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Projecto de um ventilador mecânico a ar comprimido com vista a auxiliar as unidades de saúde no

tratamento dos infectados pelo covid-19

INSTITUTO SUPERIOR DE TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES

PROJECTO DE UM VENTILADOR MECÂNICO A AR COMPRIMIDO


COM VISTA A AUXILIAR AS UNIDADES DE SAÚDE NO
TRATAMENTO DOS INFECTADOS PELO COVID-19

Sócrates Miguel Macuácua Mabote

Marco Teórico do PFC

Licenciatura em Engenharia Mecânica e de Transportes

Eng. Paxis Marquês Roque

Departamento de Tecnologias Mecânicas e Transportes

Outubro, 2020
Projecto de um ventilador mecânico a ar comprimido com vista a auxiliar as unidades de saúde no
tratamento dos infectados pelo covid-19

ÍNDICE

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO ................................................................................................... 4

1.1. Justificação do tema ......................................................................................................... 4

1.2. Problemática ..................................................................................................................... 4

1.3. Problema de estudo .......................................................................................................... 5

1.4. Objecto de estudo ............................................................................................................. 5

1.5. Objectivos da investigação ............................................................................................... 5

1.5.1. Objectivo Geral ......................................................................................................... 5

1.5.2. Objectivos específicos .............................................................................................. 6

1.6. Hipóteses .......................................................................................................................... 6

1.7. Variáveis de investigação ................................................................................................. 6

1.8. Perguntas de investigação ................................................................................................ 6

1.9. Metodologia ..................................................................................................................... 7

1.9.1. Abordagem ................................................................................................................ 7

1.9.2. Tipo de pesquisa ....................................................................................................... 7

1.9.3. Técnicas/instrumentos para a recolha de dados ........................................................ 7

1.9.4. Técnicas/instrumentos para o tratamento e análise de dados .................................... 7

1.9.5. Tarefas da investigação ............................................................................................. 8

1.9.6. Contribuições da investigação .................................................................................. 8

1.9.7. Cronograma............................................................................................................... 8

CAPÍTULO-2 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................... 9

2.1. Teoria da ventilação mecânica ............................................................................................. 9


Projecto de um ventilador mecânico a ar comprimido com vista a auxiliar as unidades de saúde no
tratamento dos infectados pelo covid-19

2.1.1. Covid-19 ..................................................................................................................... 10

2.1.1.1. Introdução............................................................................................................ 10

2.1.1.2. Evolução em Moçambique .................................................................................. 10

2.1.2. O sistema respiratório ................................................................................................. 11

2.1.3. Mecânica de ventilação .............................................................................................. 16

2.1.4. Sistemas a ar comprimido........................................................................................... 19

2.1.5. Evolução histórica dos ventiladores mecânicos ......................................................... 23

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................... 24

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela I: Pressões na respiração. ............................................................................................................... 13

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura I: Anatomia básica do sistema respiratório. ................................................................................... 12


Figura II: Pressões na respiração representadas no corpo humano. .......................................................... 14
Figura III: Compressibilidade do ar. ......................................................................................................... 21
Figura IV: Produção, distribuição e tratamento do ar comprimido. .......................................................... 22
Figura V: Ilustração do pulmão de aço de Drinker e Shaw. ...................................................................... 23
Projecto de um ventilador mecânico a ar comprimido com vista a auxiliar as unidades de saúde no
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CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO

1.1. Justificação do tema


Este projecto visa auxiliar as unidades de saúde nacional no tratamento dos infectados pelo
covid-19, projectando um “ventilador mecânico a ar comprimido” económico (aquisição e
consumo) e ecológico. O covid-19 causa graves problemas respiratórios aos infectados, dai que a
demanda por ventiladores mecânicos disparou pelo mundo.

A relevância deste tema é indiscutível, devido ao elevado valor de compra dos ventiladores, a
escassez dos mesmos nas unidades de saúde é muito elevada, pretende-se neste projecto resolver
esse problema existente em Moçambique, projectando um ventilador mecânico eficiente e a
custo acessível, para que todas as unidades de saúde, principalmente nas zonas rurais, possuam
um ventilador mecânico para ajudar no tratamento dos pacientes infectados.

Devido a sua fonte de energia (ar atmosférico), este projecto pode ser bastante importante nas
zonas em que há falta de corrente eléctrica ou em zonas com cortes frequentes de energia,
resolvendo assim grandes problemas que as unidades de saúde possam enfrentar nessas regiões,
uma vez que os ventiladores mecânicos existentes no mercado funcionam a base da corrente
eléctrica.

Espera-se que o projecto seja implementado nas unidades de saúde nacional, principalmente nas
zonas rurais em que a falta de corrente eléctrica é um problema sério, uma vez que este projecto
consiste num ventilador que não necessita de corrente eléctrica para o seu funcionamento.

1.2. Problemática
A ideia deste projecto surgiu devido a propagação do covid-19 no mundo e especialmente em
Moçambique, é sabido que este vírus causa problemas respiratórios aos infectados e como
consequência disso são necessários ventiladores mecânicos pulmonares nas unidades de saúde
para que os portadores do vírus possam ser tratados.

O vírus tem vindo a se alastrar em Moçambique, podendo ocasionar um colapso do nosso


sistema de saúde, devido a diversos factores, um deles seria a falta de respiradores ou

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ventiladores mecânicos, pois o covid-19 tem como um dos sintomas, o enfraquecimento do


sistema respiratório dos doentes, sendo inequivocamente indispensável a presença de
ventiladores mecânicos pulmonares nas unidades de saúde.

Varias regiões de Moçambique enfrentam a problemática da corrente eléctrica,


consequentemente os hospitais, caso não possuam geradores de energia eléctrica, podem ficar as
escuras. Este é um factor negativo, principalmente para os infectados pelo covid-19 em estado
avançado, pois podem necessitar de ventiladores mecânicos pulmonares, sendo que a maioria
destes equipamentos existentes no mercado funcionam a base da corrente eléctrica. Dai que é
necessária a busca de fontes alternativas de energia, por isso que o ventilador mecânico
idealizado neste projecto não necessita da corrente eléctrica para o seu funcionamento, mas sim
do ar atmosférico, que é um recurso renovável e abundante na natureza.

1.3. Problema de estudo


O que pode ser feito para ajudar as unidades de saúde nacionais no que concerne aos ventiladores
mecânicos para o tratamento dos infectados pelo covid-19?

Uma vez que os mesmos possuem um elevado custo no mercado, sendo este um inconveniente,
pois varias unidades de saúde podem ficar sem ventiladores, sem contar que estes funcionam a
base da corrente eléctrica e varias regiões de Moçambique possuem dificuldades neste aspecto.

1.4. Objecto de estudo


O objecto de estudo deste trabalho é a projecção de um ventilador mecânico a ar comprimido
para ajudar as unidades de saúde no tratamento dos infectados pelo covid-19, sendo
indispensável que este seja económico em termos de aquisição, uso e manutenção, para que todas
as unidades de saúde possam dispor destes equipamentos, inclusive as unidades de saúde das
regiões sem corrente eléctrica.

1.5. Objectivos da investigação

1.5.1. Objectivo Geral


Projecção de um ventilador mecânico a ar comprimido económico e ecológico para ajudar as
unidades de saúde nacionais no tratamento dos infectados pelo covid-19

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1.5.2. Objectivos específicos


 Fundamentação dos ventiladores mecânicos;
 Fundamentação dos motores a ar comprimido;
 Evolução do covid-19 no mundo e em Moçambique;
 Problemas respiratórios que o covid-19 causa aos infectados.

1.6. Hipóteses
 Hipótese principal

Ventiladores mecânicos que requerem fontes renováveis de energia como por exemplo o ar
atmosférico podem ser extremamente importantes para as unidades de saúde das regiões sem
corrente eléctrica;

 Hipótese secundária

Ventiladores mecânicos a baixo custo de aquisição, manuseamento e manutenção podem criar


condições para que todas unidades de saúde nacional possam dispor destes equipamentos.

1.7. Variáveis de investigação


 Consumo de energia dos ventiladores mecânicos convencionais/existentes no mercado;
 A gestão dos ventiladores mecânicos nas unidades de saúde nacional;
 A eficiência dos ventiladores mecânicos existentes no mercado;
 Existência ou não de ventiladores mecânicos nas unidades de saúde das zonas rurais.

1.8. Perguntas de investigação


 É possível reduzir o consumo de energia dos ventiladores mecânicos existentes nas
unidades de saúde nacional?
 É possível criar condições para que todas as unidades de saúde nacional disponham de
ventiladores mecânicos para o tratamento dos pacientes?

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1.9. Metodologia
Neste presente trabalho, tendo em conta o objectivo geral, aplicar-se-á o método dedutivo. Será
aplicada uma pesquisa exploratória, pois não se pretende apenas a fundamentação teórico-
científica do tema, mas também a elaboração de um modelo eficiente e sustentável.

Empregar-se-á também a pesquisa aplicada, uma vez que pretende-se a resolução de um


problema concreto, que é a problemática dos ventiladores/respiradores nas unidades de saúde
nacional.

Para a recolha de dados serão feitas visitas às unidades de saúde nacionais, bem como diálogos
intensos com os técnicos responsáveis pela manutenção dos ventiladores mecânicos e os dados
serão analisados cuidadosamente através de repositórios e bases de dados.

1.9.1. Abordagem
A abordagem será teórico-prática, conciliando os aspectos teóricos relacionados com o projecto
aprendidos durante o curso e as questões práticas, pois pretende-se projectar um sistema que tem
uma elevada utilidade prática.

1.9.2. Tipo de pesquisa


Realizar-se-á uma pesquisa exploratória, com uma abordagem quantitativa, pois serão usados
dados numéricos para maior precisão do trabalho. As informações serão obtidas no campo,
através de visitas e diálogos com pessoas especializadas, bem como através de pesquisas
bibliográficas para maior consolidação das informações, usando procedimentos experimentais
para que se possam analisar as diversas variáveis patentes no trabalho.

1.9.3. Técnicas/instrumentos para a recolha de dados


Para a recolha de dados serão realizados questionários, medições e observações de fenómenos
relacionados com o tema do projecto para a sua melhor elaboração.

1.9.4. Técnicas/instrumentos para o tratamento e análise de dados


Os dados serão analisados recorrendo a “softwares” especializados, devido à complexidade do
projecto.

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1.9.5. Tarefas da investigação


 Projectar um ventilador mecânico a ar comprimido para auxiliar as unidades de saúde no
tratamento dos infectados pelo covid-19;
 Garantir que o ventilador mecânico a projectar tenha o mínimo de poluição ambiental
possível;
 Projectar um ventilador mecânico a ar comprimido eficiente e económico em termos de
aquisição, uso e manutenção.

1.9.6. Contribuições da investigação


Contribuir para o tratamento dos infectados pelo covid-19 idealizando um ventilador mecânico a
ar comprimido eficiente e económico para que todas as unidades de saúde, inclusive as
localizadas nas regiões sem corrente eléctrica, possam dispor destes equipamentos.

1.9.7. Cronograma
Meses

Actividades Ago. Set. Out. Nov. Dez. Jan. Fev. Mar. Maio Jun.

Escolha do tema

Revisão
bibliográfica

Entrega da
proposta de tema
para o PFC

Pesquisa de
campo

Realização de
actividades
práticas

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Entrega do marco
teórico

Revisão da
Literatura

Redigir o
documento

Revisão do
documento

Entrega do
relatório final

CAPÍTULO 2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Teoria da ventilação mecânica


Ventilação mecânica (VM) é o processo de suporte ou substituição da respiração espontânea para
o tratamento de pacientes com insuficiência respiratória aguda ou crónica agudizada.(Girardi et
al. 2020)

Ventilação mecânica é a modalidade da medicina mais importante no cuidado a pacientes


criticamente enfermos. Entender o motivo pela qual a respiração é essencial a vida, ou seja, a
função fisiológica da ventilação, entretanto não era intuitivamente aparente. Levou milhares de
anos e um caminho difícil, incluindo avanços em campos completamente distintos antes que a
espécie humana adquirisse um entendimento com relação a ventilação.(Da Silva 2011)

Com os avanços da informática e da tecnologia, os ventiladores mecânicos mudaram não só na


aparência como também no sistema de funcionamento, com muitas opções de modos
ventilatórios, recursos e interfaces avançados. Os ventiladores mecânicos actuais são sistemas

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complexos controlados por microprocessadores. Essa sofisticação requer adequado manuseio,


conhecimento sobre as indicações e os ajustes dos parâmetros, pois pacientes mecanicamente
ventilados têm alto risco de mortalidade. Por isso, as técnicas de ventilação mecânica e os modos
de ventilação devem ser escolhidos não apenas com base na patologia pulmonar, hemodinâmica,
oxigenação e mecânica pulmonar, mas também na familiaridade do profissional de saúde que
manuseia o ventilador mecânico.(Girardi et al. 2020)

A ventilação mecânica pode ser realizada de maneira invasiva (tubo endotraqueal ou tubo de
traqueostomia) ou não-invasiva (“probe” nasal, máscara laríngea ou máscara facial).(Fonseca da
Cruz 2005)

2.1.1. Covid-19

2.1.1.1. Introdução
Em Dezembro de 2019, a China identificou um surto de uma síndrome respiratória aguda em
trabalhadores de um mercado de alimentos e animais vivos em Wuhan, causado por um novo
coronavírus (SARS-CoV-2). Esse vírus é pertencente à família Coronaviridae e provoca a
doença respiratória denominada COVID-19.(Marinelli, Albuquerque, and De Sousa 2020)

Os impactos dessa doença começaram a ser percebidos no sector saúde e na economia mundial
no início de 2020.

O SARS-CoV-2 tem alta transmissibilidade, que se dá pelo contacto de pessoa a pessoa e por
meio de fômites, podendo permanecer viável em superfícies do ambiente por mais de 24 horas.

A síndrome respiratória aguda provocada por ele pode variar de casos leves (cerca de 80%) a
casos muito graves com insuficiência respiratória (5% a 10%). A letalidade também é variável,
dependendo da faixa etária e de condições clínicas associadas.(Marinelli, Albuquerque, and De
Sousa 2020)

2.1.1.2. Evolução em Moçambique


A história do surgimento e da evolução da COVID-19 é bem conhecida por todos, desde que, em
Dezembro de 2019 surgiram os primeiros casos na República Popular da China.

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Na altura, esta era uma doença desconhecida, sabendo-se apenas que era causada por um novo
tipo de Coronavírus, conhecido como SARS-CoV-2. Rapidamente a doença propagou-se para
outras geografias e, no dia 11 de Março de 2020, a OMS declarou a COVID-19 como uma
Pandemia.

Atento à situação, o Governo de Moçambique adoptou imediatamente, medidas restritivas,


equilibradas e ajustadas ao contexto do país visando evitar a propagação desta doença. Na altura,
Moçambique não tinha registo de qualquer infecção por COVID-19, facto que veio a ocorrer no
dia 22 de Março.

No dia 25 de Março, o Conselho de Ministros criou a Comissão Técnico- Científica para a


Prevenção e Resposta à Pandemia da COVID-19, um órgão de consulta e assessoria técnica ao
Governo.

Dada a evolução da situação no mundo, muito em particular em Moçambique, declarou-se na


semana seguinte o Estado de Emergência por Calamidade Pública, por um período de 30 dias.
Nessa altura, o número de casos era menos que uma dezena.

Na vigência da primeira declaração de Estado de Emergência, de 1 a 30 de Abril, o número de


casos evoluiu para 76, número que foi subindo, ao longo das prorrogações subsequentes.
Evolução similar ocorreu na nossa região, no continente africano e em todo o mundo.

Durante o período da vigência do Estado de Emergência, a evolução da epidemia da COVID-19


em Moçambique foi caracterizada por:

 Aumento do número de casos, hospitalizações e óbitos;


 Alteração do padrão de transmissão;
 Alastramento da transmissão do vírus para todas as províncias do País e para um
crescente número de distritos.

2.1.2. O sistema respiratório


O metabolismo celular necessita de oxigénio ( O2 ) além de outros nutrientes, gerando produtos
finais dentre os quais se encontra o dióxido de carbono ( CO 2 ). Os mamíferos e outras classes de

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animais utilizam dois sistemas para o processo de transporte desses gases entre as células e o
ambiente: o sistema circulatório e o sistema respiratório.(Fonseca da Cruz 2005)

O sistema respiratório é formado por um trato respiratório superior e inferior. No superior


encontramos a cavidade nasal, os seios paranasais, a nasofaringe e a laringe que possuem a
função de filtrar, humedecer e ajustar a temperatura do ar. E no trato inferior podem ser
observados a traqueia e os pulmões, os quais contém entre outras estruturas brônquios,
bronquíolos e os alvéolos (Figura I). (Pelotas 2019)

Figura I: Anatomia básica do sistema respiratório.

Fonte:(Pelotas 2019)

2.1.2.1. Respiração
A principal função da respiração é prover oxigénio às células do corpo e remover o excesso de
dióxido de Carbono. O ar, como a água, flui de uma zona de alta pressão para uma de baixa
pressão. Para que ocorra inspiração a pressão alveolar deve ser menor que a pressão atmosférica.
Para ocorrer a expiração, a pressão alveolar deve ser maior que a pressão atmosférica. Então a
diferença de pressão para a inspiração pode ser produzida de duas formas, baixar a pressão
alveolar em relação à pressão atmosférica (respiração por pressão negativa ou natural) ou
subir artificialmente a pressão externa (respiração por pressão positiva).(Cajacuri 1997)

O processo de respiração pode ser dividido em quatro etapas: ventilação pulmonar, difusão de
oxigénio e dióxido de carbono entre os alvéolos o sangue, transporte de oxigénio e dióxido de

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carbono no sangue e nos líquidos orgânicos para dentro e para fora das células, e regulação da
respiração.

A ventilação pulmonar, que significa a entrada e saída de ar entre a atmosfera e os alvéolos, pode
ser explicada pelos conceitos da mecânica pulmonar.

2.1.2.2. Pressões na respiração


O sistema respiratório funciona como um mecanismo de bomba, gera diversas pressões
específicas e gradientes de pressão entre diversos ambientes. As pressões específicas são as
pressões estáticas e dinâmicas medidos num ponto específico do sistema respiratório. Esses
podem ser medidos isoladamente. Os gradientes de pressão representam comportamentos
diferentes da respiração espontânea e da ventilação mecânica. Tanto as pressões específicas
como os gradientes de pressão são gerados por uma efectiva contracção muscular ou pela
insuflação pulmonar com o ventilador pulmonar. A tabela 1 apresenta as pressões na respiração:

Tabela I: Pressões na respiração.

Fonte:(Cajacuri 1997)

A pressão transrespiratória Ptr é o gradiente de pressão entre a via aérea aberta e a superfície
corporal.

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O Ptr representa a pressão necessária para sobrepor tanto a elasticidade pulmonar e torácica
como a pressão para sobrepor a resistência ao fluxo de ar.

A pressão transtorácica é Ptt o gradiente de pressão estabelecido entre o alvéolo e a superfície


corporal. Representa a pressão que tende a insuflar ou 14 desinsuflar conjuntamente os pulmões
e a parede torácica, sem considerar a pressão devido à resistência ao fluxo de ar.

Figura II: Pressões na respiração representadas no corpo humano.

Fonte:(Cajacuri 1997)

A pressão transpulmonar PL é o gradiente de pressão estabelecido entre a pressão alveolar e o


espaço pleural. Representa a pressão devido à retracção elástica dos pulmões.

A pressão da parede do tórax PC é o gradiente estabelecido entre a pressão na superfície corporal


e o espaço pleural. Representa a pressão devido à retracção elástica do tórax.

A pressão transmural Patm é o gradiente entre a pressão nas vias aéreas a pressão no seu entomo.
No ápice dos pulmões a pressão transmural é 4,5 cmH2O e na base -3,0 cmH2O. A diferença é
devido às forças gravitacionais.

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A pressão no interior das vias aéreas Psaw é similar à pressão intrapleural PPL .Num homem de
pé, a pressão intrapleural é 7,5 cmH2O mais alto na base que no ápice dos pulmões.

Pressão alveolar PA : No esforço expiratório máximo com a glote fechada, a pressão alveolar
pode alcançar os 76 cmH2O e durante o esforço inspiratório máximo pode-se reduzir até -60
cmH2O. Na respiração normal a pressão pode ser tão pequena como oscilar entre 0,8 e -0,8
cmH2O na expiração e na inspiração respectivamente.

 Segundo a Lei de Laplace têm-se que: Tensão superficial = Pressão x Longitude. Quando
aplica-se igual pressão de ar a compartimentos de diferentes dimensões, os
compartimentos pequenos poderiam colapsar e os grandes poderiam sobre expandir-se
devido a que os grandes seriam expostos a maior tensão superficial. Nos alvéolos se
apresenta o mesmo caso, se tem diferentes dimensões e se aplica igual pressão através
dos condutos alveolares, mas normalmente não se apresenta o comportamento fixado pela
Lei de Laplace e os alvéolos mantêm suas dimensões. Este fenómeno pode ser explicado
pelo efeito da tensão superficial dos líquidos surfatantes no entorno dos alvéolos, que os
mantêm dimensionalmente estabilizados.
Pressão intrapleural PPL : A superficie extema dos pulmões não têm qualquer ligação com a
parede torácica. As membranas do espaço intrapleural absorvem constantemente qualquer gás ou
líquido que entra nesse espaço. Esta absorção cria um vácuo parcial que faz os pulmões aderirem
intimamente ã parede interna da cavidade torácica. A pressão normal (perpendicular à superfície)
do líquido no espaço intrapleural é cerca de -7,6 cmH2O. A pressão intrapleural (ou pressão de
retração) é normalmente de -3 cmH2O.

Pressão no esófago Pesf : Para se obter dados como a complacência a resistência do sistema

respiratório, pode-se medir a pressão no esófago. Este tem o mesmo significado clínico e
fisiológico da mudança de pressão intrapleural, devido que o esófago encontra-se entre os
pulmões e a parede torácica, mas têm pequena resistência à transmissão das mudanças de pressão
intratorácica, sendo mais sensível à pressão intrapleural. O procedimento de medição consiste na
introdução do cateter de balão (látex fino), até que atinja a porção inferior do esófago torácico. O

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volume de ar do balão para respiração natural deve ser de 0,2 a 0,5 ml. Para ciclos respiratórios
sob pressão positiva (ventilador pulmonar), o balão deve ter volume entre 0,5 e 1 ml.

2.1.3. Mecânica de ventilação


A mecânica de ventilação descreve o comportamento do sistema respiratório com relação aos
volumes e pressões nele aplicados. O conhecimento deste comportamento auxilia na tomada de
decisão durante a ventilação mecânica. Embora as forças de oposição ao movimento descritas
anteriormente ocorram espacialmente ao longo do trajecto do fluxo respiratório, o mais comum é
a representação física das mesmas utilizando modelos concentrados, como se todas as forças de
oposição ocorressem em um só ponto, ou seja, desconsiderando as distribuições espaciais. As
forças elásticas assim como as resistivas estão intimamente relacionadas com as propriedades
mecânicas do sistema respiratório que descrevem o comportamento do mesmo quando
submetido a uma pressão motriz.(Fonseca da Cruz 2005)

2.1.3.1. Propriedades Mecânicas do Sistema Respiratório

 Complacência
A complacência do SR pode ser definida como a relação entre uma variação de volume ( V ) e a
correspondente variação de pressão elástica ( PEL , SR ). Logo:

V
C SR  (I)
PEL , SR

O pulmão é composto por fibras elásticas e colágenas cujas acções, somadas à tensão
superficial na interface ar/líquido dos alvéolos, conferem ao pulmão um comportamento
elástico que tende a retraí-lo. Já a parede torácica que também possui comportamento
elástico, tende a expandir-se na condição de repouso do sistema respiratório.
Normalmente, o equilíbrio entre essas duas tendências faz com que o pulmão mantenha
um determinado volume, denominado capacidade residual funcional, quando o indivíduo
relaxa os músculos.(Fonseca da Cruz 2005)
O termo elastância também é utilizado para descrever o comportamento elástico do
sistema respiratório e corresponde ao recíproco da complacência, ou seja:

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1
E SR  (II)
C SR
 Resistência das vias aéreas e tecidual
A resistência das vias aéreas surge devido ao atrito entre as moléculas do gás que flui e
entre estas e as paredes das vias aéreas condutoras, este atrito é devido à viscosidade do
fluido. Portanto, para que haja fluxo de ar pelas vias aéreas condutoras, há necessidade de
uma diferença de pressão entre boca e alvéolos. (Fonseca da Cruz 2005)
Esta diferença de pressão dependerá do valor e do padrão do fluxo (laminar e/ou
turbulento). O número de Reynolds ( Re ) é uma grandeza adimensional utilizado para
representar a razão entre as forças inerciais e viscosas que determinam o padrão do fluxo:
laminar, transicional e turbulento.(Fonseca da Cruz 2005)
2  r  d V
Re  (III)

Onde r é o raio do tubo, d é a densidade do fluido, V é o fluxo e η é a viscosidade do


fluido.
Nos fluxos laminares a diferença de pressão entre as duas extremidades do tubo ( P ) é

proporcional ao fluxo ( V ).

P  k1  V (IV)
Onde: k 1 é uma constante.
Para fluxos turbulentos a diferença de pressão entre as duas extremidades do tubo ( P )

aumentará com o quadrado do fluxo ( V 2 ).

P  k 2  V 2 (V)
Onde: k 2 é uma constante.
Nas vias aéreas superiores o fluxo é altamente turbulento, tornando-se menos turbulento
nos brônquios e laminar nos bronquíolos terminais. Portanto, é correto considerar que o
∆P entre boca e alvéolo é:

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 
P  (k1  V )  (k 2  V 2 ) (VI)

2.1.3.2. Trabalho da respiração


Para uma pessoa respirar é necessário vencer três factores que impedem a expansão e contracção
pulmonar:

 Retracção elástica dos tecidos pulmonares e torácicos;


 Resistência ao fluxo das vias respiratórias;
 Resistência inelástica dos tecidos pulmonares e torácicos (viscosidade).
O trabalho gasto na retracção elástica dos tecidos pulmonares e torácicos, durante o ciclo
respiratório é nulo, pela mesma característica elástica de devolver o trabalho gasto na inspiração,
durante a expiração (conservação de energia).(Cajacuri 1997)

A resistência inelástica dos tecidos significa que é necessário um gasto de energia (trabalho por
unidade de tempo), para arranjar as moléculas nos tecidos e mudá-las a novas posições. Assim é
preciso que haja deslizamento das moléculas uma sobre outra (deformação plástica), o qual
constitui um tipo de resistência viscosa.(Cajacuri 1997)

2.1.3.3. Equação de movimento


Para explicar o funcionamento da mecânica pulmonar durante o ciclo respiratório, deve-se
descrever o comportamento das seguintes quatro variáveis: pressão, fluxo, volume e tempo. A
relação entre estas é descrita pelo modelo matemático linear conhecido como equação de
movimento:

Pmust (t )  Pvent (t )  V (t ) / C  R  F (t ) (VII)

Onde:

Pmust (t ) : Pressão devido à acção muscular equivalente a uma parte da pressão trans-respiratória.

Não é mensurável directamente.

Pvent (t ) : Pressão entregue pelo ventilador pulmonar como parte da pressão trans-respiratória.

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V (t ) : Volume pulmonar, V (t )  F (t )  dt

F (t ) : Fluxo de ar

C : Complacência total (pulmonar e torácica)

R : Resistência total ao fluxo de ar

Nota1: As variáveis medidas são relativas aos valores obtidos ao final da expiração.

A equação de movimento determina a pressão necessária para provocar a entrada de um fluxo de


ar às vias aéreas e incrementar o volume dos pulmões. Quando os músculos da respiração do
paciente não estão funcionando, ou seja Pmus = 0, o ventilador gera toda a pressão necessária para
entregar o volume corrente o fluxo inspiratório. Se a respiração fosse espontânea a pressão
fornecida pelo ventilador seria nula, ou seja Pvent = 0. Entre estes extremos é teoricamente
possível um número infinito de combinações.

2.1.4. Sistemas a ar comprimido

2.1.4.1. Introdução
O ar comprimido é uma importante forma de energia, sendo o resultado da compressão do ar
ambiente, que é composto por oxigénio, nitrogénio e gases raros. O ar comprimido está presente
em empresas de diferentes sectores, como por exemplo: alimentício, metalmecânico, moveleiro,
entre outros.(Bortolin 2014)

A história demonstra que a utilização do ar comprimido é anterior a Da Vince, que em diversos


inventos dominou e utilizou o ar. No antigo testamento, são encontradas referências do uso do ar
comprimido na fundição da prata, ferro, chumbo e estanho. No entanto, somente na segunda
metade do século XIX é que o ar comprimido adquiriu importância industrial.(Bortolin 2014)

O ar comprimido vem sendo amplamente utilizado na indústria, aplicado como energia em


diversos processos que necessitam de movimento, força ou ambos em máquinas e ferramentas
pneumáticas. O ar comprimido é bastante aplicado nas indústrias como condutor de energia,
possuindo um excelente grau de eficiência, sendo insubstituível em diversas áreas, executando

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Projecto de um ventilador mecânico a ar comprimido com vista a auxiliar as unidades de saúde no
tratamento dos infectados pelo covid-19

operações com flexibilidade, gerando racionalização do trabalho, economia, além de


proporcionar segurança ao trabalho.(Bortolin 2014)

O uso do ar comprimido na indústria é justificado pelo fato dele ser um condutor de energia para
variadas áreas de aplicações industriais. No caso, conduz-se energia pneumática que será
transformada em energia mecânica na maior parte das operações.(Maldaner 2016)

O ar comprimido é bastante aplicado nas indústrias como condutor de energia, possuindo um


excelente grau de eficiência, sendo insubstituível em diversas áreas, executando operações com
flexibilidade, gerando racionalização do trabalho, economia, além de proporcionar segurança ao
trabalho.(Maldaner 2016)

2.1.4.2. Ar comprimido
A compressão do ar ambiente resulta em uma fonte de energia conhecida como ar comprimido, o
ar é puro, incolor e sem cheiro, sua composição resulta de uma mistura de oxigénio (21%),
nitrogénio (78%) e alguns gases raros (1%). O ar comprimido é uma de energia armazenada, que
é utilizado para operar equipamentos pneumáticos. O ar comprimido é empregado em processos
de fabricação industriais, exercendo funções de accionamento mecânico, transporte de materiais
e propulsão de ferramentas pneumáticas.(Maldaner 2016)

2.1.4.3. Propriedades físicas do ar


O ar apresenta características que merecem ser abordadas, pois, para que se possa dimensionar
uma rede de ar comprimido é preciso, antes de qualquer coisa, entender quais as características
deste gás para prever seu comportamento mediante á situações diversas.

Pode-se dizer que a compressibilidade, identificada na figura III, é uma característica que o ar
apresenta de reduzir o seu volume quando sujeito à aplicação de forças opostas, ou seja, forças
essas que produzem um aumento de pressão e uma diminuição do volume ocupado por ele. Esta
propriedade física relacionada ao ar atmosférico, talvez seja para a pneumática a mais
significativa, pelo fato de que é por meio da compressão do ar atmosférico que é produzida a
energia pneumática, que em seguida é transformada em transmissão de potência ou trabalho
pelos actuadores.(Bortolin 2014)

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Projecto de um ventilador mecânico a ar comprimido com vista a auxiliar as unidades de saúde no
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Figura III: Compressibilidade do ar.

Fonte:(Bortolin 2014)

A elasticidade é uma propriedade que possibilita ao ar retornar ao seu volume inicial, quando
terminada a força responsável pela diminuição do volume.

A difusibilidade é uma propriedade que o ar possui de misturar-se homogeneamente com gases


que não estejam saturados.

A expansibilidade é uma característica do ar, de adquirir a forma do recipiente que o contém,


ocupando totalmente seu volume, mudando sua forma ao menor esforço.

2.1.4.4. Aplicações do ar comprimido


As principais aplicações do ar comprimido são:

 Actuação de ferramentas e motores pneumáticos;


 Sistemas de pintura;
 Jatos de areia;
 Componentes pneumáticos lubrificados e não lubrificados;
 Ar de instrumentação;
 Ar de respiração;
 Teares jato de ar;
 Aeração de tratamento de efluentes;
 Processamento de alimentos;

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 Transporte pneumático.

2.1.4.5. Produção e preparação do ar comprimido


Cabe destacar que o ar comprimido passa por um conjunto de etapas antes de ser utilizado. Estas
etapas compreendem a produção e o tratamento do ar até ser distribuído nas máquinas. O ar sofre
um tratamento após ser comprimido, para que chegue aos pontos de consumo com qualidade.

A figura IV apresenta um típico sistema de ar comprimido. O sistema apresentado na figura IV,


contém os equipamentos essenciais para fornecer ar comprimido de qualidade. O ar comprimido
é produzido de forma centralizada e distribuído na fábrica. Após ser comprimido, o ar sofre um
tratamento que pode envolver diversos processos para a separação de impurezas a fim de atender
as exigências de qualidade do sistema à que ele se destina.

Figura IV: Produção, distribuição e tratamento do ar comprimido.

Fonte:(Bortolin 2014)

Como visto na figura IV, o ar aspirado passa pelo filtro que tem a função de reter as partículas
sólidas existentes no ambiente, com o objectivo de proteger o compressor. Depois de filtrado, o
ar chega ao compressor onde é comprimido. Após sua compressão, o ar aquece, elevando sua
temperatura, sendo necessário resfria-lo com o auxílio de um resfriador. Na etapa seguinte, o ar
passa por um processo de secagem com o objectivo de retirar a humidade presente no ar. O
próximo passo é o armazenamento do ar num reservatório, para garantir uma reserva de ar,
assegurando uma pressão constante na linha, a fim de que o compressor não necessite ser ligado
e desligado diversas vezes. Por fim, o ar é distribuído na fábrica, onde ele será ajustado de

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acordo com as necessidades de cada máquina, com o auxílio de unidades de preparação de


ar.(Bortolin 2014)

2.1.5. Evolução histórica dos ventiladores mecânicos


O mecanismo de ventilação pulmonar foi compreendido no século XII, quando foi demonstrado
que animais com tórax aberto e que inevitavelmente morreriam, poderiam ser mantidos vivos
pelo uso de pressão positiva nas vias aéreas. Mas só em meados do século XVIII, em 1774, com
o desenvolvimento da anestesiologia moderna, pela descoberta do oxigénio, começou-se a
utilizar na rotina a anestesia geral por inalação de éter e posteriormente clorofórmio, e com isso
chegou-se às técnicas de intubação orotraqueal, as quais expandiram os horizontes da ventilação
mecânica pulmonar.(Castro 2011)

O primeiro ventilador mecânico utilizado com sucesso foi o pulmão de aço de Drinker et al, em
1926 (Fig. 5). Esse aparelho foi utilizado primeiramente em uma criança com diagnóstico de
poliomielite, e posteriormente em vários portadores dessa doença, no início de 1950, na
Dinamarca.(Castro 2011)

Figura V: Ilustração do pulmão de aço de Drinker e Shaw.

Fonte:(Castro 2011)

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Projecto de um ventilador mecânico a ar comprimido com vista a auxiliar as unidades de saúde no
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Assim, a epidemia de polimielite contribuiu para a história da ventilação mecânica, já que a


produção comercial dos ventiladores mecânicos expandiu-se devido à necessidade de suporte
respiratório para os portadores desta doença. O pulmão de aço tinha a forma de um cilindro que
cobria todo o corpo do paciente, deixando para fora somente a cabeça, sob a influência da
pressão da atmosfera.

Com o insuficiente número de ventiladores pulmões de aço para o grande contingente de


pacientes internados, iniciaram-se a utilização e desenvolvimento de outros recursos técnicos e
mecânicos para a ventilação pulmonar, como os insufladores manuais e geradores de pressão
positiva. Dessa maneira, esse aparelho começou a ser substituído por ventiladores com pressão
positiva mais compactos, e que possibilitavam o prolongamento do período em que era
necessária a ventilação artificial, pois mantinham os pacientes hemodinamicamente mais
estáveis.(Castro 2011)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Bortolin, Eduardo. 2014. “DIMENSIONAMENTO DE UM SISTEMA DE AR COMPRIMIDO
PARA UMA EMPRESA DE PEQUENO PORTE.”

Cajacuri, Luis Alberto Vilcahuaman. 1997. SISTEMA SIMULADOR E DE TREINAMENTO DA


VENTILAÇAO MECANICA USANDO O VENTILADOR PULMONAR. 1st ed.
FLORIANÓPOLIS.

Castro, Marina Lopes. 2011. “PRINCÍPIOS BÁSICOS DA VENTILAÇÃO MECÂNICA EM


CÃES.”

Fonseca da Cruz, Andrea. 2005. PROJETO E CARACTERIZAÇÃO DE UM VENTILADOR


PULMONAR MECÂNICO MICROCONTROLADO PARA PEQUENOS ANIMAIS. 1st ed.
Vol. 1. Rio de Janeiro.

Girardi, Tatiana De Assis, Daniel Girardi, Jefferson Luiz, and Brum Marques. 2020. “O USO DE
UM SIMULADOR PARA O ENSINO DE,” 297–318.
https://doi.org/10.5753/RBIE.2020.28.0.297.

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Maldaner, Djonatan Eduardo. 2016. “DIMENSIONAMENTO DE UMA REDE DE AR


COMPRIMIDO INDUSTRIAL.”

Marinelli, Natália Pereira, Layana Pachêco de Araújo Albuquerque, and Isaura Danielli Borges
De Sousa. 2020. “Evolução de Indicadores e Capacidade de Atendimento No Início Da
Epidemia de COVID-19 No Nordeste Do Brasil , 2020” 29 (3): 1–10.
https://doi.org/10.5123/S1679-49742020000300008.

Pelotas, Universidade Federal de, ed. 2019. Sistema Respiratòrio. 1st ed. Instituto de Biologia,
Departamento de Morfologia.

Silva, Alexandre Rodrigues Da. 2011. “Modelagem e Controle de Um Dispositivo de Ventilação


Mecânica Pulmonar,” 16–20.

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