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PONTIFÍCIA UNIVERISADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS

DEPARTAMENTO DE FÍSICA E QUÍMICA

DISCIPLINA DE QUÍMICA – COD. 769


CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA

ESTRUTURA E PROPRIEDADES
DOS MATERIAIS

Prof. Carlos Roberto de Araújo


M. Sc., Engenheiro Metalurgista

FEVEREIRO - 2007
UNIDADE I: ESTRUTURA E PROPRIEDADES DOS MATERIAIS

I.1. O homem e os materiais

PEDRA Idade da pedra, Idade do bronze, Idade do ferro, Idade


dos materiais cerâmicos!?..., Idade dos polímeros!?...
Idade dos biomateriais!?.... A denominação das fases
evolutivas do homem baseada nos materiais mostra a
grande importância destes.
BRONZE
As três primeiras fases (pedra, bronze e ferro), sem
dúvida, estão consolidadas pela História e não há como
mudá-las. Quanto à idade dos cerâmicos, que são
compostos formados através de ligações iônicas, e a
idade dos polímeros, compostos formados por ligações de
Van der Waals (ligações covalentes fracas), estas não
FERRO
estão bem definidas; ademais, a idade dos biomateriais
tão pouco está bem definida.

Enquanto o homem através da Engenharia e Ciência dos


CERÂMICO Materiais alia conhecimento e ciência básica às
necessidades experimentais da sociedade, na pesquisa de
novos materiais como os cerâmicos, os polímeros, os
materiais compósitos e os biomateriais, o ferro já está
consolidado ao longo dos anos no dia a dia. Não é porque
POLIMÊRO novos materiais vão surgindo que devemos pois
"abandonar" os tradicionalíssimos materiais a base deste
metal.

BIOMATERIAL

Neste ponto a história não mudou. Usamos hoje uma gama enorme de materiais metálicos,
polímeros, cerâmicos, madeira e seus derivados, com aplicações cada vez maiores e mais
específicas. Dentre estes, os materiais metálicos apresentam propriedades como:
resistência mecânica, condutividade elétrica, condutividade térmica e ductilidade que os
tornam insubstituíveis por outros materiais como os polímeros e cerâmicos. Por isso a sua
extensa utilização, desde a antigüidade até os dias de hoje. Porém estes materiais e suas
ligas se apresentam instáveis às condições ambientais do planeta Terra, o que os leva à
degradação, chamada de corrosão, que é, consideravelmente, mais intensa do que em
outros materiais. Desta forma, à exceção do Ouro e Prata, considerados materiais nobres,
todos os outros metais e/ou ligas metálicas se deterioram com maior ou menor velocidade
de reação.

Por definição, Material é tudo aquilo que não é espiritual: todas as substâncias com as
quais são feitas as coisas e os seres vivos, em geral. Assim, o que identifica o material é o
seu próprio nome, isto é, a etiqueta, ou “pedigree”, a palavra “materiais”. Por exemplo,
madeira, plástico, metais duros e dúcteis, vidros e cerâmicas, telas, os chamados terras
raras, o cimento, enfim, são todos materiais. Sua disponibilidade, sua propriedades e
características físico-químicas, seus usos e aplicações são muito diferentes, mas, todos
formam parte do mundo dos materiais.

Deixando de lado os problemas específicos da definição e classificação, que serão visto


oportunamente, e levando-se em conta que o homem é o homo faber, o animal construtor
de ferramentas por excelência, e que estas e outros objetos que com elas fazem-se os
materiais, buscar um paralelo entre a história do homem e os materiais não é somente
natural, mas obrigatório. Assim, somos remetidos à Idade da Pedra, do Cobre, do Bronze,
do Ferro, do Aço, dos Polímeros (Plásticos) e, também, por que não dizer, da Idade da
Madeira, do Papel, do couro? Seu relato sobre o descobrimento e uso de alguns materiais é
acessível e interessante, ainda que quase, para nosso gosto, produziria resultados ainda
mais atrativos se pudéssemos aprofundar na relação histórica bidirecional entre os
materiais e a organização social e econômica do ser humano em geral.

Assim, temos que admitir que os materiais são indispensáveis, determinantes para qualquer
economia, e que os avanços científicos e desenvolvimentos tecnológicos permite-nos obter,
transformar e utilizá-los como nunca antes na história. Então, dentro deste pensamento,
vivemos em contato contínuo com os materiais e todos custam-nos mais do que geralmente
imaginamos. Pagamos mais pela lata que por seu conteúdo, mais pelo vasilhame de vidro
do que o de metal, do que propriamente pelo refrigerante.

Um dos metais em forma de liga mais utilizados, desde


o século IV D. C., é o ferro, que tem sido intensamente
estudado na busca de novos tratamentos que possam
conferir às ligas melhorias no que diz respeito às suas
propriedades já citadas. Como exemplo pode-se citar: a
Coluna de Ferro, em Deli, que até hoje resiste a
corrosão atmosférica; ainda na Índia, no século XII D.
C., vigas de ferro foram usadas no Templo do Sol com
a proposição de resistir à corrosão marinha. Ainda, no
século XIX, na Inglaterra, ligas de cobre foram
adicionadas aos cascos de madeira dos navios afim de
protegê-los, é a chamada proteção catódica.

Portanto, os produtos de engenharia criados pelo homem, os que agora conhecemos sobre
o nome de “materiais”, são tão importantes praticamente resulta-nos impossível imaginar
que alguma atividade humana sem a presença dos materiais, até mesmo escrever este texto
não seria possível sem que o fosse pelo uso de um microcomputador, que sabidamente é
uma complexa combinação de materiais poliméricos, cerâmicos e metálico, e do papel para
imprimi-lo. Logo, os grandes avanços da humanidade tem sido possíveis graças a um
material ou a um conjunto deles.

I.2. O uso dos metais e materiais

Desde o início da civilização os materiais são usados com o objetivo de permitir e melhorar a
vida do ser humano, como mostra a Figura I.1.

No início da pré-história, o principal material utilizado na confecção de objetos e ferramentas


era o sílex lascado. Em seguida, o homem produziu seus utensílios a partir da pedra polida.
Com a descoberta do fogo e com o início do uso do barro na fabricação de objetos, iniciou-se
Figura I.1: Diagrama de evolução da utilização dos materiais pelo homem

a fabricação de peças cerâmicas. A possibilidade de transformar um material maleável em


outro com propriedades mecânicas totalmente diferentes marcou o início da ciência e
engenharia dos materiais. Nessa mesma época, o uso do barro reforçado com vigas de
madeira e palha, que constitui um material compósito, possibilitou a construção de casas e
pirâmides no Egito. Com a descoberta dos metais, finda-se a idade da pedra e inicia-se a idade
dos metais. Inicialmente, o homem empregou o cobre em substituição à pedra. Para refinar e
moldar apropriadamente esse metal, foi utilizado o fogo, o que deu origem à metalurgia. A
baixa resistência mecânica do cobre estimulou alternativas para se produzir um material mais
resistente, o que levou à mistura desse metal, inicialmente com o arsênio e depois com o
estanho, o que resultou no bronze.

Há mais de 4.000 anos, o processo de fundição por cera perdida foi concebido. Nessa técnica,
o objeto a ser produzido era esculpido em cera, que em seguida era recoberto com uma massa
refratária (resistente à altas temperaturas). Ao se aquecer a escultura e seu recobrimento, a
cera podia ser eliminada, resultando em uma cavidade no interior da massa refratária. A
fundição era elaborada com o preenchimento dessa cavidade pelo metal líquido. O objeto
fundido era obtido pela quebra do molde. Apesar desse procedimento existir há alguns
milhares de anos, a fundição por cera perdida é ainda hoje utilizada na fabricação de uma
gama muito diversificada de produtos, como próteses odontológicas e ortopédicas ou
componentes de turbinas aeronáuticas. Ainda na pré-história, o homem processou e utilizou
ferro na confecção de ferramentas, armamentos e utensílios.

Milhares de anos mais tarde, o desenvolvimento de novos processos de produção dos aços e
dos ferros fundidos permitiram a viabilização da revolução industrial. No século XX, o
desenvolvimento dos materiais poliméricos, dos materiais compósitos avançados, das
cerâmicas de engenharia, dos aços inoxidáveis, das ligas de titânio, dos materiais
semicondutores, dos biomateriais, permitiram avanços significativos em inúmeras áreas,
como a medicina, a odontologia, a indústria aeroespacial, eletrônica, automobilística, naval e
mecânica.

Com o surgimento de novos técnicas de


trabalhabilidade e agregação dos materiais
obtém-se materiais com características
simbióticas entre duas classes distintas. Isto é
observado no diagrama da Figura I.2. A
classificação dos materiais apresentada na
Figura I.1 permite alocar os materiais em
cinco grandes classes: os materiais metálicos,
os cerâmicos, os vidros, os polímeros e os
elastômeros (que são polímeros; porém, por
Figura I.2: Diagrama de classificação dos
materiais e sua inter-relação
causa de suas propriedades específicas são
tratados à parte) e, por fim, a combinação de
dois ou mais destas classes promove o surgimento de uma sexta classe específica, que é a dos
materiais compósitos ou materiais conjugados, que terão propriedades semelhantes e
intermediárias daqueles materiais que a gerou.

Surge então duas questões importantes: (i) Como escolher um material e (ii) qual
escolher?. Responder a estas perguntas normalmente seria fácil: basta escolher um e
pronto; assim satisfaço meu desejo pessoal. Por exemplo, quero um carro leve, logo o
construirei de liga de alumínio, por ser uma liga considerada leve; novamente, quero uma
pá de pedreiro, vou fazê-la de ferro. E as propriedades de engenharia, como elas ficam?
Assim, do ponto de vista de engenharia não o é, isto porque em algum momento da
utilização do material uma determinada situação será privilegiada em relação à outra.
Assim, a experiência dos engenheiros dedicados a resolver os problemas que surgem
durante a prática da profissão indica a necessidade de uma visão objetiva para se prever o
comportamento a longo prazo dos diversos materiais, baseada em ensaios relativamente
curtos. Isso demanda um conhecimento dos diversos aspectos que estão relacionados com
o problema, começando por um bom conhecimento das propriedades estruturais e do
comportamento dos diversos metais e ligas metálicas associados aos métodos e processos
usados para sua obtenção, como mostra a Figura I.3. Portanto, devido as combinações de
métodos de processamento, estrutura cristalina e propriedades obtidas, conhece-se hoje
cerca de 40.000 tipos de materiais e, levando-se as condições de tratamentos térmicos e
outros tipos de operações para melhoria da qualidade do produto, chega-se a faixa de
80.000 tipos.

Para fazer usos destes materiais, principalmente as ligas ferrosas e não ferrosas (objetos de
nosso curso), estes devem passar por etapas específicas de produção e tratamento,
lançando-se uso das técnicas de processamento estudadas na disciplina de Siderurgia. A
Siderurgia é a tecnologia relacionada com a produção de ferro e suas ligas, em especial as
que contêm uma pequena porcentagem de carbono, que constituem os diferentes tipos de
aço.

Na Figura I.4 apresenta-se um fluxograma geral de uma indústria siderúrgica integrada.


Um caso específico deste tipo de usinas é o das integradas a coque, que utilizam, nos seus
altos-fornos coque (carvão mineral processado) ao invés de carvão vegetal (madeira
queimada). Cada etapa do processo de produção do aço corresponde a uma operação
específica que pode ser ou não divida em outras etapas secundárias, de acordo com a
necessidade do produto solicitado pelo cliente. Logo, O processo siderúrgico pode ser
dividido em 3 etapas: Redução, Refino e Conformação.
Figura I.3: Tetraedro das relações entre microestrutura, propriedades, processamento e desempenho de materiais

Figura I.4: Etapas principais do processo de produção de ligas ferroas e não ferrosas
Como mostra a Figura I.4, na primeira etapa, chamada de Redução, envolve as etapas de
extração mineral, aglomeração e fusão da matéria prima, o minério de ferro granulado (ou
sínter ou pelotas), que é reduzido quimicamente para a forma de ferro metálico, dissolvido
no ferro gusa.

A segunda etapa é o Refino. Esta etapa envolve os processos de purificação do ferro gusa,
eliminando e reduzindo os teores de impurezas e elementos de liga, tais como P, S, Si, C,
O, etc., que são removidos parcialmente do metal líquido até níveis aceitáveis. E, além
disto, outros elementos como Cr, Mo, Ni, V, Cu, Al, etc. podem ser adicionados ao metal
líquido para se atingir uma composição química adequada.

Na terceira etapa, na Conformação Mecânica, o metal, após ter sido solidificado, é


mecanicamente trabalhado, por ação de forças externas em laminadores, extrusoras,
forjadoras, trefiladores, etc., a fim moldá-lo, chegando aos produtos finais.

I.3. Tipos de ligações químicas

Porém, para que estes metais possam ser conformados e moldados, é necessário que
ocorram ligações químicas entre os átomos, afim de uni-los adequadamente, formatando o
produto final desejado. Existem três tipos de ligações atômicas: ligação iônica, ligação
metálica e ligação covalente.

A estrutura interna dos materiais é resultado da agregação de átomos obtida através de forças
de ligação interatômicas. Esta agregação, em função das características de tais ligações, pode
resultar nos estados sólido, líquido e gasoso. Basicamente, os átomos podem atingir uma
configuração denominada de estável a partir de três maneiras, quais sejam: ganho de elétrons,
perda de elétrons ou compartilhamento de elétrons.
I.3.1. Ligações iônicas

É o resultado da interação entre íons positivos (cátions) e negativos (ânions), que perderam ou
ganharam elétrons. Um exemplo que pode ser considerado clássico de ligação iônica ocorre
na formação do NaCl (sal de cozinha).

Na Cl

Antes da
Reação

Após a
Reação Na+ Cl-

(a) (b)

Figura I.5: Ligação iônica resultante da doação de um elétron do Na para o Cl - (a)


Distribuição dos elétrons antes e após a reação; (b) Distribuição espacial dos íons Na+ e Cl-

Quando o Na e Cl reagem, os elétrons externos dos átomos de sódio transferem-se para os


átomos de cloro, produzindo íons sódio Na+ e os íons cloretos Cl-, que são mantidos juntos
pela atração eletrostática de suas cargas opostas, formando o NaCl, conforme se nota na
Figura I.5. Esta reação leva a estrutura a
adquir um estado de energético mais estável
e, portanto, íons apresentam-se estáveis
Energia
Repulsão
A energia total (ET) associada a uma
Energia

Distância entre
átomos ou íons, a
ligação iônica, como a encontrada no NaCl,
ao=rcátion + rânion é dada pela soma das energias envolvidas
Energia
Total
com a atração e repulsão dos íons. A Figura
Energia
Repulsão
I.6 exibe a variação de energia potencial
ao
com a distância de separação entre átomos
FIGURA I.6: Variação da energia potencial ou íons. Nesse diagrama, o termo relativo à
resultante da interação entre átomos ou íons
energia de atração corresponde à energia
liberada quando os íons aproximam-se e é negativa devido ao produto de uma carga positiva
por uma negativa (+Z1.-Z2). O termo ligado à energia de repulsão representa a energia
absorvida quando os íons aproximam-se e é positiva. A soma destas duas energias tem seu
ponto mínimo quando os íons apresentam distância de separação de equilíbrio.

O caráter de uma ligação será mais iônico à medida que a diferença de eletronegatividade
entre os elementos aumenta. Quando essa diferença de eletronegatividade não é muito
acentuada, o composto apresenta elevado caráter covalente.

I.3.2. Ligações covalentes

Cl Cl Quando dois elementos eletronegativos,


de caráter não metálico, reagem entre si,

Antes da não é formada uma ligação iônica, pois


Reação
ambos os átomos têm facilidade em
receber elétrons. Neste caso, a
configuração estável dos dois elementos

Após a
ocorre por compartilhamento de elétrons.
Reação
Uma ligação covalente surge quando os
átomos apresentam orbitais parcialmente

FIGURA I.7: Diagrama esquemático da ligação preenchidos. Quando existe os elétrons


covalente entre átomos de cloro são compartilhados, tais orbitais
completam-se, dando origem às ligações bastante fortes. Como exemplo de ligação covalente,
pode-se citar a formação da molécula de cloro Cl2. Cada átomo de cloro compartilha um de
seus elétrons com outro átomo, que é exemplificada na Figura I.7.

I.3.3. Ligações metálicas

Esse tipo de ligação é normalmente encontrado em metais e envolve a interação entre


elementos de caráter metálico. Para haver a ligação metálica é necessário um número elevado
de átomos. Esta é resultado da ação entre elétrons livres (nuvem eletrônica) e íons positivos.
Estes elétrons livres são originários da última camada de valência, fracamente presos ao
átomo, e que estão livres dentro da estrutura
metálica, como mostra a Figura I.8. Através
de tais elétrons pode-se explicar as altas
condutibilidades elétrica e térmica dos
metais. Outro fato que resulta dessa nuvem
de elétrons é a opacidade dos metais, pois
Figura I.8: Ligações metálicas (nuvem de
elétrons = esferas menores) encontradas nos quando a luz atinge um metal, seus elétrons
metais livres absorvem a energia incidente, em
seguida, refletindo-a.

A estrutura dos sólidos formados por elementos metálicos é razoavelmente simples, à medida
que as ligações metálicas não são direcionais como as covalentes, não dependem, para um
elemento puro, de relações geométricas entre os átomos e não necessitam do estabelecimento
da neutralidade elétrica da rede. Tais características resultam em um empacotamento atômico
altamente compacto.

Portanto, em um material no estado sólido, os átomos exibem um constante movimento


vibratório, ao redor de suas posições de equilíbrio. A intensidade de tal vibração depende da
temperatura em que se encontra o material. Nos estudos das estruturas dos materiais sólidos,
tal movimento pode ser considerado desprezível ao se considerar que tal material é um
agregado estático (parado) de átomos interligados e localizados nos pontos de equilíbrio.

As ligações atômicas permitem que os átomos exibam o estado de agregação sólido. Em


função da natureza dessas ligações atômicas e da forma com que os átomos são arranjados no
espaço, é possível prever propriedades, características e o comportamento do material.
Basicamente, pode-se classificar os arranjos atômicos dos materiais sólidos em três tipos de
estruturas atômicas: estrutura cristalina, estrutura amorfa e estrutura molecular.

A estrutura cristalina caracteriza-se por arranjos atômicos ordenados no espaço. É a estrutura


típica dos metais. A estrutura amorfa caracteriza-se por apresentar arranjos atômicos
desordenados e aleatórios, semelhante à estrutura do estado líquido. Entretanto, a estrutura
amorfa pode exibir regiões isoladas de ordenação atômica, sendo estas de curto alcance. A
estrutura molecular se caracteriza pela existência de moléculas como unidade estrutural. Tais
moléculas são formadas por átomos arranjados de forma ordenada e pré-determinada. É o tipo
de estrutura observada nos plásticos e polímeros.

I.4. Estrutura cristalina

A estrutura dos materiais sólidos é resultado da natureza de suas ligações químicas, a qual
define a distribuição espacial de seus átomos, íons ou moléculas. A grande maioria dos
materiais comumente utilizados em engenharia, particularmente os metálicos, exibe um
arranjo geométrico de seus átomos bem definido, constituindo uma estrutura cristalina. Um
material cristalino, independente do tipo de ligação encontrada no mesmo, apresenta um
agrupamento ordenado de seus átomos, íons ou moléculas, que se repete nas três dimensões.
Nesses sólidos cristalinos, essa distribuição é muito bem ordenada, exibindo simetria e
posições bem definidas no espaço. Em estruturas cristalinas, o arranjo de uma posição em
relação a uma outra posição qualquer deve ser igual ao arranjo observado em torno de
qualquer outra posição do sólido, ou seja, qualquer posição em uma estrutura cristalina
caracteriza-se por apresentar vizinhança semelhante.

A partir do conceito de estrutura cristalina, onde, é possível descrever um conjunto de


posições atômicas, iônicas ou moleculares repetitivas, surge o conceito de célula unitária.
Uma célula unitária é definida como a menor porção do cristal que ainda conserva as
propriedades originais do mesmo. Através da adoção de valores específicos associados às
unidades de medidas nos eixos de referências, definidos como parâmetros de rede, e aos
ângulos entre tais eixos, pode-se obter células unitárias de diversos tipos. Sendo que as
mais usuais para os metais em geral são as estruturas cúbica de corpo centrado (CCC),
cúbica de face centrada (CFC) e hexagonal compacta (HC). A maioria dos elementos,
principalmente aqueles com caráter metálico elevado, transforma-se de líquido para sólido
assumindo estruturas altamente densas, como mostra a Tabela I.1.
Tabela I.1: Estrutura cristalina e propriedades de alguns elementos
Conforme também foi apresentado na Figura 0.2.

I.4.1. Estrutura cúbica de face centrada

O arranjo cúbico de face centrada caracteriza-se por exibir


(a) os mesmos átomos nos vértices e mais um átomo em cada
face do cubo. A estrutura cúbica de face centrada é a
estrutura do alumínio, cálcio, chumbo, níquel, cobre,
platina, prata, ouro, etc. A Figura I.9 apresenta um
diagrama esquemático desta estrutura. O parâmetro de rede
no caso da estrutura CFC pode ser obtido através da
diagonal da face e vale a = 2 2r . Onde r é o raio atômico
(b) do átomo. O volume ocupado por cada átomo na célula
CFC, que contém 4 átomos, é:

4 πr 3 16 π r 3
V A = 4 at × V esfera = 4 × = (I.1)
3 3

E o volume da célula unitária é igual a:


(c)
4r 32 r 3
3
VC = a = (
3
) = = 16r 3 2 (I.2)
2 2

I.4.2. Estrutura cúbica de corpo centrado

(d) No arranjo cúbico de corpo centrado (CCC) existe um


átomo em cada vértice do cubo e um outro átomo no centro
Figura I.9: Representação de do mesmo, como mostra a Figura I.10.
uma célula unitária CFC: (a)
posições dos átomos; (b)
arranjo atômico; (c) átomos no
interior da célula e (d) Esta estrutura pode ser encontrada no cromo, vanádio,
parâmetro de rede zircônio, tungstênio, tântalo, bário, nióbio, lítio, potássio,
etc. O parâmetro de rede a dessa estrutura é função da presença do átomo central, e é diferente
do caso anterior. Ao se observar a diagonal principal
central da célula unitária, dessa estrutura, constata-se que
seu tamanho corresponde a quatro raios atômicos, como
(a) mostra a Figura I.10.d. Assim, o parâmetro de rede ( a )é
calculado a partir do teorema de Pitágoras aplicado a esta
figura:

4r
Portanto determina-se que a = . Onde r é o raio
(b) 3
atômico do átomo. O volume ocupado por cada átomo na
célula CCC, que contém 2 átomos, é:

4 πr 3 8 π r3
V A = 2 at × V esfera = 2× = (I.3)
(c) 3 3

O volume da estrutura CCC é:

4r 3 64 r 3
3
VC = a = ( ) = (I.4)
3 3 3
(d)

I.5. Alotropia ou polimorfismo

Figura I.10: Representação de


uma célula unitária CCC: (a) Diversos elementos, bem como compostos químicos
posições dos átomos; (b)
apresentam mais de uma forma cristalina, dependendo de
arranjo atômico; (c) átomos no
interior da célula unitária e (d) condições como pressão e temperatura envolvidas no
determinação do parâmetro de
rede processo de solidificação. Este fenômeno é denominado
de alotropia ou polimorfismo. Metais de grande
importância industrial como o ferro, o titânio e o cobalto apresentam transformações
alotrópicas em temperaturas elevadas.

A variação alotrópica encontrada em cristais de ferro pode ser considerada como um clássico
exemplo de polimorfismo, conforme ilustra a Figura I.11. Esta variação alotrópica é muito
Líquido 1.539 oC
importante em processos metalúrgicos,
1.500 -
Ferro δ pois permite a mudança de certas
1.400 - 1.394 oC

propriedades do aço (uma liga de Fe e C),


1.300 -
Ferro γ
1.200 -
por exemplo, através da aplicação de
Temperatura oC

1.100 - tratamentos térmicos.


1.000 -

912 oC
900 - O ferro apresenta os arranjos CCC e CFC
Ferro β
800 -
Líquido α
768 oC
na faixa de temperaturas que vai da
700 -
temperatura ambiente até a temperatura de
Tempo fusão do mesmo (1.539 ºC). O ferro α
(ferrita) existe de -273 a 912 ºC e tem
Figura I.11: Variações alotrópicas do Fe puro estrutura cristalina CCC. Entre 768 e 912
ºC, o ferro α deixa de ser magnético e,
algumas vezes, é chamado de ferro β. O
ferro γ (austenita) existe de 912 a 1.394 ºC
e tem estrutura CFC. O ferro δ (ferrita)
existe de 1.394 a 1.539 ºC, apresentando,
novamente, estrutura CCC. A diferença
(a)
entre as estruturas CCC do ferro α e do
ferro δ reside no valor do parâmetro de rede
dos dois casos. Na faixa de temperaturas
mais baixa, o parâmetro de rede é menor.

Um outro exemplo de polimorfismo é a


variação alotrópica do carbono. Este

(b) elemento é encontrado como diamante,


que é o material mais duro na natureza e
como grafite, um material de baixíssima
dureza, que pode ser usado como
lubrificante. O diamante é duro porque
Figura I.12: Estruturas cristalinas do
carbono nas variações alotrópicas (a) todas as suas ligações são covalentes. Por
diamante e (b) grafite outro lado, o grafite tem ligações
covalentes apenas em alguns planos. Estes planos são agregados a outros planos através de
forças secundárias e assim, é fácil provocar o deslizamento dos mesmos. A Figura 1.12
apresenta as estruturas alotrópicas do diamante e do grafite.

Portanto, considerando-se as observações anteriores, a forma estrutural dos cristais e como


os átomos se combinam, estas permitem obter diversos materiais e ligas metálicas, que são
largamente usados pelo homem. Dentre estes materiais, são fundamentais as ligas ferrosas
e as ligas não ferrosas, cuja maioria dos objetos são obtidos através da combinação,
trabalhabilidade e conformação destas.

I.6. Ligas ferrosas

As ligas ferrosas (que apresentam maior componente, em peso, o ferro) são divididas em
dois grandes grupos: os aços (com teores de carbono até 2,0%) e os ferros fundidos,
comumente denominados de fofo, que têm teores de carbono acima de 2,0% e, raramente,
superior a 4,0%.

A base para o estudo destas ligas é


o diagrama Fe-Fe3C (ferro –
cementita, comumente chamado de
Diagrama Ferro carbono) mostrado
na Figura I.13. A cementita é um
constituinte da estrutura cristalina
da liga, formada por 6,67%, em
peso, de C e, o restante em Fe.
Este diagrama não é, na realidade,
um verdadeiro diagrama de
equilíbrio. Isto porque, a cementita
Figura I.13: Diagrama de equilíbrio Fe-C; mais (Fe3C, carboneto de ferro) não é
propriamente, o sistema metaestável Fe-Fe3C
uma fase completamente estável.
De fato, a grafita é mais estável que a cementita. Porém, a nucleação da cementita se dá
antes da precipitação da grafita, devido ao fato do Fe CFC estar saturado em C, cujo teor
máximo de saturação é igual a 0,8% (ou 0,008, como se vê na figura) no aço. A cementita
ao formar-se, tornar-se quase estável e, para efeito de considerações práticas, pode ser
tratada com uma fase de equilíbrio e, então, este diagrama pode ser usado no estudo da
solidificação dos aços e ferros fundidos.

Na Figura I.13 nota-se que a cementita (Fe3C) é o composto metaestável e, sobre algumas
circunstâncias, pode-se escrever a reação de dissociação deste, como mostra a equação
seguinte.

Fe 3C ⇔ 3 Fe ( α ) + C(grafite) (I.5)

Entretanto, o elevado teor de carbono dessas ligas e a presença sempre obrigatória do


elemento silício tornam necessário considerá-las como ligas ternárias Fe-C-Si, de modo
que os fenômenos de transformação da austenita no resfriamento lento, são mais
complexos, originando estruturas em que um novo constituinte se apresenta – seja carbono
livre ou grafita – cuja forma, disposição e quantidade alteram profundamente as
propriedades desses materiais. Um dos efeitos importante do Si é modificar a composição
do eutético, que no diagrama de equilíbrio binário corresponde à composição de 4,30 %C.
Por exemplo, com 2,30 % de Si, o ponto eutético situa-se cerca de 3,60 %C; com 3,50 %
de Si, a composição do eutético é deslocado para cerca de 3,20% C. Então, efetivamente
vê-se que a composição química é um dos fatores importantes para determinar a
quantidade de grafita que pode se formar.

Considerando, entretanto, os elementos de ligas que podem estar presentes e as estruturas


que caracterizam alguns tipos desses materiais, a classe das ligas ferrosas pode ainda ser
dividida nos seguintes grupos: liga aço carbono, aço liga, fofo cinzento, fofo branco, fofo
mesclado, fofo maleável, fofo nodular e ligas especiais, como os aços inoxidáveis
(austeníticos, ferríticos e martensíticos), entre outros.
I.6.1. Aços

O aço é, essencialmente, uma liga Fe-C, contendo até cerca de 2% de C. Variando-se a


quantidade de C, bem como utilizando-se diferentes tratamentos térmicos, pode-se obter
ligas com uma amplas faixas de propriedades. Esta ampla faixa de propriedade é devido as
mudanças polimórficas que ocorrem no ferro. Sendo assim, é provável que os engenheiros
não teriam à sua disposição os aços ferramenta e os aços estruturais, sem este lastro de
possibilidades.

Na Tabela I.2 são apresentadas as


Tabela I.2 – Designação SAE e AISI para aços carbono
composições químicas de alguns
aços carbono especificados
segundo a normalização da SAE
(Society Automotive Engineers)
e AISI (American Iron and Steel
Institute). Os aços carbono são
usados quando não se exige
resistência à corrosão e à
oxidação e a temperatura não
ultrapassa 430 ºC. Estes aços são
geralmente empregados nas
condições laminados a quente,
recozidos ou normalizados. Segundo a nomenclatura da Tabela I.2 tem-se, por exemplo,
que um aço 1020 (o mais conhecido deles) é um aço carbono plano, referindo-se ao
número 1, sem elemento de liga (por causa do 0 do número 10), contendo cerca de 0,20
%p/p de C médio, referente ao 20, do número 1020.

Os aços baixo carbono, com teores de carbono na faixa de 0,10 ≤ C ≤ 0,30%, possuem,
normalmente, baixas resistência e dureza e altas tenacidade e ductilidade. Além disso, são
bastante usináveis e soldáveis e apresentam baixo custo de produção. Estes aços
normalmente não são tratados termicamente. Entre as suas aplicações típicas estão as
chapas automobilísticas, perfis estruturais e placas utilizadas na fabricação de tubos,
construção civil, pontes e latas de folhas-de-flandres.

Os aços médio carbono, com teores de carbono na faixa 0,30 < C ≤ 0,85 %, possuem uma
quantidade de carbono suficiente para a realização de tratamentos térmicos de têmpera e
revenimento, muito embora seus tratamentos térmicos necessitem ser realizados com taxas
de resfriamento elevadas e em seções finas para serem efetivos. Possuem maiores
resistência e dureza e menores tenacidade e ductilidade do que os aços baixo carbono. São
utilizados em rodas e equipamentos ferroviários, engrenagens, virabrequins e outras peças
de máquinas que necessitam de elevadas resistências mecânica e ao desgaste e tenacidade

Os aços alto carbono, com teores de carbono na faixa de 0,85 < C ≤ 1,85 %, são os de
maiores resistência e dureza, porém de menor ductilidade entre os aços carbono. São quase
sempre utilizados na condição temperada e revenida, possuindo boas características de
manutenção de um bom fio de corte. Tem grande aplicação em talhadeiras, folhas de
serrote, martelos e facas

I.6.2. Ferros Fundidos - Fofo

As ligas Fe-C com teor de carbono superior a 2% recebem o nome de ferros fundidos
(conforme se vê na Figura I.13), que por questão meramente didática, quando necessário,
usaremos a simbologia fofo, comum no meio metalúrgico, para designar esta importante
classe de materiais ferrosos, que pode ser dividia em: fofo branco, fofo cinzento, fofo
maleável e fofo nodular, e que tem, também, grande importância para o Engenheiro
Mecânico. Na Tabela I.3 apresenta-se a gama de composição química para estes quatro
ferros fundidos básicos.

Tabela I.3 – Composição química característica dos ferros fundidos básicos

O fofo cinzento é uma liga composta por Fe, C e Si que, devido à


Fofo cinzento existência de carbono livre (por causa de sua composição química),
apresenta na sua microestrutura (vista ao microscópio óptico, veja
figura ao lado) veios ou lamelas de grafita (carbonetos) que, quando
sofrem falha em serviço (por fratura), sua coloração na região da
fratura é escura ou cinzenta. Os ferros fundidos cinzentos são empregados em estruturas de
máquinas e peças fundidas diversas, sem grandes exigências de resistência mecânica.

O fofo branco (á esquerda) é uma liga composta por Fe, C e Si


que, devido ao baixo teor de silício, apresenta o carbono quase que
Branco totalmente e quando sofrem falha em serviço (por fratura), sua
coloração na região da fratura é clara. Os ferros fundidos brancos usados em peças, têm
aplicações limitadas a casos onde a dureza e a resistência à abrasão são fundamentais,
como cilindros de laminação e matrizes de estampagem.

O fofo maleável é uma liga composta por Fe, C e Si, caracterizada


por apresentar, na sua microestrutura (vista ao microscópio óptico,
como mostrado à esquerda), grafita na forma de “nódulos”, devido a
um tratamento térmico especial (comercialmente denominado de
maleabilização), no qual é submetido o fofo branco (que podemos
considerar como produto primário da produção desta liga). São aplicado em conexões para
tubulações, sapatas de freios, caixas de engrenagens, cubos de rodas, bielas, etc.

E, por fim, não menos importante, o fofo nodular (à esquerda) é


uma liga composta por Fe, C e Si, caracterizada por apresentar, na
sua microestrutura (vista ao microscópio óptico), grafita na forma
esferoidal, devido a um tratamento realizado no material ainda no estado líquido
(comercialmente denominado de nodulização). São aplicados a válvulas para vapor e
produtos químicos, cilindros para papel, virabrequins, engrenagens, etc.

I.7. Ligas não ferrosas

O ferro (Fe), o Cu (cobre) e o alumínio (Al) podem ser considerados os “três grandes”
metais em termos de produção metálica mundial. Evidentemente, o Fe é produzido em
quantidades muito maiores que todos os outros elementos metálicos em conjunto. Muito
recentemente o Cu ocupava o segundo lugar na escala de produção; porém, devido a
escassez dos minérios de Cu e, à conseqüente elevação do custo de produção, este perdeu o
posto para o Al. Outros metais como o chumbo (Pb), o zinco (Zn) e o estanho (Sn), além
de magnésio (Mg) e o níquel (Ni), têm sido usados, seja no estado puro ou na forma de
ligas, por períodos consideráveis. Outros metais, tal como o titânio (Ti), vêm ocupando sua
porção na área de engenharia.

Figura I.14: Exemplos de metais e ligas não ferrosas

Logo, a combinação destes elementos na formação de uma liga específica originam às


chamadas ligas não ferrosas que, na sua maioria, contém baixo a baixíssimos teores de Fe,
justificando o nome. A Figura I.14 apresenta, sumariamente, os principais metais não
ferrosos e suas ligas. Como mostra esta figura, observamos que, por exemplo, as principais
ligas de Cu são o latão e o bronze amplamente usados. Abaixo apresenta-se algumas
aplicações de ligas não ferrosas.

Por outro lado, das ligas de Ni, o Monel e o Inconel são os mais usados; todas havendo que
satisfazer o tetraedro relações de variáveis, conforme Figura I.3.
Figura I.15: Exemplos de metais e ligas não ferrosas

Portanto, dos itens I.6 e I.7 concluímos que cada classe de material contém uma subclasse
e que, cada subclasse desdobra-se em um membro específico, conforme mostra a Figura
I.15, que após o processo de produção e tratamentos (superficiais, térmicos, etc.)
adequados levam às propriedades dos materiais, determinante na função que será
empregada.
1.8. Propriedades de metais e ligas metálicas

Sob o ponto de vista prático as propriedades mais importantes, na engenharia, dos metais e
sua ligas são as chamadas propriedades mecânicas; isto é, aquelas relacionadas com a
resistência que os materiais oferecem quando sujeitos a esforços de natureza mecânica,
como a tração, a compressão, a torção, o choque, à fadiga (um esforço cíclico), entre
outras. Destas, a mais usada é a resistência à tração, que é obtida através de um ensaio
específico denominado de Ensaio de Tração.

Outras importantes propriedades físico-químicas das ligas ferrosas e não ferrosas são a
densidade, o coeficiente linear de dilatação térmica e o calor específico, a condutividade
e resistividade elétrica, e as resistências à corrosão e oxidação e, por fim, o custo de
envolvido na produção de bens de consumo.

Portanto, enquanto as propriedades mecânicas relacionam com uma amostra em particular,


sendo somente idênticas em várias amostras, para uma mesma condição de fabricação e
tratamento, as características físico-químicas relacionam-se diretamente com o material,
sendo idênticas para amostras distintas deste material.

1.8.1. Ensaio de tração de materiais

O ensaio de tração é o teste


mais comum para determinar
cada propriedade mecânica do
material. Neste ensaio, um
corpo de prova do material
Figura I.16: Corpo de prova padrão para ensaios de
tração com seção transversal circular (com as dimensões mostradas
na Figura I.16) é submetido à
uma carga de tração até à fratura, num intervalo de tempo relativamente curto e com uma
velocidade constante. O equipamento utilizado para a realização do ensaio de tração
denomina-se “máquina para ensaio de tração” e é apresentando na Figura I.17. Esta
máquina aplica a carga mecânica (ou hidráulica) a uma velocidade constante e, que
conectada “on-line” a um sistema computadorizado,
permite o controle do ensaio através de um software,
armazenando os dados da carga e da deformação,
através da medição do alongamento do corpo de
prova, gerando um gráfico, onde se registra os valores
de carga (kg) versus deformação (mm). A esta curva
obtida como resposta ao ensaio de tração dá-se o
nome de Curva tensão vs. deformação, como
mostrado na Figura I.18. Para se obter esta curva, os
valores da carga são divididos pela área da seção
transversal original do corpo de prova (σ = F/Ao, onde
Figura I.17: Máquina hidráulica
típica utilizada no ensaio de F representa a força – F = carga x aceleração da
tração gravidade, em N e, Ao, a área original da seção
transversal, em m2).

Observa-se na Figura I.18 que em valores


mais baixos de tensão e da deformação, a
curva é linear. Neste caso, dentro de certos
limites, a tensão torna-se proporcional à
deformação e representará o comportamento
elástico (na deformação elástica) puro do
Figura I.18: Curva típica tensão – corpo de prova. Nesta região pode-se
deformação determinar o Módulo de Young (módulo de
elasticidade E, em MPa – MN/m2) do material, fornecendo uma estimativa inicial da
resistência mecânica, por:

σ = εE (I.6)

Onde se tem que σ é a tensão aplicada (em MPa), ε é a deformação percentual ou


alongamento e, E, é o módulo de elasticidade do material, em MPa. A expressão (I.6)
como apresentada recebe o nome de Lei de Hooke e somente é válida para a região linear
da curva. Matematicamente, em função da tensão e deformação convencional, é definido
como:

σ F × Lo
E= = (I.7)
ε S o × (L f - L o )

Onde So representa a área inicial da seção transversal em [m2], F, a força que provoca a
deformação em [MPa ou MN], Lf o comprimento final do corpo de prova após a
deformação, em [m] e, Lo, o comprimento inicial do corpo de prova, antes do carregamento
de tração, em [m].

Além da influências das ligações interatômicas, o módulo de elasticidade é dependente da


temperatura de fusão. Na Tabela I.4 apresenta-se uma relação entre o módulo de Young e a
temperatura de fusão de vários metais. Nota-se que aumentando-se a temperatura de fusão,
aumenta-se o módulo de elasticidade do material. Isto é devido ao fato de que em
temperaturas mais altas existe maior interação atômica entre os átomos e,
consequentemente, aumenta-se as forças de ligação, aumentando-se, portanto, o módulo de
elasticidade.

Tabela I.4 – Relação entre a temperatura de fusão (Tf) e o módulo de elasticidade (E)
Além das propriedades mostradas anteriormente, a curva de tração permite identificar se o
material é frágil ou dúctil, através da tenacidade. A tenacidade corresponde à capacidade
que o material apresenta em absorver energia até a fratura, quantificada pelo módulo de
tenacidade, que é a energia absorvida por unidade de volume [J/m3], por exemplo, desde o
início do ensaio de tração até a fratura. Matematicamente, este parâmetro representa a área
total abaixo da curva de tração, conforme mostrado na Figura I.19.

Figura I.19: Esboço da tenacidade em uma curva de ensaio de tração

A Figuras I.20 e I.21 apresenta, respectivamente, as situações extremas de comportamento


no ensaio tração de um material dúctil e de um material frágil.

Figura I.20: Esboço da tenacidade em uma curva de ensaio de tração para um


material dúctil
Figura I.21: Esboço da tenacidade em uma curva de ensaio de tração para um
material frágil

Pode-se, ainda na região elástica


determinar outro parâmetro importante: o
módulo de resiliência, como mostra a
Figura I.22. Assim, a resiliência é a
capacidade de um material absorver
energia quando deformado elasticamente e
de liberá-la quando descarregado, ainda na

Figura I.22: Definição de resiliência na máquina de tração; logo, é a energia de


curva tensão vs. deformação deformação por unidade de volume
necessária para tracionar o metal da origem até o limite de escoamento ou de
proporcionalidade (σy ou σ0,2%), onde σy é o limite de escoamento do material (no final da
região linear e, σ0,2%, a tensão de deformação calculada traçando-se uma paralela a região

linear, para uma deformação ε = 0,002, como indicado na figura. De um modo geral, os
materiais que apresentam módulos de resiliência altos têm tendência de apresentarem
módulos de tenacidade baixos.

Vejamos algumas aplicações referentes ao ensaio de tração.


Exemplo 01: Qual a peça que está submetida à maior tensão de tração: (a) uma barra de
Al de (24,6 mm x30,7 mm) de seção transversal, sob ação de uma carga de
7640 kg ou (b) uma barra cilíndrica de aço com diâmetro φ = 12,8 mm, sob
ação de uma carga de 5000 kg? Dado: g = 9,80665 m.s-2.

P×g
A tensão de tração pode ser obtida através da seguinte expressão: σ = , onde se tem
AT
que P é carga aplicada na área de seção transversal AT. Então:

7640 × 9 ,80665
σ Al = ⇒ σAl = 99,2 MPa
(0,0246 × 0,0307)
5000 × 9 ,80665
σ A ço = ⇒ σAço = 381,0 MPa
π × ( 0 , 0128 ) 2
4

Portanto, a barra de aço encontra-se 3.8 vez mais solicitada ao esforço que a barra de Al.

Exemplo 02: Sabendo-se que os módulos de elasticidade do Al e do aço, do exemplo 01,


são, respectivamente, 70000 e 205000 MPa, qual barra sofrerá maior
deformação elástica?

σ
Rearranjando-se a equação (I.6), tem-se ε = , logo:
E

99 , 2
ε Al = ⇒ εAl = 0,00142 m/m
70000

381
ε A ço = ⇒ εAço = 0,00186 m/m
205000

Nota-se que, apesar a barra de aço estar mais solicitada do que a barra de Al, devido a
diferença dos módulos de Young ser significativas, observar-se que ambas as barras,
quando solicitadas pelas cargas distintas, produzem deformações relativamente
semelhantes.
Exemplo 03: Um arame de aço, com diâmetro φ = 0,64 mm, medindo 10 metros de
comprimento é solicitado elasticamente, por uma carga de 1,76 kg,
provocando uma variação no comprimento de 1,68 mm. Calcule o módulo
de elasticidade do aço?

Aplicando-se a equação (I.7) tem-se:

1,76 × 9 ,80665 × 10
E A ço = ⇒ EAço = 319,4 GPa
π × (0,00064) 2
× 0 , 00168
4

Exemplo 04: Uma peça feita de Cu, com comprimento original igual a 305 mm, é
submetida a uma tensão de deformação elástica igual a 276 MPa.
Determine a deformação total resultante da peça? Dado: ECu = 110 GPa.

Aplicando-se a equação (I.7) tem-se:

σ × L o 276 × 305
∆L = = ⇒ ∆L = 0,765 mm
E 110000

E o comprimento final da peça será:

L f = 0,765 + L o ⇒ Lf = 305,765 ≅ 306 mm

Exemplo 05: Você foi convidado a participar de uma consultoria técnica para construção
de um galpão de estrutura metálica. Foi-lhe oferecido três tipos de
materiais, A, B e C. É desejo que o material do galpão apresente boas
propriedades mecânicas. Para saber qual escolher, realizou-se ensaios de
tração de 03 corpos de prova destes materiais distintos, obtendo-se o
gráfico da figura seguinte
Expresse: (a) a tenacidade, (b) o módulo de elasticidade, (c) a ordem de ductilidade,
baseada na região elástica e (d) sabendo que o limite de resistência na região elástica não
deve exceder a 550 MPa, qual dos materiais se presta à construção do galpão estrutural?

(a) Cálculo da tenacidade

Pela definição a tenacidade é a área (A) abaixo da curva tensão vs. deformação. Então, do
gráfico temos:

 0,08 × 700 
Material A: A A =  + (0,12 - 0,08) × 700  x 10 6 ⇒ A A = 56.000 kJ / m 3
 2 

 0,11 × 300 
Material B: A B =  + (0,12 - 0,11) × 300  x 10 6 ⇒ A B = 450.000 kJ / m 3
 2 

 0,03 × 1000 
Material C: A C =  + (0,12 - 0,03) × 1000  x 10 6 ⇒ A C = 105.000 kJ / m 3
 2 
Portanto, a ordem de tenacidade é B < C < A.

(b) Cálculo do módulo de elasticidade

Aplicando-se a expressão (I.6), σ = ε E , após tratamento matemático simples, determina-


se o valor de E, na região elástica, para cada material, usando-se o gráfico, tem-se:

 450 − 100 
Material A: E A =   ⇒ E A = 8750 M P a
 0 , 05 − 0 ,01 

 200 − 100 
Material B: E B =   ⇒ E B ≅ 3333 M P a
 0 ,07 − 0 , 04 

 750 
Material C: E C =   ⇒ E C = 37.500 M P a
 0 ,02 

Portanto, a ordem do módulo de elasticidade é C < A < B.

(c) Tomando como referência o ponto final da região elástica, para cada material, concluí-
se que (i) o material é C é mais dúctil (εelástico = 0,11 mm/mm, a 300 MPa), o material
B tem ductilidade intermediária (εelástico = 0,08 mm/mm, a 700 MPa) e que, o material
A apresenta maior fragilidade, com (εelástico = 0,03 mm/mm a 1000 MPa).

(d) Escolha do material para o galpão estrutural

Aplicando-se a equação (I.6) deve-se determinar qual o escoamento máximo permitido de


cada material. Logo:

 σ   550 
Material A: ε A =   =  ⇒ ε A = 0,063 m / m
 E   8750 
 σ   550 
Material B: ε B =   =  ⇒ ε B = 0,165 m / m
 E   3333 

 σ   550 
Material C: ε C =   =  ⇒ ε A ≅ 0,015 m / m
 E   37.500 

Como o valor de εB é superior à deformação total dos corpos de prova (0,12 mm/mm),
onde ocorre a fratura, conclui-se que este material não pode ser usado para a construção do
galpão; certamente o galpão não suportará o esforço.

Dos outro materiais, A e C, vemos que o material C seria o mais recomendável para a
construção do galpão.

Analisando-se o resultado, verifica-se que B é mais tenaz e dúctil, C é mais resistente e


frágil e A é menos resistente à deformação elástica. Portanto, se está-se buscando
resistência mecânica escolhe-se o material C; porém, se o galpão estiver sujeito a esforços
de impacto, a propriedade tenacidade absorve mais energia, neste caso, escolhe-se o
material B. No entanto, devido à restrição imposta no item (d) e, das análises anteriores, o
material selecionado será o material C, para o desempenho hipotético proposto.

1.8.2. Densidade de metais

Define-se densidade de um corpo como sendo “a massa por unidade de volume”, como
mostra a seguinte expressão:
m assa m
d= = (I.6)
volum e ocu pado V C

No Sistema Internacional de Unidade a massa é medida em quilogramas (kg) e o volume


ocupado em metros cúbicos (m3) ou nos sumúltiplos, como grama (g) e centímetro cúbico
(cm3). Isto, portanto, conduz às unidades de densidade, conforme definido na equação
(I.9), como sendo [kg/m3] ou [g/cm3].
Fisicamente, a densidade de um corpo está relacionada com sua capacidade de flutuação,
dentro de uma substância, caso esta seja mais pesada que outra. Por esta razão, a madeira
mais leve que a água, flutua nesta e, o chumbo, mais pesado, afunda. No entanto, quando
chumbo e madeira são colocados num recipitente contendo gasolina, por exemplo, este
afundam, porque são mais densos e pesados que a própria. Deste modo, afirma-se que a
densidade é uma característica de cada substância, líquida ou sólida, e homogênea.

Vejamos alguns exemplos de aplicação.

Exemplo 06: Num processo de determinação da densidade, pesou-se uma amostra e


encontrou-se que sua massa é igual a 32 g. Ao ser colocada em um cilindro
graduado contendo um líquido, verificou-se que o volume deslocado por
esta amostra é de 26,7 cm3. Qual sua densidade em g/cm3 e em kg/m3?

A solução desta questão consiste em aplicação direta da equação (1.6). Então:

32
d= = 1 ,1985 g / cm 3
26,7

Lembrando-se que 1 g = 10-3 Kg e que 1 cm = 0,01 m. Então:

32 g 10 −3 kg kg
d= = 1,1985 3 = 1 ,1985 × -2 3 = 1 ,1985 × 10
−3
× 10 6 3 ∴ d = 1198 ,5 kg / m 3
2 6,7 cm (10 m ) m

Exemplo 07: Uma garrafa de 1 litro de capacidade contém um líquido incolor de


densidade 2,87 g/cm3. Sabendo-se que o número total de átomos presentes é
da ordem de 5,86 x 1025, determine o peso molecular deste líquido?

Rearranjando-se a expressão (1.6), e sabendo-se que 1 litro = 1000 cm3, determina-se a


massa do líquido:

m assa = d × V = 2,87 × 1000 ∴ m assa = 2870 g = 2,87 kg


m m
A definição de número de moles é n = . Portanto, o peso molecular será P M = .
PM n
Como foi dado o número total de átomos, temos da definião de Avogrado que
N at = n × N A , então, calcula-se o peso molecular da seguinte forma:

m × N A 2870 × 6 ,022 x 10 23
PM = = ⇒ PMLíquido = 29,49 g/mol
N at 5,86x 10 25

Exemplo 08: Um corpo de prova cilíndrico de diâmetro igual a Y cm e comprimento igual


a 0,9 m avaliado em um instrumento de medição que acusou uma massa de
7,8 Kg. Sabendo que este corpo de prova é composto de Ferro puro,
determine seu diâmetro, se sua densidade é igual a 7,86 g/cm3

Aplicando-se a definição de densidade encontra-se o volume V = massa/ densidade. Mas o


π φ2
volume de um cilindro é dado por V = base × com prim ento = × L . Então:
4

4×m 4 × 7800
φ= = ⇒ φ ≅ 3,74 cm
π × L × d Fe π × 90 × 7 ,86

1.8.2.1. Determinação da densidade em função da estrutura cristalina do material

Neste caso, a densidade do material sólido pode ser determinada através da seguinte
expressão genérica:

N × PA
d= (I.7)
VC × N A

Na qual identifica-se que d é densidade desejada, N é o número de átomos presente na


célula unitária (estrutura cristalina), NA é o número de Avogrado (definido na unidade
zero), PA é o peso atômico do elemento químico e, VC, é o volume da célula unitária.
Do item 1.4, temos resumidamente, combinando-se as equações para cálculo do volume da
célula unitária com a expressão (1.7), a tabela seguinte.

Tabela I.5 – Volume e densidade de materiais em função da estrutura cristalina e do


raio atômico

Volume da célula Fórmula para cálculo da


Estrutura Átomos
Geometria unitária em função densidade em função do
cristalina presentes
do raio atômico raio atômico

CS N × PA
(cúbica 1 átomo VC = 8 × r 3 d= (1.8)
8 × r3 × N A
simples)

CFC
(cúbica de N × PA
4 átomos V C = 16 × r 3 × 2 d= (I.9)
face 16 × r 3 × 2 × N A
centrada)

CCC
(cúbica de 64 × r 3 N × PA × 3 3
2 átomos VC = d= (I.10)
corpo 3 3 64 × r 3 × N A
centrado)

Exemplo 09: O cobre tem raio atômico igual a 0,128 nm, sua estrutura cristalina é CFC e
seu peso molecular é 63,54 g.mol-1. Determine e expresse o valor da
densidade, para este metal, em [g.cm-3].

Substituindo-se valores na expressão (I.9), da Tabela I.5, tem-se:

átom os g
4 × 63 ,54
d Cu = célula unitária m ol ⇒ dCu = 8,89 g.cm-3
16 × ( 0 ,128 x 10 −7 cm ) 3 6 , 022 x 10 23 átom os
× 2×
célula unitária m ol

nota-se que o valor calculado é bem próximo do valor obtido experimentalmente, e que
vale 8,94 g.cm-3.
Exemplo 10: O ferro passa de CCC para CFC a 912 ºC. Nesta temperatura, os raios
atômicos do ferro nas duas estruturas são, respectivamente, 0,126 nm e
0,129 nm. Qual a porcentagem de variação volumétrica provocada pela
mudança estrutural?

Os volumes da célula unitária CCC e CFC são dados na Tabela I.5. Então:

64 × ( 0 ,126 x 10 -7 ) 3
V CFCe C = ⇒ V CFCe C = 2,464x 10 -23 m 3
3 3

V CFFe C = 16 × ( 0 ,12 9 x 10 -7 ) 3 × 2 ⇒ V CFFe C = 4,857x 10 -23 m 3

Então, a porcentagem de variação volumétrica será dada por:

 ∆V   V CFFe C - V CFCe C   4,857 - 2,464 


% V ar. V ol. =  100 - F e 100  =  100 − × 100  =  100 − × 10 0 
 VCCC   Fe
VC C C   2,464 

% Variação Volumétrica = 2,15 % ⇒ expansão volumétrica de 2,2%

Exemplo 11: Calcule a fração de vazios existem na estrutura CFC


do sólido iônico NaCl, conforme mostra a figura ao lado, sabendo
que os raios atômicos do Na e do Cl são, respectivamente, 0,097 e
0,181 nm?

A fração de vazio é dada por:

 V T o tal   ( 4 V AN a + 4 V AC l ) 
% V azio =  1 − A  x 100 =  1 −  x 100
 VC   VC 
 4 π r N3 a 4 π R 3C l 
 (4 × +4× )
% V azio =  1 − 3 3  x 100
 (2 r N a + 2 R C l ) 3 
 
 4 π (0,097x 10 -7 ) 3 4 π (0,181x 10 -7 ) 3 
 (4 × +4× )

= 1− 3 3  x 100
 ( 2 x 0,097x 10 -7 + 2 x 0,180x 10 -7 ) 3 
 

% Vazio ≅ 32,6 %

I.9. Exercícios propostos

1. Quais as principais ligações químicas e sua definição?

2. Qual a diferença entre célula unitária e estrutura cristalina? Quais os tipos de estrutura
cristalina, explicando-as?

3. Defina polimorfismo ou alotropia?

4. O que significa as nomenclaturas “Aço 1008”, “Aço 1015” e “Aço 1030”?

5. Um fio de cobre não deve ser tensionado acima de 70 MPa (70 x 106 N/m2), em tração.
Qual o diâmetro φ necessário para um carregamento de 2.000 kg.? Dados: g = 9,80665
m/s-2.

6. Qual a deformação elástica numa barra de cobre que será tencionada a 70 MPa (70 x
106 N/m2), em tração? Dados: ECu = 110.000 MPa (110 x 109 N/m2).

7. Uma barra de aço de 12,7 mm de diâmetro suporta uma carga de 7.000 kg. Determinar:
(a) a tensão atuante na barra, (b) se EAço = 205.000 MPa (205 x 109 N/m2), de quanto
valerá a deformação total nesta condição de carregamento elástico?
8. Uma amostra de liga de alumínio apresenta limite de proporcionalidade elástico de 20
MPa. Seu módulo de elasticidade é 69.000 MPa. Qual a máxima deformação (em %)
elástica que esta liga suporta?

9. Uma amostra de liga de molibdênio apresenta limite de proporcionalidade elástico de


565 MPa. Seu módulo de elasticidade é 324.000 MPa. Qual a máxima deformação (em
%) elástica que esta liga suporta? Comparando-se com o resultado do ex. 4, qual
material apresenta maior ductilidade.

10. Um aço inoxidável austenítico apresenta tensão de escoamento de 205 MPa e módulo
de elasticidade 193.000 MPa. Um arame, confeccionado com este aço, medindo 50 cm
de comprimento e diâmetro φ = 1 mm é submetido ao ensaio de tração. Qual o
comprimento máximo que o arame pode atingir no regime elástico? Qual a carga (kg)
aplicada no arame neste ensaio?

11. Uma barra de aço cilíndrica de 100 mm de comprimento e área da seção transversal de
20 mm é tensionada em tração por uma força de 89.000 N. Durante esta operação barra
experimenta uma deformação elástica de 0,20 mm. Determine o módulo de elasticidade
desta aço e qual seu diâmetro?

12. Uma amostra cilíndrica de alumínio, com diâmetro φ = 12,8 mm e comprimento inicial
igual a 50,8 mm é submetida ao ensaio de tração. Como resultado do ensaio de tração
obteve-se as seguintes curva de tensão vs. deformação
Curva tensão vs. deformação geral

Curva tensão vs. deformação - região elástica


Determine: (a) o módulo de elasticidade, (b) a tensão de escoamento em 0,2%, (c) qual o
valor da tenacidade para este material (considere que para σ ≥ 3,0x105 N/m2, as tensões são
constantes na curva geral)e (d) se a carga máxima suportável na região elástica é igual a
2,48 x105 N/m2, qual o valor da deformação proporcionada?

13. Quando uma peça de massa 3,60 g é colocado em um cilindro graduado, contendo 8,3
ml de água, o nível da água sobe para 9,8 ml. Qual é a densidade do metal em g/cm3?

14. No sistema internacional de unidade (SI) a massa de um diamante é medida usando-se


a unidade “quilate”. Ainda, sabe-se que a densidade do diamante é igual a 3,51 g/cm3.
Se 1 quilate vale 200 mg, qual é o volume de um diamante de 0,300 quilates?

15. Qual o volume de chumbo, cuja densidade é 11,3 g/cm3, que tem a mesma massa de
100 cm3 de uma peça de madeira, de densidade igual a 0,38 g/cm3?

16. Qual seria o raio da Terra (uma esfera) se a sua massa total estivesse comprimida à
mesma densidade 1 mol de carbono, de densidade igual a 5,5 g/cm3?

17. Uma folha de Au (ouro) tem uma espessura de 0,08 mm e 670 mm2 de área superficial.
Determine: (a) quantas células unitárias há na folha, sabendo que o ouro tem estrutura
cristalina CFC, com parâmetro de rede a = 0,4076 nm. Dica: uma célula unitária
corresponde ao volume de um cubo. (b) Qual a massa de cada célula unitária, sabendo-
se que a densidade do outro vale 19,32 g/cm3?

18. O volume de uma célula unitária de ferro CCC é de 0,02464 x 10-9 m3 a 912 ºC. O
volume de uma célula unitária de ferro CFC a mesma temperatura é de 0,0486 x 10-9
m3. Qual a variação percentual de densidade que ocorre na transformação do ferro CCC
para o ferro CFC?

19. Calcule o raio atômico do vanádio que tem uma estrutura cristalina CCC, se sua
densidade é 5,96 g/cm3 e peso atômico igual a 50,9 g/mol?
20. Um metal hipotético apresenta estrutura cristalina cúbica simples (CS). Se o peso
atômico vale 70,4 g/mol e seu raio atômico é igual a 0,126 nm, qual é sua densidade?

21. O ródio apresenta raio atômico igual a 0,1345 nm sua densidade é igual a 12,41 g/cm3.
Qual é a estrutura cristalina deste metal: CS, CCC ou CFC, se seu peso atômico é
102,91 g/mol?

22. O quadro abaixo lista as propriedades físicas e químicas de três ligas hipotéticas.
Determine a estrutura cristalina (CS, CCC ou CFC), justificando sua determinação?

Peso atômico
Liga Densidade (g/cm3) Raio atômico (nm)
(g/mol)

A 77,4 8,22 0,125

B 107,6 13,42 0,133

C 127,3 9,23 0,142

I.10. Bibliografia consultada

- ______, ASTM G 1. Standard practice for preparation, cleaning and evaluating


corrosion test specimens. Philadelphia, ASTM - American Society for Testing and
Material, PA - USA. Annual Book of ASTM Standards, Part. 10. 1981.

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meio ambiente. Tradução Ignez Caracelli et al. Porto Alegre: Editora Bookman S. A.,
RS. 914p. 2001.

- CALLISTER Jr., W. D. Materials Science and Engineering: An Introduction. 5th


Edition. New York: John Wiley & Sons, Inc 871p. 2000.
- CHIAVERINI, V. Tecnologia Mecânica: Estrutura e Propriedades das Ligas
Metálicas. 2a Edição. São Paulo: Editora McGraw-Hill do Brasil, SP. Vol. I, 266p.
1986.

- CHIAVERINI, V. Tecnologia Mecânica: Processos de Fabricação e Tratamento. 2a


Edição. São Paulo: Editora McGraw-Hill do Brasil, SP. Vol. II, 266p. 1986.

- CHIAVERINI, V. Tecnologia Mecânica: Materiais de Construção Mecânica. 2a


Edição. São Paulo: Editora McGraw-Hill do Brasil, SP. Vol. III, 266p. 1986.

- GARCIA, A. et ali. Ensaios dos Materiais. Rio de Janeiro: LTC – Livros Técnicos e
Científicos Editora S. A.. 247p. 2000.

- HIGGINS, R. A. Propriedades e Estrutura dos Materiais em Engenharia . Tradução


Joel Regueira Teodósio. São Paulo DIFEL – Difusão Editorial S. A. 471p. 1982.

- RUSSEL, J. B. Química Geral. Tradução Divo Leonardo Sanioto et al. São Paulo:
Editora McGraw-Hill do Brasil, SP. 897p. 1981.

- SILVA, P. F. Introdução à Corrosão e Proteção das Superfícies Metálicas. Belo


Horizonte: Imprensa Universitária da UFMG. 355p. 1981.

- SLABAUGH, W. H.; PARSONS, T. D. Química Geral. Tradução Alcides Caldas. Rio


de Janeiro: LTC – Livro Técnico e Científico Editora S. A.., RJ. 277p. 1977.

- VAN VLACK, L. H. Princípios de Ciência e Tecnologia dos Materiais. Tradução


Edson Monteiro. 2a Edição. Rio de Janeiro: Editora Campus. 567p. 1988.

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