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ESTRUTURA E PROPRIEDADES
DOS MATERIAIS
FEVEREIRO - 2007
UNIDADE I: ESTRUTURA E PROPRIEDADES DOS MATERIAIS
BIOMATERIAL
Neste ponto a história não mudou. Usamos hoje uma gama enorme de materiais metálicos,
polímeros, cerâmicos, madeira e seus derivados, com aplicações cada vez maiores e mais
específicas. Dentre estes, os materiais metálicos apresentam propriedades como:
resistência mecânica, condutividade elétrica, condutividade térmica e ductilidade que os
tornam insubstituíveis por outros materiais como os polímeros e cerâmicos. Por isso a sua
extensa utilização, desde a antigüidade até os dias de hoje. Porém estes materiais e suas
ligas se apresentam instáveis às condições ambientais do planeta Terra, o que os leva à
degradação, chamada de corrosão, que é, consideravelmente, mais intensa do que em
outros materiais. Desta forma, à exceção do Ouro e Prata, considerados materiais nobres,
todos os outros metais e/ou ligas metálicas se deterioram com maior ou menor velocidade
de reação.
Por definição, Material é tudo aquilo que não é espiritual: todas as substâncias com as
quais são feitas as coisas e os seres vivos, em geral. Assim, o que identifica o material é o
seu próprio nome, isto é, a etiqueta, ou “pedigree”, a palavra “materiais”. Por exemplo,
madeira, plástico, metais duros e dúcteis, vidros e cerâmicas, telas, os chamados terras
raras, o cimento, enfim, são todos materiais. Sua disponibilidade, sua propriedades e
características físico-químicas, seus usos e aplicações são muito diferentes, mas, todos
formam parte do mundo dos materiais.
Assim, temos que admitir que os materiais são indispensáveis, determinantes para qualquer
economia, e que os avanços científicos e desenvolvimentos tecnológicos permite-nos obter,
transformar e utilizá-los como nunca antes na história. Então, dentro deste pensamento,
vivemos em contato contínuo com os materiais e todos custam-nos mais do que geralmente
imaginamos. Pagamos mais pela lata que por seu conteúdo, mais pelo vasilhame de vidro
do que o de metal, do que propriamente pelo refrigerante.
Portanto, os produtos de engenharia criados pelo homem, os que agora conhecemos sobre
o nome de “materiais”, são tão importantes praticamente resulta-nos impossível imaginar
que alguma atividade humana sem a presença dos materiais, até mesmo escrever este texto
não seria possível sem que o fosse pelo uso de um microcomputador, que sabidamente é
uma complexa combinação de materiais poliméricos, cerâmicos e metálico, e do papel para
imprimi-lo. Logo, os grandes avanços da humanidade tem sido possíveis graças a um
material ou a um conjunto deles.
Desde o início da civilização os materiais são usados com o objetivo de permitir e melhorar a
vida do ser humano, como mostra a Figura I.1.
Há mais de 4.000 anos, o processo de fundição por cera perdida foi concebido. Nessa técnica,
o objeto a ser produzido era esculpido em cera, que em seguida era recoberto com uma massa
refratária (resistente à altas temperaturas). Ao se aquecer a escultura e seu recobrimento, a
cera podia ser eliminada, resultando em uma cavidade no interior da massa refratária. A
fundição era elaborada com o preenchimento dessa cavidade pelo metal líquido. O objeto
fundido era obtido pela quebra do molde. Apesar desse procedimento existir há alguns
milhares de anos, a fundição por cera perdida é ainda hoje utilizada na fabricação de uma
gama muito diversificada de produtos, como próteses odontológicas e ortopédicas ou
componentes de turbinas aeronáuticas. Ainda na pré-história, o homem processou e utilizou
ferro na confecção de ferramentas, armamentos e utensílios.
Milhares de anos mais tarde, o desenvolvimento de novos processos de produção dos aços e
dos ferros fundidos permitiram a viabilização da revolução industrial. No século XX, o
desenvolvimento dos materiais poliméricos, dos materiais compósitos avançados, das
cerâmicas de engenharia, dos aços inoxidáveis, das ligas de titânio, dos materiais
semicondutores, dos biomateriais, permitiram avanços significativos em inúmeras áreas,
como a medicina, a odontologia, a indústria aeroespacial, eletrônica, automobilística, naval e
mecânica.
Surge então duas questões importantes: (i) Como escolher um material e (ii) qual
escolher?. Responder a estas perguntas normalmente seria fácil: basta escolher um e
pronto; assim satisfaço meu desejo pessoal. Por exemplo, quero um carro leve, logo o
construirei de liga de alumínio, por ser uma liga considerada leve; novamente, quero uma
pá de pedreiro, vou fazê-la de ferro. E as propriedades de engenharia, como elas ficam?
Assim, do ponto de vista de engenharia não o é, isto porque em algum momento da
utilização do material uma determinada situação será privilegiada em relação à outra.
Assim, a experiência dos engenheiros dedicados a resolver os problemas que surgem
durante a prática da profissão indica a necessidade de uma visão objetiva para se prever o
comportamento a longo prazo dos diversos materiais, baseada em ensaios relativamente
curtos. Isso demanda um conhecimento dos diversos aspectos que estão relacionados com
o problema, começando por um bom conhecimento das propriedades estruturais e do
comportamento dos diversos metais e ligas metálicas associados aos métodos e processos
usados para sua obtenção, como mostra a Figura I.3. Portanto, devido as combinações de
métodos de processamento, estrutura cristalina e propriedades obtidas, conhece-se hoje
cerca de 40.000 tipos de materiais e, levando-se as condições de tratamentos térmicos e
outros tipos de operações para melhoria da qualidade do produto, chega-se a faixa de
80.000 tipos.
Para fazer usos destes materiais, principalmente as ligas ferrosas e não ferrosas (objetos de
nosso curso), estes devem passar por etapas específicas de produção e tratamento,
lançando-se uso das técnicas de processamento estudadas na disciplina de Siderurgia. A
Siderurgia é a tecnologia relacionada com a produção de ferro e suas ligas, em especial as
que contêm uma pequena porcentagem de carbono, que constituem os diferentes tipos de
aço.
Figura I.4: Etapas principais do processo de produção de ligas ferroas e não ferrosas
Como mostra a Figura I.4, na primeira etapa, chamada de Redução, envolve as etapas de
extração mineral, aglomeração e fusão da matéria prima, o minério de ferro granulado (ou
sínter ou pelotas), que é reduzido quimicamente para a forma de ferro metálico, dissolvido
no ferro gusa.
A segunda etapa é o Refino. Esta etapa envolve os processos de purificação do ferro gusa,
eliminando e reduzindo os teores de impurezas e elementos de liga, tais como P, S, Si, C,
O, etc., que são removidos parcialmente do metal líquido até níveis aceitáveis. E, além
disto, outros elementos como Cr, Mo, Ni, V, Cu, Al, etc. podem ser adicionados ao metal
líquido para se atingir uma composição química adequada.
Porém, para que estes metais possam ser conformados e moldados, é necessário que
ocorram ligações químicas entre os átomos, afim de uni-los adequadamente, formatando o
produto final desejado. Existem três tipos de ligações atômicas: ligação iônica, ligação
metálica e ligação covalente.
A estrutura interna dos materiais é resultado da agregação de átomos obtida através de forças
de ligação interatômicas. Esta agregação, em função das características de tais ligações, pode
resultar nos estados sólido, líquido e gasoso. Basicamente, os átomos podem atingir uma
configuração denominada de estável a partir de três maneiras, quais sejam: ganho de elétrons,
perda de elétrons ou compartilhamento de elétrons.
I.3.1. Ligações iônicas
É o resultado da interação entre íons positivos (cátions) e negativos (ânions), que perderam ou
ganharam elétrons. Um exemplo que pode ser considerado clássico de ligação iônica ocorre
na formação do NaCl (sal de cozinha).
Na Cl
Antes da
Reação
Após a
Reação Na+ Cl-
(a) (b)
Distância entre
átomos ou íons, a
ligação iônica, como a encontrada no NaCl,
ao=rcátion + rânion é dada pela soma das energias envolvidas
Energia
Total
com a atração e repulsão dos íons. A Figura
Energia
Repulsão
I.6 exibe a variação de energia potencial
ao
com a distância de separação entre átomos
FIGURA I.6: Variação da energia potencial ou íons. Nesse diagrama, o termo relativo à
resultante da interação entre átomos ou íons
energia de atração corresponde à energia
liberada quando os íons aproximam-se e é negativa devido ao produto de uma carga positiva
por uma negativa (+Z1.-Z2). O termo ligado à energia de repulsão representa a energia
absorvida quando os íons aproximam-se e é positiva. A soma destas duas energias tem seu
ponto mínimo quando os íons apresentam distância de separação de equilíbrio.
O caráter de uma ligação será mais iônico à medida que a diferença de eletronegatividade
entre os elementos aumenta. Quando essa diferença de eletronegatividade não é muito
acentuada, o composto apresenta elevado caráter covalente.
Após a
ocorre por compartilhamento de elétrons.
Reação
Uma ligação covalente surge quando os
átomos apresentam orbitais parcialmente
A estrutura dos sólidos formados por elementos metálicos é razoavelmente simples, à medida
que as ligações metálicas não são direcionais como as covalentes, não dependem, para um
elemento puro, de relações geométricas entre os átomos e não necessitam do estabelecimento
da neutralidade elétrica da rede. Tais características resultam em um empacotamento atômico
altamente compacto.
A estrutura dos materiais sólidos é resultado da natureza de suas ligações químicas, a qual
define a distribuição espacial de seus átomos, íons ou moléculas. A grande maioria dos
materiais comumente utilizados em engenharia, particularmente os metálicos, exibe um
arranjo geométrico de seus átomos bem definido, constituindo uma estrutura cristalina. Um
material cristalino, independente do tipo de ligação encontrada no mesmo, apresenta um
agrupamento ordenado de seus átomos, íons ou moléculas, que se repete nas três dimensões.
Nesses sólidos cristalinos, essa distribuição é muito bem ordenada, exibindo simetria e
posições bem definidas no espaço. Em estruturas cristalinas, o arranjo de uma posição em
relação a uma outra posição qualquer deve ser igual ao arranjo observado em torno de
qualquer outra posição do sólido, ou seja, qualquer posição em uma estrutura cristalina
caracteriza-se por apresentar vizinhança semelhante.
4 πr 3 16 π r 3
V A = 4 at × V esfera = 4 × = (I.1)
3 3
4r
Portanto determina-se que a = . Onde r é o raio
(b) 3
atômico do átomo. O volume ocupado por cada átomo na
célula CCC, que contém 2 átomos, é:
4 πr 3 8 π r3
V A = 2 at × V esfera = 2× = (I.3)
(c) 3 3
4r 3 64 r 3
3
VC = a = ( ) = (I.4)
3 3 3
(d)
A variação alotrópica encontrada em cristais de ferro pode ser considerada como um clássico
exemplo de polimorfismo, conforme ilustra a Figura I.11. Esta variação alotrópica é muito
Líquido 1.539 oC
importante em processos metalúrgicos,
1.500 -
Ferro δ pois permite a mudança de certas
1.400 - 1.394 oC
912 oC
900 - O ferro apresenta os arranjos CCC e CFC
Ferro β
800 -
Líquido α
768 oC
na faixa de temperaturas que vai da
700 -
temperatura ambiente até a temperatura de
Tempo fusão do mesmo (1.539 ºC). O ferro α
(ferrita) existe de -273 a 912 ºC e tem
Figura I.11: Variações alotrópicas do Fe puro estrutura cristalina CCC. Entre 768 e 912
ºC, o ferro α deixa de ser magnético e,
algumas vezes, é chamado de ferro β. O
ferro γ (austenita) existe de 912 a 1.394 ºC
e tem estrutura CFC. O ferro δ (ferrita)
existe de 1.394 a 1.539 ºC, apresentando,
novamente, estrutura CCC. A diferença
(a)
entre as estruturas CCC do ferro α e do
ferro δ reside no valor do parâmetro de rede
dos dois casos. Na faixa de temperaturas
mais baixa, o parâmetro de rede é menor.
As ligas ferrosas (que apresentam maior componente, em peso, o ferro) são divididas em
dois grandes grupos: os aços (com teores de carbono até 2,0%) e os ferros fundidos,
comumente denominados de fofo, que têm teores de carbono acima de 2,0% e, raramente,
superior a 4,0%.
Na Figura I.13 nota-se que a cementita (Fe3C) é o composto metaestável e, sobre algumas
circunstâncias, pode-se escrever a reação de dissociação deste, como mostra a equação
seguinte.
Fe 3C ⇔ 3 Fe ( α ) + C(grafite) (I.5)
Os aços baixo carbono, com teores de carbono na faixa de 0,10 ≤ C ≤ 0,30%, possuem,
normalmente, baixas resistência e dureza e altas tenacidade e ductilidade. Além disso, são
bastante usináveis e soldáveis e apresentam baixo custo de produção. Estes aços
normalmente não são tratados termicamente. Entre as suas aplicações típicas estão as
chapas automobilísticas, perfis estruturais e placas utilizadas na fabricação de tubos,
construção civil, pontes e latas de folhas-de-flandres.
Os aços médio carbono, com teores de carbono na faixa 0,30 < C ≤ 0,85 %, possuem uma
quantidade de carbono suficiente para a realização de tratamentos térmicos de têmpera e
revenimento, muito embora seus tratamentos térmicos necessitem ser realizados com taxas
de resfriamento elevadas e em seções finas para serem efetivos. Possuem maiores
resistência e dureza e menores tenacidade e ductilidade do que os aços baixo carbono. São
utilizados em rodas e equipamentos ferroviários, engrenagens, virabrequins e outras peças
de máquinas que necessitam de elevadas resistências mecânica e ao desgaste e tenacidade
Os aços alto carbono, com teores de carbono na faixa de 0,85 < C ≤ 1,85 %, são os de
maiores resistência e dureza, porém de menor ductilidade entre os aços carbono. São quase
sempre utilizados na condição temperada e revenida, possuindo boas características de
manutenção de um bom fio de corte. Tem grande aplicação em talhadeiras, folhas de
serrote, martelos e facas
As ligas Fe-C com teor de carbono superior a 2% recebem o nome de ferros fundidos
(conforme se vê na Figura I.13), que por questão meramente didática, quando necessário,
usaremos a simbologia fofo, comum no meio metalúrgico, para designar esta importante
classe de materiais ferrosos, que pode ser dividia em: fofo branco, fofo cinzento, fofo
maleável e fofo nodular, e que tem, também, grande importância para o Engenheiro
Mecânico. Na Tabela I.3 apresenta-se a gama de composição química para estes quatro
ferros fundidos básicos.
O ferro (Fe), o Cu (cobre) e o alumínio (Al) podem ser considerados os “três grandes”
metais em termos de produção metálica mundial. Evidentemente, o Fe é produzido em
quantidades muito maiores que todos os outros elementos metálicos em conjunto. Muito
recentemente o Cu ocupava o segundo lugar na escala de produção; porém, devido a
escassez dos minérios de Cu e, à conseqüente elevação do custo de produção, este perdeu o
posto para o Al. Outros metais como o chumbo (Pb), o zinco (Zn) e o estanho (Sn), além
de magnésio (Mg) e o níquel (Ni), têm sido usados, seja no estado puro ou na forma de
ligas, por períodos consideráveis. Outros metais, tal como o titânio (Ti), vêm ocupando sua
porção na área de engenharia.
Por outro lado, das ligas de Ni, o Monel e o Inconel são os mais usados; todas havendo que
satisfazer o tetraedro relações de variáveis, conforme Figura I.3.
Figura I.15: Exemplos de metais e ligas não ferrosas
Portanto, dos itens I.6 e I.7 concluímos que cada classe de material contém uma subclasse
e que, cada subclasse desdobra-se em um membro específico, conforme mostra a Figura
I.15, que após o processo de produção e tratamentos (superficiais, térmicos, etc.)
adequados levam às propriedades dos materiais, determinante na função que será
empregada.
1.8. Propriedades de metais e ligas metálicas
Sob o ponto de vista prático as propriedades mais importantes, na engenharia, dos metais e
sua ligas são as chamadas propriedades mecânicas; isto é, aquelas relacionadas com a
resistência que os materiais oferecem quando sujeitos a esforços de natureza mecânica,
como a tração, a compressão, a torção, o choque, à fadiga (um esforço cíclico), entre
outras. Destas, a mais usada é a resistência à tração, que é obtida através de um ensaio
específico denominado de Ensaio de Tração.
Outras importantes propriedades físico-químicas das ligas ferrosas e não ferrosas são a
densidade, o coeficiente linear de dilatação térmica e o calor específico, a condutividade
e resistividade elétrica, e as resistências à corrosão e oxidação e, por fim, o custo de
envolvido na produção de bens de consumo.
σ = εE (I.6)
σ F × Lo
E= = (I.7)
ε S o × (L f - L o )
Onde So representa a área inicial da seção transversal em [m2], F, a força que provoca a
deformação em [MPa ou MN], Lf o comprimento final do corpo de prova após a
deformação, em [m] e, Lo, o comprimento inicial do corpo de prova, antes do carregamento
de tração, em [m].
Tabela I.4 – Relação entre a temperatura de fusão (Tf) e o módulo de elasticidade (E)
Além das propriedades mostradas anteriormente, a curva de tração permite identificar se o
material é frágil ou dúctil, através da tenacidade. A tenacidade corresponde à capacidade
que o material apresenta em absorver energia até a fratura, quantificada pelo módulo de
tenacidade, que é a energia absorvida por unidade de volume [J/m3], por exemplo, desde o
início do ensaio de tração até a fratura. Matematicamente, este parâmetro representa a área
total abaixo da curva de tração, conforme mostrado na Figura I.19.
linear, para uma deformação ε = 0,002, como indicado na figura. De um modo geral, os
materiais que apresentam módulos de resiliência altos têm tendência de apresentarem
módulos de tenacidade baixos.
P×g
A tensão de tração pode ser obtida através da seguinte expressão: σ = , onde se tem
AT
que P é carga aplicada na área de seção transversal AT. Então:
7640 × 9 ,80665
σ Al = ⇒ σAl = 99,2 MPa
(0,0246 × 0,0307)
5000 × 9 ,80665
σ A ço = ⇒ σAço = 381,0 MPa
π × ( 0 , 0128 ) 2
4
Portanto, a barra de aço encontra-se 3.8 vez mais solicitada ao esforço que a barra de Al.
σ
Rearranjando-se a equação (I.6), tem-se ε = , logo:
E
99 , 2
ε Al = ⇒ εAl = 0,00142 m/m
70000
381
ε A ço = ⇒ εAço = 0,00186 m/m
205000
Nota-se que, apesar a barra de aço estar mais solicitada do que a barra de Al, devido a
diferença dos módulos de Young ser significativas, observar-se que ambas as barras,
quando solicitadas pelas cargas distintas, produzem deformações relativamente
semelhantes.
Exemplo 03: Um arame de aço, com diâmetro φ = 0,64 mm, medindo 10 metros de
comprimento é solicitado elasticamente, por uma carga de 1,76 kg,
provocando uma variação no comprimento de 1,68 mm. Calcule o módulo
de elasticidade do aço?
1,76 × 9 ,80665 × 10
E A ço = ⇒ EAço = 319,4 GPa
π × (0,00064) 2
× 0 , 00168
4
Exemplo 04: Uma peça feita de Cu, com comprimento original igual a 305 mm, é
submetida a uma tensão de deformação elástica igual a 276 MPa.
Determine a deformação total resultante da peça? Dado: ECu = 110 GPa.
σ × L o 276 × 305
∆L = = ⇒ ∆L = 0,765 mm
E 110000
Exemplo 05: Você foi convidado a participar de uma consultoria técnica para construção
de um galpão de estrutura metálica. Foi-lhe oferecido três tipos de
materiais, A, B e C. É desejo que o material do galpão apresente boas
propriedades mecânicas. Para saber qual escolher, realizou-se ensaios de
tração de 03 corpos de prova destes materiais distintos, obtendo-se o
gráfico da figura seguinte
Expresse: (a) a tenacidade, (b) o módulo de elasticidade, (c) a ordem de ductilidade,
baseada na região elástica e (d) sabendo que o limite de resistência na região elástica não
deve exceder a 550 MPa, qual dos materiais se presta à construção do galpão estrutural?
Pela definição a tenacidade é a área (A) abaixo da curva tensão vs. deformação. Então, do
gráfico temos:
0,08 × 700
Material A: A A = + (0,12 - 0,08) × 700 x 10 6 ⇒ A A = 56.000 kJ / m 3
2
0,11 × 300
Material B: A B = + (0,12 - 0,11) × 300 x 10 6 ⇒ A B = 450.000 kJ / m 3
2
0,03 × 1000
Material C: A C = + (0,12 - 0,03) × 1000 x 10 6 ⇒ A C = 105.000 kJ / m 3
2
Portanto, a ordem de tenacidade é B < C < A.
450 − 100
Material A: E A = ⇒ E A = 8750 M P a
0 , 05 − 0 ,01
200 − 100
Material B: E B = ⇒ E B ≅ 3333 M P a
0 ,07 − 0 , 04
750
Material C: E C = ⇒ E C = 37.500 M P a
0 ,02
(c) Tomando como referência o ponto final da região elástica, para cada material, concluí-
se que (i) o material é C é mais dúctil (εelástico = 0,11 mm/mm, a 300 MPa), o material
B tem ductilidade intermediária (εelástico = 0,08 mm/mm, a 700 MPa) e que, o material
A apresenta maior fragilidade, com (εelástico = 0,03 mm/mm a 1000 MPa).
σ 550
Material A: ε A = = ⇒ ε A = 0,063 m / m
E 8750
σ 550
Material B: ε B = = ⇒ ε B = 0,165 m / m
E 3333
σ 550
Material C: ε C = = ⇒ ε A ≅ 0,015 m / m
E 37.500
Como o valor de εB é superior à deformação total dos corpos de prova (0,12 mm/mm),
onde ocorre a fratura, conclui-se que este material não pode ser usado para a construção do
galpão; certamente o galpão não suportará o esforço.
Dos outro materiais, A e C, vemos que o material C seria o mais recomendável para a
construção do galpão.
Define-se densidade de um corpo como sendo “a massa por unidade de volume”, como
mostra a seguinte expressão:
m assa m
d= = (I.6)
volum e ocu pado V C
32
d= = 1 ,1985 g / cm 3
26,7
32 g 10 −3 kg kg
d= = 1,1985 3 = 1 ,1985 × -2 3 = 1 ,1985 × 10
−3
× 10 6 3 ∴ d = 1198 ,5 kg / m 3
2 6,7 cm (10 m ) m
m × N A 2870 × 6 ,022 x 10 23
PM = = ⇒ PMLíquido = 29,49 g/mol
N at 5,86x 10 25
4×m 4 × 7800
φ= = ⇒ φ ≅ 3,74 cm
π × L × d Fe π × 90 × 7 ,86
Neste caso, a densidade do material sólido pode ser determinada através da seguinte
expressão genérica:
N × PA
d= (I.7)
VC × N A
CS N × PA
(cúbica 1 átomo VC = 8 × r 3 d= (1.8)
8 × r3 × N A
simples)
CFC
(cúbica de N × PA
4 átomos V C = 16 × r 3 × 2 d= (I.9)
face 16 × r 3 × 2 × N A
centrada)
CCC
(cúbica de 64 × r 3 N × PA × 3 3
2 átomos VC = d= (I.10)
corpo 3 3 64 × r 3 × N A
centrado)
Exemplo 09: O cobre tem raio atômico igual a 0,128 nm, sua estrutura cristalina é CFC e
seu peso molecular é 63,54 g.mol-1. Determine e expresse o valor da
densidade, para este metal, em [g.cm-3].
átom os g
4 × 63 ,54
d Cu = célula unitária m ol ⇒ dCu = 8,89 g.cm-3
16 × ( 0 ,128 x 10 −7 cm ) 3 6 , 022 x 10 23 átom os
× 2×
célula unitária m ol
nota-se que o valor calculado é bem próximo do valor obtido experimentalmente, e que
vale 8,94 g.cm-3.
Exemplo 10: O ferro passa de CCC para CFC a 912 ºC. Nesta temperatura, os raios
atômicos do ferro nas duas estruturas são, respectivamente, 0,126 nm e
0,129 nm. Qual a porcentagem de variação volumétrica provocada pela
mudança estrutural?
Os volumes da célula unitária CCC e CFC são dados na Tabela I.5. Então:
64 × ( 0 ,126 x 10 -7 ) 3
V CFCe C = ⇒ V CFCe C = 2,464x 10 -23 m 3
3 3
V T o tal ( 4 V AN a + 4 V AC l )
% V azio = 1 − A x 100 = 1 − x 100
VC VC
4 π r N3 a 4 π R 3C l
(4 × +4× )
% V azio = 1 − 3 3 x 100
(2 r N a + 2 R C l ) 3
4 π (0,097x 10 -7 ) 3 4 π (0,181x 10 -7 ) 3
(4 × +4× )
= 1− 3 3 x 100
( 2 x 0,097x 10 -7 + 2 x 0,180x 10 -7 ) 3
% Vazio ≅ 32,6 %
2. Qual a diferença entre célula unitária e estrutura cristalina? Quais os tipos de estrutura
cristalina, explicando-as?
5. Um fio de cobre não deve ser tensionado acima de 70 MPa (70 x 106 N/m2), em tração.
Qual o diâmetro φ necessário para um carregamento de 2.000 kg.? Dados: g = 9,80665
m/s-2.
6. Qual a deformação elástica numa barra de cobre que será tencionada a 70 MPa (70 x
106 N/m2), em tração? Dados: ECu = 110.000 MPa (110 x 109 N/m2).
7. Uma barra de aço de 12,7 mm de diâmetro suporta uma carga de 7.000 kg. Determinar:
(a) a tensão atuante na barra, (b) se EAço = 205.000 MPa (205 x 109 N/m2), de quanto
valerá a deformação total nesta condição de carregamento elástico?
8. Uma amostra de liga de alumínio apresenta limite de proporcionalidade elástico de 20
MPa. Seu módulo de elasticidade é 69.000 MPa. Qual a máxima deformação (em %)
elástica que esta liga suporta?
10. Um aço inoxidável austenítico apresenta tensão de escoamento de 205 MPa e módulo
de elasticidade 193.000 MPa. Um arame, confeccionado com este aço, medindo 50 cm
de comprimento e diâmetro φ = 1 mm é submetido ao ensaio de tração. Qual o
comprimento máximo que o arame pode atingir no regime elástico? Qual a carga (kg)
aplicada no arame neste ensaio?
11. Uma barra de aço cilíndrica de 100 mm de comprimento e área da seção transversal de
20 mm é tensionada em tração por uma força de 89.000 N. Durante esta operação barra
experimenta uma deformação elástica de 0,20 mm. Determine o módulo de elasticidade
desta aço e qual seu diâmetro?
12. Uma amostra cilíndrica de alumínio, com diâmetro φ = 12,8 mm e comprimento inicial
igual a 50,8 mm é submetida ao ensaio de tração. Como resultado do ensaio de tração
obteve-se as seguintes curva de tensão vs. deformação
Curva tensão vs. deformação geral
13. Quando uma peça de massa 3,60 g é colocado em um cilindro graduado, contendo 8,3
ml de água, o nível da água sobe para 9,8 ml. Qual é a densidade do metal em g/cm3?
15. Qual o volume de chumbo, cuja densidade é 11,3 g/cm3, que tem a mesma massa de
100 cm3 de uma peça de madeira, de densidade igual a 0,38 g/cm3?
16. Qual seria o raio da Terra (uma esfera) se a sua massa total estivesse comprimida à
mesma densidade 1 mol de carbono, de densidade igual a 5,5 g/cm3?
17. Uma folha de Au (ouro) tem uma espessura de 0,08 mm e 670 mm2 de área superficial.
Determine: (a) quantas células unitárias há na folha, sabendo que o ouro tem estrutura
cristalina CFC, com parâmetro de rede a = 0,4076 nm. Dica: uma célula unitária
corresponde ao volume de um cubo. (b) Qual a massa de cada célula unitária, sabendo-
se que a densidade do outro vale 19,32 g/cm3?
18. O volume de uma célula unitária de ferro CCC é de 0,02464 x 10-9 m3 a 912 ºC. O
volume de uma célula unitária de ferro CFC a mesma temperatura é de 0,0486 x 10-9
m3. Qual a variação percentual de densidade que ocorre na transformação do ferro CCC
para o ferro CFC?
19. Calcule o raio atômico do vanádio que tem uma estrutura cristalina CCC, se sua
densidade é 5,96 g/cm3 e peso atômico igual a 50,9 g/mol?
20. Um metal hipotético apresenta estrutura cristalina cúbica simples (CS). Se o peso
atômico vale 70,4 g/mol e seu raio atômico é igual a 0,126 nm, qual é sua densidade?
21. O ródio apresenta raio atômico igual a 0,1345 nm sua densidade é igual a 12,41 g/cm3.
Qual é a estrutura cristalina deste metal: CS, CCC ou CFC, se seu peso atômico é
102,91 g/mol?
22. O quadro abaixo lista as propriedades físicas e químicas de três ligas hipotéticas.
Determine a estrutura cristalina (CS, CCC ou CFC), justificando sua determinação?
Peso atômico
Liga Densidade (g/cm3) Raio atômico (nm)
(g/mol)
- GARCIA, A. et ali. Ensaios dos Materiais. Rio de Janeiro: LTC – Livros Técnicos e
Científicos Editora S. A.. 247p. 2000.
- RUSSEL, J. B. Química Geral. Tradução Divo Leonardo Sanioto et al. São Paulo:
Editora McGraw-Hill do Brasil, SP. 897p. 1981.