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O Processo de
Avaliação e Intervenção
em Psicopedagogia
Curitiba, 2008
Sumário
1 INTRODUÇÃO 13
2 FUNDAMENTANDO A PSICOPEDAGOGIA 15
3 A AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA CLÍNICA 17
3.1 ENTREVISTA OPERATIVA CENTRADA
NA APRENDIZAGEM – E.O.C.A. 21
3.2 SESSÃO LÚDICA OU OBSERVAÇÃO LÚDICA 23
3.3 PROVAS OPERATÓRIAS 24
3.4 PROVAS PROJETIVAS PSICOPEDAGÓGICAS 28
3.5 PROVAS PEDAGÓGICAS 31
3.6 ANAMNESE 34
3.7 ENTREVISTA COM A ESCOLA 35
3.8 PROVAS E TESTES COMPLEMENTARES 37
4 A ANÁLISE DOS RESULTADOS E A CONCLUSÃO
DIAGNÓSTICA 39
5 A PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
PSICOPEDAGÓGICA CLÍNICA 41
5.1 A SITUAÇÃO-PROBLEMA 42
5.2 O JOGO COMO ESPAÇO PARA PENSAR 44
5.3 A TOMADA DE CONSCIÊNCIA DO ERRO 46
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 49
4 Shiderlene Vieira de Almeida Lopes
Plano de Curso
Especificidade: Psicopedagogia
Módulo: O Processo de Avaliação e Intervenção em Psicopedagogia
Autora: Dr.ª Shiderlene Vieira de Almeida Lopes
Carga Horária: 60 horas
APRESENTAÇÃO
O presente módulo tem como meta contribuir para o delineamento do cam-
po de atuação psicopedagógica no que diz respeito ao processo de avaliação
e intervenção clínica.
Sabemos que atualmente são constantes as discussões acerca da
Psicopedagogia, seu objeto de estudo e suas áreas de confluência. Contudo, há
muito para se pesquisar e discutir uma vez que essa área de conhecimento,
no contexto brasileiro, encontra-se, ainda, em processo de construção.
Dessa forma, nossa finalidade é apresentar os principais instrumentos de
avaliação psicopedagógica clínica bem como indicar possíveis caminhos para
as medidas de intervenção no âmbito clínico.
Esperamos contribuir significativamente com seu processo de formação pro-
fissional.
Felicidades e bom trabalho!
OBJETIVOS
Objetivo Geral
• Compreender a importância da atuação psicopedagógica, sua fundamen-
tação teórica e suas aplicações práticas no âmbito da avaliação
diagnóstica clínica e do processo de intervenção.
Objetivos Específicos
• Relacionar o campo de atuação da Psicopedagogia com outras áreas de
conhecimento;
• Identificar os principais instrumentos de avaliação psicopedagógica clí-
nica, aplicando-os de forma coerente em seu campo específico de atu-
ação;
• Conhecer as medidas e estratégias de intervenção psicopedagógica clí-
nica, fundamentando a construção de procedimentos próprios de medi-
ação;
• Estabelecer relações entre o processo de avaliação diagnóstica e as me-
didas de intervenção psicopedagógica.
6 Shiderlene Vieira de Almeida Lopes
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
1 Introdução
2 Fundamentando a Psicopedagogia
3 A avaliação psicopedagógica clínica
3.1 Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem – E.O.C.A.
3.2 Sessão Lúdica ou Observação Lúdica
3.3 Provas Operatórias
3.4 Provas Projetivas Psicopedagógicas
3.5 Provas Pedagógicas
3.6 Anamnese
3.7 Entrevista com a Escola
3.8 Provas e Testes Complementares
4 A análise dos resultados e a conclusão diagnóstica
5 A proposta de intervenção psicopedagógica clínica
5.1 A situação-problema
5.2 O jogo como espaço para pensar
5.3 A tomada de consciência do erro
6 Considerações Finais
AVALIAÇÃO
Ao longo de todo o texto elaboramos situações que suscitam momentos de
auto-avaliação. Para tanto, faz-se necessária a interação com os colegas bem
como a troca de idéias com os professores tutores. Além disso, faremos uma
avaliação escrita final, individual e sem consulta.
O Processo de Avaliação e Intervenção em Psicopedagogia 7
BIBLIOGRAFIAS
BOSSA, Nadia A. A psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da práti-
ca. 2. ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.
BRENELLI, Rosely Palermo. O jogo como espaço para pensar. Campinas, SP:
Papirus, 1996.
______. Aprender com jogos e situações problema. Porto Alegre: Artes Médi-
cas, 2002.
______; PETTY, Ana L. S.; PASSOS, Norimar C. Quatro cores, senha e dominó.
São Paulo: Casa do Psicólogo, 1997.
1 Introdução
Escrever sobre o processo de avaliação e inter-
venção em Psicopedagogia não é uma tarefa fácil
uma vez que a discussão estabelecida entre os pro-
fissionais da área acerca do referido tema, ainda
é uma constante, tratando-se, portanto, de um as-
sunto que não se esgotou em si mesmo. De minha
parte, enquanto pesquisadora da área, gosto da
idéia de participar de uma discussão que requer
novos debates, novos entraves e que, de certa
maneira, nos torna atuantes e agentes de um pro-
cesso de construção coletiva e, porque não dizer,
de “aprendizagem participativa”.
Neste sentido, o presente trabalho, ou melhor,
o atual diálogo, com você/aluno, não tem a pre-
tensão de apresentar tudo sobre o tema, mas sim,
de delinear possíveis caminhos de atuação
psicopedagógica para um profissional preocupado
e consciente de sua prática.
Convido você, então, a iniciar uma viagem,
partindo da fundamentação da Psicopedagogia,
passando pelas pesquisas já realizadas sobre o
tema de nossa aula e tendo como ponto de che-
gada a construção de procedimentos de avaliação
e intervenção. Procedimentos, esses, coerentes
com a sua ação, com o seu contexto específico de
atuação.
Ah! Apenas para lembrá-lo de que por se tratar
de uma viagem... Coloque em sua bagagem todo
seu conhecimento já construído, já elaborado e tam-
bém toda a sua experiência de professor, de pesqui-
sador, enfim, de cidadão atuante na sociedade. Cha-
mo sua atenção, ainda, para o seu “olhar” durante
nosso itinerário. Deve ser um “olhar psicopedagó-
gico”, um “olhar” destituído de preconceitos, imbu-
ído de consistência teórica e repleto de conheci-
mento vivenciado na prática. Não se esqueça dis-
so durante toda nossa jornada. Vamos lá?
14 Shiderlene Vieira de Almeida Lopes
O Processo de Avaliação e Intervenção em Psicopedagogia 15
2 Fundamentando
Psicopedagogia
a
3 APsicopedagógica
Avaliação
Clínica 1
18 Shiderlene Vieira de Almeida Lopes
Sugiro, nesse momento, que você faça uma análise do que acabamos
de expor. Reflita sobre a atuação do psicopedagogo bem como o seu grau
de responsabilidade, consciência e complexidade. Apenas temos a inten-
ção de desencadear um processo de tomada de consciência de sua ação.
Pense nisso e anote suas idéias!
Vamos relembrar?
• Estágio Sensório-Motor – 0 – 18/24 meses –
Inteligência Prática
• Estágio Pré-Operatório – 2 – 7/8 anos – Iní-
cio da Representação
• Estágio Operatório Concreto – 7/8 anos – 11/
12 anos – Início das Operações
• Estágio Operatório Formal – 11/12 anos –
Pensamento Hipotético Dedutivo
Consigo mesmo
• Desenho em episódios: o psicopedagogo
deve dobrar a folha em seis partes e solici-
tar para que o sujeito desenhe o dia de des-
canso de uma criança.
• O dia do meu aniversário: solicita-se o de-
senho do dia do seu aniversário.
• Minhas férias: solicita-se o desenho do que
fez durante as férias escolares.
• Fazendo o que mais gosto: Solicita-se o de-
senho do sujeito fazendo o que ele mais
gosta.
Dicas importantes:
• Peça explicações para a criança;
• Solicite o relato dos desenhos;
• Quem faz parte do desenho, qual a idade,
qual o nome;
• Que atividade está desenvolvendo;
• Faça perguntas complementares quando jul-
gar necessário.
Durante a avaliação escolha as provas
projetivas que melhor atendam seus objetivos. Não
é necessário aplicar todas elas. Pense na queixa
O Processo de Avaliação e Intervenção em Psicopedagogia 31
Leitura e Escrita
• Estruturação de histórias por meio de se-
qüências de gravuras, aproveitando o con-
texto social do avaliando;
• Leitura de livros e textos solicitados pelo su-
jeito e, portanto, de seu interesse;
• Dramatizações seguidas de estruturação de
textos e leitura dos mesmos;
• Caça-palavras, palavras cruzadas;
• Histórias em quadrinhos;
• Estruturação escrita de regras de jogos;
• Elaboração de enunciados de problemas do
dia-a-dia – compra, venda, troca.
Conhecimento Matemático
• Explicações de procedimentos elaborados
pelo sujeito quando da utilização de jogos
de regras: boliche, dominó, damas, xadrez
etc;
• Resolução de problemas a partir de situa-
ções do cotidiano do sujeito;
• Elaboração de enunciados de problemas do
dia-a-dia – compra, venda, troca.
• Elaboração e resolução de cálculos mentais
e escritos a partir de procedimentos desen-
volvidos pelo sujeito quando da utilização
de jogos de regras.
Salientamos que as atividades citadas devem
servir como um referencial, cabendo ao
psicopedagogo adaptar e criar novas situações
quando necessário. Não se esqueça de formular as
atividades de acordo com a faixa etária do avali-
ando, a série que está cursando e a queixa apre-
sentada inicialmente pela família e pela escola.
34 Shiderlene Vieira de Almeida Lopes
3.6 ANAMNESE
4 Aconclusão
análise dos resultados e a
diagnóstica
Ao final do processo de avaliação psicopedagó-
gica clínica, o psicopedagogo, certamente, deve-
rá já ter constituído uma visão geral acerca do su-
jeito de sua ação. Dito de outra forma, o psicope-
dagogo terá que ter claro o que vem acontecendo
com o avaliando do ponto de vista de sua apren-
dizagem e seus intervenientes.
Para tanto, faz-se necessário que, nesse mo-
mento, o psicopedagogo reúna os dados coletados,
analise-os e elabore sua conclusão diagnóstica.
A conclusão diagnóstica refere-se a uma des-
crição a qual deve englobar aspectos como:
• Análise do nível pedagógico;
• Análise do nível cognitivo;
• Análise das questões relativas ao desenvol-
vimento social;
• Análise das questões relativas ao desenvol-
vimento afetivo.
Você pode estar se perguntando: é o momen-
to de sintetizar tudo que aconteceu durante o pro-
cesso de avaliação? A resposta a essa pergunta é
afirmativa.
Sendo assim, elabore sua síntese, seu texto
descritivo, relatando todos os aspectos que julgar
necessário para esclarecer as dificuldades de
aprendizagem apresentadas pelo avaliando.
Vale ressaltar também que é a hora de dar sua
devolutiva para a família e para a escola, afinal,
eles estão ansiosos por esse momento. Marque uma
entrevista com os pais, explique acerca do traba-
lho realizado e delineie sua conclusão diagnóstica.
Faça o mesmo com a equipe da escola.
Não se esqueça que nessa etapa você já deve
ter em mente quais deveriam ser as medidas de in-
tervenção que você adotaria para o caso, portanto,
40 Shiderlene Vieira de Almeida Lopes
5 Apsicopedagógica
proposta de intervenção
clínica
Antes de explicitarmos em que consiste a in-
tervenção psicopedagógica clínica devemos escla-
recer a respeito das relações intrínsecas entre di-
agnóstico e intervenção.
Objetivamos, portanto, explicar que um bom
diagnóstico conduz a medidas de intervenção efi-
cazes.
Nesse sentido, a relação mútua existente entre
o processo de investigação e intervenção nos faz
compreender o quanto é importante a análise de
todos os dados coletados durante a avaliação
psicopedagógica na medida em que será por meio
dessa que o psicopedagogo obterá subsídios para
fundamentar sua prática no momento específico de
intervenção.
No contexto da Psicopedagogia, o tema – in-
tervenção psicopedagógica clínica – ainda conduz
a indagações e debates que nos remete, sobrema-
neira, à idéia de que precisamos estudar e pesqui-
sar cada vez mais.
5.1 A SITUAÇÃO-PROBLEMA
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O Processo de Avaliação e Intervenção em Psicopedagogia 45
6 Considerações finais
Como dissemos no início desse trabalho, não
era nossa intenção esgotar a discussão acerca do
tema proposto – O Processo de Avaliação e Inter-
venção em Psicopedagogia. Ao contrário, nosso
objetivo consistiu, durante todo o desenvolvimen-
to desse diálogo, em suscitar sua curiosidade e
motivá-lo para o estudo e a pesquisa acerca do
assunto em questão.
Esperamos ter cumprido nosso objetivo!
De nossa parte, ainda temos a acrescentar:
“Por quantas estradas, entre as estrelas, preci-
sa o homem mover-se em busca do segredo final?
A jornada é difícil, infinita, às vezes impossível, no
entanto, isto não impede que alguns de nós a ten-
temos...
Poder-se-ia dizer que nos reunimos à caravana
em um certo ponto: viajaremos até onde for pos-
sível; mas não podemos, durante uma vida, ver
tudo que gostaríamos de observar ou aprender tudo
que desejaríamos saber”. (Loren Eisely, The imense
journey)
REFERÊNCIAS
BRENELLI, Rosely Palermo. O jogo como espaço para pensar. Campinas, SP:
Papirus, 1996.
______. Aprender com jogos e situações problema. Porto Alegre: Artes Médi-
cas, 2002.
______. PETTY, Ana L. S.; PASSOS, Norimar C. Quatro cores, senha e dominó.
São Paulo: Casa do Psicólogo, 1997.
Manual de Estágio
Supervisionado em
Psicopedagogia Clínica*
INTRODUÇÃO
Há algumas décadas que profissionais de dife-
rentes áreas se preocupam com a questão do fra-
casso escolar e as dificuldades de aprendizagem
apresentadas pelos alunos; e é este contexto que
nos impulsiona a buscar alternativas para comba-
ter essa situação que não é só escolar, familiar,
mas também social.
Na tentativa de uma compreensão integradora
do processo de aprendizagem é que se desenvol-
ve a Psicopedagogia, área de conhecimento espe-
cífica que recorre a outros campos de atuação e
pesquisa – psicologia, pedagogia, sociologia, antro-
pologia, lingüística, neurologia – não desviando,
porém, de seu objeto de estudo que diz respeito à
aprendizagem e suas dificuldades.
De acordo com Scoz (1994), a Psicopedagogia
vem ganhando espaço no contexto educacional bra-
sileiro e despertando cada vez mais, o interesse de
inúmeros profissionais. Embora a Psicopedagogia
tenha nascido com o objetivo de promover uma re-
educação das crianças com problemas de aprendi-
zagem, atualmente ela se preocupa também com a
prevenção do fracasso escolar.
A formação do Psicopedagogo se estabelece a
partir da integração entre teoria e prática, por meio
de um processo dialético, possibilitando a aquisi-
ção de um perfil de atuação que relacione os co-
nhecimentos teóricos a uma postura profissional
consciente, não esquecendo do caráter multidis-
ciplinar que envolve este trabalho.
54 Shiderlene Vieira de Almeida Lopes
ANEXO I
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O Processo de Avaliação e Intervenção em Psicopedagogia 59
ANEXO II
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60 Shiderlene Vieira de Almeida Lopes
ANEXO III
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Impresso em maio de 2008 pela Reproset Indústria Gráfica, sobre offset 75 g/m2