Você está na página 1de 28

GUIA DE LEITURA

A DIVINA COMÉDIA
Índice

Do autor e sua época 3

Da obra 6

Do tradutor 8

Pequeno resumo dos cantos da Divina Comédia 10

Inferno 11

Purgatório 17

Paraíso 23

2
Do autor e sua época

Dante Alighieri é o poeta de uma época sem meios-termos. A celebra-


ção da vida e a amargura da morte eram intensas, fazendo com que
os instantes mais banais da existência humana estivessem repletos de
força e espontaneidade. Naquela época não havia as comodidades ma-
teriais que são corriqueiras ao homem moderno. O rigor do inverno
e o calor do verão eram vividos profundamente. A realidade cosmo-
lógica era presente na vida do homem medieval e estava integrada em
todos os aspectos de sua vida. Façamos o exercício de imaginar desde
os acontecimentos do mundo natural até os eventos que compunham
a vida dos indivíduos daquele tempo: as estações do ano eram intensas
e serviam de metáfora para a vida humana. A primavera significava
o começo de um ciclo, representando o desabrochar tanto das flores
quanto do esplendor de novas vidas; o verão é a época de consolidação,
quando o sol reina solenemente no céu enquanto cá embaixo, na terra,
o homem está fortificando-se e criando raízes; o outono é o período
de declínio, as folhas secam e caem, e isso representa a debilidade a
que todos estamos sujeitos no ocaso da existência, que é a velhice; o
inverno, por sua vez, é o tempo do fim. É a estação da escuridão total

3
e do frio rigoroso. Não há florescimento, não há cores, apenas o des-
conhecido, que durará alguns meses, até que a vida renasça em mais
um ciclo. O homem medieval, percebendo as sutilezas da correspon-
dência entre mundo natural e vida pessoal, se pergunta: “Em meio a
tantos mistérios, quais são as possibilidades reservadas à alma humana
ao adentrar a selva escura na hora derradeira? Como uma pessoa pode
seguir o caminho reto?” São esses questionamentos que Dante explora
em sua Divina Comédia.

Nascido em 1265 em Florença, Dante Alighieri é considerado o maior


escritor da Itália. Grandes influências para o poeta foram Brunetto
Latini, um erudito e figura importante na política florentina, e Guido
Cavalcanti, escritor renomado do Dolce Stil Nuovo. Dados biográficos
de Dante são dados por ele próprio em seu livro Vita Nuova, onde o
florentino relata seu encontro e paixão por Beatriz, a dama inspiradora
que exerce papel fundamental no Paraíso, e que morre jovem, aos vinte
e quatro anos de idade. A paixão nunca é consumada, pois Dante já
estava prometido em casamento a outra moça, Gemma Donati, com
quem tem quatro filhos.

A vida de Dante é pautada pelas disputas políticas em Florença, que se


dividia em duas facções: guelfos e gibelinos; os primeiros, que se subdi-
vidiam em guelfos negros e guelfos brancos, apoiavam o papado, enquan-
to os segundos defendiam o Sacro Império Romano-Germânico. A fa-
mília de Dante pertencia à nobreza local e estava alinhada aos guelfos,
o que gerou uma série de problemas ao poeta. Disputas internas entre
os guelfos fizeram com que Dante fosse exilado de Florença, para onde

4
nunca mais retornou, passando o restante de seus dias em Ravena. A
Divina Comédia foi concluída durante seu período de exílio e o poe-
ta falece pouco depois, em 1321, aos cinquenta e seis anos de idade.
Posteriormente, Florença chegou a reivindicar seus restos mortais, mas
tal pedido nunca foi acatado. Dante permanece sepultado em Ravena
e em seu túmulo lê-se o seguinte epitáfio: “Florença, mãe de pequeno
amor”.

5
Da obra

Originalmente, o poema chamava-se apenas “Comédia”, sendo reno-


meado por Boccaccio, que acrescentou o adjetivo “Divina” ao ficar
fascinado pelo que Dante produzira. Outra característica do título diz
respeito à palavra “Comédia”, que não indica um texto feito para o
riso fácil, mas sim uma história que termina bem, diferentemente das
tragédias. Além disso, em seu livro De Vulgari Eloquentia, Dante no-
meia de “cômico” o estilo que versa sobre o que é elevado e também
simples.

A história se passa durante a Semana Santa de 1300, e Dante é tanto


autor quanto personagem da obra, tendo por guias o poeta Virgílio,
Beatriz, e São Bernardo. O poeta latino guia Dante pelo Inferno e Pur-
gatório, a musa o guia no Paraíso, e o santo o guia no Empíreo.

A arquitetura da Divina Comédia demonstra que Dante não fez nada


à toa. O número três aparece recorrentemente, numa alusão à Trinda-
de. O poema épico é dividido em três partes: Inferno, Purgatório, e
Paraíso. O Inferno possui 33 cantos (sendo precedido por um canto
introdutório, o que totalizaria 34), e o Purgatório e o Paraíso também
têm 33 cantos, totalizando 100 cantos. Dante preocupou-se em esta-

6
belecer uma divisão calculada para o texto, que foi escrito em tercetos
hendecassílabos (na classificação atual poderíamos dizer que foram de-
cassílabos), totalizando 33 sílabas métricas para cada estrofe.

A estrutura do Inferno é em forma de cone que se afunila em nove


círculos concêntricos até o centro da Terra. As penas vão desde as mais
leves, no primeiro círculo, até as mais pesadas, no último. Sua divisão
é a seguinte: um anteinferno, limbo (primeiro círculo), luxuriosos (se-
gundo círculo), gulosos (terceiro círculo), gananciosos (quarto círcu-
lo), iracundos (quinto círculo), hereges (sexto círculo), violentos (sé-
timo círculo), fraudulentos (oitavo círculo), traidores (nono círculo).

O Purgatório, por sua vez, é uma montanha dividida em dois níveis de


antepurgatório, sete patamares (orgulho, inveja, ira, preguiça, avareza,
gula e luxúria), e, após os patamares, chega-se ao Paraíso Terrestre. No
Purgatório habitam almas salvas que estão se purificando antes de en-
trarem no Paraíso.

O Paraíso, finalmente, é dividido em nove céus (céu da Lua, de Mer-


cúrio, de Vênus, do Sol, de Marte, de Júpiter, de Saturno, das Estrelas
Fixas, e Primum Mobile (Primeiro Móvel) e um Empíreo. Tudo no Pa-
raíso é o oposto do Inferno: há beleza e alegria, que atingem seu ápice
no Empíreo com a visão da rosa mística, da Virgem Maria e da face de
Deus. Dante contempla o Altíssimo, sua vida está completa e agora faz
sentido, não há mais o que temer, a selva escura é superada e o poema
é concluído. A estrutura do Paraíso segue as teorias da cosmologia pto-
lomaica, que coloca a Terra no centro do Universo, rodeada pelas nove
esferas celestes e pelo Empíreo.

7
Do tradutor

O tradutor desta edição é José Pedro Xavier Pinheiro, um homem


descrito como possuidor de “caráter ilibado”, que nasceu em Salva-
dor, Bahia, a 12 de outubro de 1822. Quando Xavier Pinheiro tinha
por volta de catorze anos de idade, seu pai sofreu um forte desfalque
financeiro, o que impossibilitou o filho de continuar seus estudos em
humanidades. O filho, para ajudar em casa, passou a dar aulas aos
filhos dos fazendeiros, que apreciando a inteligência e o esforço do
rapaz davam-lhe, além do dinheiro, livros que o ajudaram a completar
sua formação. Autodidata, aprendeu história, filosofia, lógica, ciên-
cias naturais, latim, francês, português, agronomia, economia política.
Após seis anos ajudando a família com seu trabalho de jovem profes-
sor, volta para a capital e funda um jornal. Foi jornalista, estenógrafo
e passou por diversos setores do serviço público. Também era leitor
dos clássicos em língua portuguesa e latina, o que explica a elegância
de sua escrita e o manejo que tinha das palavras. Sua inspiração para
traduzir Dante veio após ler, num jornal, uma tradução que Machado
de Assis fizera de um canto do Inferno. Posteriormente, o próprio Ma-
chado de Assis encorajou pessoalmente Xavier Pinheiro a começar o

8
árduo trabalho de verter Dante Alighieri para a língua de Camões. O
serviço iniciou-se em 25 de dezembro de 1874, sendo concluído em
1882. Uma obra grandiosa, com detalhadas notas de rodapé feitas pelo
próprio tradutor, teve sua publicação parcial em 1888, com a edição
do Inferno. Xavier faleceu em 20 de outubro de 1882, pouco após a
conclusão de sua tradução, a primeira completa em língua portuguesa,
sem ter a alegria de ver seu trabalho nas prateleiras. O filho do tradutor
lutou pela impressão pública da obra, que era sempre adiada por pro-
messas políticas não cumpridas. Após vinte anos brigando em nome
da memória de seu pai, finalmente veio à luz, em 1903, a edição com-
pleta do trabalho de José Pedro Xavier Pinheiro, que nós, do Clube de
Literatura Clássica, temos a honra de reeditar.

9
Pequeno resumo
dos cantos da
Divina Comédia

10
Inferno
Canto 1: Dante encontra-se perdido numa selva escura, aos pés de
uma montanha. Ao tentar subi-la, três animais obstruem o caminho:
uma pantera, um leão, e uma loba. Em seguida, enxerga o poeta Vir-
gílio, que o socorre e lhe serve de guia.

Canto 2: Virgílio explica que Beatriz o enviara até ali para socorrer
Dante. Virgílio e Dante iniciam a jornada.

Canto 3: Virgílio e Dante chegam aos portões do Inferno e vêem os


castigos que sofrem os covardes. Em seguida, veem o rio Aqueronte e
as almas dos condenados.

Canto 4: Virgílio e Dante atravessam o rio Aqueronte e chegam ao


Primeiro Círculo do Inferno, o Limbo. Nesse local habitam as almas
virtuosas, mas que não tiveram o privilégio de receber o batismo. Vir-
gílio é cumprimentado por outros poetas que estão no Limbo.

Canto 5: Virgílio e Dante chegam ao Segundo Círculo do Inferno,


local destinado às almas luxuriosas, que são carregadas por um vento
constante. Dante encontra-se com Francesca e fala com ela.

11
Canto 6: Virgílio e Dante chegam ao Terceiro Círculo do Inferno,
onde estão os gulosos, que sofrem nas garras do monstro Cérbero. Um
dos pecadores, Ciacco, faz prenúncios sobre Florença.

Canto 7: Ao chegarem ao Quarto Círculo do Inferno, os dois poe-


tas encontram as almas avarentas e pródigas. Em seguida, chegam ao
Quinto Círculo do Inferno, reservado aos coléricos.

Canto 8: Os poetas continuam no Quinto Círculo do Inferno e atra-


vessam o rio Estige no barco de Flégias, chegando à cidade de Dite.
Contudo, não conseguem entrar na cidade.

Canto 9: Um anjo abre a porta da cidade de Dite, permitindo que Vir-


gílio e Dante adentrem ao local. Lá, veem o Sexto Círculo do Inferno,
reservado aos hereges, que sofrem penas terríveis em tumbas ardentes.

Canto 10: Virgílio e Dante permanecem no Sexto Círculo do Inferno,


onde o poeta florentino encontra seus conterrâneos Farinata e Caval-
canti.

Canto 11: Ainda no Sexto Círculo do Inferno, Virgílio e Dante che-


gam à tumba do Papa Anastácio II. Em seguida, Virgílio dá mais ex-
plicações a Dante a respeito das divisões do Inferno.

Canto 12: Ambos continuam a jornada e chegam ao Sétimo Círculo,


cujo guardião é o Minotauro. No Sétimo Círculo habitam as almas
dos violentos, que estão num rio de sangue fervente.

12
Canto 13: Sétimo Círculo. Dante e Virgílio veem os suicidas e os vio-
lentos contra os próprios bens. Andam pelo bosque dos suicidas, cujas
árvores são as almas transmutadas daqueles que atentaram contra a
vida. Harpias habitam o bosque e nutrem-se das árvores, o que causa
dor e sofrimento às almas suicidas.

Canto 14: Sétimo Círculo. Os dois poetas chegam à parte do Inferno


reservada aos que foram violentos contra Deus, contra a Natureza e
contra a Arte. Encontram o Velho de Creta

Canto 15: Sétimo Círculo. Dante e Virgílio contemplam especialmen-


te os sodomitas, isto é, aqueles que foram violentos contra a Natureza.
É nessa parte do Inferno que Dante encontra um antigo amigo que o
influenciou: Brunetto Latini.

Canto 16: Sétimo Círculo. Dante e Virgílio encontram mais conde-


nados por violência contra a Natureza. Escutam o som do Flegetonte.
Dante entrega a Virgílio uma corda que trazia atada à cintura. O poe-
ta-guia lança a corda ao abismo.

Canto 17: Sétimo Círculo. Surge Gerion, um monstro que simboliza


a fraude. Dante e Virgílio veem os usurários, ou seja, os que pratica-
ram a violência contra a Arte.

Canto 18: Dante e Virgílio chegam ao Oitavo Círculo do Inferno, o


Malebolge. Tal região é dividida em dez bolsões concêntricos e desti-
na-se aos fraudulentos. Este canto diz respeito às almas condenadas
dos sedutores e aduladores.

13
Canto 19: Malebolge. Dante e Virgílio chegam à terceira parte do
Malebolge, destinada aos simoníacos, que estão enterrados de ponta-
-cabeça, deixando os pés para fora em chamas ardentes. O Papa Nico-
lau III encontra-se numa dessas valas.

Canto 20: Malebolge. Os dois poetas chegam à quarte parte do Oita-


vo Círculo do Inferno, reservada aos adivinhos e feiticeiros.

Canto 21: Malebolge. Na quinta parte do Oitavo Círculo, Dante e


Virgílio veem as almas dos trapaceiros em piche fervente. Demônios
tentam avançar contra os poetas.

Canto 22: Malebolge. Um dos trapaceiros, Ciampolo, dialoga com


Virgílio. Briga entre os demônios.

Canto 23: Malebolge. Dante e Virgílio chegam ao sexto comparti-


mento do Oitavo Círculo, reservado aos hipócritas, que vestem capas
de chumbo.

Canto 24: Malebolge. Ainda no Oitavo Círculo, os dois poetas che-


gam à sétima parte do Malebolge, onde se encontram os ladrões. Os
condenados são picados por cobras, pegam fogo, viram cinzas e ressur-
gem delas, reiniciando o sofrimento. Vanni Fucci faz previsões contra
os Brancos.

Canto 25: Malebolge. Vanni Fucci provoca Deus e é atacado pelo


centauro Caco, que está coberto de serpentes. Dante encontra alguns
florentinos que eram ladrões e vê tais condenados transmutando-se em
serpentes.

14
Canto 26: Malebolge. Os poetas chegam à oitava parte do Oitavo
Círculo e entre as chamas veem os maus conselheiros. Distinguem
Diômedes e Ulisses. Ulisses narra sua última viagem.

Canto 27: Malebolge. Entre as labaredas, Dante e Virgílio veem Gui-


do de Montefeltro, que foi condenado ao Inferno por dar maus conse-
lhos ao Papa Bonifácio VIiI.

Canto 28: Malebolge. Dante e Virgílio chegam à nona parte do Male-


bolge, onde habitam os cismáticos e semeadores de escândalos. Dante
vê Maomé.

Canto 29: Malebolge. Os dois poetas chegam ao décimo comparti-


mento do Oitavo Círculo do Inferno, onde estão os falsários. Veem os
alquimistas Griffolino e Capocchio.

Canto 30: Malebolge. Dante e Virgílio ainda estão na décima parte do


Oitavo Círculo, onde habitam as almas dos falsificadores.

Canto 31: Malebolge. Dante e Virgílio partem rumo ao Nono Círcu-


lo do Inferno, levados pelo gigante Anteu.

Canto 32: Os poetas chegam ao Nono Círculo do Inferno, que é di-


vidido em quatro partes: Caína, para os traidores da própria família;
Antenora, para os traidores da pátria; Ptolomeia, para os traidores dos
amigos; e Judeca, para os que traíram seus benfeitores. Os condenados
ficam em águas congeladas.

15
Canto 33: Dante e Virgílio ouvem a história da terrível morte de Ugo-
lino e seus filhos. Em seguida, encontram o frade Alberico.

Canto 34: Finalmente, os dois poetas chegam à Judeca. O próprio Lú-


cifer tortura Judas, Bruto e Cássio. Virgílio e Dante descem pelo dorso
de Lúcifer e chegam ao centro da terra e saem em outro hemisfério.
Observam o céu, que está estrelado.

16
Purgatório
Canto 1: Dante e Virgílio chegam à ilha do Purgatório, cujo guardião
é Catão. O rosto de Dante é purificado. A chegada dos poetas dá-se no
Domingo de Páscoa.

Canto 2: Os poetas estão na praia e contemplam a chegada de um bar-


co, pilotado por um Anjo, que carrega almas para o Purgatório. Dante
encontra o músico Casella, que é seu conterrâneo. As almas, incitadas
por Catão, rumam à montanha do Purgatório.

Canto 3: Virgílio e Dante chegam ao sopé do monte, o Antepurga-


tório. Neste local estão as almas dos que recorreram a Deus na hora
derradeira. Uma dessas almas é a de Manfredo, rei de Nápoles e Sicília.

Canto 4: Os poetas começam a subir a montanha, observando as al-


mas dos que se arrependeram no último minuto.

Canto 5: Ainda no Antepurgatório, encontram as almas dos pecadores


que sofreram morte violenta, mas perdoaram seus malfeitores.

Canto 6: Dante e Virgílio encontram Sordello, poeta conterrâneo de


Virgílio. Dante profere advertências e repreensões contra a Itália.

17
Canto 7: Sordello guia Virgílio e Dante para um vale agradável, onde
estão as almas de grandes figuras que só no fim da vida pensaram em
Deus.

Canto 8: Dois anjos vêm do Céu a fim de expulsar uma serpente que
deseja entrar no vale. Dante reconhece Nino Visconti. Em seguida,
Conrado Malaspina dirige a palavra ao florentino.

Canto 9: Dante adormece e é transportado por Santa Luzia à porta do


Purgatório. Um anjo, guardião do local, escreve sete vezes a letra P na
testa do florentino.

Canto 10: Os dois poetas chegam ao primeiro patamar do Purgatório


e observam almas encurvadas que carregam pedras. Tais almas são as
dos soberbos.

Canto 11: Dante reconhece as almas de Umberto Aldobrandeschi,


Oderisi de Gubbio e Provenzano Salvini.

Canto 12: Dante e Virgílio continuam a jornada e um anjo aproxi-


ma-se deles, guiando-os ao patamar seguinte. O mesmo anjo, depois,
apaga uma das letras P da testa de Dante.

Canto 13: Os dois poetas chegam ao segundo patamar do Purgatório,


onde estão as almas dos invejosos. Tais pecadores têm os olhos costu-
rados por fios de arame. Dante conversa com uma dessas almas, Sápia,
a senhora de Siena.

18
Canto 14: Ainda no segundo patamar, Dante trava diálogo com Rinie-
ri de Calboli e Guido del Duca. Este último lamenta a decadência de
sua terra natal, a Romanha.

Canto 15: Dante e Virgílio chegam ao terceiro patamar do Purgatório,


onde estão as almas dos iracundos. Dante cai em êxtase e vê exemplos
de misericórdia. Ao recobrar a consciência, vê-se rodeado por uma
nuvem de fumaça.

Canto 16: Adentrando a nuvem de fumo, os dois poetas veem uma


das almas dos iracundos, Marco Lombardo, que discursa sobre os tem-
pos bons que se tornam maus, dando suas razões para tais mudanças.

Canto 17: Dante sai da nuvem de fumaça e, junto de Virgílio, chega


à escada de acesso para o quarto patamar. Virgílio explica para Dante
a divisão das almas dentro do Purgatório e também discurso sobre o
amor.

Canto 18: Virgílio continua a discursas, enquanto almas de pregui-


çosos passam perante os dois poetas. Uma das almas apresenta-se a
Dante como sendo o abade de S. Zeno. Em seguida, Dante adormece.

Canto 19: Dante, enquanto dorme, tem uma visão misteriosa. Ao


acordar, conta-a para Virgílio. Em seguida, ambos chegam ao quinto
patamar do Purgatório, reservado às almas avarentas, que ficam deita-
das no chão. Entre essas almas está a do Papa Adriano V.

19
Canto 20: Dante e Virgílio continuam sua jornada e encontram-se
com a alma de Hugo Capeto, descendente da nobreza real francesa.
Em seguida, um tremor abala o monte e ouve-se “Gloria in excelsis
Deo”.

Canto 21: O poeta latino Estácio surge e explica que o tremor do


monte deu-se como sinal de que sua alma já estava purificada e pronta
para ascender ao Céu. Estácio, ao saber que está em presença de Virgí-
lio, dirige-lhe palavras afetuosas.

Canto 22: Chegando ao sexto patamar, Estácio explica o porquê de ter


ficado tanto tempo no quinto compartimento do Purgatório. Estácio
também explica sua conversão ao cristianismo, que por ter sido oculta
fez com que ficasse por tempo considerável no quarto patamar. No
sexto patamar, veem uma árvore frondosa repleta de frutos. Escutam
vozes que exaltam a aclamam o dom da temperança.

Canto 23: No sexto patamar encontram-se as almas daqueles que fo-


ram gulosos. São almas magras, que sofrem de fome e de sede. Dante
reconhece Forese Donati e conversa com ele.

Canto 24: Dante permanece no sexto compartimento do Purgatório e


a alma de Forese Donati mostra-lhe outras almas de gulosos.

Canto 25: Dante, Virgílio e Estácio seguem rumo ao sétimo patamar


do Purgatório. Estácio explica a Dante sobre a geração da alma do
homem. Chegam ao sétimo compartimento, que está repleto de laba-
redas nas quais purificam-se os luxuriosos.

20
Canto 26: No sétimo e último patamar do Purgatório, Dante vê os
poetas Guido Guinizelli e Arnaud Daniel.

Canto 27: Dante, Virgílio e Estácio atravessam as labaredas que se-


param o sétimo patamar do topo do monte. Chega a noite e Dante
dorme. Ao amanhecer, recomeçam a caminhada e chegam ao Paraíso
Terrestre. Virgílio explica que não poderá guiar Dante dali em diante.

Canto 28: Os três poetas chegam ao topo do Purgatório, cuja beleza


é descrita por Dante. Surge uma mulher, Matelda (ou Matilde), de
beleza sublime, que fala a Dante sobre as características do Paraíso
Terrestre.

Canto 29: Dante vê uma procissão maravilhosa de sete candelabros.


As almas ali são virtuosas. Ao final da procissão surge um carro guiado
por um grifo. Ouve-se um trovão.

Canto 30: Desce do Céu a pura Beatriz. Dante, ao avistá-la, fica emo-
cionado e procura Virgílio, mas não mais o encontra. Beatriz admoes-
ta Dante, que chora.

Canto 31: Beatriz segue em suas repreensões a Dante. Matelda banha


Dante nas águas do rio Letes. Em seguida, sete damas (que representa-
vam as sete virtudes) levam Dante até Beatriz, que tira seu véu e sorri
para o poeta.

21
Canto 32: Recomeça a procissão, que aproxima-se de uma árvore
imensa e sem folhagem. O grifo amarra o carro à árvore, e esta floresce.
Em seguida, Dante adormece, e, ao acordar, vê Beatriz rodeada pelas
sete damas.

Canto 33: Beatriz, assentada ao pé da árvore, profetiza o surgimento


de um líder para a Igreja e para a Itália, e pede que Dante relate na ter-
ra o que ouviu. Matelda mergulha Dante no rio Eunoé (Boa Memó-
ria), o que purifica o poeta e o deixa em condições de subir ao Paraíso.

22
Paraíso
Canto 1: Dante invoca Apolo e relata como Beatriz e ele chegaram ao
Céu. O amor atrai Dante para cima.

Canto 2: Dante chega ao primeiro céu, que é o da lua. Dante indaga


Beatriz a respeito das manchas desse astro celeste e a musa responde-
-lhe que o brilho dos astros deriva da influência do Primum Mobile
(primeiro móvel).

Canto 3: No céu da lua encontram-se as almas que não cumpriram


totalmente os votos religiosos. Dante vê a alma de Picarda Donati e da
imperatriz Constança.

Canto 4: Dante é tomado de dúvidas, que dizem respeito à alma e a à


liberdade. Beatriz responde às indagações do poeta.

Canto 5: Beatriz e Dante ainda estão no primeiro céu. Beatriz discorre


a respeito dos votos religiosos. Ambos seguem para a esfera seguinte, o
céu de Mercúrio, onde estão as almas que praticaram o bem e obtive-
ram fama no mundo.

23
Canto 6: No segundo céu, a alma do imperador Justiniano fala a Dan-
te, recordando-lhe os grandes feitos do Império Romano. Justiniano
relata que no céu de Mercúrio estão aqueles que fizeram o bem tendo
em mente a fama. Em seguida, fala a Dante a respeito de Romeu.

Canto 7: Beatriz discorre a respeito da crucificação de Cristo, que res-


taurou o homem e o fez livre verdadeiramente.

Canto 8: Beatriz e Dante sobem ao terceiro céu, o céu de Vênus, onde


estão as almas dos que sofreram amores e obtiveram a salvação. Surge
a alma de Carlos Martelo, que discorre sobre o caráter e a índole das
pessoas.

Canto 9: Dante e Beatriz permanecem no céu de Vênus, e o poe-


ta encontra Cunizza de Romano, que faz previsões terríveis. Dante e
Beatriz veem também a alma da prostituta Raabe, que se redimiu ao
ajudar o povo hebreu.

Canto 10: Dante e Beatriz chegam ao quarto céu, o céu do Sol, e o


poeta louva a sabedoria de Deus na criação do Universo. Em seguida,
o poeta vê as almas dos teólogos, dentre os quais está Santo Tomás de
Aquino, que lhe apresenta onze companheiros.

Canto 11: Santo Tomás de Aquino continua a conversar com Dante,


que lhe dirige uma dúvida. Tomás responde sabiamente, valendo-se da
vida de São Francisco de Assis.

24
Canto 12: Ainda no céu do Sol, um segundo grupo de almas bem-a-
venturadas ajunta-se ao primeiro. São Boaventura, franciscano, enal-
tece São Domingos.

Canto 13: Santo Tomás de Aquino dirime uma segunda dúvida de


Dante. O santo conclui seu discurso admoestando a respeito dos juí-
zos imaturos.

Canto 14: Mais almas unem-se aos dois primeiros grupos já citados
no quarto céu, formando uma terceira coroa de luz. Beatriz indaga a
uma alma a respeito da ressurreição dos corpos. Dante e Beatriz sobem
ao quinto céu, o céu de Marte, onde estão os espíritos que lutaram
bravamente pela fé cristã.

Canto 15: No céu de Marte, as almas ficam organizadas a fim de for-


marem uma figura de cruz. Uma alma dirige-se a Dante e apresenta-se
como Cacciaguida, trisavô do poeta, morto numa Cruzada.

Canto 16: Cacciaguida discorre sobre a sua família e sobre Florença,


recordando também outras famílias e dando sua opinião sobre o declí-
nio da cidade.

Canto 17: Cacciaguida, a pedido de Dante, prediz o destino do poeta:


perseguição, exílio. O trisavô exorta o poeta a narrar fielmente o que
viu em sua viagem, sem ter medo de ofender a ninguém.

25
Canto 18: Cacciaguida mostra a Dante algumas almas que lutaram
em nome do cristianismo. Em seguida, Dante e Beatriz sobem ao sex-
to céu, o céu de Júpiter, onde habitam as almas que foram justas e
sábias ao governarem. As almas organizam-se de modo que compõem
a figura de uma águia.

Canto 19: A águia simboliza a justiça. Dante dirige-se àquela multi-


dão de almas virtuosas e expõe-lhes uma dúvida a respeito da salvação
dos que não conheceram a Cristo. A águia responde citando reis cris-
tãos que foram maus e injustos com seus respectivos povos.

Canto 20: Ainda no céu de Júpiter, a águia exalta reis virtuosos e dis-
corre a respeito da dúvida de Dante sobre a salvação das almas pagãs.

Canto 21: Dante chega ao sétimo céu, o céu de Saturno, e vê as almas


dos que se entregaram à vida contemplativa. Dante encontra São Pe-
dro Damião.

Canto 22: Demais almas santas aproximam-se de Dante, incluindo


São Bento. Em seguida, o poeta vai ao céu das Estrelas Fixas.

Canto 23: Aparece Cristo, no céu das Estrelas Fixas, acompanhado da


Virgem Maria, que é coroada pelo Arcanjo Gabriel.

Canto 24: São Pedro aproxima-se de Dante e questiona-o sobre a Fé.


O poeta, com a inteligência abençoada, responde corretamente ao
santo, que o abençoa.

26
Canto 25: Em seguida, surge a alma do apóstolo São Tiago, que ques-
tiona Dante a respeito da Esperança. Por fim, surge São João Evange-
lista, que revela ao poeta que seu corpo ficara na terra e seu espírito,
somente, subira ao Céu.

Canto 26: São João questiona Dante sobre a última virtude teologal,
a Caridade. Dante responde corretamente. Surge a alma de Adão, que
esclarece alguns pontos dúbios.

Canto 27: Ainda no oitavo céu, São Pedro retoma a palavra e censura
os falsos pastores da Igreja. Dante contempla a Terra e, junto a Beatriz,
sobe ao Primum Mobile (Primeiro Móvel).

Canto 28: Chegando ao nono céu, Dante vê um foco brilhante de luz,


rodeado de nove círculos de luz. Beatriz explica que o foco é Deus e os
círculos a rodear são anjos.

Canto 29: Ainda no nono céu, Beatriz fala sobre a criação, a fidelida-
de, e a rebeldia dos anjos. Em seguida, Beatriz reprova os falsos prega-
dores.

Canto 30: Lentamente, desaparecem os coros dos anjos e aumenta a


beleza de Beatriz. O poeta e sua musa estão no Empíreo, onde habita
o trono de Deus. Surge um rio de luz, do qual emana a figura de uma
rosa, cujas pétalas são os próprios bem-aventurados e os anjos.

Canto 31: Beatriz também faz parte da rosa. Surge São Bernardo,
último guia de Dante, que aponta para a Virgem Maria, fulgurosa e
gloriosa.

27
Canto 32: São Bernardo explica a Dante como se compõe a rosa.

Canto 33: São Bernardo roga à Virgem Maria que interceda por Dan-
te, permitindo ao poeta a contemplação de Deus. O poeta vê um foco
luminoso desdobrando-se em três círculos, e no círculo do meio surge
um rosto, representando a Encarnação de Cristo.

Você também pode gostar