Você está na página 1de 12

Centro de Estudos Avançados da Conservação Integrada

Gestão e Prática de Obras de Conservação e Restauro do Patrimônio Cultural

AULA 22
TÉCNICA CONSTRUTIVAS TRADICIONAIS NO BRASIL
OFÍCIO DOS METAIS E DA FORJA

Profa. Silmara Dias Feiber


2014
2013

Módulo II – Teoria sobre as diversas Técnicas Construtivas presentes na Arquitetura


Brasileira do período colonial até o início da república (década de 1930).
Objetivo – Fornecer conteúdos teóricos introdutórios sobre o ofício dos ferreiros e as
respectivas origens e técnicas de uso dos metais na arquitetura tradicional visando
agregar valor à formação de especialistas na área de gestão e intervenção em patrimônio
cultural edificado.
Meta – Realizar apanhado teórico visando contextualizar o ofício dos ferreiros bem
como ilustrar os elementos e técnicas empregados na arquitetura tradicional brasileira
Resumo – Esta introdução visa resgatar as técnicas aplicadas no uso dos metais na
arquitetura tradicional brasileira. De acordo com o ofício dos ferreiros as técnicas se
diversificam e fornecem uma gama variada de objetos e detalhes de característica
artística que agregam ainda mais valor ao nosso acervo patrimonial.
Palavras-chave: arquitetura brasileira, ofício dos ferreiros, metal e forja.
IMPORTANTE: Lembre-se de inserir a síntese dos conteúdos em seu Manual
Prático, pois este será o manuscrito que conterá o compilado dos assuntos vistos em
aulas teóricas e práticas e fará parte de seu acervo particular após o término do curso.

O Ofício dos Ferreiros enquanto Arte Tradicional

INTRODUÇÃO
No âmbito da evolução da cultura arquitetônica o uso dos metais agregou, de
maneira significativa, uma maior qualidade estética às obras devido a suas
características intrínsecas. Sabe-se que os primeiros materiais a serem utilizados pelo
homem na arte da construção foram a madeira, a pedra e a própria terra. Com a
invenção e posterior aperfeiçoamento das técnicas da forja e, posteriormente de maneira
já industrial, a fundição o uso dos metais acabaram por ser decisivos para a evolução
das técnicas construtivas. A arte tradicional denominada de Forja era trabalhada pelos
mestres ferreiros e consiste basicamente na transformação da matéria bruta metálica em
objetos moldados a grandes variações de temperaturas. Esta arte na Idade Média era de
responsabilidade dos oficiais ferreiros. Segundo Kersten (2006, p. 127, 137) estes

Módulo II – Técnicas Construtivas Tradicionais no Brasil 1


Centro de Estudos Avançados da Conservação Integrada
Gestão e Prática de Obras de Conservação e Restauro do Patrimônio Cultural

artesãos possuíam o privilégio de poder cobrar pelos seus serviços, pois os elementos
gerados por esta arte eram de extrema relevância no decorrer da vida cotidiana.
As principais ferramentas deste ofício são a forja (equipamento onde é aceso o
fogo), a bigorna (sobre a qual se apóia a peça) e o malho (ferramenta que fornece a
pressão por meio de batidas), sendo os elementos naturais utilizados o fogo, a água e o
próprio ar. O ambiente do forjador normalmente é um espaço com amplas aberturas
devido ao calor produzido pelo trabalho. O trabalho realizado tradicionalmente contava
com ação de malhar a peça de ferro sobre a bigorna apoiada normalmente em um cepo
de madeira onde o ferro, superaquecido chegando a ficar rubro de calor, era batido com
o malho e moldado aos poucos. Este processo era realizado pelo ferreiro ao redor de
suas ferramentas, o fogo e a água num ambiente muitas vezes solitário devido aos riscos
que oferta.

Mestre Ferreiro e seu ambiente de trabalho


Fonte: http://valadofrades.blogspot.com/2011/06/o-ferreiro.html
A produção destes artífices consistia em objetos de variadas funções, desde
vasilhas de uso caseiro como armas e ferramentas destinadas à lida de madeira. Peças
utilizadas na elaboração de carruagens e carroças como também as usadas no
arreamento de animais, estes ferreiros específicos eram denominados de “alquiladores”.

Módulo II – Técnicas Construtivas Tradicionais no Brasil 2


Centro de Estudos Avançados da Conservação Integrada
Gestão e Prática de Obras de Conservação e Restauro do Patrimônio Cultural

Percebe-se que este ofício permeia os demais diante da possibilidade de ofertar


ferramentas ou elementos agregados tanto a madeira como nos demais materiais e
elementos de construção. Neste caso o ofício era do conhecimento dos “forjadores”,
mestres que trabalhavam com grande quantidade de material em forma ainda bruta que
era por eles manipulado a quente e a frio.

Escápulas (responsáveis por fixar o batente à parede) e dobradiças fixadas por meio de cravos
(espécie de pregos chumbados à quente)
Fonte: Silmara Dias Feiber ,2011
Esta arte compõe em alguns países o quadro do Patrimônio Imaterial, como é o
caso dos Mestres Ferreiros Japoneses reconhecidos pela UNESCO como “Tesouros
Humanos Vivos” que detém o “saber-fazer” das espadas samurais denominadas de
Katanas. Nos estudos de Hermínio Filomeno da Silva (2007) e Cacilda Teixeira da
Costa (2001) encontram-se o resgate da origem dos materiais, de sua composição
química e possibilidades de uso. Alguns destes detalhes serão aprofundados nas aulas
subseqüentes, neste sentido os textos a seguir foram sintetizados a partir destes autores
no desejo de introduzir o assunto de maneira mais abrangente.

CONCEITUAÇÃO
Metal é, genericamente, toda substância mineral que se apresenta em estado
sólido à temperatura ambiente – com a única exceção do mercúrio – e que se caracteriza
por possuir brilho característico, opacidade, dureza, ductilidade e maleabilidade.
Incluem-se nessa definição tanto os metais propriamente ditos – ouro, prata, ferro etc.,
como algumas ligas – bronze e latão, por exemplo. Outras propriedades físicas que
caracterizam o metal são: elevada densidade, boa fusibilidade e, principalmente, os altos
coeficientes de condutividade térmica e elétrica.

Módulo II – Técnicas Construtivas Tradicionais no Brasil 3


Centro de Estudos Avançados da Conservação Integrada
Gestão e Prática de Obras de Conservação e Restauro do Patrimônio Cultural

Do ponto de vista químico, metal é todo elemento eletro-positivo, ou seja, aquele


cujos átomos formam íons positivos em solução. Os metais constituem cerca de 75% do
sistema periódico de elementos sendo afetado profundamente se na presença de outros
elementos, mesmo que esta seja relativamente pequena. Exemplo disso é a liga
denominada aço, cujas importantes características se devem à pequena quantidade de
carbono adicionada ao ferro. Os semi-metais ou metalóides, entre os quais se incluem o
silício e o germânio, formam um grupo singular, cujo comportamento, metálico ou não,
depende da temperatura e do estado elétrico. Apenas alguns metais, como o ouro, a
prata, o cobre, a platina e o bismuto, ocorrem na natureza em sua forma elementar.
Quase sempre os metais são encontrados em forma de óxidos ou sulfetos, nos minerais
que contêm quantidades variáveis de impurezas (ganga), como argila, granito e sílica,
de que os compostos metálicos devem ser separados. Aparecem ainda como cloretos,
carbonatos, sulfatos, silicatos etc.
Segundo Silva (2007) os metais mais abundantes na crosta terrestre, todos em
combinação com outras substâncias, são o ferro, o cálcio, o alumínio, o sódio, o
potássio e o magnésio que apresentam grande diversidade de propriedades físicas e
químicas, conforme a pressão, temperatura e outras variáveis. Além disso, um mesmo
elemento pode apresentar diferentes tipos de mecanismos e estruturas de cristalização, o
que também lhe altera as características.

RESGATE HISTÓRICO
O nome "ferro" deriva do latim "ferrum", enquanto o anglo-saxónico "iron" tem
origem no escandinavo "iarn". Ao longo dos séculos muitas histórias foram sendo
contadas no sentido de narrar o fato do ferro meteórico cair na Terra enviado dos céus
como uma dádiva dos deuses ao Homem. Porém, como nos traz Silva (2007) não se faz
necessário nenhuma explicação romântica para a descoberta do ferro, basta
compreender a facilidade com que se reduz o ferro a partir dos seus minérios. Conta-se
até mesmo que o primeiro ferro produzido foi obra do acaso ao se inserir pedaços de
minério de ferro usados no lugar de pedras nas fogueiras em banquetes, o fogo mantido
dentro de um padrão de tempo e temperatura suficiente proporcionou a alteração do
minério. Seguiu-se a observação que as mais altas temperaturas obtidas estavam
relacionadas ao fator vento, quando este soprava erguiam-se as chamas e produziam um

Módulo II – Técnicas Construtivas Tradicionais no Brasil 4


Centro de Estudos Avançados da Conservação Integrada
Gestão e Prática de Obras de Conservação e Restauro do Patrimônio Cultural

material de maior qualidade. Tentou-se então conseguir através de várias artimanhas


uma rajada de vento artificial, até se conseguir criar uma fornalha de fundição.
Portanto, segundo Silva (2007) desde os tempos pré-históricos os utensílios de
ferro passaram a se fazer presente nas diversas culturas humanas. Este fato se confirma
pelas prospecções arqueológicas que resgataram peças deste material advindo da
Antiguidade. Como exemplo destas descobertas foi as realizadas na pirâmide de Gizé,
no Egito antigo, provavelmente com 5000 anos de idade. Também na China julga-se
que a utilização do aço remonta a 2550 a.c.. Entre dois e três milênios antes de Cristo
estas descobertas retratam que cada vez mais objetos confeccionados com ferro
estiveram presentes. Entretanto, seu uso parece ser focado com maior constância em
ritos cerimoniais, por ter sido um metal muito valioso, até mesmo mais que o ouro.
Entre 1600 e 1200 a.C., observou-se um aumento do seu uso no Oriente Médio,
porém não como substituição ao bronze. Conforme Silva (2007) entre os séculos XII e
X antes de Cristo, ocorre uma rápida transição no Oriente Médio quando foi substituído
na confecção de armas que anteriormente eram feitas com bronze. Esta rápida transição
talvez tenha ocorrido devido a uma escassez de estanho, e devido a uma melhoria na
tecnologia em trabalhar com o ferro. Este período, que ocorreu de maneira diferenciada
de acordo com as regiões e culturas particulares, denominou-se Idade do Ferro em
substituição à Idade do Bronze. Na Grécia iniciou-se em torno do ano 1000 a.C.,
chegando à Europa somente após o século VII a.C.. A substituição do bronze pelo ferro
foi paulatina devido à dificuldade de produção de suas peças que perpassavam as
seguintes etapas: localizar o mineral, extraí-lo, proceder a sua fundição a temperaturas
altas e depois forjá-lo.
Aproximando-se do ano 450 a.C., ocorreu o desenvolvimento da "cultura da
Tène", também denominada "Segunda Idade do Ferro". O ferro era usado em
ferramentas, armas e jóias, embora ainda fossem encontrados objetos em bronze. Junto
com esta transição do bronze ao ferro descobriu-se o processo de "carburação", que
consiste em adicionar carbono ao ferro. O ferro era obtido misturado com a escória
contendo carbono ou carbetos, e era forjado retirando-se a escória e oxidando o
carbono, criando-se assim o produto já com uma forma definida. Este ferro continha
uma quantidade de carbono muito baixa, não sendo possível endurecê-lo com facilidade
ao esfriá-lo em água. Observou-se que se podia obter um produto muito mais resistente

Módulo II – Técnicas Construtivas Tradicionais no Brasil 5


Centro de Estudos Avançados da Conservação Integrada
Gestão e Prática de Obras de Conservação e Restauro do Patrimônio Cultural

aquecendo a peça de ferro forjado num leito de carvão vegetal, para então submergi-lo
na água ou óleo. O produto resultante, apresentando uma camada superficial de aço, era
mais duro e menos frágil que o bronze.
O ferro fundido levou mais tempo para ser obtido na Europa, pois não se
conseguia a temperatura necessária. Algumas das primeiras amostras foram encontradas
na Suécia, em Lapphyttan e Vinarhyttan, de 1150 a 1350 d.c. Na Idade Média, e até
finais do século XIX, muitos países europeus empregavam como método siderúrgico a
"farga catalana". O ferro e aço de baixo carbono eram obtidos empregando-se carvão
vegetal e o minério de ferro. Este sistema já estava implantado no século XV,
conseguindo-se obter temperaturas de até 1200 ºC. Este procedimento foi substituído
pelo emprego de altos fornos onde se utilizava carvão vegetal para a obtenção de ferro
como fonte de calor e como agente redutor.
No século XVIII, na Inglaterra, o carvão vegetal começou a escassear e tornar-se
caro, iniciando-se a utilização do coque, um combustível fóssil, como alternativa. Foi
utilizado segundo Silva (2007) pela primeira vez por Abraham Darby, no ínício do
século XVIII, construindo em Coalbrookdale um "alto forno". Mesmo assim, o coque só
foi empregado como fonte de energia na Revolução industrial. Neste período a demanda
foi se tornando cada vez maior devido a sua utilização, como por exemplo, em estradas
de ferro. Em finais do século XVIII e início do século XIX começou-se a empregar
amplamente o ferro como elemento estrutural em pontes, edifícios e outros. Entre 1776
e 1779 se construiu a primeira ponte de ferro fundido por John Wilkinson e Abraham
Darby. Na Inglaterra foi empregado pela primeira vez o ferro na construção de edifícios
por Mathew Boulton e James Watt, no princípio do século XIX.

Primeira ponte de ferro construída entre 1975 e 1979 na Inglaterra


Fonte: http://arquiteturadoferro.blogspot.com/2008/11/historiando.html

Módulo II – Técnicas Construtivas Tradicionais no Brasil 6


Centro de Estudos Avançados da Conservação Integrada
Gestão e Prática de Obras de Conservação e Restauro do Patrimônio Cultural

O apogeu do uso do ferro se deu, portanto a partir do século XIX onde a forja
passa a ser substituída pela fundição, método mais eficaz para a era industrial. A
diferença entre estas técnicas conforme Costa (2001) está no tratamento do material,
enquanto a forja amplia a elasticidade do material a fundição busca uma maior rigidez à
ele. O ferro fundido possui maior resistência de acordo com a compressão que lhe é
aplicada. Segundo a autora sua solidez é em média sessenta vezes maior que a da pedra
calcárea. Neste sentido é um material que possibilita às obras arquitetônicas a
substituição tanto da pedra como da madeira. Fato este que foi amplamente aceito no
período Eclético devido a suas vantagens que vão desde a limpeza da obra até a
facilidade de elaborar e adquirir elementos escolhendo-os em catálogos.
Na obtenção destas peças, em síntese, são necessários um modelo de base
(elaborado em madeira, gesso ou metal) a partir do qual se elaboram os moldes (em
areia molhada ou seca que é acondicionada em uma moldura de ferro) que são
preenchidos pelo metal derretido. A retirada das peças se dá após seu resfriamento e ao
ser aplicada à obra necessita de uma camada de pintura para proteger da ferrugem,
geralmente na cor preta, hábito que segundo Costa (2001) continua sendo propagado na
Europa desde o final do século XIX. Sendo assim, o ferro fundido possui a característica
de ser menos dispendioso que o ferro forjado e o bronze com a vantagem de poder ser
reproduzido em série.
A partir destas metodologias é que as peças de ferro puderam ser elaboradas de
forma industrial resultando na diversidade de peças que, no caso da arquitetura, foram
responsáveis por adornar e fornecer os elementos necessários à agilidade e
funcionalidade das obras Ecléticas. Algumas sobras deste período são consideradas
referências mundiais deste século, como por exemplo, o "Palácio de Cristal" construído
para a Exposição Universal de 1851 em Londres, do arquiteto Joseph Paxton, que tem
uma armação de ferro, ou a Torre Eiffel, em Paris, construída em 1889 para a Exposição
Universal, onde foram utilizadas milhares de toneladas de ferro. No Brasil elementos
pré-fabricados e aplicados à obra puderam ser propagados e vendidos por catálogos
como os da empresa Saracen Foundry fundada por Walter MacFarlane (1817-1885) a
qual forneceu elementos que fazem parte até hoje do acervo da arquitetura brasileira.

Módulo II – Técnicas Construtivas Tradicionais no Brasil 7


Centro de Estudos Avançados da Conservação Integrada
Gestão e Prática de Obras de Conservação e Restauro do Patrimônio Cultural

Saracen Foundry, Showroom, Glasgow, 1882.

Fonte: http://www.superstock.co.uk/stock-photos-images/1895-33689

Quiosque para Música em Madri,1930


Fonte: Urban Idade, Memórias de las Redes Urbanas
(disponível em: http://urbancidades.wordpress.com/)

Módulo II – Técnicas Construtivas Tradicionais no Brasil 8


Centro de Estudos Avançados da Conservação Integrada
Gestão e Prática de Obras de Conservação e Restauro do Patrimônio Cultural

Coreto da Praça da Abolição em Olinda/PE, década de 1920


Fonte: Silmara Dias Feiber, 2010

Escadaria da Biblioteca Pública de Manaus


Fonte: http://portalamazonia.globo.com

Mercado da Carne em Belém/PA


Fonte: http://portalamazonia.globo.com

Módulo II – Técnicas Construtivas Tradicionais no Brasil 9


Centro de Estudos Avançados da Conservação Integrada
Gestão e Prática de Obras de Conservação e Restauro do Patrimônio Cultural

O aço, embora se tenha o registro de sua obtenção rudimentar desde o século


Xac, a autora traz a referência de 1855 quando este metal passou a ser fabricado em
grande escala, correspondendo ao que se denomina de segunda Revolução Industrial.
Formado por componentes de fero que são gerados em série, possui sua utilização de
forma diferente ao produto industrial, pois sua montagem continuava dependendo de
métodos artesanais. Porém, as grandes obras arquitetônicas em aço demandam um
grande investimento, haja vista que a obra exige sua industrialização completa.
Conforme Costa (2001) a utilização destes novos métodos e elementos deve-se
não só aos fundidores como também aos engenheiros, arquitetos e construtores que
propagaram esta arte ainda inédita e sem precedentes na história. Com elas surgiram na
paisagem urbana obras como estações ferroviárias, estufas jardim, mercados, museus,
fábricas e toda a sorte de ornamentos e detalhes que enriqueceram suas fachadas e
interiores. Isto trouxe à arquitetura uma racionalidade ainda não explorada
anteriormente e que marca o período moderno na arquitetura.

Detalhe de elementos em Forja e Fundição, Tiradentes e Ouro Preto/MG.


Fonte: Silmara Dias Feiber,2011

Módulo II – Técnicas Construtivas Tradicionais no Brasil 10


Centro de Estudos Avançados da Conservação Integrada
Gestão e Prática de Obras de Conservação e Restauro do Patrimônio Cultural

Sino da Igreja do Carmo em Mariana/MG


Fonte: Silmara Dias Feiber,2011

CONSIDERAÇÕES

Dentre os materiais e técnicas já estudados o ferro possui uma característica


ímpar quando se busca resgatar as técnicas e ofícios tradicionais. Diante das novas
possibilidades geradas pelo avanço da indústria e das novas tecnologias decorrentes o
Ofício do Ferreiro, particularmente a arte da forja e fundição acaba por se esvair no
tempo caso não se alerte para a grandeza de sua manifestação, seja como elemento
estrutural, ornamental ou funcional. A arquitetura para exportação com belíssimos
exemplares como a Estação Ferroviária de Bananal construída toda em material

Módulo II – Técnicas Construtivas Tradicionais no Brasil 11


Centro de Estudos Avançados da Conservação Integrada
Gestão e Prática de Obras de Conservação e Restauro do Patrimônio Cultural

metálico sendo suas peças importadas, de maneira integral, da Bélgica e montadas em


solo Brasileiro.

Estação Ferroviária de Bananal/SP


Fonte: Claudio Laranjeira (http://vfco.brazilia.jor.br/ferrovias/misc/50bananal.htm)

Os elementos constituintes desta arte continuam presentes em diversos


elementos que fazem parte importante tanto na arquitetura como em espaços livres
urbanos (postes, fontes, coretos, bustos, etc). São marcos referenciais na paisagem e em
decorrência disto os esforços para sua conservação estão a cargo dos agentes envolvidos
com a conservação, manutenção e restauro de bens culturais. Indicadores de
autenticidade, estes elementos devem ser resgatados de maneira a devolver sua
funcionalidade e expressão plástica que lhe é característica. E, mais uma vez se ressalta
a importância de se dominar e resgatar o “saber-fazer” destas técnicas tradicionais para
poder agir de maneira ética diante de nosso patrimônio.

REFERÊNCIAS
COSTA, Cacilda Teixeira da. O Sonho e a Técnica: a arquitetura de ferro no Brasil.
São Paulo: Ed. USP, 2001.
SILVA, Herminio Filomeno da. Metais & Forja. Olinda: Curso de Gestão de Restauro,
7ª Edição, CECI, 2007
KERSTEN, Márcia Scholz de Andrade. A Lapa e o Tropeirismo. 1 ed. Curitiba: 10
Superintendência Regional do IPHAN, 2006.

Módulo II – Técnicas Construtivas Tradicionais no Brasil 12

Você também pode gostar