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O PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE E O ECODIREITO

THE PRICIPLE OF RESPONSABILITY AND THE ECOLAW

João Francisco Cossa1

Resumo
Perigos decorrentes do desequilíbrio ambiental interpõem a humanidade mudanças
paradigmáticas de desenvolvimento, haja vista, que o modelo antropocêntrico pautado em um
desenvolvimento puramente econômico fissurou-se. Para tanto, partindo do problema sobre a
proximidade entre o princípio da responsabilidade de Hans Jonas e o ecodireito, e a
consonância de ambos com a ecologia, como forma de enfrentar os desafio ambientais, este
trabalho objetivou investigar a relação entre o paradigma ético desenvolvido por Hans Jonas,
consubstanciado no princípio da responsabilidade, e o ecodireito, compreendido como parte
jurídica imprescindível da ecologia, disciplina esta marcada pela multidisciplinariedade e
complexidade, ainda mais, considerando o direito instrumento capaz de assegurar a mudança
paradigmática antropocêntrica para um novo modelo ecocêntrico, essencial para a
continuidade da existência da espécie humana. Utilizando-se da investigação bibliográfica a
partir do método hipotético-dedutivo, bem como do comparativo, sedimentou-se pela
proximidade do princípio da responsabilidade e o ecodireito, pelo qual ambos perseguindo o
fim de um paradigma ecocêntrico, dimensionam-se ecologicamente para garantir o direito das
presentes e futuras gerações, ao mesmo tempo, assegurar a existência da própria humanidade.

Palavras-chave: Princípio da Responsabilidade. Ecodireito. Ecocentrismo.

Abstract
Dangers arising from environmental imbalance interpose humanity with paradigmatic
developmental changes, given that the Anthropocentric model based on a purely economic
development has become unfounded. To do so, starting from the problem About the proximity
between the principle of responsibility of Hans Jonas and the Ecolaw, and the consonance of
both with ecology, as a way of addressing the environmental challenge, this work aimed to
investigate the relationship between the ethical paradigm developed by Hans Jonas, embodied
in the principle of responsibility, and the ecolaw, understood as an indispensable legal part of
ecology, discipline is marked by multidisciplinarity and complexity, even more, considering
the right instrument capable To ensure the anthropocentric paradigmatic change to a new
ecocentric model, essential for the continuity of the existence of the human species. Using the
bibliographic research based on the hypothetical-deductive method, as well as the
comparative, it was based on the proximity of the principle of responsibility and the Ecolaw,
by which both pursuing the end of an ecocentric paradigm, They are ecologically designed to
guarantee the right of present and future generations, at the same time, to ensure the existence
of humanity itself.

1
Graduado em Direito, UEL; graduado em filosofia, PUC-PR, pós-graduado na especialização em filosofia
política e jurídica, UEL, e pós-graduando em direito penal e processo penal econômico PUC-PR, e-mail
jfcossa@hotmail.com.
2

Key-words: Principle of responsibility. Ecolaw. Ecocentrism.

INTRODUÇÃO

Uma das grandes preocupações da atualidade reside em como o ser humano enfrentará
os grandes desafios ambientais. Mudanças climáticas, possibilidade de escassez de
recursos tão caros como a água, cataclismas, entre outros, intempôs e interpõem uma
revisão do binômio homem-natureza, bem como do significado do desenvolvimento.
Por isso, a ecologia, como conhecimento multidisciplinar e complexo, recebe
contribuições de diversas áreas, entre elas o direito, consusbstanciado como ecodireito.
Dessa maneira, o ecodireito possibilita fundamentos e normas jurídicas para
implementações de práticas verdes, a fim de balancear o desenvolvimento sustentável.
Neste sentido, a ética de Hans Jonas, pelo princípio da responsabilidade oferece
precioso suporte para a revisão dos modos de vida antropocêntrico para um modelo
ecocêntrico, interpelando a produção de um conjunto normativo protetivo, bem como
em certa medida se aproximando de certos princípios constitucionais-ambientais,
como os princípios da dignidade humana, do desenvolvimento sustentável, do não
retrocesso socioambiental e em especial o da precaução.

O PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE E O DIREITO

Primeiramente, mostra-se uma tarefa de extrema importância amparar a escolha pelo


Princípio da Responsabilidade em Hans Jonas dentro de uma temática jurídica. Esta escolha
tem sua conexão fundamental devido ao fato do princípio em questão e de seu autor residirem
na circunvizinhança da preocupação e compromentimento pelas questões ambientais,
marcado por um viés conservacionista nos que diz respeito ao desenvolvimento sustentável.
A Responsabilidade tomada como fundamento ético, mais tarde detalhada, liga-se
inicialmente ao tema da responsabilidade, tão cara ao direito ambiental, por sua vez, a
responsabilidade encontra-se em uma dimensão ético-jurídica, seja pelo próprio princípio da
Responsabilidade do direito ambiental, pelo desdobramento do Princípio da Precaução ou,
mais especificamente, por sua dimensão ética na qual lança desafios e reflexões a todas as
áreas, inclusive à área jurídica.
Dentro dessa tecitura, a Responsabilidade deve primeiramente partir da dinâmica da
superação da cosmovisão antropocêntrica – modelo no qual concebe o homem centro do
3

universo – para um visão ecocêntrica, haja vista, a necessidade de construir uma nova
perspectiva preocupada com os destinos da sociedade em detrimento dessa visão supremacista
e incontestável do ser humano sobre todos os demais seres (MILARÉ, 2015, p.108-109).
Corroborando a respectiva nova visão coloca-se que:

Parece claro que o antropocentrismo conquista, cada vez mais, desafetos e


antiadeptos. A Ética Ambiental firmou posição e conta sempre com cultores
assíduos, oriundos das mais diversas formações acadêmicas e profissionais,
preocupados em dar novos rumos a sociedade. (MILARÉ, 2015, p. 109).

Diante desse movimento, modelos racionalistas como o paradigma cartesiano-


newtoniano, constituído pela imposição de uma investigação insensível a fim de compreender
os mecanismos do universo, são questionados frente a preocupação com as relações do
ecossitema. “A insensibilidade humana no tratamento do mundo natural, coisificado e
transformado em peças”, sacrificou muitas coisas em função do homem. Contraposto ao
modelo antropocêntrico, o novo modelo, partindo do biocentrismo 2 e chegando ao
ecocentrismo, vê um mundo que existe para além do homem, ou seja, um mundo que não
existe apenas para o homem, tal perspectiva diz respeito a diversas áreas do conhecimento,
inclusive do direito (MILARÉ, 2015, p. 109-110).
Nesse novo paradigma de proteção do meio ambiente, o Direito Ambiental, sob a
perspectiva do ecocentrismo jurídico, possui uma justaposição de regras do Direito Público e
do Direito Privado, com interferências de outros ramos do Direito, ademais, recebendo
conceitos e conteúdos de outras ciências na formulação de parâmetros na gestão ambietal
como para a formulação da base doutrinária balizadas por princípios. Em outras palavras,
“seja na proteção à natureza, seja no desenvolvimento sustentável, o Direito Ambiental carece
de diferentes suportes científicos” (MILARÉ, 2015, p.115).
Considerando a natureza dialógica e cambiante do Direito Ambiental, pois trata
fundamentalmente da ecologia e do ecossistema, este modelo se aproxima do pensador Edgar
Morin no que diz respeito à complexidade do pensamento moderno, qual seja, uma
diversidade de informações e conhecimentos que se entrelaçam para pensar um objeto. Em
sua palavras:

2
Édis Milaré expõe: “Desde alerta para a “Primavera Silenciosa”, em meados do século XX, o olhar sobre o que
é vivente no Planeta veio se modificando em favor do mundo biológico. Essa reação focalizou os seres vivos,
particularmente num movimento ‘biocêntrico’ - um sistema de pensar e agir que fazia dos seres vivos o centro
das preocupações e dos interesses.” (2015, p. 110).
4

A constituição de um objeto por sua vez interdisciplinar, polidisciplinar e


transdisciplinar permite criar o intercâmbio, a cooperação e a policompetência. Da
mesma forma, a ciência ecológica se constituiu sobre um objeto e um projeto
polidisciplinar e interdisciplinar a partir do momento do qual o conceito de “nicho
ecológico” e o de “ecossistema” foram criados por Tansley em 1935, que dizer que a
partir do momento onde a concepção de um sistema permitiu articular os
conhecimento mais diversos (geográficos, geológicos, bacteriológicos, zoológicos e
botânicos). A ciência ecológica, em consequência, não somente utilizou dos serviços
de diferentes disciplinas, mas também criou cientistas poli-competentes, sendo estes
cada vez mais aptos para pensar os problemas fundamentais deste tipo de
organização3. (MORIN, 1998, p. 13-14, tradução nossa).

Partindo dessa interdisplinaridade necessária ao ecocentrismo jurídico, há diversos


pensadores que de alguma forma vão refletir e problematizar essa relação homem-natureza.
Leituras como a sociobiológica4, com suas peculiaridades, mostram-se como uma forma de
superar esse distanciamento. Esse distanciamento do humano e o natural remonta a
compreensão pós-mitológica, pois neste anterior período a matéria ainda era imcompreensível
ao humano, por tudo isso, não consegue desvencilhar-se da natureza. (SOUSA, 2011, p. 53).
A partir da capacidade humana de pensar a própria existência em sua essência,
analisando sua distinção com outros seres, pela complexificação do próprio homem decorre
um primeiro distanciamento. Por sua vez, dentro da dinâmica evolutiva, o homem ao
fortalecer as relações humanas e a capacidade abstrativa rompe gradativamente com a
natureza. Assim, no pensamento de Fritjof Capra corrobora-se:

À medida que a diversidade e a riqueza das nossas relações humanas aumentavam,


nossa humanidade — nossa linguagem, nossa arte, nosso pensamento e nossa
cultura — se desenvolviam. Ao mesmo tempo, desenvolvemos a capacidade do
pensamento abstrato, a capacidade para criar um mundo interior de conceitos, de
objetos e de imagens de nós mesmos. Gradualmente, à medida que esse mundo
interior se tornava cada vez mais diversificado e complexo, começamos a perder
contato com a natureza e a nos transformar em personalidades cada vez mais
fragmentadas. (CAPRA, 2010, p. 2015).

Para além da leitura que busca entender a origem dessa separação, até para fins de
delimitação temática, é a partir do racionalismo moderno que se tem o homem como valor
supremo em detrimento de outras realidades. Pela afirmação de Descartes em que os animais
3
La constitución de un objeto a la vez interdisciplinario, polidisciplinario y transdisciplinario permite crear el
intercambio, la cooperación y la poli-competencia. Asimismo, la ciencia ecológica se constituyó sobre un objeto
y un proyecto polidisciplinario e interdisciplinario a partir del momento donde el concepto de “nicho ecológico”
y el de “ecosistema” fueron creados por Tansley en 1935, es decir a partir del momento donde la concepción de
un sistema permitió articular los conocimientos más diversos (geográficos, geológicos, bacteriológicos,
zoológicos y botánicos). La ciencia ecológica, en consecuencia, no solamente utilizó los servicios de diferentes
disciplinas, también creó científicos poli-competentes, siendo éstos cada vez más aptos para pensar los
problemas fundamentales de este tipo de organización.
4
“A sociobiologia, desde muito vem afirmando que a sociedade humana com seus subsistemas político, jurídico
e econômico está fundada desde uma origem biológica, procedendo por evolução de suas próprias estruturas;
estruturas já existentes nas sociedades primais das quais descendemos.” (MOLINARO, 2006, p. 62).
5

são desprovidos de qualquer racionalidade, portanto, qualquer valor intrínseco, abre margem
para a separação entre homem e natureza, realidade que se impõe até os dias atuais nas
diversas áreas de conhecimento (SARLET; FENSTERSEIFER, 2013, p. 55). Dentro desse
raciocínio indaga-se Luc Ferry: “[...]: o modelo perfeito do antropocentrismo que concede
todos os direitos ao homem, e nenhum à natureza, inclusive animal. Por que tanto desprezo,
nós perguntamos? [...]” (2009, p. 68).
Cabe ressaltar, ainda, que o pensamento cartesiano não foi o único responsável por
esta visão de superioridade humana, certamente, o capitalismo possibilitou esta reificação das
relações entre homem e natureza, bem como a relação de dominação entre os próprios
homens, como na análise de Marx, “dramatizou o predomínio da humanidade sobre a
natureza e fomentou a admissibilidade da exploração do homem pelo homem.” (SOUSA,
2011, p. 61)
Dessa forma, o novo modelo ecológico, como a “Ecologia Profunda” de Arne Naess,
procura superar esta separação, cuja a abordagem inclui a comunidade humana na Natureza,
propondo um valor intrínseco a todos os seres que habitam a Terra (SARLET;
FENSTERSEIFER, 2013, p. 56). Esta nova ecologia ou este novo paradigma ecológico é
calcado por uma visão holística, no qual reconhece a integração de todos os fenômenos,
dentro de processo cíclicos naturais. Destarte, confirma-se:

O novo paradigma pode ser chamado de uma visão de mundo holística, que concebe
o mundo como um todo integrado, e não como uma coleção de partes dissociadas.
Pode também ser denominado visão ecológica, se o termo "ecológica" for
empregado num sentido muito mais amplo e mais profundo que o usual. A
percepção ecológica profunda reconhece a interdependência fundamental de todos
os fenômenos, e o fato de que, enquanto indivíduos e sociedades, estamos todos
encaixados nos processos cíclicos da natureza (e, em última análise, somos
dependentes desses processos). (CAPRA, 2010, p. 16).

Autores como Luc Ferry juntam-se a esta leitura, assim compondo um conjunto de
autores, ao apresentarem esta como sendo a terceira das três ecologias a ser incorporada e
construída socialmente. Para eles, a primeira ecologia é antroponcêntrica, por sua vez, “o
meio ambiente não é dotado de um valor intrínseco”, consequentemente, “a natureza, de um
modo apenas indireto, é levada em consideração” (FERRY, 2009, p. 29-30). Já a segunda
ecologia fundamenta-se no social e no princípio utilitarista segundo o qual “é preciso não
apenas o interesse próprio dos homens, mas de maneira mais geral tender a diminuir ao
máximo a soma dos sofrimentos do mundo, assim como aumentar [...] a quantidade de bem-
estar” (FERRY, 2009, p. 30), dessa forma, os animais são relativamente considerados. Por
6

fim, a terceira ecologia diz respeito a um direito da natureza, ou seja, fazer ecoar um
“‘contrato natural’ no qual o universo inteiro se tornaria sujeito de direito: não mais o homem,
considerado o centro do mundo [...], mas o cosmos em si é que deve ser defendido pelos
homens” (FERRY, 2009, p. 31).
Não obstante a toda discussão dos modelos ecológicos, a leitura ecocêntrica estabele
um liame político e outro ético-discursivo. O liame político se caracteriza na medida em que o
ecologismo é essencialmente democrático, pois, a partir do tema do ambiente, propõe uma
nova forma de conhecimento integrado e diversificado, a fim de enfrentar os desafios e as
complexidades dos problemas globais, bem como articular novos processos de diferentes
ordens, movidos numa nova ação política e da construção de uma nova economia (LEFF,
1998, p.49). Os novos desafios ambientais impõem uma nova ordem econômica sustentável,
calcada por uma produtividade ecotecnológica5 e que se oriente por erradicar a pobreza,
satisfazer as necessidades básicas e melhorar qualidade de vida da população (LEFF, 1998, p.
50). De forma mais detalhada expõe Enrique Leff:

A sustentabilidade do processo de desenvolvimento implica no reordenamento dos


assentamentos urbanos e no estabelecimento de novas relações funcionais entre o
campo e a cidade. Desta forma, [...], promover novas economias sustentáveis
baseadas no potencial produtivo dos sistemas ecológicos, e nos valores culturais e
em uma gestão participativa das comunidades para um desenvolvimento endógeno
autodeterminado. [...].
Para levar esta proposta a níveis de ação concreta, será necessário incorporar esta
visão produtiva aos programas de “desenvolvimento social”. Além de seu caráter
assistencial para combater os impactos do desemprego, da marginalização e da
pobreza, os programas de “solidariedade” e “aproveitamento integral dos recursos”
devem promover o desenvolvimento das capacidade produtivas das comunidades.
[...].
Abre-se assim a possibilidade da passagem das políticas de conservação,
descontaminação e restauração ecológica, e dos programas “de desenvolvimento
social que almeja o alívio da pobreza” dentro das políticas de recuperação
econômica, em direção para um economia “sustentável, fundada nos princípios da
racionalidade ambiental. Desta maneira, terão de fortalecer as economias locais e
regionais baseadas no manejo produtivo dos recursos, na complementação da oferta
ambiental de diferentes ecossistemas e na integração dos mercados regionais. Estas
economias “locais sustentáveis poderão articular-se estrategicamente a economia de
mercado, mas colocando os princípios de racionalidade ambiental sobre os de
racionalidade econômica. Desta maneira, estar-se-á construindo uma passagem em
direção a sustentabilidade global, calcado na diversidade das condições locais de um
desenvolvimento democrático e sustentável6. (1998, p. 53-54, tradução nossa).

5
“El concepto de productividad ecotecnológica conjuga la productividad ecológica de los ecosistemas con la
innovación de sistemas tecnológicos adecuados para su transformación, manteniendo y mejorando la
productividad global a través de proyectos de uso integrado de los recursos, sujetos a la es tructura y funci ones
de cada ecosistema y a la capacidad de a utogestión de las comunidades y los productores directos.” (LEFF,
1998, p. 52).
6
“La sustentabilidad d el proceso de desarrollo implica el reordenamiento de los asentamientos urbanos y el
establecimiento de nuevas relaciones funcionales entre el campo y la ciudad. [...] De esta forma, [...], se
promueven nuevas economías sustentables basadas en el potencial productivo de los sistemas ecológicos, en los
7

Em continuidade da leitura ecocêntrica, o liame ético-discursivo reside na esfera de


um discurso ético dentro do contexto da predominância da ciência e da técnica (época da pós-
modernidade), dessa maneira, a partir da obra de Heidegger, autores como Karl-Otto Apel e
Hans Jonas, este último objeto de posterior detalhamento, propõem uma nova ética como
condição de possibilidade da ciência e da técnica (BECCHI, 1989, p. 10). Além disso, Karl-
Otto Apel constrói uma ética comunicativa (solidária) da responsabilidade diante de um
domínio perigoso da técnica. Neste ponto, distingue-se de Hans Jonas e se aproxima de
Habermas.
Dentro desta área de proximidade com Habermas, Apel escolhe como fio condutor de
sua obra, por estar mais próxima das motivações e da consciência cotidiana, a ética dialógica.
“Ambos estão inseridos nesse fluxo mais amplo de "ética do diálogo", que se recusa a
reconhecer no final das imagens do mundo o fim da moralidade.” 7 (CORTINA, 1985, p. 12,
tradução nossa). O próprio autor justifica a “ética do discurso” como meio para a
fundamentação concreta de normas, pelo discurso argumentativo, ao mesmo tempo que este
discurso contém o a priori racional da fundamentação8 (rationale Begründungsapriori) do
princípio da ética. (APEL, 1992, p. 11).
Mais especificamente dentro da discussão sobre a técnica, Apel apresenta o paradoxo
da necessidade e da impossibilidade de se fundamentar um ética universalmente válida, de um
lado necessária devido ao que decorre de uma visão equivocada de progresso colocando a
própria sobrevivência humana em risco, e, do outro, impossível pelo fato de um cientificismo

valores culturales y en una gestión participativa de las comunidades para un desarrollo endógeno
autodeterminado. [...].
Para llevar esta propuesta a niveles de acción concretos, será necesario incorporar esta visión productiva a los
programas de "desarrollo social". Más allá de su carácter asistencial para contrarestar los impactos del
desempleo, la marginación y la pobreza,los programas de "solidaridad" y "aprovechamiento integral de los
recursos" deben promover el desarrollo de las capacidades productivas de las comunidades. [...]
Se abre así a posibilidade de transitar de las políticas de conservación, descontaminación y restauración
ecológica, y de los programas de desarrollo social que inscriben el alivio a la pobreza dentro de las políticas de
recuperación económica, hacia una economía sustentable, fundada en principios de racionalidad ambiental. De
es ta manera, habrán de fortalecerse las economías locales y regionales basadas en el manejo productivo de los
recursos, en la complementación de la oferta ambiental de diferentes ecosistemas y en la integración de
mercados regionales. Estas economías locales sustentables podrán articularse estratégicamente a la economía de
mercado, pero anteponiendo los principios de racionalidad ambiental sobre los de racionalidad económica. De
esta manera, se estará construyendo un tránsito hacia la sustentabilidad global, afianzado en la diversidad de las
condiciones locales de um desarrollo democrático y sustentable.”
7
“Ambas se insertan en esa más amplia corriente de las “éticas del diálogo”, que se resiste a reconocer en el fin
de las imágenes del mundo el fin de la moralidad.” (LEFF, 1998, p. 53-54).
8
Pressuposto metafísico kantiano.
8

positivista9, de um racionalismo crítico 10 e de um solipsismo metódico 11 que atentam contra a


responsabilidade da razão prática. (CORTINA, 1985, p. 25-34)
Ainda no que tange a necessidade de uma ética universal, o referido autor cita as
guerras com destruições massivas graças a técnica nuclear e uma exploração humana
destrutiva, no entanto, culpabilizar a ciência e a técnica seria culpar os meios, o que inside em
um grande equívoco, pois à razão prática cabe pensar o fins. Por sua vez, a responsabilidade
pelo desafio lançada pela ciência e pela técnica cabe à razão prática por meio de algumas
normas comuns a toda espécie humana (CORTINA, 1985, p. 25-27), em outras palavras, “a
resposta mais responsável para um desafio universal é uma ética universalmente válida”
(CORTINA, 1985, p.27).
Para tanto, este paradoxo é resolvido pela proposta que “resulta do que Apel chama de
‘sistema de complementaridade’ entre positivismo científico e existencialismo
irracionalista.”12, dessa forma, a solução reside na capacidade de argumentar racionalmente a
partir de uma comunidade capaz de comunicação linguística, produzindo um consenso
intersubjetivo13 (BECCHI, 1989, p. 11-12).
Outro âmbito conceitual responsável por ligar a ética da responsabilidade ao mundo
jurídico, como já trabalhado, é o princípio da precaução. Este princípio, a partir de uma

9
“Como é bem sabido, o cientificismo positivista já é um inimigo habitual nos anais da Escola Frankfrut, em
tudo, graças a sua separação desastrosa entre ser- dever ser, fatos-normas, teoria-prática, culminando na
atribuição tradicional de racionalidade ao discurso sobre os fatos, deixando o discurso sobre normas no perigoso
crepúsculo do irracional.” (CORTINA, 1985, p. 31, tradução nossa).
10
“O segundo adversário não teria nada a objetar ao caráter racional da ética, mas pelo contrário; contudo ele se
recusaria a admitir como possível uma fundação do mesmo. Neste sentido, H. Albert, fiel representante do
racionalismo crítico depois de alguns caprichos positivistas, já declarou em 1968, em Traktat über kritische
Vernunft, a convicção de que é impossível realizar um fundamento filosófico, seja da ação, seja do
conhecimento.” (CORTINA, 1985, p. 32, tradução nossa).
11
“O último dos grandes obstáculos ocidentais, para os quais qualquer tentativa de descobrir uma resposta moral
universal diante da ameaça universal nascida de uma ideia equivocada de progresso, é o solipsismo metódico, a
convicção liberal de que o indivíduo é anterior à formação da sociedade. Dessa concepção, uma resposta
solidária não é prescrita incondicionalmente, mas apenas aconselhável, na medida em que resulta em benefício
próprio; com o qual o critério último de moralidade é o bem subjetivo, e a razão prática degenera em razão
individual de cálculo: uma resposta moral universal é, dessa perspectiva, impossível.” (CORTINA, 1985, p. 33,
tradução nossa).
12
“resulta lo que Apel llama “sistema de complementareidad” entre positivismo científico y existencialismo
irracionalista.”
13
Assim como em Habermas, Apel parte de um situação ideal de fala, assim, tem-se que “(...) quem argumenta
testemunhou in actu e, portanto, aceitou que a razão é prática, quer dizer, responsável pela ação humana; o que
significa que as pretenções éticas de validez da razão, do mesmo modo que a sua pretensão de verdade, podem e
devem resolver mediante argumentos; quer dizer, que as regras ideias da argumentação é uma comunidade de
comunicação, ilimitada por princípio, de pessoas que reconhecem reciprocamente como possuidoras dos mesmo
direitos, constituem as condições normativas de possibilidade no momento de decidir sobre as pretensões éticas
de validez mediante a formação de consenso; e que, portanto, em princípio, pode produzir um consenso sobre
todas as questões éticas relevantes da práxis vital, em um discurso submetido às regras da argumentação da
comunidade ideal de comunicação”. (APEL apud CORTINA, 1985, p. 156).
9

abordagem da sociedade de riscos de Ulrich Beck14, desdobra-se em uma ética da precaução,


isto em vista de evitar riscos não aceitáveis, restabelecendo o equilíbrio homem e a terra
(DORNELAS, 2011, p.111). Por conseguinte, uma leitura do princípio da precaução ligado a
filosofia da precaução interpõe um dever de respeito à saude e ao meio ambiente, impondo
limites a atividade econômica (DORNELAS, 2011, p. 112-113). Portanto, o desdobramento
ético (filosófico) da precaucação liga-se a ética da responsabilidade, pois impõe uma postura
cuidadosa frente ao desenvolvimento tecnológico.

Filosoficamente o princípio da precaução é sustentado por uma ética da


responsabilidade, na qual o imperativo categórico para a civilização tecnológica
consiste na aquisição de conhecimento acerca dos efeitos a longo prazo da
tecnologia desenvolvida, com a aplicaçao da inversão do ônus da prova e a
imposição de elevados e diferenciados standards qualitativos para o exercício da
atividade potencialmente danosa. (DORNELAS, 2011, p.113).

Por fim, a Responsabilidade como desdobramento ético do princípio da


Responsabilidade perante as presentes e futuras gerações interpõe, para além da esfera moral,
a responsabilização na esfera jurídica, em vistas de frear práticas destrutivas que marcaram a
história recente. Nesse sentido, a Declaração de Estocolmo sobre o Meio Ambiente (1972)
traz este princípio, no preâmbulo, no Princípio 4 e 22 por exemplo demonstrando a
responsabilidade comum de participação e colaboração, bem como de penalização e
indenização frente aos abusos ambientais. Ademais, a Declaração do Rio de Janeiro sobre o
Meio Ambiente e Desenvolvimento (1992) traz o conceito de responsabilidade comum, mas
diferenciada (SARLET; FENSTERSEIFER, 2013, p. 78-79).
Cabe notar, ainda, outros diplomas regulamentam responsabilidades e
responsabilizações como: Lei n. 6.453/77 (danos nucleares), Lei n. 6.938/81
(responsabilidade civil por danos ambientais), Lei n. 9.605/98 (responsabilização por crimes e

14
As sociedades contemporâneas com suas novas tecnologias, com seu sistema de produção em larga escala
pressupõe a produção de riscos. Por sua vez, esse contexto de riscos variados e multifacetados, advindos do
desenvolvimento industrial atual, objetiva-se que o desenvolvimento científico e tecnológico são o perigo e o
risco, implicando sobremaneira na possibilidade de catástrofes e resultados imprevisiveis Assim explica o
próprio autor: “Na modernidade tardia, a produção social de riqueza é acompanhada sistematicamente pela
produção social de riscos. Consequentemente, aos problemas e conflitos distributivos da sociedade da escassez
sobrepõem-se os problemas e conflitos surgidos a partir da produção, definição e distribuição de riscos
científico-tecnologicamente produzidos.
Essa passagem da lógica da distribuição de riqueza na sociedade da escassez para a lógica da distribuigäo de
riscos na modernidade tardia está ligada historicamente a (pelo menos) duas condições. Ela consuma-se, em
primeiro lugar - como se pode reconhecer atualmente - quando e na medida em que, através do nível alcançado
pelas forças produtivas humanas e tecnológicas, assim como pelas garantias e regras jurídicas e do Estado
Social, é objetivamente reduzida e socialmente isolada a autêntica carência material. Em segundo lugar, essa
mudança categorial deve-se simultaneamente ao fato de que, a reboque das forças produtivas exponencialmente
crescentes no processo de modernização, são desencadeados riscos e potenciais de autoameaça numa medida até
entäo desconhecida.” (BECK, 2011, p. 23).
10

infrações ambientais), e de forma fundamental a Constituição Federal, art. 225, §4º, prevê a
responsabilização administrativa, civil e penal decorrente de dano ambiental (SARLET;
FENSTERSEIFER, 2013, p. 80-81).
A partir deste norte, a responsabilidade, enquanto imperativo ético, coloca-se como
imprescindível para o horizonte prático na sociedade atual. Dentro desta dinâmica, Hans
Jonas oferece pela Responsabilidade um conceito capaz de impetrar um vigor a esse novo
comportamento deôntico e ao mesmo tempo de uma necessária efetividade imanente.

2. HANS JONAS E O PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE15

2.1 Ética e Filosofia de Hans Jonas

A obra de Hans Jonas em sua totalidade permite refletir sobre o estágio da


humanidade, a fim de se repensar determinados conceitos, haja vista que equívocos como a
ideia do progresso da ciência impõe uma escatologia sem precedente, ele mesmo foi
testemunha dos horrendos desdobramentos do progresso tecnológico na Segunda Guerra
Mundial (VALE, 2013, p. 13). Segundo o mesmo autor, “a experiência mostrou que,
moralmente, a utopia pode servir de justificação para o assassinato em grande escala [...] ou
para a destruição do planeta [...]”, como é caso do holocausto e dos problemas ambientais
(FERNADES, 2002, p. 23). Ademais, a obra jonasiana pode ser compreendida em três etapas
intercambiantes, não estanques, são elas: a primeira, gnosticismo e niilismo; a segunda,
organismo e liberdade; e, por última, a ética da responsabilidade (DÍAZ, 2007, p. 15).
A primeira etapa da vida intelectual do referido autor é marcada por leituras de
Nietzsche (Assim falava Zaratustra), do judaísmo (Três palavras sobre o judaísmo e A
Legenda de Baal-Shem de Martin Buber), como leituras kantianas. Em 1921 começa seus
estudos filosóficos na Universidade de Friburgo e posteriomente também cursa na
Universidade das Ciências do Judaísmo em Berlim. Durante o curso de filosofia assistiu aulas
de Edmund Husserl e Martin Heidegger, este último exercendo grande influência sobre seu
pensamento (DÍAZ, 2007, p. 15).
Quando em 1924 Heidegger muda-se para Universidade de Maburgo, Jonas o
acompanha e lá conhecer Rudolf Bultmann, referência em sua produção, e tornou-se amigo

15
“Hans Jonas nasceu em 1903 e faleceu em 1993, sendo considerado uma dos mais importantes filósofos
contemporâneos. Foi aluno de Martin Heidegger e colega de Hanna Arendt, dois outros proeminentes nomes da
filosofia atual. Judeu, Hans Jonas deixou a Alemanha em 1934, passando a viver na Inglaterra e nos Estados
Unidos. [...].” (OLIVEIRA; SGANZERLA, 2009, p. 261).
11

de Hanna Arendt (DÍAZ, 2007, p. 16-17). Mais tarde, doutorou-se sobre agnose, tendo como
objeto ‘A religião gnóstica’, sob orientação de Rudolf Bultmann, culminando na publicação
da tese “Gnosis und spatantiker Geist” (1934) (ZANCANARO, 1998, p. 20). Nesse sentido, a
primeira etapa é marcada pela influência de Heideger e Bultmann e pode ser sintetizada da
seguinte forma:

A fase de maior influência da filosofia alemã aconteceu na década de 20, como


aluno de Heidegger, e durante a tese de doutorado. Com Bultmann, realiza estudos
sobre a Gnose, evidenciando o desprezo pela matéria, em detrimento do espirito.
Transpõe analogamente o niilismo gnóstico para a modernidade, ressaltando nesta a
crença na técnica e o esquecimento do divino. Transcende sugestivamente o
significado da angústia do homem moderno para o âmbito da crença utópica na
técnica. Os resultados das investigações realizadas durante dois decênios
notabilizaram-no como teólogo e historiador da religião. Entretanto, a influência de
Heidegger é decisiva, e seu projeto é impensável sem seus ensinamentos.
(ZANCANARO, 1998, p. 21-22).

Também, pode-se ressaltar a influência de Edmud Husserl na tarefa da superação do


dualismo cartesiano. Hans Jonas reconhece na fenomenologia husserliana a ideia de uma
responsabilidade absoluta como fundamento ético, todavia, mais tarde ele abandona a
fenomenologia e adota uma filosofia da consciência em detrimento da realidade corporal.
Nessa direita, para Hans Jonas, a fenomenologia de Husserl se limitou à consciência pura,
deixando de fora a exterioridade, a corporeidade e as relações que se desenvolvem, ou seja,
descuida-se do elemento emancipador (DÍAZ, 2007, p. 18).
A segunda etapa pode ser compreendida dentro da temática Organismo e Liberdade,
na qual há um encontro com as ciência da natureza, realizando uma biologia filosófica
(ZANCANARO, 1998, p. 22). Neste período, por acasião da ascensão de Hitler e o regime
nazista, viu-se obrigado a abandonar a carreira acadêmica na Alemanha em 1933, dirigindo
para uma breve estadia na Ingleterra e posteriormente deslocando para Israel, tendo uma
participação política e militar, cuja permanência se estende até 1949. Neste contexto, há uma
interrupção do trabalho filosófica e da pessoa de Martin Heidegger, principalmente a posterior
adesão ao regime nazista (DÍAZ, 2007, p. 19).
Neste período das empreitadas militares, dedicou-se a leitura de Charles Darwin,
Aldous Huxley, John Haldane e muitos outros, concentrando a investigar os aspectos
formativos. Este trabalho culminou no livro Organismo e liberdade e em edição posterior
passou a entitular-se O princípio da vida (1967) (DÍAZ, 2007, p. 19-20), cuja estrutura
“supera a concepção que reduz a vida à simples mecanicidade de elementos indiferentes”
(ZANCANARO, 1998, p. 22).
12

Compreender a ontobiologia jonasiana perpassa pela reflexão do corpo, do organismo,


sobre o dualismo psicofísico, a fim de erigir uma ideia em torno do orgânico. Este itinerário
intelectual emerge na publicação do livro The phenomenon of life: Toward a Philosophical
Biology (1966), posteriomente, a edição alemã é publicada, corrigida e ampliada, em 1973
com o título Das Prinzip Leben: Ansätzezu einer philosophischen Biologie, esta obra traz por
tema central a reflexão sobre a vida a partir da biologia, formando um ontologia a partir da
natureza. Jonas explica a própria tese:

Minha tese - diz Jonas - era que a essência da realidade é expressa da maneira mais
acabada na existência física do organismo, não no átomo, não na molécula, não no
cristal, nem nos planetas nem nas estrelas, etc., mas no organismo vivo, que é
indubitavelmente um corpo, mas que esconde em seu seio algo que vai além do
mero ser da matéria. Somente se partirmos deste ponto é possível formular uma
teoria do ser. Ficou claro que a partir daí ele deveria continuar a investigar e traçar
as conseqüências. Assim, o livro termina com um epílogo sobre por que uma
filosofia do orgânico deve necessariamente levar a uma ética, que no fundo já está
em sua infância, mas requer desenvolvimento16. (JONAS apud DÍAZ, 2007, p. 21).

Na tarefa de descrever a vida, frente à fragilidade da morte, Hans Jonas ressalta a


importância do equilíbrio entre necessidade e liberdade. Dessa forma, a vida em sua
instabilidade é marcada pela mudança, consequentemente pela necessidade e ao mesmo
tempo pela liberdade, ou seja, na evolução dos seres há a marca da liberdade. Portanto, a
liberdade é chave de interpretação da vida na obra jonasiana, desdobrando-se um movimento
dialético (OLIVEIRA, 2014, p. 60-62): “a vida dá provas de um equilíbrio entre o duplo
aspecto da liberdade e da necessidade, cuja expressão primeira é o metabolismo” O
metabolismo reside no poder da mudança dentro da própria matéria orgânica, contudo
implicando concomitantemente a necessida de fazer justamente isto. (OLIVEIRA, 2014, p.
62).
Em continuidade à tarefa de refletir sobre a vida, o autor vê na liberdade o fundamento
para romper o dualismo cartesiano, no qual foi responsável por aprisionar a vida nos
“monismos idealista e materialistas”, restando claro a intenção de superar a leitura tradicional
que separa o objetivo do subjetivo (OLIVEIRA, 2014, p. 62-64). Em suma, Jonas cunha uma
espécie de fenomenologia histórico-regressiva que, por sua vez, remete à gênese chegando a

16
"Mi tesis - dice Jonas-- era que la esencia de la realidad se expresa del modo más acabado en la existencia
física del organismo, no en el átomo, no en la molécula, no en el cristal, tampoco en los planetas ni en astros,
etc., sino en el organismo vivo, que es sin duda cuerpo, pero que esconde en su seno algo que va más allá del
mero ser mudo de la materia. Sólo si partimos de este punto es posible formular una teoría del ser. Tenía claro
que a partir de ahí debía seguir investigando y rastrear las consecuencias. De ahí que el libro termine con un
epílogo sobre por qué una filosofía de lo orgánico debe conducir forzosamente a una ética, que en el fondo ya se
encuentra allí en ciernes, pero que requiere un desarrollo.” (JONAS apud DÍAZ, 2007, p. 21).
13

complexificação da vida, servindo-se da “vivência relacional do corpo humano em sua


experiência interna e externa”, isto significa dizer que Hans Jonas reconstrói a liberdade a
partir da regressão, partindo da experiêcia do próprio corpo, das formas mais primárias de
vida até as mais complexas (OLIVEIRA, 2014, p. 74-75).
A terceira etapa do pensamento jonasiano é marcada pela reflexão ética, distribuída em
temas como “liberdade, responsabilidade humana, ciência moderna, bioética, história da
ciência e ecologia”. Volta-se- para a preocupação com os destinos do ser humano e do planeta
em face ao desenvolvimento tecnológico (ZANCANARO, 1998, p. 23). Nessa direção o
Princípio da Responsabilidade, também intitulado imperativo da responsabilidade, encontra-
se na obra O Princípio da Responsabilidade: ensaio de uma ética para a civilização
tecnológica e será esmiuçada no tópico a seguir.

2.2 O Princípio da Responsabilidade: uma ética ecológica

Pensar o princípio da responsabilidade (das Prinzip Verantwortung) é colocar em


cheque a civilização tecnológica, haja vista que a atual crise ecológica interpõe uma ameaça a
própria existência humana e que sequer chega a ser catastrófica. Dessa maneira, Hans Jonas
propõe uma ética da ciência, na era tecnológica, fundamentalmente marcada pelo triunfo do
homo faber sobre a natureza, a fim de colocar limites e pautar eticamente o arsenal científico
e tecnológico em seus parâmetros, com objetivo de preservar a existência humana e, de igual
modo, a qualidade de vida na Terra global (SARLET; FENSTERSEIFER, 2013, p. 78).
Para Jonas, esta apatia do ser humano em relação à natureza, chegando a qualificar
como uma espécie de niilismo moderno, devendo ser vencida, a fim de recuperar o “sentido
do lugar do ser humano na natureza”, a partir de um “sentido de presença, pertença e cuidado
do homem frente ao mundo”: esta é a base da obra O Princípio da Responsabilidade: ensaio
de uma ética para a civilização tecnológica [PR] (1979) (OLIVEIRA; SGANZERLA, 2009,
p. 263). Ademais, o próprio autor no prólogo deixa expresso qual seu ponto de partida: “a tese
de partida deste livro é que a promessa da técnica moderna fora convertida em uma ameaça,
ou que a ameaça foi indissoluvelmente ligada à promessa” (JONAS, 1995, p. 15). Dessa
maneira, a obra jonasiana está calcada em três pressupostos:

Jonas analisa, em termos gerais, três pressupostos inter-relacionados que são


desenvolvidas em sua obras: [1] a convicção de que a condição humana é
alguma coisa fixada de uma vez por todas em seus trações fundamentais; [2]
que, em consequência dessa primeira convicção, seria possível definir
14

claramente o que é bom para o ser humano; [3] que a responsabilidade


humana sobre seus atos poderia ser definida de forma rigorosa [...]. Para
Jonas, tais pressupostos “perderam a validade” e provocaram uma mudança
no âmbito ético. (OLIVEIRA, 2014, p. 125).

Ao longo da obra, dividida em seis capítulos 17, Hans Jonas a inicia enfrentando a
natureza modificada do agir humano a partir da técnica, por isso, a ética enquanto ciência da
ação deve ser repensada a partir desse novo modo de agir, por isso, as éticas tradicionais
ligadas a relação entre seres humanos e dentro do modelo da cidade já não são suficientes
para dar conta dos novos valores, haja vista que os valores e sua compreensão partem do
contexto histórico em que situam-se (OLIVEIRA, 2014, p. 123-125). Dessa maneira, “ele
insiste sobre as diferenças significativas, entre as ações atuais e as antigas, que se refletem nas
diferentes concepções éticas formuladas no passado e o tipo de reflexão ética exigida no
contexto atual.” (FONSECA, 2009, p. 213).
Segue-se que o novo poder tecnológico desafia uma nova ética capaz de vigiar o poder
da técnica e proteger o ser humano e as demais formas de vida. Diferentemente de outras
éticas, enquanto exame posterior aos resultados (consequencialistas), a ética necessita uma
capacidade de previsão, antecipação, a fim de evitar ações, diante da tendência destrutiva e do
risco da ações incertas (a longo prazo) e que são uma ameaça, mesmo que travestida de boas
intenções. Em vistas disso, Jonas aponta a necessidade de reconhecer a ambiguidade da ação
humana marcada pelo perigo da magnitude da técnica (OLIVEIRA, 2014, p. 127-128).
Nesse sentido, Hans Jonas ao apresentar a técnica como objeto da ética, defendendo a
necessidade desta nova ética como ciência dos fins para auxiliar a técnica como saber
instrumental , expõe:

A dificuldade é esta: não apenas quando a técnica é malevolamente usada de


modo ruim, quer dizer, para fins maus, mas mesmo quando
benevolentemente usada para seus fins legítimos e próprios, ela tem uma
lado ameaçador em si, qua a longo prazo [langfristig] poderia ter a última
17
Esta citação, retirada do texto do professores Jelson de Oliveira e Anor Sganzerla é capaz de sintetizar a
organização da obra O princípio da Responsabilidade: “Dividida em seis capítulos, o livro faz uma retomada do
sentido da relação entre ética e técnica, tratando a alteração da ação natureza humana (tema do primeiro
capítulo), discutindo o sentido da dimensão da responsabilidade do homem frente à “vocação tecnológica” e os
paradigmas éticos daí resultantes. No segundo capítulo, o autor esboça os princípios e métodos de uma nova
ética, criada a partir das noções de conhecimento real e ideal, do papel do prognóstico negativo, dos risco e
apostas da condição humana e do dever da humanidade em assegurar condições para existência no futuro. A
partir daí, projeta suas concepções sobre a finalidade e o seu estatuto na realidade (capítulo três), para chegar à
sua teoria da responsabilidade, na articulação do bem, do dever e do ser (capítulo quatro), com o fim de dirigir o
seu olhar para a importância do conceito de responsabilidade no mundo contemporâneo, uma vez que a ideia de
progresso passa a se contrapor ao fato de que o futuro está em perigo (capítulo cinco), chegando a uma crítica da
utopi e à afirmação consequente de uma nova ética, tida como ética da responsabilidade do homem frente ao
poder que ele tem em mãos, a tecnociêcia.” (2009, p. 263).
15

palavra, e a “qualidade de ser a longo prazo” [Langfristigkeit] está de algum


modo incutida no fazer técnico. Por sua dinâmica inerente, que assim a
impulsiona, à técnica está negado o livre espaço de neutralidade ética, no
qual precisamos nos preocupar apenas com a capacidade de rendimento. O
risco do “excesso” sempre está presente na circunstância onde o germe
congênito do “mal”, isto é , o prejudicial, é coalimentado e levado ao
amadurecimento precisamente pelo impulso do “bem”, qual seja, o benéfico.
O prerigo reside mais no sucesso do que no fracasso – e, no entando, o
sucesso é reivindicado pela pressão das carências humanas, Uma ética
apropriada para a técnica tem de entender esta ambiguidade [Mehrdeutigkeit]
inerente da ação técnica. (JONAS, 2013, p. 52).

Entre os aspectos mais relevantes da ética da responsabilidade, encontram-se a


futurologia comparativa e a heurística do temor, ambas buscam provocar uma alerta relativo
ao futuro. A Futurologia comparativa serve como um prognóstico hipotético a fim de
provocar um estímulo ou advertência em relação a ação presente, ou seja, pelo levantamento
da possibilidade de equívoco, pois neste caso a previsão negativa estabeleceria um futuro
favorável. Esta ciência do que pode ou que é provável que aconteça, caso o curso continue,
torna-se importante ferramenta ética para enfrentar os desafios do momento presente
(OLIVEIRA, 2014, p. 128-129).
No caso da heurística do temor 18caracteriza-se pelo prognóstico negativo em relação
ao futuro, nessa base, parte-se de uma advertência com intuito de construir “freios
voluntários” a este “Prometeu desacorrentado19” da ciência moderna, em outras palavras, pelo
conhecimento do malum como potencialidade e possibilidade (in dubio pro malum) a
alteração das atitudes e comportamentos do presente. Trata-se de uma distopia. (OLIVEIRA,
2014, p. 129-130).
Esta nova ética busca princípio ético ainda não conhecidos em favor de um efeito
distante, pois diante do dever de existir toda possibilidade se esvai (dissolve), isto é, a
existência enquanto ser não pode ser objeto de aposta, por isso, considerando possibilidade
como certa a fim de evitá-la, isto se dá pelo conhecimento e ampla divulgação dos riscos,
18
“[...], o temor é um elemento condicionado à sobrevivência da espécie e da autenticidade da imagem do
homem [...]. Tudo funciona como se o temor fosse o resultado do artifício imaginativo do pior prognóstico em
relação ao futuro, num tempo em que a esperança e o entusiamo utópico pareciam substituir a responsabilidade
individual e coletiva pelas garantias de continuidade da vida. Diante do perigo do mal supremo, imaginado como
risco trazido pela técnica, Jonas faz do temor uma “imperativo de prudência hiperbólica” (SÈVE, apud
HOTTOIS, 1993, p. 119), ou seja, um elemento que preveniria a humanidade de seu próprio desaparecimento,
seja do ponto de vista substancial (o fim da espécie) seja formal ( a autenticidade da vida humana).”
(OLIVEIRA, 2014, p. 135).
19
Hans Jonas faz alusão ao mito de Prometeu, quando rouba o fogo dos deuses e o dá aos homens, sem a
premissão de Zeus, provoca uma vantagem aos homens em relaçãos ao animais, e como castigo “Zeus o
acorrentou a um rochedo com cadeias que o prendiam dolorosamente pelos braços e pernas. Assim exposto, sem
poder se defender, Prometeu sofria todos os dias o ataque de uma águia que vinha lhe devorar o fígado. E todos
os dias, para seu suplício, seu fígado se recompunha.” (POUZADOUX, 2001, p. 22). Dessa forma, Promoteu é
relacionado a técnica, e este titã desacorrentado significa esta vantagem moderada.
16

causando temor nas pessoas com objetivo delas alterarem as causas da ameaça (OLIVEIRA,
2014, p. 131-132).

As possibilidades de catástrofe não são mais um delírio, diante da expansão do


poder do homem pela técnica e pela onipotência com que coloca a vontade de querer
do “homo faber”. Não resta outra alternativa senão antecipar ou projetar esse mesmo
“nada” como possibilidade de mover o sentimento para a ação. (ZANCANARO,
1998, p. 35).

Diante do embriaguez do poder técnico e da utopia do progresso científico, a


perspectiva heurística, pelo temor, busca fazer o certo em vista do sobreviver, ou seja, fazer o
bem, o que significa a permanência da vida coletiva. Assim, pela futurologia, pela heurística
do temor, na intenção de colocar freios voluntários para a ação técnica, constitui a “lógica
interna” da ética da responsabilidade (OLIVEIRA, 2014, p. 139-140).
Hans Jonas para fundamentar sua ética enfrenta questões ontológicos-metafísica, a
saber: “[1] do ser deriva um dever ser; [2] a pergunta sobre por que o ser deve existir”, diante
do risco do desaparecimento. Ambas as questões, para ele, são cruciais, a fim de compreender
o fenômeno decorrente do desenvolvimento da técnica, qual seja: a neutralização da ética da
natureza, por isso, desprovida de valor e suscetível a exploração humana; e a redução da ética
a subjetividade como agente da técnica e por sua vez coloca a própria existência em risco.
Dessa forma, este modelo demasiado antropocentrico separou “o ser e a natureza, o valor e a
vida, o ser e o dever ser”, submetendo a moral ao bem humano (OLIVEIRA, 2014, p. 140-
141).
Opostamente a este movimento, a ameaça à biosfera exige uma mudança ética,
impulsionado a superar a separação do homem e natureza, e promovendo uma aliança, na qual
exige a responsabilidade humana de proteger a natureza e as futuras gerações, em que pode
ser sintetizada na obrigação de “respeitar e cuidar da vida em geral”. Ademais, a ética da
responsabilidade visa preservar a dignidade própria do ser humano, por ser portador da vida
que possui uma dignidade intrínseca. Portanto, é necessário recusar a dualidade do ser e dever
ser, sendo a vida um bem em si mesmo, por isso, é a própria “vida que evoca o dever e funda
a responsabilidade” (OLIVEIRA, 2014, p. 142-143).
Outrossim, o pensamento jonasiano toma como paradigma da nova responsabilidade a
autoridade do pai e do político:

[...], Jonas define como responsabilidade paterna, cuja condição de


possibilidade emerge da relação natural, incondicional, englobando a
totalidade do objeto, não dependendo de aprovação prévia. Enquanto o outro
17

modelo paradigmático da responsabilidade, a saber, a responsabilidade


política, Jonas definiu como sendo fruto de uma escolha, ambicionando o
poder para exercer a responsabilidade suprema.
[...].
A responsabilidade política é ampla, pois trabalha com espaços maiores na
perspectiva histórica. Já a responsabilidade paterna é centrada no
desenvolvimento individual da criança. A responsabilidade política e
paterna têm o poder de decisões em relação à vida para sua continuidade no
presente, sobretudo, no futuro. (MOREIRA, 2014, p. 154-155).

Conquanto, sendo uma perspectiva para o futuro, cujo fundamento metafísico parte da
racionalidade humana e é ontobiológico, pensa-se a vida como um fenômeno geral, optando
necessariamente pela vida em detrimento da morte, da sobrevivência em detrimento da risco
da inexistência. Por isso, partindo da existência como um bem, pois existir é melhor que não
existir, a vida impõe-se como um imperativo e um valor em si mesmo, mostra-se, desse modo,
o valor de todos os valores, sendo a via de possibilidade dos demais valores (OLIVEIRA,
2014, p. 150-153).
Por fim, em oposição ao antropocentrismo kantiano, revela os imperativos da nova
ética para nortear as ações: “Age de tal modo que os efeitos de tuas ações sejam compativeis
com a permanência da vida humana autêntica na terra”, ou negativamente, “Age de tal modo
que os efeitos de tuas ações não sejam destrutivos para a futura possibilidade dessa vida”, ou
simplesmente, “Não coloques em perigo as condições da continuidade indefinida da
humanidade na Terra”, ou, ainda, positivamente, “Inclua na sua escolha atual, como o objeto
da sua vontade, a futura integridade do homem” (JONAS, 1995, p. 40).

CONCLUSÃO

A partir da discussão desenvolvida neste trabalho, é possível conjecturar que o


princípio da responsabilidade de Hans Jonas, além de se aproximar de certos princípios
constitucionais-ambientais, é uma importante ferramenta para a discussão ecológica.
Compreendendo a complexidade da ecologia, diversas áreas do conhecimento se
intercambiam a fim de avançar da implementação de um paradigma ecocêntrico, entre elas o
ecodireito. Ademais, em certa medida direito e ética se convergem quando propõem práticas
universalmente válidas a serem atingidas, dessa forma, o princípio da responsabilidade e o
ecodireito se aproximam quando almejam um desenvolvimento pautado na segurança das
presentes e futuras gerações, ao mesmo tempo, que visam implementar um paradigma
ecocêntrico.
18

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