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Perturbação da Ansiedade

Ansiedade
Sensação de grande mal estar físico psicológico, geralmente acompanhada de falta de
ar.
Inquietação, angústia, nervosismo,… causadas geralmente pela incerteza de uma
situação ou pela expectativa de uma ocorrência.
Angústia – deriva do latim angustia – aperto
Mal estar profundo, físico e psicológico, que se manifesta por ansiedade, inquietação e
tristeza excessiva, provocada por uma situação que não se domina ou da qual se tem
medo e que pode ter carácter patológico, neurótico, psicótico…
MEDO
 Reacção normal ante situação de perigo identificado no ambiente
 Sentimento motivado
 Objecto concreto
 Mais visceral
 Mais constritiva
 Opressão pré-cordial ou epigástrica
ANGÚSTIA
Resposta à ameaça do eu antecipada
Sentimento imotivado ou autónomo
 Não se acompanha de objecto concreto
 Objecto indefinido
 Mais psíquica
 Mais livre
 Sensação de falta de ar
 Sobressalto
A ansiedade é normal?
É a activação do sistema nervoso simpático que precede e faz parte da resposta “fight
or flight”
Reflecte o estado físico e psicológico necessário para lidar com uma emergência
Aumento do fluxo sanguíneo, o pensamento acelera; força muscular é activada;
capacidade de reacção “alerta”
Não há indivíduos não ansiosos. A ansiedade faz parte do modo como lidamos com as
exigências do dia-a-dia
Ansiedade Patológica
NORMAL
 Mais ligeira;
 Função adaptativa;
 Menos corporal;
 Ocorre no plano dos sentimentos psíquicos;
 Surge no âmbito da liberdade pessoal
PATOLÓGICO
 Mais profunda, recorrente ou persistente;
 Deterioração do funcionamento psicossocial e fisiológico;
 Mais corporal;
 Ocorre no plano dos sentimentos vitais;
 Implica redução da liberdade pessoal;
Ansiedade normal vs Ansiedade Patológica
 A diferença não está no tipo de sintomas mas sim no nível e na intensidade
destes;
 A curva de Yerkes-Dodson mostra a eficiência crescente com o aumento da
ansiedade, até que se atinge um pico a partir do qual deixa de ser benéfica
 O alerta dá lugar ao pânico, a tensão muscular dá lugar à dor muscular, os
sentimentos de energia e prontidão dão lugar a sentimentos de fraqueza e
trémulo;
 A ansiedade normal parte de uma base compreensível, a patológica pode surgir
sem razão aparente, ou por uma razão menor, que não consegue ser afastada da
mente
 A ansiedade normal ajuda a fazer as coisas bem, a patológica faz o individuo
sentir-se mal;
 Preocupam-se por se sentirem tão preocupadas
Corpo em Alerta
O circuito da ansiedade normal e da patológica é o mesmo. O que o diferencia da
simples tensão da doença é a frequência e a intensidade, que é o quedetermina a
descarga dos hormônios do estresse.

Tipos de Ansiedade
Ansiedade, Fobia ou Pânico
Ainda que as sensações provocadas por esse trio da tensão sejam muito parecidas, os
circuitos nervosos nos 3 casos não são os mesmos. O que todas têm em comum é a
capacidade de ativar nosso sistema de defesa.
Transtorno da Ansiedade

Natureza da Ansiedade
 Causalidade psicológica
 Causalidade endógena
 Fatores familiares e genéticos
 “Personalidade ansiosa”
 Antecedentes de fobias (padrão de medos) - aprendizagem
Ansiedade Antecipatoria
Estado emocional que antecipa a acção, caracterizado por:
 Pessimismo
 Hiperexcitabilidade crónica
 Sentimento de descontrolo
 Resposta de sobressalto exagerada
Preocupação excessiva com situações de pequena gravidade.
Será que atualmente a mais ansiedade?
 A ansiedade pode ser útil em algumas situações: atletas, exames
 Não há evidência que as pessoas sejam mais ansiosas actualmente
 Teorias sobre as pressões da vida moderna
 Diagnóstico é feito mais frequentemente
 Sensação de que se passam mais coisas nas suas vidas
 Logo maior potencial de preocupação sobre as coisas
 A prevalência da ansiedade não tem aumentado
 A informação disponível: revistas, televisão, Internet; faz as pessoas pensarem
mais sobre os seus sintomas
Prevalência
GÉNERO FEMININO
 Procuram mais o médico
 Maiores níveis de depressão
 Dificuldades tomar conta das crianças
 Perturbações físicas: tensão pré-menstrual, menopausa
 Papel social – opressão
 Tabagismo
GÉNERO MASCULINO
 Escondem os sintomas, evitam o médico
 Refugiam-se no trabalho e no desporto
 Papel social – dominante/protecção
 Somatizam os sintomas
 Traduz-se em agressividade: crime, prisão
 Alcoolismo, abuso de drogas.
Perturbação de Pânico
Estruturas cognitivas desadaptativas
Vulnerabilidade a perturbações emocionais
Erros no processamento da informação
Interpretações destorcidas do perigo
Processos cognitivos particulares:
 focalização no perigo e ameaça
 pensamentos catastróficos: sobrevalorização física das crises e da
possibilidade de perder o controlo mental
 cognições antecipatórias de perigos e pensamento dicotómico face ao perigo
Pensamentos e imagens ameaçadoras
Ataque de Pânico
Início súbito
Intensa apreensão, medo ou terror
Sensação de catástrofe iminente
Impulso para a fuga
Sintomas
 Falta de ar
 Palpitações
 Desconforto ou dor no peito
 Sensação de sufoco
 Medo de enlouquecer ou de perder o controlo
Agora fobia
Ansiedade ou evitamento de lugares ou situações nos quais a fuga pode ser difícil ou
embaraçosa
Nos quais possa não ter ajuda no caso de sintomas de pânico
Os pacientes devem ter medo acentuado persistente (≥ 6 meses) ou ansiedade sobre ≥ 2
das seguintes situações:
 Uso de transporte público
 Estar em espaços abertos (p. ex., estacionamento, mercado)
 Estar em um local fechado (p. ex., lojas, teatros)
 Ficar na fila ou no meio de multidão
 Estar sozinho fora de casa
Fobia especifica
Existem 5 Tipos (DSM-5):
 Animal: animais ou insectos
 Aspetos do ambiente: tempestades, alturas, água
 Sangue - injecções – ferida ( agulhas, procedimentos médicos invasivos)
 Situacional: aviões, elevadores, espaços fechados
 Outro agentes provocadores: evitamento fóbico de situações que possam levar a
asfixia, vómito.
Fobia Social
Ansiedade clinicamente significativa provocada pela exposição a certos tipos de
situações sociais;
 Desempenho;
 Comportamento de evitamento.
 Especificador: generalizada – os medos relacionam- se com a maioria das
situações sociais (iniciar ou manter conversações, participar em pequenos
grupos, marcar encontros, falar com superiores, ir a festas)
 Considerar o diagnóstico adicional de Perturbação evitante da personalidade
 Prevalência 3-13%
 Inicio mais frequente na adolescência
 Padrão familiar
Perturbação Obsessiva-Compulsiva
Obsessões gera forte mal-estar ou ansiedade.
Compulsões- servem para neutralizar a ansiedade
Especificador- com fraco insight – se durante a maior parte do tempo do episódio
atual a pessoa não reconhece que as obsessões ou compulsões são excessivas ou
irracionais.
A POC é uma doença caraterizada por pensamentos recorrentes, incontroláveis e
desagradáveis (obsessões) ou/e por comportamentos repetitivos e ritualizados
(compulsões), os quais não podem ser evitados ou controlados. Quem sofre de POC
reconhece que as suas obsessões e compulsões são irracionais e excessivas, mas não
tem controlo sobre elas.
Prevalência: 2 a 3% da população;
Início habitual na adolescência ou início da idade adulta. M: 6-15 anos; F: 20-29 anos;
Maioria tem evolução crónica; exacerbações associadas ao stress;
As causas:
Desequilíbrio bioquímico no cérebro. Falha de neurotransmissão cerebral, a nível de
uma das substâncias (a serotonina) encarregue de transmitir as mensagens neuronais
entre células cerebrais que aparentemente regulam os comportamentos repetitivos.
Este desequilíbrio pode ser hereditário.
Fatores psicológicos e do ambiente, que provocam tensão nervosa, podem agravar os
sintomas.
Sintomas
As pessoas com POC podem ficar deprimidas e desmoralizadas, sentir ansiedade
extrema, mal estar e repugnância. Um outro tipo de comportamento que também pode
fazer parte da doença é arrancar pelos das sobrancelhas ou cabelos (tricotilomania).
Outra forma da doença é a preocupação excessiva com um defeito do corpo, que poderá
ser mínimo, ou mesmo imaginado (dismorfofobia). Os sintomas podem ser a
preocupação constante com ter uma doença grave (hipocondria).
Terapias farmacológicas
Os medicamentos que afetam a serotonina parecem ser mais eficazes no tratamento
desta doença. Há vários disponíveis e a sua escolha obedece a critérios médicos, em
conformidade com o perfil de cada doente.
Terapias não-farmacológicos
Consiste em ensinar ao doente a lidar com a ansiedade produzida pelas obsessões e a
reduzir ou eliminar os rituais compulsivos. É um conjunto de técnicas estruturadas que
a pessoa aprende a utilizar perante ansiedade/mal-estar/disfuncionalidade que nas das
obsessões, compulsões
O objetivo é o de produzir mudança direta nos comportamentos do doente. É pedido ao
doente que enfrente as coisas que teme, frequentemente e no início na presença do
terapeuta, (Exposição) e que se abstenha de ritualizar (Prevenção da Resposta).
Perturbação stress pós-traumático
Reexperiência de um evento extremamente traumático;
Sintomas de activação aumentados;
Evitamento dos estímulos associados ao trauma;
Especificar:
 aguda: duração dos sintomas < a 3 meses;
 crónica: duração dos sintomas ≥ a 3 meses;
 com início dilatado: se o início dos sintomas ocorrer pelo menos 6 meses depois
do acontecimento stressor
Perturbações da ansiedade
Patologia crónica
Incapacitante quando incorreta ou tratada numa fase tardia
Grupo de doentes refractários aos tratamentos convencionais
Acontecimentos da vida
 Factores predisponentes e factores desencadeantes;
 A incidência de um evento tem repercussões em função:
o da personalidade
o vulnerabilidade biológica
 Estímulos ou conflitos
 Personalidade estruturada em função genética e lifeevents
o organização estável da personalidade
o organização instável da personalidade: dependência, inibição,
introversão, ansiedade social, baixa auto-estima
 Substrato neurovegetativo frágil
Defesas contra a ansiedade
Mecanismos de defesa:
 evitamento
 negação
 repressão
 projecção
 regressão e fixação
 somatização
 contra-transferência
 Compulsividade
Mecanismos de coping: o indivíduo recorre a vários comportamentos para obter alívio
temporário da tensão.
Perturbação da Ansiedade Generalizada
 6 meses de ansiedade
 Preocupação persistente e excessiva
 Prevalência: 3% - 5%
 Evolução crónica mas flutuante, piora nos períodos de stress
 Padrão familiar
 Preocupações: qualidade ou competência do desempenho; pontualidade;
acontecimentos catastróficos
 Mais frequente em mulheres
 Preocupações por estímulos internos e externos (sensações corporais)
 Preocupações sobre os próprios pensamentos que levam a atitudes
contraproducentes
 Estratégias ansiógenas de suprimir as cognições distorcidas
Perturbação da Ansiedade Secundaria a um Estado Físico Geral
Especificadores:
 com ansiedade generalizada
 com ataques de pânico
 com sintomas obsessivo- compulsivo
Os dados do exame físico, laboratoriais e padrões de prevalência ou de início reflectem
o estado físico geral etiológico
 Doenças endócrinas: hiper e hipotiroidismo, feocromocitoma, hipoglicemia,
hiperadrenocorticismo
 Doenças cardiovasculares: ICC, embolia pulmonar, arritmias
 Doenças respiratórias: DPOC, hiperventilação
 Doenças metabólicas: def. vitamina B12, porfíria
 Doenças neurológicas: neoplasias, disfunção vestibular, encefalites.
Perturbação da Ansiedade induzida por Substancias
Sintomas de ansiedade proeminentes
Consequência fisiológica directa do abuso de drogas, medicamentos ou exposição a
tóxicos
Especificadores:
 com ansiedade generalizada
 com ataques de pânico
 com sintomas obsessivo- compulsivos
 com sintoma fóbicos
Com início durante a intoxicação
Com início durante a abstinência

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