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Síntese e adaptação de texto contido em:
MOTA, Sílvia. a
. Obra em fase de revisão para publicação. Por tal motivo, o
referencial bibliográfico e documental aqui utilizado não é exibido. Qualquer interesse nas mesmas,
contatar a autora.
O conceito de Direito é apresentado como um paradigma de ambigüidades. Existem
poucas questões, na esfera dos estudos jurídicos, que hajam provocado tão amplo
e, visivelmente, infecundo debate.
espeitadas as margens por onde deverão rolar as idéias desta obra, apontar -se-á
um panorama geral do tema em epígrafe.
A M , cumpre analisar os termos
,
e
. O termo
é um vocábulo
muito antigo, da língua latina, encontrado na formação de diversas palavras da
língua portuguesa, ao lado do termo
, significando este
numa acepção de
prerrogativa pessoal: justiça, juiz, jurisdição, jurisconsulto, jurisprudência, entre
outras.
A etimologia da palavra
é controversa. Sob o ardor desta querela, muitos
autores, sob o ponto de vista filológico, desconsideram a hipótese de que seja
derivada das palavras
(justiça) ou de
(justo), porque um vocábulo
simples não poderia derivar do composto, sendo correta a derivação inversa;
enquanto outros estudiosos a admitem sob o ponto de vista ôntico e semântico: o
ser e o sentido
procedem da
.
Esta parturição de idéias parece figurar nos símbolos do Direito, onde a deusa
D
declara o
, além de ser encontrada, também, num fragmento dos
escritos de Ulpiano, exposto no Digesto (1,1,1 pr.), onde assegu ra o jurisconsulto
que a realidade do direito é gerada ou nasce da justiça ( D
M
M
M
MM
)
O glosador Acúrsio comenta o trecho em análise, afirmando que o direito procede
da justiça, como de sua mãe e, portanto, existiu primeiro a justiça do que o direito
(D
M
).
onge de se resolver nestes posicionamentos, a contenda permanece na reflexão
de Santo Tomás de Aquino, quando afirma na
( ivro II,
capítulo 28) que o ato pelo qual alguma coisa se torna de alguém precede o ato de
justiça. Portanto, a justiça poderia considerar-se filha do direito; e, proveniente
dela, (
).
Originariamente, parece ter sido o termo
utilizado em oma, significando o
conjunto de normas formuladas pelos homens, destinadas à organização da vida
dos romanos em sociedade; mantendo-se ao lado do , que reunia as normas
divinas, religiosas, dirigidas às relações entre os homens e as divindades.
os primeiros tempos do mundo romano o imperava, cabendo sua aplicação aos
pontífices, ministros religiosos supremos, os quais monopolizavam secretamente os
princípios jurídicos que ordenavam as ações humanas. Ebert Chamoun anuncia
terem sido, talvez, as
(costumes dos antepassados), de inspiração
religiosa, as mais antigas normas jurídicas.
Mas, corresponderiam os conceitos de
e da época histórica aos seus
significados originais?
Para alguns estudiosos, entre estes Göthimg, ambert, Hervelin, Wenger, Beseler,
Düll,
e eram termos antagônicos, originando-se o primeiro no vocábulo
,
de raiz indo-européia, que traduziria a idéia de um vínculo estabelecido pela
vontade humana. Outra posição, defendida por Pietro de Francisci, concebe
e
como partes integrantes de uma mesma realidade ontológica, ambas enquanto
manifestação da vontade divina. A distinção operada teria, portanto, simples
nuança histórica: concebia-se como regulação das relações das gentes pré -
citadinas, enquanto
era o ordenamento próprio dos cidadãos. Outros estudiosos
perceberão , e
como adjetivos, revelando a licitude ou ilicitude dos
comportamentos humanos. outra versão,
poderia também ter representado o
fruto do acordo de vontades dos cidadãos, cuja necessidade de f azer respeitar
advinha do .
A este respeito, entende Antonio Guarino,
se concebe como manifestação do
uso que os humanos fazem do , da sua liberdade. Conceito mais bem formulado,
este persistiu. Sendo assim, infere-se, a separação entre e
não indica a
irreligiosidade deste último. Ao contrário, o
se concebe como parte do ,
conceito
, do qual surgiu.
Dicotômica, também, no direito romano, era a divisão em
.
O
significava literalmente
, direito peculiar a um determinado
Estado e, neste sentido, direito dos cidadãos romanos; o
abrangia o
direto comum aos romanos e aos outros povos (
M,
compondo-se por dois substantivos:
= direito e
= pessoas = raça,
nação). O
qualificava essencialmente o direito dos estrangeiros na sua
relação com os cidadãos, em oposição ao
, o da cidade romana.
Atualmente, indica, em direito internacional, as regras jurídicas fundadas n a
natureza das coisas, aplicáveis a todos os povos e não somente aos assuntos de
um Estado determinado.
A existência de institutos jurídicos a todos os povos da Terra levou ao
discernimento de que originariam de uma
(razão natural),
diversamente da (razão civil) que influi o
. A partir de então, foi
o
concebido como
(direito natural), sendo os dois termos
considerados sinônimos.
Através de Cícero consagra-se a expressão
, ao fazer a tripartida
divisão do Direito omano:
,
e
. ão poderiam,
entretanto,
e
entrar em conflito com o
, direito
natural, conjunto de princípios norteadores, localizados acima do arbítrio do
homem, extraídos filosoficamente da natureza das coisas, visando solucionar ou
inspirar a solução dos casos ; inerente à natureza humana.
A época clássica do Direito romano transcorre durante os séculos II e III da era
Cristã e o pensamento dos juristas quanto à procura do justo submete -se ao
pensamento de Aristóteles.
Gayo retorna à divisão dicotômica do Direito:
e
e Ulpiano
resgata a divisão tríplice do Direito alcançada por Cícero. Ao falar do
,
abrange a todos os animais, pois o define como o direito ensinado por Deus a todas
as criaturas, não sendo exclusivamente próprio do gênero humano. Tal conceito foi
adotado nas D
de Justiniano.
A palavra
, etimologicamente, provém do latim
(qualidade do reto,
sem curvatura), que suplantou as expressões
e
, do latim clássico, por ser
mais expressiva. Ao olhar do homem comum é e
.
o mundo moderno, em noção sagrada pelo uso, o Direito é entendido como um
conjunto de regras obrigatórias garantidoras da convivência social, graças à
instauração de limites à conduta dos indivíduos. É o
romano. Assim sendo,
assinala Miguel eale, quem age de conformidade com essas regras comporta-se