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André Henrique Rosa

Leonardo Fernandes Fraceto


Viviane Moschini-Carlos
Organizadores
M514 Meio ambiente e sustentabilidade [recurso eletrônico] /
Organizadores, André Henrique Rosa, Leonardo Fernandes
Fraceto, Viviane Moschini-Carlos. – Dados eletrônicos. –
Porto Alegre : Bookman, 2012.

Editado também como livro impresso em 2012.


ISBN 978-85-407-0197-7

1. Meio ambiente. 2. Sustentabilidade. I. Rosa, André


Henrique. II. Fraceto, Leonardo Fernandes. III. Moschini-
Carlos, Viviane.

CDU 502-022.316

Catalogação na publicação: Natascha Helena Franz Hoppen CRB10/2150


334 Rosa, Fraceto e Moschini-Carlos (Orgs.)

que assegurem que os efluentes tratados Legislação aplicada


não provocarão impactos ambientais graves
no curso d’água receptor. O lançamento de efluentes nos corpos re-
ceptores está regido pela Resolução Cona-
ma no 357 (2005). Dessa forma, os efluentes
Indicadores aplicados de qualquer fonte poluidora somente pode-
a efluentes rão ser lançados, direta ou indiretamente,
nos corpos d’água, após o devido tratamen-
Apesar do grande avanço da química analí- to e desde que obedeçam às condições, pa-
tica na identificação e análise de compostos, drões e exigências dispostos nessa Resolu-
a realização dessa tarefa para todas as subs- ção e, eventualmente, em outras normas
tâncias presentes no efluente é um trabalho aplicáveis.
praticamente impossível, devido à enorme Mediante fundamentação técnica, o
demanda de tempo e um custo muito eleva- órgão ambiental competente poderá, a
do. Por consequência, são utilizados indica- qualquer momento, acrescentar outras con-
dores de poluição, como, por exemplo, a dições e padrões, ou torná-los mais restriti-
DBO, DQO e COT para matéria orgânica vos, tendo em vista as condições locais, e
(apresentados no item 2.2), teor de óleos de exigir a melhor tecnologia disponível para o
graxas para a quantificação de compostos tratamento dos efluentes, compatível com
orgânicos hidrofóbicos e a toxicidade para as condições do respectivo curso d’água su-
avaliação do potencial tóxico do efluente. perficial. É vedado o lançamento e a autori-
Devido à facilidade na determina- zação de lançamento de efluentes em desa-
ção da DQO, esse parâmetro é largamen- cordo com as condições e padrões estabele-
te utilizado para a caracterização de cidos na Resolução Conama no 357 (2005).
efluentes. A razão entre a DBO e a DQO O órgão ambiental competente po-
fornece indicações sobre a biodegradabili- derá, excepcionalmente, autorizar o lança-
dade de um efluente, ou seja, sobre a capa- mento de efluente acima das condições e
cidade do efluente ser estabilizado por padrões estabelecidos no art. 34, da Reso-
processos bioquímicos, intermediado por lução Conama no 357 (2005), desde que
microrganismos. observados os seguintes requisitos: com-
O teor de óleos e graxas é um indica- provação de relevante interesse público,
dor representativo de uma ampla classe de devidamente motivado; atendimento ao
substâncias que podem ser solubilizadas e enqua­dramento e às metas intermediárias
extraídas por solventes orgânicos. Com esse e finais, progressivas e obrigatórias; reali-
parâmetro, é possível quantificar os po- zação de Estudo de Impacto Ambiental –
luentes hidrofóbicos, os quais são capazes EIA, às expensas do empreendedor res-
de interagir com as membranas biológicas, ponsável pelo lançamento; estabelecimen-
resultando em efeitos tóxicos. to de tratamento e exigências para esse
A toxicidade é um importante parâ- lançamento; e fixação de prazo máximo
metro de controle da qualidade dos efluen- para o lançamento excepcional.
tes. É determinada em bioensaios, sendo As condições de lançamento de
observada a resposta de uma dada popula- efluentes são: pH entre 5 a 9; temperatura:
ção de organismos quando submetidos a inferior a 40 ºC, sendo que a variação de
diferentes concentrações do efluente. Para a temperatura do corpo receptor não deverá
realização dos testes, são utilizados organis- exceder a 3 ºC na zona de mistura; materiais
mos como bactérias, algas, microcrustáceos sedimentáveis: até 1 mL/L em teste de 1
e peixes. hora em cone Imhoff. Para o lançamento
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em lagos e lagoas, cuja velocidade de circu- químicos, nos quais a remoção ou conver-
lação seja praticamente nula, os materiais são dos contaminantes ocorre pela adição
sedimentáveis deverão estar praticamente de produtos químicos ou devido às reações
ausentes; regime de lançamento com vazão químicas (precipitação química, adsorção,
máxima de até 1,5 vezes a vazão média do desinfecção); e/ou biológicos, nos quais a
período de atividade diária do agente polui- remoção de contaminantes ocorre por meio
dor, exceto nos casos permitidos pela auto- de atividade biológica (processos aeróbios e
ridade competente; óleos e graxas – óleos anaeróbios).
minerais: até 20 mg/L, óleos vegetais e gor- Um efluente pode conter poluentes
duras animais: até 50 mg/L; e ausência de orgânicos e inorgânicos, os quais podem
materiais flutuantes. No Brasil, para o lan- estar solubilizados na fase aquosa ou em
çamento de efluentes, a avaliação do cum- suspensão na forma de partículas. O mate-
primento aos padrões da legislação é, na rial em suspensão pode ser removido por
maioria dos estados, baseada na DBO, métodos físico-químicos, cuja escolha de-
sendo a DQO utilizada apenas em poucas pende das características do material (ta-
localidades. manho, densidade, entre outras), enquanto
Segundo a Resolução Conama no 357 a remoção do material solúvel é mais difícil,
(2005), quando a vazão do corpo de água podendo ser empregadas técnicas físico-quí-
estiver abaixo da vazão de referência, o micas e/ou biológicas. As técnicas de trata-
órgão ambiental competente poderá esta- mento baseadas em processos de coagula-
belecer restrições e medidas adicionais, de ção, seguidos por flotação ou sedimentação,
caráter excepcional e temporário, aos lança- apresentam uma elevada eficiência na re-
mentos de efluentes que possam acarretar moção de material particulado. Entretanto,
efeitos tóxicos agudos em organismos aquá- para remoção de compostos coloridos e
ticos ou inviabilizar o abastecimento das compostos orgânicos dissolvidos são defi-
populações. Os efluentes provenientes de cientes, enquanto os processos de adsorção
serviços de saúde e estabelecimentos nos em carvão ativado são significativamente
quais haja despejos infectados com micror- mais eficazes.
ganismos patogênicos só poderão ser lança- Os processos de tratamento visam à
dos após tratamento especial. adequação dos efluentes aos padrões de
Cabe ressaltar ainda que é proibido o lançamento de despejos, de forma que, se o
lançamento de qualquer tipo de efluente efluente de uma unidade de tratamento pri-
em águas classificadas como Especiais. Para mário estiver de acordo com a legislação, o
as outras classes de água doce, descritas no mesmo pode ser lançado diretamente no
item 2.4, existem alguns valores dos indica- corpo receptor. Caso contrário, esse efluen-
dores de qualidade da água que devem ser te deve ser conduzido para uma unidade de
obedecidos no lançamento de efluentes em tratamento subsequente de modo a torná-
corpos d’água. -lo adequado para ser lançado no curso
d’água.
Antes de se iniciar a concepção do sis-
Técnicas de tratamento tema de tratamento e o tratamento propria-
mente dito, deve-se ter claro qual o objetivo
Para o tratamento de efluentes, normal- a ser alcançado, ou seja, qual o nível de qua-
mente são empregados métodos físicos, nos lidade do efluente tratado que se deseja,
quais predomina a aplicação de forças físi- uma vez que existem fatores limitantes,
cas como o gradeamento, floculação, sedi- como o custo envolvido para o tratamento.
mentação, flotação e filtração; métodos Salienta-se que os requisitos a serem atingi-
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.

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