Você está na página 1de 4

Aula 4.

Hipnose Disfarçada Alberto Dell’isola


Modelamento de Milton
Erickson
Bom, na aula passada começamos a falar sobre a primeira geração da PNL. Estávamos
estudando o comportamento, as técnicas que os grandes terapeutas usavam na época.
E o detalhe é que em 1975 é publicado o livro A estrutura da magia, que é o livro que mostra
toda estrutura por trás do trabalho da Virginia Satir.
Provavelmente, se você já teve contato com PNL, você já ouviu falar do livro A estrutura da
magia. E como ele foi lançado em 75, e como em 73 o Frank Pucelik já estava sendo deixado de
lado, ele nem aparece no livro.
Vira um livro do Richard Bandler e John Grinder. Aliás, um livro bem interessante.
Recomendo. É um livro meio puxado, mas vale a pena pra você ver como é o trabalho de
linguística que era feito por Bandler e Grinder para identificar a forma como Virginia Satir se
comunicava com os seus clientes.
O metamodelo nada mais é do que um conjunto de perguntas capaz de identificar
pensamentos e crenças limitantes. Vamos falar com mais detalhes depois do metamodelo.
Pouco antes de lançarem o livro A estrutura da magia, o Richard Bandler e o John Grinder
mostraram o manuscrito do antropólogo famosíssimo na época, Gregory Bateson.
E o Gregory adorou, inclusive escreve o prefácio do livro. Se você tem aí o livro A estrutura
da magia, vai ver que tem o prefácio do Gregory Bateson.
E o Gregory Bateson começou também a participar das reuniões. O clubinho do Bandler
estavam bombando.
Até o Gregory Bateson já tava lá. Agora, quando eles começaram a estudar estados
alterados da consciência, Gregory Bateson falou o seguinte: olha, essas técnicas que vocês
mostram do metamodelo realmente são ótimas, mas está faltando uma coisa importante aí. Vocês
estão estudando estados alterados de consciência, mas tem um cara que usa hipnose de um jeito
diferente. Ele conta umas histórias, fala de um jeito estranho, usa linguagem ambígua. E as
pessoas são transformadas. Esse hipnotista chamava-se Milton Erickson. E ele faz exatamente o
oposto do que vocês ensinam. Então, seria interessante vocês o conhecerem.
Aí Richard Bandler ficou empolgadão. Vamos lá conhecer o Milton Erickson. O Gregory
Bateson estava muito animado e arrumou um jeito de fazer uma excursãozinha pra ele.
Isso foi em 1977. Veja bem, o Milton Erickson vai surgir na história bem depois. O pessoa às
vezes pensa que o Milton Erickson surgiu no comecinho da PNL, mas não foi bem assim.
De 71 a 77, muito daqui que a gente conhece como as principais técnicas da PNL já tinha
sido desenvolvido. A ideia de submodalidades, metamodelo, ressignificação em 6 passos.
Até que eles vão conhecer o trabalho do Milton Erickson. E esse trabalho vai mudar bastante
a vida de vários daqueles terapeutas.
E naquela época, Leslie Cameron, uma das melhores estudantes do grupo estava
namorando Frank Pucelik.
Inclusive, essa história que estou contando pra vocês é baseada no livro Origens da PNL,
escrito pelo John Grinder e Frank Pucelik.

Hipnose Disfarçada 2
E o Frank Pucelik até hoje fala que a Leslie era a mulher da vida dele. Elogia e diz que ela foi
a melhor terapeuta que ele já viu na vida dele.
Enfim, eles estavam apaixonados. Trabalhando juntos com terapia de casal, Gestalt terapia.
E aí, o que acontece? Surgiu a oportunidade de viajarem para conhecer Milton Erickson.
Porém, o Bandler cortou o Frank Pucelik desta excursão. Ele ficou de fora. Mas, a Leslie foi
chamada mais alguns poucos terapeutas.
E lá foram eles estudar Milton Erickson. E a partir desse estudo surgiram dois livros, Patterns
of the Hypnotic Techniques of Milton H. Erickson vol 1 e 2. Naquela época, o Erickson já tinha
publicado vários livros.
Inclusive, Erickson não era realmente Ericksoniana não, não era. Se você pega os livros do
Erickson pra ler, você vê que tem muita hipnose clássica no que ele faz, muita hipnose direta.
No livro “O homem de fevereiro”, você vê Milton Erickson utilizando várias técnicas de
hipnose clássica, direta.
Aliás, na coletânea de tudo aquilo que Milton Erickson publicou, quase tudo é hipnose
clássica. Então, o Erickson já tinha publicado muita coisa de Hipnose Clássica. Mas, ele gostava de
misturar a hipnose clássica com uma linguagem permissiva, com técnicas envolvendo metáforas e
tudo mais.
Então, o Erickson era um hipnoterapeuta que mesclava hipnose clássica com Ericksoniana.
O que a gente chama hoje de Hipnose Ericksoniana é simplesmente aquilo que era típico de
próprio do Erickson.
E essas técnicas Ericksoniana só surgiram nos últimos 5 anos de vida do Erickson. Então,
quando Bandler e Grinder escrevem esses dois livros sobre Milton Erickson, eles estão publicando
os primeiros livros realmente sobre hipnose Ericksoniana.
E foram chamados de “Erickson em casca de noz”. Essa expressão é utilizada quando você
pega um conhecimento muito amplo e consegue condensar num pedacinho pequeno de forma
concisa e direta.
Às vezes a expressão é usada de forma pejorativa, às vezes não. Naquele momento não era
usado de forma pejorativa, mas sim pra falar que eles condensam muito bem o trabalho e as
pesquisas de Milton Erickson.
Só que teve um cara que detestou isso, o Milton Erickson. Ele, inclusive falou na época:
Humm, interessante o livro desses rapazes. Vejo que eles escreveram “Erickson em uma casca de
noz”. Eles só se esqueceram da noz.
E tem motivo pra Erickson ter falado isso. Porque, Erickson vem de um movimento que é a
psicologia humanista. E a psicologia humanista, que é a de Maslow, de Carl Rogers, aquela até
mesmo de Fritz Perls, é uma psicologia contra protocolos.
É uma psicologia que vai ter a ideia de fazer a terapia sob medida para cada cliente. E
Erickson fazia uma terapia sob medida, mas no momento em que se identifica a estrutura da
terapia sob medida, para Erickson aquilo acaba engessando o seu trabalho.
E provavelmente Erickson achou um absurdo criar protocolo para uma abordagem que é
puramente psicologia humanista. Então, o Erickson detestou a publicação dos livros.
MAS, teve mais gente que não gostou daquela visita ao Erickson. O Frank Pucelik. Ainda em
77, quando a Leslie voltou da visita ao Erickson, ela começou a ficar fria e indiferente com ele. Ela
começou a ter um relacionamento com Richard Bandler, inclusive ela casou com ele depois.
Ela casou com Richard Bandler e até mesmo se tornou coautora dos livros dele. E, o Richard
Bandler, passados algumas semanas depois da visita ao Milton Erickson, falou o seguinte “Olha
Frank Pucelik, você está fora. Não quero você mais no meu grupo”.
E Frank Pucelik, naquele momento, foi cortado pra sempre da história da PNL. Não se sabe
porque Frank Pucelik topou isso.
No livro, o Frank fala que, por motivos pessoais ele decidiu acatar o pedido de Richard
Bandler. Pra mim, soou meio que rolou uma chantagem. É muito estranho essa atitude do Pucelik.

Hipnose Disfarçada 3
E o grupo de estudos chamava Meta. Só que como o Frank saiu em 77, ele começou a desenvolver
alguns trabalhos com nome de Meta.
Aí Richard Bandler mudaram o nome do grupo de estudos para Programação Neurolinguística para
diferenciar do trabalho de Frank Pucelik.
E aí fica um pouco mais claro porque eu tive a impressão que o termo PNL entrou para dar uma falsa
sensação de que é mais científico, porque o nome neurolinguística é um nome mais forte para ciência do
que Meta. Ainda que existam vários termos da psicologia que usam a palavra Meta, não são termos tão
fortes como Neurolinguística.
E é assim que começa a surgir a PNL como a gente conhece nos dias de hoje.
Foi a partir da saída do Frank Pucelik em 77, a partir do registro do nome Programação
Neurolinguística, com John Grinder e Richard Bandler.
Inclusive, você vai ver que PNL não aparece na primeira edição de A estrutura da magia. Não
aparece porque não existia esse nome ainda.

Hipnose Disfarçada 4

Você também pode gostar