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A Nova Guerra Contra Israel - Jed Babbin e Herbert London PDF
A Nova Guerra Contra Israel - Jed Babbin e Herbert London PDF
NOVA GUERRA
CONTRA
ISRAEL
JED BABBIN e
HERBERT LONDON
traduzido por
eduardo levy
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Babbin, Jed
A nova guerra contra Israel / Jed babbin e
1. ed. -- Santos : Editora Simonsen, 2015.
15-06388 CDD-327.5694
Índices para catálogo sistemático:
1. Conflito Israel-Palestina : Relações
internacionais 327.5694
2. Conflito Palestina-Israel : Relações
internacionais 327.5694
O s autores desejam agradecer a Adam Bellow,
David Bernstein e ao resto da equipe da
Liberty Island Media pela assistência na produção
deste livro. Desejamos também agradecer ao
rabino Binyamin Sendler e ao General Ion Pacepa
por nos permitir usar uma pequena parte do vasto
repositório de sabedoria de que dispõem e a Bryan
Griffin por sua pesquisa soberba.
O
Prefácio à edição brasileira.................9
INTRODUÇÃO...................................15
A nova guerra contra Israel..................23
CAPÍTULO 1 - as raízes políticas e
ideológicas do movimento BDS.................
41
I
o nascimento do BDS............................47
CAPÍTULO 2 - refutando as mentiras...........55
o embuste do apartheid.........................56
crimes de guerra e genocídio...................60
R
o bloqueio de Gaza e os muros..................67
o libelo de sangue 2.0 de Barghouti........... 72
limpeza étnica?................................76
não existe “direito de retorno”................89
A
CAPÍTULO 3 - a estratégia de Durban, a ONU e
a desinformação..............................93
CAPÍTULO 4 - o movimento BDS no mundo........101
CAPÍTULO 5 - o BDS nos Estados Unidos........113
M
CAPÍTULO 6 - quem financia o movimento BDS?..125
CAPÍTULO 7 - implicações para a política
externa dos EUA e Israel.....................137
o processo de paz............................. 142
o futuro da política externa americana........ 148
U
2 http://www.algemeiner.com/2014/03/04/full-trans-
cript-prime-minister-netanyahu%E2%80%90s-speech
28
No entanto, os israelenses até hoje não
A NOVA GUERRA CONTRA ISRAEL
Israel ao meio.
A Primeira Intifada começou em dezembro
de 1987, com o ataque palestino a militares
e civis israelenses com pedras, coquetéis-
molotovs e granadas de mão em protesto
contra a presença israelense no território da
Cisjordânia.5 Ao final dela, contava-se um
total de cerca de 20 mil mortos e feridos de
ambos os lados.6 Dos casos fatais, 1.561 eram
palestinos e 421 eram israelenses.7
O resultado foi a assinatura, em 1993,
do Acordo de Oslo, que prometia ser um
grande passo rumo à paz, pois cada um dos
lados concordou em reconhecer o outro, a
Organização pela Libertação da Palestina
comprometeu-se a renunciar ao terrorismo
e Israel aceitou trocar terras por paz.
5 http://news.bbc.co.uk/2/hi/329643.stm
6 Ibidem.
7 http://www.btselem.org/statistics/first_intifa-
da_tables.
31
Contudo, nenhum dos vizinhos árabes do
país judeu participou das negociações nem
reconheceu os termos do acordo. A paz
durou pouquíssimo tempo. Embora Israel
tenha começado a se retirar dos territórios da
Cisjordânia, o terrorismo não foi interrompido.
Os atentados suicidas se tornaram a principal
arma terrorista empregada pelos palestinos.8 A
partir de 29 de setembro de 20009, a Segunda
Intifada tornava-se uma luta declarada.
Por três vezes, desde 2000, primeiros-ministros
israelenses tentaram implementar a teoria da “terra
por paz” preconizada pela resolução 242 da ONU. Em
todas elas, ofereceram aos líderes palestinos
um Estado independente em termos muito
mais generosos do que a Jordânia e o Egito
haviam feito quando eram os controladores
de Gaza e da Cisjordânia.10 Em 2000, o então
primeiro-ministro israelense, Ehud Barak,
aceitou o plano proposto pelo presidente
norte-americano, Bill Clinton, que pretendia
estabelecer um Estado tanto na Cisjordânia
e em Gaza quanto no leste de Jerusalém; mas
Yasser Arafat, presidente da Autoridade
Palestina, abandonou as negociações e
deu início à Segunda Intifada.11 Depois, em
2005, o primeiro-ministro Ariel Sharon
8 http://news.bbc.co.uk/2/hi/middle_east/7381378.stm
9 Ibidem.
10 Sol Stern, “A Century of Palestinian Rejectionism and
Jew Hatred”, Encounter Broadsides (2011), p. 39.
11 Ibidem, p. 40.
32
desmanteloutodos os assentamentos judaicos
A NOVA GUERRA CONTRA ISRAEL
17 http://mondoweiss.net/2010/04/bds-is-a-lon-
g-term-project-with-radically-transformative-potential.
html.
18 http://www.rollingstone.com/music/news/ro-
ger-waters-calls-for-boycott-of-israel-20130320. (No
Massacre de Sharpeville, ocorrido em 1960, na África
do Sul, pelo menos 50 pessoas foram assassinadas pela
polícia ao protestar pacificamente contra as leis do passe
que restringiam os movimentos dos negros.)
37
segregação na Palestina Ocupada tornam esta
resolução um imperativo ético para a ASA. Se
tivermos aprendido a lição mais importante
de Martin Luther King—que a justiça é sempre
indivisível— estará claro que um movimento de
massa em solidariedade à liberdade palestina já
está muito tempo atrasado.”19
●● Quando o Festival de Cinema de Toronto
homenageou o aniversário de 100 anos de Tel
Aviv, Jane Fonda, Danny Glover, Eve Ensler e
outros esquerdistas de Hollywood assinaram
uma carta juntando-se a um boicote ao festival,
carta que dizia, entre outras coisas, que Tel
Aviv foi construída com violência, ignorando
“o sofrimento de milhares de ex-residentes e
seus descendentes.”20
●● A escritora Alice Walker, franca apoiadora
do BDS e participante do esforço de um navio
turco para quebrar o bloqueio da Faixa de
Gaza, afirmou: “Os assentados [israelenses]
são a [Ku Klux] Klan”.21
22 http://www.economist.com/news/middle-e-
ast-and-africa/21595948-israels-politicians-sound-
-rattled-campaign-isolate-their-country.
39
41
AS RAIZES POLITICAS E IDEOLOGICAS
1
C A P I T U L O
DO MOVIMENTO BDS
A s raízes ideológicas e intelectuais do
movimento BDS remontam a dois fatos
históricos. Primeiro, o boicote a Israel que a Liga
Árabe mantém desde 1948; segundo, os esforços
da União Soviética para provocar o isolamento
do Estado judeu e a condenação do sionismo.
De acordo com um relatório produzido em
2013 pelo serviço de pesquisas do Congresso
dos Estados Unidos (Congressional Research
Service, CRS), a Liga Árabe—um grupo de 22
países do Oriente Médio e da África—mantém
um boicote a empresas e produtos israelenses
desde 1948:
42
A NOVA GUERRA CONTRA ISRAEL
o nascimento do BDS
5 http://blog.unwatch.org/index.php/2013/11/25/this-
-years-22-unga-resolutions-against-israel-4-on-rest-of-
-world/
48
assistência social legítimas, mas uma quantidade
A NOVA GUERRA CONTRA ISRAEL
8 Ibidem., p. 36.
50
e para que sempre que se fizesse referência
A NOVA GUERRA CONTRA ISRAEL
9 http://www.ngo-monitor.org/article.php?-
viewall=yes&id=1958
51
Committee for the Protection of Human
Rights and the Environment [“Sociedade
Palestina pela Proteção dos Direitos Humanos
e do Meio Ambiente”] e o South African NGO
Committee [“Comitê das ONGs Sul-africanas”].
Steinberg afirma que grupos como esses
se beneficiam de um “efeito de halo”—seus
nomes pomposos e sua retórica magnânima
levam as pessoas a presumirem que são nada
mais que defensores apartidários dos direitos
humanos. Em consequência, frequentemente
se concede a eles grande deferência na mídia
e nos círculos políticos, mas o “efeito de halo”
costuma apenas mascarar uma agenda radical.
Por exemplo, o diretor executivo da
Human Rights Watch, Kenneth Roth, defendeu
a agenda anti-israelense da conferência,
afirmando em uma entrevista: “As práticas
racistas israelenses são claramente um tópico
apropriado”. Quando representantes de ONGs
israelenses tentaram falar, Reed Brody—diretor
jurídico da HRW—tratou de expulsá-los.
O Fórum das ONGs publicou, como
resultado da reunião, uma “declaração”. O
“apelo” do movimento BDS em 2005 parece
ser uma cópia dela. Há uma seção inteira
devotada à Palestina e aos palestinos:
●● A seção 419 afirma que a ONU deveria
forçar Israel a permitir o “direito de retorno”,
a encerrar a “ocupação militar colonial” da
Cisjordânia e da Faixa de Gaza e a se retirar
das duas áreas; apela que a ONU reestabeleça a
52
resolução que equipara o sionismo ao racismo;
A NOVA GUERRA CONTRA ISRAEL
10 http://i-p-o.org/racism-ngo-decl.htm
55
2
M E N T I R A S
C A P I T U L O
A S
N a guerra ideológica, cujo objetivo é fazer
com que as pessoas mudem suas ideias,
o movimento BDS teve uma vantagem de quase
dez anos sobre Israel, que com grande atrasado R E F U T A N D O
começou a se defender, em 2013. Como disse
Mark Twin, a despeito dos fatos “uma mentira
pode viajar metade do mundo enquanto a verdade
ainda está calçando os sapatos”. Não é que os
israelenses tenham sido complacentes, mas
eles fazem uma suposição que lhes é bastante
prejudicial: a de que tendo testemunhado
a criação do país, os justos do mundo se
lembrarão desse evento e da intransigência e
violência árabe que se seguiu a ele e colocarão
56
os acontecimentos presentes em contexto. É uma
A NOVA GUERRA CONTRA ISRAEL
o embustre do APARTHEID
4 http://www.nytimes.com/2011/11/01/opinion/israel-
-and-the-apartheid-slander.html
60
crimes de GUERRA e
A NOVA GUERRA CONTRA ISRAEL
GENOCÍDIO
operation_cast_lead_20
12 http://www.washingtonpost.com/wp-dyn/content/
article/2006/01/26/AR2006012600372.html
13 Andrew McCarthy, “The Grand Jihad,” Encounter
Books (2010), p. 136.
63
Humanos da ONU, sob chefia do juiz sul-
africano Richard Goldstone, foi designada para
investigá-las. Como o Conselho tem uma longa
história de críticas a Israel, o país se recusou
a cooperar. No relatório inicial, a comissão
Goldstone acusou Israel de atacar alvos civis
intencionalmente e afirmou, corretamente,
que os terroristas do Hamas também atacavam
alvos civis israelenses.14
Israel se sentiu ultrajado e deu início a
investigações próprias. Em consequência
dessas investigações e de outras subsequentes
às dele, o juiz Gladstone retificou uma parte
significativa do relatório original. Em um
artigo publicado no Washington Post do dia
1 de abril de 2011, ele admitiu que Israel não
havia atacado civis intencionalmente como
diretriz política (embora ele não eximisse
soldados individuais). O juiz também reafirmou
que o Hamas havia, clara e deliberadamente,
cometido crimes de guerra. E acrescentou:
“Não é preciso nem dizer que os crimes de
guerra que afirmamos que o Hamas cometeu
foram intencionais—seus foguetes eram
lançados indiscriminada e propositadamente
sobre alvos civis”.15 Também significativo,,
14 http://www.washingtonpost.com/wp-dyn/content/
article/2009/09/15/AR2009091503499.html
15 http://www.washingtonpost.com/opinions/recon
64
Goldstone afirmou, era que embora Israel
A NOVA GUERRA CONTRA ISRAEL
18 http://littlegreenfootballs.com/article/22071_
Photographer_Alleges_Unearthing_of_Bodies
19 http://www.washingtonpost.com/opinions/re-
considering-the-goldstone-report-on-israel-and-war-cri-
mes/2011/04/01/AFg111
20 http://www.icrc.org/applic/ihl/ihl.nsf/ART/
357-02?OpenDocument
67
Nenhuma das acusações de genocídio
contra Israel cita nenhum traço de prova.21
As políticas e ações de Israel jamais tiveram a
intenção de destruir os palestinos como grupo,
nem no todo nem em parte. Dizer o contrário
é, talvez, a mais monstruosa das mentiras dos
líderes do BDS.
o BLOQUEIO de GAZA e os
MUROS
limpeza ÉTNICA?
32 Supra, Stern, p. 8
78
pogroms de 1920 e 1929. O ódio crescente
A NOVA GUERRA CONTRA ISRAEL
forças israelenses.
De acordo com o historiador Benny Morris,
o êxodo árabe das terras do Mandato Britânico
aconteceu em ondas: a primeira, de dezembro
de 1947 a março de 1948, e a segunda, de abril
a junho de 1948. As outras ocorreram durante
a Guerra de Independência de Israel (maio de
1948 a junho de 1949).37
A primeira onda ocorreu na confusão
resultante da aproximação da data da retirada
britânica (marcada para agosto de 1948). Foi
um tempo em que milícias árabes e forças
judaicas combatiam tanto na guerra de
guerrilha quanto na guerra convencional.38
Muito da confusão foi resultado de os líderes
36 http://www.yale.edu/lawweb/avalon/un/res181.
htm
37 Supra, Morris, pp. 29–131
38 Ibidem., pp. 30-31
81
árabes ordenarem, alternadamente, tanto
que os palestinos não arredassem pé de
Israel quanto que partissem para as terras
árabes.
Em maio de 1948, a revista Time relatava:
“A retirada em massa, impelida em parte
pelo medo, em parte pelas ordens dos líderes
árabes, transformou as plagas árabes de
Haifa em uma cidade fantasma. (...) Ao
remover os trabalhadores árabes, os líderes
esperavam paralisar Haifa”. De modo similar,
em outubro de 1948, a Economist relatou:
“Dos 62 mil árabes que antes viviam em
Haifa, não restaram mais que cinco ou seis
mil. Vários fatores influenciaram a decisão
de buscar segurança na fuga, mas restam
poucas dúvidas de que o mais poderoso deles
foram os vários pronunciamentos do Alto
Comitê Árabe no rádio instando os árabes
a partir. (...) Anunciava-se claramente que
aqueles que ficassem em Haifa e aceitassem
proteção dos judeus seriam considerados
renegados”. 39
Como o primeiro-ministro sírio, Khaled
Al-Azm, disse depois da guerra de 1948:
39 http://www.jewishfederations.org/page.as-
px?id=121275
82
A NOVA GUERRA CONTRA ISRAEL
42 http://www.foxnews.com/world/2013/07/11/bosnia-
-to-bury-hundreds-at-srebrenica-massacre-site/
86
Mas não houve nada semelhante aos
A NOVA GUERRA CONTRA ISRAEL
43 http://www.mideastweb.org/arableague1948.htm
87
Nas mais de seis décadas que se passaram
desde a fundação de Israel, os países árabes
deixaram muito claro que não pretendem
resolver o problema dos refugiados palestinos.
O Egito recusa a entrada deles desde a Guerra de
1948, ao passo que tanto a Síria quanto o Líbano
lhes nega o direito de refúgio. Apenas a Jordânia
concede direito de cidadania aos palestinos, e
assim mesmo reivindicando no processo o que
é hoje o território da Cisjordânia.44
Atualmente, o grosso da população
palestina não está na Cisjordânia nem em Gaza;
está, na verdade, aprisionado em campos de
refugiados na Jordânia (341.000), no Líbano
(226.000) e na Síria (127.800), enquanto mais
do dobro desse número de pessoas vive nesses
países fora dos campos.45
Os refugiados palestinos têm uma agência
da ONU especialmente dedicada a seu bem-
estar, a Agência das Nações Unidas de
Assistência e Trabalho para os Refugiados
Palestinos no Oriente Próximo [UNRWA, na
sigla em inglês]. Em 1958, em visita à Jordânia,
Ralph Galloway, da UNRWA, declarou o
seguinte:
44 http://www.jewishfederations.org/page.aspx?id=47015
45 http://prrn.mcgill.ca/background/index.htm
88
A NOVA GUERRA CONTRA ISRAEL
46 http://www.eretzyisroel.org/~jkatz/refugees2.html#18
89
apenas pressionando os Estados Unidos a
exigir mais concessões dos israelenses. Eles
exercem influência sobre as negociações, mas
apenas para evitar o acordo. Por exemplo,
antes do encontro Abbas-Obama em 2014,
a porta-voz do Departamento de Estado,
Jen Psaki, disse ao jornal palestino Al-Quds
que não era necessário que os palestinos
reconhecessem Israel como Estado judeu.47
Agarrando-se a esta aparente mudança na
conduta americana, os ministros de Relações
Exteriores da Liga Árabe replicaram em
massa que os palestinos jamais o fariam.48
2014.
98
Como já demonstramos, a base do BDS é falsa.
A NOVA GUERRA CONTRA ISRAEL
3 http://www.amnesty.org/en/who-we-are
104
seu viés anti-israelense, conferindo-lhe uma aura
A NOVA GUERRA CONTRA ISRAEL
6 http://www.ft.com/intl/cms/s/0/901cdbbc-a9f-
9-11e3-adab-00144feab7de.html?siteedition=intl#axzz-
2vle87E9b
7 http://www.thecommentator.com/article/3544/
revealed_british_government_funds_israel_boycott_acti-
vists
107
PGGM—um grande gestor de fundos
holandês—anunciou que retiraria seus
investimentos de cinco bancos israelenses
por causa do suposto envolvimento deles com
assentamentos israelenses na Cisjordânia. Os
investimentos (no Bank Hapoalim, no Bank
Leumi, no First International Bank of Israel,
no Israel Discount Bank e no Mizrahi Tefahot
Bank) somavam dezenas de milhões de euros.8
Há ainda outro aspecto do sucesso do
movimento BDS na Europa. Em junho de 2013,
a Comissão Europeia publicou normas que
bloqueavam a concessão de bolsas, prêmios e
fundos da UE para qualquer entidade israelense
em terras da Palestina “ocupada”.9 É razoável
que os israelenses temam que essa ação seja
precursora de um boicote mais amplo da União
Europeia a instituições e empresas israelenses
conforme os objetivos do BDS.
Mas o movimento também encontra seus
detratores no Velho Continente. Na França, doze
ativistas pró-boicote foram condenados por
incitação ao ódio racial depois que entraram em
uma mercearia e colaram adesivos amarelos com
slogans anti-israelenses em legumes importados
de Israel. O país, que tem uma grande população
muçulmana não-assimilada, também proibiu uma
8 http://www.reuters.com/article/2014/01/08/nether-
lands-israel-divestment-idUSL6N0KI1N220140108
9 http://www.ft.com/intl/cms/s/0/96304cdc-ee01-11e-
2-816e-00144feabdc0.html#axzz30gX8AOB8
108
turnê do comediante anti-israelense e antissemita
A NOVA GUERRA CONTRA ISRAEL
16 http://www.economist.com/news/middle-e-
ast-and-africa/21595948-israels-politicians-sound-
-rattled-campaign-isolate-their-country
5
U N I D O S
C A P I T U L O
E S T A D O S
A té o momento, o BDS não teve muita
sorte, ao menos fora da academia, em
convencer os americanos a juntar-se ao boicote
a Israel. Mesmo nas universidades americanas, é
difícil enxergar as razões por que o movimento
teve relativo sucesso.
N O S
O simples fato é que, embora o movimento
BDS alegue que o boicote ampliaria a liberdade
acadêmica, em verdade ocorreria o oposto. Em seu
livro, Barghouti critica a American Association
of University Professors (AAUP) [“Associação
B D S
sive.html
5 http://www.maannews.net/eng/ViewDetails.
aspx?ID=657570
6 http://freebeacon.com/coke-backs-bds-group-
-trying-to-cripple-israeli-soda-competitor/
117
Seria de se esperar que qualquer organização
que queira se qualificar como defensora dos
direitos civis apoiasse as mulheres e condenasse
os assassinatos por honra e as mutilações
genitais que elas sofrem na maior parte do
mundo islâmico. Mas não o CAIR.
Em abril de 2014, a entidade conseguiu
interromper a exibição de Honor Diaries [“Diários
da Honra”], um filme que traça o perfil de nove
mulheres que experimentaram “assassinatos por
honra”, “violência por honra”, mutilação genital
e casamentos forçados. De acordo com o CAIR, o
filme era um exemplo de “islamofobia”7, ou seja,
condenar os crimes contra as mulheres cometidos
nos países árabes é um ato “islamofóbico”.
O CAIR se coloca firmemente sob o foro
da Irmandade Muçulmana e sua pauta é
coordenada com a de várias organizações
semelhantes.8 A Irmandade Muçulmana foi
classificada como organização terrorista pela
Arábia Saudita em março de 2014.9
7 http://www.foxnews.com/opinion/2014/03/31/isla-
mophobia-in-action-honor-diaries-screening-shut-down-
-by-cair/
8 Andrew McCarthy, “The Grand Jihad,” pp. 150–155
9 http://www.defensenews.com/article/20140224/DE-
FREG04/302240014/Palestinian-BDS-Threat-Hangs-Abo-
ve-Negotiations
118
Em conjunto com a National Lawyers Guild
A NOVA GUERRA CONTRA ISRAEL
12 http://coreyrobin.com/about/
120
fala em nome das normas mais mínimas de uma democracia
A NOVA GUERRA CONTRA ISRAEL
13 http://coreyrobin.com/2013/12/13/a-response-to-
-michael-kazin-on-bds-and-campus-activism/
14 http://sjpnational.org/
121
Aparentemente os estudantes da SJP
foram reprovados nos cursos de história
e estudos religiosos em que deveriam ter
aprendido que Jesus era judeu.
Outra organização estudantil pró-BDS é o
Students Allied for Freedom and Equality (SAFE)
[“Estudantes Aliados pela Liberdade e a Igualdade”].
Em dezembro de 2013, o SAFE enviou falsos
avisos de despejo para os estudantes da University
of Michigan, supostamente do departamento
de alojamentos da universidade, ameaçando
a demolição das moradias universitárias. Aos
avisos se seguiram um artigo do Michigan Daily
Viewpoint comunicando aos estudantes que os
avisos eram uma sátira política e convidando-os a
juntar-se ao movimento BDS.15
Em março de 2014, quando a assembleia
estudantil se preparava para votar uma resolução
que propunha o desinvestimento, ativistas pró-
BDS gritaram ameaças de morte a um estudante.
Segundo a notícia do Washington Free Beacon:
-kike-dirty-jew-at-university-of-michigan/
17 https://www.facebook.com/BDSSupportNetwork/
info
18 http://www.endtheoccupation.org/article.
php?id=3383
BDS
6
C A P I T U L O
MOVIMENTO
N o dia 8 de outubro de 1997, o
Departamento de Estado americano
O
classificou vários grupos palestinos como
organizações terroristas estrangeiras. Entre FINANCIA
eles estavam o Hamas, a Frente Popular pela
Libertação da Palestina (FPLP), a Jihad Islâmica
Palestina, a Frente de Libertação da Palestina e
o Comando Geral da FPLP.1 Essa classificação
continua em prática até o momento.
Uma das ONGs mais ativas no apoio ao
movimento BDS é a Coalizão das Mulheres
pela Paz (CMP), descrita pela própria página
na web como “uma organização feminista
QUEM
1 http://www.state.gov/j/ct/rls/other/des/123085.htm
126
justa”.2 Membros da CMP já levaram a
A NOVA GUERRA CONTRA ISRAEL
23 http://www.haaretz.com/misc/writers/hanan-
-ashrawi-1.423863
24 Supra, Barghouti, pp. 243, 245
25 http://www.haaretz.com/opinion/.pre-
mium-1.573315
135
Organizações como o Al Mezan, o ARIJ,
o MIFTAH, a CMP e o resto dedicam-se
inteiramente a alimentar a máquina de
desinformação do BDS. A pergunta que fica
é: que parte dos fundos doados a elas por
governos e ONGs europeus e por doadores
ocultos vai diretamente para o financiamento
do BDS em si?
É impossível que todo o financiamento
venha de ONGs e governos da Europa. A julgar
pelas outras estratégias de manipulação em
que os países árabes investem pesadamente, é
praticamente certeza que a Arábia Saudita, o
Qatar (cujo governo dirige a rede de televisão
al-Jazeera) e outros estejam financiando
o BDS. O sonoro apoio da Turquia aos
palestinos, assim como a morte de ativistas
turcos no incidente com o navio Mavi
Marmara, tornam razoavelmente certo que o
governo de Ergodan também esteja ajudando
a financiar o BDS. E seria um choque
descobrir que o Irã não está no meio.
No momento, não há nenhuma prova
concreta que ligue os países árabes, a Turquia
e o Irã aos grupos do BDS.26 O apoio deles,
se existe, é um segredo guardado entre os
governos e os recipientes do dinheiro. Mas
dada a hostilidade que nutrem por Israel e
que expressam na ONU e em outros lugares, é
simplesmente lógico supor que o financiamento
exista e que seja significativo.
26 O grupo Im Tirtzu produziu em 2010 um relatório a
respeito disso que pode ter boas fontes, mas ele próprio
traz fortes ressalvas com relação à sua precisão
(http://www.imti.org.il/Reports/WFTD_English_Report.pdf).
IMP L ICA COE S PARA A P O LI T I C A
7
EXTERNA DOS EUA E DE ISRAEL
O s efeitos do movimento BDS na
C A P I T U L O
política externa e na política doméstica
americanas podem ser divididos em três
períodos: governo Bush, governo Obama e
governo pós-Obama.
Durante o governo George W. Bush, de
2001 a 2009, o BDS não teve nenhum efeito
discernível na política americana.
Durante o governo Obama, o movimento
ganhou, no mínimo, força retórica,
provavelmente resultante do aparente desdém
do presidente por Israel e de sua antipatia
pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin
Netanyahu. Em um discurso de 2009, no
Cairo, Obama referiu-se a Israel como aliado
americano. Mas ele também disse:
138
Por outro lado, também é inegável que o povo palestino—
A NOVA GUERRA CONTRA ISRAEL
1 http://www.whitehouse.gov/the_press_office/Remarks-
-by-the-President-at-Cairo-University-6-04-09
139
O impacto do colonialismo, das circunstâncias
mundiais, do desenvolvimento histórico: tudo isso era,
para os orientalistas, como moscas para um moleque,
para serem mortas - ou desconsideradas - por esporte,
nunca levado a sério o bastante para complicar o islã
essencial.2 [Tradução de Tomás Rosa Bueno. Ver nota.]
8 http://www.timesofisrael.com/defense-minister-re-
portedly-trashes-kerry-peace-talks/
9 http://www.telegraph.co.uk/news/worldnews/midd-
leeast/israel/10613055/John-Kerry-labelled-anti-Semite-
-for-warning-of-possibleboycott-of-Israel.html
142
O presidente Obama, em uma entrevista
concedida em março de 2014, foi além, quase
A NOVA GUERRA CONTRA ISRAEL
as tradições de Israel?10
o processo da PAZ
O dia 29 de abril chegou e passou e ninguém
ficou melhor nem pior por causa disso. Exceto,
talvez, Barack Obama, que havia estabelecido
esse dia como prazo artificial para a elaboração
de um acordo final entre os israelenses e os
palestinos nas negociações de paz.
O fracasso dos esforços de Obama foi
apenas mais uma não-realização a se somar
a seu registro como estadista. Entre as suas
não-realizações estão o acordo mediante o
qual a Síria interromperia a produção de armas
químicas (que não foi interrompida), o primeiro
estágio do acordo nuclear com o Irã (que serviu
10 http://www.bloombergview.com/arti-
cles/2014-03-02/obama-to-israel-time-is-running-out
143
apenas para permitir ao país ganhar tempo para
proteger seu regime e os meios de produzir
armas nucleares antes de verdadeiramente
construir uma ogiva funcional) e o controle da
Crimeia pelo presidente russo Vladmir Putin.
(Tudo isso veio depois do acordo com Putin
para limitar armas estratégicas, em que Obama
concordou em reduzir o arsenal nuclear
americano e fez também o que os russos
sustentam ter sido uma concessão jamais feita
antes: que as defesas antimíssil americanas
fossem consideradas armas ofensivas.)
A diplomacia, como a política, é uma arte
que requer concessões. Mas as áreas em que se
podem fazer concessões são limitadas pelo que
as partes acreditam ser seus interesses vitais.
Uma nação como Israel ou um grupo como
os palestinos podem ser induzidos por meio
militar a abrir mão de um interesse vital, mas só
por esse meio. E prazos para concessões não
podem ser fixados por intrometidos oficiais:
prazos reais são estabelecidos pelos fatos
no terreno da maneira como são vistos pelas
partes em conflito.
Nessa rodada de negociações de paz, o prazo
de Obama estava fadado a falhar, porque os
fatos no terreno não exigiam que nenhuma das
partes em conflito fizesse concessão alguma a
respeito do que acreditava ser seus interesses
vitais.
Mas, aparentemente, o secretário de Estado
deseja, com a aprovação do presidente, culpar
Israel pelo fracasso das negociações de paz. Em
uma reunião a portas fechadas da Comissão
Trilateral, em 24 de abril, com o fracasso
144
das negociações de paz iminente, Kerry disse
A NOVA GUERRA CONTRA ISRAEL
15 http://www.algemeiner.com/2012/09/27/full-
-transcript-prime-minister-netanyahu-speech-to-united-
-nations-general-assembly-2012video/
16 http://www.worldtribune.com/2013/05/07/
obama-three-times-denied-israels-request-for-mop-
-bunker-busters/
17 Ver, por exemplo, http://www.foxnews.com/
story/2009/12/14/secret-document-exposes-iran-nucle
147
se fia na confiabilidade da “caquistocracia”, ou
governo dos piores, do Irã. É uma aposta ruim
para os EUA e pior ainda para Israel.
O que será a política externa americana
depois de Obama depende, obviamente, de
quem será eleito para sucedê-lo. A única certeza
é que se o quadragésimo-quinto presidente
americano for Hillary Clinton, ela seguirá a
trilha traçada pelo atual presidente rumo ao
isolamento e ao boicote de Israel. Em 1999,
quando era primeira-dama, Clinton visitou
Suha, a mulher de Yasser Arafat. Clinton estava
ao lado dela, em uma declaração conjunta,
enquanto a senhora Arafat acusava Israel
de usar gás venenoso contra os palestinos.18
(Hillary deu um beijo em Suha antes de essa
observação ser feita.)
O coração de Clinton, aparentemente,
continua com os palestinos. Em 2012, por
exemplo, ela disse o seguinte em um fórum
sobre as relações israelo-americanas:
Hillary-rips-Israel
149
Um modo de fazer isso é a aprovação, pelo
Congresso, de um projeto de lei semelhante
à legislação antiboicote de 1976-1977, que
derrotou o embargo árabe. A emenda Ribicoff
ao Tax Reform Act, de 1976, e as emendas
de 1977 ao Export Administration Act
impedem “entidades americanas”—indivíduos,
corporações e associações sem personalidade
jurídica—de, entre outras coisas, concordar em
recusar-se ou recusar-se de fato a comercializar
com Israel, e impõem penas civis e criminis a
quem o faça.20 Embora a lei, que ainda é válida,
tenha impedido que empresas e cidadãos
americanos aderissem ao boicote liderado pelos
países árabes, aparentemente ela não impede
que adiram aos boicotes do movimento BDS,
portanto ela deve ser revista e expandida até o
ponto em que a Constituição permitir.
Há pelo menos uma proposta no
Congresso para interromper o repasse de
verbas federais para instituições acadêmicas
que participem do BDS, mas há dúvidas se
ela não fere a Primeira Emenda, pois seu
alvo é o boicote acadêmico a Israel a que
vários grupos e universidades já aderiram. 21
Uma lei melhor—que tire proveito do fato
de que contratos de governo não têm direitos
constitucionais—poderia proibir o governo de
estabelecer contratos com qualquer empresa,
indivíduo ou instituição acadêmica que
aderisse ao movimento BDS e se recusasse a
20 http://www.bis.doc.gov/index.php/enforcement/oac
21 http://freebeacon.com/house-bill-would-cut-fundin-
g-to-backers-of-israeli-boycotts/
150
comercializar com Israel.22 Não há nenhum
A NOVA GUERRA CONTRA ISRAEL
27 Id., p. 11
155
A guerra de 2006— e essa excelente análise
da cobertura que a mídia fez dela—fornece
três importantes lições para Israel no esforço
de derrotar o BDS, perfeitamente aplicáveis às
futuras guerras que o país terá de travar com o
Hezbollah no Líbano e com o Hamas em Gaza.
A primeira é que na guerra ideológica contra
as acusações falsas do movimento, o país judeu
tem de conquistar o máximo de “superioridade
aérea” que puder. Isto jamais se equiparará aos
anos de cobertura midiática afinada ao BDS e
aos efeitos dela, mas é possível fazer um trabalho
muito melhor tanto no ataque quanto na defesa.
Para fazer isso, Israel precisa tanto de
recrutas em casa quanto de aliados no exterior.
Como o relatório de Kalb e Saivetz mostra, o país
estará sempre sujeito à cobertura enviesada
da mídia árabe, mas não é ali que é preciso
enfrentar o movimento BDS: esse esforço deve
se concentrar na mídia das Américas, da Europa
e mesmo do Extremo Oriente, como a do Japão.
É preciso fazer, em veículos de mídia de
grande e pequena projeção das regiões citadas,
uma campanha de contrabalanceamento
desenhada para provar a falsidade das acusações
de apartheid, racismo e crimes de guerra e
todas as outras acusações do movimento BDS.
A principal demanda dos jornalistas em toda a
parte é por maior acesso aos principais líderes.
Pois que lhes seja dado. Como todos os países,
Israel tem seus segredos, mas quanto mais
aberto for, menos céticos serão os repórteres a
respeito dele e de suas ações.
156
O país já incorpora jornalistas entre as
unidades militares. O exército israelense, como
A NOVA GUERRA CONTRA ISRAEL
A P E N D I C E
JED BABBIN & HERBERT LONDON A NOVA GUERRA CONTRA ISRAEL 170
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JED BABBIN & HERBERT LONDON A NOVA GUERRA CONTRA ISRAEL 172
UE € 266.000 (2008)
AGRADECIMENTOS
a todos os apoiadores deste projeto, em
especial nossos grandes mecenas, por toda a
generosidade e devoção à cultura:
[2015]
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