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COLÉGIO ALTERNATIVO DE SERGIPE

DISCIPLINA DE REDAÇÃO

LEVI BARRETO BATISTA

OS DESAFIOS DA DOAÇÃO DE ÓRGÃOS NO BRASIL


TEXTO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO

Orientador: Prof. Emerson Maciel Santos

São Cristóvão, SE
13 de novembro de 2020
Na famosa série médica "Grey's Anatomy", a cirurgiã geral Miranda Baeily
necessita realizar cirurgias em mais de uma dezena de pacientes para o transplante
de 6 rins. Entretanto, o escasso tempo, problemas infraestruturais do hospital e a
demora da aprovação familiar representam sérios empecilhos à doutora. Fora da
ficção, não é diferente o cenário atual da doação de órgãos no Brasil, tendo em vista
os diversos desafios que o setor da Saúde enfrenta diariamente. Nesse sentido,
deve-se debater acerca da falta de equipamento dos hospitais e da dificuldade em
obter aprovação cirúrgica dos parentes do doador.

Em primeiro lugar, é evidente que a carência de infraestrutura adequada para


receber e preparar órgãos para o transplante dificulta a ala cirúrgica. Segundo
Drauzio Varella, renomado médico brasileiro, em uma de suas entrevista ao
programa televisivo "Fantástico", não só a falta de instrumentos médicos como
também de profissionais qualificados afeta toda a integridade do procedimento
cirúrgico, impossibilitando a realização de um transplante adequado. Nessa
conjuntura, devido a escassez de recursos para a operação, é necessário o
transporte prolongado do órgão para outro hospital, visando uma cirurgia mais
adequada, o que, claramente, afeta a integridade dos tecidos dele, aumentando os
riscos para o receptor.

Além disso, a dificuldade em obter o consentimento dos familiares do doador


representa um retrocesso da sociedade. De acordo com a ABTO (Associação
Brasileira de Transplante de Órgãos), em 2013, cerca de metade das famílias se
recusaram a doar os órgãos de seus entes que tiveram morte cerebral. A partir
disso, é indubitável como é complicado conseguir a autorização para a cirurgia, em
razão do estado de fragilidade emocional em que a família do defunto se encontra,
dificultando e prolongando o tempo de diálogo entre médico e familiar para
conseguir a aprovação adequada, danificando os órgãos do doador.

Depreende-se, portanto, a necessidade de uma melhora no cenário da


doação de órgãos no Brasil. Para que isso ocorra, é necessário que o Estado, em
parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), disponibilize a compra de
instrumentos e aparelhos médicos de tecnologia mais avançada nos hospitais do
país, através de um encaminhamento maior de verba para esse setor tão básico,
visando um ambiente mais adequado para a realização de transplantes. Ademais, o
MDS (Ministério da Cidadania), junto à mídia, deve mostrar para a população a
importância de um doador na vida de um necessitado, por intermédio de anúncios e
comerciais de televisão, a fim de facilitar a obtenção de licença familiar para
cirurgias desse porte. Assim, as dificuldades encontradas pela doutora Baeily não se
transparecerão para a realidade.

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