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Origem do termo viking

A utilização do termo viking em referência aos povos nórdicos que habitavam a Escandiná-

via é restrita ao período da Era Viking. A origem desse termo é alvo de intensa discussão en-

tre os historiadores e, por isso, não há um consenso sobre a origem específica dessa palavra.

O historiador Johnni Langer lista uma série de hipóteses levantadas por diferentes especialis-

tas no assunto|1|:

2º O termo viking pode ter relação com a palavra nórdica vík, utilizada para se referir a pes-

soas da região de Viken, na Noruega.


5º O termo pode ter relação com a palavra nórdica vík, também utilizada para se referir a pes-

soas que embarcavam em seus navios em baías.


8º O termo pode ter relação com a palavra nórdica víkingr, utilizada para se referir a mari-

nheiros que cometiam atos de pirataria.


10º

11ºO termo pode ter relação com a palavra do inglês antigo wicing, utilizada para se referir

àqueles que frequentavam portos para realizar comércio.

12º

Essas são apenas algumas das hipóteses levantadas em relação à etimologia da palavra vi-

king. De toda forma, sabe-se que os vikings não utilizavam esse termo para se referirem a si

mesmos enquanto povo. A popularização desse termo, com esse sentido, aconteceu somente

a partir do século XVIII.


É importante também pontuar sobre a maneira como os nórdicos eram chamados fora da Es-

candinávia. Essa listagem também foi trazida pelo historiador Johnni Langer:

2º No idioma anglo-saxão, os nórdicos eram chamados de wicing.


5º Na França habitada pelos francos, o termo era nordmanni.


8º Na Irlanda, noruegueses e dinamarqueses eram distinguidos com diferentes nomes: finn-

fall e dubgall, que significam, respectivamente, estrangeiros brancos e estrangeiros ne-

gros|2|.

Características dos vikings


Com base em seu idioma e mitologia, os vikings são considerados povos de origem germâni-

ca, originados da Escandinávia, atual região da Noruega, Dinamarca e Suécia. As característi-

cas dessa região durante a Era Viking foram parcialmente consolidadas em um período ante-

rior conhecido como Era de Vendel, que abrangeu os séculos VII e VIII d.C. É importante

ressaltar, no entanto, que a habitação humana nessa região remonta a 8000 a.C.

À medida que os vikings adquiriam habilidades náuticas, realizaram navegações marítimas,

que lhes permitiram alcançar locais bastante distantes da Escandinávia. Aos poucos, os nórdi-

cos estabeleceram-se na Inglaterra, Escócia, norte da França, Rússia, Irlanda, Islândia, Groen-

lândia. No ano 1000, alcançaram a América do Norte e estabeleceram uma pequena colônia

no Canadá.
As navegações vikings eram realizadas com diversos objetivos, os quais não visavam neces-

sariamente apenas ao saque e à pilhagem. As navegações vikings também aconteciam com o

objetivo de mudança e de estabelecimento em uma nova região, além da realização de comér-

cio.

O crescimento populacional, a procura por terras mais férteis e por climas mais amenos, as-

sim como a procura por riqueza são alguns motivos que levaram os vikings a navegar.

O início e o fim da Era Viking foram marcados por dois principais acontecimentos:

793: vikings atacaram o mosteiro de Lindisfarne, localizado no norte da Inglaterra.

1066: a Inglaterra foi conquistada pelo normando Guilherme, o Conquistador.

Sociedade
A sociedade viking era estratificada, ou seja, era dividida em classes sociais. Apesar dessa es-

tratificação muito bem-definida, todos os homens livres nas sociedades escandinavas pode-

riam participar das tomadas de decisões, que eram realizadas nas assembleias (things).

Dentro da sociedade viking, o rei estava no topo da pirâmide social, mas esse processo de

centralização do poder aconteceu aos poucos. Durante o período da Era Viking, a descentrali-

zação do poder era a característica mais comum, inclusive com nobres (jarlar) sendo, muitas

vezes, mais poderosos que o próprio rei.

Assim, a sociedade viking era organizada da seguinte forma:

Rei: chefe militar e religioso. Era o grande responsável pela administração do reino. Ape-

sar de a sucessão do poder ser hereditária, eram bastante comuns disputas pela sucessão do

trono. Uma maior centralização do poder do rei só aconteceu a partir do século XI.
Nobre (jarl): os jarlar eram nobres que formavam a aristocracia da sociedade viking. Pos-

suíam um grande número de terras e um poderio econômico que lhes permitia ter um po-

der militar considerável. Os jarlar opuseram-se fortemente ao processo de centralização

do poder em alguns locais da Escandinávia. Outros títulos importantes da aristocracia es-

candinava eram os hersar (chefes locais) e lendrmadr (latifundiários).

Homens livres (karls): eram todos aqueles que não ocupavam posições na aristocracia,

mas que também não eram escravos. Existia uma infinidade de atividades que eram reali-

zadas pelos homens livres, mas a mais popular era a de fazendeiro (bóndi). Os karls ti-

nham direito de participar das assembleias locais.

Escravos (thrall): ocupavam a posição mais baixa na sociedade viking. Criminosos con-

denados, pessoas endividadas e estrangeiros capturados em batalhas eram considerados es-

cravos. A escravidão deixou de existir na Escandinávia no século XI.

Religião
O termo “paganismo nórdico” é usado para se referir à religião praticada pelos vikings. Era

uma religião de caráter xamânico e tinha na magia e no êxtase duas características funda-

mentais. Os vikings eram politeístas e, portanto, acreditavam em mais de um

deus. Odin e Thor eram os dois deuses mais famosos da “mitologia nórdica”.

Odin era considerado pelos vikings o “pai de todos” e, portanto, o deus mais poderoso de seu

panteão de deuses. Odin era dono de todo conhecimento e tinha como símbolos sua lança

(gungnir), seu cavalo de oito patas (Sleipnir) e seus dois corvos (Huginn e Muninn), os quais

viajavam pelo mundo dos homens observando tudo que acontecia.


Thor era conhecido como o deus do trovão e era muito famoso por ser o “matador de gigan-

tes”. Era o mais adorado entre todos os deuses nórdicos. Thor, assim como Odin, habita-

va Asgard, conhecida entre os escandinavos como a morada dos deuses. Os vikings acredita-

vam que a composição do Universo, conforme era conhecida, deixaria de existir durante

o Ragnarök.

Os guerreiros vikings
A guerra era algo muito importante na sociedade dos vikings, pois representava um papel re-

ligioso significativo: acreditava-se que os mortos em batalha celebrariam as eras no Valhal-

la até a convocação para a luta final, que seria travada no Ragnarök. Ser um guerreiro na so-

ciedade viking trazia status, pois, caso fosse morto, sua ida para Valhalla seria celebrada; se

vencesse, seus feitos em batalha seriam comemorados.

As principais armas utilizadas pelo vikings em batalha eram a espada e o machado, mas ou-

tras armas como arco e flecha, faca e lança também tinham sua importância. A principal ar-

ma de defesa era o escudo de madeira, usada na principal tática de batalha viking: a parede

de escudos. Muitas vezes, os vikings utilizavam cabeças de inimigos derrotados para ame-

drontar seus adversários em batalha.

|1| LANGER, Johnni. Viking. In.: LANGER, Johnni (org.). Dicionário de História e Cultura da Era Viking. São Paulo: Hedra, 2017,

p. 706-707.

|2| Idem, p. 708.


Inscrição rúnica (forma de escrita dos nórdicos) localizada na Suécia.
Por Daniel Neves Silva

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