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Aprovada por:
________________________________________________
Prof. Ibrahim Abd El Malik Shehata, Ph.D.
________________________________________________
Profª. Lídia da Conceição Domingues Shehata, Ph.D.
________________________________________________
Prof. Giuseppe Barbosa Guimarães, Ph.D.
________________________________________________
Prof. Yosiaki Nagato, D.Sc.
ii
Aos meus pais,
meu sobrinho Ricardo Filho
e minha afilhada Lara.
iii
Agradeço à minha família por todo apoio que me deu, sem o qual este trabalho
não seria possível, aos meus professores da Universidade Federal do Ceará, à PREMAG
e à Engª. Flávia, à CAPES e ao CNPQ pela bolsa de estudos e apoio financeiro.
iv
Resumo da Tese apresentada à COPPE/UFRJ como parte dos requisitos
necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)
Abril/2002
v
Abstract of Thesis presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)
April/2002
vi
Índice
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 1
vii
3.5.1. EXTENSÔMETROS ............................................................................................... 66
3.5.2. DEFLECTÔMETROS.............................................................................................. 67
3.6. METODOLOGIA DE ENSAIO .................................................................................. 67
viii
Lista de símbolos
Letras romanas
Letras gregas
ix
δld,lin deslocamento de pino da armadura no final do comportamento
elástico
δldu deslocamento de pino último da armadura
δlu deslocamento relativo último entre as superfícies na direção l
δt deslocamento relativo entre as superfícies na direção t
δtb alongamento das barras na direção t
εd, εr deformações nas direções d e r
εfis deformação de fissuração do concreto
εl, εt deformações nas direções l e t
εyl, εyt deformações de escoamento das armaduras nas direções l e t
φ diâmetro da armadura
γlt deformação angular no plano formado pelos eixos l e t
ϕ ângulo médio de inclinação das rugosidades
µ coeficiente de atrito
ρl, ρt taxas geométricas de armadura nas direções l e t
σcd, σcr tensões normais no concreto nas direções d e r
σcl, σct tensões normais no concreto nas direções l e t
σfis tensão de fissuração do concreto
σl, σt tensões nas armaduras nas direções l e t
σnl, σnt tensões normais devido ao carregamento externo nas direções l e t
σsl, σst tensões normais devido a deformação das armaduras nas direções l e
t
τdr tensão de cisalhamento no plano inclinado formado pelos eixos d e r
τfr,d tensão cisalhante de dimensionamento devida exclusivamente ao
atrito entre as superfícies
τfr,u tensão cisalhante última devida exclusivamente ao atrito entre as
superfícies
τlt tensão de cisalhamento no plano de cisalhamento
τu tensão de cisalhamento média de ruptura
x
1. Introdução
1
moldadas que servirão como fôrma para a laje que será concretada após o término da
colocação das placas.
Laje moldada
Placa de no local
concreto pré-moldado
Forma-se, então, um sistema de vigas T onde a alma é formada pela viga pré-
moldada e a mesa pela laje concretada no local. O monolitismo da estrutura é garantido
pela aderência entre as superfícies contínuas da laje e da viga e pelos estribos de espera
da viga. A transferência de esforços de cisalhamento horizontais ocorre ao longo de toda
a interface de contato entre as duas peças (figura 1.2).
Outro método construtivo também utilizado em pontes de concreto é o que
emprega vigas e lajes pré-moldadas. Neste caso, a ligação entre as peças é realizada
através de conexões de concreto moldadas no local. Nas vigas, são deixados estribos de
espera e as lajes são moldadas com furos que têm espaçamento igual ao dos estribos de
espera (figura 1.3). O processo de montagem começa com a colocação das vigas em
suas posições. Segue-se o posicionamento das lajes sobre as vigas observando o encaixe
entre os estribos de espera e os furos. Após o término da montagem, os furos (nichos)
são preenchidos com concreto.
2
Carregamento
F+∆F F
Laje moldada Tensão de
V+∆V Interface no local cisalhamento V
F+∆F F
Viga pré-moldada
Nicho de concreto
moldado no local Laje pré-moldada
Viga pré-moldada
3
A resistência ao cisalhamento dos nichos de ligação mesa-alma (entre viga e
laje pré-moldada) constitui o escopo deste trabalho, que faz parte de uma pesquisa mais
ampla em andamento na Universidade Federal do Rio de Janeiro sobre o
comportamento do elemento estrutural formado por viga e laje pré-moldadas ligadas
através de conexões de concreto.
Carregamento
Nicho de ligação
F+∆F F
F+∆F F
Viga pré-moldada
Diversos autores têm estudado a resistência da ligação contínua entre viga pré-
moldada e laje moldada no local através de ensaios de vigas T submetidas à flexão
(HANSON (1960), SAEMANN (1964), LOOV (1994), ARAÚJO (1997), GOHNERT
(2000)), fornecendo dados sobre como ocorre a transferência dos esforços cisalhantes na
interface. Com isso, têm-se possibilitado que códigos apresentem procedimentos para o
dimensionamento deste tipo de elemento estrutural.
Outras pesquisas foram realizadas para estudar o comportamento de peças de
concreto armado submetidas a cisalhamento direto (HANSON (1960), HOFBECK
(1969), MATTOCK (1972), HERMANSEN(1974)), mas são poucos os estudos
realizados sobre a resistência e o comportamento das conexões de concreto submetidas
a cisalhamento direto. No Brasil, foram realizados ensaios de conexões na Escola de
Engenharia de São Carlos (MALITE (1997)). Torna-se necessária, portanto, a
realização de pesquisas sobre este tema para a verificação da influência na resistência
4
das conexões de fatores como: resistência do concreto, quantidade da armadura
transversal na ligação e tipo de superfície de contato.
São objetivos deste estudo:
5
2. Pesquisa bibliográfica
2.1. Introdução
6
transversal no plano de cisalhamento. O efeito da resistência do concreto não foi
analisado de modo sistemático.
O modelo ensaiado é apresentado na figura 2.1. Cada corpo de prova era
composto de duas partes, uma representando a viga pré-moldada e a outra uma laje
moldada no local. O comprimento da interface de contato teve os valores 150mm,
300mm e 600mm aproximadamente. Em alguns modelos, na peça que representava a
viga, foi deixado um nicho com dimensões de 128mmx128mmx64mm que foi
preenchido com o concreto da peça superior, formando, assim, uma chave de
cisalhamento. Os modelos com armadura transversal possuíam um estribo de diâmetro
igual a 12,7mm em formato de U (extremidade com ganchos).
As superfícies de contato das peças inferiores foram submetidas a alguns
tratamentos objetivando modificar as características das interfaces de cisalhamento,
assim classificadas:
• lisa: a superfície de contato foi suavizada tornando-a relativamente lisa;
• rugosa: a superfície foi escarificada com uma lâmina de aço, obtendo-se
rugosidades de cerca de 19mm;
• aderente: a parte superior foi moldada diretamente sobre a superfície seca
sem nenhum tratamento para anular a aderência;
• não aderente: a superfície de contato foi pintada com um composto de
silicone evitando a aderência do concreto novo com o antigo.
7
Os modelos com interface aderente apresentaram grande resistência e pouco
deslocamento relativo entre as duas peças, enquanto os sem aderência apresentaram
grandes deslocamentos antes de atingir a sua capacidade resistente (figura 2.3.).
305
L+25
178
51
aplicação da
carga
533
64
25
φ19,05 128
φ12,7
305
L+356
609
178
100
chave de
305
cisalhamento
203
8
1,0
0,9
0,8
Tensão cisalhante (MPa)
0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0,0
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6
Deslocamento relativo (mm)
3,5
3,0
2,5
2,0
1,5
1,0
0,5
0,0
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6
Deslocamento relativo (mm)
9
Na figura 2.4, verifica-se que a existência de chave de cisalhamento pouco
afetou a curva tensão cisalhante deslocamento.
A variação do comprimento da interface, mantendo-se a mesma armadura da
ligação, acarretou alteração na taxa geométrica de armadura transversal. Os resultados
mostraram que o aumento da taxa geométrica de armadura (tensão de escoamento do
aço aproximadamente a mesma) leva ao aumento da capacidade resistente da peça.
3,5
3,0
2,5
Tensão cisalhante (MPa)
2,0
1,5
0,0
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6
Deslocamento relativo (mm)
10
• a influência da tensão de escoamento, taxa e arranjo da armadura
transversal;
• a influência da resistência do concreto;
• o efeito de pino da armadura transversal.
Foi aplicada aos corpos de prova (figura 2.5), uma carga P, produzindo
cisalhamento puro no plano m-n. Os modelos foram providos de uma adequada
armadura longitudinal para que a ruptura se desse ao longo do plano de cisalhamento. A
armadura transversal constituiu-se de estribos fechados abraçando a armadura
longitudinal. A tabela 2.1 apresenta dados dos modelos ensaiados.
O concreto dos modelos foi fabricado utilizando agregados com dimensão
máxima de 22mm e foi submetido a cura durante as primeiras 48h.
Os modelos ensaiados da série 6 diferem dos demais devido à existência de
borrachas flexíveis envolvendo os estribos na região de fissuração, visando eliminar a
contribuição do efeito de pino da armadura na resistência ao cisalhamento.
Os modelos da série 1 e os modelos 6.1 e 6.2 foram ensaiados com plano de
cisalhamento sem fissura prévia. Os demais corpos de prova foram ensaiados após a
indução de um plano fissurado, obtido pela aplicação de um carregamento ao longo da
superfície de cisalhamento, coplanar a esta e na direção normal ao eixo da armadura
longitudinal (ensaio de tração indireta).
A carga foi incrementada até a ruptura. Após cada acréscimo de carga, o
deslizamento relativo foi medido.
Na tabela 2.2 são apresentados os valores de tensão máxima de cisalhamento
(τu) obtidos.
Verificou-se que a existência de um plano previamente fissurado aumenta o
deslizamento relativo em todas as fases do carregamento. A tensão máxima de
cisalhamento é menor nos modelos pré-fissurados, sendo a diferença maior para baixos
valores de ρtfyt e tornando-se insignificante para altos valores do mesmo (figura 2.6).
O aumento do diâmetro das barras ou a diminuição do espaçamento dos
estribos, incrementando, assim, a taxa geométrica de armadura transversal (ρt),
aumentou o valor da tensão máxima de cisalhamento.
11
A tensão máxima de cisalhamento foi maior para os espécimes com aço de
maior tensão de escoamento, desde que esta fosse atingida antes da ruptura.
Para corpos de prova com baixo valor de ρtfyt, a resistência do concreto não
afetou a resistência ao cisalhamento dos modelos fissurados. O mesmo não aconteceu
no caso dos espécimes com altos valores de ρtfyt , onde o aumento da resistência do
concreto acarretou o aumento da capacidade resistente.
A presença da mangueira de borracha envolvendo os estribos na região da
interface anulou a maior parte do efeito de pino que, para os modelos pré-fissurados,
representou uma significativa parcela de resistência. Nos ensaios, a perda chegou a 39%
para o corpo de prova 6.3 e a 20% para o 6.4 quando comparados com os corpos de
prova 3.2 e 3.5 (sem mangueira) respectivamente (ver tabela 2.2).
m
127 127
P
plano de
cisalhamento
127
254
estribos
19
(tabela 2.2)
127
2φ15,9
1φ12,7
3φ12,7
seção transversal
400
central
19
127
P
4φ9,5
12
Tabela 2.1: Corpos de prova ensaiados por HOFBECK (1969)
Corpo de
φ (mm) ρt fyt (MPa) fc (MPa)
prova
1.0 - - - 28,4
1.1A 9,5 4,4E-03 357 27,6
1.1B 9,5 4,4E-03 338 30,5
1.2A 9,5 8,8E-03 357 27,0
1.2B 9,5 8,8E-03 338 29,4
1.3A 9,5 1,3E-02 357 27,0
1.3B 9,5 1,3E-02 338 27,6
1.4A 9,5 1,8E-02 357 31,7
1.4B 9,5 1,8E-02 338 27,2
1.5A 9,5 2,2E-02 357 31,7
1.5B 9,5 2,2E-02 338 28,6
1.6A 9,5 2,6E-02 357 30,3
1.6B 9,5 2,6E-02 338 28,5
2.1 9,5 4,4E-03 357 21,8
2.2 9,5 8,8E-03 357 21,8
2.3 9,5 1,3E-02 357 27,5
2.4 9,5 1,8E-02 357 27,5
2.5 9,5 2,2E-02 357 29,4
2.6 9,5 2,6E-02 357 29,4
3.1 3,2 1,0E-03 352 28,4
3.2 6,4 4,0E-03 400 28,2
3.3 9,5 8,8E-03 357 21,8
3.4 12,7 1,6E-02 332 28,4
3.5 15,9 2,5E-02 298 28,4
4.1 9,5 4,4E-03 465 28,6
4.2 9,5 8,8E-03 465 28,6
4.3 9,5 1,3E-02 465 30,5
4.4 9,5 1,8E-02 465 30,5
4.5 9,5 2,2E-02 465 23,9
5.1 9,5 4,4E-03 357 17,2
5.2 9,5 8,8E-03 357 18,4
5.3 9,5 1,3E-02 357 16,8
5.4 9,5 1,8E-02 357 18,2
5.5 9,5 2,2E-02 357 18,4
6.1 9,5 4,4E-03 338 27,9
6.2 9,5 2,2E-02 338 27,7
6.3 9,5 4,4E-03 338 27,9
6.4 9,5 2,2E-02 338 27,7
13
12
10
8
τu(MPa)
ρ tf yt(M Pa)
Corpo de Corpo de
ρtfyt (MPa) τu (MPa) ρtfyt (MPa) τu (MPa)
prova prova
1.1 0,00 3,38 3.1 0,35 1,69
1.1A 1,57 5,28 3.2 1,57 3,66
1.1B 1,48 5,94 3.3 3,14 4,78
1.2A 3,14 7,03 3.4 5,21 7,23
1.2B 2,97 6,90 3.5 7,32 8,11
1.3A 4,72 7,74 4.1 2,06 4,95
1.3B 4,46 7,53 4.2 4,10 6,89
1.4A 6,28 9,57 4.3 6,15 8,30
1.4B 5,94 9,00 4.4 8,19 9,85
1.5A 7,88 9,85 4.5 10,24 9,28
1.5B 7,42 9,74 5.1 1,57 3,59
1.6A 9,43 10,08 5.2 3,14 4,92
1.6B 8,91 9,99 5.3 4,72 5,70
2.1 1,57 4,15 5.4 6,28 5,59
2.2 3,14 4,78 5.5 7,88 7,10
2.3 4,72 5,91 6.1 1,48 5,63
2.4 6,28 7,03 6.2 7,42 8,72
2.5 7,88 9,15 6.3 1,48 2,25
2.6 9,43 9,75 6.4 7,42 6,49
14
2.2.3. Ensaios realizados por MATTOCK (1972)
P
P
Armadura
transversal
Plano de
cisalhamento
P P
(a) (b)
15
Foram executados ensaios em espécimes com superfície de cisalhamento pré-
fissurada (séries 8 e 10) e em espécimes sem fissura prévia (séries 7 e 9).
Corpo de
φ (mm) ρt θ (º) fyt (MPa) fc (MPa)
prova
7.1 9,5 7,8E-03 341,3 33,4
7.2 9,5 1,2E-02 341,3 35,3
7.3 9,5 1,6E-02 341,3 34,8
7.4 6,4 3,4E-03 386,1 37,3
7.5 6,4 5,2E-03 386,1 35,0
7.6 6,4 8,6E-03 386,1 35,2
8.1 9,5 7,8E-03 341,3 33,4
8.2 9,5 1,2E-02 341,3 35,3
8.3 9,5 1,6E-02 341,3 34,8
8.4 6,4 3,4E-03 386,1 37,3
8.5 6,4 5,2E-03 386,1 35,0
8.6 6,4 8,6E-03 386,1 35,2
9.1 9,5 1,5E-02 45 361,3 37,9
9.2 9,5 1,8E-02 30 359,9 37,9
9.3 9,5 1,9E-02 15 360,6 27,2
9.4 9,5 1,8E-02 0 370,3 27,2
9.5 9,5 1,2E-02 30 351,6 44,4
9.6 9,5 6,1E-03 30 351,6 44,4
10.1 9,5 9,2E-03 75 357,2 23,8
10.2 9,5 9,2E-03 75 358,5 30,3
10.3 9,5 1,2E-02 60 357,2 23,8
10.4 9,5 1,2E-02 60 365,4 30,3
10.5 9,5 1,5E-02 45 363,4 31,9
10.6 9,5 1,8E-02 30 358,5 31,9
10.7 9,5 1,8E-02 15 361,3 27,7
10.8 9,5 1,8E-02 0 370,3 27,7
10.9 9,5 1,2E-02 30 351,6 40,0
10.10 9,5 6,1E-03 30 351,6 40,0
16
Os resultados dos ensaios encontram-se resumidos na tabela 2.4.
Os modelos da série 7, ensaiados a tração, apresentaram resistência ao
cisalhamento menor do que os modelos da série 1 ensaiados por HOFBECK (1969)
submetidos a compressão (figura 2.8). Esta diferença não foi observada entre a série 8,
ensaiada a tração, e as séries 2 e 3 de HOFBECK (1969) ensaiadas a compressão com
superfície de cisalhamento pré-fissurada (figura 2.9).
17
12
10
8
τ u (MPa)
6
S ér ie 1 (esp écim es
4 su bm etid os a com p r essã o,
H O F B E C K (1 9 6 9 ))
S ér ie 7 (esp écim es
2 su bm etid os a tr a çã o)
0
0 2 4 6 8 10
ρ t f yt (M P a )
Figura 2.8: Resultados obtidos nos ensaios dos espécimes submetidos a tração e
a compressão com plano de cisalhamento não fissurado
12
10
8
τ u (MPa)
18
Os exemplares 10.1 a 10.4, ensaiados com compressão atuando no plano de
cisalhamento, atingiram a ruptura devido à compressão neste plano, enquanto nos
demais a ruptura ocorreu por cisalhamento.
Na figura 2.10, a resistência ao cisalhamento de modelos ensaiados com
compressão agindo no plano de cisalhamento (série 9 e modelos 10.5 a 10.10) é
comparada com a dos modelos das séries 1, 2 e 3 de HOFBECK (1969) (sem
compressão). Observa-se que o aumento da resistência dos corpos de prova com
compressão agindo no plano acontece na mesma razão que os modelos das séries 1, 2 e
3. Nota-se, também, nestes corpos de prova, um aumento no limite superior em relação
aos exemplares sem compressão no plano. Este acréscimo de resistência para altos
valores de (ρtfyt + σnt) deve-se ao aumento significativo de resistência do concreto, em
torno de 14MPa, apresentada em alguns exemplares (9.1, 9.2, 9.5, 9.6, 10.9 e 10.10) e a
existência de compressão no plano de cisalhamento.
A presença de compressão agindo no plano de cisalhamento resulta em um
estado biaxial compressão-compressão no concreto, que passa a ter resistência à
compressão de aproximadamente 1,2fc.
25
20
τu(MPa)
15
Série 10 (fissurada)
0
0 5 10 15 20 25
ρ tfyt+σ
σ nt (MPa)
Figura 2.1.10: Comparação dos resultados dos espécimes sem e com tensão normal
ao plano de cisalhamento
19
2.3. Modelos teóricos e fórmulas empíricas adotadas para avaliar a
resistência ao cortante de ligação
N N
V V
m n
µN
N
V
N
20
inclinados a um ângulo ϕ com relação ao plano de cisalhamento (figura 2.12). Isolando
uma parte do bloco limitada pelo plano de cisalhamento e considerando seu equilíbrio
sob a ação da força externa (V) e as resultantes das forças internas nos dentes (R) e nas
armaduras (T), tem-se:
R ⋅ cos ϕ = T
R ⋅ senϕ = V
V = T ⋅ tan ϕ (2.1)
Armadura
V
T
δt
m n
R
ϕ
Rsenϕ
T Rcosϕ
21
Considerando que o deslocamento δt seja suficiente para provocar o
escoamento da armadura e que a ancoragem desta seja suficiente para sustentar a tensão
de escoamento, a força T é dada por:
T = A st ⋅ f yt (2.2)
Das equações 2.1 e 2.2, chega-se à tensão de cisalhamento média que provoca
a ruptura
Vu
τu = = ρ t ⋅ f yt ⋅ tan ϕ = σ st ⋅ µ (2.3)
Ac
com µ = tan ϕ e σ st = ρ t ⋅ f yt
onde
Ast= área da seção da armadura transversal à interface
fyt= tensão de escoamento da armadura transversal
Ac= área da seção de concreto
Vu= força cortante última
ρt= taxa geométrica de armadura transversal
µ= coeficiente de atrito entre as superfícies (tangφ)
σst= tensão normal ao plano de cisalhamento devido a deformação da armadura
transversal
22
superfície fissurada, é a favor da segurança, pois não admite a contribuição da adesão do
concreto.
Valores de µ sugeridos por MAST (1968) em função do tipo de superfície de
contato e dos materiais estão listados na tabela 2.5.
Tipo de superfície µ
Concreto-concreto superfície rugosa 1,4
Concreto-aço em vigas compostas 1,0
Concreto-aço com conectores soldados em campo 0,7
Concreto-concreto superfície lisa 0,7
Concreto monolítico 1,4-1,7
τ u = (ρ t ⋅ f yt + σ nt ) ⋅ tan ϕ = µ ⋅ (ρ t ⋅ f yt + σ nt )
23
várias normas de cálculo é estabelecida como uma fração de fc ou um valor
fixo em MPa.
24
e o alongamento da armadura transversal. O novo ângulo que as bielas fazem com o
plano de ruptura é β e as tensões normais no concreto são σct e σcl.
A tensão de tração na armadura pode atingir a tensão de escoamento do aço fyt,
caso não ocorra antes a ruptura das bielas, provocando a reação de compressão A st ⋅ f yt
(T) no plano de ruptura. O colapso do sistema ocorre pela ruptura das bielas enquanto o
aço escoa (MATTOCK (1972)).
Força cortante
Plano de ruptura
aplicada β
V
l
N T σcl V
T N
Força devido a d
τlt σct deformação do aço r
V
Armação transversal
τdr
N
t
T T N
V
Força normal
Fissuras diagonais aplicada σcd
(a) (b)
25
O par de valores σcd e τdr que provoca a ruptura do elemento de concreto pode
ser determinado através do critério de ruptura de Mohr-Coulomb. A interseção de
qualquer círculo de Mohr que tangencie a envoltória de ruptura e o eixo τ define o ponto
de coordenadas 0, τdr, visto que σcr=0 (figura 2.14). O ponto diametralmente oposto
define o ponto de ruptura (σcd, τdr).
τ
Envoltória de ruptura
do concreto
σcd,τdr
σ
σcr,τdr
para β ≈ 45 , tem-se
σ cd
σ ct = − τ dr (2.5a)
2
26
σ cd
σ cl = + τ dr (2.6a)
2
σ cd
τ lt = − (2.7a)
2
A st ⋅ f yt
σ ct = + σ nt = ρ t ⋅ f yt + σ nt (2.8)
Ac
Vu
τu = = K ⋅ τ lt (2.9)
Ac
onde
K= coeficiente de não uniformidade de distribuição de τlt nas bielas
Se β ≈ 45
K ⋅ σ cd
τu = − (2.10)
2
e a tensão normal ao plano de ruptura é
σ
σ ct = ρ t ⋅ f yt + σ nt = cd − τ dr (2.11)
2
27
Considerando a distribuição de tensão de cisalhamento na biela algo intermediário entre
a distribuição uniforme e a parabólica, o valor de K pode ser aproximado para 0,84.
Os resultados experimentais obtidos por HOFBECK (1969) para série 1 e as
curvas obtidas com K=1 e K=0,84 estão apresentados na figura 2.15.
14
12
10
τ u(MPa)
8
6
4 Série 1
Ruptura da biela (K=1)
2
Ruptura da biela (K=0.84)
0
0 2 4 6 8 10 12
ρ tfyt +σ
σ nt (MPa)
28
por MATTOCK (1972), na formação de bielas entre as fissuras que surgem
atravessando a interface. Adicionalmente, utilizou-se, na formulação analítica, equações
de compatibilidade, equilíbrio e curvas de tensão deformação do concreto sob estado
multiaxial de tensões. Além disso, o modelo admite a contribuição da armadura
posicionada paralelamente à interface no mecanismo de resistência ao cisalhamento.
Considere-se um elemento de concreto armado no plano definido pelas
direções perpendiculares l e t submetido a tensões normais σnl e σnt além de tensão
lt, conforme mostra a figura 2.16a, de forma similar àquela apresentada por
MATTOCK (1972). Em decorrência das forças externas aplicadas, surgem fissuras
inclinadas formando uma série de bielas inclinadas a um ângulo ção ao plano
de cisalhamento. Admite-se, também, um estado principal de tensões no concreto da
biela formado por compressão(σcd) na direção das fissuras (eixo d) e tração (σcr) na
direção ortogonal (eixo r), conforme mostra a figura 2.16b.
Decompõe-se o estado de tensões no plano de ruptura, σnl, σnt e τlt, em dois
estados, um relativo à parcela resistida pelo concreto, σcl, σct e τlt, e outro resistido pela
armad sl st (figura 2.16a). Observe-se que a tensão tangencial τlt é resistida
apenas pelo concreto; portanto, o efeito de pino da armadura é desconsiderado.
σ nl σ sl=ρ lσ l
σ cl
τ lt τ lt
τlt τ lt
= +
σ ct σ st=ρtσ t
σ nt
l
d
σ cd σ cr r
α
Figura 2.16: Modelo de elemento de concreto armado adotado por HSU (1987)
29
Como o estado de tensões no concreto , σcl, σct e τlt, é derivado do estado de
tensões principais na biela, utilizando-se o círculo de Mohr, o estado de tensões no
plano de ruptura pode ser descrito em função do estado de tensões na biela, cd
cr, e
do estado de tensões nas armaduras da seguinte forma:
onde
l t= taxa geométrica de armadura nas direções l e t
σl e σt= tensões nas armaduras nas direções l e t
As tensões de tração são consideradas positivas e as de compressão, negativas.
com ε l + ε t = ε d + ε r
onde
l t= deformações nas direções l e t
lt= deformação angular
30
σ t = E s ⋅ ε t para ε t ≤ ε yt (2.19a)
onde
f yl e f yt = tensões de escoamento das armaduras nas direções l e t
As tensões na biela, cd
ε ε
2
σ cd = −f c ⋅ 2 ⋅ d − λ ⋅ d para ε d ≤ ε p (2.20a)
ε 0 ε0
εd 1 2
−
fc ε0 λ
σ cd = − ⋅ 1− para ε d > ε p (2.20b)
λ 1
2−
λ
onde
ε0
εp = (2.21)
λ
ε 0 = −0,002
εr
λ = 0,7 − (2.22)
εd
31
σ fis
σ cr = para ε r ≥ ε fis (2.24)
ε − ε fis
1+ r
0,005
onde
fc
E c = módulo de elasticidade do concreto, tangente na origem , E c = −2 ⋅
ε0
σ fis
ε fis = deformação de fissuração do concreto, ε fis =
Ec
σcd
-fc/λ
εp=ε /λ
0 εd
(a)
σcr
σfis
εfis εr
(b)
32
A aplicação desse método de análise é feita como mostrado a seguir.
Para o modelo da figura 2.18, supondo uma carga P aplicada na direção l, as
tensões normal e tangencial num elemento no plano de cisalhamento são:
P
σ nl = k σ ⋅ (2.25)
b⋅h
P
τ lt = k τ ⋅ (2.26)
b⋅L
onde
k = coeficiente de não uniformidade da tensão normal
k = coeficiente de não uniformidade da tensão de cisalhamento
P
l
h
t
b
L
Zona crítica
33
Eliminando P das duas expressões anteriores chega-se a
L k
σ nl = ⋅ σ ⋅ τlt (2.27)
h kτ
L kσ
K= ⋅ (2.28)
h kτ
σ nl = K ⋅ τ lt (2.29)
34
O método iterativo segue os seguintes passos:
1. Escolhe-
d;
2. adota-
cr;
σ fis
2
ε r = 0,005 ⋅ − 1 + ε fis para ε r ≥ ε fis
σ cr
σ cr
εr = para ε r < ε fis
Ec
4. determina-
és da equação 2.22;
εr
λ = 0,7 −
εd
ε ε
2
σ cd = −f c ⋅ 2 ⋅ d − λ ⋅ d para ε d ≤ ε p
ε 0 ε0
εd 1 2
−
fc ε0 λ
σ cd = − ⋅ 1− para ε d > ε p
λ 1
2−
λ
6. encontra-se o ângulo "#$&% (% ')*#+,)- ções abaixo, derivadas das
equações 2.12, 2.16, 2.18(a ou b) e 2.19(a ou b);
35
σ nt − σ cr − ρ t ⋅ f yt
cos 2 α = para ε t ≥ ε yt
σ cd − σ cr
σ nt − σ cr − ρ t ⋅ E s ⋅ ε r
cos 2 α = para ε t < ε yt
σ cd − σ cr + ρ t ⋅ E s ⋅ (ε d − ε r )
7. determina-
cr através da equação abaixo, derivadas
da equação 2.30:
8.
cr estiver suficientemente próximo do valor
!"# %$
&# cr o procedimento encerra-se; caso
contrário, repetem-'
($)
(*+-, - .
/' cr.
36
12
10
8
τ u(MPa)
6
sér ie 1 (H O F B E C K
(1 9 6 9))
4
H S U (1 9 87 )
2
0
0 2 4 6 8 10
ρ t f yt (M P a )
37
irregularidades (figura 2.20). A armadura transversal, se ancorada adequadamente em
ambas as partes de concreto, é então tracionada produzindo tensão normal σ st = ρ t ⋅ σ t
no plano de cisalhamento.
A separação das superfícies pode ser relacionada com o deslocamento δl
através da seguinte fórmula empírica:
δ t = 0,6 ⋅ δ l
23
(superfície rugosa) (2.32)
σt
σ st
δt
δl
σt
38
onde
σnt= tensão normal aplicada no plano de cisalhamento em MPa
σst= tensão normal no plano de cisalhamento devido a deformação na
armadura transversal em MPa
A tensão de compressão tem sinal positivo e a de tração, negativo.
14
f
σ t = 15 ⋅ φ ⋅ l b ⋅ ck ⋅ δ tb ≤ f yt
-1 2 13
(2.34)
16
δt
com δ tb = (figura 2.21)
2
As variáveis de comprimento são dadas em mm e as de tensão em N/mm2.
σt
tb = t
δ δ /2
σt
Figura 2.21: Deformação da armadura decorrente do deslocamento das
superfícies na direção normal ao plano de cisalhamento
39
A equação anterior fornece bons resultados para comprimentos de ancoragem
entre 2φ e 12φ. Para valores de ancoragem superiores, a equação dá resultados muito
conservadores ao adotar-se o valor limite lb=12φ, além disso, para efeito de
dimensionamento, introduz-se um fator de incerteza de 2/3. Assim:
σ t = 60 ⋅ φ ⋅ f ck ⋅ δ tb ≤ f yt
14 13
(2.35)
(σnt + σst )
τfr , d = 0,4 ⋅ (superfície lisa) (2.38)
γc
2
f
τ fr ,d = 0,38 ⋅ 3 ck ⋅ (σ nt + σ st ) (superfície rugosa) (2.39)
γc
onde
fck= resistência característica do concreto
c= coeficiente de minoração da resistência do concreto
τ fr δ
= l (2.40)
τ fr ,u δ lu
40
para superfícies rugosas
δl τ
4
τ
3
= 1,7 ⋅ fr − 0,5 ⋅ fr
τ
+ 0,05 (2.41)
δ lu τ fr , u fr ,u
δld=δl/2
41
D u + (10 ⋅ f cc ⋅ φ ⋅ e) ⋅ D u − ψ 2 ⋅ φ 4 ⋅ f cc ⋅ f yt ⋅ (1 − ζ 2 ) = 0
2
(2.42)
onde
fcc= resistência à compressão do concreto obtida de corpos de prova cúbicos
(MPa)
ζ= σt/fyt
e= excentricidade da força aplicada à armadura (figura 2.24)
ψ é um fator que depende do cobrimento na direção da força cortante. A figura
2.25 e a tabela 2.6 permitem a determinação do valor de ψ.
φc2>5φ
c1>3φ
42
D u = ψ ⋅ φ 2 ⋅ f cc ⋅ f yt ⋅ (1 - ζ 2 ) (2.43)
f ck ⋅ f yt
⋅ (1 − ζ 2 )
3
D ud = ⋅ ψ ⋅ φ2 ⋅ (2.44)
4 γc ⋅ γs
e D
φ
lb>6φ
D
4
D
3
δ ld = δ ld ,lin + 1,15 ⋅ δ ldu ⋅ d - 0,5 ⋅ d (2.45)
D u Du
onde
δ ldu = 0,005 ⋅ φ
2 ⋅ D u ⋅ χ ⋅ (e ⋅ χ + 1)
δ ld ,lin = (2.46)
Ec
14
Ec
χ = (2.47)
8 ⋅ E s ⋅ Is
43
onde
Ec= módulo de elasticidade do concreto (N/mm2)
Es= módulo de elasticidade do aço (N/mm2)
Is= momento de inércia da barra com relação ao eixo longitudinal da barra
(mm4)
c1 c1/φ=3 c1/φ
I II
c2
D
c2/φ=5
Figura 2.24:Excentricidade da carga aplicada no pino
III IV
c2/φ
44
2.3.6. ACI 318-99
0,2 ⋅ f c
τ u = ρ t ⋅ f yt ⋅ µ ≤ (2.48)
5,52MPa
Tipo de superfície µ
Concreto monolítico 1,4λ
Concreto novo sobre antigo, com interface tornada rugosa 1,0λ
Concreto novo sobre antigo, com interface sem tratamento para
0,6λ
torná-la rugosa
Concreto ligado a elemento estrutural de aço através de pinos de
0,7λ
aço com boleto ou armadura de aço
λ=1 para concreto de massa específica normal
λ=0,85 para concreto leve com agregado miúdo de massa específica normal
λ=0,75 para concreto leve com todos os agregados leves
τ u = (ρ t ⋅ f yt + σ nt )⋅ µ (2.49)
45
τ u = ρ t ⋅ f yt ⋅ (µ ⋅ sen α f + cos α f ) (2.50)
τu = 0,8 ⋅ ρ t ⋅ f yt + K1 (2.51)
Onde
K1= 2,76MPa para concretos de massa específica normal, 1,38MPa para
concretos leves com todos os agregados leves e 1,72 para concretos leves com
agregado miúdo de massa específica normal
τ u = 2,25 ⋅ (ρ t ⋅ f yt + σ nt ) (2.52)
0,25 ⋅ f c
τ u = c + µ ⋅ (ρ t ⋅ f yt ⋅ sen α f + σ nt ) + ρ t ⋅ f yt ⋅ cos α f ≤ (2.53)
7,0MPa
46
Os valores dados para a coesão (c) e o coeficiente de atrito (µ) para diferentes
tipos de interface são dados na tabela 2.8.
2.3.8. CEB-FIP MC 90
A norma CEB-FIP MC90 (1993) fornece, no seu item 3.9 (atrito concreto-
concreto), para diferentes tipos de interface, equações para avaliar a resistência ao
cisalhamento da interface entre duas superfícies.
Para as superfícies lisas, definidas como aquelas que são obtidas pelo
lançamento do concreto em fôrmas metálicas ou de madeira, aquelas alisadas após a
concretagem ou, ainda, as sem nenhum tratamento específico para torná-la rugosa, a
tensão de cisalhamento última é dada pela equação idêntica à apresentada por
TSOUKANKANTAS (1989) (2.36):
47
τ u = 0,4 ⋅ (ρ t ⋅ f yt + σ nt ) (2.54)
O deslizamento que corresponde à tensão última (δlu) pode ser obtido pela
seguinte equação idêntica à equação 2.33 também apresentada por TSOUKANTAS
(1989):
δ lu = 0,15 ⋅ (ρ t ⋅ f yt + σ nt ) (2.55)
2 1
τ u = 0,4 ⋅ f c 3 ⋅ (σ nt + ρ t ⋅ f yt ) 3
(2.56)
onde
µ= 0,5 para superfícies lisas sem chave de cisalhamento e 0,9 para superfícies
rugosas ou com chave de cisalhamento
ωk= razão entre área das chaves de cisalhamento e a área do plano de
cisalhamento (nula para ligações planas ou com ωk<0,2)
48
2.3.9. Recomendação CEB-FIP para pisos compostos
τ u = c + µ ⋅ (ρ t ⋅ f yt + σ nt ) ≤ 0,25 ⋅ f c (2.58)
2
f ct = 0,21 ⋅ f ck 3 (2.59)
Onde fck é a resistência característica do concreto em MPa.
49
Tabela 2.10: Valores de c e µ segundo CEB (1998)
Superfície c µ
Categoria 1 0,2fct 0,6
Categoria 2 0,4fct 0,9
Para superfícies muito lisas (I) e (II), o valor da coesão de 0,2fct é considerado
excessivo e é sugerido que se adote o valor reduzido de 0,1fct.
No caso de baixa tensão de cisalhamento, nenhuma armadura é necessária e a
resistência ao cisalhamento é limitada a:
50
3. Análise experimental dos nichos de ligação
3.1. Introdução
51
Durante toda a etapa de confecção dos corpos de prova, a PREMAG – Sistema
de Construções Ltda, empresa que executa pontes pré-moldadas utilizando o sistema de
ligação entre lajes e vigas através de nichos concretados no local, colaborou com esta
pesquisa fornecendo materiais e fazendo fôrmas, usinagem de concreto, concretagem,
desforma e cura.
Laje
Nicho
Imperfeição no Viga
contato viga-laje protendida
52
longitudinal e estribos, não havendo qualquer armadura especial em volta das aberturas
deixadas para concretagem dos nichos (figura 3.5).
Em seis corpos de prova colocou-se a armadura de travamento em forma de
“M” em de ambos os nichos, encaixada nos laços formados pelos estribos (figura 3.6).
Após a concretagem dos nichos, o pilarete e as bases formram um único
elemento conforme ilustra a figura 3.7. Ao todo, foram ensaiados treze corpos de prova
com sete diferentes taxas geométricas de armadura transversal ao longo do plano de
cisalhamento.
150
180
285
150
150
180
600
150
180
150
135
150
600
150
450
300
450
53
150
150
4N1
6N3 c/100
4N1φ6,3
c=570
6N3 φ5,0
c=680
Solda
Armadura de
90
ligação
310
Armadura de
ligação c=940
Pilarete Nicho
54
450
150
4N2 4N1φ6,3
c=570
4N1
4N2φ5,0
c=1280
Pilarete
2N5
N5φ5,0 c=600
2N5
Armadura de
ligação
55
Os corpos de prova foram numerados de 1 a 7 e a letra A na sua designação
representa a existência da armadura de travamento quando for o caso. A armadura de
ligação dos corpos de prova é apresentada na tabela 3.1.
Armadura de ligação
Corpo de prova
φ (mm) No de estribos Ast (mm2)
56
Pilarete
150
Nicho
450
Base
150
57
q q
3.3.1. Fôrmas
58
fôrmas. Parte das fôrmas foi executada no Laboratório de Estruturas da COPPE
(LABEST) sendo complementadas na PREMAG.
3.3.2. Concreto
59
3.3.3. Aço
Para a armadura dos corpos de prova, utilizou-se aço do tipo CA50 com tensão
de escoamento nominal de 500MPa para diâmetros de 6,3mm, 8,0mm, 10mm, e
12,5mm e aço CA60 para barras com 5mm de diâmetro.
As armaduras dos 13 pilaretes e de 8 bases foram preparadas no LABEST, a
armadura das demais bases e a armadura de travamento dos nichos foram executadas na
PREMAG.
3.4. Concretagem
60
Tabela 3.3: Etapas de concretagem e quantidade de corpos de
prova cilíndricos moldados
Peças Nº corpos
Etapa Data
Bases Pilaretes Nichos de prova
1 9 13 06/06 6
2 17 13/06 4
3 13 26/06 12
4 13 04/07 4
Total 26 13 26 26
61
Figura 3.11: Pilarete após a desforma, com a armadura transversal dos nichos.
62
Figura 3.12: Montagem dos corpos de prova para concretagem dos nichos.
63
Figura 3.13: Nicho sem armadura de travamento
64
Figura 3.15: Nicho com travamento
65
3.5. Instrumentação
3.5.1. Extensômetros
Os extensômetros foram colocados dois a dois junto a duas faces opostas dos
pilaretes, totalizando quatro extensômetros por corpo de prova (nos corpos de prova
com armadura de ligação formada por estribos duplos, apenas um deles foi
instrumentado). A figura 3.17 ilustra o posicionamento dos extensômetros.
Pilarete
Extensômetros
Armadura de
Extensômetros ligação
66
3.5.2. Deflectômetros
Deflectômetro
Cantoneiras de
aluminio
Vista superior
67
Tabela 3.4: Data e relação dos corpos de prova ensaiados
5/10 2 CP1,CP1A
10/10 2 CP2,CP2A
19/10 2 CP3,CP3A
24/10 4 CP4,CP4A,CP5,CP5A
26/10 3 CP6, CP6A,CP7
68
2
1
3
(a) (b)
Figura 3.20: Numeração dos extensômetros para ensaio, (a) com travamento, (b)
sem travamento
69
4. Apresentação, análise e discussão dos resultados
4.1. Introdução
70
A resistência à compressão adotada para o concreto da ligação, fc, foi de
36MPa que corresponde aproximadamente a média das resistências encontradas para os
cilindros moldados no dia 06/06 que representam o concreto dos pilaretes, parte mais
fraca da ligação, pois apresentaram resistência menor do que a dos nichos.
A resistência à tração, fct, adotada para a ligação foi de 2,3MPa, média dos
valores encontrados para o concreto dos nichos, dias 26/06 e 04/07, pois estes tinham
menor resistência à tração.
fc (MPa)
Bases Pilaretes Nichos
35,1 35,1 35,7
42,4 42,4 36,8
31,7 31,7 35,7
32,5 45,3
39,6 39,9
42,4
43,6
48,4
49,8
71
4.3. Características do aço
72
no item 3.6. Os valores das deformações e deslizamentos nas várias etapas de
carregamento são apresentados em forma de tabelas no apêndice A.
As curvas de deslizamento referentes aos exemplares CP5-A e CP6 não
apresentam o deslizamento para a carga máxima, como também o ramo descendente da
curva. Nestes ensaios, os deflectômetros tiveram que ser retirados antes da aplicação
dessa carga, pois as cantoneiras de fixação se desprenderam por terem sido atingidas por
fragmentos de concreto dos pilaretes.
73
500
400
ext5
Carga (kN)
300
ext6
200
100
0
-4 1 6 11 16
Deformação (%o)
500
400
ext7
Carga (kN)
300
ext8
200
100
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Deformação (%o)
74
500
400 def3
def4
Carga (kN)
300
200
100
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Deslocamento (mm)
500
400
Carga (kN)
300 ext1
ext2
200
100
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Deformação (% o)
75
500
400
Carga (kN)
300 ext3
ext4
200
100
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Deformação (% o)
500
400
Carga (kN)
300 def1
def2
200
100
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Deslocamento (mm)
76
500
400
ext5
Carga (kN)
300 ext6
200
100
0
-4 1 6 11 16
Deformação (%o)
500
400
Carga (kN)
300
ext7
200
ext8
100
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Deformação (%o)
77
500
def3
400
def4
Carga (kN)
300
200
100
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Deslocamento (mm)
500
400
Carga (kN)
300 ext1
ext2
200
100
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Deformação (%o)
78
500
400
Carga (kN)
300 ext3
ext4
200
100
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Deformação (%o)
500
400
Carga (kN)
300
def1
200 def2
100
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Deslocamento (mm)
79
500
400
Carga (kN)
300 ext5
ext6
200
100
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Deformação (%o)
500
400
Carga (kN)
300 ext7
ext8
200
100
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Deformação (%o)
80
500
def3
400
def4
Carga (kN)
300
200
100
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Deslocamento (mm)
500
400
ext5
Carga (kN)
300
ext6
200
100
0
-4 1 6 11 16
Deformação (%o)
81
500
ext7
400
ext8
Carga (kN)
300
200
100
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Deformação (%o)
500
400 def3
def4
Carga (kN)
300
200
100
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Deslocamento (mm)
82
500
400
Carga (kN)
300 ext1
ext2
200
100
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Deformação (%o)
500
400
Carga (kN)
300 ext3
ext4
200
100
0
0 5 10 15
Deformação (%o)
83
500 def1
def2
400
Carga (kN)
300
200
100
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Deslocamento (mm)
_A
500
400
Carga (kN)
300
ext5
200 ext6
100
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Deformação (%o)
84
500
400
ext7
Carga (kN)
300
ext8
200
100
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Deformação (%o)
500
400
Carga (kN)
300 def3
def4
200
100
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Deslocamento (mm)
85
500
400
Carga (kN)
300 ext1
ext2
200
100
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Deformação (%o)
500
400
Carga (kN)
300 ext3
ext4
200
100
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Deformação (%o)
86
500
400
Carga (kN)
300 def1
def2
200
100
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Deslocamento (mm)
500
400
Carga (kN)
300 ext5
ext6
200
100
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Deformação (%o)
87
500
400
Carga (kN)
300 ext7
ext8
200
100
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Deformação (%o)
600
500
400
Carga (kN)
def3
300 def4
200
100
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Deslocamento (mm)
88
500
400
Carga (kN)
300 ext1
ext2
200
100
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
Deformação (%o)
500
def1
400 def2
Carga (kN)
300
200
100
0
-5 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
Deslocamento (mm)
89
Os exemplares CP4-A, CP5 e CP6-A apresentaram certa rotação em relação ao
eixo que passa no centro da armadura transversal dos nichos, como pode ser observado
nas curvas carga-deslocamento relativo. Os deflectômetros de um mesmo corpo de
prova registram deslocamentos bem diferentes.
Nestes exemplares, foram constatadas imperfeições construtivas, ocorridas no
procedimento de solidarização das bases com os pilaretes (concretagem dos nichos). As
bases apresentavam certa rotação em relação ao eixo longitudinal da armadura de
ligação. A distribuição de tensões na aresta inferior das bases não era uniforme e a
resultante desta distribuição apresentava excentricidade em relação ao eixo do pilarete.
Como consequência, surgiu torção ( M t = P ⋅ e ) nos nichos (figura 4.33).
Além de ter influência sobre as curvas de deslizamento, o surgimento de torção
levou à diminuição da capacidade resistente dos nichos como será visto a seguir.
Figura 4.33: Distribuição de tensões nas bases dos exemplares CP4-A, CP5 e
CP6-A
90
4.5. Resistência ao cisalhamento
Corpo de Ensaios
ρt ρtfyt
prova τu (MPa) Pu (kN)
CP1 4,5E-03 2,58 3,1 140
CP1-A 4,5E-03 2,58 4,7 210
CP2 7,0E-03 3,82 4,4 200
CP2-A 7,0E-03 3,82 5,3 240
CP3 1,1E-02 6,55 8,7 390
CP4 8,9E-03 5,16 6,9 310
CP4-A 8,9E-03 5,16 5,3 240
CP5 1,4E-02 7,64 8,0 360
CP5-A 1,4E-02 7,64 10,0 450
CP6 2,2E-02 13,10 12,2 550
CP6-A 2,2E-02 13,10 9,1 410
CP7 0,0E+00 0,00 2,2 100
A tensão máxima alcançada pelo corpo de prova CP7, 2,2MPa, cerca de 0,95fct,
demostra que uma boa aderência entre o concreto dos nichos e o concreto pré-moldado
alcançada pelo simples apicoamento da superfície.
91
O efeito da retração diferencial na adesão mostra-se de pouca importância para
este tipo de conexão, onde a superfície de contato, como também a área exposta a perda
de umidade é pequena.
As figuras 4.34 e 4.35 mostram a tensão cisalhante última alcançada pelas
conexões em função do parâmetro ρtfyt. A primeira figura apresenta os valores absolutos
da tensão cisalhante e a segunda valores adimensionais dados pela razão entre a tensão
última e a resistência do concreto (36MPa).
Observa-se uma relação linear entre tensão última e ρtfyt para valores de tensão
até cerca de 9MPa ou 0,25fc. A figura 4.34 também apresenta duas curvas, dadas pela
equação 4.1, representativas dos resultados considerando valores médios.
14
12
10
τu (MPa)
8
Modelos sem trav.
6 Modelos com trav.
Curva prop. (0,8)
4
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
ρ tfyt (MPa)
0,25 ⋅ f c
τ u = µ ⋅ ρ t f yt + τ o ≤ (4.1)
9,0MPa
Onde:
µ= 0,8 para valores médios
92
τo= tensão cisalhante resistida pelo concreto, dada pelo corpo de prova sem
armadura (adesão do concreto). Uma boa estimativa para o valor encontrado no
ensaio pode ser conseguida utilizando o valor 0,2fc2/3.
0,40
0,35
0,30
0,25
τu/fc
0,05
0,00
0 2 4 6 8 10 12 14 16
ρ tfyt (MPa)
Nas tabelas 4.5, 4.6 e 4.7 estão os valores da tensão de cisalhamento calculados
usando a teoria atrito-cisalhamento, sugerida por MAST (1968), pelo modelo
apresentado por TSOUKANTAS (1989) e pelas equações apresentadas pelas normas
ACI, CAN, CEB (equação 2.57), pelo guia CEB-FIP para pisos compostos (capítulo 2),
além dos encontrados utilizando a equação proposta (4.1). A interface de cisalhamento
entre nichos e pilaretes é classificada como lisa, mas, para efeito de comparação,
também são apresentados os valores da tensão última para o caso de superfícies rugosas.
As figuras 4.36 a 4.41 mostram a tensão cisalhante em função de ρtfyt segundo
os modelos citados no parágrafo anterior.
Como pode-se observar, os valores obtidos pelas equações sugeridas por
autores e normas são bastante conservadores considerando o estado limite último das
peças. Os resultados experimentais chegaram a ser mais de três vezes àqueles
93
calculados (ver tabelas 4.5 a 4.7). Em diversos casos os resultados experimentais são
maiores até que os calculados usando-se expressões para superfícies rugosas.
94
Tabela 4.5: Resistência ao cisalhamento dos corpos de prova segundo a teoria atrito cisalhamento MAST (1968), TSOUKANTAS
(1989) e ACI 318-99 (tensão em MPa)
95
Tabela 4.6: Resistência ao cisalhamento dos corpos de prova segundo o CAN A23.3-94 e o CEB (tensão em MPa)
96
Tabela 4.7: Resistência ao cisalhamento dos corpos de prova segundo a equação
proposta
Equação proposta
Corpo µ=0,8
ρtfyt τu,exp
de prova (τu,exp)/
τu,calc
(τu,calc)
CP1 2,58 3,11 4,25 0,73
CP1-A 2,58 4,67 4,25 1,10
CP2 3,82 4,44 5,24 0,85
CP2-A 3,82 5,33 5,24 1,02
CP3 6,55 8,67 7,42 1,17
CP4 5,16 6,89 6,31 1,09
CP4-A 5,16 5,33 6,31 0,85
CP5 7,64 8,00 8,30 0,96
CP5-A 7,64 10,00 8,30 1,21
CP6 13,10 12,22 9,00 1,36
CP6-A 13,10 9,11 9,00 1,01
CP7 0,00 2,22 2,18 1,02
97
20
18
16 Modelos sem trav.
14 Modelos com trav.
12 Sup. rug.
τ u (MPa)
Sup. lisa
10
8
6
4
2
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
ρtfyt (MPa)
10
8
6
4
2
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
ρ tfyt (MPa)
98
20 Modelos sem trav.
18 Modelos com trav.
Sup. rug.
16
Sup. lisa
14
12
τu (MPa)
10
6
4
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
ρtfyt (MPa)
10
8
6
4
2
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
ρ tfyt (MPa)
99
20 Modelos sem trav.
18 Modelos com trav.
Sup. rug.
16
Sup. lisa
14
12
τ u (MPa)
10
8
6
4
2
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
ρ tfyt (MPa)
10
8
2
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
ρ tf yt (MPa)
100
A principal diferença entre as equações apresentadas no capítulo 2 e a sugerida
é o valor da contribuição da adesão do concreto na resistência ao cisalhamento
considerada. O coeficiente de atrito adotado na maioria das equações não difere muito
do valor 0,8 usado na equação 4.1.
A consideração da fissuração do plano de cisalhamento no início do
carregamento e a conseqüente perda de adesão, embora a favor da segurança, não
representa bem a situação prática. Os nichos ensaiados em laboratório foram executados
na PREMAG e, portanto, colocados em caminhão, transportados e retirados do
caminhão e, ainda assim, não apresentaram dano sensível da ligação. A condição dos
nichos de ligação executados nas lajes sobre as vigas pré-moldadas deve ser mais
favorável.
A tabela 4.8 contém a média dos valores τu,exp/τu,calc e o desvio padrão para
cada equação analisada.
Média de
Equações Desv. Padrão*
(τu,exp)/(τu,calc)*
Sup. rug. 0,86 0,21
MAST
Sup. lisa 1,72 0,41
Sup. rug. 0,66 0,41
TSOUKANTAS
Sup. lisa 2,20 0,53
Sup. rug. 1,51 0,34
ACI 318-99
Sup. lisa 2,11 0,38
Sup. rug. 1,25 0,24
CAN A23.3-94
Sup. lisa 1,88 0,34
Sup. rug. 1,35 0,30
MC90
Sup. lisa 2,41 0,58
Sup. rug. 1,16 0,17
Guia CEB - FIP (1998)**
Sup. lisa 1,72 0,34
Proposta µ=0,8 1,03 0,18
* Os valores calculados para o exemplar sem armadura não foram utilizados
no cálculo da média e do desvio padrão
** Guia para pisos compostos CEB (1998)
101
Afora a equação proposta, a que melhor representa os resultados obtidos nos
ensaios é aquela apresentada pelo Guia para Pisos Compostos (CEB-FIP (1998)), para
qual tem-se valor médio de τu,exp/τu,calc de 1,72 e desvio padrão de 0,34. Para a equação
proposta por MAST (1968), tem-se a mesma média de τu,exp/τu,calç, mas maior desvio
padrão (0,41) devido a maior dispersão apresentada para baixas taxas de armadura.
Para a equação proposta tem-se valor médio de τu,exp/τu,calc de 1,03 e desvio
padrão de 0,18.
102
Embora o exemplar CP4 tenha apresentado carga máxima de 310kN com
aproximadamente 32mm de deslizamento, isto ocorreu após um pico de carga de 300kN
e correspondente deslizamento de 19,68mm, valores que foram para ele considerados.
O deslizamento dos nichos para a carga última é função da taxa de armadura da
conexão, o que não ocorre com o deslocamento relativo a perda de adesão do concreto,
o qual permaneceu em torno de 0,25mm na maioria dos corpos de prova.
A razão entre carga última e a carga onde ocorre a perda de adesão variou entre
1,8 e 4,0. Considerando que os esforços na estrutura em serviço sejam
aproximadamente 50% daqueles no estado limite último, a ligação mesa-alma (nichos
de ligação) em serviço apresenta-se fissurada e em alguns casos com deslocamentos
relativos consideráveis (figura 4.42).
O dimensionamento dos nichos de ligação deve, então, contemplar além do
limite último, características de utilização tais como limite de abertura de fissuras e
deslocamentos relativos admissíveis. Assim, os valores determinados por normas
considerados anteriormente conservadores sob ponto de vista do estado limite último
podem apresentar-se adequados quanto aos requisitos de utilização.
25
Carga última
20
Perda de adesão
deslizamento (mm)
15
10
0
0 2 4 6 8
ρtfyt (MPa)
103
4.7. Modo de ruptura
104
Figura 4.44 Modo de ruptura do corpo de prova CP2 Figura 4.45: Modo de ruptura do corpo de prova CP3
105
Figura 4.46: Modo de ruptura do corpo de prova CP3-A Figura 4.47: Modo de ruptura do corpo de prova CP4-A
106
Figura 4.48: Modo de ruptura do corpo de prova CP5 Figura 4.49: Modo de ruptura do corpo de prova CP5-A
107
Figura 4.50: Modo de ruptura do corpo de prova CP6-A Figura 4.51: Modo de ruptura do corpo de prova CP7
108
5. Conclusões e sugestões para novas pesquisas
109
O deslizamento na ruptura é função da taxa de armadura de ligação. Nos
exemplares CP5-A e CP6, a ruptura verificou-se com deslizamentos superiores a 30mm.
A interface entre os nichos de ligação e a viga pré-moldada quando esta
encontra-se sob a ação do carregamento de serviço apresenta-se fissurada, além disso
podem ser constatados, em alguns casos, consideráveis deslocamentos relativos entre as
superfícies. O dimensionamento destas conexões deve, pois, levar em consideração
critérios de utilização, tais como limite de abertura de fissuras e deslocamentos relativos
admissíveis.
São sugestões para pesquisas futuras:
110
Referências bibliográficas
111
HSU, T. T. C., MAU, S. T., CHEN, B., 1987, “Theory of Shear Transfer Strength of
Reinforced Concrete”, ACI Structural Journal, v. 84, n. 2 (Mar/Apr), pp. 149-
160.
LOOV, R. E., PATNAIK, A. K., 1994, “Horizontal Shear Strength of Composite
Concrete Beams with a Rough Interface”, PCI Journal, v. 39, n. 1 (Jan/Feb), pp.
48-69.
MALITE, M., TAKEYA, T., SANTOS, P., “Ensaios em Conectores de Cisalhamento
Viga-Laje para Tabuleiro de Pontes”. 39ª REIBRAC – Reunião Comemorativa
dos 25 anos do IBRACON, São Paulo, SP, Agosto.
MAST, R. F., 1968, “Auxiliary Reinforcement in Concrete Connections”, Journal of the
Structural Division – ASCE, v. 94, n. ST6 (June), pp. 1485-1404.
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Recent Research”, Journal of the Prestressed Concrete Institute, v. 17, n. 2
(Mar/Apr), pp. 55-75.
MATTOCK, A. H., 2001, “Shear Friction and High-Strength Concrete”, ACI Structural
Journal, v. 98, n. 1 (Jan/Feb), pp. 50-59.
SAEMANN, J. C., WASHA, G. W., 1964, “Horizontal Shear Connections Between
Precast Beams and Cast-in-Place Slabs”, Journal of the American Concrete
Institute, v. 61, n. 11 (Nov), pp. 1383-1409.
TSOUKANTAS, S. G., TASSIOUS, T. P., 1989, “Shear Resistance of Connections
between Reinforced Concrete Linear Precast Elements”, ACI Structural Journal,
v. 86, n. 3 (May/June), pp. 242-249.
112
Apêndice A
113
Tabela A.2: Resultados do ensaio do corpo de prova CP1-A
114
Tabela A.4: Resultados do ensaio do corpo de prova CP2-A
115
Tabela A.5: Resultados do ensaio do corpo de prova CP3
116
Tabela A.6: Resultados do ensaio do corpo de prova CP4
117
Tabela A.7: Resultados do ensaio do corpo de prova CP4-A
118
Tabela A.8: Resultados do ensaio do corpo de prova CP5
119
Tabela A.9: Resultados do ensaio do corpo de prova CP5-A
120
Tabela A.10: Resultados do ensaio do corpo de prova CP6
121
Tabela A.11: Resultados do ensaio do corpo de prova CP6-A
122