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O MÍNIMO QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE CONSERVADORISMO | 1ª Edição

Sumário

Introdução3
Os 10 Princípios do Conservadorismo 5
Conservadorismo e Política  19
Os Conservadores 23
Próximos Passos  26

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O MÍNIMO QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE CONSERVADORISMO | 1ª Edição

Introdução

S
eja bem-vindo ao Burke Instituto Conservador.
É uma grande alegria para nós te ajudarmos a
entender o mínimo sobre o conservadorismo, seus
conceitos, preceitos e seu espírito. Cada dia mais pessoas
estão se interessando para conhecer e entender melhor
sobre o conservadorismo mundo a fora, e essa onda vem
tomando conta também do nosso país. Nesse e-book, que
colocamos à sua disposição, vamos te apresentar um breve
resumo da mentalidade conservadora.
O conservadorismo ou pensamento conservador é algo
que vem ganhando forças nos últimos anos, porém, devemos
afirmar que a disposição conservadora não é algo novo,
muito menos uma ideologia. Afirmar que o conservadorismo
é algo recente ou uma nova ideologia política é cometer um
erro grosseiro.
Não podemos negar que os adventos políticos da última
década em nosso país, contribuíram para uma guinada do
espírito conservador. Após a saída dos militares do poder,
vimos na década de 90 a ascensão dos partidos de esquerda,
destaque para PT (Partido dos Trabalhadores) e PSDB
(Partido da Social Democracia Brasileira). Ambos partidos
chegaram ao poder e ocuparam a cadeira presidencial.
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O MÍNIMO QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE CONSERVADORISMO | 1ª Edição

Durante esse período de governo petista e tucano no


Brasil, o pensamento conservador foi sufocado; a esquerda
colocou sua locomotiva ideológica progressista a todo vapor,
usando dos recursos e estrutura pública para fazer valer
seus ideais. A mentalidade conservadora foi abolida de vez
das escolas, universidades e da imprensa.
O resultado de duas décadas de governos esquerdistas
não poderia ser outro a não ser: escândalos de corrupção,
lavagem de dinheiro, associação com facções criminosas,
desencarceramento em massa, desarmamento da população,
declínio da cultura, ideologia de gênero nas escolas,
universitários militantes, apologia ao aborto, apologia às
drogas em programas de TV, etc.
Esse e-book irá te ajudar a dar o primeiro passo no campo
de batalha, irá te colocar na contramão do senso vigente em
nossa política, filosofia, arte, cultura, direito e teologia. Em
todas essas áreas as ideologias esquerdistas, infelizmente,
vigoraram nos últimos anos.
Desfrute de cada capítulo e aprenda mais sobre os valores
que foram aprovados pelo teste do tempo e nos conduziram
até aqui, com crescimento saudável e orgânico.

Burke Instituto Conservador

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Os 10 Princípios do
Conservadorismo 1

O
pensamento conservador não pode ser
enquadrado em um manual, não podemos
criar um manifesto conservador aos moldes
dos progressistas com suas cartilhas e tratados comunistas.
Não estamos fazendo um manual de conduta conservador,
muito menos estabelecendo leis a serem seguidas para
aqueles que desejam conhecer o conservadorismo
Conservadorismo não é ideologia! Nosso desejo é
que isso fique bem claro. Entretanto, é possível enxergar
no pensamento conservador alguns princípios marcantes,
esses que são compartilhados pelos conservadores, não
importa em qual país estejam ou em qual cultura estejam
inseridos. Sendo assim, compartilhamos com você, dez
princípios conservadores retirados do livro “A Política da
Prudência” de Russel Kirk (editora: É Realizações).

1 Os dez princípios aqui citados, foram retirados do livro “A Política da Prudência” – Autor: Russel Kirk – Editora: É
Realizações.

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Princípio 1: O conservador acredita que há uma ordem


moral duradoura.

Esta palavra ordem quer dizer harmonia. Há dois


aspectos ou tipos de ordem: a ordem interior da alma e a
ordem exterior da comunidade. Vinte e cinco séculos atrás,
Platão ensinou esta doutrina, mas hoje em dia até as pessoas
instruídas acham difícil de compreendê-la. O problema
da ordem tem sido uma das principais preocupações dos
conservadores desde que a palavra conservador se tornou
um termo político.
O nosso mundo do século XX experimentou as terríveis
conseqüências do colapso na crença em uma ordem moral.
Assim como as atrocidades e os desastres da Grécia do
século V a.C., a ruína das grandes nações, em nosso século,
nos mostra o poço dentro do qual caem as sociedades que
fazem confusão entre o interesse pessoal, ou engenhosos
controles sociais, e as soluções satisfatórias da ordem moral
tradicional.
Foi dito pelos intelectuais progressistas que os
conservadores acreditam que todas as questões sociais, no
fundo, são uma questão de moral pessoal. Se entendida
corretamente, esta afirmação é bastante verdadeira. Uma
sociedade onde homens e mulheres são governados pela
crença em uma ordem moral duradoura, por um forte
sentido de certo e errado, por convicções pessoais sobre a
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justiça e a honra, será uma boa sociedade — não importa


que mecanismo político se possa usar; enquanto se uma
sociedade for composta de homens e mulheres moralmente
à deriva, ignorantes das normas, e voltados primariamente
para a gratificação de seus apetites, ela será sempre uma má
sociedade — não importa o número de seus eleitores e não
importa o quanto seja progressista sua constituição formal.

Princípio 2: O conservador adere aos costumes, à


convenção e à continuidade.

É o costume tradicional que permite que as pessoas vivam


juntas pacificamente; os destruidores dos costumes demolem
mais do que o que eles conhecem ou desejam. É através da
convenção — uma palavra bastante mal empregada em nossos
dias — que nós conseguimos evitar as eternas discussões
sobre direitos e deveres: o Direito é fundamentalmente um
conjunto de convenções. Continuidade é uma forma de
atar uma geração com a outra; isto é tão importante para a
sociedade com o é para o indivíduo; sem isto a vida seria sem
sentido. Revolucionários bem sucedidos conseguem apagar
os antigos costumes, ridicularizar as velhas convenções e
quebrar a continuidade das instituições sociais — motivo pelo
qual, nos últimos tempos, eles têm descoberto a necessidade
de estabelecer novos costumes, convenções e continuidade;

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mas este processo é lento e doloroso; e a nova ordem social


que eventualmente emerge pode ser muito inferior à antiga
ordem que os radicais derrubaram um seu zelo pelo Paraíso
Terrestre.

Os conservadores são defensores do costume, da
convenção e da continuidade porque preferem o diabo
conhecido ao diabo que não conhecem. Eles crêem que
ordem, justiça e liberdade são produtos artificiais de
uma longa experiência social, o resultado de séculos de
tentativas, reflexão e sacrifício. Por isto, o organismo social
é uma espécie de corporação espiritual, comparável à
Igreja; pode até ser chamado de comunidade de almas. A
sociedade humana não é uma máquina, para ser tratada
mecanicamente. A continuidade, a seiva vital de uma
sociedade não pode ser interrompida. A necessidade de uma
mudança prudente, recordada por Burke, está na mente de
um conservador. Mas a mudança necessária, redarguem os
conservadores, deve ser gradual e discriminatória, nunca
se desvencilhando de uma só vez dos antigos cuidados.

Princípio 3: Os conservadores acreditam no que se pode


chamar de princípio da consagração pelo uso.

Os conservadores percebem que as pessoas atuais são


anões nos ombros de gigantes, capazes de ver mais longe do
que seus ancestrais apenas por causa da grande estatura dos
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que nos precederam no tempo. Por isto os conservadores


com freqüência enfatizam a importância da consagração
pelo uso — ou seja, as coisas estabelecidas por costume
imemorial, de cujo contrário não há memória de homem
que se recorde. Há direitos cuja principal ratificação é a
própria antiguidade — inclusive, com freqüência, direitos de
propriedade. Da mesma forma a nossa moral é, em grande
parte, preestabelecida. Os conservadores argumentam
que seja improvável que nós modernos façamos alguma
grande descoberta em termos de moral, de política ou de
bom gosto. É perigoso avaliar cada tema eventual tendo
como base o julgamento pessoal e a racionalidade pessoal.
O indivíduo é tolo, mas a espécie é sábia, declarou Burke.
Na política nós agimos bem se observarmos o precedente,
o preestabelecido e até o preconceito, porque a grande e
misteriosa incorporação da raça humana adquiriu uma
sabedoria prescritiva muito maior do que a mesquinha
racionalidade privada de uma pessoa.

Princípio 4: Os conservadores são guiados pelo princípio


da prudência.

Burke concorda com Platão que entre os estadistas a


prudência é a primeira das virtudes. Toda medida política
deveria ser medida a partir das prováveis conseqüências
de longo prazo, não apenas pela vantagem temporária e
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pela popularidade. Os progressistas e os radicais, dizem os


conservadores, são imprudentes: porque eles se lançam
aos seus objetivos sem dar muita importância ao risco de
novos abusos, piores do que os males que esperam varrer.
Com diz John Randolph de Roanoke, a Providência se move
devagar, mas o demônio está sempre com pressa. Sendo a
sociedade humana complexa, os remédios não podem ser
simples, se desejam ser eficazes. O conservador afirma que
só agirá depois de uma reflexão adequada, tendo pesado
as conseqüências. Reformas repentinas e incisivas são tão
perigosas quanto as cirurgias repentinas e incisivas.

Princípio 5: Os conservadores prestam atenção ao


princípio da variedade.
Eles gostam do crescente emaranhado de instituições
sociais e dos modos de vida tradicionais, e isto os diferencia
da uniformidade estreita e do igualitarismo entorpecente
dos sistemas radicais. Em qualquer civilização, para que seja
preservada uma diversidade sadia, devem sobreviver ordens
e classes, diferenças em condições materiais e várias formas
de desigualdade. As únicas formas verdadeiras de igualdade
são a igualdade do Juízo Final e a igualdade diante do tribunal
de justiça; todas as outras tentativas de nivelamento irão
conduzir, na melhor das hipóteses, à estagnação social.
Uma sociedade precisa de liderança honesta e capaz; e
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se as diferenças naturais e institucionais forem abolidas,


algum tirano ou algum bando de oligarcas desprezíveis irá
rapidamente criar novas formas de desigualdade.

Princípio 6: Os conservadores são disciplinados pelo


princípio de imperfectibilidade.

A natureza humana sofre irremediavelmente de certas


falhas graves, bem conhecidas pelos conservadores. Sendo
o homem imperfeito, nenhuma ordem social perfeita
poderá jamais ser criada. Por causa da inquietação
humana, a humanidade tornar-se-ia rebelde sob qualquer
dominação utópica e se desmantelaria, mais uma vez, em
violento desencontro — ou então morreria de tédio. Buscar
a utopia é terminar num desastre, dizem os conservadores:
nós não somos capazes de coisas perfeitas. Tudo o que
podemos esperar razoavelmente é uma sociedade que seja
sofrivelmente ordenada, justa e livre, na qual alguns males,
desajustes e desprazeres continuarão a se esconder. Dando
a devida atenção à prudente reforma, podemos preservar
e aperfeiçoar esta ordem sofrível. Mas se os baluartes
tradicionais de instituição e moralidade de uma nação
forem negligenciados, se dá largas ao impulso anárquico
que está no ser humano: “afoga-se o ritual da inocência”.
Os ideólogos que prometem a perfeição do homem e da
sociedade transformaram boa parte do século XX em um
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inferno terrestre.

Princípio 7: Os conservadores estão convencidos de que


liberdade e a propriedade estão intimamente ligadas.

Separe a propriedade do domínio privado e Leviatã se


tornará o mestre de tudo. Sobre o fundamento da propriedade
privada, construíram-se grandes civilizações. Quanto mais
se espalhar o domínio da propriedade privada, tanto mais a
nação será estável e produtiva. Os conservadores defendem
que o nivelamento econômico não é progresso econômico.
Aquisição e gasto não são as finalidades principais da
existência humana; mas deve-se desejar uma sólida base
econômica para a pessoa, a família e a comunidade.
Sir Henry Maine, em sua Village Communities, defende
vigorosamente a causa da propriedade privada, como
diferente da propriedade pública: “Ninguém pode ao mesmo
tempo atacar a propriedade privada e dizer que aprecia a
civilização. A história destas duas realidades não pode ser
desintrincada”. Pois a instituição da propriedade privada tem
sido um instrumento poderoso, ensinando a responsabilidade
a homens e mulheres, dando motivos para a integridade,
apoiando a cultura geral e elevando a humanidade acima
do nível do mero trabalho pesado, proporcionando tempo
livre para pensar e liberdade para agir. Ser capaz de guardar
o fruto do próprio trabalho; ser capaz de ver o próprio
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trabalho transformado em algo de duradouro; ser capaz de


deixar em herança a sua propriedade para sua posteridade;
ser capaz de se erguer da condição natural da oprimente
pobreza para a segurança de uma realização estável; ter algo
que é realmente propriedade pessoal — estas são vantagens
difíceis de refutar. O conservador reconhece que a posse
de propriedade estabelece certos deveres do possuidor; ele
reconhece com alegria estas obrigações morais e legais.

Princípio 8: Os conservadores defendem comunidades


voluntárias, da mesma forma que se opõem a um
coletivismo involuntário.
Embora os americanos tenham se apegado vigorosamente
aos direitos privados e de privacidade, também têm sido um
povo conhecido por seu bem sucedido espírito comunitário.
Na verdadeira comunidade, as decisões que afetam de forma
mais direta as vidas dos cidadãos são tomadas no âmbito
local e de forma voluntária. Algumas destas funções são
desempenhadas por organismos políticos locais, outras por
associações privadas: enquanto permanecem no âmbito
local e são caracterizadas pelo comum acordo das pessoas
envolvidas, elas constituem comunidades saudáveis. Mas
quando as funções, quer por deficiência, quer por usurpação,
passam para uma autoridade central, a comunidade se
encontra em sério perigo. Se existe algo de benéfico ou
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prudente em uma democracia moderna, isto se dá através da


volição cooperativa. Se, então, em nome de uma democracia
abstrata, as funções da comunidade são transferidas para
uma coordenação política distante, o governo verdadeiro,
através do consentimento dos governados, cede lugar para
um processo de padronização hostil à liberdade e à dignidade
humanas.
Uma nação não é mais forte do que as numerosas pequenas
comunidades pelas quais é composta. Uma administração
central, ou um grupo seleto de administradores e servidores
públicos, por mais bem intencionado e bem treinado que
seja, não pode produzir justiça, prosperidade e tranqüilidade
para uma massa de homens e mulheres privada de suas
responsabilidades de outrora. Esta experiência já foi feita;
e foi desastrosa. É a realização de nossos deveres em
comunidade que nos ensina a prudência, a eficiência e a
caridade.

Princípio 9: O conservador vê a necessidade de limites


prudentes sobre o poder e as paixões humanas.

Politicamente falando, poder é a capacidade de se


fazer aquilo que se queira, a despeito da aspiração dos
próprios companheiros. Um estado em que um indivíduo
ou um pequeno grupo é capaz de dominar as aspirações de
seus companheiros sem controles é um despotismo, quer
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seja monárquico, aristocrático ou democrático. Quando


cada pessoa pretende ser um poder em si mesmo, então a
sociedade se transforma numa anarquia. A anarquia nunca
dura muito tempo porque é intolerável para todos e contrária
ao fato irrefutável de que algumas pessoas são mais fortes
e espertas do que seus próximos. À anarquia sucede-se a
tirania ou a oligarquia, nas quais o poder é monopolizado
por pouquíssimos.
O conservador se esforça por limitar e balancear o poder
político para que não surjam nem a anarquia, nem a tirania.
No entanto, em todas as épocas, homens e mulheres foram
tentados a derrubar os limites colocados sobre o poder,
a favor de um capricho temporário. É uma característica
do radical que ele pense o poder como uma força para o
bem — desde que o poder caia em suas mãos. Em nome da
liberdade, os revolucionários franceses e russos aboliram
os limites tradicionais ao poder; mas o poder não pode ser
abolido; e ele sempre acha um jeito de terminar nas mãos
de alguém. O poder que os revolucionários pensavam ser
opressor nas mãos do antigo regime, tornou-se muitas vezes
mais tirânico nas mãos dos novos mestres do estado.
Sabendo que a natureza humana é uma mistura do
bem e do mal, o conservador não coloca sua confiança na
mera benevolência. Restrições constitucionais, freios e
contrapesos políticos (checks and balances), correta coerção

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das leis, a rede tradicional e intricada de contenções sobre a


vontade e o apetite — tudo isto o conservador aprova como
instrumento de liberdade e de ordem. Um governo justo
mantém uma tensão saudável entre as reivindicações da
autoridade e as reivindicações da liberdade.

Princípio 10: O conservador entende que a permanência


e a mudança devem ser reconhecidas e reconciliadas em
uma sociedade vigorosa.

O conservador não se opõe ao aprimoramento da


sociedade, embora ele tenha suas dúvidas sobre a existência
de qualquer força parecida com um místico Progresso, com
P maiúsculo, em ação no mundo. Quando uma sociedade
progride em alguns aspectos, geralmente ela está decaindo
em outros. O conservador sabe que qualquer sociedade sadia
é influenciada por duas forças, que Samuel Taylor Coleridge
chamou de Conservação e Progressão (Permanence and
Progression). A Conservação de uma sociedade é formada
pelos interesses e convicções duradouros que nos dão
estabilidade e continuidade; sem esta Conservação as fontes
do grande abismo se dissolvem, a sociedade resvala para a
anarquia. A Progressão de uma sociedade é aquele espírito e
conjunto de talentos que nos instiga a realizar uma prudente
reforma e aperfeiçoamento; sem esta Progressão, um povo
fica estagnado.
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Por isto o conservador inteligente se esforça por


reconciliar as reivindicações da Conservação e as
reivindicações da Progressão. Ele pensa que o progressista
e o radical, cegos aos justos reclamos da Conservação,
colocariam em perigo a herança que nos foi legada, num
esforço de nos apressar na direção de um duvidoso Paraíso
Terrestre. O conservador, em suma, é a favor de um razoável
e moderado progresso; ele se opõe ao culto do Progresso,
cujos devotos crêem que tudo o que é novo é necessariamente
superior a tudo o que é velho.
O conservador raciocina que a mudança é essencial
para um corpo social da mesma forma que o é para o corpo
humano. Um corpo que deixou de se renovar, começou a
morrer. Mas se este corpo deve ser vigoroso, a mudança
deve acontecer de uma forma harmoniosa, adequando-se à
forma e à natureza do corpo; do contrário a mudança produz
um crescimento monstruoso, um câncer que devora o seu
hospedeiro. O conservador cuida para que numa sociedade
nada nunca seja completamente velho e que nada nunca seja
completamente novo. Esta é a forma de conservar uma nação,
da mesma forma que é o meio de conservar um organismo
vivo. Quanta mudança seja necessária em uma sociedade, e
que tipo de mudança, depende das circunstâncias de uma
época e de uma nação.
Assim, este são os dez princípios que tiveram grande

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destaque durante os dois séculos do pensamento conservador


moderno. Outros princípios de igual importância poderia
ter sido discutidos aqui: a compreensão conservadora de
justiça, por exemplo, ou a visão conservadora de educação.
Mas estes temas eu deverei deixar para a sua investigação
pessoal.
Eric Voegelin costumava dizer que a grande linha de
demarcação na política moderna não é a divisão entre
progressistas de um lado e totalitários do outro. Não, de
um lado da linha estão todos os homens e mulheres que
imaginam que a ordem temporal é a única ordem e que
as necessidades materiais são as únicas necessidades e
que eles podem fazer o que quiserem do patrimônio da
humanidade. No outro lado da linha estão todas as pessoas
que reconhecem uma ordem moral duradoura no universo,
uma natureza humana constante e deveres transcendentes
para com a ordem espiritual e a ordem temporal.
Esses são dez princípios conservadores, lembrado que
essas convicções não são uma espécie de “dez mandamentos”,
não é um conjunto de regras rígidas e inflexíveis,
simplesmente são ideias comungadas por conservadores
ao longo da história, independentemente do país ou cultura
que estejam engajados.

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Conservadorismo e Política

C
onservadorismo e política: Como? Por quê? Para
quê?Vamos responder esses três questionamentos
de forma rápida, sucinta e esclarecedora para
que fique claro para você que o conservadorismo é a melhor
resposta para esta sociedade caída.
Entender a relação do conservadorismo com a política
é fundamental, afinal estamos cansados de colher os frutos
do trabalho de maus governos, frutos esses que corrompem
e destroem a sociedade.
De fato, o resultado de anos de políticas esquerdistas
e assistencialistas tem sido: corrupção, uma péssima
educação, praticamente nenhuma segurança e um povo
“doente”. O conservadorismo na política é a melhor maneira
de construir um governo forte e uma sociedade saudável.

Conservadorismo e política: Como?

O conservadorismo funciona como uma disposição, uma


disposição em conservar, preservado aquilo que é perene e
belo. Como conservamos? Conservamos mantendo em pé
o que aprendemos com os nossos antepassados, preferindo
o testado ao não testado, a realidade ao invés da utopia, o
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crescimento orgânico saudável ao invés do revolucionário e


doentio.
O conservadorismo leva para política a disposição de
preservar e manter os acertos de nossos antepassados,
podemos olhar para políticas passadas que foram adotadas
e observar quais delas foram bem-sucedidas e quais não
foram eficazes. Se nossos antepassados políticos tomaram
as atitudes corretas, por que não as preservar? Se erraram
em suas decisões ou optaram por revolucionar, trazendo
pânico, morte e caos, por que não aprender com seus erros?

Conservadorismo e política: Por quê?


Porque conservadorismo é a única maneira de observar,
aprender e agir sabiamente diante de um cenário social
complexo e caótico. Não buscando voltar a viver no passado,
ficar estagnado no presente ou muito menos mudar
drasticamente pensando que será possível alcançar um
futuro utópico.
O conservadorismo fornece para a política a percepção
da realidade, não se faz boa política com utopias e muito
menos com programas assistencialistas. A boa política se
faz observando a realidade – possível e impossível. Não
podemos misturar fantasia e política, isso já se mostrou
um desastre nas revoluções e implantações de sociedades

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O MÍNIMO QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE CONSERVADORISMO | 1ª Edição

socialistas.

Conservadorismo e política: Para quê?

Para o conservadorismo contribuir com o crescimento


em sociedade, de forma orgânica e saudável, não trazendo
calamidades como as ideologias revolucionárias fazem, para
não cair no erro dos imobilistas e reacionários, que assim
como os revolucionários encontram-se presos ao tempo. O
conservadorismo se posiciona entre as amarras do tempo e
não se deixar enganar pelas políticas fantasiosas.
O conservadorismo contribui com a política de forma
atemporal, não reduz sua visão de mundo em uma só direção.
Os esquerdistas revolucionários desejam destruir todas
as instituições, família, igreja e pátria, a fim de instaurar
o mundo novo; já os imobilistas não querem nenhum
progresso, desejam parar o crescimento com medo do
desconhecido; por último os reacionários, esses desejam
que o passado reine no presente, algo impossível, visto que
um homem adulto jamais pode voltar a usar suas roupas de
infância.
Não podemos deixar que as ideologias utópicas,
exemplo: socialismo, comunismo, fascismo, feminismo,
entre outras, tomem o poder e governem somente para
minorias sacrificando a maioria. A disposição conservadora

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O MÍNIMO QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE CONSERVADORISMO | 1ª Edição

impugna responsabilidade no indivíduo dentro de seu lar,


comunidade e sociedade, não buscando fazer política para
minorias, mas para todos, respeitando a individualidade de
cada pessoa sem passar por cima da liberdade de ninguém.
Como? Por quê? Para quê? O conservadorismo responde
essas três perguntas de forma realista e incisiva, não
propondo nenhuma fantasia de mundo perfeito, mas de um
mundo real que pode ser melhorado com a preservação dos
valores naturais intrínsecos no homem, sem estar preso ao
tempo, mas livre para transformar o passado em presente,
o presente em realidade e o futuro em possibilidade, para
que os males que procedem do coração do homem sejam
contidos e amenizados, caso o mesmo resolva agir de
maneira cruel e tirânica.

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Os Conservadores

A
o longo da história houveram muitos pensadores,
políticos e teólogos que foram considerados
conservadores. Abaixo listamos alguns nomes
de destaque na América, Europa e também no Brasil.

Conservadores na América e Europa


Século XVIII

• Edmund Burke

• John Adams

• Joseph De Maistre

• Alexander Hamilton

Século XIX

• Samuel Taylor Coleridge

• Thomas Carlyle

• John Newman

• Alexis de Tocqueville

• Matthew Arnold

• John Ruskin

• Bejnamin Disreali

• Lord Acton

• Henry Clay

• Rufus Choate

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Século XX

• Bertrand de Jouvenal

• John Lukacs

• Michael Oakeshott

• G. K Chesterton

• Hilaire Belloc

• Wilhelm Roepke

• T.S. Eliot

• Irving Babbit

• Paul Elmer More

• George Santayana

• Allen Tate

• Russell Kirk

• Robert Nisbet

• Eric Voegelin

• Christopher Dawson

• Roger Scruton

• Martin Buber

• J.R.R Tolkien

• C.S. Lewis

Conservadores no Brasil
Século XVIII

• José da Silva Lisboa – Visconde de Cairu

• Silvestre Pinheiro Ferreira

• Bernardo Pereira de Vasconcellos

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Século XIX

• Paulinho José Soares de Sousa

• Visconde de Uruguaia

• José Antônio Pimenta Bueno

• Marquês de São Vicente

• José de Alencar

• Joaquim Nabuco

• Rui Barbosa

Século XX

• Gustavo Corção

• Mário Ferreira dos Santos

• Gilberto Freyre

• Plinio Correia de Oliveira

• José Prado Galvão de Souza

• Dom Lourenço de Almeida Prado.

• João Camilo de Oliveira Torres

• Ubiratan Borges

• Olavo de Carvalho

• Bruno Garchagen

• Alex Catharino

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Próximos Passos

N
esse e-book tentamos apresentar o mínimo que
você precisa saber sobre conservadorismo, mas
é óbvio essa não é uma tarefa fácil, uma vez que
falar de conservadorismo é falar de algo abrangente, não-
reducionista e não necessariamente sistematizado. Além
disso, algumas ideias conservadoras são impossíveis de
serem expressadas em poucos parágrafos.
Se você chegou até aqui e percebeu que o mínimo que
você aprendeu sobre conservadorismo é quase nada, sua
percepção está correta. A mentalidade conservadora não
caberia em apenas um e-book, por isso, é necessário que
aqueles que desejam entender de forma mais ampla e
enxergar mais longe, estudem o conservadorismo.
Pode ser que esse seja seu primeiro contato com o
pensamento conservador, quem sabe aquilo que aprendeu
com esse e-book não seja o conservadorismo que tanto
escuta falar, talvez tudo o que você leu até agora não seja
nenhuma novidade para você, porém, uma coisa é certa: o
pensamento conservador em sua essência ainda está longe
da nossa realidade.
O conservadorismo não é algo novo, não é mais uma

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ideologia, nunca foi uma religião, muito menos a redenção


para esse mundo caído; mesmo que muitos saibam dessas
verdades ainda o tratam como algo recente, uma nova
ideologia ou depositam nele uma esperança de redenção.
Embora o conservadorismo sempre tenha sido presente
e até mesmo seja intrínseco ao ser humano, muitos não
conseguem enxergá-lo, suas vistas foram obscurecidas por
uma escuridão ideológica profunda.
Se adentramos ao barco do pensamento conservador e
percebemos que embora o vento o balance, ele permanece
firme, por que não içar velas e navegar para mais longe? Por
que não navegar para lugares mais seguros, onde não haja
tempestades ideológicas? Por que não descobrir lugares
onde nossa segurança esteja em nossas mãos? Por que não
navegar para uma terra onde nossos filhos possam andar
livres, libertos da ideologização, doutrinação e sexualização?
Embora o pensamento conservador não seja algo “novo”,
que ele possa ser um “novo” caminho para aqueles que
caminharam toda vida sobre as ruínas do progressismo, que
ele seja uma “nova” porta que conduza muitos a saída das
masmorras marxistas, que ele seja “novos” olhos para que
todos aqueles que estiveram na escuridão enxerguem a luz.
Permita-me continuar essa analogia. Ao iniciar a leitura
desse e-book estávamos navegando em um mar sombrio e
revolto, por lugares rochosos de incertezas e insegurança.
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O MÍNIMO QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE CONSERVADORISMO | 1ª Edição

Entretanto, mesmo diante da força do vento e os perigos a


nossa volta, conseguimos remar; o mínimo que eu sei sobre
navegar diante da escuridão e fortes ventos, ensinei a você.
Agora estamos vendo o farol, embora distante sua luz já nos
direciona para um lugar seguro. Você pode seguir adiante e
remar em direção a um porto seguro para você, sua família
e comunidade, e o Burke Instituto Conservador pode te
ajudar nessa jornada.
Primeiramente, gostaria de te convidar para entrar
no nosso canal no Telegram. O Telegram, caso você não
conheça, é um aplicativo de troca de mensagens, parecido
com o Whatsapp. Nós no Burke Instituto Conservador
publicamos todas as semanas diversos artigos, podcasts e
vídeos gratuitos que irão contribuir para o seu entendimento
sobre o conservadorismo e seus desdobramentos nas mais
variadas áreas como educação, política, economia e filosofia.
Porém, existe hoje um boicote e censura por parte das redes
sociais como YouTube, Instagram e Facebook, de forma
que nosso conteúdo não chega nas pessoas. É aí que entra
o Telegram, ao se inscrever no nosso canal nesse aplicativo
você será avisado de tudo que produzimos, assim não perderá
nada e ainda contribuirá para que nosso trabalho continue
avançando.

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O MÍNIMO QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE CONSERVADORISMO | 1ª Edição

A segunda maneira que nós do Burke Instituto


Conservador podemos te ajudar na sua jornada é através
dos nossos cursos.
No nosso site https://www.burkeinstituto.com/ você
pode se tornar um assinante e ter acesso a mais de 40 cursos
relacionados ao pensamento conservador tais como:
• O que é Conservadorismo.
• Feminismo e seu Impacto na Sociedade.
• Os Movimentos Revolucionários e a Guerra Contra a Família.
• A Política, o Estado e a Igreja.
• O Marxismo como Religião Secular.
• Introdução à Filosofia.
• Aborto e o Globalismo.
• Desarmamento e Controle Estatal.
• Erotização Infanto-juvenil.
• Escola Sem Partido: Limites Jurídicos da Atividade Docente.
• Apologética Cristã e a Defesa contra o Marxismo.

• E muitos outros cursos.

Além disso, contamos com um time incrível de


professores, por exemplo:
• Ana Carolina Campagnolo (Deputada Estadual de Santa
Catarina).

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O MÍNIMO QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE CONSERVADORISMO | 1ª Edição

• Ludmila Lins (Juíza de Direito do Tribunal de Justiça de


Minas Gerais).
• Luiz Philippe de Orléans e Bragança (Deputado Federal por
São Paulo).
• Bernardo Kuster (Ensaísta, tradutor e jornalista).
• Franklin Ferreira (Teólogo e escritor).
• Fabrício Rebelo (Pesquisador em segurança pública e
escritor).

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O MÍNIMO QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE CONSERVADORISMO | 1ª Edição

Por fim, despeço-me de você. Obrigado por ler esse


e-book e tenho certeza que o Burke Instituto Conservador
irá contribuir e muito na sua jornada. Conte conosco.

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