Você está na página 1de 19

AULA 32

Seja muito bem-vindo a aula 32 do Novo Mercado! Como sempre e de


praxe, para não perder a manha, se você já está aqui comigo ao vivo batendo
um papinho falando sobre a bomba do evento que eu postei no Facebook, se
você está assistindo a gravação, não importa em que dia, em que horário e em
que ano estelar você esteja tendo acesso à aula, nós vamos falar sobre
“Carrinho”. É uma sequência da aula 31, onde nós falamos sobre assuntos
introdutórios e agora vamos falar sobre umas questões mais técnicas sobre isso.
Eu elegi cinco pontos e quero falar da maneira que eu aprendi, a melhor até hoje
pra entender placement, uma palavra meio afrescalhada, mas no português do
“povo” quer dizer: “Cara, como eu dimensiono o meu carrinho?”
Os pontos são os seguintes:
1) Com quantos produtos/serviços você deve iniciar o seu negócio/startup.
2) Como setar seus produtos
3) Como trabalhar com âncoras
4) Como precificar corretamente desde o início
5) O modelo Netflix de precificação
Primeiro ponto: com quantos negócios e serviços você deve iniciar a sua startup?
Quem aqui já ouviu aquela frase que está em corrente, daquelas tiazinhas que
te mandavam Power point pelo e-mail, ou está naqueles caras bem
empreendedores de palco, que dizia assim “Se você quer ir rápido, vá sozinho.
Se você quer ir longe, vá acompanhado”? Depende da variação, “go together”,
no original.
Quem estava falando muito isso foi o Deschamps, que trabalha no “Pagar.me”.
Ele fez um vídeo muito legal sobre isso, mas assim quando a gente escuta essa
frase geralmente se tira uma conclusão errada e precipitada de que ir longe e
acompanhado é melhor que a primeira parte da frase. Se dividir a frase em duas,
dar a entender que última parte é melhor que o começo. Se você quiser ir
rápido, vá sozinho...”. “Cara, que merda! Você é muito egoísta. Se você quiser ir
longe, se você quiser ser o próximo Steve Jobs, vá acompanhado”.
O que não é verdade. Existem momentos, existem negócios na sua startup que
você vai ter que ir sozinho, não tem problema nenhum. Quem me conhece, lá
das primeiras aulas, eu batia muito nesse ponto, as pessoas reclamavam muito.
“Ah, Ícaro você é muito agressivo”, e eu falava nesses últimos anos que estava
mais errando que aprendendo. É fundamental também.
No curso de criatividade eu falava: “Erre miseravelmente!”. Tenha pelo menos
um erro que tenha te deixado no estado de desgraça, de miséria, até seus
familiares dizerem que você é um merda... aí você começa a aprender.
Nesses últimos seis anos, eu vi muitos negócios legais, muitas iniciativas legais.
O Erik Ries fala isso no Lean Startup. Ele tem uma frase que mudou a maneira
como eu enxergo o negócio no começo de carreira. Uma das frases mais fodas.
Algumas frases como essas norteiam meu pensamento. Uma delas é a do Steve
Jobs: “Foco é dizer não”. Eu acho que quem está no cenário de
empreendedorismo, inovação, desenvolvimento, sente dificuldade em dizer
“não”.
Eu tinha muita dificuldade em dizer “não”, porque as pessoas estão totalmente
proativas nesse meio, elas querem fazer. Quem está no começo não tem a
reunião de possibilidades, não tem um caixa de 100 mil para contratar todo
mundo. Então, todo mundo fica fazendo parceria com todo mundo.
Isso mexeu muito comigo. Porque eu era o cara que sempre dizia sim para tudo.
Criei a minha primeira startup, a TV Investe, chegava um cara: “Ícaro, eu tô
criando uma plataforma”, outro dizia: “Cara, você não quer ajudar a gente no
desenho?”, e eu respondia: “Quero! ”. Aí vinha outro cara “Velho, eu tô pensando
aqui em abrir um e-commerce, você não quer ajudar no design?”, eu dizia
“Quero”.
Porque na minha cabeça eu precisava dar certo e ficar milionário muito rápido.
Aquela velha ideia de que você tem que ser milionário muito rápido porque senão
vai ficar velho. E na minha cabeça, se eu tivesse seis ou sete negócios,
empreendimentos e possibilidades de trabalho, poderiam até dar cinco erradas,
mas uma ia dar certo. Eu não sabia qual era, então eu queria estar em todas.
E o que acaba acontecendo? Você não se dedica a nenhuma de fato, aquele
negócio de queime seus bagos é muito verdade. É por isso que a gente costuma
fazer as coisas mais na vera quando vai envelhecendo, pois vê que o tempo está
acabando. Com dezoito anos você pode ser o que quiser. Se der errado, vai pra
faculdade, vai morar no exterior, fazer concurso público. Você pode fazer tudo.
Pode até tentar ser comediante e administrador ao mesmo tempo.
Por exemplo, hoje eu estou com 29 anos e já não ouço que eu sou um cara tão
novo assim. Eu ouvia muito isso com 22 anos: “Ah, Ícaro o que é que você faz?”,
“Eu trabalho com desenvolvimento, design...”, e os caras falavam: “Nossa, cara,
mas você é muito novo para ter todo esse conhecimento, essa experiência...”.
Isso vai mexendo no seu ego, vai fazendo você achar que é um prodígio, que
tem um futuro iluminado... e hoje em dia, sete anos depois, eu tenho cem vezes
mais conteúdo, experiências, histórias pra contar, mas os caras só perguntam
“Quantos anos você tem?” e eu falo “29”, e eles só respondem: “Legal,
bacana...”.
Tire um pouco essa ideia de que você é o cara mais inteligente. Sempre tive
esse problema. Fui criado numa casa onde minha mãe sempre disse que eu era
o moleque mais inteligente do mundo. Na verdade, eu era preguiçoso para
caralho. Tem um amigo meu que acabou de virar prático. Para mim, esse é o
cara mais inteligente do mundo. Ele trabalha três dias por semana, pilota uns
navios, estaciona uns bagulhos, pronto. Acabou. Ele é o cara mais inteligente.
Está jogando sinuca, pôquer, viaja um final de semana para Las Vegas, ganha
100 mil reais. Esse é um cara inteligente. Não é apenas a pungência intelectual,
mas é você percorrer a inteligência da forma mais eficiente possível, para esse
caso.
Em outros pontos, eu ouço que sou muito novo em relação à família. “Pô, você
já tem um filho, é tão novo e já quer ter outro?”, mas para negócios isso acabou.
E talvez se hoje eu tivesse a puta de uma startup gigantesca, eu voltaria a ser
um cara novo. Já para trabalho criativo não funcionou.
O Steve Jobs dizia isso (frase dita anteriormente), e essa frase me acompanhou.
Essa era a frase que eu jogava para tudo. Essa e: “Design não é forma, design
é função”. Até que eu li o “Lean Startup” do Eric Ries, e ele usou uma frase que
mudou muito a maneira que eu encaro as coisas, que é a seguinte: “Startup não
morre de fome, Startup morre afogada”.
Primeira vez que eu li isso, eu gritei, parei, anotei, marquei no começo do livro a
página e decorei. Todo mundo acha que startup morre de fome. “Ah, porque o
Brasil não tem muito dinheiro, não tem muita grana, qualquer cara lança um
carrinho de Hotdog nos EUA e começa a fazer muito dinheiro, mas aqui não é
tão simples...”.
Cara, a maioria dos startups legais que eu conheço tinham dinheiro, sejam de
amigos, familiares, investidores e enfim. Algumas erraram, mas tinham dinheiro.
O grande problema é que os caras estavam se afogando. Muitos produtos,
muitas propostas, muitas certezas, muitas suposições, muita espera para ir para
rua. E o negócio nunca ficava pronto. O negócio sempre estava em um estágio
quase pronto, mas que nunca era entregue.
Quando eu ouvi essa frase, comecei a pensar sobre muita coisa em relação a
isso. E o que acontece é que hoje em dia a gente vai repetindo algumas frases,
alguns ditados, sem parar para pensar exatamente sobre isso. O “se você quer
ir rápido, vá sozinho”, na maior parte das vezes, para quem tá começando o
negócio agora, é o melhor caminho.
Fui muito criticado por ser um dos primeiros caras a levantar a ideia de que
parceria vai matar você. E eu faço parcerias, mas o problema é quando você faz
parcerias por fazer. Aparece um cara: “Você quer que eu te ajude a fazer tal
coisa? Eu trabalho com tráfego, você faz uma parceria comigo e eu aumento o
tráfego do Mercado...”, aí eu disse: “Faz o seguinte, manda teu portfólio, me
manda teu preço. Eu te pago e você faz o serviço”.
Nós acabamos fazendo parceria para tudo e isso tira a nossa objetividade,
aceleração. Tira justamente todas as vantagens que nós temos quando estamos
em um negócio no começo. Quando temos uma startup, tudo joga ao nosso
desfavor: nós temos pouco dinheiro, pouca experiência, pouco tráfego, um
cartão de visitas não tão chamativo, mas a startup é livre. É livre, enxuta,
pequena, dinâmica, aprende rápido e os erros custam pouco.
E o que acontece? Você perde justamente essa habilidade para ficar fazendo
parceria ou vendendo um pedação da sua startup no começo, enquanto ela não
vale nada, para o cara que edita seu vídeo. “Ah, quanto custa um vídeomaker?”.
1500 reais por mês, “Eu não vou pagar esse valor. Vou dar 25% da minha
empresa para ele, e ele edita meus vídeos”.
Você por acaso sabe quanto vai custar 25% da sua empresa daqui a um ano ou
dois? Será que esse cara é um bom sócio? Essa é a primeira pergunta, será que
ele é um bom sócio? E aí, nós chegamos na primeira questão. A aula hoje é
sobre carrinho.
Quais são as principais dúvidas quando o assunto é carrinho? Geralmente, elas
estão orbitando em duas esferas:
1) O preço que eu coloco no meu produto, ou no meu serviço;
2) Quantos produtos e serviços eu vou adicionar ao meu carrinho;
Nós falamos sobre isso na aula passada quando demos o exemplo da loja de
material de construção. E a questão é a seguinte, o comportamento de um
carrinho acontece sobre a forma de parábola, nós tendemos a acreditar que
sempre é assim (uma parábola), e nunca é uma linha reta.

Nada no negócio, no desenvolvimento, no empreendedorismo, e na


inovação é em linha reta. Nada.

E nós acreditamos no quê? Um produto é bom, dois produtos são melhores, três
produtos são muito bons, e assim por diante. Não é bem assim. Se fosse assim,
você entraria na Netflix e ela teria setenta pacotes para estarem a venda, mas
não necessariamente as coisas funcionam dessa forma.
Quando a gente fala de carrinho, assim como a gente fala de preço, é uma
parábola. Uma barriguda. É o seguinte, aqui é o ponto óptimo (desenho de
parábola no chat), é quando você vai estar com o carrinho fino, liso. É onde ele
vai estar performando da melhor maneira possível. 99% das vezes nós não
vamos acertar no cuzinho da moça. Esse é outro erro muito grande: acharmos
que nós temos como nos reunir com a equipe, nos reunir com nosso entorno,
nos reunir com nosso professor, se reunir com o Ícaro, ou com a galera.
Vamos soltar logo a bomba no topo da parábola. Geralmente, você começa por
aqui ou por aqui, e vai ajustando (ilustração). Puxando para cá, se passou do
ponto (para a esquerda), puxando para cá, se você não passou (para a direita).
Cada ponto alto da parábola depende da empresa, depende do tipo de produto,
de quanto ela quer crescer, do tamanho da equipe, do tamanho do seu suporte.
O que é aqui para você (ponto óptimo), pode ser aqui para o Novo mercado (lado
esquerdo da parábola).
Mas a parábola do Novo mercado é assim, entendeu? (Ilustração no chat). Não
é que seja a mesma parábola para todos. Provavelmente a parábola da Netflix é
completamente diferente da sua ou da minha parábola.
Mas o ponto é: existe uma parábola. No teu negócio ou no de qualquer outra
pessoa existe uma parábola. Existe um ponto em que você dimensionou
corretamente, onde você encontrou seu ponto óptimo. É o momento que você
está andando muito bem e é quase impossível — eu nunca vi — alguém acertar
na mosca ou logo de cara.
O Novo Mercado quando saiu, ele saiu aqui (lado esquerdo da parábola), e um
aqui bem convincente. Agora ele está sendo puxado para cá (em direção ao
ponto óptimo). E quando eu sei que chegou aqui? (Ponto óptimo). Não dá pra
saber. Você olha pra trás seis meses depois e diz: “Caralho, eu realmente estou
no casco”.
Então, é muito difícil que você perceba que chegou no ponto óptimo exatamente
no momento em que você chega. Você só sabe que pegou a mulher mais bonita
da festa quando ela está acabando. Não tem certeza se daqui a vinte minutos
não vai entrar a melhor, entendeu?
O que acontece? Nós ficamos achando que a quantidade de produtos e o preço
dos produtos depende apenas da nossa boa vontade, que não depende de um
teste de mercado, da sua validação, do que os clientes estão falando. Eu vejo
muito desenvolvedor, muito cara técnico de startup falando assim: “Olha, vamos
fazer uma pesquisa de mercado com os nossos concorrentes e ver o quanto eles
cobram...” É assim que você quer fazer? Nós vamos voltar lá para aula 29 ou 30,
pra responder essa pergunta.

Com quantos produtos você deve iniciar o seu negócio? Quem vai te dizer
isso é o seu mercado.

O que eu sempre digo para as pessoas, é o seguinte: está com sua empresa,
está com seu negócio, lança a quantidade mínima pra que você possa
desempenhar o seu negócio.
Por que eu estou falando isso? Porque quando eu fiz isso para o Novo mercado,
eu lancei uma assinatura de 49,90. Isso era o mínimo que eu precisava para
fazer o meu negócio funcionar.
Aqui no Novo mercado, o que eu tinha? Eu tinha suporte, eu tinha tecnologia
(chat, e-mails, grupos...), eu tinha tudo o mais. Como eu consigo validar tudo
isso com a menor quantidade de produtos possíveis? No meu caso, com um
produto a 49,90. Com um produto eu testo o meu tráfego (porque tem uma
proposta definida), eu testo o meu suporte (porque vocês acenam com suas
dificuldades na plataforma), eu consigo validar todos os elementos, consigo
validar o meu marketing (se eu estou fechando assinaturas).
No meu caso, um produto já foi o suficiente para que eu cobrisse todas as minhas
variáveis e para que eu colocasse a minha máquina para rodar com todas peças
sendo testadas.
Agora, por que o número mágico não é um? Eu vejo até o Eric Ries (Lean
Startup), caindo nesse erro: “Comece com um protótipo”. Nós temos a Martha
(aluna do curso), que é dona da Saloon 33, uma e-commerce. Ninguém
consegue começar um e-commerce com uma peça. Existe uma dimensão
mínima para que você comece uma e-commerce.
Provavelmente, se você começar uma e-commerce com uma única peça você
não vai ter sucesso. Porque você não consegue com uma peça só criar algo tão
isentão que atraia todo mundo. “Ah, Ícaro, qual a quantidade mínima de um e-
commerce?” Eu não sei. Não faço a menor ideia, não tenho e-commerce, nunca
tive. Mas provavelmente as pessoas do meio do e-commerce tem que entender
minimamente disso. Não adianta você decidir do nada, não sabendo
minimamente com quantas peças você precisa trabalhar.
Eu vou falar para vocês aqui, não foi divulgado, não foi liberado, mas como será
nos próximos quarenta, ou cinquenta dias, vocês são alunos e clientes que
fazem parte do Novo mercado, vale a pena comunicar, até como sinal de
confiança. O Novo mercado está fazendo uma migração muito grande. Ele deixa
de ser apenas uma escola de empreendedorismo (que é muito oceano
vermelho), se assume hoje com a identidade que ele deveria ter assumido. Nós
somos uma escola criativa para negócios.
Dentro dessa migração do Novo mercado, eu retorno para o YouTube, vou
começar a fazer vídeos diários, fazer vlogs duas ou três vezes por semana. Não
havia falado nada para ninguém ainda, mas nós temos uma marca de roupa,
uma coleção de uma empresa grande que se interessou e vai fazer para o Novo
mercado. A galera que tem, que gosta de desenvolvimento, de design, de
internet, de vlog, mídias sociais, de treta, nós vamos ter uma coleção para vocês.
Naquele dia que eu estava em Santos, estava justamente batendo o martelo e
fechando o contrato com essa produtora. A pergunta que ela me fez, no caso,
foi a seguinte: “Beleza, Ícaro nós ficamos muito empolgados com o seu projeto.
O Novo mercado tem muito para crescer. Quanto mais popular o seu discurso
fica, mais ele alcança as pessoas. Quantas peças nós vamos começar?”.
Eu falei: “Vocês é que vão me dizer isso. Porque eu não entendo como vocês
fazem isso. Me digam quantas peças! Que tal dez? Se quiserem começar com
uma, começaremos com uma...” e nós chegamos na conclusão que
começaríamos com quatro peças. Cada peça cabe a um público alvo diferente.
Vamos validar essas peças e quinze dias depois vamos introduzir uma quinta
peça, e quinze dias depois uma sexta peça. Mas como nós chegamos ao quatro?
Quando as pessoas falam com o Ícaro, me refiro a marca do Novo mercado
personalizada (eu sempre gosto de dar o exemplo do Novo mercado porque é o
que eu vivo, é o que sai do meu bolso e o que entra nele), não adianta nada eu
chegar aqui e falar: “Olha, o Flávio Augusto fez...”. De que adianta? Não adianta
eu ficar gozando com o pau dos outros. (Desculpe a expressão). Eu tenho que
me orgulhar das conquistas que me adicionaram dinheiro, e das derrotas que me
tiraram dinheiro, mas que me mantiveram vivos.
As pessoas que falam com o Ícaro, estão divididas, geralmente em quatro
grupos:
1) o cara que está querendo falar de família e 2) religião (são os temas pessoais).
3) o cara que quer falar sobre vida intelectual ou estudos (internet, marketing,
comunicação, política).
3) e o cara que quer falar sobre treta.
Todos os meus clientes estão distribuídos nesses quatro elementos (ou leads
também). E seja ele em forma de texto, em vídeo, artigo, Indigesto, Facebook...
nós vamos criar uma peça para cada uma dessas áreas.
Provavelmente, isso aqui será adaptado (primeira área, ilustração no chat), não
posso comentar muito, mas será modificado para uma mensagem minha, do
Ícaro. E por que nós temos uma peça na manga para daqui a cada quinze dias?
E outra para daqui a trinta? Porque eu boto tudo na venda.
Beleza, 70% das vendas estavam concentradas em duas dessas áreas, uma
peça vai entrar aqui e outra peça aqui (ilustração). E se eu tivesse meu pull de
clientes divididos em três áreas? Seriam três peças.
Então no começo, eu não sei o que é que vai acontecer. No começo, eu não sei
quais as camisas que mais vão vender, o moletom que mais vai vender, se é
sobre inovação ou startup ou se a que mais vai vender será uma de zoeira total,
fazendo uma puta brincadeira com o co-funding da Bel Pence. (Risos)
Como é que eu faço? Eu lanço uma tiragem mínima, poucas peças, no meu
público total e deixo ele dizer o que está mais interessante. A que for esvaziando
primeiro, vai ser a que vai entrando na segunda da linha. E o que acontece? Ela
ganha força. Então, nós temos aqui, quatro áreas completamente diferentes,
mas que atendem as pessoas. Eu tenho uma camisa em cada uma dessas
áreas. Eu sei que as pessoas que me buscam, me buscam para um desses
quatro temas e quem já validou isso? Eu acho que elas me buscam por esses
quatro temas? Não, é o Facebook que me diz.
Quando eu escrevo sobre isso, uma galera aceita. Quando eu escrevo sobre
aquilo, outra galera aceita. Tem cara que está nas quatro, tem cara que está em
duas. Mas uma coisa completamente diferente é o cara clicar no botão de like e
outra coisa, totalmente diferente, é esse cara tirar o dinheiro do bolso.
Então, Jean, (aluno fazendo pergunta no chat sobre uma possível pré-venda), ia
ter uma pré-venda, mas olha como as coisas acontecem. Como nunca é uma
linha reta, eu acho que os exemplos que acontecem no Novo mercado são mais
importantes do que qualquer outro exemplo, porque é meu, essa iniciativa da
coleção ia sair bem grande, com três peças em cada uma.
Ela ia sair através de um co-funding, onde você ia dar o dinheiro e ia receber a
peça exatamente no mesmo valor do dinheiro que você colocou. Aconteceu a
merda da Bel, e abortou o co-funding. Nenhum cara imbecil o suficiente vai falar
a palavra co-funding nos próximos três ou quatro meses, o risco de baque é
altíssimo. Porque agora fodeu a consciência da galera, eles conseguiram
corromper a ideia temporariamente (Bel Pesce).
Antigamente, a ideia de um co-funding seria o quê? A gente faz a pré-venda,
você produz e entrega para gente. Legal, é assim que vai acontecer. Depois do
escândalo da Bel, podem dizer: “Ah, que empreendedor de merda! Você não
quer entrar com risco nenhum?”. Eu ia lançar o meu livro como um co-funding,
eu ia exatamente fazer as tiragens nas vendas, abortou. Nunca é uma linha reta.
Então, como acontece? Começa com uma tiragem mínima, mas só com vinte
peças de cada (é só um exemplo, eu não sei quantas peças serão), e aí começa
a sair muito rápido em determinada área, a linha dois entra.
Só que quando você tem uma camiseta em cada área, geralmente 80% das
vendas vão estar concentradas em 20% das peças. Eu sei e já deixei a produtora
consciente: “Olha, 80% da nossa força de venda vão ser em cima de duas
estampas. Talvez uma estampa. ”
Vamos dizer que seja essa (ilustração no chat). Começa a vender e daqui a
quinze dias, boto outra. Quando você bota outra, você começa a vender mais.
Tanto essa, quanto a anterior. Por quê? Porque tem mais opção, mais opção ao
agrado do cliente, e mais opção comercial.
Aí eu posso fazer as duas com o preço de uma e meia. Aí eu posso unir elas
com um story telling legal. Como as duas já dão um valor maior, eu posso dar
uma aula pra quem comprar as duas ou uma coisa diferente. Depois eu adiciono
a terceira, gera ainda mais possibilidades de brincar com isso.
Então, por que eu não lanço três peças de cada uma? E essa daqui que vai
vender 20%, que vai ficar encalhadinha? Para quê caralhos eu vou triplicar o
meu risco se eu não tenho certeza sobre nada? Essa daqui e todas as que forem
vendidas, vão ser vendidas sem anunciar promoção, para não denunciar qual é
a que está vendendo menos. E quando acabar, fechou. Eu vou e ponho uma
estampa nova depois. Provavelmente, já ligando a isso daqui (a estampa que
está vendendo menos). Esse é o exemplo da loja que a gente está montando
para o Novo mercado. Isso pode acontecer com qualquer coisa.
Foi exatamente o que aconteceu com meu modelo de assinatura. O que eu
sabia? Sabia que as pessoas que estavam atrás de mim, se encontram nessas
quatro áreas (já mencionadas, anteriormente). Por que eu escolhi a assinatura?
Eu fiz uma pesquisa de mercado? Eu fiz uma assessoria com algum “mago” dos
negócios? Não, eu escolhi isso por causa da minha vocação e do meu
temperamento. Eu gosto de dar aula ao vivo. Eu gosto de ler vocês no chat. Eu
gosto de dar conteúdo toda semana. Eu não tenho problema nenhum com isso.
Acho que todo mundo só tem a ganhar.
Vocês continuam gostando do que eu faço, eu entrego o que prometo, as coisas
estão sempre frescas, eu vou criando um banco de ativos onde adiciono toda
semana um produto a mais. E vai ficando um movimento cada vez mais forte.
Eu lanço um produto de 49,90. Começou a vender. Beleza, agora adiciono um
segundo, de 79,90. Começou a vender. Beleza, agora eu lanço a anuidade.
Por que eu já não lancei os três? Por quê? Dava mais trabalho? O trabalho era
muito pequeno, são três modalidades sobre um mesmo produto, mas meu foco
não era esse, eu tinha uma meta. Eu queria X assinantes à 49,00 antes de poder
chegar em 79,90. E agora eu tenho X assinantes de 79,00, antes de poder iniciar
alguma outra, que nem estou pensando ainda.
Essa meta está diretamente subordinada à manutenção da qualidade de
atendimento que eu dou. Não é uma meta que é para aumentar faturamento.
Claro que eu também quero isso, mas eu desejo aumentar o faturamento desde
que eu preserve o atendimento, que é característico. Minha meta não é crescer
pra caralho e sumir. Então, assim, quando a gente vem para essa questão (Com
quantos produtos e serviços você deve iniciar o seu negócio), podemos afirmar
o seguinte:

A sua audiência define muito qual é o seu produto.


Eu sou um cara que tenho uma dificuldade profunda de falar sobre Chesterton,
falar sobre Filosofia, sobre Literatura... isso não vende. Porque eu não tenho
competência nenhuma para falar sobre isso, nem sou intelectual e nem pretendo
ter qualquer negócio intelectual.
Ao mesmo tempo, eu tenho uma personalidade muito expansiva, sou muito
brincalhão, então eu vou usar isso para vender. A minha audiência é muito bem
definida. Ou é a molecada ou são os caras muito de empreendedorismos que
vieram de muita porrada.
Então me perguntam: “ Ô, Ícaro, quantos produtos eu devo começar o meu
carrinho?” Como se divide a sua audiência? Fazendo a gestão da comunidade,
você consegue saber exatamente o que eles querem.
Existe um negócio que faria, de certeza, tornar o Novo mercado uma empresa
grande. Eu não tenho nenhum problema em compartilhar ideias, porque eu quero
que se foda. Na minha opinião, o que transformaria o Novo Mercado em uma
empresa de um milhão de reais de faturamento, seria eu conseguir fazer uma
GetResponse em português com o nome “O Novo Mercado” e eu pudesse
desenvolver a minha plataforma para tudo. Porque onde você ganha o dinheiro
de verdade é no serviço. Você consegue vender consultorias por 250 reais a
hora. Agora, conseguir 2 mil assinaturas a 90,00, é com serviço.
Se eu criasse uma puta plataforma que ajudasse o cara a estar no Facebook
gerenciando as campanhas dele...provavelmente para desenhar alguma
plataforma que seja útil para poder pôr muito mais barato, pela metade do preço
de custo da propaganda. Mas o cara teria que se tornar meu assinante, porque
o preço só baixa com o valor da assinatura. O cara fica sabendo o que tem que
fazer, mas o que define quantos produtos e serviços você vai iniciar o seu
negócio é:

É a quantidade de fatias que você consegue tirar do seu queijo. É a sua


audiência.

“Ícaro, mas eu não tenho audiência!...”. Não tem problema, o que você vai fazer?
Qual o teu concorrente direto? Qual é a tua inspiração? Não é possível que você
venha do zero, absolutamente do zero. Você não está inventando uma coisa que
ninguém nunca inventou. É só você cair dentro desse teu benchmarking, desse
teu estudo e fazer o seu pull de produtos baseado no público alvo.
Não é difícil perceber. É só ver quantos assuntos você consegue falar recebendo
engajamento. Se eu falar de Fórmula 1 dificilmente vou ter engajamento, porque
meu público não está acostumado com isso.
Quem vai definir isso é a quantidade de camadas que você consegue cortar
da sua audiência. É a voz que você fala com sua audiência e ela responde
da melhor maneira possível.

Quando eu falo gíria, brincadeira, eu tenho muito mais engajamento do que


quando eu fiz aquele post sobre “A origem do teatro Shakespeariano no Século
X”. Que para mim, foi um dos melhores posts do ano, se não o melhor. Então,
eu sei que não posso fazer uma coleção do Novo mercado com uma paródia de
Shakespeare por mais que eu ache legal para caralho. Meu público já foi definido
antes na minha audiência. Eu não estou livre para saber quantos produtos irei
soltar e em que área. Eu estou totalmente condicionado a vocês.
A audiência condiciona o que você está fazendo.
E é aí que nós vamos começar a falar de “Age of Empires”. Quem aí nunca ouviu
falar de “Age of Empires”? Quem é que nunca ouviu falar de um “joguinho” de
estratégia que você cria umas fazendinhas, uns bonequinhos e vai atacar os
outros caras? Cara, é muito legal essa alusão, muito legal. Vamos lá, o princípio
do Age of Empires e vocês nunca vão esquecer dessa aula.
Tinha o time azul e tinha o time vermelho. Eles nascem em cantos opostos do
mapa, e você tem que basicamente colecionar recursos para criar mais casinhas,
para criar mais quartéis, para fazer mais homenzinhos. E quando você faz
homenzinhos, você ataca o inimigo.
Quando você nasce, nasce com um monte de recurso que é geralmente ouro,
floresta, algumas pedras... só que tem outra base, e nela tem outros recursos.
Porque a ideia do jogo não é você ficar sentado numa base só atacando. Você
pode expandir pelo mapa, fazer um muro e defender. Quando você começa um
jogo de estratégia, se tem basicamente duas opções, e você vai decidir na hora.
Ou você vai começar jogando no ataque ou você vai começar jogando na defesa.
O que é jogar no ataque? Você vai assumir que vai jogar apenas nessa base
(ilustração no chat) e vai tentar construir o máximo de estruturas possíveis para
fazer um ataque rápido. Esse é o Lean Startup. Você gera um protótipo rápido.
O que é jogar na defesa? Você começa o jogo abrindo uma base nova, usando
recursos para criar um castelo novo, mais escravos, para poder ter um jogo
macro. Uma base é 100% de eficiência, duas bases não. Essa é a quantidade
de produto.
O que as pessoas falavam para aqueles que queriam jogar os jogos de estratégia
em alto desempenho? “Cara, até você ficar realmente muito bom numa base só,
não vá para duas”. Jogar com uma base muito bem jogada, sempre será superior
do que jogar com três bases mais ou menos. Você destrói primeiro uma, depois
você vai no embalo destruindo as outras.
Então o que eu vejo? Eu vejo muita gente com muitos produtos, muitas
iniciativas, muitas ofertas, muitas propostas e que não joga bem em nenhuma
base. Não faz o dever de casa com um produto.
Quem fazia muito isso? O cara de marketing digital há dois, três anos atrás. Eles
lançavam um curso — o curso tinha trinta aulas — entregavam quatro e iam
entregando uma por semana. Quando chegava na quinze, o cara parava. Porque
ele já tinha gastado aquele dinheiro todo, já estava pensando em outro
lançamento e aí começava a atrasar. Ou seja, o cara nem conseguia fazer o
dever de casa dele com um produto. Ele estava pensando em três ou quatro
parcerias. Vejo muito isso.
Hoje veio um rapaz falar comigo, não sei o nome dele, é meio coroinha (deve ter
uns quarenta anos), dizendo “Porra, Ícaro, você sabe que o Vergara, do inglês,
faturou sei lá quantos milhões de reais? E olha que foda: dá pra fazer muita
coisa...”, eu falei “Cara, eu vejo isso no mercado digital há muitos anos. A galera
tá muito preocupada em saber quantos milhões de reais o Érico Rocha fez ( autor
de Sacadas de Empreendedor), quantos milhões de reais o Vergara (Curso de
inglês), o quanto Jeff Walker fez. Todo mundo conhece um amigo que está
ganhando 100 mil reais por mês. Foda-se. Isso não vai mudar nada na sua vida”
Se o Érico Rocha fizer mais um trilhão de reais na nova Fórmula de Lançamento,
isso só vai trazer mais gente satisfeita para o ecossistema. Dane-se o que os
caras estão fazendo. Foca no teu. O que eu vejo é que muita gente confunde a
personalidade do Ícaro para achar que a personalidade é apenas crítica. E se
você não tiver o que oferecer, você pode ser o maior crítico do mundo, mas não
vai pôr nenhum real no bolso.
Lembre-se do episódio daquele cara no ano passado, que começou a criticar
todas as plataformas de produtos do mercado. E o cara era tão bom em descobrir
os erros das plataformas, as falcatruas, os negócios. A audiência dele começou
a crescer. Quando ele não tinha mais o que xingar, decidiu lançar uma
ferramenta que solucionaria todos esses problemas, seria a reinvenção da roda.
Ele passou um ano fazendo isso, e lançou o produto dele. É o pior produto que
eu já vi na minha vida. E sumiu, ninguém mais fala nele.
Do que adiantaria escrever exatamente o que escrevo, vocês assinassem o
Novo Mercado e quando chegassem aqui dentro eu não tivesse porra nenhuma
para oferecer? Percebam, vejam os vídeos desses caras. São todos iguais. Há
um índice de cancelamento absurdo.
Nós temos um figurão do mercado que montou todo o modelo de assinatura, e
o cara tinha uma desistência de 50% até o terceiro mês, cara. Um em cada dois
desistiam até o terceiro mês. Do que adiantou enfiar 50 mil reais em tráfego?
Nada. Você só sustenta assinatura com muito conteúdo.
Quando eu vendo o Novo Mercado a 79,90, eu estou dando trinta e duas aulas
para o cara assistir. Por esse preço. São 60h de aula por 79,90. Não vai
encontrar isso em nenhum outro lugar do mercado. Nem no pirata.
O cara demora meses pra acabar as trinta e duas aulas. Cada aula é diferente e
tem conteúdo novo. Então, até chegar à aula 32, que é essa aula de agora, se
passou meses. Se ao chegar nessa aula e decidir desistir — e que fez um bom
negócio, porque pagou apenas três assinaturas enquanto ele estava fazendo
seis meses de aula — em seis meses ele se atualizou completamente. O bagulho
é bom. Por que cancelar a porra do negócio?

Tem muita gente achando que assinatura é o novo “Santo Graal”, e não é.
Se não entregar conteúdo, você está fodido. Vai matar o teu negócio. É
melhor fazer um produto caro e vender.

Como setar os seus preços? Não é você que seta o teu preço. Vamos voltar
para a parábola, você tem um ponto óptimo que ninguém sabe onde é. Ele está
aqui, mas você não sabe qual é. (ilustração de parábola no chat). Você vai
chutar. Quando eu botei 49,90, eu chutei.
Eu acho que quanto mais experiência, estudos de caso e conhecimento da
concorrência, mais fácil fica o chute. Ninguém abriria uma concorrente da Netflix,
começando com 99 dólares de assinatura, porque ela já estabeleceu o padrão.
Então, sei lá, chutei. Porque 49,90 eu considero que tenha sido aqui? (Lado
esquerdo da ilustração da parábola no chat). Porque quando eu soltei a 79,90,
começou a sair muito mais venda, ou seja, eu estava deixando o dinheiro na
mesa. Poderia ter lançado ela a 99,00? Poderia, mas eu não tenho garantia
nenhuma de que 99,00 estaria aqui (no ponto óptimo), ou aqui (após o ponto
óptimo), eu começo a perder venda também, já que nesse preço começaria a
pesar.
Fica tudo equilibrado ao longo da parábola. 90% das vendas no Novo mercado
são lá no topo da parábola, são assinaturas de 79,90. Lógico que quando eu
vendo uma anuidade, é como se eu vendesse dez assinaturas dessas, então dá
um gás. Eu sei que meu ponto óptimo é esse (79,90). Se não fosse, como eu
teria descoberto? Eu colocaria isso (49,90).
Como a gente volta para o “Age of Empires”? Essas estratégias são baseadas
em informações parciais, é coberto por uma sombra, você só sabe onde o seu
bonequinho está. O jogo é baseado em ação e reação. O princípio do jogo de
estratégia é baseado em ação, reação e informações parciais. Por quê?
Por exemplo, o seu inimigo vai fazer um exército pesado (só com um monte de
caras com lanças). Se você fizer um exército de cavalos com arqueiros
montados, vai poder atirar neles e correr. Faz o seu micro gerenciamento e os
lanceiros nunca irão de acertar. Só que você só vai saber o que o cara vai fazer
indo ver o que ele está fazendo. Quando você joga isso profissionalmente faz
muito sentido ao lançar o seu preço. Você faz um “scout” no mercado.
Quais são os dois indicadores que você pode ter quando seta um preço?
1) Comentários ou manifestações;
2) Compras.

As duas são importantes, mas a compra se sobressai. Se você põe um produto


na rua e ele começa a vender, então o preço está legal. Você só tem um
problema: não sabe se o preço está barato demais, mas você não consegue
corrigir isso agora.
Se você põe um produto na rua e ele não vende, aí as informações são muito
importantes. Quando alguém cancela o Novo mercado, eu disparo um
formulário: “Cara, no quê eu não consegui te atender?”. Esse é o cara que eu
mais quero ouvir, porque ele julgou que não sou mais útil para ele. Então, pera
aí, eu não sou mais útil para ele por que ele mudou ou eu que não sirvo?
Como você seta o seu preço? Escolha um mercado compatível com o que você
está entrando e bota a porra do produto na rua. Eu fiz um puta de um scout hoje.
O cara tem um puta de um histórico de ser um jogador agressivo, eu vou lá ver
o que ele está fazendo só para saber se ele não está fazendo algumas unidades
rápidas para me bater. Pensei em um evento, legal.
“Ícaro, você é um gênio! ” Não, eu tive a ideia. E qual foi a primeira coisa que eu
fiz? Perguntei para vocês, a minha audiência. Eu explico tudo o que eu pretendo
fazer e pergunto o que vocês acham.
Beleza, eu setei o meu produto, setei o preço dele, setei as condições e joguei
na rua. Eu nem sei se vou fazer nome, nem sei qual casa que eu vou alugar,
nem sei quando vai ser o evento, nem sei quem vai palestrar, mas eu preciso
saber disso para as pessoas me dizerem se é uma boa ideia ou não. Custa
perguntar se as pessoas querem pagar esse preço?
É muito diferente você chegar e falar assim: “Oi Jairo, você sempre me
acompanha e eu sempre te respondo. Então Jairo, se eu lançar um produto por
três mil reais você compraria?”. Aqui é o Brasil. Se você chegar nos seus amigos
com qualquer ideia, eles dizem que vão comprar e não compram. Você só tem
como validar preço com compra, dinheiro caindo no caixa. É a única forma de
validar. Não é opinião, não é cinco estrelas, não é encorajamento, é compra. E
aí nós chegamos na questão da âncora.
Qual a importância da âncora? As âncoras salvam o shopping center. São
grandes lojas, grandes marcas, a praça de alimentação, cinema, que trazem as
pessoas até o shopping. Criam o fluxo. Quando você trabalha com uma âncora,
você garante o tráfego, o interesse, muito mais do que a conversão. A âncora
não precisa apenas ser produto. Geralmente, nós pensamos que âncora é
produto.
Por que eu gosto de âncora? A âncora é um lugar que traz audiência para a
compra, para a vitrine. O que o Novo Mercado tem? O Novo mercado tem três
produtos: 49,90, 79,90, e anuidade. Qual a âncora do Novo Mercado? A âncora
do Novo Mercado não é produto, é o meu Facebook, que pega todo esse tráfego
e distribui nos mais diversos produtos.
Eu tenho outra âncora, não só uma, tenho o Indigesto. Se vocês perceberam, o
público do Indigesto é diferente do público do meu perfil, propositadamente. No
Indigesto eu falo sobre variados assuntos. Eu não quero concorrer com a parede
aqui (ilustração no chat). O Indigesto recebe tudo isso, e distribui para o Novo
Mercado.
Esse é o modelo de âncora baseado em um modelo de comunicação e tráfego.
Claro que tem outro modelo de âncora. E qual é? Você recebe um modelo muito
grande, mas boa parte desse tráfego é ruído. Só alguns dão dinheiro. Eu, Ícaro,
gosto de pegar o ruído também. Porque eu acho que todo o ruído pode ser
convertido em dinheiro também. Todo não, mas você consegue converter desde
que seja bom. Agora, não é para todo mundo. Não é todo mundo, que como eu,
está disposto a gastar 8h horas no Facebook todos os dias. E eu nem sei se toda
a minha dedicação no Facebook à longo prazo é sustentável. Isso dá um tema
para uma outra aula.
E quando o Novo mercado crescer, tiver as confecções, tiver o canal, se esse
evento der certo e vira uma franquia, quanto eu começo a perder por estar focado
no Facebook? Mas eu não vou me preocupar com isso agora. Se o cara quer
mais dinheiro vai colocando mais produtos e digamos que ele tenha sete (para
vocês não confundirem e acharem que a regra são três), você tem que gravar o
que eu vou dizer agora:
Produto é proposta de valor.
Quando você pensa em um produto, automaticamente você pensa em valor. Se
as duas não estiverem muito bem alinhadas, você tem um problema muito
grande. Se você tem um produto com uma puta de uma proposta e um valor
muito ruim, você fatura e arranja um puta problema depois. O cara vai se sentir
enganado. “Velho, eu paguei 5 mil reais por isso daí e meu cabelo não cresceu!”
Agora, se você tiver um puta produto, mas com uma proposta tímida, vai acabar
deixando muito dinheiro na mesa.
O que convence o cliente é a proposta, e o que fideliza o cliente é o valor.
E as duas coisas estão contidas em um produto.
Qual é a proposta de âncora para tirar o ruído (o cara que só quer sugar e ficar
só com aquele que passa o cartão)? Você cria um produto à frente dos outros,
atribui a ele muito valor, ótima proposta e preço baixo. Tem que ter um preço
escandalosamente baixo. O cara tem que olhar esse produto e pensar: “Caralho,
por que esse produto é tão bom e custa tão pouco? E ele realmente é bom!”.
Esse é o cara que passa o cartão.
O cara que passa o cartão é aquele que pode passar em um produto de 9,90, ou
naquele de 10 mil reais. Se ele tiver o dinheiro, ele vai passar o cartão. Passar o
cartão não está relacionado ao saldo bancário, e sim relacionado à
comportamento de consumo.
Eu sou um cara que mal compro roupas pela internet — eu mal compro roupas
na verdade, quem faz isso é minha mulher. Então a Privalia pode chegar e falar:
“Ícaro, eu dou 90% de desconto nessas dez camisetas por 49,90”, que eu vou
falar “Legal, está barato mesmo!” e vou apagar o e-mail.
Não importa quantas ofertas de roupa eu receber, não vou comprar. Em
contrapartida, eu compro todos os livros existentes na humanidade. O
comportamento de passar o cartão não tem nada a ver com saldo bancário. Mas,
lógico, se ele tiver dinheiro vai comprar. Você não pode construir o seu modelo
de negócio se baseando no que pessoas com zero de dinheiro vão te comprar.
Então, vamos tomar isso como verdade:

Passar o cartão está muito mais condicionado ao padrão de consumo, do


que você ter o dinheiro para comprar aquilo.

Como eu materializo isso? Imagine que eu não tivesse assinatura de 49,90 ou


de 79,90. Se eu não tenho tempo para lidar com o ruído, eu faço uma âncora de
produto. Como? Eu mato a 79,90 e eu subo o 49,90, não tenho mais nenhum
um produto barato, o meu novo barato é 79,90 e lanço todas as aulas antigas do
Novo Mercado por 19,90.
“Foda-se o ao vivo, eu quero ver todas por 19,90”. Baratinho, e tiro o ruído. Quem
cresceu assim? O Extra. Ele abriu o empório dentro de um bairro vendendo pão
por dez centavos, quebrava todas as padarias por perto.
Eu tenho que trabalhar com âncora? Tem. Internet é, e sempre será, pornografia
e entretenimento. Se eu trabalho com livros, qualquer idiota vai mandar eu fazer
um blog para abordar marketing de conteúdo. Quantas visitas mensais eu vou
ter nessa merda? Não muito, porque é só mais um blog.
Então o que acontece? Por que no meu perfil eu falo sobre religião, falo sobre
economia, sobre merda? Porque eu quero aumentar o meu foco, não quero ser
só aquele cara que posta apenas sobre Facebook, pois é um público muito
restrito.
Quando eu crio o blog Indigesto, ele recebeu um milhão de visitas. Eu tive
exatamente, em um mês, dois anos e sete meses de tráfego do outro blog.
Demorei muito tempo para perceber isso e quando eu percebi estava com um
cliente. Um desses caras que se afoga. Ele queria criar a Fox News brasileira.
Veio com vários conteúdos de política, queria chamar jornalista, tudo pra entrar
num portal. (Leiam o livro “A riqueza na base das pirâmides”). Abordava política,
economia, filosofia... quando foi mostrar o projeto, o cara falou: “É, acho que dá
pra ganhar algum dinheiro”. Mas sendo sincero, só começa a ganhar dinheiro
quando transmite futebol. E por quê? É entretenimento.
Então, a curva é totalmente corrompida quando existe um volume gigantesco de
acessos. Se você pegar o tráfego de todos os empreendedores do Brasil,
inclusive os caras de fórmula de lançamento, não dá um tráfego de um top 10 de
YouTube.
A grande força da internet é pornografia e entretenimento. O que não quer dizer
que você só vá trabalhar nessa forma de varejo, eu mesmo tive que trabalhar
anos e anos, especificamente, para agora ir ao varejo com segurança. Se você
tem confiança no seu tato e conteúdo, cria um blog de entretenimento e joga
todo o tráfego para você. Pode não vir qualificado, mas é muito grande. Isso
serve apenas para coisas mais de varejo.
Como precificar corretamente desde o início? Simples, não tem como. Você não
pode precificar corretamente desde o início, a não ser com sorte, com chute. E
é justamente a ideia de que você pode precificar corretamente desde o início que
acaba com você. Fica com medo, ansioso, demora para pôr o produto na rua.
Vai perdendo tempo. E aí, tem uma curva, que funciona mais ou menos assim:
Quanto mais o tempo passa, o dinheiro ele vai acabando, e seu estresse
aumenta.
Até que acaba chegando onde o professor Alexander Elder (economista e
psiquiatra) falava que nós íamos apostando e apostando até que chegamos no
ponto de vômito. Ou a gente fecha tudo e nunca põe nada na rua, ou a gente
coloca de qualquer jeito e é destruído. Esquece a ideia de que você vai acertar
no começo. Ou na rua, porque a rua corrige você.
Aí nós temos o modelo Netflix, que é o ponto cinco. A Netflix fez uma passada,
teve um negócio no carrinho dela que ficou conhecido como o “modelo Netflix de
precificação”. Qual foi a grande contribuição dela no mercado de carrinhos? Ela
conseguiu mexer no carrinho dela, com tudo funcionando, da maneira mais
genial possível de uma forma que o mercado antes acreditava que era muito
perigoso, a ponto de aposentar e falir uma empresa. Ela começou como
exatamente eu estou falando para vocês nessa aula toda.
Partiu de uma suposição de que as pessoas queriam ver séries pela internet e
estão cansadas de Torrent, que elas querem ter conforto. A Netflix se montou
como um império dessa maneira, só com 4,99 e acabou. Nasceu assim.
Então ela chega e diz que vai mexer no carrinho, o mundo pegou fogo. As
pessoas ficaram loucas. E adicionou um de 9,90. Olha que foda! O mercado
estava em uma pegada totalmente diferente, a pegada da Amazon. Sempre
entregue mais. E isso virou um mantra. Quando a Netflix fala que vai vender ao
público dela por 9,90, todo mundo achou uma loucura.
Qual era a estratégia? Ela se contrapôs à estratégia habitual de oferecer HD
para todo mundo por 4,99, e fez por 9,90. Gerou uma briga do caralho. Ninguém
se importava tanto assim com HD, então vendia meio a meio (isso eu estou
supondo), 50% da galera comprava 4,99 e os outros 50%, 9,90.
As pessoas sempre querem dar pitaco na sua empresa, cara. Só quem pode
fazer isso é quem está sentando na piroca todo dia. Então, diante disso,
decidiram colocar outro produto de 19,90, que entregava quatro pontos de
conexão simultânea. A Netflix fez a grande jogada do século. Quem iria assinar
algo de 19,90? Ninguém. Mas quando se coloca algo desse preço, o 9,90 se
torna mais barato. E o que aconteceu? O 4,90 quase não vende, e eles
começaram a vender pra caralho o 9,90.
Ninguém pensava assim antes da Netflix. Leiam o Chris Anderson “O futuro dos
preços”. A Netflix fez história, provou que vale apostar no seu “feeling”, provou
que deveria apostar no time fundador e todo resto é história.
Esse modelo de precificação é o que eu estou dando no Novo mercado. Com
muito menos genialidade, muito menos inovação. É assim que você tem que
começar a pensar. Com coragem, com teste, pondo na rua, ouvindo as pessoas
e não tendo medo de errar. Todo o resto é conversa, não existe nenhuma
garantia.
Perguntas:
Leandro Costa (aluno do curso): “Como você chega nos preços dos cursos
gravados?”
Eu não chego aos preços dos cursos gravados, Leandro. Vou te dar até uma
ideia que é bom todo mundo entender. Eu vou assumir agora quando falo que
nosso modelo aqui não é de relação de consumo: nosso modelo aqui é
experiência de vida.
Eu falhei miseravelmente na precificação dos cursos. Vendi pouquíssimos
gravados, muito menos do que seria o pior cenário. Errei na mão. Tive que mexer
nos preços, vou ter que subir algum, terei que mudar a proposta. Eu já acho que
tem um erro de design também, por isso que nós estamos mudando a página no
Novo mercado.
Muitas pessoas ficaram em dúvida se a assinatura dava direito aos cursos. Elas
não entenderam a diferença entre cursos e aulas. Isso foi erro meu. Então, eu
tenho dois prováveis problemas que identifiquei: o problema de design e o outro
é o preço. O que eu vou fazer? Vou mudar toda a estrutura, proposta, deixar
clara as questões. Vou botar para funcionar por trinta dias. Se as vendas não
emplacarem, vou ter que começar a mexer nos preços. Simples assim. Fiquei
apavorado? Nem fodendo.
Sem mais perguntas? Pessoal, qualquer coisa joga lá no grupo.

Bibliografia indicada e citada:


Anderson Chris. Free - O futuro dos preços. Elsevier/campus, 2009.
Ries, Eric. A Startup Enxuta. Estados Unidos: Crown Publishing Group, 2011.
C.K, Prahalad. A riqueza na base da pirâmide- Como erradicar a pobreza com o
lucro. Brasil: Bookman, 2009

Você também pode gostar