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PROPOSTA

Coloque-se no lugar de uma articulista que, depois de ler a reportagem abaixo, decide escrever um artigo
de opinião para um jornal de grande circulação sobre o assunto Escola sem Partido. Neste artigo, você
deve:

 Apresentar o que motivou a escrita do artigo;

 Posicionar-se contra ou a favor do movimento Escola sem Partido.

 O GÊNERO 

No jornal, na revista, no periódico, na TV e no webjornalismo, artigo de opinião é um texto dissertativo


ou expositivo que forma um corpo distinto na publicação, trazendo a interpretação do autor sobre um
fato noticiado ou tema variado (político, cultural, científico etc.). 

Ao contrário do editorial, que nunca vem assinado e traz sempre a opinião do veículo em que circula, o
artigo geralmente vem assinado pelo articulista e não reflete, necessariamente, a opinião do órgão que o
publica. 

A estrutura composicional desse tipo de texto varia bastante (não é obrigatório que tenha uma estrutura
canônica tradicionalmente ensinada na escola: Tese inicial, Argumentação e Conclusão), mas sempre
desenvolve, explícita ou implicitamente, uma opinião sobre o assunto, com um fecho conclusivo, a partir
da exposição das ideias ou da argumentação/refutação construídas.  

Em suma, a partir de uma questão polêmica ou não e em um tom/estilo de convencimento, o articulista


(jornalista ou pessoa entendida no tema) tem como objetivo apresentar seu ponto de vista sobre o
1 assunto,
PROPOSTAusando o poder da
DE REDAÇÃO 7: argumentação, defendendo, exemplificando ,justificando ou desqualificando
ESCOLA SEM PARTIDO
posições

Um artigo de opinião, além dos elementos descritos anteriormente, apresenta outras características,
como: 

• um título provocador ou reflexivo. 

• verbos predominantemente no presente. 

• linguagem objetiva (3ª pessoa) ou subjetiva (1ª pessoa). 

Você pode, ainda, utilizar alguns procedimentos argumentativos, como: 

• relações de causa e consequência. 

• comparações entre épocas e lugares. 

• retrocesso por meio da narração de um fato. 

• antecipação de uma possível crítica do leitor, construindo antecipadamente os contra-argumentos. 

• estabelecimento de interlocução com o leitor. 

COLETÂNEA

Escola sem Partido: entenda o que é o movimento que divide opiniões


O Senado lançou nesta semana uma enquete em que toda a sociedade pode opinar contra ou a favor do
projeto de lei 193/2016, de autoria do senador Magno Malta (PR-ES), que inclui entre as diretrizes e bases
da educação nacional o programa Escola sem Partido.

O programa, que tem ganhado defensores e críticos nos últimos tempos, existe desde 2004 e foi criado por
membros da sociedade civil. Segundo Miguel Nagib, advogado e coordenador da organização, a ideia surgiu
como uma reação contra práticas no ensino brasileiro que eles consideram ilegais. “De um lado, a
doutrinação política e ideológica em sala de aula, e de outro, a usurpação do direito dos pais dos alunos
sobre a educação moral e religiosa dos seus filhos”, explica. Para Nagib, todas as escolas têm essas
características atualmente.

Debate

De acordo com Nagib, a presença do cartaz em sala de aula tem o objetivo de informar os estudantes sobre
o direito que eles têm de “não serem doutrinados”. Na contramão dessa ideia, estudiosos especialistas em
educação criticam o programa afirmando que nada na sociedade é isento de ideologia, e que o Escola Sem
Partido, na verdade, é uma proposta carregada de conservadorismo, autoritarismo e fundamentalismo
cristão.

“Além de não assumir sua mensagem conservadora, camuflada em suposto pluralismo, o Escola Sem
Partido quer evitar um pensamento crítico. Quer uma escola medíocre. Afirma uma ideologia pautada em
um fundamentalismo cristão evitado até pelo Papa Francisco, diante das possibilidades de um papado que
sucedeu o ultraconservador Bento XVI”, afirma Daniel Cara, coordenador-geral da Campanha Nacional pelo
Direito à Educação.

Os integrantes do Escola Sem Partido elaboraram um anteprojeto de lei que prevê a fixação do cartaz com
2 osPROPOSTA
deveres doDE REDAÇÃO
professor nas7:salas
ESCOLA SEM PARTIDO
de aula.

Segundo Nagib, os estudantes são prejudicados por serem obrigados a permanecer em sala de aula,
enquanto por outro lado, professores se beneficiam dessa condição: “A partir do momento em que o
professor se aproveita dessa circunstância não para falar de forma parcial equilibrada, mas para promover
as suas próprias preferências, ele está violando a liberdade de consciência e de crença dos alunos”, explica
o coordenador do movimento.

A doutora em educação e pesquisadora da Fundação Carlos Chagas Sandra Unbehaum afirma que apesar
do discurso de neutralidade, o Escola Sem Partido defende uma escola sem espaço para discussão da
cidadania, garantia estabelecida na Lei de Diretrizes de Bases da Educação (9.394/96). “Como é que se
desenvolve um pensamento crítico se não discutindo política, filosofia, sociologia, história? Você não vai
discutir política partidária, mas vai discutir num sentido amplo, de organização e composição da
sociedade”, argumenta.

O advogado Miguel Nagib afirma que o Escola Sem Partido não tem e não quer impor pontos de vista
morais. “Em matéria de educação religiosa e moral, vale o princípio: meus filhos, minhas regras. Nós não
queremos impor a nenhuma família uma maneira de agir em relação a seus filhos. Mas também não
aceitamos que a escola venha fazer isso”, afirma. 

Daniel Cara, por sua vez, recohece a família como uma esfera fundamental da sociedade, mas afirma que os
pais não têm direito absoluto sobre seus filhos e que, portanto, a educação moral não é prerrogativa
exclusiva da família.

“Toda criança e adolescente tem direito a se apropriar da cultura e a ler o mundo de forma crítica. A
educação escolar é uma atribuição do Estado brasileiro. E o cidadão brasileiro tem o direito de aprender o
evolucionismo de Darwin, a história das grandes guerras, a luta pela abolição da escravatura no Brasil, a
desigualdade entre as classes sociais”, argumenta. Segundo Cara, para conseguir lecionar sobre cada um
desses temas, o professor escolherá uma narrativa ou forma de explicar o conteúdo, por meio de um
conjunto de ideias. “Portanto, fará uma escolha ideológica – e isso deve ficar claro aos alunos, é uma
questão de honestidade intelectual”, diz.

Repercussão nacional

Com a visibilidade que o Escola Sem Partido tem ganhado, muitas propostas inspiradas nas ideias do
movimento têm sido apresentadas no âmbito legislativo de todo o país. Em 26 de abril deste ano, os
deputados da Assembleia Legislativa de Alagoas derrubaram o veto do governador Renan Filho (PMDB) ao
Projeto Escola Livre e, com isso, o estado se tornou o primeiro no Brasil a ter uma lei (7.800/2016) que
exige neutralidade do professor.

Seguindo o mesmo caminho, pelo menos 19 estados brasileiros têm projetos de lei semelhantes segundo
levantamento feito pelo portal Educação e Participação. A questão subestima o papel dos estudantes na
educação e  prejudica o trabalho do professor, segundo afirma Daniel Cara: “O aluno não é o elo mais frágil
no processo de ensino-aprendizagem. Só diz isso quem não conhece escola e, especialmente, quem não
conhece a escola do século XXI”, diz.

O coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação afirma que ao considerar essas
propostas, o país segue na contramão do recesso do mundo: “Não se pode criar um protocolo didático.
Nenhum país que tem bons sistemas de ensino faz isso, aliás, em nenhum deles há leis absurdas como
essas propostas pelo Escola Sem Partido. A escola é um espaço heterogêneo e deve estar conectada com a
sociedade”, sustenta. (SANTANA, A.E. Escola sem Partido: entenda o que é o movimento que divide
opiniões. http://educacao.uol.com.br/noticias/2016/07/20/escola-sem-partido-entenda-o-que-e-o-
3 PROPOSTA DE REDAÇÃO 7: ESCOLA SEM PARTIDO
movimento-que-divide-opinioes.htm#fotoNav=7. Acesso em 15/08/2016)

Em 1917, o filósofo italiano Antonio Gramsci publicou na revista La Città Futura um artigo de título “Os
indiferentes”. Ele o abre com uma declaração contundente: “Viver significa tomar partido. Quem
verdadeiramente vive não pode deixar de ser cidadão, e partidário. Indiferença é abulia, parasitismo,
covardia, não é vida”. Suas palavras são muito atuais se considerarmos essa cultura da indiferença que está
sendo pregada por movimentos como o Escola Sem Partido.

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Escola Sem Partido, uma escola a favor da cultura da indiferença
Educadores advertem: a falta de espírito crítico e de reflexão, que permeia escola e sociedade, gera preconceito e discriminação

MOACIR GADOTT

Nos manuscritos da Pedagogia do oprimido, Paulo Freire apresenta um quadro explicativo de duas culturas


quando fala de uma “teoria da ação dialógica” e uma “teoria da ação anti-dialógica” que fundamentam,
respectivamente, a “educação problematizadora” e a “educação bancária”.
A primeira leva à humanização e caracteriza-se pela “colaboração, pela união, pela organização e pela
síntese cultural”. A segunda à “manutenção objetiva da opressão” e caracteriza-se pela “conquista, pela
divisão do povo, pela manipulação e pela invasão cultural”.

Tivemos muitas conquistas nessas últimas décadas, mas não conseguirmos construir uma cultura de
solidariedade, de companheirismo. Ao contrário, estamos construindo, perigosamente, uma cultura da
delação e ignoramos a necessidade de formação para uma cultura cidadã.//////
A importância da Educação Popular tem sido minimizada. Com isso, a base social de resistência ao poder
das elites ficou enfraquecida. Empoderar os mais empobrecidos é organizá-los e, para isso, precisam de
formação política. “Ninguém luta contra forças que não entende”, dizia Paulo Freire.

O Escola sem Partido começou como um movimento fundado por um procurador do Estado de São Paulo,
Dr. Miguel Nagib, para estimular a delação de alunos que supostamente estariam sendo doutrinados por
professores, ameaçando-os com processos. Segundo o Escola Sem Partido, os professores formariam um
exército de militantes em favor da “doutrinação marxista, esquerdista”.

Projetos de leis para regular o ensino e processar professores já estão sendo discutidos no Congresso bem
como em vários estados e municípios. No Estado de São Paulo, o deputado Aldo Demarchi (DEM)
apresentou um projeto de lei que alega combater a prática da doutrinação política. Felizmente, a Comissão
de Educação e Cultura da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo acaba de rejeitá-lo. Um projeto de
lei na Câmara dos Deputados (PL1411/2015) apresentado pelo deputado Rogério Marinho (PSDB/RN)
tipifica o crime de “assédio ideológico” em sala de aula, prevendo penas de até um ano de prisão, além de
multas aos professores.

Há ainda outros projetos que punem professores que abordarem questões de gênero na sala de aula. A
estratégia da Escola sem Partido é tipicamente fascista: intimidar e criar o medo entre os professores para
alcançar seus fins e objetivos ideológicos.

O objetivo desse movimento é silenciar vozes, criminalizando o trabalho docente; é perseguir, demitir e até
prender os docentes que defendam uma visão de mundo contrária ao status quo e colocar a educação a
serviço dos interesses do mercado.

A expressão “Escola sem partido” e “Escola de partido único” são sinônimos. Trata-se de uma escola sem
4 PROPOSTAsem
pluralidade, DE REDAÇÃO
liberdade,7:sem
ESCOLA SEM PARTIDO
diversidade, sem inclusão, sem democracia, uma escola que segrega, que
discrimina, que reprime.

Além disso, o movimento da Escola Sem Partido é um movimento a favor da privatização da educação.
Primeiro desqualifica a escola pública para, depois, propor “recuperar” essa escola por meio da gestão
privada ou dos critérios privados de institutos e fundações empresariais. A Escola Sem Partido é apenas
mais uma tentativa de destruir a Escola Democrática, a Escola Cidadã, uma conquista da Constituição de
1988 e da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996.

É verdade, educar não é adestrar. Todo proselitismo, toda doutrinação devem ser combatidos na escola.
Mas é dever do professor formar cidadãos fomentando o debate e a discussão sobre valores na escola. Os
temas transversais dos Parâmetros Curriculares Nacionais foram introduzidos para isso. A diversidade
cultural e a discussão de gênero devem fazer parte desta formação cidadã como acontece na quase
totalidade dos sistemas educacionais do mundo, impulsionados por orientações da Unesco.

A Escola sem Partido é a expressão da falta de espírito crítico e de reflexão que permeia escola e sociedade.
Nossa pedagogia não é reflexiva e crítica. É dogmática, “bancária”, na expressão de Paulo Freire. Na falta de
argumentação o que se observa é a ofensa, o preconceito, quando não o ódio e a intolerância.

Moacir Gadotti, presidente de honra do Instituto Paulo Freire e professor aposentado da Universidade de
São Paulo

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5 PROPOSTA DE REDAÇÃO 7: ESCOLA SEM PARTIDO


Assista:
https://www.facebook.com/jornalistaslivres/videos/459966220793927/

Projeto de lei: http://www.camara.gov.br/sileg/integras/1317168.pdf


6 PROPOSTA DE REDAÇÃO 7: ESCOLA SEM PARTIDO

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