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AULA 26
OFÍCIO DA CANTARIA I
1. INTRODUÇÃO
A aula anterior alertou quanto ao Gestor de Restauro ser o responsável por tomar
as decisões no âmbito da escolha dos métodos e condutas de procedimento nas
intervenções a que o patrimônio cultural será submetido. Desde o Encontro de
Bolonha (Itália, 1971), especialistas em conservação das pedras em edificações
de valor cultural se dedicam a identificar materiais e técnicas que possibilitem
os componentes construtivos suportar melhor às exposições ao tempo e às
deteriorações endógenas e exógenas que são submetidos.
2. TERMO DE REFERÊNCIA
Para elaboração de intervenções de manutenção, conservação e restauro de
componentes construtivos em pedras de cantarias é importante estabelecer
diretrizes, normas, responsabilidades, obrigações e discriminações de
procedimentos técnicos (especificações e caderno de encargos).
A salvaguarda de um
conjunto de pedras de
cantarias no Brasil, algumas
remontando ao início do
século XVI, tem por
objetivo principal a
garantia da integridade e
estabilidade dos materiais,
Igreja de Nossa Senhora da Guia – Lucena PB
técnicas e sistemas
construtivos, para que se possam transmitir a autenticidade dos valores
culturais no contexto histórico-artístico da edificação.
2.1 DIRETRIZES
2.2 RESPONSABILIDADES
de essa ser a alternativa mais apropriada ao caso. Por se tratar de uma ação de
invasão massiva na edificação ou no componente construtivo, a decisão pela
anastilose deve estar suficientemente embasada para justificar esse meio. Nesse
caso, é indispensável a modelagem computacional dos processos de desmonte e
remonte dos componentes construtivos. Através de maquete eletrônico é
possível se saber identificar os níveis de dificuldades, garantir a exequibilidade
das operações e saber dos resultados técnicos e estéticos finais. Afinal, num
modelo virtual todas as alternativas e os cenários podem ser ensaiados e
analisados sem nenhum risco de danos ao patrimônio.
– Cantaria estrutural
– Cantaria ornamental.
1 Leia http://www.ceci-br.org/ceci/br/publicacoes/96-boas-praticas/674-diario-de-obras.html
– Concepção da intervenção;
– Composição de preços
– Cronogramas físico-financeiros
– Recomendações de monitoramento.
PROCEDIMENTOS
SERVIÇOS EVENTUAL
OBRIGATÓRIO
(conforme caso)
Documentação gráfica e fotográfica X
Devem ser priorizados testes e análises pelos métodos não destrutivos, sendo
que, quando estritamente indispensável, serão retiradas amostras minimamente
necessárias à realização das análises petrográficas. Os testes devem abranger
desde a aplicação do mais simples produto ao mais complexo procedimento de
intervenção. Sempre pelo método da ação progressiva, ou seja, de soluções e
– Higienização
– Limpezas
– Dessalinização
– Enxertos
– Próteses
– Proteção
Após os serviços devem ser aspergida uma solução com biocida de amplo
espectro, inofensivo aos seres humanos, hidrossolúvel e com largo efeito
residual.
- Monitoramento
3. PATOLOGIAS
As edificações e os componentes em pedra naturais são afetados pelo
intemperismo. As ações do tempo associadas às condições do meio ambiente
em muitos os caso são alarmantes. Neste sentido a caracterização, a avaliação, a
quantificação e a classificação dos danos nas pedras são essenciais para a
implementação de ações efetivas e econômicas para a conservação.
b) Para se saber sobre a origem das causas dos danos, deve-se responder ao
porquê do dano: Por que isto é ou está assim? A resposta leva ao ponto inicial ou
ao momento indutor do decaimento. Particularmente interessa saber a origem
das causas operantes, as principais, pois as coadjuvantes têm origem no
descuido humano pela falta de manutenção periódica.
3Propriedade pela qual a energia armazenada em um corpo deformado é devolvida quando cessa a tensão
causadora duma deformação elástica, in Aurélio Novo Dicionário da Língua Portuguesa – Século
XXI. Editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 1999.
4 Vejam-se métodos direto, indireto e misto, tratados na aula sobre o Mapa de Danos.
d) Nos estudos dos danos é necessário se saber sobre a maneira como eles se
manifestam ou quais sintomas são observáveis à primeira vista. É a partir das
manifestações que se inicia o processo de investigação das causas, a origem e
a natureza dos fenômenos patológicos. A ocorrência das manifestações ao
nível da superfície dos componentes nem sempre acompanha o momento do
surgimento do problema. Há casos em que a manifestação só fica visível ao
observador, seja usuário da edificação ou profissional em rotina de inspeção,
após os estragos já estarem em estado avançado de degradação 5. Só a partir da
verificação do sintoma é que se torna possível arrolar as medidas necessárias
para se conhecer, evitar o agravamento e sanear os problemas. Evidentemente,
quanto mais cedo às manifestações surgirem, tornarem-se visíveis e forem
5 Semelhante a determinados tipos de câncer nos humanos, há danos que ocorrem ocultos à
simples visão do observador. Citam-se como exemplos, os problemas dos ataques biológicos na
fundações de uma edificação.
Um léxico das patologias das pedras está disponível aos profissionais que
atuam na conservação de componentes construtivos em pedra. Trata-se de um
conjunto de vocábulos que apresenta um largo espectro de manifestações de
danos, podendo ser aplicado a todos os tipos de pedra e para todas as cantarias
5. CONCLUSÕES
O Gestor de Restauro é consciente de que os procedimentos técnicos básicos
para os estudos e as análises do estado de conservação das cantarias são
indispensáveis à realização de intervenções minimamente sustentáveis. O
método de mapeamento de danos a partir das FIDs e as intervenções de
conservação documentadas em históricos de serviços são procedimentos
científicos modernos que garantem a preservação do patrimônio. O quadro
sinóptico a seguir apresentar um fluxograma das atividades para o estudo e
resolução dos danos em um componente construtivo de pedra. É útil para
ilustrar o compromisso que o profissional conservador deve assumir perante
sua responsabilidade técnica como Gestor de Restauro.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ICOMOS-ISCS, Glossaire illustré sur les formes d’altération de la pierre. Disponível em:
http://www.icomos.org/publications/monuments_and_sites/15/pdf/Monuments_a
nd_Sites_15_ISCS_Glossary_Stone.pdf
FITZNER, B., HEINRICHS, K. & KOWNATZKI, R., Weathering forms -classification and
mapping. Verwitterungsformen - Klassifizierung undKartierung. Editora Verlag Ernst &
Sohn, Berlin, 1995.
FITZNER. B. e HEINRICHS, K., Damage diagnosis on stone monuments -weathering forms,
damage categories and damage indices. Editora: KarolinumPress, Charles University,
Prague, 2002.
TORRACA, Giorgio e MANARESI, R Rossi, The Treatment of Stone: Proceedings of the
Meeting of the Joint Committee for the Conservation of Stone: Bologna, October 1-3 1971
Editora Bologna, Centro per la conservazione delle sculture all'aperto, 1972.