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INSTITUTO HUMANITATIS

CURSO DE FORMAÇÃO EM PSICOLOGIA TRANSPESSOAL APLICADA

MUSICOTERAPIA:
UMA ABORDAGEM TRANSPESSOAL

CELSO RENÉ VIEIRA


DANIELA SEMEGHINI DA SILVA
KARINNA PEREIRA GÔNGORA
VIRGINIA E. FERREIRA DOS S. SOBRINHO

CAMPINAS/2011
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................. 5
2 MÚSICA & TERAPIA .................................................................... 8
2.1 O QUE É MÚSICA ................................................................ 8
2.2 MUSICOTERAPIA ................................................................ 8
2.3 MUSICOTERAPIA NA ANTIGUIDADE ................................. 9
3 MÚSICA & CONSCIÊNCIA .......................................................... 11
3.1 ONDAS CEREBRAIS E ESTADOS MENTAIS ..................... 11
3.2 ESTADOS ALTERADOS DE CONSCIÊNCIA ...................... 12
3.3 MÚSICA E ESTADOS DE CONSCIÊNCIA .......................... 14
3.4 RESSONÂNCIA .................................................................... 14
3.5 SOBRE O RELAXAMENTO ................................................. 16
4 PSICOFISIOLOGIA DA MÚSICA ................................................. 18
4.1 O HEMISFÉRIO DIREITO DO CÉREBRO ........................... 18
4.2 O USO DA IMAGINAÇÃO .................................................... 19
4.3 INFLUÊNCIAS PSICOLÓGICAS DA MÚSICA ..................... 20
4.4 MÚSICA E CARÁTER .......................................................... 21
4.5 PADRÕES DE INFLUÊNCIA DA MÚSICA ........................... 24
4.6 A SUPERAPRENDIZAGEM ................................................. 25
4.6.1 Música para a superaprendizagem e a supermemória .. 26
4.6.2 O Efeito Mozart .............................................................. 27
4.7 SOM É IMAGEM ................................................................... 28
4.7.1 Música em todas as cores ............................................. 28
4.7.2 Equivalências Som & Cor .............................................. 29
4.8 MUSICOTERAPIA REVELA ARQUÉTIPOS ........................ 30

iii
4.9 OS MOTIVOS DA MÚSICA .................................................. 30
5 SOM E BIOENERGÉTICA ........................................................... 34
5.1 O SOM .................................................................................. 34
5.2 CARACTERÍSTICAS DO SOM ............................................. 35
5.3 AUDIOANALGESIA .............................................................. 35
5.4 A MÚSICA E O CORPO FÍSICO .......................................... 37
5.4.1 Os efeitos da música moderna ...................................... 38
5.4.2 Epilepsia Musicogênica ................................................. 42
5.4.3 A ação doentia dos ruídos ............................................. 43
6 INDICAÇÕES MUSICAIS ............................................................. 44
6.1 MÚSICAS PARA MEMÓRIA E APRENDIZADO .................. 44
6.2 MÚSICAS PARA O PESSIMISMO ....................................... 45
6.3 MÚSICA PARA INTROPECÇÃO .......................................... 45
6.4 MÚSICA ANTI-STRESS ....................................................... 45
6.5 MÚSICAS PARA O OTIMISMO ............................................ 46
6.6 MÚSICAS PARA DAR ENERGIA ......................................... 46
6.7 MÚSICAS PARA UM SONO REPARADOR ......................... 47
6.8 MÚSICAS PARA RELAXAMENTO DINÂMICO .................... 47
6.9 MÚSICAS PARA A SERENIDADE ....................................... 47
6.10 MÚSICAS PARA MULHERES GRÁVIDAS ........................ 48
6.11 MÚSICAS HIPNOGÊNICAS ............................................... 48
7 VIVÊNCIAS .................................................................................. 49
7.1 VIVÊNCIA Nº 1 ..................................................................... 49
7.2 VIVÊNCIA Nº 2 ..................................................................... 51
7.3 VIVÊNCIA Nº 3 ..................................................................... 52
7.4 VIVÊNCIA Nº 4 ..................................................................... 53
8 CONCLUSÃO ............................................................................... 54
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................. 56

iv
1 INTRODUÇÃO

Muitas vezes não nos damos conta do efeito que uma música está
produzindo no nosso corpo físico, nas nossas emoções e do quanto interfere no
nosso comportamento.

Isto acontece porque a música é capaz de ativar no cérebro os mesmos


centros de recompensa que uma comida saborosa, droga ou sexo, podendo também
alterar as concentrações dos hormônios do estresse e até ajudar-nos a superar
limitações.

O ressoar dos sons produz alterações no estado mental e surgem sensações


diversas que podem ser de alegria, criatividade, expectativa, paz e bem estar,
relaxamento, ou de tristeza, melancolia, agressividade, revolta, estresse, entre
outras.

Sabemos, por várias pesquisas, que a música penetra nos componentes


biológicos e muda as estruturas neurológicas e é importante lembrar que os
estímulos musicais interferem de forma única em cada ser humano, embora a
música seja uma linguagem universal.

Nem todas as músicas que ouvimos são benéficas e por este motivo,
necessitamos conhecer melhor a matéria para utilizarmos os sons de forma positiva
e produtiva.

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A música, seja ela de qual gênero for, é uma inseparável companheira dos
sentimentos. Ela embala sonhos, desejos, fantasias, acontecimentos pessoais,
familiares, sociais e políticos. Ela permeia todas as instâncias de nossas vidas, e
sendo a emoção uma das características mais marcantes das pessoas, sempre
onde existirem pessoas, haverá lugar para a música.

Nosso prazer de escutar músicas derivaria do prazer primário de escutar


as pulsações do cordão umbilical. O feto não reage somente aos movimentos do
útero, mas também aos sons que vêm de fora, principalmente à voz materna, pois as
mães, por instinto, costumam cantar para seus bebês. O som nutre o
inconsciente.

Howard Gardner, Psicólogo da Universidade de Harvard, afirma que a


inteligência musical é a primeira forma de inteligência que se manifesta no recém-
nascido e que o estímulo musical é captado pelo bebê na segunda
ou terceira hora de vida.

Este nosso passeio através do mundo da música e da Musicoterapia pretende


despertar a consciência deste maravilhoso poder, utilizado desde tempos remotos
pelos xamãs, para curar, celebrar e falar com o mundo espiritual, até os dias atuais,
também com as mais diversas aplicações, inclusive na educação e na terapêutica.

Para isto, vamos esclarecer conceitos como o que é música e o que é


Musicoterapia; contar como a ela era usada na antiguidade para influir sobre o
comportamento humano. Falaremos sobre a descoberta das ondas cerebrais, que
reagem a determinadas sequências de sons e os estados mentais decorrentes
disto, bem como sobre os estados alterados de consciência e a influência da
música sobre eles.

Abordaremos o tema da ressonância para ilustrar como a vibração dos sons


têm poderosos efeitos na saúde física, emocional e espiritual; assim como o poder
da música na indução de estados de relaxamento.

Ao enfocarmos a Psicofisiologia da Música, que é o ramo biológico da


Psicologia que busca entender e demonstrar a relação mental entre a música e as
funções físicas e psicológicas, abordaremos a importância do hemisfério direito do
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cérebro e do uso da imaginação, assim como as influências psicológicas da
música, sobre superaprendizagem e supermemória. O Efeito Mozart, os
arquétipos e os motivos da música, também serão alvo de estudo, com o objetivo
de mostrar a extensão dos efeitos psicológicos e físicos que os sons criam em nós.

A Bioenergética, que trabalha com as energias da vida, nos permitirá


demonstrar o efeito do som na energia física, mental e espiritual. Para isto,
esclareceremos o que é o som e quais são as suas características. E, ao tratarmos
sobre a música e o corpo físico, veremos os efeitos da música moderna, fatos
como a epilepsia musicogênica e a ação doentia dos ruídos.

Finalizando, apresentaremos algumas indicações musicais, que servirão de


baliza para a indução a estados psicofisiológicos diversos, a serem experienciados
em algumas vivências, com o intuito de praticar e fixar os conceitos da
Musicoterapia.

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2 MÚSICA & TERAPIA

2.1 O QUE É MÚSICA?

De um modo geral, música é a arte de combinar sons. Ela é composta de


sons definidos, ou seja, de determinadas vibrações que podem ser medidas e
combinadas, chamadas “notas musicais”.

Nota musical é um termo empregado para designar o elemento mínimo de um


som, formado por um único modo de vibração do ar. As principais notas musicais
são: Dó, Ré, Mi, Fá, Sol, Lá e Si.

A música é a combinação desses sons que se repetem, em altura, timbre,


volume variados, e de seus elementos: harmonia, melodia e ritmo.

2.2 MUSICOTERAPIA

A Musicoterapia é uma especialização científica que se ocupa do trabalho


clínico e do estudo dos elementos do som e da música para fins educacionais e
terapêuticos.

A utilização do som, da música e seus elementos (ritmo, melodia e harmonia)


pelo musicoterapeuta, em um processo estruturado, ajuda promover a comunicação,
o relacionamento, a aprendizagem, a mobilização, a expressão e a cura através da
organização física, emocional, mental, espiritual, cognitiva e social do indivíduo,
fazendo com que ele desenvolva potenciais e/ou recupere funções, de forma a

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melhorar sua integração intra e interpessoal, bem-estar e qualidade de vida.

Especificamente nos fins terapêuticos, a Musicoterapia auxilia a abrir canais


de comunicação para produzir efeitos com estímulos sonoros, objetivando treinar e
recuperar o paciente com a manutenção da memória, da concentração, facilitando a
percepção auditiva, a atenção, a repetição, estimulando a memória imediata, a
memória implícita, o raciocínio abstrato, a imaginação e a criatividade.

Mas a Musicoterapia não se utiliza somente de música no processo de


aplicação terapêutica, utiliza também o som num aspecto mais amplo em relação à
sua concepção e movimento. Podem-se obter respostas motoras, sensitivas e
orgânicas através da música, da voz, do canto, de sons de instrumentos e dos sons
do próprio corpo.

Este nosso passeio através do mundo da música e da Musicoterapia pretende


despertar a consciência deste maravilhoso poder, utilizado desde tempos remotos
pelos xamãs, para curar, celebrar e falar com o mundo espiritual, até os dias atuais,
também com as mais diversas aplicações, inclusive na educação e na terapêutica.

2.3 MUSICOTERAPIA NA ANTIGUIDADE

Desde os tempos mais remotos a música é utilizada para influir sobre o


comportamento humano, sobretudo com fins terapêuticos. Entre os antigos egípcios
e gregos, bem como entre os persas, encontramos muitas lendas que contam
relações entre a música, a canção e a cura, que hoje poderíamos considerar como
“milagrosas”.

Dizem que Herófilo, médico de Alexandre Magno, controlava a pressão


arterial de seus pacientes de conformidade com a escala musical, com uma
gradação correspondente à faixa etária. Demócrito afirmava que as picadas de
cobras venenosas podiam ser curadas através da música da flauta, tocada, de
maneira hábil e melodiosa, sob determinadas técnicas que poucos conheciam.

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Platão dizia que a música é o remédio da alma. Defendia a idéia de que ao
corpo se chega através da alma, que o governa; acrescentando que, se ao corpo
treinamos com a ginástica, à alma se treina com a música.

Não podemos esquecer que a alma (latim: “anima”) para os gregos era
“psyché” ou psique, com uma conotação mais abrangente que a de hoje, ou seja,
envolvendo todos os processos internos da mente, da alma e do espírito. Portanto,
era assim que Platão a via.

Nos tempos mais antigos nenhum exército ia para os campos de batalha sem
o ritmado rufar de seus tambores, gerando entusiasmo, disciplina e ânimo para o
combate a enfrentar.

Nas mais diversas religiões, em todos os tempos, a música e os cantos


sempre tiveram especial papel na adequada emoção dos devotos. Portanto, não há
como se encarar o uso atual da música, nos diversos setores da vida humana, como
uma modernidade ou rotulá-lo como uma “nova onda” simplesmente.

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3 MÚSICA & CONSCIÊNCIA

3.1 ONDAS CEREBRAIS E ESTADOS MENTAIS

Em 1929, o psiquiatra alemão Hans Berger anunciou ao mundo científico e


médico que era possível registrar as fracas correntes elétricas geradas no cérebro
humano, sem a necessidade de abrir o crânio, e mostrar as ondas cerebrais na
forma de registros em papel, aos quais chamou de eletroencefalograma (ou EEG).
Observou ainda que esta atividade mudava de características de acordo com o
estado funcional do cérebro, tais como no sono, na anestesia, na hipóxia (falta de
oxigênio) e em certas doenças nervosas, como a epilepsia.

Hoje sabe-se que os neurônios comunicam-se entre si através de impulsos


elétricos e o eletroencefalógrafo deu origem ao detector de mentiras – um aparelho
que nada mais faz do que acusar certo desordenamento nas ondas cerebrais
quando uma pessoa está faltando com a verdade.

Graças a essas descobertas e ao aperfeiçoamento desses instrumentos, os


cientistas puderam detectar com os aparelhos de seus laboratórios, através de
diversas experiências, que o cérebro gera fundamentalmente quatro tipos ou
comprimentos de ondas, os quais caracterizam os quatros estados mentais, a saber:
Beta, Alpha, Theta e Delta.

O estado Beta é o estado normal de consciência de vigília, no qual os ciclos


cerebrais acontecem numa freqüência de 18 a 21 vezes a cada segundo.

No estado Alpha os ciclos da onda cerebral caem para uma faixa


compreendida entre 7 a 14 ciclos/segundo. Nesse estado geralmente as pessoas
estão dormindo, a respiração é suave, lenta, e o corpo diminui consideravelmente o

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ritmo de trabalho, graças ao que pode recuperar rapidamente as energias gastas no
trabalho e na atividade física.

O estado Theta somente é alcançado durante o sono profundo. Nesse estado


o número de ciclos/segundo da onda cerebral cai para 4. Nesse estado, para a
mente, não existe mais tempo nem espaço. A realidade é única e imutável. Se uma
pessoa, mediante um processo qualquer, pudesse penetrar instantaneamente nesse
estado, não precisaria mais que uns minutos para recuperar totalmente as energias
gastas em longas horas de trabalho.

O estado Delta ainda não foi pesquisado pela ciência. Sabe-se apenas que
os ciclos podem alcançar menos de um por segundo. Há uma hipótese que tenta
explicar que, quando uma pessoa alcança esse estado, sua mente se perde no
“vazio iluminador”, um estado de consciência que os místicos chamam de
“iluminação” ou “experiência do real”.

Os eletroencefalogramas feitos num mestre zen, durante a sua meditação,


revelaram que as ondas cerebrais são muito diferentes das de uma pessoa normal
em estado de vigília. Desde o começo se destaca um ritmo alfa (impossível de se
obter normalmente com os olhos abertos) e, à medida que a meditação avança,
aparecem as ondas theta, características do sono. Isto tudo aconteceu apesar do
mestre estar desperto e com toda a sua atividade cerebral intacta.

Disto deduz-se que, graças à meditação, pode-se ter acesso a uma realidade
mais ampla, pode-se conseguir alguma coisa assim como uma “expansão” da
consciência, a qual não somente registra a realidade cotidiana, mas também
percebe aquelas sensações típicas do sono ou de estados especiais.

3.2 ESTADOS ALTERADOS DE CONSCIÊNCIA

Nossa consciência habitualmente registra somente uma parcela da realidade,


aquela que aprendemos a ver e a definir através da educação e da linguagem. Mas
há outros estados de consciência que abrem as portas de nossa percepção para
mundos desconhecidos, maravilhosos ou fantasmagóricos.
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Mesmo que nossas percepções sofram ligeiras modificações, na maior parte
das vezes determinadas pelas emoções que sentimos, – um minuto pode passar
voando ou parecer eterno, os ruídos podem nos parecer fortíssimos se estamos em
alerta ou inexistentes se estamos distraídos etc. - nosso estado de consciência pode
sofrer modificações muito mais profundas, que determinam uma percepção
totalmente diferente da realidade. Este comportamento, este “encontrar-se num
mundo diferente”, tem uma denominação não muito clara, porém bastante útil para
defini-lo como estado alterado de consciência.

Ainda que não haja uma linha clara separando um estado normal de outro
extraordinário, existem situações e sintomas muito parecidos que nos permitem
reconhecer que, sem dúvida, estamos diante de um estado alterado de consciência

Hilary Evans, em seu livro Alternate States of Consciusness nos descreve a


sintomatologia de uma maneira muito precisa:

A sensação de ‘não ser’. Um estado como de vazio, em que a pessoa


parece um robô ou um zumbi, perdendo totalmente a capacidade de
agir. Isto é o que ocorre em algumas histerias e em outras
enfermidades mentais graves.
A despersonalização. O sujeito se comporta de maneira estranha,
como se houvesse se transformado em outra pessoa. Isto é típico nas
amnésias e nos surtos de personalidades múltiplas. Nos casos em que
o sujeito tem acessos de suposta ‘possessão demoníaca’ ou de outras
‘entidades’, estes estados são bastante palpáveis, e em geral
obedecem a uma necessidade inconsciente de resolver uma crise
psicológica.
Os estados místicos. O individuo tem experiências de extraordinária
lucidez, como se elevasse acima de seu próprio ‘eu’. Este é o caso do
êxtase místico dos santos.
Os estados paradoxais. São característicos dos estados hipnóticos. O
sujeito, visto de fora, parece totalmente entregue, mas é capaz de
realizar algumas tarefas especificas que jamais faria em seu estado
normal.
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3.3 MÚSICA E ESTADOS DE CONSCIÊNCIA

Você já parou para ouvir o som do interior do seu corpo e do seu Ser? E o
que diria do som da “Música das Esferas? É o som produzido pelo Sol, os planetas
e, enfim, por todos os astros em sua órbita no infinito Sideral Cósmico. É a Divina
Sinfonia da Orquestra Celestial. “Esta é para quem tem capacidade de ouvi-la
interiormente”, diz o músico e pesquisador Marcelo Petraglia. “É possível ouvir algo
além do que o ouvido humano é capaz de captar.”

Para o xamã, a música é um meio de se conseguir estados alterados de


consciência que permitam a comunhão com as hierarquias celestes. Seja
passivamente através da harmonização, ou ativamente através da emissão do
Verbo, ela cria condições para que projetemos em nossa natureza visível as
mesmas vibrações harmônicas que se propagam na natureza invisível.

Ao som do tambor, do maracá (chocalho) ou da flauta, o xamã entra em


estado de êxtase e eleva seu estado de consciência a níveis e esferas superiores.
Ele sabe que tudo no Universo é interligado em uma só e Sagrada Unidade; que
“Tudo está no Todo e o Todo está em Tudo”.

Depois de viver uma experiência suprema, a pessoa passa a perceber as


formas, as cores, os aromas, os sabores, etc..., em lugar de pensar sobre eles;
descobre-se um novo sentido de vida, uma elevação do vínculo consigo, com o outro
e com a natureza.

3.4 RESSONÂNCIA

Ressonância é o fenômeno que estabelece uma vibração interior de igual


período a outra exterior. Um corpo suscetível de vibrar (corda, ar, varinha, sino,
corpo humano, etc.), recebendo a ação periódica de outro, acaba adotando o
período deste, se bem que com amplitude tanto menor quanto difira sua vibração
própria da causa estranha que mantém seu movimento.

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Porém, se essa causa varia o período e este se aproxima ao do corpo vibrátil,
a amplitude da oscilação vai aumentando sucessivamente e alcança proporções
muito grandes, absorvendo grande parte da energia que a causa. Diz-se então que,
ressoa ou que está em ressonância.

A ressonância é de efeito recíproco. Ao mesmo tempo em que um corpo atua


sobre outro, este reage sobre o primeiro. Ambos os corpos, excitante e excitado, não
são a rigor, corpo ativo e corpo passivo, mas partes interativas do conjunto.

Portanto, ressonância musical é a sobreposição de um som refletido ao som


direto produzido por um corpo sonoro, voz ou instrumento, com o que ambos se
reforçam ou prolongam; ou também a vibração sincrônica de uma massa de ar ou
outro corpo, com o elemento produtor o som, aumentando a intensidade deste.

Os efeitos do som refletido devem ser alvos de muito cuidado dos


compositores musicais, pois ao não cuidar da perfeição desse detalhe musical,
corre-se o grave risco de criar perturbadoras e incomodas audições que
prejudicariam a saúde física e psicológica.

O cientista alemão Kneutgen demonstrou que a dissonância rítmica – contra a


qual o organismo humano não tem defesa a não ser a fuga, constitui um perigo
mortal para os seres vivos. Sua afirmação de que os organismos vivos tendem
irremediavelmente a acomodar o funcionamento de seus órgãos a um ritmo sonoro
exterior a eles, foi por ele demonstrada num aquário.

É sabido que um peixe necessita de um mínimo de 43 aspirações por


minuto, para não morrer asfixiado. Porém, se deixarmos próximo ao aquário um
mecanismo que emita um tic-tac num ritmo de 40 por minuto, o peixe passa a
acompanhar suas respirações com esse ritmo. Ao fim de um minuto, as aspirações
do peixe passam a ser de 40 por minuto, sem que ele possa aumentá-las
novamente. O peixe tenta fugir para um local silencioso, e, se a experiência não for
interrompida, acaba morrendo asfixiado por dissonância rítmica.

Por esse motivo, o rock não serve para relaxamento. O ritmo do rock é
constante, sincopado, ao passo que no relaxamento, a tendência é diminuir o pulso
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e o ritmo da respiração. Que procure observar bem o leitor a que riscos
inocentemente se expõe, às vezes, ao não saber selecionar adequadamente a
música, seja para o relaxamento, seja para o estudo ou o trabalho.

Em questões de música para terapia, o gosto pessoal não conta. Alguém


pode perfeitamente gostar de rock ou de outro ritmo musical, porém cada ritmo
produz um trabalho e um resultado diferente no corpo.

Todo trabalho de relaxamento, de imaginação, de desenvolvimento da mente


deve ser feito de modo positivo e construtivo. Assim, a música deve ser muito bem
selecionada. Mais adiante, indicaremos uma série de músicas para cada finalidade.

3.5 SOBRE O RELAXAMENTO

É impossível obter-se com relaxamento sem a respiração rítmica e a


concentração adequada. Não se obtém concentração sem a imaginação consciente
e não se alcança a correta imaginação sem a música.

A ciência vem desenvolvendo vários estudos sobre os neurotransmissores,


que são substâncias químicas através das quais os neurônios do cérebro
comunicam-se entre si a grandes velocidades. Quando alguém tenta se recordar de
alguma coisa, certo grupo de neurônios produz e libera certas substâncias químicas
– os neurotransmissores – que enviam sinais elétricos a outros neurônios. Com isso
se produz a comunicação cerebral, que surge depois, na mente, em forma de
imagem, conceito ou recordação.

O cérebro, por ser o local mais importante do corpo humano, está protegido
de diversas formas, dentre as quais, pela camada hematoencefálica, que o protege
contra muitas substâncias que essas barreiras deixam chegar até o cérebro. Por
isso, os remédios para combater problemas cerebrais são raros e ministrados sob
rigoroso controle.

Entretanto, a música, por ser energia em forma sonora, alcança e atravessa


essas barreiras, produzindo assim efeitos que muitos medicamentos não
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conseguem. É por isso que certo tipo de música acalma ou diminui a dor, pelo fato
de colocar os neurônios em estado de repouso, o que leva a desconexão
eletroquímica das células cerebrais com os nervos do resto do corpo. Em outras
palavras: a música funciona como se fosse um preparado anestésico.

Assim, sempre que você se sentir cansado, em casa ou no escritório, coloque


um par de fones de ouvido, e faça uma completa “massagem” sonora no seu
cérebro. Sobre o tipo de música que você deve usar, veja mais adiante neste
trabalho.

O uso correto da respiração, ao lado da música, é muito importante quando


se quer relaxar o corpo, por dois motivos básicos: primeiro – melhor oxigenação do
cérebro; segundo: sincronização biológica.

Obedecendo a esse princípio da respiração ritmada, o indivíduo faz com que


seu cérebro funcione melhor, tenha um maior poder de concentração e agudeza
mental.

Assim, muitos benefícios podem ser obtidos se, simplesmente, você respirar
de forma ordenada e ritmada. Quando se combina respiração com música, os
benefícios são dobrados.

Em condições normais, a mente, o corpo e as emoções trabalham cada qual


de acordo com seu próprio ritmo. Quando uma pessoa passa a respirar de forma
consciente, controlada e de acordo com um certo padrão, logo percebe que seu
corpo, mente e emoções se integram. O resultado dessa sincronização é uma
grande sensação de bem estar, conforto e descanso.

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4 PSICOFISIOLOGIA DA MÚSICA

4.1 O HEMISFÉRIO DIREITO DO CÉREBRO

O hemisfério direito do cérebro tem se revelado, na última década, mais


importante do que se imaginava. Nele se originam a criatividade, a originalidade e a
capacidade artística. Agora se estudam mecanismos e se programam exercícios
para ampliar o potencial do cérebro direito que, na maior parte dos seres humanos,
está adormecido.

Enquanto o hemisfério esquerdo se ocupa da linguagem e do pensamento


lógico, o direito faz tudo aquilo que não podemos relatar com a linguagem: imagina,
cria, compara imagens, mas não estabelece juízos nem articula palavras.

Segundo o neurocirurgião Richard Berland, “temos uma espécie de sábio


vivendo no hemisfério esquerdo e um místico habitando o direito”. Mas nos últimos
dez anos, na medida em que os cientistas tem mudado suas idéias sobre o
funcionamento da mente, o hemisfério direito, que armazena a sabedoria cósmica do
misticismo, tem ganho um respeito intelectual imenso, pois tudo que é original, se
gera neste lugar.

O ideal seria ensinar o nosso cérebro a atuar separadamente em cada


momento especifico. Conseguir que nenhum dos dois seja predominante poderia
nos converter em pessoas “perfeitas” intelectualmente. Mas, como assinala Robert
Ornstein, psicólogo californiano, “a maioria das pessoas, ou tem dificuldades com a
destreza manual e os movimentos corporais (predomínio do hemisfério esquerdo),
ou tem dificuldades com a criatividade ou intuição (hemisfério direito)”. A nossa
formação cultural é a principal culpada desta situação.

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Imaginemos dois meninos que não gostam das aulas de matemática e fogem
para jogar futebol. Durante o jogo, calculam quase sem errar, a força com a qual tem
que chutar a bola, a resistência que ela encontrará no chão, e até a força do vento,
quando ele é forte e pode modificar a trajetória da bola.

Na verdade, são cálculos muito mais difíceis do que os de uma aula de


álgebra, só que estes últimos são feitos intuitivamente. Nenhum deles saberia
chegar por palavras como chegaram a estas conclusões. Terão trabalhado,
sobretudo, com seu hemisfério direito. Estes meninos serão mais imaginativos e
terão mais facilidade para o desenho, a música e o esporte do que seus
companheiros que fazem, disciplinadamente, seus exercícios sistemáticos.

4.2 O USO DA IMAGINAÇÃO

A imaginação desempenha em nossa vida um papel muito mais importante do


que parece a primeira vista. A imaginação consciente, ou heurística, não é privilégio
de poetas, músicos, inventores ou filósofos.

A imaginação está presente em cada um de nossos atos, porque ela forma


nossas metas de vida, sobre as quais funciona nosso mecanismo automático de
ação. Uma pessoa vence ou fracassa no agir não por causa da vontade, mas devido
a sua imaginação.

O ser humano age, sente e se desenvolve sempre de acordo com o que


imagina ser a verdade sobre si mesmo e do ambiente que o cerca. O sistema
nervoso não distingue jamais a diferença existente entre uma experiência real e
outra imaginária; em ambos os casos, reage automaticamente à informação que lhe
chega.

Assim sendo, as nossas imagens mentais e idéias concernentes a nós


próprios se acham deformadas, ou se mostram irreais, nossas reações com relação
ao meio em que vivemos serão igualmente inadequadas. Por outro lado, se
imaginarmos estar atuando de outra forma, diferente da que normalmente agimos,
quando chegar a hora de atuar na vida real de um modo semelhante ao imaginado,
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é mais fácil agir como foi idealizado previamente. A prática da imaginação ajuda a
realizar tudo mais facilmente e com maior perfeição.

A cibernética considera o cérebro humano, o sistema nervoso e o sistema


muscular como um computador extremamente complexo. Vejamos: um estimulo
externo qualquer faz-nos agir prontamente, ao que parece. No entanto, antes que a
ação ocorresse, aconteceram milhares de cálculos e decisões no cérebro, tudo isso
baseado no volume de informações ali contidas, provenientes de experiências
anteriores e conhecimentos adquiridos.

Sem dúvida, o cérebro, com seus sistemas nervoso e muscular, é o mais


veloz “computador” do mundo. Pense agora o que você pode fazer ao se dispor a
reprogramar essa “máquina” fantástica... Os meios para fazer isso estão neste
trabalho. Basta você diariamente relaxar o corpo, a mente e as emoções, com a
música apropriada, e trabalhar com sua imaginação de forma consciente.

4.3 INFLUÊNCIAS PSICOLÓGICAS DA MÚSICA

Tão reais e abertas ao uso prático são as influências psicológicas da música


que a arte tem sido empregada, no transcorrer dos séculos na produção de efeitos
emocionais e mentais.

Desde os tempos mais remotos, pescadores, ceifeiros e outros trabalhadores


têm cantado em uníssono a fim de inspirar-se para obter o máximo rendimento do
trabalho. Pode notar-se que com o aparecimento do rádio, essa prática básica não
cessou, mas simplesmente se ajustou: pesquisadores científicos descobriram que a
música melodiosa, animada, ouvida na fábrica, aumenta consideravelmente a
produtividade.

Paradoxalmente, uma forma de música utilizada por muito tempo na obtenção


de efeitos práticos, tem o duplo resultado de inspirar um grupo de pessoas e, ao
mesmo tempo, infundir medo em outro. Referimo-nos à música marcial, usada desde
o alvorecer da história, muitas vezes com resultados devastadores no campo de
batalha.

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Tão eficazes se revelaram na guerra bandas de tambores, corneteiros e
semelhantes, que os inimigos derrotados, reconhecendo haver a música marcial dos
vencedores representado um grande papel na sua derrota, adotaram uma música
idêntica ou semelhante para si – ainda que sua forma e estilos particulares fossem,
não raro, totalmente alheios aos seus próprios antecedentes culturais!

Como exemplo disto, basta-nos referir o que sucedeu aos primitivos cruzados,
que derrotados pelos sarracenos, adotaram os tons marciais dos árabes e, em
resultados disto, voltaram a alcançar a vitória em suas campanhas. Em nossos
tempos, visto que a própria forma da guerra foi alterada, já não existe papel para os
músicos no campo de batalha; mas o uso cada vez maior de canções patrióticas e
inspiradoras de liberdade e honra ainda se revelou grandemente benéfico para as
forças às vezes desmoralizadas ou apáticas. As influências psicológicas da música
são quase infinitamente variadas. O homem, em especial, sempre se voltou para a
influência da boa música como fonte de bálsamo e alegre inspiração moral.

Dizia Shakespeare que a boa música:

... can minister to minds diseaded,


Pluck from the memory a rooted sorrowrain,
Raze out the written troubles of the brain
And with its sweet , oblivious antidote,
Cleanse the full bosom of all perilous stuff
Which weighs upon the heart.1

4.4 MÚSICA E CARÁTER

Quem pode duvidar que a música afeta nossas emoções? É por certo
verdadeiro que só ouvimos música, em primeiro lugar, porque ela nos faz sentir
alguma coisa. Mas isto agora é deveras interessante, pois se a música nos
proporciona sentimentos, podemos dizer que tais sentimentos – de inspiração moral,

Tradução: …
pode auxiliar mentes enfermas,/ arrancar da memória uma tristeza arraigada,/
1

arrasar as ansiedades escritas no cérebro,/e com seu doce e esquecedor antídoto,/limpar o


seio de todas as matérias perigosas/ que pesam sobre o coração. (Shakespeare)
21
alegria, energia, melancolia, violência, sensualidade, calma, devoção e assim por
diante – são experiências. E as experiências que temos na vida constituem um fator
vitalmente importante no moldar-nos o caráter.

Psicólogos realizaram diversos estudos para descobrir exatamente o que nos


determina o caráter - quão inteligentes somos, quais são nossas habilidades
particulares, se somos civilizados em nosso proceder ou rebeldes e destrutivos, etc.
Nenhum projeto ou experimento psicológico sério sobre esse tópico deixou de
concluir que as experiências da vida desempenham importantíssimo papel na
modelação de caráter.

Dois fatores se relacionam com a formação do caráter. O primeiro é a


experiência, que também pode ser denominada aprendizagem no sentido lato da
palavra; o segundo consiste nos traços inatos, isto é, com os quais nascemos e que
os psicólogos acreditam ser geneticamente herdados. Todos concordam em que
cada um desses fatores é importantíssimo. A única coisa com que os psicólogos não
concordam são as percentagens exatas da parte que cada fator representa na
formação do caráter total.

No caso de um traço importante de caráter, o QI, os estudos psicológicos


revelaram que a experiência é responsável por uma grande proporção da nossa
inteligência. A proporção exata a que os estudos chegaram tem dependido do tipo
de dados analisados. Entretanto, as estimativas da extensão em que o ambiente
determina o QI vão de 13 a 55 por cento. Seria assaz razoável inferir disso que a
proporção real envolvida é aproximadamente de um terço. Os outros dois terços
resultam da hereditariedade e de outros fatores inatos.

A sequência lógica das conexões que desenvolvemos é a seguinte: a música


é uma experiência; a experiência modela cerca de um terço de nosso caráter total, a
julgar pelos estudos psicológicos; por conseguinte, parte dessa proporção de nossos
traços de caráter resulta da música que ouvimos. Em que pese a distância de vários
milhares de anos que nos separa, vemo-nos hoje de mãos dadas com Confúcio: “A
música modela o caráter!”

Basicamente, tudo ainda se reduz ao axioma chinês: “Como na música, assim


na vida” (Confúcio). Dilatando esse aforismo verificamos que todos os psicólogos
22
concordam realmente em que: “Como na ‘experiência’, assim na vida”. Os pais se
interessam por arte? Pode esperar-se, então, que os filhos também venham a
interessar-se por arte. Os amigos são turbulentos? Tudo indica que a criança
também pode tornar-se mais turbulenta. A criança vê músicos de rock pavonearem-
se com orgulho na tela? Nesse caso ela também poderá vir a pavonear-se com
orgulho.

Em estudos sucessivos, verificou-se que as crianças copiam o


comportamento daquilo que viram, quer ao vivo, quer na televisão. Bandura e
Huston, por exemplo, levaram a cabo uma experiência em que se dividiam as
crianças em dois grupos. Cada grupo via um adulto realizar uma variedade de atos
insólitos e curiosos, ao mesmo tempo que as próprias crianças se entretinham com
um problema de percepção.

Cada grupo de crianças viu um conjunto diferente de atos efetuados pelos


diferentes adultos; o adulto ora falava consigo mesmo, ora arrancava, com um
puxão, uma bonequinha de borracha de uma caixa. Mais tarde, viram-se as crianças
de cada grupo imitando os atos específicos que tinham observado.

Ao negarem o fato de tenderem a música e o comportamento dos músicos a


modelar o caráter e o comportamento das pessoas, os materialistas, por implicação,
estão tentando refutar todo o corpo de pesquisas psicológicas cuidadosamente
documentadas, dirigidas e estabelecidas nos últimos decênios por centenas de
pesquisadores responsáveis.

Não somente a música, mas todas as formas de experiência dão forma ao


modo como pensamos e procedemos. Tomemos por exemplo a televisão, que nos
tempos modernos também veio a assumir poderoso império sobre a sociedade: de
acordo com a Associação Nacional de Telespectadores e Ouvintes da Grã-Bretanha,
existem hoje nada menos que seiscentos estudos científicos que demonstraram a
existência de um elo entre a violência televisada e a violência social.

As experiências influem em nosso caráter no correr de toda a nossa vida, mas


sua influência é particularmente vigorosa durante a infância e a adolescência,
quando a personalidade ainda está tomando forma e é mais maleável. Não é a toa
que se processa a aprendizagem nesses anos. Pode esperar-se, portanto, que a
23
música seja particularmente poderosa na moldagem do caráter durante a infância e
nos anos da adolescência.

4.5 PADRÕES DE INFLUÊNCIA DA MÚSICA

Segundo o Dr. Andrzes Janicki, médico polonês, a mesma música pode


provocar reações diferentes em pessoas diferentes, de acordo com as suas
peculiaridades psicofisiológicas.
Vejamos quais são os fatores por ele elencados:
 estrutura e função do sistema nervoso central
 estrutura e função do sistema vegetativo
 estrutura e função do sistema de secreção interna
 estrutura e função dos órgãos internos
 construção da obra musical: melodia, harmonia e ritmo
 disposição psíquica particular do indivíduo
 sensibilidade emocional do indivíduo
 capacidade de memória do indivíduo
 capacidade imaginativa
 gostos musicais do indivíduo
 costumes auditivos do indivíduo
 cultura musical e sensibilidade estética do indivíduo

Após 10 anos de pacientes e dedicados estudos de certos tipos de sons, o Dr.


Norio Owaki, de Tóquio, descobriu que a música também pode alterar os estados de
consciência de um indivíduo, na medida em que ele aumenta e diminui o número de
ciclos/segundo da onda cerebral.

Ainda dentro do terreno das pesquisas científicas, alguns estudiosos


analisaram a música barroca, especialmente os movimentos lentos. Mais uma vez
verificaram que o ritmo cerebral diminui quando o número de compassos musicais
desce a 60 ou menos por minuto.

Assim, esse tipo de música é especialmente indicado para aqueles que


quiserem relaxar o corpo e a mente. Existe uma lei que faz com que o coração e o
24
biorritmo humano entrem em sincronia com qualquer ritmo externo próximo. Daí
porque devemos evitar ruídos, barulho e certos tipos de música.

Ouvindo-se música barroca, especialmente os movimentos lentos, não há


necessidade de se ordenar aos músculos para que relaxem e se soltem. O corpo por
si mesmo passa a acompanhar o ritmo da música e você só tem o trabalho de se
deixar levar.

A música ajuda o indivíduo a interiorizar sua atenção. O efeito massageador


do som no corpo e no sistema nervoso produz excelentes resultados, como um sono
profundo e repousante. É claro que isso só é válido para certas músicas, pois
dependendo da atividade, deve-se adotar outro ritmo. Para dormir, jamais se deve
ouvir rock, por exemplo, pois o seu ritmo é incompatível com os estados profundos
de relaxamento.

4.6 A SUPERAPRENDIZAGEM

Quando se começa a explorar a superaprendizagem, saem à luz muitas


coisas fascinantes a respeito de como atuam distintos elementos, de modo conjunto,
para produzir supermemória e estimular a capacidade mental. Quando descobrimos
o que pode fazer cada uma das diferentes variáveis,podemos conectá-las para uma
maior eficácia, ao invés de repetir como um escravo todo um ritual de memorização.

Podemos descobrir, por exemplo, que um elemento específico, como fazer


previamente exercícios respiratórios, incrementa notavelmente sua eficácia; que se
presta mais atenção ao estar relaxado, obtendo melhores resultados;que os esforços
para uma melhor aprendizagem podem render muito mais. Ouvir de novo a música
durante o exame pode ajudar-lhe a recordar, por exemplo. Doug Shaffer descobriu
em suas investigações que a respiração sincronizada parecia um elemento chave
para conseguir os máximos resultados.

Quanto mais elementos possamos utilizar, melhores serão os resultados. É


necessário investigar muito mais para analisar os efeitos psicofísicos dos diversos
elementos do sistema: os vários tipos de música: os diferentes ciclos rítmicos para a
repetição verbal e a respiração , diferentes chaves musicais de tempo; a relação
25
entre a respiração rítmica com a memória, o afluxo de oxigênio ao cérebro e a
aprendizagem, etc. É necessário praticar para determinar a plena capacidade do
método.

4.6.1 Música para a superaprendizagem e a supermemória

As pessoas perguntam muito sobre a música, por isso tentaremos dar alguns
dados a mais. Apresentaremos abaixo uma lista de seleções musicais com
interpretes e orquestra.

Em termos gerais não significa que esta lista deve ser seguida exatamente. A
interpretação musical pode ser de qualquer boa orquestra. Existe o “Catálogo
Schwann”, que enumera sob o nome do compositor, as diversas composições
musicais que escreveu, as diferentes orquestras que as gravaram e o selo musical.

Ao eleger uma gravação de um movimento lento, comprove simplesmente


que o compasso seja de umas setenta unidades por minuto. Quando um compositor
escreve uma peça de música, indica a velocidade com a qual quer que se interprete
cada uma das diferentes partes e movimentos.

Estas indicações geralmente encontram-se anotadas em italiano:


 Allegro: entre 120 e 168 unidades por minuto
 Andante: entre 76 e 108 unidades por minuto
 Adágio: entre 66 e 76 unidades por minuto
 Larghetto: entre 60 e 66 unidades por minuto
 Largo: entre 40 e 60 por minuto

Pode-se substituir esta música por outra? Não. Não substitua o tipo de
música. A escolha da música nada tem a ver com os gostos pessoais. Não é simples
música de fundo. A música especificada é como um mantra e se utiliza para
provocar um estado psicofísico concreto de concentração relaxada.

26
4.6.2 O Efeito Mozart

A ciência em suas pesquisas descobriu que as músicas do grande compositor


Mozart podem auxiliar em alguns problemas, como respiratórios e psicológicos,
entre outros. Precisamos criar o nosso próprio “kit música” para aliviar e curar os
problemas do corpo e da mente.

Wolfgang Amadeus Mozart nasceu em Salzburg, na Áustria, em 1756. Ele era


filho de um maestro e neto de músico por parte de mãe. Aos 4 anos, Mozart deu seu
primeiro concerto, aos 6 anos compôs sua primeira obra e aos 12 estava escrevendo
músicas. Ao longo de sua vida, compôs 17 óperas, 41 sinfonias, 27 concertos para
piano, 18 sonatas para piano e música de órgão, clarinete e outros instrumentos.

No último ano de sua vida, entre as lutas conjugais e intrigas na corte,


escreveu a opera “A Flauta Mágica” e a expressiva “Réquiem”, que pré-anunciou a
sua morte. A importância da música como uma forma terapêutica não começou
ontem, mas há milhares de anos com as culturas primitivas, como as xamanistas e
com outras também muito antigas, porém um pouco mais avançadas, como por
exemplo as civilizações hindu e chinesas.

No início dos anos 90, um estudo realizado na Universidade de Califórnia,


revelou o que serviria para a criação do Efeito Mozart; 36 estudantes de psicologia
alcançaram entre 8 e 9 pontos a mais em teste de QI após ouvir 10 minutos de
“Sonata para Dois Pianos” em D maior de Mozart.

Foi comprovado que escutar Mozart “organiza” a atividade neural do córtex


cerebral, melhorando a concentração, memória, intuição e habilidade. O
musicoterapeuta Don Campbell foi sujeito de seus próprios estudos sobre os efeitos
curativos da música e acabou popularizando estes benefícios com o nome de Efeito
Mozart.

27
4.7 SOM É IMAGEM

“Som é imagem” não é uma simples frase. Aqui se trata de uma questão
estritamente científica, ou seja, temos em conta o princípio de que as ondas sonoras
são energia e, portanto, podem ser captadas, canalizadas e reconstruídas, como se
pôde demonstrar com o rádio e a televisão.

A onda visual, como a onda sonora, é energia e, como todo elemento


material, está formada de luz e se dissolve na luz. Disso podemos deduzir, do ponto
de vista científico, que a energia é uma forma de luz e que esta, quando sujeita a
diferentes vibrações, forma todos os diversos elementos que nós chamamos
matéria. E se a luz é o elemento primordial que forma todas as outras energias
integradas à matéria, significa que, como são eternas e reconstruíveis as outras
energias, assim também é muito mais reconstruível a onda visual, que é mãe de
todas as outras energias.

Por tudo isso, quando na Bíblia se diz que no primeiro dia Deus criou a Luz,
isto significa que criou o elemento com o qual deu origem depois a todos os outros
elementos. Cientificamente se aceita, na atualidade, que o som gera luz e que é
convertível em luz e vice-versa. Depreende-se, então, que a onda sonora viaja junto
com a onda luminosa e que concorrem à formação dos agregados energéticos que
dão como resultado as diferentes formas da matéria.

Em outras palavras, as ondas sonoras e luminosas, ao viajarem juntas,


podem ser captadas, concentradas e posteriormente, retransmitidas e reconstruídas,
dando como resultado sons e imagens.

4.7.1 Música em todas as cores

Corroborando o exposto anteriormente, verificamos que algumas pessoas


veem cores ao escutar música. Essas visões provocadas pela música foram
catalogadas como sinestesia; isto é, sensações percebidas por um sentido devido
ao estímulo de outro sentido.

28
Bruno Deschenes, compositor canadense, realizou durante vários meses
exercícios de imagens guiadas para averiguar a causa deste fenômeno. Suas
conclusões, depois destas experiências, são muito concretas: este tipo de sinestesia
ocorre com maior frequência quando o ouvinte suspende as funções analíticas
cerebrais, enquanto escuta música.

Traduzindo em termos neurofisiológicos: veem-se cores ao escutar música


porque se suspende a atividade do neocórtex e a informação musical é analisada
pelas zonas mais antigas do cérebro.

“A música cria um estado emocional específico no ouvinte”, afirma


Deschenes, e aquelas pessoas que suspendem seu juízo intelectual (hemisfério
esquerdo) e se submergem na experiência, têm muita possibilidade de experimentar
estas sinestesias.

O som e a cor são registrados em diferentes áreas do cérebro. Nas


sinestesias, o sistema límbico cerebral faz possível que os centros visuais
respondam à música. Esta ressonância não ocorre quando se escuta música de uma
forma exclusivamente intelectual.

4.7.2 Equivalências Som & Cor

Equivalências entre as notas musicais e as cores, segundo Steven Halpern:

DÓ ......................vermelho
RÉ ..........................laranja
MI ........................amarelo
FÁ ............................verde
SOL ..................azul celeste
LÁ ................azul marinho
SI ...........................violeta

29
4.8 MUSICOTERAPIA REVELA ARQUÉTIPOS

A soprano americana Louise Russel desenvolveu uma terapia que revela


arquétipos através da música. Ela diz que seu processo de especialização, através
do qual tornou-se terapeuta, influenciou diretamente sua vida pessoal: “Tive a
sensação de ter abandonado uma pesada bagagem psicológica. Surgiram imagens
da infância que, conversando mais tarde com minha mãe, descobri serem verídicas.
Também emergiram lembranças traumáticas, como a sensação que eu tinha ao
ouvir os sermões da igreja, sem conseguir entendê-los. Temia ser punida por Deus e
ir para o inferno”.

Além disso, a soprano evoluiu artisticamente: “passei a cantar melhor, a me


sentir mais livre, mais aberta e começaram a ocorrer fatos em sincronicidade, de
maneira inexplicável”, afirma.

Segundo Louise, os pacientes durante o processo entram em contato com


fontes superiores de energia. Isso explica o fato de diferentes pessoas, ao ouvirem
um determinado tema musical, visualizarem as mesmas imagens arquetípicas. Não
se trataria de coincidência, pois acontece frequentemente. Em sua opinião, isso
ocorre porque as músicas são compostas por grandes gênios, que conceberam suas
obras conectados com uma “fonte superior”.

4.9 OS MOTIVOS DA MÚSICA

Só para argumentar, temos nos inclinado a supor, até agora, que os artistas
hedonistas executam sua música anarquista por não acreditarem que a música
influa nas pessoas. E, contudo, quanto mais examinamos o assunto, mais nos
convencemos de que até os executantes de música contemporânea violenta sabem
que a sua música exerce algum efeito sobre os ouvintes. Isto é, eles não a executam
por julgá-la inofensiva, mas por um desejo deliberado que, em outros tempos, teria
sido tachado de mau.

30
O fato é que todos os tipos de músicos, bons e maus, tendem a dar-se conta
do poder comunicativo da arte tonal. Por intermédio desse poder comunicativo, o
estado emocional de um artista pode transferir-se a cem ou até dez milhões de
ouvintes. Os músicos de todos os gêneros, por esse modo, raramente tem ignorado
a sua acentuadíssima capacidade de dirigir a mente e os negócios dos homens.
Tem sido este, muitas vezes, o principal motivo da sua arte. O assunto dos motivos
dos músicos é um assunto que não deve ser ignorado.

Nos anos 60, enquanto toda a poeira ainda pairava no ar, muita coisa se
disse e escreveu a propósito da música dos artistas de rock, mas quase nada em
relação aos seus motivos. Está visto que o dinheiro era, e ainda o é, um dos motivos
principais. Mas havia, e há outro motivo.

Vezes houve em que o efeito do rock sobre o público foi imediato. A violência
e a desordem raramente têm faltado aos concertos de rock, mas, de acordo com
John Phillips, “controlando cuidadosamente a sequência dos ritmos”, qualquer grupo
de rock pode criar, consciente e deliberadamente, a histeria do público, “sabemos
como fazê-lo”, disse ele. Em 25 de Março de 1967 antes de um concerto que
deveriam realizar em Phoenix, Arizona, decidiram por à prova a sua teoria. Durante
o concerto, fazendo uso de certa combinação de ritmos, provocaram de fato um
tumulto no meio do público.

Os Rolling Stones foram protagonistas de uma história semelhante. Quando,


durante o festival de rock de Altamont, em 1969, tocaram a canção Sympaty for the
Devil, os “guarda-costas” dos Anjos do Inferno, num acesso de fúria, atacaram o
público com tamanha violência que algumas pessoas ficaram gravemente feridas e
outras morreram. Mais tarde, Mick Jagger não pareceu muito preocupado com o
incidente. Ele e os membros do outro grupo até se recusaram a comparecer ao
tribunal de justiça a fim de identificar o assassino ou assassinos, os quais – talvez
por conta disso – continuaram em liberdade. No entanto, uma coisa Mick Jagger não
deixou de dizer: “coisas assim acontecem todas as vezes que toco essa canção”.
Musica para “andar atrás de cabeças”; música para instigação da violência em
massa...

31
Os motivos da música nem sempre foram assim: Beethoven, submerso na
beatitude da reverência a Deus, sacrificando a vida inteira à missão de transferir tais
estados de ser para o mundo todo, escreveu, à margem do manuscrito da sua Missa
Solemnis: “Vinda do coração, possa ela alcançar outros corações”.

Acerca da sobranceira figura de Wagner escreveu Paul Henry Láng:

Nunca, desde Orfeu, existiu um músico cuja música afetasse de


maneira tão vital a vida e a arte de gerações... o próprio
Wagner queria ser mais do que um grande músico; a nova
música que criou era para ele tão-só o caminho da completa
reorganização da vida em seu próprio espírito. Sibelius, cujo
orgulho nacional resistiu, indômito, à ocupação da Finlândia
pelos russos, procurou captar e atiçar as chamas da liberdade
nacional por intermédio da sua obra magnífica, Finlândia. A
composição foi tão instantânea e indisfarçadamente bem
sucedida em sua tarefa, que as forças de ocupação se viram
imediatamente compelidas a proscrevê-las.

J. S. Bach confessou que compôs visando à elevação espiritual do homem e


à glória de Deus. Durante os seus últimos dias, Franz Lehar contou: “Eu queria
conquistar o coração das pessoas. E, se tive êxito, sei que não vivi em vão”. De
acordo com as palavras de Monteverdi: “a finalidade de toda boa música é afetar a
alma”.

Os músicos afetam os que lhes ouvem a música? A música é um meio de


comunicação e multiplicação de estados de consciência? Se a nossa resposta for
sim, precisaremos afirmar também que a moral na música é importante. A moral do
músico é importante.

Ainda que se ponham de parte exemplos tão espalhafatosos quando os da


música rock acima citados, a música precisa sempre ter um efeito moral. Quer
abertamente, quer de maneiras sutis, que se comunicam do subconsciente para o
consciente, os músicos sempre expressam, através de suas execuções, o nível de
harmonia ou desarmonia psicológica que tem dentro de si. Isso é inevitável.

32
Até a mais leve das frustrações interiores, que se manifesta pelo mais ligeiro
temor da mão executante ou pela mais diminuta fraqueza da composição, é
registrada em nosso próprio subconsciente enquanto ouvimos. Por mais que
tentemos, não podemos deixar de expressar na música a realidade de nosso estado
interior, ainda que de maneiras muito sutis. Isso interessa a outros, e a consecução
ou as falhas do executante ou compositor tendem a tornar-se a consecução ou falha
dos ouvintes.

A música, por conseguinte, tem influencias tão variadas e diversas quanto as


mentes dos próprios músicos. Como asseverou o Dr. Howard Hanson, diretor da
Escola Eastman de Música da Universidade de Rochester: “A música pode ser
calmante ou revigorante, enobrecedora ou vulgarizadora, filosófica ou orgíara. Tanto
tem poderes para o mal quanto para o bem”.

33
5 SOM E BIOENERGÉTICA

5.1 O SOM

A sensação do som que o ouvido humano percebe é o resultado de um


fenômeno físico produzido pela vibração de certos corpos sólidos. Esse estado de
vibração executa oscilações rápidas que se propagam no ar em ondas comparáveis
às que produz uma pedra ao cair na água.

A mecânica do som nos diz que, quando as vibrações acústicas alcançam


certa intensidade, as ondas originam movimentos de atração e repulsão, sendo
estes dois movimentos as chaves na elaboração de uma composição musical, já que
são iguais aos de um som tão fisiológico como o do coração.

É precisamente este efeito mecânico que nos permite vislumbrar os grandes


alcances da utilização do som como um agente terapêutico. Complementam esta
exposição as investigações realizadas pelo Dr. Steven Halpern, o qual, com ajuda de
uma câmera Kirlian, pôde comprovar os efeitos dos diferentes sons sobre a aura ou
campo bioenergético do homem.

Halpern descobriu que certos sons ampliavam o campo bioenergético e


outros faziam com que se encolhesse. Desta maneira, comprova-se o efeito
mecânico do som em seus aspectos de atração e repulsão, não somente no campo
físico, mas também no ultrafísico.

É justamente esta a base sobre a qual se deve aprofundar o investigador


inquieto da Musicoterapia.

34
5.2 CARACTERÍSTICAS DO SOM

O interesse pelas aplicações que se podem conseguir com os sons nos leva
ao estudo de suas características; dessa forma, observamos que as fundamentais
são as seguintes:
a) Intensidade: deriva da amplitude das vibrações.
b) Tom: vem indicado pelo número de vibrações por segundo. Quanto mais
agudo é um som, maior número de vibrações. Por outro lado, sabemos que os sons
agudos equivalem à alta frequência e esta é utilizada na “audioanalgesia”, uma vez
que ajuda a bloquear a sensação de dor.
c) Timbre: esta característica nos permite diferenciar os sons entre si. Se
quiséssemos representar o movimento vibratório dos sons, verificaríamos que os
componentes de cada som têm diferentes amplitudes, ainda que tenham a mesma
frequência e a mesma fase ou intensidade. Exemplo: os sons que faz um piano são
diferentes dos que uma corneta emite, mesmo que tenham a mesma intensidade e o
mesmo tom. Aprofundando um pouco mais sobre o timbre, verificamos que no
terreno das investigações da Musicoterapia descobriu-se que os bebês preferem
mais os timbres das flautas e violinos, uma vez que influem poderosamente sobre o
coração, diminuindo suas pulsações por minuto.
d) Duração: como característica, é uma relação que parece arbitrária,
abandonada ao capricho do compositor ou executante, no entanto, encontra-se
sujeita a certas leis, tais como as do ritmo. A característica chamada “duração” é
muito importante na fisiologia. Imaginemos por um momento o coração, os pulmões
e o cérebro, trabalhando com uma duração fora de ordem; isso seria catastrófico
para o organismo.

5.3 AUDIOANALGESIA

Outra das aplicações da Musicoterapia que se destaca por sua importância no


campo da terapia médica é a audioanalgesia. Definiu-se a audioanalgesia como um
meio de reduzir e/ou anular a dor pela ação do som. Gardner, a quem se atribui a
origem desse método, diz que é uma nova técnica, onde se emprega um estímulo

35
acústico intenso por meio da música e um som capaz de disfarçar, reduzir ou
eliminar a dor.

Atterburry e Brown afirmam que eles preferem defini-la como um


“procedimento de analgesia por distração auditiva”. Esta nova técnica emprega
fatores físicos para conseguir resultados fisiológicos, mas dentro dos quais têm um
papel preponderante os fatores psicológicos, pelo que é importante considerá-los.

Os fatores de distração, neste caso o som, têm um papel importante no que se


refere à possibilidade de reduzir e/ou anular a dor; isto é um fato comprovado e as
experiências realizadas a respeito são amplamente convincentes.

Convém recordar que o tálamo é uma estação de capital importância para os


trajetos sensitivos, através do qual passa toda a informação do mundo exterior. Esta
ação, que se efetua no tálamo, antes de chegar ao córtex cerebral, é a mais
importante para explicar o processo da Audioanalgesia, uma vez que nela também
estacionam os impulsos auditivos, o que faz do tálamo um fator comum às duas vias.

A Audioanalgesia poderia ser explicada, ainda que de forma sucinta, tomando-


se os conceitos abordados durante o Simpósio sobre Audioanalgesia, realizado na
Faculdade de Odontologia de Córdoba, Argentina, admitindo que, ao atuar o impulso
algésico, segundo sua intensidade, um número variável de neurônios são
estimulados, levando esse estímulo aos centros superiores. Da mesma maneira, ao
atuar o estímulo acústico, são estimuladas as vias correspondentes, porém, como já
vimos, ambas fazem conexão no tálamo, pelo qual se supõe que são recrutadas a
favor da via auditiva, possíveis vias de acesso dos impulsos dolorosos.

Aumentando a estimulação coclear (auditiva), aumenta o número de neurônios


que restam à via sensitiva, podendo chegar a ser anulada a dor, por faltarem vias de
passagem dos impulsos algésicos ao córtex. A dor diminui quando o som (música) é
aumentado consideravelmente. Este fenômeno seria um verdadeiro processo de
inibição, também considerado como um fenômeno de eclosão. O fenômeno da
inibição se produz sempre que se queira facilitar a propagação dos estímulos que
são mais interessantes e vitais para o indivíduo. Pelo exposto, se deduz que a
inibição é mais efetiva se damos passagem ao impulso auditivo antes que se instale
o fenômeno doloroso.
36
O Dr. Antonio Giordani, um dos pioneiros da Audioanalgesia no Brasil,
divulgou, durante um Seminário de Musicoterapia em São Paulo, que teve muitos
êxitos em experiências de Audioanalgesia, em seu centro de Estudos Avançados de
Odontologia. Disse que o som que mais se usa para conseguir o efeito analgésico é
o conhecido como “som branco” ou de cascata, combinando-o com o tema “Golden
Voyage”, de Ron Dexter.

Sabemos então que a Audioanalgesia é capaz de reduzir e/ou anular o


estímulo doloroso, mas, mesmo seus resultados sendo evidentes, nos encontramos
no processo de investigação que nos permita expor uma teoria formal que indique
de que modo se produz.

5.4 A MÚSICA E O CORPO FÍSICO

A música afeta o corpo físico do homem? Pesquisas recentes indicam


claramente que sim. É difícil encontrar uma única fração do corpo que não sofra a
influência de tons musicais. As raízes dos nervos auditivos estão mais amplamente
distribuídas e possuem conexões mais extensas que as de quaisquer outros nervos
do corpo (fato esse que pode ter profunda significação interior). Estudos comprovam
que a música influi na digestão, nas secreções internas, na circulação, na nutrição e
na respiração. Verificou-se que até as redes nervosas do cérebro são sensíveis aos
princípios harmônicos.

O corpo é afetado de acordo com a natureza da música cujas vibrações


incidem sobre ele. Descobriram os pesquisadores que acordes consonantes e
dissonantes, intervalos diferentes e outras características da música exercem todos
um profundo efeito sobre o pulso e a respiração do homem – sobre a sua velocidade
e a regularidade ou irregularidade do seu ritmo. A pressão sanguínea é abaixada
pelos acordes ininterruptos e elevada pelos acordes secos, repetidos.

Constatou-se, por exemplo, a tensão da laringe sob a influência de certas


melodias, contraindo-se, durante uma série descendente de acordes. Como a laringe

37
é muito sensível à corrente constante de nossas emoções e processos mentais,
suas reações à música indicam basicamente os efeitos da música sobre a psique.

Vemos, portanto, que a música afeta o corpo de duas maneiras distintas:


diretamente, como o efeito do som sobre as células e os órgãos, e indiretamente,
agindo sobre as emoções, que influenciam numerosos processos corporais. Como
indica o efeito indireto dos tons sobre a laringe, as melodias provocam a ocorrência
de tensões e relaxamentos em muitas partes do corpo. Se o músico estiver tocando
o seu instrumento, poder-se-á dizer também que ele está “tocando” o corpo e a
mente do público.

Em pesquisas sobre os efeitos dos estímulos sonoros sobre os músculos do


esqueleto, o Dr. Tartachanoff descobriu que:
 a música exerce poderosa influência sobre a atividade muscular, que
aumenta ou diminui de acordo com o caráter das melodias empregadas;
 quando é triste ou o seu ritmo é lento, e em tom menor, a música diminui a
capacidade de trabalho muscular, a ponto de interrompê-lo de todo se o
músculo estiver fatigado por um trabalho anterior.

A conclusão geral é que os sons são dinamogênicos ou de que a energia


muscular aumenta com a intensidade e a altura dos estímulos sonoros. Constatou-
se que tons isolados, escalas, motivos e simples sequências tonais exercem um
efeito energizante sobre os músculos.

5.4.1 Os efeitos da música moderna

Outro efeito possível da música sobre o corpo é descrito por Bob Larson,
antigo guitarrista de rock:

Os doutores Earl Flosdorf e Leslie A. Chambers descobriram, numa


série de experiências, que sons agudos projetados num meio liquido
coagulam proteínas. Recente mania de adolescentes consistia em
levar ovos frescos a concertos de rock e colocá-los à beira do palco.
No meio do concerto, os ovos podiam ser comidos, cozidos como um
38
resultado da música. Surpreendentemente, poucos afeiçoados ao rock
perguntaram a si próprios o que a mesma música poderia causar-lhes
aos corpos.

A música popular moderna dá grande ênfase aos ritmos rápidos, altos e


sincopados. Vale lembrar que o ritmo da música exerce fortíssima influência sobre
os batimentos cardíacos, tendendo a ajustá-los, por ressonância, a si mesmo.
Pessoas que ouvem música de rock durante horas e horas, toda semana,
submetem-se aos efeitos que ela pode exercer sobre sua saúde e a duração de sua
vida. Síncopes musicais se refletem em síncopes cardíacas, em maior ou menor
grau.

Verificou-se experimentalmente que os ritmos irregulares do jazz e do rock


tiram das batidas do coração o seu ritmo perfeito. Revelou a pesquisa que a música
de rock faz mal à digestão e aumenta os riscos para a pessoa que as ouve enquanto
está dirigindo um automóvel. Por elevar a pressão arterial, o rock também é nocivo
em casos de hipertensão preexistente.

Considerando que as pulsações cardíacas, por sua vez, afetam o estado de


espírito e as emoções da pessoa, estes também sofrem a influência dos ritmos de
rock, aumentando-se a tensão e a desarmonia do espírito. O ritmo, com efeito, nos
atinge não só o corpo, a mente e as emoções, mas até o subconsciente. Quem já
não terá percebido de repente que sua perna se move ao compasso de alguma
música de fundo enquanto a mente consciente se acha inteiramente dirigida para
outro lugar?

Chegou-se à conclusão de que os ritmos mais harmoniosos e saudáveis,


conforme os seus tempos, são estimulantes ou sedativos muito eficazes e,
naturalmente, muito mais benéficos a longo prazo do que substâncias tóxicas,
capazes de gerar dependência, como como certos calmantes.

Conta-nos Julius Portnoy:

A música pode, positivamente, modificar o metabolismo, afetar a


energia muscular, elevar ou diminuir a pressão sanguínea e influir na
digestão. E pode fazer todas essas coisas com maior sucesso e de

39
maneira bem mais agradável do que quaisquer outros estimulantes
capazes de produzir as mesmas alterações em nosso corpo.

O fato de o ritmo nos agitar ou acalmar parece depender, em primeiro lugar,


da maneira com que a frequência de suas batidas se relaciona com a pulsação
cardíaca normal de 65-80 batimentos por minuto. Um tempo que tenha, mais ou
menos, um ritmo igual ao da pulsação cardíaca normal nos acalma, como se o
nosso corpo pensasse consigo só: “Ah, está bem, estamos ambos em uníssono”.

De fato, se você levar a mão ao coração enquanto estiver ouvindo uma


música assim, verificará que o coração tende rapidamente a corrigir qualquer
discrepância do seu tempo, até atingir perfeita afinação com a música. O ritmo mais
lento do que a pulsação cardíaca, entretanto, gera tensão, como se o corpo se
estivesse preparando para a súbita aceleração da cadência musical até a cadência
normal do coração: “A qualquer momento agora...a qualquer momento agora...”

No extremo oposto da escala, os ritmos acelerados elevam o ritmo das


pulsações do coração e, portanto, a excitação emocional. Qualquer pessoa pode pôr
à prova esse fato, uma vez que não há nele nada de sutil. Sentado em silêncio
numa cadeira, como se estivesse ouvindo música de ritmo comum, conte o número
de suas batidas cardíacas por um minuto. Depois, ligue o aparelho de som para
tocar uma música rápida e, depois de um ou dois minutos, conte de novo as
pulsações cardíacas por minuto.

Visto que o ritmo acelerado libera na corrente sanguínea substancias


químicas que excitam o organismo, pode dizer-se que essa música dá um “chute”.
Quando uma pessoa jovem está acostumada a ouvir música rápida de rock certo
número de horas por dia, esses chutes se convertem literalmente numa forma de
dependência, e o jovem experimenta uma sensação de vazio quando, por uma
razão qualquer, não pode ouvir a música durante um prolongado período de tempo.

Em parte, o poderoso efeito produzido por ritmos diferentes sobre nós é


determinado pelo primeiro ritmo que ouvimos, a saber, a pulsação cardíaca de nossa
mãe, ouvida por nós continuamente no transcurso dos meses que passamos em seu
ventre. Numa experiência dirigida pelo Dr. Lee Salk, num berçário de hospital, tocou-
se para recém-nascidos, um disco em que haviam sido gravados os batimentos
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cardíacos normais. A maioria dos bebês acalmou-se e dormiu. Em seguida, o Dr.
Salk fez ouvir a pulsação cardíaca acelerada de uma pessoa excitada. As duas
gravações foram tocadas no mesmo volume, mas quando se tocou a segunda todos
os bebês despertaram, quase todos tensos e alguns chorando.

Um dos elementos fundamentais da música moderna é o volume. O som


mede-se em decibéis, e acreditam os entendidos que todo som de 90 ou mais
decibéis põe em perigo a saúde humana. Ora, verificou-se que a taxa média de
decibéis no meio dos salões de baile é pouco inferior a 110. Defronte à orquestra,
essa média sobe muitas vezes para 120 decibéis. Lembram-se da proteína
coagulada? Se, depois de falar com um frequentador assíduo de discotecas e locais
semelhantes, o leitor descobrir que a resposta não lhe chega de forma muito
inteligível, isso talvez se deva a estar o cérebro do frequentador de discotecas ainda
calcificado pelos excessos auditivos da noite anterior. Ou talvez a pessoa não possa
ouvi-lo.

O Departamento de Proteção Ambiental dos Estados Unidos descobriu que


as atuais gerações mais jovens padecem de problemas de audição que
normalmente só se associam a pessoas de cinquenta a sessenta anos de idade. A
revista Time relatou que perda permanente da audição entre afeiçoados do rock é
um mal muito mais comum do que geralmente se imagina. Talvez, a música das
discotecas deva ser tocada tão alto devido aos problemas de audição da plateia;
quanto mais alto o volume, mais se degenera a audição. Quanto mais se degenera a
audição, de mais alto o volume se necessita...

Segundo Bob Larson,:

O hormônio adrenalina é lançado na corrente sanguínea durante o


stress, a ansiedade ou experiência simulada de submeter-se alguém a
um volume anormal de música. Quando isso acontece, o coração bate
célere, os vasos sanguíneos se constringem, dilatam-se as pupilas,
empalidece a pele, e não raro o estômago, os intestinos e o esôfago
são tomados de espasmos. Quando o volume é prolongado os
batimentos cardíacos tornam-se irregulares.

41
Um estudo feito durante três anos, com universitários e levado a efeito
por pesquisadores do Instituto Max Plank, da Alemanha, revelou que 70 decibéis
sistemáticos de barulho causam constrição vascular – particularmente perigosa se
as artérias coronárias já tiverem sido estreitadas pela arteriosclerose. Isso quando
os decibéis são “apenas” 70. Normalmente o volume utilizado nos salões de danças
atinge cifras muito mais elevadas.

5.4.2 Epilepsia Musicogênica

Um efeito insólito e menos comum da música é a misteriosa doença da


melodia conhecida pelo nome de “epilepsia musicogênica”. Algumas de suas vítimas
têm sido atormentadas a ponto de se suicidarem ou de matar. Setenta e seis casos
dessa doença foram documentados, mas existem, sem dúvida, muitos outros
pacientes que simplesmente não se dão conta da origem do problema e não
receberam tratamento específico. Em cada caso documentado o paciente
experimentou ataques provocados por certos tipos de música, embora a música
causadora fosse diferente nos diferentes casos.

Um desses casos ocorreu com uma mulher britânica de 39 anos de idade,


que se sentia ansiosa e transpirava abundantemente sempre que se tocavam certas
músicas em lugares como o supermercado ou o bar local. A princípio, ela não
estabeleceu conexão entre a música e os sintomas. Só sabia que, nesses lugares, o
raciocínio se anuviava, e os lábios, as pálpebras e os dedos se crispavam
convulsivamente. Em seguida, perdia a consciência. Só com o passar do tempo veio
a ligar os ataques à música de fundo.

A mulher foi examinada pelos neurologistas Peter Newman e Michael


Saunders, que tentaram produzir um ataque em condições controladas. Tentaram-se
vários tipos de música, tais como música de Gilbert e Sullivan, o “Messias” de
Handel e a Nona Sinfonia de Beethoven, mas sem nenhum resultado. Quando
tocaram um compacto simples do conjunto “The Dooleys”, intitulado “I think I’m
gonna fall in love with you” 2, ocorreu o ataque.

2
“Acho que vou me apaixonar por você”.
42
5.4.3 A ação doentia dos ruídos

Para a Academia Francesa de Medicina, o ruído é o principal responsável por


uma grande parte das depressões nervosas e de uma impressionante quantidade de
enfermidades do ser humano.

O ruído é o causador de 11% dos acidentes de trabalho. De cada três


depressões nervosas, uma é ocasionada pelo ruído; de cada cinco internações
psiquiátricas, uma foi motivada por causas sonoras, fato esse comprovado pelo
Professor Soulairac.

Pior que isso é a constatação de que a cada 10 anos o ruído duplica. Jacques
Baoudoresque, por exemplo, diz que o ruído é o responsável por numerosas
desordens fisiológicas desconhecidas.

Vejamos algumas consequências do ruído na vida humana:


 afeta a visão a partir de 65 decibéis;
 diminui a capacidade intelectual;
 provoca vertigens, cãibras e espasmos;
 dificulta e mesmo impede a concentração;
 perturba o sono, impedindo que ele seja profundo;
 provoca e cria neuroses;
 provoca a perda temporária da audição;
 contrai os vasos sanguíneos;
 aumenta a pressão arterial;
 ativa as glândulas sudoríparas;
 cria problemas estomacais;
 afeta o ritmo do coração;
 eleva o consumo de oxigênio do corpo;
 afeta a vida intra-uterina; e
 muitas outras.

Alguns dados estatísticos dizem que 13% dos latino-americanos sofrem de


algum grau de surdez; isso é notado especificamente nas grandes cidades,
sabidamente barulhentas, com um alto índice de poluição sonora..........................
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6 INDICAÇÕES MUSICAIS

As indicações apresentadas a seguir poderão servir de guia para o


pesquisador selecionar as músicas para as diversas necessidades da sua vida. Com
base nestas listas, cada um poderá compor suas trilhas sonoras para relaxamento,
estudo, concentração, afastar a depressão e o desânimo ou para outros fins.

Cumpre lembrar que estas são apenas algumas possibilidades, visto que nos
últimos anos a quantidade de criações musicais, elaboradas com fins terapêuticos,
aumentou consideravelmente, enriquecendo deveras a Musicoterapia.

6.1 MÚSICAS PARA MEMÓRIA E APRENDIZADO

a) Concerto em sol menor para flauta e corda, BMW 1056, J.S.Bach


(somente faixa do “largo”);
b) Concerto em fá menor, BMW 1056, de J.S.Bach (largo);
c) Concerto de solo de clavicórdio em sol menor, BMW 975, de Bach
(largo);
d) Concerto de solo de clavicórdio em dó maior, BMW 976, de Bach (largo);
e) Concerto de solo de clavicórdio em fá maior, BMW 978, de Bach (largo);
f) Quatro Estações, de Vivaldi, “largo” do “Inverno”;
g) Concerto em ré maior para guitarra e corda (concertos barrocos p/
guitarra), de Vivaldi (largo);
h) Concerto em dó maior para bandolim, corda e clavicórdio, de Vivaldi,
movimento “largo”;
i) Três concertos para viola d’amore, de Vivaldi, “largo”;
j) Concerto de flauta nº 4 em sol maior, de Vivaldi, “largo”.

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6.2 MÚSICAS PARA O PESSIMISMO

a) Rossini: Abertura Guilherme Tell. Final.


b) Bizet: Abertura de Carmen.
c) Wagner: Abertura de Campesino.
d) Wagner: Abertura dos Mestres Cantores.
e) Wagner: Abertura d’As Valquírias.
f) Wagner: Prelúdio do Ato III de "Lohengrin".
g) Nicolai: Abertura das Alegres Comadres de Windsor.
h) Tchaikovsky: Abertura "1812"

6.3 MÚSICA PARA INTROSPECÇÃO

a) Grieg: Concerto para piano em lá menor, primeiro movimento.


b) Rachmaninoff: Concerto para piano número 2, último movimento.
c) Tchaikovsky: Concerto para piano número 1, primeiro movimento.
d) Addinsell: Concerto Varsóvia.
e) Gershwin: Rapsódia Azul

6.4 MÚSICA ANTI-STRESS

a) Tchaikovsky: Solo - Um coração solitário.


b) Schumann: Traumergi.
c) Debussy: Clair de Lune.
d) Chopin: Estudo Opus 10 número 3.
e) Saint-Säens: O Cisne do "Carnaval dos Animais".
f) Rubinstein: Melodia em Fá.
g) Humperdink: Oração de "Hansel e Gretel".
h) Grieg: Melancolia Matinal de Suíte "Peer Gynt" número 1.
i) Massenet: Meditação de "Thaís".
j) Wagner: Canção da Estrela da Tarde de "Tannhauser".
k) Brahms: Arrulho, "Canção de Cena".
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6.5 MÚSICAS PARA O OTIMISMO

a) Khatchaturian: Dança do Sabre, de Gayne.


b) Glieré: Dança dos Marinheiros russos.
c) Brahms: Dança Húngara números 5 e 6.
d) Grieg: Dança Norueguesa número 2.
e) Grieg: Dança de Anitre, da Suíte Peer Gayne número 1.
f) Smetana: Danças dos Comediantes da Noiva Vendida.
g) De Falla: Dança do Ritual do Fogo, do “O Amor Bruxo”.
h) Strauss: Polke Tritsch – Tratsch.
i) Strauss: Polke Pizzicatto.
j) Strauss: Bacanal de “Sansão e Dalila”.
k) Ravel: Bolero.

6.6 MÚSICAS PARA DAR ENERGIA

a) Souza: Barras e Estrelas.


b) Souza: Washington Post.
c) Souza: Sempre Fidelis.
d) Herbert: Marcha dos Brinquedos, de Babes in Toyland.
e) Meyerbeer: Marcha da Coroação, de “O Profeta”.
f) Gounod: Marcha Fúnebre para uma Marionete.
g) Elgar: Marcha, Pompa e Circunstância número 1.
h) Prokofiev: Marcha de “O Amor ou Três Laranjas”.
i) Verdi: Marcha Triunfal de “Aída”.
j) Schurbert: Marcha Militar.
k) Berlioz: Marcha Rakoczky.
l) Wagner: Marcha de Festa, de “Tannhauser”.
m)Tchaikovsky: Marcha Eslava.

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6.7 MÚSICAS PARA UM SONO REPARADOR

a) Chopin: Valsa em Ré maior Bemol, “Minuto”.


b) Chopin: Polonesa em Lá Maior, “Heróica”.
c) Chopin: Fantasia Impromptue.
d) Chopin: Valsa em Dó Sustenido Menor.
e) Chopin: Noturno em Mi Bemol Maior, Opus 9 número 2.
f) Chopin: Prelúdio número 7, Opus 28.
g) Liszt: Liebestraum – Sonho de Amor.
h) Brahms: Valsa número 15 em Lá Bemol.
i) Beethoven: Sonata Clair de Lune, primeiro movimento.
j) Rachmaninoff: Prelúdio em Dó Sustenido Menor, “Destino”.
k) Schubert: Momentos Musicais número 3.
l) Mendelssohn: Canção de Primavera.
m) Sinding: Murmúrio de Primavera.

6.8 MÚSICAS PARA RELAXAMENTO DINÂMICO

a) Strauss: Valsa Danúbio Azul.


b) Strauss:Vozes de Primavera.
c) Strauss: Contos dos Bosques de Viena.
d) Strauss: Valsa, Sangue Vienense.
e) Tchaikovsky: Valsa da “Serenata em Dó”.
f) Lehar: Valsa da “Viúva Alegre”.
g) Waldteufel: Valsa dos Patinadores.
h) Tchaikovsky: Valsa das Flores, da Suíte Quebra-nozes.

6.9 MÚSICAS PARA A SERENIDADE

a) Borodin: Dança Polovetsiana número 2.


b) Borodin: Noturno para cordas.
c) Tchaikovsky: Tema de amor da Abertura de "Romeu e Julieta".
d) Tchaikovsky: Andante Cantabile, quarteto para cordas número 1 em ré.

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e) Rachmaninoff: Variação número 18 de "Rapsódia sobre um tema de
Paganini".
f) Chopin: Polonesa em Lá Bemol Maior.
g) Ravel: Pavana para uma Princesa Morta.
h) Grieg: Noturno, Dia de Esponsais em Troldhaugen.
i) Offembach: Barcarola dos "Contos de Hoffmann".
j) Debussy: Sonho.
k) Wagner: Morte de Amor, de Tristão e Isolda.

6.10 MÚSICAS PARA MULHERES GRÁVIDAS

a) Vivaldi: Concerto para dois violinos P. 189, 281, 366 e 436.


b) Vivaldi: As Quatro Estações.
c) Bach: Concerto para dois violinos.
d) Beethoven: Concerto Tríplice.
e) Brahms: Concerto para violino.
f) Sibelius: Concerto para violino, de Humoresques, Op. 87b.
g) Tchaikovsky: Concerto para violino.
h) Haynd: Duo.
i) Honegger: Sonatina.
j) Prokoviev: Sonata.

6.11 MÚSICAS HIPNOGÊNICAS

São músicas destinadas à saúde holística, que acalmam os sentidos e


relaxam o corpo, aguçando, contudo, um estado mais expandido da consciência.
Enquadram-se nessa categoria, em sua maioria, as músicas de Constance Demby,
Áurio Corrá, Deuter, Steven Halpern, Ron Dexter, Paul Horn, Popol Vuh, Aeoliah,
Mike Oldfield, Karunesh, Mike Rowland, dentre outros compositores e
instrumentistas contemporâneos.

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7 VIVÊNCIAS

7.1 VIVÊNCIA Nº 1 – MÚSICAS E VISUALIZAÇÃO PARA AUTOCURA

OBJETIVO: Vivência de relaxamento e indução de autocura.

MATERIAIS: CD com gravação de uma música para relaxamento (duração


mínima de 3 min.), com sons da natureza, e da música “Azul”, na voz de Sri Prem
Baba.

MÉTODO:

a) Indução de relaxamento:

Sente-se confortavelmente. Inspire e expire profundamente três vezes,


observando o ar que entra e sai, enche e esvazia seus pulmões. Continue
respirando calma e profundamente. Observe seu corpo e vá soltando o peso,
relaxando, relaxando.

b) Indução da cura:

Imagine, agora, uma linda luz azul, intensa e brilhante, que vai entrando pelo
chacra da coroa, no alto da sua cabeça, tomando conta dela por dentro e por fora, e
vai descendo devagar pelo pescoço, ombros, braços, mãos, tronco, pernas e pés,
preenchendo por completo os nervos, o sangue, os músculos, os ossos, todos os
órgãos, todas as células.

À medida que esta luz vai descendo, ela vai curando corpo, mente e espírito.
Se você está ciente de algum problema de saúde, trabalhe esta área com mais
intensidade. Imagine que a luz azul passa como um raio laser que elimina dores,
inflamações, tumores, infecções e quaisquer outros problemas de saúde que
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estejam acontecendo. Visualize-se inteiramente azul e deixe esta luz trabalhar por
alguns instantes.

Agora, imagine que esta luz permanece em você, mas se expande, intensa e
brilhante, para as pessoas ao seu lado, para esta sala, para todo este local, para as
cidades próximas, para o estado, para o país, para o continente, para o Planeta e
que vai curando tudo e todos.

Enquanto você mentaliza isto, ouça a música “Azul”, na voz de Sri Prem
Baba:
Azul, azul
Azul, azul
Azul, lindo azul
Azul, puro azul

Estou vencendo meus receios


Enfrentando os meus medos
Desatando todos os nós
Estou rasgando todos os selos
Para poder brincar na luz

Azul, azul
Azul, azul
Azul, vem azul
Azul, mais azul

Liberdade vem chegando


O caminho se mostrando
A estrela brilhando
Vou aprendendo a me compor dentro da luz

Azul, azul
Azul, fica o azul
No coração brilha o azul
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c) Após o término desta música:

Agora você vai permanecer envolto neste bem estar da luz azul e da cura,
mas vai despertar de dentro para fora, trazendo sua consciência novamente para
este local, mexendo devagar seus pés, suas mãos, bocejando e espreguiçando se
precisar, e por último, no seu tempo, abrindo os olhos.

7.2 VIVÊNCIA Nº 2 - SOM É IMAGEM

OBJETIVO: esta vivência possui como objetivo possibilitar uma ampliação da


consciência através da música, estimulando a expressão através de desenhos
subjetivos.

MATERIAIS: papel sulfite, giz de cera, CD com a música selecionada e


aparelho de som.
MÉTODO:

a) Primeiramente o grupo será disposto confortavelmente em suas cadeiras


em uma roda.

b) Depois que todos estiverem acomodados, o facilitador distribuirá uma folha


de papel sulfite para cada participante e giz de cera.

c) Distribuído o material, o facilitador conduzirá um breve relaxamento,


buscando uma focalização para o corpo, ampliando a consciência.

d) O facilitador explicará a vivência, dizendo aos participantes que escutem a


música selecionada e, de olhos fechados, desenhem sobre o papel, deixando fluir
suas emoções e sentimentos.

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7.3 VIVÊNCIA Nº 3 - VIVÊNCIA CORPO-MUSICAL

OBJETIVO: estimular a focalização da influência da música no corpo para


auxiliar a expressão da subjetividade de cada indivíduo.

MATERIAIS: folha de papel com silhueta do corpo físico; folhas adesivas


coloridas; CD com as músicas selecionadas.

MÉTODO:

a) Primeiramente explicar a vivência, dizendo que em cada folha contém uma


silhueta do corpo físico desenhada. Nessa silhueta, os participantes deverão
registrar como a música se expressa em seu corpo, a ação e reação do corpo aos
diferentes estilos musicais selecionados (musica clássica, chorinho e rock). A
principal tarefa é localizar nas partes do corpo a influência que cada música produz
sobre ele.

b) Realizar um relaxamento a partir de uma indução verbal com o intuito de


focalizar a atenção dos participantes em seu próprio corpo no aqui e no agora,
fazendo com que eles tomem consciência de seus corpos e se preparem para
perceber a influência da musica sobre si mesmos.

c) Após explicar aos participantes que devem se concentrar na escuta de


cada música tocada lançando a seguinte pergunta: “de que forma a música
influencia o seu corpo?”

d) Em seguida, o facilitador deverá colocar o primeiro estilo musical, pedir


para que os participantes observem os efeitos que esta exerceu sobre eles e ao final
de cada música, pedir para que anotem em um papel adesivo o que haviam
percebido ou sentido e colem na silhueta na parte do corpo que sofreu a influência
da música de um corpo que havia sido desenhada no papel. Seguir o mesmo
procedimento com os outros dois estilos musicais.

e) Abrir para debates como foi a percepção de cada um frente aos diversos
estilos.

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7.4 VIVÊNCIA Nº 4 – MOTIVOS MUSICAIS E SUAS APLICAÇÕES

OBJETIVO: sensibilizar os alunos quanto à importância de adequar a seleção


de uma música a ser ouvida em um determinado contexto, conformando o motivo
musical à necessidade do indivíduo em um dado momento.

MATERIAIS: CD com as músicas selecionadas, papel sulfite e lápis.

MÉTODO:

a) A classe será orientada a colocar sobre a carteira uma folha de sulfite e um


lápis, e que ouvirá uma seleção de composições previamente escolhidas, com
motivos musicais diversos, de modo que cada uma evocará sentimentos e
sensações diferentes aos ouvintes.

b) Sentados confortavelmente em suas respectivas cadeiras, os alunos farão


um breve exercício de relaxamento e introspecção, dirigido pelo facilitador, a fim de
aguçar os sentidos e ampliar sua consciência, intensificando sua percepção.

c) Serão orientados a “sentir” as melodias e prestar atenção em suas


emoções e reações corporais;

d) Após a execução de cada música, será feito um breve intervalo de silêncio,


no qual todos registrarão na folha de papel distribuída, sem análise ou
racionalização, o resultado de sua observação.

e) Concluída a última música, o facilitador explicará a que se destinava cada


música, de modo que cada qual possa avaliar seu nível de sensibilidade e
percepção, a fim de compreender a importância na escolha da música adequada
para cada finalidade terapêutica.

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8 CONCLUSÃO

A Musicoterapia é uma abordagem terapêutica expressiva, que auxilia o


indivíduo a comunicar-se através do som e da música, dando vazão às suas
emoções. A regulação do equilíbrio emocional tende a auxiliar a coordenação rítmica
das funções fisiológicas favorecendo um estado de bem-estar físico e psíquico.

O som e a música são constituídos por vibrações que pulsam em oscilações


rítmicas. O ser humano, por sua vez, é constituído por estruturas físicas e não físicas
que vibram, igualmente em frequências rítmicas oscilatórias.

O musicoterapeuta pode estabelecer a sincronia entre esses sistemas através


da ressonância, visando alcançar resultados pré-determinados, com fins
terapêuticos. Esse procedimento requer conhecimentos técnicos, pesquisas e
experimentação prévia sobre a música a ser utilizada, além de um pressuposto
estudo do perfil psicológico do indivíduo (anamnese) que se submeterá à influência
da música.

Hoje em dia, ao se falar em equilíbrio humano, cada vez mais se percebe a


tendência de se reconhecer o ser humano como um ente integral, inclusive
espiritual.

Além de ajudar a sanar os sofrimentos e resgatar o equilíbrio humano, a


música pode servir para alavancar o indivíduo para um patamar mais elevado de
consciência, na medida em que lhe permite expandi-la, acessando níveis de
compreensão sobre si mesmo, sobre o seu entorno e sobre o Universo.

Músicas harmônicas e com um motivo musical transcendental podem


conduzir o ouvinte às verdadeiras e nobres potencialidades de seu Ser, abrindo-lhe
as portas de seu poder pessoal. Criatividade, intuição e espiritualidade podem se
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despertar, sob os acordes de uma composição musical, desde que bem selecionada,
à luz do conhecimento de um profissional bem preparado.

Valores da alma, como a paz, a harmonia, tolerância, bondade, alegria e amor


podem ser evocados de nossos corações por meio da música, para serem
compartilhados na vida pessoal, familiar, profissional, social e até mesmo em nível
planetário.

A abordagem Transpessoal dessa modalidade terapêutica nos permitirá


vivenciar o sagrado de todas as coisas, a dimensão transcendente e holística da
vida, ainda que em atividades cotidianas.

Destarte, concluímos que, sob os cuidados de um terapeuta de formação


Transpessoal, a Musicoterapia pode ser um maravilhoso instrumento para despertar
o divino que há em nós, e beneficiar o crescimento de nossa Humanidade.

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9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ADOUM, Jorge. A magia do verbo ou o poder das letras. Editora Pensamento,


São Paulo.
BAÑOL, Fernando Salazar. Musicoterapia. Editora Sol Nascente, São Paulo.
BAÑOL, Fernando Salazar. Musicoterapia II. Editora Sol Nascente, São
Paulo.
BAÑOL, Fernando Salazar. Biomúsica. Editora Sol Nascente, São Paulo.
LEITE, João d’Andrade, M. Everaere, M. Orieux. O Homem. Editora Liceu, Rio
de Janeiro.
LEVI, Eliphas. Dogma e ritual da alta magia. Editora Pensamento, São Paulo.
PAPUS. Tratado elementar de magia prática. Editora Pensamento, São
Paulo.
TAME, David. O poder oculto da música. Editora Cultrix, São Paulo.
TRÊS INICIADOS. O Caibalion. Editora Pensamento, São Paulo.
WEOR, Samael Aun. Logos, mantram, teurgia. M.G.C.U.B., São Paulo.
JORNAL FOLHA DE SÃO PAULO. Ed. 10/10/94, 3º caderno, p.4.
REVISTA ANO ZERO. Ed. nº 5, setembro/91. Editora Ano Zero Ltda., Rio de
Janeiro.
REVISTA ANO ZERO. Ed. nº 7, novembro/91. Editora Ano Zero Ltda., Rio de
Janeiro.
REVISTA ANO ZERO. Ed. nº 10, fevereiro/92. Editora Ano Zero Ltda., Rio de
Janeiro.
REVISTA SUPERINTERESSANTE. Ed. Ano 3, nº 2, fevereiro/89. Editora
Abril, São Paulo.

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