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Peelings Químicos, Enzimáticos e

Mecânicos Aplicados à Estética

Brasília-DF.
Elaboração

Taís Amadio Menegat

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 4

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA..................................................................... 5

INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7

UNIDADE I
REVENDO A PELE.................................................................................................................................... 9

CAPÍTULO 1
ANATOMIA E FISIOLOGIA DA PELE.............................................................................................. 9

CAPÍTULO 2
CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS DE PELE....................................................................................... 22

CAPÍTULO 3
RADIAÇÃO SOLAR.................................................................................................................. 27

UNIDADE II
COSMETOLOGIA.................................................................................................................................. 39

CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO À COSMETOLOGIA............................................................................................ 39

CAPÍTULO 2
CLASSIFICAÇÃO DOS COSMÉTICOS DE ACORDO COM SUA FUNÇÃO.................................... 62

CAPÍTULO 3
PROTETOR SOLAR.................................................................................................................... 84

UNIDADE III
COSMETOLOGIA E OS DISTÚRBIOS ESTÉTICOS....................................................................................... 90

CAPÍTULO 1
COSMETOLOGIA HLDG........................................................................................................... 90

CAPÍTULO 2
COSMÉTICOS NO TRATAMENTO DE ESTRIAS E ANTI-AGING ...................................................... 97

CAPÍTULO 3
ATIVOS PARA CONTROLE PIGMENTAR.................................................................................... 103

CAPÍTULO 4
COSMÉTICOS PARA ACNE..................................................................................................... 111
CAPÍTULO 5
ÁREA DOS OLHOS................................................................................................................. 115

CAPÍTULO 6
FATORES DE CRESCIMENTO................................................................................................... 120

UNIDADE IV
PEELING QUÍMICO E FÍSICO............................................................................................................... 128

CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO AOS PEELINGS QUÍMICO E FÍSICO................................................................... 128

CAPÍTULO 2
OS ÁCIDOS........................................................................................................................... 133

CAPÍTULO 3
PEELING FÍSICO.................................................................................................................... 173

PARA (NÃO) FINALIZAR.................................................................................................................... 177

REFERÊNCIAS................................................................................................................................. 178
Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da
Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade


dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo


a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para
aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de
Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

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Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

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Introdução
Convido-os a vir mergulhar no mundo mágico da cosmetologia. Nas próximas páginas
você poderá aprender como agregar todos os benefícios dos cosméticos e dos peeling
químico e mecânico em distúrbios como anti-aging, estrias, olheiras, hipercrômia,
entre outras disfunções.

A técnica aplicada nesta apostila é o modelo mais atual do mercado.

Objetivos
»» Promover o conhecimento fisiológico, farmacológico e terapêutico dos
cosméticos.

»» Compreender o mecanismo de ação dos peelings.

»» Compreender o método de aplicação dos cosméticos e ácidos na estética.

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REVENDO A PELE UNIDADE I

CAPÍTULO 1
Anatomia e fisiologia da pele

O sistema tegumentar, composto pela pele e seus anexos, glândulas sudoríparas,


glândulas sebáceas, pelos e unhas é o maior órgão do corpo humano e constitui 16%
do peso corporal. Ele reveste todo o corpo, continuando-se nos lábios e no ânus com as
membranas mucosas do sistema digestivo, no nariz com o sistema respiratório, e com
os sistemas urogenitais, nos locais em que chegam à superfície. Além disso, a pele das
pálpebras se continua com o revestimento conjuntival da porção anterior dos olhos
(ALTCHEK et al., 2006).

As principais funções incluem: proteção contra lesões, contra invasão bacteriana e


dessecação; regulação da temperatura do corpo; recepção de sensações contínuas do
meio ambiente (p.ex., tato, temperatura e dor); excreção pelas glândulas sudoríparas;
e absorção de radiação ultravioleta (UV) solar para a síntese de vitamina D (GUIRRO;
GUIRRO, 2002).

Sua composição é feita por duas camadas: epiderme e derme. O epitélio estratificado
pavimentoso queratinizado da pele é constituído por quatro populações de células:
Queratinócitos, Melanócitos, Células de Langerhans, Células de Merkel (Figura 1).
Logo abaixo da derme encontra-se o tecido conjuntivo frouxo, antigamente conhecido
como hipoderme, não faz parte da pele, mas constitui a fáscia superficial da dissecção
anatômica que cobre todo o corpo, imediatamente abaixo da pele. Os indivíduos
excessivamente nutridos, ou que vivem em clima frio, possuem uma grande quantidade
de gordura depositada na fáscia superficial (hipoderme), chamada de panículo adiposo
(BORGES, 2006).

A textura e a espessura da pele variam nas diferentes regiões do corpo. Por exemplo,
a pele da pálpebra é macia, delicada com pelos delicados, enquanto, a uma pequena
distância, nas sobrancelhas, a pele é mais espessa e possui pelos grosseiros. A pele da

9
UNIDADE I │ REVENDO A PELE

testa produz secreções oleosas; a pele do queixo não produz secreções oleosas, mas
forma muitos pelos. As palmas das mãos e as solas dos pés são espessas e não possuem
pelos, mas contêm muitas glândulas sudoríparas. Além disso, a superfície das polpas
dos dedos e dos artelhos tem cristas e sulcos alternados que formam alças, curvas e
vórtices com determinados padrões chamados dermatóglifos, popularmente chamados
de impressões digitais, que se formam ainda no feto e permanecem sem modificações
durante toda a vida (ALTCHEK et al., 2006).

Figura 1. Camadas da pele.

Fonte: Apostila Teórica de Cosmetologia - Prof. Herbert Cristian de Souza.

Epiderme
A epiderme origina-se do ectoderma e é constituída por epitélio estratificado
pavimentoso queratinizado. Na maior parte do corpo, a espessura da epiderme varia
de 0,07 a 0,12 mm, com espessamentos localizados nas palmas das mãos e solas dos
pés (onde sua espessura pode variar de 0,8 mm a 1,4 mm, respectivamente) (BORGES,
2006).

Os queratinócitos, que formam a maior população de células, estão dispostos em


cinco camadas distintas; os três tipos celulares restantes estão dispostos entre os
10
REVENDO A PELE │ UNIDADE I

queratinócitos em locais específicos. Como os queratinócitos descarnam continuamente


da superfície da epiderme, essa população de células precisa ser continuamente
renovada. Essa renovação se dá por meio da atividade mitótica dos queratinócitos das
camadas basais da epiderme. Os queratinócitos entram em mitose durante a noite, e
com a formação de novas células, as células acima são continuamente empurradas para
a superfície. Ao longo de seu trajeto em direção da superfície, essas células se diferenciam
e começam a acumular filamentos de queratina no citoplasma. Eventualmente, ao se
aproximarem da superfície, as células morrem e são descarnadas, um processo que leva
de 20 a 30 dias (GUIRRO; GUIRRO, 2002).

Por causa da citomorfose dos queratinócitos, durante sua migração da camada basal
para a superfície da epiderme, podem ser identificadas na epiderme cinco zonas
morfologicamente distintas. Indo da camada mais interna para a mais externa, essas
zonas são o estrato basal (germinativo), estrato espinhoso, estrato granuloso, estrato
lúcido, e estrato córneo (Figura 2) (BORGES, 2006).

De acordo com a espessura da epiderme, a pele é classificada em espessa e fina.


Entretanto, esses dois tipos também diferem pela presença ou ausência de algumas
camadas da epiderme e pela presença ou ausência de pelos (Quadro 1) (ALTCHEK et
al., 2006).

Figura 2. Camadas da epiderme.

Fonte: <http://www.todamateria.com.br/pele-humana/>. Acesso: 3/3/2016.

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UNIDADE I │ REVENDO A PELE

Quadro 1. Camadas e características histológicas da epiderme.

CAMADA CARACTERÍSTICAS HISTOLÓGICAS


Numerosas camadas de células queratinizadas mortas, queratinócitos, sem núcleo e
Estrato córneo
sem organelas (escamas-células córneas) que serão descarnadas.
Camada delgada corada fracamente de queratinócitos sem núcleos e sem organelas;
Estrato lúcido*
as células contêm eleidina e filamentos de queratina densamente compactados.
A camada mais superficial da epiderme (três a cinco camadas de células de
espessura) na qual os queratinócitos ainda mantêm seus núcleos; as células contêm
Estrato granuloso
grandes grânulos grosseiros de queratoialina, assim como grânulos revestidos por
membrana.
A camada mais espessa da epiderme cujos queratinócitos, denominados células
espinhosas, se entrelaçam uns com os outros formando pontes intercelulares
Estrato espinhoso e um grande número de desmossomos; as células espinhosas têm numerosos
tonofilamentos e grânulos revestidos por membrana, e são ativas mitoticamente; essa
camada também contém células de Langerhans.
Esta camada simples de células cuboides a colunares baixas, mitoticamente
Estrato basal
ativas, está separada da camada papilar da derme por uma membrana basal bem
(germinativo)
desenvolvida.
Fonte: (GARTNER; HIATT, 2003).

Estrato basal (estrato germinativo)

O estrato basal, a camada germinativa na qual ocorrem as mitoses, forma entrelaçamentos


com a derme e está separado desta por uma membrana basal (ALTCHEK et al., 2006).

A camada mais profunda da epiderme, o estrato basal, apoia-se sobre uma membrana
basal e assenta-se sobre a derme, formando uma interface irregular. O estrato basal é
constituído por uma única camada de células cuboides a colunares baixas, mitoticamente
ativas, contendo um citoplasma basófilo e um núcleo grande. Há muitos desmossomos
localizados na membrana lateral das células, prendendo as células do estrato basal umas
às outras e às células do estrato espinhoso. Hemidesmossomos, localizados basalmente,
prendem as células da camada basal à lâmina basal. Na microscopia eletrônica elas
apresentam alguns mitocôndrios, um pequeno complexo de Golgi, alguns perfis do
retículo endoplasmático granular (REG) e abundantes ribossomos livres. Numerosos
feixes e filamentos intermediários (tonofibrilas de 10 nm) passam pelas placas dos
desmossomos laterais e terminam nas placas dos hemidesmossomos (BORGES, 2006).

Figuras mitóticas deveriam ser observadas com frequência no estrato basal, pois essa
camada é parcialmente responsável pela renovação celular desse epitélio. Entretanto, as
mitoses ocorrem principalmente durante a noite e os espécimes histológico são colhidos
durante o dia; por isso, figuras mitóticas são vistas raramente em cortes histológicos
de pele. Quando novas células são formadas, a camada anterior é empurrada para
a superfície e une-se à próxima camada da epiderme, cestrato espinhoso (Figura 3)
(BORGES, 2006).

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REVENDO A PELE │ UNIDADE I

Figura 3. Mitose células epiderme.

1) Camada basal 2) Camada espinhosa ou de Malpighi 3) Camada granulosa 4) Camada córnea

Fonte: <www.scf-online.com>. Acesso: 3/3/2016.

Estrato espinhoso

Constituído por várias camadas de células polimorfas, mitoticamente ativas, cujos


numerosos prolongamentos citoplasmáticos dão a essa camada um aspecto espinhoso.
A camada mais espessa da epiderme é o estrato espinhoso, composto por células de
poliédricas a achatadas. Os queratinócitos mais basais do estrato espinhoso também
são mitoticamente ativos, e, juntas, essas duas camadas, frequentemente denominadas
camadas de Malpighi, são responsáveis pela renovação dos queratinócitos da epiderme.
As células do estrato espinhoso são mais ricas em feixes de filamentos intermediários
(tonofilamentos) representando a citoqueratina do que as células do estrato basal
(ALTCHEK et al., 2006).

Nas células do estrato espinhoso esses feixes irradiam-se da região perinuclear para a
periferia em direção dos prolongamentos celulares que, altamente entrelaçados ligam
células adjacentes umas às outras por meio de desmossomos. Esses prolongamentos,
denominados “pontes intercelulares” pelos antigos histologistas, dão às células do
estrato espinhoso um aspecto de uma “célula com espinhos” (Figura 4). Ao se deslocarem
através do estrato espinhoso em direção da superfície, os queratinócitos continuam

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UNIDADE I │ REVENDO A PELE

a produzir tonofilamentos, que se agrupam em feixes, denominados tonofibrilas, e


tornam o citoplasma eosinófilo (BORGES, 2006).

Figura 4. Estrato espinhoso.

Fonte: <http://www.pucrs.br/fabio/histologia/atlasvirtual/maxim/tec-ep-rev-estr-pav-quer5.htm>. Acesso: 7/3/2016.

Estrato granuloso

O estrato granuloso é constituído por três a cinco camadas de células contendo grânulos
de querato-hialina (BORGES, 2006).

Constituído por três a cinco camadas de queratinócitos achatados, é a camada mais


superficial da epiderme cujas células ainda possuem núcleo. O citoplasma desses
queratinócitos contém grânulos de querato-hialina grandes, de formato irregular,
grosseiros, basófilos, não envolvidos por uma membrana. Feixes de filamentos de
queratina passam por esses grânulos (GUIRRO; GUIRRO, 2002).

As células do estrato granuloso também contêm grânulos revestidos por membrana.


O conteúdo desses grânulos é liberado por exocitose no espaço extracelular,
formando lâminas de uma substância rica em lipídios, que age como uma barreira
impermeabilizante, uma das funções da pele. Essa camada impermeável impede
que as células superficiais a essa região sejam banhadas pelo fluido extracelular
rico em nutrientes, acelerando, desta maneira, sua morte (Figura 5) (ALTCHEK
et al., 2006).

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REVENDO A PELE │ UNIDADE I

Figura 5. Estrato granuloso.

Fonte: <https://www.haikudeck.com/la-epidermis-uncategorized-presentation-2QX5CIGTyi>. Acesso: 7/3/2016.

Estrato córneo

Constituído por várias camadas de células achatadas, mortas, contendo queratina e


denominadas escamas. A camada mais superficial da pele, o estrato córneo, é constituída
por numerosas camadas de células achatadas, queratinizadas, com uma membrana
plasmática espessada. Essas células não possuem núcleo nem organelas, mas estão
preenchidas com filamentos de queratina contidos dentro de uma matriz amorfa. As
células mais distantes da superfície da pele apresentam desmossomos, enquanto as
células perto da superfície da pele, denominadas escamas ou células córneas, perdem
os desmossomos e são descarnadas (Figura 6) (BORGES, 2006).

Figura 6. Camada córnea.

Fonte: <https://www.haikudeck.com/la-epidermis-uncategorized-presentation-2QX5CIGTyi>. Acesso: 7/3/2016.

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UNIDADE I │ REVENDO A PELE

Células de Langerhans

As células de Langerhans são células apresentadoras de antígenos situadas entre as


células do estrato espinhoso. Apesar de estarem dispersas por toda a epiderme, onde
normalmente representam de 2 a 4% da população de células epidérmicas, as células
de Langerhans, algumas vezes denominadas células dendríticas por causa de seus
numerosos e longos prolongamentos çitoplasmáticos, estão primariamente localizadas
no estrato espinhoso. Essas células também podem ser encontradas na derme assim como
no epitélio estratificado pavimentoso da cavidade oral, esôfago e vagina. Observadas ao
microscópio óptico, as células de Langerhans mostram um núcleo denso, citoplasma
claro e prolongamentos çitoplasmáticos longos que se irradiam do corpo celular para o
espaço intercelular entre os queratinócitos. Apesar de o núcleo de contorno irregular e de
a ausência de tonofilamentos diferenciarem as células de Langerhans dos queratinócitos
que os circundam, a característica mais típica das células de Langerhans são os grânulos
de Birbeck (grânulos vermiformes) envolvidos por membrana, que, quando cortados,
assemelham-se a uma raquete de pingue-pongue (15 a 50 mm de comprimento, 4 mm
de espessura). Não se conhece a função desses grânulos; entretanto, eles se formam em
consequência de endocitose auxiliada por clatrina (Figura 7) (ALTCHEK et al., 2006).

As células de Langerhans participam da resposta imune. Essas células têm receptores


FC (Fatores de crescimento) da superfície celular (anticorpo) e C3 (complemento),
assim como outros receptores, e fagocitam e processam antígenos estranhos (BORGES,
2006).

Figura 7. Células de Langerhans.

Fonte: <http://static.examenblad.nl/9336111/d/ex2011/vw-1018-a-11-1-c.pdf>. Acesso: 7/3/2016.

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REVENDO A PELE │ UNIDADE I

Células de Merkel

As células de Merkel estão dispersas entre as células do estrato basal e podem atuar
como mecano-receptores (ALTCHEK et al., 2006).

As células de Merkel, dispersas entre os queratinócitos do estrato basal da epiderme, são


especialmente abundantes na ponta dos dedos, na mucosa oral e na base dos folículos
pilosos. Essas células se diferenciam de células epiteliais da epiderme fetal inicial.
Apesar de, geralmente, as células de Merkel serem encontradas como células isoladas
orientadas paralelamente à lâmina basal, elas podem estender seus prolongamentos
entre os queratinócitos, aos quais estão presas por desmossomos. As células de Merkel
possuem um núcleo com uma grande endentação. Três tipos de citoqueratina no
citoplasma constituem filamentos do citoesqueleto. Grânulos com um centro denso,
localizados na zona perinuclear e nos prolongamentos çitoplasmáticos, cuja função é
desconhecida, são características típicas das células de Merkel (Figura 8) (ALTCHEK
et al., 2006).

Figura 8. Células de Merkel.

Fonte: <https://www.lookfordiagnosis.com/mesh_info.php?term=c%C3%A9lulas+de+merkel&lang=3>. Acesso: 7/3/2016.

Derme

A região da pele que fica diretamente abaixo da epiderme, denominada derme, origina-se
do mesoderma e está dividida em duas camadas: a camada papilar, superficial, frouxa,
e a camada reticular, mais profunda e muito mais densa. A derme é constituída por

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UNIDADE I │ REVENDO A PELE

tecido conjuntivo denso não modelado contendo principalmente fibras de colágeno do


tipo I e redes de fibras elásticas, que dão sustentação à epiderme e prendem a pele à
hipoderme (fáscia superficial) mais profunda (Figura 9) (ALTCHEK et al., 2006).

A espessura da derme varia de 0,6 mm, nas pálpebras, a 3 mm, na palma da mão e na
sola do pé. Entretanto, não há uma linha nítida demarcando a interface da derme com
o tecido conjuntivo da fáscia superficial. Normalmente, a derme é mais espessa nos
homens do que nas mulheres, e nas superfícies dorsais do que nas ventrais do corpo
(GUIRRO; GUIRRO, 2002).

Figura 9. Derme.

Fonte: Encyclopedia Britânica 2010.

Camada papilar da derme

A camada mais superficial da derme, a camada papilar, se entrelaça diretamente com a


epiderme, mas está separada desta pela membrana basal (GUIRRO; GUIRRO, 2002).

A camada papilar superficial da derme é irregular na face de contato com a epiderme,


formando as cristas (papilas) dérmicas. Ela é constituída por tecido conjuntivo frouxo
cujas delgadas fibras de colágeno tipo III (fibras reticulares) e fibras elásticas estão
dispostas em redes frouxas. Fibras de ancoragem, constituídas por colágeno do tipo
VII, estendem-se da lâmina basal para a camada papilar ligando a epiderme à derme.

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REVENDO A PELE │ UNIDADE I

A camada papilar contém fibroblastos, macrófagos, plasmócitos, mastócitos e outras


células comuns ao tecido conjuntivo (Figura 9) (GUIRRO; GUIRRO, 2002).

A camada papilar também possui muitas alças capilares, que se estendem até a interface
epiderme-derme. Esses capilares regulam a temperatura do corpo e nutrem as células
da epiderme, avascular. Localizados em algumas papilas dérmicas ficam os corpúsculos
de Meissner, periformes encapsulados, que são mecano receptores especializados para
responder a pequenas deformações da epiderme. Esses receptores são mais comuns
nas áreas da pele especialmente sensíveis aos estímulos táteis (p. ex., lábios, genitália
externa e mamilos). Outro mecano receptor encapsulado presente na camada papilar
é o bulbo terminal de Krause. Já se acreditou que esse receptor respondia ao frio, mas
não se conhece sua função (GARTNER e HIATT, 2003).

Camada reticular da derme

A camada reticular da derme também contém estruturas derivadas da epiderme,


incluindo as glândulas sudoríparas, folículos pilosos e glândulas sebáceas (GUIRRO;
GUIRRO, 2002).

Não é possível distinguir a interface entre a camada papilar e a camada reticular da


derme, pois essas duas camadas são contínuas. A camada reticular é constituída por
tecido conjuntivo denso não modelado, com grossas fibras de colágeno do tipo I,
intimamente reunidas em grandes feixes dispostos principalmente em posição paralela
à superfície da pele. Redes de grossas fibras elásticas estão enredadas com as fibras de
colágeno, sendo especialmente abundantes perto das glândulas sebáceas e sudoríparas.
Proteoglicanos, ricos em dermatan sulfato, preenchem os interstícios da camada
reticular (ALTCHEK et al., 2006).

Nessa camada as células são mais escassas do que na camada papilar. Elas incluem
fibroblastos, mastócitos, linfócitos, macrófagos e, com frequência, células adiposas na
parte mais profunda da camada reticular (GARTNER; HIATT, 2003).

Durante a embriogênese, glândulas sudoríparas, glândulas sebáceas e folículos pilosos,


todos originários da epiderme, invadem a derme e a hipoderme, onde ficam situados
de modo permanente. Grupos de células musculares lisas estão localizados nas regiões
mais profundas da camada reticular, em determinados lugares como a pele do pênis
e escroto e na aréola em torno dos mamilos; a contração desses grupos de músculos
enruga a pele dessas regiões (GARTNER; HIATT, 2003).

Outras fibras musculares lisas, denominadas músculos eretores do pelo, estão inseridas
nos folículos pilosos; a contração desses músculos levanta os pelos quando o corpo

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UNIDADE I │ REVENDO A PELE

está frio ou é exposto, repentinamente, a um ambiente frio, dando à pele um aspecto


arrepiado (GUIRRO; GUIRRO, 2002).

Além disso, um grupo especial de músculos estriados localizados na face, na parte


anterior do pescoço e no couro cabeludo (os músculos da expressão facial) origina-se
da fáscia superficial e insere-se na derme (Figura 10) (ALTCHEK et al., 2006).

Figura 10. Derme papilar e derme reticular.

Fonte: http://scielo.iec.pa.gov.br/scielo.php?pid=s0101-59072008000100009&script=sci_arttext acesso 07/03/2016.

Fibras de colágeno

As fibras de colágeno conferem resistência à tração, extensibilidade e estabilidade


estrutural. São fibras finas na derme papilar e agrupamentos na derme reticular;
formadas por três cadeias polipeptídicas, cada uma helicoidal e entrelaçadas entre
si (super-helicoidal). Contém caracteristicamente os aminoácidos hidroxiprolinas e
hidroxilisinas e são produzidos pelos fibroblastos (Figura 10) (GUIRRO; GUIRRO,
2002).

Fibras de elastina

Estão intimamente ligadas ao colágeno. Na derme papilar, fibras finas que tendem a
correr perpendiculares à superfície da pele. Na derme reticular as fibras são mais grossas

20
REVENDO A PELE │ UNIDADE I

e tendem a permanecer paralelas à superfície da pele. São produzidas pelos fibrobastos.


É constituído pela elastina onde conferem as propriedades de estiramento e retração
elástica. A elastina é sintetizada por fibroblastos em uma forma precursora conhecida
como tropoelastina, que sofre polimerização no ambiente extracelular. A deposição de
elastina na forma de fibras requer a presença de microfibrilas da glicoproteína estrutural
fibrilina, que são incorporadas à estrutura (Figura 10) (GUIRRO; GUIRRO, 2002).

Glicosaminaglicana

A substância fundamental amorfa ocupa os espaços entre as fibras elásticas e colágenas,


funcionando como lubrificante para essa microarquitetura móvel. É formada pelo
fluido intersticial e complexos de glicosaminoglicanas e proteínas, denominados
proteoglicanas e glicoproteínas. Quanto mais polimerizadas as glicosaminoglicanas,
maior a viscosidade da substância amorfa (GUIRRO; GUIRRO, 2002).

Figura 11. Fibras de colágeno.

Fonte: Junqueira; Carneiro.

21
CAPÍTULO 2
Classificação dos tipos de pele

Cucé (2001) esclarece que a emulsão epicutânea, formada pelo conjunto do sebo com o
suor excretado em conjunto, e os agentes emulsionantes representados pelos eletrólitos
do suor, ácidos graxos e suas combinações, irão determinar o pH cutâneo da pele
(GARTNER; HIATT, 2003).

Pode-se observar variações desses valores de pH de acordo com as regiões anatômicas,


por ação dos componentes hidrossolúveis da camada córnea, da secreção sebácea, das
soluções tampão (ácido láctico/lactato ou bicarbonato do suor) dos radicais do ácido
carbônico e dos aminoácidos livres, assim pode-se encontrar regiões com pH ácido ou
básico (GUIRRO; GUIRRO, 2002).

Segundo Barata (2002), para uma pele ser sadia e com aparência estética agradável é
necessário um equilíbrio ácido básico, numa condição normal, o ideal é o pH tender à
acidez, pois é necessário como barreira a micro-organismos e fungos sensíveis ao ácido
(GARTNER. HIATT, 2003).

Figura 12.

0--------------------------7-------------------------14

OLEOSA SECA

ÁCIDA ALCALINA

 De 0,00 a 6,99: ácido

 No valor de 7: neutro

• De 7,01 a 14,00: alcalino

O pH da pele é levemente ácido e varia de 4,50 a 6,00 e contribui decisivamente


para a proteção da pele

A superfície cutânea tem uma reação ácida, que vai se alcalinizando à medida que
atingimos a profundidade da pele. O pH ácido possibilita o desenvolvimento da flora
saprófita, fundamental para um grau ótimo de acidez na superfície cutânea, constituindo
o manto ácido, que protege a pele contra a permanência e o ataque de micro-organismos
patogênicos (GARTNER e HIATT, 2003).

22
REVENDO A PELE │ UNIDADE I

Esse grau de acidez varia conforme a idade, sexo e o indivíduo, assim como varia de
acordo com cada região do corpo. A produção de sebo, o grau de hidratação, a espessura
e o grau de produção da melanina permitem classificar a pele de diferentes maneiras
(BORGES, 2006).

Cada pessoa tem um tipo de pele, resultante da combinação de três fatores:

»» Quantidade de água – interfere na elasticidade da pele.

»» Quantidade de lipídios – interfere na nutrição e suavidade.

»» Nível de sensibilidade – determina a resistência da pele.

Quanto à produção de sebo, a pele pode ser:

»» Normal ou eudérmica: considerada a pele ideal, apresenta espessura


mediana, secreção equilibrada, formando uma eficiente película
hidrolipídica, cor tendendo para o róseo, tônus e elasticidade uniformes,
superfície lisa e aveludada, brilho normal e óstios imperceptíveis
(BORGES, 2006).

»» Oleosa ou lipídica: a espessura da camada córnea é aumentada.


Tende à palidez, tem sulcos de expressão acentuados. Caracteriza-se
pela produção exagerada de óleo, que lhe confere um brilho excessivo e
provoca a abertura dos óstios, principalmente na zona central (testa, nariz
e queixo). A produção sudoral também é aumentada. Em geral, a pele
oleosa é mais resistente, tolerando melhor as agressões e envelhecendo
mais lentamente. Em alguns casos, é desidratada, repuxando com
facilidade. É mais susceptível à dermatite seborreica (eritema e
descamação) (BORGES, 2006).

»» Seca ou alípidica: apresenta pouca produção sebácea, sendo opaca,


sem brilho e desidratada. A desidratação é intensificada pela falta de
óleo, que evita a evaporação da água. A espessura é bem fina e óstios são
diminutos; pouco elástica, tem aspecto farináceo, finas rugas e tendência
à formação de telangiectasias e ao envelhecimento precoce (BORGES,
2006).

»» Mista: pele muito frequente. Sua zona central tem características de


pele lipídica e as partes laterais têm características mais próximas à pele
alipídica ou normal (BORGES, 2006).

23
UNIDADE I │ REVENDO A PELE

Veja o quadro abaixo onde colocamos as principais características dos tipos de pele
(quadro 2).

Quadro 2. Principais características do tipo de peles.

TIPO DE PELE PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS


NORMAL OU EUDÉRMICA »» Tida como a ideal.
»» As concentrações lipídicas e hídricas estão em perfeito estado.
»» Aspecto e textura lisos, uniformes, com bom tônus e elasticidade.
»» Suave ao toque.
»» Os orifícios pilossebáceos são pouco visíveis.
»» Característica da pele infantil.
Necessita de cuidados que visem à manutenção desse estado de equilíbrio.
Pode ser por falta de hidratação ou insuficiência de gordura.
Seca por desidratação
»» Não possui rigidez dos tecidos.
SECA, ALÍPICA OU
»» Pele sensível.
XERODÉRMICA
»» Pré-disposta a fissuras e de aspecto áspero.
»» Lâminas córneas escamam-se facilmente.
»» Apresenta encrespaduras típicas do envelhecimento.
»» Tendência à presença de rugas e marcas de expressão.
»» Normaliza-se com produtos não gordurosos, e sim emolientes, umectantes e re-hidratantes.
Seca por falta de produção sebácea
»» Falta o extrato lipídico normal.
»» Emulsão epicutânea em quantidade insuficiente.
»» Racha-se e escama-se mais do que a desidratada.
»» É opaca frágil, de fácil irritação e vermelhidão.
Recupera-se com tratamentos lipídicos restituitivos com leites emolientes e cremes nutritivos ricos em
gorduras assimiláveis.
»» Aspecto brilhante, untuoso. Devido ao aumento da produção das secreções sebáceas e sudoríparas.
OLEOSA, OU LIPÍDICA
»» Textura um pouco grosseira e mais espessa, granulosa.
»» Poros dilatados, orifícios pilossebáceos aumentados e há tendência para a presença de comedões e
muitas vezes acne.
»» Pode apresentar dermatite seborreica.
»» Pode-se observar associação à desidratação.
»» Emulsão epicutânea é formada em grande quantidade com excesso de secreção sebácea.
»» Necessita de cuidados diários para regular o funcionamento das glândulas sebáceas, corrigir o pH,
eliminar células mortas, impurezas e oleosidade excessiva que dão aparência suja e pesada à pele.
ACNEICA »» Maior produção de sebo.
»» Maior produção de queratina.
»» Maior quantidade de triglicérides.
»» Às vezes presença de bactérias.
MISTA »» Fisiologicamente é normal que a pele seja mista, porque a distribuição das glândulas sebáceas e
sudoríparas faz com que haja zonas cutâneas que sejam mais hidratadas ou mais oleosas que outras.
»» Mais oleosa na zona T da face ( nariz, queixo e testa).
»» Deve ser dada uma atenção especial para não se utilizar hidratantes ou nutritivos para pele seca ou
normal em áreas muito oleosas.

Fonte: Taís Amadio Menegat 2016.

24
REVENDO A PELE │ UNIDADE I

A pele de acordo com a idade

Na primeira infância

A pele de um bebê é naturalmente suave e brilhante, mas também pálida e vulnerável.


Como o colágeno ainda não engrossou, nessa idade a pele é macia e sem rigidez;
tampouco apresenta mancha ou pintas, porque as células pigmentadas produzem
pouca melanina e a própria pele ainda foi pouco exposta aos raios ultravioleta. Com
o passar dos primeiros anos, porém, os vasos sanguíneos crescem para melhor nutrir
a pele enquanto o colágeno começa a se condensar, dando-lhe um aspecto mais firme
(BORGES, 2006).

Na adolescência

A grande alteração desse período é causada pelas transformações hormonais que


provocam uma verdadeira rebelião das glândulas sebáceas e dos folículos pilosos. Com
o aumento da produção dos hormônios andrógenos (masculinos) nessa fase da vida, é
comum que ocorram seborreias (oleosidade da pele e do couro cabeludo) e dilatação
dos poros, fatores que levam ao surgimento e proliferação da acne (BORGES, 2006).

Aos 20 anos

Essa é a idade em que a pele atinge sua maturidade plena. Firme, macia e sem manchas,
as células cutâneas produzem grande quantidade das fibras colágenas e elastina,
garantindo sustentação e firmeza da pele. As glândulas sebáceas e sudoríparas também
funcionam bem nessa idade, produzindo sebo e suor, os quais hidratam e proporcionam
textura mais macia. Passada a adolescência e os excessos hormonais instala-se aí o
equilíbrio hormonal que torna a pele mais estável (BORGES, 2006).

Aos 30 anos

Nessa idade, a pele mostra os primeiros sinais de envelhecimento, já que cerca de 10%
do mecanismo de defesa da pele fica enfraquecido, deixando os radicais livres atuarem
com maior intensidade. A renovação celular se torna cerca de 20% mais lenta, deixando
a pele menos viçosa. Resultado das agressões externas e internas, de maus hábitos e
do acúmulo de sol guardado na memória celular, é quando as pequenas rugas surgem
na região dos olhos, formando os conhecidos pés-de-galinha. Alterações nas fibras
de sustentação da pele (colágeno e elastina), que também começam a se degenerar,
provocam flacidez e pequenas rugas ao redor da boca e testa, e sulcos entre o nariz e os

25
UNIDADE I │ REVENDO A PELE

lábios (“bigode-chinês”). Agora menos eficientes na produção de melanina, as células


pigmentadas provocam mudanças na cor da pele e fazem surgir pintas e manchas.
A mesma razão faz os cabelos ganharem mechas grisalhas e podem surgir algumas
entradas, por causa do afinamento dos fios. Também as glândulas sebáceas alteram-se,
produzindo menos sebo, o que termina por desidratar as células cutâneas (BORGES,
2006).

Aos 40 anos

Momento em que o envelhecimento é mais evidente, já que as alterações iniciadas


aos 30 anos se intensificam. A espessura da pele, por exemplo, já é 50% menor do
que aos 20 anos; as alterações hormonais (mais intensas nas mulheres por causa da
proximidade do climatério) deixam a pele ainda mais desidratada com menos viço
e elasticidade, intensificando o ressecamento e a flacidez, aprofundando as rugas ao
redor dos olhos e dos lábios, entre as sobrancelhas e a testa. Para esse efeito, concorrem
também os movimentos musculares contínuos que formam as conhecidas “marcas de
expressão”. O tônus muscular já dá sinais de cansaço, diminuindo em cerca de 30% a
capacidade de rigidez, gerando flacidez facial, em especial nas extremidades inferiores
das bochechas. A capacidade de retenção de água nas células também diminui,
ressecando e desnutrindo o rosto. A pele necessita de maior hidratação também porque
a atividade das glândulas sebáceas diminui. Há diminuição inclusive da lubrificação
das mucosas dos órgãos sexuais, olhos e boca. Mais vulnerável aos efeitos do estresse
são também álcool e cansaço, porque o sistema circulatório já não é mais tão eficiente e
a recuperação da pele é mais lenta. Podem surgir ainda as chamadas melanoses solares
(também conhecidas por melanoses senis), as manchas amarronzadas provocadas pela
ação do sol. Tornam-se visíveis ainda as linhas do pescoço, e as olheiras correm o risco
de virar bolsas de gordura; os cabelos também estão bem mais finos (BORGES, 2006).

Dos 50 anos em diante

A partir dessa idade, o envelhecimento é cada vez mais evidente. Todas as transformações
iniciadas aos 40 anos se tornam mais intensas e já é mais difícil ocultar naturalmente a
flacidez da pele e a ação da gravidade, que nessa idade chegam associadas aos processos
degenerativos do corpo: vincos e rugas de expressão ficam mais acentuados, as bochechas
caem, os lábios se tornam mais finos por causa da perda de gordura e surgem “papadas”
na região do pescoço. Com a menopausa, a pele das mulheres se torna ainda mais fina e
ressecada, porque se acentua a diminuição da produção de fibras de colágeno e elastina,
assim como a vascularização (BORGES, 2006).

26
CAPÍTULO 3
Radiação solar

A Terra é constantemente irradiada por fótons (partículas de energia) de luz vinda do sol;
56% são fótons de luz infravermelha (comprimento de onda de 780-5000 nanômetros,
nm), 39% de luz visível (400- 780nm) e 5% de UVR (200-400nm) (Figura 13). Assim,
a UVR é parte de um espectro de radiação eletromagnética emitido pelo Sol. A UVR é
arbitrariamente dividida em três faixas de diferentes comprimentos de onda, embora
os comprimentos de onda exatos nos quais se dividem essas faixas possam diferir
de acordo com algumas áreas do conhecimento científico. A classificação proposta
pelo segundo congresso Internacional de Luz, em 1932, estabeleceu os seguintes
comprimentos de onda: UVA (400-320nm), UVB (320-290 nm) e UVC (290-200nm)
(FLOR, et al., 2007).

Figura 13. Espectro da radiação de fótons de luz vindos do Sol.

Fonte: <www.sbd-sp.org.br>. Acesso: 9/3/2016.

Assim, os 5% da energia irradiada do Sol emitida na faixa da UVR chega à Terra.


A UVC é quase completamente absorvida pelo ozônio da estratosfera; 90% da UVB
são absorvidos pelo ozônio da estratosfera, e a UVA passa à atmosfera sem quase
ser absorvida. Ao atingir a superfície terrestre, a UVA é ainda subdivida em UVA1
(340-400nm) e UVA2 (315- 340nm). A porção mais danosa e citotóxica da luz solar
(100-295nm) é absorvida pela camada de ozônio na estratosfera, distante cerca de
40 km da superfície da Terra (Figura 14) (SCHALKA; REIS, 2011).

27
UNIDADE I │ REVENDO A PELE

Figura 14. Alcance na Terra dos diversos comprimentos de onda da radiação ultravioleta.

Fonte: <www.sbd-sp.org.br>. Acesso: 9/3/2016.

A quantidade de raios ultravioleta que alcança o solo e a relação UVA/UVB dependem


de vários fatores como latitude, estação do ano, presença de nuvens e horário do
dia. Entretanto, o Sol é uma fonte primária de UVA, com um conteúdo de UVB de
aproximadamente apenas 5% que alcança a superfície terrestre. A UVA atravessa a
camada de ozônio e virtualmente todo seu conteúdo, alcançando a superfície da Terra.
A depleção da camada de ozônio por substâncias como os clorofluorcarbonetos (CFC)
têm levado a um substancial aumento da transmissão de UV à superfície da Terra
(SCHALKA; REIS, 2011).

Os efeitos em curto prazo do fotoenvelhecimento da pele: inflamação das


estruturas subdérmicas (podem ser observadas na microscopia), eritema, manchas
hiperpigmentadas, alterações vasculares (podem ser observados no exame físico)
(FLOR, et al., 2007).

Além dos riscos de câncer de pele, a radiação solar é responsável pelo envelhecimento
extrínseco da pele, ao qual denominamos fotoenvelhecimento. O uso do filtro solar deve
ser concomitante a qualquer protocolo de tratamento anti-aging. E mesmo com o uso
constante do FPS, a exposição solar deve ser moderada (FLOR, et al., 2007).

28
REVENDO A PELE │ UNIDADE I

Os efeitos em longo prazo do fotoenvelhecimento da pele são:

»» alteração do DNA, quebra de colágeno e outras estruturas da matriz


extracelular (podem ser observados na microscopia) (FLOR, et al., 2007);

»» telangectasias, rugas, elastose flacidez, tumores benignos e malignos


(podem ser observados no exame físico) (FLOR, et al., 2007).

A primeira coisa que aparece após a exposição solar é o eritema, seguido do


espessamento da camada córnea, da queimadura solar e das lesões pré-cancerosas
(SCHALKA; REIS, 2011).

A principal radiação causadora de eritema, bronzeado, envelhecimento da pele e certos


tipos de câncer é a luz ultravioleta, de comprimento de onda entre 290 e 400 nm.
Abaixo desses limites quase não há passagem de luz ultravioleta, pois ela não atravessa
a camada de ozônio da atmosfera. Os raios infravermelhos estão na faixa de 700 a
1500 nm e são responsáveis pela elevação da temperatura corporal (sensação de calor)
e estimulação da sudorese. A luz visível está na faixa de 400 a 700 nm. (Figura 15)
(SCHALKA; REIS, 2011).

Figura 15. Espectro solar.

Fonte: <www.saudelar.com.br>. 9/3/2016.

Radiação ultravioleta
A radiação ultravioleta representa o componente com maior poder energético do
espectro solar. Classifica-se em UVA, UVB e UVC, como detalhado a seguir:

29
UNIDADE I │ REVENDO A PELE

UVA (320 nm - 400 nm)

»» Representa aproximadamente 5,5% da radiação solar total que atinge a


Terra.

»» Responsável pelo bronzeamento direto (pigmentação dourada), devido


à foto-oxidação da forma leuco da melanina (bronzeamento mais
duradouro).

»» Atua na camada superior da pele.

»» Ação eritematosa fraca.

»» Maior efeito bronzeador situa-se em 340 nm.

»» Penetra até a derme.

»» Responsável pelo envelhecimento precoce.

UVB (290 - 320 nm)

»» Representa somente 0,5% da radiação solar que atinge a Terra.

»» Penetra apenas na epiderme.

»» Responsável pelo eritema (queimadura) que se maximiza de 6 a 20 horas


após a exposição.

»» Responsável pelo bronzeamento indireto e tardio.

»» Causa câncer de pele.

»» Antirraquitismo.

»» Melhora o aspecto emocional.

UVC (200 - 290 nm)

»» Filtrada pela camada de ozônio da atmosfera.

»» Denominada radiação germicida.

»» Altamente eritematogênica e prejudicial aos tecidos vivos.

»» Pode ser obtida artificialmente.

30
REVENDO A PELE │ UNIDADE I

(Figura 16) (TOFETTI ;OLIVEIRA, 2006)

Figura 16. Radiação Ultravioleta na pele.

Fonte: <www.laroche-posay.pt>. 9/3/2016.

Ângulo de incidência:

»» Radiação UVB: maior incidência das 10h - 15 h.

»» Radiação UVA: maior incidência 6h30-17h30.

»» 12h todas as radiações são potentes.

(Figura 17) (TOFETTI; OLIVEIRA, 2006)

Figura 17. Ângulo de incidência.

Fonte: <www.geopalavras.pt>. 9/3/2016.

31
UNIDADE I │ REVENDO A PELE

Reflexão do meio ambiente (segundo a superfície):

»» Neve: reflete 80% das radiações.

»» Areia: reflete 20% das radiações.

»» Água: reflete 10% das radiações.

»» Grama: reflete 3% das radiações.

»» Asfalto: reflete 2% das radiações.

»» O guarda-sol de algodão deixa passar 5% da radiação.

»» O guarda sol de poliéster: deixa passar 60% da radiação.

(TOFETTI; OLIVEIRA, 2006)

Aspectos relacionados à cor da pele

Melanogênese
Os melanócitos são células dendríticas responsáveis pela produção de melanina,
pigmento que protege a pele contra os danos dos raios UV a nível do DNA (Figura 18)
(SCHALKA; REIS, 2011).

A melanogênese ocorre em organelas celulares especializados dos melanócitos, os


melanossomas. A melanina é sintetizada a partir do aminoácido fenilalanina, que é
então convertido em tirosina por ação da fenilalanina hidroxilase. A tirosina por sua
vez, após uma cascata de reações bioquímicas de oxidação, é convertida em melanina
pela tirosinase. Existem dois tipos de melanina:

»» Eumelanina: são os mais escuros (castanhos ou marrons). Encontram-se


na epiderme, nos cabelos e nos pelos.

»» Feomelanina: são pigmentos mais claros (castanhos a louro, inclusive


ruivos). Composição química da melanina.

É a combinação desses dois tipos de pigmentos que define o fototipo do indivíduo.


Disfunções nos genes responsáveis pela síntese dessas enzimas levam a patologias como
o albinismo ou a fenilcetonúria. O melanossoma cheio de melanina é movimentado desde
o corpo da célula até a extremidades dendríticas que penetram na camada espinhosa
e estes são transferidos para os queratinócitos. É essa transferência que permite que
a pele tenha pigmentação, constituindo a principal proteção do DNA celular contra
a radiação ultravioleta. As melaninas são eliminadas através do sistema natural de
descamação e renovação da pele (SCHALKA; REIS, 2011).

32
REVENDO A PELE │ UNIDADE I

Figura 18. Localização melanócito.

Fonte: <http://www.dermatofuncional.pt/melanogenese/melanocito>. Acesso: 9/3/2016.

A enzima responsável pela síntese de melanina é a tirosinase, que se armazena no interior


dos melanócitos. Nos melanócitos (pré-melanossomas) se inicia a produção de melanina
que, sob a ação da tirosinase, resulta no melanossoma, onde a melanina é armazenada
após sua produção. Nesse estágio, o melanossomo passa a ser também denominado
“grânulo de melanina”. No final dessa reação, os grânulos de melanina com pigmentos
melânicos migram pelos prolongamentos dos melanócitos e são transferidos para os
queratinócitos epiteliais. Na sequência, os grânulos de melanina são aí degradados e a
melanina é eliminada na superfície cutânea ou nos pelos (SCHALKA; REIS, 2011).

A tirosinase catalisa as etapas A e B da reação da melanogênese (Figura 19). Essa enzima


oxida a tirosina em 3,4-diidroxifenilalanina (DOPA) e esta em DOPA-quinona. Após
essa reação no interior dos melanossomas, a DOPA-quinona pode se combinar com o
oxigênio, resultando em eumelanina, ou pode se combinar com enxofre, resultando em
Feomelanina (SCHALKA; REIS, 2011).

Figura 19. Formação da melanina.

Fonte: (TOLEDO, 2004).

33
UNIDADE I │ REVENDO A PELE

A cor da pele está relacionada a uma série de fatores. Segundo o dermatologista Thomas
B. Fitzpatrick, a cor natural da pele pode ser classificada de duas formas.

»» Constitutiva: nesse caso, os fatores genéticos determinam e atuam em


todas as etapas da melanogênese, fornecendo as características específicas
aos melanossomos pelos genes de pigmentação.

»» Facultativa: aqui, a cor natural da pele é dependente da exposição ao sol,


dos hormônios e do processo de envelhecimento.

Assim, dois componentes de pigmentação constituem a cor da pele. A cor constitutiva


da pele é a melanina básica herdada geneticamente e sem interferência da radiação
solar – e, portanto, constante. A síntese desse tipo de pigmentação é controlada pela
tirosinase (GUIRRO; GUIRRO, 2002).

A cor facultativa da pele é reversível e pode ser induzida. Resulta da exposição solar,
pode ser por bronzeamento imediato ou tardio e inclusive pode alterar a cor constitutiva
da pele (GUIRRO; GUIRRO, 2002).

Discromia

Hipercromia

Melasma ou cloasma – hiperpigmentação facial que afeta frequentemente mulheres


grávidas ou que usam estrógenos (anticoncepcional). Elas aumentam de intensidade com
a exposição solar, que é estimulante da formação da melanina (GUIRRO; GUIRRO, 2002).

Sardas – são manchas castanho-claras que aparecem na infância, após a exposição


solar (GUIRRO e GUIRRO, 2002).

Melanose solar (senil) – manchas marrons, variando de claras a escuras, que


surgem no dorso das mãos e antebraços em pessoas com mais de 40 anos (GUIRRO;
GUIRRO, 2002).

Acromia

Vitiligo

É uma doença caracterizada pela despigmentação da pele, formando manchas


acrômicas de bordas bem delimitadas e crescimento centrífugo. Também é possível

34
REVENDO A PELE │ UNIDADE I

que haja despigmentação do cabelo. É frequente em 1% da população e, em 30% dos


casos há ocorrência familiar. O diagnóstico em doentes com patologias oculares é
significantemente maior que na população em geral. Eventualmente, o vitiligo surge
após traumas ou queimaduras solares (KEDE; SABATOVICH, 2003).

A causa não está esclarecida, mas há três teorias para explicar a destruição dos
melanócitos:

»» Teoria Imunológica: admite que o vitiligo é uma doença autoimune


pela formação de anticorpos antimelanócitos. É associada a doenças
imunológicas, tais como diabetes, anemia perniciosa, lúpus, esclerose,
síndrome de Down, tireoidite de Hashimoto, entre outras (KEDE;
SABATOVICH, 2003).

»» Teoria Cititóxica: é possível que os metabólitos intermediários ─


dopaquinona e indois, formados durante a síntese da melanina, possam
destruir as células melanocíticas (KEDE; SABATOVICH, 2003).

»» Teoria Neural: um mediador neuroquímico causaria destruição de


melanócitos ou inibiria a produção de melanina (KEDE; SABATOVICH,
2003).

Albinismo

A palavra albinismo deriva do latim albus (branco) e se refere à incapacidade de um


indivíduo ou animal em fabricar um pigmento denominado melanina (do grego melan,
negro), que dá cor à pele e protege da radiação ultravioleta tanto do sol como de qualquer
dispositivo artificial, como as câmaras de bronzeamento artificial (GUIRRO; GUIRRO,
2002).

Diferentes alterações dos genes podem causar albinismo. Por exemplo, a falta de alguma
das enzimas sintetizadoras da melanina ou a incapacidade da enzima para entrar nas
células responsáveis pela pigmentação e transformar o aminoácido tirosina, a base para
construir o pigmento, em melanina (GUIRRO; GUIRRO, 2002).

Isto é, no caso do albinismo, o indivíduo ou animal possui melanócitos, onde se gera


a melanina, mas uma disfunção não permite que essas células fabriquem o pigmento
(GUIRRO; GUIRRO, 2002).

As pessoas ou animais com albinismo têm muito pouca ou nenhuma pigmentação em


seus olhos, pele ou cabelo. Os cabelos, as sobrancelhas e as pestanas são totalmente
brancas ou de um amarelo muito pálido, a tez é extremamente clara e os olhos podem

35
UNIDADE I │ REVENDO A PELE

chegar a ser rosados. A despigmentação com que as pessoas nascem não se modifica
com a idade (GUIRRO; GUIRRO, 2002).

Os albinos têm dificuldade de enxergar em lugares muito claros e podem sofrer


queimaduras por radiação solar muito facilmente, sendo muito provável que
desenvolvam câncer de pele caso não se protejam adequadamente (GUIRRO; GUIRRO,
2002).

O albinismo pode se apresentar de forma total ou parcial, afetando respectivamente


todo o corpo ou só determinadas zonas. A forma mais comum, no entanto, é a total
(GUIRRO; GUIRRO, 2002).

Fototipo de pele – classificação de Fitzpatrick

A mais famosa classificação dos Fototipos cutâneos é a escala Fitzpatrick, criada em


1976, pelo dermatologista e diretor do departamento de Dermatologia da Escola de
Medicina de Harvard, Thomas B. Fitzpatrick (KEDE; SABATOVICH, 2003).

Fitzpatrick classificou a pele em Fototipo a partir da capacidade de cada pessoa em se


bronzear sob exposição solar e sua sensibilidade e tendência a ficar vermelha sob os
raios solares (KEDE; SABATOVICH, 2003).

Fitzpatrick elaborou sua escala a partir de visualizações empíricas. Ele classificou a pele
de cada um como sendo potencialmente de uma das seis classificações listadas a seguir
(grupo, eritema, pigmentação e sensibilidade ao Sol) (KEDE; SABATOVICH, 2003).

I. Branca – Sempre queima – Nunca bronzeia – Muito sensível ao Sol.

II. Branca – Sempre queima – Bronzeia muito pouco – Sensível ao Sol.

III. Morena clara – Queima (moderadamente) – Bronzeia (moderadamente)


– Sensibilidade normal ao Sol.

IV. Morena moderada – Queima (pouco) – Sempre bronzeia – Sensibilidade


normal ao Sol.

V. Morena escura – Queima (raramente) – Sempre bronzeia – Pouco


sensível ao Sol.

VI. Negra – Nunca queima – Totalmente pigmentada – Insensível ao Sol.

36
REVENDO A PELE │ UNIDADE I

Veja a figura 20 para verificar os fototipos.

Figura 20. Tabela Fototipo por Fitpatrick.

I II III
Pele: Pele: Pele:
Pele muito clara Pele clara mas um pouco mais escura que a Morena clara
do primeiro
Sardas: Sardas:
Sardas:
Muitas Nenhumas
Algumas
Cabelo: Cabelo:
Cabelo:
Ruivo Louro escuro a castanho
Louro a louro escuro
Olhos: Olhos:
Olhos:
Azuis, Avermelhados (Raramente) Azuis, verdes e cinzentos
Azuis, Avermelhados (Raramente)
Mamilos: Mamilos:
Mamilos:
Muito claros Muito claros
Muito claros
Denominação: Denominação:
Denominação:
Tipo céltico Europeu de pele escura
Europeu de pele clara
Aparecimento de queimadura solar: Aparecimento de queimadura solar:
Aparecimento de queimadura solar:
Constante, acentuado, doloroso Raramente, Moderado
Constante, acentuado, doloroso
Aparecimento de bronzeado: Aparecimento de bronzeado:
Aparecimento de bronzeado:
Nunca, vermelhão que desaparece em 1 ou 2 Médio
dias, muda a pele Quase nunca muda a pele
Tempo de auto-proteção ao sol:
Tempo de auto-proteção ao sol: Tempo de auto-proteção ao sol:
20-30 minutos
5-10 minutos 5-10 minutos

37
UNIDADE I │ REVENDO A PELE

IV V VI
Pele: Pele: Pele:
Morena moderada Morena escura (mulatas) Negra
Sardas: Sardas: Sardas:
Nenhumas Nenhumas Nenhumas
Cabelo: Cabelo: Cabelo:
Castanho Castanho escuro Negro
Olhos: Olhos: Olhos:
Escuros Escuros Escuros
Mamilos: Mamilos: Mamilos:
Escuros Escuros Escuros
Denominação: Denominação: Denominação:
Tipo mediterrâneo Mulatos Negros
Aparecimento de queimadura solar: Aparecimento de queimadura solar: Aparecimento de queimadura solar:
Muito raramente Muito raramente Nunca
Aparecimento de bronzeado: Aparecimento de bronzeado: Aparecimento de bronzeado:
Rápido e profundo Intenso Intenso
Tempo de auto-proteção ao sol: Tempo de auto-proteção ao sol: Tempo de auto-proteção ao sol:
40 minutos 50-60 minutos +60 minutos
Fonte: <http://www.solariobodysun.pt/tipos-de-pele.html>.

38
COSMETOLOGIA UNIDADE II

CAPÍTULO 1
Introdução à cosmetologia

a. É a ciência que serve de suporte à fabricação dos produtos de beleza e


permite verificar as suas propriedades (BRANDÃO, 2000).

b. É a ciência e a arte que têm por objetivo o cuidado e a melhoria dos


caracteres estéticos da pele e seus anexos, por meio de formulações de
produtos naturais ou sintéticos, os cosméticos (BRANDÃO, 2000).

Um pouco da história da cosmetologia


Cosmético era o nome dado às substâncias naturais destinadas a suavizar o cabelo e
dar-lhe brilho. Após a 1ª Guerra Mundial, o domínio dos produtos de beleza aumentou
e o nome cosmético tomou sentido mais amplo, designando toda substância de origem
animal, vegetal e mineral utilizada para embelezar a pele e seus anexos (cabelos, unhas,
dedos etc.) (DRAELOS, 1999).

A busca da beleza e da juventude gera exigências cada vez maiores dos pacientes no
desenvolvimento de novas técnicas cirúrgicas e de novos procedimentos estéticos, pois,
com o avanço da idade, a pele começa a sofrer alterações como aparecimento de rugas,
diminuição da espessura da epiderme, ressecamento, que modificam seu aspecto, o
qual é caracterizado pelo envelhecimento cutâneo (DRAELOS, 1999).

A natureza expressa sua perfeição por meio dos três reinos naturais: mineral, vegetal e
animal. Em todos há manifestação do ciclo vital que envolve concepção, crescimento,
maturidade, envelhecimento e colapso. A diferença entre os três reinos é o grau de
complexidade de suas estruturas. Atualmente, o homem entendeu que deve atuar em
harmonia com seus processos vitais e buscar nesses reinos os recursos naturais para a
manutenção e aprimoramento da estética de seu corpo (DRAELOS, 1999).

39
UNIDADE II │ COSMETOLOGIA

A cosmética e os bioativos têm como proposta atuar nas estruturas extremas do corpo
humano (pele e cabelos) de forma idêntica aos processos vitais, auxiliando o metabolismo
para que se possa prolongar a juventude, retardando o envelhecimento. Cosmetologia
é a ciência que serve de suporte à fabricação dos produtos de beleza e permite verificar
as suas propriedades. A utilização tópica de itens que tenham identidade com a pele e
cabelos baseia-se em:

»» Fornecimento de precursores biológicos.

»» Catálise de reações vitais.

»» Sequestro de radicais livres.

»» Manutenção do teor de água.

»» Formação de filmes protetores.

»» Reestruturação de estruturas danificadas.

»» Lubrificação adequada dos tecidos.

»» Condicionamento e brilho.
(DRAELOS, 1999).

O conhecimento das leis naturais e a correta utilização dos bioativos fazem da cosmética
moderna uma opção no atendimento das necessidades dos homens. Ao atender tais
expectativas, os cosméticos estão sendo transformados em verdadeiros agentes de
tratamento, com propostas e sugestões que podem modificar a estrutura e a atividade da pele.
Fato este que confronta a legislação vigente, a qual considera cosmético como preparações
que justamente não modificam a estrutura e atividade da pele (RIBEIRO, 2010).

Foi nesse momento que o termo Cosmecêutico foi criado. Existem várias substâncias
que já há tempos vem sendo utilizadas em cosméticos e que estão sendo investigadas,
revelando ter alta bioatividade podendo, portanto, ser classificadas como substâncias
médicas. Normalmente, produtos cosméticos que não necessitam de intervenção do
governo podem ser produzidos muito mais rapidamente, sendo então, por esse motivo,
uma desvantagem para a indústria cosmética se esses ingredientes forem classificados
como substância ativa (RIBEIRO, 2010).

Definições

»» Cosmetologia: ciência que estuda os cosméticos, abrangendo desde


a concepção de matérias-primas até a venda e aplicação dos produtos
elaborados. É uma atividade multidisciplinar envolvendo conhecimentos

40
COSMETOLOGIA │ UNIDADE II

de física, química, biologia e algumas áreas humanísticas (GALEMCK,


CSORDA, 2015).

»» Cosméticos: substâncias, misturas ou formulações de aplicação


local, fundamentadas em conceitos científicos, destinados ao cuidado e
embelezamento da pele humana e seus anexos, sem prejudicar as funções
vitais, causar irritações, sensibilizar ou provocar fenômenos secundários
indesejáveis, atribuídos à sua absorção (GALEMCK, CSORDA, 2015).

»» Cosmecêutico: nos últimos anos surgiram produtos que têm funções


mais complexas do que a limpeza ou o embelezamento. Estão sendo
chamados pelos fabricantes de cosmecêutico, dermocosméticos,
cosmético funcional ou ainda cosmético de desempenho. Tratam-se de
formulações de uso pessoal que atuam beneficamente sobre o organismo,
causando modificações positivas e duráveis na saúde da pele, mucosas
e couro cabeludo. São muitos produtos diferentes, que usam muitas
substâncias químicas como matérias-primas: colágeno e elastina, cafeína,
nano compósitos de ouro, retinóis, estrógenos e várias outras. Exemplos:
minoxidil a 2%, ácido retinoico e α-hidroxiácidos (com finalidade
antienvelhecimento) (GALEMCK, CSORDA, 2015).

Classificação de produtos cosméticos


Cosméticos, produtos de higiene e perfumes são preparações constituídas por substâncias
naturais ou sintéticas, de uso externo nas diversas partes do corpo humano, pele, sistema
capilar, unhas, lábios, órgãos genitais externos, dentes e membranas mucosas da cavidade
oral, com o objetivo exclusivo ou principal de limpá-los, perfumá-los, alterar sua aparência
e/ou corrigir odores corporais e/ou protegê-los ou mantê-los em bom estado (RIBEIRO,
2010).

Os grupos de produtos estão enquadrados em quatro categorias e classificados quanto


ao grau de risco (Resolução RDC no 79, de 28 de agosto de 2000) que oferecem
dada a sua finalidade de uso, para fins de análise técnica, quanto do seu pedido de
registro, a saber:

A - Categorias:

»» Produto de higiene.

»» Cosmético.

»» Perfume.

»» Produto de uso infantil.

41
UNIDADE II │ COSMETOLOGIA

B - Grau de risco:

»» Grau 1 ─ Produtos com risco mínimo, ou seja, são produtos de higiene


pessoal, cosméticos e perfumes cuja formulação se caracteriza por
possuírem propriedades básicas ou elementares, cuja comprovação não
seja inicialmente necessária e não requeiram informações detalhadas
quanto ao seu modo de usar e suas restrições de uso, devido às
características intrínsecas do produto.

»» Grau 2 ─ Produtos com risco potencial, ou seja, são produtos de higiene


pessoal, cosméticos e perfumes cuja formulação possui indicações
específicas, cujas características exigem comprovação de segurança e/ou
eficácia, bem como informações e cuidados, modo e restrições de uso.

Os critérios para essa classificação foram definidos em função da finalidade de uso do


produto, áreas do corpo abrangidas, modo de usar e cuidados a serem observados,
quando de sua utilização.

Observações importantes

Os produtos classificados como Grau 1 que apresentarem os seguintes benefícios


(ou assim entendidos), deverão anexar, no momento da petição de Notificação, a
comprovação necessária:

Comprovação de eficácia/segurança (finalidade e


menções na rotulagem)

»» Indicação de FPS.

»» Dermatologicamente testado.

»» Hipoalergênico.

»» Não comedogênico.

»» Para pele sensível.

»» Menções quanto às rugas, celulite, estrias, firmeza da pele, ação


antisséptica.

42
COSMETOLOGIA │ UNIDADE II

Veja as tabelas abaixo como exemplo dos produtos e suas classificações:

Quadro 3.

Categoria: cosmético
Grupo Grau
Produtos para lábios
»» Batom 1
»» Brilho labial 1
»» Lápis labial 1
»» Protetor labial sem fotoprotetor 1
»» Outros A definir
Produtos para áreas dos olhos (exceto globo ocular)
»» Sombra para as pálpebras 1
»» Máscaras para cílios 1
»» Lápis 1
»» Kajal 1
Categoria: produto de higiene
Grupo Grau
Sabonetes (líquidos, gel cremoso ou sólido)
»» Sabonete facial e/ou corporal 1

»» Sabonete abrasivo/esfoliante 1

»» Sabonete antisséptico 2
1
»» Sabonete desodorante
A definir
»» Outros
Produtos para higiene dos cabelos e couro cabeludo (líquido, gel, creme, pós ou sólido)
1
»» Xampu
1
»» Xampu consicionador
1
»» Xampu para lavagem a seco 2
»» Xampu anti-caspa 1
»» Creme rinse 1
»» Enxaguatório capilar 1

»» Condicionador 2

»» Condicionador anti-caspa 2
A definir
»» Enxaguatório capilar anti-caspa
»» Outros produtos para higiene dos cabelos e couro cabeludo
1
Produtos para higiene dental e bucal (líquidos, gel, cremoso, sólido ou aerossol)
2
»» Dentifrício
2
»» Dentifrício antiplaca
2
»» Dentifrício anticárie
»» Dentifrício antitártaro

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UNIDADE II │ COSMETOLOGIA

Categoria: perfume
Grupo Grau
Produtos para banho/imersão
»» Sais 1
»» Óleo 1
»» Cápsula gelatinosa 1
»» Banho de espuma 1
»» Outros A definir

Componentes básicos de uma formulação


cosmética

A grande dificuldade encontrada em classificar e estudar os diversos itens que compõem


as preparações cosméticas sob variadas formas de apresentação nos impulsiona a
agrupar as matérias-primas utilizadas e a partir desses grupos discutirem as diversas
possibilidades de composição que essas preparações estão sujeitas (RIBEIRO, 2010).

As matérias-primas são utilizadas nas formulações de acordo com suas propriedades


funcionais e físico-químicas. Essas propriedades são derivadas de suas respectivas
estruturas químicas. As matérias-primas são classificadas:

Quadro 4.

Quanto à origem
»» Inorgânicos
»» Orgânicos
Quanto à constituição química
»» EsterÉter
»» Aldeído
»» Cetona
»» Ácido carboxílico
»» Amina
»» Amida
Quanto à função
Conservantes, Veículos/excipientes, Umectantes, Emolientes, Espessantes, Viscosantes, Neutralizantes, Detergentes, Emulsionantes, Espumantes,
Sobreengordurantes, Antioxidantes, Sequestrantes, Fragrâncias, Colorantes.
Fonte: Taís Amadio Menegat 2016.

Qualquer cosmético tem uma composição básica:

I. Tensoativos.

II. Adjuvantes.

III. Quelantes e Sequestrantes.


44
COSMETOLOGIA │ UNIDADE II

IV. Excipientes.

V. Veículo.

VI. Princípio Ativo.

(HERNANDEZ; MERCIER-FRESNEL, 1999)

Tensoativos

Substâncias naturais ou artificiais que podem reduzir a tensão superficial dos líquidos
ou influenciam a superfície de contato entre dois líquidos. São feitos de moléculas nas
quais uma das metades é solúvel em água (parte hidrofílica(H)) e a outra não (parte
lipofílica(L)) (Figura 21). Também podemos classificar os cosméticos por sua função:

»» Conservadores e higiênicos: produtos para manter uma pele


eudérmica como, por exemplo, desodorante (LEONARDI, 2008).

»» Decorativos: são aqueles destinados a produzir um efeito decorativo na


pele, fazendo parte desse grupo os produtos de maquilagem, de um modo
geral: bases de maquilagem, batom, blush, sombras etc. (LEONARDI,
2008).

»» Corretivos e dermatológicos: são os cosmecêuticos como, por


exemplo, produtos para tratamento de linhas de expressão (LEONARDI,
2008).

Figura 21. Molécula tensoativa.

Hidrofílica (H) Lipofílica (L)


Fonte: Taís Amadio Menegat – 2016.

Mecanismo de ação dos tensoativos

Para entender a ação de um tensoativo vamos, primeiramente, analisar a distribuição


do tensoativo numa solução aquosa e o efeito na tensão superficial, por meio da seguinte
representação esquemática:

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UNIDADE II │ COSMETOLOGIA

Figura 22.

Óleo Grupo L - apolar

Água Grupo H - polar

Fonte: Taís Amadio Menegat – 2016.

Um tensoativo, devido à dupla característica de afinidade presente na molécula, tende


a se concentrar na interface de um sistema. A molécula com a parte hidrófila orienta-se
voltada para água, e a parte hidrófoba orienta-se voltada para o ar ou outra substância
que tenha pouca afinidade com a água, como um pigmento. Essa característica de
orientação da molécula é a principal diferença dos tensoativos em relação a outros
solutos, como os sais inorgânicos que tendem a se distribuir igualmente por toda a
solução. (BRANDÃO, 2000).

Tensão superficial
Tensão superficial é definida como a força necessária para romper uma superfície.
Ela é determinada pelo grau de coesividade entre as moléculas que formam essa
superfície. A água líquida forma uma extensa rede de pontes de hidrogênio que
lhe confere uma grande tensão superficial. Quando um tensoativo é adicionado
à água, as extremidades hidrofílicas que se espalham na superfície competem
pelas pontes de hidrogênio que contribuem para a coesividade da superfície.
Como resultado, a tensão superficial é diminuída.

A adição de tensoativos à água tende a saturar todas as interfaces (situações B e C),


de modo que a partir de uma concentração denominada Concentração Micelar Crítica
(CMC) há a saturação do meio e a formação de micelas (situação D). A micela é a forma
que o tensoativo assume para melhorar a estabilidade na solução colocando, voltadas
para o mesmo lado, as cadeias hidrófobas, e voltadas para a água, as cadeias hidrófilas
(BRANDÃO, 2000).

Os tensoativos apresentam a propriedade de reduzir a tensão superficial da água e


de outros líquidos. Podem ser classificados em aniônicos, catiônicos, não iônicos e
anfóteros.

46
COSMETOLOGIA │ UNIDADE II

Classificação tensoativo

Tensoativos aniônicos

Os tensoativos aniônicos são os normalmente empregados nos xampus. Sua família é


grande, mas os que se acham mais frequentemente na base de lavagem dos xampus
são os sulfatos ou éter sulfato de álcool graxo. São limpadores excelentes e ensaboam
bem. Mas sua ação deslipidante não deve ser levada ao extremo porque, se a queratina
do cabelo suporta bem essa deslipidação, o mesmo não ocorre com o couro cabeludo
(BRANDÃO, 2000).

Os sabonetes entram nessa categoria, mas não representam um bom método de limpeza
dos cabelos, danificando-os, pois são extremamente alcalinos em solução. Além disso,
eles formam com o calcário da água, sais de cálcio insolúveis que se depositam nos
cabelos, tornando-os sem brilho, ásperos e difíceis de desembaraçar. São exemplos de
tensoativos aniônicos: lauril sulfato de sódio, lauril éter sulfato de sódio, lauril éter
sulfato de trietanolamina (Figura 23) (BRANDÃO, 2000).

Figura 23. Tensoativos aniônicos.

Fonte: Taís Amadio Menegat 2016.

Tensoativos catiônicos

Esses tensoativos têm uma grande afinidade com a queratina, à qual conferem maciez
e brilho. Eles facilitam o desembaraçar dos cabelos e diminuem a eletricidade estática.
Mas essa afinidade os torna difíceis de separar do cabelo no enxágue, deixando-os mais
pesados (BRANDÃO, 2000).

Eles não são muito utilizados e são incompatíveis com os aniônicos. Na prática, os
tensoativos catiônicos são formulados com os não iônicos (BRANDÃO, 2000).

Tensoativos anfóteros

Esses tensoativos apresentam um poder detergente e espumante menor que os


aniônicos, mas, em geral, são muito bem tolerados. Devem ser associados a outros
tensoativos para modular as propriedades de lavagem e espuma. Eles entram, de
preferência, na composição dos xampus para uso frequente e xampus para bebês.

47
UNIDADE II │ COSMETOLOGIA

A betaína (ácidos graxos clorados e trimetilamina), a cocoamidopropil betaína (Figura


24) e a cocoamidopropil hidroxisultaína são exemplos de tensoativos anfóteros
(BRANDÃO, 2000).

Figura 24. Tensoativo anfótero.

Fonte: Taís Amadio Menegat 2016.

Tensoativos não iônicos

São considerados bons emulsionantes, umectantes ou solubilizantes. Muitas vezes


estão associados aos tensoativos anfóteros ou aniônicos pouco agressivos, para fazer
deles xampus leves. Eles são considerados como os mais leves dos tensoativos tendo,
no entanto, um bom poder detergente, mas um fraco poder de espuma (BRANDÃO,
2000).

De fato, o poder de espuma, que não é correlato ao poder detergente, o é no


espírito do público: um xampu que não espume muito tem poucas chances
de sucesso. Por outro lado, é preciso reconhecer que a quantidade de espuma
gerada por um xampu permite dosar a quantidade necessária.

Adjuvante

No século XXI, as funções e a funcionalidade dos adjuvantes devem ser interpretadas


de acordo com as novas tendências do mercado farmacêutico. Existem diversas classes
de substâncias que podemos chamar de adjuvantes (HERNANDEZ; MERCIER-
FRESNEL, 1999).

Com funções fisiológicas bem definidas, modificam o curso natural da penetração


transcutânea, são umectantes, refrescantes, emolientes ou até mesmo agentes que
reforçam a ação de outro ativo presente na formulação (HERNANDEZ; MERCIER-
FRESNEL, 1999).

Os adjuvantes são divididos em dois grupos:

Surfactantes: são substâncias que afetam as propriedades de superfície dos líquidos,


proporcionando ajustamento mais íntimo de duas substâncias. Segundo Fleck (1993),
os surfactantes podem afetar a eficiência dos cosméticos das seguintes formas:

48
COSMETOLOGIA │ UNIDADE II

»» Aumentam a retenção da aspersão onde as superfícies vegetais sejam de


pronta molhabilidade.

»» Aumentam a retenção da aspersão em locais-chave favoráveis à penetração


ou subsequente dano.

»» Aumentam a penetração por aumentar a área de contato com a pele, por


meio de maior espalhamento.

»» Aumentam o período de penetração por atuar como umectante, mantendo


as gotículas de aspersão indefinidamente úmidas.

»» Aumentam a entrada direta por diminuir a tensão superficial da solução


de aspersão.

»» Facilitam o movimento ao longo das paredes celulares após a entrada


para o interior da pele, por diminuir as tensões interfaciais.

»» Causam desnaturação e precipitação de proteínas e inativação de enzimas.

Aditivos: óleo mineral ou vegetal, sulfato de amônio e ureia, entre outros, que afetam
a absorção devido à sua ação direta sobre a cutícula (RIBEIRO, 2010). Os principais
aditivos são:

»» Óleos: os óleos minerais ou vegetais agem dissolvendo a gordura,


eliminando a barreira que diminui a absorção dos princípios ativos
e provocam o extravasamento do conteúdo da célula. Dessa forma,
constata-se que os óleos podem aumentar a absorção. Os óleos usados
são originados do petróleo (óleo mineral) e de vegetais (óleo vegetal)
(VARGAS; ROMAN, 2006).

»» Sulfato de amônio: é um composto nitrogenado que, quando dissociado,


forma íons de sulfato e amônio. O íon sulfato reage com íons presentes
na água, imobilizando-os e impedindo que eles reajam com a molécula
do cosmético, e o íon amônio tem ação sobre a pele, rompendo ligações
e abrindo caminho para absorção do princípio ativo (VARGAS; ROMAN,
2006).

»» Ureia: é um composto nitrogenado com ação sobre a pele, rompendo


ligações e abrindo caminho para absorção do princípio ativo (VARGAS;
ROMAN, 2006).

49
UNIDADE II │ COSMETOLOGIA

T1. Quelantes e sequestrantes


São compostos que têm a propriedade de sequestrar íons metálicos polivalentes (cálcio,
ferro, etc.) formando duas ou mais ligações coordenadas, ou uma combinação de ligações
coordenada e iônica (BAUMANN, 2004). Esses íons são removidos da solução em que
se encontram e ligados a uma estrutura cíclica cuja estabilidade é notável (Figura 25).

Figura 25. Sequestrar íons metálicos.

Fonte: <www.scykness.wordpress.com> 11/3/2016

Por exemplo, esse tipo de substância é importante em formulações de xampus, para


evitar que o íon cálcio interfira na produção de espuma.

Alguns quelantes são compostos importantes para a vida na Terra, como a hemoglobina
e a clorofila (BAUMANN, 2004).

A clorofila, molécula que sustenta a vida na Terra, por ser responsável pela absorção
dos fótons da luz solar nas plantas verdes, é um quelato de Mg (magnésio) (BAUMANN,
2004).

A hemoglobina, substância fundamental à nossa vida, por ser responsável pelo


transporte de oxigênio (O2) e gás carbônico (CO²) em nosso corpo, é um quelato de Fe
(ferro) (BAUMANN, 2004).

Excipientes

Substâncias geralmente inertes, adicionadas a uma prescrição, ou seja, que têm pouco
ou nenhum valor terapêutico, mas são necessárias para garantir uma consistência
satisfatória para a formulação. Essas incluem aglutinantes, matrizes, bases ou diluentes
(DRAELOS, 2009). Exemplos: talco farmacêutico, amido, lactose.

Suas funções básicas são todos ingredientes ou conjuntos de ingredientes inertes da


fórmula, que facilitam a dispersão do princípio ativo permitindo sua ação farmacológica
(DRAELOS, 2009).

50
COSMETOLOGIA │ UNIDADE II

O excipiente principal é a água, mas também pode ser de gordura ou a mistura dos dois.
O excipiente fundamental mais abundante é a água, porque é capaz de dissolver muitas
substâncias e é totalmente compatível com a pele e cabelo (DRAELOS, 2009).

Veículo

É o componente que geralmente aparece em maior quantidade na fórmula e que tem


a função de receber os outros componentes, isto é, nele são incorporadas essas outras
substâncias (FONSECA; PRISTA, 1993).

Deve ter grande capacidade de solubilização ou de dispersão, conforme o caso. A escolha


do tipo de veículo deve se basear na compatibilidade com os outros componentes e
também no tipo de pele a que se destina o produto. As principais são: suspensões,
soluções, emulsão, sérum, gel, gel-creme, creme, pomada, microesferas, lipossomas,
entre outros (FONSECA; PRISTA, 1993).

Solução: entre as quais se encontram as alcoólicas, mesmo não sendo as principais


formulações utilizadas em cosméticos têm algumas vantagens, como de permanecerem
fisicamente estáveis e serem de fácil preparo.

Substâncias solubilizadas se apresentam transparentes ou translúcidas. Podem ser


solubilizadas em água, sistemas água/álcool, óleo ou em soluções de tensoativos.
Exemplo são as soluções aquosas, tônicos.

»» Solução aquosa ou hidro-alcoólica: possui água como veículo e pode


conter álcool etílico e outros glicóis, como propilenoglicol, glicerina e
sorbitol. É a base das loções tônicas faciais e capilares, loções pós barbear
(HERNANDEZ; MERCIER-FRESNEL, 1999).

»» Soluções de tensoativos: são misturas de tensoativos com propriedades de


limpeza, condicionamento, gerar espuma, conferir viscosidade e reduzir
a irritação da pele. Exemplos são os xampus, sabonetes líquidos, banhos
de espuma, loções higienizantes, condicionadores transparentes para os
cabelos (HERNANDEZ; MERCIER-FRESNEL, 1999).

Suspensão: são formas farmacêuticas com um sistema bifásico, heterogêneo, no qual


uma fase interna consiste de partículas sólidas insolúveis em água, e a fase externa
é constituída pelo veículo compatível com a pele, geralmente água. Para não ocorrer
separação de fases podem ser usados tensoativos ou hidrocoloides que estabilizam a
suspensão. Agentes suspensores empregados normalmente são derivados da celulose,
alginatos, líquidos viscosos, argilas etc. As suspensões devem ser agitadas antes do uso.

51
UNIDADE II │ COSMETOLOGIA

São exemplos de suspensões: os géis obtidos com o uso de espessantes poliméricos,


creme esfoliante e xampus com bases perolizante, e ativos anticaspa (RIBEIRO, 2010).

Emulsão: sistema bifásico, onde um líquido está intimamente disperso no outro, no


qual não seja miscível na forma de gotículas, como, por exemplo, água e óleo. A fase
dispersa também pode ser denominada fase interna, e a fase dispersante, fase externa.
Dependendo da sua consistência as emulsões são popularmente conhecidas como
loções (mais fluidas) e cremes (mais consistentes) (RIBEIRO, 2010). Podem ser:

»» O/A: Óleo em Água: composta de muita água e um pouco de óleo.


Essas fórmulas evaporam se expostas ao ar. São também chamadas de
“evanescentes”, desaparecem ao serem passadas na pele (RIBEIRO,
2010).

»» A/O – Água em Óleo: composta de muito óleo e pouca água. Essas


substâncias são largamente empregadas pela indústria cosmética pelo
fato de serem o veículo ideal para introdução de substâncias ativas na
pele, porque suas propriedades são semelhantes às da pele (RIBEIRO,
2010).

Micro emulsões: são constituídas por três fases: A/O/A ou O/A/O. São utilizadas
para encapsulação de ativos para sistemas de liberação prolongada. Classificação das
emulsões quanto à viscosidade:

a. Cremes: emulsões de alta viscosidade.

b. Loções cremosas: emulsões de média viscosidade (aspecto líquido


cremoso).

c. Leites: emulsões de baixa viscosidade

Classificação quanto ao caráter oleoso:

a. Cremes/géis: são emulsões O/A e outra aquosa previamente gelificada,


ou possuem quantidades reduzidas de óleo e substâncias serosas.
Possuem um alto teor de agente gelificante e baixo teor na fase oleosa,
geralmente o suficiente para opacificar o meio. Podem veicular ativos lipo
ou hidrossolúveis (DRAELOS, 2009).

b. Emulsões oil free: são emulsões em que se retira o óleo mineral ou


outros óleos comedogênicos. Muitas são desenvolvidas com silicones
(RIBEIRO, 2010).

52
COSMETOLOGIA │ UNIDADE II

c. Emulsões evanescentes: são emulsões que deixam pouco resíduo


graxo sobre a pele. São sempre O/A (RIBEIRO, 2010).

d. Emulsões oclusivas: são emulsões de caráter oleoso, geralmente são


A/O (RIBEIRO, 2010).

e. Cremes: são emulsões O/A ou A/O de alta viscosidade e constituídas de


uma fase aquosa e uma fase oleosa líquida, que foram homogeneizadas
pela utilização de um terceiro componente que possui afinidade por
ambas as fases (tensoativo) (RIBEIRO, 2010).

Sérum: faz uma alusão ao soro sanguíneo, líquido rico em nutrientes, com perfeita
compatibilidade com nosso organismo. É um veículo extremamente leve, conseguindo
assim carregar concentração maior de princípios ativos. Por ter sua textura fluída,
facilita a penetração na pele (PEYREFITTE; MARTINI; CHIVOT, 1998).

Gel: sistema semissólido com aspecto gelatinoso, formado por dispersão de partículas
pequenas num veículo líquido, que não sedimenta, apresentando-se como uma
suspensão estável. Sua forma cosmética é viscosa, mucilaginosa, transparente ou não,
que, ao secar, deixa uma película invisível sobre a pele. Quanto menores os tamanhos
das partículas, mais transparentes são as soluções aquosas. Quando a água evapora,
forma uma película na pele que fica aderida a ela. Em cosmética decorativa, dá forma a
rímeis incolores e sombras. Pode ser:

»» Aquosos (hidrogéis): são os mais utilizados. Podem ser transparentes ou


opacos, conforme o ativo incorporado.

»» Hidroalcóolicos: são utilizados quando se tem princípios ativos


que se solubilizam bem no álcool, em formulações antissépticas
(gel sanitizante). Geralmente são géis menos viscosos do que
os aquosos.

»» Oleosos: são mais raros quanto à aplicação dos produtos. São chamados
de géis hidrófobos ou lipogéis. Formados por vaselina líquida, óleos
graxos e 2-5% de lipogelificantes (derivados de sílicas e da bentonita
lipofílicas, estearatos de magnésio).

Mousse: emulsão bifásica, em que a fase interna é o ar ou outro gás, e a externa é um


sólido ou líquido. Envasada sob pressão produz espuma quando a válvula é acionada
(PEYREFITTE; MARTINI; CHIVOT, 1998).

53
UNIDADE II │ COSMETOLOGIA

Óleo: é uma mistura de matérias-primas lipídicas (oleosas). Exemplos: óleos de banho


ou de massagem. O óleo demaquilante geralmente é constituído por óleo mineral ou
ésteres de ácidos graxos. É indicado para pele sensível e desidratada (limpeza muito
suave) (PEYREFITTE; MARTINI; CHIVOT, 1998).

Microesferas: são partículas esféricas micronizadas e semitransparentes. Possuem


propriedades de inércia química e física, invisibilidade, melhora na aplicabilidade do
produto, insolúvel, não porosas, toque sedoso, preenchem a pele de forma uniforme e
proporcionam uma sensação de leveza (SCHULMAN, 2004).

Nanospheras: São nano partículas, ou seja, estruturas poliméricas inertes, que são
capazes de armazenar em seu interior ou fixar em sua superfície os mais diversos
ativos. Esses nano reservatórios armazenam homogeneamente o princípio ativo no
interior da matriz polimérica. Desta forma, obtém-se um sistema monolítico, onde não
é possível identificar um núcleo diferenciado; liberando, assim, o princípio ativo nele
contido de modo gradativo e uniforme, cronologicamente determinado, colocando-os à
disposição do tecido cutâneo (AZEVEDO, 2010). Previnem ainda superconcentrações e
potencializam a ação desejada. Exemplos:

Lipossomos: são vesículas globulares microscópicas formadas por moléculas anfifílicas


(geralmente fosfolipídios), que se organizam em forma de uma camada dupla ou de
várias camadas duplas. Essas vesículas são capazes de veicular substâncias hidrofílicas,
anfifílicas ou lipofílicas e apresentam a capacidade de interagir com os lipídios da pele
humana, quando aplicadas topicamente, liberando as substâncias que transportam. As
vesículas multilamelares (com várias camadas duplas) tendem a liberar a substância
que carregam de modo mais prolongado que as vesículas unilamelares (uma camada
dupla) (Figura 4).

Umectante

São substâncias higroscópicas que têm o objetivo de reduzir a dessecação superficial


pelo contato com o ar (das fórmulas), e sobre a pele formam uma película que permanece
sobre ela após a aplicação do produto, favorecendo a hidratação. Reduzem a velocidade
da perda da água, porém esse efeito pode ser reforçado com adequado nível de vedação
dado pelas tampas das embalagens.

Podem ser:

»» Polióis (glicóis): álcoois contendo mais de um grupo OH, solúveis em


água, possuem toque untuoso (pegajoso). Ex.: propilenoglicol, glicerina,
sorbitol.

54
COSMETOLOGIA │ UNIDADE II

»» Poliglicois: são solúveis à água, seu estado físico depende do grau de


etoxilação (PM). Ex.: polietilenoglicol.

»» Carboidratos: aldeídos ou cetonas que são ao mesmo tempo polióis. Ex.:


açucares (glicose, frutose), amido, celulose.

»» Derivados do ácido carboxílico: ac. Carb. reagem com bases e formam


sais orgânicos com capacidade de hidratação. Ex.: Lactato de Sódio (ac.
Lático + NaOH), Glicolato de Sódio.

Conservante

As preparações cosméticas estão sujeitas à contaminação microbiológica, seja ela por


bactérias ou fungos. Estes são transmitidos por diversas fontes, tais como: água, insetos,
matérias-primas, vidrarias, equipamentos, tanques de armazenagem, embalagens,
manipuladores e usuários. Na verdade, quando em pequenas quantidades esses são
aceitáveis, porém ao extrapolar os limites predeterminados já são considerados como
contaminação e, portanto, devem ser evitados.

Os conservantes são, portanto, aquelas substâncias que adicionadas aos produtos


têm como finalidade preservá-los de danos causados por micro-organismos durante
a estocagem, ou mesmo de contaminações acidentais produzidas pelos consumidores
durante o uso.

Para cada tipo de agente conservante, e dependendo da formulação, existe uma


concentração máxima permitida que deve ser seguida rigorosamente. Os contaminantes
se dividem entre bactérias e fungos.

Os agentes conservantes podem ser utilizados individualmente ou principalmente em


associações, o que assegura maior espectro de atividade, sinergismo e cada um poderá
estar em menor quantidade gerando, possivelmente, menos efeitos tóxicos.

Princípio ativo

São substâncias que possuem uma ação definida quando aplicadas sobre a pele e/ou
cabelos (REBELLO, 2007).

Os princípios ativos podem ser de origem vegetal, animal e biotecnológico.

»» Ativos de origem vegetal: extratos vegetais isolados ou associados,


vegetais marinhos, proteínas e aminoácidos vegetais, associação de
aminoácidos e extratos vegetais (REBELLO, 2007).
55
UNIDADE II │ COSMETOLOGIA

»» Ativos de origem animal: colágeno, elastina, placenta, cerebrosídeos e


ceramidas, glicosaminasglicanas (ácido hialurônico) (REBELLO, 2007).

»» Ativos biotecnológicos: colágeno de origem marinha, ácido hialurônico


bio, lipossomas baseados em lecitinas vegetais, incrementadores do
metabolismo celular substituindo a placenta, antioxidante de origem
marinha (REBELLO, 2007).

Origem vegetal

São cosméticos naturais, ou seja, aqueles que dão preferência, sempre que possível, a
ativos de origem vegetal visando a suas propriedades benéficas com total inocuidade
para o consumidor final (LEONARDI, 2008).

Um cosmético não pode ser exclusivamente elaborado com substâncias de origem


vegetal. É tecnicamente inviável a não utilização de conservantes, antioxidantes
e sequestrantes de origem sintética, pois isso acarretará um produto facilmente
contaminado por micro-organismos que poderão causar sérios danos ao usuário
(REBELLO, 2007). Abaixo, quadro de classificação dos princípios ativos vegetais:

Quadro 5. Classificação dos princípios ativos vegetais.

Classificação Função P.A. Vegetal


São os que agem sobre os poros e folículos da pele, provocando a hamamelis, morango, maçã verde,
ADSTRINGENTES sua constrição, reduzindo o seu diâmetro e controlando, dessa forma, a romã, videira, sálvia, arnica, limão
sudorese e a secreção sebácea. etc.
TINTORIAIS São os que vão dar cor aos cosméticos. urucum, beterraba, henna etc.
São substâncias macromoleculares, que crescem em contato com a
algas, pepino, abacate, amêndoa
EMOLIENTES / UMECTANTES água, proporcionando um líquido viscoso que forma um filme sobre a
doce, malva etc.
pele protegendo-a do meio ambiente.
Destinam-se a limpar a pele de escamas, crostas, para seguidamente
DETERGENTES extrato de coco e milho
possibilitar o tratamento da pele.
São os que agem ativando a circulação periférica, estimulando o alecrim, calêndula,
ESTIMULANTES / TONIFICANTES
metabolismo cutâneo, com consequente tonificação local. guaraná etc.
Impedem o crescimento dos micro-organismos e porventura os acetato de alumínio, azul metileno,
ANTISSÉPTICOS
aniquilam. ac. salicílico etc.
Atenuam ou eliminam o estado inflamatório da pele, se esse estado for
ANTI-INFLAMATÓRIOS de origem infecciosa ele só irá desaparecer com apropriada medicação flavonoides, fenólicos.
tópica.
ANALGÉSICOS Diminuem dor. álcool benzílico, lidocaínaetc.
Produtos que provocam vermelhidão na pele com a finalidade de ativar cânfora, arnica, nicotinato de
RUBEFACIENTES
a atividade microcirculação sanguínea. metila etc.
CICATRIZANTES Produtos com ação cicatrizante e antibacteriana. alantoina, alcaloides, ginseng etc.
Visam reduzir a produção de secreção seborreica pelas glândulas de
ANTISSEBORREICOS ionil, selsun ouro etc.
pele e couro cabeludo.
Fonte: (FERREIRA, 2002).

56
COSMETOLOGIA │ UNIDADE II

Origem animal

Composição complexa dos tecidos animais (proteínas, triglicérides, material fibroso


etc.). O isolamento de princípios ativos puros a partir desses materiais é relativamente
difícil, concentrados comuns são satisfatórios para uso oral, no entanto, alguns produtos
obtidos a partir de animais devem ser usados por via parenteral, como, por exemplo,
heparina e insulina (LEONARDI, 2008).

É necessário que tenham elevado teor de pureza e sejam apirogênicos, estéreis e


isentos de contaminantes. A extração dos princípios ativos animais é executada nas
mais variadas operações unitárias (LEONARDI, 2008). Exemplo: destilação a vácuo,
filtração etc.

Colágeno: é uma proteína em forma de fibra com função estrutural. Os extratos de


colágeno para fins cosméticos são obtidos a partir de pele de animais jovens, geralmente,
bovinos (LEONARDI, 2008).

A utilização cosmética de colágeno como ativo provém da suposição de que poderia


induzir a elaboração de novas fibras colágenas solúveis na derme, resultando em maior
turgescência da pele devida à propriedade de reter água desse tipo de colágeno. No
entanto, após muitas pesquisas constatou-se que sua ação é apenas superficial onde, por
afinidade com as proteínas (queratina) da pele, fica aderida e passa a exercer sua ação
hidratante por retenção de água. Forma-se, assim, um filme aquoso sobre as camadas
mais externas da epiderme, o que impede que haja uma perda de água transepiderme
das camadas mais profundas, resultando na turgescência tão desejada; ou seja, seu
efeito é somente hidratar a pele (REBELLO, 2007).

Elastina: também é uma proteína em forma de fibra, porém mais delicada; é responsável
pela elasticidade da pele. Assim como o colágeno é o suporte da hidratação da pele, a
elastina é o suporte da elasticidade. Porém a elasticidade da pele depende muito mais
do estado da quantidade de água retida pelo colágeno dérmico do que de seu conteúdo
de elastina. Com o envelhecimento, ocorre uma degeneração das fibras elásticas,
conhecida como flacidez (LEONARDI, 2008).

Como ativo cosmético, tal como o colágeno, a elastina possui propriedades de


substantividade e retenção de água, melhorando a flexibilidade e, consequentemente, a
elasticidade. Os extratos de elastina são obtidos também de pele de bovinos (LEONARDI,
2008).

Glicosaminoglicana ou mucopolissacarídeos ácidos: são moléculas de açúcares ligadas a


proteínas. São encontrados no cimento intercelular (substância gelatinosa que preenche

57
UNIDADE II │ COSMETOLOGIA

os espaços entre as células da maioria dos tecidos, incluindo cartilagens, tendões e pele)
(LEONARDI, 2008).

O ácido hialurônico é uma glicosaminoglicana de alto peso molecular, responsável pela


retenção de água no cimento intercelular, funcionando como uma verdadeira esponja
molecular, a qual forma um filme delgado, transparente, não gorduroso e que só é
perceptível por sua ação lubrificante, alisante e suavizante (FERREIRA, 2002).

Abaixo, quadro dos ativos mais usados.

Quadro 5.

Ativo Função Aplicação %


cremes hidratantes e contorno
Ácido hialurônico hidratante 1-5
dos olhos
Aminoácidos da seda ação protetora e hidratante cremes, loções, maquilagem 1-5
Aminoácidos do leite hidratante e emoliente cremes nutritivos e infantis 2,5-10
Placenta ação regeneradora cremes e produtos capilares 1-5
Elastina retém água, dá elasticidade cremes, géis e loções hidratantes 1-10
Colágeno sustenta a pele cremes nutritivos e hidratantes 2-10
Reticulina ação regeneradora cremes e loções 1-5
Queratina ação protetora xampus, sabonetes, cremes 1-5
Fonte: (FERREIRA, 2002).

Vitaminas que tratam a pele

Constituem um grupo de ativos extremamente importantes para os produtos de


tratamento do rosto, em funções de suas propriedades exibidas. Exemplos:

Vitamina A: reguladora do processo de queratinização. É encontrada no fígado


dos animais e nos vegetais, na forma de provitamina. Também pode ser obtida
sinteticamente. Atua como um potente antioxidante e neutralizante de radicais livres,
favorece a regeneração celular cutânea e o processo de queratinização normal da pele.
A vitamina A é extremamente fotossensível, podendo provocar manchas. É preciso
máxima proteção solar possível (SOUZA, 2003).

O ácido retinoico, um derivado da vitamina A, é aplicado topicamente e atua


principalmente aumentando a atividade enzimática e o metabolismo das células
cutâneas, funções que se encontram diminuídas na pele desvitalizada (LEONARDI et
al., 2002). Existem dois isômeros (derivados) do ácido retinoico:

»» Trans ou tretonoína: vem sendo usada na recuperação de peles


envelhecidas (LEONARDI et al., 2002).

58
COSMETOLOGIA │ UNIDADE II

»» Cis ou isotretinoína: além do uso tópico, vem sendo usada via sistêmica
no tratamento de acne. Sua ação reduz a produção de sebo, diminuindo o
tamanho das glândulas sebáceas, alterando a morfologia e a capacidade
secretora das células. Em produtos cosméticos usam-se ésteres (função
álcool) de vitamina A, que tanto podem ser palmitato ou acetato. Como o
palmitato é mais estável do que o acetato, tem sido mais empregado em
formulações cosméticas (LEONARDI et al., 2002).

Vitamina C: antioxidante e estimulador da produção de colágeno, o mais conhecido é


o ácido ascórbico (MANELA-AZULAY, 2003).

O ácido ascórbico hidrossolúvel, e seus derivados lipossolúveis, e o palmitato de


ascorbila constituem dois antioxidantes potentes que evitam os processos peroxidativos
da metabolização das gorduras e a formação dos radicais livres. Retardam os danos
causados pela radiação UVA e também conseguem reduzir o eritema causado pelos
raios UVB (LEONARDI, 2008).

Possui atividade clareadora, pois inibe o processo de melanogênese. Uma de suas


grandes virtudes, na área da cosmética, é ser um cofator essencial na formação e função
do colágeno. Já existem provas suficientes de seus efeitos benéficos na recuperação da
pele envelhecida e também na manutenção de uma pele jovem e saudável (MANELA-
AZULAY, 2003).

Vitamina E: atualmente, em grande evidência internacional, é utilizada na concentração


de 5% normalmente. Considerada como excelente agente antirradical livre, atuando,
protegendo e regenerando as camadas da pele. Sua principal ação está na capacidade
de impedir a oxidação dos lipídeos insaturados presentes na pele, retardando, assim, o
processo de envelhecimento. Possui também efeito umectante, ação benéfica em lesões
provocadas pela radiação ultravioleta, ação protetora contra a fotossensibilidade, ação
anti-inflamatória e hipoalergênica (SOUZA, 2003).

A vitamina E é usada de duas formas na cosmetologia: esterificada, a forma presente na


natureza, por exemplo, óleo de germe de trigo e outros óleos vegetais; não-esterificada,
a forma mais ativa, conhecida como tocoferol. Essa substância é bastante instável, ou
seja, oxida-se e escurece quando exposta à luz e ao ar. Por essa razão, costuma-se fazer
uma reação química do tocoferol com o ácido acético, a fim de formar o éster acetato de
tocoferol, que apresenta maior estabilidade em formulações cosméticas.

Vitamina F (ácidos graxos essenciais): o nome vitamina F é uma denominação


antiquada, que agrupa os ácidos graxos não saturados essenciais (não formados
no organismo humano). Não são aminas e, por isso, deixaram de ser considerados

59
UNIDADE II │ COSMETOLOGIA

como sendo vitaminas. Os ácidos graxos essenciais são usados principalmente nos
cosméticos de uso tópico e servem para promover um efeito antiqueratinizante. É
encontrada principalmente no óleo de milho, de girassol, de soja, de caroço de uva, de
germe de trigo, nos óleos de oliva e de peixes, e destes, principalmente, nos de água
fria (SOUZA, 2003).

Específicos

Blend de ativos que agem sinergicamente visando alcançar o efeito desejado. Assim,
o mercado oferece complexos vegetais, vitamínicos, associações de proteínas com
extratos, entre outros (REBELLO, 2007). Exemplos:

»» Complexo antiadiposidade: extrato de bile, extrato de Hedera helix e um


éster de ácido tartárico e polioxietilenoglicol.

»» Complexo antirradical livre natural: óleo de germe de trigo, óleo de


rosmarinus, acetato de vitamina E e vitamina F (ativo usado no Nutritivo
Florrimon).

»» Complexo anti-idade de lipossomas de vitaminas E e C: associando os


efeitos benéficos e sinérgicos das vitaminas.

»» Complexo suavizante de rugas e estimulador de formação de elastina,


colágeno e ácido hialurônico: acetato de farnesila e outros ésteres de
farnesol.

Existem, ainda, ativos tradicionais com nova tecnologia, maior eficiência e maior
inocuidade, como, por exemplo:

»» Arbutin: glicosídeo de hidroquinona natural encontrado em vegetais


como pêssego, pera, outras plantas japonesas e principalmente nas folhas
de uva ursi (Arctostaphilos uva ursi). Potente agente despigmentante
com reduzida irritabilidade.

»» Iodotrat: iodo amínico totalmente estável e não tóxico, pois não


origina iodo livre, ou seja, não exerce ação hormonal e sistêmica. Atua
diretamente sobre o tecido adiposo, onde estimula o metabolismo da
gordura estagnada ao ativar enzimas lipolíticas, diminuindo, assim, o
sufocamento tecidual, aumentando o fluxo nutricional e desintoxicando
o organismo.

(HERNANDEZ; MERCIER-FRESNEL, 2008).

60
COSMETOLOGIA │ UNIDADE II

A seguir, temos os PAs mais utilizados nos principais distúrbios faciais:

Quadro 6.

Distúrbio Facial Princípio Ativo Descrição


Ácido glicirrízico Anti-inflamatório, descongestionante.
Ácido glicólico Queratolítico.
Ácido salicílico Queratolítico.
Agrião Antiacneico, antisseborreico.
Alantoína Regeneradora, queratolítica.
Alfa bisabol Anti-inflamatório, calmante.
Azuleno Anti-inflamatório.
Apricot Esfoliante físico.
Aloe vera Hidratante, ação regeneradora.
Bardana Adstringente, calmante.
Calêndula Cicatrizante, anti-inflamatório.
Camomila Calmante, anti-inflamatório.
Acne Cânfora Calmante, anti-inflamatório.
Clindamicina Atua como agente bacteriostático.
Eritromocina Tem ação bacteriostática.
Triclosan/ irgasan Bactericida.
Hamamélis Adstringente.
Peróxido de benzoíla Esfoliante e inibe o crescimento de P. acnes.
Própolis Antimicrobiano, anti-inflamatório.
Microesferas de polietilenoglicol Esfoliante físico.
Resorcina Esfoliante químico.
Sulfato de zinco Adstringente, antisséptico.
Sílica Esfoliante.
Tretinoína/ac. retinóico Esfoliativo químico.
Takallophane Absorve os ácidos graxos insaturados, antisseborreico.
Ácido glicólico Esfoliante químico.
Ácido Kójico Despigmentante natural.
Antipollon HT Clareador por absorção de melanina pré-formada.
Arbutin Inibe a atividade da tirosinase.
Dihidroxiacetona-DHA Simulador de bronzeado.
Discromia
Essência bergamota Calmante, antiparasitário e cicatrizante.
Hidroquinona Inibe a atividade da tirosinase.
Melawhite® Inibe a tirosinase no estágio inicial da melanogênese.
Psoralênicos Uso tópico sistêmico.
VC- PMG Inibe a tirosinase; atua antirradicais livres.
Oligoelemento: selênio Oxidante, bloqueando os radicais livres.
Regula o fluxo sebáceo e, junto com a vitamina A, é responsável pela
Oligoelemento: zinco
renovação celular. Possui propriedades calmantes e antirradicais livres.
Oligoelemento: cálcio e Regula as trocas celulares e participa da síntese de neuromediadores
Rugas magnésio (que carregam mensagens entre as células e a pele).
Oligoelemento: manganês Função antirradicais livres e estimula elastina e colágeno.
Promove a regeneração dos tecidos, hidratação intensa, antirradicais
Oligoelemento: silício
livres, antiglicosilação.
Fonte: (HERNANDEZ; MERCIER-FRESNEL, 2008).

61
CAPÍTULO 2
Classificação dos cosméticos de
acordo com sua função

Limpeza da pele (Cleasers)


Limpar a pele significa remover sujidades provenientes de poluição, resíduos cosméticos,
secreções naturais e células córneas em descamação.

Formas de limpar a pele:

»» Uso de solventes orgânicos.

»» Uso de substâncias lipofílicas.

»» Uso de tensoativos (detergentes e sabões).

Requisitos:

»» Possuir detergência moderada.

»» Espalhar-se facilmente.

»» Possuir bom poder de arraste.

»» Ser ligeiramente antisséptico.

»» Ter pH compatível com o cutâneo.

»» Fácil eliminação.

Classificação:

1. Sabonetes em barra e líquidos.

2. Loção de limpeza isenta de lipídios (limpadores sem lipídios).

3. Esfoliantes.

4. Agentes abrasivos.

5. Máscaras tonificantes.

62
COSMETOLOGIA │ UNIDADE II

6. Sais de banho.

7. Óleos.

8. Emolientes.

(MONTEIRO; BAUMANN, 2008)

Sabonetes em barra e líquidos

Quimicamente podem ser chamados de sabões que representam compostos químicos


formados pela reação de um ácido graxo com um álcali (MERCANTE, et al., 2009).

A seleção rigorosa dos óleos e gorduras utilizados influenciarão no custo e nas


propriedades do sabão. Um bom sabão é produzido com uma mistura de óleos e
gorduras (MERCANTE, et al., 2009).

Os sabões de sódio são mais duros, os de potássio mais solúveis em água e os de


trietalonamina menos alcalinos (MERCANTE, et al., 2009).

Como a grande maioria tende a alcalinidade (80%), a alta detergência os torna mais
irritantes para a pele. E na grande maioria das vezes são desaconselháveis para peles
secas e sensíveis (MERCANTE, et al., 2009).

Os sabonetes glicerinados são exemplos de formulações que diminuem a quantidade de


sabão na fórmula, a composição restante é formada por agentes solubilizantes (glicerina,
álcool, propilenoglicol), corantes, fragrâncias e açúcar para aumentar a transparência
(MERCANTE, et al., 2009).

Já os sabonetes líquidos não são considerados como verdadeiros sabões (sais de ácidos
gordos), mas misturas de tensoativos detergentes, agentes emolientes, antissépticos e
aromatizantes em geral. São elaborados a partir de sabões de potássio numa concentração
de 15 a 20%. Entretanto, atualmente, esse tipo de formulação quase não leva sabão
em sua fórmula. Os sabonetes líquidos são formulados apenas com misturas de tenso
ativos sintéticos, ou derivados de produtos naturais (MERCANTE, et al., 2009).

Loções de limpeza

São produtos líquidos que limpam quando aplicados sobre a pele (seca ou umedecida),
esfregados para produzir espumas, enxugados ou evaporam-se sem enxágue (MASSON,
2003).

63
UNIDADE II │ COSMETOLOGIA

Esses produtos contêm água, glicerina, substâncias detergentes e umectantes.


Geralmente deixam uma película umedecida fina (MASSON, 2003).

Geralmente são usados para remoção de maquiagem, limpeza diária da face, ou


previamente em procedimentos estéticos (MASSON, 2003).

»» Cremes de limpeza: são cremes geralmente oleosos, utilizados para


limpeza da pele seca (MASSON, 2003).

»» Adstringentes: usados para remover óleo e produzir uma sensação


tonificada. Geralmente são utilizados para pele oleosa por terem um
teor alcoólico maior. Em produtos para acne são utilizadas substâncias
antissépticas como triclosan e substâncias esfoliantes (MASSON, 2003).

Esfoliante

São considerados basicamente adstringentes com adição de substâncias como:


hamamelis, ácido salicílico (GALEMBECK; CORDA, 2007).

O objetivo desses produtos é remover as células mortas da superfície da pele e auxiliar


na renovação natural da pele (GALEMBECK; CORDA, 2007).

Agentes abrasivos: são esfoliantes mecânicos. Utilizam grânulos abrasivos numa


base cosmética. Esses grânulos geralmente são constituídos por gotas de polietileno,
fragmento de semente e frutas (GALEMBECK; CORDA, 2007).

Os agentes abrasivos são eficazes no controle do excesso de gordura e remoção do tecido


córneo escamativo. Inconvenientes: podem causar danos epiteliais se forem utilizados
com muita força (GALEMBECK; CORDA, 2007).

Máscaras faciais

São preparações cosméticas cuja consistência é variada. Destinam-se à aplicação sobre


o rosto, pescoço, colo, costas, mãos, pés.

Utilizam-se em camada espessa, com tempo determinado de permanência, onde


geralmente alguns de seus componentes líquidos evaporam deixando uma camada de
outro produto aderente à pele.

São classificadas como formulações de risco grau 1, desde que elas não sejam indicadas
para peles acneicas, com finalidade de peeling químico e/ou outros benefícios.

64
COSMETOLOGIA │ UNIDADE II

Características:

»» Suavizantes e sem arenosidade.

»» Secagem rápida.

»» Produção de limpeza da pele.

»» Inócuas.

Objetivo: Limpar, tonificar, estimular, acalmar, rejuvenescer, nutrir, antissépticas,


hidratar, anti-irritantes, queratolíticas, clareadoras, adstringentes.

Ativos incorporados:

»» Pós absorventes ou adsorventes (argila, kaolim, CaCO3).

»» Umectantes (glicerol, propilenoglicol).

»» Gelificantes (resinas ou alginatos).

»» Adstringentes (alume, tanino).

»» Extratos vegetais.

»» Óleos essenciais.

»» Colágena/elastina.
(GALEMBECK; CORDA, 2007).

Máscaras de porcelana
Tratam-se de máscaras em pó (gesso), as quais endurecem após serem aplicadas. São
oclusivas. Exercem um efeito psicológico (ZANGUE, et al., 2007).

Devem ser homogeneizadas com água ou uma solução tônica apropriada no momento
da aplicação; uma camada mais ou menos espessa é aplicada com a ponta dos dedos
ou pincel, ocluindo a pele. Recomenda-se usar uma forração de gaze previamente para
ser mais fácil a sua retirada. Cuidado redobrado com a superfície pilosa da pele, pois
pode provocar traumatismos. Pode-se aplicar por sobre outro produto (ZANGUE, et
al., 2007).

Máscaras em pó

São dispersões de ativos num veículo sólido pulverizado como o talco ou argila. Devem
ser homogeneizadas com água ou uma solução tônica apropriada no momento da

65
UNIDADE II │ COSMETOLOGIA

aplicação; uma camada mais ou menos espessa é aplicada com a ponta dos dedos ou
pincel, ocluindo a pele (ZANGUE, et al., 2007).

Após algum tempo, o líquido dispersante evapora e posteriormente o pó deverá ser


retirado do local com água ou tônico. Esse tipo de veículo é indicado para procedimentos
adstringentes, redutores de oleosidade, clareadores (em tese) e esfoliantes (ZANGUE,
et al., 2007).

Máscaras à base de vinil

São populares para uso doméstico. São formadas por substâncias formadoras de
películas (álcool polivinílico). Após a evaporação do veículo, uma película flexível de
vinil permanece na face. São apropriadas para todos os tipos de pele. A evaporação
do veículo cria uma sensação refrescante e o enrugamento da máscara com a secagem
pode dar a impressão de que a pele está apertando (ZANGUE, et al.,2007).

Máscaras hidrocoloidais ou máscaras plásticas

Essas máscaras são formadas por gomas (gomas de celulose, xantana) e umectantes.
Deixam na pele uma sensação suave e criam a sensação da pele apertando quando a
água evapora e a máscara seca. Possuem um bom efeito psicológico de estiramento e
agradável sensação refrescante (ZANGUE, et al.,2007).

São utilizadas em formulações redutoras de oleosidade, esfoliantes, adstringentes e


calmantes (ZANGUE, et al.,2007).

Máscara à base de argila

São conhecidas como máscaras em pastas ou pacotes de lama. São formadas por argila.
Podem ser apresentadas sob a forma de pó ou suspensões em veículo semissólido. As
argilas fixam considerável quantidade de água, óleos e corpos gordurosos por adsorção
ou absorção. Podem ser usadas com a propriedade secativa, clareadora (em tese),
adstringente e antisséptica (BOURGEOIS, 2006).

Origem das argilas: provêm da desintegração do granito. São formadas de silicato de


alumínio (BOURGEOIS, 2006).

Variedades:

»» Argila vermelha: contém traços de óxido de Ferro. Ação: é utilizada como


anti stress, redutora de pesos e medidas e secativa.

66
COSMETOLOGIA │ UNIDADE II

»» Argila verde: contém traços de cloreto ferroso. Ação: adstringente,


tonificante, estimulante, secativa, bactericida, analgésica e cicatrizante.

»» Argila branca: argilas naturais, compostas por diversos componentes


minerais. Ação: clareadora, absorve oleosidade da pele sem desidratar,
suavizante e oclusora.

»» Argila rosa: mistura de argila branca e vermelha, assim é rica em ferro.


É mais indicada para peles sensíveis, tem ação cicatrizante, suavizante.

»» Argila cinza: devido ao titânio presente em sua composição, combate


acne, realiza esfoliação, ainda tem ação antioxidante retardando o
envelhecimento, também age no clareamento de manchas e regula
seborreia capilar.

»» Argila preta: também conhecida como lama vulcânica, muito utilizada


para desintoxicar a pele, tem ação anti-inflamatória, absorve stress.

»» Argila amarela: combate e retarda o envelhecimento cutâneo, ação


hemostática, purificante, adstringente e remineralizante. Também tem
ação na elasticidade da pele atuando na flacidez cutânea. Melhora a
circulação sanguínea.
(BOURGEOIS, 2006).

Outras máscaras:

»» Máscara de ouro.

»» Máscara de diamante.

»» Máscara de pérola.

»» Máscara de prata.

São considerados produtos exóticos, porém sem comprovação científica. O único efeito
desses produtos na pele é o glamour de usar uma máscara facial elaborada com material
nobre, e o efeito do ativo incorporado a ela, que na maioria das vezes não é citada na
publicidade, na maior parte das vezes são os hidratantes (BOURGEOIS, 2006).

Têm-se ainda as máscaras de chocolate, nesse caso pode-se admitir que exista um
fundamento (RICHTER; LANNES, 2007).

O chocolate possui riqueza em material graxo que lubrifica e oclui a pele, melhora a
hidratação, deixa-a mais macia e suave ao toque. A ideia de que os polifenóis funcionem
como ativos nesse tipo de produto não condizem com a realidade, pois eles só existem
no cacau in natura, e não no processado (RICHTER; LANNES, 2007).
67
UNIDADE II │ COSMETOLOGIA

Conclusão
1. Usar no mínimo uma vez por semana.

2. Tempo de aplicação de 10 a 25 minutos.

Efeitos desejados:

»» Ação de limpeza → Usar ativos absorventes e desincrustantes.

»» Ação normalizadora de secreções → Usar produtos absorventes e


normalizadores de equilíbrio ácido-base.

»» Ação hidratante → Usar umectantes e princípios ativos que favoreçam


a hidratação.

»» Ação estimulante e fortalecedora → Melhorada pelo efeito oclusivo e


pela vasodilatação gerada.

»» Ação alisadora e remodeladora → Usar princípios ativos tensores.


Fonte: Zangue, et al.,2007

Os princípios ativos mais utilizados em cada tipo de máscara são:

Quadro 7.

Tipo de máscara Princípios ativos


Detergente Bórax, bicarbonato de sódio, TEA (trietanolamina), pH levemente alcalino, vitamina B6.
Cloridróxido de alumínio ou zircônio, alúmen, titânio, glicina, ácido lático, sais de zinco, extratos
Adstringente
vegetais de hamamélis, agrião, bardana, sálvia, castanha-da-índia.
Calmante Extratos vegetais de camomila, tília, mucílagos, azuleno, cânfora, caseína, calêndula, alantoína.
Nutritiva Vitaminas A e E, óleos vegetais, proteínas (colágeno, elastina, albumina).
Clareadora Peróxido de zinco ou magnésio, ácido cítrico e lático, perborato de cálcio.
Refrescante Mentol.
Anti-inflamatória Alfa bisabol, betaexina, própolis, azuleno, ácido glicirrízico.
Antiedematosa Extratos de arnica, centelha asiática.
Hidratante Extratos de aveia, aloe vera, aminoácidos.
Queratolítica Ácido lático (1%), ácido salicílico (2,5%), enzimas papaína e bromelina.
Umectante Propilenoglicol, glicerina.
Fonte: (HERNANDEZ; MERCIER-FRESNEL, 1999).

Sais de banho

São cosméticos sólidos utilizados para limpar, tonificar, esfoliar e perfumar a pele
durante o banho. Alguns deles são quelantes de cálcio (GALEMBECK; CORDA, 2007).

68
COSMETOLOGIA │ UNIDADE II

Os sais de banho podem ser fabricados na forma de pós, cristais ou comprimidos


efervescentes (GALEMBECK; CORDA, 2007).

Componentes: cloreto de sódio, sulfato de magnésio, lauril sulfato de sódio, corantes e


essências (GALEMBECK; CORDA, 2007).

Sais efervescentes: são constituídos geralmente por uma mistura de um ácido orgânico
(cítrico, fumárico, succínico) com bicarbonato ou carbonato de sódio. A escolha do ácido
orgânico depende do seu custo, pka, solubilidade em água. Em relação aos carbonatos,
o bicarbonato de sódio produz mais C02 porque requer apenas um próton para ser
neutralizado (GALEMBECK; CORDA, 2007).

Óleos

Composição: formados por misturas de óleos, ésteres graxos, álcoois graxos líquidos,
essências e corantes. Repositores do manto hidrolipídico principalmente após o banho.
Promovem maciez ao toque e hidratação por mecanismo oclusivo (GALEMBECK, F.;
CSORDAS, Y, 2015).

Podem ser consideradas soluções lipofílicas. Pode ser usado um único óleo, mistura de
diferentes tipos de óleos, ou ainda a mistura de agentes lipofílicos e óleos (GALEMBECK,
F.; CSORDAS, Y, 2015)

Para melhorar o sensorial é usado o silicone e ésteres emolientes que promovem


também melhor espalhabilidade do produto (GALEMBECK, F.; CSORDAS, Y, 2015).

Emolientes

O CTFA define emolientes como substâncias que mantêm a flexibilidade da pele e


restabelecem o equilíbrio do estrato córneo (LEONARDI, 2008).

Mecanismo de ação dos emolientes: amaciam o estrato córneo indiretamente, por


prevenção da perda de umidade (oclusão). Os emolientes agem em profundidades
variáveis. A estrutura química do emoliente influencia na sua interação com a pele e
afeta as propriedades sensoriais.

De modo geral, os óleos de origem animal penetram mais que os óleos vegetais (FIGURA
26) (LEONARDI, 2008).

69
UNIDADE II │ COSMETOLOGIA

Figura 26. Tipos de emoliente.

Fonte: Taís Amadio Menegat 2005.

Emoliente não polar

Parafinas: óleo mineral, óleo de vaselina (LEONARDI, 2008).

Isoparafinas: são pegajosos, pesados, hidrófobos, em geral são comedogênicos


(LEONARDI, 2008).

Emoliente polar

São substâncias que mantêm a flexibilidade da pele e restabelecem o equilíbrio do


extrato córneo (LEONARDI, 2008).

Agem por oclusão, previnem a perda de umidade e atuam indiretamente no extrato


córneo (LEONARDI, 2008).

a. Glicerídeo: triglicerídeo caprílico/cáprico, óleos e gorduras vegetais


(manteigas), óleos vegetais. São compostos por ácidos graxos com
cadeias carbônicas de diferentes comprimentos e saturações que
conferem propriedades especiais. Ácido esteárico, ácido palmítico,
oleico, linolênico (VARGAS; ROMAN, 2006).

›› Estudiosos afirmam que quanto maior a cadeia menos irritante é o


ácido graxo (VARGAS; ROMAN, 2006).

›› Tipos de ácidos graxos:

·· Saturados: ácido láurico, mirístico, palmítico e esteárico.

·· Insaturados: ácido oleico, linoleico, linolênico.

70
COSMETOLOGIA │ UNIDADE II

»» Emolientes mais usados e suas concentrações de uso:

›› Extrato de aloe (2 a 6%).

›› Manteiga de karité (1 a 3%).

›› Manteiga de manga (1 a 3%).

›› Microcápsulas de óleo de macadâmia (5 a 10%).

›› Óleo de abacate (2 a 10%).

›› Óleo de amêndoas (2 a 10%).

›› Óleo de apricot (2 a 5%).

›› Óleo de calêndula (1 a 5%).

›› Óleo de cereja (2 a 5%).

›› Óleo de germe de trigo (0,5 a 1,5%).

›› Óleo de girassol (1 a 3%).

›› Óleo de jojoba (1 a 5%).

›› Óleo de macadâmia (0,5 a 5%).

›› Óleo de semente de maracujá (1 a 5%).

›› Óleo de uva (2 a 10%).

(VARGAS; ROMAN, 2006).

b. Álcoois graxos: normalmente são considerados álcoois graxos aqueles


que têm de 12 a 18 átomos de carbono.

›› Exemplos: álcool láurico, mirístico, cetílico, palmítico.

c. Éteres graxos: possuem excelente capacidade de espalhamento e


resistência à hidrólise, tanto em meio ácido como alcalino.

›› Exemplos: peg-7-glicerilcocoato, perfluorpolimetilisopropileter, éter


dicaprilico.

(DRAELOS, 2009).

71
UNIDADE II │ COSMETOLOGIA

d. Ésteres: constituem o principal grupo de emolientes, pois apresentam


as melhores respostas quanto ao espalhamento, sensação não oleosa e
absorção na pele.

›› Exemplos: octanoato de octila, octanoato de cetearila, miristato de


miristila, estearato de butila, estearato de tridecila, miristato de
isopropila, palmito de isopropila, isoestearato de isopropila, oleato de
butil, oleato de decila (Cetiol V®)

(DRAELOS, 2009).

Outros emolientes

Ceras

Na verdade, as ceras são utilizadas para dar consistência e dureza às formulações.

Tipos: ceras de abelha, candelila, carnaúba.

Composição: ésteres de ácidos graxos e álcool graxo de cadeia longa carbonada e


saturada.

(DRAELOS, 2009).

Como manter a pele da face eudérmica

Para maior eficácia no tratamento cosmético, é necessário seguir várias etapas,


contínuas e complementares; abaixo segue o esquema:

Figura 27.
2. Tonificação

• Reduz o tamanho dos poros


(ação adstringente)

1. Higienização (limpeza) • Firma a pele

• Remove células mortas • Restabelece o pH cutâneo

• Retira impurezas • Ajuda a retirar resíduos


de produtos de limpeza 3. Hidratação
• Controla secreções sebáceas
• Evita a perda de
• Abre os poros umidade
4. Nutrição

• Repõe nutrientes
substâncias
recuperadores do manto
hidrolipídico, protetora
da pele

72
COSMETOLOGIA │ UNIDADE II

Higienização

Os cosméticos de higienização são produtos que não devem penetrar na pele, nem ser
absorvidos por ela. Devem permanecer sobre a pele o tempo bastante para eliminar
da superfície epidérmica toda a variedade de contaminantes como secreção sebácea,
impurezas, células mortas, maquilagem, detritos etc., arrastando, emulcionando ou
solubilizando.

A água é uma das principais substâncias usadas na limpeza da pele; sozinha, porém, é
ineficaz, principalmente contra a oleosidade.

Os cosméticos destinados à higienização da pele podem ser apresentados em diversas


formas: sabonete líquido ou sólido, óleos, géis, cremes e leite de limpeza ou loção.

Loções para limpeza da pele e abertura dos óstios: pH alcalino e loções tônicas após
limpeza, pH ácido (para que a pele retorne ao seu pH natural, entre 5,5 e 6,0).

Devem apresentar as seguintes características:

»» ter detergência moderada;

»» não ser muito fluidos nem muito espessos, para que possam ser espalhados
facilmente sobre a pele;

»» possuir ação somente no nível da epiderme;

»» não ser irritantes nem sensibilizantes;

»» ser ligeiramente antissépticos;

»» ter pH ácido, neutro ou ligeiramente alcalino (pH de 4-8,5);

»» ser de fácil eliminação.

(GALEMBECK; CORDA, 2007).

Tonificação
Os cosméticos de tonificação devem:

»» eliminar os resíduos da emulsão de limpeza;

»» restaurar o pH fisiológico;

»» evitar a desidratação e o ressecamento;


73
UNIDADE II │ COSMETOLOGIA

»» favorecer a reepitelização;

»» reduzir o tamanho dos poros;

»» reduzir as secreções sebáceas.

O tônico complementa o processo de limpeza, ao mesmo tempo em que amacia a


superfície da pele. Serve para fechar os poros e preparar a pele para receber os benefícios
do hidratante.

As impurezas da pele são compostas de materiais hidrossolúveis, lipossolúveis e


insolúveis. Os tônicos e todos os produtos de higienização devem reunir condições para
eliminá-los.

O tônico pode ter várias especialidades, dependendo do princípio ativo e de sua


formulação básica:

»» adstringente;

»» calmante;

»» descongestionante.

O tônico é formado por um sistema hidroalcoólico cujo teor de álcool etílico pode chegar
até 70% em determinados casos.

As formulações de tônicos podem conter, por exemplo:

»» agentes antissépticos: triclosan, enxofre, piritionato de zinco, derivados


da raiz de alcaçuz (glicirrinato de amônio; ácido 18B-glicirrético), timol,
própolis, ácido salicílico;

»» extratos vegetais e marinhos: agrião, alecrim, algas marinhas, arnica


montan, bardana, calêndula, confrei, ginseng, hamamélis, malva,
própolis, sálvia, tília;

»» corretor de pH e reguladores cutâneos: ácido cítrico, ácido lático,


capriloilglicina;

»» princípios ativos calmantes e umectantes: alantoína, alfa bisabolol,


pantenol, alga Enteromorpha compressa.

74
COSMETOLOGIA │ UNIDADE II

A aplicação dos produtos tônicos geralmente é feita com algodão, em movimentos


circulares e suaves. Essa ação serve para retirar os últimos resíduos deixados pela loção
de limpeza.

Em todos os casos de aplicação, o produto não deve ser usado na área dos olhos.

(HERNANDEZ; MERCIER-FRESNEL, 2008).

Hidratante

A xerose ou xerodermia, ou ainda a pele seca, pode se manifestar em qualquer indivíduo


durante a vida. O comprometimento da barreira córnea eleva a perda de água através
da pele, isso pode aumentar a liberação de citoquinas que, por sua vez, induzem o início
do processo inflamatório e o eczema (GALEMBECK; CORDA, 2007).

Normalmente, as peles secas estão associadas à menor presença de lipídeos secretados


pela glândula sebácea, enquanto a hidratada pode estar acompanhada de uma maior
presença de lipídeos (HERNANDEZ; MERCIER-FRESNEL, 2008).

A pele se mantém hidratada graças à presença de lipídeos secretados pelas glândulas


sebáceas, à matriz lipídica intercelular na camada córnea, ao fator natural de hidratação, à
presença e integridade dos corneodesmossomas (complexo proteico contido no envelope
dos corneócitos formado pelas proteínas DESMOGLEÍNA, CORNEODESMOSINA;
PLACOGLOBINA) responsáveis pela coesão deles na camada córnea e as aquaporinas
(HERNANDEZ; MERCIER-FRESNEL, 2008).

A hidratação da camada córnea fisiológica depende e varia de acordo com os seguintes


fatores:

»» Umidade externa.

»» Transporte de água das camadas mais inferiores da pele para as mais


externas.

»» Velocidade do processo de queratinização da epiderme.

»» Velocidade de evaporação da água para o meio externo.

»» Quantidade, qualidade e composição do manto hidrolipídico ou também


chamado de emulsão epicutânea que corresponde à quantidade de
lipídeos cutâneos, água e fator de hidratação natural da pele.

(GALEMBECK; CORDA, 2007).

75
UNIDADE II │ COSMETOLOGIA

Todo o produto secretado pelas glândulas sebáceas é rico em ácidos graxos, triglicérides,
esqualeno e ceras, e é distribuído sobre a camada córnea formando um filme lipofílico
que dificulta a saída da água e também a sua evaporação (GALEMBECK; CORDA,
2007).

Pode-se observar durante a infância uma redução dessa secreção, por consequência
tornando a pele mais seca, e também o mesmo acontece no envelhecimento
(GALEMBECK; CORDA, 2007).

Contudo na adolescência ou puberdade o processo se inverte pelo aumento da secreção


hormonal que controla a produção sebácea, e a pele torna-se mais oleosa, mas não por
isso será mantida a hidratação adequada (GALEMBECK; CORDA, 2007).

Durante a transformação dos queratinócitos em corneócitos na camada córnea, é


produzida nos espaços intercorneocitários uma mistura de lipídeos (40% CERAMIDAS;
20% ÁCIDOS GRAXOS; 25% COLESTEROL; SULFATO DE COLESTEROL +
FOSFOLIPÍDIOS + GLICOCERAMIDAS “concentrações não indicadas”) que
corresponde a 11% da camada córnea. Essa mistura se organiza mantendo a união
entre os corneócitos, porém com alternância de domínios hidrofílicos e lipofílicos. Os
hidrofílicos é que são capazes de manter a ligação da água na camada córnea aumentando
sua retenção nessa região.

Os hidratantes são substâncias que possuem a função de manter ou restituir a homeostase


da pele. O objetivo principal de um cosmético hidratante é manter e aumentar o nível
hídrico superficial, que em condições ideais é de 20% a 30% (GALEMBECK; CORDA,
2007).

Durante o inverno, as peles jovens e envelhecidas tendem a diminuir as concentrações


de ceramidas e de ácidos graxos, daí o aparecimento de dermatites atópicas, visíveis
como eczemas secos e pruriginosos (HERNANDEZ; MERCIER-FRESNEL, 2008).

Também mulheres tabagistas e menopausadas tendem a apresentar esse tipo de


condição, devido à diminuição do estrogênio circulante. Outro parâmetro é a manutenção
e/ou reposição da quantidade de lipídios presentes na pele (HERNANDEZ; MERCIER-
FRESNEL, 2008).

Se as enzimas proteolíticas tiverem seus níveis e atividades diminuídas, a degradação


dos córneos desmossomas não ocorrerá de maneira eficiente, tornando a pele mais
espessa e com menor hidratação (HERNANDEZ; MERCIER-FRESNEL, 2008).

Encontramos também na epiderme o fator de hidratação natural (FHN) da pele que é


responsável por 30% da hidratação da camada córnea.

76
COSMETOLOGIA │ UNIDADE II

O FHN atua como uma esponja retendo água na camada córnea.

A pele se manifestará seca quando o conteúdo de água total na camada córnea estiver
abaixo de 10%.

Manifestações clínicas da pele seca:

»» Prurido.

»» Queimação.

»» Sensação de estiramento da pele.

»» Descamação em placas de corneócitos.

»» Diminuição da flexibilidade e elasticidade da pele.

»» Aspereza ao toque.

»» Aumento das rugas superficiais e linhas de expressão.

»» Possibilidade de dermatites de contato de repetição.

(GALEMBECK; CORDA, 2007).

Considerações gerais

Perturbações na hidratação da pele; a desidratação pode ocorrer por vários fatores:

»» vento, mudanças bruscas de temperatura, ar seco;

»» substâncias químicas como detergentes;

»» envelhecimento cutâneo.

Alguns autores referem-se a mecanismos de hidratação da pele e classificam-nos em:

Oclusivos

Componentes responsáveis pela formação de barreira superficial e externa, evitando a


evaporação superficial da água, formam um filme graxo que diminui a perda da água
transepidermal.

77
UNIDADE II │ COSMETOLOGIA

Substâncias lipofílicas que atuam como hidratantes por oclusão

Exemplos - óleos vegetais: abacate, macadâmia, germe de trigo, girassol, maracujá,


uva, castanha do Brasil, canola, milho, algodão, babaçu, pequi, patauá, buriti etc.

»» minerais: vaselina, óleo mineral, parafina, squaleno;

»» gorduras animais: lanolina, gordura de ema;

»» manteigas vegetais: karité, manga, cupuaçu, oliva, ucuuba, tucumã,


cacau, murmuru;

»» silicone: dimeticones;

»» ceras: abelhas, carnaúba, jojoba;

»» álcoois graxos: álcool cetoestearílico, álcool cetílico, álcool de lanolina;

»» álcool: octildodecanol.

(GALEMBECK; CORDA, 2007).

Umectantes

São substâncias que na sua grande maioria não penetram na camada córnea devido ao
seu alto peso molecular. Porém possuem a capacidade de reter a água da formulação,
da atmosfera e também a água que é perdida pela córnea mais superficialmente.

Qualquer hidrolisado de proteína animal ou vegetal atua como umectante. A diferença


entre eles está particularmente em seu peso molecular.

Para umectação são também utilizadas substâncias hidrossolúveis como, por exemplo,
o açúcar (oligo e polissacarídeos), polímeros e proteínas. Os polissacarídeos, algas e
o ácido hialurônico (polissacarídeo heterogêneo) também fazem essa função. Vários
glicóis têm a capacidade de formar pontes de hidrogênio com a água.

Podem atuar:

1. através de substâncias que diminuem a perda de água por evaporação;

2. através de moléculas hidrófilas análogas aos componentes da pele que


reduzem a perda de água.

78
COSMETOLOGIA │ UNIDADE II

Substâncias umectantes:

»» Poliálcoois: glicerina e sorbitol.

»» Glicóis: propilenoglicol em concentrações abaixo de 10%.

»» Polietilenoglicóis de baixo peso molecular: PEG 400.

(MASSON, 2003)

Recomposição de lamelas e indução de formação de


aquaporinas

A reconstrução da barreira lipídica requer a recomposição das lamelas da camada


córnea. As ceramidas são um dos componentes lamelares mais comuns de serem
encontrados como ativo para formulações cosméticas.

A lanolina é uma matéria graxa natural que se encontra na lã das ovelhas, possui grande
similaridade química e física com os lipídeos da pele humana.

Reposição de substâncias necessárias à hidratação


(hidratação ativa)

Esses ativos conseguem permear a camada córnea e reter água em toda sua extensão.

São eles: glicerina 5%, ureia 5%, PCA 5%, PEG 600 5%, lactato de amônio 5%, lactato
de amônio 13%, sal da AHA’S 5%, 13%.

(MASSON, 2003)

Nutrição

Os produtos nutritivos contêm ativos que levam nutrientes para a pele, a fim de
promover a regeneração, a conservação e a proteção, prevenindo o envelhecimento
cutâneo (MONTEIRO; BAUMANN, 2008).

Como o processo de mitose celular é maximizado durante as primeiras horas da manhã,


a nutrição da pele deve ser feita durante a noite, com vistas a repor os componentes
lipídicos do manto córneo (MONTEIRO; BAUMANN, 2008).

79
UNIDADE II │ COSMETOLOGIA

Entre os princípios ativos nutritivos, temos:

»» Aminoácidos de trigo ligados à cadeia graxa.

»» Palmítica (LIPACIDE PVB): estimulam a síntese de proteínas totais,


têm efeito nutriente e abastecedor das células, com elementos que estão
ausentes ou insuficientes.

»» Aminoácidos do leite: produtos obtidos pelas transformações do leite.


Possuem ação nutritiva, hidratante e emoliente. Utilizados em cremes
nutritivos e produtos infantis.

»» Lipoproteínas de trigo, amêndoas e aveia: têm ação reestruturante do


estrato córneo, diminuindo as descamações.

»» Lipossoma Sod: substância de ação antirradicais livres. Funciona como


reconstituinte da camada córnea. Utilizado em gel nutritivo.

»» Proteína de soja: estimula a regeneração celular.

»» Proteosilane C: esse silanol age como regenerador do tecido conjuntivo;


ativa a multiplicação de fibroblastos, prevenindo o envelhecimento
cutâneo.

(MONTEIRO; BAUMANN, 2008).

Óleos vegetais:

»» Óleo de abacate: nutritivo, revitalizante; usado em cremes e óleos para


massagem.

»» Óleo de damasco: regenerativo; utilizado em cremes nutritivos,


bronzeadores e demaquilantes.

»» Óleo de gergelim: de aspecto transparente amarelo-ouro, usado


em cremes hidratantes e nutritivos, de limpeza facial, batons e loções
bronzeadoras.

»» Óleo de macadâmia: usado em cremes ou loções hidratantes e


nutritivos, previne o envelhecimento cutâneo.

»» Óleo de prímula: usado em cremes e loções para as mãos, nutritivos,


demaquilantes e na prevenção de eczemas.

80
COSMETOLOGIA │ UNIDADE II

»» Óleo de rosa mosqueta: cicatrizante, utilizado para queimaduras em


cremes nutritivos.
(MASSON, 2003)

Sistema de liberação progressiva:

»» Ciclodextrinas de vitaminas A, C, E, F: moléculas de açúcares que


funcionam como vetores das vitaminas, garantindo sua liberação gradual
e maximizando a atividade regeneradora.

»» Vitamina E ou tocoferol: capaz de combater os radicais livres, assim


como a peroxidação de ácidos graxos. Encontrada em cremes nutritivos
e pós-sol.
(GALEMBECK; CORDA, 2007).

Fator de Hidratação Natural (FHN ou NMF)


Ocorre naturalmente na pele.

Composição: aminoácidos, ácido carboxílico, pirrolidona, lactato, ureia, amônia,


ácido úrico, glucosamina, creatina, citrato de sódio, potássio, cálcio, magnésio, fosfato,
açúcar, ácidos orgânicos e peptídeos (MASSON, 2003)

Quadro 8.

COMPONENTES QUÍMICOS DO FHN %


AMINOÁCIDOS: são 17 ao total, incluindo alanina, aspargarina, citrulina, glicina, ornitina, prolina, serina etc. 40%
PCA (ácido carboxipirrilidônico). 12%
LACTATO: predominância de sal sódico. 12%
UREIA. 7%
CLORETOS. 6%
SÓDIO. 5%
POTÁSSIO. 4%
ÁCIDO LÁCTICO, ÁCIDO UROCÂMICO, GLICOSAMINA, CREATININA. 1,5%
FOSFATO. 0,5%
CITRATOS E FORMIATOS ALÉM DE RESÍDUOS DESCONHECIDOS. 0,5%
Fonte: Gomes, R. K.; Gabriel, M. Cosmetologia descomplicando os princípios ativos. LMP Editora; 2 ed., 2006.

Manter ou aumentar a hidratação, exemplos de hidratantes usados e suas concentrações


de uso:

»» Ácido hialurônico (1 a 3%).

»» Alantoína (0,2 a 2%).

81
UNIDADE II │ COSMETOLOGIA

»» Aminoácidos de leite (0,5 a 3%).

»» Extrato de confrey (2 a 5%).

»» Extrato de gérmen de trigo (0,5 a 1,5).

»» Fucogel (2 a 5%).

»» Galactosan (2 a 10%).

»» Lipossomas (1 a 5%).

»» Glicossomas (1 a 5%).

»» Hidroviton, NMF (1 a 5%).

»» Lipossomas com NMF (aquassome) (2 a 10%).

»» Óleo de amêndoas (0,5 a 5%).

»» PCA-Na (1 a 5%).

»» Pentaglycan (2 a 5%).

»» Squalane (3 a 10%).

»» Vitamina E (0,1 a 0,5%).

»» Vitamina F (0,5 a 1%).

(ROSADO, et al., 2013)

Substâncias que atuam na queratina

Queratoplásticos: são substâncias que atuam sobre a queratina da epiderme: Ureia


(10%), alantoína, alfahidroxiácidos (ROSADO, et al., 2013).Ureia:

»» possui um efeito osmótico na pele.

»» Difunde-se nas camadas externas do extrato córneo e rompe depósitos de


hidrogênio, expondo locais de ligações de água nos corneócitos.

»» O ph da formulação deve ser ácido.

(ROSADO, et al., 2013)

82
COSMETOLOGIA │ UNIDADE II

Alantoína e derivados

Possuem propriedades hidratantes e reepitelizantes.

Considerações sobre algumas matérias-primas hidratantes:

»» Lactato de sódio: atua como hidratante e como substância tamponante.

»» PCA-Na: é um sal de sódio de 2-pirrolidona-5-ácido carboxílico. É


utilizado na concentração de 3-5%. Muito usado em formulações para pele
seca, onde o metabolismo do ácido pirrolidim carboxílico está diminuído.

»» Ácido hialurônico: é uma glicosaminoglicana que tem uma alta


capacidade de retenção de água. Facilita o transporte transepidérmico de
substâncias. Topicamente é utilizado na forma de hialuronato de sódio.
É obtido de fontes animais como cristas de aves, tecido conjuntivo de
novilho, cordão umbilical.

»» Queratina: é uma escleroproteina, obtida de chifre de boi, pelo de cavalo.


Utilizada em formulações para unha e mãos, por ser umectante e depositar
uma fina película sobre a região.

(ROSADO, et al., 2013)

83
CAPÍTULO 3
Protetor solar

Os mecanismos naturais de proteção da pele não são suficientes para defendê-la


adequadamente dos efeitos danosos das radiações solares; daí a necessidade de uso
de protetores solares. Os filtros solares protegem a pele das agressões da radiação dos
raios solares, evitando o envelhecimento prematuro da pele e a destruição gradual de
sua elasticidade. (TERCI, 2008)

Segundo seu mecanismo de ação, os filtros solares podem ser:

Físicos ou Inorgânicos: têm origem mineral, são conhecidos como bloqueadores solar,
contêm maior quantidade de dióxido de titânio, formam uma barreira sobre a pele,
refletindo, dispersando e absorvendo a luz UV. Na reflexão/dispersão, a luz incidente
nas partículas inorgânicas é redirecionada de volta ou espalhada por vários e diferentes
caminhos. Esse processo é responsável pela translucência e opacidade das partículas
de filtros orgânicos aplicadas sobre a pele. Deixam uma camada branca sobre a pele,
devido ao excesso de TiO2. Não são irritantes (materiais inertes). A principal vantagem
dos filtros físicos é que raramente irritam a pele. A desvantagem, contudo, é cosmética:
a maioria dos produtos que contém filtros físicos deixa a pele com resíduos brancos.
Felizmente, atualmente contamos com filtros físicos de tamanho muito reduzido
(conhecidos como “nanopartículas”). Essas “nanopartículas” permitem a formulação
de produtos quase transparentes (Figura 28) e (Figura 29) (TERCI, 2008).

Figura 28. Todos são protetor físico, os dois últimos são em nanopartículas.

Fonte: Taís Amadio Menegat 2016.

Químicos ou Orgânicos: possuem na sua estrutura um anel benzênico que interage


com a radiação UV promovendo a conversão da sua radiação absorvida pela pele,
que é danosa, e com comprimentos de ondas curtas, em radiações menos danosas
e com comprimento de onda mais longo. São representados pela avobenzona,
octilmetoxinamato etc. Proporcionam formulações transparentes (não deixam a pele

84
COSMETOLOGIA │ UNIDADE II

com resíduos brancos), geralmente são oleosos e podem causar alergias em algumas
pessoas (Figura 29) (TERCI, 2008).

Figura 29. Diferença em filtro químico e físico.

Fonte: <www.sbd-sp.org.br>. Acesso: 9/3/2016.

Os filtros solares químicos devem:

»» absorver as radiações UVA e UVB (280-360 nm);

»» manter a estabilidade química;

»» ser inodoros, insípidos e incolores;

»» apresentar boa tolerância pelas mucosas;

»» ser compatíveis com os ingredientes e veículos usados em cosméticos;

»» ter pouca ou nenhuma solubilidade em água.

(SOUZA, et al., 2004)

Por outro lado, não devem ser tóxicos, irritantes ou sensibilizantes e não podem, em
hipótese alguma, manchar roupas ou produzir descolorações. Os principais ingredientes
dos filtros solares são moléculas aromáticas conjugadas com grupos carbonil. Essa
estrutura geral permite à molécula absorver raios ultravioleta de alta energia e liberar
a energia como raios de baixa energia, desse modo prevenindo o ultravioleta, que é
danoso à pele, de atingi-la (SOUZA, et al., 2004).

85
UNIDADE II │ COSMETOLOGIA

Os filtros solares químicos são classificados em: UVA, UVB e amplo espectro. Exemplos:
derivados de PABA, salicilatos, cinamatos, benzofenonas e outros (Figura 30) (SOUZA,
et al., 2004).

Figura 30. Comparação de protetores solares mais conhecidos.

Fonte: Sociedade Brasileira de dermatologia 2015.

Fator de Proteção Solar (FPS)


O Fator de Proteção Solar (FPS) é uma classificação atribuída pelo FDA (Food and
Drug Administration), relativa ao grau de proteção dos protetores solares à radiação
UVB. Dá uma indicação de quanto tempo uma pessoa pode permanecer ao sol sem
se queimar. O FPS corresponde quantas vezes uma pessoa pode ficar ao sol por dez
minutos sem nenhum produto na pele (KINDERSLEY, 2001).

Os filtros solares convencionais não bloqueiam o UVA tão efetivamente quanto o


UVB, e mesmo taxas de FPS acima de 30 podem significar baixos níveis de proteção
contra UVA, de acordo com um estudo realizado em 2003, feito por pesquisadores
(KINDERSLEY, 2001).

Tipos de produtos solares:

»» Bronzeadores: produtos que apresentam FPS 2-4.

»» Protetores solares: produtos que apresentam FPS 8-15.

»» Bloqueadores: produtos que apresentam FPS 15-30.

86
COSMETOLOGIA │ UNIDADE II

O FPS ajuda na escolha do produto mais adequado a cada tipo de pele (Quadro 9)
(KINDERSLEY, 2001)

Quadro 9. Comportamento da pele à radiação solar.

Nível de proteção:
Fototipos de pele Comportamento da pele à radiação solar FPS
queimadura solar
Pouco sensível Raramente apresenta eritema Baixo 2<6
Sensível Moderadamente apresenta eritema Alto 6 <12
Muito sensível Facilmente apresenta eritema Alto 12 < 20
Extremamente sensível Sempre apresenta eritema Muito alto 20

Os protetores solares apresentam-se em diversas formas cosméticas:

Quadro 10.

Emulsão Óleo
»» Forma cosmética mais popular »» Forma cosmética mais antiga
»» Filme uniforme solar sobre a pele »» Excelente estabilidade (somente uma fase)
»» Filme mais espesso sobre a pele »» Filme transparente e fino sobre a pele (FPS baixos)
»» Filme não transparente sobre a pele »» Alto custo (não contém água)
»» Mais barata (FPS altos) »» Pode interagir com a embalagem
»» A maioria dos filtros solares usados são lipossolúveis »» Dificuldade de atingir altos FPS
Gel Stick
»» Facilmente removido pela água e transpiração
»» Filme não uniforme sobre a pele »» Mais usado nos lábios e nariz (cobre uma pequena área com uma
única aplicação)
»» Gel aquoso: usa apenas filtros hidrossolúveis ou solubilizante para os
lipossolúveis, que em altas concentrações são irritantes e encarecem »» Em geral composto por filtros solares oleosos, ceras e petrolato
a formulação (gel transparente) »» Resistente à água
»» Gel oleoso: mesmas características dos óleos
Fonte: (KINDERSLEY, 2001).

Bronzeamento

»» Pigmentação direta: é induzida pela radiação UVA sobre a melanina já


formada na pele.

»» Pigmentação indireta: começa de 48-72horas e dura no máximo sete dias.

A pigmentação tardia começa 48-72 horas e atinge o máximo de sete dias. É mantida
por exposições repetidas do UV.

O bronzeamento tardio é resultado da produção de nova melanina, associado ao


tamanho do melanócito, produção de melanossomas.

87
UNIDADE II │ COSMETOLOGIA

Autobronzeador/Bronzeador Simulatório

São chamados de simuladores de bronzeado (self tanning). Os autobronzeadores


escurecem a pele sem que haja necessidade de exposição direta ao sol. Promovem uma
reação química com as proteínas da pele, dando origem ao bronzeado (RAJATANAVIN
et al., 2008).

O composto mais utilizado é a dihidroxiacetona e derivados (DHA), ou eritrulose


destinada. A DHA dá origem a produtos fortemente corados, quando aplicados na
pele em solução aquosa ou hidroalcoólica, originando coloração que se desenvolve
em intervalos de duas a seis horas e permanece de quatro a seis dias sem apresentar
toxicidade. O mecanismo de ação baseia-se na reação de aminoácidos da pele, portanto
a reação de melanogênse com consequente síntese de melanina não estará envolvida
nesse processo (RAJATANAVIN et al., 2008).

Esse escurecimento da pele é independente da melanogênese e resulta da combinação


da DHA com os ácidos aminados da pele e com o aparecimento de compostos chamados
melanoidenos. Atualmente, existem nanosferas e ciclodextrinas de DHA, que permitem
uma liberação gradual do ativo, evitando manchas na pele. A associação com urucum tem
proporcionado um bronzeado mais avermelhado e não tão amarelo (RAJATANAVIN et
al., 2008).

Abaixo, algumas matérias-primas destinadas a formulações de cosméticos para acelerar


e/ou prolongar o bronzeado (RAJATANAVIN et al., 2008).

»» ACTIOBRONZE ® ─ complexo vegetal hidrolisado de colágeno e tirosina.


Aumenta e prolonga o processo de bronzeamento natural por meio de
estímulos da formação da melanina, concentração usual 2%.

»» BIOTAN ® ─ tirosina e carboximetil teofilina metilsilanol, peptídeos do


colágeno. Concentração usual 5%.

»» TYR-OL ® ─ oleoil tirosina, acelera a velocidade de bronzeamento mesmo


na presença de filtros solares. Concentração usual: 1 a 3%.

O princípio dos aceleradores baseia-se no aumento do substrato para a enzima tirosinase.


A aplicação tópica de tirosina aumenta a reserva extra desse aminoácido na pele para
ativar ou manter a síntese de melanina após irradiação solar. Esse processo aumenta
e/ou prolonga o bronzeado com menos exposição solar. A associação da tirosina com
a vitamina B2, um ativador foto-oxidativo, intensifica o processo oxidativo da tirosina
(RIBEIRO, 2010).

88
COSMETOLOGIA │ UNIDADE II

Existem os bronzeadores por via oral, que são produtos à base de caroteno, cujo
aparecimento não é muito recente. Não foram muito bem aceitos pelas autoridades, por
serem facilmente considerados medicamentos. As necessidades diárias de vitamina A
ou ainda de pró-vitamina B (caroteno puro ou carotenoides) são de 5.000 UI no adulto
e 1.500 UI na criança (RIBEIRO, 2010).

Seguindo a posologia preconizada de vitamina A, seria o dobro do normal, considerando


a ingestão de carotenoide alimentar, que é bastante inferior à indicada pela Organização
Mundial de Saúde (RIBEIRO, 2010).

Cosmético Pós-Sol: a pele sofre inúmeras agressões causadas pelo excesso de UV, e
apresenta um processo inflamatório local. Inicia-se com um eritema, em apenas 2 a 8
horas após a exposição ao sol, e alcança sua magnitude em 24 a 36 horas (RIBEIRO,
2010).

Esse excesso de radiação leva a uma maior formação de radicais livres na pele, os
quais atacam as membranas biológicas, DNA e proteínas que compõem o tecido de
sustentação da pele. Compromete também a atividade enzimática e produtora de
substâncias que eliminam os radicais livres, deixando assim a pele mais desamparada
em questões de proteção. Os cosméticos e cosmecêuticos pós-sol devem conter ativos
que hidratem a pele, neutralizem os radicais livres, possuam efeito anti-inflamatório,
sejam emolientes e produzam um aumento na resistência imunológica da pele.
Certas vitaminas podem ajudar nesse processo: vitamina A, vitamina C, vitamina E,
pró-vitamina B5, carotenoides e vitamina F. Os flavonoides são outra categoria de
ativos, pois atuam contra os radicais livres (chá verde – “epicatequinas”, folha de oliveira
“oleuropeina”, ginkgo biloba, Isoflavonas, aloe vera, beta-glucanas, tamarindus, ureia,
alfa bisabolol, PCA-NA, alfa bisabolol, e também algumas formulações acrescidas
de manteigas vegetais e diversos óleos (manteiga de cupuaçu, óleo de buriti, óleo de
castanha do Brasil, óleo de milho) (RAJATANAVIN et al., 2008).

89
COSMETOLOGIA
E OS DISTÚRBIOS UNIDADE III
ESTÉTICOS

CAPÍTULO 1
Cosmetologia HLDG

Introdução

A etimologia nos ajuda a compreender o significado do termo hidrolipodistrofia ginoide:


hidro, relativo à água; lipo, relativo à gordura; distrofia, desordem nas trocas metabólicas
do tecido; ginoide, respectivamente, mulher e forma. Assim, hidrolipodistrofia ginoide
(HLDG) refere-se a alterações no panículo adiposo subcutâneo, determinante do
formato corporal da mulher, com perda do equilíbrio histofisiológico e hídrico local
(GUIRRO; GUIRRO, 2006).

Várias outras expressões são utilizadas para definir o conjunto de alterações que
ocorrem na derme e na tela subcutânea: lipodistrofia ginoide, fibroedema ginoide ou
paniculopatia fibroesclerótica. O termo “celulite” tem gerado grande controvérsia desde
seu emprego inicial em 1928, porque o sufixo “ite” significa inflamação, a qual não
está presente nas alterações observadas nessa patologia. Embora inadequado, o termo
continua amplamente difundido entre leigos e mídia (GUIRRO; GUIRRO, 2006).

Segundo dados do SINASTEP de 2014, entidade do setor de higiene pessoal, perfumaria


e cosméticos, a preocupação com o tratamento de patologias corporais como o FEG
angustia aproximadamente 41% das mulheres das principais capitais do País. No
mesmo ritmo, seguem as exigências do Ministério da Saúde que regulamenta o setor.
Para um produto ser rotulado como anticelulítico ele deve ter comprovação de eficácia
e de que algum dos sintomas relacionados com a patologia terá melhora com o uso da
fórmula. Por esse motivo alguns produtos recebem o rótulo de coadjuvantes, auxiliares
ou mesmo preventivos.

90
COSMETOLOGIA E OS DISTÚRBIOS ESTÉTICOS │ UNIDADE III

Mecanismos pelos quais um produto cosmético pode diminuir ou prevenir a HLDG:

»» Diminuição da formação de triglicerídeos (Lipogênese).

»» Aumento da lipólise.

»» Inibição da fosfodiestearase.

»» Bloqueador dos receptores a.

»» Estimulação dos receptores.b.

»» Bloqueador dos receptores neuropeptídios Y.

»» Restabelecimento da microcirculação local.

»» Diminuição do edema.

(TERRA-SOUZA et al., 2009).

As formulações desses cosméticos devem conter ativos para realizar três tarefas básicas:
a lipólise, o ativador da microcirculação sanguínea e a reestruturação dos tecidos.

3. Na lipólise, os ativos estimulam enzimas a reduzir a reserva de


triglicerídeos. Nessa nova categoria de ativos estão a cafeína e a teofilina
– extraídas do café, chá, guaraná, cacau e mate (TERRA-SOUZA et al.,
2009).

4. Ativador da microcirculação sanguínea, os ativos facilitam a reabsorção


dos líquidos intersticiais e eliminam as toxinas. Incluem os extratos
vegetais de castanha-da-índia, ginkgo biloba e hera, que atuam
diretamente sobre os vasos, facilitando o retorno venoso; além disso, são
antiedematosos (TERRA-SOUZA et al., 2009).

5. Na reestruturação, os ativos induzem à reorganização do tecido


conjuntivo por meio da regeneração celular do tecido danificado. Os
ativos indicados são: silanois (compostos de hidrogênio e silício) in vitro,
capazes de diminuir a taxa de degradação de fibras elásticas e colágenas
da derme, e o extrato de centelha asiática, formado quimicamente por
asiaticosídeo (40%), ácido madecássico (30%) e ácido asiático (30%),
derivados triterpênicos que estimulam a síntese de colágeno e outras
proteínas de sustentação da pele. A centelha asiática também estimula a
microcirculação (TERRA-SOUZA et al., 2009).

91
UNIDADE III │ COSMETOLOGIA E OS DISTÚRBIOS ESTÉTICOS

Exemplo de agentes que aumentam o fluxo microvascular:

»» Castanha da índia (Aesculus hippocastanum): aumento da


resistência capilar, flebotrópico, adstringente, anti-inflamatória.

»» Ginkgo biloba: aumenta a perfusão sanguínea. Estudos apontam seu


potencial vasomotor e antioxidante.

»» Rutina: as principais fontes são os vegetais folhosos e frutas cítricas.


Ela aumenta o tônus venoso, e acredita-se que tenha associado uma ação
“impermeabilizante capilar”, semelhante à vitamina P, devido à inibição
da hialuronidase. Tal ação impediria a passagem de proteínas que
contribuiriam para a formação do edema, evitando um dos problemas
que desencadeiam a celulite.

»» Pentoxifilina: uma metilxantina, melhora a perfusão na microcirculação,


principalmente pelos efeitos hemorreológicos, e tem demonstrado ser
muito útil no tratamento da insuficiência vascular periférica.

»» Centella asiática: é uma planta herbácea anual da família Apiaceae,


ativa a microcirculação sanguínea e é desintoxicante.

»» Comum hera (Hedera helix - Ivy): analgésica, antiespasmódica,


calmante, cicatrizante, estimulante, hidratante, lipolítica, vasodilatadora.

(SOUZA, 2003).

Agentes que reduzem a lipogênese e promovem a


lipólise

Metilxantinas: teobromina, cafeína, aminofilina, teofilina. Esses compostos


são encontrados principalmente no café, chocolate, erva mate (chimarrão) e refrigerantes
como os derivados de cola e guaraná. Têm como ação aumento da circulação sanguínea,
aumento da lipólise e redução do tamanho dos adipócitos (mas essa regra não vale para
associação desses com açúcar, como nos refrigerantes!)

Agentes que restauram a estrutura normal do


tecido dérmico e subcutâneo

Retinol (vitamina A): estimula a síntese de colágeno e a renovação cutânea.


O ácido ascórbico (vitamina C).

92
COSMETOLOGIA E OS DISTÚRBIOS ESTÉTICOS │ UNIDADE III

Cafeína: possuindo metilxantina com alto poder de permeação cutânea, age em


profundidade nas células adiposas promovendo a lipólise – quebra e queima das
moléculas de gordura (triglicerídeos), promovendo redução de medidas. Também atua
na derme, estimulando os fibroblastos para a síntese de colágeno, elastina e outros
componentes da matriz extracelular, ocasionando aumento da firmeza da pele.

(SOUZA, 2003).

Exemplo de alguns ativos que atuam na FEG

Metilxantinas

Pertencem a esse grupo a cafeína, teofilina e aminofilina. Possuem efeito lipolítico,


atuando como inibidores da fosfodiesterase e estimulação dos receptores B
adrenérgicos que induzem a hidrólise dos triglicerídeos. Em formulações cosméticas
são muito utilizados os derivados como cafeilisane e theophysilane. O teor de cafeína
nas formulações, segundo a ANVISA, deve ser 8%. Para as demais xantinas, deve ser
4%. A teofilina apresenta permeação inferior à cafeína, baixa solubilidade e efeitos
secundários marcantes, sendo aconselhável utilizar o derivado, teophylisane, que é
hidrossolúvel e mais tolerável (KRUPEK e COSTA, 2012).

Bases xantânicas: cafeína; cacau; chá-mate; guaraná

Inibição da fosfodiesterase; efeito lipolítico (KRUPEK e COSTA, 2012).

Coenzima A e L-carnitina

São utilizadas associadas a outros ativos. O COAXEL é um ativo que contém na sua
composição cafeína e carnitina, as quais aumentam o catabolismo dos lipídeos (KRUPEK
e COSTA, 2012).

Adipol®

Complexo de extratos vegetais e animais, normalmente associado ao celulinol e


nicotinato de metila. Concentração de uso: 4-6% (KRUPEK e COSTA, 2012).

Amarashape®

Mistura lipossomada contendo laranja amarga, cafeína, lecitina, álcool e água. Indutor
da lipólise, de uso exclusivamente tópico. A sinefrina possui afinidade pelos recpetores
adrenérgicos dos adipócitos e é capaz de estimular a quebra da gordura intercelular;
ela inibe a ação da fosfodiesterase, aumentando a concentração de AMPc intracelular,
93
UNIDADE III │ COSMETOLOGIA E OS DISTÚRBIOS ESTÉTICOS

o que estimula a atividade da enzima lípase e resulta na quebra de triglicérides.


É capaz de estimular diretamente a lipólise, proporcionada pela sinefrina, (substância
natural semelhante à adrenalina, que possui afinidade pelos receptores adrenérgicos
dos adipócitos e é capaz de estimular a quebra de gordura intracelular). É capaz de
estimular indiretamente a lipólise proporcionada pela cafeína (a cafeína é um inibidor
da fosfodiesterase, uma das enzimas responsáveis pela via negativa do metabolismo
lipídico. O uso tópico da cafeína inibe a ação da fosfodiesterase aumentando a
concentração de AMPc intracelular, o que estimula a atividade da enzima lipase e
resulta na quebra de triglicérides. Concentração: 1,0-3,0%. (KRUPEK; COSTA, 2012).

Argisil C®

Ativo que age por comunicação celular que desencadeia a lipólise. Atua através da
solicitação do aumento da produção de óxido nítrico NO, mensageiro endócrino
que ativa a lipólise, induzindo assim a resposta lipolítica. Outra ação importante
do ativo é a inibição da fibrose tecidual. A fibrose se dá por meio da glicação
que induz a uma alteração irreversível das proteínas “CROSS-LINKING”. A
consequência do cross-linking do colágeno da pele pode desencadear uma
retração na superfície desta, que será representada visualmente pelas ondulações
superficiais. Concentração usual: 5% (KRUPEK e COSTA, 2012).

Asiaticoside® - centella asiática

Melhora a circulação venosa, reorganiza o tecido conjuntivo. Aumenta a elasticidade


das paredes venosas, melhorando o retorno venoso, eliminando edemas e hematomas,
combatendo processos degenerativos do tecido conjuntivo venoso e perturbações
funcionais nos membros inferiores, como pernas doloridas e pesadas, formigamento e
câimbras. Insolúvel em água e pouco insolúvel em etanol. Utilizada nas concentrações
de 0,1% a 0,5% em cremes, loções e géis e de até 20 a 60 mg por via oral (MACEDO et
al., 2013; KRUPEK et al., 2012).

Biocelucomplex®

Composição: Lactobacillus, teobroma cacau. Os fitoestrógenos desse ativo possuem


afinidade pelos receptores estrogênicos, reduzindo parcialmente a formação do FEG.
Rico em alcaloides xantínicos que possuem poder modulatório para a ação do estrógeno.
Melhoram a microcirculação devido a um leve efeito vasodilatador e inibem a enzima
fosfodiesterase; estimulam também os receptores beta-adrenérgicos responsáveis pelo
aumento da lipólise, concentração usual: 5 a 10%. (MACEDO et al., 2013; KRUPEK et
al., 2012)

94
COSMETOLOGIA E OS DISTÚRBIOS ESTÉTICOS │ UNIDADE III

Chemextract café verde®

Extrato de café verde, aquoso rico em cafeína, ativador da circulação. Usado em


produtos que promovem melhora no FEG. Concentração de uso: 1-10%. (KRUPEK;
COSTA, 2012).

Coffee Oil®

Ativo que contém óleo de café incolor e inodoro, inibe ação de fosfodiestearase, enzimas
responsáveis pela quebra de AMP cíclico envolvido no acúmulo de gordura nos tecidos.
Usado em cremes e loções, com finalidade de remodelamento corporal ou nos cuidados
com o FEG. Concentração usual: 2 a 6%. (KRUPEK; COSTA, 2012).

Extrato glicólico de ginkgo biloba®

Estimula a circulação e aumenta a resistência dos vasos. Seus extratos glicólicos


contêm flavonoides e óleos essenciais e têm ação antirradicais livres, anti-inflamatória,
estimulante da microcirculação e vasoprotetor. Utilizado nas concentrações de 3 a 6%
(KRUPEK; COSTA, 2012).

Glycosan cafeína®

É um ativo encapsulado molecular de cafeína, composto de cafeína e cyclodextrinas.


Maior biodisponibilidade para o efeito lipolítico e vasodilatador, inerentes a cafeína.
Usado nas concentrações de 2 a 10%. (KRUPEK; COSTA, 2012).

Nicotinato de metila

Agente hiperêmico para aplicação tópica. Rubefaciente, revulsivo, vasodilatador,


aumenta a atividade trofovascular, anti-inflamatório. É usado concomitantemente com
outros ativos. Concentrações ideais: 0,5 -1% (KRUPEK; COSTA, 2012).

Slimbuster H®

Melhora o fluxo sanguíneo com redução da retenção de líquido. Simultaneamente,


produz hidrólise da gordura armazenada nos adipócitos. Ideal para estágios congestivos.
Uso nas concentrações: 5% (KRUPEK; COSTA, 2012).

95
UNIDADE III │ COSMETOLOGIA E OS DISTÚRBIOS ESTÉTICOS

Xantagosil C®

É um silabou (silício biologicamente ativo). Os silanóis possuem atividades biológicas


particulares. Seus principais radicais são ACEFILINAS, uma xantina conhecida por sua
ação inibitória sobre a fosfodiesterase e o aumento de AMPc cíclico nas células.
É indicado no tratamento e na prevenção do FEG e também da Lipodistrofia localizada.
Usado nas concentrações: 3-6% (KRUPEK; COSTA, 2012).

96
CAPÍTULO 2
Cosméticos no tratamento de estrias e
anti-aging

Fatores que interferem no processo de


envelhecimento

Radiação UV
»» Temperatura: tanto o calor excessivo quanto o frio, aceleram o processo
de envelhecimento da pele, porém de maneiras diferentes. Altas
temperaturas desnaturam as proteínas e o DNA celular, enquanto que as
baixas temperaturas dificultam a circulação, induzem ao ressecamento e
à descamação da pele.

»» Radicais livres e espécies reativas de oxigênio: com o avanço da idade


ocorre uma maior produção de radicais livres e há também uma
diminuição da capacidade antioxidante natural do organismo.

»» Tabaco e poluição: ao produzirem radicais livres, aceleram o processo


de envelhecimento. O cigarro é visto como indutor da elastose cutânea, e
diminui a circulação arterial periférica.

»» Perda rápida e drástica de peso corporal: as reduções das células adiposas


de forma acelerada e drástica ocasionam a ptose das estruturas da pele,
favorecendo seu aspecto debilitado e flácido.

»» Patologias: presenças de enfermidades podem refletir na intensidade e


velocidade do processo de envelhecimento.

»» Comportamento e hábitos de vida: influencia de forma direta o processo.

»» Carga hormonal – estrogênio: o envelhecimento decorre também do


declínio hormonal. Esteticamente observa-se uma pele mais seca,
redução da barreira córnea, diminuição do colágeno, formação de rugas
e ptose da pele.

»» Cor da pele: Fitzpatrick mais altos oferecem maior proteção contra a


radiação solar, por isso apresentam menor efeito de fotoenvelhecimento.

(GUIRRO; GUIRRO, 2006)

97
UNIDADE III │ COSMETOLOGIA E OS DISTÚRBIOS ESTÉTICOS

Ativos com ação sobre a musculatura superficial

Argireline®

Hexapeptídeo que atenua a contração muscular pela diminuição de neurotransmissores.


Composto por aminoácidos como o ácido glutâmico, metionina e arginina.

Concentração usual: 3-10%.

Myoxinol®

Extrato hidrolisado de Hiscus esculetos.

Bloqueia os canais de cálcio pré-sináptico, impedindo a liberação de acetilcolina.

Concentração usual: 0,5-2%.

DMAE/ (Dimetilaminoetanol)

Precursor da acetilcolina, utilizado topicamente, possui ação tensora e aumento da


firmeza da pele.

Sua finalidade é colinérgica. É também um potente estabilizador antioxidante de


membranas.

Concentração usual: 3-15%.

Liftiline®

Combinação de proteínas do trigo de alto peso molecular que proporciona efeito tensor.

Concentração usual: 3-5%.

Pentacare®

Proteína hidrolisada do glúten de trigo.

Formação de filme tensor que estica e suaviza a pele.

Concentração usual: 2 a 5%.

pH: 7

98
COSMETOLOGIA E OS DISTÚRBIOS ESTÉTICOS │ UNIDADE III

Raffermine®

Frações especiais de soja.

Promove produção de fibras do colágeno. Estimula a contração da elastase, estimula a


retração dos fibroblastos. Portanto é um excelente firmador dérmico.

Concentração usual: 2- 5%.

(REBELLO, 2007)

Ativos multifuncionais

Coenzima Q10

Conhecida como Ubiquinona, é uma substância lipofílica encontrada em altos níveis na


epiderme. Sua principal função é servir como antioxidante, reduzindo os radicais livres.

Ácido alfa lipoico

É um potente antioxidante capaz de penetrar na pele. Elimina espécies reativas de


oxigênio, interage com outros antioxidantes como a VIT. C, VIT. E e glutadiona. Repara
danos oxidativos causados pelos raios ultravioletas, evita a produção de citoquinas
(substâncias pós-inflamatórias) que danificam as células. Porém pode causar dermatite
de contato e irritação na pele sensível.

Concentração usual: 1 a 5%.

pH: 4 a 6.

Linha frulix (extratos de frutas) abacaxi, amora, banana, cacau, cupuaçu,


framboesa, mamão, manga, melão, morango, pitanga, maracujá, acerola, uva.

Em geral, esses ativos têm função adstringentes, hidratantes, revitalizantes,


antioxidantes.

Extrato de caviar

Produzido a partir do caviar do peixe Beluga. Possui aminoácidos, e é rico em proteínas


e sais minerais, bem como ácidos graxos.

Apresenta propriedades emolientes, revitalizantes. Deve ser usado em peles secas e


danificadas, reconstituindo assim o manto hidrolipídico.

99
UNIDADE III │ COSMETOLOGIA E OS DISTÚRBIOS ESTÉTICOS

Concentração usual: em cremes: 1 a 4%

5% em loções

1 a 5% em xampus

pH: em torno de 5,8 a 6 para corpo e rosto.

Lipoaminoácidos (Sepilift®)

Mistura de ácidos graxos (ácido palmítico) com um aminoácido (hidroxiprolina).

Possui ação firmante e anti-aging.

Complexo lipossomado (Ameliox®)

Complexo lipossomado contendo carnosina, silimarina e tocoferol.

Carnosina: dipeptídio que se liga facilmente às fibras do colágeno, prevenindo o


endurecimento das fibras de glicação.

Silimarina: flavonoide obtido da Silybum marianum, altamente eficaz na ruptura de


radicais livres.

Tocoferol: antioxidante.

Concentração de uso: 2%.

Elastinol®

É uma combinação balanceada de dois oligopolissacarídeos, um deles é rico em alfa-L-


fucose e o outro em alpha-l rhamnose.

Função: minimizar os processos anti-inflamatórios (rhamnose).

Facilita a integração célula-célula, atuando na manutenção da homeostase.

Essa combinação age na derme e na epiderme, promovendo redensificação dessas


camadas por meio do estímulo de proliferação celular e estímulo da síntese de colágeno.
É incompatível com natrosol.

Pode ser associado a filtros solares químicos e físicos, anti-inflamatórios, VIT. C, VIT E,
AHA’S, clareadores, hidratantes e umectantes.

Concentração usual: 1 a 5%.

100
COSMETOLOGIA E OS DISTÚRBIOS ESTÉTICOS │ UNIDADE III

Haloxyl®

Possui uma substância chamada matrikins (mensageiro de reparação e reestruturação


cutânea, que reforça a firmeza e tonicidade dos olhos).

Possui também substâncias que ativam a eliminação dos pigmentos responsáveis pela
coloração escura e inflamação ao redor dos olhos.

Tamanol® (óleo de tamanol)

Anti-inflamatório, regenerador pós-cirúrgico.

Vitaminas

A, E, C, complexo B (D-Pantenol), F.

Atuam como reparadoras celulares, antioxidantes e hidratantes.

Ácido lactobiônico

É um ácido orgânico, obtido a partir da oxidação química ou microbiana da lactose.

Sua estrutura molecular assemelha-se às da gluconolactona.

Possui ação antioxidante, hidratante, rejuvenescedora, cicatrizante.

Concentração usual: 2 a 10%

pH: peelings: 2,5 a 4.

Tretinoína (Ácido retinoico)

Aumento das mitoses com a produção de novos queratinócitos.

Aumento da produção de glicosaminoglicanas.

Aumento da produção de colágeno.

Fortalecimento da matriz dérmica.

Inconvenientes

Eritemas, ressecamento, esfoliação, queimação e prurido. Embora muitas dessas


reações sejam esperadas.

101
UNIDADE III │ COSMETOLOGIA E OS DISTÚRBIOS ESTÉTICOS

AHAS

Representam: ácido málico ou mandélico, glicólico.

Promovem esfoliação e epidermólise.

Produzem clareamento da pele pela ação esfoliativa.

Melhoram a tolerância da pele e potencializam a ação de outras substâncias.

(YOKOMIZO, et al., 2013).

102
CAPÍTULO 3
Ativos para controle pigmentar

Introdução

A alteração do sistema pigmentar pode estar relacionada ou não com o envelhecimento,


ou alguma perturbação do melanócito. Alguns ativos obtidos sinteticamente, por
biotecnologia ou pelos extratos de planta, são capazes de diminuir a pigmentação por
diversos mecanismos, sendo o principal a inibição da tirosinase (SOUZA, 2005).

Segundo dados da literatura, mais de 90% das pessoas com mais de 50 anos de idade
podem apresentar a pele da face, mãos e colo hiperpigmentadas, possibilitando, com
isso, afetar sua autoestima e também sua qualidade de vida.

A melanina é formada a partir de uma reação bioquímica que envolve o aminoácido


tirosina e a enzima tirosinase. Trata-se de uma reação de melanogênese, que ocorre
dentro dos melanossomas, que por sua vez são formados dentro dos complexos de
Golgi. (SOUZA, 2005).

A melhora da hiperpigmentação dependerá do seu tipo e sua intensidade. Os cuidados


cosméticos, quando possíveis, consistem em usar protetor solar, clareadores e
procedimentos cosmiátricos como laser e peelings. (SOUZA, 2005).

Os ativos despigmentantes utilizados podem agir da seguinte forma:

a. Por inibição da tirosinase, enzima-chave na síntese de melanina.

b. Diminuição dos melanócitos funcionais.

c. Supressão das reações inflamatórias, tais como precursores da melanina


na reação da melanogênese.

d. Uso de antioxidantes de precursores da melanina na reação da


melanogênese.

e. Esfoliação dos queratinócitos carregados de melanina.

(SOUZA, 2005).

103
UNIDADE III │ COSMETOLOGIA E OS DISTÚRBIOS ESTÉTICOS

Denominações das disfunções pigmentares mais


usuais

SARDAS: pequenas manchas normalmente com diâmetro inferior a 0,5 cm, cor
acastanhada, podem aparecer a partir dos três anos de idade em áreas expostas ao sol.
Ocorrem especialmente em indivíduos de pele e olhos claros. Nas sardas o número de
melanócitos não aumenta, o que ocorre é um aumento da produção de melanina e dos
melanossomas (GUIRRO; GUIRRO, 2006).

CLOASMA E MELASMA: caracteriza-se por manchas acastanhadas de limites


imprecisos que ocorrem na face e raramente nos braços e no colo. (GUIRRO; GUIRRO,
2006).

Apresentam características simétricas, sendo mais comum na região centro facial, malar,
fronte, queixo, lábios superiores. Pode exarcebar pela exposição solar, gravidez, certas
drogas antiepilépticas e contraceptivos orais, apesar de o estrógeno não ser considerado
isoladamente agente causador, somente quando associado ao progestógeno. (GUIRRO;
GUIRRO, 2006).

Cerca de 70% dos casos de melasma e cloasmas são considerados epidérmicos, 10%
dérmicos e 20% mistos. (GUIRRO; GUIRRO, 2006).

HIPERPIGMENTAÇÃO PÓS-INFLAMATÓRIA: ocorre predominantemente


em fototipos mais altos na consequência de um processo de restabelecimento de uma
inflamação como a acne, dermatite de contato, dermatite atópica e outros traumas, e
podem persistir meses. As causas dessas hiperpigmentações são as citoquinas liberadas
no processo inflamatório que estimulam a melanogenes (GUIRRO e GUIRRO, 2006).

HIPERPIGMENTACÕES POR REACÕES FOTOTÓXICAS E


FITODERMATOSES: essa reação é causada pelo contato com substâncias
fotossensibilizantes e subsequente exposição ao sol. No início, o local fica apenas
vermelho, logo mais evolui para uma resposta inflamatória, que pode mesmo resultar
numa ferida bolhosa na área exposta ao sol. Posteriormente desenvolve-se no local uma
hiperqueratose e hiperplasia melanocitótica, causando a hiperpigmentação. A mesma
reação pode ser ocasionada pelo uso de medicamentos sistêmicos ou tópicos associados
ao sol, ou de certas plantas e alimentos em conjunto com o sol. (GUIRRO; GUIRRO,
2006).

LENTIGOS: são manchas pequenas e circunscritas com um ou mais milímetros de


diâmetro. Coloração acastanhada, encontradas em áreas expostas ao sol. Também
conhecidas como manchas senis. Resultam do acúmulo de exposição solar durante toda
a vida. Geralmente aparecem após os 50 anos de vida. No lentigo a hiperpigmentação

104
COSMETOLOGIA E OS DISTÚRBIOS ESTÉTICOS │ UNIDADE III

basal é maior e mais intensa que no melasma, e pode vir acompanhada de hiperqueratose
localizada, o que dificulta sua remoção. (GUIRRO; GUIRRO, 2006).

HIPERPIGMENTAÇAO PERIORBITAL: é uma hiperpigmentação localizada na


região periocular devido ao aumento da melanina na epiderme. Tem origem genética
sem possibilidade de reversão. A melhora da hiperpigmentação dependerá do tipo e da
intensidade, bem como da causa. Os cuidados consistem no uso do FPS, clareadores,
despigmentantes, e, acima de tudo, persistência. (GUIRRO; GUIRRO, 2006).

Medicamentos que podem causar hiperpigmentação por reação fototóxica:

»» fluoroquinolonas, griselfulvina, cetoconazol, sulforamidas, tetraciclinas


trimetropim, methotrexato, vinblastina, fluorouracil, coal tar, furosimida,
hidroclorotiazida, benfluorotiazida, diltiazem, imipramina, fenotiazinas,
quinidina, ibuprofeno, cetoprofeno, naproxeno, psoralenos, fenilbutasona
etretinato, isotretinoina, ácido acetilsalicílico e outros. (CRIADO, 2010)

Medicamentos que podem causar hiperpigmentação sem exposição ao sol:

»» amiodarona, amitriptilina, ciclofosfamida, minociclina, fenotiazina,


zidovudina e outros. Plantas que podem causar fitodermatoses e
fitodermatites:

»» limão, angélica, folha de figo, aipo, cenoura, bergamota, anis, bálsamo do


peru, alecrim e outros.

(CRIADO, 2010)

Ativos despigmentantes

Hidroquinona

Um dos ativos mais utilizados, e usados como despigmentante desde 1961. Seu efeito
despigmentante é devido à inibição da tirosinase. Concentração de uso no Brasil: 2-10%
(FRASSON; CANSSI, 2008).

É um despigmentante de ação imediata, tem boa penetração na pele e é indicado no


tratamento de sardas, lentigo senil e hiperpigmentação pós-inflamatória (FRASSON;
CANSSI, 2008).

105
UNIDADE III │ COSMETOLOGIA E OS DISTÚRBIOS ESTÉTICOS

Os mecanismos de ação estão relacionados com:

»» Inibição competitiva da atividade da tirosinase, impedindo a


transformação da tirosina em DOPA.

»» Inibição da síntese de DNA e RNA pelo melanócito.

»» Decomposição de parte da melanina formada.

»» De forma mais lenta, podem degradar os melanossomas e destruir os


melanócitos (efeito citotóxico).

(FRASSON; CANSSI, 2008).

Como principal efeito adverso tem-se: irritação da pele, eritema (ocasionalmente),


hipopigmentação e despigmentação reversível. Na área farmacêutica, a hidroquinona é
comumente associada ao ácido retinoico, ácido salicílico, corticoides e alfa hidroxiácidos.
Os veículos hidroalcóolicos são os mais indicados. Entretanto, em concentrações acima
de 3%, devem-se dar preferência às emulsões. (FRASSON; CANSSI, 2008).

Mequinol®

(Metoxifenol, monometil éter de hidroquinona) É análogo químico da hidroquinona,


com menor incidência de efeitos indesejáveis. Concentração de uso: 2-4% (AZULAY-
ABULAFIA, 2003).

Arbutin

Heterosídeo (hidroquiinona- D—glucopiranosídeo) cuja parte não glicídica é a


hidroquinona, reduz a atividade da tirosinase, impedindo a produção de melanina. Pode
ser encontrado na Uva ursi (uva ursina) ou obtido por síntese química. Concentração
usual de 1 a 3% (AZULAY-ABULAFIA, 2003)

Ácido Kójico®

Obtido pela fermentação do arroz. O mecanismo de ação se dá por inibição não


competitiva da tirosinase por meio da quelação de íons cobre. Concentração usual: 10%.
A associação do ácido kójico com o ácido glicólico potencializa o efeito despigmentante.
O ácido kójico oxida em altas temperaturas e presença de luz. Não deve ser associado a
outros despigmentantes do tipo VC-PMG (ROCA, 2006).

106
COSMETOLOGIA E OS DISTÚRBIOS ESTÉTICOS │ UNIDADE III

Vitamina C e derivados

O ácido ascórbico (vitamina C) deve ser utilizado na forma levógira, não ionizada
para ser permeada. Em pH 3,5 encontra-se na forma não ionizada. A concentração de
uso deve ser entre 10-20%. Sua associação a esfoliantes químicos intensifica sua ação
despigmentante. Apesar de ser hidrofílico, permeia muito bem na pele após a aplicação
(ROCA, 2006).

Derivados da Vitamina C

Fosfato de ascorbil magnésio (VCPMG) - Capaz de liberar L-ácido ascórbico livre


nas camadas mais profundas da epiderme, controla a melanogênese, previne o
envelhecimento e promove o clareamento de manchas superficiais. Incompatível com
hidroquinona, melfade, carbopol, AHAs, retionoico, azelaico, kójico, fítico. Porém
compatível com: adenin, Iris-iso, Structurine, antipollon, D-Pantenol. Concentração
usual: 1 a 3, %, pH: 7 a 7 (ROCA, 2006).

Ácido ascórbico 2 – glucosado (AA2G) – Vitamina C estabilizada com glicose. Atua sobre
os radicais livres, aumenta a síntese de colágeno, atua também como despigmentante
leve para manchas senis e fotodano solar. Concentração usual: 2% pH: 5 a 7 (SOLER,
2004).

Palmitato de ascorbila – É estável em pH neutro ou alcalino. Permeia a pele, é


hidrolisado por fosfatases, liberando o ácido ascórbico reduzido. O ácido ascórbico
e derivados atuam como despigmentantes por um mecanismo redutor. Revertem as
reações de oxidação que convertem a dopa em melanina (SOLER, 2004).

Incompatível com óleo, luz visível e ultravioleta, metais pesados, oxigênio e temperaturas
altas. Recomenda-se usar embalagem opaca para proteger a formulação. Concentração
usual: 3 a 4% pH: 4 a 7 (SOLER, 2004).

Éster de vitamina C – Ascorbato mineral. Forma não ácida da vitamina C dissolvida


em meio neutro que retém 90% de ácido ascórbico ativo. Compatível com os extratos
glicólicos de Ginkgo Biloba, Ginseng, Green Tea, Aloe vera, óleos de borragem e girassol.
Concentração usual: 1 a 2% cremes faciais clareadores (SOLER, 2004).

Activesphere C – É o VC-PMG englobado em microesferas de colágeno marinho,


recoberto pro glicosaminoglicanas, possui ação prolongada, aproximadamente 12
horas. Incrementa a retenção de água e aumenta a elasticidade da pele. Concentração
usual: 1 a 10% pH: 7 (SOLER, 2004).

107
UNIDADE III │ COSMETOLOGIA E OS DISTÚRBIOS ESTÉTICOS

Nanosferas de vitamina C – Ácido ascórbico nanosferizados ou biovetorizado.


Concentração usual: 0,5 a 2% pH: 7 (SOLER, 2004).

Thalasferas de vitamina C – É a vitamina C-PMG microencapsulada e revestida por


colágeno marinho, sulfato de condroitina marinho, em concentração de 20% (uso
consultório). Concentração usual: 5% uso residencial (SOLER, 2004).

Ácido Fítico®

Está presente em cereais integrais. É um quelante com alta capacidade de quelar


cátions polivalentes, entre eles o cobre e o ferro. Concentração de uso: 0,5-2%, para uso
residencial. Para uso consultório 4% (YOKOMIZO, et al., 2013).

Ácido Azelaico

Ácido 1,7-dicarboxílico de cadeia linear saturada, normalmente utilizado nos


tratamentos de acne. É um inibidor competitivo das enzimas de oxirredução, portanto
pode ser empregado nos casos de melasma e hiperpigmentação pós-inflamatória.
Concentração: 15-20%. De acordo com a CATEC, Parecer número 1, de junho de 2005,
essa substância está proibida em formulações cosméticas independentemente da
concentração (YOKOMIZO, et al., 2013).

Ácido Glicirrízico

Coadjuvante no tratamento de despigmentação. É um derivado do alcaçuz. Apresenta


propriedades anti-inflamatórias e antialergênicas. Pode ser usado em produções
para dermatites, antivermelhidões e antialergênicas. Incompatível com carbopol.
Concentrações usuais: 0,1 a 0,3% pH: 3; para se atingir pH neutro associar a glicirrizinato
dipotássico (YOKOMIZO, et al., 2013).

Antipollon HT® (silicato de alumínio)

Obtido através do extrato da raiz de Glycerrhiza inflata. Absorve a melanina depositada


na pele (codespigmentante). Concentração de uso: 1-4% (YOKOMIZO, et al., 2013).

Nano White®

Lipossomas que veiculam o arbutin (substituto da hidroquinona). Esse despigmentante


atua por meio de dois mecanismos: inibição da tirosinase e pela ação antioxidante.
Muito utilizado para o tratamento de manchas e sardas. Concentração de uso: 2-5%
(YOKOMIZO, et al., 2013).

108
COSMETOLOGIA E OS DISTÚRBIOS ESTÉTICOS │ UNIDADE III

Clariskin®

Extrato de gérmen de trigo. Inibe a ação da tirosinase. Inibe também a síntese da


eumelanina (pigmento de cor escura). Concentração usual: 5-8%. (YOKOMIZO, et al.,
2013).

Ácido Retinoico

Auxilia na despigmentação pelo processo de esfoliação. Aumenta a síntese de colágeno.


Suas formulações oxidam facilmente. Proibido seu uso em formulações cosméticas
industriais. Não usar em lactentes e gestantes. Concentrações usuais: 0,01 a 0,05% ou
1 a 5% pH: 4,5 a 6,5 (YOKOMIZO, et al., 2013).

Alfa-hidroxiácidos

Atuam como esfoliantes por processos químicos, aumentando a renovação da epiderme


e uniformizando a pigmentação da pele. (YOKOMIZO, et al., 2013).

Dermawhite®

É uma mistura de ácido ferúlico (inibidor da tirosinase), ácido glucônico, ácido cítrico
e extrato das folhas de Walteria Indica, rica em flavonoides e ácido fenólico. Reduz
a pigmentação pela inibição das enzimas específicas do metabolismo da melanina,
quelante dos íons cobre, e leve esfoliação pelo ácido cítrico. (YOKOMIZO, et al., 2013).

Concentração de uso: 2-5%.

Comparado à hidroquinona ele apresenta menor eficiência, porém com a vantagem de


apresentar boa tolerância cutânea mesmo em usos prolongados.

Vegewhite

Ativo natural que consiste em uma associação sinérgica de uva ursi, mendronheiro,
alcaçuz e ácido Kójico (YOKOMIZO, et al., 2013).

Melaslow

É o extrato de tangerina japonesa padronizado com 0,3% de tiramina, um inibidor da


melanogênese. (YOKOMIZO, et al., 2013).

109
UNIDADE III │ COSMETOLOGIA E OS DISTÚRBIOS ESTÉTICOS

Melawhite®

Inibidor da tirosinase, minimiza a formação de melanina, sardas e manchas senis. Pode


ser usado na gestação. (YOKOMIZO, et al., 2013).

Concentração: 2-5%.

Laktokine fluid®

Citoquinas do leite. Tem ação revitalizante, minimiza o estresse celular. Atua na


regulação das vias melanocitárias por meio do estímulo negativo na produção da
melanina. Tem ação também anti-inflamatória. (YOKOMIZO, et al., 2013).

Concentração de uso: 2-5%.

Abaixo, segue tabela de resumo dos ativos despigmentantes e suas concentrações:

Tabela 1. Resumo dos ativos despigmentantes, suas concentrações de uso, phs recomendados.

CONCENTRAÇÃO
ATIVO COSMÉTICO DESCRIÇÃO pH MECANISMO DE AÇÃO
DE USO
AA2G® Ácido ascórbico 2- glucosídeo 1-2% 5-7 Redutor
Ácido ascórbico Ácido ascórbico 1-15% 3- 3,5 Redutor
Ácido azelaíco Ácido azelaico 15-20% <4 Inibidor da tirosinase
Ácido fítico Ácido fitíco 2-5% Inibidor não competitivo da tirosinase
Ácido kójico Ácido kójico 1-5% 3-5 Inibição não competitiva da tirosinase e redutor
Ácido salicílico Ácido salicílico Max. 2% 3-3,5 Esfoliante
Ácido glicólico, láctico, cítrico, 3,5
Alfa-hidroxiácidos Max. 10% Esfoliante
mandélico, málico a4
Extrato aquoso de Ascophyllum Inibe a atividade da tirosinase e da proliferação
Algowhite ® 1-10% 2-9
nodosum dos melanócitos, apresenta ação antioxidante.
Antipollon HT® Silicato sintético de alumínio 1-5% 4-8 Absorção da melanina
Hidroquinona – D-
Arbutin 1-3% 5-8 Inibição competitiva da tirosinase
glucopiranosídeo
3,5-
Asafoetida extract Extrato de férula assafoetida 2% Inibidor da tirosinase
5,5
Ascorbosilane® Pectinato de ascorbil metilsilanol 3-4% 4-6,5 Redutor
Extrato de Saxisfraga sarmentosa,
Biowhite® vitis vinifera, Morus bombycis root, 1-4% 5-6 Inibidor da tirosinase e esfoliante
scutellaria baicalensis root
Ácido ferúlico, ácido glucônico,
Dermawhite NF ácido cítrico, e extrato de Waltheria 5,5-
0,5 -2% Inibidor da tirosinase e esfoliante
LS9410 ® (rico em flavonoides, taninos e 5,5
ácido fenólico)
5,0- Inibidor da tirosinase, anti-inflamatório e
Extrato de licorice® Extrato de raiz de Glycyrrhiza 0,5 – 2%
5,5 antioxidante
Hidroquinona Hidroquinona 1-10% <5,5 Inibição competitiva da tirosinase
Diacetil boldina (DAB) em
Lumiskin® 4% 6 Estabilização da tirosinase em sua forma inativa
triglicérides
Fonte: Taís Amadio Menegat 2015.

110
CAPÍTULO 4
Cosméticos para acne

Relembrando o que é acne


Acne é uma inflamação do folículo pilossebáceo. Atualmente o desenvolvimento e a
comercialização de produtos para essa patologia recebem o título de:

»» coadjuvantes;

»» auxiliares;

»» ou mesmo preventivos.

Fisiopatologia:

»» Hiperplasia da glândula sebácea por fatores hormonais.

»» Hiperqueratinização do folículo pilossebáceo.

»» Proliferação do propionibacterium acnes.

»» Respostas imunes.

Fatores exógenos e endógenos que podem agravar a acne:

»» Obstrução mecânica.

»» Exposição ocupacional.

»» Medicamentos.

»» Cosméticos comedogênicos e emolientes oclusivos.

»» Estresse.

»» Causas endócrinas.

»» Alimentação.

»» Menstruação.

(GUIRRO; GUIRRO, 2006)

111
UNIDADE III │ COSMETOLOGIA E OS DISTÚRBIOS ESTÉTICOS

Estratégias para o tratamento

Oleosidade excessiva: uso de substâncias normalizadoras da secreção sebácea –


adstringentes. Não basta remover o excesso de sebo da pele com desengordurantes.
É preciso diminuir essa secreção. Isso não deve ser realizado com agentes agressivos,
o que poderá contribuir para uma intensificação do processo inflamatório da pele e
hipersecreção sebácea rebote. O emprego dessa estratégia, além de tratar a principal
causa da acne, contribui para redução gradativa do tamanho dos poros. Nessa categoria
entram os ativos que bloqueiam a ação da enzima 5-alfa-redutase (HERNANDEZ;
MERCIER-FRESNEL, 1999).

Hiperqueratose folicular: uso de substâncias esfoliantes que favorecem uma


uniformidade da capa córnea, desobstruindo os folículos obstruídos. O emprego
de ácidos lipossolúveis confere afinidade com a pele oleosa e principalmente pelo
folículo obstruído. Como exemplo, podemos relembrar a ação dos retinoides e
beta-hidroxiacidos. O uso de esfoliantes físicos também é indicado com cautela.
Em ambos os casos a formulação deve ser suave a fim de controlar o processo
inflamatório e, assim, diminuir a incidência de acne rebote (HERNANDEZ;
MERCIER-FRESNEL, 1999).

Crescimento de P. acnes E S. epidermis: a higiene com produtos específicos contribui


para retardar o crescimento dessas bactérias. Os tônicos mais simples, compostos por
ácidos suaves, podem contribuir grandemente para o controle do crescimento dessas
bactérias. Somente a redução do pH sobre a pele cria meio inóspito para proliferação
bacteriana. Nessa categoria são indicados ácidos orgânicos suaves, que também
poderão auxiliar na redução da hiperqueratose, e ativos naturais que funcionem como
antibióticos (HERNANDEZ; MERCIER-FRESNEL, 1999).

Processo inflamatório: o uso dessas substâncias anti-iflamatórias do tipo corticoide-free,


além de diminuir o eritema e a dor do paciente, pode diminuir a oleosidade excessiva
da pele (HERNANDEZ; MERCIER-FRESNEL, 1999).

Ativos para tratamento da acne

Acnebiol®

Composto de ácido salicílico, acetilmetionato de zinco, salicilato de dimetilsilanodiol,


extrato de aloe vera, extrato de lúpulo, extrato de pepino, extrato de limão, elastina,
colágeno hidrolisado.

112
COSMETOLOGIA E OS DISTÚRBIOS ESTÉTICOS │ UNIDADE III

Simultaneamente normaliza a oleosidade excessiva, inibe o processo inflamatório e


controla a hiperqueratinização da pele oleosa.

Concentração usual: 4 – 8%.

Anti-Oil Spheres®

Microesferas de sílica, de alta capacidade de absorção de óleo, aproximadamente três


vezes o seu peso. São responsáveis pela textura acetinada das formulações e melhora do
deslizamento do produto sobre a pele, diminuindo a sensação de pegajosidade.

Concentrações usuais: 1 – 2%.

pH: 5 a 7%.

Azeloglicina®

Derivado do ácido azelaico; a associação com o aminoácido glicina diminuiu a


alergenicidade e também potencializou as propriedades antiacnes desse ativo.

Confere ação despigmentante, normalizadora da secreção sebácea, esfoliante,


antibacteriana e anti-inflamatória.

Concentração usual: 3 – 10%.

pH de estabilidade: 5 a 11, portanto não é aconselhado seu envolvimento com os AHAs


e com o Kójico.

Betapur®

Ativo capaz de estimular a produção de peptídeos antibacterianos naturalmente


secretados na pele. É conhecido como Defensinas, sendo que a principal é a β-Defensina.
Sua estimulação é baseada na estimulação microbiana.

Concentração usual: 1 – 2%.

pH; predominantemente neutro.

Cutipure®

Inibidor da enzima 5-lipoxigenase, o que confere uma ação sebonormalizadora, também


possui efeito anti-inflamatório e antimicrobiano.

113
UNIDADE III │ COSMETOLOGIA E OS DISTÚRBIOS ESTÉTICOS

Em estudos realizados com o uso de CUTIPURE após uma semana:

»» reduziram 17,5% os comedões;

»» 24% as pústulas.

Concentrações de uso: 3 – 5%.

pH: 4,5 a 6,5.

Epicutin TT®

Ciclodextrinas de óleo de melaleuca. Ativo praticamente inodoro, antimicrobiano,


anti-inflamatório e absorvedor da oleosidade da pele. Após a liberação do óleo de
melaleuca, as ciclodextrinas ficam livres para encapsular outras moléculas hidrofóbicas
em seu interior sendo capazes de reduzir a quantidade de sebo da pele.

Concentrações usuais: 5 – 10%.

pH 4,5 a 5,5.

Glycosan salicílico®

Encapsulado molecular de ácido salicílico. Proporciona liberação progressiva e maior


biodisponibilidade para o efeito queratolítico e antiacnes inerentes ao ácido salicílico,
minimizando o potencial sensibilizante sobre a pele.

Concentrações usuais: 1 – 5%.

pH: 5,5.

Zincidone®

Pidolato de zinco. Apresenta atividade antisseborreica, reduzindo a excreção das


glândulas sebáceas, devido à inibição de 5-alfa-redutase, enzima que catalisa as
transformações dos esteroides. Tem efeito bactericida, bacteriostático e fungicida.

Concentrações usuais: 1 a 10%.

pH 5,5.

114
CAPÍTULO 5
Área dos olhos

O envelhecimento cutâneo pode ser intrínseco ou cronológico; e intrínseco ou


fotoenvelhecimento.

O envelhecimento intrínseco ocorre lentamente e nas áreas protegidas do sol. As rugas


são mais profundas.

O fotoenvelhecimento sobrepõe o envelhecimento intrínseco, as alterações são


perceptíveis nas áreas expostas ao sol (face, pescoço). Mais de 85% das rugas são
devidas à exposição ao sol. Com o envelhecimento cutâneo, ocorre diminuição dos
queratinócitos, afinamento da pele e os lipídios intercelulares, como ceramidas e ácidos
graxos têm seus níveis reduzidos. O número de melanócitos diminui. Entretanto nas
áreas expostas, eles tornam-se mais ativos.

Na derme ocorre a diminuição dos fibroblastos. Também se verifica a diminuição


da glucosamina, ácido hialurônico. O colágeno torna-se menos solúvel e compacto.
A microcirculação também é afetada, as paredes dos vasos tornam-se menos resistentes.

(KOROLKOVAS; FRANCA, 2004)

As pálpebras têm função biológica de proteção do globo ocular e sofrem as mesmas


agressões da pele como a irradiação ultravioleta e a ação de radicais livres. Devido às
grandes particularidades, ocorrem alterações próprias e características únicas, tais
como bolsas de gordura, manchas, edemas, rugas (GUIRRO; GUIRRO, 2006).

As rugas ocorrem por causa da desidratação decorrente da ausência de glândulas


sebáceas, e também pela ação do músculo orbicular que age como uma cinta muscular
comprimindo as estruturas nos cantos externos dos olhos. Histologicamente essa
região é mais fina quando comparada com outras regiões do rosto, sendo, portanto, um
acometimento natural tais disfunções (GUIRRO; GUIRRO, 2006).

As manchas conhecidas como olheiras são divididas em dois tipos básicos:

Aquelas em que ocorre mudança de cor, principalmente nas pálpebras inferiores,


com envolvimento de pigmentos de hemossiderina e melanina; decorrentes da estase
do lago venoso local. Os vasos provocam discretas hemorragias e a hemossiderina
permanece na pele causando uma tatuagem natural. O edema pode ser cíclico e
muitas vezes pode representar uma disfunção renal, piorando ao acordar pela situação

115
UNIDADE III │ COSMETOLOGIA E OS DISTÚRBIOS ESTÉTICOS

horizontal corporal e redistribuindo os volumes circulantes no organismo no decorrer


do dia (GUIRRO; GUIRRO, 2006).

O paciente atópico, com forte tendência alérgica, tanto na parte respiratória, como na
pele (dermatites) é mais propenso a ter esse tipo de distúrbio cujo aspecto piora em
cada crise da doença.

Os principais fatores que levam ao aparecimento das olheiras e que podem intensificar
uma condição pré-existente:

1. componentes genéticos;

2. estresse físico e emocional;

3. poucas horas de sono;

4. exposição ao sol e radiação UV

5. envelhecimento cronológico;

6. reações alérgicas e atópicas;

7. hipertensão arterial;

8. insuficiência renal;

9. excesso de álcool;

10. excesso de sal;

11. tabagismo;

12. má alimentação;

13. alterações hormonais (períodos menstruais, contraceptivos e reposição


hormonal);

14. afecções respiratórias.

(GUIRRO; GUIRRO, 2006).

As olheiras aparecem em peles flácidas ou com bolsas de gordura. As bolsas de gordura


aparentes ocorrem com o aumento da idade e devem-se à flacidez da cinta ocular.
A etiologia do acúmulo de gordura subcutânea e a consequente formação de bolsa ainda
permanecem sem esclarecimento. Contudo alguns estudos revelam que as desordens
microcirculatórias associadas às disfunções do metabolismo endócrino causam

116
COSMETOLOGIA E OS DISTÚRBIOS ESTÉTICOS │ UNIDADE III

alterações na matriz extracelular e, consequentemente, transformações estruturais no


tecido adiposo subcutâneo, por sua vez o aumento no volume dos adipócitos na região
resulta em uma compressão prejudicial dos vasos sanguíneos locais, comprometendo
a microcirculação, essas bolsas funcionam como amortecedores dos olhos permitindo
adaptação da visão ao se movimentarem. Sua retirada é comumente cirúrgica e apenas
parte dela é retirada ou reposicionada para melhora estética do olhar (GUIRRO;
GUIRRO, 2006).

Alguns ativos utilizados em formulações para os olhos.

Bioskinup® Contour

Modula os processos inflamatórios responsáveis pela produção das olheiras e edemas


na região periorbital (in vitro).

Concentração usual: 2 a 5%.

Dermatan sulfato®

Antiedematoso, regenerado, fibrinolítico e vasodilatador. Trata de forma compatível


as principais causas das olheiras. É um glicosaminoglicano obtido por meio do tecido
conectivo de porcos por um processo seletivo que garante ausência de proteínas e outras
moléculas, ou seja, diminui-se dessa maneira o risco de processos alérgicos.

Concentração usual: 0,2 a 2%.

Nodema®

Tetrapeptídeo de ação descongestionante e drenante, eficiente no combate à bolsa na


região periorbital, promove uma aumento da elasticidade e suavidade das rugas.

Concentração usual: 3 a 10%.

(YOKOMIZO, et al., 2013)

Estrias

Interpretadas como lesões atróficas da pele, manifestadas pela redução de atividade


dos fibroblastos na produção da matriz extracelular de boa qualidade e por rupturas de
fibras já existentes.

O sucesso do tratamento é maior, quanto mais jovem for a estria.

117
UNIDADE III │ COSMETOLOGIA E OS DISTÚRBIOS ESTÉTICOS

O tratamento tem por objetivo eliminar o tecido fibroso, substituindo-o por células
novas, restabelecendo a elasticidade e o aspecto saudável da pele.

Para tal, é necessário o uso de esfoliantes, hidratantes e estimuladores de colágeno.

Os ativos que apresentam melhores resultados em termos de substâncias ácidas: ácido


glicólico e o retinoico.

Os hidratantes funcionam como suplementos cuja reposição é capaz de retardar a


atrofia cutânea e a instalação de novas estrias.

(GUIRRO; GUIRRO, 2006)

Substâncias mais utilizadas no desenvolvimento de


hidratantes fisiológicos

»» Esqualeno.

»» Fosfolipídios (principal fonte: lecitina de soja).

»» Colesterol.

»» Ureia.

»» Lactatos.

»» Ceramidas.

»» Ácidos graxos (em especial o oleico, linolênico e linoleico presentes em


óleos vegetais).

»» Triglicérides.

Associado aos hidratantes é possível empregar-se substâncias com ação redensificante


ou preenchedores “de dentro pata fora”, no intuito de aumentar a produção da matriz
extracelular, pois terão fundamental importância na cicatrização das estrias. Então se
justifica o uso de anti-aging.

Aosaine®

Elastina marinha de ação antielastase, aumenta a produção proteica e acelera a


regeneração celular.

Concentração usual: 0,4 – 2%.

118
COSMETOLOGIA E OS DISTÚRBIOS ESTÉTICOS │ UNIDADE III

Hidroxyprolisilane CN®

É um silanol reagido com uma hidroxiprolina de origem biotecnológica. Regenera os


tecidos e melhora a cicatrização cutânea.

Pode ser usado durante a gestação após o terceiro mês de gravidez.

Concentrações usuais: 0,4 – 6%.

(KOROLKOVAS; FRANCA, 2005)

119
CAPÍTULO 6
Fatores de crescimento

Introdução
São proteínas (citoquinas) produzidas por células do tecido e responsáveis pelo
fenômeno conhecido por “Comunicação Celular”. Graças a essa “comunicação química”
que existe entre as células o tecido desempenha a sua função. Pelo envelhecimento e por
decorrência de algumas doenças, a produção de Fatores de Crescimento é diminuída e,
com ela, a fisiologia do tecido. (FU, et al., 2002)

Dessa forma, Fatores de Crescimento NÃO SÃO HORMÔNIOS. Por definição, um


hormônio é produzido por uma glândula e através da corrente sanguínea desempenha
função em tecidos distantes. Os Fatores de Crescimento disponíveis para aplicação
tópica são produzidos por células da pele e o seu destino é a pele.

Peptídeos são fragmentos de Fatores de Crescimento, onde é comprovado que


tal sequenciamento de aminoácidos confere funções específicas. Os peptídeos
encontram-se na forma mais concentrada. (KWON, et al., 2006)

Na pele, os Fatores de Crescimento e seus Peptídeos são responsáveis por:

»» Iniciar o processo de cicatrização (remodelação), substituindo o tecido


danificado por um tecido novo.

»» Estimular a produção de matriz extracelular (fibras e glicosaminoglicanas),


e dessa forma promover o preenchimento da epiderme, derme e
hipoderme (subcutâneo).

»» Promover angiogênese no folículo capilar (mecanismo inovador), e dessa


forma revitalizar e nutrir o couro cabeludo.

»» Aumentar a população de folículos capilares.

(FU, et al., 2002)

A “suplementação” de Fatores de Crescimento na pele é uma importante estratégia para


diferentes tipos de tratamento, não apenas na área de Dermatologia, como: Angiologia/
Medicina Vascular; Endocrinologia, Geriatria, Clínica Geral, Cirurgia Plástica, Medicina
Estética, Odontologia entre outras especialidades. (FU, et al., 2002)

120
COSMETOLOGIA E OS DISTÚRBIOS ESTÉTICOS │ UNIDADE III

Ao contrário de ativos precursores, o uso direto de Fatores de Crescimento e seus


Peptídeos promovem um resultado mais rápido e significativo, comprovado por diversos
trabalhos científicos. (KWON, et al., 2006)

Os Fatores de Crescimento e seus Peptídeos são obtidos por biotecnologia pela técnica
de produção de proteínas recombinantes - a mesma técnica adotada na produção de
vacinas, antibióticos e enzimas. (KWON, et al., 2006)

Um sequenciamento de aminoácidos obtidos do DNA humano é inoculado na bactéria


E.coli, que, por processo fermentativo, produz os Fatores de Crescimento (Figura 31).
(FU, et al., 2002)

Figura 31. Fator de crescimento.

Fonte: pharma special 2014.

Após o processo de isolamento e purificação, os Fatores de Crescimento e seus Peptídeos


são nanoencapsulados a fim de viabilizar a permeação cutânea (biodisponibilidade) e a
proteção contra proteasesendógenas. (FITZPATRICK; MEHTA, 2007)

Quadro 11. Quais os Fatores de Crescimento e Peptídeos Disponíveis?

FATORES DE CRESCIMENTO PEPTÍDEOS


aFGF: Fator de Crescimento Fibroblástico Ácido Copper Peptídeo®
bFGF: Fator de Crescimento Fibroblástico Básico IDP-2 Peptídeo®
EGF: Fator de Crescimento Epidermal TGP-2 Peptídeo®
IGF: Fator de Crescimento Insulínico
TGFâ3: Fator de Crescimento Transformador
VEGF: Fator de Crescimento Vascular
Fonte: pharma special 2014.

121
UNIDADE III │ COSMETOLOGIA E OS DISTÚRBIOS ESTÉTICOS

Fatores de crescimento e peptídeos para


cicatrização da pele
Vários trabalhos científicos com Peptídeos têm sido publicados. Com base nesses
trabalhos, classificamos quais Fatores de Crescimento e Peptídeos derivados são mais
indicados para CICATRIZAÇÃO da pele. Esses trabalhos publicados reforçam a ideia
de que os Fatores de Crescimento e Peptídeos são seguros e eficazes, não se limitando
apenas aos protocolos divulgados pelo fabricante. (FU, et al., 2002)

Alguns trabalhos mostram que:

Recuperação de lesões realizadas em porcos após tratamento por cinco dias com um
creme contendo 1% de EGF (Fator de Crescimento Epidermal). Conclui-se que
o Fator de Crescimento Epidermal é uma excelente opção epitelizante no tratamento
pós-operatório. (MAIBACH; GOROUCHI, 2009)

Tratamento de lesões crônicas decorrentes de trauma, diabetes mellitus, úlcera de


decúbito e radioterapia com formulação contendo bFGF (Fator de Crescimento
Fibroblástico Básico). Um dos casos relatados é de um paciente que, após realização
de enxerto cutâneo na região sacroxigeal havia dois meses, não estava completamente
cicatrizado. Após 22 dias de tratamento com bFGF a lesão estava completamente
cicatrizada.

Fatores de Crescimento, experiência clínica realizada no Instituto Dona Libânea de


Fortaleza com paciente portadora de úlcera varicosa há mais de três anos. Após 14 dias de
utilização de um Gel Creme de HOSTACERIN SAF contendo IDP- ® 2 PEPTIDEO
- 2,5% + Fator de Crescimento TGFâ3 - 2,5% e Fator de Crescimento IGF 2,0%,
houve melhora significativa da úlcera localizada com substituição do tecido necrosado
por um tecido de granulação saudável sem intervenção cirúrgica. (KWON, et al., 2006)

Fatores de crescimento e peptídeos para


tratamento e prevenção do envelhecimento
cutâneo (anti-aging)

É provado cientificamente que a carência de Fatores de Crescimento na pele acelera o


processo de envelhecimento, principalmente razões relacionadas ao envelhecimento
intrínseco. Com o avanço da idade, as células passam a produzir uma quantidade
menor de Fatores de Crescimento, prejudicando a comunicação entre as células e o
funcionamento do tecido como um todo. A seleção dos Fatores de Crescimento e
Peptídeos relacionados para o tratamento e prevenção do envelhecimento cutâneo
segue o mesmo raciocínio quando se pretende cicatrizar um ferimento: aumento de

122
COSMETOLOGIA E OS DISTÚRBIOS ESTÉTICOS │ UNIDADE III

matriz extracelular, substituição de células danificadas e surgimento de células jovens.


Fitzpatrick, dermatologista americano renomado, passou a utilizar os Fatores de
Crescimento no fotoenvelhecimento a partir do momento em que conheceu o poder
dessas substâncias na cura de ferimentos. Seguem alguns trabalhos relacionados ao
fotoenvelhecimento:

Trabalho publicado por Fitzpatrick que utilizou o produto TNS Recovery Complex
(bFGF + VEGF) da Skin Médica em pacientes portadores de fotoenvelhecimento
importante. Seu interesse por estudar os Fatores de Crescimento partiu do momento em
que se deparou com o desempenho dos Fatores de Crescimento na cura de ferimentos
crônicos. (FITZPATRICK; MEHTA, 2007)

Fatores de Crescimento como IGF e TGF á/â e Peptídeos de cobre (Copper


Peptídeo) são importantes estimulantes da diferenciação celular e aumento da
mobilidade de queratinócitos (renovação celular). O Fator de Crescimento
Transforador (TGFâ) é o principal sinalizador para fibroblastos na produção de
colágeno. Conclui-se nesse estudo que os Fatores de Crescimento são importantes
para a reversão do envelhecimento cutâneo intrínseco e extrínseco. (FITZPATRICK;
MEHTA, 2007)

A carência de Fator de Crescimento Insulínico (IGF-1) acelera o processo de


envelhecimento intrínseco da pele. Comparando culturas de fibroblastos cultivados
com IGF com cultura controle, a quantidade de colágeno produzida chega a ser 300%
maior nos fibroblastos tratados. A suplementação desse Fator de Crescimento é uma
importante estratégia anti-aging.

TGP2 Peptídeo para o tratamento de HIPERCROMIAS (manchas de pele)


TGP2 Peptídeo é um oligopeptídeo derivado do Fator de Crescimento Transformador
(TGF) cujo sequenciamento de aminoácidos é capaz de promover o clareamento de
manchas decorrentes de melanina. (FITZPATRICK; MEHTA, 2007)

TGP2 Peptídeo é especialmente indicado para o clareamento de manchas decorrentes


de processo inflamatório (acne, peeling, laser, depilação e eritemas de causas diversas).
É seguro e testado em pele oriental e pele negra ao contrário dos despigmentantes
convencionais.

A ação do TGP2 Peptídeo envolve todas as etapas da melanogênese (antes, durante e


após a síntese de melanina) com um mecanismo inovador: reduz a liberação do fator de
transcrição de tirosinase (MITF). (FITZPATRICK; MEHTA, 2007)

123
UNIDADE III │ COSMETOLOGIA E OS DISTÚRBIOS ESTÉTICOS

O Fator de Transcrição de Tirosinase (MITF) é liberado dentro do melanócito


em decorrência da ligação do α-MSH produzido pelos queratinócitos após exposição a
raios UV. TGP2 Peptídeo age diminuindo a formação do MITF e consequentemente
não há ativação da enzima tirosinase. (FITZPATRICK; MEHTA, 2007)

TGP-2 Peptídeo para inibição do crescimento de


pelos

TGP2 Peptídeo tem importante atividade no ciclo de crescimento capilar:

»» Aumenta a população de pelos na fase catágena (fase em que o pelo


apresenta-se com bulbo atrofiado).

»» Reduz o número de bulbos capilares.

»» Reduz o crescimento de pelos.

(KWON, et al., 2006)

TGP2 Peptídeo é um despigmentante com ação anti-inflamatória. Age reduzindo a


liberação de citoquinas pró-inflamatórias como TNF-á, IL-1â e iFN-ã. Dessa forma,
manchas decorrentes de processo inflamatório ® comuns em pacientes com fototipo
acima de III são prevenidas e revertidas quando tratadas com TGP2 Peptídeo.
(KWON, et al., 2006)

Por agir simultaneamente como despigmentantes para melanina e redutor do


crescimento de pelos, TGP2® Peptídeo é indicado para o clareamento e redução de
pelos nas áreas de axilas, virilhas e barba – Ação 2 x 1. (KWON, et al., 2006)

Fatores de crescimento e peptídeos para o


tratamento de alopecia

Outra importante atividade dos Fatores de Crescimento e seus Peptídeos é o


tratamento da Alopecia – especialmente a alopecia androgenética. Diferentemente dos
tratamentos convencionais para o crescimento de pelos que se baseiam em nutrição e
vasodilatação de capilares, os Fatores de Crescimento e seus Peptídeos proporcionam:

»» Formação de novos folículos capilares com abundante deposição de


matriz extracelular: essencial para o crescimento e permanência do novo
fio de cabelo (raiz fortificada).

124
COSMETOLOGIA E OS DISTÚRBIOS ESTÉTICOS │ UNIDADE III

»» Angiogênese capilar: surgimento de novos capilares sanguíneos


envolvendo o novo folículo – essencial para nutrição e vitalidade dos
cabelos.

»» Inibição da enzima 5-alfa redutase – responsável por aumentar os níveis


de DHT (dehidrotestosterona) hormônio que atrofia o folículo capilar e
causador da alopecia androgenética.

(MAIBACH; GOROUCHI, 2009)

Estudos comprovam a influência dos Fatores de Crescimento e seus Peptídeos no ciclo


capilar. Por razões hormonais e também por envelhecimento, células responsáveis
passam a produzir uma quantidade inferior de Fatores de Crescimento, influenciando
diretamente a quantidade de cabelos no couro cabeludo. (MAIBACH; GOROUCHI,
2009)

Pesquisadores japoneses, da Universidade de Kyoto, conduziram um estudo, publicado


no Tissue Engineering, que investigou como o Fator de Crescimento Fibroblástico
Básico (bFGF) de liberação prolongada afeta o crescimento capilar de ratos nas fases
anágena e telógena do ciclo capilar, após dez dias de aplicação. Os resultados mostram
que 70 mcg de bFGF, após o período determinado, aumentaram o tamanho dos folículos
capilares, comprovando seus efeitos positivos no ciclo do crescimento capilar em ratos.

Fatores de crescimento para o crescimento de


cílios e sobrancelhas

Pela formação de novos folículos e um novo plexo vascular, os Fatores de Crescimento


têm ação comprovada no crescimento de cílios e sobrancelhas.

Tem sido demonstrado que Peptídeos de Cobre (Copper Peptídeo) age como fator
de crescimento na diferenciação celular, além de estimular a proliferação de fibroblastos
dérmicos e elevar a produção de fator de crescimento endotelial vascular. Esse estudo
avaliou o efeito do complexo Tripeptídeo de Cobre (Copper® Peptídeo) no
crescimento de cabelo em humanos, por meio de estudo ex vivo e cultura de células
da papila dérmica. Os resultados demonstraram que Copper Peptídeo estimulou
o prolongamento de folículos pilosos ex vivo e a proliferação das papilas dérmicas
do folículo. Com isso, concluiu-se que o complexo de tripeptídeo de cobre (Copper
Peptídeo) promoveu crescimento de folículos capilares em humanos, e que esse efeito
pode ter ocorrido devido à estimulação da proliferação e pelo impedimento da queda
capilar. (FU, et al., 2002)

125
UNIDADE III │ COSMETOLOGIA E OS DISTÚRBIOS ESTÉTICOS

Um dos protocolos realizados pela Caregen na comprovação de eficácia dos Fatores de


Crescimento e seus Peptídeos no tratamento da alopecia consiste na utilização de uma
loção capilar contendo Copper ® Peptideo associado ao Fator de Crescimento Insulínico
(IGF), Fator d Crescimento Vascular (VEGF) e Fator de Crescimento Fibroblástico
Básico (bFGF). Logo no início do tratamento é possível perceber a ® interrupção da
queda graças a ação anti 5 alfa redutase proporcionada pelo Copper Peptídeo. Após
três meses de uso nota-se um aumento da população de fios de cabelo resultado das
ações de revitalização folicular, vasodilatação e nutrição dos novos fios e aumento da
quantidade de células endoteliais após adição do Fator de Crescimento Fibroblástico
Ácido (aFGF). (FU, et al., 2002)

Como usar os fatores de crescimento e seus


peptídeos?

Uma dúvida muito comum sobre Fatores de Crescimento e seus Peptídeos é como
prescrevê-los. Se devem utilizar todos os Fatores de Crescimento ou se devem criar
um MIX ou POOL de Fatores de Crescimento como semiacabado. Para resolver essa
questão, nada melhor do que recorrermos à literatura e aos estudos publicados. Diante
do que existe de publicações científicas, fiz uma tabela que classifica quais os Fatores
de Crescimento e seus Peptídeos estão mais relacionados com determinados tipos de
tratamento. Sabemos que, pela própria fisiologia da pele, os Fatores de Crescimento
agem em sinergia de forma associada.

Para um tratamento mais rápido e significativo, devemos optar por uma associação de
Fatores de Crescimento que esteja mais relacionada à CICATRIZAÇÃO, aos CABELOS
ou ao efeito ANTI-AGING, e ao utilizar os Fatores de Crescimento em uma associação
estratégica, o porcentual de uso poderá variar de 0,5 a 1,5% de cada Fator de Crescimento.
São permitidos os veículos: emulsões, gel creme, gel.

Dessa forma, será viabilizado o custo da formulação para o paciente, veja quadro abaixo:

Quadro 12.

Fatores de Crescimento Cicatrização Cabelo/ pelo Anti-aging Despigmentante


+++
EGF +++ Não indicado ++
(efeito preenchedor)
++
IGF +++ ++ -
(efeito preenchedor)
+++
TGFβ3 +++ Não indicado -
(efeito preenchedor)

126
COSMETOLOGIA E OS DISTÚRBIOS ESTÉTICOS │ UNIDADE III

Fatores de Crescimento Cicatrização Cabelo/ pelo Anti-aging Despigmentante


++
bFGF +++ ++ -
(efeito preenchedor)
+++
IDP-2 +++ Não indicado -
(efeito preenchedor)
Reduz o
TGP-2 - - +++
crescimento
COPPER PEPTÍDEO ++ +++ ++ -
aFGF - +++ - -
VEGF - +++ + -
Fonte: Taís Amadio Menegat 2015.

127
PEELING QUÍMICO UNIDADE IV
E FÍSICO

CAPÍTULO 1
Introdução aos peelings químico e
físico

Introdução
Primeiros documentos são datados de 1941 no tratamento de cicatrizes. Em 1961,
iniciou-se a era moderna dos peelings químicos, mas foi em 1986 que se teve o primeiro
peeling médio.

Peeling químico consiste na aplicação, sobre a pele, de um agente que destrói e


esfolia as camadas superficiais da pele. Essa substância pode variar sua composição.
O tratamento compreende o controle dessa esfoliação pela regeneração da
pele através da derme papilar e de seus apêndices. Infelizmente, em algumas
circunstâncias, essa esfoliação perde o controle resultando em complicações
seletivas. Apesar das condutas relacionadas com a rotina de um peeling, essas
complicações podem ocorrer; estão relacionadas com o agente esfoliante, local
aplicado e a profundidade cutânea atingida (VELASCO, et al., 2004).

A palavra peeling vem do inglês, significa tirar a pele, descamar. O uso de agentes
cáusticos e/ou escarificadores para acelerar uma esfoliação resulta numa injúria
tecidual controlada, de porções da epiderme/derme com posterior regeneração do
tecido. O conhecimento da cosmetologia por biomédicos e afins apresenta utilização de
produtos tópicos, cosmecêuticos, que atinjam somente até a área da derme epidérmica
(VELASCO, et al., 2004).

Os agentes indutores da descamação da pele podem ser:

»» Mecânicos ─ variam desde lixas, cremes abrasivos com microesferas


de material plástico aos aparelhos de microdermoabrasão por fluxo de
cristais ou com as lixas de ponta de diamante. (DRAELOS, 1999)

128
PEELING QUÍMICO E FÍSICO │ UNIDADE IV

»» Químicos ─ uso de substância(s) química(s) isolada(s) ou combinada(s)


no intuito de se obter o agente mais adequado a cada caso para graus
variados de esfoliação. (DRAELOS, 1999)

Os diferentes tipos de peelings químicos disponíveis estão divididos em três grupos, de


acordo com a profundidade cutânea de sua ação:

»» Peeling superficial: atuando sobre estrato córneo e derme papilar (pode


ser realizado por fisioterapeutas, médicos, biomédicos e esteticistas
graduados).

»» Peeling médio: atuando sobre estrato córneo, derme papilar e parte


superior da derme reticular (realizado por médicos e biomédicos).

»» Peeling profundo: atuando sobre estrato córneo, derme papilar e


alcançando a parte média da derme reticular (só pode ser realizado por
médicos).

(VELASCO, et al., 2004)

Os ácidos são todas as substâncias que possuem pH inferior ao da pele, transformando-a


de levemente ácida a totalmente ácida.

Classificação dos tipos de pele

Cucé (2001) esclarece que a emulsão epicutânea, formada pelo conjunto do sebo com o
suor excretado em conjunto, e os agentes emulsionantes, representados pelos eletrólitos
do suor, ácidos graxos e suas combinações, irão determinar o pH cutâneo da pele.
Pode-se observar variações desses valores de pH de acordo com as regiões anatômicas,
por ação dos componentes hidrossolúveis da camada córnea, da secreção sebácea, das
soluções tampão (ácido láctico/lactato ou bicarbonato do suor) dos radicais do ácido
carbônico e dos aminoácidos livres, assim podem-se encontrar regiões com pH ácido
ou básico.

Segundo Barata (2002), para uma pele ser sadia e com aparência estética agradável é
necessário um equilíbrio ácido básico, numa condição normal; o ideal é o pH tender à
acidez, pois é necessário como barreira a micro-organismos e fungos sensíveis ao ácido
(Figura 32).

129
UNIDADE IV │ PEELING QUÍMICO E FÍSICO

Figura 32. pH.

Fonte: Taís Amadio Menegat 2016.

Quanto menor o pH, mais ácido será o produto; e quanto maior o pH, menos ácido.
O pH é quem determina o nível de disponibilidade de um ácido na pele, ou seja, quanto
da concentração desse ácido é realmente aproveitada pela pele. (LEONARDI, et al.,
2002)

De 0,00 a 6,99: ácido

No valor de 7: neutro.

De 7,01 a 14,00: alcalino.

O pH da pele é levemente ácido, varia de 4,50 a 6 e contribui decisivamente para


a proteção da pele.

Fatores que influenciam na profundidade e na


consequente resposta dos peelings

Vai depender de uma série de fatores e variáveis, que devem ser observados, para se
obter o máximo de sucesso nas aplicações:

»» Pré-peeling: higienização da pele 15 ou 7 dias antes da aplicação do


peeling, com a intenção de reduzir o extrato córneo e induzir ao estímulo
a ser recebido de renovação celular.

»» Integridade da epiderme: como ocorreu a higienização.

»» Capacidade de dissolução e difusão do ativo esfoliante: a capacidade de


dissolução de um agente de peeling está relacionada com sua solubilidade
no meio intercelular. Sabendo-se que o meio intercelular é aquoso, para
facilitar a penetração de um agente Iipofílico, basta adicioná-Io em meio
aquoso.

»» Peso molecular: o tamanho da molécula do princípio esfoliante irá


interferir na sua penetração.

130
PEELING QUÍMICO E FÍSICO │ UNIDADE IV

»» pH e concentração do ativo: indicarão o poder cáustico do produto.

»» Número de camadas aplicado.

»» Duração do contato com a pele.

»» Fototipo da pele do paciente.

»» Localização anatômica da esfoliação.

(BORGES, 2006)

Figura 33. Sequência da aplicação do peeling químico.

Fonte: Taís Amadio Menegat 2015.

Concentração

É a porcentagem de ácido empregada na solução do produto acabado e determina a


potência do produto. (GUERRA et al., 2013)

Quanto maior a concentração, maior a potência, por consequência, maior a atividade


queratolítica (descamação), e também maior probabilidade de reações adversas.
(GUERRA et al., 2013)

131
UNIDADE IV │ PEELING QUÍMICO E FÍSICO

Quanto menor a concentração, menor a potência, o que se subentende por menor


descamação e também menor probabilidade de reações adversas. Mas é importante
saber que, para aumentar ou diminuir a potência da concentração, é preciso observar a
interferência do pH adotado na formulação. (GUERRA et al., 2013)

Peso Molecular

Também chamado de massa molecular, esse termo refere-se ao tamanho da cadeia


carbônica do ácido e determina sua velocidade de penetração na pele. (BORGES, 2006)

Quanto menor o peso molecular, mais rapidamente o ácido penetrará na pele; e quanto
maior, mais lentamente penetrará na pele (menor a chance de causar lesão porque
aparecem as reações e pode-se remover a tempo). (BORGES, 2006)

Tabela 2.

132
CAPÍTULO 2
Os ácidos

Alfa-hidroxiácidos (AHAs)
Pertencem ao grupo de ácidos orgânicos de cadeia não muito ampla que tem em comum
o grupo HIDRÓXIDO em posição ALFA ou posição 2; não são fotossensíveis, podendo
ser aplicados durante todo o ano. (BARQUET et al, 2006)

É classificado como umectante esfoliante, constitui uma classe de compostos com


eleitos evidentes, específicos e únicos sobre o estrato córneo, toda epiderme, derme
papilar e folículo pilocebáceo. (BARQUET et al, 2006)

Possui ação que resulta na inflamação do tecido, seguida pela substituição de novas
células, após a morte das células epidérmicas envelhecidas. (BARQUET et al, 2006)

Os AHAs diferenciam-se pelo tamanho da molécula, sendo o ácido glicólico de menor


cadeia carbônica, portanto com maior poder de penetração na pele. (BARQUET et al,
2006)

Em 1996, a revisão de ingredientes cosméticos (CIR) concluiu ser seguro o uso dos
AHAs em produtos cosméticos até 10%, e que o pH final da formulação não deveria ser
inferior a 3,5, pois quanto menor seu pH maior seu teor de acidez e, consequentemente,
maior seu poder abrasivo na pele. Já para produtos de uso profissional em estética, é
permitida concentração de até 30% e o pH maior que 3,0. (BARQUET et al, 2006)

O ácido glicólico é o mais popular de todos e é derivado da cana de açúcar. (BARQUET


et al, 2006)

Os outros ácidos desse grupo são:

»» Ácido láctico: encontrado no leite azedo.

»» Ácido cítrico: presente nas frutas cítricas.

»» Ácido tartárico: encontrado nas uvas.

»» Ácido málico ou mandélico: proveniente da maçã.

Os AHAs facilitam a descamação ou esfoliação, o que resulta no aumento da síntese e


do metabolismo do DNA basal, diminuindo a espessura do estrato córneo, pois ocorre

133
UNIDADE IV │ PEELING QUÍMICO E FÍSICO

um desprendimento dos corneócitos nas camadas inferiores e em formação do estrato


córneo, imediatamente acima do estrato granuloso.

Não há efeitos sobre as células de outras camadas. A localização desse efeito sugere
que a ação dos AHAs envolve um processo dinâmico sobre a cornificação que pode
ser devido à modificação da ligação iônica, como foi proposto anteriormente. Um
segundo mecanismo possível é o aumento da hidratação do estrato córneo por meio
das propriedades umectantes dos AHAs.

Concentrações altas e baixas, em soluções, loções, cremes e géis constituem uma nova
opção terapêutica para uma variedade de condições cutâneas, incluindo acne, sequelas
de acne, xerose, queratose seborreica ictiose, verrugas vulgares, melasma, manchas
hipercrômicas, cloasma manchas senis, pele envelhecida, rugas superficiais e médias,
flacidez de pele, estrias, e fases isoladas de algumas lesões de psoríase (nesse caso muito
cuidado) estão sendo tratadas com sucesso com o ácido glicólico. (GUERRA et al., 2013)

Ácido Glicólico

Dentre todos esses ácidos, o glicólico é o que possui a menor molécula. Devido à sua
configuração, a indústria cosmética investiu em pesquisas a seu respeito. (BARQUET
et al, 2006)

Ação:

»» Diminuir a coesão entre os corneócitos interferindo nas ligações iônicas


destruindo a proteína chamada filigrina que une os corneócitos.

»» Camada córnea - ação superficial.

»» Camada papilar (derme) – ação vasodilatação.

»» Tem ação comprovada na síntese de glicosaminoglicana, estimula a


síntese de colágeno.

(BARQUET et al, 2006)

A concentração total disponível de ácido glicólico num produto tópico, em determinado


pH, é obtida pela multiplicação da disponibilidade pela concentração de ácido glicólico
utilizada. Em pH inferior a 2, a concentração disponível de ácido glicólico está próxima
à concentração inicial utilizada, como aparece nas formulações de 4 %, 8 %, 12 %, 20 %,
35 %, 50 % e 70 %. Uma formulação contendo 70% de ácido glicólico apresenta pH 0,6
e concentração disponível de 70 %. (BARQUET et al, 2006)

134
PEELING QUÍMICO E FÍSICO │ UNIDADE IV

Em pH 6, o ácido glicólico torna-se um glicolato, excelente agente hidratante. À medida


que o pH aumenta, diminui a capacidade de renovação da pele. Em pH 3,8 torna-se
agente esfoliante e despigmentante. (GUERRA et al., 2013)

Utilizado na concentração de 5 a 10% para uso residencial, pode ser incorporado em


cremes, loções e géis. Em consultório, essa concentração pode chegar a 30, 50 ou 70%,
de acordo com a resistência da pele e a natureza da lesão a ser tratada, variando de 3 a
5 minutos o tempo de contato. (GUERRA et al., 2013)

Quando essa mesma formulação é parcialmente neutralizada até pH 3,83, a concentração


disponível é de apenas 35 %, e sua eficácia tópica é muito inferior. É interessante observar
que um produto tópico contendo 4% ou 8% de ácido glicólico, a pH 4,8, apresenta uma
concentração disponível menor que 1% em ácido glicólico. (BARQUET et al, 2006)

Dessa forma, os dados sugerem que é necessário ajustar o pH das formulações para
valores baixos a fim de obter atividade máxima dos AHAs, observando-se pouca
atividade (se houver) se os ácidos forem totalmente neutralizados. (BARQUET et al,
2006)

Quadro 13. Resumo ácido glicólico.

PROPRIEDADES

»» Queratolítico
»» Estimula a proliferação de fibroblastos
»» Anti-inflamatório
»» Antioxidante
»» Promove afinamento do estrato córneo, promovendo a epidermólise
»» Dispersa a melanina e o ácido hialurônico basal e epidermal

INDICAÇÕES CONTRAINDICAÇÕES

»» Fotodano »» Dermatite de contato

»» Acne »» gravidez

»» Rosácea »» pacientes com hipersensibilidade a glicolatos


»» fototipo acima de V
»» Pseudofolicullitis barbae

»» Desordens de hiperpigmentação

»» Ceratose actínica

»» Rugas finas

»» Lentigens

»» Melasma

»» Ceratoses seborreicas

135
UNIDADE IV │ PEELING QUÍMICO E FÍSICO

CONCENTRAÇÃO RESIDENCIAL CONCENTRAÇÃO CONSULTÓRIO


8 a 10% 30 a 70%
ESQUEMA TRATAMENTO
»» Tratamento pré-peeling para reduzir a melanogênese e promover afinamento do estrato córneo (durante 10-15 dias antes da aplicação
do peeling).
»» Higienização com álcool 30-70º ou clorexedina alcoólica por toda a face por 20 segundos, para reduzir a oleosidade.
»» Aplicar o peeling de ácido glicólico por 3-5 minutos, dependendo da concentração.
»» Neutralizar com solução de bicarbonato de sódio ou água.
»» Aplicar o agente fotoprotetor com ativos anti-inflamatórios.
VANTAGENS DESVANTAGENS
»» Eritema muito leve »» Sensação de queimação e eritema durante a aplicação.
»» Leve descamação »» Não há uniformidade de aplicação.
»» Curto período de recuperação »» Neutralização obrigatória.
»» Útil no fotoenvelhecimento. »» Pode ocorrer ulcerações necróticas se o tempo de aplicação for muito longo e/
ou o pH cutâneo for reduzido.
»» Não pode ser feito em Fototipo acima de V.
Fonte: (BARQUET et al, 2006).

Quadro 14. Esquema de tratamento.

1.HIGIENIZAÇÃO 2. PEELING
Ácido Glicólico......................15% Ácido Glicólico.........................30 a 70%
LESS...........................................20% Limão O.E................................0,1%
Limão O.E................................0,5% Água destilada qsp......................30g
Gel de Aristoflex 4% qsp.......100ml Aplicar sobre a face após a higienização. Deixar agir por 3-5 minutos.
Neutralizar em seguida.
Aplicar na face do paciente, esfregando sobre a pele com auxílio de
algodão ou gaze. Remover o excesso com algodão ou gaze embebidos
em água.
3. NEUTRALIZAÇÃO 4. PROTETOR
Bicarbonato de Sódio..20% Modukine..............................................1%
Limão O.E.......................0,5% Filtro solar PPD 35.5 PPD 32.1 qsp....60g
Água destilada qsp......50ml Aplicar após a neutralização do peeling e recomendar a utilização
doméstica do produto.
Usar para promover a neutralização e cessar a penetração do ácido.
Aplicar com o auxílio de algodão ou wipe.
Fonte: Taís Amadio Menegat 2015.

A seguir, mais indicações perante o distúrbio:

Quadro 15.

Tipo de lesão Fórmula indicada


Fotoenvelhecimento Creme 8%-15% de Ácido Glicólico + loção 20% de vitamina C
Rugas finas Creme 8%-10% de Ácido Glicólico + loção 20% de vitamina C
Rugas médias Creme 10%-15% de Ácido Glicólico + loção 20% de vitamina C
Rugas profundas Creme 15%-30% de Ácido Glicólico + loção 20% de vitamina C
Acne ativa Gel com Ácido Glicólico 10% com Clor. de benzalk
Acne (sequelas) Gel com Ácido Glicólico 15%-18%
Manchas hipercrômicas Creme ou gel com 8%-10% de Ácido Glicólico, Ácido Fítico 4%
Estrias/Flacidez da pele Loção corporal com 20%- 30% de Ácido Glicólico+vitamina C
Melasma Creme ou gel com 8%-10% de Ácido Glicólico, Ácido Fítico 4%
Fonte: Taís Amadio Menegat 2015.

136
PEELING QUÍMICO E FÍSICO │ UNIDADE IV

Ácido Mandélico

AHA com uma cadeia carbônica grande, não tão irritante quanto o ácido glicólico, tem
sido estudado exaustivamente para ser usado em tratamentos de desordens de pele
como fotoenvelhecimento, pigmentação irregular e acne. Testes abertos conduzidos no
Gateway Aesthetic Institute e no Laser Center em Salt Lake City, Utah, demonstraram
que o ácido mandélico é indicado no caso de supressão de pigmentação, tratamento de
acne não cística inflamatória e rejuvenescimento de pele envelhecida pelo sol. Além do
mais, tem sido usado para preparar as peles para peeling a laser e auxiliar na recuperação
da pele após a cirurgia a laser. O interesse dos pesquisadores no ácido mandélico deve-
se à sua dupla função: AHA e atividade antibacteriana. (GUERRA et al., 2013)

O ácido mandélico é um AHA derivado de um extrato de amêndoas amargas. Ele pode


ser utilizado em substituição a outros AHAs, como o ácido glicólico, por exemplo, para
pacientes com pele mais sensível. A molécula do ácido mandélico é maior que a molécula
do ácido glicólico e, por essa razão, penetra lentamente. O Ácido Mandélico é um dos
AHAs de maior peso molecular, favorecendo um efeito uniforme, o que também minimiza
os transtornos comuns da aplicação de AHAs sobre a pele. Apresenta semelhança
química com o ácido salicílico com sua ação antisséptica somada às atividades dos Alfa-
Hidroxiácidos. Devido à sua penetração uniforme, o ácido mandélico não possui o risco
de causar hiperpigmentação em peles escuras. Classificação de Fitzpatrick IV, V, VI.
(GUERRA et al., 2013)

O pH ideal para esse ácido é de 2 a 3 em concentrações que variam de 20 a 50%.

Quadro 16. Resumo ácido mandélico.

PROPRIEDADES

»» Queratolítico
»» Baixo grau de descamação

INDICAÇÕES CONTRAINDICAÇÕES

»» Acne »» Dermatite de contatoGravidez


»» Rosácea
»» Pseudofolicullitis barbae
»» Desordens de hiperpigmentaçã;
»» Ceratose actínica
»» Rugas finas
»» Lentigens
»» Melasma

137
UNIDADE IV │ PEELING QUÍMICO E FÍSICO

CONCENTRAÇÃO RESIDENCIAL CONCENTRAÇÃO CONSULTÓRIO


1 a 10% 20 a 50%
ESQUEMA TRATAMENTO
»» Tratamento pré-peeling para reduzir a melanogênese e promover afinamento do estrato córneo (durante 00-15 dias antes da aplicação do
peeling).
»» Higienização com álcool 30-70º GL ou clorexedina alcoólica por toda a face por 20 segundos, para reduzir a oleosidade.
»» Aplicar o peeling de ácido mandélico por 3-5 minutos.
»» Neutralizar com solução de bicarbonato de sódio, descartar o algodão, gaze ou wipe e realizar novamente a neutralização.
»» Pode-se repetir o procedimento se desejar efeitos pronunciados (lembrando que o peeling de ácido mandélico é um peeling superficial).
»» Pode ser utilizado em combinação ao TCA.
»» Aplicar o agente fotoprotetor com ativos anti-inflamatórios.
»» Usar em intervalos de 10-20 dias.
VANTAGENS DESVANTAGENS
»» Eficácia comprovada no melasma. »» Aumenta a sensibilidade cutânea ao sol.
»» Pode ser utilizado em peles tipos III e IV. »» Muitas aplicações são necessárias para se obtiver resultados no melasma.
»» Eficaz na acne.
»» Ação eficaz no fotoenvelhecimento.
»» Apresenta descamação leve.
»» Aplicação extremamente segura.
Fonte: (BARQUET et al, 2006).

Quadro 17. Esquema de tratamento.

1. HIGIENIZAÇÃO 2. PEELING
Ácido mandélico......................15% Ácido mandélico...................40%
LESS...........................................20% Limão O.E................................0,1%
Limão O.E................................0,5% Água destilada qsp......................30g
Gel de Aristoflex 4% qsp.......100ml Aplicar sobre a face após a higienização. Deixar agir por 3-5 minutos.
Neutralizar em seguida.
Aplicar na face do paciente, esfregando sobre a pele com auxílio de
algodão ou gaze. Remover o excesso com algodão ou gaze embebidos
em água.
3. NEUTRALIZAÇÃO 4. PROTETOR
Bicarbonato de Sódio..20% Grevilline.........................................1%
Limão O.E.......................0,5% Lavanda O.E..............................0,5%
Água destilada qsp......50ml Filtro Solar FPS 30 100% físico qsp....60g
Usar para promover a neutralização e cessar a penetração do ácido.
Aplicar com o auxílio de algodão ou wipe.
Aplicar após a neutralização do peeling e recomendar a utilização
doméstica do produto.

Fonte: Taís Amadio Menegat 2015.

Ácido Lático

Além de ser um AHAs, é um dos componentes da pele, sendo assim um importante fator
de hidratação cutânea. O ácido láctico oferece os mesmos benefícios dos outros AHAs,

138
PEELING QUÍMICO E FÍSICO │ UNIDADE IV

contudo é mais eficiente em hidratação, levemente queratolítico (quando em baixas


concentrações), estimulante da renovação celular, e despigmentante suave. (GUERRA
et al., 2013)

Além de ser um AHA, faz parte da composição do Fator de Hidratação Natural da pele,
sendo um importante fator de hidratação cutânea. O Ácido Láctico oferece o mesmo
benefício de outros AHAs, por meio da promoção da descamação, além de outros
benefícios. Concentração: 20% A 88%. (BARQUET et al, 2006)

Contraindicações: peles extremamente sensíveis (quando em altas concentrações, que


não será o caso nesta literatura; no Brasil, encontra-se disponível até 88%), gestação e
lactação (pela ausência de estudos científicos), casos recorrentes de herpes simples ou
zoster. (GUERRA et al., 2013)

Quadro 18. Resumo ácido lático.

PROPRIEDADES
»» Hidratante
»» Queratolítico
»» Estimula a renovação celular
»» Despigmentante
INDICAÇÕES CONTRAINDICAÇÕES
»» Fotodano Peles extremamente sensíveis. O uso na gravidez e lactação é contraindicado pela falta de estudos
científicos. Não aplicar em verrugas do rosto ou áreas genitais. História de infecção por herpes
»» Desordens de hiperpigmentação
simples recorrente.
»» Ceratose actínica
»» Rugas finas
»» Lentigens
»» Melasma
»» Verrugas
CONCENTRAÇÃO RESIDENCIAL CONCENTRAÇÃO CONSULTÓRIO
1 a 10% 20 a 88%
ESQUEMA TRATAMENTO
»» Tratamento pré-peeling para reduzir a melanogênese e promover afinamento do estrato córneo (durante 00-15 dias antes da aplicação do
peeling).
»» Higienização com álcool 30-70ºGL ou clorexedina alcoólica por toda a face por 20 segundos, para reduzir a oleosidade.
»» Aplicar o peeling de ácido mandélico por 3-5 minutos.
»» Neutralizar com solução de bicarbonato de sódio, descartar o algodã o, gaze ou wipe e realizar novamente a neutralização.
»» Pode-se repetir o procedimento se desejar efeitos pronunciados.
»» Aplicar o agente fotoprotetor com ativos anti-inflamatórios.
»» Usar em intervalos de 10-20 dias.
VANTAGENS DESVANTAGENS
»» Eficácia comprovada no melasma. »» Provoca ardência e queimação durante a aplicação.
»» Ação hidratante. »» Necessita de neutralização.
»» Curto período de recuperação. »» Intensa descamação e vermelhidão nos 2-3 dias subsequentes.
»» Pode ser utilizado em peles tipos III e IV.

Fonte: BARQUET et al, 2006

139
UNIDADE IV │ PEELING QUÍMICO E FÍSICO

Quadro 19. Esquema de tratamento.

1.HIGIENIZAÇÃO 2. PEELING
Ácido lático......................15% Ácido lático...................20% a 88%
LESS...........................................20% Limão O.E................................0,1%
Limão O.E................................0,5% Água destilada qsp......................30g
Gel de Aristoflex 4% qsp.......100ml Aplicar sobre a face após a higienização. Deixar agir por 3-5 minutos.
Neutralizar em seguida.
Aplicar na face do paciente, esfregando sobre a pele com auxílio de
algodão ou gaze. Remover o excesso com algodão ou gaze embebida
em água.
3. NEUTRALIZAÇÃO 4. PROTETOR
Bicarbonato de Sódio..20% Grevilline.........................................1%
Limão O.E.......................0,5% Lavanda O.E..............................0,5%
Água destilada qsp......50ml Filtro Solar FPS 30 100% físico qsp....60g
Usar para promover a neutralização e cessar a penetração do ácido. Aplicar após a neutralização do peeling e recomendar a utilização
Aplicar com o auxílio de algodão ou wipe. doméstica do produto.

Fonte: Taís Amadio Menegat 2015.

Ácido Pirúvico

O ácido pirúvico é um alfa-cetoácido que apresenta propriedades ceratolíticas,


antimicrobianas e sebostáticas, bem como a capacidade de estimular a produção
de colágeno novo e a formação de fibras elásticas. Devido ao baixo pKa e dimensão
reduzida, ele penetra rápida e profundamente a pele, de modo a ser considerado um
agente químico potente para a realização de peelings. Apresenta eficácia comprovada
para o tratamento de muitos distúrbios dermatológicos como a acne, a formação
de cicatrizes superficiais, o fotodano e alterações pigmentares. A aplicação de ácido
pirúvico geralmente produz queimação intensa e o período pós-peeling é caracterizado
por eritema, descamação e, algumas vezes, pela formação de crostas. (GUERRA et al.,
2013)

É realizado com concentrações de 50%, 60% e 80% do ácido diluído em etanol. O


ácido pirúvico é alfacetoácido. Seu mecanismo de ação é a epidermólise que surge
em intervalo de 30 a 60 segundos. Penetra a pele em um a dois minutos e não tem
toxicidade sistêmica. É indicado para tratamento de envelhecimento extrínseco, acne
e cicatrizes superficiais devido a suas propriedades queratolíticas, antimicrobianas e
antisseborreicas, bem como sua habilidade para estimular a formação de novas fibras
colágenas e elásticas. Pode ser aplicado com gaze levemente úmida, com pouco atrito,
após a pele ser desengordurada com álcool. Quando se inicia o eritema seguido por
frosting, (entre dois e cinco minutos) deve ser retirado com água para maior conforto
do paciente. O eritema resultante do tratamento pode durar de 15 dias a 2 meses. Com
o passar do tempo o ácido pirúvico pode sofrer decomposição e formar gás de dióxido

140
PEELING QUÍMICO E FÍSICO │ UNIDADE IV

de carbono e acetaldeído cujos vapores, se inalados, podem ser cáusticos e irritantes


para as vias aéreas superiores. A prevenção é o uso de ventilador durante a aplicação.
Observar sempre que é um produto de penetração imprevisível, devendo ser usado com
cautela. A penetração muito rápida pode levar à formação de cicatrizes. Recentemente
um estudo em pacientes com pele tipo II e III de Fitzpatrick foi conduzido por
Berardesca et al., que usaram nova formulação menos inflamatória (ácido pirúvico
50%) com significantes benefícios na tolerabilidade, principalmente da ardência,
durante a aplicação e no pós-peeling. (BARQUET et al, 2006)

Quadro 20. Resumo ácido pirúvico.

PROPRIEDADES
»» Queratolítico.
»» Estimula a proliferação de fibroblastos, fibras colágenas e glicoproteínas.
»» Atividade antimicrobiana.
»» Antioxidante.
»» Sua atividade está diretamente relacionada ao solvente utilizado na formulação, ao tempo de aplicação e ao número de aplicações.
INDICAÇÕES CONTRAINDICAÇÕES
»» Fotodano moderado História de infecção por Herpes simplex recorrente, gravidez e pacientes que necessitam de
exposição solar diária.
»» Acne inflamatória
»» Pele oleosa
»» Verrugas
»» Ceratose actínica
»» Rugas finas
»» Alterações texturais
CONCENTRAÇÃO RESIDENCIAL CONCENTRAÇÃO CONSULTÓRIO
1 a 10% 40 a 60%
ESQUEMA TRATAMENTO
»» Tratamento pré-peeling para reduzir a melanogênese e promover afinamento do estrato córneo (durante 30-45 dias antes da aplicação do
peeling).
»» Higienização com álcool 30-70ºGL por toda a face por 20 segundos, para reduzir a oleosidade.
»» Aplicar o peeling de ácido pirúvico por 1-3 minutos utilizando pincel. Aplicar 2-3 camadas, até o eritema aparecer.
»» Recomenda-se aplicar uma área de cada vez e ir realizando a neutralização.
»» Utilizar um pequeno ventilador sobre o rosto do paciente para dispersar os gases.
»» Neutralizar com solução de bicarbonato de sódio, descartar o algodão, gaze ou wipe e realizar novamente a neutralização.
»» Aplicar o agente fotoprotetor hidratante com ativos anti-inflamatórios e cessar o uso de agentes retinoides ou alfa-hidroxiácidos por uma semana
após o peeling.
»» Aplicar aproximadamente 3-5 sessões, em intervalos de 4 semanas.
VANTAGENS DESVANTAGENS
»» Eritema muito leve. »» Intensa sensação de formigamento e queimação durante a aplicação.
»» Leve descamação. »» É necessária neutralização.
»» Curto período de recuperação. »» Os vapores liberados podem ser irritantes à mucosa e provocarem enjoos.
»» Pode ser utilizado em peles tipos III e IV.

Fonte: (BARQUET et al, 2006).

141
UNIDADE IV │ PEELING QUÍMICO E FÍSICO

Quadro 21. Esquema de tratamento.

1.HIGIENIZAÇÃO 2. PEELING
Ácido Salicílico...............................2% Ácido Pirúvico......................40%
Green tea extract........................10% Propilenoglicol......................5%
LESS.................................................20% Etanol qsp............................30ml
Essência de Chá verde…...........1% Aplicar sobre a face após a higienização. Deixar agir por 1-3 minutos.
Neutralizar em seguida.
Gel de Aristoflex 4% qsp.............100ml
Aplicar na face do paciente, esfregando sobre a pele com auxílio de
algodão ou gaze. Remover o excesso com algodão ou gaze embebidos
em água.
3. NEUTRALIZAÇÃO 4. PROTETOR
Bicarbonato de Sódio..20% Grevilline.........................................1%
Limão O.E.......................0,5% Lavanda O.E..............................0,5%
Água destilada qsp......50ml Filtro Solar FPS 30 100% físico qsp....60g
Usar para promover a neutralização e cessar a penetração do ácido. Aplicar após a neutralização do peeling e recomendar a utilização
Aplicar com o auxílio de algodão ou wipe. doméstica do produto.

Fonte: Taís Amadio Menegat 2015.

Retinoides

A vitamina A foi descoberta em 1913, e em 1930 foi possível identificar o grupo retinol,
que é sua estrutura básica. O termo retinoide foi criado em 1976 e destina o grupo de
substâncias naturais ou sintéticas da vitamina. O ácido retinoico, também chamado de
tretinoína (sinônimo de ácido retinoico) trata-se de moléculas hidrofóbicas e associam-
se rapidamente a proteínas celulares retinol-específicas. A ação dos retinoides em
geral é por sua ligação a receptores dentro das células epiteliais. Ao se ligarem a esses
receptores, os retinoides estimulam a produção de Fatores de Crescimento Epidérmico
(EGF), além da redução da produção de sebo pelas glândulas sebáceas, mecanismo esse
ainda não muito bem esclarecido. Agem inibindo as metaloproteinases que danificam
a estrutura do colágeno, além de estimularem a produção de elastina e reduzir a ação
das colagenases. A melhora das alterações cutâneas, potência e tempo dependem da
concentração do retinoide e do tempo de uso. (GUERRA et al., 2013)

O ácido retinoico melhora as características da pele, diminui a queratose actínica,


proporciona uma dispersão mais uniforme dos grânulos de melanina, promove a
formação de novas fibras de colágeno na derme, o aumento do fluxo sanguíneo e o
aumento da permeabilidade da epiderme. No caso das rugas, o efeito mais evidente é
constatado em rugas finas e em linhas de expressão. Os retinoides têm ação comedolítica,
fator importante na patogênese da acne, podendo ser usados na acne comedogênica e
inflamatória. (GUERRA et al., 2013)

142
PEELING QUÍMICO E FÍSICO │ UNIDADE IV

A isotretinoína está indicada na acne vulgar – nas formas nódulo-cística e recalcitrante,


em especial com tendência à cicatriz. Indicações menos formais incluem acne ainda que
discreta e que esteja afetando muito psicologicamente o paciente, acne com edema facial
sólido. Ainda em outras doenças foliculares como foliculite por gram-negativo, foliculite
eosinofílica associada ao HIV, rosácea nas formas papulopustulosas e granulomatosas,
foliculite dissecante do couro cabeludo e com resultados insatisfatórios na hidroadenite
supurativa. (GUERRA et al., 2013)

A concentração domiciliar varia entre 0,025% a 0,1%, podendo ocasionar irritação


cutânea local, hiperemia e descamação, que é esperada. A concentração consultório varia
entre 3% e 5%. Uso quinzenal ou a critério. Manipula-se sob a forma gel ou emulsão, que
permite aplicação homogênea por toda a face. Podem-se adicionar pigmentos da cor da
pele, à base de óxido de ferro a fim de minimizar a coloração amarelada. (GUERRA et
al., 2013).

Abaixo, coloco o resumo de sua função:

Quadro 22.

Histologicamente Clinicamente

Afina o Ec Textura da pele mais lisa e macia

Espessa a epiderme Estica a pele

Dispersa melanina através da epiderme Melhora a hiperpigmentação salpicada

Estimula a deposição dérmica do colágeno Aumenta o vlume dérmico e estica a pele

Aumenta a deposição de glicosaminoglicanas Idem

Neovascularização Tom rosado da pele

A aplicação é indolor, pode durar de 30 min, em peles muito sensíveis, até 8 horas em
peles mais espessas. A média gira em torno de 3 a 4 horas. Retirar em água corrente
com sabão neutro sem esfregar a toalha. Não utilizar cosméticos por 48 horas, somente
filtro solar (que poderá provocar ardência e dermatites de contato). Geralmente a
descamação inicia-se após 48 horas a 5 dias. (GUERRA et al., 2013)

A tretinoína (vitamina A ácida ou ácido retinoico) é encontrada já industrializada nas


concentrações 0,01%, 0,025% e 0,05% na apresentação em gel, e em creme a 0,025%,
0,05% e a 0,1%. Pode ser formulada e utilizada com frequência a solução a 0,05% no
tratamento da acne no tronco. (GUERRA et al., 2013)

143
UNIDADE IV │ PEELING QUÍMICO E FÍSICO

Quadro 23. Resumo ácido retinoico.

PROPRIEDADES
»» O peeling desse ácido promove melhora clínica na textura e aparência da pele.
»» Reduz a espessura da camada córnea.
»» Aplicação uniforme e indolor.
»» Promove rápida reepitelização, melhorando o processo de cicatrização.
»» Possui vários estudos comprovando eficácia no tratamento da acne e pele fotoenvelhecida.
INDICAÇÕES CONTRAINDICAÇÕES
»» Fotodano leve a moderado. História recente de peelings químicos agressivos e ou cicatrizes, infeção herpética
recidivante, gravidez suspeita ou em fase de desenvolvimento, hábitos de atividades no
»» Acne comedogênica e inflamatória.
sol.
»» Pele oleosa.
»» Ceratose actínica.
»» Rugas finas.
»» Alterações texturais.
CONCENTRAÇÃO RESIDENCIAL CONCENTRAÇÃO CONSULTÓRIO
0,05 a 1% 4 a 8%
ESQUEMA TRATAMENTO
»» Tratamento pré-peeling para reduzir a melanogênese e promover afinamento do estrato córneo (durante 10-15 dias antes da aplicação do
peeling).
»» Higienização com álcool 30-70ºGL por toda a face por 20 segundos, para reduzir a oleosidade.
»» Aplicar o peeling por todo o rosto, evitando a área dos olhos e regiões nasolabiais.
»» O peeling deve ficar na face do paciente de 6-8 horas. Para remoção do produto basta o paciente lavar o rosto com água corrente e sabão.
»» Aplicar o agente fotoprotetor hidratante durante os dias seguintes e orientar ao paciente para não remover a pele que estará em constante
descamação, como também reduzir o uso de sabonetes no rosto.
»» Aplicar aproximadamente 3-5 sessões, em intervalos de 15 dias.
VANTAGENS DESVANTAGENS
»» Eficácia em todos os tipos de pele. »» Intensa descamação após 2-3 dias.
»» Excelentes benefícios no fotoenvelhecimento. »» A pele fica ressecada e sensível.
»» Extremamente seguro. »» O produto necessita ficar por um longo período sobre a pele.
»» Não causa dor, ardência ou desconforto durante a
aplicação.
»» Eficaz no controle da acne e oleosidade.
»» Não necessita neutralizar.
Fonte: (BARQUET et al, 2006).

Quadro 24. Esquema de tratamento.

1.HIGIENIZAÇÃO 2. PEELING
Ácido Glicólico..............3% Ácido Retinoico........................7%
Ácido .............................2% Lavanda O.E.........................0,2%
Ácido Salicílico..............1% Base corretiva AR qsp.............30g
Amisoft CS22.................10% Aplicar sobre a face após a higienização.
Laranja O.E....................0,7% Deixar agir por 6-8 horas. Orientar o paciente para
remover o produto com sabonete líquido.
Etanol qsp......................100ml
Aplicar na face do paciente, esfregando sobre a pele com auxílio de algodão ou
gaze para complementar a limpeza e remover os últimos resíduos de óleo antes da
aplicação.

144
PEELING QUÍMICO E FÍSICO │ UNIDADE IV

3. PROTETOR
Grevilline.........................................1%
Lavanda O.E..............................0,5%
Filtro Solar FPS 30 100% físico qsp....60g
Aplicar após a neutralização do peeling e recomendar a utilização doméstica do produto.
Fonte: Taís Amadio Menegat 2015.

Beta-hidroxiácidos (BHTs) – Ácido Salicílico

É um agente beta-hidroxiácido, um composto lipofílico que remove lipídios intercelulares


que são covalentes ligados ao envelope cornificado em torno das células epiteliais
cornificadas, também demonstra ter propriedade anti-inflamatória e antimicrobiana.
Os peelings por ácido salicílico são bem tolerados por todos os tipos de pele classificados
por Fitizpatrick. (CUNHA, 2009)

Tem ação queratoplástica em concentrações até 2%, e queratolítica acima de 2%. É


usado nas hiperqueratoses, em concentrações até 10%, e em verrugas e calosidades
em concentrações até 20%. Tem ação bacteriostática e fungicida nas concentrações de
1 a 5 %. Quando se trabalha com a concentração de 20%, deve-se deixar agir até a
cristalização que pode ocorrer entre 30 s até 3 min. (GUERRA et al., 2013)

Quadro 25. Resumo ácido salicílico.

PROPRIEDADES
»» Queratolítico.
»» Ativa a epiderme basal.
»» Estimula a produção de fibroblastos.
»» Ação anti-inflamatória.
»» Antimicromiano.

INDICAÇÕES CONTRAINDICAÇÕES
»» Fotodano moderado. Hipersensibilidade aos salicilatos, infecção viral aguda e gravidez. A
terapia por isotretinoína deverá ser suspensa seis meses antes da
»» Sardas.
aplicação.
»» Hiperpigmentação pós-inflamatóra.
»» Melasma.
»» Lesões inflamatórias (acne).
»» Rosácea.
»» Lentigens.
»» Ceratoses pigmentadas.
»» Rugosidade cutânea.
»» Dano actínico das mãos.
»» Pós-tratamento ao TCA.

145
UNIDADE IV │ PEELING QUÍMICO E FÍSICO

CONCENTRAÇÃO RESIDENCIAL CONCENTRAÇÃO CONSULTÓRIO


1 a 10% 20 a 30%
ESQUEMA TRATAMENTO
»» Tratamento pré-peeling durante 10-15 dias antes da aplicação do peeling. Os retinoides devem ser suspensos por uma semana antes do
tratamento.
»» Higienização com álcool 30-70ºGL por toda a face por 20 segundos, para reduzir a oleosidade.
»» Aplicar o peeling de ácido salicílico utilizando esponja, gaze ou cotonetes (áreas periorbitais). Aproximadamente 2-3 camadas são necessárias.
Deixar agir por 3-5 minutos.
»» Não necessita de neutralização. Após a aplicação ocorre a produção visível de um precipitado branco sobre a pele do paciente, que não pode ser
confundido com o frost.
»» Retirar o produto da pele do paciente utilizando água ou soro fisiológico.
»» Aplicar o agente fotoprotetor hidratante com ativos anti-inflamatórios e não utilizar sabonetes no rosto até 48h após o procedimento.
VANTAGENS DESVANTAGENS
»» Pode ser utilizado em todos fototipos. »» Profundidade de penetração muito limitada.
»» Excelente em pacientes com acne. »» Baixa eficácia em pacientes com fotoenvelhecimento.
»» A uniformidade de aplicação é facilmente visível pela formação dos
cristais precipitados sobre a pele.
»» Após vários minutos o peeling exerce efeito anestésico, aumentando a
tolerância.
Fonte: (CUNHA, 2009).

Quadro 26. Esquema de tratamento.

1.HIGIENIZAÇÃO 2. PEELING
Ácido Glicólico..............3% Ácido Salicílico......................40%
Ácido .............................2% Etanol qsp.............................30ml
Ácido Salicílico..............1% Aplicar sobre a face após a higienização.
Amisoft CS22.................10% Deixar agir por 6-8 horas. Orientar o paciente para remover o produto
com sabonete líquido.
Laranja O.E....................0,7%
Etanol qsp......................100ml
Aplicar na face do paciente, esfregando sobre a pele com auxílio de
algodão ou gaze para complementar a limpeza e remover os últimos
resíduos de óleo antes da aplicação.
3. PROTETOR
Grevilline.........................................1%
Lavanda O.E..............................0,5%
Filtro Solar FPS 30 100% físico qsp....60g
Aplicar após a neutralização do peeling e recomendar a utilização doméstica do produto.
Fonte: Taís Amadio Menegat 2015.

Peeling de JESSNER

Uma mistura de alfa e beta-hidroxiácidos com o resorcinol. É considerado um peeling


superficial. Essa solução deve ser fresca e armazenada em frasco de vidro castanho,
evitando-se a exposição solar e sempre com a tampa bem fechada. Se o composto não

146
PEELING QUÍMICO E FÍSICO │ UNIDADE IV

estiver límpido e transparente, poderá causar manchas na pele e nas unhas. (BARQUET
et al, 2006)

Essa solução é composta de resorcina 14%, ácido salicílico 14%, ácido láctico 14%
diluído em etanol. Cria uma esfoliação uniforme, muito útil na hiperpigmentação senil,
aumentando o metabolismo epidérmico e removendo queranócitos sobrepostos. Sua
penetração é limitada. Sessões repetidas de esfoliação com esse composto melhoram o
desempenho das fibras colágenas. O processo esfoliativo é discreto e percebido até oito
ou dez dias após a aplicação. (GUERRA et al., 2013)

Quadro 27. Resumo solução Jessner.

PROPRIEDADES
»» Queratolítico.
»» Estimula a proliferação de fibroblastos.
»» Reduz oleosidade cutânea.
»» Aumenta a penetração de outros agentes cosméticos.
»» Excelente perfil de segurança, podendo ser utilizado em todos os fototipos de pele.
»» Utilizado em combinação com outros agentes de peelings e aumenta a penetração do TCA.

INDICAÇÕES CONTRAINDICAÇÕES
»» Acne Inflamação ativa, dermatites ou infecções na área a ser tratada e pacientes com deficiências
na cicatrização. A terapia por isotretinoína deverá ser suspensa seis meses antes da aplicação.
»» Desordens de hiperpigmentação
»» Ceratose actínica
»» Rugas finas
»» Lentigens
»» Melasma

ESQUEMA TRATAMENTO
»» Tratamento pré-peeling durante 10-15 dias antes da aplicação do peeling.
»» Higienização com álcool 30-70ºGL por toda a face por 20 segundos, para reduzir a oleosidade.
»» Aplicar a Solução de Jessne, começando pelas bochechas, seguindo pelas áreas mediaislaterais, seguindo de testa e queixo.
»» Não necessita neutralização. Após a aplicação ocorre a produção visível de um precipitado branco sobre a pele do paciente, que não pode ser
confundido com o frost.
»» A profundidade do peeling é dependente da quantidade de camadas que o produto é aplicado e da quantidade de frost que é formada durante a
aplicação.
»» Aplicar o agente fotoprotetor com ativos anti-inflamatórios.

VANTAGENS DESVANTAGENS
»» Excelente perfil de segurança. »» Estudos demonstram toxicidade e alterações da tiroide pelo resorcinol.
»» Pode ser utilizado em todos os fototipos de pele. »» Instável quando exposto ao ar e luz.
»» Eficácia substancial com tempo mínimo de »» Ocorre maior esfoliação em alguns pacientes.
recuperação.
»» Aumenta a penetração do ATA.

Fonte: (BARQUET et al, 2006).

147
UNIDADE IV │ PEELING QUÍMICO E FÍSICO

Quadro 27. Esquema de tratamento.

1.HIGIENIZAÇÃO 2. PEELING
Ácido Glicólico..............3% Ácido Salicílico......................40%
Ácido .............................2% Etanol qsp.............................30ml
Ácido Salicílico..............1% Aplicar sobre a face após a higienização.
Amisoft CS22.................10% Deixar agir por 6-8 horas. Orientar o paciente para remover o
produto com sabonete líquido.
Laranja O.E....................0,7%
Etanol qsp......................100ml
Aplicar na face do paciente, esfregando sobre a pele com auxílio de algodão ou
gaze para complementar a limpeza e remover os últimos resíduos de óleo antes
da aplicação.
3. PROTETOR
Grevilline.........................................1%
Lavanda O.E..............................0,5%
Filtro Solar FPS 30 100% físico qsp....60g
Aplicar após a neutralização do peeling e recomendar a utilização doméstica do produto.
Fonte: Taís Amadio Menegat 2015.

Fórmula Jessner tradicional

»» ácido salicílico 14%;

»» ácido lático 14%;

»» resorcinol 14% (resorcina).

Fórmula Jessner modificada

»» ácido salicílico 17%;

»» ácido lático 17%;

»» ácido cítrico 8%.

Contraindicação para o peeling de jessner:

»» gravidez;

»» amamentação;

»» infecção ativa;

»» ser um escoriador obsessivo;

»» alergia ao resorcinol.

148
PEELING QUÍMICO E FÍSICO │ UNIDADE IV

Uma das complicações desse procedimento é o salicilismo, (náuseas, vômito,


tonteira, produzidos pelo ácido salicílico) que pode ser evitado ou diminuído
por meio de uma rápida hidratação com líquidos via oral, razão pela qual se
solicita ao paciente que ingira em média oito copos de água no primeiro dia.

Polihidroxiácidos - Ácidos Gluconolactona

Apresentam efeitos comparáveis aos AHAs, com a vantagem de não causarem irritação
na pele e possuírem ação hidratante e antioxidante. (BARQUET et al, 2006)

O mais importante e conhecido integrante dessa nova geração de hidroxiácidos é a


GLUCONOLACTONA (POLI HIDROXIÁCIDO G4), encontrada naturalmente na
nossa pele. É um nutriente que participa da via metabólica do açúcar em nível celular.
Tal como outros PHAs, a gluconolactona tem uma estrutura molecular diferenciada
em relação aos AHAs tradicionais. Apresentando múltiplos grupos hidroxila, o ácido
glicólico tem um único grupo hidroxila anexado em sua posição alfa. (GUERRA et al.,
2013)

Essa diferença tem implicações importantes: espera-se que uma molécula maior
penetre na pele de forma mais lenta e gradual, sem causar reações indesejáveis, tais
como a queimação, ardência e a sensação de pequenas picadas, provocadas pelos AHAs
tradicionais. (BARQUET et al, 2006)

Além do que a presença desses múltiplos grupos hidroxila explica a forte propriedade
umectante desse ativo, uma vez que os grupos hidroxila podem atrair e fixar água.
(GUERRA et al., 2013)

Outra característica importante é que ela é antioxidante eficaz. Estudos recentes


realizados sugerem duas conclusões:

1. Em função de sua estrutura molecular única, a gluconolactona é um


tratamento suave e não irritante com menor incidência de efeitos
colaterais que outros agentes, tendo sido bem tolerada em peles sensíveis.
(BARQUET et al, 2006)

2. Essa suavidade não está associada a uma diminuição dos efeitos clínicos:
os PHAs oferecem benefícios clínicos e cosméticos significativos,
comparáveis com os efeitos obtidos com o ácido glicólico e outros AHAs
tradicionais. (BARQUET et al, 2006)

149
UNIDADE IV │ PEELING QUÍMICO E FÍSICO

Essas considerações é que fazem ter um valor especial em formulações cosméticas e


dermatológicas para populações específicas:

»» Pacientes de diversas etnias.

»» Pacientes com acne rosácea.

»» Pacientes com dermatite atópica.

»» Pacientes com pele sensível.

»» Pacientes com comprometimento da barreira epidérmica: hiperqueratose,


ictiose, psoríase, infecções fúngicas.

»» Também podem ser utilizados sob a forma de loção, sabonete e tônico, em


pacientes que fazem uso de tratamento tópico ou sistêmico que ressecam
a pele e em formulações para uso antes e após tratamento com laser e
microdermoabrasão.

»» Formulações à base de gluconolactona em pele com rosácea e/ou


dermatite atópica:

›› Creme de limpeza - 1 % gluconolactona.

›› Tônico álcool free com 1% gluconolactona.

›› Creme hidratante fps com 4% gluconolactona em pH 3.8.

Aplicar duas vezes ao dia.

Não irritantes, os PHAs podem melhorar a luminosidade da pele e reduzir visivelmente


os sinais de envelhecimento. Sem causar desconforto, podem ser usados nas áreas dos
olhos.

Recomenda-se em concentrações de 1 a 10% para uso doméstico.

E 20 a 30% em uso consultório, uma vez por semana.

(BARQUET et al, 2006)

Peeling enzimático

Enzimas são proteínas com atividade biocatalítica e proteases são enzimas que
hidrolisam proteínas, portanto as mais usadas em esfoliações cutâneas. (GUERRA et
al., 2013)

150
PEELING QUÍMICO E FÍSICO │ UNIDADE IV

Esse tipo de peeling pode ser definido como sendo uma esfoliação realizada pela ação
de proteases sobre a camada córnea da pele, rica em queratina onde elas degradam
as proteínas tornando-as mais solúveis e facilitando assim a remoção das camadas
superficiais dos corneócitos. (GUERRA et al., 2013)

Bromelina e papaína
É uma mistura de enzimas: bromelina e papaína. É uma moderna abordagem para
esfoliação. A bromelina é capaz de quebrar proteínas indesejáveis, secretadas na pele.
Essas proteínas são transformadas em aminoácidos e, estes, facilmente eliminados.
A papaína hidrolisa proteínas, pectinas e também açúcares e lipídios. (MONTEIRO e
SILVA, 2009)

Possui propriedade esfoliante e dosagem usual: 2%. Tem sua melhor eficácia com pH 6,
e deve permanecer na pele por cerca de 20 min. (MONTEIRO e SILVA, 2009)

Bambu
Pó cristalino em forma de extrato seco, rico em sílica (77%) e sais minerais. Elimina as
células mortas e regenera a pele. Utilizado na concentração de 5% em gel creme, para
esfregaço. Produzido pela indústria LIBIOL.

Pumpkin Enzyme®
Pumpkin Enzyme® é o extrato fermentado da abóbora, Cucurbita pepo, com ação
esfoliante e amaciante da pele.

Indicação: Peeling enzimático muito superficial, causando a esfoliação do estrato


córneo, estimulando a renovação celular, tratamento da acne grau II, pois promove a
esfoliação do estrato córneo, sem ferimentos, tratamentos antiaging para a redução de
pequenas linhas de expressão, clareamento suave da pele.

Peeling Enzimático com Pumpkin Enzyme® ou


Renew Zyme
Pré-peeling - Limpeza Enzimática

»» Renew Zyme____________________5%.

»» Espuma peles sensíveis qsp_______100 ml.

»» Aplicar e massagear por 2 minutos. Enxaguar.

151
UNIDADE IV │ PEELING QUÍMICO E FÍSICO

Peeling com Pumpkin Enzyme

»» Pumpkin Enzyme______30% a 50%.

»» Gel qsp___________________50g.

»» Aplicar na face, deixar por 20 a 30 minutos e retirar.

Peeling em espuma com Renew Zyme®

»» Renew Zyme® ____________________30%.

»» Espuma__________ qsp __________100 ml.

Pós-peeling

Regeneração com Fatores de Crescimento

»» aFGF _____________ 1,5%.

»» TGF-B3 ____________ 1,5%.

»» Lactoquine__________3,0%.

»» Fucogel_____________2,0%.

»» Gel creme ___________ qsp.

»» Aplicar após o procedimento, antes do protetor solar.

Protocolo de aplicação de peeling enzimático

»» Higienizar a pele.

»» Aplicar o produto.

»» Intercalar massagem durante dois minutos e descanso durante quatro


minutos (o calor corporal provocado pela massagem ativa o produto).

»» Retirar o produto e aplicar solução neutralizante.

»» Finalizar com loção calmante.

(MENEGAT, 2015)

152
PEELING QUÍMICO E FÍSICO │ UNIDADE IV

Outros tipos de peelings químicos mais utilizados


em pré peeling ou home

Hidroquinona

Despigmentante mais tradicional. Contraindicado na gravidez. Fotossensível.


Concentração usual de 2 a 10%. (YOKOMIZO, et al., 2013).

Citotóxica, pois destrói a parede do melanócito quando usada em altas concentrações,


por mais de 60 dias, originando lesões brancas irreversíveis, denominadas lesões em
confete. (YOKOMIZO, et al., 2013).

A Hidroquinona, um composto fenólico, permanece como “gold standard” para


composição dos produtos clareadores de pele. Ela produz despigmentação não
definitiva, inibindo a oxidação enzimática da tirosina em 3,4-diidroxifenilalanina e de
outros processos metabólicos dos melanócitos. (YOKOMIZO, et al., 2013).

Sua principal indicação é para o clareamento gradual de pele hiperpigmentada em


condições tais como melasma, sardas e lentigos senis. (YOKOMIZO, et al., 2013).

Estudos mais recentes concluíram que existe outro composto também indicado para
o tratamento do melasma: o monometil éter da Hidroquinona (MMEH). O MMEH é
também conhecido por Mequinol – hidroquinone monomethyl ether –, pertencente
também ao grupo da Hidroquinona. (YOKOMIZO, et al., 2013).

É um análogo químico mais potente, com resposta mais imediata e resultados definitivos.
(YOKOMIZO, et al., 2013).

Outro grande benefício demonstrado pelo MMEH (Monometil Éter da Hidroquinona)


foi a menor incidência de efeitos indesejáveis comuns ao MBEH (Monobenzil Éter da
Hidroquinona). Os eritemas, ardor local transitório e o risco de ocronose exógena são
menos frequentes com MMEH (Monometil Éter da Hidroquinona), comparando com
Hidroquinona ou com MBEH.

O MMEH (Monometil Éter da Hidroquinona) atua diretamente nos melanócitos


e sua formulação pode ser empregada associada a outros princípios ativos. Por sua
maior toxicidade e risco, o MBEH (Monobenzil Éter da Hidroquinona) foi proibido na
Inglaterra para qualquer produto cosmético. (CASTRO et al.,1997)

Segundo Murad, o uso de peeling de ácido glicólico 50% no tratamento habitual


da hiperpigmentação com AHA e Hidroquinona alcança excelentes resultados e
complicações mínimas. (CASTRO et al.,1997)

153
UNIDADE IV │ PEELING QUÍMICO E FÍSICO

Ácido Kójico

Produzido por fungos Aspergillus e Penicillium, do arroz. É um inibidor de tirosinase.


Em razão da sua estabilidade química pode ser associado a outros ativos sem perder
sua característica. Porém tem maior incidência de respostas alérgicas que outros ácidos
semelhantes. A terapia combinada do ácido glicólico + kójico foi comparada a associação
do glicólico + Hidroquinona. (GUERRA et al., 2013)

Pode ser associado à AHAs, mas não ao VCPMG e ao arbutin. Utilizado na concentração
de 1%, uso diário. (GUERRA et al., 2013)

Ácido Fítico

Inibe a tirosinase, 0,5 a 2%. Não esfoliante, pode ser incorporado em gel, gel creme
e creme. Além de ser despigmentante, é hidratante e suaviza rugas finas, possui um
mecanismo semelhante ao da Vitamina C. O que não acontece com o ácido Kójico, nem
com a Hidroquinona. (YOKOMIZO, et al., 2013).

É encontrado, normalmente, nas sementes de plantas e nos grãos de alguns cereais do


tipo aveia, arroz, nozes, legumes, pólen e outros. Sua aplicação vem sendo largamente
utilizada por sua capacidade antioxidante. Em suas propriedades, concentra-se a maior
parte de sua ação para evitar o envelhecimento precoce. E vai além: hidrata e suaviza
as rugas finas. Tem a vantagem de agir também como anti-inflamatório. (YOKOMIZO,
et al., 2013).

A grande capacidade de quelação do ácido fítico tornou-se eficaz no campo da


dermatocosmética, como um ativo excelente para inibir a tirosinase - enzima que
atua na produção de pigmentos da pele, substituindo com eficácia a Hidroquinona,
substância clareadora largamente utilizada nas últimas décadas, porém citotóxica, pois
destrói a parede do melanócito quando usada em concentrações altas por períodos
maiores que 60 dias, originando lesões irreversíveis brancas, denominadas lesões em
confete. (GUERRA et al., 2013)

Outro efeito colateral da Hidroquinona é a fotossensibilidade, irritação quando usada


em peles sensíveis e oxidação pelo próprio produto. (GUERRA et al., 2013)

Demonstrou-se em pesquisas que o ácido fítico é um antioxidante específico da


espécie de oxigênio reativo. Se existem vários tipos de radicais livres, isso significa que
necessitamos diferentes tipos de antioxidantes, e não somente sob a forma de vitamina
C, E, e A. (GUERRA et al., 2013)

154
PEELING QUÍMICO E FÍSICO │ UNIDADE IV

Ele é altamente tolerado em peles sensíveis, comparado a outros agentes clareadores,


tipo Hidroquinona. Quando associado ao ácido glicólico pode ser mais bem dosado
e aplicado em um número maior de pacientes, pois é muito bem tolerado em peles
sensíveis, sem que produza irritação, como acontece com o ácido retinoico. (YOKOMIZO,
et al., 2013).

Pode, então, ser usado em peles sensíveis, pós-peelings químicos, dermoabrasão, fenol,
TCA, ou laser, nesses casos mais profundos, recomenda-se o uso após a terceira ou
quarta semana. (YOKOMIZO, et al., 2013).

Na prática clínica, a concentração ideal é ácido fítico 4%, vitamina C entre 10 a 20%
(desde que previamente estabilizada). (YOKOMIZO, et al., 2013).

Nos pós-operatórios dos peelings por dermoabrasão mecânica, peelings químicos por
fenol ou TCA, ou nos lasers de CQ2 ou Erbium-yag, mostrou o seu maior benefício
corrigindo sequelas, como hiperpigmentação pós-inflamatória, comuns a esses
tipos de peelings e também atuando como preventivo dessas lesões hipercrômicas
pós-inflamatórias, neste caso, por seu uso na fase inflamatória aguda dos peelings
entre a terceira e quarta semana pós-peeling, reduzindo o processo inflamatório e,
por consequência, diminuindo a chance de formação de manchas hipercrômicas.
(YOKOMIZO, et al., 2013).

Em lesões hipercrômicas como as melanoses, manchas senis e outras, o ácido fítico


pode ser utilizado sob a forma de gel, gel creme, associado à vitamina C, de uso tópico,
sempre se associando ao ácido glicólico em concentrações de 4 a 10% (pH baixo).
(YOKOMIZO, et al., 2013).

O ácido fítico ultrapassa a sua característica despigmentante apresentando a vantagem


de um mecanismo semelhante ao da vitamina C. Age também como antioxidante celular,
o que não acontece com o ácido Kójico nem com a Hidroquinona. Pode ser associado a
outros agentes antioxidantes como a vitamina E e A, betacaroteno, zinco e outros, sob
a forma de máscaras oclusivas aplicadas semanalmente e associadas ao uso diário da
vitamina C. Pode ser incorporado em géis, cremes e loções não iônicas. Não é agente de
esfoliação e a concentração usual é de 0,5 a 2% (YOKOMIZO, et al., 2013).

Vitamina C

A vitamina C apresenta importantes efeitos fisiológicos na pele, dentre os quais podem


ser citados: os que vão desde o crescimento, maturação das células, reparo e proteção
contra agentes nocivos à inibição da melanogênese, resultando no clareamento de
manchas na pele; a promoção da síntese de colágeno atuando como um cofator

155
UNIDADE IV │ PEELING QUÍMICO E FÍSICO

nas reações de hidroxilação de prolina e lisina, que são importantes aminoácidos


promotores da formação da conformação de tripla-hélice das fibras de colágeno do
tecido conjuntivo; além disso, em função da conhecida propriedade antioxidante desse
composto, destaca-se a prevenção da formação de radicais livres que são os principais
responsáveis pelos efeitos prejudiciais das radiações solares, no envelhecimento
cutâneo. (GUERRA et al., 2013)

Entretanto, a administração tópica de vitamina C pode apresentar eficácia bastante


reduzida, em virtude da sua instabilidade físico-química, quando em condições
aeróbicas, em exposição à luz, em altas temperaturas de armazenagem e em altos
valores de pH. Em soluções aquosas, oxida-se facilmente a ácido deidro-Lascóbico e
também a outros produtos de degradação. (GUERRA et al., 2013)

A fim de superar esse problema de alta instabilidade, derivados lipofílicos e hidrofílicos


da vitamina C têm sido amplamente empregados em formulações tópicas. Também
conhecida como ácido ascórbico, tem a capacidade incontestável de eliminar os
radicais livres, é hidrossolúvel e não é sintetizada dentro do nosso organismo, ou seja,
precisamos de suplementação alimentar ou complexos vitamínicos. (YOKOMIZO, et
al., 2013).

Por estimular a síntese de colágeno, ela estimula o processo de cicatrização, e tem


importante participação no sistema de proteção contra os efeitos nocivos do cigarro e
da poluição sobre a pele. (YOKOMIZO, et al., 2013).

Nos seres humanos a reserva natural de vitamina C é de aproximadamente 1.500 mg. Se


a reposição diária não ocorrer satisfatoriamente para as funções corporais, o organismo
extrairá da pele as suas necessidades, deixando-a vulnerável aos fenômenos descritos.
(YOKOMIZO, et al., 2013).

Sabe-se também que o estresse físico, mental e emocional aumenta ainda mais essa
demanda. Porém, o ponto negativo para se lidar com a vitamina C é a sua deterioração
e instabilidade, durante o processo de manipulação. (YOKOMIZO, et al., 2013).

A dermatocosmética, sabendo disso, elaborou um derivado estável do ácido ascórbico


chamado de “ASCORBYL PALMITATE”, que viabiliza o uso da vitamina C de forma
ativa em cosméticos por um período mínimo de seis meses, o que é um grande avanço.
(MÊNE et al., 2007)

Quando associada 15% dela ao ácido glicólico a 4%, este irá potencializar a penetração do
ativo desejado. Esse derivado apresenta, em estudos comprovados, uma concentração
de 60 a 70 vezes maior que quando administrada via oral, prolongando sua atividade

156
PEELING QUÍMICO E FÍSICO │ UNIDADE IV

até 48 horas depois da sua aplicação. Para a área dos olhos a concentração ideal é 5%
puro. (MÊNE et al., 2007)

O “ASCORBIL PALMITATE” é indicado para:

»» Peles envelhecidas.

»» Desidratadas.

»» Manchas senis.

»» Flacidez de pele.

»» Como coadjuvante residencial, nos peelings de ácido glicólico quinzenais.

(MÊNE et al., 2007)

Repeeling

Geralmente indicado após os peelings superficiais e de média profundidade. Trata-se de


uma nova aplicação do produto e deve ser realizada de acordo com o tempo de cicatrização
da pele de cada indivíduo, minimizando as chances de complicações e uma descamação
mais profunda.

Quadro 28.

Tipo de Peeling Frequência

Muito superficiais Até uma vez por semana.

Superficiais A cada duas a seis semanas, dependendo da quantidade de necrose epidérmica secundária.
Um peeling epidérmico de espessura total não deve ser repetido durante um período menor do que seis
semanas, enquanto que um de espessura epidérmica parcial pode ser repetido em duas a três semanas.

De média profundidade A cada seis meses.


Fonte: Taís Amadio Menegat 2015.

Preparo da pele – Pré-peeling

O preparo da pele por duas semanas antes do peeling é um dos conceitos mais
importantes da terapêutica por ácidos químicos.

Os objetivos são:

»» Reduzir o tempo de cicatrização pelo aceleramento do processo de


reepitelização.

157
UNIDADE IV │ PEELING QUÍMICO E FÍSICO

»» Permitir a penetração mais homogênea do produto devido ao prévio


afinamento do estrato córneo.

»» Reduzir o risco de hipercromia de rebote ao se usar ativos despigmentantes


prévios.

»» Testar a sensibilidade do paciente ao produto que se quer utilizar, apesar


de ele não ser fidedigno, pois a dermatite de contato pode aparecer pelo
contato crônico ao produto.

Aplicação

A aplicação se faz conforme o objetivo a alcançar. Hoje, a ANVISA proibiu o uso dos
pincéis, assim só podemos aplicar com cotonete (áreas pequenas), gaze (peles mais
grossas) ou com dedo protegido com luva.

Interromper o efeito do ácido assim que for visível a epiremia. Pode-se aplicar um
agente neutralizante específico ou com base de bicarbonato de sódio (1 a 10%), ou lavar
com água corrente em abundância.

Realização do Peeling

a. Suspender o uso de qualquer ácido residencial três dias antes da aplicação


no consultório.

b. Verificar se existem sinais de lesões pré-herpéticas.

c. Retirar a maquiagem.

d. Lavar o rosto com escova facial e sabonete de ácido glicólico a 10%.

e. Proteger as áreas de maior sensibilidade com neutralizador ou vaselina.

f. Aplicar o ácido na região a ser tratada, iniciando pelas áreas menos


sensíveis do paciente.

g. Acompanhar a penetração do ácido pelo eritema que ele irá proporcionar.


Não se prender a tempo didático. Cada paciente é único.

h. Observação: o aparecimento de FROST (pontos brancos) significa que


houve uma penetração inadequada do produto.

158
PEELING QUÍMICO E FÍSICO │ UNIDADE IV

I. Retire o produto somente com água corrente em abundância, sem


esfregar o local.

II. Caso a pele fique muito sensível, realize compressas com soro fisiológico
gelado ou chá de camomila gelado. Nunca aplique máscara calmante

III. Orientação quanto aos produtos que devem ser de uso residencial.

IV. Por três dias não aplicar nenhum cosmético de revitalização, (de uso
residencial), somente um leve hidratante (Sensicalmine 3,0%) e filtro
solar.

V. Após esse período reiniciar o produto que contenha o ácido residencial.

VI. Alertar o paciente que poderá haver uma leve descamação.

VII. Aplicar o filtro solar e liberar o paciente (entre os itens 10 e 13, esse tempo
é necessário para observar o eritema residual que irá ocorrer).

Pós-peeling imediato

Durante dois ou três dias após a aplicação, é prudente utilizar hidratantes específicos
ao tipo de pele, filtro solar adequado UVA e UVB (deverão ser usados durante todo o
tratamento com muita responsabilidade). Não utilizar nenhum produto que contenha
ácido, nem tampouco a escova facial. Lavar e secar a face com delicadeza sem esfregar,
não forçar a remoção das crostas.

Se durante a aplicação ocorrer a formação de FROST, congelamento, mancha branca,


pode significar uma lesão da junção dermoepidérmica com consequente formação
de crostas de dois a três dias. As crostas quando eliminadas podem deixar uma lesão
inflamatória residual que deve ser tratada para que não deixe cicatrizes. Se houver uma
hipercromia no local, deve-se tratar com despigmentantes residenciais. Recomenda-se
o uso de pomada ou creme de hidrocortisona a 1 ou 2% por somente três a quatro dias.
Também é recomendado, e com muito sucesso, pomada de própolis a 10%, diariamente,
sobre o local já no primeiro dia pós-peeling.

Após três dias inicia-se o tratamento domiciliar de acordo com o tratamento proposto
(clareamento, acne, rejuvenescimento etc.). O ácido deve ser aplicado somente à noite
em concentrações compatíveis com o uso domiciliar.

159
UNIDADE IV │ PEELING QUÍMICO E FÍSICO

Quadro 29. Ácidos mais usados.

Ácido Ação
Glicólico Despigmentante, hidratante e queratolítico
Retinoico Queratolítico e esfoliante
Mandélico Renovador celular e clareador
Glicirrízico Anti-inflamatório e antialérgico
Hialurônico Hidratante, regenerador, restaurador dos tecidos
Salicílico Queratolítico e antifúngico
***Hidroquinona Despigmentante
Azeláico Antiacneico e despigmentante
Kójico Despigmentante e anti-irritativo
TCA – Tricloroacético Cáustico e vesicante
Alfa lipoico Antioxidante
Benzoico Fungistático e antisséptico
Fítico Despigmentante
*** não é um ácido, contudo é destaque na categoria.

Fonte: Taís Amadio Menegat, 2015.

Quadro 30. Como escolher o melhor ácido X distúrbios.

»» Ácido salicílico 10%


»» Ácido retinoico 5%
Acne grau i
»» Ácido glicólico 50%
»» Peeling combinados
»» Ácido salicílico 10%
»» Ácido retinoico 5%
Acne inflamatória »» Ácido glicólico 50%
»» Ácido mandélico 30%
»» Peeling combinados
»» Ácido salicílico 10%
»» Ácido retinoico 5%
Acne severa nódulo cística
»» Ácido mandélico 30%
»» Peeling combinados
»» Ácido salicílico 10%
»» Ácido retinoico 5%
Fotoenvelhecimento »» Ácido mandélico 30%
»» Gluconolactona 20%
»» Peeling combinados
»» Ácido salicílico 10%
»» Ácido retinoico 5%
»» Ácido glicólico 50%
Manchas hipercrômicas »» Resorcina 10%
»» Ácido mandélico 30%
»» Gluconolactona 20%
»» Peeling combinados
Fonte: Taís Amadio Menegat, 2015.

160
PEELING QUÍMICO E FÍSICO │ UNIDADE IV

Complicações do peeling químico

A melhor forma de minimizar complicações relacionadas com o peeling seria evitá-lo


nos pacientes de risco, como os seguintes:

»» História de má cicatrização de lesões e formação de queloide.

»» História de hiperpigmentação pós-inflamatória.

»» Pacientes que não querem ou não podem deixar de expor-se ao sol.

»» Pacientes que não obedecem às instruções.

»» História de pele extremamente sensível que fica irritada com facilidade,


com o uso da maioria dos produtos cosméticos.

»» Pacientes portadores do vírus HIV.

»» Indivíduos com pele Tipo IV-VI (FITZPATRICK). OBSERVAR O ÁCIDO


A SER USADO.

»» Pacientes em uso de isotretinoina ou que fizeram o seu uso em intervalo


menor que um ano. Pacientes com doenças cardíaca, hepática ou renal
severas.

Quando os procedimentos forem realizados, por meio do preparo pré-peeling, e


seguidas todas as recomendações pós-peeling, as complicações poderão ser mínimas.
Principalmente se for observada a foto proteção.

(CUNHA, 2014)

Eritema

Pela ativação da microcirculação dos capilares superficiais, ele pode ocorrer em alguns
pontos ou em toda a extensão da pele exposta ao princípio ativo. Evitar máscaras
calmantes, pois elas impediriam o efeito desejado do produto; aplicar somente
compressas frias de soro fisiológico ou água. (CUNHA, 2014)

Edema

Consequência do eritema intenso; se necessário, aplicar Dexametasona a 0,01% sob a


forma creme. (CUNHA, 2014)

161
UNIDADE IV │ PEELING QUÍMICO E FÍSICO

Frost

Epidermólise devida à coagulação proteica, a pele fica esbranquiçada e em relevo,


informar ao paciente que essa crosta sairá por si só e que não deve ser removida, pois
poderá ocasionar hiperpigmentação no local. (CUNHA, 2014)

Hiperpigmentação pós-peeling

Somente surgirá se a pele for exposta ao sol nas primeiras semanas. Trata-se de uma
mancha epidérmica, porém contornável com despigmentantes de uso contínuo, seguido
de um novo peeling. Embora possa ocorrer após qualquer tipo de peeling, observa-se
que o tipo de pele é fator determinante. Pessoas com pele clara (FITZPATRICK I-III)
apresentaram menos complicações. Pessoas com pele Tipo V (FITZPATRICK), com
descendência oriental, latina ou indiana desenvolvem mais alterações pigmentares
difusas, após peeling, com quaisquer agentes esfoliantes, que outros tipos de pele.
Pessoas com pele Tipo IV (FITZPATRICK) podem ser submetidas a peelings desde que
sejam observadas as linhas de demarcação entre a região esfoliada e não submetida a
esse procedimento, por exemplo, face e região cervical. (CUNHA, 2014)

Pacientes com pele Tipo VI (FITZPATRICK) podem ser submetidas a peelings por
agentes não fenólicos e desenvolver hiperpigmentação por 18 a 24 meses após essa
técnica. Outro fator determinante dessa complicação seria se a pele foi preparada para
esse procedimento. É preconizado o uso de ácido retinoico e Hidroquinona duas a três
semanas antes do peeling. Foi constatado que a gravidez, exposição ao sol, o uso de
anticoncepcionais orais, estrógenos, exógenos e drogas fotossensibilizantes, seis meses
após o peeling, podem ocasionar hiperpigmentação. (CUNHA, 2014)

Hiperpigmentação pós-inflamatória

É uma condição em que uma resposta inflamatória da pele leva ao desenvolvimento de


hiperpigmentação subsequente, mais associada a pacientes de pele escura. (CUNHA,
2014)

Pode desenvolver-se em quatro ou cinco dias após um peeling, ou até dois meses depois.
Está relacionada com uma tendência que algumas pacientes apresentam em exibir
hiperpigmentação por causa do traumatismo mínimo ou picadas de inseto, portanto, deve-
se questionar com as pacientes essa tendência previamente ao peeling. (CUNHA, 2014)

Cicatriz

É uma complicação que, quando acontece, é catastrófica. Ocorre mais frequentemente


após o ácido tricloroacético (TCA) a 50%, que é mais cáustico que o fenol. Os locais mais

162
PEELING QUÍMICO E FÍSICO │ UNIDADE IV

acometidos são os lábios, mento, malar, região perioral e a mímica facial. (CUNHA,
2014)

Curativos constritivos, ritidectomia prévia e excessiva mastigação ou verbalização são


fatores de risco hipotéticos. Pacientes de pele escura e história familiar prévia de cicatriz
hipertrófica são outros fatores predisponentes. (CUNHA, 2014)

Usualmente, a cicatriz ocorre até três meses pós-peeling. A utilização de corantes


ou permanentes, no couro cabeludo, na semana prévia a um peeling de fenol pode
ocasionar cicatriz. (CUNHA, 2014)

O dorso das mãos, antebraços, braços e região cervical são também mais acometidos
pela cicatriz; nesses casos a preferência é pelos peelings superficiais. Uso precedente de
isotretinoina, peelings e dermoabrasões prévias são fatores de risco. O intervalo entre
esses procedimentos e o peeling deve ser de seis meses; já com a isotretinoina o intervalo
deve ser de, pelo menos, um ano. É inegável que outros fatores ainda desconhecidos são
responsáveis pelo surgimento de cicatriz pós-peeling. (CUNHA, 2014)

A fibrose é uma complicação incomum do peeling químico. Parece ter relação direta
com a profundidade da própria descamação. (CUNHA, 2014)

Peelings reticulares são muito mais propensos a causar fibrose que os papilares. Uma
descamação intradérmica nunca deixa cicatriz. Muitos casos de fibrose são secundários
a outra complicação, como infecção, descamação prematura ou traumatismo no novo
tecido. (CUNHA, 2014)

Hipopigmentação

Surge quando a pele foi mal preparada. Um novo peeling pode reverter esse processo.
Ocorre uma estase temporária ou permanente na produção de melanina. Segundo
Rubin (Manual of Chemical Peels, 1995), qualquer agente que possa causar verdadeira
esfoliação poderá clarear a pele. Contudo, o clareamento é transitório, pois a formação
de melanina é contínua. À medida que o nível da descamação se aprofunda, a
hipopigmentação aumenta.

Caso se remova a espessura total da epiderme, o paciente apresentará alguma


hipopigmentação por dois ou três meses; então seria o tempo necessário para que
ocorra a repovoação de melanócitos na nova epiderme, ocasionando uma cor normal.
O peeling dérmico reticular, com qualquer agente esfoliante, sempre causa alguma
hipopigmentação permanente, devido à destruição de melanócitos. Portanto, em
peelings mais profundos, a repigmentação da pele descamada pode levar até três anos
para atingir seu nível máximo. Em 1980, evidenciaram-se 13% de hipopigmentação
163
UNIDADE IV │ PEELING QUÍMICO E FÍSICO

em pesquisa realizada com 588 cirurgiões plásticos que realizavam peeling com fenol.
A hipopigmentação é proporcional ao fenol aplicado.

Esse agente esfoliante produz hipopigmentação e não despigmentação, em realidade


não se observou diminuição do número de melanócitos, mas seu ligeiro aumento. Eles
sintetizam melanina e a distribuem para células epidérmicas. (CUNHA, 2014)

Infecção

As infecções associadas aos peelings são infrequentes. A incidência de infecções aumenta


com a profundidade do peeling. Isso ocorre porque as descamações que formam
crostas são mais propensas à colonização de bactérias. Foi constatado que, se ocorrer
uma higiene eficaz no pós peeling (por exemplo, água corrente, PV PI, clorexedine), as
infecções serão raras.

Vários micro-organismos podem causar infecções associadas aos peelings:

»» Patógenos bacterianos incomuns – Espécies de Stafilococos e


Streptococos.

»» Patógenos bacterianos incomuns – Espécies de Pseudomonas e


Enterobacter.

»» Herpes simples.

»» Cândida sp.

As manifestações de infecções precoces com quaisquer desses micro-organismos podem


ser semelhantes. Portanto, deve-se fazer uma cultura bacteriana de qualquer área
suspeita. A coloração de GRAM pode proporcionar uma informação útil rapidamente.

Os curativos oclusivos podem promover uma foliculite, onde pode ocorrer infecção
por Streptococos ou Stafilococos. As infecções por Pseudomonas ocorrem
repentinamente; acredita-se que acontecem quando o paciente entra em contato com
animais, adquire uma infecção hospitalar, quando a barreira da pele é removida ou pela
falta de cuidados durante a cicatrização. O herpes simples pode ser ativado pelo peeling.
Uma dor inesperada, no pós-peeling, pode refletir o aparecimento da infecção viral.
Pacientes com história positiva devem ser tratados profilaticamente com antivirais.
A cicatriz decorrente dessa infecção é rara.

(CUNHA, 2014)

164
PEELING QUÍMICO E FÍSICO │ UNIDADE IV

Milia

A milia surge como parte do processo de cicatrização. É mais comum após a dermoabrasão
do que após o peeling. Os cuidados pós-peeling profundo podem ocasioná-la devido à
oclusão das unidades pilo sebáceas com unguentos. Pacientes com pele oleosa são de
maior risco, mas isso não está totalmente esclarecido. (CUNHA, 2014)

Eritemas persistentes

São aqueles que persistem por um ou dois dias pós peeling. Se necessário, aplicar
máscaras com Dexametasona 0,01 %, compressas geladas, que promovam a
vasoconstrição. Pode-se complementar o tratamento com vitamina K1 à noite. Porém,
em peelings mais profundos usualmente desaparecem entre 30 e 90 dias após o peeling,
dependendo do agente esfoliante, usualmente após 30 dias no peeling superficial
(médico), 60 dias após o peeling médio e 90 dias após o peeling de fenol. Entretanto,
os pacientes apresentam variações com relação ao tempo de duração, especialmente se
estão em uso de tretinoína. O uso de isotretinoína prévio, fatores genéticos e o uso de
bebidas alcoólicas podem interferir nessa complicação. Áreas de eritema persistente
três semanas após um peeling devem ser vistas como precursores definitivos de fibrose e
precisam ser tratadas de maneira enérgica. Em geral, essas áreas são vermelho-escuras
ou vermelho-purpúreas, ao contrário das vermelho-brilhantes vistas inicialmente após
um peeling. (CUNHA, 2014)

Atrofia

Pode ocorrer após múltiplos peelings, mas não é vista após peelings superficiais ou
médios múltiplos do ácido tricloroacético. Pode ocorrer, também, após o uso de um
agente que agrida profundamente a pele sensível e fina; nesse caso, por exemplo, a
região periorbital após um peeling de fenol. A pele não está atrófica histologicamente
após o peeling. (CUNHA, 2014)

Alterações da textura da pele

O alargamento dos poros pode ocorrer, no peeling, devido à remoção do estrato córneo,
mas é aparentemente temporário. (CUNHA, 2014)

Acne

O estímulo do ácido pode desencadear o surgimento de novas erupções, porém é


relativamente normal, e com o passar das sessões esse efeito irá diminuir. Podem-se
associar agentes bactericidas ou secativos. (CUNHA, 2014)
165
UNIDADE IV │ PEELING QUÍMICO E FÍSICO

Sensibilidade ao frio

Ocorre, com frequência durante o uso do ácido retionoico e após peeling médio de
laser com ou sem o ácido tricloroacético. Apresenta-se como edema ou urticária em
locais próximos ou em média distância da área esfoliada, por curtos períodos de tempo.
Ardência local, prurido e sensibilidade exarcebada podem se relatadas associadas à
sensação de queimação ou cefaleia, e esta pode persistir por algumas horas pós-peeling.
A realização de testes (Cryopatch) não é garantida, devido à raridade dessa complicação.
(CUNHA, 2014)

Contraindicações

Absolutas:

»» cicatrizes recentes;

»» período pós-operatório imediato de peelings profundos;

»» lesões ativas de herpes zoster;

»» processos carcinogênicos;

»» qualquer alteração orgânica significativa.

(BORGES, 2006)

Relativas:

»» peles altamente sensíveis;

»» presença de eritema proveniente de uso agressivo do ácido retinoico em


altas concentrações;

»» esfoliante do tipo resorcina;

»» ácido salicílico e outros;

»» eritema solar;

»» depilação com uso de cera quente;

»» uso de medicações irritantes nas 48h que antecedem o peeling.

A melhor forma de minimizar complicações relacionadas com o peeling seria não


realizar ou realizar com muita cautela nos seguintes pacientes de risco:

166
PEELING QUÍMICO E FÍSICO │ UNIDADE IV

»» Histórico de má cicatrização de lesões e formação de queloides.

»» Histórico de hiperpigmentaçao pós-inflamatória.

»» Pacientes que não querem ou não podem deixar de expor-se ao sol.

»» Pacientes que não obedecem as instruções.

»» Histórico de pele extremamente sensível que se irrita com facilidade até


mesmo com uso de cosméticos.

»» Pacientes portadores de hiv sem controle mensal.

»» Pacientes com grandes recidivas de herpes simples.

»» Fototipos iv a v.

»» Pacientes que usam ou usaram isotretinoìna em um intrevalo menor que


um ano e meio.

»» Pacientes com doenças cardíacas, renais ou hepáticas severas.

»» Pacientes com patologias oncológicas.

(BORGES, 2006)

Formulações magistrais para peeling

Ácido glicólico

Principal veículo: solução aquosa, gel.

Indicação: peeling.

Modo de usar: em consultório.

Intervalo das sessões: semanal ou quinzenal.

Concentrações:

»» 30% - pH 1,8.

»» 50% - pH 1,8.

»» 70% - pH 1,8.

167
UNIDADE IV │ PEELING QUÍMICO E FÍSICO

Estes pHs seriam os ideais, mas devem variar conforme a tecnologia da farmácia em
estabilizar o produto.

Observar a alteração de coloração e ardor.

Remover quando o paciente referir ardor e se observar leve eritema (máximo 5 min).

(MENEGAT, 2015)

Ácido glicólico 40% + resorcina 10% + ácido


salicílico10%

Excelente para peles oleosas e acneicas.

Principal veículo: gel.

Modo de usar: em consultório.

Intervalo das sessões: quinzenal.

pH o mais baixo que se consiga estabilizar: (1,8 pH).

Remover quando o paciente referir ardor e se observar leve eritema (máximo 5 min).

(MENEGAT, 2015)

Ácido mandélico de 20 a 50 %

pH 2,0 A 3,0

Principal veículo: gel e solução gelificante.

Intervalo das sessões: semanal ou quinzenal.

Retirar quando perceber hiperimia ou ardor do paciente. Lavar com água abundante
(máximo 5 min)

(MENEGAT, 2015)

Ácido glicólico 20% + ácido kójico 10%

pH o mais próximo de 1,8.

Indicado para peles com manchas hipercrômicas.

Aplicação em consultório: quinzenal.

168
PEELING QUÍMICO E FÍSICO │ UNIDADE IV

Remover quando o paciente referir ardor e se observar leve eritema (máximo 5 min)

Ácido kójico: ácido orgânico obtido pela fermentação do arroz. Excelente clareador e
renovador celular.

(MENEGAT, 2015)

Pasta de ácido glicólico 18%

Ph 3,0.

Uso em consultório para remover a oleosidade e o extrato córneo, efeito queratolítico,


condiciona a pele para as extrações.

Principal veículo: creme.

Aplicar por quatro a sete minutos, porém deve-se observar a hiperimia ou ardor do
paciente, retirar e neutralizar com água abundante.

Número de sessões pode variar de duas a seis. Com intervalos semanais ou quinzenais.

(MENEGAT, 2015)

Ácido glicólico 30% + ácido láctico 15%

pH 3.5.

Gel fluido.

Uso em consultório para remover o estrato córneo e aumentar a hidratação.

Aplicar por quatro a sete minutos, porém deve-se observar a hiperemia ou ardor
do paciente, retirar e neutralizar com água abundante. Com intervalos semanais ou
quinzenais.

(MENEGAT, 2015)

Ácido glicólico 30% + ácido málico 4% + ácido láctico


15%

pH 3,5

Gel fluido Qsp.

Ácido málico: ácido orgânico obtido por meio da biotecnologia, presente em alguns
frutos como a maçã verde e a pera. Hidratante, regenerador da epiderme, esfoliante
169
UNIDADE IV │ PEELING QUÍMICO E FÍSICO

e antienvelhecimento. Aplicar por quatro a sete minutos, porém deve-se observar a


hiperemia ou ardor do paciente, retirar e neutralizar com água abundante. Com
intervalos semanais ou quinzenais.
(MENEGAT, 2015)

Ácido mandélico 20% + ácido salicílico 10%

pH 2,5

Gel fluído Qsp. Aplicar por um a dois minutos, porém deve-se observar a hiperemia ou
ardor do paciente, retirar e neutralizar com água abundante. Com intervalos semanais
ou quinzenais.

Ácido láctico: ácido orgânico incolor e xaroposo, que exerce importante função
metabólica. Obtido pela fermentação da lactose, excelente propriedade hidratante.
(MENEGAT, 2015)

Ácido mandélico 20% a 50%

pH 2,5. Principal veículo: gel.

Aplicar sob a forma de máscara, em consultório.

Frequência: semanal ou quinzenal. Deixar agir por três a cinco minutos, ou conforme
hiperemia ou ardor do paciente. Indicação: pele fotoenvelhecida, hiperpigmentada,
acneica. Remover com água abundante.
(MENEGAT, 2015)

Peeling enzimático

BROMELINA 2%...: quebra proteína (filigrina).

PAPAÍNA 2%...: hidrolisa proteínas, pectinas, açucares e lipídios.

Propriedades esfoliantes.

Procedimento semanal.

Deixe agir por aproximadamente dez minutos. Observar hiperemia e ardência. Esfregar
como gomagem.

Se o veículo for gomagem, deixar agir por 20 min.

Gel ou gel creme gomagem Qsp... 50 g.


(MENEGAT, 2015)

170
PEELING QUÍMICO E FÍSICO │ UNIDADE IV

Solução de Jessner

É preferível manipular sob a forma gel fluido apesar de a forma consagrada ser a líquida.

Resorcina... 14%.

Ácido salicílico. 14%.

Ácido lático (85%) 14%.

Álcool 95% QSP... 100 ml ou a critério.

(MENEGAT, 2015)

Ácido retinoico

Ácido Retinoico 1% A 5 % a critério. GEL QSP... 30 ml ou a critério.

Aplicações quinzenais ou semanais (dependendo da espessura da pele) até quatro


horas de exposição. Indicações: acne, seborreia, manchas solares, rugas finas, linhas de
expressão e estrias.

(MENEGAT, 2015)

Ácido salicílico

Ácido salicílico de 2% até 10%% para uso em consultório.

Álcool 95% Qsp 30 ml ou a critério.

Indicações: acne comediana, seborreia da pele.

Aplicações semanais até sete minutos, lavar em água corrente.

Antes da aplicação, a pele deverá ser desengordurada com solução alcoólica, (álcool
PA). Após o peeling deverão ser realizadas compressas frias de soro fisiológico para
acalmar a ardência da pele.

Ação queratoplástica até 2%, e acima de 2% ação queratolítica.

Usado em hiperqueratoses, em concentrações até 10%.

(MENEGAT, 2015)

171
UNIDADE IV │ PEELING QUÍMICO E FÍSICO

Polihidroxiácido G4 / PAHAs gluconolactona

Uso residencial:

»» gel de limpeza e tônico com 1% de gluconolactona;

»» hidratante diurno com 4% de gluconolactona;

»» creme noturno com 8% de gluconolactona. Em uso consultório:

20 a 30% em gel fluido uma vez na semana, aplicar durante 20 a 30 min, ou conforme
a sensibilidade do paciente, lavar com água abundante.

(MENEGAT, 2015)

Pós-peeling: spray hidratante e anti-inflamatório

Hidroviton...................................................10%.

Renovhyal.....................................................1%.

Grevelline......................................................2%.

Gel de Aristoflex 0,6% qsp.......................120ml.

Borrifar sobre a face quatro vezes ao dia.

(MENEGAT, 2015)

172
CAPÍTULO 3
Peeling físico

Provoca a esfoliação da pele utilizando cristais de hidróxido de alumínio (peeling de


cristal), ou usando uma caneta com ponta de lixa diamantada (peeling de diamante,
dermoabrasão). O processo repetitivo de esfoliação funciona como uma lixa, que
retira as células mortas e estimula o colágeno. Pode ser utilizado no corpo e na face.
(SAMPAIO, 2000)

Microdermoabrasão

O Peeling de Cristal, ou “Lunch peeling”, como é conhecido nos EUA, é um método


italiano que utiliza um aparelho que lança sobre a pele microcristais de óxido de
alumínio, que causam uma microabrasão sobre a pele. São inúmeras as suas indicações,
que têm por base o incremento da mitose celular fisiológica, afinamento do tecido
epitelial, clareamento das camadas da epiderme, foliculite, atenuação e prevenção de
estrias. (SAMPAIO, 2000)

O atendimento se dá por meio de um equipamento gerador de pressão negativa


e pressão positiva simultâneas, em que são utilizados microgrânulos de óxido de
alumínio, jateados pela pressão positiva sobre a superfície cutânea, uma velocidade
passível de controle, provocando erosão nas camadas da epiderme sendo, ao mesmo
tempo, sugados pela pressão negativa - tanto os resquícios de microcristais como células
córneas em disjunção. (BAUMANN, 2004)

Ainda nessa categoria temos o Peeling de Diamante, onde se utiliza uma ponteira
diamantada, somente com pressão negativa, causando sensação de lixamento, que
é efetuado por meio de movimentos executados pelo fisioterapeuta. As ponteiras
devem ser descartáveis, já que elas se mantêm diretamente em contato com a pele,
preferencialmente também devem ser transparentes, possibilitando a visualização da
erosão cutânea desejada. (BAUMANN, 2004)

É indicada para:

»» Pré-cirurgia plástica: de grande importância no afinamento do tecido


epitelial, aumentando a qualidade da elasticidade e hidratação do tecido
pelo incremento da síntese proteica.

173
UNIDADE IV │ PEELING QUÍMICO E FÍSICO

»» Pré-tratamento de revitalização: diminuição da impedância da pele,


incremento ao aporte sanguíneo, afinamento dos corneócitos, permitindo
a passagem e a penetração de determinados ativos indicados, dando
ênfase a uma das principais funções da pele que é a absorção/permeação.

»» Rugas finas: conhecida nos EUA como efeito “lunch peel (peeling da hora
do almoço)”, devido ao tempo utilizado, cerca de 30 minutos, promovendo
o afinamento do tecido epitelial, melhora da neovascularização com
aumento considerado da colagenese.

»» Peles lipídicas: diminui o calibre dos óstios, controlando o processo de


exacerbação sebácea e possível manifestação acneiforme.

»» Discromias: difusas e circunscritas e fotoenvelhecimento ─ promove o


clareamento epitelial, pela ação esfoliativa sobre a camada córnea da
epiderme; exerce ação de incremento local em casos de hipopigmentação,
induzindo à formação melânica; atua como agente de adsorção da
melanina pré-formulada na epiderme.

»» Sequelas de acne: permite o nivelamento tecidual, pelo lixamento de suas


extremidades e incremento proteico na região depressiva. O resultado é
a sensação de uma pele renovada, visivelmente mais delgada e suave ao
tato.

»» Foliculite: favorece a diminuição do excesso de células compactadas e


queratinizadas da capa córnea da epiderme, permitindo a expulsão do
filamento derivado do folículo piloso.

»» Hiperqueratose: descompactação das camadas superficiais da epiderme


com afinamento do tecido epitelial.

»» Estrias: promove uma lesão local induzida a uma regeneração do tecido


acometido pela estria, proporcionando um aumento na síntese proteica
pelo estímulo dos fibroblastos, permitindo uma neovascularização.

A microdermoabrasão pode ser realizada por gestantes, tendo contraindicação somente


em indivíduos com lesões de pele.

(SAMPAIO, 2000)

Microdermoabrasão com cristais: é uma técnica de esfoliamento não cirúrgico que


consiste na projeção sobre a pele de microcristais de hidróxido de alumínio quimicamente

174
PEELING QUÍMICO E FÍSICO │ UNIDADE IV

inertes, Utiliza-se de equipamento que permite a regulação dos níveis de esfoliamento


sob pressão assistida. (BAUMANN, 2004)

Passo a passo do peeling de cristal:

»» Para começar o tratamento, a pele deve estar bem limpa. É aplicado um


gel de limpeza facial para retirar todas as impurezas e maquiagem da
pele.

»» Para tirar a oleosidade, é passada uma loção adstringente com algodão.

»» Com os olhos protegidos inicia-se a aplicação do peeling com movimentos


de vai e vem sobre o rosto. O grau de pressão que é aplicado o aparelho
contra a pele pode ser superficial, médio ou profundo, dependendo do
tratamento que foi indicado.

»» Com o próprio aparelho são retirados os cristais que ficaram na pele.

»» Passa-se uma loção tônica para retirar o que sobrou do produto e, para
finalizar, o protetor solar que é aconselhável a todos os tipos de pele.

Microdermoabrasão diamond tip (peeling de diamante)

Método de “lixamento” da pele que utiliza ponteiras diamantadas conectadas à sucção,


que elimina a camada superficial da pele. Técnica realizada sem uso de anestésico, e
de recuperação rápida. Indicado no tratamento de pequenas rugas e sequelas de acne.
Assim como o peeling, existem as máscaras faciais que normalmente apostam no efeito
tensor imediato, disfarçando temporariamente as linhas de expressão. Mas também há
fórmulas que combatem a ação dos radicais livres e aquelas com difusores óticos, que
rebatem a incidência da luz, camuflando os sinais do tempo. (BAUMANN, 2004)

Cada máscara tem sua ação específica como:

»» Ação nutritiva: deve conter vitaminas e minerais em sua formulação.

»» Ação hidratante: precisa ser formulada com potássio ou cristais de oliva.

»» Ação limpadora: formulada com argilas e ácidos específicos, como lático


e glicólico.

»» Ação anti-idade: deve conter peptídeos, proteínas e aminoácidos.

175
UNIDADE IV │ PEELING QUÍMICO E FÍSICO

»» Ação clareadora: precisa oferecer vitamina C, ácidos específicos como o


mandélico, extrato de folha de uva.

»» Ação firmadora: os melhores ativos são as argilas e os peptídeos.

Passo a passo do peeling de diamante:

»» É aplicado um gel de limpeza facial para tirar todas as impurezas e


maquiagem da pele.

»» Para tirar a oleosidade, é passada uma loção adstringente com algodão.

»» Escolhe-se qual ponteira será usada (depende do grau de profundidade


que vai ser aplicado na pele).

»» Passa-se a ponteira por todo o rosto, provocando uma esfoliação e sucção


de células mortas.

»» Passa-se uma loção tônica para retirar o que sobrou do produto e, para
finalizar, o protetor solar que é aconselhável a todos os tipos de pele.

176
Para (não) Finalizar

O conteúdo dessa disciplina é muito extenso em relação ao atendimento e à prática


que ele requer. Com base nisso, é necessário não só o conhecimento teórico que se
obteve aqui, mas também é primordial que, depois dessa especialização, se procure
cursos práticos/aprimoramentos para que sejam aperfeiçoadas as devidas técnicas a
partir do conhecimento adquirido, a fim de se tornar um profissional qualificado nelas.
O conhecimento precisa ser renovado e ampliado constantemente, já que a pesquisa
avança a cada dia; por esse motivo, nunca pare de ler, estudar e se aprimorar em novas
técnicas. Quero que me tenham não só como uma professora que lecionou um módulo,
mas uma professora para vida toda, contem sempre comigo para qualquer coisa que
precisarem, adoro poder ajudar sempre.

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