Este artigo discute a inclusão de uma vaca e um burro no presépio do Vaticano. O autor esclarece que o Papa Bento XVI nunca decretou que eles não estiveram presentes no nascimento de Jesus, e sim que os Evangelhos não mencionam animais. A tradição cristã os colocou no presépio baseada em referências bíblicas que sugerem um estábulo. O Papa vê o boi e o jumento como representando a humanidade, incapaz de compreender os mistérios de Deus, mas receb
Descrição original:
Alguns aspetos de reflexão sobre as figuras do presépio.
Este artigo discute a inclusão de uma vaca e um burro no presépio do Vaticano. O autor esclarece que o Papa Bento XVI nunca decretou que eles não estiveram presentes no nascimento de Jesus, e sim que os Evangelhos não mencionam animais. A tradição cristã os colocou no presépio baseada em referências bíblicas que sugerem um estábulo. O Papa vê o boi e o jumento como representando a humanidade, incapaz de compreender os mistérios de Deus, mas receb
Este artigo discute a inclusão de uma vaca e um burro no presépio do Vaticano. O autor esclarece que o Papa Bento XVI nunca decretou que eles não estiveram presentes no nascimento de Jesus, e sim que os Evangelhos não mencionam animais. A tradição cristã os colocou no presépio baseada em referências bíblicas que sugerem um estábulo. O Papa vê o boi e o jumento como representando a humanidade, incapaz de compreender os mistérios de Deus, mas receb
Após o sensasionalismo de algum jornalista ‘ignorante’ na interpretação do último livro
do Papa, esta lastimosa e consentida ignorância prossegue nalguma imprensa: o Presépio do Vaticano irá incluir uma vaca e um burro, “apesar de Bento XVI decretar que não estiveram no nascimento de Jesus”. Mas, quem inventou este decreto que nunca existiu? No seu livro “A infância de Jesus”, o Papa diz, após a leitura do relato do Nascimento de Jesus, segundo S. Lucas: “No Evangelho não se fala, neste caso, de animais”. No entanto, a meditação cristã cedo os colocou à volta do presépio. De fato, aparecem já num sarcófago do Museu de Latrão, que remonta ao século IV. A inclusão do boi e do jumento vinha sugerida pela referência evangélica à manjedoura, daí a tradição concluir que se tratava de um estábulo de animais. Além disso, tinha um fundamento bíblico que o Papa recolhe. O profeta Isaías fazia esta denúncia ao povo: “O boi conhece o seu dono, e o jumento, o estábulo do seu senhor, mas Israel, meu povo, nada entende” (Is 1, 3). Juntamente com este oráculo, o Papa menciona também um anúncio que se encontra na versão grega do profeta Habacuc: “No meio de dois seres vivos... serás conhecido; quando chegar o tempo aparecerás” (Hab 3, 2). Estes dois seres vivos também poderiam ser os querubins que estavam em cima da Arca da Aliança. Segundo a referência de Isaías, a humanidade pode estar ao lado do Mistério e, apesar disso, ignorá-Lo. Se esse fosse, em algumas ocasiões, o pecado de Israel, não deveria repetir- se no seio da comunidade cristã. O boi e o jumento recordam-nos a necessidade de reconhecer a Deus em Jesus, que nasce entre nós. O Papa conclui que o boi e o jumento aparecem como uma representação da humanidade, desprovida de entendimento para os Mistérios Sagrados, mas que perante o Menino, que nasce em Belém, recebe uma nova luz. Graças a essa luz da fé, descobrimos em Jesus o Salvador e, simultaneamente, o próprio sentido da nossa vida. Desta forma, o comentário de Bento XVI, a propósito do boi e do jumento, é tão belo quanto profundo. E, sobretudo, é muito atual no momento em que muitos têm dificuldades ou resistências para se aproximarem do Mistério. Muitos dizem não necessitar de Salvação. Outros buscam uma salvação sem Salvador. Talvez, por isso, alguns preferem a frivolidade à beleza da Mensagem Profética e à profundidade da sua mensagem. Mas a breve divagação do Papa, sobre este tema, conclui dizendo: “Nenhuma representação do Nascimento renunciará ao boi e ao jumento”. Assim, pois, nunca houve tal ‘decreto’ de abolir estes seres vivos do presépio; antes, o Papa aconselha a que devem fazer parte dele. Além disso, o livro contém outros assuntos tão interessantes e importantes, que deveriam colocar este na penumbra. Mas é sempre mais fácil e mais vistoso, trocar o banal pelo essencial!