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Fábio Rodrigues Canal RA:11037311

Roteiro de Estudo 1 – Recuperação de Áreas Degradadas (RAD)

1) A partir da relação compreendida através do diagrama abaixo, onde é possível


perceber que nem toda área classificada como brownfield está contaminada e tão
pouco precisa ser caracterizada como área degradada, defina: passivo ambiental,
áreas contaminadas e Brownfields.
● Passivo Ambiental: são responsabilidades ou obrigações de reparação por
atividades que degradam o meio ambiente, que surgem como consequência do
desenvolvimento de atividades tecnológico-industriais. Normalmente, ocorrem
quando se é utilizada uma área para alguma atividade e essa utilização gera
resíduos ou consequências danosas ao ambiente, como a emissão de gases do
efeito estufa, a contaminação de rios e o aumento da erosão do solo, entre
outras. Essas consequências danosas, que podem afetar vários componentes
do ambiente, como o solo, a água, a atmosfera e a biota, são de
responsabilidade do seus geradores, sejam eles industriais ou outras empresas,
que devem então repará-las ou realizarem compensação financeira quando não
puderem ser recuperados;
● Áreas Contaminadas: são áreas onde se tem comprovadamente concentrações
de substâncias químicas acima de um valor vigente na região ou até mesmo
internacionalmente, de forma que possam causar danos a saúde e a biota. Por
conta disso, a sua utilização ou ocupação representam um risco potencial à
segurança, à saúde humana e ao meio ambiente. Elas surgem a partir de
processos ou atividades socioeconômicas não sustentáveis que negligenciam
questões de proteção ambiental e que liberam poluentes ou contaminantes que
causam a sua degradação. Se a facilidade de propagação da contaminação for
muito grande, essa área é ampliada as áreas imediatas no entorno, sendo esse
um processo dinâmico. Essas áreas necessitam de medidas de remediação
para eliminar ou minimizar o risco a saúde humana e assim poderem ser
utilizadas de forma segura novamente;
● Brownfields: são áreas ou instalações abandonadas, ou sem uso, por conta de
seu potencial de contaminação após terem sido utilizadas por algum tipo de
atividade potencialmente geradora de poluição danosa ao ambiente, como
atividades industriais, comerciais, de mineração, de depósito de resíduos, etc.
Dessa forma, essas áreas que podem ou não estar contaminadas, atualmente
não se encontram mais produtivas;

2) Descreva o comportamento de um poluente, uma vez que tenha sido liberado


no ambiente, destacando de que forma os mesmos podem ser avaliados e a
importância deste procedimento.
A partir de sua liberação no ambiente, o poluente pode apresentar diferentes
comportamentos dependendo do seu meio receptor (ar, água, solo), de suas
propriedades físicas (sólidos, líquidos, gasosos) ou químicas (ácidos, alcalinos,
polares) e de seu potencial de risco (explosivos, tóxicos, reativos). Dessa forma, após
liberados, os poluentes podem:
● Permanecer inalterados em um mesmo local;
● Ser transportados para outros locais, pela ação da gravidade, pela difusão, pela
a ou pela passagem para outras fases pela volatização, dissolução, adsorção ou
precipitação. Normalmente a velocidade de transporte depende do estado físico
do poluente (gases>líquidos>sólidos). Quando o poluente chega até o lençol
freático, ele passa a ser transportado pela água para outras áreas, com
velocidade de propagação dependente do gradiente hidráulico do solo;
● Ser transformados através da ocorrência de processos químicos, como a
oxidação e redução, ou biológicos, como a biodegradação aeróbica ou
anaeróbica, que acarretam mudanças na concentração do poluente que podem
atenuar a presença do contaminante no solo. Certos processos também podem
causar transformações de efeito contrário, onde há a acumulação do
contaminante no solo, como a transferência de substâncias contaminantes para
o solo em fase sólida, a sorção;
Este procedimento de avaliação é importante, pois ele permite melhor entender
o comportamento desses poluentes no ambiente, de forma que seja possível prever
seu destino para então avaliar os riscos potenciais à saúde gerados por eles. Esse
risco considera a característica da fonte do contaminante (inclui a quantidade e
composição do contaminante, principalmente toxicidade e mobilidade), a característica
do meio físico na qual o contaminante foi liberado (inclui a probabilidade de
propagação, transporte ou atenuação do contaminante pelo meio), e a característica de
exposição (inclui a sensibilidade dos receptores ou bens a serem protegidos).

3) O que é o Gerenciamento de Áreas Contaminadas (GAC)? Descreva,


detalhadamente, o processo de identificação de uma área contaminada adotado
pela CETESB.
O Gerenciamento de Áreas Contaminadas é um conjunto de medidas que busca
proporcionar um maior conhecimento das características da área contaminada e dos
impactos causados por essa contaminação, e dessa forma disponibilizar os
instrumentos necessários para se tomar uma decisão em relação a como se intervir na
área da maneira mais adequada, possibilitando assim a minimização dos riscos, por
parte da exposição da população e do meio ambiente a substâncias dessas áreas, à
níveis aceitáveis.
O processo de identificação de áreas contaminadas pela CETESB começa com
a identificação de áreas com potencial de contaminação (AP), com base na relação de
atividades potencialmente geradoras de áreas contaminadas e nas informações
disponíveis no Sistema de Fontes de Poluição (SIPOL), para serem introduzidas no
Sistema de Áreas Contaminadas e Reabilitadas (SIACR). Em seguida, essas áreas são
classificadas em relação a sua priorização, por meio de critérios que consideram a
utilização da região pela população ou suas restrições ambientais, de forma que seja
possível estabelecer áreas consideradas prioritárias (AP prioritária). Na sequência, é
feita a avaliação preliminar para o levantamento de dados sobre a área e seus
parâmetros geoambientais, e sobre o empreendimento e as atividades que foram ou
são desenvolvidas na área, de forma a identificar fontes potenciais de contaminação,
comprovar indícios que permitam presumir a ocorrência de uma contaminação e gerar
um relatório para orientar as próximas etapas do processo. Na próxima etapa, é então
elaborado um plano de investigação confirmatória, contendo a justificativa dos pontos
de investigação georeferenciados, um mapa potenciométrico, laudos analíticos, entre
outras informações, para confirmar ou não a existência ou não da contaminação pela
avaliação das fontes potenciais de contaminação identificadas na etapa anterior, e em
caso de confirmação a área passa a ser classificada como Área Contaminada sob
Investigação (ACI). Em seguida, é feita uma investigação detalhada para caracterizar o
meio físico que contém uma ACI, para determinar a concentração das substâncias
químicas de interesse nas suas várias matrizes ambientais, o transporte dessas
substâncias nas diferentes unidades hidroestratigráficas ao longo do tempo e a pluma
de contaminação mapeada horizontal e verticalmente. Por fim, é feita a avaliação de
risco, onde se estabelece o modelo conceitual da área e se caracteriza a existência do
risco aos receptores identificados e que podem ter sido ou poderão ser expostos às
substâncias químicas de interesse da ACI. Com isso, é decidido se é necessária a
implementação de alguma intervenção e a área pode passar a ser classificada como
área contaminada confirmada quando é comprovada a existência de um risco acima
dos níveis aceitáveis, principalmente no comprometimento dos padrões de potabilidade
ou o risco inaceitável para os organismos presentes nos ecossistemas.

4) Qual o papel das Normas ABNT no Gerenciamento de Áreas Contaminadas


(GAC)? Descreva as principais normativas estudadas em aula.
O papel das Normas ABNT no Gerenciamento de Áreas Contaminadas é guiar
as ações e procedimentos que serão realizados nos processos de identificação e
remediação das áreas contaminadas, de forma que sejam adotadas as ações que são
melhor adaptadas à realidade brasileira e que estas sejam realizadas de acordo com
os padrões adotados internacionalmente, garantindo assim que o gerenciamento seja
realizado de uma forma confiável e eficiente. As principais normativas estudadas em
aula foram:
● ABNT NBR 16210/2013: essa norma estabelece os procedimentos mínimos
para o desenvolvimento de um modelo conceitual no gerenciamento de áreas
contaminadas;
● NBR 15.515 (2007): baseada na norma de gestão de áreas contaminadas do
órgão americano American Society for Testing and Materials (ASTM), essa
norma trata do passivo ambiental em solo e águas subterrâneas e estabelece os
procedimentos mínimos para serem realizados nos estudos de avaliação
preliminar, de investigação confirmatório, de investigação detalhada que vão
constituir os instrumentos necessários para a avaliação de uma contaminação
do solo e água em potencial;
● ABNT NBR 15.515-1 (2011): essa norma estabelece os procedimentos mínimos
de coleta de dados e inspeção de reconhecimento da área para a execução da
avaliação preliminar, de forma a elencar indícios de contaminação no solo e
águas subterrâneas para que se identificar uma possível contaminação
ambiental desses meios;
● ABNT NBR 15512-2: essa norma estabelece procedimentos para testar e
confirmar a existência de uma contaminação ambiental de uma área estudada
que já foi classificada como área com potencial contaminação na avaliação
preliminar, através de técnicas e métodos de coleta de solo ou água subterrânea
de outras normas, para a realização de análises laboratoriais para substâncias
químicas de interesse;
● ABNT NBR 15513-3: essa norma estabelece procedimentos para a realização
da investigação detalhada para áreas onde a contaminação já foi confirmada,
através da definição da dinâmica do transporte do contaminante, para prever o
comportamento da contaminação, a identificação das vias de exposição e dos
receptores e a caracterização do empreendimento e do seu entorno do ponto
físico, químico e biológico, identificando também as zonas saturadas e
insaturadas do solo para determinar a pluma de contaminação;
● NBR 16.209:2013: baseada em um método desenvolvido pela agência de
proteção ambiental americana, essa norma estabelece procedimentos para
avaliar potencial de riscos a saúde humana para ser aplicada ao gerenciamento
de áreas contaminadas, com o objetivo de desenvolver um modelo conceitual de
exposição a partir de cenários de exposição considerados e da quantificação do
risco para cada substância identificada;
5) O que é e de que forma é elaborado para a área estudada, o Modelo Conceitual
de Exposição (MCE)?
O Modelo Conceitual de Exposição é um modelo que representa uma síntese
simplificada de todas as informações significativas levantadas a respeito de todos os
cenários de exposição a contaminantes em uma área contaminada, de forma completa
e identificando quem são os receptores e quais são as fontes de contaminação, os
pontos de exposição, os caminhos de exposição e as vias de ingresso do
contaminante.
Ele é elaborado a partir de informações e dados de processos biológicos e
hidrogeológicos, preferencialmente de qualidade, levantados nas fases de avaliação
preliminar, de investigação confirmatória e de investigação detalhada, de forma que
seja possível, através da identificação das fontes de contaminação e localização e
dimensão das plumas de contaminação e dos pontos de exposição, se estabelecer a
trajetória da substância química de interesse, ou caminho de exposição, por processos
de emissão de partículas ou vapor do solo superficial, de lixiviação do solo para a água
subterrânea ou de transporte de contaminação do solo por alimentos. Com isso, é
possível a determinação de como esses contaminantes identificados podem chegar da
fonte de contaminação até um organismo receptor potencial, ou seja, suas vias de
ingresso (ingestão, inalação ou contato dérmico), e as concentrações com as quais
essas substâncias chegarão até esse receptor. Esses cenários de exposição completos
representados pelo modelo podem ser então utilizados para a avaliação de risco de
contaminação humana e para melhor identificar as ações que devem ser tomadas e os
locais onde elas devem ser realizadas para aprimorar o gerenciamento de áreas
contaminadas.

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