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Diário de leitura

LEVITSKY, S.; ZIBLATT, D. Como as democracias morrem. Tradução de Renato


Aguiar. São Paulo: Zahar, 2018.

19/20/2020 – reagindo ao primeiro contato com a obra, por meio do título e da capa

“Como as democracias morrem”… hummm… Assim, olhando a partir do título, pensamos


logo que o texto abordará como ocorre a passagem de um sistema democrático a um sistema
político autoritário, ou em outros termos, a uma ditadura, seja fascista, comunista ou militar. O
título realmente assusta, principalmente, porque ele foi publicado numa das maiores democracicas
do mundo, os Estados Unidos. A capa do livro, toda preta, leva-nos a impressões sensoriais
estranhas em como vivemos um momento tenebroso na história da humanidade, não que eu
considere que o “preto” represente a algo negativo, mas esteticamente esta cor, no livro, representa
uma atmosfera sombria. Contudo, voltando ao título e à capa do livro, vemos um pequeno texto
avaliativo, no canto inferior direito da obra, no qual constam os seguintes dizeres:

"Um livro perspicaz e muito bem fundamentado sobre como a democracia está sendo enfraquecida
em dezenas de países - e de modo perfeitamente legal"

Esse texto foi escrito por Fareed Zakaria, da CNN, a mais importante emissora de TV norte-
americana, e de cara nos vem o pessimismo de que a democracia morre, não em substituição a
algum regime diferente, mas em função das próprias bases democráticas em que se sustenta, que
anda em crise em diversos países, não só no E.U.A. O Brasil vivencia algo semelhante, pois não
podemos esquecer que há até pouco tempo, assistimos passivos a várias manifestações de extrema-
direita, reinvidicando a volta ao regime militar, em plena pandemia. Só por esse paralelo assustador
que enfrentamos nesses dois países da américa-latina, este livro desperta em mim um interesse
peculiar. Então parece que a leitura será interessante. Não conheço os autores, mas será que são
estudiosos de universidade, comentaristas políticos ou jornalista, interessados no tema? Ah, vamos
ao texto e paulatinamente, espero descobrir... Sei que o livro foi traduzido por Renato Aguiar (aliás
também não o conheço) e o prefácio foi feito por Jairo Nicolau, que é professor de Ciência política
da UFRJ…. E, adivinha, também não conheço rsrs. Apesar disso, entendo que o livro foi balizado
por especialista na área, o que é bom e nos dá segurança de estar de posse de uma obra reconhecida
pela academia.

20/20/2020 – reagindo à introdução

Hoje vou fazer uma reação à introdução do livro, que se inicia com o questionamento se “a
democracia norte-americana está em perigo?”
Os autores concordam que sim, a democracia norte-democracia americana está em perigo, e
afirmam a necessidade de acender um alerta para esse problema, sobretudo, depois da eleição de
Donald Trump, que vem minando a democracia, por meio das esferas institucionais, como o
Parlamento e o Judiciário. Algo parecido com o que vem ocorrendo lá, é comparado com os
episódios ocorridos na Europa em 1930 (acredito que eles estejam se referindo aqui à Segunda
guerra mundial) e os movimentos autoritários de 1970 na América Latina, com as ditaduras do
Brasil, da Argentina, do Chile, dentre outros países. Comparando a crise política nos E.U.A. com a
do Brasil, de fato, em nosso país, o questionamento à democracia remonta ao ano de 2013, quando
vários movimentos conservadores se aproveitaram do discurso anticorrupção para deteriorar o
sistema político brasileiro, inclusive, quando Aécio Neves questionou o resultado da eleição em
2014, resultando na grave crise política que sucedeu ao impeachment da Dilma. De lá para cá, o
nosso país desmoronou, intensificando a violência e a desigualdade social. A inflação subiu
demasiadamente e fomos colocados no estado em que estamos atualmente. O que os autores
discutem em “Como as democracias morrem” se adequam perfeitamente ao contexto da América do
Sul. Além do Brasil, a Venezuela é outro caso de uma democracia que há anos vem sofrendo com
ameaças de golpe e revide de autoritarismo por parte do governo de Nicolás Maduro.
A leitura dessa obra é realmente desalentadora, por apresentar, pelo menos na introdução,
uma visão extremamente pessimista da realidade, mas também apresenta-se como uma luz no fundo
do túnel, porque só podemos combater políticas autoritárias, se conhecermos os mecanismos
estruturais que as levam ao poder democraticamente. A leitura da introdução, me fez lembrar de
outro texto que li há alguns dias de autoria do britânico Anthony Giddens intitulado “O mundo em
descontrole”, pois o autor constata que a globalização tem colocado em xeque vários de nossos
valores (como a família e a tradição), sendo a “democracia”, objeto do último capítulo de sua obra.

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