da falta de uma obra que apresente respostas mais amplas
para suas inquietações e dúvidas sobre a gestão de
unidades de informação. Em minha opinião, as duas
colegas foram muito bem-sucedidas no atendimento desse
anseio, conseguindo agrupar um elenco de especialistas
que compõem um verdadeiro coral de vozes que
harmonicamente se completam.
Não vou detalhar o sumário do livro, que se encontra nas
páginas seguintes. Mas basta o leitor olhar a denominação
dos diversos capítulos e as pessoas que por elas ficaram
responsáveis para entender o meu entusiasmo com o
conteúdo desta obra. Confesso que, inicialmente, para ser
imparcial, tentei agir como advogado do diabo – ou, como
mais coloquialmente se diria, um verdadeiro espírito de
porco -, na leitura do livro, buscando encontrar brechas,
falhas, aspectos que deviam ser tratados e que haviam
sido deixados de lado por esquecimento ou desleixo. Não
os encontrei. É claro que existem diferenças entre os
diversos capítulos. Alguns capítulos foram bastante
aprofundados, provavelmente devido a tratarem de
problemáticas já bem equacionadas, tradicionais mesmo,
com autores e literatura já sedimentados em nossa área de
conhecimento. Enquanto outros tratam de problemáticas
ainda relativamente emergentes em nossa área. O
conjunto me satisfaz plenamente e acredito que ele
apresenta um panorama mais que abrangente das
questões envolvidas na gestão de unidades de informação.
No entanto, mesmo confessando acima minha tentativa
de imparcialidade, devo declarar, a bem da verdade, que
não consegui concretizá-la de todo. Seria essa uma tarefa
difícil ou talvez quase impossível para mim. Conheço
grande parte dos autores, muitos dos quais vi
praticamente desabrochar para a vida profissional,
enquanto com outros dividi horas e horas de inquietação
sobre os rumos da Biblioteconomia e Ciência da
Informação. Conheço a seriedade de cada um deles e a
dedicação com que se debruçaram sobre suas temáticas
neste livro, pois dissertam sobre assuntos aos quais se
dedicaram durante grande parte de suas vidas, temas com
os quais têm grande proximidade, até mesmo afetiva, e
aos quais dedicam enorme preocupação, seja em sua
atividade profissional, em sua prática docente ou em seu
percurso acadêmico. Trata-se de alunos, colegas do tempo
de faculdade e de docência na área, bem como alguns de
meus orientandos de mestrado e doutorado (não falo em
ex-orientandos, pois sei que eles, tal como as ex-sogras,
não existem...). Todos, como diriam meus amigos
cubanos, são meus “hermanos del alma”, pessoas que
respeito, admiro e gosto. E pelas quais não hesito agora e
não hesitarei jamais em recomendar a leitura dos capítulos
que compuseram, sem qualquer dúvida de que estou
prestando um bom serviço a todos os futuros leitores.
Não tenho dúvida de que, tal como eu, todos terão uma
útil e prazerosa leitura.
Prof. Dr. Waldomiro Vergueiro
Escola de Comunicações e Artes da Universidade de
São Paulo
1.INTRODUÇÃO
2 PLANEJAMENTO FINANCEIRO
A rede, sistema, unidade e/ou serviço de informação
necessita desenvolver o planejamento, adequando-o à
missão, visão, objetivos e metas, bem como ajustá-lo às
condições orçamentárias, de infraestrutura e de pessoal.
Nessa perspectiva, o planejamento
financeiro/orçamentário propicia a implantação do que foi
priorizado anteriormente e, por essa razão, é essencial que
a rede, sistema, unidade e/ou serviço de informação
possua um orçamento próprio, de modo que possa alocar
recursos à execução dos diferentes planos táticos e
operacionais elaborados, a fim de cumprir a missão, visão,
objetivos e metas estabelecidos.
O planejamento financeiro possibilita mensurar os custos
e os benefícios, ou seja, aloca recursos à implantação e
execução do que foi planejado, bem como estabelece
indicadores para mensurar os benefícios advindos do que
foi implantado. Lucion (2005, p.144) explica que o
planejamento financeiro é “[...] relativo às finanças, à
circulação e gestão do dinheiro e a outros recursos [...].
O planejamento financeiro/orçamentário possibilita alocar
adequadamente os recursos destinados à rede, sistema,
unidade e/ou serviço de informação, distribuindo-o
conforme as prioridades, anteriormente, estabelecidas no
planejamento estratégico. Dessa maneira, alocam-se os
recursos em programas ou projetos já discutidos e
instituídos, sendo que para cada etapa/fase são vinculados
os recursos necessários a sua execução.
Nessa perspectiva, evidencia-se que o planejamento
financeiro/orçamentário é fundamental para demonstrar a
previsão financeira da rede, sistema, unidade e/ou serviço
de informação – seja no curto, médio ou longo prazo –,
bem como para controlar a execução de cada etapa/fase,
isto é, se de fato os recursos alocados para determinado
fim foram usados corretamente.
Vale ressaltar que a informação é um custo indireto nas
atividades significativas de qualquer tipo de organização,
ou seja, nem sempre adiciona diretamente valor monetário
aos produtos e/ou serviços produzidos no ambiente
organizacional. Por essa razão, o valor da informação é
difícil de ser mensurado, uma vez que seu valor é
diretamente proporcional à necessidade e uso do
usuário/público usuário. Sendo assim, pode haver
dificuldade na criação de indicadores para medir os
benefícios advindos do que foi planejado e implantado.
Contudo, a informação pode ser mensurada pelo seu custo
monetário de aquisição. (Figura 4).
Custos Tangíveis Custos Intangíveis
3 PLANEJAMENTO DE PESSOAL
As organizações são constituídas por pessoas que, por sua
vez, dependem delas para atingir os objetivos e metas
organizacionais e cumprir a missão e a visão institucional.
As pessoas compreendem as organizações como um meio,
pelo qual é possível alcançar os próprios objetivos, o que
não seria possível de outra maneira.
A necessidade de se gerenciar pessoas surge da
complexidade das atividades e tarefas organizacionais no
início do Século XX, após o impacto da Revolução
Industrial, tornando-se ação mediadora entre as
organizações e as pessoas, de modo a diminuir o conflito
entre os objetivos organizacionais e os individuais,
considerados incompatíveis no âmbito das relações
trabalhistas. Há uma evolução quanto à compreensão do
que seja gerenciar pessoas. (Figura 5).
Departamento Administração de Administração de Pessoas
Pessoal Recursos Humanos
4 PLANEJAMENTO DA COMUNICAÇÃO
ORIUNDOS DO PLANEJAMENTO
Ao longo do processo de planejamento é necessário
elaborar, validar e implantar manuais e instruções
normativas que, por sua vez, auxiliam a execução do
planejamento. Cunha e Cavalcanti (2008, p.237)
mencionam que o manual administrativo é o “[...]
documento que contém as políticas, os regulamentos e os
procedimentos utilizados numa organização”. Os manuais
que contêm instruções detalhadas sobre um determinado
processo, atividade ou tarefa administrativa, técnica ou
operacional, visando ao bom desenvolvimento por parte de
seu executor, podem ser entendidos como documentos.
Cunha e Cavalcanti (2008, p.207) explicam que instruções
se constituem em “[...] um documento destinado a
esclarecer determinado assunto, estabelecendo normas ou
condições de execução ou de funcionamento”. As
informações são dispostas de modo sistematizado e,
assim, constitui-se num instrumento facilitador ao
funcionamento da rede, sistema, unidade e/ou serviço de
informação. É um documento de consulta permanente que
os funcionários podem utilizar para sanar dúvidas e
executar os processos, atividades e tarefas com segurança.
Os manuais podem ser classificados da seguinte maneira:
6 RELATÓRIOS DE PLANEJAMENTOS
Relatório é derivado do verbo relatar. Trata-se, portanto,
da ação e efeito de descrever algo. Cunha e Cavalcanti
(2008, p.320) afirmam que relatório de progresso é um
“[...] documento que registra informações atualizadas
sobre trabalhos em curso [...]”. O relatório final é um
documento que apresenta o resultado e as conclusões
finais oriundas de processos, atividades e tarefas
desenvolvidas em determinado contexto organizacional.
Sendo assim, é um documento que se caracteriza por
conter informações que refletem determinado resultado, a
partir da descrição circunstanciada de fatos ocorridos na
gestão de uma rede, sistema, unidade e/ou serviço de
informação.
Há diferentes tipos de relatório no âmbito de uma rede,
sistema, unidade e/ou serviço de informação, podendo ser
gerais ou específicos como, por exemplo: relatório
financeiro, relatório de atividades, relatório de capacitação,
relatório de usos e usuários de informação, relatório de
visitas técnicas, etc.
O relatório é elaborado a partir de distintos objetivos e
propósitos, isto é, depende do que se quer
relatar/reportar. Além disso, os relatórios podem ser
públicos ou privados; há relatórios que são elaborados
apenas para o consumo interno e, outros, ao consumo do
público externo à rede, sistema, unidade e/ou serviço de
informação.
Há distintos tipos de relatórios, entre eles pode citar-se o
‘relatório crítico’, que é mais pormenorizado, pois consiste
num texto em que uma determinada atividade é descrita
detalhadamente, inclusive o modo como foi desenvolvida;
e o ‘relatório síntese’, que é mais conciso, já que é
elaborado apenas sobre determinado viés, enfocando um
aspecto apenas.
No que tange à estrutura, os relatórios em contextos
organizacionais podem ser administrativos, financeiros,
estatísticos, de gestão, etc. O formato pode ser simples,
com títulos e subtítulos que indiquem os assuntos
descritos; ou complexo, contendo gráficos, imagens,
tabelas, diagramas, apêndices, resumos, notas de rodapé,
referências, etc. Os relatórios podem ser equilibrados,
realçando os assuntos importantes, descrevendo-os de
maneira precisa e exaustiva; podem ser simples, no intuito
de favorecer a leitura, portanto, descrições aprofundadas
devem ser evitadas; podem ser direcionados, destacando-
se apenas os assuntos relevantes.
É importante observar tanto o estilo da linguagem quanto
a apresentação visual. Em relação à linguagem, o relatório
deve apresentar clareza e rigor, além disso, é necessário
respeitar o jargão da área, na qual a rede, sistema,
unidade e/ou serviço de informação está inserida. Observar
a concordância verbal, o uso de verbos como: destacar,
ressaltar, observar, constatar, confirmar, verificar,
confirmar, etc. e, ainda, deve ser evitado o uso de
adjetivos que qualifiquem os serviços e produtos
desenvolvidos.
No relatório deve constara autoria, ou seja, quem redigiu,
preparou o relatório. Neste caso, pode ser o gestor, um
grupo de pessoas ou toda a equipe da rede, sistema,
unidade e/ou serviço de informação. A missão e visão
institucional e a da rede, sistema, unidade e/ou serviço de
informação devem ser destacadas; descrição e o
detalhamento devem relacionar os objetivos e metas
definidos no planejamento, de maneira a indicar os
principais desenvolvimentos e avanços realizados, assim
como problemas encontrados, destacando as metas
atingidas.
Os indicadores técnicos e dados estatísticos podem ser
utilizados por meio da inserção de gráficos, tabelas,
quadros, etc. Além disso, é essencial destacar os
indicadores financeiros, por meio de tabelas e gráficos, a
fim de demonstrar os fluxos de entrada e saída dos
recursos financeiros destinados ao cumprimento de
objetivos e metas definidos no planejamento da rede,
sistema, unidade e/ou serviço de informação.
Os relatórios podem enfocar:
7 MÉTODOS DE PLANEJAMENTO
Há vários métodos que podem ser aplicados na
elaboração e implantação do planejamento de uma rede,
sistema, unidade e/ou serviço de informação: PDCA; BIM;
Diagrama de Causa e Efeito; 5W2H; SWOT, entre outros.
Contudo, o planejamento pode ser elaborado e implantado
sem, necessariamente, ser usado um método.
Análise Interna
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O planejamento é uma atividade crucial para qualquer
tipo de rede, sistema, unidade e/ou serviço de informação.
Planejar deve ser a primeira atividade desenvolvida por um
profissional da informação ao iniciar a função de gestor.
Conforme mencionado anteriormente, a primeira etapa do
planejamento é o diagnóstico que, por sua vez, propicia ao
gestor obter uma visão ampla e aprofundada da situação
em que se encontra a rede, sistema, unidade e/ou serviço
de informação.
Após analisar e avaliar as condições situacionais é
possível planejar o futuro da rede, sistema, unidade e/ou
serviço de informação; ressalta-se, nesse sentido, que as
decisões do gestor serão subsidiadas por dados e
informações fidedignos e confiáveis.
O planejamento reduz a ambiguidade existente no
ambiente, propicia mais segurança em relação à direção a
ser seguida, diminui as injustiças referentes à distribuição
de recursos e não personaliza ações e decisões, visto que é
um instrumento construído coletivamente.
Planejar é primordial, a fim deque a rede, sistema,
unidade e/ou serviço de informação estabeleça coerência
entre a missão, visão, objetivos e metas definidos pela
equipe. O conhecimento gerado no processo de
planejamento retroalimenta os funcionários e, assim,
proporciona as condições necessárias ao desenvolvimento,
à criatividade e à geração de inovação para a rede,
sistema, unidade e/ou serviço de informação.
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CD-ROM
2 - GESTÃO DE PESSOAS EM
UNIDADES DE INFORMAÇÃO
1. INTRODUÇÃO
2. GESTÃO DE PESSOAS
A Gestão de Pessoas surge como sendo um conjunto de
atividades essenciais para a motivação, treinamento e
desenvolvimento do pessoal de um grupo de trabalho,
visando a atingir as metas e objetivos de uma determinada
organização. (TOLEDO, 1978).
Harvey, Bowin e Havey (1996, p. 6) afirmam que a
Gestão de Pessoas é entendida como sendo "a gestão de
atividades tomadas para atrair, desenvolver, motivar e
manter uma força de trabalho de alto desempenho com a
organização".
Assim, a Gestão de Pessoas pode ser entendida como a
atribuição de tarefas adequadas a cada indivíduo, de
acordo com suas competências e habilidades profissionais,
de modo a contribuir com as atividades desenvolvidas no
âmbito organizacional.
Observa-se a relevância da Gestão de Pessoas para o
contexto organizacional e globalizado que vivenciamos
para os dias atuais, prezando pelo bem-estar do fator
humano e aplicação de seus conhecimentos, suas
habilidades intelectuais e competências individuais na
realização de tarefas.
A Gestão de Pessoas está intrinsecamente relacionada
com as organizações, pois, na concepção de Chiavenato
(2010, p. 5) “o contexto em que se situa a Gestão de
Pessoas é representado pelas organizações e pelas
pessoas. Sem organizações e sem pessoas não haveria a
Gestão de Pessoas”.
Sendo assim, depreende-se a forte relação e dependência
existente entre as pessoas e as organizações, de modo que
uma contribui diretamente com os objetivos da outra, visto
que, diante da realização de um produto ou serviço, as
organizações dependem do fator humano para a sua
exequibilidade e eficiência e o fator humano depende das
organizações para atingir seus objetivos pessoais, fato este
que define as pessoas não mais como empregados
contratados, mas sim como parceiras das organizações.
DE INFORMAÇÃO
Quando falamos em organização, nos referimos a um
sistema de atividades conscientemente coordenadas de
duas ou mais pessoas, onde haja cooperação, pois uma
organização só existe quando há pessoas capazes de se
comunicar, dispostas a contribuir com a ação e a fim de
cumprirem um propósito comum. (BERNARD, 1971).
Na visão de Miranda 2001 (apud ALVES, 2004),
organização é a mobilização de recursos (naturais,
tecnológicos, humanos, físico-financeiros) para que o
planejamento organizacional possa ser executado com a
máxima eficácia e eficiência.
Neste aspecto, “Unidades de Informação” é um termo
criado pela escola francesa para se referir a uma área de
atuação dos profissionais de informação, abrangendo
arquivos, bibliotecas, centros de documentação e museus,
remetendo ao ambiente físico de trabalho dos profissionais
dessa área. Dessa forma, as Unidades de Informação
podem ser consideradas organizações que coletam, tratam,
organizam e disponibilizam informações. (BUCKLAND,
1991).
Dentro de uma Unidade de Informação, faz-se necessária
uma Gestão de Pessoas capaz de proporcionar sinergia
entre as atividades desenvolvidas dentro desse âmbito,
visto que essas organizações que trabalham com o objeto
informação, necessitam de uma boa relação interpessoal,
de modo que funcionários possibilitem a realização da
missão e dos objetivos da Unidade de Informação.
Nessa vertente, vale ressaltar que a busca constante por
processo de Gestão de Pessoas faz parte da organização,
que visa cada vez mais à satisfação de seus funcionários
para que, motivados, executem suas tarefas com
eficiência.
Desse modo, vale ressaltar Alves, (2004, p. 38) quando a
autora infere sobre a importância da Gestão de Pessoas
dentro das Unidades de Informação e diz que:
O bibliotecário responsável por gerenciar a Unidade de
Informação é responsável para que sua instituição
(biblioteca) atinja os objetivos e as metas organizacionais,
as quais são voltadas para atender as expectativas dos
usuários. Para isto, é preciso gerenciar os recursos
humanos, ou seja, as pessoas que compõem sua equipe,
fazendo com que estejam motivados e abertos ao
desenvolvimento, a fim de corresponder ao trabalho e às
inovações.
PESSOAS
A rotina administrativa de uma Unidade de Informação
envolve além de atividades técnicas àquelas comuns as
funções administrativas como planejamento, organização,
direção e controle. O fluxo de trabalho e os serviços
prestados devem ser planejados e executados a partir dos
objetivos da unidade e do seu público-alvo.
O contexto onde está inserida a Unidade de Informação
deve ser assimilado pela equipe de colaboradores. Tais
profissionais devem possuir diferentes perfis e formação
específica para desempenharem as diferentes tarefas e
então oferecerem bons produtos e serviços.
Elaborar perfis de profissionais para desempenhar tarefas
em uma Unidade de Informação, formar equipes e conduzi-
las, assim como todos os recursos e serviços de
informação, é tarefa estabelecida ao gestor desta unidade.
Assim como em qualquer organização, para se formar
uma equipe, é necessário elaborar o perfil profissional
relativo a cada atividade que deverá ser desempenhada
com as competências e atribuições necessárias. A partir
disto, divulga-se o perfil com as exigências ao cargo
ofertado para posteriormente recrutar-se candidatos e
selecionar aquele que possuir o perfil compatível com atais
exigências.
Uma vez que a equipe esteja formada, a gestão da
mesma não é tarefa simples, pois o gestor deve possuir a
perspicácia para lidar com os diferentes perfis e
subjetividades inerentes a cada pessoa. Ademais, o próprio
gestor deve possuir um perfil que agregue habilidades
técnicas, humanas e conceituais que, segundo Katz (apud
CHIAVENATO, 2003), são importantes para o desempenho
administrativo bem sucedido.
Nas Unidades de Informação, este perfil de gestão não é
diferente, assim como as funções administrativas, pois
Litton (1975) já dizia que, para administrar este setor, são
atribuídas funções diretivas, responsabilidades frente ao
público alvo e aos colaboradores atuantes neste ambiente.
A função diretiva consiste em assumir a responsabilidade
da operação de uma atividade ou setor, e implica em
competência técnica, largueza de pontos de vista,
inteligência social, capacidade para perceber o significado
das coisas, além de exigir coragem para levar até o fim
qualquer trabalho ou mudança programada.
As habilidades técnicas, conforme Chiavenato (2003),
envolvem os procedimentos de realização de uma
determinada atividade. É o caso de atividades específicas à
rotina de uma Unidade de Informação como: seleção,
aquisição, processamento técnico. O bibliotecário enquanto
gestor deve possuir o conhecimento técnico mesmo que
superficialmente, pois esta habilidade contribui para o
melhor direcionamento das tarefas, equipes e a avaliação
dos processos. Empiricamente, um gestor consegue melhor
delegar e avaliar os resultados quando possui habilidade
técnica.
Já as habilidades humanas são essenciais na Gestão de
Pessoas, pois envolvem a capacidade de comunicar,
motivar, liderar e gerenciar conflitos. O perfil do
bibliotecário gestor deve possuir essas características para
buscar a cooperação dentro da equipe e a sinergia. A
Gestão de Pessoas em uma Unidade de Informação deve
buscar a satisfação dos colaboradores para que, uma vez
motivados, executem suas tarefas com eficiência e
eficácia. Um bom gestor saberá “trabalhar com pessoas e
por meio de pessoas” (CHIAVENATO, 2003, p. 3).
Para Motta (2003), a gestão é a arte de pensar, de decidir
e de dirigir: é a arte de fazer acontecer, de obter
resultados, mas que têm de ser alcançados por meio das
pessoas e numa interação humana constante. Neste
sentido, é possível dizer que o bibliotecário gestor
necessita possuir habilidades humanas, pois a este
compete liderar e motivar os seus colaboradores, traçando
metas e fazendo com que estas sejam alcançadas.
Já as habilidades conceituais envolvem a visão ampla da
própria Unidade de Informação, seu ambiente interno e
externo. Tal habilidade permite ao gestor planejar ações e
serviços direcionar a equipe para futuras mudanças
estratégicas. Além disso, um gestor com habilidades
conceituais está apto a empreender, trabalhar com teorias
e abstrações a partir da compreensão de como a Unidade
de Informação se relaciona com sua comunidade e como
mudanças em um ambiente macro podem afetar a sua
rotina.
As habilidades conceituais estão relacionadas com o
pensar, com o raciocinar, com o diagnóstico das situações e
com a formulação de alternativas de solução dos
problemas. Representam as capacidades cognitivas mais
sofisticadas do administrador e que lhe permitem planejar
o futuro, interpretar a missão, desenvolver a visão e
perceber oportunidades. (CHIAVENATO, 2003, p. 3)
Embora o bibliotecário, enquanto gestor de pessoas,
possa atuar em diversos ambientes, aqui estamos
discutindo as características necessárias a um gestor
independente da configuração do ambiente, que pode ser
um setor, uma organização ou mesmo uma equipe sem
estrutura organizacional estabelecida.
Após a apresentação das características necessárias ao
bibliotecário enquanto gestor de pessoas, Pinto e Moreiro
González (2010) reúnem alguns procedimentos este pode
executar:
Elementos da
competência Hofmeister Em
Barbalho (2004, p.3)
comportamental (2009, p.79) suma:
comportamental
“São
relacionadas ao
“É a dimensão do querer-saber- comportamento do Querer
fazer, que diz respeito aos colaborador, a fazer, ser
Atitudes
aspectos sociais e afetivos forma como ele proativo e
relacionados ao trabalho” age junto a colaborativo
supervisores e
gestores.”
7. CONSIDERAÇÕES
A Gestão de Pessoas em Unidades de Informação é uma
prática que precisa ser aplicada com o propósito de
favorecer o desempenho dos funcionários dentro da
organização, buscando construir um ambiente agradável e
de reconhecimento pessoal, profissional e motivacional que
favoreça o bom desempenho do fator humano dentro das
organizações.
É notório que a aplicação do novo modelo de Gestão de
Pessoas possibilita uma boa relação e uma sinergia capaz
de contribuir com as atividades a serem desempenhadas
na Unidade de Informação, visto que este novo modelo
possui uma visão direcionada para as necessidades dos
empregados que englobam o ambiente interno da
organização.
É possível depreender que é cada vez mais notória a
relevância de se estabelecer, dentro de uma Unidade de
Informação, uma Gestão de Pessoas pautada nas
competências de seus empregados, possibilitando que os
mesmos desempenhem suas funções de acordo com seus
conhecimentos, habilidades e atitudes, contribuindo por
sua vez com que a organização, atinja sua missão, visão e
objetivos.
É de suma importância que dentro de uma Unidade de
Informação exista um profissional gestor capacitado e
preparado para desenvolver uma administração de pessoal
adequada às necessidades da organização, de modo que
determine as funções e atividades de acordo com o perfil
de competência da cada empregado da instituição, como
forma de favorecer o desempenho das atividades e,
consequentemente, promover uma boa comunicação e um
ambiente de trabalho agradável, no qual as atividades
fluem de forma eficiente e eficaz.
O bibliotecário gestor necessita de algumas características
inerentes a sua atuação, que possibilitam uma visão
voltada para o fator humano como elemento primordial
para o bom desempenho de sua instituição. Dessa forma, o
gestor necessita incentivar e motivar seus empregados,
alocando cada profissional a sua respectiva função de
acordo com a competência de cada um. Para tanto, faz-se
necessário identificar os perfis e características intrínsecas
de cada indivíduo.
Torna-se oportuno destacar que cabe ao bibliotecário
gestor a função de oferecer treinamentos e capacitações
para os colaboradores, de modo que permita aos mesmos
a possibilidade de crescimento, mudança de cargos e
funções, fato que promove a motivação dentro de sua
equipe, valorizando o capital intelectual dos mesmos.
Nessa perspectiva, essa forma de gestão possibilita que
os funcionários das Unidades de Informação criem de
incentivos e busquem o crescimento dentro das
organizações de acordo com suas competências e perfis
profissionais.
Para tanto, é relevante destacar que, dentre as
competências necessárias aos profissionais que atuam em
unidades de informação, destaca-se as competências que
podem variar de acordo com os setores se atuação de cada
profissional, tal como as competências de comunicação e
expressão que devem ser apresentadas em profissionais
que atuam no setor de Serviço de Informação e
Referência; as competências técnico-científicas que são
requeridas para os que atuam no setor de processamento
técnico e de informática da instituição; as competências
gerenciais são importantes para aqueles que atuam na
administração dos setores e administração geral da
instituição; e as competências sociais políticas que são
requeridas àqueles profissionais que atuam nos setores de
circulação e que tem contato direto com os usuários e suas
necessidades informacionais.
A competência de cada profissional que atua dentro de
uma Unidade de Informação possibilita a formação de
equipes fortes e capazes de realizarem as atividades que
são designadas à estes. Fato que possibilita que a
instituição atinja seus objetivos e forneça seus serviços ou
produtos de modo que seus usuários tenham um acesso de
forma simples e prática.
Contudo, depreende-se que a Gestão de Pessoas é um
elemento primordial para as organizações e que dentro da
Unidade de Informação, é possível estabelecer melhorias
que atendem as necessidades dos seus clientes externos e
internos, possibilitando o bom desempenho de seus
empregados e em contrapartida o crescimento da
organização.
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3 - METODOLOGIAS PARA
CONTROLE DE QUALIDADE EM
SERVIÇOS DE UNIDADES DE
INFORMAÇÃO
Daniela Spudeit
Noeli Viapiana
Marcia Silveira Kroeff
QUALIDADE
O controle da qualidade tem como objetivo primordial a
sobrevivência das organizações, a partir da satisfação total
dos clientes, por meio da prestação de bens e serviços que
atendam às suas necessidades e, de preferência, que
excedam as expectativas. Satisfação total implica ser
atendido com garantia de qualidade total, conforme
afirmam Longo e Vergueiro (2002). Na mesma linha, Silva
(1999, p.8) explica que:
A diferença fundamental ao se definir qualidade na
prestação de serviços é encontrada na subjetividade e na
dificuldade de estabelecer o que é qualidade, uma vez que
os clientes reagem diferentemente ao que parece ser o
mesmo serviço. Cada cliente possui uma determinada
percepção sobre qualidade; muitas vezes, esta diferença se
origina até mesmo do “estado de espírito do cliente” no
momento da prestação do serviço. As pessoas possuem
padrões diferentes de qualidade.
2.2 PROGRAMA 5S
O programa 5s teve sua origem no Japão, pós-segunda
guerra mundial, quando o país precisava combater o
desperdício. Sem recursos naturais e devido à necessidade
de reconstruir o país, em maio de 1950, o professor Kaoro
Ishikawa apresentou um projeto. (COSTA et al., 1996).
Esse projeto, que originou o programa, retomava a
prática milenar de princípios educacionais daquele país em
que os pais passavam ensinamentos à vida dos filhos.
Nesses ensinamentos era encontrada, basicamente,
higiene, segurança, bem estar, sensatez e respeito ao
próximo. (COSTA et al., 1996).
O programa tem esse nome, porque trata de cinco
conceitos básicos e simples, porém fundamentais no
sistema da qualidade.
O Programa 5S originou-se das palavras japonesas
iniciadas com “S”, denominados como sensos, que
significam a faculdade de apreciar, de julgar, de sentir, que
são: seiri (utilização), seiton (organização), seisou
(limpeza), seiketsu (saúde) e shitsuke (autodisciplina).
(Ver quadro 2).
O programa 5S pode ser entendido como interligado,
formando um sistema com os cinco sensos. (LEONEL,
2011, p.5).
Estabelecer critérios para eliminar o desnecessário e obedecê-los;
Organização Adotar o gerenciamento pela estratificação para definir prioridades;
(Seiri) Tratar das causas da sujeira.
2.4 ServQual
Trata-se de uma ferramenta usada na gestão da
qualidade no setor dos serviços. Também conhecido como
Modelo das Cinco Lacunas ou Gaps, foi desenvolvido por
Parasuraman, Zeithaml e Berry, em 1985, e do qual
resultou em 1988 na elaboração da escala de mensuração
chamada ServQual, cuja intenção era identificar falhas
(gaps) entre o serviço esperado pelo cliente e o serviço
prestado ao cliente, ou seja, o cliente avalia a qualidade do
serviço, comparando o que espera com o que obteve.
Considera que a qualidade da prestação de um serviço é
um constructo subjetivo que resulta da comparação feita
pelo cliente entre o grau de serviço percebido
(“percepção”) e o de serviço esperado (“expectativa”).
Ainda, segundo Parasuraman, Zeithaml e Berry (1985),
ServQual é uma ferramenta usada no marketing dos
serviços, que recorre a cinco dimensões-chave para
comparar as expectativas do cliente com a sua percepção
sobre a categoria do serviço efetivamente recebido. Esta
comparação permite uma “análise de discrepâncias”, não
só no ponto de entrega do serviço, mas em vários pontos
da sua concepção e produção.
Contudo, o ServQual não fornece por si só informação
suficiente para identificar e decidir fundamentadamente as
prioridades de melhoria da qualidade do serviço.
A metodologia ServQual é um modelo universal e pode
ser aplicado em qualquer organização de serviços,
possibilitando uma avaliação numérica da qualidade do
serviço oferecido pela empresa, destacando os pontos
fortes e fracos. (CÖNSOLI; MARTINELLI, 2001). Para o
método ServQual, consideram-se cinco dimensões, tais
como:
3 CONSIDERAÇÕES
Ao analisar os modelos, verificou-se que a gestão de
qualidade colabora no planejamento e direção de unidades
de informação ao agregar significativo valor no que tange
aos serviços e produtos oferecidos aos interagentes.
Por meio da gestão da qualidade, buscam-se parâmetros
à melhoria das atividades e avanço das práticas gerenciais
implantadas nas unidades de informação.
É importante conhecer e usar metodologias e técnicas
para mensurar, avaliar e acompanhar a qualidade dos
serviços prestados em uma unidade de informação, desde
que sejam adaptadas a sua realidade e demandas. Desse
modo, torna-se necessário uma etapa fundamental em
todo processo, que é o planejamento em todas as fases
desenvolvidas desde o processo de implantação, de
avaliação e acompanhamento de sistemas automatizados.
Acredita-se que, assim, a unidade de informação será
beneficiada com a implementação de um programa de
gestão da qualidade. Resultados como melhor
relacionamento no ambiente de trabalho, melhorias no
comportamento, comprometimento das pessoas, melhoria
dos processos, satisfação, otimização de recursos em geral
e percepção do valor agregado aos serviços promovidos
pela unidade de informação poderão ser percebidos pelos
clientes e pelos funcionários da instituição.
As unidades de informação precisam se modificar
continuamente para acompanhar as transformações sociais
e inovações, sendo importante que a unidade de
informação consiga acompanhar os passos das teorias
administrativas aplicadas aos serviços de informação,
tendo em vista, sempre, a facilitação no atendimento ao
cliente.
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4 - AVALIAÇÃO DE SERVIÇOS
DE INFORMAÇÃO
1. INTRODUÇÃO
FUNÇÕES E TIPOS
No contexto de avaliação de UI, é imprescindível a
compreensão das terminologias adotadas em sua definição.
Afinal, o que é uma UI? Qual (ais) os tipos? Qual (ais) são
sua função? Quais serviços e produtos oferece? Porque e
para quem avaliar?
Uma UI pode ser considerada como um sistema
complexo, que tem como função atender às diversas
necessidades dos seus clientes/usuários, de acordo com
suas características e objetivos. Ao considerar uma UI
como um sistema complexo, não estamos nos referindo
necessariamente aos sistemas de informação somente em
sua estrutura tecnológica, mas em toda sua abrangência
cultural e social.
Segundo Barbosa e Franklin (2011, p. 95):
Conforme propugna a TGA, as unidades documentárias e
de informação são sistemas integrados, constituídos com o
fim de cumprir a missão de prover a sociedade com
informação útil – científica, técnica, cultural, factual,
corporativa etc. – sempre priorizando a informação que
promove conhecimento, ou seja, aquela informação que
mobiliza a estrutura mental do sujeito e modifica seu
estado cognitivo – passando (o sujeito) de alguém que não
sabia sobre um determinado evento e, agora, passa a
sabê-lo.
EM UI
Os serviços de informação compreendem as atividades
desenvolvidas pela UI, os benefícios que devem
proporcionar uma satisfação aos seus clientes/usuários e
são essencialmente intangíveis, tendo em vista que
materializar os serviços prestados é uma tarefa complexa.
A literatura apresenta algumas características que definem
os serviços de informação.
De acordo com N. Dholakia, Mundorf e R. Dholakia
(1997), os serviços de informação apresentam as
seguintes características: Intangibilidade – não apresenta
materialização; a Volatilidade – não “deixa vestígios” após
sua utilização; Uso intensivo da tecnologia – atual contexto
informacional, não há como as UI se isentarem do uso
destas ferramentas; Prestação de serviços Inter
organizacionais– as organizações trabalham em parcerias
e/ou cooperatividade de forma interdisciplinar com vistas a
atender às necessidades dos seus clientes/usuários. Os
autores incluem a estas características a interatividade –
necessidade de interação entre os clientes/usuários e o
caráter externo da rede – útil na difusão e disseminação
dos serviços prestados pela UI.
Assim, ao se pensar os serviços de forma mais ampla,
voltados diretamente aos clientes/usuários, segundo
Gianesi e Corrêa (2009), Corrêa e Caon (2002), Santos
(2000) e Passos et. al. (2013) entre outros, identifica-se
que os serviços em toda e qualquer organização e/ou UI
são produzidos e consumidos simultaneamente e não
necessitam da presença do cliente/usuário para serem
produzidos. Verifica-se, assim, o consenso de que os
serviços são intangíveis.
Para compreender a intangibilidade dos serviços de
informação faz-se necessária a distinção entre serviços e
produtos, pois ambos podem ser considerados resultados
de todo processo de gestão informacional.
Segundo Borges (2007, p.116):
Além de serem instrumentos para disseminação de
informação, os serviços e produtos em questão podem ser
considerados como o resultado de todo o processo de
gestão de informação, pois falar deles leva-nos a falar das
necessidades e do uso que o usuário faz da informação,
bem como das fontes disponíveis para o acesso à
informação.
O mesmo autor aborda essa diferença destacando ambos
como instrumentos de disseminação da informação, no
entanto, no atual contexto tecnológico e social os serviços
e produtos têm suas diferenças que vão além da sua
função de disseminar a informação, visto que os
clientes/usuários passaram também a interagir em todo o
processo de construção, tratamento, recuperação e uso da
informação.
Vergueiro (2002) apresenta as principais diferenças entre
serviços e produtos de forma sintetizada no Quadro 1,
exposto a seguir.
PRODUTO SERVIÇO
Poucos produtores têm contato com os clientes. A maioria dos produtores tem
contato com os clientes.
Os bens podem ser objetos de garantia, mas o É difícil desfazer os serviços que
produtor tem maior oportunidade para atenuar os não atendem aos requisitos – o
efeitos no cliente e assim diminuir a penalidade impacto financeiro é normalmente
financeira. total.
Os bens podem ser comprados para ser Os serviços não podem ser
armazenados de modo a satisfazer às necessidades armazenados, mas podem ainda
do cliente. estar disponíveis para a demanda
do cliente.
6. Divulgação na web
7. Serviços de sinalização
31. Biblioterapia
4. AVALIAÇÃO DE SERVIÇOS DE UI
Entre os vários questionamentos sobre a avaliação dos
serviços de informação de uma UI, estão: o que avaliar,
porque avaliar, para que avaliar, para quem avaliar e se
iniciamos a avaliação dos serviços a partir dos resultados
ou por meio dos problemas identificados em um
determinado serviço oferecido pela UI.
Segundo Lancaster (2004, p. 8, grifo nosso), não há
consenso entre estudiosos e pesquisadores da área sobre a
definição de avaliação:
Para alguns, a avaliação é a aplicação do ‘método
científico’ para determinar, por exemplo, a qualidade do
desempenho de um programa. Outros já consideram a
avaliação como um processo que reúne dados
necessários para determinar a melhor estratégia para
obter, com mais probabilidade, um resultado almejado, e
como alocar os recursos de modo mais eficiente para esse
fim.
Aspectos tangíveis
Confiabilidade
Presteza
Competência
Cortesia
Credibilidade Milet (1997)
Segurança
Acessibilidade
Comunicação
Entendimento do cliente
Preço
Custo
Qualidade Confiabilidade
Credibilidade
Velocidade de entrega Slack (1993)
Velocidade de
Confiabilidade da entrega atendimento do serviço
Flexibilidade Custo/preço
Acesso/acessibilidade
Confiabilidade
Tangíveis
Responsabilidade
Parasuraman, Zeithaml e
Confiança
Berry (1988)
Empatia
Tangíveis
Consistência
Velocidadede atendimento
Atendimento/atmosfera
Acesso
Custo Gianesi e Corrêa (2009)
Tangíveis
Credibilidade/segurança
Competência
Flexibilidade
AVALIAÇÃO
A partir da decisão de iniciar um processo de avaliação de
uma UI, o gestor deve considerar qual método ou
metodologia deverá adotar como ferramenta de auxílio na
aplicação dos indicadores que resultem na medição dos
seus serviços em prol da obtenção de resultados mais
confiáveis.
Quanto às metodologias, estas podem ser qualitativa,
quantitativa e pluralista. Segundo Almeida (2005, p. 28):
Quantitativa: utiliza metodologias baseadas na estatística e
na experimentação controlada, dá ênfase à mensuração e
quantifica metas e resultados, programa ou ação, mas que
também qualifique decisões, processos, resultados e
impactos sociais. Qualitativa: utiliza metodologias apoiadas
na sociologia, na antropologia ou na história oral e sua
ênfase recai nos agentes e nos processos. Pluralista: um
tipo de avaliação que não apenas mensure
quantitativamente benefícios ou malefícios de um programa
ou ação, mas que também qualifique decisões, processos,
resultados e impactos sociais.
Verifica-se que as metodologias utilizadas para a
avaliação de uma UI, são abrangentes e podem ser
aplicadas em qualquer tipo de UI, desde que respeite as
suas características e apresente dados confiáveis e
resultados precisos. De acordo com Almeida (2005), a
avaliação pluralista tem como foco a avaliação qualitativa e
a quantitativa, dessa forma, entendemos que essa
abordagem metodológica tem por finalidade ampliar os
resultados da avaliação proposta.
No entanto, é necessário compreender que as abordagens
das metodologias quantitativas e qualitativas podem
apresentar vantagens e desvantagens para o processo de
avaliação, conforme apresentadas nos Quadros 5 e 6.
ABORDAGEM ABORDAGEM QUALITATIVA
QUANTITATIVA
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O desafio de abordar um tema tão amplo nos leva a
considerá-lo como um vasto campo do conhecimento a ser
explorado, com suas vertentes fundamentadas na área da
Administração. Assim, o tema proposto – a avaliação dos
serviços de informação – pode ser considerado somente
uma pequena visão de tão importante atividade a ser
desenvolvida por uma UI.
Recomenda-se que a UI tenha seu planejamento
estruturado e bem definido, para que o processo de
avaliação seja profícuo; que o foco seja sempre seu
cliente/usuário para que sua existência seja justificada;
que os gestores e profissionais da informação tenham
consciência de que são produtores e consumidores dos
serviços ofertados, para que haja a interação entre os
mesmos; que se utilizem dos métodos, metodologias,
ferramentas tecnológicas e de todos os instrumentos
disponíveis para agilizar e facilitar o processo de avaliação,
com vistas a alcançar com mais clareza, credibilidade e
rapidez os resultados esperados; e que os resultados da
avaliação sejam disseminados e divulgados, aceitando as
críticas e propostas de melhorias.
Sugere-se também que as discussões apresentadas por
Lubisco (2014) sobre os indicadores apresentados pelo
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira (INEP) para a avaliação da UI (representada
aqui pela biblioteca universitária – BU) sejam mais
aprofundadas e que bibliotecários destas UI participem
mais destas discussões.
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Daniela Spudeit
1 Introdução
projetos
Em uma unidade de informação o bibliotecário exerce
papel fundamental porque precisa assumir a função de
gerente de projetos, o que demanda perfil diferenciado e
também características, habilidades e conhecimentos, que
precisam ser construídos e desenvolvidos de forma
contínua, considerando-se as diferentes metodologias, os
programas, as diretrizes e processos contidos na gestão de
projetos.
Além de fazer a gestão do projeto para que os objetivos
propostos sejam atingidos dentro do escopo, tempo,
recursos e prazos definidos, ele precisa garantir a
qualidade ao longo do projeto, gerenciar expectativas e
criar condições à equipe na motivação, monitoramento e
gerenciamento dos riscos, além de definir um roteiro e
controlar o avanço das etapas. Vargas (2003) enfatiza as
atribuições e principais habilidades requeridas:
4.5 Ralizar
Controle Integrado
de Mudanças
6.1 Planejar
Geranciamento de
Projeto
6.2 Definir
Atividades
6.3 Sequenciar
Atividades
6.4 Estimar
Tempo Recursos de
Atividades
6.5 Estimar
durações de
Atividades
6.6
Desenvolver
Cronograma
7.1 Planejar 7.4 Controlar
Gerenciamento Custos
de Custo
Custo 7.2 Estimar
Custos
7.3 Criar
Orçamento
8.1 Planejar 8.2 Realizar 8.3 Realizar
Qualidade Gerenciamento Gareantia de Controle de
de Qualidade Qualidade Qualidade
9.1 Planejar 9.2 Mobilizar
Gerenciamento Equipe de
de Recursos Projeto
Humanos
9.3
Recursos
Desenvolver
Humanos
Equipe do
Projeto
9.4 Gerenciar
Equipe do
Projeto
10.1 Planejar 10.2 10.3 Controlar
Gerenciamento Gerenciar Comunicação
Comunicação
de Comunicação
Comunicação
11.1 Planejar 11.6 Monitorar
Gerenciamento e Controlar os
de Riscos Riscos
11.2 Identificar
Riscos
11.3 Realizar
Análise
Qualitativa dos
Riscos
Riscos
11.4 Realizar
Análise
Quantitativa
dos Riscos
11.5 Planejar
Respostas aos
Riscos
12.1 Planejar 12.2 Reduzir 12.3
Aquisições Gerenciamento Aquisições Administrar
das Aquisições Aquisições
13.1 13.2 Planejar 13.3 13.4 Monitorar
Partes Identificar Gerenciamento Gerenciar Gerenciamento
Interessadas Partes das Partes Partes das Partes
Interessadas Inressadas Interessadas InteressadasS
Figura 3 – Áreas do conhecimento e grupos de processos
do PMBOK (2013)
Fonte: PMBOK (2013)
projetos
Segundo Kerzner (2011), o alcance da excelência em
gerenciamento de projetos não é possível sem um
processo repetitivo que possa ser utilizado em cada
projeto, o qual é chamada de metodologia de
gerenciamento de projetos.
Pelo Estudo de Benchmarking em Gerenciamento de
Projetos2 (2013), realizado no Brasil, 49% das empresas
consultadas informaram a pretensão de, nos próximos 12
meses, rever ou desenvolver uma metodologia de
gerenciamento de projetos, o que pode ser visto na figura
2. Se houvesse uma metodologia universal, não seria
necessário esse esforço das Organizações.
5 CONSIDERAÇÕES
Na Biblioteconomia e Ciência da Informação há poucas
publicações a respeito do assunto direcionadas à gestão de
projetos em unidades de informação. Logo, nesse capítulo
destacamos a importância dos projetos no processo e na
criação de instrumentos, objetivando tornar a gestão
efetiva por bibliotecários, assim também contribuindo com
algumas reflexões e diretrizes no suprimento de parte
dessa lacuna na formação e atuação desses profissionais.
Conceitos, tipos, etapas, estrutura e ciclo de vida de um
projeto foram discutidos para possibilitar a reflexão e a
percepção sobre a importância da gestão de projetos em
uma organização; os desafios e o papel do gerente de
projetos com destaque ao bibliotecário enquanto peça-
chave nesse processo, que exige o desenvolvimento de
determinadas competências, a fim deque este profissional
elabore, execute, acompanhe e monitore os projetos
voltados às necessidades das unidades de informação.
A partir da concepção de ideias é que são pensadas as
ações práticas que podem solucionar o
problema/necessidade da unidade de informação.
Entretanto, essas ações precisam ser planejadas pelo
bibliotecário para que realmente sejam instrumentos de
mudança e possam, efetivamente, alcançar o objetivo
proposto por meio da elaboração e execução de um
projeto.
Essa empreitada deve ser balizada por recursos, por meio
de um escopo bem definido, a fim de ser obtida a
efetividade no alcance dos objetivos propostos e,
principalmente, o projeto precisa ser gerenciado. Aqui
entra a gestão de projetos e o papel do bibliotecário como
gerente de projetos na unidade de informação para
sedimentar essa importante iniciativa.
Em uma unidade de informação, o bibliotecário exerce
papel fundamental, porque precisa assumir a função de
gerente de projetos, o que demanda um perfil diferenciado
e também características, habilidades e conhecimentos, os
quais precisam ser construídos e desenvolvidos de forma
contínua, considerando-se a existência de metodologias,
programas, diretrizes e processos distintos e integrantes
da gestão de projetos.
Em cada uma das etapas e fases do projeto, há fatores
críticos que o gerente de projetos precisa estar atento para
que os projetos sejam exequíveis e exitosos. O gerente
detém alta responsabilidade, exigindo-lhe capacidade
técnica, conhecimentos específicos no escopo do projeto,
conhecimento sobre o perfil e habilidades dos membros da
equipe, assim como conhecimento em gerenciamento de
projetos.
Para resolver esses fatores e obstáculos que podem
prejudicar a execução de um projeto, apresentaram-se as
áreas do PMBOK® que é um guia de boas práticas para
facilitar o trabalho dos gerentes de projetos e efetivação da
gestão nas organizações.
É importante ressaltar que todas as dez áreas do
PMBOK® são aplicáveis em unidades de informação,
cabendo ao bibliotecário promover a execução,
acompanhamento e finalização desses processos. As
unidades de informação têm como missão promover o
acesso às fontes de informação, assim é importante que
sejam adotadas as boas práticas para acelerar o
lançamento de produtos e serviços, reduzir custos,
melhorar os controles de qualidade, otimizar recursos e
esforços.
Para facilitar a gestão dos projetos e o desempenho do
gerente de projetos, além de conhecer as diretrizes e boas
práticas do PMBOK®, há ferramentas e programas, tais
como Dropbox, Trello, xMind, GanttProject, jxProject
entre outros que podem auxiliar no gerenciamento dos
projetos e alcance dos objetivos apresentados nesse
capítulo. Espera-se que os bibliotecários busquem o
conhecimento de diferentes recursos, metodologias,
programas que podem ajudá-lo em seu ambiente de
trabalho e a interagir com profissionais de variadas áreas,
tendo por finalidade a formação de equipes
multidisciplinares, visando à melhoria dos serviços
prestados pelas unidades de informação.
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1. INTRODUÇÃO
2. Lean THINKING
O Lean thinking, pensamento enxuto, também conhecido
como mentalidade enxuta, é uma filosofia de gestão que
visa à eliminação de desperdícios em todos os
procedimentos de uma organização. Nasceu com o Sistema
Toyota de Produção (STP); essa filosofia preconiza uma
avaliação cuidadosa, desde as atividades mais básicas até
as mais complexas, com a finalidade de identificar os
desperdícios e o valor a partir da ótica dos clientes e
interagentes.
Scuccuglia (2006, p. 12) define pensamento enxuto como
“[...] uma forma de especificar valor, alinhar na melhor
sequência as ações que criam valor, realizar essas
atividades sem interrupção toda vez que alguém a solicita
e realizá-las de forma cada vez mais eficaz.” O autor
afirma ainda que o “[...] pensamento enxuto é enxuto,
porque é a forma de se fazer cada vez mais com cada vez
menos.”
Na visão de Womack e Jones (2003), o ponto de partida
para o pensamento enxuto é o valor final que o produto ou
serviço deve ter, sendo que o valor só pode ser definido
pelo cliente consumidor; assim sendo, é imprescindível às
organizações conhecerem seus clientes, a fim deque eles
recebam somente o desejado no momento e na quantidade
estipulada.
2.1 Origens
O desenvolvimento do pensamento enxuto teve como
base o STP. Sua história está intrinsecamente ligada ao
crescimento do sistema de produção de automóveis,
vivenciado no início dos anos de 1940 pela indústria
montadora de veículos Toyota e, também, à mudança de
modelos, à forma de gerenciar os processos, possibilitando
maior produtividade e redução de custos.
Com o final da Segunda Guerra Mundial, o Japão
enfrentava um cenário de escassez de recursos de
produção e de capital à produção em massa. Para se
manter no mercado, o presidente da Toyota, na época, o
engenheiro EijiToyoda foi estudar o parque de produção
Rouge da Ford nos Estados Unidos, considerado o mais
eficiente do mundo na produção de automóveis da época.
No final de sua avaliação, retornou ao seu país junto ao
engenheiro de produção Taiichi Ohno, concluindo que a
produção em massa, em termos de desenvolvimento
econômico, não oferecia no Japão, os mesmos resultados
que nos Estados Unidos. Em vista disso, era preciso pensar
um novo sistema de produção mais eficiente à realidade do
país. (GREEF; FREITAS; ROMANEL, 2012).
Em 1945, com o Japão saindo derrotado da Guerra,
Kiichiro Toyoda, presidente da Toyota, disse ter de
alcançar a produtividade dos americanos em três anos, que
até aquele momento era 9 vezes mais eficiente, caso
contrário a indústria automobilística do Japão não
sobreviveria à crise que se alastrava pelo mundo (OHNO,
2006). Para alcançar essa meta que no início parecia quase
impossível, realizaram-se estudos no processo produtivo
da Toyota, e o raciocínio dos engenheiros foi de que o
aumento da produtividade não bastaria para agregar valor
à produção. Já, a redução de custos na produção e o
alinhamento da oferta de produtos e demanda real de sua
comercialização (na quantidade exigida e no tempo certo
de distribuição) representariam os ganhos significativos à
sobrevivência da indústria automobilística no país (GREEF;
FREITAS; ROMANEL, 2012).
Não foi fácil, nem unânime aceitar e visualizar as falhas
de produção, pois era contrário àquilo que eles sempre
pregavam - o sistema de produção em massa -,
amplamente praticado no Ocidente, desenvolvido por
Frederick Taylor e Henry Ford no início do século XX e que
predominou no mundo por quase todo esse século. Em
consequência, durante o período pós-crise, a Toyota se
tornou muito mais competitiva comparada às indústrias
europeias e norte-americanas que mantinham os sistemas
de produção em massa inalterados. (OHNO, 2006;
SHIMOKAWA; FUJIMOTO, 2011; WOMACK; JONES; ROOS,
2004).
Com o auxílio dos próprios funcionários, novos modelos
de produção para facilitar as atividades rotineiras e
eliminação de desperdício foram implantados. Isso só foi
possível com a mudança da mentalidade das pessoas, que
passaram a ter maior participação e poder de decisão nos
processos e, consequentemente, tiveram mais aceitação e
interesse na adaptação ao novo sistema de produção mais
enxuto. Assim, a Toyota desenvolveu uma série de
técnicas de aperfeiçoamento da produção, consolidando o
Sistema Toyota de Produção e o Modelo Toyota, que deram
origem ao conceito de produção enxuta e pensamento
enxuto. (GREEF; FREITAS; ROMANEL, 2012).
Foco na produção em massa sem Busca pela melhoria contínua com a ausência
grande preocupação com a qualidade. de desperdício.
5. CONSIDERAÇÕES
O levantamento feito das publicações sobre Lean na
literatura nacional apontam que o emprego dessa filosofia
de gestão nas bibliotecas brasileiras ainda está em fase
embrionária. Ao mesmo tempo que os resultados
significativos, no sentido da simplificação da operação de
bibliotecas estrangeiras, a partir do emprego das técnicas e
ferramentas Lean, evidenciam a importância de se
desenvolver o pensamento enxuto em unidades de
informação. (UIs).
Deve ser reforçado que o emprego do Lean em UIs
demanda inicialmente o apoio da alta gestão. O
desenvolvimento de uma cultura e clima organizacional
voltado ao Lean depende do suporte daqueles que pensam
a biblioteca sob a perspectiva estratégica. Os altos
gestores precisam estar convencidos da importância da
adoção do pensamento enxuto na biblioteca, para que
possam disseminar a filosofia pela unidade de informação.
Para tanto, a adoção do Lean precisa ser sistematizada,
partindo da realização de workshops com os colaboradores,
de modo a difundir o conceito e suas ferramentas até a
operacionalização do kaizen ou “melhoria contínua”, por
meio de programas institucionais que possibilitem o
aprimoramento diário e constante das atividades
organizacionais, focando no aumento da produtividade. Um
time motivado para o Lean é elemento chave de sucesso;
espaços precisam ser criados na organização para que a
interação e a colaboração ocorram entre a equipe. Deve
considerar-se que no pensamento tradicional os gestores
emanam ordens/diretrizes; no pensamento enxuto, os
gestores ensinam/colaboram e buscam sugestões da
equipe.
Outro aspecto a ser destacado é a importância da Jidoka
(autonomação ou automação com toque humano) no
processo de emprego do Lean, especialmente no contexto
das UIs. O bibliotecário precisa estar cada vez mais atento
à possibilidade de uso das tecnologias da informação e
comunicação (TIC) nas bibliotecas, visualizando a criação
de facilidades e novos serviços para seus interagentes.
Faz-se necessário desmitificar o emprego de TIC em
unidades de informação. A implantação de muitas
tecnologias não demanda muito investimento, nem de
profissionais de TI para a sua operacionalização. QRCode,
realidade aumentada, apps voltados à Biblioteconomia, tais
como os aceleradores de leitura de documentos eletrônicos
e soluções para webconferências são exemplos de TIC, que
podem ser usadas pelas bibliotecas para facilitar ou
enriquecer a experiência dos interagentes. Neste cenário,
ainda citamos os sistemas open source(código aberto) à
gestão de acervos, construção de repositórios digitais e
bases de conhecimento.
A biblioteca precisa de inovação, sendo que a implantação
do pensamento enxuto promove, intrinsecamente,
inovação de processo. A ênfase no cliente sugere uma
biblioteca mais ágil, mais envolvente, mais simples no seu
funcionamento, cumprindo a sua missão de maneira
eficiente e eficaz, entregando informação de qualidade e no
tempo certo, de modo a atender as expectativas e anseios
dos seus interagentes.
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1. INTRODUÇÃO
2. RECEITAS
A palavra receita é uma daquelas que detém vários
significados. Essa polissemia na palavra receita de nota
vários sentidos na sociedade, por exemplo: na indicação de
ingredientes no preparo de uma comida, na prescrição de
um medicamento - na área farmacêutica -, bem como no
produto de resultados financeiros. (FERREIRA, 2009).
Na área da contabilidade, Szuster et. al. (2009, p.
39)atribui à palavra receita, “[...] geração de recursos
provenientes da venda de mercadorias (como no setor
varejista); da prestação de serviços (como em consultas
médicas) [...]. Que resulta em um aumento em caixa ou
em contas a receber”. Em outras palavras, Gonçalves e
Baptista (2007) definem as receitas como contas de
natureza credora, resultando em valores que afetam
positivamente o patrimônio de uma empresa, instituição.
Para tanto, Iudícibus (2010) salienta que as receitas
podem ser oriundas de dinheiro ou direitos a receber,
correspondendo normalmente a vendas de mercadorias ou
produtos e na prestação de serviços. Além disso, as
receitas podem se originar de juros sobre depósitos ou
títulos, de aluguéis e outras origens.
Em unidades de informação, as receitas são as entradas
positivas monetariamente, provenientes de vendas,
serviços, parcerias, títulos, dentre outras formas, estando
ligadas à informação ou não.
Ao analisar como uma unidade de informação pode gerar
receita, talvez a resposta mais eminente esteja direcionada
ao ganho de capital, oriundo de multas, referentes aos
atrasos na devolução de obras pelos interagentes1. Porém,
esta não é a única forma de gerar receita em uma unidade
de informação, outras possibilidades estão presentes, visto
que o bibliotecário é também um empreendedor.
Neste sentido, uma das formas de gerar receita em
unidades de informação está na organização de serviços ou
mesmo na venda de produtos, tais como: a venda de
livros, vídeos e outros recursos informacionais.
Independente de ser serviço ou produto, o bibliotecário
precisa entender a diferença entre essas duas maneiras de
gerar receita à unidade de informação. Na prestação de
serviços há o contato direto com o interagente, pode ser
algo personalizado, pode haver a participação do
interessado no processo e se caracterizar como algo
intangível. Os produtos, para serem criados, não
necessariamente exigem o contato/presença do
interagente, já que podem ser produzidos e consumidos
em diferentes etapas, são tangíveis e mensuráveis,
podendo ser armazenados e até perder o prazo de
validade. (FITZSIMMONS, FITZSIMMONS, 2000; CORREA,
CAON, 2002; GIANESI, CORREA, 2007).
Como exemplos de produtos em uma unidade de
informação, tem-se a venda de livros que pode ser
efetuada em parceira com autores e editoras. Porém, vale
mencionar que para a execução desta ação, a unidade
informação deve obter permissão, conforme a legislação,
por causa do recolhimento de tributos vigentes.
As aplicações financeiras podem ser outro caminho às
unidades de informação de gerar receita. Em uma unidade
de informação, o bibliotecário pode vender alguns produtos
e com o lucro obtido planejar uma porcentagem dos
recursos disponíveis em aplicações financeiras,
resgatando-a no futuro e investindo-a na própria unidade
de informação, seja no planejamento de novos serviços,
promoção de produtos, melhoria da infraestrutura ou
mesmo no próprio estoque informacional2.
Além de produtos, podem ser planejados alguns serviços
para gerar receita, tais como participar do programa de
comutação bibliográfica e cobrar um valor a mais pela
prestação do serviço, além da cópia/envio do material
solicitado pelo interagente. Outros exemplos de serviços
que podem ser planejados e cobrados dentro das unidades
de informação é a elaboração de fichas catalográficas,
organização das informações acadêmicas no currículo
Lattes (plataforma do CNPq) ou mesmo normalização de
trabalhos acadêmicos/documentos, entre outros.
Oferecer cursos de capacitação em parceria com
profissionais da área de interesse (ministrantes), bem
como o aluguel de espaços da unidade de informação
àempresas e pessoas físicas promoverem cursos, palestras
e eventos é, também, outra possibilidade à geração de
receita na instituição.
Atividades inovadoras é outra forma de capacitar recursos
e ao mesmo tempo gerar receita em unidades de
informação, como por exemplo: as mídias sociais. O bom
gerenciamento e divulgação nessas plataformas pode
acarretar grande número de seguidores; havendo,
também, grande alcance na web, em que a unidade de
informação pode oferecer pacotes de postagens
promocionais gerando, assim, mais um canal de
arrecadação de receita.
Os exemplos supracitados, em alguns casos, já são
ofertados pela unidade de informação, porém de forma
gratuita à comunidade. Muitas vezes, o gestor da unidade
de informação não sabe precificar todos os recursos
envolvidos na prestação desse serviço, impossibilitando
melhorias e/ou justificativa à contratação de mais
profissionais para atuar na equipe.
Em geral, são serviços que apresentam expressiva
contribuição à comunidade, porém não valorizados pelo
diretor da instituição que, em alguns casos, não os percebe
como rentáveis, e nem o próprio bibliotecário que gerencia
esse espaço; no entanto, esses serviços agregam valor aos
interagentes no aspecto da formação do seu capital
intelectual.
Há gastos envolvidos em tudo na unidade de informação,
independente do serviço ser cobrado ou não; basta o
bibliotecário conhecer as estratégias para precificá-lo,
calcular os custos da sua execução, o que representam à
instituição, a fim de que haja um planejamento financeiro
na prestação desses serviços pela unidade de informação,
podendo, assim, ser gerada receita para ser revertida à
melhoria do próprio espaço.
É importante ressaltar dois aspectos intrínsecos
envolvidos que balizam esses pontos pouco debatidos na
Biblioteconomia. a) Um se relaciona a cobranças de
serviços em unidade de informação, algo incomum no
Brasil e que precisa ser aprofundado dado às despesas e
altos custos envolvidos na implantação e atualização dos
estoques em uma unidade de informação, a fim de torná-la
sustentável financeiramente. b) O segundo ponto se
relaciona à cultura de cobrança do acesso à informação
que muitos países, empresas e editoras fazem atualmente.
É preciso esclarecer que o movimento de acesso aberto à
informação busca justamente facilitar o acesso às
informações privativas em bases de dados e revistas
pagas. Acredita-se que isso deve ser levado em
consideração pelo bibliotecário gestor no planejamento dos
serviços, visto o compromisso social que essa profissão
detém, facilitando e mediando o acesso aos diferentes
recursos informacionais.
Sendo assim, é importante esclarecer que ao se falar em
despesas, receitas, custos envolvidos na gestão da unidade
de informação aqui, referimo-nos à infraestrutura
necessária para a venda de produtos e/ou prestação de
serviços (pessoas qualificadas, equipamentos, espaço
físico, entre outros), porém não à cobrança de taxa direta
do interagente ao acessar qualquer tipo de informação
dentro/disponibilizado pela unidade de informação.
Além disso, há também as receitas ambientais que estão
ligadas diretamente ao favorecimento das causas
ambientais. Conforme Silva (2009), a receita ambiental
representa um ganho no faturamento total da entidade,
que a reconhece como sendo devida a sua
responsabilidade com o meio ambiente. De maneira
simplificada, essas receitas decorrem da prestação de
serviços especializados em gestão ambiental como, por
exemplo: a venda de produtos elaborados de sobra de
insumos ou de reciclagens.
Nessa conjuntura, toma-se como exemplo de receitas
ambientais em unidades de informação o reaproveitamento
do papel, como a venda para a reciclagem, gerando,
assim, uma receita extra à instituição. Outro exemplo é a
fabricação de camisetas e canetas feitas de garrafas pet
recicladas, que pode servir como produto personalizado,
tendo a marca da unidade de informação.
Conforme foi apresentado, é importante entender a
diferença entre os conceitos e implicações da criação de
produtos e prestação de serviços pelo bibliotecário, com a
finalidade de gerar valor e receita à unidade de
informação, pois há gastos envolvidos, conforme será
tratado a seguir.
3. GASTOS
O gasto é o sacrifício monetário que a entidade assume
para obter um produto ou serviço qualquer (BERTI, 2006;
GONÇALVES; BAPTISTA, 2007; CREPALDI, 2009; BRUNI,
2010). Neste raciocínio, Dutra (2009, p.17) infere que o
gasto é em outras palavras “[...] o valor pago ou assumido
para obter a propriedade de um bem, incluindo ou não a
elaboração e a comercialização, considerando as diversas
quantidades adquiridas, elaboradas ou comercializadas”.
Assim sendo, o gasto se aplica a todos os bens e serviços
adquiridos como, por exemplo: na compra de matérias-
primas e mão-de-obra.
Para tanto, Crepaldi (2009) salienta que gasto é um
termo genérico e pode representar diferentes situações,
como custos, despesas ou investimentos. Para maior
entendimento sobre – gasto -,apresenta-se a seguir as
diferentes situações (custos, despesas e investimentos)
que o gasto representa.
3.1 CUSTOS
Em linhas gerais, o custo é um gasto que está relacionado
a um bem ou serviço utilizado na produção de outros bens
ou serviços. (BERTI, 2006; GONÇALVES; BAPTISTA, 2007;
MARTINS, 2008; CREPALDI, 2009). Complementando,
Martins (2008) define o custo como gasto financeiro que a
organização pretende arcar ao oferecer um serviço ou na
obtenção de um produto.
Por sua vez, Bruni (2010) infere que o custo é a transição
de investimento, tendo como destino final o valor de base
do produto ou serviço. O autor ainda exemplifica que toda
matéria-prima, convertida em produto ou serviço, é
considerada custo.
Dutra (2009) salienta que o custo incide em duas
perspectivas: a primeira sob o olhar do fabricante e a
segunda sob o olhar do consumidor. De acordo com o
autor, na visão do fabricante o custo é “a parcela do gasto
que é aplicado na produção [...] é a soma de todos os
valores agregados ao bem, desde sua aquisição até que ele
atinja o estágio de comercialização”; já, na perspectiva do
consumidor, o custo é “o valor aceitado pelo comprador
para adquirir um bem” (DUTRA, 2009, p. 17).
Em unidades de informação, o custo é o gasto monetário
de origem da fabricação de um produto ou serviço, seja ele
de informação ou não. Em outras palavras, é toda a forma
de desembolso financeiro que a unidade de informação se
compromete arcar à obtenção de um serviço ou produto.
Uma unidade de informação disponibiliza ao seu público o
serviço de referência, o qual se consolida pela presença do
bibliotecário na busca e esclarecimento de informações aos
interagentes, ou seja, na solução de problemas
informacionais. O bibliotecário de referência está
diretamente ligado aos custos da instituição, pois sua
remuneração salarial faz parte de um serviço prestado pela
instituição.
Outro exemplo é o serviço de reprografia dentro de
unidades de informação que ao serem exercidos
apresentam custos, tais como: manutenção do
equipamento, gasto de energia, bem como o custo unitário
de cada material de uso, como: a tintas e folhas para
impressão.
Por fim, algo muito comum que não se restringe somente
às unidades de informação, mas a vários segmentos que
compõem a sociedade são as manifestações artísticas,
culturais e técnico-científicas. Ambas necessitam da
contratação de profissionais especializados, o que requer
custo. Assim, quando acionada a contratação desse tipo de
serviço, faz-se necessário analisar a sua viabilidade, isto é,
há de ter o mapeamento de todos os custos ligados direta
ou indiretamente ao serviço almejado.
3.2 DESPESAS
As despesas são os bens ou serviços consumidos de forma
direta ou indiretamente à obtenção de receitas (BERTI,
2006; MARTINS, 2009; IUDÍCIBUS, 2010). Nesta
conjuntura, alguns autores como Gonçalves e Baptista
(2007), Crepaldi (2009) e Dutra (2009) atribuem às
despesas uma definição mais específica, relacionando-a
aos gastos de bens e serviços não utilizados efetivamente
nas atividades produtivas, mas consumidos de maneira
direta ou indireta no esforço da entidade na produção de
receitas.
Para tanto, Dutra (2009, p. 17) intensifica que as
despesas são as parcelas do gasto “que ocorre desligada
das atividades de elaboração de bens e serviços”, isto é,
aquelas que não estão diretamente associadas à produção
do produto ou serviço prestado. Sendo assim, as despesas
são gastos que não estão relacionados ao processo
produtivo, mas às identificações dos demais fatores de
uma instituição, na administração, no financeiro, que
reduzem a receita. (BERTI, 2006; CREPALDI, 2009).
Em suma, em unidades de informação, as despesas são
os gastos monetários originados que não estão
diretamente relacionados à produção de um serviço ou
produto, seja ele de informação ou não.
Dentro de uma unidade de informação, por exemplo, há
os diretores responsáveis pela administração e
funcionamento da instituição, os quais não estão ligados
diretamente à produção de um bem ou de um produto na
instituição (no serviço de referência); sendo assim, suas
remunerações passam a ser despesas e não custos à
instituição.
Além do exposto, as despesas podem ser originadas de
compras de equipamentos, como nas de equipamentos de
informática. Uma unidade de informação que optou pela
compra de equipamentos de informática, por meio de
prestações ao invés de parcela única, ou seja, à vista,
certamente, cada parcela terá percentual de juros,
montante considerado de despesa com juros.
As despesas em unidades de informação podem também
estar relacionadas aos serviços indiretos como, por
exemplo: a manutenção do ambiente, a limpeza e a
segurança do espaço.
3.3 INVESTIMENTOS
Entende-se por investimento “o gasto que tem a
finalidade de obtenção de benefícios a curto, médio e longo
prazo” (BERTI, 2006, p. 21). O investimento é
contabilizado em função da sua vida útil, porém traduzido
em benefícios somente no futuro. (GONÇALVES;
BAPTISTA, 2007).
Crepaldi (2009) classifica os investimentos sob duas
perspectivas: investimentos circulantes e investimentos
permanentes. Segundo o autor, os investimentos
circulantes são representados por estoques de matéria-
prima ou produtos para revenda, isto é, são os produtos
armazenados em estoque para venda ou à criação de
produto; já, os investimentos permanentes são
representados por máquinas, equipamentos e instalações;
são os gastos relacionados a bens permanentes à
fabricação do produto que, ao longo do tempo, desgasta-se
e se torna despesa com depreciação.
Em unidades de informação, os investimentos são os
gastos que terão possíveis benefícios no futuro, seja eles
de pequeno, médio, ou longo prazo, ligados à informação
ou não.
Por exemplo, os investimentos circulantes em unidades de
informação, o serviço de reprografia. As folhas e a tinta de
reprografia quando estão sendo utilizadas na prestação de
serviço são custos, mas antes disso, elas são alocadas no
estoque, ou seja, uma matéria-prima nesse momento é um
investimento. Outro exemplo de investimentos circulantes
agora não restritos às unidades de informação, mas no
segmento de uma livraria em relação aos produtos para
revenda está no livro. Quando o livro está exposto na loja,
ele é um custo, mas se os demais exemplares da mesma
obra estiverem armazenados no estoque, passa a ser um
investimento.
Neste raciocínio, ainda podem ser citados como exemplo a
criação de alguns produtos que contenham a marca da
unidade de informação, visando ao marketing do espaço
como canecas, canetas, entre outros. Tais objetos em
estoque, sem uma arte e design definidos, faz desses
objetos armazenados um investimento.
Quanto aos investimentos permanentes em unidades de
informação, apresenta-se como exemplo: a compra de
equipamentos (estantes, mesas), bem como o
melhoramento das instalações (ar condicionado,
iluminação, entre outros).
4. PERDAS
Entende-se por perdas os bens ou serviços consumidos de
forma anormal ou involuntária (BERTI, 2006; GONÇALVES;
BAPTISTA, 2007; MARTINS, 2008; CREPALDI, 2009;
BRUNI, 2010). As perdas podem decorrer da atividade
normal produtiva da instituição ou por fatores
extraordinários. (BRUNI, 2010).
Direcionadas às unidades de informação, as perdas são
ocasionadas pelo consumo anormal de um bem ou serviço,
seja ele de informação ou não. Para tanto, as perdas em
instituições detêm várias características, podendo estar
ligadas aos fatores intrínsecos da instituição, bem como às
causas naturais.
Toda unidade de informação que possuir um quadro
expressivo de funcionários, afastados por greve ou com
problemas de saúde, por exemplo, terá uma perda, visto
que a ausência da mão de obra destes funcionários
acarretará em danos à instituição na forma expressiva de
valor tanto quanto na inferência das atividades técnico-
administrativas.
Um exemplo que condiz com as causas naturais que
podem gerar perdas são as enchentes ou incêndios, não só
em unidades de informação, em qualquer outro
empreendimento. Uma enchente causa danos à instituição,
materiais ou na forma expressiva de valor, refletindo em
perdas. Ainda sobre as causas naturais, os incêndios
também são causadores de perdas em grande proporção
em instituições, muitas vezes associados à falta de
manutenção das instalações elétricas, que estão precárias.
As perdas também podem ser acarretadas pelo prazo de
validade de alguns produtos e equipamentos. É importante
que o bibliotecário esteja atento à validade de produtos e
equipamentos (como produtos de limpeza e higiene), bem
como dos equipamentos condicionados ao ambiente (como,
por exemplo: o gás do ar condicionado), pois o contrário
acarretará em perdas à instituição.
5. CONSIDERAÇÕES
O atual fluxo do mundo do trabalho, caracterizado de
dinâmico, fluido e competitivo, devido às implicações de
fenômenos sociais causados pela globalização, abertura de
mercados, tecnologias da comunicação e informação,
implica nova forma de perceber e gerenciar os recursos ao
desempenho do trabalho em uma empresa, órgãos
públicos, organizações não governamentais e, inclusive,
em unidades de informação geralmente subordinadas às
instituições.
Nessa conjuntura, é importante que o bibliotecário tenha
uma visão interdisciplinar e desenvolva competências
gerenciais, garantindo a sustentabilidade desses
importantes espaços de acesso aos diferentes recursos
informacionais, insumos necessários à promoção da
inovação, garantindo a competitividade das organizações e
também a contribuição do capital intelectual às pessoas
demarcadas pelo constante fluxo informacional existente
no século XXI.
Entre as competências requeridas do bibliotecário,
destaca-se a busca pelo perfil intraempreendedor para
agregar valor à atuação e se diferenciar no mundo do
trabalho, com a finalidade de novas oportunidades serem
vislumbradas, assim como determinados conhecimentos
necessários à otimização de recursos na unidade de
informação, que dizem respeito à gestão financeira.
É premente observar que o conhecimento na área de
contabilidade, principalmente conceitos e práticas
permeadas pelo controle de receitas, despesas, gastos,
investimentos, perdas, entre outros, contribuirão para
sedimentar a atuação desse importante profissional em
uma sociedade que necessita acessar a informação em
diferentes meios; assim como benefício à gestão das
unidades de informação. Dessa forma, apresenta-se o
infográfico para ilustrar esses conhecimentos de modo
mais didático:
Figura 1: Exemplificação dos conceitos abordados
Fonte: Elaborado pelos autores (2016)
1. INTRODUÇÃO
2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Considera-se que a metodologia visa à apresentação das
estratégias usadas ao leitor, delimitando o trabalho e seu
desenvolvimento. Deste modo foram feitas buscas, usando
o termo marketing em todos os campos. Num segundo
momento, para refinar os resultados, os trabalhos
recuperados foram analisados, a fim de verificar se
estabeleciam relação com biblioteca ou biblioteconomia.
(Quando se fala “em todos os campos”, quer-se dizer que
foram considerados assunto, palavras-chave, título ou
resumo). Em alguns trabalhos, a palavra marketing foi
encontrada apenas no resumo; nesses casos, observou-se
que faziam referência ao marketing, porém não era o foco
do estudo, sendo assim, não nos valemos deles. Numa
segunda etapa de refinamento, os trabalhos foram
analisados e os que tinham foco prático ou teórico na
temática foram aproveitados.
Para fins da busca, foram usadas as seguintes fontes de
informação: a Biblioteca Eletrônica (scielo.br) , Anais do
Congresso Brasileiro de Biblioteconomia e Documentação
(CBBD), Anais do Seminário Nacional de Bibliotecas
Universitárias (SNBU), Periódicos eletrônicos na área da
Biblioteconomia e Ciência da informação e a Brapci. Com
vistas ao tempo disponível à realização do trabalho e do
material encontrado, optou-se pelo enfoque nos Anais do
CBBD nos anos de 2013 e 2015; Anais do SNBU, anos de
2012 e 2014. Para fins de complementação da busca,
foram feitas pesquisas na Base de dados sobre Ciência da
Informação BRAPCI (http://www.brapci.ufpr.br/). Em todas
as fontes foram encontrados materiais sobre a temática.
3. REVISÃO DA LITERATURA
A biblioteca, considerada uma organização que não visa
ao lucro financeiro, não difere de outras organizações no
sentido de promover seus recursos. Nas fontes
consultadas, Espírito Santo (1973) foi a bibliografia mais
antiga encontrada (não se descarta que possam existir
outros trabalhos),seja na obra de Amaral (2001) ou na
Brapci. O autor expôs que “a biblioteca não é diferente de
nenhuma outra organização. Ela precisa estabelecer um
programa de relações públicas que apoie e divulgue seu
trabalho”. O sentido da afirmação é levar ao público o
conhecimento das suas atividades e do que pode oferecer.
Passados mais de quarenta anos, essa máxima continua
adequada ao contexto. Nesse sentido, o marketing não é
algo novo na caminhada dos profissionais da informação,
ele se desenvolveu, adaptou-se a outros contextos, mas
sua finalidade permanece.
Outros trabalhos da década de 1970, relacionados ao
tema marketing foram encontrados na base citada.
Embora, tratassem da temática sobre marketing,
continham outro foco e por tal motivo não foram
destacados no presente trabalho.
Esta introdução serve para dizer que falar de marketing
não é algo novo. Nunes (2011) expõe que a missão das
bibliotecas, independente do público a qual se destina, é
oferecer o suporte informacional necessário, a fim de para
suprir as necessidades dos usuários, pois a informação
desempenha papel fundamental no desenvolvimento da
sociedade.
Cabe dizer que se a finalidade é realmente ser suporte,
havendo o acesso facilitado pelas tecnologias digitais, é
preciso discutir como fazer isso.
Em outro texto encontrado nas fontes consultadas, dentre
os mais antigos com o foco em marketing, observa-se em
Pimentel (1983), a visão sobre a "falta de chefias
integradas" e na "ausência de estratégias de direção e
desenvolvimento". O autor destaca que o “desafio à
dinamização das atividades da biblioteca é renovar o
bibliotecário e sua metodologia gerencial, porque antes da
biblioteca está o bibliotecário”. Segue-se a linha de
pensamento anterior, visto a lacuna entre o artigo citado
(1983) e o período atual (2016);vive-se outros tempos,
mas as mudanças residem no pensamento e atitude das
pessoas.
Compreende-se que atualmente há facilidades
inexistentes noutros tempos. Com certeza, são as
tecnologias digitais que proporcionam novas ações diante
de uma mesma realidade. O autor afirma “é preciso,
portanto, que cada bibliotecário faça um balanço da
situação atual da sua biblioteca para conhecer as áreas, de
"lucros e perdas”. A gestão de uma biblioteca é um
processo e, como tal, não pode ser algo estanque no
tempo/espaço. Deve ser dinâmico, direcionado a sua
realidade, pois, muitas vezes o que serve para uma
biblioteca pode não servir a outra. Nesse sentido, os
princípios de marketing serão elementos motivadores e
transformadores.
Araújo, Silva e Silva (2011) ressaltam que as tecnologias
facilitaram o acesso à informação e que o foco deixa de ser
o domínio e passa a será cesso à informação nos mais
diversos suportes. Os autores discorrem sobre a
necessidade da aplicação de ações de marketing na
divulgação dos serviços oferecidos por unidades de
informação do tipo biblioteca, especialmente, aqueles
relacionados aos multimeios. Interessante, por que
explicam biblioteca como sendo um tipo de unidade de
informação.
Amaral (2011) trouxe à discussão como o marketing
poderia ser inovador na gestão da informação e do
conhecimento em unidades de informação. A autora relata
a dúvida com o termo unidade de informação desde 1998,
em outra obra referenciada e reforça o quanto o
profissional deve compreender “o mercado e o negócio da
informação”. Considera-se imprescindível essa
compreensão, visto que marketing é um processo. Não
pode ser uma ação casual, desenvolvida uma única vez
com a ideia de buscar visibilidade institucional.
Angelo e Ziviani (2011) realizaram um diagnóstico do
ambiente externo e interno à Biblioteca, chamada de
unidade de informação. Interessante que para buscar uma
gestão voltada ao marketing, os autores buscaram base
teórica para tal.
O marketing deixou de ser a iniciativa pautada na teoria
dos livros e passou a se apoiar na tecnologia. Silva et al.
(2012), baseado na web 2.0 cita como ferramentas, entre
outros, o Facebook e o Twitter. Apresentou a forma como o
Twiter proporcionou novas atitudes em bibliotecas
universitárias. Neste contexto, Santos et al (2012), em seu
trabalho, discorre sobre a iniciativa de desenvolvimento
das redes sociais como forma de aproximação com os
usuários, além da divulgação de notícias e serviços
proporcionados pela instituição.
Silva, Lima e Nascimento (2012) trazem um trabalho no
qual apresentam o Twitter como ferramenta que, mesmo
tendo caracteres limitados, consegue suprir eficientemente
os objetivos das instituições, referentes à disseminação da
informação através do marketing. Jovanovich e Torre
(2012) se utilizam destas ferramentas da Web 2.0 como
forma de conhecer a opinião de usuários de uma biblioteca
especializada, havendo a finalidade de traçar metas
através das respostas destes usuários, utilizando-se do
marketing à melhoria dos produtos e serviços prestados.
Na visão de que o marketing é um processo estruturado e
planejado, o qual visa, dentre outras coisas, à divulgação
deum bem ou serviço ao público alvo, Correa e Silva
(2012) buscaram implementar o projeto de marketing da
biblioteca da Divisão de Gestão do Conhecimento (Setor de
Bibliotecas) – Secretaria Municipal de Educação e Cultura
(SMEC), da cidade do Rio Grande/RS. Para as autoras, ele
é voltado ao contexto do atendimento ao público, pois se
trata de uma troca de experiências que busca a otimização
dos serviços e a satisfação do público.
Como forma de conhecer os serviços oferecidos pela
Seção de Multimeios da Biblioteca Central da Universidade
Federal da Paraíba, Araújo, Silva e Silva (2012) traçaram
um plano de marketing para apresentar este espaço à
comunidade; assim, foram desenvolvidas ações
envolvendo a comunicação através de e-mail, jornais, rádio
universitária e contato pessoal, havendo apresentações dos
serviços em semanas acadêmicas e visitas dirigidas.
Santos (2012), em sua fala, demonstra preocupação com
a preservação dos documentos e utiliza o marketing como
aliado, principalmente o marketing holístico que integra o
marketing interno, na atualização e integração dos
recursos humanos das instituições para poder incentivar os
usuários; marketing de relacionamento que faz a ligação
entre o prestador de serviço e o cliente, neste caso, a
biblioteca e o usuário; marketing integrado que foca
nesses usuários através de canais de comunicação e
produtos e serviços e marketing socialmente responsável,
evidenciando a importância das campanhas no meio social
dos usuários.
Conforme demonstrado nas falas dos autores acima, as
Bibliotecas Universitárias têm crescido nas discussões
sobre o marketing e a possibilidade de melhoria e
expansão do alcance dos seus produtos e serviços. Assim,
Serafim et al. (2012) trazem um trabalho com revisão de
literatura focado na utilização do marketing nas bibliotecas
universitárias; expõem informações que caminham entre a
formação das bibliotecas universitárias até o atual
momento em que elas são vistas como um negócio,
pautadas na preocupação de satisfação de seus
clientes/usuários.
Evidencia-se a importância do marketing na prestação de
serviços pelas bibliotecas, no entanto, conforme Moraes,
Ferraz e Zeferino (2012), o Endomarketing, processo que
se utiliza dos princípios de marketing focando na empresa
e interação entre funcionários, também é crucial, pois
acarretará no conhecimento dos recursos humanos sobre a
missão, objetivos e valores da empresa em que estão
inseridos, além de auxiliar e motivar na concepção de
tarefas e metas da organização. Para isso, os autores
apresentam, ao longo do trabalho, proposta de informativo
na biblioteca na qual estão inseridos, e como essa ação
traz resultados afirmativos como forma de valorização do
trabalho desenvolvido.
As universidades são pautadas pela excelência dos seus
serviços e por cumprir a Constituição brasileira ao
proporcionarem indissociabilidade ao ensino, à pesquisa e
à extensão. (BRASIL, 1988). Em geral, as bibliotecas
universitárias são inovadoras na prestação de serviços aos
seus usuários, pois precisam acompanhar o crescimento
das instituições a qual fazem parte, promovendo seu
espaço para melhor aproveitamento. Deste modo, Ribeiro
(2012) apresenta projeto de trabalho que discute a
importância dessa renovação de prestação de serviços por
parte das bibliotecas universitárias, tendo o marketing
como ferramenta eficaz à melhoria destes espaços.
Nesta mesma temática, Nascimento et al. (2012) discorre
sobre o marketing e a busca pela qualidade dos serviços
oferecidos em Unidades de Informação, em que tendo uma
boa aplicação das técnicas de marketing em conjunto com
a preocupação de refletir a qualidade dos serviços,
certamente haverá reflexos positivos nas instituições nas
quais estão inseridas.
Amaral (2013) uniu estudo de usuários e marketing.
Analisou duas dissertações de um Programa de Pós-
Graduação em Ciência da Informação. A autora buscou
saber por que o enfoque centrado nos estudos de usuários
contribuíram para “estudar a gestão da oferta e demanda
de uma biblioteca digital e de um sistema de informação
gerencial na ótica do marketing da informação”. Esse foi o
único trabalho encontrado com esse viés dentre os
pesquisados. Percebeu-se que na ótica de Amaral, estudos
de usuários têm conexão com a temática do marketing.
Prado (2013)reforça que difundir os serviços e produtos
de uma biblioteca é uma atividade tradicional, importante,
devendo ser readequada às novas práticas de marketing. O
autor traz informações sobre Foursquare, conhecido como
uma rede geossocial e de microblogging que permite ao
utilizador indicar onde se encontra e procurar por seus
contatos, que estejam próximo desse local (FOURSQUARE,
2016).Para ele, a “necessidade de visibilidade das
bibliotecas em seus espaços de atuação (comunidade,
universidade, escola, empresa) é um item recorrente
dentro da atuação do bibliotecário.”
Cativelli (2013) buscou mapear a forma como as
bibliotecas têm aplicado às ações de marketing em suas
rotinas. Destacou a abordagem através de periódicos entre
200 e 2011. Mostrou que se destacaram o Marketing no
contexto Cultural, Marketing como filosofia gerencial,
Marketing na Internet, Composto de Marketing, Promoção
e comunicação e Marketing de relacionamento. Não
entraremos nos detalhes de cada um, pois se objetiva falar
dos trabalhos e suas visões no geral. Além do quantitativo
encontrado, os autores apresentam a parte qualitativa, em
que discutem o conteúdo e a aplicação.
Entender como as bibliotecas são inseridas no cenário de
ampla utilização das redes sociais é crucial para vislumbrar
como está, na prática, a percepção de bibliotecários,
referente às vantagens dispostas por estas ferramentas.
Assim, Farias (2013) e Costa et al. (2013) desenvolveram
trabalhos para compreender como as bibliotecas
universitárias estavam utilizando as redes sociais, pois
permitem novos meios de relacionamento entre biblioteca-
usuário.
Farias (2013) compreende a mudança atual no tocante à
comunicação e disseminação da informação como alerta
aos bibliotecários, na visão de reinventar e aperfeiçoar os
produtos e serviços, utilizando-se das ferramentas
encontradas online para adequar-se à realidade atual,
surgindo assim, a Biblioteca 2.0. Já, Costa et al. (2013)
destacam que as redes sociais, na maioria, são utilizadas
com frequência insatisfatória, não podendo assim trazer
resultados totalmente satisfatórios, principalmente porque
as redes sociais permitem, também, monitorar os usuários
através dos seus comentários nas páginas das bibliotecas,
maiormente nas reclamações, na tentativa de resolvê-las
assim que surgirem. (COSTA et al., 2013).
Na fala de Aguiar e Silva (2013) é reforçado o uso de
redes sociais como ferramenta positiva e possível de ser
utilizada pelas bibliotecas universitárias, no entanto,
destacam a necessidade de entender o atual perfil da
maioria dos estudantes universitários, ditos de “Geração
Y”, vistos como consumidores ativos de ferramentas
online. Entender essa geração se torna importante no
desenvolvimento de proposições por parte das bibliotecas,
tendo em vista a adaptação de produtos e serviços que
contemplem esses “[...] espaços como ferramentas de
comunicação, acesso à produção de informações e
interação com os usuários da chamada Geração Y e,
também, de outras gerações.” (AGUIAR; SILVA, 2013, p.
1).
Cruz-Riascos (2013) apresenta discussão referente à
inovação de produtos e serviços em bibliotecas
universitárias, vista numa perspectiva de Biblioteca 2.0,
inseridas na dinâmica de web 2.0, onde se formam “[...]
redes de usuários que compartilham documentos,
informações e conteúdos com o apoio dos bibliotecários.”
(CRUZ-RIASCOS, 2013, p. 7).
Anjos et al. (2013) apresentam relato de experiência
pautada no desenvolvimento de ações que integram o uso
de marketing em conjunto com a Web 2.0, afim de
proporcionar aproximações entre biblioteca e usuários
através de serviços oferecidos, como blogs de novidades e
dicas, além perfis em redes sociais, proporcionando “[...]
maior praticidade, interação e apoio aos usuários,
atendendo à 4ª Lei de Ranganathan: ‘Poupe o tempo do
leitor’.” (ANJOS, et al. 2013, p. 5).
Araújo, Soares e Pereira (2013) contribuem na discussão
das redes sociais como auxílio positivo, porém focados no
atual cenário de desenvolvimento científico estudantil,
apresentando trabalho com considerações de docentes,
vinculados a programas de pós-graduação sobre a
utilização do Facebook como ferramenta de aproximação
entre aluno-professor. Com a crescente utilização por parte
dos brasileiros desta ferramenta e tendo em vista que a
primeira finalidade da criação deste espaço era para
universitários norte-americanos, o Facebook pode ser uma
forma de auxílio no ensino e aprendizagem no ambiente
acadêmico, desde que se superem barreiras na
implantação e no entendimento de que seja ferramenta de
ensino. (ARAÚJO; SOARES; PEREIRA, 2013).
Em trabalho publicado, Girard e Pires (2014) novamente
ressaltaram o Foursquare. Os autores o destacam como
ferramenta eficiente ao desenvolvimento do plano de
marketing para bibliotecas. Os Creem também que o
aplicativo pode auxiliar na identificação dos problemas
enfrentados e contribuir como ferramenta de marketing.
Cossich (2014) focalizou o serviço de referência,
qualidade em bibliotecas e marketing. Na visão da autora,
o “serviço de referência pode ser considerado como a alma
de uma unidade de informação, pois é através do
atendimento personalizado aos usuários que a biblioteca
constrói sua imagem perante à comunidade”.
Silva, Rocha e Simões (2014, p. 5) discutem acerca da
importância do bibliotecário entender o marketing como
forma de melhor atender as necessidades dos usuários,
assim, os profissionais “[...] devem dar maior atenção às
técnicas mercadológicas, tendo em vista que grande parte
dos profissionais limita-se a promoção por tratar-se da
parte mais visível do marketing.”
Barbosa, Teixeira e Varela (2014) trazem trabalho em que
averiguam os benefícios da utilização do marketing digital
através de redes sociais e sua pertinência na divulgação
dos serviços oferecidos. Já, Nascimento Júnior (2014)
apresenta trabalho pelo qual visa ao entendimento do
público que se vale dos e-books como forma de traçar
metas de ações, utilizando o marketing. Mostrando que se
deve entender o contexto onde os princípios de marketing
devem ser aplicados, com o fim de se angariar maior
eficácia no resultado final.
Dias e Paula (2014, p. 5) apresentam plano estratégico de
divulgação dos serviços, salientando que “A adoção de
marketing em organizações que não visam o lucro [...] tem
se ampliado devido à crescente necessidade que estas
organizações encontram com as mudanças e a
concorrência, e por isso buscam maior eficácia de seus
serviços.” Araújo e Silva (2014) em seu trabalho,
discorrem de pesquisa que visa apresentar resultados
sobre a visão dos bibliotecários gestores sobre a aplicação
do marketing como filosofia de gestão, para que este
espaço não fique aquém da realidade social encontrada
atualmente, frente ao avanço da utilização de redes sociais
por grande parte da população.
Silva Filho (2014, p. 4) expõe a construção de um espaço
online da biblioteca, visando à inserção do espaço
tradicional de pesquisa no ambiente virtual, através de
marketing digital – webmarketing, para que se tenha maior
aproximação com os usuários, “[...] além disso possibilita
agregar usuários potenciais para a biblioteca, conhecê-los
e oferecer-lhes produtos que vão ao encontro das suas
necessidades.”
Coma intenção da valorização dos serviços, Santanna et
al. (2014) buscou demonstrar a necessidade de
planejamento, organização e divulgação da Seção Coleções
Especiais da BC-UFES. Os autores expressaram ter
conseguido seu objetivo e para tal, foi necessário delimitar
o marketing como instrumento de valor aos acervos
especiais.
Oliveira e Castro (2015) trazem uma discussão do
marketing profissional e como esta atividade pode
interferir na visão social acerca do bibliotecário. Para isso,
os autores buscaram na fala de jovens de uma escola a
sua percepção sobre a biblioteca e quais seriam as
atividades do bibliotecário, sendo forma de promoção
profissional através da elaboração de marketing, para
elucidar dúvidas e desmistificar visões errôneas da
profissão.
Numa visão relacionada à inovação e com a ideia de
aproximar colaboradores e usuários da Biblioteca da
Universidade do Estado de Santa Catarina (BU/UDESC,
Juliani, Cavaglieri e Machado (2015/16) falam pouco de
marketing em seu trabalho, mas apresentam o uso do
design thinking. Fascioni (2012) explica que o design
thinking é uma ferramenta de inovação; é uma abordagem
predominantemente de gestão, que se vale de técnicas que
os designers usam para resolver problemas.
4. CONSIDERAÇÕES
Compreender o dinamismo vivido no mundo da
informação passou a ser o princípio fundamental na prática
do marketing. A Biblioteca precisa do marketing para se
fortalecer e contribuir com a sociedade; ela é vista como
um lugar em que há movimento, pessoas passam,
vivenciam, circulam e querem ter liberdade para o usufruir.
Ver o marketing como uma ferramenta gerencial e não
como atividade ocasional permite aos gestores conhecer o
meio em que atuam. A visão de que o marketing é
processo, no sentido de início, desenvolvimento e
retroalimentação. Não como uma atividade única e isolada
ou ocasional. Tais ações devem permear as ações
gerenciais, somente assim se conseguirá ter noção do
público interno e externo.
Vive-se uma infinidade de termos que não serão aqui
relatados; muitos com a mesma finalidade, tendo o
processo de implantação com outro foco. Ou seja, todos
buscam criar, desenvolver, promover, distribuir produtos
relativos à informação.
Com vista à pesquisa realizada, salienta-se que, dos
trabalhos apresentados em eventos, muitos discutem a
teoria, outros se focam na apresentação de trabalhos
práticos de análise das bibliotecas universitárias; utilizam
ferramentas vindas da web 2.0, assim como, também as
usam no processo de aproximação entre biblioteca/usuário
e divulgação de produtos e serviços.
Outra constatação visível é a busca, seja das bibliotecas
ou dos bibliotecários por ferramentas para promover o uso
da informação. Embora sejam encontradas denominações
diferentes, a maioria dos estudos teve como meta ampliar
e valorizar seus espaços. A criatividade está presente, bem
como a procura por novos métodos.
Verificou-se que muitos dos textos estudados se referem
à unidade de informação -biblioteca-;apalavra biblioteca,
por vezes, não é usada.
Verificou-se ainda que o termo “novas tecnologias “surgiu
em muitos trabalhos, mas o que seriam no mundo de
hoje? Será que - novas - não caiu? Estamos com uma
infinidade de termos que surgem a cada dia, novidades em
todas as áreas. Entre 1990 até 2000 eram as NTIC, depois
novas tecnologias, mas hoje podemos simplesmente
denominá-las de tecnologias digitais, pois todas as
ferramentas vislumbram a disponibilização da informação
nesse formato.
Convém apontar que as tecnologias podem auxiliar na
divulgação dos produtos de uma biblioteca. O marketing é
um comportamento a ser adotado pelos profissionais e,
para tal, devem ser usados os recursos existentes. Nesse
sentido, temos bibliotecas sem aporte tecnológico. Na
atualidade, as ações da biblioteca devem ser no sentido de
proporcionar nova visão, novos valores. Quem sabe,
apontando o simples direito de usufruir da informação já
seria um bom começo. Finaliza-se, dizendo que muito há
por fazer na área das bibliotecas. O marketing é um aliado.
O conceito não é novo, mas a sua aplicação pode sempre
ser sinônimo de inovação. As ações dos profissionais
mostrarão os caminhos a serem percorridos que poderão
ser ativos ou proativos, buscando parcerias e novos
caminhos.
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9 - MÍDIAS SOCIAIS EM
SERVIÇOS DE INFORMAÇÃO
Regina Fazioli
Clustering:
Aglomerações (Clustering)
Swarmming:
AdSense:
Blogs:
Mashups:
Tagging (rotulação):
Wikis:
Escolhendo a Ferramenta:
Onde o cliente está, está a oferta de produtos e serviços.
Se a maioria das pessoas que frequenta Redes Sociais e
que deverá ser o público a ser atingido está no Facebook, é
onde se deve montar a estratégia e planejamento da
campanha de marketing digital, que será preparada à
divulgação dos serviços e produtos escolhidos ou mesmo
uma campanha mais abrangente para a divulgação da
instituição.
REDES SOCIAIS MAIS UTILIZADAS (Brasil, 2014)·.
Interessar.
Persuadir.
Convencer.
Levar à ação.
Relações públicas
Força de vendas
Promoções
Marketing direto
Filmes
Locução
Fotografia
Cartazes
Jingles
Ferramentas de Redes Sociais
Planejamento do projeto
Nessa etapa são definidos os objetivos
da presença nas redes e avaliados e
mapeados os cenários da marca e seus
concorrentes diretos e indiretos nesses
ambientes.
Etapas do Monitoramento:
Planejamento: identificar onde, como,
quais redes sociais serão monitoradas,
período à obtenção de dados consistentes e
dimensão do público a ser ouvido.
Coleta de Dados: é iniciada com a
configuração das ferramentas (área de
atuação), tipos de post, foco das palavras-
chave – todas alinhadas à estruturação da
árvore de assuntos e ao universo de dados
já previamente definidos. Uma das maiores
dificuldades é trabalhar com a grande
quantidade de dados disponíveis e decidir a
que atribuir valor durante a classificação.
Por isso, em alguns tipos de
monitoramento, é aconselhável utilizar
amostras na coleta dos dados, a fim de
facilitar o trabalho e angariar resultados
satisfatórios. É importante ficar atento à
detecção de crises ao trabalhar com
amostras.
Classificação: processamento,
categorização e segmentação dos dados de
acordo com a estrutura de categorias
definida e por sentimento (positivo, neutro,
negativo). Nesta fase é muito importante a
imparcialidade: desenvolver uma reputação
de precisão, respeitar a opinião alheia, ser
o mais transparente possível e evitar
polarizações, a não ser que se esteja
pronto para defender sua posição são
algumas delas.
Análise: identificar quais os conteúdos
relevantes à marca. Para a Investigação
dos dados e geração de descobertas e
insights (busca de recomendações e
conhecimento), aplicam-se metodologias
de estudos, coletam-se fontes externas,
olham-se dados de concorrentes,
objetivando responder as perguntas iniciais
do planejamento.
Produção do relatório e Conclusão:
estruturar os dados obtidos segundo sua
classificação, transformar os números
obtidos em gráficos para a sua
interpretação, estruturar o relatório final
para a entrega ao cliente. O
monitoramento busca entender aquilo que
o consumidor diz, como diz, porque fala e
para quem fala.
Após todas as etapas anteriores, é hora de apresentar os
resultados num relatório bem elaborado, para que todo o
projeto não seja prejudicado na parte final. Na preparação,
é necessário ter em mãos: os dados consolidados (para
poder explorar e manusear conforme necessário), os
indicadores-chave de desempenho, mapeados e
analisados, os principais motivos listados e a análise
qualitativa realizada. Com isso, inicia-se o processo,
apresentando a metodologia utilizada (qual foi à
amostragem aplicada, palavras-chave pesquisadas, redes
coletadas e categorias utilizadas), que deve ter sido
alinhada a sua configuração; no caso de campanha,
também é necessário apresentar claramente as várias
fases da inserção de mídia, uma vez que a mídia paga
influencia, consideravelmente, no desempenho da mídia
espontânea, merecendo um olhar diferenciado na hora da
análise.
Cada cenário deverá ser analisado com suas
especificidades, cores, clientes e desejos.
(da Autora)
Considerações
As redes sociais são um caminho sem volta. Não se pode
prever o que acontecerá no futuro, como acontecerá o
relacionamento da biblioteca com seus clientes. Quais
necessidades informacionais e culturais os clientes que
frequentam Serviços de Informação possuem, e como
serão estas bibliotecas?
Para ser previsto o futuro, para se plantar um futuro, ele
deve ser construído e inventado desde agora, desde o
presente.
Com a união das fronteiras físicas e virtuais, o
bibliotecário deverá ser tão cuidadoso com o seu cliente
presente tanto quanto com o virtual. Nada disso
acontecerá se o profissional não se renovar, saindo da
zona de conforto e partir para realizar tudo de uma forma
diferente.
Há três itens básicos para um novo caminho dentre os
serviços que deverão direcionar o bibliotecário e seus
clientes nas redes sociais:
REFERÊNCIAS
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VIII Nupecom - Encontro dos Núcleos de Pesquisa em
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elanálisis de redes sociales #sna #ars - 28 de junio de
2016. http://goo.gl/FS72jN
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39-1-0091.pdf
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para monitoramento de redes sociais. 2015. Disponível
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muito mais que uma análise de sentimentos.
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media-metrics-you-should-be-measuring>.
WATTS, Duncan (1999). Small Worlds: the dynamics of
networks between order and randomness. New Jersey:
Princeton University Press, 1999
10 - SEGMENTAÇÃO DE
CLIENTES NA BIBLIOTECA:
COMO CONHECER MELHOR O
SEU PÚBLICO E CONTRIBUIR
PARA O MARKETING DE
RELACIONAMENTO COM O
CLIENTE
Denise Rodrigues So
1 Introdução
2 Cenários do Marketing e da
Biblioteconomia
Em breve resumo, a linha evolutiva do marketing é um
reflexo das mudanças ocorridas nas esferas tecnológica,
econômica e social. Na figura abaixo, Kotler (2012)
compara as diferentes fases do marketing desde o
momento em que o foco era o produto (1.0) até o ponto
em que nos encontramos (3.0).
Tabela: Comparação entre Marketing 1.0, 2.0 e 3.0
Marketing 1.0 Marketing 2.0 Marketing 3.0
Marketing Marketing Marketing
centrado no voltado para o voltado para os
produto consumidor valores
geográfica
geográfica
disciplina cursada
Em
tempo esperado para
Bibliotecas
Halperin entrega do serviço
acadêmicas
(1981)
residência no campus/fora do campus
volume de uso
privado/governamental
Segmentação
tipo de produto tangível/intangível
de serviços de
informação
consumidor final individual ou outro tipo
geográfica
demográfica
Saez
(1993 behaviorista volume de uso, percepção dos
benefícios
psicográfica e estilo de
vida
Lima
psicográfica atitudes, estilos de vida,
(1994)
personalidade, classe social
por produto
geográfica
demográfica
Dimick
(1995) psicográfica atitudes, personalidade,
interesses, estilo de vida, opiniões
Lee
branding (preferências conhecimento dos recursos e
(2003)
de marca) serviços disponíveis, graude
preferência ou lealdade aos
serviços
Cliente
Segundo Kotler (2006, p. 16), o marketing de
relacionamento objetiva “construir relacionamentos de
longo prazo mutuamente satisfatórios com parteschave –
clientes, fornecedores, distribuidores e outros parceiros de
marketing, a fim de conquistar ou manter negócios com
elas.” Ou seja, relações são construídas com todos os elos
da cadeia, sejam eles clientes ou parceiros.
Gronroos (2007 apud BROADYPRESTON, 2013) sugere
ainda que, no setor de serviços onde a biblioteca está
inserida, o foco principal está no desenvolvimento de um
relacionamento entre o provedor de serviços e o seu
cliente. Isto garantiria que o cliente não faria apenas uma
transação ou visita ao serviço, mas poderia retornar
inúmeras vezes, construindo assim um relacionamento de
lealdade em longo prazo com o prestador de serviços.
Complementando a análise, BroadyPreston (Ibid.)
acrescenta que o prestador de serviços deve identificar
consumidores em potencial para estabelecer um
relacionamento com eles, pois para que relacionamentos
de sucesso aconteçam devem existir meios de obtenção de
dados e informações sobre: as necessidades dos clientes,
seus desejos, (dislikes) e preferências. Utilizando esses
dados, o prestador de serviços poderia informar e
desenvolver serviços mais adequados e processos de
prestação de serviços ao seu público.
A biblioteca possui todos os meios e ferramentas para
fazer isso. Enquanto muitas empresas do mercado de bens
de consumo e serviços pagam fortunas por base de dados
de clientes, a biblioteca tem o privilégio de têlas na sua
mão. Basta trabalhar os dados adequadamente e, sem
nem considerar complexos sistemas de CRM para tal, já
que não é o volume de dados e a sofisticação de softwares
de análise que fazem a diferença, mas a interpretação e
uso que se faz dos dados.
Investigar o seu público e considerar as suas
particularidades na concepção e desenvolvimento de
serviços mais desejados é o ponto de partida. Parece
complicado, mas não se deve esquecer o que foi dito no
início: a era do marketing unilateral, de fornecedor para
cliente, acabou. O consumidor está sendo considerado e
provocado pelas instituições para sugerir, colaborar e criar
em conjunto. Também há grupos de bibliotecários se
reunindo em processos de inovação com design thinking,
trazendo o público da biblioteca para o meio da discussão
do que faz sentido aos serviços. Então, porque não
envolver esse público, ouvindoo, a fim de saber aquilo que
o deixaria satisfeito em termos de relacionamento com a
sua biblioteca?
6 Considerações
Há na literatura de Marketing e Biblioteconomia um
grande material referencial com teorias e frameworks ao
desenvolvimento da segmentação de clientes e programas
de relacionamento. O objetivo não foi uma revisão de
literatura sobre os temas ou ditar receitas prontas. Na
verdade, a intenção foi muito mais para revelar algumas
das contribuições que a gestão de Marketing pode trazer à
biblioteca, apresentando os benefícios na sua utilização.
O uso estratégico de uma segmentação de clientes não
resolve todos os problemas, mas ajuda a dar foco aos
serviços da biblioteca. Apresentar essa estratégia à luz do
Marketing também contribui para que a mesma seja
considerada um negócio como tantos outros segmentos de
mercado sujeitos à competição e às redefinições
estratégicas. A biblioteca possui competidores. O filósofo e
pesquisador da ciberculturaPierre Lévy (INTELIGENCIA...,
2015),durante a sua palestra sobre inteligência coletiva,
prenunciou que na hiperesfera de dados todo mundo tem
poderes de leitor, autor, crítico, curador, analista de dados
e bibliotecário.
Se todo mundo tem um pouco de catalogador, indexador,
classificador, taxonomista, vamos identificar esses clientes,
caracterizálos segundo essas qualificações, conhecer os
seus desejos de informação e, por que não, trazêlos para
colaborar e cocriar junto à biblioteca para novas entregas
de serviços, novas formas de relacionamento. A biblioteca
precisa cada vez mais trabalhar com o seu público e não
para ela (grifo nosso).
REFERÊNCIAS
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11 - GESTÃO DA CARREIRA E
MARKETING PESSOAL DO
BIBLIOTECÁRIO
Helen Beatriz Frota Rozados
1 A GESTÃO DA CARREIRA E
EMPREGABILIDADE
Projeto Um registro escrito tem maior valor e o executor passa a dar maior
documentado relevância ao projeto;
Prazos Sua existência: sinaliza o tempo certo para a execução de cada meta; faz
com que o executor se torne mais dedicado; a cada prazo cumprido é
possível visualizar quanto maispróximo se está de alcançar o objetivo;
Gerenciamento O profissional deverá ficar atento a tudo que pode contribuir para o
alcance dos seus objetivos, analisando sua trajetória profissional
com um olhar crítico, o que lhe proporcionará uma visão mais
ampla ao alcance dos seus objetivos. A avaliação e revisão
constante das metas, identificando os motivos de não ter
conseguido conquistá-las, são preocupações que não devem ser
descuidadas. Se as metas foram conquistadas é o momento de se
certificar que as próximas também serão possíveis de serem
realizadas. Uma boa gestão da carreira contribui para que o
profissional chegue às suas aspirações de forma mais assertiva,
evitando investimentos de tempo, energia, dinheiro e
consequências prejudiciais ao alcancedos seus objetivos de carreira.
2 ESTEREÓTIPO E IMAGEM DO
BIBLIOTECÁRIO
Os estereótipos surgem como formas de representação
social para categorizar um determinado grupo, de acordo
com a sua conduta na sociedade; estão relacionados às
imagens positivas ou negativas, formadas pela sociedade,
distinguindo uma categoria de outra. Para Walter e
Baptista (2007, p. 36):
O estereótipo existe e se constitui de formadores de opinião
e de atitudes, tanto no interior dos grupos, quanto no olhar
externo dos bibliotecários; o estereótipo tem acompanhado
essa profissão desde seus primórdios, geralmente de forma
negativa: intelectuais com aspecto doentio, homens
efeminados e, a mais duradoura - das mulheres velhas e
seus adereços indissociáveis.
Brown e Turner (2002, p. 70) destacam que “Uma vez
que um grupo é associado a um dado comportamento, isto
se transforma numa categoria significativa ao percebedor e
pode guiar futuras percepções do grupo.” Batista (2004)
entende que o estereótipo detentor de fatores negativos é
aquele desenvolvido por um determinado grupo para
demonstrar o seu poder, com a intenção de diminuir o
outro.
A profissão de bibliotecário é uma das que tem
estereótipo negativo, prejudicando o modo como a
sociedade percebe esses profissionais, tendo como
resultado a desvalorização da profissão. Walter e Baptista
(2007, p. 27) veem o estereótipo como um item
importante à imagem deste profissional.
Não é desconhecido da maioria das pessoas e dos próprios
profissionais que os bibliotecários estão comumente
vinculados a diversos tipos de estereótipos como o de
gênero, o de comportamento e o de imagem física. Essas
associações, mesmo quando compreendidas sob o aspecto
positivo de mediação e facilitação de comunicação interna
nos grupos e externamente com a sociedade podem,
igualmente, ser limitantes para uma profissão como a dos
bibliotecários, que ainda lutam pelos espaços de trabalho,
pelo reconhecimento social e pela modernização de sua
imagem.
Para Fraga, Mattos e Cassa (2008, p. 152), a formação do
profissional é um fator que contribui para o seu
estereótipo:
A própria formação do bibliotecário, baseada no paradigma
acervo num passado recente, pode ter contribuído para a
construção desse estereótipo. Isso porque, até a década de
80, o bibliotecário contava com uma formação altamente
tecnicista, em que levava à prática, concorria comas
maiores preocupações centradas na organização, guarda e
preservação do acervo, características muito salientes no
seu perfil atual. (FRAGA, MATTOS, CASSA, 2008, p.152).
3 O MARKETING PESSOAL E O
BIBLIOTECÁRIO
O bibliotecário deve estabelecer e cultivar uma imagem
positiva sobre si mesmo, perante as pessoas com as quais
convive. Esta imagem precisa ser compreendida e aceita,
principalmente pelos usuários atendidos por ele, pelas
pessoas e pela instituição com as quais trabalha, assim
estará fazendo seu Marketing Pessoal e favorecendo o
desenvolvimento do Marketing Profissionall.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Marketing Pessoal e o Profissional se baseiam na
construção de uma marca, na criação e no estabelecimento
de uma imagem perante à sociedade, tanto no âmbito
pessoal como profissional. O bibliotecário sofre com o
estereótipo negativo e com o desconhecimento da
população sobre a real importância de seu papel na
sociedade da informação e do conhecimento. Na busca da
reversão destes aspectos negativos, o Marketing Pessoal
vem ganhando espaço entre os bibliotecários, colaborando
para seu autoconhecimento, crescimento pessoal e
profissional no mercado de trabalho.
É sabido que o Marketing Pessoal efetivo deve estar
amparado pela gestão da carreira, a qual se faz baseada
num planejamento sólido, com objetivos, metas e ações
bem definidas. Para implantar um planejamento de
Marketing Pessoal e consolidar o gerenciamento da
carreira, alguns fatores são reconhecidos como basilares
por pesquisadores autores e consultores. Pontuamos os
mais citados:
REFERÊNCIAS
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saberes, práticas e referências. Rio de Janeiro: Brasport,
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ARTHUR, Michael B.; CLAMAN, Priscilla H.; ADAMS,
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Academy of Management Executive. v. 9, n. 4, p. 7-22,
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12 - CONSULTORIA NA ÁREA
DE GESTÃO SERVIÇOS DE
INFORMAÇÃO
Valéria Martin Valls
Introdução
O que é consultoria?
De maneira geral, entende-se por “consultoria” a
prestação de serviços por profissional especializado em
determinada área do conhecimento, com vasta experiência
e reconhecimento no mercado. A consultoria pode ser
realizada por um profissional (o consultor) ou por uma
empresa especializada, que agrega especialistas ou
consultores em sua equipe (a empresa de consultoria).
A empresa de consultoria ou o consultor isolado são
designados como “Pessoa Jurídica”, e sua relação com os
clientes é normalmente formalizada via contrato de
prestação de serviços, no qual o escopo do trabalho,
prazos, equipe e valores envolvidos são claramente
definidos para favorecer uma relação transparente entre o
contratante (cliente) e o contratado (consultor ou
consultoria). A prestação de serviços envolve etapas e o
resultado normalmente é um produto (por exemplo, um
projeto).
Consultoria, portanto, tem relação direta com experiência
e especialização. Reforçando essa afirmação:
Consultoria é um tipo de prestação de serviço que um
profissional qualificado e conhecedor do assunto oferece ao
mercado, realizando diagnósticos e elaborando processos
com o propósito de levantar as necessidades do cliente,
identificar soluções e recomendar ações. Com as
informações levantadas o consultor desenvolve, implanta e
viabiliza o projeto de acordo com a necessidade específica
de cada cliente. A Consultoria Empresarial é uma atividade
que tem como objetivo básico responder ou atender às
necessidades das empresas ou pessoas físicas quando
assim solicitada por meio de aconselhamento ou sugestões
de melhorias, embasado em firme e estruturado
conhecimento. O consultor trabalha com o conhecimento,
com a capacidade de análise a proposição e implantação de
soluções para um conjunto de problemas apresentados
pelos seus clientes (SEBRAE, [200-?]).
Diagnóstico X
Estudo de alternativas X
Proposição de soluções X
Elaboração de projeto X
Treinamento / capacitação X
Implantação das ações previstas X
no projeto
Rotina e horário de Não há rotina, sua agenda depende das demandas, às vezes
trabalho definidos comprometendo finais de semana e horas de lazer, é preciso
auto planejamento.
Você consegue se organizar e priorizar outras atividades em
paralelo, o que pode ser ótimo em determinadas etapas da
vida pessoal.
Vínculo afetivo com Distanciamento, atividades pontuais com começo, meio e fim.
colegas de trabalho e
com a empresa
Foco interno Foco externo.
informação
As primeiras empresas de consultoria da área de gestão
da informação no Brasil foram fundadas por bibliotecários
empreendedores que perceberam oportunidades de atuar
de maneira diferenciada: além de serem contratados como
funcionários, eles poderiam também abrir suas próprias
empresas e prestar serviços de consultoria, visando levar
ao cliente soluções inteligentes referentes à sua área de
atuação. Como afirmam Conti et al (2009, p. 34): “Para se
tornar um empreendedor, o bibliotecário deve estar
preparado e disposto a enfrentar as mudanças que vêm
ocorrendo no mercado de trabalho”.
O bibliotecário, portanto, deve estar em constante
adaptação ao seu ambiente profissional, em especial
acompanhando as tendências e necessidades emergentes.
Nesse sentido, Fernandes e Pires (2012, p. 68)
complementam:
No atual mercado de trabalho fazem-se necessários um
melhor desenvolvimento profissional e uma tendência para
expor a criatividade, conhecimento e atitude,
características estas essenciais para estabilidade financeira
e profissional. Para isso os bibliotecários devem buscar
atualização e melhor aperfeiçoamento de suas habilidades
com o intuito de crescimento profissional de forma
inovadora e capaz de atender o atual modelo da sociedade
da informação.
Nesse contexto, o perfil dos bibliotecários
empreendedores que optam por atuar como consultores
tem competências peculiares, como, por exemplo:
Considerações finais
Elucidar alguns conceitos básicos sobre o tema
“consultoria” certamente poderá apoiar bibliotecários
empreendedores a entender com mais clareza essa forma
de atuação, incentivando-os a buscar apoio técnico em
entidades como o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e
Pequenas Empresas (SEBRAE), que fornece apoio para que
os profissionais não se lancem a uma aventura desastrosa.
Existem bibliotecários criativos, mas que nem sempre
conseguem empreender e manter um negócio a longo
prazo.
Além disso, não é incomum vermos no mercado
bibliotecários recém-formados nomeando-se como
consultores e lançando-se em projetos sem muita
experiência e qualidade técnica, muitas vezes levando ao
mercado uma visão distorcida da capacidade profissional
dos bibliotecários. É importante reforçar que a atuação em
consultoria exige um sólido alicerce, e a capacidade
empreendedora do bibliotecário pode apoiá-lo nesse
sentido.
A consultoria na área de gestão de serviços de informação
é uma realidade no mercado brasileiro e é muito
importante que mais profissionais estejam preparados para
enfrentar os desafios de atuar nesse segmento, com ética,
profissionalismo e, acima de tudo, compromisso com o
cliente.
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SEBRAE. Ideias de Negócios: Como montar um escritório
de consultoria. Disponível em: <http://migre.me/usZQz>.
Acesso em: Acesso em: 29 ago. 2016.
AUTORES
Daniela Spudeit
Contato: danielaspudeit@gmail.com
Graduação em Biblioteconomia (UFSC, 2001) e
Pedagogia (UDESC, 2006). Possui especialização em
Gestão de Bibliotecas (UDESC, 2006) e Didática do Ensino
Superior (SENAC, 2012), Mestrado em Ciência da
Informação (UFSC, 2010). Atua como professora no curso
de Biblioteconomia e na pós-graduação em Gestão da
Informação na Universidade do estado de Santa Catarina
(UDESC). Atualmente coordena o Grupo de Bibliotecários
da Área Escolar em Santa Catarina (Gestão 2016/2017)
vinculado a Associação Catarinense de Bibliotecários
(ACB) e está como vice-presidente da Associação
Brasileira de Educação em Ciência da Informação
(ABECIN) na gestão 2016/2018. Áreas de interesse:
gestão de unidades de informação, empreendedorismo,
gestão da qualidade, gestão de processos e projetos em
Biblioteconomia, planejamento e marketing, competência
em informação, bibliotecas escolares e universitárias,
atuação, ensino e formação em Biblioteconomia.
..
Daniele Feldman
Contato: danyih@hotmail.com
Denise Rodrigues So
Contato: denise.r.so@terra.com.br
Eduardo Silveira
Contato: edusilveira1985@gmail.com
Marcelo Cavaglieri
Contato: marceloglieri@yahoo.com.br
Noeli Viapiana
Contato: noeli_viapiana@yahoo.com.br
Regina Fazioli
Contato refazioli@gmail.com
Mestre em Tecnologia: Gestão e Desenvolvimento da
Formação Tecnológica pelo Centro Paula Souza -
CEETEPS. Possui graduação em Biblioteconomia e
Especialização em Gerência de Sistemas e Serviços de
Informação pela FespSP. Idealizadora e coordenadora da
Biblioteca Virtual do Governo do Estado de São Paulo
- www.bv.sp.gov.br. Membro da Associação Brasileira de
Profissionais de Informação (ABRAINFO) e
da Egrégora Inteligência, empresa de consultoria em
Governança de Informação.Professora convidada de Pós
Graduação - Redes Sociais - Curso Gestão da Informação
Digital (GID) – FESPSP.Professora Assistente - Graduação
em Biblioteconomia e Pós Graduação - Perspectivas
Tecnológicas - Curso de Gestão de Arquivos e Bibliotecas
Escolares - UNIFAI.Integra a Comissão de Avaliação e
Seleção Prêmio Boas Práticas e Inovação em Bibliotecas
Públicas da Fundação Biblioteca Nacional (FBN) 2014 e é
Jurada do Prêmio São Paulo de LiteraturaSecretaria da
Cultura do Governo SP, 2015.Possui experiência na área
de Ciência da Informação, com ênfase em Gestão de
Conhecimento, Tecnologia Mobile, Redes Sociais,
Informação Pública e Formação do Cidadão.
..
1 Introdução
Deve ser notado que este tipo de estudo refletia o ambiente científico da
Universidade de Chicago, que nesta mesma época, destacava-se pelo
desenvolvimento de estudos sociológicos empíricos para os quais “[...] os
pesquisadores [...] inventavam, criavam métodos, coletando autobiografias,
analisando cartas e outros documentos, e fazendo entrevistas.” (GODOY, 1995,
p. 59).
O segundo momento é o da Conferência sobre Informação Científica,
realizada em 1948, pela Royal Society, em Londres. Na ocasião foram
apresentados estudos que buscavam entender as necessidades dos usuários de
informação científica. Nesta fase buscava-se saber como os cientistas e técnicos
procediam para obter informação, ou como usavam a literatura. Figueiredo
(1994, p. 27) descreve que “[...] esses estudos são canais de comunicação que se
abrem entre a biblioteca e a comunidade a qual ela serve [...]”, assim, os
usuários deixavam de ser meros informantes sobre o uso das coleções das
bibliotecas e passavam a ser o centro dos serviços oferecidos pelas bibliotecas,
ao serem encorajados a falar sobre suas necessidades de informação.
Impulsionadas por esses dois marcos, as primeiras investigações no
campo dos estudos de usuários se disseminam e favorecem a ampliação no
número de pesquisas (GASQUE; COSTA, 2010). Com o crescimento da
literatura especializada internacional, descrevendo estudos de usuários, tornou-
se necessário implantar serviços voltados para a seleção dos mais relevantes –
nasceram, assim, as chamadas revisões críticas da literatura em assuntos
especializados (PINHEIRO, 1982).
Em 1966, o campo de EU teve sua primeira revisão crítica publicada
pela Annual Review of Information Science and Technology (ARIST),
conceituada publicação da área. O capítulo Information Needs and Uses in
Science and Technology, de autoria de H. Menzel (1966), abordou estudos sobre
necessidades e usos de informação nas áreas de ciência e tecnologia,
inaugurando a série de revisões que se seguiu nos anos posteriores. O autor
realizou análises quantitativas de 1963 a 1965 para estabelecer definições e
conceitos sobre o tema1 (BAPTISTA; CUNHA, 2007; GASQUE; COSTA,
2010; RABELLO 2013).
[...] essa nova abordagem não seria nem system-centered (como são
os estudos de uso da informação), nem user-centered (como são os
estudos em comportamento informacional, mas sim knowledge
formation-centered, isto é, sensível à percepção de como o usuário
assume distintas condições de sujeito conforme o contexto e
também conforme a sua inserção social. (TALJA, 1997 apud
ARAUJO, 2016, p. 65).
3 Procedimentos metodológicos
4 Resultados
Como pode ser percebido pelo Quadro 1, houve uma maior concentração
de artigos descrevendo pesquisas empíricas com usuários no ano de 2015. Os
resultados da análise dos artigos que atenderam aos critérios estabelecidos no
protocolo desta revisão não permitem definir a existência de uma linha editorial
destinada a esta temática entre os periódicos da área, embora a revista
Perspectivas em Ciência da Informação tenha publicado três dos nove artigos, e
a Encontros Bibli: Revista Eletrônica de Biblioteconomia e Ciência da
Informação, dois.
Como é do conhecimento dos pesquisadores de Ciência da Informação e
Biblioteconomia no Brasil, o índice de classificação de periódicos divulgado
pela CAPES, através do WEB-Qualis, exerce grande pressão sobre os autores na
definição do periódico ao qual submete sua produção, especialmente àqueles
que atuam como docentes em programas de pós-graduação. Nesse sentido, pode
se constituir como interessante problema de pesquisa entender os critérios dos
autores para escolha de onde publicar, notadamente pela pouca ênfase dada à
edição de números temáticos em revistas de Ciência da Informação editadas no
país.
Para melhor entendimento do estado da arte dos EU no Brasil, os artigos
identificados pela RSL foram analisados com o detalhamento dos descritores
adotados por seus autores, as categorias profissionais estudadas, os métodos e
técnicas empregados e o local da pesquisa. Tal detalhamento é apresentado no
Quadro 2.
5 Considerações finais
Muito embora a RSL aqui relatada sobre pesquisas com usuários no Brasil tenha
se limitado a cobrir um intervalo temporal pequeno (2012-2016), e em
decorrência disto, tendo identificado um número restrito de publicações, os
resultados obtidos adicionados àqueles expostos nos trabalhos que a
antecederam (indicados na introdução) permitem afirmar que o campo EU está
consolidado como área de estudos no Brasil.
A pouca diversidade na seleção de métodos e técnicas empregados em
pesquisas com usuários parece indicar que o campo carece de maior maturidade
metodológica. Como visto, o emprego de técnicas convencionais (questionários
e entrevistas) é a tônica na maioria dos estudos com o propósito de identificação
das necessidades de informação dos usuários.
Modelos de análise com ênfase no paradigma comportamental, como os
encontrados na literatura internacional (a exemplo dos relacionados
anteriormente) não aparecem nos artigos estudados e que foram publicados em
periódicos brasileiros da área. Esta situação leva a crer que a constatação de
Kremer (1980), mencionada na seção dois do presente artigo, continua sendo
válida: faltam conclusões significativas que permitam uma elaboração teórica
consistente.
Outra constatação decorrente da RSL é a relação existente entre os
estudos empíricos com usuários de informação e algum tipo de serviço, fonte ou
sistema de informação, de onde se infere que as pesquisas são realizadas com
objetivos imediatos, de sanar deficiências ou promover melhores práticas
institucionais que validem ou legitimem os serviços prestados ou as funções
exercidas.
É interessante também destacar a predominância da biblioteca
universitária como objeto dos estudos analisados. Tal predomínio sugere, no
mínimo, duas interpretações não excludentes: o acesso a cursos de capacitação /
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WILSON, T. D.; DAVIS, K. The Centre for Research on Users Studies: aims
and functions. Aslib Proceedings, London, v. 29, n. 2, p. 65-69, 1997.
Abstract: Researches in the field of users‟ studies are important tools to help
libraries and information units to know the information needs of the public they
provide. This article reports a systematic literature review conducted with the
aim of identifying articles arised from research on informational behavior, in
order to check the state of the art of Brazilian research in this field. The review
covered the 2012-2016 period, using as source the Brazilian Information
Science referencial database of periodical articles (BRAPCI). The results
showed the consolidation of the field of users‟ studies and highlighted the
university libraries as the main objects for the researchers. It was noted that
users‟ studies are considered evaluation instruments to know the needs of the
targeted people and the quality of the services provided. The article brings some
contributions to the Brazilian Information Science researchers on how to find
new research problems.
1
Cunha, Amaral e Dantas (2015) atualizaram e ampliaram trabalho de Rolim e Cendón (2013),
que analisaram os capítulos sobre Estudos de Usuários publicados pelo ARIST até 1990. A
atualização foi feita até o ano de 2011 e apresentou também a indicação do numero de artigos
publicados em cada capítulo bem como a evolução dos temas tratados pelo.
2
TALJA, S. Constituting “information” and “user” as research objects: a theory of knowledge
formations as an alternative to the information-man theory. In: VAKKARI, P.;
SAVOLAINEN, R.; DERVIN, B. (Org.). Information seeking in context. Londres: Taylor
Graham, 1997. p. 67-80. Apud Araújo (2016).
Resumo
Este artigo aborda aspectos conceituais e gerenciais sobre serviços e produtos de informação.
Apresenta conceitos, características e tipologias de serviços e produtos de informação. Discute a
respeito de questões-chave que devem ser consideradas para a gestão de serviços e produtos de
informação.
Palavras-chave:
Serviço de informação, Produto de informação, Gestão
This article presents conceptual and managerial aspects about information services and
products. Concepts, characteristics and typologies of information services and products
are discussed with key-questions that are important to the management of them.
Keywords:
Information service, Information product, Management
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______ _ ARTIGO
INTRODUÇÃO
Antes de serem abordadas as questões propostas por este artigo a respeito das
especificidades dos serviços e produtos de informação, considera-se necessário
apresentar as características específicas dos serviços, pois amplia a visão que se tem dos
serviços e produtos informacionais tratados, geralmente, como atividades técnicas de
disseminação informação.
Sendo assim, Lovelock e Wright (2002) bem como Fitzsimmons e Fitzsimmons (2000)
são unânimes em dizer que duas características são específicas nos serviços: a
intangibilidade e a participação dos usuários. Os serviços são intangíveis porque são
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______ _ ARTIGO
idéias e conceitos, não podendo ser visto, provado, sentido, ouvido ou cheirado, ou seja,
materializado. O usuário vivencia o serviço que lhe é prestado e o avalia de acordo com
as suas crenças, valores e expectativas. O usuário é, portanto, considerado como o
elemento que dispara a atividade inerente ao serviço, podendo assumir uma participação
passiva, mas também como co-participante do serviço ou produto de informação.
Independentemente de como se dá esta participação, o usuário é parte integrante do
processo de produção do serviço solicitado por ele mesmo.
De acordo com Rozados (2004) não há, na literatura existente sobre o assunto, uma
definição clara do que seja um serviço de informação, mas sim idéias sobre suas
características e funções. Sendo assim, a autora apresenta algumas idéias a respeito do
que poderia compor um conceito de serviço de informação:
Os serviços de informação teriam como funções, também de acordo com Rozados (2004),
de assegurar que qualquer informação requerida por um usuário esteja à sua disposição,
no momento em que for solicitada, bem como alertar aos usuários sobre os documentos
ou dados que possam ser de seu interesse. Ficam claras, a partir dessas funções, o caráter
de intangibilidade dos serviços de informação. Para cumprir as suas funções, o serviço
ou produto de informação deve contar com pessoal especializado na busca da informação,
com fontes relevantes e com políticas que facilitem ao usuário, o acesso à informação.
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© Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da Informação,Campinas, v.5, n. 1, p. 115-128, jul/dez. 2007– ISSN: 1678-765X.
______ _ ARTIGO
dos usuários. Exemplos desses serviços são os levantamentos bibliográficos, as pesquisas
de opinião e respostas técnicas, entre outros.
No que se refere aos produtos de informação, eles podem ser considerados como
estruturas de informacionais resultantes de serviços. Os produtos, diferentemente dos
serviços de informação, caracterizam-se pela tangibilidade – que se apresenta através de
propriedades tais como formato, apresentação, suporte e outros.
Foi proposta por Assis (2006) uma tipologia para produtos de informação que tiveram
como base principal a experiência de uma unidade de informação existente em uma
grande empresa nacional. Nessa proposta, o autor agrupa os produtos em quatro tipos:
referencial, noticioso, analítico e estatístico. Para o autor, cada tipo de produto de
informação apresenta características específicas e têm objetivos diferenciados no
atendimento aos usuários.
1
Ver esta experiência em gestão do conhecimento. SANTOS, Antônio Raimundo; PACHECO, Fernando Flávio; PEREIRA, Heitor
José; BASTOS Jr., Paulo (Org.). Gestão do conhecimento: uma experiência para o sucesso empresarial. Curitiba: Champagnat,
2001
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© Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência da Informação,Campinas, v.5, n. 1, p. 115-128, jul/dez. 2007– ISSN: 1678-765X.
______ _ ARTIGO
necessidade de se conhecer o máximo de fontes de informação; a apresentação da
informação deve ser clara, concisa e fácil de assimilar.
Todas essas questões devem ser definidas a partir do contato direto com o usuário da
informação, conhecendo as suas necessidades informacionais e expectativas com relação
aos serviços ou produtos de informação. Para isso, é conhecida a prática, no âmbito da
Ciência da Informação, de se estudar as necessidades de informação dos usuários,
utilizando-se dos métodos e das técnicas de pesquisa das ciências sociais. Além disso,
Amaral (1996) sugere que se adote também a idéia de se conhecer as necessidades
informacionais dos usuários de serviços ou produtos de informação utilizando-se as
técnicas de análise do consumidor, que considera aspectos sociais, culturais e
psicológicos, possibilitando que tais serviços estejam voltados para “as necessidades,
percepções, preferências e satisfações dos consumidores de informação no mercado em
que atuam, conforme a posição assumida pela organização”. (AMARAL, 1996, p.210).
Para que isto seja possível, é importante não somente as necessidades particulares de
informação de cada usuário, mas primeiramente compreender o ambiente no qual esse
usuário de informação está inserido. Neste sentido, Assis (2006) afirma ser essencial
conhecer o ambiente no qual o usuário está inserido no que diz respeito às características
da instituição a qual o usuário está ligado, com relação aos seus objetivos, missão,
projetos estratégicos e sua competência essencial.
De um modo geral, essas questões são observadas nos estudos sobre necessidades,
demandas e uso de informação que procuram investigar como indivíduos obtêm,
processam e usam informação, como buscam informação sobre algo, que tipos de fontes
lhes são importantes e como as utilizam, e para que usam determinada informação. Estes
aspectos levantados, de acordo com Borges (2002), têm como objetivo saber que tipo de
problemas os usuários procuram solucionar através do uso de determinada informação.
Exemplo dessa visão relacionada aos estudos de necessidades de informação pode ser
dado levando-se em conta o estudo de Henrique (2006) que, em sua pesquisa, estuda a
busca de informação atrelada às tarefas e ao contexto dos usuários da informação
envolvidos em atividades organizacionais. Esta perspectiva, o autor afirma que
trata-se do indivíduo como entidade atuante, parte da coletividade,
interpretando e construindo (enacting) tanto o ambiente quanto a própria
organização que integra, através de seus comportamentos de busca de
informação. (HENRIQUE, 2006, p. 67).
Além desses aspectos relacionados ao usuário, outros também devem ser destacados para
que os serviços e produtos de informação sejam eficazes. No sentido, é fundamental citar
o trabalho de Assis (2006) que propõe uma metodologia para a construção de produtos de
informação. Com base nos argumentos que o autor apresenta, é possível ampliar o ponto
de vista de sua metodologia considerando seus argumentos da mesma não somente para
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a construção de produtos de informação, mas sim para a gestão de serviços e produtos de
informação.
Os aspectos que Assis (2006) apresenta como essenciais são, a grosso modo, levantar as
necessidades de informação dos usuários, estabelecer fontes de informação relevantes –
disseminar e divulgar os produtos de informação, definir as tecnologias de informação
apropriadas para os produtos e ter uma equipe de profissionais de informação que tenham
as competências necessárias para o gerenciamento dos produtos de informação.
Borges e Sousa (2003) discutem atividades semelhantes no que se refere aos serviços e
produtos de informação. No entender das autoras, os aspectos resultantes da
caracterização das necessidades informacionais dos usuários-alvo e da definição das
fontes de informação consideradas fundamentais para atender a esses usuários, podem ser
materializados na forma de protótipo, ou seja, de um esboço inicial do serviço ou do
produto de informação que deve ser apresentado aos usuários-alvo, analisado e
melhorado em função das sugestões e/ou exigências desses usuários. Outra forma de
apresentar um serviço ou produto é através de uma proposta técnica, que pode ser útil
tanto como roteiro de gestão, quanto como instrumento de negociação e captação dos
recursos necessários para a implantação dos serviços e produtos.
O profissional da informação
Diante de todas essas questões discutidas fica evidente que, para cumprir as suas funções,
a gestão dos serviços e produtos de informação deve contar com pessoal especializado na
busca da informação, com fontes relevantes e com políticas que facilitem, ao usuário, o
acesso à informação. Dada a variedade das atividades voltadas para o trato da
informação, é necessário que o profissional esteja preparado para enfrentar os desafios
que se colocam a ele.
Por outro lado, observa-se que as atividades de informação não se restringem aos
profissionais tradicionalmente considerados capacitados para lidarem com elas
(bibliotecários, arquivistas, etc), estando o mercado profissional cada vez mais aberto a
diversas áreas profissionais. De acordo com Marengo (1996), todos os profissionais hoje
estão sendo entendidos como profissionais de informação, pois necessariamente precisam
manipular informação para o desempenho de suas funções, verificando-se que este
mercado é bastante difuso, não estando vinculado a nenhum corpo profissional ou
disciplina específica.
Smith e Barreto (2002) afirmam que o profissional de informação deve ter, em sua
formação, o conhecimento das técnicas e procedimentos bibliotecários, mas incorporando
a compreensão de situações em permanente mutação no que diz respeito às fontes,
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suportes e tecnologias de tratamento e transmissão de informação, bem como às formas
de geração e atendimento às necessidades de informação da sociedade.
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É imprescindível mencionar que o profissional de informação cada dia mais deve estar
atento a questões relacionadas à prestação de serviços virtuais de informação. Para isso,
ele deve desenvolver habilidades para se tornar, segundo Marchiori (1997), um gerente
de informação em rede, lidando com estruturas informacionais cada vez mais flexíveis,
mutáveis e ágeis e de formatos diferentes. O planejamento e o provimento de serviços e
serviço ou produto de informação de informação virtuais deverão levar os profissionais
de informação a mudar a maneira como os usuários acessam esses serviços (que é
diferente dos mecanismos tradicionais).
Considerações finais
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REFERÊNCIAS
TAYLOR, R. S. Information values in decision contexts. IMR, v.1, n.1, 1985, p. 47-55.
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
ESCOLA DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
Belo Horizonte
2019
0
SOLANGE MADALENA SOUZA MACEDO
Belo Horizonte
2019
0
2
3
4
Dedico aos meus dois filhos queridos Amanda e Miguel
5
AGRADECIMENTOS
A Deus, consumador de todas as coisas do Universo, por ter me ajudado poderosamente na
realização deste sonho. Obrigada Senhor por ter me dado forças e perseverança para
enfrentar e vencer os desafios que, algumas vezes, de alguma forma, conspiravam para que
eu não chegasse ao fim do doutorado. Mas eis que, a cada dia, o Senhor enviava fôlego e
motivação para continuar em busca do meu objetivo, mostrando que era possível alcançá-lo.
Então Senhor, Graças e louvores eu dou somente a Ti pela tua misericórdia em me
capacitar em todos os momentos, pelo Teu grande e infinito Amor para comigo e pela vitória
final.
Aos meus filhos Amanda e Miguel por terem sido capazes de suportarem, ainda sem
compreenderem muito bem, as minhas constantes ausências, durante o período do estudo.
A minha mãe pelo incentivo ao estudo desde muito cedo, torcendo pelo melhor para mim.
Ao meu marido Eduardo pelo seu amor e pela paciência nas minhas ausências e falhas
como sua companheira.
A minha querida orientadora Cristina pela ajuda incondicional na concretização deste sonho.
Sua dedicada orientação, com disponibilidade, sensibilidade, firmeza, organização, ensino e
compartilhamento do seu entendimento e visão da área foram primordiais para que eu
conseguisse realizar o trabalho. Sem a sua ajuda e carinho eu jamais teria conseguido
concluir e alcançar esse sonho. Obrigada pelo valioso aprendizado em todos os momentos
da pesquisa. A sua pessoa ficará gravada na minha memória para sempre e agradeço a
Deus pela sua vida. Certamente, eu tive uma oportunidade valiosíssima de tê-la como minha
orientadora. Muitíssimo obrigada!
A professora Mônica Nassif pela contribuição no início do trabalho, atentando-me para
questões importantes da pesquisa. Obrigada pelo seu carinho de sempre.
Aos membros da banca de defesa por aceitarem o convite, me honrando com sua presença
Aos membros do Colegiado do PPGCI na ajuda das soluções aos problemas e percalços.
A minha irmã Márcia pelo incentivo, ajuda e torcida de sempre;
As minhas queridas e especiais amigas Ionara, Maria e Regina pela ajuda, ânimo e força.
Aos tantos outros amigos que torceram por esta conquista;
A minha secretária Soraia pelo zelo em cuidar da minha casa, dos meus filhos enquanto
estive nos momentos críticos de tempo;
A Gisele e Carolina da Secretaria da Pós-graduação pela grande presteza e atenção;
A Maianna, bibliotecária da Biblioteca da Escola de Ciência da Informação pela atenção
diferenciada.
A Ludmila do Canguru Centro Lúdico e Fernando do Bumerangue (escolinhas do meu filho
Miguel) pela ajuda que foi tão importante e significativa durante a finalização do estudo.
E todos aqueles que de alguma forma contribuíram para esse grande objetivo e sonho.
6
A gestão significa, segundo a mais recente análise, a substituição da força bruta pelo
pensamento; do folclore e da tradição pelo conhecimento e da força pela cooperação.
Peter Drucker
O Deus que me revestiu de força e aperfeiçoou o meu caminho, deu Ele a meus pés a
ligeireza das corças e me sustentou em pé nas minhas alturas.
Salmos 18: 33-34
7
RESUMO
8
ABSTRACT
The units of information are administrative instances that aim at the qualified use of the
information, through activities of organization of the information and production of services
and informational products. To do so, it is necessary to manage the processes and services
mentioned, which requires the optimization of resources, by measuring the variables
involved, such as cost and time. One of the management actions is planning, whose validity
involves an early decision making, in the perspective that the future can be improved by
means of an intervention at the present time. The research object is the planning in units of
information, as a process that enhances the access and qualified use of the information by
the user. The problematization is related to the presupposition of theoretical gap, leading to
the question about how the appropriation of the planning occurs to the context of the units of
information in the literature of the area. The objective of the research is to explore the
planning in units of information in the literature, from the literature in the area of Librarianship
and Information Science, identifying categories that support reflections on knowledge of this
subject.The objective of this research is to explore the planning in information units in the
literature, from the literature in the area of Librarianship and Information Science, identifying
categories that support reflections on knowledge of this subject.The specific objectives are:
considering that the subject requires appropriation of the advances of the Administration
area, systematize general studies on management and specific about planning that allow to
base and validate the knowledge about the theme of the thesis; discourse the contents that
make it possible to make explicit the planning in information units, in the literature area of
Library and Information Science, in their main characteristics; identify and systematize
representative categories of the literature on planning in information units, in order to obtain
parameters for the elaboration of reflections on the knowledge produced.The research is of
the exploratory and descriptive type, regarding the purposes that it was proposed, and
bibliographical about the means or procedures adopted. The research technique used was
the indirect documentation of the bibliographic type. An important aspect that the research
evidences is the need of the diagnostic evaluation of the unit of information for the
implementation of the planning. The research showed that there is a theoretical gap in Brazil
on the subject, given the recurrence of studies patterned to the transfer, that by
appropriation, citing many Administration texts, unlike studies from other countries, especially
the Spanish and North American, which also use authors from the area of Library and
Information Science, who appropriated the planning to the context of the information units.
Thus, the research allowed to observe, through the systematization of representative
categories of the literature on planning in information units, the appropriation of planning to
the area of Library and Information Science.
9
LISTA DE FIGURAS
10
LISTA DE QUADROS
QUADRO 19 – Pontos fortes e fracos a considerar no diagnóstico: aspecto 'projetos' ...... 153
11
QUADRO 24 – Questões para o roteiro de mapeamento dos serviços da unidade de
informação ......................................................................................................................... 159
QUADRO 40 – Alguns elementos que podem ser utilizados para identificar um projeto .... 186
12
QUADRO 48 – Surgimento do planejamento nas teorias do pensamento administrativo... 203
QUADRO 53 – Estudos iniciais do aspecto integração das funções do planejamento ....... 208
13
QUADRO 71 – Categoria Proposta de aplicação do planejamento em unidades de
informação: etapas da parte de projeto .............................................................................. 225
14
LISTA DE SIGLAS
15
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 18
16
4.2.2 Etapa do planejamento das ações e atividades ........................................................ 178
4.2.3 Etapa do planejamento de recursos .......................................................................... 179
4.2.4 Etapa do planejamento da capacitação da equipe .................................................... 181
4.2.5 Etapa do planejamento da avaliação ........................................................................ 182
4.2.6 Etapa do planejamento das estratégias de disseminação e comunicação ................ 183
4.2.7 Etapa da redação do projeto ..................................................................................... 183
4.2.8 Roteiro ...................................................................................................................... 185
17
1 INTRODUÇÃO
18
papel que as organizações devem desempenhar na sociedade também sofreu e sofre fortes
impactos das inúmeras transformações que ocorrem, constantemente, fazendo com que as
organizações, de qualquer natureza, repensem e reavaliem os seus processos de gestão,
visando atender com qualidade os anseios da comunidade que é foco de suas atividades e,
consequentemente, da sua razão de existir e se constituir. Deste modo, as unidades de
informação lidam com situações que muitas vezes ameaçam a efetividade de seu
funcionamento e a sua própria sobrevivência. Mas, como gerir com efetividade as unidades
de informação, frente a tantas transformações sociais, culturais, políticas, econômicas
ambientais, dentre outras? Uma ação necessária é a utilização de uma prática de gestão
capaz de subsidiar a organização da informação e a produção de produtos e serviços para
acesso à informação, atividades de uma unidade de informação. Esta prática é o
planejamento, considerado um dos mais importantes processos administrativos, por
estabelecer um curso para a realização das ações que permitam atingir objetivos
preestabelecidos, tendo em vista o futuro das atividades do presente. O planejamento é o
caminho para fazer as coisas acontecerem de fato a curto, médio e longo prazo, envolvendo
o gerenciamento e execução de processos no ambiente organizacional, segundo objetivos
estabelecidos com a definição de linhas de ações e etapas para atingi-los. Trata-se de
processo, cujas atividades são executadas de acordo com um método, ou seja, realiza-se
conforme uma sequência e ordem lógica de execução de atividades. Envolve abordagem
racional e científica, uma vez que pressupõe tal sequência de ações, ordenadas em fases
estabelecidas com base em conhecimentos científicos e técnicos. O planejamento é cíclico
e permanente e por isto supõe ação continuada sobre as variáveis que, dependendo do
momento histórico, podem intervir sobre ele. Assim, são necessárias investigações
constantes sobre o planejamento, com vias a se antecipar as variáveis que podem afetar o
seu sucesso.
Por sua validade, o planejamento inicia-se pela análise das condições presentes por
meio da realização do diagnóstico. Pelo diagnóstico, compara-se o estado encontrado com
o estado desejado da unidade de informação, avalia-se a efetividade desta unidade com
base em algum padrão estabelecido e procura-se caminhos para diminuir a distância entre a
situação existente e a situação desejada. Ou seja, a realização do diagnóstico tem como
objetivo determinar maneiras de como agir para atingir um futuro desejado. A partir da
percepção da realidade permitida pelo diagnóstico, um projeto é elaborado, viabilizando sua
implementação, e então, a avaliação do percurso proposto e sua reformulação. A
contribuição do planejamento ao ambiente das unidades de informação é notória, uma vez
que ele fornece caminhos mais confiáveis ao alcance de seus objetivos.
19
1.2 Justificativa e Problematização
20
As unidades de informação que inserem o planejamento na sua administração
tomarão decisões mais adequadas do que as que não o fazem. Não se pode contar apenas
com a experiência, intuição e julgamento na tomada de decisões, pois há muitas variáveis
que afetam os resultados finais de uma unidade de informação. O planejamento é
ferramenta para a unidade de informação, uma vez que a coloca frente às transformações
que inevitavelmente ocorrerão, pois a mudança pode ser algo fortuito, casual e imprevisível,
ou algo que pode ser antecipado e controlado com sucesso, por meio de ações deliberadas
e adotadas que se ajustem ao objetivo a ser alcançado pela unidade. Deste modo, para
obter resultados, primeiro deve-se saber o que se quer alcançar. Em seguida, deve-se
projetar um plano para alcançar aquilo que se quer. Depois, deve-se executar e controlar o
plano que foi elaborado para que ele se torne real, exequível, tangível, e não apenas uma
ideia na mente de alguém.
No âmbito das unidades de informação, o planejamento poderá proporcionar senso
de direção, focalizar esforços, maximizar a eficiência, atuar como fonte de
comprometimento, reduzir o impacto em relação às mudanças ambientais, definir
parâmetros de controle, potencializar o autoconhecimento da própria unidade e afetar
positivamente o seu desempenho.
No entanto, em muitas unidades de informação, a função do planejamento ainda é
pouco exercida, ou não o é de forma rigorosa ou adequada (ALMEIDA, 2005, p. 1). É prática
recorrente não se adotar um tempo específico para se planejar o curso de execução das
ações, o que leva, muitas vezes, a que as atividades sejam realizadas de maneira
imediatista, para solucionar problemas emergenciais no momento em que acontecem. É
bastante comum, principalmente o gerente bibliotecário, alegar que não tem tempo para
planejar, em função do volume de atividades a desenvolver (ALMEIDA, 2005, p. 1-2). Mas,
não seria o contrário? É justamente porque não se planeja que não se tem tempo para
realizar todas as atividades, já que o tempo despendido no planejamento seria recuperado
no momento da execução, uma vez que, as decisões já estarão tomadas, como também o
pessoal já estará treinado para o desenvolvimento do projeto. Há que se ter em mente que o
tempo empregado no processo de planejamento é, certamente, menor e mais produtivo do
que o tempo usado em processos improvisados, que contam com decisões tomadas no
imediatismo, constituindo-se em soluções representadas pelos conhecidos dizeres
populares: ‘apagar incêndio’ ou ‘matar um leão por dia’. Deste modo, o planejamento faz o
tempo trabalhar a favor do gerente da unidade de informação e sua equipe, otimizando e
permitindo que vários planos sejam gerenciados de maneira simultânea, à medida que
possibilita o monitoramento do desempenho e a avaliação de resultados parciais e finais
(SLOMA, apud ALMEIDA, 2005).
21
Além disso, se o planejamento não está totalmente incorporado à rotina,
especialmente do bibliotecário, e ocorre como atividade esporádica, tida como um fim em si
mesmo e não como atitude permanente e constante, corre-se o risco de se limitar a produzir
planos, perdendo-se de vista a ação, à falta do uso destes como um meio para alcançar fins,
objetivos e opções determinadas para diferentes soluções, previamente estudadas, bem
como previstas suas consequências, levando em conta os recursos e as condições gerais
existentes (ALMEIDA, 2005). Enfim, o gerente de uma unidade de informação deve
compreender que quanto menos planejar, mais trabalho vai haver e resultados mais
precários vai obter.
Nesse sentido, há que se chamar a atenção aqui para um dos fatores
propiciadores da falta de planejamento em unidades de informação: a formação do
bibliotecário. Nos cursos de Biblioteconomia brasileiros, em muitos casos, as disciplinas de
cunho administrativo voltadas às especificidades bibliotecárias são ministradas por
professores formados em Administração, ou em outras áreas, o que dificulta o domínio
necessário de Biblioteconomia. Ocorre também que, quando essas disciplinas são
ministradas por professores formados em Bibioteconomia, falta-lhes, muitas vezes, a
vivência profissional do dia-a-dia das unidades de informação ou até mesmo um certo
desconhecimento de processos, teorias e funções administrativas, bem como o
entendimento da biblioteca, ou outras unidades de informação, como uma organização.
Esse quadro deixa claro que se faz necessário o aprofundamento sobre a apropriação de
conteúdos da Administração à Biblioteconomia, pois as disciplinas citadas podem não ser
direcionadas para a realidade biblioteconômica, resultando em uma lacuna na formação do
profissional bibliotecário.
O planejamento em unidades de informação é uma aplicação da Administração,
enquanto campo originário do planejamento. Ou seja, o planejamento aplicado ao contexto
das unidades de informação se encontra alicerçado na aplicação da Administração à área
de Biblioteconomia e Ciência da Informação, em especial com os estudos sobre a temática
‘Administração de Bibliotecas’. O verbete Biblioteconomia, do Diccionario de Bibliotecología,
demonstra a dimensão do papel da Administração na área, ao defini-la como:
22
Nesta definição de Biblioteconomia, os termos negritados indicam aspectos de
natureza administrativa presentes na área. Para Díez Carrera (2002), Hesse já dizia, em
meados de 1860, que este deveria ser o entendimento esperado da Biblioteconomia quando
se tratasse da aplicação da Administração, uma vez que há semelhança entre uma
biblioteca e uma organização empresarial, isto é, entre uma unidade de informação e uma
empresa. Tal afirmativa sustenta-se a partir das elucidações de Pacios Lozano (1997) sobre
algumas características da Administração que evidenciam a legitimidade da aplicação da
Administração ao contexto das unidades de informação. Conforme a autora, as
características que servem para argumentar tal aplicação (que permitem validar a aplicação
do planejamento ao contexto das unidades), resumem-se ao fato de que a Administração é
uma ciência interessada na eficácia e eficiência, com caráter prático, que possui um
conjunto de técnicas e funções que podem ser executadas em diferentes níveis de uma
organização. Por ser uma ciência interessada na eficácia e eficiência, possui certas
características, como universalidade, valor instrumental, unidade temporal, amplitude,
flexibilidade, especificidade e interdisciplinaridade. Estas características são inerentes às
unidades de informação. Quanto à universalidade, implica a aplicação dos processos
adminstrativos a qualquer tipo de unidade de informação, em contextos sociais e
institucionais diversos, ou a qualquer situação em que os processos da área sejam
desenvolvidos, mesmo que na ausência de uma unidade de informação formalizada. Da
mesma maneira, o valor instrumental é pertinente ao ambiente das unidades de informação,
no que tange às ações de produção de serviços e produtos informacionais, visando alcançar
os objetivos traçados. Também estão presentes no contexto das unidades de informação as
três últimas ideias, uma vez que as fases e estágios de seus processos ocorrem de maneira
interligada (unidade temporal), aplicando-se a todos os níveis da unidade (amplitude), por
meio da maleabilidade de ações (flexibilidade) (PACIOS LOZANO,1997, p. 233).
Há que ser mencionado, também, o caráter prático e técnico da Administração. Este
caráter se resume ao fato de que a Administração é um ramo das ciências humanas com
aplicação prática de um conjunto de princípios, técnicas e funções que podem ser
executadas em diferentes níveis de uma organização (PACIOS LOZANO, 1997). Segundo
Maximiano (2000, p. 25), Administração é o processo que envolve tomada de decisão
quanto ao uso de recursos para alcançar objetivos. No contexto da área da Biblioteconomia
e Ciência da Informação, trata-se de considerar os conteúdos da Administração apropriados
à gestão das unidades de informação, por permitirem escolhas que possibilitarão a
utilização adequada dos recursos, bem como proporcionarão oferecer serviços e produtos
qualificados, frente às mudanças que podem impactá-las internamente e externamente.
Esta pesquisa se justifica, principalmente, por explorar o conhecimento sobre
planejamento em unidades de informação, pela via da sistematização de ideias e propostas
23
sobre a apropriação da Administração pela literatura da área de Biblioteconomia e Ciência
da Informação. Apropriação é entendida aqui como ato ou efeito de apropriar-se, adequar,
adaptar, apossar-se de, apoderar-se, no sentido de tomar como próprio ou adequado,
conveniente, (FERREIRA, 2009, p. 149). Assim, apropriar no sentido de tomar como
adequado o uso das práticas da Administração à área de Biblioteconomia e Ciência da
Informação, apossando-se do planejamento para aplicação em unidades de informação.
A pesquisa foi motivada pela observação de lacuna teórica sobre o tema do
planejamento em unidades de informação. Trata-se de uma percepção que se colocou
quando a autora ocupou o cargo de professora substituta na Escola de Ciência da
Informação da Universidade Federal de Minas Gerais (ECI/UFMG) para ministrar a disciplina
Planejamento em Unidades de Informação, nos anos de 2013 e 2014. Quando do
levantamento bibliográfico de novas publicações brasileiras sobre o tema, pouco se
encontrou além do já produzido até o ano 2000. Identificou-se uma única publicação, do
mesmo ano, específica para o contexto das unidades e serviços de informação na área de
Biblioteconomia e Ciência da Informação, que é o livro Planejamento de Bibliotecas e
Serviços de Informação, da autora Maria Christina Barbosa de Almeida. A obra encontra-se
esgotada e era publicada pela editora Briquet de Lemos, a qual encerrou suas atividades
comerciais. Embora não tenha contemplado explicitamente as redes de informação e as
atividades não formalizadas institucionalmente, é possível afirmar que nesta obra a autora
apropriou-se de modo amplo e pertinente da gestão, desenvolvendo uma metodologia
específica de planejamento para o contexto da Biblioteconomia e Ciência da Informação.
Notou-se claramente que, após esta publicação, houve na literatura da área no Brasil certa
estagnação na produção de publicações sobre o assunto, sendo encontrado, na maioria das
vezes, apenas um ou outro estudo de caso, mas nenhum nos moldes que Almeida delineou.
Diante disto, e sabendo o quão necessário é o planejamento para a gestão de uma unidade
de informação, em que há tanto trabalho a ser desenvolvido, partiu-se da ideia de
necessidade de exploração do tema, buscando sistematizar as questões que o envolvem,
bem como explicitar a importância do planejamento ao contexto das unidades.
No contexto do que foi dito acima, cabe elucidar que não foi só a partir da atuação da
autora da tese como professora que isso foi percebido e veio à tona, mas sim a partir da sua
formação na graduação e, em especial, a partir da sua atuação profissional, na maioria das
vezes, como gerente de unidades de informação. Essa percepção se construiu de maneira
involuntária e implícita ao longo dos anos, sendo fruto de um caminho percorrido
principalmente na prática profissional na gestão de produtos e serviços de informação em
biblioteca universitária voltada para o apoio a cursos de Administração. Importa dizer que as
questões mais marcantes para a escolha do tema e para o seu desenvolvimento estão
24
relacionadas à prática profissional, pois esse é o lugar de onde a autora as vivenciou mais
intensamente.
Em termos de formação acadêmica, além da graduação em Biblioteconomia, tanto o
mestrado parcial em Administração, quanto o mestrado em Biblioteconomia e Ciência da
Informação contribuíram para uma maior compreensão dos temas ligados à gestão
organizacional, com foco em gestão e uso da informação nas organizações.
Tais colocações permitem apontar, por fim, que a formação e a vivência profissional
da autora justificam o tema estudado, aqui considerado necessário à formação, seja de um
profissional bibliotecário à frente de uma unidade de informação como gestor, seja de um
pesquisador, como é o caso do doutorando.
Para a organização da informação, oferta de produtos e prestação de serviços nas
unidades de informação, a gestão é realizada a todo o momento. A adoção do planejamento
ao contexto das unidades de informação, como elemento da gestão, exige mudança
permanente na forma, na estrutura e no funcionamento de uma unidade de informação,
visando possibilitar que ela continue atendendo às expectativas da comunidade para a qual
pretende oferecer um serviço de qualidade. A questão apresentada implica apropriação
específica do conhecimento administrativo.
Diante do exposto, o problema de pesquisa relaciona-se diretamente à
pressuposição da existência de uma lacuna teórica decorrente da baixa apropriação da
gestão, em especial do planejamento, pela área de Biblioteconomia e Ciência da
Informação, sobretudo ao ambiente das unidades de informação. Significa dizer que a área
de Biblioteconomia e Ciência da Informação não se apropria suficientemente da área da
Administração naquilo que responde por seus objetivos. Está em questão o conhecimento
gerencial que permite subsidiar demandas sociais pertinentes ao fazer profissional
bibliotecário, haja vista que o dia-a-dia da prática profissional em uma unidade de
informação envolve gerenciamento contínuo, seja dos processos de organização da
informação, da oferta de produtos e serviços, das tecnologias adotadas para tal,
daspessoas, dentre outros. Considerando as constatações anteriores, a pergunta de
pesquisa que norteará este estudo será: pressupondo a existência de lacuna teórica,
identificada em exploração preliminar da literatura, como o estudo do planejamento é
apropriado ao contexto das unidades de informação na literatura da área de Biblioteconomia
e Ciência da Informação?
1.3 Objetivos
25
Ciência da Informação, identificando categorias que subsidiem reflexões sobre o
conhecimento nessa temática.
Para alcançar o objetivo traçado, foram definidos os seguintes objetivos específicos:
1.4 Metodologia
26
diferenças entre o mundo social e o mundo natural; o respeito ao caráter interativo entre os
objetivos buscados pelos investigadores, suas orientações teóricas e seus dados empíricos;
a busca de resultados os mais fidedignos possíveis; e a oposição ao pressuposto que
defende um modelo único de pesquisa para todas as ciências (GODOY, 1995). Dessa forma,
a aplicação da abordagem qualitativa, justificou-se pela necessidade de apresentar, em
alguma medida, a apropriação do planejamento ao contexto das unidades de informação a
partir da literatura da área de Biblioteconomia e Ciência da Informação.
A pesquisa é do tipo exploratória e descritiva, quanto aos fins que se propôs, e
bibliográfica quanto aos meios ou procedimentos adotados. A pesquisa exploratória visa
proporcionar maior familiaridade com o problema com vistas a torná-lo explícito. Envolve
levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com
o problema pesquisado e análise de exemplos que estimulem a compreensão (GIL, 2002, p.
21). Levantamentos bibliográficos foram realizados nas fontes de informação
especializadas, visando identificar os estudos de planejamento em unidades e redes de
informação, no âmbito da área de Biblioteconomia e Ciência da Informação. A pesquisa é
também descritiva, já que, apresenta literatura sobre planejamento em unidades de
informação. De acordo com Gil (2002, p. 26), as pesquisas descritivas têm como objetivo
primordial a descrição das características de determinada população ou fenômenos ou,
então, o estabelecimento de relações entre variáveis. Já a pesquisa bibliográfica procura
explicar um problema a partir de estudos teóricos publicados em fontes bibliográficas, como
livros, artigos científicos, dissertações, teses e outros (MARCONI; LAKATOS, 2006). Busca
conhecer e analisar as contribuições culturais ou científicas do passado sobre determinado
assunto, tema ou problema (CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007, p. 60).
A técnica de pesquisa utilizada foi a documentação indireta do tipo bibliográfica. A
documentação indireta é adotada na pesquisa com o intuito de recolher informações prévias
sobre o campo de interesse. É o levantamento de dados e informações sobre o tema
(MARCONI; LAKATOS, 2006, p. 176). Os instrumentos de pesquisa foram as fontes
bibliográficas, cuja seleção se deu por meio de pesquisa bibliográfica em livros, artigos
científicos, dissertações e teses que tratam do tema em questão.
O levantamento não exaustivo dos estudos de planejamento em unidades de
informação iniciou-se com a definição das fontes especializadas, em Biblioteconomia e
Ciência da Informação, a serem utilizadas. De maneira geral, esta seleção das fontes levou
em consideração o destaque dado a estas na área de Biblioteconomia e Ciência da
Informação, sendo consideradas as mais importantes nacionalmente e internacionalmente,
muito conhecidas, consolidadas e utilizadas no meio, com cobertura abrangente e
possibilidades de localização de documentos que proporcionariam subsidiar o
desenvolvimento da exploração dos estudos de planejamento em unidades de informação.
27
Dentre as fontes especializadas da área selecionadas, destacam-se: a BRAPCI (Base de
dados Referencial de Artigos de Periódicos em Ciência da Informação) e a LISA (Library &
Information Science Abstracts). Considerou, também, a cobertura das principais revistas
especializadas da administração de unidades de informação, capazes de trazer estudos
sobre o planejamento nestes ambientes, como: o Journal of Library Administration, a Library
Administration and Management, a Library Management e a Library Management Quarterly.
Quanto aos recortes de idioma e de tempo, optou-se por contemplar os documentos
em línguas portuguesa, inglesa, espanhola e francesa, sem um recorte temporal. Neste
momento, definiram-se também, para as consultas, alguns termos específicos que
retratassem o assunto a buscar, como uma forma de melhor organizar o pensamento em
torno da ideia central da pesquisa, norteando a atividade de busca. Do ponto de vista
terminológico, esta definição prévia proporcionou condições para uma compreensão mais
clara e acertada em torno do que se deveria buscar. Os termos em língua portuguesa foram
definidos, considerando o assunto da pesquisa, como já traçado até o momento, apoiado
pela experiência profissional da autora da tese na área. De posse dos termos definidos em
língua portuguesa, buscou-se realizar a tradução destes termos para os idiomas
selecionados anteriormente. Para isso, consultaram-se alguns dicionários bilíngues,
terminológicos e enciclopédicos especializados para melhor entendimento dos termos nas
suas respectivas línguas e área. Depois disso, para, em alguma medida, certificar se os
termos eram usuais em seus respectivos idiomas ou detectar algum problema no seu uso,
contou-se, em parte, com a experiência profissional da autora na área de Administração,
quando foi adquirido conhecimento no uso de bases de dados em inglês da respectiva área.
Colegas pós-graduandos estrangeiros de origem latina também foram consultados para
validação dos termos em idioma espanhol e francês. Por conseguinte, atentou-se ao fato de
que, ao longo das buscas, estes termos poderiam ser alterados, substituídos ou acrescidos
por outros, conforme as estratégias de busca adotadas e refeitas durante o levantamento.
Ao longo das buscas, confirmou-se a predominância do uso de determinados termos, os
quais passaram a ser os termos centrais adotados.
Várias tentativas foram feitas com os termos selecionados, com combinações deles
ou retirada de alguns. Cada uma destas tentativas serviu para o desenvolvimento de
observações em torno da indexação dos assuntos na fonte de informação selecionada, o
que auxiliou na execução de melhores estratégias de busca, de modo a chegar a uma capaz
de recuperar registros de maneira mais acertada.
Essa exploração ofereceu um panorama da literatura sobre o planejamento em
unidades de informação e serviu de base para o desenvolvimento da pesquisa nos moldes
em que está apresentada.
28
A organização da tese conta com seis capítulos, sendo o Capítulo um, esta
Introdução, que traz uma apresentação geral do escopo da pesquisa desenvolvida e tema
pesquisado, a justificativa e problematização em torno da temática estudada, juntamente
com a questão de pesquisa, os objetivos geral e específicos e a metodologia percorrida,
com as respectivas decisões tomadas para a realização do estudo. Em seguida, os
capítulos dois, três, quatro e cinco contemplam o referencial teórico utilizado, apresentando
as bases teóricas envolvidas na temática da pesquisa realizada. Este referencial é composto
de autores da Administração e da Biblioteconomia e Ciência da Informação. Dentre os
autores citados da Administração, destacam-se: Taylor (1971), Fayol (1975), Ackoff (1979),
Koontz e O’Donnell (1980), Dias (1982), Stoner, Freeman e Gilbert Júnior (1995), Maximiano
(2000; 2002), Motta e Vasconcelos (1998; 2006), Lacombe e Heilborn (2008), Oliveira (1999;
2010), dentre outros. Já dentre os autores da Biblioteconomia e Ciência da Informação,
destacam-se: Penna (1970), Evans (1983), Tarapanoff (1982; 1987, 1993), Tarapanoff e
Suaiden (1995), Pacios Lozano (1995; 1997), Díez Carrera (2002), Almeida (2005) e
Fuentes Romero (2007). O Capítulo dois traz uma discussão exploratória em torno do
termo unidades de informação, no que tange aos modos de uso, em especial no Brasil, e às
suas possibilidades de caracterização. O Capítulo três aborda o tema central do estudo que
é o planejamento em unidades de informação, trazendo suas origens, na área da
Administração e na área da Biblioteconomia e Ciência da Informação, além de trazer uma
conceituação de planejamento, sua base teórica (as Escolas da gestão que serviram de
sustentação para o estudo do tema no contexto das unidades de informação, seguida das
abordagens teóricas e dos enforques de estudo do planejamento em unidades de
informaçãos. Este Capítulo finaliza com os aspectos pragmáticos envolvidos no processo de
planejamento em unidades de informação, a avaliação entendida como subsídio ao
processo de aplicação do planejamento, os níveis da referida aplicação e a estruturação do
processo de planejamento em partes e etapas. O Capítulo quatro traz uma proposta de
aplicação do planejamento em unidades de informação. A escolha e uso desta proposta, em
meio à literatura consultada, justifica-se pelo fato desta ser uma proposta metodológica
pertinente e adequada ao contexto das unidades de informação. Sua base teórica principal é
a segunda edição do livro de Maria Christina Barbosa de Almeida, publicada em 2005.
Entende-se que o livro de Almeida e sua proposta refletem significativamente a apropriação
do planejamento à área de Biblioteconomia e Ciência da Informação, pois considera, na
aplicabilidade desta prática da gestão ao ambiente informacional, sobretudo das unidades
de informação, as especificidades da área em questão. O Capítulo cinco apresenta as
categorias identificadas na literatura explorada sobre planejamento em unidades de
informação. O Capítulo seis, considerações finais, apresenta reflexões da pesquisa, sob a
perspectiva e recorte propostos, bem como as recomendações/sugestões para a realização
29
de estudos futuros. Ao final, são apresentadas as referências das obras consultadas e
citadas, seguido dos Apêndices.
A tese foi estruturada de modo a propiciar a observação da apropriação do
planejamento à área de Biblioteconomia e Ciência da Informação. A apropriação é
observada, segundo o conceito utilizado nesta pesquisa, de ato ou efeito de apropriar-se, de
tomar como próprio ou adequado, ou ainda, apoderar-se.
A partir da proposta de Almeida (2005), foi feita leitura e releitura para esta pesquisa,
que implicou um conjunto de decisões, que também refletem o conceito de apropriação
utilizado, quais sejam: a busca por novos textos e autores sobre temáticas abordadas, que
necessariamente tinham que ser aprofundadas para o contexto do planejamento em
unidades de informação; a inversão da ordem de assuntos abordados e seções, e a
reordenação de conteúdos tratados, no sentido de buscar fluidez no entendimento do
processo de planejamento em unidades de informação; a retirada de subseções, julgadas
desnecessárias, ou a criação de outras, consideradas mais adequadas para a proposta
metodológica apresentada neste estudo; a criação de esquemas para visualização de
etapas do processo de planejamento em unidades de informação e; por fim, o
aprofundamento de ideias relevantes da autora do livro que, muitas vezes, estavam nas
entrelinhas do texto e necessitaram ser identificadas e explicitadas, já que traziam
contribuições primordiais ao entendimento do tema.
Assim, buscou-se explorar a apropriação a partir da sistematização de literatura
sobre planejamento em unidades de informação, por meio da identificação de categoriais,
visando obter parâmetros para a elaboração de reflexões sobre o conhecimento produzido.
Cada uma das categorias é composta por subcategorias, que evidenciam aspectos
específicos e relevantes identificados na literatura, comfo segue:
30
2 UNIDADES DE INFORMAÇÃO
31
ou posta em posição de exclusividade, a despeito da complexidade dos modos de
manifestação do campo.
Outro movimento, menos orientado por pontos de vista, pauta-se pela construção
contínua de conceitos definitórios do campo que, por consequência, fornecem terreno sólido
para a observação das soluções implementadas na prática profissional e para a elaboração
de quadros teóricos e metodológicos consistentes. Esse terceiro movimento, no entanto, é
bastante disperso e menos evidente, o que, junto ao quadro acima traçado, contribui para
que os usos do termo unidades de informação sejam emblemáticos desse lugar paradoxal
em que a biblioteca foi colocada.
A situação atual faz mostrar a necessidade de adoção de um termo genérico para
fazer referência aos diversos tipos de sistemas e serviços bibliográficos, haja vista o fato de
que a consolidação do campo exige terminologia que responda pelo modo como ele se
manifesta socialmente. Frente à diversidade de termos encontrados na literatura consultada
e seus respectivos conceitos, justifica-se a exploração do termo unidade de informação. Em
função disso, coloca-se a questão sobre as origens do termo e seus modos de uso,
conduzindo à pergunta sobre seu percurso, ou seja, observando se houve algum nível de
estabilização terminológica. Por sua vez, no que tange à busca pela caracterização das
chamadas unidades de informação, a ideia de unidade colabora para a exploração do termo
na perspectiva sistêmica, no sentido de que toda unidade é formada por partes que se
articulam entre si, funcionando de um determinado modo a depender da estrutura (ou
sistema) que representam. Dito de outro modo, a cada estrutura corresponde uma função,
sendo esse caminho, portanto, profícuo para o desenvolvimento do termo.
Uma variedade de termos e conceitos circunda o que pode ser chamado de unidades
de informação. Na maioria dos casos, o termo é adotado para ambientes de informação de
cunho bibliográfico, numa perspectiva contingencial, ou seja, à falta de maiores
generalizações.
Para Morin (2001), ambiente é uma teia complexa, composta de um todo
tecnológico, econômico, político, sociológico, psicológico e afetivo que exerce influência na
vida e no comportamento dos sujeitos por meio da relação entre o objeto de conhecimento e
seu contexto, entre as partes e o todo, entre o todo e suas partes e as partes entre si. A
noção de ambiente, para o autor, é um Complexus que se refere ao que foi tecido junto.
Para ele, há complexidade quando elementos diferentes são inseparáveis constitutivos do
todo. Por isso, a complexidade é a união entre a unidade e a multiplicidade. Desta forma, o
ambiente é total, geográfico e acima de tudo social, comportando elementos humanos e não
humanos (MORIN, 2001, p. 38).
O acesso à informação exige a organização de ambientes específicos que
possibilitem uso qualificado da informação. Assim, no âmbito da Biblioteconomia e Ciência
32
da Informação, o termo ambiente é utilizado para indicar contextos informacionais, pois
contempla aspectos relacionados a sujeitos que representam, armazenam, recuperam,
acessam, usam, modificam e voltam a armazenar informações que dizem respeito a alguma
experiência informacional, marcadamente humana e que se dá no tempo, no espaço, na
história e na cultura (OLIVEIRA; VIDOTTI, 2016, p. 95). Segundo Vergueiro e Miranda
(2007), para a diversidade de organizações tidas como ambientes específicos de acesso e
uso à informação dá-se o nome genérico de unidades de informação.
Belluzzo (2007) afirma que as unidades de informação podem ser entendidas como
organizações que se denominam como bibliotecas, sistemas de informação, serviços de
informação, núcleo de informação, centro de informação, dentre outros. São organizações
que têm como objetivo principal ofertar produtos e serviços que permitam aos seus usuários
o acesso às fontes de informação, que atenderão às suas necessidades informacionais
específicas. Segundo Pinheiro e Ferrez (2014, p. 208), as unidades de informação são
conjuntos de componentes relacionados entre si na coleta, processamento,
armazenamento, análise, disseminação e disponibilização de informações, em determinada
área, problema ou missão, com o propósito específico de atender usuários interessados.
Tarapanoff (1982), utilizando a tipologia de organizações proposta por Katz e Kahn (1978,
apud TARAPANOFF, 1982, p. 76) – que agrupam as organizações de acordo com suas
funções genotípicas, classificadas segundo a atividade principal na qual a organização está
engajada –, coloca que as unidades de informação denominadas bibliotecas se engajam em
atividades para atender as necessidades informacionais dos seus usuários. Katz e Kahn
(1978, apud TARAPANOFF, 1982) desenvolveram o conceito de sistemas abertos, de
Bertalanffy (1950), aplicado a organizações, em que uma das características de um sistema
aberto refere-se ao trabalho que se realiza dentro do sistema. Neste sentido do trabalho, as
atividades de uma biblioteca estão agrupadas em três áreas: organização da informação,
produtos e serviços ao público e administração. Assim, estas unidades de informação se
ocupam de quatro processos essenciais: o desenvolvimento e formação de recursos
informacionais, independentemente de formato e suporte; o tratamento da informação; o
atendimento ao usuário ou público-alvo; e a administração exigida para o seu funcionamento
(TARAPANOFF, 1982).
O termo unidades de informação pode ser localizado no Brasil na literatura por volta
da década de 1990, quando foi utilizado para se referir especificamente aos ambientes de
informação localizados em empresas: a unidade de informação se referia a um setor da
organização que se ocupava do gerenciamento das informações organizacionais
(BARRETO et al., 1997; BELLUZZO, 2007). Tal afirmativa encontra sustentação na
explicação sobre gestão de unidades de informação, dada por García-Reyes (2007, p. 12): a
gestão de unidades de informação compreende um conjunto de funções e técnicas
33
integradas, de execução simultânea, que devem ser aplicadas pelos seus gerentes para
garantir que a organização a qual pertencem funcione e possa alcançar os propósitos que
ela persegue. Segundo Valentim (1995, p. 10), o papel das unidades de informação nas
organizações é imprescindível, exigindo que elas sejam agressivas e acompanhem a
organização em seu crescimento para efetivamente contribuírem para o seu sucesso.
Barbalho e Beraquet (1995) acrescentam que a unidade de informação pode ser o
instrumento que viabiliza a aceleração de mudanças numa organização, já que a informação
é considerada uma vantagem competitiva. Também Barreto et al. (1997) afirmam que o
termo unidades de informação, concebido no contexto das organizações, está ligado à
perspectiva do gerenciamento das informações produzidas no interior da organização para
dar suporte ao processo de tomada de decisão em tempos de mudanças, permitindo ou não
vantagem competitiva.
Buscando distinguir tipos de unidades de informação, Díez Carrera (2002) fala das
organizações de radiodifusão e comunicação, dentre outras, assim como, de sistemas de
gestão organizacional, como os sistemas de apoio a tomada de decisão e sistemas de
gestão e controle contábil. Segundo a autora, a diferença está na finalidade com que cada
uma realiza esse trabalho. Dito isso, a autora chama a atenção quanto à finalidade da
informação na perspectiva do campo que nos ocupa e usa o termo unidades informativas
para se referir aos arquivos, bibliotecas e centros de documentação. Acrescenta que estas
unidades são as tradicionais e que, em uma acepção mais ampla, deveriam ser incluídos os
museus (PALOM IZQUIERDO; TORT RAVENT apud DÍEZ CARRERA, 2002, p. 138). Para a
autora, todos estes tipos de unidades de informação envolvem quase os mesmos
conhecimentos e processos básicos, mas é necessário traçar distinções entre elas, a
despeito de identificar escassa literatura a respeito à época da produção do livro.
Sob a perspectiva da ideia de documento, Fuentes Romero (2007) utiliza o termo
centro documentário para se referir aos arquivos, museus, bibliotecas e centros de
documentação e informação. Segundo o autor, são considerados centros documentários
aqueles cuja base de ações é sempre o documento, em qualquer suporte e modo de
expressão da informação, como a textual, gráfica, sonora ou imagens em movimento
(FUENTES ROMERO, 2007, p. 17). A perspectiva de Fuentes Romero é sustentada pela
noção de documento, como concebida especificamente na disciplina Documentação, ou
seja, como produto da atividade documentária.
Assim, o autor refere-se às mesmas unidades de informação mencionadas por Díez
Carrera (2002), tratadas acima, mas assumindo uma derivação do termo documento para a
denominação que as congrega, ou seja, todas elas seriam centros documentários. De modo
parecido, García-Reyes (2007, p. 12) define as unidades de informação também como
centros que gerenciam recursos informacionais e desenvolvem atividades voltadas para a
34
preservação de documentos, com o objetivo de permitir o acesso e uso da informação,
atendendo às demandas da comunidade a que servem.
A partir do exposto, é possível constatar que, embora termos diferentes sejam
utilizados, os autores falam de unidades de informação, ora como um nome genérico para
bibliotecas e sistemas congêneres de informação bibliográfica, às vezes envolvendo
arquivos e museus, como é o caso de Díez Carrera (2002), Fuentes Romero (2007) e
García-Reyes (2007), ora como unidades, responsáveis pela organização e disponibilização
da informação produzida na empresa, que dar suporte ao processo de tomada de decisão,
como é o caso de Valentim (1995), Barbalho e Beraquet (1995). No entanto, o limite entre
uma abordagem e outra não é claro e se apresenta como algo a ser ainda estudado e
problematizado no campo.
Desse modo, frente à diversidade de termos e perspectivas apresentadas, para
efeitos deste estudo, o termo unidades de informação foi explorado no sentido de unidades
que prestam serviços de informação bibliográfica, ou seja, sem incluir arquivos, museus e
seus sistemas derivados, nem mencionar as unidades de organizações, como é recorrente
no Brasil.
A seguir são apresentados os tipos de unidades de informação que foram base da
construção do termo, como bibliotecas, centros de documentação e centros de informação.
1 Usuário potencial é aquele que é público-alvo, mas que não utiliza os serviços ofertados pela
unidade de informação (ALMEIDA, 2005).
35
necessidades de informação conhecidas ou pressupostas; bem como o local, ou seja, o
espaço físico, onde se dará o encontro entre os usuários e os serviços da biblioteca. A
finalidade de uma biblioteca é promover o uso efetivo de sua coleção. Seus acervos devem
ser formados, segundo as necessidades efetivas de seus usuários, que devem ter ao seu
dispor serviços organizados e eficientes (LEMOS, 1998, p. 348). O autor acrescenta que,
pelo fato de a coleção da biblioteca tender ao crescimento incessante, é preciso que haja
mecanismos de seleção e descarte adequados, ou seja, ela não deve ser um mero local de
custódia ou guarda de materiais, mas sim um espaço de promoção de novos
conhecimentos.
Lemos (1998, p. 347) argumenta que a sobrevivência das bibliotecas ao longo do
tempo, como organizações que se adaptaram às mudanças políticas, sociais e tecnológicas,
demonstra seu importante papel na sociedade como um todo, representando a memória
coletiva de um grupo social e, por extensão, da própria humanidade. Para ele, ao longo do
seu processo de desenvolvimento, as bibliotecas diversificaram-se, seja em função do tipo
de material que reúnem, seja em função do tipo de usuário a que atendem prioritariamente.
Quanto ao tipo de coleções ou materiais que reúnem, as bibliotecas podem ser
denominadas hemerotecas, discotecas, gibitecas, brinquedotecas, mapotecas, outros.
Quanto aos usuários, têm-se bibliotecas públicas, escolares, universitárias, especializadas e
especiais (caso das bibliotecas cujos públicos encontram-se em situações especiais, como
as dos estabelecimentos carcerários e as voltadas para pessoas com deficiência visual)
(LEMOS, 1998, p. 354).
Prado (2000) coloca que, na atividade de organização de uma biblioteca, é
indispensável considerar sua tipologia para que características específicas sejam
observadas e levadas em conta. Ela apresenta tipologias sob outras perspectivas, tratando
de bibliotecas: nacionais, estaduais e municipais, universitárias, escolares, infantis, públicas,
especializadas, comunitárias, sucursais/filiais e ambulantes. Dentre elas, vale ressaltar que
as bibliotecas nacionais são criadas pelo governo de um país com a função de servir como
repositório legal do patrimônio intelectual bibliográfico deste país. As bibliotecas
comunitárias são criadas e mantidas por iniciativa da comunidade, em geral, sem
intervenção do poder público. Já as sucursais/filiais são bibliotecas que pertencem a uma
rede de bibliotecas. As bibliotecas ambulantes, por sua vez, usam veículos equipados que
circulam por bairros e caixas adaptadas que circulam por residências, hospitais, etc., com a
finalidade de colocar livros e outros materiais à disposição de usuários (CUNHA;
CAVALCANTI, 2008, p. 49).
Todavia, a tipologia clássica de bibliotecas mais usada no Brasil contempla as
bibliotecas públicas, universitárias, escolares e especializadas, sendo lembradas
separadamente, a biblioteca nacional de um dado país, e as bibliotecas especiais, por
36
serem voltadas para públicos em situação particular. Muitas destas bibliotecas são hoje
produzidas em meio digital e disponibilizadas online ao público, sendo por este motivo
chamadas de bibliotecas virtuais.
Apresentando alguma similaridade com as bibliotecas especializadas, os centros de
documentação surgiram em outro contexto cultural, fornecendo particularidades aos
serviços bibliográficos, como será tratado a seguir.
Um centro de documentação, tipologia de menor destaque no Brasil na atualidade, é
uma organização ou agência especializada em receber, processar, preservar, resumir e
indexar publicações, geralmente dentro de uma disciplina acadêmica ou campo de pesquisa
e estudo (REITZ, 2004). Proporcionam a seus usuários, normalmente cientistas e técnicos,
documentos altamente especializados e atualizados nas questões trabalhadas ou
pesquisadas por eles, emitindo boletins sobre o andamento de tal trabalho para distribuição
às partes interessadas (FUENTES ROMERO, 2007). Os centros de documentação
oferecem documentos especializados e atualizados, incluindo traduções, referências e
resumos de documentos referentes a uma ou mais disciplinas do conhecimento, tanto em
base nacional, como internacional, além de preparar bibliografias sobre tópicos especiais
(REITZ, 2004). Geralmente, os acervos dos centros de documentação caracterizam-se por
publicações periódicas e materiais da chamada literatura cinzenta, entre outros (FUENTES
ROMERO, 2007).
Na literatura, há perspectivas contrárias em relação aos termos centros de
documentação e centros de informação, porém, ambos são tratados aqui, tendo em vista
explorar melhor os modos de uso do termo unidades de informação.
A partir da norma ISO 5127/2017 Information and documentation, um centro de
informação pode ser definido como uma organização ou parte dela que realiza as funções
de coletar, reunir, organizar, armazenar, recuperar, difundir e, por vezes, produzir
informação. Existe para atender às necessidades de usuários por informação específica
(INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION, 2004). Em busca de uma
reflexão sobre os centros de informação na atualidade, eles são definidos como aqueles que
desenvolvem produtos de informação especializados para o uso interno ou externo da
organização ou para usuários individuais, envolvendo o tratamento e serviços de informação
factual; a realização de trabalhos de divulgação da ciência e tecnologia, sem contar
necessariamente com coleções próprias, apoiando-se na infraestrutura informacional local,
territorial, nacional e internacional; a prestação de serviços de informação para a tomada de
decisões; a prestação de serviços de consultoria especializada etc. (MORALES MOREJÓN,
apud SANTOS JIMENEZ et al, 2002).
Os centros de documentação e os centros de informação estão hoje em processo de
transformação. Atualmente, há muitos centros de memória, por exemplo, que são uma
37
espécie de arquivo histórico, museu e centro de documentação, às vezes tendendo mais
para um que para outro.
É interessante observar que as conceituações mais comuns sobre a biblioteca –
talvez por esta unidade configurar-se como instituição emblemática do campo – apresentam
características bastante abrangentes, que nos permitem contemplar os outros tipos de
sistemas e serviços bibliográficos. Neste sentido, é importante considerar a diversidade de
atividades congêneres que envolve a prática bibliotecária, a exemplo da milenar atividade de
produção de bibliografias, realizada ao mesmo tempo em que as bibliotecas se
configuravam como tal. Assim, independente da existência de uma unidade de informação
específica, sistemas e serviços bibliográficos caracterizam o campo e se manifestam na
forma de produção e gestão de repertórios bibliográficos diversos, como bases de dados
científicas, revistas eletrônicas, bases de dados bibliométricas, portais de informação online
etc.
Importa ressaltar que as unidades de informação são organizações pertencentes ao
conjunto das estruturas sociais estabelecidas pela cultura, dedicadas à preservação e à
divulgação das manifestações, advindas de indivíduos, de grupos, de um povo ou nação
(CALDEIRA, 1998, p. 393; FERREIRA, 2009, p. 771). Ou seja, muitas destas unidades de
informação funcionam dentro de outras organizações como um dos aparatos ou elementos
que proporcionarão o acesso à cultura, como por exemplo, as bibliotecas que funcionam
dentro dos centros culturais.
A subseção seguinte busca trazer a caracterização das unidades de informação
como sistemas, demonstrando a pertinência desta concepção ao campo de estudo.
38
encadeado e relacionado de entidades (que inclui um ou mais elementos de informação), as
quais proporcionam acesso a um ou mais corpos de conhecimento, atuando como um
mecanismo por meio do qual os indivíduos tornam-se informados e podem informar a
outros.
Assim, o sistema de informação, sendo mecanismo que permite que indivíduos se
informem e informem uns aos outros, é um meio de comunicação. Dito de outro modo, para
Vickery e Vickery (1987, p. 210), o sistema de informação refere-se a um conjunto de
pessoas, materiais e equipamentos voltado à execução formal de uma ou mais das funções
de comunicação.
Segundo Meyriat (2016, p. 246, publicação de 1981), uma das caraterísticas da
atividade de documentação é que ela constitui um sistema técnico-social. O autor entende o
termo sistema como um conjunto de elementos ligados entre si de modo a serem
interdependentes e arranjados com vistas a alcançar um objetivo. Quanto ao objetivo, trata-
se daquele de obter informação. Quanto aos elementos, são eles: seres humanos,
essencialmente as pessoas ou grupo de pessoas que buscam informação e eventualmente
seus auxiliares ou intermediários; objetos materiais, como documentos e ferramentas ou
máquinas empregadas para tratar estes documentos; e conhecimentos técnicos necessários
a este tratamento.
Vickery e Vickery (1987, p. 211) distinguem características de um sistema de
informação, relativas ao público das informações tratadas em seu interior. Um público
concentrado é um grupo com uma identidade bem definida e homogênea em alguns
aspectos, de modo que todos seus integrantes são membros de uma organização singular
ou de uma associação institucional, nas quais normalmente o número e nome de seus
membros são bem conhecidos, como por exemplo, os funcionários de um departamento do
governo. Já um público disperso é formado por pessoas que compartilham certos interesses
comuns, mesmo quando pertencem a ofícios e profissões diferentes, por exemplo, pessoas
interessadas em fotografia. No entanto, os autores afirmam que existem sistemas de
informação para atender a cada um destes tipos de público, visto que as características de
concentração, homogeneidade e identidade do público têm um efeito marcante no design do
sistema, o qual deve ser adequado a tais características.
Os autores falam, ainda, de duas modalidades a partir das quais um sistema de
informação pode ser concebido: sistemas relacionados somente às informações divulgadas
dentro da sua organização matriz (onde se insere ou foi criado) e sistemas que coletam
informações de fontes distribuídas em todo o mundo. No caso de fontes dispersas, um
sistema de informação pode ter uma estrutura centralizada ou descentralizada (VICKERY;
VICKERY, 1987, p. 211).
39
A orientação do grupo de usuários é outro aspecto que influencia fortemente a
natureza do sistema de informação, segundo estes autores. Por exemplo, os serviços de
informação oferecidos aos gerentes de uma organização para apoiar a tomada de decisões
é consideravelmente diferente de um serviço oferecido a pesquisadores empenhados em
solucionar um problema de cunho científico que, por sua vez, diferem de um serviço
prestado aos membros de uma comunidade que buscam resolver problemas cotidianos
(VICKERY; VICKERY, 1987, p. 211).
Ainda de acordo com Vickery e Vickery (1987, p. 211), a forma da informação
fornecida representa outra característica distintiva dos sistemas de informação, a qual pode
ser identificada: nos próprios documentos, como os fornecidos no empréstimo da biblioteca;
nas referências a outros documentos, como os fornecidos por um serviço; nos dados, fatos
e informações no sentido mais estrito, e; nos diretórios de dados de referência de pessoas e
organizações que em si são fontes de informação.
Segundo Vickery e Vickery (1987), todas essas características podem ser aplicadas
a: pontos de aquisição (meios pelos quais a informação é coletada das fontes); pontos de
armazenamento (como é armazenada esta informação coletada) e; pontos de acesso
(meios, a partir dos quais a informação é fornecida aos usuários).
Fuentes Romero (2007, p. 32-33) destaca elementos presentes em qualquer sistema
de informação, como os que seguem: a) todo sistema possui componentes interativos, ou
seja, os vários elementos de um sistema de informação interagem um com o outro em todos
os momentos; b) todo sistema possui componentes humanos, uma vez que sempre estão
presentes no sistema pessoas que o colocam em movimento; e d) todo sistema funciona
baseado em propostas ou propósitos pré-estabelecidos, ou seja, a distinção que se faz entre
qualquer informação que chegue a uma pessoa a partir de um sistema de informação, ou
circunstancialmente, é que, no sistema, a informação surge como algo anteriormente
elaborado de acordo com um propósito pré-estabelecido. Este autor também afirma que os
elementos que interagem no sistema de informação não são, de forma alguma, estáticos,
mas estão constantemente sujeitos a mudanças, uma vez que uma das principais
características de qualquer sistema é o seu dinamismo (FUENTES ROMERO, 2007, p. 33).
De acordo com Ponjuán Dante (2007), na perspectiva sistêmica, como dito, as
unidades de informação são tidas como um conjunto de elementos que se relacionam e
interagem entre si com seu ambiente externo, associados para um único objetivo. Logo, isto
implica conceber o funcionamento holístico, dinâmico e adaptativo das unidades de
informação, partindo do pressuposto de que: a) são as inter-relações que determinam a
natureza do sistema; b) as inter-relações que se produzem entre os elementos que
compõem o sistema, e entre o sistema e seu entorno são holísticas e dinâmicas, e afetam,
globalmente, o sistema, variando quando se produzem uma mudança em relação a um dos
40
seus elementos ou aparecem novas circunstâncias no contexto em que atuam, levando à
necessidade de controle e retroalimentação contínua e; c) os sistemas são regidos pelo
princípio da relatividade, em que todo sistema é um subsistema de outro maior, onde se
insere, e todo subsistema é um sistema, ao qual estão subordinados outros subsistemas
(PONJUÁN DANTE, 2007, p. 15).
Assim, a unidade de informação como sistema é um complexo de estruturas
especializadas, subfunções ou subsistemas (de usuários, de aquisições de coleções, de
edifícios e instalações, de tecnologia, de recursos humanos, financeiros e contábeis, etc.)
inter-relacionados, em um ambiente global, diversificado e dinâmico que conduz à mudança
contínua (PARAMÉS MONTENEGRO, 1988, p. 224). Logo, a unidade de informação,
entendida como sistema, pode auxiliar na visão integrada dos seus processos, produtos e
serviços, compreendendo-os de maneira sistemática. Além disto, consequentemente, a
unidade de informação poderá estar mais preparada para enfrentar as mudanças de
maneira satisfatória.
A seguir a quarta e última subseção deste Capítulo, que busca apresentar o modo de
funcionamento das unidades de informação no que se refere a condicionantes internos e
externos, tão importantes em tempos de constantes mudanças.
41
como um fator econômico, sem levar em conta os seus aspectos éticos e sociais. Partindo
deste enfoque, o autor defende uma sociedade da informação inclusiva, ou seja, aberta para
todos, de modo que seus benefícios sejam acessíveis também aos países menos
desenvolvidos, contemplando todos eles, sob uma ótica de pluralismo e de participação.
Neste contexto, têm se destacado, como questões centrais, o acesso livre à informação e o
reconhecimento da necessidade de capacitação quanto ao uso da informação (FUENTES
ROMERO, 2007, p. 82).
Desta forma, conforme o Manifesto de Alexandria sobre Bibliotecas: a sociedade da
informação em ação, da International Federation of Library Associations and Institutions –
IFLA (2005), as bibliotecas e serviços de informação contribuem para a implementação
adequada de uma sociedade da informação inclusiva, uma vez que possibilitam a liberdade
intelectual ao permitir o acesso a informações, ideias e obras de imaginação em qualquer
formato e suporte, ajudando a preservar os valores democráticos e os direitos civis
universais com imparcialidade e se opondo a qualquer forma de censura. A função inclusiva
das bibliotecas e serviços de informação consiste em responder a questões particulares e às
necessidades dos indivíduos. Tal função complementa a transmissão geral do
conhecimento, fazendo com que as bibliotecas e serviços de informação se tornem vitais
para uma sociedade da informação aberta e democrática, uma vez que são essenciais para
uma cidadania bem informada e um governo transparente.
Quanto às novas necessidades sociais, diante das mudanças ocorridas no mundo
como um todo, o exercício à cidadania passou a requerer cada vez mais o uso de
informação, aumentando significativamente sua demanda quantitativa e qualitativa
(FUENTES ROMERO, 2007).
Já no que tange às mudanças de natureza interna, originadas de fenômenos
ocorridos no interior das próprias unidades, tais fenômenos se referem às novas
necessidades que surgem para os bibliotecários e aos novos modelos de gestão. A
preparação dos profissionais que atuam em unidades de informação deve ser suficiente
para enfrentar os novos desafios (FUENTES ROMERO, 2007, p. 84, 85).
Novos modos de gestão também são requeridos às unidades de informação, frente
ao novo quadro social, às tecnologias e ao mercado de informação. Devem-se considerar
novas formas e métodos de atuação, tanto no que se refere a sua organização, quanto aos
processos de trabalho que devem realizar, uma vez que a organização tradicional,
hierárquica, piramidal (em grande parte, taylorista), com excesso de ordens e,
paralelamente, com comunicação interna deficiente, está condenada ao desaparecimento.
Frente a isso, surge cada vez mais, em algumas unidades de informação, a tendência de
uma organização de caráter horizontal, em que os diferentes métodos e técnicas que
42
caracterizam gestão eficiente são praticados, implicando, entre outros elementos de ação, a
existência e implementação da delegação de poderes (FUENTES ROMERO, 2007, p. 85).
Fuentes Romero (2007, p. 86) afirma que, frente aos inúmeros e grandes elementos
de mudança, tanto externos quando internos, as unidades de informação podem atuar em
duas direções diferentes e opostas. Por um lado, em uma situação geral de mudanças, as
unidades de informação podem atuar de forma pontual, imediata e intuitiva, com ações de
curto prazo. Estas ações de curto prazo surgem no dia a dia, à medida que os problemas
acontecem, apresentando-se, na maioria das vezes, com margem de erro bastante ampla,
uma vez que as ações são executadas de maneira imediatista e intuitiva. Por outro lado, em
uma abordagem radicalmente diferente, as unidades de informação, ao enfrentarem as
mudanças, podem considerar um bloco estruturado de ações de curto, médio e longo
prazos. Desta forma, e com metodologia apropriada, as unidades devem estabelecer os
objetivos que desejam alcançar e os meios de alcançá-los, tendo também a flexibilidade
adequada para se adaptar às mudanças que, inexoravelmente inevitáveis, lhes serão
apresentadas. Para consecução destes objetivos, e como um método geral de desempenho,
existe apenas uma ferramenta disponível, segundo autor: o planejamento.
Assim, Fuentes Romero (2007) aponta para a relevância do conceito que o termo
unidades de informação imprime, na perspectiva da gestão científica que cada uma delas
exige, frente ao objetivo de uso qualificado da informação por um público-alvo.
Por fim, tem-se que o termo unidades de informação é usado para contemplar tanto
os sistemas e serviços bibliográficos voltados a públicos dos mais diversos contextos,
quanto as unidades criadas para a gestão da informação produzida na organização. Foram
identificadas também propostas de uso do termo para sistemas do tipo arquivístico e
museológico, as quais são menos adotadas no Brasil. Todavia, é fato que em meio a esse
cenário, a biblioteca ocupa lugar e papel principal em razão de sua tradicional e
incontestável relevância e, por ser ela ora colocada como ambiente exclusivo de informação,
ora como ambiente menor da prática bibliotecária. Deste modo, fica evidente a necessidade
de estudos que explorem sistematicamente a diversidade de ambientes de informação,
considerando os conceitos e as características funcionais que os agregam e aqueles que os
particularizam, conjuntamente à análise de termos apropriados a todos eles e a cada grupo.
43
3 PLANEJAMENTO EM UNIDADES DE INFORMAÇÃO
2 [...] constitui o marco geral em que estão inscritas as funções relacionadas diretamente com a
tomada de decisões da organização a longo prazo.
44
el desarrollo o acción lógica de la administración en cuanto se vincula a los
procesos de toma de decisiones que ésta adopta, a medio y corto plazo, en
relación a las operaciones y técnicas específicas a aplicar sobre los
recursos de que dispone, con el fin de que se pueda ejecutar lo que la
dirección ha establecido previamente3 (PACIOS LOZANO, 1997, p. 230,
231).
3 [...] o desenvolvimento ou ação lógica da administração assim que se vincula aos processos de
tomada de decisões que esta adota a médio e curto prazos, em relação às operações e técnicas
específicas a serem aplicadas sobre os recursos disponíveis para executar o que foi estabelecido
previamente pela direção
45
GILBERT JÚNIOR, 1995, p. 5). Neste sentido, Certo (2003, p. 3) aponta que dada essa
complexidade, a Administração envolve, de maneira contínua, uma série de atividades,
propositalmente direcionadas para alvos previamente definidos, contemplando objetivos
individuais, grupais e organizacionais ou uma combinação deles no sentido de alcançar
níveis cada vez mais elevados de excelência.
Noutra perspectiva, e a que mais interessa a este estudo, Maximiano (2000, p. 25)
define a Administração a partir de aspectos pragmáticos do processo, como os recursos, os
objetivos e as decisões. Segundo o autor, a Administração é o processo de tomar e
colocar em prática decisões sobre objetivos e utilização de recursos, em que os recursos
se referem às pessoas, informação e conhecimento, espaço, tempo, dinheiro e instalações,
os objetivos dizem respeito aos resultados esperados do processo, e as decisões referem-
se ao planejamento, organização, execução e direção e controle. Dito isto, a Administração
é um processo que envolve tomada de decisão quanto ao uso de recursos para alcançar
objetivos, logo, é algo inerente a qualquer situação em que haja pessoas, utilizando
recursos para atingir algum tipo de objetivo (MAXIMIANO, 2000). Conforme Maximiano
(2000, p. 26), a finalidade do processo administrativo é garantir a realização de objetivos por
meio da aplicação de recursos, envolvendo a tomada de decisões, que significa fazer
escolhas. Este processo administrativo é composto de quatro tipos de decisões a serem
tomadas, também chamadas de processos ou funções, que são:
Por fim, para Maximiano (2000), o centro do processo administrativo são as pessoas,
já que são elas que tomam as decisões, citadas acima, compartilhando o processo decisório
com outras pessoas ou sendo afetadas pelas decisões de outrem. As pessoas, como
membros de uma empresa, são os principais agentes do processo administrativo. O
46
processo administrativo visa assegurar a eficácia e eficiência das organizações, uma vez
que se uma organização consegue alcançar seus objetivos, ela é eficaz, porém se consegue
realizar os mesmos objetivos com menor quantidade de recursos (tempo, dinheiro, pessoas
e outros), ela é eficiente. Assim, a eficácia é a capacidade de realizar objetivos e a eficiência
é a capacidade de utilizar produtivamente os recursos para realizar objetivos, entendendo a
produtividade como a relação entre os objetivos obtidos (produtos e/ou serviços) e os
recursos empregados para sua obtenção (MAXIMIANO, 2000, p. 27).
A Teoria Geral da Administração (TGA) é o corpo de conhecimentos sobre as
organizações e o processo de geri-las (MAXIMIANO, 2000). Esta teoria é grandemente
adotada por apresentar os princípios da Administração e suas tendências (LACOMBE;
HEILBORN, 2008, p. 37). Uma teoria é um conjunto de suposições inter-relacionadas para
explicar alguma coisa, sendo uma representação abstrata do que se percebe na realidade
(ZIMBARDO; EBBESEN, 1973, p. 64). As teorias organizacionais podem ser compreendidas
como um conjunto de princípios e prescrições que visam facilitar a realização dos objetivos
das organizações. O valor de qualquer teoria depende da sua capacidade de explicar e
resolver problemas concretos, uma vez que as teorias serão mais ou menos válidas na
medida em que isso efetivamente ocorrer. Segundo Maximiano (2000, p. 30), a Teoria Geral
da Administração é formada por princípios, proposições e técnicas em permanente
elaboração, por conseguinte, uma nova teoria não elimina as que a precederam, mas as
complementa, abordando novos ângulos e ampliando a visão da área para a solução de
problemas (LACOMBE; HEILBORN, 2008, p. 37). Ainda para Maximiano (2000, p. 30), a
teoria na área da Administração significa um conjunto de conhecimentos organizados, que
se agrupam em enfoques, modelos e escolas. Os enfoques ou abordagens são os
componentes ou aspectos das organizações, selecionados para estudo ou ênfase do
processo administrativo e indicam uma preferência por aquele aspecto ou, ainda, uma
perspectiva ou maneira particular de observar ou analisar as organizações, os
administradores e o processo administrativo. Os modelos se referem aos conjuntos de
técnicas, doutrinas e ingredientes culturais que moldam a organização e a ação
administrativa. As doutrinas, também chamadas de princípios ou preceitos, recomendam
como agir e contêm valores implícitos ou explícitos, os quais definem o que é importante e
em que a atenção deve estar concentrada. A doutrina procura orientar julgamentos e
decisões dos administradores a respeito dos inúmeros aspectos de seu trabalho
(MAXIMIANO, 2000, p. 31). Por fim, há as escolas que são as correntes de pensamentos
ou grupos de autores que privilegiam ou preferem determinado enfoque (MAXIMIANO,
2000, p. 37-39). Segundo Lacombe e Heilborn (2008, p. 37), cada teoria administrativa dá
mais ênfase a um aspecto específico da Administração, conforme pode ser visualizado nas
teorias administrativas produzidas no decorrer do tempo, a seguir, no Quadro 1:
47
QUADRO 1 – Teorias do pensamento administrativo
TEORIAS
ÊNFASE PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
ADMINISTRATIVAS
Escola de
Racionalização do trabalho no nível operacional.
Administração
Considera a administração uma ciência aplicada na
Científica Nas tarefas
racionalização e no planejamento das atividades
Iniciada em 1903 por
operacionais
Taylor (1856-1915)
Foco na organização formal, nos princípios gerais da
Teoria Clássica Na estrutura
administração e nas funções do administrador. Trata a
Iniciada em 1916 por organizacio-
administração como ciência para organização e
Fayol (1841-1925) nal
estruturação das organizações
Também foca na organização formal, nos princípios
Na estrutura
Teoria Neoclássica gerais da administração e nas funções do
e nos
Iniciada em 1954, administrador. Baseia-se na atualização e no
objetivos
originada da Teoria redimensionamento da Teoria Clássica e na ênfase
organizacio-
Clássica colocada nos objetivos. É recomendada como uma
nais
corrente de pensamento eclética e pragmática
Teoria Burocrática Foca na organização formal burocrática e na
Iniciada em 1909, por Na estrutura racionalidade organizacional. Descreve as
Weber (1864-1920) características do modelo burocrático de organização
Teoria Estruturalista Tem como foco a organização formal e informal, as
Na estrutura
Iniciada em 1947, como análises intraorganizacional, interorganizacional e
e no
desdobramento da ambiental e a abordagem de sistema aberto. Baseia-
ambiente
Teoria Burocrática se na sociologia organizacional.
Focada na organização informal, na motivação,
Teoria das Relações liderança, comunicações e dinâmica de grupo, na
Humanas integração das pessoas nos grupos sociais e na
Iniciada em 1932 por satisfação das necessidades individuais. Combate os
Mayo (1880-1949) pressupostos clássicos por meio da ênfase nas
pessoas e nas relações humanas.
Teoria Foca no comportamento humano, valorizando os
Comportamental estilos de administração, os tipos das decisões e a
Iniciada em 1957, como integração dos objetivos organizacionais e individuais.
Nas pessoas
desdobramento da Baseia-se na psicologia organizacional e
Teoria das Relações redimensiona e atualiza os conceitos da Teoria das
Humanas. Relações Humanas.
Teoria do
Foca na mudança organizacional planejada e na
Desenvolvimento
abordagem de sistema aberto Também baseada na
Organizacional
psicologia organizacional e no redimensionamento e
Iniciada 1962, originada
atualização dos conceitos da Teoria das Relações
da Teoria das Relações
Humanas
Humanas
Focada na análise ambiental (imperativo ambiental),
na abordagem de sistema aberto e na administração
Teoria Contingencial
No ambiente da tecnologia (imperativo tecnológico). É uma teoria
Iniciada em 1972, por
e na mais recente, que parte do princípio de que a
Chandler (1918-2007),
tecnologia administração é relativa e situacional, dependendo de
dentre outros
circunstâncias ambientais e tecnológicas da
organização.
Na
competitivi- Tem como foco a aprendizagem organizacional, o
Novas abordagens da
dade, na capital intelectual. É marcada pela Tecnologia da
Administração
produtividade Informação (TI) e pelos impactos da globalização,
A partir de 1990, com
, nos frente à aceleração das mudanças. Apresenta-se em
autores tidos como
serviços, na meio a um ambiente de caos, complexidade, alto grau
contemporâneos
qualidade e de imprevisibilidade, instabilidade e incerteza.
no cliente
Fonte: Elaborado e adaptado pela autora a partir de Motta (1998)
48
O Quadro 1 permite uma visão geral do percurso do pensamento administrativo, com
respectivas ênfases e características, proporcionando situar as Teorias que contribuíram
para o desenvolvimento do planejamento, como é o caso da Escola de Administração
Científica, a Teoria Clássica e a Teoria Neoclássica.
A Escola da Administração Científica tem ênfase nas tarefas. Ela foi fundada pelo
norte-americano e engenheiro Frederick Winslow Taylor no decorrer do fim do século XIX e
início do século XX (MOTTA; VASCONCELOS, 2006). Em termos cronológicos, para
Lacombe e Heilborn (2008), a Escola da Administração Científica é a primeira teoria
administrativa e é onde se inicia o desenvolvimento do planejamento, ainda que o processo
não seja explicitado como objeto dos estudos desta Teoria. Recebeu este nome por buscar
aplicar os métodos e técnicas da ciência aos problemas da administração, tendo por base o
pensamento iniciado por Descartes, no século XVII, que negou todo o conhecimento
recebido, baseado em costumes e tradições, optando pelo poder da razão para solucionar
qualquer tipo de problema. Era o tradicional dando lugar ao racional (MOTTA, 1998). De
acordo com Motta e Vasconcelos (2006, p. 25), uma das ideias centrais do Movimento é a
de que o homem é um ser eminentemente racional e que, ao tomar uma decisão, conhece
todos os cursos de ação disponíveis, bem como as consequências da opção por qualquer
um deles. Por isso, pode escolher sempre a melhor alternativa e maximizar os resultados de
sua decisão. No século XVIII, o Racionalismo atinge o seu ápice, sendo também aplicado
nas Ciências Sociais. No entanto, mesmo que as máquinas da Revolução Industrial tenham
deixado o trabalho mais eficiente, sua organização e execução ainda não tinha sido afetada
pela racionalização (MOTTA, 1998). Mais tarde, no século XX, surgiram os pioneiros da
racionalização do trabalho, conhecidos como os idealizadores da Escola da Administração
Científica por terem muitos aspectos semelhantes em suas ideias (MOTTA;
VASCONCELOS, 2006). A referida Escola surge quando o mundo ingressa na Era Industrial,
em que os países começam seu processo de industrialização, com o crescimento acelerado
das fábricas e a busca da eficiência por meio da racionalização do trabalho, deixando para
trás a Era da Agricultura e do Artesanato. Esta Escola tinha em sua essência a divisão do
trabalho em tarefas elementares e praticamente indivisíveis e a especialização das pessoas
na execução dessas tarefas, visando obter ganhos de produtividade e oferecer incentivos
financeiros para aumentar a produção (LACOMBE; HEILBORN, 2008, p. 39). Segundo
Motta e Vasconcelos (2006, p. 24, grifo nosso), o pensamento central da Escola da
Administração Científica pode ser resumido na afirmação de que alguém será um
administrador competente à medida que seus passos forem planejados, organizados e
coordenados de maneira cuidadosa e racional.
Taylor (1971), idealizador da Escola da Administração Científica, preocupava-se com
o importante papel do gerente no contexto da produtividade. Desta maneira, o gerente
49
deveria obedecer aos Princípios da Administração Científica para conseguir desempenhar o
seu papel. Conforme Taylor (1971, p. 10-11, grifo nosso), estes Princípios são:
50
Enquanto Taylor e seus seguidores desenvolviam a Administração Científica nos
Estados Unidos, surgia na França, em meados de 1916, a Teoria Clássica da Administração,
a qual se origina das consequências da Revolução Industrial na Europa, tais como, o
crescimento acelerado e desorganizado das organizações, que exigiu a substituição de uma
administração de improvisos para uma administração mais científica e menos empírica,
capaz de proporcionar condições iniciais para o planejamento, sobretudo da produção.
Deste modo, a necessidade de aumentar a eficiência e a competência das organizações era
algo inevitável naquele contexto (MOTTA, 1998). O principal precursor da Teoria ou Escola
Clássica da Administração foi o engenheiro francês Henry Fayol que sistematizou, divulgou
e inaugurou uma abordagem anatômica e estrutural da empresa, recolocando a visão
analítica e concreta de Taylor na Administração Científica. Neste sentido, Lacombe e
Heilborn (2008) dizem que Fayol defendia um olhar anatômico da empresa em termos de
sua estrutura e organização formal, por meio de uma síntese dos vários setores que
compõem a estrutura empresarial, com suas relações e funções dentro da organização
como um todo. A Teoria Clássica da Administração tem como foco principal a estrutura
organizacional da empresa, partindo do todo para suas partes, no sentido de garantir a
eficiência de cada parte envolvida, seja ela um órgão (setores, departamentos e outros) ou
pessoas (que ocupam os cargos dentro da estrutura e executam as tarefas). Preocupa-se
com a estrutura necessária para que a organização seja eficiente no desenvolvimento e
execução de suas atividades, uma vez que a relação de cada operário com a tarefa é
ampliada no nível da organização como um todo, inclusive na sua própria estrutura
organizacional (MOTTA, 1998). Desta forma, a Teoria Clássica estabelece uma forma de
fazer a administração de uma empresa, dando ênfase ao que se entendia como maneira
correta de se estabelecer a estrutura organizacional e as responsabilidades dos
administradores, determinadas por meio de uma compreensão precisa e metódica do
trabalho a ser executado (LACOMBE; HEILBORN, 2008, p. 39). Segundo Motta e
Vasconcelos (2006), as características básicas da Escola Clássica resumem-se em: a)
pioneirismo na busca de uma teoria administrativa; b) aplicação de métodos e técnicas da
engenharia industrial, para determinar a melhor maneira de executar tarefas, a fim de
combater desperdícios e perdas e alcançar elevada eficiência industrial; c) produtividade
resultante da eficiência do trabalho e não da maximização do esforço; d) estabelecimento de
padrões de produção por administradores e engenheiros, que são executados e obedecidos
pelos operários; e) salários altos e baixos custos de produção; f) empregados selecionados
e treinados de forma científica, no sentido de que pessoas e tarefas fossem compatíveis
entre si; e g) atmosfera cordial de cooperação entre a administração e trabalhadores.
Henry Fayol foi o teórico da Administração a situar o planejamento como um dos
processos envolvidos na função gerencial. Seu trabalho estabelece as funções exercidas
51
em uma empresa e separa as funções do administrador das funções dos que não têm
subordinados e são responsáveis pela execução das próprias atividades. Ele estudou em
profundidade as atividades que devem ser exercidas nas empresas e identificou, enumerou
e definiu cada uma das funções do administrador (LACOMBE, HEILBORN, 2008, p. 39). De
acordo com Fayol (1975), o conjunto de operações ou funções de uma empresa é dividido
em técnicas, comerciais, financeiras, de segurança, contábeis e administrativas. As funções
técnicas referem-se à produção, fabricação ou transformação de bens e serviços da
empresa. As funções comerciais dizem respeito à comercialização de produtos e serviços,
envolvendo as atividades de compra, venda e permuta. As funções financeiras consistem na
busca, utilização otimizada e gestão de capital financeiro. As funções de segurança são as
responsáveis pela proteção dos bens e das pessoas. As funções contábeis realizam os
inventários, balanços, preços de custos e estatísticas. Por fim, as funções administrativas
são aquelas em que se desenvolve o planejamento, a organização, a direção, a
coordenação e o controle.
As funções administrativas, citadas acima, correspondem às funções do
administrador: planejar, organizar, dirigir/comandar, coordenar e controlar (FAYOL, 1975).
Desta forma, Fayol enuncia as chamadas atividades gerenciais ou administrativas
(LACOMBE, HEILBORN, 2008). A atividade ou função de planejar significa pensar de
maneira antecipada o que se deseja alcançar e determinar os meios e recursos para
concretizar esse desejo. A atividade de organizar se refere ao processo de identificar, dividir
e alocar o trabalho. A atividade de comandar refere-se ao ato de conduzir um grupo,
influenciando seu comportamento para atingir objetivos e metas de interesse comum do
grupo de acordo com uma visão do futuro baseada num conjunto coerente de ideias e
princípios (LACOMBE, HEILBORN, 2008, p. 46-50). Essa atividade envolve coordenar todas
as demais unidades da organização para que as atividades sejam executadas de forma
balanceada, sincronizada e integrada. A atividade de controlar assegura que as atividades
da organização a conduzam em direção aos objetivos traçados no seu planejamento
(TAYLOR, 1975). De acordo com Lacombe e Heilborn (2008, p. 50, grifo nosso), as funções
do administrador são interdependentes entre si e interagem de forma intensa, cada uma
influenciando as demais, porém há ligação considerável entre planejar e controlar, entre
organizar e coordenar, pois não adianta planejar se não se controla o que foi planejado e é
impossível controlar o que não foi planejado. Numa organização, por exemplo, se o
trabalho é dividido e atribuído a mais de uma pessoa (organizar), será preciso coordenar os
esforços para que eles o efetuem de forma ordenada (LACOMBE; HEILBORN, 2008, p. 50,
grifo nosso).
Para Fayol (1975), essas operações ou funções essenciais existem em qualquer
empresa ou negócio, independente do seu tamanho e complexidade. No entanto, à época,
52
as operações ou funções técnicas, comerciais, financeiras, contábeis e de segurança eram
mais conhecidas que as administrativas, sobretudo as de planejamento. Fuentes Romero
(2007) acredita que, talvez, em consequência disto, Fayol (1975) tenha dedicado a maior
parte da sua obra à análise das ações de planejamento. Na visão de Fayol (1975), o
desenvolvimento das referidas operações ou funções compreendem o funcionamento
adequado da empresa, desde que sejam baseadas em alguns princípios, regras ou leis de
divisão do trabalho, de autoridade e responsabilidade, de disciplina, de unidade de
comando, de unidade de direção, de subordinação do interesse particular ao interesse
geral, de remuneração do pessoal, de centralização, de hierarquia, de ordem, de
equidade, de estabilidade do pessoal, de iniciativa e de união do pessoal ou espírito de
equipe.
O princípio da divisão do trabalho consiste na ideia de que, quanto mais
especializado o indivíduo, mais eficiente será a realização do seu trabalho (FAYOL, 1975, p.
46).
O princípio da autoridade e responsabilidade considera que os gerentes devem
dar as ordens para os seus subordinados executarem as suas atividades, uma vez que,
enquanto autoridade formal, isto lhes dá o direito de comandá-los, sendo responsabilidade
deles darem a linha de comando às pessoas, alocadas na empresa industrial. Deste modo,
autoridade e responsabilidade relacionam-se entre si, sendo a segunda uma consequência
da primeira (FAYOL, 1975, p. 46).
O princípio da disciplina consiste, essencialmente, na obediência, na assiduidade,
na atividade, na presença e nos sinais exteriores de respeito demonstrados segundo as
convenções estabelecidas entre a empresa e seus agentes. A disciplina requer superiores
competentes em todos os níveis da organização (FAYOL, 1975, p. 46).
O princípio de unidade de comando declara que para a execução de um ato
qualquer, um funcionário deve receber ordens somente de um superior chefe. Esta é a regra
da unidade de comando, entendida como uma necessidade geral e permanente para a
organização, uma vez que influencia o andamento dos negócios, pois se é violada, a
autoridade é impactada, a disciplina fica comprometida e a ordem e a estabilidade são
colocadas em risco (FAYOL, 1975, p. 46).
Já o princípio de unidade de direção consiste na condição necessária para a
unidade de ação, coordenação de forças e convergência de esforços para o alcance de um
objetivo (FAYOL, 1975, p. 46). Segundo o autor, este princípio pode ser expresso da
seguinte forma: um só chefe e um só programa para um conjunto de operações que visam
ao mesmo objetivo. Logo, é preciso não confundir unidade de direção (um só chefe, um só
programa) com unidade de comando (um funcionário não deve receber ordens senão de um
só chefe).
53
O princípio de subordinação do interesse particular ao interesse geral dita que o
interesse de um funcionário ou grupo de funcionários não deve estar acima do interesse da
organizção. Caso surjam divergências entre estes interesses, a gerência deve conciliá-los
(FAYOL, 1975, p. 49).
O princípio de remuneração do pessoal, na perspectiva de Fayol (1975), é uma
espécie de prêmio pelo trabalho efetuado, cujos métodos de pagamento devem ser justos e
permitir a satisfação máxima dos funcionários e a todo o pessoal em geral e também à
empresa.
O princípio de centralização refere-se ao grau em que a autoridade está
concentrada ou dispersa. Nos negócios pequenos, em que as ordens dos chefes chegam
diretamente aos subordinados, a centralização é absoluta, enquanto que nas organizações
maiores, em que os chefes estão separados dos seus subordinados por uma longa
hierarquia, as ordens passam por muitos intermediários até voltarem à origem. Cada
intermediário coloca voluntariamente um pouco de si na transmissão e execução das
ordens. As circunstâncias individuais (caráter do chefe, seu valor, valor do subordinado, etc.)
determinarão o grau de desempenho geral da centralização. Assim, se o valor do chefe, sua
força, sua inteligência, sua experiência e sua percepção rápida permitir-lhe estender por
mais tempo a sua ação de ordem, isto poderá estender a centralização de sua autoridade.
Ao contrário disto, se o chefe, mesmo com o privilégio de determinar as diretrizes gerais
para as ações, preferir recorrer mais à experiência, aos critérios e aos conselhos de seus
subordinados, delegando a execução direta de suas ordens, isto permite a descentralização
de sua autoridade (FAYOL, 1975, p. 51).
O princípio de hierarquia compreende o conjunto de chefes que darão autoridade
superior aos subordinados inferiores, uma vez que há a necessidade de existir uma
hierarquia organizacional, que deve ser formalizada, refletindo o fluxo de autoridade e
responsabilidade na organização (FAYOL, 1975, p. 52).
O princípio de ordem determina uma ordem material, ditando um lugar para cada
coisa e cada coisa em seu lugar. Na organização, significa que há uma ordem social, em
que há um lugar para cada pessoa e cada pessoa em seu lugar (FAYOL, 1975, p. 54).
O princípio de equidade orienta que se deve obter a leadade e fidelidade do pessoal
que trabalha na organização, mediante uma combinação de amabilidade e justiça dos
chefes no trato com os seus subordinados. Os funcionários têm que ser vistos como
pessoas e não como coisas (FAYOL, 1975, p. 55).
O princípio de estabilidade do pessoal determina que um funcionário precisa de um
tempo para adaptar-se a uma nova função, para conseguir desempenhá-la
satisfatoriamente, admitindo que seja dotado das aptidões e das exigências necessárias
para tal. Se este for deslocado no meio ou antes de completar esta adaptação, não terá o
54
tempo necessário para mostrar um trabalho apreciável ou satisfatório. Se isto se repetir da
mesma forma por inúmeras vezes, a função jamais será bem desempenhada, podendo
trazer consequências desastrosas para a organização (FAYOL, 1975, p. 57).
O princípio da iniciativa parte da assertiva de que conceber um plano e assegurar-
lhe o sucesso é uma das mais vivas satisfações que o homem inteligente pode
experimentar, sendo um dos mais fortes estimulantes da atividade humana. A iniciativa de
todos os subordinados, incorporada à do chefe, é uma grande força para a organização,
principalmente em momentos de dificuldade e desafios (FAYOL, 1975, p. 59).
Por fim, segundo o princípio de união do pessoal ou espírito de equipe, a união
faz a força, como diz o provérbio, ressaltando a necessidade do trabalho em equipe e a
importância da comunicação para alcancá-lo. A harmonia e a união do pessoal de uma
organização são fontes de vitalidade para ela (FAYOL, 1975, p. 63).
Os princípios colocados por Fayol (1975) são relevantes para a administração de
uma organização, norteando sua gestão, sobretudo no desenvolvimento das funções do
administrador, dentre elas a do planejamento.
Em síntese, é no contexto da Teoria Clássica, cuja ênfase está na estrutura da
organização para ser eficiente, na visão formal da organização e na abordagem racional da
organização a partir da divisão do trabalho, que o planejamento é reconhecido. Fayol
enuncia as funções do administrador, isto é, as atividades gerenciais executadas por um
gerente em uma organização, embora esta Teoria tenha surgido no século XX, voltada,
inicialmente, para o controle de métodos, padrões, capacidade e incentivos de produção
(LACOMBE, HEILBORN, 2008). Na Teoria Clássica da Administração, o planejamento passa
a ser visto como algo planejado de maneira integrativa, envolvendo todo o conjunto de
unidades interdependentes da organização, facilitando e unificando toda a tomada de
decisão da empresa (KUNSCH, 2000).
No final do século XX, o planejamento é novamente enfatizado, mais
especificamente na Teoria Neoclássica da Administração, que se desenvolve a partir de um
movimento heterogêneo, que recebeu a denominação Escola Operacional ou Escola do
Processo Administrativo. Para esta Teoria, o processo administrativo é composto de funções
administrativas (prever, organizar, comandar, coordenar e controlar), as mesmas colocadas
por Fayol, na Teoria Clássica da Administração. Com a abordagem neoclássica da
administração, estas funções foram atualizadas para planejamento, organização, direção e
controle. Assim, as quatro funções básicas do administrador (planejar, organizar, dirigir e
controlar) constituem atualmente, no contexto da Teoria Geral da Administração, o processo
administrativo de uma organização, segundo o núcleo básico da abordagem neoclássica.
Em resumo, o planejamento constitui um dos objetivos da Administração, uma vez
que, administrar envolve planejar os esforços de um grupo de pessoas associadas para
55
atingir um resultado em comum. O processo administrativo busca garantir o alcance de
objetivos e utilização adequada de recursos, envolvendo para isto tomada de decisão, em
que o planejamento se refere as decisões a serem tomadas sobre objetivos e recursos
necessários para realizar objetivos definidos. No contexto da Teoria Geral da Administração,
o planejamento tem sua origem nos estudos realizados na Escola de Administração
Científica, embora somente na Escola Clássica de Administração, ele seja reconhecido e
explicitado como tal.
Após conhecer, em linhas gerais, como teve início o desenvolvimento do
planejamento em sua área de origem, a Administração, apresenta-se a seguir uma tentativa
de conceituração do planejamento, selecionada e discutida, dentre as inúmeras existentes
na literatura de sua área, aquela que mais contribui para um entendimento adequado do
assunto para o contexto das unidades de informação.
a) as decisões que são muito grandes para serem manipuladas de uma só vez,
em que o planejamento precisa ser dividido em partes e etapas para seja
desenvolvido sequencialmente em um único ponto de decisão, ou
simultaneamente, em diferentes pontos ou mesmo por alguma união de
esforços em série e simultâneos e;
b) as decisões que não podem subdivididas. Desta forma, um problema de
planejamento não pode ser dividido em problemas independentes de
subplanejamentos, devendo ser inter-relacionados e não subdivididos. Isto
quer dizer que decisões tomadas em primeiro lugar no processo de
56
planejamento devem ser levadas em consideração, ao se tomar outras
posteriormente; e as primeiras decisões devem ser revistas à luz das outras
que lhes seguirem.
É justamente por isso que o planejamento deve ser elaborado antes que se precise
agir de fato (ACKOFF, 1979, p. 2). Segundo esse autor, o planejamento é especial por ser
algo que se faz antes de agir, ou seja, é tomada antecipada de decisão. É um processo de
decidir o que fazer, e como fazê-lo, antes que se requeira uma ação. Quando se deseja
certa situação em algum tempo, no futuro, devem ser tomadas as decisões necessárias
antes de agir. Se essas decisões pudessem ser tomadas rapidamente sem perda de
eficiência, não seria necessário planejar. O planejamento é preciso quando a consecução do
estado futuro que se deseja envolve um conjunto de decisões interdependentes, isto é, um
sistema de decisões. Um conjunto de decisões forma um sistema quando o efeito de cada
decisão no resultado desejado depende de, pelo menos, outra decisão do conjunto, que
podem ser complexas ou simples. Assim, a principal complexidade do planejamento advém
mais do inter-relacionamento das decisões do que delas em si (ACKOFF, 1979, p. 2). É um
processo que tem como objetivo produzir um ou mais estados futuros desejados e que não
deverão ocorrer, a menos que alguma coisa seja feita. Na visão do autor, o planejamento
deve evitar tanto ações incorretas, quanto reduzir a frequência dos fracassos, explorando
oportunidades.
A partir da perspectiva de Ackoff (1979), Dias (1982, p. 18) coloca que,
fundamentalmente, o planejamento envolve a futuridade de decisões presentes,
examinando cursos alternativos de ação, abertos em um futuro esperado, selecionando o
mais adequado. O planejamento propicia uma base para as decisões correntes que devem,
necessariamente, ajustar-se ao curso de ação selecionado, devendo também examinar a
cadeia de causa e efeito gerada por decisões presentes e seus impactos presumíveis
(DIAS, 1982, p.18).
A atividade de planejamento envolve complexidade, em decorrência de sua própria
natureza, seja a de um processo contínuo de pensamento sobre o futuro, desenvolvido
mediante a determinação de estados futuros desejados, ou a da avaliação de cursos de
ação alternativos a serem seguidos para que tais estados sejam alcançados. Todavia, tudo
isto implica um processo decisório permanente, acionado dentro em um contexto ambiental
externo e, não controlável, independente e mutável. Desta forma, toda atividade de
planejamento é resultante de decisões tomadas no presente, pensando no impacto destas
no futuro, logo, o que é executado no presente e os resultados esperados da execução
deste é que se projetam no futuro (OLIVEIRA, 2010). Neste sentido, Drucker (1981) conclui
que o planejamento não se refere às decisões futuras, mas às implicações futuras de
57
decisões tomadas no presente. Desta maneira, o planejamento tem forte influência no
processo decisório das organizações, mais especificamente na qualidade das decisões
tomadas ao longo da realização das atividades. Além disso, o seu exercício sistemático
pode reduzir o grau de incerteza envolvido no processo de decisões, aumentando a
probabilidade de alcançar objetivos, metas e desafios traçados pela organização
(OLIVEIRA, 2010).
Benn (1964, p. 154) apresenta o planejamento sob a perspectiva do pensamento,
afirmando que o planejamento é um processo ordenado e sistemático do pensamento,
voltado para a produção de um modelo que deve ser seguido para uma ação específica. No
mesmo sentido de Benn (1964), Oliveira (2010, p. 5) acrescenta que o processo de planejar
envolve um modo de pensar, contempla indagações, o que implica questionamentos sobre o
que fazer, como, quando, para quem, por que, por quem e onde. Os questionamentos de
Lacombe e Heilborn (2008, p. 162) constam na Figura 1, a seguir, que traz o conceito de
planejamento esquematicamente:
FIGURA 1 – O planejamento
Planejamento
Planejar é decidir antecipadamente
O que
FAZER
De que maneira
Quando
58
planejamento é a determinação da direção a ser seguida para alcançar um resultado
desejado, numa definição consciente de cursos de ação ou rumos das ações a serem
executadas. Logo, o planejamento engloba decisões, com base em objetivos, em fatos e
na estimativa do que ocorreria em cada alternativa.
Sendo assim, o planejamento pressupõe a necessidade de um processo decisório
que ocorrerá antes, durante e depois de sua elaboração e implementação na organização
(OLIVEIRA, 2010, p. 5). Neste sentido, Ackoff (1979) acrescenta que o planejamento não é
um ato e sim um processo em constante movimento, sem fim natural ou ponto final, que
envolve tomada de decisão acompanhada de avaliação, no contexto de em um conjunto de
decisões inter-relacionadas. O planejamento ocorre antes da necessidade de agir numa
situação, ou seja, quando se entende que, a menos que se faça alguma coisa, um estado
futuro desejado não deverá ocorrer, ou seja, apenas se forem tomadas as atitudes
apropriadas, aumentará a probabilidade de um resultado favorável (ACKOFF, 1979, p. 3).
Desta maneira, o planejamento é tomada de decisão com avaliação criteriosa para cada
decisão a ser tomada, uma vez que está inter-relacionada a outras e pode afetar as
atividades direcionadas a alcançar os objetivos propostos, envolvendo necessariamente,
uma visão do futuro e a definição da forma mais apropriada para se fazer face a ele, tirando
o melhor proveito das circunstâncias, cuja ocorrência é esperada (DIAS, 1982). Como
evidencia Oliveira (2010), o planejamento funciona de maneira não linear, em razão das
mudanças a que estão submetidas as organizações, frente às pressões ambientais de
forças externas, continuamente em alteração, recebendo influências de variados níveis de
intensidade.
Em síntese, o planejamento é tomada de decisão no presente, para alcançar
objetivos propostos no futuro, levando em conta as mudanças que podem ocorrer no
ambiente da organização, decorrentes das pressões internas, resultantes de seus fatores
integrantes, e das pressões do seu ambiente externo. Dentre as inúmeras conceituações
existentes na literatura sobre planejamento, estas foram selecionadas com o intuito de trazer
uma conceituação de interesse aos moldes do presente estudo.
Depois de apresentada a conceituação de planejamento e já conhecido o início do
desenvolvimento do planejamento em sua área de origem, a Subseção seguinte traz o
planejamento no contexto das unidades de informação.
59
O início da adoção dessas ideias e métodos da Administração ao corpo teórico da
área de Biblioteconomia e Ciência da Informação dá-se a partir da constatação de que a
função administrativa está presente desde a concepção e criação das unidades de
informação. Uma unidade de informação como, por exemplo, a Biblioteca de Alexandria ou
qualquer outra, por mais antiga que seja, ocupou instalações físicas e alguém exerceu as
funções de direção, ou seja, as funções gerenciais estavam presentes desde a sua origem.
Mais tarde, o que mudou foi a percepção e a importância atribuídas às funções
administrativas, em especial, quando elas foram explicitadas nos Princípios da
Administração Científica, definidos por Taylor, no decorrer do fim do século XIX e início do
século XX (DÍEZ CARRERA, 2002).
Díez Carrera (2002) distingue dois momentos em relação à aplicação da
Administração no campo teórico das unidades de informação: um pré-científico e outro
científico. O período pré-científico é ilustrado pela autora pela percepção que se tinha da
atividade administrativa em bibliotecas desde o século XVIII ao menos, enquanto o período
científico refere-se ao início da incorporação dos Princípios da Administração Científica de
Taylor no início do século XX, em especial, em bibliotecas.
A autora trata do que chama de pré-científico da administração nas unidades de
informação a partir de constatações observadas em alguns documentos como o Primeiro
Dicionário de Autoridades da Real Academia Espanhola, que em uma edição de 1726,
apresenta a seguinte definição para o bibliotecário: El que está destinado para tener cuidado
de las bibliotecas, manejarlas y franquear los libros a los curiosos que quieren, y se les
permite divertirse en ellas. Es empleo de mucha estimación y confianza, y que requiere
mucha doctrina para obtenerle4 (REAL ACADEMIA ESPANHOLA, apud DÍEZ CARRERA,
2002, p. 20, 109, grifo da autora). A palavra negritada ‘manejarlas’ se refere à atividade de
manejar que, segundo Diéz Carrera (2002), pode ser entendida como administrar, governar,
dirigir um negócio, dentre outros. O uso de ‘manejar’ está ligado à abordagem construída
nos idiomas inglês e espanhol no contexto das unidades de informação, como se pode
observar pelo verbo to manage e pelo substantivo management, em inglês, e pelos
substantivos, gestión e administración, em espanhol. Esta abordagem foi desenvolvida no
estudo terminológico e semântico que Díez Carrera (2002) realizou deste termo e de outros
específicos que envolvem a questão, inclusive explicando aspectos de tradução em alguns
idiomas. Assim, nota-se nesta definição que o aspecto administrativo já era evidenciado no
contexto das unidades de informação, desde os anos de 1720, uma vez que administrar
seria uma das tarefas do bibliotecário.
4 Aquele que é destinado a cuidar das bibliotecas, administrá-las e facilitar os livros aos curiosos que
os querem, e que podem se divertir nelas. É trabalho de grande estima e confiança, e que requer
muita doutrina.
60
Mais constatações podem ser identificadas na obra de Leopold Auguste Constantin
Hesse, ‘Bibliothéconomie: instructions sur l’arrangement, la conservation e l’administration
des bibliothèques’, publicada em 18395, em que são contempladas as funções do
bibliotecário, e que se constituiu como referência em vários países (PACIOS LOZANO,
1997). Na Espanha, ela foi traduzida em 1865, sob o título ‘Biblioteconomia o nuevo manual
completo para el arreglo, la conservación y la administración de las bibliotecas’, exercendo
grande repercussão na formação dos bibliotecários espanhóis (DÍEZ CARRERA, 2002). O
século XIX, na Europa, foi marcado pela produção desses manuais de biblioteca.
Hesse (1865, p. 17) afirma que apesar das qualidades e conhecimentos: [...] no es
sin embargo suficiente para que el bibliotecario que los posea pueda llenar los deberes que
le impone su destino; es necesario además que sepa administrar las diversas partes del
personal, los fondos y el material que componen el conjunto de una biblioteca6. O autor faz
considerações, ainda, a questões da administração bibliotecária (gestão da unidade de
informação), da contabilidade (controle dos recursos financeiros), das normas que regulam o
funcionamento da biblioteca e do respeito aos usuários, atentando-se aos deveres para com
o público:
La gestión de los fondos pide igualmente un estudio especial, y es tanto
más difícil y delicada su posición, cuanta más libertad tiene para obrar. Los
fondos destinados a las adquisiciones deben emplearse concienzudamente,
con economía y reflexión: por considerables que puedan ser, si no hay
prudencia para invertirlos, pronto dará fin de ellos la inmensa cantidad de
libros que se han publicado y se publican todos los días; por otra parte, la
desigualdad en la composición de las clases de una biblioteca es una
injusticia para con el público, que tiene derecho a que ninguna de ellas sea
privilegiada: sobre esto no debe hacerse escepción, sino cuando se trata de
bibliotecas especiales7 (HESSE, 1865, p. 17).
5 Acesso à obra original em francês por meio da biblioteca digital Internet Archive (https://archive.org).
6 [...], não é suficiente, entretanto, para o bibliotecário que os possui cumprir os deveres impostos a
ele por seu destino; é necessário também que saiba administrar as diversas partes do pessoal,
recursos e materiais que compõem o conjunto de uma biblioteca.
7 A gestão dos recursos exige, igualmente, um estudo especial, e é tão mais difícil e delicada sua
posição, quanto mais liberdade houver para trabalhar. Os recursos destinados às aquisições devem
ser empregados conscientemente, com economia e reflexão: por consideráveis que possam ser, se
não houver prudência para investi-los, logo terão fim pela imensa quantidade de livros que foram
publicados e são publicados todos os dias; por outro lado, a desigualdade na composição das classes
de uma biblioteca é uma injustiça com o público, que tem direito de que nenhuma delas seja
privilegiada; sobre isto, nenhuma exceção deve ser feita, a não ser quando se trata de bibliotecas
especiais.
61
organização empresarial, apresentando uma visão ainda atual, uma vez que considera as
unidades de informação como organizações de serviços, equiparando a coleção a uma
espécie de produto, o bibliotecário a um gestor ou gerente ou diretor e a própria gestão da
biblioteca à gestão de uma organização como outra qualquer.
Como mencionou Diéz Carrera (2002), Hesse (1865) exemplifica que uma biblioteca
pública pode ser comparada, sob o ponto de vista administrativo, a uma casa de comércio.
É verdade que os bens contidos na biblioteca pública não são vendidos como em uma casa
de comércio, no entanto, estão em constante movimento com empréstimos, devoluções, uso
diário de informações disponibilizadas e o que fazem delas, dentre outros. Para proporcionar
tal movimento, é exigido e necessário uma equipe de cunho administrativo, sob a chefia de
um bibliotecário, denotando que a prosperidade da biblioteca depende de seu bibliotecário,
como a de uma casa de comércio depende de seu gerente. O autor também acrescenta que
o estabelecimento de registros contábeis, bem relacionados entre si, devidamente
organizados e de maneira clara, podem ser um poderoso meio para a gestão da biblioteca
como um todo, uma vez que estes poderão ser examinados facilmente e rapidamente,
servindo de apoio a todas as decisões que o bibliotecário precise tomar. O autor finaliza
afirmando que a gestão acertada dos recursos financeiros é uma das tarefas mais
delicadas, pois a economia bem entendida é tarefa essencial na administração de uma
biblioteca, como em qualquer outro estabelecimento (HESSE, 1865).
A despeito destes manuais, desde que Taylor publicou os Princípios da
Administração Científica em 1911, até a sua incorporação à gestão empresarial na década
de 1930, 20 anos transcorreram, praticamente o mesmo período em que tiveram início as
aplicações em unidades de informação, como as bibliotecas (DÍEZ CARRERA, 2002). Ou
seja, as primeiras aplicações dos Princípios de Taylor à gestão das unidades de informação,
em especial, em bibliotecas, datam dos anos de 1930. As bibliotecas universitárias, por
serem unidades de informação mais estruturadas e organizadas, proporcionaram um
ambiente favorável à adoção dos Princípios de Taylor nas suas atividades de
funcionamento, ao contrário das bibliotecas públicas, cujo desenvolvimento de atividades
ocorre em um ambiente de menor pressão social, levando a que a apropriação ocorresse de
maneira lenta. Também, neste mesmo período, ocorre ampla disseminação de centros de
documentação, na França, os quais também são influenciados pelo pensamento
administrativo da época. A partir desses fatos, é que a autora situa o que ela denomina de
momento científico da aplicação da administração às unidades de informação, como
comentado anteriormente.
Por sua vez, para Pacios Lozano (1995), o desenvolvimento da Administração no
âmbito das unidades de informação segue basicamente as mesmas linhas presentes no
ambiente das organizações empresariais, mas com atraso. Na visão da autora, a
62
preocupação e o interesse de como se deveria administrar uma biblioteca é recente,
surgindo e se desenvolvendo a medida que as bibliotecas tornaram-se organizações de
grande porte, com importância na sociedade. Ou seja, a aplicação dos princípios e
fundamentos da gestão foi associada, essencialmente, a grandes bibliotecas e às que
possuíam mais recursos (PACIOS LOZANO, 1995, p. 154).
Conforme Evans (1983), no ano de 1936, ocorre um evento chave quando a
biblioteca da Universidade do Texas começa a usar cartões perfurados para gerir a
circulação de livros, marcando o interesse inicial em aplicar as teorias de gerenciamento ao
ambiente das bibliotecas, em um movimento comum à época em que equipamentos
automatizados passam a ser usados nas grandes bibliotecas, sobretudo nas públicas,
universitárias e de pesquisa. Segundo o autor, durante a década de 1930, outras técnicas
administrativas são introduzidas ao ambiente das bibliotecas, como a contabilidade de
custos e a gestão de recursos humanos, embora não havendo uma mudança significativa,
com interesse incipiente a uma gestão mais eficiente. Deste modo, antes da década de
1940, o panorama das bibliotecas americanas era a escassa atenção dada às questões de
administração e gerenciamento, uma vez que eram bibliotecas pequenas, possuíam baixo
orçamento e equipe reduzida, sem preocupação em conhecer os custos ou definir políticas,
apenas em manter a biblioteca aberta. Estas bibliotecas não precisavam justificar a sua
presença ou razão de existir, já que sua concepção social como algo útil para a sociedade já
lhe garantia a continuidade de seus recursos (EVANS, 1983, p. 47). Nesse contexto,
Samuels e McClure (1982) afirmam que a preocupação das bibliotecas, nessa época,
limitava-se ao armazenamento de livros. Esta abordagem vinha sendo reproduzida desde a
Antiguidade. Evans (1983) acredita que somente as bibliotecas maiores submeteram-se a
mudanças quanto à adoção da gestão em seus ambientes, em razão de possuírem muitos
funcionários, grandes orçamentos e coleções, em que diretores viam-se obrigados a delegar
autoridades e atividades, bem como ter conhecimentos do que faziam outras bibliotecas
com características semelhantes àquela que gerenciavam.
Em relação ao treinamento que os bibliotecários recebiam sobre o gerenciamento de
recursos (orçamento, pessoas, etc), havia a chamada Library Economy8 (PACIOS LOZANO,
1995, 1997). De acordo com Pacios Lozano (1995, p. 155), a economia da biblioteca está
relacionada às despesas básicas necessárias para o funcionamento da biblioteca.
Pensando nisso, ou seja, no treinamento dos bibliotecários, na Espanha, neste período,
houve demanda por cursos relacionados às técnicas administrativas, abordando aspectos
específicos das bibliotecas. Sendo assim, segundo Pacios Lozano (1995), em termos gerais,
8 Economia da Biblioteca.
63
é possível afirmar que a gestão das bibliotecas até os anos de 1940 caracterizou-se por ser
menos científica e baseada no dia-a-dia da biblioteca.
Ainda assim, no final dos anos de 1930, a administração científica nas bibliotecas é
realizada em pesquisas, que começaram a levar em consideração o trabalho de Taylor,
Gantt ou Gilbreth, buscando avaliar se havia ou não técnicas que poderiam ser aplicadas às
situações específicas das bibliotecas, tendo em vista determinar a maneira mais eficiente e
racional de executar as tarefas. Com isto, após a Segunda Guerra Mundial, os orçamentos
aumentam, proporcionando a criação de novas bibliotecas, tendência esta que continua
durante o período das décadas de 1950-1960. Neste período, os bibliotecários passam a
aplicar uma combinação de gerenciamento científico e técnicas novas de pesquisa
operacional ao ambiente das bibliotecas (PACIOS LOZANO, 1995, p. 155).
Samuels e McClure (1982), ao longo desse período, reconhecem duas tendências
decorrentes da abordagem científica de Taylor para o contexto das unidades de informação,
em especial as bibliotecas: a primeira delas, seguindo a linha da Teoria Behaviorista ou
Teoria Comportamental, preocupada com o comportamento das pessoas que integram a
equipe de trabalho da biblioteca, como um meio de assegurar a eficácia do funcionamento
da biblioteca e; a outra, seguindo a linha da Administração Clássica, focada na organização
global da biblioteca, buscando torná-la mais eficaz e eficiente.
Evans (1983) divide em duas fases o momento científico, segundo denominação
também adotada por Díez Carrera (2002), como foi dito: 1) De meados dos anos 1930 a
meados dos anos 1950, as idéias da Escola de Relações Humanas desempenham um
papel de liderança no contexto organizacional, o que chegou também ao ambiente das
bibliotecas; e 2) Em meados da década de 1960, a informática, sobretudo os sistemas
aplicados mais adequadamente às bibliotecas, é adotada, pois os custos se tornam uma
preocupação constante, aumentando a ênfase ao conceito de gestão científica, também nos
ambientes bibliotecários (EVANS, 1983). Assim, Evans (1983) conclui que embora tenham
existido tais tendências, a maior parte da teoria relacionada à administração científica das
bibliotecas tendia a preocupar-se mais com as atividades da unidade, do que com as
pessoas de sua equipe de trabalho, uma vez que a ênfase era determinar os fluxos de
trabalho. Para o autor, isto demonstra o pouco interesse em alinhar a equipe aos postos de
trabalho existentes na unidade de informação. O mesmo autor indica, como sendo uma das
características dos bibliotecários deste momento científico, a ignorância quanto aos custos
relacionados às atividades da biblioteca, como o custo unitário de processamento de um
livro, da aquisição ou do atendimento a uma solicitação (EVANS, 1983, p. 31). Evans (1983)
situa que a Escola de Relações Humanas nas bibliotecas apareceu em torno de meados
dos anos de 1930 a meados de 1950, caracterizada pelo interesse em gestão participativa,
uso de comitês e envolvimento no processo de tomada de decisão, porém, nem sempre
64
com aplicações adequadas ao contexto das bibliotecas, em razão de questões
evidenciadas, como por exemplo, na influência da abordagem racional do trabalho.
Ao final da década de 1960 e início da década de 1970, surgem trabalhos como os
de Burkhalter (1968), Hamburg et al (1974), Gough e Srikantaiah (1978), dentre outros, que
destacam a importância de compreender a biblioteca sob a ótica de sistemas. Tal
perspectiva tentou relacionar os diferentes serviços da biblioteca com as necessidades dos
usuários, segundo a ideia de sistemas abertos, em interação contínua com o meio ambiente
em que estão localizados; daí o interesse em articular entradas e saídas, recursos e
necessidades (PACIOS LOZANO, 1995, p. 157).
Segundo Pacios Lozano (1995), a partir da década de 1970, começa a se
desenvolver, em termos gerais, uma teoria unificada de administração de bibliotecas.
Conforme a autora, isto foi comprovado a partir dos manuais, trabalhos e obras gerais sobre
o assunto ‘administração de bibliotecas’, o qual foi apresentado como um processo
composto por um número variável de funções, oriundas das diversas escolas do
pensamento administrativo, como por exemplo, as funções administrativas de planejamento
e organização da Teoria da Administração Científica. A autora diz que é oportuno apontar a
influência da fase de Relações Humanas no ambiente das bibliotecas nesse período, uma
vez que, os recursos humanos são um elemento essencial no gerenciamento eficiente de
uma organização (PACIOS LOZANO, 1995, p. 158).
No contexto evidenciado, o que se constituiu como uma constante, ao longo desses
períodos foi a referência quase exclusiva da teoria e prática da administração, direcionada
ao ambiente das bibliotecas, salienta Pacios Lozano (1995). Ainda segundo a autora, o
mesmo não ocorreu nos centros de informação. Somente no final da década de 1960,
quando surgem novas oportunidades de atuação dos bibliotecários em setores de
informação de organizações comerciais e industriais, os centros de informação passam a
ser timidamente abordados na literatura da área.
Aproximadamente a partir dos anos de 1970, sob a ótica da Teoria dos Sistemas,
Samuels e McClure (1982) evidenciam a existência de cinco escolas ou abordagens de
pensamento da administração das bibliotecas, que são a Escola de Eficiência, a Abordagem
Sociotécnica, a Abordagem Quantitativa, a Abordagem Behaviorista ou Comportamental e a
Abordagem Contigencial.
A Escola de Eficiência tem como foco o interesse e a preocupação com os resultados
e o desempenho da biblioteca, enfatizando o planejamento como uma estratégia
administrativa para aumentar a eficiência de forma real e significativa. Nesta Escola, foram
propostos diferentes modelos nos quais se observava uma relação entre planejamento e
efetividade e a importância de alcançar metas e objetivos (SAMUELS; MCCLURE, 1982, p.
65
17). Os principais autores que representam esta linha de pensamento são De Prospo (1973)
e o próprio McClure (1978; 1982), entre outros.
A Abordagem Sociotécnica destaca a importância de estar atento à adequação e
interação entre funcionários, tecnologias e tarefas realizadas em uma biblioteca para evitar
problemas. A autora pontua que tal atenção está diretamente ligada à estrutura
organizacional, a qual impacta de maneira direta as responsabilidades e o trabalho dos
bibliotecários, na tomada de decisões, na comunicação, na motivação e na liderança
(PACIOS LOZANO, 1995, p.158). Dentre outros, Axford (1975) é um dos principais autores
desta abordagem, defendendo a possibilidade de adaptar as necessidades individuais dos
membros da equipe de trabalho aos propósitos perseguidos pela organização.
De acordo com Pacios Lozano (1995), a Abordagem Quantitativa baseia-se na
pesquisa operacional, propondo a aplicação de modelos e processos matemáticos ao
ambiente das bibliotecas, visando auxiliar a tomada de decisões e resolução de problemas
relacionados à administração destas unidades de informação. Segundo a autora, o uso das
técnicas quantitativas pretende facilitar a seleção das ações adequadas, buscando
maximizar a eficácia e eficiência da organização, neste caso, da biblioteca.
A abordagem Behaviorista ou Comportamental associa, em geral, a eficiência das
atividades da biblioteca a algumas variáveis, como a personalidade dos indivíduos que
integram a equipe de trabalho, a interação do grupo, as atitudes, dentre outras (SAMUELS;
MCCLURE, 1982). Os autores apontam Marchand (1976) como um dos pesquisadores de
destaque desta linha de pensamento.
A Abordagem Contingente ou Contigencial tem como foco os pontos fracos e fortes
de cada indivíduo no local de trabalho, bem como as circunstâncias do meio ambiente para
garantir a produtividade. Esta linha de pensamento considera que, se o indivíduo possuir um
conjunto de experiências ou pontos fortes e fracos, cabe ao responsável criar e proporcionar
um ambiente em que tais experiências e pontos possam ser explorados e convertidos para o
bem do indivíduo e da organização, no caso, a unidade de informação biblioteca (PACIOS
LOZANO, 1995, p.159). Entre os autores de destaque desta linha de pensamento, estão
McClure (1980) e Bryson (1992). McClure (1980) pontua que há uma série de contigências
que podem influenciar o trabalho de manuseio de informações pelos bibliotecários.
Posteriormente, o mesmo autor sugere que há relação entre os tipos de informação e a
importância da decisão. Já Bryson (1992) insiste em dar importância ao entendimento do
ambiente (externo e interno) da biblioteca, com vistas à tomada de decisões mais concretas
e acertadas, considerando a análise dos ambientes externo e interno como um processo
essencial para conseguir desenvolver com sucesso as muitas técnicas de gestão usadas
nas bibliotecas e centros de informação. Daí, segundo Pacios Lozano (1995), o método de
Bryson fazer parte desta abordagem contingencial.
66
Em se tratando de contigências e suas respectivas influências, Pacios Lozano (1995,
p. 160) diz que é preciso lembrar que a presença de todas essas linhas de pensamento,
aproximadamente a partir da década de 1970, coincide com a introdução de novas
tecnologias na automação das bibliotecas dos Estados Unidos. Tal constatação faz
estabelecer a seguinte relação com a incorporação da Administração ao contexto da
Biblioteconomia e Ciência da Informação: embora a comercialização de computadores tenha
ocorrido em meados da década de 1970, sua disseminação como ferramenta de trabalho
em bibliotecas e centros de informação não começou a se difundir até a década de 1980.
Logo, o investimento inicial nesta tecnologia implicou um desvio considerável de recursos
financeiros, diminuindo a capacidade de adquirir materiais de informação, o que provocou o
surgimento de políticas restritivas quanto aos orçamentos direcionados à cultura, levando a
uma importante crise financeira das bibliotecas em todo o período da década de 1970, que
continuou na década seguinte, inclusive em âmbito internacional. Tais circunstâncias, em
conjunto, desencadearam uma preocupação com a sobrevivência e o futuro das bibliotecas,
resultando em interesse especial em técnicas de gestão e de realização negócios ao longo
das décadas de 1970 e 1980 para o gerenciamento de bibliotecas e centros de informação.
Nesse contexto, Schoots (1991) acrescenta que a introdução de novas tecnologias
da informação ao ambiente das bibliotecas, não só influenciou a questão econômica, como
também revolucionou as atividades técnicas das bibliotecas, sobretudo as relacionadas
diretamente à gestão. O autor cita que a partir destas transformações, as bibliotecas
passaram a coletar dados de atendimento, por exemplo, para poder medir o desempenho de
suas atividades e serviços, uma vez que o uso das tecnologias tornou este processo muito
mais fácil.
A partir da década de 1980, segundo Pacios Lozano (1995), algumas preocupações
se desenvolvem em relação à administração de bibliotecas, como segue. O
desenvolvimento do planejamento estratégico ou de longo prazo surge como um meio capaz
de aumentar a capacidade de tomada de decisão, melhorando o processo decisório como
um todo e a atitude estratégica, frente às eventuais contingências que possam aparecer. Tal
atitude estratégica é requerida e associada a uma necessidade de adaptar-se ao ambiente
de mudanças no qual as unidades de informação, sobretudo bibliotecas e centros de
informação, estão inseridas, desenvolvendo suas atividades. Ocorre a aplicação de
fundamentos e técnicas de marketing como ferramenta para conhecer as necessidades da
comunidade para a qual a biblioteca presta seus serviços, buscando garantir uma orientação
mais acertada na prestação de serviços ao usuário, que adquire importância na época.
Inicia-se o uso de métodos de descentralização e de administração por objetivos como
formas de buscar maior participação e envolvimento das pessoas na consecução dos
objetivos traçados, em um momento de crescentes exigências e necessidade de provar o
67
seu valor em termos de resultados alcançados. Passa a haver otimização máxima dos
recursos disponíveis para as bibliotecas para evitar possível redução de orçamento (como
cortes em aquisições, funcionários e outros), além de buscar fontes alternativas de
financiamento, já que os orçamentos estavam menores. Ocorre também o uso de técnicas
de avaliação e análise de custos cada vez mais comuns aos ambientes de bibliotecas e
centros de informação, uma vez que a informação passa a ser vista como um recurso ou
uma mercadoria, que tem valor para o mercado, pois gera custos. Tais percepções deram
importância econômica, social e empresarial para a informação, proporcionando a criação
de movimentos que permitiram conhecer os custos dos serviços e processos desenvolvidos
nas bibliotecas e centros de informação, atribuindo maior relevância às atividades
desenvolvidas por estas unidades de informação. Por fim, a qualidade total é adotada como
a nova filosofia de gestão, no sentido de bibliotecas e centros de informação alcançarem a
satisfação dos seus usuários, tendo a gestão da qualidade um aspecto fundamental de
estratégia global de unidades de informação (PACIOS LOZANO, 1995).
Em síntese, Pacios Lozano (1995) apresenta dois aspectos que influenciaram
diretamente o percurso da administração em unidades de informação nas décadas de 1970
e 1980, sobretudo em bibliotecas e centros de informação: a introdução de novas
tecnologias nos ambientes bibliotecários e os estágios da crise econômica ou restrições
financeiras na alocação de recursos para estas unidades de informação. Acrescenta que
isso levou a uma atitude mais comercial por parte dos profissionais, resultando em
mudanças que proporcionaram a adoção de técnicas e ferramentas do mundo dos negócios
para alcançar a eficácia e a eficiência.
Caberia adicionar que, independentemente das circunstâncias, o grande interesse
deve ser a superação das expectativas do usuário no que diz respeito ao acesso e uso
qualificado da informação, uma vez que esta é a razão de existir das unidades de
informação em seu desenvolvimento histórico e em seu momento atual.
Depois de compreender as origens do planejamento, tanto na sua área de origem
como no contexto das unidades de informação, apresenta-se a seguir a base teórica de
sustentação para a aplicação do planejamento ao ambiente das unidades de informação,
uma vez que, dentre as Escolas do pensamento administrativo, há algumas que foram
substancialmente importantes para o planejamento de unidades de informação bem como
as abordagens teóricas e o estudos de planejamento, como apresentadas a seguir.
68
unidades de informação. Em seguida, as abordagens teóricas para a realização do processo
de planejamento e os principais estudos de planejamento e os estudos do planejamento em
unidades de informação, os quais são, em grande medida, originados daqueles. Além de
permitirem novos campo de estudo, como o de planejamento em unidades de informação.
69
e) A Escola da Teoria da Decisão (Teoria Comportamental de Herbert Simon)
Para Fuentes Romero (2007) estas Escolas de gestão contribuem para uma
compreensão teórica da aplicabilidade do planejamento ao ambiente das unidades de
informação, uma vez que, de alguma forma serviram de sustentação para tal aplicação do
planejamento na área de Biblioteconomia e Ciência da Informação.
Como já dito, foi Henry Fayol o primeiro estudioso a considerar o planejamento.
Segundo Evans (1983), ao final de sua carreira, Henry Fayol, em 1916, define uma série de
princípios que considera importantes para o estabelecimento de uma teoria da gestão, os
quais foram definidos conforme sua experiência pessoal no mundo do trabalho, sobretudo
no ramo industrial, baseadas nas operações ou funções da empresa industrial. Retomando
a proposta de Fayol, de modo resumido, temos as seguintes funções:
Estes seis grupos de operações ou funções elencados por Fayol (1975) têm
correlação direta com o desempenho das unidades de informação e suas respectivas
atividades. Nas unidades de informação, as operações ou funções técnicas correspondem,
por exemplo, à análise dos materiais de uma coleção, a qual envolve os processos de
catalogação, classificação, indexação, dentre outros (FUENTES ROMERO, 2007). Deste
modo, estas operações podem se referir ao grupo das operações ou funções técnicas
definidas por Fayol (1975).
No tocante às operações ou funções comerciais, podem ser elencados a aquisição
de materiais, como livros e outros, como ações de compra, e o intercâmbio de publicações,
como ações de permuta, atividades estas que são correntes em unidades de informação;
além das operações comerciais, há ações relativas a serviços, que podem ser cobrados ou
não, como os serviços de fotocópias, de microfilmagem de documentos, de levantamentos
bibliográficos, realizados por bibliotecas ou por profissionais autônomos, mas também por
empresas especializadas, as quais também oferecem serviços, como assinaturas para
acesso a publicações eletrônicas via Internet, venda de registros bibliográficos (em formato
70
Machine Readable Cataloging - MARC, por exemplo), migração de registros entre sistemas
de gerenciamento de bibliotecas etc (FUENTES ROMERO, 2007).
Em relação às operações ou funções financeiras com vias a buscar e gerenciar o
dinheiro nas unidades de informação, ocorre a busca por financiamento de suas atividades,
projetos ou ações específicas, além de uma preocupação constante em gerenciar de
maneira otimizada o dinheiro, que podem ser, muitas vezes, escassos.
No que diz respeito às operações ou funções de segurança, quarto grupo elencado
por Fayol (1975), há ações de segurança em unidades de informação, na segurança dos
seus edifícios, equipamentos, coleções de materiais e, também, das pessoas, tanto usuários
que frequentam os espaços, quanto o pessoal que trabalha nas unidades. Em algumas
unidades de informação, como as bibliotecas nacionais, que têm por função a conservação
do patrimônio nacional de um país, as ações de segurança são um dos assuntos mais
importantes da sua existência (FUENTES ROMERO, 2007).
Quanto às operações ou funções contábeis, têm-se a realização dos inventários,
balanços e estatísticas, atividades de controle típicas das unidades de informação, pois,
mesmo no caso daquelas cujos serviços são gratuitos, há custos envolvidos em sua
manutenção e desenvolvimento.
Segundo Fuentes Romero (2007), nas operações ou funções administrativas, último
grupo colocado por Fayol (1975), as ações de planejamento, organização, coordenação e
controle apresentam importância significativa nas unidades de informação, uma vez que tais
ações são extremamente úteis e necessárias para seu funcionamento eficiente e o alcance
de seus objetivos. Em especial, a função planejamento tem importância essencial para a
administração adequada e eficiente das unidades de informação.
Como já apresentado em detalhe nesta pesquisa, Fayol (1975) coloca que o
desenvolvimento das funções, elencadas por ele, compreendem o funcionamento adequado
de uma organização, para o qual é necessário obedecer 14 princípios da administração que
se referem à: 1) divisão do trabalho; 2) autoridade e responsabilidade; 3) disciplina; 4)
unidade de comando; 5) direção; 6) subordinação do interesse particular ao interesse
geral; 7) hierarquia; 8) equidade; 9) centralização; 10) iniciativa; 11) união do pessoal ou
espírito de equipe; 12) estabilidade do pessoal; 13) remuneração do pessoal e; 14)
ordem. De acordo com Fuentes Romero (2007), estes princípios são aplicáveis a qualquer
organização, como as políticas, religiosas, filantrópicas, militares, culturais, dentre outras,
incluindo as unidades de informação, e são apresentados como segue, considerando a
especificidade do contexto das unidades de informação. Nos dias atuais, dada as
transformações que impactam diretamente as unidades de informação, ainda é importante
que alguns destes princípios estejam presentes na gestão das unidades de informação.
71
A aplicação do princípio da divisão do trabalho dá-se em razão do número de
atividades diversas que as unidades de informação têm a realizar. Ou seja, quanto maior for
a variedade de atividades desenvolvidas em uma unidade de informação, maior será a
necessidade do uso do princípio da divisão do trabalho. Por exemplo, em uma biblioteca
pública de um município de população pequena, a divisão do trabalho será mínima, bem
como a quantidade de pessoal. Já no caso, por exemplo, de uma biblioteca pública, de
tamanho maior, numa cidade de uns 50 mil habitantes, a divisão do trabalho será mais
demandada, além de maior número de pessoal, considerando uma maior variedade de
atividades a serem desenvolvidas. Em bibliotecas de cidades ainda maiores, com mais de
50 mil habitantes, os setores podem aumentar e a equipe também deve ser ampliada
(FUENTES ROMERO, 2007). O autor coloca que este princípio de divisão do trabalho não
se relaciona apenas com o número maior de atividades diversas, mas também com a
existência de pessoas aptas a trabalhar em cada uma destas atividades, o que exige
conhecimento adequado sobre materiais, serviços e usuários específicos.
O princípio da autoridade e responsabilidade é essencial para o funcionamento
adequado de uma unidade de informação, uma vez que ninguém pode ser um diretor
competente se, juntamente com a sua autoridade, não for evidenciada sua responsabilidade
(FUENTES ROMERO, 2007). Relacionado a este princípio, o princípio da disciplina nas
unidades de informação é essencial para a sua eficiência. A disciplina proposta por Fayol
(1975) traduz-se também em questões básicas, como a pontualidade do funcionário, o
cumprimento adequado e eficiente de suas obrigações e o respeito às ordens recebidas
(FUENTES ROMERO, 2007, p. 49). Tomando como referência a última frase dita, ‘respeito
às ordens recebidas’, há o princípio da unidade de comando, que se refere à obediência
do funcionário às ordens de apenas um chefe, algo bastante útil ao contexto das unidades
de informação, principalmente, aquelas de maior porte, que em geral tem mais seções ou
departamentos e, portanto, possuem mais chefes e pessoas para serem comandadas.
Deste modo, as linhas de dependência de cada funcionário da unidade de informação, em
relação ao seu chefe direto, devem estar suficientemente claras para que não fique
nenhuma dúvida sobre quem depende de quem, uma vez que a indefinição dos
responsáveis sobre uma ou outra questão faz com que os subordinados fiquem
desorientados, sem saber com quem devem tratar diretamente sobre cada uma das
questões de trabalho (FUENTES ROMERO, 2007). Por exemplo, em um setor de
tratamento da informação há dois assistentes, sendo um deles responsável pela
catalogação e o outro pela indexação e mais cinco auxiliares indistintamente dedicados a
atender ambas as tarefas. Um conflito de comando pode ocorrer quando surgirem questões
a resolver sobre o tratamento da informação em sentido mais amplo, ou seja, que não
englobem um ou outro processo especificamente. A depender também da relação de
72
trabalho entre os dois assistentes, ocorrerá uma situação conflituosa que afetará a
qualidade do serviço desenvolvido (FUENTES ROMERO, 2007). Fortemente ligado a este
princípio, está o princípio de direção, que diz respeito à estrutura organizacional da
unidade de informação, no sentido de estar claro e visível a todos os seus funcionários que
toda a sua direção é exercida completamente por uma única pessoa, e que todas as
decisões devem emanar diretamente desta direção.
No princípio de subordinação do interesse particular ao interesse geral, a
gerência de uma unidade de informação deve conciliar ambos os interesses, sempre
considerando a experiência pessoal de cada funcionário.
Diretamente relacionado aos princípios apresentados até aqui, exceto o de disciplina,
há o princípio de hierarquia, que se aplica às unidades de informação, em especial em
unidades de médio e grande porte, em que há quantidade suficiente de funcionários para
definir um número significativo de categorias de trabalho e, portanto, poder estabelecer
relações de dependência entre elas (FUENTES ROMERO, 2007).
Próximo aos princípios de autoridade e responsabilidade, de direção e de unidade de
comando, existe o princípio de equidade, que pressupõe que requerer lealdade e
fidelidade do pessoal implica oferecer, de maneira simultânea, amabilidade e justiça. Nas
unidades de informação, tal princípio deve ser o esperado e praticado pelos chefes das
unidades no tratamento com os seus subordinados (FUENTES ROMERO, 2007).
O princípio de centralização nas unidades de informação relaciona-se ao seu modo
de estruturação, que pode ser centralizado ou descentralizado, implicando maior ou menor
grau de dispersão da autoridade. Como exemplo, tem-se as bibliotecas universitárias
constituídas em sistemas de bibliotecas.
No tocante às pessoas, há o princípio da iniciativa, que nas unidades de
informação parte do fato de que todo ser humano pode gerar novos projetos e novas idéias,
portanto, deve-se estimular a participação de cada um, segundo suas capacidades e
habilidades. As novas ideias, se bem geridas, podem representar uma valiosa ferramenta
para alcançar a coesão dos trabalhadores em relação aos objetivos da unidade de
informação (FUENTES ROMERO, 2007, p. 54). Próximo a este princípio, por ainda tratar de
pessoas, há o princípio da união do pessoal ou espírito de equipe, que nas unidades de
informação aplica-se a partir da assertiva de que em tempos de crise, por exemplo, as
organizações que melhor sobrevivem são aquelas em que o espírito do grupo é forte
(FUENTES ROMERO, 2007). Ainda tratando de pessoas, há o princípio de estabilidade
do pessoal, em que se leva em conta: de um lado, a mudança necessária e conveniente de
um funcionário de seu posto de trabalho, sempre que o gerente estiver absolutamente
convencido de que isto será benéfico ao desenvolvimento da unidade de informação, e
desde que isso não cause rejeição ao funcionário afetado; e por outro lado, a inadequação
73
de um nível excessivo de rotatividade de funcionários, seja para os próprios, seja para a
consecução dos objetivos da unidade de informação (FUENTES ROMERO, 2007, p. 53).
Por fim, no que se refere também às pessoas, existe o princípio de remuneração do
pessoal, quando se considera que nas unidades de informação, o pagamento dos
funcionários deve ser justo, de modo que, cada um receba o correspondente à sua
preparação, ao seu nível de responsabilidade, à sua jornada diária, etc., como coloca
Fuentes Romero (2007). Um exemplo é aquele em que, em uma mesma unidade de
informação, a diversidade de modos de contratação (como funcionário, ou temporário, etc.)
não corresponde à variedade de funções ou tarefas semelhantes. Para Fuentes Romero
(2007), é evidente que as consequências que esta situação traz para os níveis de eficácia,
eficiência e qualidade de uma unidade de informação são, na maioria das vezes, muito
negativas.
Quanto ao princípio de ordem, segundo Fayol (1975), refere-se primeiro ao lugar
das coisas (ordem material) e depois ao lugar a ser ocupado por cada pessoa (ordem
social). Nas unidades de informação, tal princípio poderia corresponder à organização
espacial de móveis, computadores e materias bibliográficos, entre outros, em uma
biblioteca, assim como, em um sistema de informação online (ordem material) e aos lugares
ocupados por cada profissional em função desse modo de funcionamento organizacional e
espacial, implicando ainda possibilidades próprias de circulação e uso do espaço pelos
usuários (FUENTES ROMERO, 2007).
Sendo assim, para Fuentes Romero (2007), as ideias de Fayol podem ser aplicadas
ao ambiente das unidades de informação com ganhos significativos, pois, em geral, na base
de qualquer organização, sempre há necessidade de uma estrutura administrativa. Essa
afirmação do autor não é uma novidade, mas o diferencial está em trazer cada um dos
pontos dos Princípios de Fayol e mostrar sua relação específica com o contexto das
unidades de informação.
A próxima teoria da Administração que contribui para a compreensão da aplicação do
planejamento às unidades de informação é a Escola da Administração Científica de Taylor.
A base do taylorismo está na possibilidade de determinar qual é o rendimento
adequado de um dia de trabalho do trabalhador e a sua melhor maneira de realizá-lo, tendo
o justo pagamento pelo trabalho realizado com alto desempenho. A partir do estudo
minucioso do trabalho, é possível mensurar o grau de desempenho e, a partir deste,
estipular índices de tempo e rendimento, que são utilizados para realização do pagamento
justo (TAYLOR, 1971).
Embora Taylor tenha recebido críticas em função de sua grande preocupação com os
altos níveis de produtividade do trabalhador, para Fuentes Romero (2007), essas críticas
são resultantes de interpretações equivocadas da sua teoria, uma vez que ele entendia o
74
trabalhador como pessoa e valorizava o resultado do seu trabalho. Taylor (1971) partia da
ideia de que cada trabalhador tinha que ser selecionado e treinado com cuidado para que se
pudesse confiar-lhe um trabalho específico, de modo que ele fosse capaz de realizar o seu
melhor. Juntamente com esta ideia, Taylor (1971) sempre insistiu na importância de ter um
planejamento cuidadoso na definição das tarefas e funções que cada trabalhador teria que
realizar.
De posse dessas características básicas do taylorismo, Fuentes Romero (2007)
afirma que certos aspectos podem ser de utilidade à gestão das unidades de informação,
como os que se referem: a) à análise de cada uma das diversas atividades de trabalho que
uma unidade de informação tem a desenvolver; b) à divisão em partes de cada uma destas
atividades a serem desenvolvidas em uma unidade de informação; c) ao cálculo do tempo
médio a ser gasto para executar as distintas atividades que formam parte de um trabalho
concreto da unidade de informação, e; à mensuração da quantidade de trabalho que o
trabalhador é capaz de realizar em um dia, num tempo médio.
Desse modo, baseado nas ideias de Taylor (1971), é possível observar que da
mesma forma os trabalhadores de uma unidade de informação devem receber um
tratamento humano e analisar adequadamente cada trabalho realizado por eles, além de
selecionar o trabalho, conforme o perfil do trabalhador.
De acordo com Fuentes Romero (2007), os conceitos de Taylor (1971) têm sua
origem nos escritos de Max Weber e em seu modelo burocrático, que representa a Escola
da Burocracia ou Escola Burocrática, a terceira teoria da Administração que colabora para a
aplicação do planejamento às unidades de informação. Conforme Fuentes Romero (2007), a
especialização do trabalho, os níveis de autoridade e as teorias sobre controle têm sua
origem no pensamento weberiano, cujo conceito de burocracia se desenvolve ao mesmo
tempo que a gestão científica. O modelo burocrático refere-se às regras e procedimentos
em relação à condução das atividades em uma organização (WEBER, 2013). Para Weber
(2013), as organizações burocráticas caracterizam-se por serem obrigadas a ter regras; por
serem áreas de competência ou divisão do trabalho que proporcionam a especialização e a
contribuição para a padronização do trabalho; pela existência dos princípios de hierarquia;
por proporcionarem a promoção por habilidades técnicas, dentro da hierarquia de gestão e;
por estabelecerem por escrito as regras. O teórico acreditava que uma organização
administrada de maneria burocrática é capaz de alcançar o mais alto grau de eficiência e,
que, formalmente, este sentido é o meio mais racionalmente conhecido para desenvolver
um controle imperativo sobre os seres humanos.
Dito isso, é possível inferir, que uma unidade de informação, qualquer que seja, é
uma organização burocrática, se forem levadas em consideração as seguines
características, conforme Fuentes Romero (p. 67, 68):
75
a) em toda unidade de informação, como em qualquer outra organização, de
qualquer tipo, em que participam seres humanos, existem regras a serem
cumpridas de maneira obrigatória e inevitavelmente. Baseando nesta
característica, que o autor coloca, é possivel afirmar que nas unidades de
informação, as regras estipuladas devem ser respeitadas, uma vez que o seu
descumprimento pode impactar, por exemplo, a imagem institucional ou a
convivência entre os indivíduos que compõem a equipe de trabalho da unidade,
dentre outros aspectos;
b) em qualquer unidade de informação, existem áreas de competência ou de
divisão do trabalho, tais como o setor de seleção e aquisição de materiais de
uma biblioteca universitária, o setor de tratamento da informação e outros. O
trabalho desenvolvido em cada uma destas áreas de especialização do trabalho
presume o cumprimento de uma certa quantidade de normas para o
funcionamento adequado da unidade de informação em questão. Esta
característica que Fuentes Romero (2007) traz, evidencia a importância de
seguir as normas utilizadas pela unidade de informação, pois se as normas
definidas não forem seguidas é possível que a qualidade, por exemplo, de um
serviço prestado fique comprometida;
c) as unidades de informação devem atuar, a todo momento, conforme os
princípios de hierarquia, uma vez que em unidades de tamanho médio, existe
uma direção, departamentos, seções/setores, etc., e que à frente destes, há
respectivos profissionais que exercem a autoridade sobre outros, a partir de sua
formação profissional e experiência. A promoção, dentro da hierarquia, da gestão
das unidades de informação, somente se dá a partir das habilidades e
competências técnicas. A partir do que coloca Fuentes Romero (2007), é
possível afirmar que esta característica é bastante importante em um ambiente
de unidade de informação, uma vez que se existir clareza no entendimento
adequado de todos da hierarquia e respeito a ela, o processo de decisão terá
maior êxito, bem como esta clareza também evita conflitos de autoridade, além
de problemas no tocante ao reconhecimento por competência;
d) as unidades de informação não constituem uma exceção no que diz respeito ao
princípio de Max Weber de que as regras devem ser estabelecidas por escrito.
Nesta característica, o documento por escrito deve sempre existir, seja, por
exemplo, por meio dos documentos de regras de conduta e comportamento ou
regulamentos de funcionamento, dentre outros.
76
A penúltima teoria da Administração que auxilia na aplicação do planejamento às
unidades de informação é a Escola das Relações Humanas, de Elton Mayo, a qual
representa uma reação à ênfase excessiva de produtividade do período da gestão científica
de Taylor. Elton Mayo fazia parte da equipe de pesquisa da Harvard Graduate School of
Businesse Administration. Esta equipe de pesquisadores realizou um estudo de longo prazo
sobre o cansaço e a produtividade de trabalhadores de uma empresa chamada Western
Electric, situada em Hawthorne, Chicago. Inicialmente, os pesquisadores queriam saber se
breves períodos de descanço melhorariam a produção em uma organização. A empresa deu
à equipe certa liberdade para investigar o cansaço dos trabalhadores e a influência deste na
produção. O estudo durou cinco anos e a equipe tornou-se um grupo experimental e de
estudo. Foram realizadas mudanças na iluminação, ora mais forte, ora mais fraca,
modificação nos períodos de descanso, diminuição dos dias trabalhados e variações no
pagamento de incentivos pelo aumento da produtividade. Chegou-se à conclusão de que
estas mudanças não serviam para explicar as variações de produtividade, mas sim fatores
ligados à moral e às relações satisfatórias entre os membros do grupo de trabalho. Assim,
percebeu-se que uma administração eficaz seria aquela capaz de compreender a conduta
humana, especialmente a de grupo, mediante melhorias nas habilidades interpessoais como
motivação, a formação do trabalho, a boa direção e a comunicação adequada. A este
fenômeno que presta atenção nas pessoas chamou-se de efeito Hawthorne. Os estudos de
Hawthorne revelaram que os seres humanos são essencialmente sociais e as operações e
ações de negócios não são apenas uma questão de equipamentos e métodos, mas
envolvem elementos sociais, junto aos quais, compõem um sistema sociotécnico por
completo. Além disto, estes estudos permitiram outros experimentos, proporcionando maior
interesse pelas ciências comportamentais e sua aplicação à administração, levando ao
reconhecimento de que os administratores operam sistemas sociais (MOTTA;
VASCONCELOS, 2006)
As teorias das relações humanas, sobretudo a que foi apresentada, interessam à
gestão das unidades de informação, por exemplo, quanto a levar em consideração que cada
ser humano é único em si mesmo e não parte integrante de uma mera engrenagem
(FUENTES ROMERO, 2007).
Por fim, a Escola da Teoria da Decisão ou Teoria Comportamental, cujo precursor foi
Herbert Simon. Tal Escola pressupõe que um dos maiores problemas que um gerente
enfrenta refere-se à tomada de decisões. O processo de tomada de uma decisão inicia-se
com a seleção, entre as mais diversas possibilidades existentes, sendo eleita a que se
considera a mais adequada e correta. No entanto, quantas mais variáveis houver em cada
alternativa, mais difícil será a seleção da melhor destas alternativas (FUENTES ROMERO,
2007). Assim, decidir implica acertar sobre o que deve ser feito, quem deve fazê-lo, quando
77
e onde será feito, bem como, de que maneira será realizada a decisão adotada (FUENTES
ROMERO, 2007, p. 72).
A tomada de decisões é mais um dos vários elementos presentes no processo de
planejamento. Neste sentido, deve-se conhecer o valor de cada decisão no momento em
que é tomada, pois algumas podem ser menos relevantes, mas outras podem afetar
diretamente o desenvolvimento da organização em questão. Há decisões, cujas
consequências podem ser previsíveis, enquanto há outras, cujas consequências não podem
ser previstas tão facilmente, mas está claro que entre um extremo e outro encontra-se, em
menor ou maior grau, o risco do fracasso decorrente da decisão tomada. Desse modo, seja
qual for o problema enfrentado, a tomada de decisão adequada passa pelas etapas de: 1)
identificação e diagnóstico do problema; 2) geração de soluções alternativas; 3) seleção da
melhor maneira; 4) avaliação de alternativas, e; 5) avaliação da decisão; 6) implantação da
decisão (FUENTES ROMERO, 2007).
De acordo com Fuentes Romero (2007, p. 72), a tomada de decisões afeta,
essencialmente, as quatro funções administrativas ou operações de gestão: o planejamento,
a organização, a direção e controle. Em termos do planejamento, a tomada de decisões
afeta todo o processo, influenciando os propósitos ou fins. No que se refere à organização, a
tomada de decisões afeta a divisão do trabalho, a descrição das funções, a definição dos
departamentos, setores ou seções, além da composição dos níveis de hierarquia existentes
e necessários ao desenvolvimento das atividades. No tocante à direção, a tomada de
decisões afeta os processos de supervisão, de comunicação, de motivação e de integração.
Por fim, em relação ao controle, a tomada de decisões afeta diretamente os processos de
feedback, correção e medição.
Conhecidas as Escolas, são apresentadas na seção seguinte as abordagens teóricas
que dão sustentação a realização do processo de planejamento.
78
Sistemas na área de Administração são mais recentes que o conceito de planejamento no
contexto empresarial. Os primeiros estudos datam da década de 1960, com os trabalhos de
Richard Arvid, Johnson, Fremont Ellsworth Kast e James E. Rosenzweig, publicados na obra
The theory and management of systems, de 1963. A partir destes estudos, as aplicações se
desenvolveram de maneira significativa na administração moderna, mais especificamente,
na gestão estratégica.
Na abordagem sistêmica, uma organização pode ser considerada um sistema, que
está em constante interação com o ambiente, sendo construída pelo homem, o que a
distingue dos sistemas naturais que são desenvolvidos pela natureza. O sistema
organizacional representa um conjunto de partes inter-relacionadas, operando
simultaneamente para atingir os objetivos da organização e dos indivíduos que a compõem.
Este sistema compreende limites, constituências, inter-relacionamentos, balanço e
retroalimentação e comunicação. Os limites definem o que está dentro e o que está fora do
sistema, sendo que a organização representa um subsistema de um sistema maior
composto por elementos do ambiente externo. As constituências referem-se aos elementos
que fazem parte do sistema. Os inter-relacionamentos constituem o relacionamento
funcional entre as variáveis do sistema. Tais variáveis podem ser de natureza tangível e
quantificável ou não, independentes (explicam o comportamento das variáveis dependentes,
afetando-as de alguma maneira) e/ou dependentes. Independentemente de quais sejam, no
nível de decisão do subsistema, as variáveis podem ser agrupadas em controláveis e
incontroláveis, de modo que a ação planejada deve visar as variáveis controláveis,
considerando as incontroláveis apenas como parâmetros ou limites desta ação. Neste
sentido, o planejamento consiste na maximização dos efeitos da ação sobre as variáveis
controláveis do sistema, obedecidas as restrições gerais impostas pelo ambiente. O balanço
corresponde ao equilíbrio do sistema, que pode ser o balanço estacionário (quando o
sistema retorna à sua posição anterior após a ocorrência de um distúrbio qualquer) e o
balanço dinâmico (quando o sistema muda para uma nova posição de equilíbrio, após
ocorrência de distúrbios). Por fim, a retroalimentação e a comunicação são os mecanismos
de controle e coordenação, que permitem aos tomadores de decisão influenciar o
funcionamento do sistema de maneira desejável (DIAS, 1982, p. 33).
A finalidade da abordagem sistêmica é integrar os fatores dos ambientes interno e
externo à organização. Para tanto, o ambiente é considerado como microambiente e como
macroambiente. O microambiente abrange a empresa internamente, abordando
basicamente inputs e outputs (DIAS, 1982, p. 33). Os inputs são recursos usados no
processo de produção da empresa e os outputs se referem aos bens e serviços fornecidos
ou prestados pela empresa (SLACK et al, 2007). Já o macroambiente corresponde a tudo
aquilo que é externo à organização e que de alguma maneira a afeta ou pode afetá-la. Uma
79
pequena mudança no macroambiente de uma organização é o suficiente para alterar
substancialmente sua própria razão de ser, demonstrando sua relevância para o
planejamento. Assim, a integração da visão sistêmica ao planejamento, possibilitada pela
abordagem de sistemas, tende a resultar em uma orientação coerente em todos os níveis da
organização (DIAS, 1982, p. 35).
A abordagem incremental ou satisfycing caracteriza-se pela busca limitada de
alternativas, quando a primeira solução encontrada para um determinado problema é a
aceitável e geralmente é a adotada, e pelo tratamento paralelo ou serial de aspectos
parciais das necessidades do planejamento da organização. Nesta perspectiva, o processo
de delineamento de estratégias caracteriza-se mais pelo desenvolvimento de soluções para
resolver os problemas do presente, do que por uma proatividade de novas oportunidades
(DIAS, 1982).
De acordo com Lindblon (1969, p. 49), a abordagem incremental é uma descrição de
como o planejamento é e pode ser feito em função das limitações da racionalidade e das
dificuldades do homem envolvidas na tentativa de definir problemas ambientais
extremamente complexos. A atividade de planejamento incremental tem como foco a
identificação de maneiras para contornar as ameaças, dando pouca atenção em identificar
outras tendências, sejam elas sociais, econômicas, técnicas ou legais que possam significar
oportunidades ou ameaças adicionais. Nesta abordagem, a busca de alternativas para
solucionar problemas acaba assim que o grupo envolvido encontra uma solução plausível
por eles mesmos. Ou seja, ela é limitada à análise feita em torno dos efeitos da solução
escolhida. A alternativa selecionada é implementada na organização, sem metas explícitas e
quantificadas. Deste modo, é dada pouca atenção à redefinição das metas finais da
organização (O’KEEFE, 1982).
O’keefe (1982) compara e diferencia as abordagens sistêmica e incremental.
Enquanto na abordagem sistêmica, busca-se por alternativas de maneira extensiva para a
solução de problemas, na abordagem incremental, ocorre uma busca limitada, aceitando e
adotando a primeira solução encontrada, sem cogitar alguma outra. No tocante ao
tratamento das necessidades de planejamento da organização, na abordagem sistêmica,
lida-se com estas necessidades, entendendo-as sistematicamente; já na incremental, o
tratamento é seriado ou paralelo. Quanto ao processo de definição de estratégia, na
abordagem sistêmica, aborda-se de maneira compreensiva o problema estratégico,
buscando por soluções completas e por novas oportunidades; na abordagem incremental,
buscam-se, geralmente, soluções reativas e parciais para os problemas existentes. Por fim,
no que diz respeito ao aspecto das metas, enquanto na abordagem sistêmica, há múltiplas
metas, as quais são explicitadas, visando otimizar o seu alcance, na abordagem
incremental, elas são poucas, não muito explícitas, e há limitado empenho em atingi-las
80
(O’KEEFE, 1982). Assim, segundo O’keefe (1982), a abordagem sistêmica é mais adequada
ao contexto do planejamento, uma vez que, sendo ele um processo que envolve toda a
organização, a referida abordagem buscar entender os desafios enfrentados pela
organização por meio de uma visão mais abrangente dos problemas e possíveis soluções.
Isto não significa que a abordagem incremental não seja útil, pois mesmo tendo uma visão
limitada, pode também ser útil quando se deseja soluções parciais aos problemas existentes
de menor impacto na organização.
A partir das Escolas e abordagens que foram apresentadas, muitos são os enfoques
de estudo desenvolvidos para sedimentar a temática de planejamento, bem como campos
de estudo que se desenvolvem a partir desses enfoques para pleitear e realizar novos
estudos para a temática em questão, ambos apresentados na seção seguinte.
81
empresa. Adicionalmente, foram discutidos também aspectos do planejamento, como a
integração das áreas mais operacionais da organização aos processos globais de
planejamento organizacional (DIAS, 1982).
Esses estudos e todos os demais foram realizados como objetivo básico de construir
uma superestrutura para a teoria do planejamento empresarial, desenvolvendo uma base
teórico-conceitual capaz de dar sustentação para o assunto em questão. A atenção dos
estudiosos da área foi, de maneira geral, orientada por quatro aspectos distintos: 1) a
definição de objetivos; 2) o ambiente do planejamento; 3) a dimensão temporal do
planejamento e; 4) a integração das funções do planejamento.
A definição de objetivos, fundamental na elaboração do planejamento, é discutida
por todos os estudiosos da área, mas foi Melville C. Branch que abordou este importante
aspecto em maiores detalhes no seu livro ‘The corporate planning process’, de 1965. Ele foi
o pioneiro no tratamento dos problemas da definição de objetivos do planejamento em
profundidade, ampliando o que Preston Le Breton e Dale A. Henning já haviam iniciado.
Segundo Branch (1965, apud DIAS, 1982, p. 24), antes que os objetivos possam ser
definidos, os diversos fatores que afetam o futuro da empresa, bem como os cursos
diversos e alternativos da ação, devem ser cuidadosamente analisados. Branch (1965 apud
DIAS, 1982, p. 24) deu ênfase também ao fator humano, levando em consideração as
características e atitudes do pessoal envolvido que, na sua visão, afetam diretamente a
coordenação, a integração e a administração das atividades de planejamento dentro da
empresa. Outros aspectos foram abordados pelo autor, como o uso de métodos
quantitativos para avaliar os resultados obtidos com a utilização das medidas
implementadas e as possibilidades possíveis da aplicação da tecnologia nos processos e
atividades da empresa. Ainda em 1965, Brian W. Scott avançou em precisão em relação aos
estudos de Branch (1965, apud DIAS, 1982, p. 24), ao tratar da questão do processo mental
envolvido na definição de objetivos e do desenvolvimento da teoria do planejamento
estratégico aplicado às grandes companhias, considerando, assim, a importância dos
fatores de mercado na escolha da estratégia a ser adotada pela empresa (SCOTT apud
DIAS, 1982, p. 24). Scott discutiu isto em sua obra Long-range planning in American
industry, de 1965. Segundo Dias (1982, p. 24), mesmo sendo menos abrangente que o de
Branch, o trabalho de Scott é importante por sua clareza e pela apresentação de visão
global da teoria de planejamento estratégico. Na mesma perspectiva de Scott (1965 apud
DIAS, 1982), os estudos de Igor Ansoff definem como função básica do dirigente de uma
organização o desenvolvimento de sua estratégia global, apontando como a estratégia deve
ser desenvolvida e permanentemente ajustada a mudanças, como devem ser previstas
estratégias alternativas e qual o papel dos objetivos no contexto de planejamento (ANSOFF,
82
c1977, p. 25). Ansoff (1965) discutiu isto em seu livro ‘Corporate strategy: an analytic
approach to business policy for growth and expansion’, de 1965.
O aspecto do ambiente do planejamento, intimamente ligado ao processo de
definição de objetivos, refere-se à percepção do ambiente por parte do administrador ou
gerente. A atuação do planejamento se dá sempre em um ambiente marcado por mudanças
turbulentas, requerendo objetivos e ações planejadas, frente a um cenário inconstante.
Deste modo, a falta de percepção das tendências ambientais pelo administrador afeta
significativamente o processo de definição de objetivos para o planejamento estratégico da
organização, uma vez que ele pode falhar na percepção da existência de novas
possibilidades de produção e de mercado para as organizações que dirige (DIAS, 1982).
Com base em sua Teoria do Risco e da Incerteza, Knight (1921 apud DIAS, 1982) afirma
categoricamente que o ambiente para o qual se faz o planejamento é composto de dois
fatores básicos: o risco e a incerteza, em que o risco é considerado uma probabilidade
mensurável, e a incerteza uma situação expressa por valores indeterminados e não
quantificáveis, isto é, uma situação de ‘probabilidade numericamente imensurável’ (KNIGHT,
apud ANDRADE, 2011, p.172).
O aspecto da ‘dimensão temporal do planejamento’ leva em conta o tempo e o
mais remoto alcance de futuro de um plano, o qual é denominado ‘horizonte do
planejamento’. É por meio desta dimensão que período e intervalo de tempo passam a ter
importância no processo de planejamento (DIAS, 1982). Os estudos de desenvolvimento
desta dimensão iniciaram-se com Ingvar Svennilson, levando em consideração o julgamento
subjetivo do administrador ou gerente, de modo que, a dimensão temporal do planejamento
não era condicionada somente pelos possíveis resultados dos planos definidos, mas
também pelo julgamento subjetivo que o administrador fazia das questões empresariais ao
seu redor. O conceito de ‘horizonte do planejamento’ envolvia não apenas tempo, mas
também as preferências do administrador em relação ao risco a ser assumido e a confiança
em sua habilidade de ajustamento (SVENNILSON apud DIAS, 1982, p. 26). Os estudos de
Ingvar Svennilson estão publicados na sua obra ‘Economisk planering’, de 1938 (DIAS,
1982). Também contribuíram para o desenvolvimento da referida dimensão os estudos da
proposta de Franco Modigliani e Kalman J. Cohen, discutida na obra The role of antecipation
and plans in economic behavior and their use in economic analysis and forecasting, de 1961
(DIAS, 1982). Nesta perspectiva, uma das formas de se definir o tipo de ação a ser
empreendida é levar em consideração o período presente de tempo, como sendo o mais
relevante e, em menor importância, a especificação das ações a serem efetuadas em
períodos posteriores, em que o grau de incerteza é bastante maior. Este período relevante
de tempo chamado de ‘horizonte do planejamento’ refere-se ao último ponto futuro
83
necessário a incluir no planejamento da ação, o qual é feito no momento do primeiro período
da implementação do planejamento (MODIGLIANI; COHEN, apud DIAS, 1982, p. 26).
O aspecto de integração das funções do planejamento se apresenta ao final da
década de 1960, data em que se iniciou uma preocupação maior pela integração das
atividades isoladas em processos globais de planejamento, resultante natural do
amadurecimento do conceito, uma vez que, numa organização, o planejamento global
envolve necessariamente o estudo de fenômenos complexos, composto por inúmeras
variáveis que interagem entre si e com a organização a todo o momento (DIAS, 1982). Com
isso, surgiram muitos modelos conceituais de planejamento empresarial; dentre eles, são
destaque o de Gilmore-Brandeberg, de Gilmore e Brandenberg (1962), o do Stanford, do
Stanford Research Institute (1963), o Anthony, do estudioso Anthony (1964), o Steiner, do
pesquisador Steiner (1969) e o de Hardy, do também pesquisador Hardy (1972). Dias (1982,
p. 28) aponta que este crescente interesse pela integração se deu por razões como: a) a
operação não integrada das atividades, que provoca uma subutilização dos recursos
produtivos e uma definição, muitas vezes, contraditória de objetivos; b) a não integração de
atividades em organizações, diferente do momento atual em que isso é possível graças aos
sistemas informatizados aplicados aos processos administrativos e; c) as desvantagens da
descentralização, que podem ser minimizadas por meio da centralização de informações e
da coordenação. Desta forma, se as funções do planejamento (juntamente com as
atividades desencadeadas e geradas pelas ações executadas isoladamente) estiverem
integradas ao planejamento global da organização, há mais chances de se obter sucesso no
planejamento organizacional. Afinal, boa parte dos problemas e desafios enfrentados para a
realização do planejamento está relacionada à integração das atividades isoladas em
processos globais de planejamento. Baker (1973 apud DIAS, 1982), por sua vez, aponta
que, em geral, os maiores problemas na área concentram-se em três questões principais: 1)
a integração de planos entre organizações subordinadas; 2) a integração de planos de
longo, médio e curto prazos e; 3) a integração dinâmica de planos. Na primeira delas
(integração de planos entre organizações subordinadas), Dias (1982, p. 28) coloca que,
cada divisão da empresa tende a criar uma ‘cultura’ própria, que se reflete sobre os objetivos
organizacionais e, posteriormente, sobre os mecanismos de planejamento. Embora estejam
orientadas dentro do ‘espírito’ geral da empresa, as divisões tendem a selecionar estratégias
de atuação diferentes daquelas traçadas no âmbito geral da organização, posicionando-se
de maneira particular, em função do ponto vista dos administradores destas divisões. Deste
modo, enquanto parte de uma organização orienta-se para a obtenção de resposta de longo
prazo, outra parte pode concentrar-se na maximização de resultados em curto prazo,
trazendo problemas evidentes e graves para a organização, como o fechamento do
feedback em partes da organização, dentre outros, criando subsistemas isolados de
84
planejamento (BAKER apud DIAS, 1982). Diante disto, o autor recomenda que devam ser
tomadas as seguintes providências, dentre outras: a) estabelecer objetivos e metas
compatíveis em reuniões participativas de planejamento, criando um esquema participativo
a fim de evitar as tradicionais orientações de cima para baixo e causar restrições a quem irá
implementar o planejamento; b) estabelecer matrizes de referência para a realização do
planejamento, levando em consideração os diferentes níveis; c) padronizar os
procedimentos para realização do planejamento, objetivando facilitar a identificação de
pontos críticos do processo e; d) adotar e estabelecer sistemas informatizados no controle
de projetos, usufruindo dos benefícios que esses mecanismos podem oferecer para a
execução do planejamento.
Na segunda questão (integração de planos de longo, médio e curto prazos), Dias
(1982) afirma que as organizações estão tão envolvidas com as turbulências provocadas
pelos problemas do dia-a-dia que tendem a planejar somente a curto prazo, deixando os
processos de planejamento a longo prazo, que quando existem, estão sob a
responsabilidade de poucos funcionários da organização, bem como o planejamento de
médio prazo, que é quase inexistente em determinadas situações. O autor ressalta que isto
é resultado da falta de integração entre estes três tipos distintos de horizontes, tornando
muitas vezes impossível a implementação de diretrizes de longo prazo, no caso, o
planejamento propriamente dito (DIAS, 1982, p. 29). Conforme Baker (1973 apud DIAS,
1982), as soluções, dentre outras, geralmente recomendadas para estes problemas são: a)
ter um coordenador somente para o planejamento de longo prazo, que seja capaz de
estimular a alta administração a traçar objetivos também de longo prazo, interagindo com o
pessoal e contemplando, nesta perspectiva macro, os esforços de curto prazo, além de ser
capaz de catalisar as percepções dos membros da organização em seus diferentes níveis,
construindo uma orientação coerente no planejamento de longo prazo e; b) estabelecer um
ciclo de planejamento verdadeiramente orientado para a ação, em que o planejamento de
longo prazo guie também os planos de curto prazo, impactando diretamente seus
resultados. Para criar consistência no desenvolvimento e execução das atividades, é
importante que as mesmas pessoas participem de todo o ciclo.
A terceira e última questão (integração dinâmica de planos) diz respeito à
dinamicidade do planejamento, pois se a empresa não mantém uma avaliação dinâmica do
que é executado, identificando erros e sucessos do passado que podem ser aproveitados
como uma forma de orientação para o futuro da organização, o planejamento tende a
transformar-se em uma mera formalidade, mesmo existindo seu ciclo (DIAS, 1982, p. 30).
Segundo o autor, há um grande equívoco cometido de modo recorrente: se a organização
está sendo bem sucedida, julga-se desnecessário planejar, fazendo com que o sistema de
planejamento, quando existente, perca sua importância. Dias (1982) diz que este é, talvez, o
85
erro mais grave, uma vez que o planejamento volta-se muito mais para a garantia de
sucessos futuros do que para gerar sucessos, muitas vezes, efêmeros no presente. Baker
(1973 apud DIAS, 1982) afirma que para manter vivo o esforço do planejamento e manter
integrados dinamicamente os planos de uma organização, é preciso: a) manter o sistema
informatizado de informações para que o planejamento funcione normalmente,
independente das pessoas envolvidas e das condições impostas pela conjuntura presente,
seguindo com revisões periódicas os planos e esquemas de motivação e envolvimento do
pessoal; b) estabelecer linhas-base de maneira dinâmica, adaptadas às mudanças e
ajustando permanentemente os requisitos do plano às mudanças ambientais, já que o
aspecto mais importante do planejamento consiste exatamente no controle da mudança,
para que esta não exerça efeitos negativos sobre a organização, permitindo a sua
adaptação o mais rápido possível e; c) manter sistemas de registro de dados que mostrem
as tendências internas e externas à organização, como forma de prever eventos futuros. O
centro de planejamento é o principal responsável por acompanhar as mudanças ambientais
e divulgá-las (DIAS, 1982, p. 30, 31).
Enfim, para a solução dos problemas apontados, sobretudo no aspecto de integração
das funções do planejamento, é recomendado, baseado em Dias (1982), implementar outras
medidas gerais e complementares necessárias, como reuniões periódicas de planejamento,
sistemas informatizados inerentes ao processo de planejamento, melhorias na comunicação
lateral e ampla divulgação do ciclo de planejamento, pois à medida que as pessoas se
tornam mais conscientes da importância do planejamento, o fluxo de informações e
sugestões tende a aumentar a participação, contribuindo para o sucesso do planejamento
organizacional. O centro de planejamento deve ser o setor responsável por realizar toda a
comunicação e a divulgação sobre o ciclo de planejamento na organização.
A partir desses estudos surgem campos de estudos da disciplina Administração,
como os estudos de planejamento, que consequentemente dão origem a novos campos de
estudo como o planejamento em unidades de informação. Deste modo, a partir dos
próximos parágrafos, apresenta-se os campos de estudos da disciplina Administração,
buscando situar o novo campo de estudo planejamento no contexto das unidades de
informação. Dentre as disciplinas que compõem o conhecimento humano, a Administração é
uma delas e sua apropriação por outras disciplinas resulta em campo de estudo próprio.
Desta forma a sua adaptação às necessidades das unidades de informação tem-se novo
campo de estudo que, que baseado em Díez Carrera (2002), compreende os seguintes
temas: 1) a história da administração e seu percurso no contexto das unidades de
informação; 2) o ambiente das unidades de informação; 3) o planejamento; 4) a
organização; 5) a direção; 6) a tomada de decisões; 7) os recursos humanos; 8) os recursos
financeiros ou finanças; 9) o marketing; 10) a comunicação; 11) o controle e a avaliação; 12)
86
a gestão da qualidade total. Na visão desta autora, o tema ‘história da administração’, seus
componentes estruturais e, especialmente, a referência ao processo desta nas unidades de
informação, tem sido suficientemente estudado na literatura. O tema de estudo ‘ambiente
das unidades de informação’ refere-se à perspectiva da unidade como sistema, composto
por outros subsistemas, como foi tratado anteriormente nesta pesquisa. O tema
‘planejamento’ refere-se ao estudo de uma das funções da administração. Com base na
experiência da execução desta função chamada planejar, o tema planejamento é estudado
como uma ação, que é empreendida para lidar de forma mais eficaz com as necessidades
futuras. O tema ‘organização’ também é estudado como uma função da administração, que
envolve pessoas e serviços, agrupando as atividades e atribuindo responsabilidades entre
as pessoas e definindo os mecanismos de interação horizontal e vertical da estrutura criada
(MAZO REDONDO apud DÍEZ CARRERA, 2002). O tema ‘direção ‘é estudado como uma
função administrativa que conduz uma organização para os seus objetivos, mediante o
planejamento, a organização e o controle. Esta função baseia-se na capacidade de
motivação e liderança da pessoa que a exerce (DÍEZ CARRERA, 2002). O tema ‘tomada de
decisões’ é estudado como um processo de seleção ou eleição que implica considerar o
problema a ser resolvido, as condições do ambiente em que se insere e as possibilidades
alternativas de soluções (BRYSON, 1992). O tema de estudo ‘recursos humanos’ refere-se
às pessoas que trabalham na organização e representam o elemento mais importante dela
(DÍEZ CARRERA, 2002). O tema ‘recursos financeiros’ refere-se ao dinheiro ou capital para
realizar a administração da organização. O orçamento é um instrumento de planejamento e
controle, baseado na previsão de renda e gastos, em sua execução e na avaliação dos
resultados, ou seja, do balanço (DÍEZ CARRERA, 2002, p 152). Já como instrumento de
controle, o orçamento é a comparação dos gastos reais com os planejados, e uma forma de
controlar o uso dos recursos (CAGNOLI, 1996, p. 125). O tema ‘marketing’ é estudado como
técnica que se refere para além da venda e da promoção, sendo uma filosofia e uma forma
de entender a relação entre a organização e o seu entorno. Seu objetivo é satisfazer, da
maneira mais satisfatória possível, tanto o consumidor quanto a organização. O marketing é
parte da estratégia da organização, exigindo planejamento, uma vez que, toda proposta de
novos serviços deve estar em consonância com a missão e objetivos da unidade de
informação, assim como deve ter recursos humanos, técnicos e econômicos suficientes para
obter êxito (DÍEZ CARRERA, 2002, p. 155). Assim, o marketing estratégico está inserido na
gestão estratégica da organização para garantir posições de mercado viáveis e programas
para a sobrevivência e sucesso da biblioteca ou centro de informação. Seu processo inicia-
se com a análise do ambiente, dos recursos e da situação real (BRYSON, 1992, p. 175). O
tema ‘comunicação’ é uma função essencial e ao mesmo tempo complexa, envolvendo a
direção (seus canais de comunicação servem para comunicar ordens e para receber e emitir
87
informações), a organização (sua estrutura comunica a todos a hierarquia da organização,
configurando a rede de canais formais), as relações de trabalho (expressas por meio de
canais formais e informais de comunicação), as relações com clientes e marketing
(baseadas em sistemas de comunicação fluidos) e a imagem corporativa (dependente da
mensagem e do canal de comunicação). Quanto à comunicação, há os canais formais que
se referem à comunicação formal, seguindo os canais organizacionais ou a hierarquia, em
comunicação estruturada e, muitas vezes, refletida nos documentos organizacionais,
enquanto os canais informais consistem na comunicação informal, que não segue os canais
organizacionais previstos, como é o caso da comunicação interpessoal (DÍEZ CARRERA,
2002). Quanto ao tema ‘controle’, existem diversos tipos, como o Controle Antecipado que,
produzido na etapa do planejamento, busca antecipar-se às condições futuras, valorizando
sua influência neste futuro, como por exemplo, o orçamento; o Controle Concorrente que
ocorre na etapa da execução, enquanto as ações planejadas são executadas, vindo a
corrigir os desvios detectados antes de serem irreparáveis e; o Controle da
Retroalimentação, que ocorre depois da ação executada e refere-se ao levantamento dos
resultados finais, comparando-os com os objetivos definidos e prevenindo a repetição dos
erros ou falhas (CAGNOLI, 1996). O controle é o reinício do ciclo de uma ação e é realizado
seguindo um processo de avaliação (DÍEZ CARRERA, 2002). O tema ‘avaliação’ consiste
em: a) estabelecer normas e parâmetros de medição, como tempo, quantidade, qualidade,
custos, dentre outros; b) medir os pontos-chave, recompilando, analisando e organizando
todos os dados possíveis dos pontos que se deseja controlar, como instalações,
equipamentos, coleções, processos, orçamento, pessoas, dentre outros; c) comparar os
objetivos para saber se existem desvios, verificando seu alcance, e; d) corrigir os desvios o
quanto antes para assegurar a adequação aos objetivos e, consequentemente, alcançar
aquilo que foi definido (DÍEZ CARRERA, 2002). Por fim, tem-se o tema ‘gestão da qualidade
total, último dos temas do campo de estudo da Administração, adaptado às unidades de
informação pelos autores selecionados. Originou-se no Japão pós-guerra, nos anos de
1950, desenvolvida por W. Edwards Deming e Joseph M. Juran, engenheiros norte-
americanos enviados por autoridades federais a frente de um grupo para colaborar na
reconstrução daquele país devastado pela Segunda Guerra Mundial. No entanto, é em
meados do anos de 1980, que surgem as primeiras normas sobre qualidade, as conhecidas
ISO, da International Organization for Standardization (DÍEZ CARRERA, 2002). Conforme
Ellis e Norton (1993), as unidades de informação começam a incorporar a filosofia da
qualidade em seus ambientes, adotando políticas de gestão de qualidade total. Para este
contexto das unidades de informação, a gestão de qualidade total é entendida como um
processo contínuo de busca da melhoria dos serviços oferecidos, focado nas necessidades
dos clientes, neste caso os usuários, utilizando ferramentas e técnicas de pesquisa de
88
mercado para conhecê-los. Assim, colocar em prática um sistema de gestão da qualidade
total em unidades de informação implica, necessariamente:
10 [...] um profundo conhecimento da entidade sobre a qual será aplicada. Em primeiro lugar, é
necessário considerar os benefícios que se espera obter, assim como considerar as barreiras que
podem afetar a viabilidade do projeto. Uma vez que a decisão foi tomada, é necessário eleger a
norma, eleição que estará condicionada, em primeiro lugar, pelo alcance do sistema de qualidade
que se pretende por em prática, ou seja, se afeta a toda a organização, uma parte ou se limita a um
produto ou serviço.
11 [...] desenvolver uma compreensão da finalidade da biblioteca dentro deste contexto, definir os
objetivos da biblioteca frente às necessidades da organização como um todo, formular um plano que
estabeleça a maneira como vão poder ser alcançados os objetivos e a continuação prática deste
plano em todos os seus detalhes.
89
global, como uma ferramenta frente às incertezas do futuro, como uma seleção dos
melhores cursos de ação, como trabalho essencialmente criativo e como uma atividade
contínua. Além disto, há que ser considerado os fatores de tempo e custos, que também
caracterizam o planejamento em linhas gerais, características estas que podem se
visualizados na Figura 2, a seguir:
Como uma ação global, o planejamento, sendo o método para alcançar os diversos
objetivos da unidade de informação, abrange todos e cada um dos aspectos intrínsecos da
razão de ser e de existir da unidade de informação, tomando-a no todo, mas não como uma
simples união, mais ou menos efetiva, de suas partes componentes, mas sim como um todo
coerente e homogêneo. Como exemplo, temos uma biblioteca pública municipal de uma
grande cidade que possui várias seções, em que a seção de promoção e marketing é
responsável por preparar, antecipadamente, o plano de ação que realizará no ano seguinte,
sendo que estas ações devem ser direcionadas a toda a biblioteca. Algumas programações
com crianças certamente terão colaboração desta seção, de modo que cada uma das
seções desta biblioteca deverão atuar de maneira conjunta aos objetivos gerais
estabelecidos para a biblioteca como um todo. Como uma ação global e integral, referindo-
90
se a todos e cada um dos elementos e ações que compõem a biblioteca, o planejamento,
como foi dito, envolve todo o processo organizacional. Isto significa a criação de uma série
de ações que devem ser desenvolvidas no futuro e por indivíduos específicos. Desta forma,
o planejamento permite identificar o que precisa ser feito, como e quem deve fazê-lo e
quando deve ser realizado, por meio de ações definidas com antecedência e detalhadas
cuidadosamente (FUENTES ROMERO, 2007, p. 93).
Segundo Fuentes Romero (2007), o planejamento como uma ferramenta frente às
incertezas do futuro parte da ideia de que um planejamento coerente não é uma predição,
tentando descobrir o que vai acontecer, mas sim uma ferramenta útil para preparar as
unidades de informação a enfrentarem de maneira positiva as situações adversas, com
possibilidades de obtenção de sucesso. Um exemplo disto é o caso de unidades de
informação vinculadas à administração pública, uma vez que é possível prever que, com a
troca de governos, mudanças ocorrerão no pessoal que gerencia a política cultural. Até aqui,
é algo preditivo. A diferença está na atividade proativa que a unidade de informação deve
adotar, que implica analisar as propostas do programa político do novo governo, preparando
futuras linhas de ação positivas, de acordo com elas.
O planejamento como uma seleção dos melhores cursos de ação parte do
pressuposto de que planejar é escolher. Tal escolha ocorre levando-se em conta o quanto a
unidade de informação será afetada, considerando as diferentes propostas de ação,
divididas em seus vários elementos componentes. A escolha implica considerar diferentes
propostas, por meio da comparação e do confronto entre elas, decidindo qual é a que, em
cada momento, é mais apropriada para a unidade de informação, dependendo dos objetivos
que se pretender alcançar (FUENTES ROMERO, 2007). O autor cita, por exemplo, uma
unidade de informação em que há a possibilidade, quase certa, de um iminente corte de
orçamento que afetará a coleção de materiais de maneira essencial. Tem-se, de imediato,
várias opções: 1) cortar todas as aquisições; 2) reduzir a aquisição de uma das áreas de
conhecimento da coleção, de acordo com uma avaliação geral (atualização, estado de
conservação, etc.), de modo que, a diminuição do orçamento seja o menos danoso e
perceptível e; 3) desenvolver uma política de aquisições a médio e longo prazo, no sentido
de prever os cortes no orçamento. Enfim, o planejamento oferece a possibilidade de
selecionar a melhor decisão a ser tomada para a solução de um problema na gestão da
unidade de informação.
Fuentes Romero (2007) coloca que o trabalho do planejamento é essencialmente
criativo, uma vez que é gerador de uma diversidade de ideias que, após uma análise e
avaliação detalhadas, mostram até que ponto elas são viáveis ou não. Trata-se de um
trabalho mental, de reflexão, de imaginação, de elaboração aqui e agora de algumas ideias
que devem ter sua concretização em um futuro previsível, pois, somente quando o plano
91
está bem formulado, ele deve ser transferido para o papel, e somente quando está escrito,
ele será considerado uma ferramenta de ação. O planejamento sempre envolverá a
visualização das atividades propostas, o gerenciamento de muitas variáveis intangíveis que
podem afetar a sua implementação, bem como, procedimentos de trabalho a serem
adotados, que se baseiam em conhecimentos e experiências anteriores. Assim, sempre
deverá haver um profissional específico e experiente que planeje e reúna um conjunto de
informações precisas sobre o que se deseja alcançar com o que foi planejado, uma vez que
a solução das variáveis é baseada em um futuro que requer imaginação, mas, ao mesmo
tempo, em um passado de experiências.
O planejamento como atividade contínua, quinta característica geral, implica afirmar
que esta atividade é realizada com frequência, uma vez que novas informações surgem
constantemente, fazendo com que, dentro de limites razoáveis, o planejamento seja flexível
e sujeito sempre à revisão. É essa continuidade no planejamento que permite ao gerente ver
as relações existentes entre os vários fatores e variáveis da unidade de informação, a fim de
determinar o melhor uso dos recursos (FUENTES ROMERO, 2007). Por exemplo, uma
unidade de informação que queira criar um novo setor para acesso às mídias eletrônicas
deve ter o objetivo muito claro, no que diz respeito aos meios disponíveis para tal, como o
espaço adequado para instalação de novos postos de consulta individuais, o orçamento
apropriado e uma pessoa que seja responsável direta por este setor. Como variáveis
essenciais neste exemplo, mas não as únicas, Fuentes Romero (2007) lembra que que se
deve lidar com a qualidade e o preço das máquinas (hardware), a diversidade de mídias
existentes no mercado e as possíveis opções de aquisição que poderia realizar, levando em
conta a coleção geral existente na unidade de informação, além das necessidades previstas
e os interesses dos grupos de usuários. Assim, o autor conclui que, se o planejamento é
realizado de maneira contínua na unidade de informação, isto permitirá levar em
consideração uma possível mudança (para cima ou para baixo) no preço das máquinas que
planejou adquirir, no surgimento de novas mídias no mercado, na incidência dos vários
custos na manutenção do setor, etc. A nova situação deve fazer repensar inúmeras vezes o
problema, levando à posição inicial a partir da qual se planejou o setor. No entanto, diz o
autor, mesmo se tudo foi levado em consideração, deve-se estar aberto a qualquer mudança
possível que possa ocorrer no desempenho do que se está desenvolvendo. Enfim, esta
quinta característica, que considera o planejamento uma atividade contínua, implica, de fato,
a ideia de que, para ser verdadeiramente válido, o planejamento é trabalho de todos os
níveis dos recursos humanos da unidade de informação. Dessa forma, o planejamento é a
missão de todos os níveis, embora se saiba que, ao mais alto nível, cabe os planos mais
abrangentes e estratégicos, destinados a fundamentar os objetivos organizacionais,
enquanto em níveis mais baixos, tais planos tendem a ser menos abrangentes.
92
Além das características apresentadas, Fuentes Romero (2007) lembra que há ainda
os fatores de tempo e custo, que também caracterizam o planejamento. Um planejamento
adequado é aquele que permite que cada funcionário aproveite ao máximo o tempo
disponível, para que este se torne essencialmente valioso no processo como um todo. O
tempo impacta o trabalhador, pois, por exemplo, um serviço de empréstimo mal articulado e
de resultados ruins é um gasto de tempo e dinheiro para o provedor de serviços, e,
consequentemente, para o usuário que faz uso deles. Neste sentido, o planejamento é
executado eficazmente e eficientemente para o alcance dos objetivos e sucesso da unidade
de informação, logo, este planejamento deve contemplar sempre a mensuração dos custos
em horas de trabalho dos funcionários que o executarão. Ter isto em mente é
importantíssimo, uma vez que é sempre possível mensurar o dinheiro que custa um
processo de planejamento e valorizá-lo. Para o autor, a avaliação do custo, por exemplo, de
uma atividade do serviço de referência, como uma pesquisa bibliográfica, é bastante
complexa. Isto é, lida-se com uma série de variáveis extremamente imprecisas, em que, em
grande parte, o qualitativo sobrepõe o quantitativo, surgindo assim, a dificuldade em um
planejamento global que permita conhecer realmente os custos de uma biblioteca ou outro
tipo de unidade de informação. Mesmo assim, diz o autor, a avaliação global dificilmente
indicará o custo exato de cada serviço, daí a importância de levar em consideração os
fatores de tempo e economia ao preparar o planejamento geral da unidade de informação e
os respectivos planos setoriais, no caso de haver vários setores.
Com base na visão de Almeida (2005, p. 2), pode-se dizer que o planejamento no
contexto das unidades de informação se impõe, a fim de que realize o controle do que foi
previsto e do que foi realizado e se faça o reajuste às condições supervenientes, evitando-
se a elaboração de planos de última hora. Planejar é elaborar um plano de ação, que
consiste em uma ação empreendida para se atender a necessidades futuras de forma
eficiente, em que a organização, neste caso a unidade de informação, tem total controle
sobre essa ação e seu desenvolvimento. Neste sentido, a autora coloca que o planejamento
consiste em prever, organizar, comandar, coordenar e controlar, visualizando o futuro para
traçar o programa de ação, ou seja, o planejamento estabelece um curso de ações para
atingir objetivos predeterminados, tendo em vista, sobretudo a futuridade das decisões
presentes. Assim, toda atividade de planejamento é resultante de decisões tomadas no
presente, pensando no impacto destas no futuro (ALMEIDA, 2005). A autora acrescenta que
o planejamento reduz o grau de incerteza dentro da unidade de informação, quando fixa
objetivos, define linhas de ações, detalha etapas para atingi-las e prevê recursos
necessários à consecução desses objetivos, limitando, assim, ações arbitrárias, diminuindo
riscos e, ao mesmo tempo dando rentabilidade máxima aos recursos, tirando proveito de
oportunidades, bem como, a busca por melhoria de serviços e produtos.
93
Em resumo, a base teórica da aplicação do planejamento ao contexto das unidades
de informação é composta pelas Escolas do pensamento administrativo que serviram de
sustentação para o desenvolvimento no contexto em questão, das abordagens teóricas da
administração que contribuem para o entendimento sistêmico ou incremental do processo
planejamento e dos estudos de planejamento, pois são a partir desses estudos que surgem
os campos de estudos da disciplina Administração, no caso os estudos de planejamento,
que consequentemente dão origem a novos campos de estudo como o planejamento em
unidades de informação. Ambos buscam sedimentar e desenvolver a temática em contextos
variados seja na área de origem seja em áreas de aplicabilidade do planejamento. Assim,
depois de vistos tantos elementos teóricos do planejamento, volta-se ao conhecimento de
elementos de cunho prático, como os elementos constitutivos do planejamento, seus níveis
de aplicação, suas partes e etapas, a serem abordados nas subseções seguintes.
Esta Subseção tem como objetivos trazer os aspectos pragmáticos que envolvem o
planejamento em unidades de informação, iniciando pela compreensão da avaliação como
subsídio ao processo de planejamento, seguida dos elementos que constituem o
planejamento, os níveis de sua aplicação e, por fim, sua estruturação em partes e etapas.
94
A avaliação não deve ser uma ocorrência isolada, um evento pontual, mas um
processo contínuo por meio do qual os serviços são examinados. Neste sentido, é preciso
que haja uma atitude permanente de indagação e análise, por parte do bibliotecário gerente,
em relação à situação atual da unidade de informação e à situação futura desejada. Tal
atitude estimula a criatividade, favorece a mudança e evita a acomodação da equipe às
condições existentes. Esta atitude do bibliotecário de permanente sensor das necessidades
informacionais em uma unidade de informação exige uma sistematização dos perfis de
necessidades e sua constante atualização, dada a natureza cambiante do ambiente que
circunda esta unidade. Impõe-se, ainda, flexibilidade e agilidade no sentido de implementar
mudanças em serviços e produtos oferecidos pela unidade de informação para atender, com
eficácia, a estas necessidades (ALMEIDA, 2005).
Nesse contexto, a avaliação deve auxiliar o bibliotecário a alcançar eficácia e
eficiência para a unidade de informação que gerencia. Se a eficácia está relacionada a
resultados mensuráveis que demonstram o grau com que os objetivos da organização são
alcançados, nas unidades de informação este grau é determinado pelo nível de satisfação
dos usuários, considerando, particularmente, a rapidez e a precisão com que esta satisfação
desejada é atingida. Já a eficiência tem a ver com a aplicação dos recursos financeiros,
materiais e humanos numa organização, de modo que, uma unidade de informação será tão
mais eficiente, quanto menor for o seu custo de funcionamento para alcançar resultados.
Neste sentido, a avaliação dá respaldo à alocação de recursos e à definição de métodos e
processos, fornecendo subsídios para o planejamento organizacional e para a mudança
(ALMEIDA, 2005, p. 13).
Almeida (2005, p. 11) afirma que a escassez de recursos é frequentemente apontada
como uma das principais razões para a avaliação contínua de serviços e produtos de uma
unidade de informação. Devido à necessidade de garantir a sobrevivência de suas
atividades e de seus projetos, em um contexto de competição por recursos, as unidades de
informação também têm buscado a eficiência no uso de seus recursos, a eficácia nos seus
resultados e a efetividade em suas ações. O processo de solução de um problema pode ser
considerado eficiente quando consumir apenas os recursos necessários. Se, no entanto, a
unidade consumir mais recursos do que o necessário, ela será desviada do foco, da solução
do problema em questão e, neste caso, será ineficiente. Em síntese, a eficácia é a
capacidade de alcançar os objetivos e/ou resultados. A eficiência é a capacidade de
economia na utilização dos recursos. A efetividade indica o impacto desejado dos produtos e
serviços sobre seus usuários, ou seja, o grau de satisfação gerado.
Em se tratando desses conceitos, muitas vezes, as unidades de informação têm-se
concentrado em critérios e dados quantitativos, tais como número de itens catalogados,
número de pedidos atendidos, dentre outros, que podem sugerir eficácia, mas que não são
95
indicadores de qualidade, uma vez que, há que se considerar também questões relativas à
eficiência e efetividade. O Quadro 2, a seguir, apresenta algumas questões de eficácia,
eficiência e efetividade:
Questões de eficácia:
Questões de eficiência:
Questões de efetividade:
Segundo Almeida (2005, p. 15), por não avaliarem estas questões, muitos
bibliotecários, gerentes de unidades de informação, tomam decisões sem conhecimento
fundamentado dos serviços, produtos e atividades existentes, gastando tempo e recursos
em atividades secundárias ou desnecessárias, ou no desenvolvimento de produtos e
serviços sem o nível de qualidade que seria desejável e necessário. A autora apresenta que,
muitos profissionais gerentes não se preocupam em registrar dados estatísticos pertinentes,
ou não se dão ao trabalho de analisá-los, interpretá-los, divulgá-los e, muito menos, de
utilizá-los para o planejamento. Deste modo, a coleta de dados não passa de desperdício de
tempo e recursos. Segundo Almeida (2005), ainda hoje é possível que muitos bibliotecários
tomem decisões e realizem suas operações com base em suposições, porque não fazem
uso adequado e eficiente dos dados coletados. Esses bibliotecários, muitas vezes, não têm
um conhecimento profundo de seus usuários, de suas necessidades e de seu
comportamento, embora estes profissionais em geral não ignorem que os usuários não
tenham um adequado conhecimento do acervo e dos serviços e produtos que a unidade de
informação lhes pode oferecer. Como consequência disto, existem bibliotecários que
conhecem superficialmente os usuários, há serviços e produtos de informação que não são
adequados à demanda da unidade de informação e há usuários que não têm conhecimento
96
do acervo e de todos os serviços e produtos que a unidade pode oferecer, ou não sabem
como utilizá-los. Logo, há unidades de informação subutilizadas, sobretudo bibliotecas e
serviços de documentação convencionais, uma vez que possuem baixa demanda sobre
grande parte dos seus serviços e produtos ofertados (ALMEIDA, 2005).
Além disso, há, nas unidades de informação, forte tendência, quase que mecânica,
em se estabelecer determinado padrão de serviços e produtos de informação,
independentemente da diversidade da demanda, o que demonstra indiferença em relação
aos usuários destes serviços e produtos. É o caso das atividades de organização da
informação realizadas segundo padrões mais usuais no mundo das bibliotecas que, em
muitos casos, absorve grande parte dos recursos disponíveis em atividades rotineiras, sem
que haja questionamento de porque estão sendo realizadas. Consequentemente, também
há unidades de informação com serviços de informação subutilizados que, mesmo quando
eficazes, podem estar operando abaixo de sua capacidade de eficiência, sem conseguir
atender satisfatoriamente às necessidades dos usuários, que é a sua efetividade (ALMEIDA,
2005). Daí a importância de, no processo de avaliação, considerar-se a mensuração da
eficácia e da eficiência em relação aos objetivos pré-determinados. O conceito de
mensuração refere-se ao processo de atribuir números para descrever ou representar algum
objeto ou fenômeno de forma padronizada, possibilitando a avaliação. Neste sentido, a
avaliação requer uma definição prévia dos objetivos e metas da unidade de informação,
justamente por refletir julgamentos de valor sobre o que a unidade deveria estar fazendo,
sobre quais são os níveis adequados de desempenho e quais critérios descrevem seu
sucesso ou sua eficácia (ALMEIDA, 2005, p. 16).
A mensuração da eficácia exige o esclarecimento do nível de desempenho que se
pretende atingir. Tal mensuração pode implicar alguns problemas: primeiro, porque, muitas
vezes, há registros quantitativos de resultados mas não há dados qualitativos
correspondentes, como, por exemplo, quando os dados da quantidade de obras
emprestadas a um determinado usuário não são acompanhados de dados qualitativos
relativos ao grau de satisfação deste usuário, quanto ao serviço prestado; segundo, porque
há necessidade de padrões, medidas e indicadores de desempenho para julgar se os
resultados ou índices obtidos são muito elevados, muito baixos ou normais, pois, muitas
vezes, a simples comparação com resultados passados não faz muito sentido e não traz
uma análise avaliativa adequada (ALMEIDA, 2005). Atrelado a isso, está o fato de que fazer
avaliações centradas na eficácia demandam alta complexidade. Deste modo, a cultura de
avaliação deverá estar inserida no ambiente interno da organização, em todos os serviços e
produtos oferecidos.
Ainda quanto ao segundo problema, os padrões são convenções técnicas definidas
no tempo e no espaço, de maneira cooperativa e consensual entre todas as partes
97
envolvidas, visando à racionalização, à uniformização e à simplificação de serviços e
processos nas várias áreas que abrangem as unidades de informação. Os padrões são
considerados recursos importantes para a avaliação e planejamento de serviços das
unidades de informação, podendo servir como guia tanto para a melhoria das unidades
existentes quanto para a implantação de novas unidades de informação. No entanto, os
padrões se apresentam frágeis, tendo em vista a forma como são gerados, muitas vezes, de
maneira empírica, sem a necessária pesquisa, mas também em função da falta de consenso
em relação à sua aplicabilidade à área de Biblioteconomia e Ciência da Informação
(ALMEIDA, 2005). Diante disto, segundo Almeida (2005, p. 19), muitos autores da área
preferem formular diretrizes e não padrões, por receio de que os padrões mínimos sejam
aceitos como máximos. Por exemplo, padrões estabelecidos em outros países podem até
ser úteis como parâmetros, mas dificilmente serão adequados à realidade brasileira. Por
outro lado, os padrões devem, necessariamente, passar revisões sistemáticas, refletindo ou
estimulando as mudanças necessárias. Mesmo com caráter frágil, padrões são adotados na
área, sobretudo os qualitativos, que ao contrário dos quantitativos, são mais flexíveis e mais
bem fundamentados, podendo ser adaptados a necessidades específicas das unidades de
informação, servindo de instrumento para avaliações mais aprofundadas sobre a qualidade.
Desta forma, os padrões qualitativos têm sido cada vez mais utilizados como guias para a
definição de medidas de desempenho ou para o estabelecimento de critérios de avaliação
de serviços e produtos na área de Biblioteconomia e Ciência da Informação. Logo, os
padrões servem para orientar a definição de medidas de desempenho, que são um meio
para determinar em que grau os objetivos da unidade de informação são cumpridos
(ALMEIDA, 2005).
Medidas de desempenho são métricas utilizadas para quantificar a eficiência e a
eficácia de ações. Auxiliam na medição do desempenho de uma unidade de informação
(WHITEHALL, 1994). Segundo Kiyan (2001, p. 25), a palavra desempenho encerra em si a
ideia de algo que já foi realizado, executado ou exercido. O ato de medir congrega um
conjunto de atividades, pressupostos e técnicas que visa quantificar variáveis e atributos de
interesse do objeto a ser analisado. Medir o desempenho significa coletar dados estatísticos
e outros que descrevam a performance de uma biblioteca, por exemplo (POLL;
BOEKHORST, 2007). Segundo Whitehall (1994), seria conveniente que medidas de
desempenho pudessem ser usadas para testar por completo a qualidade da unidade de
informação, só que isto não é possível integralmente, uma vez que a qualidade está,
predominantemente, ligada ao impacto que um serviço prestado tem sobre o usuário, no
que tange à sua percepção, ou seja, é o usuário quem percebe esta qualidade e o impacto
sobre si mesmo. Neste sentido, Poll e Boekhorst (2007) dizem que a percepção de
qualidade se dá de maneira diferente, pois os usuários a enxergam de acordo com sua
98
experiência frente aos serviços que utilizam. No entanto, até certo ponto, é possível avaliar o
desempenho a partir das medidas, pois mesmo que a maioria delas não forneça
informações suficientemente detalhadas, possibilitam obter informações diretas sobre os
produtos e serviços oferecidos pela unidade de informação.
Indicadores de desempenho são conceitos representados por meio de variáveis. O
processo de transformar conceitos em indicadores requer a identificação das dimensões
mais fundamentais do objeto em questão (que são as suas variáveis) e a definição dos
parâmetros concretos apropriados para medir estas variações (ALMEIDA, 2005). Deste
modo, conforme Tanaka e Melo (citados por ALMEIDA, 2005), indicadores são variáveis,
características ou atributos, capazes de dar maior significado ao que se pretende avaliar.
Um indicador é, primordialmente, uma ferramenta de mensuração, utilizada para levantar
aspectos quantitativos e/ou qualitativos de um dado fenômeno, com vistas à avaliação e a
subsidiar a tomada de decisão (ROZADOS, 2005, p. 62). Os indicadores quantitativos
podem ser representados por variáveis numéricas. São exemplos deste tipo de indicador: o
número de alunos de uma escola inscritos numa biblioteca escolar (número relativo) ou a
proporção de alunos de graduação inscritos numa biblioteca universitária em relação ao
número total de alunos de graduação da unidade (número relativo). Os indicadores
qualitativos expressam variáveis ou dimensões que não podem ser representadas apenas
por números, como qualidades de um fenômeno ou de uma ação, valores, atitudes, dentre
outros (ALMEIDA, 2005, p. 22). Podem ser considerados, como exemplo deste tipo de
indicador, os valores envolvidos no uso da informação em uma determinada unidade de
informação. De acordo com Almeida (2005), o uso de indicadores quantitativos ou
qualitativos depende da natureza e dos objetivos traçados para o projeto. A escolha de
indicadores tem seu início por meio da definição de quais aspectos se deseja avaliar ou por
meio de perguntas avaliativas. Após serem definidas as perguntas, procura-se chegar aos
elementos que, se conhecidos, serão capazes de ajudar a responder tais perguntas
(ALMEIDA, 2005, p. 22). Assim, é possível dizer que são estes elementos que formarão os
indicadores de resposta à pergunta elaborada, como no exemplo do Quadro 3, a seguir:
99
Muitas vezes, é preciso mais de um indicador para conhecer em profundidade o
problema na unidade de informação. No entanto, é preciso ter cautela para não selecionar
um número elevado de indicadores que venha a dificultar o monitoramento. Neste sentido,
recomenda-se fazer a seleção de indicadores respeitando alguns critérios: a) ser utilizado de
maneira contínua, ao longo de determinado período, para facilitar a análise de tendência dos
indicadores selecionados; b) estar acessível a curto prazo; c) ser aceito como válido e
confiável por todos os atores envolvidos na avaliação; e d) ser viável em termos de custo,
tempo e conhecimento técnico (ALMEIDA, 2005, p. 22, 23). Assim, em síntese, obedecendo
a estes critérios, os indicadores selecionados devem sempre ser utilizados em períodos
estipulados, acessíveis em tempo hábil para a tomada de decisão, e plausíveis de execução
no que diz respeito aos custos, tempo e domínio técnico.
Almeida (2005, p. 21), por sua vez, argumenta que a qualidade de serviços de
informação não é expressa apenas pelo desempenho, uma vez que ela pode ser
compreendida como o conjunto das características ou especificações de uma organização,
que definem sua capacidade de atender a necessidades implícitas ou explícitas. Estas
especificações podem ser: a) funcionais, que traduzem as necessidades e expectativas do
usuário em termos do desempenho que o produto ou serviço deverá alcançar, podendo ser
avaliadas pelas medidas ou indicadores de desempenho; e b) técnicas, que descrevem as
características do objetivo em termos de seus atributos técnicos. Além disso, a qualidade
pode sofrer interferência de outros fatores, como as normas técnicas, a política de qualidade
da organização e a competência da equipe, dentre outros (ALMEIDA, 2005).
De acordo com Kiyan (2001), tanto as medidas de desempenho quanto os
indicadores buscam quantificar o desempenho do objeto. Na literatura consultada,
percebeu-se o uso similar dos termos ‘medidas de desempenho’ e ‘indicadores de
desempenho’. No entanto, embora o significado seja próximo, há diferenças a considerar,
pois as medidas de desempenho são entendidas como o processo de medição do
desempenho e os indicadores como as variáveis desta medição, construídas a partir de
conceitos.
A avaliação estimula a mudança, a qual deve ser algo desejável em qualquer tipo
ou categoria de unidades de informação. Para este contexto, a mudança pode ser
compreendida como qualquer alteração planejada no estado atual de uma unidade de
informação, que venha impactar ou afetar a sua estrutura, os seus serviços, os seus
programas e projetos, o que inclui a alocação de seus recursos. Deste modo, é a partir da
avaliação que se determina o que e como mudar em um serviço ou área de uma unidade de
informação, de modo que o bibliotecário-gerente possa fazer mudanças, sejam internas
(rotinas de trabalho, atividades, serviços) ou externas (questões oriundas do ambiente que
circunda a unidade). Em geral, a avaliação parte sempre de um problema existente, que
100
provoca uma mudança na organização ou unidade de informação. Embora esteja associada
à existência de um problema, a avaliação deve estimular os profissionais a tratarem a
mudança como uma força positiva, que busca melhorias para a unidade de informação
como um todo, em especial para melhorar o nível de satisfação de seus usuários, afinal, é
para atender a estes que a unidade existe (ALMEIDA, 2005). Segundo a autora, a ideia de
melhoria de uma unidade de informação é frequentemente atribuída à concessão de mais
recursos (como mais equipamentos, mais dinheiro, mais pessoal, mais espaço físico, etc.), à
modernização das atividades (como automação de processos, serviços, etc.) e à
cooperação entre unidades, na forma redes e sistemas de informação, por exemplo. Na
visão da autora, estes fatores contribuem para a melhoria das unidades de informação, mas
não são suficientes, uma vez que não apontam para uma mudança de padrões almejados.
Por exemplo: o fato de se utilizar o computador para desenvolver uma atividade, que já é
feita, implica apenas fazê-la de maneira mais rápida e, não necessariamente, para atingir
melhoria na qualidade de desempenho dos serviços prestados pela unidade de informação,
ou seja, o processo de automação em si não garante a melhoria da qualidade do serviço
prestado.
A mudança não se dá de maneira isolada, sem afetar todos os setores da
organização, já que esta é um sistema, que compreende um conjunto complexo de
elementos, que interagem entre si e com o ambiente. Normalmente, este ambiente de
mudança afeta as estratégias, restringe produtos e serviços, orienta o desempenho da
organização, bem como limita os seus recursos. Neste sentido, a estratégia afeta processos
e recursos, que afetam as estruturas, impactando todos estes o desempenho organizacional
(HAGE; FINSTERBUSCH, apud ALMEIDA, 2005). Frente a esta complexidade, a mudança
precisa ser administrada, requerendo tempo, clima organizacional favorável, habilidade de
vencer a resistência, razões claras e bem fundamentadas, além de liderança, força política e
recursos que a viabilizem (ALMEIDA, 2005).
Diante do exposto, a mudança deve ser vista na organização sempre como uma
energia positiva, mas com algumas questões que devem ser refletidas, conforme Quadro 4,
a seguir:
101
QUADRO 4 – Questões a serem refletidas em relação à mudança
102
FIGURA 3 – Avaliação como subsídio ao processo de planejamento e estímulo a mudança
AVALIAÇÃO
Implica 2) Executar
pressupõe deixar claro o nível de Há
problemas no menor
desempenho que se pretende atingir desafios
tempo
s
possível
3) Evitar o
desperdício
1) Há registros quantitativos 2) Há necessidade de padrões, de recursos
de resultados e falta de indicadores e medidas de desempenho
dados qualitativos, que são para julgar se os resultados ou índices
fundamentais para se medir obtidos são muito elevados, muito
a eficácia. baixos ou normais.
Padrões de desempenho
Indicadores de desempenho
Medidas de desempenho
MUDANÇA
A avaliação fornece subsídios para que a mudança ocorra
1) conhecer, buscando com isto construir momentos reflexivos, que permitam fazer
uma análise da realidade e dos fatos, a fim de direcionar ações;
2) escolher prioridades e tomar decisões, definindo o que e como mudar,
acompanhando cada uma das ações definidas, além de realimentar decisões em
curso, políticas e programas, contribuindo para a sua melhoria;
103
3) apresentar resultados à sociedade, por obrigação ética, sobretudo, quando se
utiliza recursos públicos ou oriundos do terceiro setor para desenvolver projetos;
4) aprimorar a qualidade de atividades, serviços, produtos, programas e projetos; e
5) evitar que erros sejam cometidos ou apenas remediados.
104
ou baseadas na Sociologia ou Antropologia. Procura descrever significados, por meio da
coleta de dados qualitativos (ALMEIDA, 2005). Tanto a abordagem quantitativa, quanto a
qualitativa, apresentam vantagens e desvantagens, conforme Quadro 5, a seguir:
105
aprendizagem, capacitação e crescimento para os profissionais, principais beneficiários das
ações deste tipo de avaliação. Já a avaliação externa é aquela realizada por pessoas de
fora da organização ou do projeto, cujo efeito positivo depende da competência da equipe
responsável e da forma como for implementada. Ainda é possível haver avaliação orientada,
realizada internamente, sob a responsabilidade de um consultor externo ou equipe de
consultores externos. O importante é que cada tipo de avaliação apresente pontos fortes e
fracos da organização, já que o sucesso de uma ou de outra depende, predominantemente,
do grau de participação e do compromisso das pessoas envolvidas.
Quanto ao momento em que ocorre, há que ser considerado que a avaliação se dá
em três momentos diferentes, como foi dito no início desta parte da tese: início da ação
(marco zero), execução da ação (ex-ante, de processo) e fim da ação (de resultados e de
impacto). A avaliação marco zero é aquela que se realiza antes do início da ação, ou seja,
antes de se iniciar o projeto. Também pode ser chamada de diagnóstico por consistir
também em uma análise situacional da realidade com vias a orientar o planejamento das
ações futuras, servindo de parâmetro para as outras etapas da avaliação. A avaliação ex-
ante é aquela em que se analisa o diagnóstico e a proposta do seu projeto antes de sua
implementação, preocupando-se em avaliar: sua capacidade de responder às demandas e
expectativas do público-alvo; sua viabilidade; a coerência entre objetivos, estratégias e
resultados pretendidos, o grau de prioridade e de importância do projeto para os
beneficiários; bem como o grau de adesão e envolvimento da comunidade e do público-alvo.
A avaliação de processo é aquela realizada durante a implantação do projeto, procurando
informações úteis para o seu aprimoramento, compreendendo no constante monitoramento
das atividades, conduzida pela equipe responsável. A avaliação de resultados é aquela
efetuada ao término do projeto, identificando o sucesso e possíveis fracassos. Este tipo de
avaliação pode também se dar no decorrer de cada ação do projeto, buscando avaliar
resultados parciais. Para esta avaliação, são requeridos indicadores norteadores do sucesso
do projeto. A avaliação de impacto ocorre após o período de implementação das ações e
tem por finalidade analisar o efeito do projeto no público-alvo (ALMEIDA, 2005, p. 31).
De maneira genérica e independente dos momentos citados acima, a avaliação
numa unidade de informação consiste em: a) identificar e coletar dados sobre serviços ou
atividades, estabelecendo critérios de mensuração do desempenho destes, para assim,
determinar tanto a qualidade do serviço ou da atividade, quanto o grau de cumprimento de
metas e objetivos; b) identificar quais são os públicos dos serviços ofertados pela unidade,
analisando suas necessidades de informação, bem como o índice de satisfação destes
usuários com os serviços e produtos que lhes são oferecidos e; c) desenvolver estudos
relativos ao não público destas unidades de informação, investigando os motivos pelos
quais não utilizam serviços, dos quais seriam considerados público-alvo (ALMEIDA, 2005, p.
106
12, 13). Nesse sentido, a avaliação de um projeto ou de uma unidade de informação
geralmente pressupõe a análise de vários aspectos, que se inter-relacionam: o primeiro
deles é a comunidade, uma vez que as mudanças na sociedade (leis, valores, questões
políticas, econômicas, sociais, etc.) podem interferir de forma direta ou indireta nas unidades
de informação; o segundo é a organização, cujas missões, políticas, objetivos, estrutura e
recursos são fatoroses determinantes de como será a sua unidade de informação; o terceiro
são os programas, que são uma combinação de atividades e serviços tendo em vista
determinados objetivos; o quarto compreende as atividades, rotinas ou procedimentos, que
dão apoio a determinado serviço ou a determinada ação; o quinto são os serviços e
produtos; o sexto é a equipe envolvida cuja avaliação de desempenho permite determinar a
qualidade e a quantidade de serviço executado, oferecendo orientações e estratégias de
melhoria da criatividade, produtividade e eficácia; o sétimo são os usuários, cujos perfis e
expectativas são elementos fundamentais no processo de planejamento, além de suas
opiniões fornecerem retorno indispensável ao processo de avaliação, uma vez que nenhum
problema estará solucionado e nenhum objetivo será atingido se o usuário não percebê-lo e;
o oitavo, que são os recursos informacionais, como acervo, bases de dados, dentre outros.
Assim, há vários níveis de avaliação, que são interdependentes, embora seja possível
desenvolver estudos voltados apenas para determinados aspectos, como, por exemplo, a
avaliação da equipe ou da coleção de uma unidade de informação (ALMEIDA, 2005, p. 32).
Quanto às ações, um processo de avaliação envolve: coletar informações no sentido
de promover a coleta e a sistematização das mais relevantes sobre o contexto, os
programas e ações, seus públicos e seus agentes em todas as etapas do projeto;
estabelecer e aplicar parâmetros, criando indicadores para determinar valor, qualidade,
utilidade, efetividade e importância do ‘objeto’ avaliado; identificar processos e resultados;
comparar dados de desempenho; propor recomendações de aprimoramento e; informar a
equipe, os usuários e financiadores do projeto. Um processo de avaliação pode ser
influenciado por fatores ambientais, pela cultura organizacional, pela resistência por parte
das pessoas, pela disponibilidade de recursos e pelo grau de necessidade informacional dos
usuários. Tais fatores desenham o cenário que permite à unidade de informação determinar
o nível de seu envolvimento e esforço para se dedicar a tal processo de avaliação formal e
contínuo (ALMEIDA, 2005, p. 33).
Segundo Almeida (2005, p. 34), dentre as diversas barreiras à avaliação, grande
parte delas está associada a questões pessoais e políticas. Por exemplo, no caso de uma
biblioteca, o principal obstáculo à avaliação pode ser o próprio bibliotecário, que muitas
vezes julga não haver problemas na biblioteca que gerencia ou entende que conhece todos
os seus problemas e que só não os resolve ‘por falta de recursos’. Em geral, tal atitude –
baseada em percepções e impressões subjetivas – encobre a insegurança daqueles que
107
veem na avaliação uma grande ameaça ao seu trabalho, encarando as interpretações dos
dados levantados como um ataque às políticas e práticas correntes. Estes profissionais, não
só não tomam a iniciativa de um processo de avaliação, como não colaboram, caso este
processo lhes seja imposto e, além disto, controlam, de maneira consciente e inconsciente,
os resultados da avaliação, adequando-os a suas expectativas e interesses pessoais. A
avaliação também pode ser prejudicada por expectativas contraditórias do pessoal em
relação ao processo e a seus objetivos. Portanto, para evitar que isto ocorra, uma discussão
clara e participativa das finalidades da avaliação e de seu processo deve ser promovida,
sanando qualquer dúvida possível e promovendo um ambiente aberto, contribuindo para
fomentar o interesse do pessoal no planejamento e no aprimoramento de seu desempenho,
uma vez que, avaliação envolve compromisso e um processo de negociação.
Um processo regular e contínuo de avaliação de unidades de informação é um
componente indispensável para dispor de serviços eficazes aos usuários, exigindo trabalho
conjunto de avaliadores e de todo o pessoal das unidades de informação, bem como, a
incorporação de tal prática a seu dia-a-dia. Durante o processo de avaliação, os avaliadores
devem tentar uma relação simbiótica com o pessoal da unidade, não hostil, evitando o
confronto, que, em geral, provoca conflito. Todos, avaliadores e avaliados, devem trabalhar
em conjunto, mantendo-se informados sobre o desenvolvimento, os problemas encontrados
e a natureza geral dos dados coletados, além de também examinar os relatórios e toda a
informação disponível para o melhor conhecimento da unidade de informação, uma vez que,
o sucesso da avaliação depende: 1) de informações confiáveis. Para contar com dados
confiáveis, os profissionais devem ser produtores e consumidores de informação sobre
avaliação, ou seja, devem manter registros de dados quantitativos e qualitativos sobre seus
projetos e serviços que sirvam como medidas de avaliação e forneçam subsídios ao
planejamento e; 2) da habilidade da equipe que coordena o processo em lidar com seus
colegas ou com os elementos envolvidos (que também é garantia de obtenção de
informações confiáveis) e de sua perspicácia e competência, tanto ao identificar as questões
relevantes, quanto ao analisar o problema, fornecendo informação útil ao planejamento e à
tomada de decisão, já que o planejamento eficaz depende da qualidade e quantidade de
dados disponíveis e confiáveis (ALMEIDA, 2005, p. 35, 36). Deste modo, Almeida (2005, p.
16) afirma que é indispensável, portanto, que as unidades de informação planejem de
maneira adequada a estrutura dos dados que desejam monitorar, de forma a poder dispor
destes dados para o planejamento e a tomada de decisões fundamentadas.
A avaliação é subsídio para o planejamento em unidades de informação; por sua vez,
é preciso levar em conta que a avaliação envolve planejamento. Significa dizer que para
avaliar é preciso fazer um planejamento que oriente o próprio processo de avaliação. O
planejamento deve, necessariamente, ser fundamentado, lançando mão de métodos
108
rigorosos, com envolvimento e comprometimento de funcionários e usuários, e ênfase nas
áreas, atividades, programas e serviços passíveis de mudança. Além disto, implica
disponibilidade de tempo e recursos, devendo ser prático e viável para que possa ser
aplicado e incorporado à rotina da unidade de informação, com relativa facilidade. Neste
sentido, uma avaliação de sucesso não ocorrerá ao acaso, sendo necessário que condições
sejam criadas para que ela ocorra eficazmente. Logo, um processo de avaliação deve ser
participativo, organizado e com liderança capaz de preparar as pessoas para a mudança, e
conduzido da forma mais adequada possível.
Em síntese, o processo de avaliação implica, necessariamente, considerar a
mensuração da eficácia e da eficiência, mas para mensurar eficácia é preciso antes, deixar
claro qual o nível de desempenho uma unidade de informação pretende atingir. Em seguida
definir padrões, indicadores e medidas de desempenho adequados para julgar se os
resultados ou índices obtidos com a avaliação da unidade de informação são muitos
elevados, muito baixos ou normais. O desempenho de uma unidade de informação está
ligado ao nível de satisfação dos usuários, uma vez que, que é para isto que ela existe. A
mensuração da eficácia de uma unidade de informação pode enfrentar alguns problemas
como o excesso de dados quantitativos e falta de dados qualitativos, que são essenciais
quando se deseja mensurar eficácia. Outro problema está relacionado a definição de
padrões, indicadores e medidas de desempenho que sejam adequados para o contexto das
unidades de informação. Já a mensuração da eficiência implica desafios de evitar o
desperdíco de recursos, executar no menor tempo possível.
A seguir são apresentados os elementos que constituem o processo de
planejamento.
Esta Subseção tem como objetivo apresentar quais são os elementos que
constituem o processo de planejamento.
De acordo com Lacombe e Heilborn (2008, p. 166), são componentes do
planejamento os seguintes elementos (Figura 4, a seguir):
COMPONENTES DO PLANEJAMENTO
Premissas básicas ----- Diagnóstico ----- Estimativas ----- Projeções ----- Cenário -----
Objetivos (gerais e setoriais) ----- Metas ----- Políticas (diretrizes) ----
Procedimentos (normas) ----- Regras ----- Planos (estratégicos e operacionais) -----
Programas ----- Projetos ----- Cronogramas (físicos e financeiros) ----- Orçamentos
Fonte: Adaptado pela autora de Almeida (2005, p. 6) e Lacombe e Heilborn (2008, p. 166)
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Lacombe e Heilborn (2008) afirmam que estes componentes devem interagir num
todo coerente e consistente. Cada um destes elementos tem uma função específica e
devem ser devidamente articulados para propiciar a eficácia do processo de planejamento
(ALMEIDA, 2005).
As premissas básicas referem-se aos princípios mais gerais que inspiram todas as
atividades da organização, ou seja, sua filosofia institucional que expressa suas crenças e
sua ideologia. Estas premissas orientam, de maneira geral, a formulação dos objetivos
principais e das políticas da organização. Elas dizem respeito à forma como a organização e
seus membros pensam e lidam com a natureza e a atividade humana, as relações
humanas, o comportamento humano, a realidade, a verdade e a ética e o relacionamento
com o meio ambiente. Desta forma, são as premissas que definem as prioridades e os
valores da organização e a forma segundo a qual ela se relaciona com o ambiente político,
econômico e social no qual está inserida. Geralmente, as premissas básicas estão no
inconsciente das pessoas e se manifestam quando estas agem ou tomam decisões segundo
estes princípios (LACOMBE; HEILBORN, 2008, p. 166).
O diagnóstico é o exame da situação da empresa, consubstanciando-o em
conclusões sobre os aspectos analisados e com sugestões do que se deve fazer, de modo
que, fazer um diagnóstico é examinar a situação em que se encontra uma organização,
identificando seus pontos fortes e seus pontos fracos, sua capacidade de gerenciar, de
produzir e de distribuir, sua estrutura técnica e tecnológica, suas perspectivas
mercadológicas, econômico-financeiras e de resultados, permitindo um parecer com
conclusões para cada um destes aspectos e sugestões sobre o que deve ser feito
(LACOMBE; HEILBORN, 2008, p. 168).
O cenário é a perspectiva do ambiente em que se insere a organização e seu
respectivo processo de planejamento (LACOMBE; HEILBORN, 2008, p. 169).
As estimativas consistem na avaliação qualitativa ou quantitativa, derivada dos
acontecimentos em curso, mas ainda incompletos, ou seja, são uma noção qualitativa ou
quantitativa dos resultados esperados, segundo os objetivos que foram traçados
(LACOMBE; HEILBORN, 2008, p. 169).
As projeções resultam de uma operação quantitativa em que se transforma uma
configuração presente de acontecimentos em outra futura, mediante regras
preestabelecidas (LACOMBE; HEILBORN, 2008, p. 169).
Estimativas e projeções indicam, por meio de técnicas matemáticas e estatísticas,
onde a organização chegaria se fosse mantida a tendência atual, podendo levar em
consideração mudanças em função de alterações nos ambientes interno e externo ou de
fatos ou ações previstas (LACOMBE; HEILBORN, 2008).
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Os objetivos são propósitos permanentes a serem atingidos, ou seja, são resultados
a serem atingidos. Os objetivos podem ser gerais (propósitos permanentes mais gerais de
uma organização, a serem atingidos) e setoriais (objetivos dos setores/departamentos a
serem atingidos) (LACOMBE; HEILBORN, 2008, p. 169). Os objetivos são aquilo que se
pretende atingir com o esforço do planejamento, como forma de concretizar a missão
organizacional, que é a razão de existência da organização. Deste modo, os objetivos
devem expressar intenções que levem ao cumprimento da missão da organização, mas
também devem ser pensados em relação à comunidade que serve. Os objetivos são
estabelecidos de maneira ampla pela alta administração da organização, segundo uma
hierarquia que precisa ser respeitada, pois é com base nos objetivos gerais do nível superior
que os níveis inferiores da organização estabelecem seus objetivos específicos (ALMEIDA,
2005, p. 4, 5).
Assim como os objetivos, as metas também são resultados a serem atingidos, só
que estão vinculadas a uma data, ou seja, são expressas em resultados a serem
alcançados em um tempo definido, de modo que, correspondem aos resultados a serem
atingidos com base num programa, plano ou projeto com prazo preestabelecido (LACOMBE;
HEILBORN, 2008, p. 169). A definição das metas refere-se à quantificação dos objetivos,
permitindo uma avaliação mais realista das possibilidades de atingir os objetivos. Devem ser
expressas com clareza, iniciadas por um verbo de ação, mensuráveis e mutáveis e com
tempo especificado (ALMEIDA, 2005).
As políticas consistem em um conjunto de declarações escritas formalmente a
respeito das intenções da organização em relação a determinado assunto, indicando os
meios e a forma como irá atingir os seus principais objetivos. Deste modo, uma política, se
for bem estabelecida e executada, conduzirá ao alcance destes objetivos principais. Em
geral, as políticas são formuladas de maneira ampla, proporcionando linhas mestras de
orientação na tomada das decisões mais importantes da organização e na formulação dos
procedimentos e normas (LACOMBE; HEILBORN, 2008, p. 170). São como diretrizes para
os planos gerais de ação, como guias genéricos que definem linhas orientadoras da tomada
de decisão, possibilitando a estabilidade da organização. Em uma mesma organização,
podem existir políticas nas diferentes instâncias e com abrangência e abordagens diversas.
Por isto, precisam ser coerentes e integradas para serem eficazes, contribuindo, assim, para
o alcance dos objetivos organizacionais (ALMEIDA, 2005). Por meio das políticas, decisões
sobre determinadas questões são definidas previamente, evitando repetição de análises,
ajudando a fornecer estrutura unificada a outros tipos de planos e delegando autoridade,
sem perder o controle sobre o que está sendo desenvolvido (KOONTZ; O’DONNELL;
WEIHRICH, 1986).
111
Os procedimentos são as formas de atuação estabelecidas por critérios, em que
define em detalhe o que pode e o que não pode ser feito na organização (LACOMBE;
HEILBORN, 2008, p. 170). Os procedimentos estabelecem métodos rotineiros de execução
de atividades, explicitando a maneira exata como uma atividade deve ser realizada e a
sequência em que cada uma destas rotinas e respectivas ações são realizadas (ALMEIDA,
2005). As ações devem ser coerentes com as políticas e, da mesma forma que as políticas,
também devem estar coerentes com os objetivos (LACOMBE; HEILBORN, 2008, p. 170).
Almeida (2005) cita como exemplos de procedimentos os manuais de serviços.
Os procedimentos relacionam-se com as regras, as quais orientam a ação realizada,
sem especificar a sequência cronológica desta ação ou rotina. São exemplos de regras as
normas e os regulamentos. As normas são comandos diretos e objetivos de cursos de ação
a seguir, como por exemplo: a proibição de entrar na sala de consulta com bolsas e sacolas
ou normas internas relativas a rodízio dos funcionários no horário de almoço, dentre outros.
Os regulamentos são um conjunto de normas que regula o uso, por exemplo, de um serviço
(ALMEIDA, 2005). Segundo Almeida (2005, p. 6), se as políticas são guias de orientação às
decisões a serem tomadas, as regras e procedimentos são guias que definem como fazê-lo.
O plano é o elemento que expressa concretamente o propósito geral do
planejamento, com a programação das ações e atividades necessárias para execução do
processo de planejamento. Refere-se à linha de ação preestabelecida que, em determinado
período de tempo, orienta a ação na direção da missão (o que a organização deve fazer,
seu papel ou a função a ela atribuída) e dos objetivos organizacionais ou para a solução de
determinados problemas, fornecendo parâmetros de controle e acompanhamento das
ações. Logo, o plano está entre o processo de planejamento e o processo de
implementação do planejamento e é o instrumento de trabalho, que funciona como meio
para alcançar os objetivos determinados, assegurando a execução. Como um produto do
planejamento, o plano oferece uma estrutura de referência para a tomada de decisão, pois é
um compromisso com a mudança, controlando-a para que ocorra ordenadamente e seja
eficaz (ALMEIDA, 2005, p. 4). A necessidade de um plano é determinada pela missão ou
pelos objetivos organizacionais, ou, ainda, por problemas específicos relacionados ao
desempenho organizacional. Por esta razão, a eficácia do plano é medida pelo grau de
contribuição em concretizar os objetivos para alcançar os resultados desejados (ALMEIDA,
2005, p. 4). O plano se desdobra em programas.
O programa corresponde à parte de um plano, abrangendo os desdobramentos
específicos. Um programa se desdobra em projetos. O projeto é parte de um programa ou
de um plano (LACOMBE; HEILBORN, 2008, p. 170). Um programa principal pode ser
composto por subprogramas ou derivados que garantem a sua consecução. Geralmente,
cada subprograma pode ser dotado de recursos, com prazos e objetivos previamente
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definidos, concretizando-se em um conjunto de projetos desenvolvidos, segundo linhas
preestabelecidas (ALMEIDA, 2005). Deste modo, um subprograma é um conjunto de
projetos, que podem ser, portanto, parte de um programa geral, ou unidades independentes
que contemplam determinado aspecto da organização. Os projetos caracterizam-se por
serem operativos e serem compostos por um conjunto de ações e atividades inter-
relacionadas e coordenadas para alcançar objetivos específicos, dentro de tempo e espaço
determinados (ALMEIDA, 2005, p. 7).
O cronograma trata da descrição do tempo de realização das atividades de cada
etapa do processo de planejamento (LACOMBE; HEILBORN, 2008, p. 172).
Por fim, o orçamento é a descrição dos valores a serem gastos com cada recurso
necessário (LACOMBE; HEILBORN, 2008, p. 172).
Sendo assim, todos os componentes do planejamento mencionados devem interagir
em consonância com os objetivos gerais traçados, os quais são pautados pelas premissas
básicas da organização. A partir do diagnóstico, examina-se a situação em que se encontra
a organização, por meio de estimativas e projeções que apontam quantitativamente onde a
organização poderia chegar se mantida a tendência atual. Também, no diagnóstico, são
estabelecidas as metas, as quais são os resultados a serem alcançados em uma data e
prazo determinados. Das metas, originam-se os planos, que se desdobram em programas,
que se compõem de projetos, que devem constituir-se de cronogramas e orçamentos para
execução de suas atividades, ambos baseados em políticas e regulamentados pelas normas
da organização. Tais componentes interagem entre si no ambiente em que está inserida a
organização, ao qual se pode chamar de cenário.
A seguir são apresentados os níveis de aplicação do planejamento, tando na sua
área de origem, que se faz importante para entender como está aplicação se dá no contexto
em estudo, como nas unidades de informação, que o foco desta pesquisa.
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FIGURA 5 – Os três tipos de planejamento na pirâmide organizacional
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mundo dos negócios para definir a forma como as organizações se comportavam e agiam
em relação ao ambiente em que estavam inseridas (TAVARES, 2005).
A partir dos anos de 1970, em razão do surgimento de novas organizações com
ações mais agressivas no ambiente dos negócios, desenvolveu-se o planejamento de longo
prazo, o qual exigia a análise de tendências para o futuro e dos segmentos a serem
explorados. Porém, na década seguinte, pensar em longo prazo já não era mais o suficiente,
frente a um ambiente de mudanças turbulentas frequentes, motivo pelo qual foi proposto o
Planejamento Estratégico como um processo substitutivo ao planejamento de longo prazo,
cujo enfoque é o pensar estrategicamente. Deste modo é que a discussão sobre o tema só
passou a ocorrer de fato nas décadas de 1980 e 1990. O importante passa a ser a definição
de estratégias, que devem ser praticadas pelas organizações, por meio da análise das
mudanças ocorridas no ambiente, como o seu diferencial no seu mercado de atuação
(GHEMAWAT, et al, 2000). Por volta de 1990, surge a gestão estratégica, regida pela
administração estratégica (TAVARES, 2005), a qual não será abordada na presente
pesquisa.
Atualmente, alguns dos teóricos do tema são Henry Mintzberg e Michael Porter
(TAVARES, 2005). Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2010) apontam que não há consenso na
literatura para a definição do conceito de estratégia. Deste modo, em um dos estudos do
próprio Mintzberg (1987), publicado no artigo intitulado ‘The strategy concept I: five Ps for
strategy’, o autor afirma que a estratégia requer uma série de definições, que ele chama de
os 5 Ps da estratégia. O primeiro P traz a definição de estratégia como um plano, uma
direção ou um guia de curso de ação para o futuro, pois as estratégias são formalmente
criadas antes de serem implementadas e se desenvolverem propositalmente. O segundo P
define que estratégia é um padrão, ou seja, é comportamento coerente ao longo do tempo,
resultante das ações. O terceiro P define a estratégia como uma posição, a qual se refere à
relação entre o ambiente interno e o ambiente externo em que a organização está inserida,
isto é, a estratégia como posição demonstra a localização de determinados produtos em
determinados mercados. O quarto P é a estratégia como uma perspectiva e remete à cultura
da organização, à sua forma de ação e à sua relação com os stakeholders12, ou seja, é a
12 Stakeholders são todos aqueles indivíduos, grupos ou empresas que têm algum interesse em uma
organização, influenciando a consecução de seus os objetivos. O termo stakeholders foi mencionado
pela primeira vez em um memorando do Stanford Research Institute (SRI), em 1963, e indicava que
uma organização não poderia sobreviver sem o apoio dessas partes interessadas (FREEMAN, 2010).
A Teoria dos Stakeholders tem seu marco histórico na obra de Freeman, ‘Strategic Management: a
Stakeholder approach’, publicada em 1984. O termo também foi utilizado por teóricos como Igor
Ansoff e Robert Stewart em seus estudos. Já na década de 1970, pesquisadores da Teoria dos
Sistemas, incluindo Russel Ackoff, também utilizaram o termo para salientar que muitos problemas na
sociedade poderiam ser observados a partir da influência dos stakeholders no sistema (FREEMAN,
2010).
115
maneira fundamental de uma organização fazer as coisas. O quinto P se refere à definição
de estratégia como um pretexto, ou seja, uma ‘manobra’ específica para enganar um
oponente ou concorrente, mas também um motivo para se atingir um determinado objetivo
não explicitado (MINTZBERG; AHLSTRAND; LAMPEL, 2010, p. 24-28, grifo nosso). A
estratégia integra as principais metas, políticas e sequência de ações em uma organização
em um todo coerente, já que, quando elaborada devidamente, ajuda a organização a
ordenar e alocar os seus recursos, com base em suas potencialidades e deficiências,
antecipando-se às mudanças do ambiente externo (MINTZBERG; QUINN, 2001, p. 104).
Diante de um mercado altamente competitivo entre as organizações, o planejamento
estratégico se destaca no meio organizacional por relacionar-se à adaptação da
organização a um ambiente mutável, orientado para o seu futuro, com a definição de
estratégias que garantirão eficácia e eficiência no desenvolvimento de suas atividades
empresariais. Desta maneira, o planejamento estratégico auxilia a organização a gerenciar o
seu futuro, com base na compreensão do seu passado, pois somente conhecendo os
padrões de ações e comportamentos anteriores é que a empresa será capaz de reconhecer
sua capacidade e potencial de sucesso (MINTZBERG, 1998; TERENCE, 2002).
Nesse sentido, Andrews (1992, p. 41) define estratégia organizacional como o
padrão de decisão de uma organização, sobre a qual se determina e se conhece os seus
propósitos, objetivos e metas organizacionais, produzindo as políticas principais e o plano
estratégico. O plano estratégico define o conjunto de negócios com os quais a organização
se envolverá, estabelecendo o seu tipo em termos econômicos, humanos e tecnológicos,
bem como o que a organização quer ser e a natureza das contribuições econômicas e não
econômicas que ela pode oferecer aos seus acionistas, empregados, fornecedores,
comunidades de interesse, dentre outras (ANDREWS, 1992, p. 42). A estratégia
organizacional, além de constituir-se em padrão de comportamento de tomada de decisões
para alcance de uma posição desejada no futuro, é a determinação da postura futura da
empresa, especialmente em relação aos seus produtos, seus mercados de atuação, seu
tamanho, sua lucratividade, seu nível de inovação e as relações com seus colaboradores,
fornecedores e certas organizações externas (DENNING, 1971). Na visão do autor, essa
postura estratégica deve ser orientada e equacionada pelo planejamento estratégico da
empresa.
Oliveira (2010, p. 17) conceitua o planejamento estratégico como o processo
administrativo que proporciona sustentação metodológica para se estabelecer a melhor
direção a ser seguida pela empresa na interação, de forma inovadora e diferenciada, com os
fatores externos não controláveis.
Em geral, o planejamento estratégico é de responsabilidade dos níveis hierárquicos
mais altos da empresa, como diretoria e presidência que, tanto formulam os objetivos,
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quanto selecionam as estratégias ou cursos de ações a serem seguidas para consolidação
do que foi traçado (OLIVEIRA, 2010).
Enquanto o planejamento estratégico se dá no nível mais alto da organização, o
planejamento tático ocorre no nível intermediário, no âmbito dos departamentos ou
setores. O planejamento tático é a metodologia administrativa que tem por finalidade
otimizar determinada área de resultado e não a empresa como um todo. No nível do
planejamento tático, ocorre a decomposição dos objetivos, estratégias e políticas definidas
no âmbito do planejamento estratégico. O planejamento tático é de responsabilidade dos
níveis intermediários da empresa, os quais deverão utilizar de maneira eficiente os recursos
disponíveis para consolidação dos objetivos predeterminados, conforme uma estratégia
prefixada, segundo as políticas de decisão da organização, que são uma espécie de guia
geral para a ação estratégica da empresa (OLIVEIRA, 2010, p. 18, 19).
Assim, baseado em Humble (1975), é possível afirmar que o planejamento tático é a
interpretação das decisões estratégicas tomadas, traduzidas em planos detalhados no nível
dos departamentos ou setores da empresa, isto é, ocorre a partir do desdobramento do
planejamento estratégico em planos táticos, os quais precisam ser executados de maneira
também integrada e coordenada internamente. De acordo com Humble (1975), estes planos
táticos ocorrem ao médio prazo e se referem às áreas principais de atuação da empresa no
nível departamental, abrangendo uma área específica. Segundo Schermerhorn Júnior,
(1996, p. 143), geralmente, os planos táticos correspondem aos planos de produção
(métodos, tecnologias, estrutura física e equipamentos necessários para as pessoas
realizarem o trabalho), aos planos financeiros (dinheiro necessário para realização das
atividades), aos planos de marketing (venda e distribuição dos bens e serviços oferecidos ao
mercado e atendimento ao cliente) e planos de recursos humanos (alocação de pessoas
para realização das atividades).
Os planos táticos necessitam ser sustentados por políticas empresariais, que
definem os propósitos comuns da empresa, estabelecendo linhas de orientação e limites
para a ação das pessoas responsáveis pela implementação e execução dos planos traçados
em consonância com a estratégia organizacional. As políticas estabelecem as fronteiras
dentro das quais as decisões poderão ser tomadas, baseadas em princípios com regras
para a ação, contribuindo para o sucesso dos objetivos. Esse modo de funcionamento
permite que os planos táticos realizem a ligação do planejamento estratégico aos planos do
planejamento operacional (SCHERMERHORN JÚNIOR, 1996, p. 143).
Abaixo do planejamento tático está o planejamento operacional, que abrange,
isoladamente, uma atividade ou tarefa específica dentro da empresa, com execução
imediata, logo, projetada em curto prazo. Corresponde à realização das atividades, tarefas e
operações realizadas no dia a dia da empresa, preocupando-se basicamente com ‘o que
117
fazer’, e ‘como fazer’, e a otimização e maximização de resultados. É por meio do
planejamento operacional que os gestores determinam as próximas ações no nível
operacional, que melhor contribuam para o alcance dos objetivos estabelecidos ainda no
planejamento tático, que é onde ele começa. O planejamento operacional caracteriza-se por
alto grau de detalhamento para o desenvolvimento de suas atividades e operações
(KOONTZ; O’DONNELL, 1980). Oliveira (2010, p.19) afirma que o planejamento operacional
é a formalização das metodologias de desenvolvimento e implementação de resultados
específicos a serem alcançados pelas áreas funcionais da empresa. A partir desta
formalização, são gerados documentos escritos, como os planos de ação ou planos
operacionais, elaborados pelos níveis hierárquicos inferiores da empresa, com foco nas
atividades do dia a dia organizacional (OLIVEIRA, 2010). Estes planos estão espalhados
nas diversas áreas e funções da organização, como produção, finanças, recursos humanos,
entre outras, visando assegurar que todos executem suas atividades, tarefas e operações,
de acordo com as ações traçadas, a fim de alcançar os objetivos definidos, já que a
ineficácia destas ações perturba o andamento dos planejamentos tático e estratégico
(KOONTZ; O’DONNELL, 1980).
De acordo com Oliveira (2010, p. 20), cada um dos planos operacionais devem
conter, detalhadamente, os recursos necessários para o seu desenvolvimento e
implementação, os procedimentos básicos a serem adotados, os resultados finais
esperados, os prazos estabelecidos e os responsáveis pela execução e implantação. Os
planos operacionais podem ser classificados em quatro tipos distintos, heterogêneos e
diversificados: procedimentos (relacionados ao método que define a ordem dos passos a
serem seguidos para execução dos planos), orçamentos (relacionados ao dinheiro a ser
usado para execução dos planos), programas ou programações (relacionados ao tempo
gasto para execução dos planos), normas ou regulamentos (comportamentos solicitados ou
esperados das pessoas na execução dos planos) (KOONTZ; O’DONNELL, 1980).
Em síntese, é no planejamento operacional que se concretiza a certeza e
regularidade das ações planejadas estrategicamente. Ele é o desdobramento dos planos
táticos de cada departamento, seção ou setor em planos operacionais para cada atividade,
tarefa ou operação; é o fazer acontecer de fato. Como o planejamento estratégico é
desdobrado em planos táticos, em nível intermediário, que por sua vez, são detalhados em
planos operacionais, os três tipos de planejamento relacionam-se diretamente entre si.
Em outra perspectiva, tem-se o planejamento de nível macro e de nível micro. O
planejamento elaborado em um âmbito macro é chamado de macroplanejamento. Segundo
Dias (1982) é aquele orientado a países, regiões, estados, cidades. Já o planejamento
elaborado em âmbito micro é chamado de microplanejamento, que segundo Dias (1982) é
aquele que se destina a organizações individualizadas, como as empresas e as
118
organizações públicas e de serviços. Para este autor, apesar de possuírem a mesma base
conceitual, e processo de tomar e colocar em prática decisões stes dois tipos de
planejamento são bem distintos sob o ponto de vista do método pelo qual são executados.
Cabe comentar que, grande parte do desenvolvimento teórico-prático do planejamento em
âmbito micro é voltada às organizações empresariais (privadas), em detrimento das
organizações públicas, embora alguns de seus princípios, com algumas adaptações, são
úteis a estas organizações da esfera pública.
Depois de trazer o entendimento de como ocorre a aplicação do planejamento nos
níveis organizacionais no contexto da área de origem do planejamento, aborda-se, a seguir,
os níveis de aplicação do planejamento nas unidades de informação.
No contexto das unidades de informação, os níveis de aplicação do planejamento
são explicados por Díez Carrera (2002) segundo a compreensão de que se trata de tipos
habituais (estratégico, tático e operacional) enquanto Almeida (2005) entende que se trata
de pontos de vista. Ambas explicações têm origem nos níveis organizacionais do
planejamento, apresentados anteriormente na literatura da Administração. Vale ressaltar que
a partir destas duas perspectivas selecionadas, busca-se demonstrar em alguma medida,
sobretudo com Almeida (2005), a apropriação do planejamento no contexto das unidades de
informação.
Segundo Díez Carrera (2002), no contexto das unidades de informação, alguns tipos
habituais de planejamento estão presentes, como o estratégico, o operacional e por
objetivos, sendo que os dois primeiros já foram tratados. O planejamento estratégico
expressa os propósitos da organização em termos gerais, e de que maneira pretende
alcançá-los. Este tipo de planejamento desenvolve os objetivos a serem alcançados a longo
prazo, no âmbito global da organização. Não é focado nos problemas operacionais diários
da organização, tão pouco no orçamento. (BRYSON, 1992, p. 93). Na perspectiva das
pessoas, Almeida (2010, p. 5) coloca que o planejamento estratégico é uma técnica
administrativa que procura ordenar as ideias das pessoas, de forma que se possa criar uma
visão do caminho que se deve seguir. De acordo com a autora, após a ordenação das
ideias, são ordenadas as ações, na forma da implementação do plano estratégico, para que,
sem desperdício de esforços, ele caminhe na direção pretendida. Fischmann e Almeida
(2014, p. 25) acrescentam que essa técnica administrativa, por meio da análise do ambiente
organizacional, cria consciência das suas oportunidades e ameaças, identificando seus
pontos fortes e fracos para o cumprimento de sua missão e estabelecendo o propósito de
direção que a organização deverá seguir para aproveitar as oportunidades e evitar riscos. Já
o planejamento operacional estabelece os serviços, estimando os recursos necessários.
Uma série de produtos e resultados é fornecida para cada serviço ou projeto, qualificado por
um calendário para a sua consecução. Serve para traçar objetivos específicos a serem
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alcançados em curto e médio prazo (BRYSON, 1992, p. 94). Por último, o planejamento por
objetivos, é um tipo de planejamento orientado ao alcance de resultados. Baseia-se numa
filosofia proativa e não reativa da administração, buscando prever e influenciar o futuro,
reagindo de forma espontânea. O ponto central da administração por objetivos, origem do
planejamento por objetivos, está geralmente em mudar e melhorar tanto a eficiência
individual como a organizacional (RAIA, 1989). Segundo Díez Carrera (2002), trata-se de
um processo integrado, que compreende passos interdependentes:
13 o processo de decidir antecipadamente o que deve ser feito e como, e implica a seleção de
objetivos e o desenvolvimento de políticas, programas e procedimentos para alcançá-lo.
120
ampla, abrangendo toda a organização. O grau de participação destes membros dependerá
do nível da estrutura organizacional em que cada um está situado, uma vez que todos os
níveis da organização estão envolvidos na implementação de meios para a execução dos
planos traçados. Estes meios envolvem toda a organização e são distribuídos nos níveis
organizacionais da estrutura da organização. Utilizando como base o modelo estrutural de
organização social delineado por Parsons (1960, apud TARAPANOFF, 1982) e aplicado à
universidade, Tarapanoff (1982) apresenta três níveis organizacionais: técnico, gerencial e
institucional. O nível técnico comporta, no caso da universidade, o processo de ensino,
pesquisa e extensão e é constituído de faculdades, departamentos, laboratórios, biblioteca
etc. O grau de eficácia neste nível depende do tipo de cooperação e interação entre estas
diversas unidades organizacionais. O gerencial é o nível de decisão, que executa a
administração interna da organização e realiza sua mediação com o meio ambiente externo.
No caso das universidades brasileiras, o nível gerencial é representado pela reitoria,
decanatos e administração universitária. O nível institucional liga a organização à autoridade
pública e política à qual está subordinada e ao seu ambiente externo. Controla o nível
técnico, que é controlado pelo nível gerencial. Na maioria das universidades brasileiras, o
nível institucional é representado pelo Conselho Universitário e pelo Conselho de Curadores
(TARAPANOFF, 1982, p. 78). Estes níveis podem ser visualizados no Modelo estrutural de
organização social, conforme Figura 6, a seguir:
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Vale lembrar que a universidade pode ser e é um dos ambientes em que as unidades
de informação estão presentes, sobretudo as bibliotecas universitárias, dentre outros tipos
de unidades. Na Figura do Modelo proposto por Parsons (apud TARAPANOFF, 1982), o tipo
de unidade de informação é a biblioteca e sua localização na estrutura organizacional
encontra-se no nível técnico.
Em grande medida, os níveis organizacionais trazidos por Tarapanoff (1982) são
níveis de percurso do processo de planejamento em uma organização, uma vez que o
planejamento ocorre nos três níveis colocados pela autora.
Numa outra perspectiva, Almeida (2005) traz para o contexto das unidades de
informação as denominações do planejamento, segundo ela, conforme pontos de vista. De
modo semelhante à ideia de Tarapanoff, Almeida (2005, p. 7) identifica tipos de
planejamento, conforme os níveis organizacionais. Segundo a autora, do ponto de vista dos
níveis organizacionais, são identificados o planejamento institucional, o intermediário e
o operacional.
O planejamento institucional refere-se ao planejamento da alta administração,
decidido no nível hierárquico mais alto da organização, em equivalência ao planejamento
estratégico, que consiste no processo de decisão relativo aos objetivos da organização, às
mudanças nestes objetivos, aos recursos utilizados para atingi-los e às políticas que
deverão governar a aquisição, a distribuição e a utilização destes recursos. Abrange a
organização como um todo, afetando-a em longo prazo. Está voltado às relações entre a
organização e o ambiente (interno e externo), sujeito às incertezas e mudanças provocadas
por este ambiente (ALMEIDA, 2005, p. 7, 8). A autora discorre sobre as estratégias da
organização, as quais são definidas a partir da análise do ambiente ou contexto em que esta
organização está inserida, de modo que estas estratégias são escolhidas a partir de fatores
favoráveis e de análises de risco em relação às possibilidades de sucesso na
implementação de cada estratégia (ALMEIDA, 2005, p. 8).
O planejamento intermediário se dá no nível intermediário da organização e
consiste no desdobramento do planejamento institucional/estratégico em planejamentos
táticos, que permitem que as decisões estratégicas se traduzam em planos concretos a
serem posteriormente detalhados em planos operacionais. Relaciona-se, em geral, a
atividades presentes e de futuro próximo (médio prazo). Tem como função controlar e
integrar as operações na organização, garantindo a implementação das decisões
estratégicas, decididas na alta administração da organização (ALMEIDA, 2005, p. 8)
O planejamento operacional é ligado aos procedimentos que detalham as
atividades ou tarefas e operações, decidindo ‘o que fazer’ e ‘como fazer’. Por ser
desenvolvido no nível operacional da organização, deve sempre estar voltado à otimização
122
dos resultados, com caráter imediatista. Caracteriza-se no tempo em curto prazo e de
abrangência local (ALMEIDA, 2005).
Dada a natureza das unidades de informação, o planejamento situa-se,
frequentemente, nos níveis intermediário/tático e operacional. Já o planejamento
institucional ou estratégico é uma prerrogativa dos níveis de direção ou alta direção da
organização a que pertence a unidade de informação. No entanto, a depender da estrutura
da unidade de informação, ela deve planejar estrategicamente, levando em consideração as
forças restritivas (problemas e limitações) e as forças propulsoras (vantagens) de seu
ambiente e da organização mantenedora, definindo objetivos, traçando prioridades, ou
avaliando alternativas para seus cursos de ação. Apenas significa que o planejamento da
unidade de informação, como afirmado anteriormente, deve ser coerente com os objetivos e
estratégias definidas pela direção da organização e não caminhar em uma via oposta
(ALMEIDA, 2005).
Em relação ao tempo, para essa autora, pode existir o planejamento a longo,
médio e curto prazo. O planejamento a longo prazo refere-se ao curso da ação futura da
organização em relação ao seu horizonte temporal mais amplo. Geralmente é mais
qualitativo que quantitativo e é elaborado estrategicamente. O planejamento a médio
prazo realiza a ligação entre o planejamento a longo prazo (objetivos e diretrizes) e o
planejamento a curto prazo (procedimentos de realização das atividades). O planejamento
a curto prazo refere-se à execução das atividades de maneira imediata, incluindo previsões
orçamentárias e metas a serem alcançadas em um curto espaço de tempo. Pode ser mais
preciso e mais detalhado do que o de longo prazo, uma vez que a sua realização é imediata
e de curto tempo (ALMEIDA, 2005).
Ainda conforme Almeida (2005, p. 9), a integração dos diversos planos na
organização e a concatenação dos planos de longo, médio e curto prazo são um requisito
primordial para o sucesso do planejamento, pois, na prática, o planejamento em longo prazo
afeta o de médio e curto prazos e, por conseguinte, também é influenciado e sofre
alterações a partir destes outros dois.
No contexto das unidades de informação, deve-se considerar o planejamento do
ponto de vista das atividades, quanto a: a) espaço físico; b) produtos e serviços; c)
recursos; d) operações e; e) acompanhamento e avaliação. Almeida (2005) desenvolve a
questão, como segue.
O planejamento do espaço físico parte da prerrogativa de que a definição de
espaço físico requer planejamento. Consiste no planejamento do espaço, expressando-se,
na prática, como o programa de necessidades físicas para a unidade de informação.
Baseado nisto, há que se levar em conta neste planejamento a acessibilidade aos espaços
123
definidos, atentando-se aos usuários portadores de necessidades físicas, como por
exemplo, os cadeirantes, para os quais deve-se prever rampas, elevadores, dentre outros.
O planejamento de produtos e serviços parte do pressuposto de que a oferta de
produtos e de serviços em uma unidade de informação implica o planejamento, uma vez que
envolve inúmeras atividades para o desenvolvimento destes com qualidade. Este
planejamento refere-se aos produtos e serviços que se pretende oferecer ao público da
unidade de informação.
O planejamento de recursos refere-se aos recursos humanos, materiais e
financeiros necessários para a execução das atividades definidas nos objetivos traçados
pela unidade de informação.
O planejamento de operações abrange os processos de produção e distribuição
dos produtos e serviços.
O planejamento de avaliação e acompanhamento inclui as formas de
acompanhamento e avaliação, bem como da continuidade dos planos.
Do ponto de vista de sua abrangência, o planejamento pode ser organizacional e
global: o planejamento organizacional refere-se ao esboço da estrutura que permita que
sejam alcançados os objetivos previstos e; o planejamento global envolve a combinação
de todos os planos existentes na organização e o processo pelo qual todos os planos
internos se integram ao seu planejamento estratégico ou institucional (ALMEIDA, 2005, p.
9).
Fuentes Romero (2007, p. 100) afirma que, é mais do que positivo considerar que os
tipos de planejamento, do nível organizacional mais alto ao mais específico dos níveis, não
são incompatíveis, nem se excluem entre si, sendo necessários como rostos inseparáveis
da mesma moeda, sempre quando se deseja implementar um planejamento eficaz e
eficiente para a unidade de informação. Segundo o autor, estudos mostram que os
trabalhadores bem-sucedidos nos níveis mais baixos são aqueles que têm a capacidade de
planejar e desenvolver planos e realizar seu trabalho dentro dos limites estabelecidos.
Segundo ele, numa biblioteca, por exemplo, a equipe deve ser capaz de assumir a
responsabilidade pelo nível de gestão que envolve todas atividades que conduzem os
materiais da aquisição até a prateleira, quando ficam prontos e disponíveis ao usuário.
Obviamente, isto não significa que tais ações estão fora do controle geral das instâncias
superiores de gestão.
Enfim, o fato é que o planejamento faz com que as coisas aconteçam, tornando
possível o alcance dos objetivos, uma vez que por meio dos planos, compromissos são
assumidos e concentrados em alcançar eficiência e sucesso nos objetivos traçados
(ALMEIDA, 2005).
124
Para efeitos deste estudo, é utilizada a perspectiva dos níveis de planejamento de
Almeida (2005), a qual é desenvolvida no capítulo seguinte. Enquanto Díez Carrera traz
uma perspectiva generalizada, ainda que no contexto das unidades de informação, Almeida
(2005) elabora uma abordagem específica aos níveis de aplicação do planejamento nas
unidades de informação. Ao contrário da abordagem da Administração que trata dos três
níveis (estratégico, tático e operacional), sem explicar em detalhe as variáveis ou aspectos
envolvidos em cada um, Almeida (2005) explica em detalhe cada uma das variáveis ou
aspectos sob pontos de vista, discorrendo, por exemplo, sobre o tempo, as atividades, etc.
Assim, Almeida (2005) apropria-se dos níveis abordados na Administração, levando em
consideração as especificidades implicadas ao contexto das unidades de informação, ao
trazer o entendimento destes níveis a partir de pontos de vista segundo variáveis e aspectos
envolvidos.
Em resumo, percebeu-se que o planejamento pode ser de tipos diferentes, conforme
pontos de vista considerados e observados. Em geral, sob o ponto de vista dos níveis
organizacionais, podem existir o planejamento estratégico, o tático e o operacional. Ainda
sob o ponto de vista dos níveis, só que não organizacionais e sim relacionado ao nível no
âmbito da elaboração do planejamento, em podem existir o planejamento de nível macro
(macroplanejamento) e o planejamento de nível micro (microplanejamento). No contexto das
unidades de informação, há que se destacar também o planejamento conforme pontos de
vista dos níveis organizacionais, em que podem existir o planejamento institucional, o
intermediário e o operacional. Sob o ponto de vista do tempo que podem existir o
planejamento a longo, médio e curto prazo. Sob o ponto de vista das atividades, em que
podem e devem existir o planejamento do espaço físico, de produtos e serviços, de
recursos, de operações e de acompanhamento e avaliação. E por fim, sob o ponto de vista
da abrangência, em que o planejamento pode ser organizacional e global.
A seguir, a última Subseção deste Capítulo, traz a estruturação do processo de
planejamento em partes e etapas.
125
compreendidas em: especificação dos fins, definição dos meios, determinação dos
recursos, implantação e o controle.
A especificação dos fins corresponde à parte do processo de planejamento em que
se dá a especificação dos objetivos e metas. No planejamento, tem-se a convicção de que o
futuro pode ser aperfeiçoado por meio de uma intervenção ativa no momento atual. Desta
forma, trata da predição do que poderia acontecer se não houvesse uma intervenção
planejada. Tal predição refere-se à ‘projeção de referência’, que tenta especificar suposições
do que aconteceria à organização sem alguma intervenção. Se o futuro, suposto na
descrição de referência, for satisfatório, tem-se a projeção desejável, a qual corresponde a
uma expressão do ponto a que a empresa desejaria chegar ao fim do período do
planejamento (ACKOFF, 1979, p. 14, 25). Neste contexto, o objetivo do planejamento é
produzir uma projeção de futuro que especifique até onde a organização pretende chegar
para alcançar um desempenho de sucesso; ou seja, o objetivo é produzir uma projeção
planejada. Portanto, o planejamento deve iniciar com uma projeção de referência e uma
projeção desejável, não podendo ser concluído antes de haver produzido uma projeção de
planejamento. Logo, a diferença entre a projeção de referência e a desejável define o
espaço a ser ocupado, espera-se, pelo planejamento (ACKOFF, 1979). Tais projeções
implicam descrição das possíveis situações da organização e determinação dos graus
desejados. Situações ou resultados desejados de comportamento são objetivos. Os
objetivos podem não ser alcançados em um determinado período dentro do plano, mas
devem ser aproximáveis dentro do período estipulado. Já as metas são objetivos que a
organização deseja atingir em um tempo determinado, durante o período compreendido pelo
plano, ou seja, a meta é um objetivo que deve ser alcançado num determinado prazo, no
caso, devem ser atingidas no período do planejamento (ACKOFF, 1979, p. 14). Mas, metas
não podem ser definidas, sem antes considerar os meios a serem empregados para
determiná-las. Segundo Ackoff (1979), isto reforça a ideia inicial de que todas as partes de
um plano são interdependentes.
A definição dos meios é a parte do planejamento em que os meios pelos quais os
objetivos e as metas especificadas na etapa anterior são definidos. Os meios variam, em
geral, do mais particular (práticas, procedimentos e programas) para o mais geral (políticas).
Assim como os fins, os meios podem ser formulados em diferentes níveis de generalidade.
Para aumentar tal generalidade, existem decisões, práticas, procedimentos, programas e
políticas. A decisão refere-se a um determinado ato de uma pessoa ou de um grupo, como
por exemplo, contratar uma pessoa ou fazer uma determinada compra para a organização.
Uma prática é uma decisão que se repete em circunstâncias semelhantes, por exemplo,
realizar uma promoção sempre numa determinada data do ano. Um procedimento é uma
sequência de ações (normalmente a curto prazo) orientadas no sentido de uma única meta,
126
que se persegue repetidamente, por exemplo, um procedimento de cobrança de clientes em
atraso com seus pagamentos. Um programa é um conjunto ordenado de ações inter-
relacionadas, geralmente mais complexo que um procedimento, orientado no sentido de um
objetivo específico (normalmente a longo prazo), que se persegue somente uma vez, como
por exemplo, um programa de desenvolvimento de um novo produto ou serviço. Uma
política é uma regra para selecionar uma decisão, por exemplo, não permitir que a
concorrência venda mais barato que a organização (ACKOFF, 1979, p. 27, 39). Dito isto,
infere-se que os objetivos e as metas são alcançados por meio de decisões, que se tornam
uma prática, a partir da qual cria-se um procedimento, que pode vir a se tornar uma política
da organização. Para consecução de tal política, que permitirá o alcance dos objetivos e
metas, há que levar em consideração os recursos necessários.
A determinação de recursos é a parte do processo de planejamento em que são
determinados os recursos necessários ao alcance dos objetivos e metas especificados.
Tratar de recursos implica determinar os tipos e a quantidade de recursos necessários, uma
vez que no planejamento, além de definir quanto de cada tipo de recurso será necessário
para a consecução da política, também é preciso definir como eles devem ser gerados ou
obtidos e como devem ser alocados às atividades. Os recursos necessários para o
funcionamento de um negócio podem ser distribuídos em quatro classes, que são: o
dinheiro; as instalações e equipamentos; os materiais, os suprimentos e serviços; e o
pessoal. Na primeira etapa do planejamento destes recursos, determina-se a quantidade e o
tipo de cada recurso necessário para cada ano do período de execução do que foi
planejado, lembrando que, é preciso levar em conta quanto de cada tipo de recurso estará
disponível de imediato para a organização. Depois de comparadas as estimativas do que
estará disponível com as estimativas do que é necessário, pode-se determinar quanto de
cada tipo de recurso deve-se planejar para produzir ou adquirir. A segunda etapa do
planejamento de recursos é voltada a determinar se os recursos adicionais requeridos
podem ser produzidos ou adquiridos, e como serão. Se estes recursos não estiverem
disponíveis quando requeridos, será necessário alterar os meios e fins estabelecidos
previamente, a fim de reduzir as necessidades de recursos a um nível que possa ser
atendido. Ao mesmo tempo, pode ser que tal análise revele que estejam disponíveis mais
recursos, de um ou mais tipos, do que os necessários pelo plano. Neste caso, é preciso
ajustar as decisões prévias de planejamento de forma a utilizar eficazmente estes recursos
ou definir como a organização poderá desinvestir-se deles. Por fim, a última etapa do
planejamento de recursos consiste na distribuição dos recursos disponíveis para os
programas e unidades organizacionais, isto é, a distribuição do dinheiro orçado para cada
tipo de recurso a ser utilizado (ACKOFF, 1979, p. 40).
127
A implantação é a parte do planejamento que se dedica à determinação dos
procedimentos para tomada de decisão, de maneira a organizá-los para que o plano possa
ser executado, uma vez que um plano tem pouco valor para a organização se esta não for
capaz de colocá-lo em prática (ACKOFF, 1979, p. 54). O autor acrescenta que o
planejamento deve ser direcionado, identificando as tarefas necessárias à consecução dos
objetivos da organização, reunindo ocupações a serem desempenhadas, bem como
determinando os indivíduos e grupos que desempenharão as atividades. Logo, o pessoal
responsável deve possuir as informações relevantes de medidas de desempenho e
motivação para a execução das ações necessárias e planejadas, de acordo com os
interesses organizacionais (ACKOFF, 1979). Para concretizar os objetivos traçados, Ackoff
(1979, p. 69) diz que pode ser usado um procedimento, dividido em cinco etapas:
1) Análise do fluxo de decisão – Etapa que identifica cada tipo de decisão e ação
necessárias ao gerenciamento e funcionamento da organização;
2) Construção de modelo – Nesta etapa, os modelos de decisão que estão
disponíveis na organização, são desenvolvidos no processo de planejamento ou
constam na literatura podem ser usados para estabelecer os procedimentos de
elaborações de decisão;
3) Exigências de informação – Nesta etapa, as variáveis não controladas em
modelos de decisão especificam que informação é exigida para as decisões
modeladas;
4) Decisões e ocupações – Etapa em que as decisões devem ser agrupadas em
ocupações para minimizar as exigências informacionais; cada decisão é
delegada a um indivíduo ou grupo de maneira específica, determinando a
responsabilidade de implementação, avaliação e recomendação para cada
decisão;
5) Medidas e motivação – Etapa em que as medidas de desempenho devem ser
desenvolvidas por cada elaborador de decisão ou grupo, as quais devem ser
compatíveis com os objetivos gerais da organização, sem produzir conflitos entre
os elaboradores e as unidades da organização.
128
O controle é a parte do processo de planejamento da determinação de
procedimentos para antecipar ou detectar erros no plano ou falhas na sua execução e para
prevenir ou corrigir continuamente estes erros e estas falhas (ACKOFF, 1979, p. 14). O
controle refere-se à avaliação de decisões, inclusive decisões de nada fazer, depois de já
terem sido tomadas ou implementadas. Todas as decisões tomadas no planejamento devem
ser submetidas a controle. O processo de controle envolve quatro providências a serem
tomadas, que são: 1) prever os resultados de decisões na maneira de medidas de atuação;
2) reunir as informações sobre a atuação existente; 3) comparar a atuação existente com a
definida previamente; e 4) quando ficar claro que uma decisão foi deficiente, frente a uma
determinada situação, corrigir imediatamente o procedimento que causou tal deficiência,
corrigindo as consequências, se possível (ACKOFF, 1979, p. 71).
Assim, o controle envolve a predição do resultado de uma decisão, comparando-a
com o resultado real e promovendo ação corretiva quando falta correspondência. Logo, os
sistemas de controle devem ser vinculados a cada sistema de decisão, os quais requerem,
em separado, um sistema de informação para fornecer os dados necessários, sendo um de
decisão, um de controle e um de informação. Estes três sistemas devem ser considerados e
formulados conjuntamente, uma vez que estão fortemente inter-relacionados e combinam-se
para formar o sistema de administração da organização, tidos também como subsistemas
do sistema empresarial (ACKOFF, 1979, p. 80).
Oliveira (2010, p. 14-15) resume a proposta de Ackoff (1979), nomeando as cinco
partes do planejamento em:
129
Num caminho semelhante ao de Ackoff (1979) e Oliveira (2010), Almeida (2005)
apresenta o processo de planejamento em duas partes: 1) diagnóstico e; 2) projeto.
Tratados como elementos constitutivos do planejamento pelos autores apresentados
anteriormente, diagnóstico e projeto manifestam-se como partes na proposta desta autora. A
parte do diagnóstico é o momento da avaliação diagnóstica da situação ou problema da
organização, com a obtenção de informações e uma análise profunda delas. O diagnóstico
compara a situação atual da organização com a situação desejada para ela num futuro
próximo. Objetiva identificar pontos fortes e fracos na estrutura e funcionamento da
organização, buscando compreender a natureza e as causas de seus problemas, no sentido
de identificar formas de solucioná-los, trazendo eficácia e eficiência (ALMEIDA, 2005). Já a
parte do projeto é o momento de execução do processo de mudança da situação
encontrada ou solução do problema detectado na parte do diagnóstico, ou seja, é uma
resposta a um problema ou conjunto de problemas concretos previamente constatados. É
um conjunto de ações e recursos para a consecução de objetivos concretos,
adequadamente especificados e destinados a gerar benefícios à organização (ALMEIDA,
2005, p. 93).
Segundo Moura e Barbosa (2012), o que leva à criação do projeto é a situação
geradora (ou problema) que foi detectada na avaliação diagnóstica e oferece o primeiro
passo para sua definição. Logo, conhecer a necessidade com clareza é o primeiro passo
para uma delimitação adequada do que será o projeto a ser desenvolvido, observando-se
exatamente qual a função que o trabalho a ser executado deve preencher na organização.
Pensar em um projeto é, antes de tudo, pensar no seu objetivo e só depois definir maneiras
de alcançar esse objetivo. Sabe-se que grande parte do trabalho do projeto se inicia antes
mesmo da sua execução, pois é neste momento que o objetivo deve ser trabalhado para se
tornar efetivamente um projeto executável (MOURA; BARBOSA, 2012). Neste sentido,
Almeida (2005, p. 94) coloca que um projeto deve ser elaborado sempre que se tenha um
objetivo cujo alcance dependa de um esforço sistematizado, que vá além da realização de
atividades rotineiras e que pressuponha a vontade e a disposição para a mudança. Um
projeto é um evento único que utiliza recursos, que é conduzido por pessoas, visando atingir
objetivos predefinidos (CAVALIERI, 2003). É um empreendimento finito (com início e fim),
com objetivos definidos em função de um problema, oportunidade ou interesse da
organização. Envolve atividades caracterizadas por uma sequência clara e lógica de ações
para atingir objetivos dentro de um tempo, custo e recursos prévios definidos, combinados
com recursos organizacionais (MAXIMIANO, 2002, p. 20).
Conforme Vargas (2009), todo projeto tem um ciclo, denominado ciclo de vida do
projeto, cujos principais momentos de desenvolvimento são: iniciação, planejamento,
execução, monitoramento, controle e encerramento. A iniciação é o momento da concepção
130
do projeto, fundamentado em um diagnóstico e na identificação da oportunidade da
intervenção para uma mudança. Neste momento, são definidos os objetivos e o foco do
projeto e especificam-se as formas de atingir os objetivos traçados. O planejamento é o
momento de estruturação do projeto, que pressupõe a sua aprovação e consiste na
mobilização de meios e recursos para sua implementação, inclusive a capacitação da
equipe. A execução é o momento da execução do projeto, ou seja, momento da efetiva
realização do projeto. A avaliação do projeto, embora ocorra durante todo o processo de sua
implementação, com o acompanhamento ou monitoramento, é atividade necessária no
momento de encerramento do projeto, cuja função é verificar em que medida se atingiram
os resultados previstos (VARGAS, 2009). Esta avaliação gera informação e estímulo para o
desenvolvimento de novas ideias e soluções que poderão gerar novos projetos ou o
aprimoramento do mesmo projeto (ALMEIDA, 2005). Dada a complexidade de ações que
um projeto envolve, várias iniciativas são propostas para seu gerenciamento. Spudeit e
Ferenhof (2017, p. 311) tratam do Project Management Institute (PMI), uma das maiores
associações de e para profissionais de gerenciamento de projetos. Os autores afirmam que,
para pensar em diretrizes que pudessem auxiliar no desenvolvimento dos projetos com a
aplicação de conhecimentos, habilidades, ferramentas e técnicas para atender aos seus
requisitos, um grupo de gestores de projetos se uniu e começou a compartilhar informações
pertinentes ao sucesso e fracasso no gerenciamento de projetos, surgindo assim o PMI. O
trabalho deste Instituto é auxiliar a área de gerenciamento de projetos, bem como os
profissionais em suas carreiras, buscando contribuir, assim, para a consolidação dessa
profissão. Em 2008, o PMI apresenta a primeira versão de um Guia de Melhores Práticas de
Gerenciamento de Projetos, o Project Management Body of Knowledge (PMBOK). Segundo
Spudeit e Ferenhof (2017), atualmente, este Guia PMBOK é a principal fonte de informação
utilizada para embasar o gerenciamento de projetos no mundo. Conforme o Guia, uma boa
prática corresponde à aplicação correta das habilidades, ferramentas e técnicas já testadas
amplamente por um grande grupo de gestores de projetos que, por este motivo, pode
aumentar as chances de sucesso em uma ampla gama de projetos. Uma boa prática não
significa que todas as áreas de conhecimento expostas devam ser sempre utilizadas de
maneira uniforme em todos os projetos, sendo necessário levar em consideração o tipo de
projeto, seu tamanho, tempo estimado, além dos fatores organizacionais e ambientais que
podem impactar, de modo que, cabe ao gestor de projetos, à sua equipe e à organização
definirem o que é apropriado para um projeto específico. Ainda, segundo o Guia, o
gerenciamento de projetos não é algo restrito apenas aos grandes projetos, podendo ser
aplicado a qualquer empreendimento, já que evita problemas ao longo da execução dos
trabalhos, antevendo situações de conflitos ou de falta de recursos e permitindo ações
preventivas, além de propiciar o desenvolvimento de diferenciais competitivos, que podem
131
agilizar o processo e a tomada de decisão e otimizar a utilização dos recursos humanos,
entre outros (PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE, 2014).
Conforme o Guia, o gerenciamento de um projeto é desempenhado por meio da
aplicação e integração apropriadas de 47 processos, agrupados em 10 áreas de
conhecimento distintas. Estas 10 áreas de conhecimento são apresentadas na Figura 5, a
seguir:
FIGURA 7 – Áreas de conhecimento do gerenciamento de projetos
Gerenciamento Gerenciamento
de aquisição do escopo
Gerenciamento Gerenciamento
de riscos da integração
Gerenciamento
das GUIA Gerenciamento
PMBOK do custo
comunicações
Gerenciamento Gerenciamento
dos recursos do tempo
humanos
Gerenciamento
Gerenciamento das partes
de qualidade interessadas
132
5) Gerenciamento da qualidade do projeto – Especificar o nível de aceitação e
garantir que este seja atingido ao longo de todo projeto;
6) Gerenciamento dos recursos humanos do projeto – Identificar, alocar e prover o
crescimento dos indivíduos alocados para o desenvolvimento do projeto;
7) Gerenciamento das comunicações do projeto – Identificar, criar e controlar as
formas e canais de comunicação em relação ao projeto;
8) Gerenciamento dos riscos do projeto – Identificar e analisar as oportunidades e
ameaças que possam incorrer em pelo menos um dos objetivos do projeto;
9) Gerenciamento de aquisições do projeto – Planejar, executar e gerir as compras,
aluguéis e terceirização de recursos humanos, materiais e físicos;
10) Gerenciamento das partes interessadas no projeto – Identificar, analisar e
gerenciar as influências positivas ou negativas em pelo menos um dos objetivos
do projeto (PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE, 2014).
133
Geralmente, estas etapas são divididas em estágios ou momentos, que são
subdivididos em atividades ou tarefas a serem executadas. Deste modo, em geral cada
etapa do projeto define qual trabalho deve ser realizado e quem deve estar envolvido. Logo,
segundo Moura e Barbosa (2012), o detalhamento de cada etapa possibilita dimensionar, de
maneira precisa, o tempo a ser gasto em cada atividade ou tarefa, a quantidade das
pessoas envolvidas e dos custos necessários, além de permitir ajustes, monitoramento e
controle dos recursos para atingir as metas estabelecidas (MONTEIRO; VALENTIM, 2008).
O processo de elaboração de um projeto é uma imersão em ideias, oportunidades,
dificuldades e entendimentos sobre acertos e erros, sobre pontos fortes e fracos e sobre
pessoas envolvidas (KISIL, 2002). A elaboração e gerenciamento de um projeto sempre
ocorre segundo a imersão descrita pelo autor, independentemente das etapas de um
projeto, mencionadas em cada uma das propostas apresentadas.
O processo de planejamento em unidades de informação inicia-se pela definição do
objeto a ser estudado, seguida da obtenção de informações que servirão de subsídio ao
processo de avaliação deste objeto e seu ambiente, ao que se denomina diagnóstico. O
diagnóstico, primeira parte do processo, retrata as condições do objeto estudado e do
contexto no momento imediatamente anterior ao início do projeto ou plano. O projeto ou
plano é a parte seguinte do processo de planejamento em unidades de informação. O
projeto é um empreendimento com início e fim, constituído por um conjunto de ações e
recursos para a consecução de objetivos exequíveis e adequadamente especificados em
função de um problema. Estes objetivos visam gerar benefícios à organização, neste caso a
unidade de informação. O desenvolvimento do projeto envolve atividades com sequência
clara e lógica de ações a serem executadas para atingir objetivos dentro de um tempo, custo
e recursos previamente definidos. Sendo assim, o planejamento em unidades de informação
é desenvolvido em duas partes: diagnóstico e projeto. Estas partes são compostas de
etapas.
As etapas do processo de planejamento não apresentam sequência linear rígida, já
que se trata de processo dinâmico, mas uma explicação ordenada das mesmas contribui
para sua compreensão.
Diante do exposto nesta Subseção, foi possível observar que a estruturação do
processo de planejamento no contexto das unidades de informação origina-se das formas
como o processo ocorre na área de Administração, ora com aspectos mais predominantes
que outros, mas evidentemente estruturado em partes e etapas.
134
4 APLICAÇÃO DO PLANEJAMENTO EM UNIDADES DE INFORMAÇÃO
136
QUADRO 6 – Identificação de áreas problemáticas e definição de objetivos da etapa de diagnóstico:
questões gerais:
QUESTÕES GERAIS DE IDENTIFICAÇÃO
(áreas problemáticas e objetivos)
Questões para identificação de áreas problemáticas:
o pessoal da unidade de informação suspeita que há um problema?
há dados que sugerem problemas na área suspeita?
o nível de desempenho baixou ou é inadequado comparado ao desempenho anterior?
o custo dos serviços aumentou substancialmente nos últimos meses?
houve mudanças na organização, nos usuários ou em outros fatores externos, exigindo
adequação dos serviços ou atividades?
os usuários apresentaram insatisfação com os serviços prestados?
Questões para a definição de objetivos claros:
em que medida os serviços e produtos da unidade de informação contribuem para o
cumprimento dos objetivos da organização a qual pertence?
em que medida os serviços e produtos atendem às necessidades de informação de seus
usuários?
os recursos necessários para o andamento dos serviços e produtos são aplicados
adequadamente?
qual o grau de mudança possível nos serviços e/ou produtos?
Fonte: Adaptado pela autora a partir de Almeida (2005, p. 58)
137
unidade. O usuário deve contribuir, mesmo que para isto ocorra a mudança de sua imagem
em relação à unidade de informação (ALMEIDA, 2005).
138
de identificação de variáveis e fatores relacionados, não havendo conhecimento suficiente
do problema que possibilite a formulação de hipóteses (ALMEIDA, 2005, p. 62).
Tanto as questões de pesquisa quanto as hipóteses ajudam a estruturar o
diagnóstico, sendo que as primeiras delas são questões e a segunda são afirmações.
Assim, exemplificamos, no Quadro 8, a seguir:
A definição da metodologia a ser utilizada pode ser aqui entendida como o modo pelo
qual os avaliadores coletarão os dados, o que inclui a seleção de fontes de dados,
instrumentos e técnicas utilizadas nos processos de coleta e análise dos dados levantados.
Estas decisões são muito relevantes, pois tanto as fontes de dados quanto os instrumentos
e as técnicas e procedimentos utilizados, interferem de maneira direta nos resultados do
diagnóstico (ALMEIDA, 2005, p. 61). A coleta de dados e informações, por ser uma atividade
básica do diagnóstico, requer por este motivo, um planejamento à parte, em que é preciso
definir com cuidado quais dados e informações devem ser coletados, por que e como coletá-
los. Esta atividade pressupõe a consulta a, no mínimo, dois atores: usuários e funcionários
da unidade de informação. Em relação aos usuários reais, três questões são indispensáveis,
conforme Quadro 9:
139
Esses pontos são fundamentais para a avaliação e eventual redirecionamento da
unidade de informação e seus serviços, partindo-se do princípio de que os acervos e
serviços precisam ser planejados e desenvolvidos tendo em vista as necessidades dos
usuários. Também há casos em que se faz necessário ouvir o usuário potencial dos serviços
da unidade de informação. Para estes casos, devem ser incluídas questões relacionadas ao
uso ou expectativas de uso e ao conhecimento dos serviços. Já em relação aos
funcionários, perfis sobre eles devem ser levantados, como, por exemplo, formação, função,
atividades, tempo de serviço existente, etc., além de saber suas opiniões e propostas para a
melhoria do desempenho da unidade de informação. A partir disto, é possível elaborar
questões, conforme Quadro 10:
140
anotações e, se autorizado pelo entrevistado, gravação das respostas (ALMEIDA, 2005, p.
64).
Um questionário é composto por um conjunto de questões normalmente
apresentadas por escrito às pessoas, sem interferência do avaliador/pesquisador, embora
estas questões possam também ser aplicadas por entrevista. O questionário apresenta
algumas vantagens em relação à entrevista, uma vez que este possibilita atingir um maior
número de pessoas, nos mais variados lugares, mantendo o anonimato, além de apresentar
a conveniência de os entrevistados não precisarem respondê-lo de imediato, contribuindo
para a independência em relação às opiniões do entrevistador. Também há desvantagens,
pois pode haver respostas incompletas, possibilidade de atraso na devolução, ou mesmo de
não devolução do questionário, impossibilidade de auxílio ao respondente no caso de
dificuldade de compreensão das questões, além de excluir respondentes que não saibam ler
e escrever. A vantagem da questão aberta é dar liberdade aos respondentes para se
expressarem sem restrições. Uma das desvantagens é que muitas pessoas não querem
despender tempo e esforços para responder, ocasionando questões incompletas ou em
branco. Além disso, deve-se levar em consideração que o processo de tabulação e
interpretação das respostas é muito mais complexo. Já as questões fechadas possibilitam
cruzamento de dados e facilitam a tabulação e a análise de dados. Uma saída adequada,
necessária em muitos casos, consiste em apresentar perguntas fechadas, mas seguidas
pela pergunta ‘por quê?’. Essa solução, de um lado, facilita o processo de tabulação e, de
outro, fornece elementos para a análise e interpretação desses dados (ALMEIDA, 2005, p.
66). O elemento-chave para o sucesso de um questionário é a definição de seus objetivos
com clareza. Por isto, na elaboração de um questionário, algumas orientações principais
devem ser observadas, como consta no Quadro 11 a seguir, dentre outras:
141
QUADRO 10 – Orientações principais para elaboração de um questionário
ORIENTAÇÕES PRINCIPAIS PARA ELABORAÇÃO DE UM QUESTIONÁRIO
formule questões com clareza e objetividade para não induzir respostas prontas;
elabore justificativas para cada questão, pois isto assegura ao pesquisador que a
pergunta é, de fato, indispensável e que trará subsídios à compreensão e análise do
problema. isto também ajuda a evitar questões inúteis;
oriente o respondente em relação a questões que ofereçam múltiplas alternativas com os
dizeres ‘escolha apenas uma alternativa’ ou ‘assinale tantas alternativas quanto desejar’
ou ‘a questão permite múltipla escolha’. essa orientação é indispensável para garantir a
validade das respostas e evitar inconsistências;
defina a forma de apresentação das questões, se abertas (sem sugestões de respostas
pelo pesquisador) ou fechadas (em que se apresentam alternativas predefinidas de
respostas);
avalie quais questões devem ser abertas, levando em conta, em cada caso, vantagens e
desvantagens dessa opção, considerando as características do público a que se dirige o
questionário e as possibilidades de tabulação, análise e interpretação dos dados
coletados;
estabeleça uma ordem lógica para as questões, iniciando o questionário com questões
de identificação do respondente;
crie relação entre as questões para que cada questão se relacione com a sua
antecedente e a especifique;
analise com atenção a formulação de questões opinativas que envolvam avaliação ou
que se refiram a gradações de frequência, evitando o excesso de níveis de gradação;
utilize como níveis de gradação as alternativas ‘sempre’, ‘nunca’ e ‘às vezes’,
complementados, nas duas últimas alternativas, com ‘por quê?’, pois desta forma os
resultados tenderão a ser mais eficazes;
utilize em questões de avaliação três (‘bom’, ‘regular’ e ‘ruim’) a quatro alternativas
(‘muito bom’, ‘bom’, ‘regular’ e ‘ruim’), embora existam autores que defendem que o
número ímpar de alternativas convida o respondente a escolher a do meio;
construa com cuidado as escalas das gradações de frequência, planejando
adequadamente os seus intervalos, por exemplo: instrução da questão: ‘assinale em que
faixa etária você se situa?’; alternativas: ‘menos de 7 anos’, ‘de 7 a 10 anos’, ‘de 11 a 14
anos’, ‘de 15 a 18 anos’ e ‘mais de 18 anos’; escala: idade; intervalo: de 3 em 3 anos.
muitas vezes, as escalas são definidas com interesses específicos e que não precisam,
sempre, apresentar intervalos regulares, mas intervalos significativos para o assunto em
voga;
pergunte somente aquilo que tem relação com o problema, coletando apenas aqueles
dados que serão analisados.
Fonte: Elaborado pela autora a partir de Almeida (2005, p. 65-70)
142
QUADRO 11 – Pontos a serem evitados na elaboração de um questionário
QUESTIONÁRIO
(pontos a serem evitados)
EVITE formular questões inúteis, que não contribuam para o cumprimento dos objetivos
definidos;
NÃO INCLUA questões cujas respostas possam ser obtidas por meio de outras fontes
(documentos escritos, etc). Informações que normalmente são solicitadas em
questionários que se veem na área, referentes, por exemplo, a sexo ou idade, devem
ser colocadas sob suspeita, e mantidas apenas se forem indispensáveis à compreensão
do problema ou à sua posterior solução;
NÃO USE questões que possam induzir determinadas respostas, pois isto tira a clareza
e objetividade da pesquisa;
NÃO INCLUA duas perguntas em uma, por exemplo: ‘você conhece e utiliza a biblioteca
da empresa?’. Isto leva à falta de precisão e à perda de consistência nas respostas;
EVITE questões do tipo: ‘você localiza, com facilidade, o material que procura?’,
propondo apenas as alternativas ‘sim’ ou ‘não’ como resposta, mesmo que
complementado com um ‘por quê?’, pois desta forma não serão coletados elementos
suficientes para interpretação do problema e para sugestão de soluções;
EVITE utilizar muitos níveis de gradação ou excessivo número de alternativas, por
exemplo: ‘sempre’, ‘quase sempre’, ‘às vezes’, ‘quase nunca’ e ‘nunca’ ou em questões
propostas de avaliação, como por exemplo: questão: ‘você considera o atendimento da
biblioteca:’; alternativas: ‘excelente’, ‘muito bom’, ‘bom’, ‘regular’, ‘ruim’, ‘muito ruim’ e
‘péssimo’. O excesso de alternativas pode oferecer ambiguidade ao respondente,
interferindo na precisão da análise. Além de confundir o respondente, introduz alto grau
de subjetividade nas respostas, provocando dispersão dos resultados, inviabilizando o
uso destes dados como análise, uma vez que, obtêm-se como resultado da tabulação
dados tão dispersos que dificultam a interpretação;
NÃO UTILIZE questões ambíguas, pouco objetivas ou genéricas, que dificilmente
agregarão valor ao questionário;
EVITE usar as conjunções ‘e’ e ‘ou’, por exemplo: ‘você considera o espaço da
biblioteca suficiente e adequado?’ Isto pode gerar certa confusão, indefinição do
respondente e até falta de objetividade, pois uma biblioteca pode ser suficiente em
certos aspectos e insuficiente em outros. A orientação é não perguntar duas coisas ao
mesmo tempo, evitando confundir o respondente;
EVITE ser longo, tendo em vista o respeito ao tempo dos respondentes e também dos
avaliadores/pesquisadores. Não há tamanho ideal.
Fonte: Elaborado pela autora a partir de Almeida (2005, p.65-67)
143
justificar suas respostas. Esta mesma questão pode ser feita especificamente para materiais
do acervo, permitindo situar os pontos fortes e fracos de cada uma das coleções, ao invés
de colher opiniões gerais sobre a totalidade do acervo, que desconsideram suas diferenças
de qualidade. Ainda em relação ao acervo, cabe, em grande parte dos casos, explicitar o
critério de avaliação, cuja eficácia dependerá do nível de formação e discernimento do
respondente, uma vez que avaliar envolve questões mais complexas para o respondente
(ALMEIDA, 2005, p. 69). Em especial, na avaliação de satisfação, podem haver problemas,
pois alguns tipos de usuários tendem a expressar satisfação com os serviços prestados,
porém estas expressões de satisfação, embora possam ser gratificantes para o pessoal da
unidade de informação e sejam importantes para atestar o reconhecimento do público por
esforços empreendidos, não são úteis para melhorar a qualidade dos serviços. Por esta
razão, é preciso considerar alguns pontos no questionário, conforme Quadro 13 a seguir:
fazer a pergunta certa para quem, de fato, usou o serviço; convidar o entrevistado a
ser crítico;
concentrar-se em um serviço por vez, e não no todo, mesmo para comentários,
críticas e sugestões;
utilizar técnicas como: apontar o melhor e o pior aspecto nos diversos serviços;
apontar critérios de qualidade (por exemplo, em relação a um boletim: cobertura,
periodicidade, relevância, conteúdo, formato, distribuição, etc.);
fazer perguntas como ‘o que você gostaria que a biblioteca fizesse, que ela não faz
hoje?’
Fonte: Elaborado pela autora a partir de Almeida (2005, p. 65-67)
144
QUADRO 13 – Ações para realização do grupo focal
Ações para realização de grupo focal
1) definição do problema a ser avaliado;
2) estabelecimento de critérios norteadores das discussões;
3) elaboração de uma lista de questões abertas que servirão de base às discussões;
4) reunião de um pequeno grupo relativamente homogêneo de indivíduos que
compartilhem conhecimentos, experiências ou características;
5) definição de um moderador ou facilitador para conduzir a discussão, para encorajar a
participação de todos e interação do grupo;
6) incentivo à participação dos indivíduos na análise das informações registradas pelo
grupo e avaliador/pesquisador;
7) interpretação dos dados e informações coletadas;
8) elaboração, ao final, de um relatório com os resultados do grupo focal.
Fonte: Elaborado pela autora a partir de Almeida (2005, p. 70)
145
apresentam dados que refutam a hipótese. No caso das unidades de informação, a
observação participante permite o estudo tanto do desempenho do pessoal, quanto do uso
do acervo ou dos serviços prestados, no momento em que a ação ocorre, incluindo
perguntas súbitas, anotações de comentários em voz alta ou reclamações, comportamento,
pedidos de orientação aos funcionários, dentre outros (ALMEIDA, 2005, p. 72).
Para o diagnóstico de uma unidade de informação, os referidos instrumentos são
úteis pelos motivos que seguem. A entrevista é especialmente frutífera para levantar o perfil
dos funcionários que trabalham na unidade de informação e as atividades desempenhadas
por eles, bem como, suas opiniões sobre diversos aspectos da unidade e suas expectativas
e sugestões para um aprimoramento do desempenho da unidade. Além disto, o uso da
entrevista é adequado para estudos qualitativos de usuários da unidade de informação e, na
falta de outras fontes, pode ser instrumento para o levantamento de dados relativos ao
histórico da organização mantenedora e da unidade de informação, bem como, à estrutura
funcional e aos serviços (ALMEIDA, 2005, p. 64-65). Já o grupo focal, por trabalhar com
pequenos grupos, propicia um ambiente para as discussões fluírem de maneira espontânea,
encorajando seus membros a expressarem seus pontos de vista, favorecendo a participação
ativa e contribuindo para a obtenção de informações relevantes (revelações, opiniões,
sentimentos, impressões e atitudes), que talvez não fossem explicitadas em entrevistas
individuais e, muito menos, em questionários escritos. Sua dinâmica permite que o avaliador
capte como o assunto é percebido pelos participantes. Os dados e as informações gerados
pelo grupo focal, ao serem analisados, podem ajudar no planejamento, na tomada de
decisões, na avaliação de programas, produtos e serviços, no desenvolvimento de modelos
ou teorias e na construção de questionários para coleta de dados posteriores (ALMEIDA,
2005, p. 71).
Mesmo com todos os instrumentos de coleta de dados e informações apresentados,
Almeida (2005, p. 72) aponta que outras informações fundamentais para o diagnóstico
podem ser extraídas de fontes diversas como relatórios, regimentos, regulamentos, planos
de trabalhos, etc. Estes documentos podem fornecer dados e informações em relação ao
acervo, desde a aquisição até a circulação, aos recursos humanos, financeiros e materiais e
aos serviços. Os relatórios, quando respaldados em instrumentos de mensuração
adequados, constituem importante fonte de dados para subsidiar o planejamento. No
entanto, nem sempre constituem fontes confiáveis, pois, muitas vezes, não passam de
contagens que não fazem sentido, ou de estatísticas descuidadas, sem interpretações
adequadas, diz a autora.
Há que ser evidenciado que nenhum método de coleta de dados é adequado a todos
os problemas da unidade de informação, pois cada instrumento de coleta apresenta um tipo
de limitação. Por essa razão, a combinação de diferentes formas de coleta de dados pode
146
trazer melhores resultados, pois garantirá a credibilidade pela ‘triangulação’, isto é, a
possibilidade de confirmação de dados com o uso de outras técnicas ou em outras fontes
(ALMEIDA, 2005, p. 72).
Um último aspecto, bastante importante, ainda a ser considerado na coleta de dados
e de informações para o diagnóstico, é a definição da amostra e da forma de aplicação de
questionários e/ou entrevistas para as pesquisas de campo com um universo ou população
numerosa (ALMEIDA, 2005). Universo ou população é o conjunto de seres animados ou
inanimados que apresentam pelo ou menos uma característica em comum (MARCONI;
LAKATOS, 2006, p. 223). É aquele conjunto de informações que possibilitará a escolha da
amostra que deve ser representativa deste universo ou população. Amostra é uma parcela
convenientemente selecionada do universo ou população capaz de representá-lo no todo.
Amostragem estatística é o processo de definição de uma amostra (MARCONI; LAKATOS,
2006). A pesquisa de campo, quando lida com este tipo de situação, deve fazer a coleta por
amostragem, ou seja, por uma pequena parte dos elementos que compõem esse universo
ou população, que são capazes de representá-lo em sua completude. Trabalhar com
amostras se justifica pela falta de tempo e de recursos para a coleta de dados de todas as
fontes de informação de uma determinada população, uma vez que a partir da análise de
uma amostra, inferências e observações poderão ser feitas sobre a população. Por isto, ao
identificar uma amostra adequada, busca-se garantir a qualidade dos resultados. A busca de
uma amostra adequada implica algumas ações, conforme Quadro 15:
147
de cada elemento ser incluído na amostra. Os tipos mais comuns são: acidental (construída
por acessibilidade ou conveniência) e por tipicidade (quando se seleciona um grupo da
população que, conforme informações disponíveis, seja considerado representativo de toda
a população) (ALMEIDA, 2005, p. 73).
A amostragem estatística deve apresentar como características: representatividade,
nível de confiança e seleção aleatória. A representatividade de uma amostra em relação ao
seu universo ou população deve ser avaliada pelo grau de fidedignidade de suas
características em relação àqueles apresentados pelo seu universo ou população, de modo
que, a amostra terá as mesmas características do seu universo ou população que
representa. Já a confiabilidade é o grau em que os mesmos resultados são produzidos em
amostras diferentes do mesmo universo ou mesma população; tem a ver com a
consistência, estabilidade e precisão dos dados (ALMEIDA, 2005, p. 73, 74).
Esses fatores, ao lado do tamanho do universo ou população a ser pesquisada e do
erro máximo permitido, determinam o tamanho da amostra. É conveniente contar com a
assessoria de estatísticos na definição do tipo de amostragem e no cálculo da amostra, pois,
em muitos casos, essas atividades exigem procedimentos estatísticos especializados. Em
todo o caso, há na literatura especializada de estatística, fórmulas para cálculo de tamanho
de amostra que podem ser utilizadas pelos pesquisadores e pelos profissionais da área de
Biblioteconomia e Ciência da Informação (ALMEIDA, 2005, p. 74).
Depois de apresentar os diversos aspectos envolvidos na definição da metodologia a
ser utilizada para a coleta e análise dos dados e informações, deve-se definir, ainda na
etapa de elaboração do diagnóstico, os indicadores e medidas de desempenho.
Ainda no projeto de desenvolvimento do diagnóstico, a definição de indicadores e
medidas de desempenho, é o meio de determinar em que grau os objetivos da unidade de
informação são cumpridos, os serviços executados e os materiais colocados à disposição
dos usuários. Nesta atividade, ocorre a seleção de quais indicadores e medidas serão
necessárias e adequadas para descrever o desempenho da área em atenção. Os
indicadores devem apresentar credibilidade e devem ser válidas e úteis no planejamento da
unidade de informação e na tomada de decisões; por essa razão, convém utilizar medidas
previamente estabelecidas e padrões já validados na área (ALMEIDA, 2005, p. 63).
Por fim, no cronograma é feita a distribuição da execução das atividades no tempo e
apresentadas as tarefas a serem executadas, quem vai executá-las e o tempo de execução
de cada uma delas. A elaboração deste cronograma é uma das últimas ações na etapa de
elaboração do diagnóstico, que inclui também a definição da coordenação da equipe, a
definição das atividades a serem executadas por cada funcionário envolvido, a aplicação do
pré-teste e a definição dos recursos que serão necessários ao desenvolvimento do
diagnóstico. O cronograma permite o monitoramento do processo pelo coordenador da
148
pesquisa. A aplicação do pré-teste é uma atividade que é realizada antes da implementação
do diagnóstico, com o objetivo de testar o desenho e a metodologia do projeto deste
diagnóstico, a fim de propiciar a adequação dos instrumentos ou processos a serem
utilizados, bem como medir o tempo a ser gasto na avaliação diagnóstica (ALMEIDA, 2005,
p. 74). O pré-teste do questionário, por exemplo, permite detectar a complexidade das
questões, se há falta de clareza ou de precisão nestas, se há a necessidade de desmembrar
alguma das questões e a ordem delas, dentre outros aspectos. Um projeto adequado de
diagnóstico depende, necessariamente, de disponibilidade de tempo, de recursos humanos,
financeiros e materiais e de fatores políticos. Por isto, dependendo do caso, pode ser
preciso inserir no diagnóstico a especificação dos recursos necessários à sua
implementação (ALMEIDA, 2005).
Antes da próxima e última etapa da parte diagnóstico, é indispensável explicar e
esclarecer a todo o pessoal da unidade de informação a ser avaliada os objetivos e formas
de desenvolvimento do diagnóstico.
149
unidade em tela, levantando soluções exequíveis, que resolverão os problemas,
aperfeiçoando sua efetividade. Assim, almeja-se compreender de maneira aprofundada a
natureza e as causas dos problemas suscitados, por meio da análise e interpretação dos
dados e também aprofundando análises e comparando dados levantados, avaliando planos
de trabalho e relatórios, analisando o histórico da organização e da área de informação e até
mesmo recorrendo à literatura (ALMEIDA, 2005, p. 76, 77).
Segundo Almeida (2005), alguns aspectos fundamentais podem orientar a avaliação
diagnóstica de uma unidade de informação, que ela agrupa do seguinte: 1) subsídios para
avaliação do contexto informacional, da estrutura organizacional e dos recursos humanos; 2)
subsídios para a avaliação dos recursos informacionais, dos processos e dos produtos e; 3)
subsídios ao estudo de usuários potenciais e reais. Na perspectiva da autora são subsídios
para a avaliação do Grupo 1: a análise do ambiente, da organização mantenedora, da
unidade de informação (estrutura e poder decisório), dos serviços e dos recursos humanos.
Do Grupo 2: os recursos informacionais, os processos e os produtos. Do Grupo 3: o estudo
dos usuários reais e o estudo dos usuários potenciais. A autora afirma que, em muitos
casos, estes aspectos são apresentados sob a forma de um checklist, que pode ser
ampliado ou resumido, dependendo do tipo e da natureza da unidade de informação
analisada.
A perspectiva de Almeida (2005) é entendida do mesmo modo nesta pesquisa, no
entanto, algumas adaptações e acréscimos foram realizados. Assim. os aspectos citados
foram reagrupados e reordenados, com o objetivo de aproximar os aspectos que
apresentam maior relação entre si.
Dessa forma, propõe-se, nesta pesquisa, para a avaliação diagnóstica de uma
unidade de informação, aspectos relacionados a: contexto informacional, estrutura
organizacional, recursos (humanos, informacionais e físicos), serviços e produtos, processos
e usuários, os quais são apresentados nos próximos parágrafos.
Contexto informacional
A avaliação do contexto informacional refere-se à análise do ambiente. Esta análise
parte da assertiva de que a avaliação não existe desvinculada de seu contexto, pois
qualquer processo avaliativo inicia-se pela análise do ambiente, buscando identificar
oportunidades e ameaças à unidade. Uma organização possui interação com o seu
ambiente, pois não é autossuficiente e não existe isoladamente. A avaliação do ambiente,
neste caso, o externo procura avaliar o contexto informacional da área, bem como, as
necessidades de informação não expressas ou não supridas por outros serviços. Avalia o
que existe em termos de oferta de informações e serviços em determinada área, a que
públicos se destinam, como está operando, quais os custos e identifica o que falta. Essa
150
análise abrange tanto os serviços prestados por outras organizações como os serviços
disponíveis em outros meios (ALMEIDA, 2005, p. 76, 77).
Estrutura organizacional
A avaliação da estrutura organizacional ocorre sob mais de um viés, sendo
relacionada diretamente à localização que a unidade de informação ocupa na estrutura da
mantenedora e ao estudo do poder decisório da unidade e sua própria estrutura. Para tanto,
faz-se necessário a análise da mantenedora e a análise da unidade de informação.
A análise da organização mantenedora contribui para o seguinte preposto: para
que a unidade de informação possa ter um desempenho adequado, é preciso que os seus
profissionais conheçam a organização mantenedora, sua estrutura organizacional, seu
funcionamento, suas políticas e suas lideranças formais e informais. Assim, será possível
identificar as necessidades informacionais da mantenedora, que consequentemente irão
direcionar a atuação da unidade de informação (ALMEIDA, 2005, p. 77). Para isto, os
responsáveis pela unidade de informação devem seguir os seguintes passos, conforme
Quadro 16, a seguir:
151
seu desempenho e crescimento futuro. Nesta análise, os pontos fortes e fracos a serem
observados da estrutura organizacional são, dentre outros (Quadro 17, a seguir):
152
QUADRO 18 – Pontos fortes e fracos a considerar no diagnóstico: aspecto 'planejamento'
ASPECTO ANALISADO: PLANEJAMENTO
Deve-se observar: Pontes fortes Pontos fracos
Atividade contínua e Atividade eventual e restrita aos
Como ocorre?
participativa chefes
Elabora planejamento anual
Quando ocorre? Não elabora planejamento anual
de atividades
Planejamento alinhado à Planejamento não coerenteà
Alinhado à organização? missão e objetivos da missão e os objetivos da
organização organização
Fonte: Elaborado e adaptado pela autora a partir de Almeida (2005, p. 55)
Recursos
A análise dos recursos humanos tem por objetivo identificar a quantidade de
pessoas pertencentes ao quadro de pessoal da área de informação, a categoria ou o cargo
que ocupam, carga horária de trabalho, formação e atribuições desempenhadas. Além disto,
uma análise dos salários e das formas de contratação também é conveniente, uma vez que
estes dados podem servir como indicadores da valorização dos profissionais da área ou
constituir-se como fatores de seu descontentamento, o qual afeta, muitas vezes, seu
desempenho. Dito isso, conforme Almeida (2005, p. 79), recomenda-se: 1) comparar o perfil
do cargo com o perfil do funcionário, avaliando sua adequação à função e eventuais
necessidades de treinamento, educação continuada ou rodízio e; 2) identificar
satisfações/insatisfações dos funcionários em relação às atividades desempenhadas e
levantar suas opiniões e propostas para a melhoria do desempenho da unidade de
informação. Estes dados podem revelar com frequência funcionários em desvio de função,
outros subutilizados, outros marginalizados e ansiosos por uma oportunidade de
participação e outros desestimulados ou desinteressados (ALMEIDA, 2005, p. 79). Assim,
153
na análise dos recursos humanos, os pontos fortes e fracos a serem observados (Quadro
21, a seguir) são, dentre outros:
Planos de trabalho ----- Relatórios ----- Documentos que apresentem o histórico -----
Organograma ----- Manuais de serviço----- Fluxogramas ----- Normas -----
Procedimentos ----- Entrevista ou questionário com funcionários -----
Entrevista ou questionário com usuários ----- Grupos focais com funcionários e usuários
O confronto das respostas dos diversos funcionários entre si e com as respostas dos
usuários e de todos estes dados acima com as observações e com os demais dados
levantados podem permitir uma avaliação cuidadosa da unidade de informação (ALMEIDA,
2005, p. 79).
154
A análise dos recursos informacionais (coleções, bases de dados, e outros)
consiste na avaliação dos recursos informacionais da unidade de informação. Tal avaliação
não deve se limitar apenas à análise do acervo, mas inclui também as informações
disponibilizadas por meio de bancos de dados locais, bem como, aquelas acessíveis por
redes locais ou pela Internet. A avaliação do acervo tem como objetivo possibilitar uma visão
abrangente de todas as coleções, com uma avaliação do desenvolvimento deste acervo e
do nível de satisfação do usuário em relação a ele (ALMEIDA, 2005, p. 80). Nesta avaliação,
os pontos fortes e fracos a serem considerados (Quadro 21, a seguir) são, dentre outros:
As fontes de dados utilizadas para esta análise do acervo são (Figura 9 a seguir),
dentre outras:
FIGURA 9 – Fontes de dados para a análise do acervo
FONTES DE DADOS PARA ANÁLISE
Acervo
155
FIGURA 10 – Critérios de avaliação do acervo para criação de indicadores de desempenho
156
FIGURA 12 – Critérios de avaliação de bases de dados
Neste sentido, Lancaster (1997, p. 119) já apontava que uma base de dados
bibliográficos não pode ser avaliada de maneira isolada, mas sim em função da sua utilidade
ao responder as inúmeras necessidades de informação, conforme quatro critérios principais
em síntese: a) cobertura (o quanto é completo o conteúdo presente na base de dados de
determinado assunto); b) recuperabilidade/recuperação (o quanto de itens de um assunto
coberto pela base pode ser encontrado ou recuperado por meio de uma estratégia de busca
razoável; c) previsibilidade (ao fazer uso das informações da base, com que eficiência o
usuário pode aferir quais os documentos lhe serão úteis e quais outros não serão); d)
atualidade (a rapidez com que novas publicações são incluídas na base). Nota-se que
Almeida (2005) apresenta mais critérios que Lancaster (1997), embora alguns sejam
comuns entre os dois. No entanto, Almeida (2005) apresenta de maneira mais detalhada,
apontando aspectos básicos que envolvem a questão do planejamento.
A Internet é outro item que não pode deixar de ser mencionado quando se estuda
recursos informacionais de uma unidade de informação, já que esta também pode fornecer
recursos diversos, além das bases de dados já citadas. Os critérios de avaliação de
recursos informacionais disponíveis na Internet devem levar em consideração os seguintes
pontos, apresentados na Figura 13, a seguir:
157
A análise dos recursos físicos compreende o espaço físico e o mobiliário da
unidade de informação. Ao avaliar o espaço físico disponível, os pontos fortes e fracos a
serem observados são, dentre outros (Quadro 22 a seguir):
Serviços e produtos
Na análise dos serviços e produtos, deve-se mapear os serviços e produtos
existentes, objetivando avaliar a natureza das atividades e a dimensão da unidade de
158
informação. No caso dos serviços, questões podem ser utilizadas como um roteiro,
conforme Quadro 24, a seguir:
2) O que falta?
Nesta análise dos serviços prestados pela unidade de informação, alguns pontos
fortes e fracos devem ser levados em consideração (Quadro 25, a seguir), dentre outros:
159
FIGURA 14 – Fontes de dados para a análise dos produtos e serviços
FONTES DE DADOS PARA ANÁLISE
Produtos
1) título;
2) lay-out (atratividade, legibilidade, equilíbrio);
3) conteúdo (relevância, atualização, adequação de linguagem ao público-alvo);
4) ferramenta de busca, atentando-se para:
- Existe ou não? - é simples e eficaz?;
5) navegação (interatividades, links, facilidade de utilização)
6) ‘fale conosco’:
- Existe ou não? - São respondidos?
Fonte: Elaborado pela autora a partir de Almeida (2005, p. 86)
160
Este estudo do site pode ser realizado por meio de entrevistas individuais ou em
grupo, bem como de questionários aplicados ao público usuário do site e a especialistas. A
análise de dados quantitativos que indicam a utilização do site também não deve ser
negligenciada. Dados como número de acessos (visitas e páginas vistas), número de
postagens nas seções interativas (‘fale conosco’, fórum, etc.) e número de downloads de
publicações eletrônicas são as estatísticas mais comumente registradas e analisadas, que
podem ser informações úteis na avaliação diagnóstica do site da unidade de informação em
questão (ALMEIDA, 2005).
No tocante à avaliação de um serviço, esta é dada a partir da satisfação de seus
usuários, a ser tratada no estudo diagnóstico de usuários, abordado mais adiante.
Processos
A análise dos processos consiste na avaliação dos processos desenvolvidos na
unidade de informação, tais como: o de desenvolvimento de coleções, o de organização da
informação, o de realização do serviço de referência, o de recuperação e acesso à
informação, entre outros. Esta avaliação compreende analisar: as finalidades dos diferentes
processos, as rotinas, os recursos e os produtos (quantidade e qualidade). Em meio a isto
há a análise da própria automação destes processos, cujos pontos fortes e fracos a serem
observados durante a análise (Quadro 27, a seguir) são, dentre outros:
161
informação, o processo de realização do serviço de referência e, por fim, o processo de
recuperação acesso à informação.
A análise do processo de desenvolvimento de coleção inclui alguns aspectos a
serem considerados (Quadro 28, a seguir), dentre outros:
Baseado nas informações do Quadro acima é possível inferir que dentre os aspectos
apontados, alguns devem ser destacados como norteadores à avaliação diagnóstica de um
processo de desenvolvimento de coleção em uma unidade de informação, que é o
conhecimento e análise das políticas de formação e desenvolvimento de coleções,
identificando quem indica os materiais a serem adquiridos e como esta atividade é
desempenhada, no sentido de ter competência para executá-la, o tempo médio que se leva
entre o momento da indicação e sua respectiva aquisição, no que diz respeito à agilidade do
162
processo, os tipos de aquisição predominantes, o levantamento da quantidade de materiais
adquiridos anualmente em comparação com as indicações ou publicações no mesmo
período, além do levantamento do nível de satisfação dos usuários com o acervo.
No tocante à análise do processo de organização da informação numa unidade, há
alguns aspectos a serem considerados, dentre outros (Quadro 29, a seguir):
163
QUADRO 30 – Pontos fortes e fracos a serem observados na análise do processo de organização da
informação
ASPECTO ANALISADO: ORGANIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO
Deve-se observar: Pontes fortes Pontos fracos
Segue padrões adequados à
Padronização Não segue padrões
unidade de informação
Agilidade e Moroso, sem ser racional, apresentando
Ágil e racional
racionalidade duplicação de rotinas e esforço dobrado
Qualidade da Existe vocabulário
Não existe vocabulário controlado
indexação controlado adequado
Fonte: Elaborado e adaptado pela autora a partir de Almeida (2005, p. 54)
164
Dentre os aspectos apontados no quadro acima, alguns devem ser destacados para
uma avaliação diagnóstica adequada de um processo de realização de um serviço de
referência em uma unidade de informação que são: o levantamento do pessoal encarregado
de realizar as atividades da referência, em especial nos quesitos competência técnica,
especialidade para desenvolver as atividades e conhecimento da área de assunto, além do
estudo do tempo de respostas, buscando verificar o nível de agilidade do processo, o
levantamento do controle quantitativo e qualitativo das questões não respondidas,
identificando o porquê de não terem sido respondidas e providências a serem tomadas em
relação a isto, a avaliação e análise das formas e procedimentos voltados para orientação e
treinamento de usuários.
Por fim, a análise do processo de recuperação e acesso à informação na unidade de
informação, alguns pontos fortes e fracos devem ser observados, dentre outros (Quadro 32,
a seguir):
165
Usuários
A análise dos usuários é resultado dos estudos de usuários. O estudo de usuários
potenciais e reais busca construir uma compreensão de quem são os usuários reais
(aqueles que já utilizam os serviços e produtos ofertados pela unidade de informação) e os
usuários potenciais (aqueles a quem os serviços e produtos da unidade se destinam, mas
eles não os utilizam). Neste estudo, alguns pontos fortes e fracos devem ser considerados
(Quadro 33, a seguir), dentre outros:
De acordo com Almeida (2005), um dos critérios mais importantes para avaliar a
eficácia e a qualidade de um serviço é a satisfação do usuário. Logo, a qualidade aqui se
refere ao modo como o serviço é percebido pelo usuário que o recebe, ou seja, como algo a
que ele atribui valor. O conhecimento da satisfação do usuário de uma unidade de
informação é o principal indício e indicador de eficácia e qualidade dos serviços oferecidos.
Assim, para conhecer o nível de satisfação, é preciso que os profissionais, por exemplo, os
bibliotecários de uma biblioteca, conheçam seus usuários reais e potenciais. No entanto,
também é indispensável que os usuários conheçam os serviços e produtos da unidade de
informação. O problema está no fato de que, em geral, isso pode não ocorrer nas unidades
de informação, ou seja, não se conhece os usuários. As consequências disto serão, de um
166
lado, serviços e coleções subutilizadas, por não corresponderem à demanda real de uso por
parte dos usuários e, de outro, necessidades informacionais não satisfeitas ou não supridas
(FIGUEIREDO, 1990). Segundo Almeida (2005, p. 87), para solucionar este problema, deve-
se seguir as seguintes orientações: conhecer os usuários e saber como usam a informação
e capacitá-los a utilizar eficientemente a unidade de informação. Para tanto, faz-se
necessário desenvolver estudos de uso e de usuários, programas de educação ou
treinamento do usuário e programas de divulgação. Mas somente isto não é o suficiente: é
preciso alterar as formas de funcionamento da unidade de informação, no sentido de
capacitá-la a fornecer serviços eficazes. Assim, conhecer o usuário é primordial para
planejar novos serviços e produtos de informação e aprimorar os já existentes em uma
unidade de informação (ALMEIDA, 2005).
A seguir, a Figura 17 apresenta em síntese o que foi dito sobre a importância de se
buscar conhecer quem são os usuários da unidade de informação durante o diagnóstico:
167
FIGURA 17 – Processo de conhecimento do usuário de uma unidade de informação
PARA SOLUCIONAR
CONSEQUÊNCIA PROBLEMA
DEVE-SE
conhecer os usuários e saber como usam a informação e capacitá-los a utilizar
eficientemente a unidade de informação.
168
necessidades informacionais, preferências, opiniões e avaliações de usuários em relação
aos serviços e produtos oferecidos ou a serem oferecidos. Deste modo, os estudos de
usuários devem identificar quem usa o serviço (ou seja, os usuários reais), mas, também
devem identificar quem não usa, ou seja, os não usuários, ou usuários potenciais (segundo
adotado neste trabalho), ou seja, aqueles usuários que. A pesquisa de estudo de usuários
deve ser desenvolvida enfocando o usuário na sua utilização dos serviços, produtos ou
coleções da unidade de informação, identificando quais são os serviços, produtos e
coleções que usa, as razões pelas quais os utiliza e de que forma, o grau de satisfação com
cada serviço ou tipo de coleção oferecidos, além de identificar também as necessidades não
atendidas (FIGUEIREDO, 1990). Assim, o estudo de uso relaciona-se com questões de
utilização da unidade de informação no geral e o estudo de usuários está ligado ao
entendimento das necessidades de informação do usuário desta unidade em relação aos
produtos e serviços informacionais oferecidos. Já a pesquisa dos não usuários deve
preocupar-se, inicialmente, em identificá-los para, em seguida, levantar os motivos pelos
quais não utilizam os serviços, produtos ou coleções de determinada unidade de
informação. Também deve levantar as necessidades informacionais destes não usuários,
partindo do pressuposto de que precisam de algum tipo de informação. Neste momento,
será útil analisar as atividades profissionais dos não usuários, a fim de detectar qual o
momento oportuno que um bibliotecário, por exemplo, poderia realizar uma abordagem no
sentido de contribuir positivamente para o desempenho de sua função. Isso se justifica pelo
fato característico de que grande parte das pessoas desconhecem os serviços, produtos e
recursos que uma unidade de informação, seja uma biblioteca, centro de documentação ou
serviço de informação, pode lhes oferecer (FIGUEIREDO, 1990). No caso do Brasil, este
desconhecimento decorre da pouca vivência que se tem de biblioteca, por exemplo, ou, o
que é pior, de experiências negativas com estes serviços, resultante do estado precário em
que algumas unidades de informação se encontram, como as bibliotecas públicas, ou pela
quase inexistência de bibliotecas escolares, como coloca Almeida (2005). Por isto, vale
ressaltar que quando um usuário tem uma noção mais abrangente de um serviço de
informação, a contribuição para o diagnóstico será melhor.
Se o estudo dos usuários reais contribui para o aprimoramento dos serviços
prestados e para a definição de metas que respondam diretamente aos anseios desses
usuários, o estudo dos usuários potenciais possibilita, por sua vez, a definição de
estratégias que permitam incluí-los na cadeia de informação, ampliando o espectro de
abrangência da unidade de informação (ALMEIDA, 2005).
As fontes de informações para o estudo de uso e usuários são apresentadas na
Figura 18, a seguir:
169
FIGURA 18 – Fontes de informações para o estudo de uso e usuários
170
questões relacionadas à divulgação das coleções, serviços e produtos e à forma de
organização da coleção, as quais têm implicações diretas, respectivamente, no
conhecimento da unidade de informação e na facilidade de acesso ao material. Por fim, por
afetarem o uso dos recursos informacionais e o comportamento do usuário, as questões
relacionadas às políticas e aos regulamentos da unidade de informação também devem ser
avaliadas (ALMEIDA, 2005).
Comunicação
Na análise da comunicação da unidade de informação, penúltimo aspecto deste
checklist, devem ser observados os seguintes pontos, (Quadro 35, a seguir), dentre outros:
171
ponto forte se ela ocorre de maneira regular e visto como ponto fraco se ela é quase
inexistente (ALMEIDA, 2005).
Avaliação
Por fim, o último aspecto, que perpassa todos os aspectos apresentados: a avaliação
que a unidade de informação realiza. Seus pontos fortes e fracos a serem considerados na
análise diagnóstica são, dentre outros (Quadro 36, a seguir):
Há que salientar que todos os aspectos a serem analisados devem partir de critérios
já apontados e, se possível, consolidados na literatura da área. Assim, os avaliadores ou os
responsáveis pelo diagnóstico devem estar preparados no sentido de serem, primeiro,
conhecedores de todos os aspectos em análise e, segundo, conhecedores da literatura que
aponta parâmetros para os referidos aspectos.
Do modo exposto, uma avaliação diagnóstica adequada de uma unidade de
informação depende das referidas análises arroladas. Conforme Almeida (2005), após a
identificação dos problemas durante a análise e interpretação dos dados deve-se fazer a
hierarquização de todos os problemas que foram identificados e as soluções viáveis para
eles. Isto se constituirá em um guia para a definição das prioridades do planejamento.
4.1.4 Roteiro
172
Quanto à proposta desenvolvida pela autora, sintetizamos como segue. O
documento do diagnóstico deve conter uma parte introdutória, com os objetivos do
diagnóstico, a justificativa para sua realização, suas hipóteses e a metodologia para a coleta
de dados e informações. Em seguida, uma segunda parte relativa aos contextos
organizacional e informacional, em que devem ser apresentados os dados relativos à
organização à qual está subordinada a unidade de informação, incluindo um histórico
resumido, missão, visão e objetivos, área de atividade, análise da estrutura organizacional e
pessoal. Após situar o contexto organizacional da unidade de informação, é necessário
situá-la em seu contexto informacional, apresentando análise dos recursos informacionais
(fontes de informação, bases de dados, etc) da unidade de informação, envolvendo a
análise de eventuais sistemas ou redes a que a unidade esteja ligada ou de atividades
cooperativas de que participe. Nesta mesma parte, seguem-se a descrição e a análise dos
objetivos, da estrutura, dos recursos (humanos, físicos, financeiros e materiais) e dos
serviços e produtos da unidade de informação. Por fim, ainda nesta parte, devem ser
apresentados os dados sobre os usuários potenciais e reais da unidade de informação,
inclusive dados quantitativos e qualitativos, com base em informações levantadas a partir de
estudo do perfil destes, bem como de suas expectativas e níveis de satisfação com os
serviços oferecidos. A parte final consiste nas conclusões, que devem fazer menção às
hipóteses e questões de pesquisa levantadas, trazendo uma reflexão sobre os dados
levantados, articulando-os com o cruzamento de informações e por observações que
mereçam ser destacadas. Também nesta parte final devem ser trazidas as recomendações,
que delineiam rapidamente possíveis propostas de intervenção, inclusive fornecendo
subsídios ao desenvolvimento de um plano de trabalho ou projeto específico. Nos anexos do
documento de diagnóstico, devem ser incluídos o questionário ou roteiro de entrevista
utilizados, quadros e tabelas, e outros dados que complementem o texto (ALMEIDA, 2005,
p. 90-91).
Depois de pronto o documento de diagnóstico, o processo de avaliação ainda não se
encerra, pois algumas providências devem ser tomadas e são absolutamente indispensáveis
para garantir que este diagnóstico seja lido e possa gerar planos e projetos que interfiram na
realidade encontrada na unidade de informação. A primeira destas providências é a redação
de um segundo documento, chamado documento gerencial, que é o resumo do documento
completo de apresentação do diagnóstico. Este documento gerencial é dirigido à alta
direção da organização a que pertence a unidade de informação, objetivando auxiliar
decisões gerenciais de mudança da realidade encontrada. A versão completa do diagnóstico
deve acompanhar o documento gerencial (ALMEIDA, 2005).
Outra providência consiste em promover uma apresentação formal e uma discussão
do diagnóstico com o pessoal da unidade de informação. Isto permitirá que os problemas e
173
soluções encontrados sejam compreendidos e discutidos com o pessoal envolvido,
garantindo a continuidade do processo de planejamento. Todo o esforço, neste momento,
deve ser feito no sentido de que os problemas não fiquem apenas no papel, por mais difícil
que seja o movimento em direção à mudança (ALMEIDA, 2005).
A partir da análise dos dados e informações obtidas com o diagnóstico, da
elaboração do documento de apresentação do diagnóstico e do documento gerencial, bem
como, das providências tomadas, será possível proceder à elaboração do projeto de
planejamento, com o fim de viabilizar a implantação de ações de reformulação de processos
da unidade de informação.
174
que quanto maior for o conhecimento da realidade social e do contexto em que este for
aplicado, maior será a sua probabilidade de sucesso (ALMEIDA, 2005, p. 93, 94).
Há na literatura inúmeros autores que mencionam as etapas de um projeto e,
existem, algumas variações conceituais. Neste sentido, Almeida (2005) propõe uma
proposta para o contexto das unidades de informação, colocando que as etapas de
elaboração do projeto compreendem: 1) definição do objeto e objetivos; 2) planejamento das
ações e atividades; 3) planejamento de recursos 4) planejamento da capacitação da equipe
de implementação; 5) planejamento da avaliação; 6) planejamento das estratégias de
disseminação e comunicação e; 7) redação do projeto (ALMEIDA, 2005).
175
objetivos gerais e específicos a serem alcançados com o desenvolvimento do projeto
(MOURA; BARBOSA, 2012). O objetivo geral identifica resultados finais esperados, ou, em
outras palavras, indica, de forma abrangente, o que se pretende conseguir com a execução
do projeto. Os objetivos específicos são desdobramentos do objetivo geral e contribuem
para dar maior clareza em relação ao que se pretende com o projeto e se refere a
resultados parciais a serem alcançados, orientando as ações para que o projeto atinja seu
objetivo geral (ALMEIDA, 2005). Ao formular objetivos, devem ser considerados seis
princípios, conforme Quadro 38, a seguir:
Deste modo, os objetivos de um projeto devem ser coerentes com o contexto em que
são traçados, pertinentes à expectativa identificada, aceitados por todos, exequíveis e
simples. Moura e Barbosa (2012) apresentam algumas orientações para a elaboração dos
objetivos, como: evitar o uso de expressões que possam dar margem a diferentes
interpretações; utilizar verbos que representem ações diretas; apresentar cada objetivo com
um só propósito, ou seja, segundo ações distintas; e utilizar a fórmula verbo + objeto +
contexto, para que cada expressão represente exatamente e claramente o objetivo
proposto.
A definição dos objetivos de um projeto exige ainda a definição do seu foco. O foco
de um projeto refere-se à delimitação da área de atuação e o alcance deste projeto, sendo
um fator relevante para a sua exequibilidade. Projetos sem foco não são projetos
(MAXIMIANO, 2002, p.47).
A última ação na etapa de definição do objeto e dos objetivos do projeto é a
determinação das metas, que por sua vez são determinadas na definição dos objetivos
176
específicos do projeto. As metas referem-se à quantificação do objetivo traçado para o
projeto, em espaço e tempo determinados (ALMEIDA, 2005).
Em síntese, a etapa apresentada (definição do objeto e dos objetivos do projeto)
ocorre da seguinte forma, conforme visualizada na Figura 19, a seguir:
Vale ressaltar que, a partir dessa primeira etapa, embora o processo de elaboração
do projeto exija um fluxo lógico e racional, nem sempre o planejamento das etapas se
desenvolverá de forma linear, pois os vários elementos interagem entre si numa construção
dinâmica do projeto. Assim, para ilustrar, embora prazos e recursos humanos sejam dois
itens distintos do projeto, são interdependentes, pois à medida que se aumenta o número de
profissionais na equipe, por exemplo, pode-se reduzir a duração do projeto. Neste caso, a
decisão que deverá constar do projeto será tomada a partir de uma avaliação destas duas
variáveis conjugadas com aspectos relacionados ao cronograma de desembolso ou à
disponibilidade de postos de trabalho (computadores, suficiência de espaço, etc.) para uma
equipe mais numerosa (ALMEIDA, 2005, p. 96, 97).
177
4.2.2 Etapa do planejamento das ações e atividades
178
4.2.3 Etapa do planejamento de recursos
179
No item dos recursos institucionais, especificam-se as mudanças necessárias para
adequar os instrumentos existentes às necessidades do projeto, e propõe-se a elaboração e
aprovação de novos instrumentos jurídico-administrativos que permitam sua implementação
(ALMEIDA, 2005, p. 107).
No item dos recursos organizacionais, é informada qual estrutura organizacional é
necessária ao desenvolvimento do projeto, considerando-se que nem sempre os órgãos
existentes dão conta das funções que deles espera o projeto. Nestes casos, pode ser
necessária uma reestruturação administrativa, tanto para criar novos serviços como também
para desativar ou fundir serviços existentes, ou, ainda, modificar as atividades a serem
desempenhadas pelas diversas áreas da organização ou da unidade de informação
(ALMEIDA, 2005, p. 107).
Ao final desta etapa, será possível ter uma visão dos custos do projeto e, se
necessário, o cronograma de desembolso destes custos. Recomenda-se que o quadro de
recursos seja construído a partir das atividades. Para isto, identificam-se as tarefas
envolvidas em cada atividade e todos os recursos humanos, físicos e materiais necessários
à sua realização. Em seguida, com base em parâmetros de custo previamente definidos
pela equipe, discriminam-se os recursos financeiros, ainda por atividade. Finalmente, o
quadro é analisado em bloco (pois vários itens servem a mais de uma atividade) e os
recursos são agrupados a fim de consolidar o quadro final e fornecer elementos para a
montagem do orçamento, que reúne as despesas por categorias, sejam elas: recursos
humanos, despesas operacionais ou de custeio e despesas de capital ou investimento. Em
recursos humanos, incluem-se as despesas com a equipe de trabalho do projeto (pessoal
permanente, pessoal temporário, consultoria e estagiários) e com os programas de
treinamento ou capacitação que se façam necessários. As despesas operacionais ou de
custeio incluem material de consumo e serviços necessários ao desenvolvimento do projeto,
além de diárias, prêmios, passagens e outras despesas de locomoção. As despesas de
investimento incluem aquisição de material permanente (mobiliário e equipamento),
reformas e obras. A especificação destas despesas resulta da avaliação cuidadosa da
necessidade de mudança no espaço físico (ampliação, reforma, adaptação) e nas
instalações, de forma a possibilitar a implementação do projeto (ALMEIDA, 2005, p. 100,
101). Pode-se afirmar que as despesas operacionais, de custeio e de investimento referem-
se aos recursos físicos e materiais do projeto.
Todas as despesas previstas no orçamento devem ser cuidadosamente registradas
ao longo da elaboração do documento do projeto. Devem constar da documentação do
projeto, que reúne os parâmetros e os preços usados como referência para o projeto,
servindo como memória dos cálculos. Embora não conste do documento final do projeto, a
previsão de despesas é indispensável na negociação com eventuais financiadores, bem
180
como no posterior gerenciamento do projeto. Daí porque essa previsão deve constar da
documentação do projeto (ALMEIDA, 2005).
A denominação das categorias de despesas pode variar em algumas organizações e
por isto é importante que o projeto respeite a denominação vigente utilizada, até porque esta
denominação será usada no processo de prestação de contas da organização. No caso de
projetos financiados por terceiros (agentes financiadores, por exemplo, e outros parceiros)
deve ser respeitada a denominação utilizada por estes, adequando-a para os processos
internos. Quando um projeto possui vários parceiros no projeto, é indispensável que sejam
especificadas as diferentes contribuições de cada um destes (ALMEIDA, 2005, p. 101).
A necessidade de recursos que não envolvam custos diretos para o projeto, como é
o caso de recursos institucionais e organizacionais, também deve ser levantada nessa etapa
de planejamento, afirma Almeida (2005, p. 101). Os recursos institucionais referem-se a
mecanismos (convênios, acordos, comissões, etc.) e a normas ou legislação que viabilizem
ou favoreçam o projeto e serão ou não necessários dependendo da natureza do projeto e
das condições institucionais. Já os recursos organizacionais referem-se à estrutura
organizacional necessária ao desenvolvimento do projeto, considerando-se que nem sempre
os órgãos existentes dão conta das funções que deles espera o projeto. Neste caso, por
exemplo, uma reestruturação administrativa pode ser necessária, tanto para criar novos
serviços quanto para desativar ou fundir serviços existentes, ou, ainda, modificar as
atividades a serem desempenhadas pelas diversas áreas (ALMEIDA, 2005, p. 101, 102). A
autora coloca que, muitas vezes, projetos de informação de maior porte não são bem-
sucedidos por terem subestimado a importância destes recursos, pois, frequentemente,
acontece de o projeto não conseguir a infraestrutura necessária à sua implantação definitiva,
que é garantia de sua continuidade. Com isto, o projeto pode até chegar a ser desenvolvido,
mas dura apenas enquanto houver alguém que o lidere e, literalmente, o sustente. Sem ser
institucionalizado, ou seja, sem estar realmente incorporado à organização e assumido por
ela, pode ser visto apenas como um projeto pessoal, portanto, com dias contados de
existência (ALMEIDA, 2005).
181
de implementação, pois as principais decisões já terão sido tomadas pelo grupo
(responsáveis e equipe). No entanto, isto nem sempre é viável, pois, muitas vezes, o projeto
é desenvolvido por consultores externos e a equipe é contratada somente após a aprovação
do projeto. Neste caso, a melhor alternativa é apresentar detalhadamente o projeto à
equipe, permitindo espaço para sua discussão, no bojo de um programa de capacitação,
que deve prever também um processo de sensibilização e comprometimento com a missão
do projeto e seus resultados, além do treinamento em métodos e procedimentos. A
capacitação constitui, assim, um fator fundamental para o sucesso do projeto (ALMEIDA,
2005, p. 99).
182
No final do processo de planejamento, a avaliação permite comparar resultados
esperados e alcançados, conhecer o nível de satisfação do público-alvo e os efeitos do
planejamento na unidade de informação, na organização e no ambiente. Logo, a avaliação é
parte do processo do planejamento e da tomada de decisões, sendo, portanto, necessária à
revisão de objetivos, à tomada de decisão, ao processo de escolha de prioridades, à
redefinição de métodos e processos técnicos e operacionais, ou seja, a avaliação ajuda a
rever objetivos e metas, ao direcionamento ou redirecionamento da execução de ações,
atividades ou programas, tanto operacional quanto estratégico (ALMEIDA, 2005).
183
QUADRO 39 – Redação do documento do projeto: questões a serem respondidas e suas partes
184
atingidos. Já a eficiência refere-se ao processo de alcance dos objetivos, levando em conta
a relação entre os recursos (financeiros, materiais e humanos) aplicados e os benefícios
alcançados, pois a gestão de um projeto será ou terá sido eficiente quanto menor for o seu
custo e maior o benefício alcançado, no contexto dos objetivos fixados (ALMEIDA, 2005, p.
14).
Sendo assim, verificou-se que a elaboração do projeto é um processo integrado
cujos elementos devem ser cuidadosamente equacionados para se chegar aos resultados
esperados.
4.2.8 Roteiro
185
QUADRO 40 – Alguns elementos que podem ser utilizados para identificar um projeto
186
exemplo, em bibliotecas públicas, a análise de contexto deve descrever as condições
socioeconômicas e os principais problemas sociais da região onde será inserido o projeto,
as características da população local (número de habitantes, distribuição por faixa etária,
grau de escolaridade, principais ocupações, etc.), bem como os equipamentos
educacionais, culturais e de lazer existentes e as condições de acesso a estes
equipamentos. Esta análise deve se fundamentar em indicadores sociais significativos, que
deem conta de situar o problema enfocado pelo projeto (ALMEIDA, 2005, p. 104). Deste
modo, é possível inferir que a análise de contexto é uma análise estratégica, uma vez que
analisa o ambiente, seja interno ou externo, em que o projeto será implementado.
Nos objetivos do projeto, parte 5, relacionam-se o que se quer atingir com o projeto.
Não se deve confundir os objetivos da unidade de informação com os objetivos do projeto.
Conforme já mencionado, o projeto terá um objetivo geral e outros tanto específicos, que
são o desmembramento do geral (ALMEIDA, 2005).
No público-alvo do projeto, parte 6, devem ser descritas as características dos
beneficiários diretos e indiretos do projeto (ALMEIDA, 2005).
Em justificativa do projeto, parte 7, deve ser demonstrada a necessidade de
realização do projeto, quanto à sua capacidade de transformar a realidade, apontada nos
itens relativos à análise do contexto e da organização. Devem ser aqui apresentadas as
vantagens decorrentes da implantação do projeto de forma a obter uma resposta definitiva
para a seguinte questão: para que o projeto? Para tanto, a justificativa deve ser
fundamentada por dados levantados no diagnóstico, que permitirão comprovar as vantagens
da implantação do projeto. Além dos dados qualitativos, de caráter mais subjetivo, serão
sempre úteis os dados quantitativos (pessoas a serem beneficiados, custo e maximização
de uso dos recursos informacionais, etc.). Dados extraídos de indicadores sociais e da
literatura especializada também podem ser de grande utilidade como suporte à justificativa
(ALMEIDA, 2005).
De acordo com Almeida (2005, p. 106), ao ressaltar a relevância do projeto para a
solução dos problemas apontados no diagnóstico, a justificativa deve procurar enfatizar o
impacto do projeto, a vantagem estratégica que poderá trazer, os benefícios sociais que
deverá trazer, etc., além de ser fundamentada em critérios de viabilidade do projeto, como
os que seguem no Quadro 41 abaixo:
187
QUADRO 41 – Alguns critérios de viabilidade de um projeto
ALGUNS CRITÉRIOS DE VIABILIDADE DE UM PROJETO
Oportunidade;
Possibilidades concretas de se cumprirem prazos;
Coerência com políticas gerais da organização;
Compatibilidade com o contexto social, econômico, técnico e político
vigente;
Possibilidade de aceitação por parte dos envolvidos (usuários e
funcionários envolvidos nas ações);
Data de elaboração do projeto.
Fonte: Elaborado pela autora a partir de Almeida (2005,p. 106)
QUADRO 42 – Modelo de quadro para visualizar o encadeamento dos objetivos específicos com as
ações e destas com as atividades, os resultados e metas a serem alcançados
PROJETO: Informar aqui o título do projeto
OBJETIVO GERAL: informar aqui o objetivo geral do projeto
Objetivos Resul- Respon- Início da Fim da
Ativi- Observa
específi- Ações tados e sável ativi- ativi-
dades ções
cos metas (eis) dade dade
Discrimi- Discrimi- Rela- Rela- Rela- Data Data
nar todos nar as cionar cionar cionar prevista prevista
os ações todas resul- os para o para o
objetivos necessá as ativi- tados e respon- início da término
específi- -rias ao dades metas sáveis ativi- da ativi-
cos do cumpri- neces- previs- por cada dade dade
projeto mento sárias tos ativi-
de cada para para dade
objetivo que a cada
ação se ativi-
realize dade
Fonte: Adaptado pela autora a partir de Almeida (2005, p. 106)
188
Nos recursos do projeto, parte 10, deve-se contemplar e descrever todos os recursos
necessários à execução do projeto, uma vez que todo projeto exige recursos para sua
implementação. Assim, nesta parte devem constar os recursos humanos, físicos, materiais,
institucionais e organizacionais necessários ao desenvolvimento e implementação do projeto
(ALMEIDA, 2005).
O orçamento do projeto, parte 11, refere-se à estimativa dos custos do projeto. Deve
ser apresentado em quadro que indique os recursos necessários à execução do projeto,
especificados, por item, elemento ou categoria de despesa, e por fonte, isto é, por origem de
recursos, pois nem todos provêm da mesma fonte. Todos os custos do projeto devem ser
aqui discriminados e não somente para aqueles para os quais for preciso financiamento
externo. Deve ficar clara a contribuição de cada parceiro do projeto e, no caso de projetos
de financiamento, a contrapartida da própria organização executante (ALMEIDA, 2005, p.
108).
No sistema de avaliação e acompanhamento do projeto, parte 12, é descrita a
metodologia, as estratégias e o instrumental necessários ao acompanhamento e avaliação
do processo de implementação do projeto e dos resultados alcançados. Apresenta
indicadores quantitativos e qualitativos definidos para cada ação, a serem utilizados para
monitorar o processo e avaliar os resultados. Este sistema é elemento indispensável ao
andamento adequado e ao sucesso do projeto, já que permite a correção de eventuais
desvios durante o processo, bem como a revisão de procedimentos e a realimentação do
projeto, de forma a não se desviar dos objetivos e metas traçados (ALMEIDA, 2005, p. 109).
Pode ser resumido em uma matriz avaliativa, contendo os aspectos a serem avaliados e os
indicadores a serem utilizados, conforme a sugestão do Quadro 43, a seguir:
189
Por fim, Almeida (2005) orienta que o texto de um projeto deve ser claro, objetivo e
sucinto. Assim, para permitir uma compreensão imediata de textos longos, sugere-se sua
substituição por quadros e tabelas.
Em síntese ao que foi exposto, o roteiro proposto por Almeida (2005) para estruturar
o documento do projeto ficaria conforme apresentado no APÊNDICE C.
No APÊNDICE D segue um exemplo, desenvolvido por Almeida (2005, p. 111), de um
resumo do planejamento de um projeto a partir do objetivo específico. Neste exemplo, a
autora orienta ainda que pode ser acrescentada uma coluna para indicar os responsáveis
pelo desenvolvimento de cada atividade. O cronograma pode constituir quadro separado,
contendo apenas a coluna atividades e os períodos de desenvolvimento do projeto
(APÊNDICE B). Neste caso, constam do quadro-resumo apenas as datas de início e fim
previstas para cada atividade (ALMEIDA, 2005, p. 111). Percebe-se que este quadro-
resumo, proposto pela autora, proporciona uma visão geral do planejamento do projeto.
190
5 CATEGORIZAÇÃO DA LITERATURA SOBRE PLANEJAMENTO EM UNIDADES DE
INFORMAÇÃO
191
para ambientes de informação de cunho bibliográfico, como bibliotecas, centros de
documentação, outros. Para a diversidade de instituições tidas como ambientes específicos
de acesso e uso à informação, dá-se o nome genérico de unidades de informação, no
entanto, à falta de conceituações generalistas, capazes de englobar todos os tipos
específicos de unidades de informação. Foi recorrente encontrar na literatura frases,como:
‘unidades de informação são arquivos, museus e bibliotecas’ ou ‘unidades de informação
são organizações que se denominam como bibliotecas, sistemas de informação, serviços de
informação, núcleo de informação, centro de informação’, dentre outros. Este tipo de
enunciado apenas enumera os tipos predominantes, sem trazer uma conceituação
propriamente dita para o termo. Com a pesquisa, ficou evidente a necessidade de adoção
de um termo genérico capaz de fazer referência aos diversos tipos de sistemas e serviços
bibliográficos, haja vista que a consolidação de um campo de estudo, neste caso, quanto às
unidades de informação, exige terminologia que responda pelo modo como ele se manifesta
socialmente.
A literatura consultada também reforçou o entendimento de que o uso qualificado da
informação demanda a constituição de ambientes de trabalho específicos. Deste modo, o
termo ambiente é utilizado, no âmbito da Biblioteconomia e Ciência da Informação, para
indicar contextos informacionais, pois contempla aspectos relacionados a sujeitos que
representam, armazenam, recuperam, acessam, usam, modificam e voltam a armazenar
informações que dizem respeito a alguma experiência informacional, marcadamente
humana e que se dá no tempo, no espaço, na história e na cultura. Assim, nesta
perspectiva, as unidades de informação são ambientes específicos de acesso à informação
para seu uso qualificado.
Uma perspectiva que também vale destacar é a do documento, uma vez que ela
auxilia o entendimento do conceito em questão, quando se utiliza o termo centro
documentário em referência aos arquivos, museus, bibliotecas e centros de documentação e
informação. São considerados centros documentários aqueles cuja base de ações é sempre
o documento, em qualquer suporte e modo de expressão da informação, como a textual,
gráfica, sonora ou imagens em movimento. Neste caso, assume-se uma derivação do termo
documento para a denominação que as congrega, ou seja, todas elas seriam centros
documentários.
Por fim, são tratados os sistemas de informação, haja vista que a ideia de sistema é
essencial para abordar o conceito que permite explorar o termo unidade de informação.
Sistema de informação, deve ser compreendido como um encadeamento de
relacionamentos de entidades (que inclui um ou mais elementos de informação), capaz de
proporcionar acesso a um ou mais corpos de conhecimento, atuando como um mecanismo
que permite que indivíduos se informem e informem uns aos outros. Qualquer sistema de
192
informação pode ser caracterizado como uma série de componentes que têm relações entre
si, podendo ser físico ou social, conforme sua natureza. A relação entre os componentes de
um sistema define o seu propósito coletivo e a sua função. Assim, todo sistema de
informação funciona baseado em propósitos pré-estabelecidos, possui componentes
interativos e humanos e está constantemente sujeito a mudanças, não sendo, de forma
alguma, estático. Esta perspectiva parte da noção de sistemas, que culmina com uma das
características da atividade de documentação, que é a de se constituir como um sistema
técnico-social composto por um conjunto de elementos: pessoas (que buscam informação),
objetos materiais (como documentos e ferramentas utilizadas para tratá-los) e
conhecimentos técnicos (necessários ao tratamento dos objetos). Estes elementos estão
ligados entre si, de modo a serem interdependentes e arranjados com vistas a alcançar um
objetivo, neste caso, o de obter informação.
No Brasil, o termo unidades de informação foi localizado na literatura por volta da
década de 1990, quando foi utilizado para se referir especificamente aos ambientes de
informação localizados em empresas: a unidade de informação se referia a um setor da
organização que se ocupava do gerenciamento das informações organizacionais. Para
tanto, a gestão da uma unidade de informação deve compreender um conjunto de funções e
técnicas integradas, que possam ser aplicadas pelos gerentes, visando garantir que a
organização a qual pertence funcione e possa alcançar os objetivos e propósitos que ela
persegue, de maneira satisfatória. Deste modo, as unidades de informação devem ser
agressivas, de maneira a acompanhar a organização em seu crescimento para efetivamente
contribuírem para o seu sucesso, tornando-se imprescindíveis às organizações. O termo
unidades de informação, concebido no contexto das organizações, está ligado à perspectiva
do gerenciamento das informações produzidas no interior da organização para dar suporte
ao processo de tomada de decisão em tempos de mudanças, permitindo ou não vantagem
competitiva.
Por fim, as unidades de informação são entendidas como instituições que têm como
objetivo principal ofertar produtos e serviços que permitam aos seus usuários o acesso às
fontes de informação, que atenderão às suas necessidades informacionais específicas. É
esta perspectiva que deve sempre estar no centro das reflexões, pois as unidades de
informação existem para atender as necessidades informacionais dos seus usuários, ou
seja, esta deve ser sua razão de existir.
A partir do que foi visto na literatura pesquisada, é possível constatar que, embora
termos diferentes sejam utilizados, os autores falam de unidades de informação, ora como
um nome genérico para bibliotecas e sistemas congêneres de informação bibliográfica, às
vezes envolvendo arquivos e museus, ora como unidades de gestão da informação
193
organizacional. No entanto, o limite entre uma abordagem e outra não é claro e se
apresenta como algo a ser ainda estudado e problematizado no campo.
Em conclusão, notou-se que há escassez na literatura de conceitos generalizantes,
capazes de contemplar os tipos de unidades de informação e as suas respectivas
especificidades e características. Houve dificuldade em localizar na literatura conceitos para
o termo unidades de informação, sendo recorrentes definições que traziam os tipos
predominantes e não um conceito propriamente dito. Mesmo diante destes problemas, foi
possível desenvolver alguns elementos para uma aproximação conceitual ao termo unidade
de informação.
Para o desenvolvimento desta subcategoria, utilizou-se o seguinte referencial teórico
(Quadro 44, a seguir):
Esta subcategoria discorre sobre os tipos a partir dos quais o termo unidades de
informação foi proposto no contexto específico do campo, ao mesmo tempo indicando o
recorte definido para a pesquisa. Um destes ambientes é a biblioteca, talvez o mais
emblemático, sendo abordado inicialmente, seguido de centro de documentação, que na
atualidade é uma tipologia de menor destaque no Brasil, mas pertinente quando se discorre
sobre tipos de unidades de informação. Em seguida, é abordado o centro de informação,
194
que na literatura pesquisada é apresentado sob perspectivas contrárias àquelas dos centros
de documentação, mas ambos são tratados na pesquisa, pois também contribuem para
compreender as tipologias de unidades de informação.
Uma biblioteca é uma coleção ou conjunto de coleções de livros e/ou outros
materiais impressos ou não impressos, organizados e mantidos para uso de leitura,
consulta, estudo, pesquisa, entre outros. São organizadas para facilitar o acesso e uso a
informação de um grupo de usuários. Uma biblioteca, para existir como tal, exige
intencionalidade política e social, envolvendo um acervo e os meios para sua constante
renovação, uma organização e sistematização deste acervo, uma comunidade de usuários,
efetivos ou em potencial, com necessidades de informação conhecidas ou pressupostas e,
por fim, a existência de um local ou espaço físico, onde se dará o encontro entre os usuários
e os serviços da biblioteca. Uma biblioteca tem como objetivo promover o uso efetivo de sua
coleção, as quais devem ser constituídas, segundo as necessidades de informação de seus
usuários, devendo ter sempre ao seu dispor serviços organizados com grau elevado de
eficácia, eficiência e efetividade. Também é preciso que haja na biblioteca mecanismos de
seleção e descarte adequados, prevendo o crescimento incessante da coleção, ou seja, a
biblioteca não deve ser um mero local de custódia ou guarda de materiais, mas sim um
espaço de promoção de novos conhecimentos. Enfim, a sobrevivência das bibliotecas ao
longo do tempo, frente às mudanças políticas, sociais e tecnológicas, demonstra a
capacidade delas em se adaptarem às novas realidades que lhes são impostas, mas,
sobretudo mostra o seu papel relevante na sociedade como um todo, representando a
memória coletiva de um grupo social e, por extensão, da própria humanidade.
Uma unidade de informação do tipo centro de documentação deve ser entendida
como uma organização especializada em receber, processar, preservar, resumir e indexar
publicações, geralmente dentro de um campo de pesquisa e estudo, que proporciona a seus
usuários, normalmente cientistas e técnicos, documentos altamente especializados e
atualizados nas questões estudadas ou pesquisadas por eles. Geralmente, os seus acervos
caracterizam-se por publicações periódicas e materiais da chamada literatura cinzenta, entre
outros. Seus serviços compreendem oferecer aos seus usuários documentos especializados
e atualizados, incluindo traduções, referências e resumos de documentos referentes a uma
ou mais áreas de conhecimento, tanto em âmbito nacional, como internacional.
Já um centro de informação deve ser compreendido como aquela unidade de
informação que desenvolve produtos de informação especializados para o uso interno ou
externo da organização ou para usuários individuais. Objetiva atender às necessidades de
seus usuários por informação específica. Para tanto, envolve o tratamento e serviços de
informação factual; a realização de trabalhos de divulgação da ciência e tecnologia, sem
necessariamente ter coleções próprias, apoiando-se na infraestrutura informacional local,
195
territorial, nacional e internacional; a prestação de serviços de informação para a tomada de
decisões; a prestação de serviços de consultoria especializada, dentre outros.
Na atualidade, os referidos tipos de unidades de informação estão em processo de
transformação. Em termos conceituais, as bibliotecas permanecem emblemáticas da
constituição do campo, de tal modo que a literatura pesquisada apresenta características
bastante abrangentes sobre elas, permitindo contemplar os outros tipos de sistemas e
serviços bibliográficos. Por sua vez, para a observação dos centros de documentação e dos
centros de informação, valeria considerar uma abordagem mais empírica, haja vista que
estas unidades já não são tão presentes como em outros tempos, sendo substituídas de
algum modo, por centros de memória, por exemplo, que são uma espécie de arquivo
histórico, museu e centro de documentação, às vezes tendendo mais para um que para
outro.
Para a construção da subcategoria explanada acima, utilizou-se o seguinte
referencial teórico, conforme Quadro 45 a seguir:
196
instalações, seus orçamentos e serviços, bem como os projetos em andamento e os futuros.
Elas se encontram inseridas na chamada sociedade da informação e do conhecimento, na
qual informação e conhecimento são tidos como recursos estratégicos, que embora possam
agregar vantagem competitiva às organizações e ao contexto em que estão inseridas, não
prescindem da consideração dos aspectos éticos e sociais que envolvem o acesso à
informação. Isto remete, consequentemente, em pensar e refletir sobre o papel ético e social
das unidades da informação, buscando permitir que a informação e seus benefícios sejam
acessíveis por todos sob uma ótica de pluralismo e de participação, sobretudo em países
menos desenvolvidos. Dito isto, têm se destacado na atualidade as preocupações em
permitir acesso livre à informação e o reconhecimento da necessidade de capacitação que
conduza ao uso qualificado da informação.
Em meio a esse cenário, mudanças de natureza interna podem impactar diretamente
as unidades de informação. Estas mudanças originam-se de fenômenos ocorridos no interior
das próprias unidades e se referem às necessidades de preparação dos profissionais que
atuam em unidades de informação, em função dos novos modelos de gestão. Os modos de
gestão que são requeridos às unidades de informação, frente ao novo quadro social, às
tecnologias e ao mercado de informação, demandam novas formas e métodos de atuação,
uma vez que, a organização tradicional, hierárquica, piramidal, com excesso de ordens e
com comunicação interna deficiente, dá lugar a uma organização de caráter horizontal.
Em relação às mudanças de natureza externa, estão dentre outras questões a
defesa da gratuidade dos serviços das unidades de informação de caráter público,
necessários à sociedade como um meio capaz de permitir o acesso e uso da informação
pelos cidadãos. Sabe-se que em momentos de cortes orçamentários, a importância destes
serviços para o cidadão é negligenciada Desse modo, a defesa da gratuidade destes
serviços deve pautar-se pelo reconhecimento das unidades de informação como recurso
público de valor econômico indireto capaz de propiciar a capacitação dos cidadãos em
relação à informação. Isso porque, as unidades de informação são essenciais para uma
sociedade da informação aberta e democrática, proporcionando uma cidadania bem
informada e um Estado transparente.
Em síntese, frente às inúmeras mudanças, de natureza interna e externa, as
unidades de informação podem atuar de maneira pontual, imediata e intuitiva, com ações de
curto prazo, passíveis de solucionar de maneira rápida problemas que surgem no dia a dia
de suas atividades, à medida em que eles acontecem, ou, de outro modo, enfrentar as
mudanças, considerando um bloco estruturado de ações de curto, médio e longo prazos,
que alicerçado pelo planejamento, permite estabelecer os objetivos que desejam alcançar e
os respectivos meios de alcançá-los, adaptando-se às mudanças.
197
O desenvolvimento desta subcategoria foi possível, utilizando o seguinte referencial
teórico (Quadro 46):
198
5.2.1 Subcategoria Origens
199
especial nas bibliotecas universitárias, por serem unidades de informação mais estruturadas
e organizadas, bem como, nos centros de documentação que também tiveram suas
atividades influenciadas pelo pensamento administrativo da época.
A literatura consultada mostrou que antes de 1940 ainda era escassa a atenção dada
às questões de administração e gerenciamento das bibliotecas. Nessa época, as bibliotecas
se limitavam ao armazenamento de livros, cuja única preocupação era manter a biblioteca
aberta, já que sua concepção social como algo útil para a sociedade já lhe garantia a
continuidade de seus recursos. Assim, somente as bibliotecas maiores faziam uso dos
métodos e técnicas administrativas para o desenvolvimento de suas atividades, uma vez
que possuíam equipes com muitos funcionários, grandes orçamentos e coleções,
requerendo dos seus diretores uma postura de gerenciamento, em que tinham que delegar
autoridades e atividades para o funcionamento da unidade de informação que gerenciava.
Notou-se que, até os anos de 1940, a gestão das bibliotecas se baseou mais no modo como
as atividades eram realizadas no dia-a-dia da biblioteca, do que pela adoção de métodos
administrativos ao ambiente das bibliotecas.
Após a Segunda Guerra Mundial, com a reconstrução dos países devastados, o
quadro descrito acima passa a mudar, com orçamentos maiores, permitindo a criação de
novas bibliotecas, o que se estendeu pelas décadas de 1950 e 1960. É neste período que
os bibliotecários passam a aplicar métodos e técnicas científicas de gerenciamento ao
ambiente das bibliotecas. No entanto, somente a partir da década de 1970 é que tem início
o desenvolvimento de uma teoria unificada de administração de bibliotecas, apresentada
como um processo composto por funções variadas, sendo uma delas o planejamento. Mais
tarde, em 1980, se desenvolve o planejamento estratégico como um meio para potencializar
o processo decisório das unidades de informação, proporcionando definir estratégias frente
às necessidades de adaptar-se ao ambiente de mudanças no qual as unidades, em especial
as bibliotecas e centros de informação, também estão inseridas. Nesta mesma década,
foram aplicadas ao ambiente das unidades de informação outros métodos e técnicas
administrativas como as de marketing (como ferramenta para conhecer as necessidades de
informação da comunidade de usuários para a qual a unidade, no caso a biblioteca, oferece
seus serviços), de descentralização e de administração por objetivos (como formas de
buscar maior participação e envolvimento das pessoas na consecução dos objetivos
traçados na unidade de informação, principalmente, num momento de crescentes exigências
e necessidade de provar o seu valor em termos de resultados atingidos), de avaliação e
análise de custos (em que a informação passa a ser vista como um recurso de valor para o
mercado, pois gera custos), e de qualidade total (em que unidades de informação alcançam
a satisfação dos seus usuários, tendo na gestão da qualidade um aspecto fundamental de
estratégia global da unidade).
200
A literatura consultada aponta que, nas décadas de 1970 e 1980, a adoção das
técnicas e métodos administrativos ao contexto das unidades de informação foram
diretamente influenciadas pela introdução das novas tecnologias aos ambientes das
bibliotecas e pelas restrições financeiras na alocação de recursos para estas unidades de
informação. Isso fez com que os profissionais bibliotecários adotassem uma atitude mais
comercial para as unidades de informação sob sua responsabilidade, passando a utilizar
técnicas e ferramentas do mundo dos negócios para alcançar a eficácia e a eficiência, em
especial o uso do planejamento.
Com base na literatura pesquisada, ficou evidente que a adoção das ideias e
métodos administrativos à área de Biblioteconomia e Ciência da Informação tem como pano
de fundo principal a afirmativa de que a função administrativa é inerente às unidades de
informação desde a sua concepção e criação, uma vez que, de outro modo, dificilmente a
unidade poderá desenvolver as suas atividades de maneira adequada para alcançar os seus
objetivos com eficácia, eficiência e efetividade.
Para a construção da subcategoria explanada acima, utilizou-se o seguinte
referencial teórico, conforme Quadro 47 a seguir:
201
contexto desta Teoria que o planejamento surge pela primeira vez nas Teorias do
pensamento administrativo, sobretudo, com a ideia de que o homem, por ser
eminentemente racional, ao tomar uma decisão, conhece todos os cursos de ação
disponíveis e suas respectivas consequências, podendo selecionar sempre a alternativa
mais adequada e maximizar os resultados de sua decisão de escolha por uma ou outra
alternativa. Neste sentido, o pensamento central desta Teoria resume-se ao fato de que um
administrador ou um gerente será competente à medida que seus passos ou cursos de ação
forem planejados de forma cuidadosa e racional. Para isto, o gerente deve obedecer certos
Princípios da Administração Científica, dentre eles o Princípio do planejamento, em que o
gerente deve substituir a atuação empírica no trabalho pela adoção de métodos baseados
em procedimentos científicos, substituindo o improviso pela ciência. Assim, pode-se afirmar
que o planejamento tem sua origem no contexto da Escola de Administração Científica, mas
somente na Escola Clássica de Administração é que ele passa a ser reconhecido e
explicitado.
Na Escola Clássica de Administração, o planejamento é reconhecido como um dos
processos que envolvem a função gerencial. Esta Teoria surge em meados de 1916, na
França, originada das consequências da Revolução Industrial na Europa, em que o
crescimento acelerado e desorganizado das organizações exige uma administração mais
científica e menos empírica, proporcionando condições iniciais para o planejamento,
sobretudo do planejamento da produção, que naquela época era algo urgente. Nesta Teoria,
são estabelecidas as funções administrativas exercidas em uma empresa. Estas funções
correspondem às funções do administrador, sendo uma delas o planejar que significa pensar
de maneira antecipada o que se deseja alcançar e determinar os meios e recursos para
concretizar esse desejo. Há ligação considerável entre a função planejar e as demais, uma
vez que não adianta planejar se não se controla o que foi planejado e é impossível controlar
o que não foi planejado. Como as outras funções (técnicas, comerciais, financeiras,
contábeis e de segurança) eram mais conhecidas que as funções administrativas, acredita-
se que Fayol (1975) tenha dedicado mais estudos a estas funções, incluindo as de
planejamento.
Mais tarde, no final do século XX, o planejamento é novamente enfatizado, com a
Teoria Neoclássica da Administração, que se desenvolve a partir de um movimento
chamado Escola do Processo Administrativo. Para esta Teoria, o processo administrativo é
composto de funções administrativas, sendo uma delas o planejamento.
Diante do exposto, é possível observar no Quadro 48, a seguir que, no contexto do
pensamento administrativo, o planejamento surge e se desenvolve pela primeira vez nas
seguintes Teorias:
202
QUADRO 48 – Surgimento do planejamento nas teorias do pensamento administrativo
203
Neste sentido, cada trabalhador tem que ser selecionado e treinado com cuidado para que
possa realizar da melhor maneira um trabalho específico. Em linhas gerais, esta Escola
contribui na análise de cada uma das diversas atividades de trabalho que a unidade de
informação tem a desenvolver, no que tange à identificação das atividades, ao cálculo do
tempo médio a ser gasto para executá-las, à mensuração da quantidade de trabalho que o
trabalhador é capaz de realizar em um dia, entre outros.
A terceira teoria da Administração que colabora para a aplicação do planejamento às
unidades de informação é a Escola Burocrática de Max Weber, a qual oferece contribuições
no que se refere às regras e procedimentos em relação à condução das atividades em uma
unidade de informação, proporcionando uma maior especialização e padronização do
trabalho, bem como estabelecendo princípios de hierarquia de gestão. Uma unidade de
informação administrada burocraticamente é capaz de alcançar o mais alto grau de
eficiência e controle sobre os seres humanos, uma vez que, regras existem para serem
cumpridas inevitavelmente e obrigatoriamente, já que o seu descumprimento pode impactar
diretamente a imagem institucional da unidade, a convivência entre os indivíduos que
compõem sua equipe de trabalho e a qualidade dos serviços prestados.
A quarta teoria é a Escola das Relações Humanas, de Elton Mayo, cujas
contribuições estão relacionadas a fatores que envolvem a moral e as relações satisfatórias
entre os membros da equipe de trabalho. Com base nesta Escola, a administração de uma
unidade de informação será eficaz se compreender a conduta da equipe de trabalho,
envolvendo, para isto, questões de motivação, de direção e de comunicação adequadas.
Deve-se considerar que os seres humanos são essencialmente sociais, que cada ser
humano é único em si mesmo e que as operações e ações desenvolvidas na unidade
envolvem também os elementos sociais.
Por fim, a Escola da Teoria da Decisão ou Teoria Comportamental, de Herbert Simon,
refere-se ao entendimento do processo de tomada de decisões, pois seja qual for o
problema a ser enfrentado, a tomada de decisão adequada passa, primeiro, pela
identificação e diagnóstico do problema para o qual a decisão precisa ser tomada; segundo,
pela geração e avaliação de soluções alternativas para o resolver o problema; terceiro, pela
seleção e avaliação da melhor decisão, dentre as alternativas levantadas e; quarto, pela
implantação da decisão. O gerente da unidade de informação deve ter em mente que decidir
implica acertar sobre o que deve ser feito para resolver o problema, quem deve fazê-lo,
quando e onde será feito, bem como, de que maneira será realizada a decisão adotada.
Logo, a tomada de decisão afeta essencialmente toda a unidade de informação.
Para a construção dessa subcategoria, utilizou-se o seguinte referencial teórico,
conforme Quadro 49 a seguir:
204
QUADRO 49 – Referencial teórico da subcategoria Escolas de pensamento
a) definição de objetivos;
b) ambiente do planejamento;
c) dimensão temporal do planejamento;
d) integração das funções do planejamento.
205
QUADRO 50 – Estudos iniciais do aspecto definição de objetivos
SUBCATEGORIA: ENFOQUES DE ESTUDO
Aspecto
Autor Ênfases dos estudos
estudado
Parte do pressuposto de que antes mesmo dos objetivos
serem definidos, diversos fatores que podem afetar o
futuro da organização ou os seus cursos de ações devem
ser analisados de maneira cuidadosa.
Fator humano, levando em consideração as características
Melville C. e atitudes do pessoal envolvido, já que isto pode afetar
Branch, diretamente a coordenação, a integração e o
em 1965 gerenciamento das atividades de planejamento dentro da
organização empresa.
Uso de métodos quantitativos para avaliar os resultados
Definição obtidos com a utilização das medidas implementadas e as
de possibilidades possíveis da aplicação da tecnologia nos
objetivos processos e atividades da empresa.
Processo mental envolvido na definição de objetivos e do
Brian W.
desenvolvimento da teoria do planejamento estratégico
Scott,
aplicado às grandes organizações.
em 1965
Visão global do planejamento estratégico na organização.
Definição da função básica do dirigente: desenvolver a
estratégia global da organização, apontando como a
Igor
estratégia deve ser desenvolvida e, permanentemente,
Ansoff,
ajustada a mudanças, como devem ser previstas
em 1965
estratégias alternativas e qual o papel dos objetivos no
contexto de planejamento.
Fonte: Dados da pesquisa
206
O aspecto da dimensão temporal do planejamento está ligado ao tempo de
realização das ações de implementação do planejamento, levando em conta o mais remoto
alcance de futuro de um plano, ou seja, é o ‘horizonte do planejamento’. É por meio desta
dimensão que período e intervalo de tempo passam a ter importância no processo de
planejamento. Os estudos iniciais neste aspecto e seus respectivos autores e ênfases estão
no Quadro 52, a seguir:
207
QUADRO 53 – Estudos iniciais do aspecto integração das funções do planejamento
SUBCATEGORIA ENFOQUES DE ESTUDO
Aspecto
Autor Ênfases dos estudos
estudado
Parte do pressuposto de que há mais chances de
se obter sucesso no planejamento se as suas
Gilmore e funções, juntamente com as atividades
Brandenberg, desencadeadas e geradas pelas ações executadas
em 1962 isoladamente, estiverem integradas ao
Stanford, do planejamento global da organização.
Stanford Integração dos planos de organizações
Research subordinadas.
Integração Institute, em Busca por operação integrada das atividades.
das funções 1963 Busca por centralização de informações e da
do coordenação.
planejamento Anthony, em Planejamento integrado, seja de longo, médio e
1964 curto prazos.
Dinamicidade do planejamento (a organização
Steiner, em mantém uma avaliação dinâmica do que é
1969 executado, identificando erros e sucessos, que
Hardy em subsidiam a sua orientação para o futuro da
1972 organização).
Preocupação com a comunicação e a divulgação
sobre o ciclo de planejamento na organização.
Fonte: Dados da pesquisa
208
A direção como uma função administrativa que conduz uma
unidade de informação para os seus objetivos, mediante o
Direção planejamento, a organização e o controle. Isto implica
capacidades de motivação e de liderança da pessoa que exerce
esta função na unidade.
A tomada de decisões que implica selecionar e eleger a decisão
Tomada de adequada ao problema a ser resolvido, considerando as
decisões condições do ambiente em que se insere e as possibilidades
alternativas de soluções.
Recursos As pessoas que trabalham na unidade de informação,
humanos consideradas como o recurso mais importante que esta possui.
Recursos O dinheiro ou capital para realizar a administração da unidade de
financeiros informação, considerando questões de orçamento e seu controle.
ou finanças
O marketing como parte da estratégia da unidade de informação,
exigindo planejamento, uma vez que, toda proposta de novos
serviços deve estar em consonância com a missão e objetivos da
unidade e da organização a qual está subordinada.
O marketing como uma técnica que pode trazer um entendimento
Marketing
da relação entre a unidade de informação e o seu entorno, para
além da venda e da promoção.
O marketing como estratégia da unidade de informação para
garantir posições de mercado viáveis e programas para a
sobrevivência e sucesso da própria unidade.
A comunicação como uma função essencial da unidade de
informação, envolvendo a direção (seus canais de comunicação
servem para comunicar ordens e para receber e emitir
Comunicação
informações), a organização (sua estrutura comunica a todos da
hierarquia da organização), as relações de trabalho, as relações
com clientes e o marketing e a imagem institucional.
O controle que busca antecipar-se às condições futuras e corrigir
Controle
os desvios detectados antes de serem irreparáveis.
Estabelecimento de normas e parâmetros de medição,
recompilando, analisando e organizando todos os dados
possíveis dos pontos que se deseja controlar.
Comparação dos objetivos para saber se existem desvios,
Avaliação
verificando seu alcance.
Correção dos desvios o quanto antes para assegurar a
adequação aos objetivos e, consequentemente, alcançar aquilo
que foi definido.
Incorporação da filosofia da qualidade no ambiente das unidades
Gestão da
de informação.
qualidade
Adoção de políticas de gestão de qualidade total na melhoria dos
total
serviços oferecidos, focando nas necessidades dos usuários.
Fonte: Dados da pesquisa
209
QUADRO 55 – Referencial teórico da subcategoria Enfoques de estudo
a) ação global;
b) ferramenta frente às incertezas do futuro;
c) seleção dos melhores cursos de ação;
d) trabalho essencialmente criativo;
e) atividade contínua.
210
QUADRO 56 – Subcategoria Características gerais do planejamento
SUBCATEGORIA CARACTERÍSTICAS GERAIS
Característica Descrição da característica
O planejamento como ação global abrange todos e cada um
dos aspectos intrínsecos da razão de ser e de existir da
Ação global
unidade de informação, tomando-a no todo coerente e
homogêneo.
Ferramenta O planejamento é uma ferramenta útil para preparar as
frente às unidades de informação a enfrentarem de maneira positiva
incertezas do as situações adversas e as incertezas do futuro, com
futuro possibilidades de obtenção de sucesso.
Seleção dos
Planejar é escolher, levando-se em conta o quanto a unidade
melhores
de informação será afetada com a escolha que será feita.
cursos de ação
O trabalho do planejamento é essencialmente criativo, uma
Trabalho
vez que é gerador de uma diversidade de ideias, de
essencialmente
imaginação e de reflexão, as quais, após uma análise e
criativo
avaliação detalhadas, mostram-se viáveis ou não.
O planejamento como atividade contínua significa que este é
realizado frequentemente como uma outra atividade
Atividade qualquer da unidade de informação, pois é esta continuidade
contínua que permite ao gerente determinar o melhor uso dos
recursos e consequentemente tomar decisões mais
acertadas.
Fonte: Dados da pesquisa
211
QUADRO 58 – Referencial teórico da subcategoria Características gerais
212
Conjunto de declarações escritas de maneira formal sobre as
intenções da unidade de informação em relação a
determinado assunto, indicando os meios e a forma de como
atingir aquilo que foi proposto nos objetivos da unidade.
Diretrizes para os planos gerais de ação, como guias
Políticas genéricos que definem linhas orientadoras da tomada de
decisão da unidade de informação.
Fronteiras dentro das quais as decisões poderão ser tomadas
pela unidade de informação, baseadas em princípios com
regras para a ação, contribuindo para o sucesso dos
objetivos traçados.
Formas de atuação estabelecidas por critérios, em que se
define em detalhe o que pode e o que não pode ser feito na
unidade de informação.
Métodos para a execução de atividades rotineiras da unidade
Procedimentos
de informação, que explicam a forma exata de como uma
atividade deve ser executada e a sequência em que cada
uma destas rotinas e respectivas ações devem ser
executadas.
Orientação para a realização de uma ação ou rotina dentro
Regras de limites permitidos pela unidade de informação, mas sem
especificar a sequência cronológica desta ação ou rotina.
Elemento que expressa de maneira concreta o propósito
geral do planejamento, com a programação das ações e
atividades necessárias para execução do processo na
unidade de informação de planejamento. O plano se
desdobra em programas.
Instrumento de trabalho que funciona como meio para
Plano alcançar os objetivos determinados, assegurando a execução
do planejamento na unidade de informação.
Produto do planejamento que oferece uma estrutura de
referência para a tomada de decisão, com forte compromisso
com a mudança, controlando-a para que tudo ocorra de
maneira ordenada e seja eficaz para a unidade de
informação.
Elemento de descrição do tempo de realização das
Cronograma atividades de cada etapa do processo de planejamento da
unidade de informação.
Elemento de descrição dos valores a serem gastos com cada
Orçamento recurso necessário à implementação do planejamento na
unidade de informação.
Fonte: Dados da pesquisa
213
5.3 Categoria Aplicação do planejamento no contexto das unidades de informação
214
quantidade significativa de publicações. No entanto, notou-se que há certa carência de
estudos sobre o seu percurso teórico-conceitual em relação à literatura sobre planejamento
tradicional.
O planejamento tático se dá no nível hierárquico intermediário da organização, no
âmbito dos departamentos ou setores, localizado no meio da pirâmide organizacional. Tem
como objetivo decompor os objetivos, as estratégias e as políticas definidas no
planejamento estratégico, buscando a interpretação das decisões estratégicas tomadas,
traduzidas em planos detalhados, que precisam ser executados de maneira integrada e
internamente coordenada.
O planejamento operacional, localizado na base da pirâmide organizacional, logo
abaixo do planejamento tático, corresponde à realização imediata de uma atividade ou
tarefa ou operação específica do dia a dia da organização. Ele ocorre basicamente quanto
ao ‘o que fazer’ e ‘como fazer’ o que tem que ser feito, buscando otimização e maximização
de resultados. Possui alto grau de detalhamento para o desenvolvimento das atividades,
cuja ineficácia de execução pode impactar significativamente o andamento dos
planejamentos tático e estratégico, uma vez que, é no planejamento operacional que se
concretiza a certeza e regularidade das ações planejadas de maneira estratégica, ou seja, é
o fazer de fato as ações estratégicas definidas.
Há, ainda, outra perspectiva de aplicação do planejamento na sua área de origem,
também bastante predominante na literatura consultada, que é a do planejamento de nível
macro e de nível micro, em que o primeiro é orientado a países, regiões, estados, cidades, e
o segundo é destinado às organizações individualizadas.
Em síntese, o Quadro 61 a seguir traz as perspectivas de aplicação do planejamento
a partir dos níveis organizacionais e níveis de abrangência:
215
QUADRO 61 – Síntese das perspectivas de aplicação do planejamento na sua área de origem
- macro Macroplanejamento
abrangência
Níveis de
- micro Microplanejamento
217
QUADRO 63 – Terceira perspectiva de aplicação do planejamento em unidades de informação
218
QUADRO 64 – Quarta perspectiva de aplicação do planejamento em unidades de informação
219
QUADRO 65 – Quinta perspectiva de aplicação do planejamento em unidades de informação
Tipo Descrição
Consiste no planejamento do espaço físico da unidade de
informação.
Planejamento do Expressa as necessidades físicas para a unidade de
informação.
espaço físico
Leva em consideração a acessibilidade aos espaços físicos
definidos para a unidade de informação, atentando-se aos
usuários portadores de necessidades físicas.
Consiste no planejamento de produtos e de serviços em uma
unidade de informação.
Planejamento de Tem como foco os produtos e serviços que se pretende
oferecer aos usuários reais e potenciais da unidade de
produtos e informação.
serviços Expressa que a oferta de produtos e de serviços em uma
unidade de informação envolve uma série de atividades para
o desenvolvimento destes, com qualidade, alcançando,
consequentemente, eficácia e eficiência.
Consiste no planejamento dos recursos humanos, materiais e
financeiros necessários para a execução das atividades
definidas nos objetivos traçados pela unidade de informação.
Prevê a quantidade de pessoas que será necessário para a
Planejamento de
execução de cada atividade definida.
recursos Auxilia na definição do perfil de funcionário mais adequado
para realização de determinadas atividades, buscando maior
produtividade.
Visa eficiência no uso dos recursos disponíveis da unidade
de informação.
Consiste no planejamento dos processos de produção e
Planejamento de
distribuição dos produtos e serviços.
operações Auxilia na definição dos procedimentos de realização das
operações da unidade de informação.
Consiste no planejamento das formas de acompanhamento e
Planejamento de avaliação do desenvolvimento das atividades definidas nos
objetivos traçados pela unidade de informação.
avaliação e Dá suporte à continuidade dos planos definidos pela unidade
acompanhamento de informação.
Auxilia na melhoria da realização do planejamento da
unidade de informação.
Fonte: Dados da pesquisa
220
QUADRO 66 – Sexta perspectiva de aplicação do planejamento em unidades de informação
Tipo Descrição
Tem como foco a estrutura necessária ou disponível para a
Planejamento realização das atividades.
Consiste em realizar o esboço da estrutura disponível na
organizacional
organização capaz de permitir que sejam alcançados os
objetivos previstos.
Consiste na combinação de todos os planos existentes e o
Planejamento processo pelo qual todos os planos internos se integram ao
planejamento institucional/estratégico.
global
Apresenta uma visão do todo em relação ao planejamento
desenvolvido na unidade de informação.
Fonte: Dados da pesquisa
221
Para a construção da subcategoria perspectivas de aplicação do planejamento na
sua área de origem no contexto das unidades de informação, utilizou-se o seguinte
referencial teórico, conforme Quadro 68 a seguir:
222
QUADRO 69 – Categoria Proposta de aplicação do planejamento em unidades de informação: partes
do processo
CATEGORIA: PROPOSTA DE APLICAÇÃO DO PLANEJAMENTO EM UNIDADES DE
INFORMAÇÃO
Partes do processo
Do que se trata e o que faz?
de planejamento
Processo sistematizado, com tempo e espaço definidos,
de avaliação da unidade de informação e respectivos
serviços.
Momento de identificação da situação ou problema da
unidade de informação.
Levantamento de informações e dos fatos ou questões
que envolvem a situação ou problema identificado na
unidade de informação, com análise profunda.
Intervenção na rotina das atividades da unidade de
informação, utilizando métodos específicos e adequados
para avaliar a sua situação atual.
Diagnóstico Busca compreender a natureza e as causas dos
problemas da unidade de informação.
Identifica formas de solucionar os problemas da unidade
de informação, trazendo sua eficácia e eficiência.
Objetiva identificar pontos fortes e fracos na estrutura e
no funcionamento da unidade de informação.
Permite comparar a situação atual da unidade de
informação com a situação desejada para ela num futuro
próximo.
Permite avaliar a eficácia dos serviços prestados pela
unidade de informação, baseado em um critério ou em
uma combinação de critérios.
Unidade elementar do processo de planejamento.
Conjunto sistematizado de ações e recursos para a
consecução de objetivos concretos, perfeitamente
especificados e destinados a gerar benefícios para a
unidade de informação.
Resposta a um problema ou conjunto de problemas
concretos da unidade de informação, previamente
identificados no seu diagnóstico.
Projeto Executa o processo de mudança da situação encontrada
na unidade de informação, conforme constatado e
analisado na parte do diagnóstico.
Permite o desenvolvimento de ideias e, posteriormente,
das ações para a solução dos problemas prioritários da
unidade de informação, concretizando a mudança
necessária.
Gera transformações benéficas na unidade de
informação.
Fonte: Dados da pesquisa
223
QUADRO 70 – Categoria Proposta de aplicação do planejamento em unidades de informação: etapas
da parte de diagnóstico
CATEGORIA: PROPOSTA DE APLICAÇÃO DO PLANEJAMENTO EM UNIDADES DE
INFORMAÇÃO
Parte diagnóstico
Etapas Ações e atividades
Identificação da área com problema e os respectivos
aspectos a serem avaliados na unidade de informação.
Alinhamento dos objetivos organizacionais e os da unidade
de informação.
Analisa os objetivos, metas e prioridades da unidade de
informação.
Início da revisão de literatura para conhecer as novas
tendências na área, os padrões desenvolvidos, as
metodologias que foram utilizadas, bem como as
experiências que outras unidades de informação tiveram com
problemas similares e os principais desafios, analisando as
Preparação
diversas formas de aproximação ao problema e os resultados
alcançados por unidades de informação.
Criação de um cenário positivo, que incentive a avaliação
diagnóstica.
Definição da equipe que deverá liderar o processo de
avaliação diagnóstica e sua capacitação, esclarecendo a
todo o pessoal da unidade de informação sobre os objetivos
e formas de desenvolvimento do diagnóstico.
Esclarecimento ao pessoal da unidade de informação sobre
os componentes básicos do processo de diagnóstico.
Definição dos objetivos, caso ainda não estejam definidos.
Elaboração do plano de desenvolvimento do diagnóstico da
unidade de informação.
Explicitação e redação dos objetivos do diagnóstico.
Explicitação e redação do problema ou questões de pesquisa
do diagnóstico.
Explicitação e redação das hipóteses de trabalho para o
Elaboração
diagnóstico.
Definição e redação da metodologia a ser utilizada para a
coleta e análise de dados.
Definição e redação dos indicadores de desempenho a
serem utilizados.
Definição e redação do cronograma do diagnóstico.
Coleta de dados.
Implementação
Interpretação dos dados coletados.
Fonte: Dados da pesquisa
224
QUADRO 71 – Categoria Proposta de aplicação do planejamento em unidades de informação: etapas
da parte de projeto
CATEGORIA: PROPOSTA DE APLICAÇÃO DO PLANEJAMENTO EM UNIDADES DE
INFORMAÇÃO
Parte Projeto
Etapas Ações e atividades
Definição do objeto do projeto.
Definição dos objetivos do projeto.
Definição do Escolha do público-alvo.
Definição dos objetivos específicos e das metas a serem
objeto e alcançadas.
objetivos Discussão das ideias, soluções e caminhos e explicitação de
conceitos e princípios que servirão de base ao desenvolvimento
do projeto.
Definição do escopo do projeto, sua abrangência ou seu foco.
Definição das ações e atividades a serem desenvolvidas,
distribuídas no tempo e no espaço.
Definição das estratégias e métodos de trabalho a serem
Planejamento utilizados para realização das ações e atividades definidas.
Definição da estimativa do período de duração das ações e
das ações e atividades.
atividades Elaboração do cronograma do projeto.
Início do processo de definição dos recursos necessários ao
projeto.
Identificação de fatores externos relevantes para o êxito do
projeto.
Definição dos recursos humanos, que implica definir,
quantitativamente e qualitativamente, o pessoal necessário ao
desenvolvimento do projeto.
Definição dos recursos humanos, que implica discriminar a área
física necessária à implementação do projeto, seja a disponível
ou a prever uma complementar.
Definição dos recursos materiais necessários a execução do
projeto.
Definição dos recursos institucionais, que implica especificar as
Planejamento mudanças necessárias para adequar os instrumentos existentes
às necessidades do projeto, propondo inclusive elaborar e
de recursos
aprovar novos instrumentos jurídico-administrativos que permitam
sua implementação.
Definição dos recursos organizacionais, que implica informar qual
estrutura organizacional é necessária ao desenvolvimento do
projeto, considerando-se que nem sempre os órgãos existentes
dão conta das funções que deles espera o projeto.
Reestruturação administrativa, caso a estrutura organizacional
existente seja incipiente ao projeto.
Elaboração do orçamento para ter uma visão dos custos do
projeto.
225
Criação e realização de um programa de capacitação da equipe,
prevendo também um processo de sensibilização e
Planejamento comprometimento com a missão do projeto e seus resultados.
Realização do treinamento em métodos e procedimentos de
da
execução do projeto.
capacitação Disponibilização de tempo para discussões sobre o projeto, sua
concepção e seus procedimentos.
da equipe
Apresentação detalhada do projeto à equipe, quando este for
desenvolvido por consultores externos, uma vez que, geralmente,
a equipe é contratada somente após a aprovação do mesmo.
Desenvolvimento do plano de avaliação do projeto, incluindo o
monitoramento de processos e a avaliação de resultados e de
impacto.
Definição das formas de monitoramento e avaliação do projeto
para que os objetivos traçados sejam alcançados.
Acompanhamento da evolução das ações e atividades realizadas,
para perceber eventuais riscos antes que eles se manifestem.
Correção de erros, caso necessário.
Avaliação de resultados parciais.
Definição de indicadores de mensuração de resultados, capazes
de mostrar em que medida os resultados esperados foram
alcançados.
Definição dos respectivos meios de verificação dos indicadores
Planejamento de resultados e desempenho
Mensuração do grau de eficiência e eficácia e impacto causado
da avaliação
pelas ações de implementação do projeto.
Verificação do cumprimento eficaz e eficiente de objetivos e
metas que foram traçados no projeto.
Comparação de resultados esperados e alcançados para
conhecer o nível de satisfação do público-alvo e os efeitos do
planejamento na unidade de informação, na organização e no
ambiente.
Revisão (caso necessário) de objetivos e metas, visando o
direcionamento ou redirecionamento da execução de ações ou
atividades.
Revisão (caso necessário) dos objetivos, da tomada de decisão,
do processo de escolha de prioridades e da redefinição de
métodos e processos técnicos e operacionais.
Julgamento de mérito e relevância da implementação do projeto.
Previsão de ações específicas de comunicação e disseminação,
Planejamento visando compartilhar informações e conhecimentos adquiridos
durante o desenvolvimento do projeto ou como produto dele.
das Divulgação e compartilhamento das informações e conhecimento
estratégias adquiridos durante o desenvolvimento do projeto ou produto dele.
Definição das estratégias de disseminação e de comunicação
de para o público do projeto ou para a sociedade em geral, bem
disseminação como com outras áreas da organização a qual a unidade de
informação está subordinada, ou em outras organizações ou
e contextos.
comunicação Reedição, caso exista oportunidade, do projeto, como forma de
desenvolver modelos e políticas públicas na área de
Biblioteconomia e Ciência da Informação.
226
Redação do Desenvolvimento da redação do projeto.
Comunicação, em um só documento, de todas as informações
projeto
referentes à implementação das ações do projeto.
Fonte: Dados da pesquisa
227
Seus tipos predominantes são reconhecidos pelo nomes propriamente ditos, como
bibliotecas, centros de documentação, etc., menos que pelo termo ‘unidades de informação’.
Também foi possível notar que a aplicabilidade do planejamento em unidades de informação
se dá de modo parecido em que ocorre na sua área de origem, porém, leva em
consideração as especificidades da área de Biblioteconomia e Ciência da Informação, em
especial do contexto das unidades. Percebeu-se como pertinente de aplicação do
planejamento em unidades de informação, o modelo proposto por Almeida (2005), por meio
do qual é possível observar a apropriação do planejamento ao contexto da área de
Biblioteconomia e Ciência da Informação
228
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com esta pesquisa, buscou-se explicitar o quão válido e útil é o uso do planejamento
no contexto das unidades de informação. Foi possível observar, por meio da categorização
ampla da literatura, a apropriação do planejamento à área de Biblioteconomia e Ciência da
Informação.
A categorização da literatura sobre planejamento em unidades de informação
sistematiza, em alguma medida, os aspectos que são predominantes, importantes e válidos
para o estudo do tema. Além disto, auxilia na compreensão tanto da área de origem do
planejamento como do contexto das unidades de informação, demonstrando o percurso de
apropriação à área de Biblioteconomia e Ciência da Informação. O uso da categorização
organiza os assuntos relativos ao planejamento em unidades de informação, deixando
evidente seu lugar na área de Biblioteconomia e Ciência da Informação, suas origens na
área, a base teórica, os enfoques de estudo, suas características, seus elementos, suas
perspectivas de aplicação, e uma proposta pertinente de aplicação.
O percurso da pesquisa mostrou que há lacuna teórica no Brasil sobre o tema nos
moldes em que Almeida (2005) apresenta, ou seja, levando em consideração as
especificidades da área. Na exploração dos estudos nacionais, constatou-se que o modelo
de Almeida é praticamente único, uma vez que os estudos localizados sobre o planejamento
no contexto da área de Biblioteconomia e Ciência da Informação são relatos de experiência,
que não demonstram apropriação, mas sim transferência, basicamente pela citação de
autores da Administração. A citação desses autores é recorrente nestes estudos nacionais
sobre o tema planejamento em unidades de informação, ao contrário de estudos de outros
países, sobretudo os espanhóis e norte-americanos, que utilizam também autores da área
de Biblioteconomia e Ciência da Informação, que se apropriaram do planejamento ao
contexto das unidades de informação.
A proposta desenvolvida por Almeida (2005) traz, adequadamente e com
sustentação teórica e pragmática, o planejamento em unidades de informação, mostrando-
se bastante pertinente ao contexto da área de Biblioteconomia e Ciência da Informação. A
proposta leva em consideração as especificidades da área na aplicação do planejamento
nas unidades de informação, entendendo aquilo que a prática da gestão permite resolver,
sem tentar trazer uma “receita pronta” da Administração, a ser aplicada tal qual em unidades
de informação.
Outro aspecto importante que a pesquisa evidencia, com base principalmente em
Almeida (2005), é a necessidade de ter em mente que, ao implementar qualquer processo
de planejamento em unidades de informação, é essencial em primeiro lugar uma avaliação
diagnóstica da unidade de informação. O diagnóstico da unidade de informação é parte
229
fundamental, pois permite avaliar a situação e identificar com clareza e objetividade
problemas existentes, fornecendo subsídios para o estabelecimento de prioridades na
solução destes problemas e nos modos de proceder para tal. Acredita-se que a forma como
o texto foi trabalhando, inclusive com a apresentação de um roteiro, pode trazer
contribuições práticas relevantes.
A pesquisa também deixou claro que, para implementar o planejamento em unidades
de informação, em qualquer caso, há uma combinação de pessoas, tarefas, tecnologia,
estrutura e ambiente. Nesse contexto, ficou explícito que uma das vantagens do
planejamento em unidades de informação é o fato de que ele opera economicamente, uma
vez que reduz custos, poupando tempo e recursos, a partir da ênfase em operações
eficientes e compatíveis com as condições existentes, substituindo atividades fragmentadas,
não coordenadas por um esforço direcionado do grupo.
À medida que o gerente da unidade de informação analisa, de uma perspectiva
estratégica, as ameaças e oportunidades do ambiente externo e interno, estará definindo
objetivos com mais segurança e tomando decisões mais acertadas, com maior grau de
certeza e previsibilidade. Significa dizer que o planejamento comporta as incertezas e
mudanças provocadas pelo ambiente, não deixando o futuro da unidade de informação ao
acaso. Com isso, e justamente por essa razão, as decisões que são tomadas de maneira
planejada contribuem para fornecer estabilidade à organização, criando, consequentemente,
um ambiente mais equilibrado e produtivo.
Nesse sentido, dentre as vantagens do planejamento, estão as decisões
premeditadas sem julgamentos bruscos e irrefletidos, que trazem segurança e favorecem a
produtividade, fazendo o tempo trabalhar a favor das pessoas, suas atividades e objetivos. A
validade do planejamento em unidades de informação diz respeito ao fato de que ele
envolve um processo decisório antes da ação propriamente dita, ou seja, trata-se de uma
tomada de decisão antecipada, na perspectiva de que o futuro pode ser melhorado por meio
de uma intervenção ativa no momento atual. Por ser considerado um processo metódico de
abordagem racional, uma vez que pressupõe uma sequência de atos decisórios, ordenados
em etapas definidas com base em conhecimentos científicos e técnicos, o planejamento
estrutura e potencializa os processos bibliotecários, realizados em unidades de informação.
A pesquisa apontou ser o planejamento uma ferramenta necessária ao contexto das
unidades de informação, embora em geral não seja suficientemente incorporada à rotina de
trabalho destas unidades. No entanto, como foi enfatizado neste estudo, é preciso atentar
que os procedimentos que envolvem a organização da informação e produção de produtos e
serviços demandam gestão, já que eles precisam ser geridos para atingir o objetivo de
acesso e uso qualificado da informação pelo usuário.
230
Deste modo, acredita-se que esse estudo possa trazer contribuições no sentido de
subsidiar reflexões em torno da apropriação do planejamento às unidades de informação,
em especial para o gerente bibliotecário, trazendo-lhe consciência de que precisa fazer uso
constante do planejamento em sua prática profissional, uma vez que esta ferramenta pode
lhe trazer inúmeros benefícios e vantagens.
Espera-se, ainda, que os resultados da presente pesquisa possam ser norteadores
de novos estudos na área, por oferecer aportes de conhecimento para reflexões em torno do
tema.
Como sugestão de estudos futuros, propõe-se observar, sistematizar e analisar a
forma como o planejamento é realizado por profissionais em unidades de informação,
permitindo desenvolver subsídios para a produção de conhecimento sobre o tema, bem
como fomentar fundamentos teóricos e metodológicos específicas à prática bibliotecária.
231
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239
240
APÊNDICE A – Estrutura do documento do diagnóstico, conforme roteiro
proposto por Almeida (2005, p. 90-91)
1 IDENTIFICAÇÃO DO DIAGNÓSTICO
Parte introdutória
- Identificação
- Objetivos
- Hipóteses
- Metodologia para a coleta dos dados e informações (instrumentos de coleta,
amostragem, etc.)
- Análise de pessoal
241
APÊNDICE B – Exemplo de cronograma de projeto
CRONOGRAMA
ETAPAS Mês Mês Mês Mês Mês Mês Mês Mês Mês Mês Mês Mês
MÊS 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Etapa 1:
- atividade A
- atividade B
Etapa 2:
- atividade C
- atividade D
- atividade E
Etapa 3:
- atividade F
- atividade G
- atividade H
- atividade I
Etapa 4:
- atividade J
- atividade K
- atividade L
Etapa 5:
- atividade M
- atividade N
Etapa 6:
- atividade O
- atividade P
Etapa 7:
- atividade Q
- atividade U
- atividade R
- atividade Y
242
APÊNDICE C – Estrutura do documento de projeto, conforme roteiro proposto
por Almeida (2005
1 IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO
- Título do projeto
- Área de atuação
- Programa e subprograma (caso seja parte de um programa mais amplo)
- Órgão responsável pelo projeto ou coordenador
- Responsável ou coordenador
- Órgão executor
- Período de abrangência
- Custo total
- Data de elaboração do projeto
2 SUMÁRIO EXECUTIVO
(resumo do projeto, trazendo sua finalidade e pertinência)
3 APRESENTAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO
3.1 Histórico da organização
3.2 Organograma da organização situando a unidade de informação
3.3 Caracterização da unidade de informação
4 ANÁLISE DE CONTEXTO
(ambiente informacional do projeto e sua área temática de atuação, identificando deficiências e
potencialidades, ou seja, é uma análise do ambiente, seja interno ou externo, em que será
implementado o projeto, identificando pontos fracos e pontos fortes).
5 OBJETIVOS
(o que se quer atingir com o projeto)
6 PÚBLICO-ALVO
(quem são os beneficiários diretos e indiretos do projeto e suas características)
7 JUSTIFICATIVAS
(porque é necessária a realização do projeto, bem como sua capacidade de transformar a
realidade descrita na análise de contexto)
8 ETAPAS
(detalhamento das ações e atividades a serem desenvolvidas)
9 CRONOGRAMA
(as ações e atividades distribuídas no tempo de implementação do projeto)
10 RECURSOS
10.1 Recursos institucionais
10.2 Recursos organizacionais
10.3 Recursos físicos
10.4 Recursos humanos
10.5 Recursos materiais
11 ORÇAMENTO
11.1 Material de consumo
11.2 Material permanente
12 SISTEMA DE AVALIAÇÃO E ACOMPANHAMENTO
(metodologia, estratégias e o instrumental necessários ao acompanhamento e avaliação do
processo de implementação do projeto e dos resultados alcançados. Apresenta indicadores
quantitativos e qualitativos definidos para cada ação, a serem utilizados para monitorar o
processo e avaliar os resultados)
13 ANEXOS
(informações ou documentos considerados absolutamente necessários à melhor compreensão
do projeto)
243
APÊNDICE D – Resumo do planejamento de um projeto a partir de um objetivo específico, por Almeida (2005)
Cronograma (meses)
Objetivo Ações Resultados Atividades
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Ter a Criar peças de comunicação (folhetos e cartazes)
Ampliar do biblioteca Distribuir peças de comunicação
Desenvolver
uso da conhecida por Criar release para divulgação em jornal da universidade
e implantar
biblioteca todos os Distribuir release para publicação
campanha
pelos alunos,
de
alunos de professores e
divulgação Criar banner no site institucional para divulgar a biblioteca e estimular seu
pós- funcionários
da biblioteca uso
graduação ao fim de um
semestre
Elaborar programa de treinamento, especificando conteúdo, metodologia
Ter e duração
conseguido Articular-se com a coordenação da pós-graduação para discutir a
Desenvolver
que 50% dos proposta e conseguir horário para ministrar o programa.
e implantar
alunos ativos
programa de Articular-se com orientadores da pós-graduação para incorporar o uso
de pós-
treinamento dos recursos informacionais disponíveis na biblioteca na pesquisa
graduação
de usuários Articular-se com professores da pós- graduação para incorporarem o uso
tenham
dirigido a dos recursos informacionais disponíveis na biblioteca ao cotidiano do
participado do
alunos de processo de ensino–aprendizagem
programa no
pós- Preparar a equipe encarregada de ministrar o programa
primeiro
graduação Preparar as apresentações e ministrar o treinamento
semestre de
implantação Preparar e implantar programa de visitas monitoradas à biblioteca
voltadas às várias linhas de pesquisa da pós-graduação e implantá-lo
Ter Desenvolver no site área exclusiva e espaços interativos voltados a
conseguido alunos da pós-graduação
que 50% dos Divulgar o site e estimular o uso da área exclusiva
alunos ativos Disponibilizar no site manuais e publicações sobre metodologia da
da pós- pesquisa e normas de apresentação de trabalhos acadêmicos
Desenvolver
graduação Divulgar programa de treinamento no site e estimular as inscrições no
área
tenham programa
exclusiva no
utilizado a
site
área exclusiva
do site no
primeiro Atualizar conteúdos
semestre de
implantação
Fonte: Almeida (2005, p. 111)