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21 de outubro de 2019
Compost Tea
CIÊNCIA OU RELIGIÃO ?
Certas coisas não podem ser ditas ou feitas de outra forma. As vezes é preciso ser
direto e franco. Tentar dizer certas coisas sendo politicamente correto, polido ou
condescendente o tornaria necessariamente artificial, falso e conivente. Mesmo que,
com essa franqueza, você possa ferir algumas susceptibilidades. Existem certas
verdades que precisam ser ditas, doam a quem doer e o quanto antes, melhor.
Foi por essa razão que fui, e não me arrependo nem um pouco disso, um dos maiores
proponentes e incentivadores dessa técnica aqui no Brasil e um dos maiores
divulgadores do trabalho da Dra Elaine em terras brasileiras.
Na época, não deram muita atenção embora eu conseguisse vender algumas maquinas
de Compost Tea as quais não tiveram sucesso devido a falta de entendimento sobre a
higienização e as dificuldades para com a limpeza das mesmas o que favorecia a
formação de biofilme, que comprometia as multiplicações posteriores.
Afinal de contas, tudo parecia fazer sentido e se encaixar pela primeira vez. A Dra
Elaine explicava como se fazia composto de qualidade ( muito embora eu até hoje não
conheça ninguém que de forma consistente conseguiu transformar os seus ensinamentos
em prática, com relação a produção de composto humificado e de boa qualidade
microbiológica em escala ponderável, para que possa atingir áreas extensas de solo) e o
fazia mediante o seu próprio crivo e julgamento, ou seja, mediante a submissão de
amostras ao(s) seu(s) laboratório(s) particular(es) denominados de Soil Foodweb
Inc. que usam tão somente métodos ópticos (e não químicos) mas cujo valor cobrado
não tem nada de ótico ou de imponderável, muito pelo contrário, são bem ponderáveis
por sinal, para uma simples analise de microscopia direta.
Quadro
1. População Microbiana no Composto e no AACT
Source : Garden Myths
Mas á época, nem se sabia, por exemplo, que não era possível multiplicar-se
fungos em meio liquido com aquela facilidade toda proposta e que, se mesmo assim isso
fosse possível (como a pesquisa está hoje a demonstrar), o período de multiplicação
deveria ser de mais de 5 dias e ainda assim com um “cardápio” totalmente diferente
daquele oferecido a época que era o melaço de 1 a 2% , kelp, ácidos humicos e
hidrolisado de peixe. Sem contar que o ambiente preconizado pela Dra, era ( e ainda é)
de muita agitação e aeração, tanto que é preconizado um mínimo de 6 ppm de O2 no
meio, que embora seja ideal para as bactérias, ele é totalmente inóspito aos fungos.
Como o meio Agro Ecológico americano era ( e ainda é até certo ponto ) carente
de profissionais oriundos da academia que ostentem o indefectível título de “PhD “,
tudo o que se referisse a Compost Tea que não tivesse a aprovação da Dra. era
considerado por assim dizer “ fora de padrão “. Para ser apovado teria que ser primeiro
analisado em seus laboratórios, que rapidamente se espalharam pelo mundo sempre
ocupando o vácuo deixado pela academia microbiológica oficial a nivel mundial.
Foi assim que uma prática agrícola alternativa rapidamente ganhou aceitação
mundial sem que ninguém nunca parasse para se perguntar:
Mas, espera lá, como é que realmente funciona essa coisa toda ?
Existe realmente alguma ciência por trás desse esquema agro-ecológico/orgânico todo
?
Ou ainda, como é que alguém que nunca plantou nada em toda a sua vida e não tem
origem no meio agrícola, de repente aparece ditando aos produtores como fazer
agricultura e prometendo aquilo que de ante-mão sabemos não ser possível, ou seja,
transformar nada em alguma coisa, devido simplesmente a não se enquadrar na Lei de
Lavoisier ?
Diga-se de passagem, essa mesma manobra acadêmica, até certo ponto covarde,
está nesse exato momento sendo tentada pelos órgãos de pesquisa oficiais brasileiros
contra o método de multiplicação de agentes biológicos “On Farm “. Esses maus
pesquisadores que são custeados pelo dinheiro dos pagadores de impostos dos
brasileiros, mas que na realidade trabalham para as grandes empresas, serão
devidamente desmascarados em suas nefastas e inconfessáveis pretensões, no seu
devido tempo. Não perdem por esperar.
Como hoje sabemos que a fração mais importante do solo é justamente a dos
fungos de solo, a própria Dra Elaine passou a não mais recomendar o uso do melaço,
talvez até mesmo pelo medo do melaço favorecer o crescimento de algumas bactérias
indesejáveis.
Hoje em dia, podemos dizer tranquilamente que todo o respeito que todos nós
devemos a sua pessoa como cientista se deve ao fato de ter sido ela quem popularizou o
conceito de Soil Food Web. Isso é um fato inegável. Basta vocês observarem quantas
vezes o termo Rede Alimentícia do Solo é repetido nesse ultimo capitulo de livro sobre
Biodinâmica, a ser publicado , escrito por Hugh Lovel e traduzido por
mim, “Agricultura Biodinâmica como um Prenúncio de uma Nova Agricultura
Científica”.
O termo Rede Alimentícia do Solo foi repetido nada menos que 23 vezes, tal
foi impacto que ela causou sobre as pessoas da nossa geração para o entendimento de
que é sim, a Rede Alimentícia do Solo, a principal responsável pela fertilidade
sustentável do solo . Isso é o que realmente interessa. E essa nos podemos incrementar a
qualquer momento simplesmente pela adição composto fúngico ou extrato de composto
fúngico adicionado dos alimentos prebioticos para os fungos, isto é, Ácidos Humicos
em primeiro lugar em níveis de 1 a 10 kilos por hectare, Peixe Hidrolisado que contém a
importante fração oleosa que estimula o crescimento fúngico e finalmente o Kelp.
Porém, por outro lado, ela também ajudou muito a disseminar diversos outros
tipos de conceitos equivocados, para não dizer errados, como por exemplo, essa questão
maniqueísta, pueril e que carece de fundamento científico, de que “aeróbico é sinônimo
de bom e anaeróbico ser sinônimo de ruim”.
Não existe nenhuma prova científica de que isso seja verdadeiro. Ponto. Se assim
fosse o que iríamos dizer das bactérias conhecidas por PSB ou PNSB , Photosynthetic (
ou Purple ) Sulfur Bacterias e Phothosynthetic ( ou Purple ) Non-Sulfur Bacterias tão
eficientes, tão benéficas e tão uteis como por exemplo por serem o ingrediente mais
importante do complexo de microrganismos conhecido por E.M. ( Efficient
Microorganisms ) . E o que dizer da mãe Natureza ou da chamada Evolução, quando fez
a maioria das bactérias anaeróbicas ou até mesmo facultativas, podendo operar com ou
sem oxigênio ?
Por falar em E.M., hoje já estamos conseguindo contagens de 2,0 x 10 ( 11) , ou
seja, 200 bilhões em nossas preparações de E.M., com a minha receita modificada do
original e sem toda aquela parafernália de fermentadores, etc… de uma solução com
vida de prateleira de vários meses e com uma diversidade microbiológica muito maior.
Não aquela solução, que também deve ter contagem semelhante de organismos
estritamente aeróbicos, mais cuja contagem de UFC/ml decresce vertiginosamente de
hora em hora, quando se desliga a aeração.
Além do mais querer rotular algum evento natural fruto do processo de evolução
de bilhões de anos de mal cheiroso ou bem cheiroso é querer estabelecer critérios
puramente antropomórficos para eventos naturais. Essa é uma visão puramente humana
e não existe nada de científico nesse tipo de atitude ou pensamento.
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O que mais me dói e incomoda, é ver esse atraso cultural que está profundamente
enraizado na alma do povo brasileiro. Quando o mundo todo aparentemente já descartou
essa prática e já chegou a conclusão que existem técnicas mais fáceis, mais baratas e
mais eficientes, somente agora após 17 anos é que os produtores brasileiros ( nem todos,
somente aqueles não oriundos do meio agrícola, desinformados e com dinheiro
suficiente para gastar e jogar fora) embarcam nessa canoa furada.
Outubro de 2019
Referências
1. Ingham, E.R., Moldenke, A.R. & Clive A. Edwards (
2000 ) Soil Biology Primer, Soil and Water Conservation
Society, in cooperation with USDA NRCS, 48 pgs.
2. Scheuerell & Walter Mahaffee ( 2002 ) Compost Tea :
Principles and Prospects for Plant Disease Control,
LITERATURE REVIEW, Compost Science &
Utilization, vol. 10, no. 4, 313-338.
3. Chalker-Scott, L. (2015) The Myth of Compost Tea
Revisited: “Aerobically-brewed compost tea
suppresses diseases”, Puyallup Research and Extension
Center, Washington State University.
4. Thompson, Ken ( 2014) Compost Tea: Does it really
work ? The
Telegraph, https://www.telegraph.co.uk/gardening/garden
ingadvice/11121288/Compost-tea-does-it-really-
work.html
5. Chalker-Scott, Linda (2015) The Myth of Compost Tea,
Episode III: “Aerobically-Brewed compost tea
suppresses
disease”, https://s3.wp.wsu.edu/uploads/sites/403/2015/0
3/compost-tea-3.pdf
6. Pavlis, Robert (2013) Compost Tea – Does it Work
?, GARDEN
MYTHS, https://www.gardenmyths.com/compost-tea-
does-it-work/
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PUBLICADO POR
Dr Vinagre PhD
Agrônomo, Fisiologista e Bioquímico de Plantas. Produtor Biológico. Escritor.
Consultor. Ver todos os artigos de Dr Vinagre PhD
8 Comentários
8 comentários sobre “Compost Tea”
1. PunksCWBdisse:
22 de outubro de 2019 às 15:27
Olá,
fiquei um pouco confuso!
afinal aquela receita de Compost Tea que foi passada aqui em um post de mesmo nome
no inicio do ano é inadequada?
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1. Dr Vinagre PhDdisse:
Abs
Jose Luiz