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2013
Copyright © 2013 Empreendemia
Todos os direitos reservados. Para fins comerciais, nenhuma parte
deste livro deve ser usada sem permissão. Para fins não comerciais,
o uso deste material é livre desde que mencionado como fonte
juntamente com os autores.

Autores

Gabriel Costa
Lucas Hoogerbrugge
Luiz Piovesana
Mauro Ribeiro
Millor Machado

Arte e diagramação

Mauro Ribeiro

1ª edição: fevereiro de 2013


Agradecimentos

Antes de tudo, agradecemos muito a nossos pais por todo o


apoio dado desde o início da Empreendemia. Podem ter certeza que
vocês foram essenciais para que esse sonho se tornasse verdade.
Nossos conselheiros também merecem um agradecimento mais
do que especial: Alexandre Neves, Fernando Matt, Gustavo Padial e
Pablo Cavalcanti. Muito obrigado por todas as dicas!
Também agradecemos a nossos parceiros e amigos que nos
ajudam diariamente na batalha contra a enrolação: Alexandre Borin
(Prestus), Anderson Leal (Leal Marcas e Patentes), André Lopes, André
Paraense (Mobwise), Carlos Cruz (CTECH), Carlos Moura e Priscila
Moraes (Happy Hour), Christian Barbosa (Triad PS), Clarissa Costa
(Dell), Conrado Navarro e Ricardo Pereira (Dinheirama), Cristiano
Freitas (Capital Prime), Eric Santos e André Siqueira (Resultados
Digitais), Hugo Magalhães, Bruno Eustaquio e Leandro Branquinho
(Empreendecast), Javier Blasco (iMate), Leo Kuba (Inkuba), Mauro
Amaral (Contém Conteúdo), Marcelo Amorim (Jacard Investimentos),
Marcos Rezende (Insistimento), Pedro Mello (Grupo Quack), Rafael
Zatti (Anjos.me), Renato Fonseca (Sebrae) e Yuri Gitahy (Aceleradora).
Além disso, devemos muito a vocês, nossos leitores. Desde quem
nos acompanha do começo até quem está nos conhecendo agora,
legal demais todo o apoio dado. É bom demais acordar todo dia
sabendo que nosso conteúdo tem sido útil para empreendedores de
todo o Brasil. Vocês fazem nosso trabalho valer a pena!
Para finalizar, nosso muito obrigado ao Miguel Cavalcanti,
empreendedor e blogueiro nas horas vagas, grande responsável por
despertar nossa curiosidade sobre o tema “produtividade”.
Prefácio

Quando o pessoal do Empreendemia me convidou para escrever


o prefácio desse livro, fiquei pensando: “Puxa vida, sou tão ruim nesse
assunto, não dá para escrever um prefácio sobre esse tema!”. Porém,
leio e estudo sobre produtividade há bastante tempo. O Christian
Barbosa até faz piada comigo nas palestras dele contando a história
(verídica) de que eu li seu livro, Tríade do Tempo, na minha lua de mel,
há mais de 8 anos atrás.
Tenho uma vontade, uma ânsia muito grande de fazer, de realizar.
Fico com uma sensação de que a vida está passando e que eu estou
fazendo menos do que poderia. A vida é uma só e muito curta e não
quero ter o arrependimento mais comum no leito de morte: não ter
vivido uma vida que você verdadeiramente acredita.
Baseado no meu aprendizado e nessa vontade de realizar sempre
mais, minhas dicas de produtividade são simples.
Primeiro, antes de gerenciar seu tempo, gerencie sua energia.
Se você dorme menos do que deveria (eu faço isso muitas vezes),
fica menos criativo, mais intolerante e mais impaciente. Outra coisa
que acredito que me ajuda muito é a corrida. Exercício te traz tantos
benefícios, que a forma física é um sub-produto. Ontem corri 10 km
no final da tarde. Deve ter feito bem para minha saúde física, mas
pouco me importa. Correr me deu uma tranquilidade, uma paz de
espírito e deixou minha mente tão clara, que é isso que vale a pena.
O segundo ponto é gerenciar sua coragem. O mais importante
não é trabalhar duro. Andam pagando muito pouco para carregar
pedras e é um trabalho muito difícil.

5
O que é raro mesmo é fazer aquilo que te dá medo. Será ligar para
aquele cliente chave? Será colocar de pé aquele projeto audacioso?
Precisamos de coragem porque fomos treinados a fazer o que
as regras mandam e o futuro é criado por quem não segue as regras.
Precisamos de coragem, pois fazer o diferente, o especial, é
realmente mais difícil do que carregar pedras.
Precisamos de coragem pois podemos falhar. E também podemos
dar certo, o que geralmente amedronta ainda mais (comigo não é
diferente).
O Gapingvoid fala uma coisa interessante: o sucesso seguindo
suas próprias regras gera um grande impacto em muitos dos seus
relacionamentos, pois você vai ser tornar uma prova viva de que é
possível. Isso incomoda quem está parado e não quer sair da zona de
conforto.
É o mesmo que o Paulo Coelho diz no título do livro dele “O
vencedor está só”, ou algo do gênero (eu não li o livro).
Por fim, o mais importante é fazer.
Coloca seu plano para rodar. Coloca sua ideia na rua, no mercado.
Ela vai dar errado, se você comparar com seu plano inicial que previa
um mundinho perfeito, mas é a única forma de conseguir.
Teimosia, na dose certa vai te ajudar muito (mais é melhor que
menos: peça perdão, não peça permissão).
Obrigado Empreendemia pelo convite. Pois esse texto eu escrevi
para mim mesmo, para me lembrar e reforçar que eu quero mesmo
fazer a diferença e isso depende de mim, da minha coragem, energia
e teimosia.

6
Vamos que vamos!
Abraços,
Miguel Cavalcanti
twitter: @mcavalcanti
www.beefpoint.com.br
www.miguelcavalcanti.com

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Este e-book conta com patrocínio

Caso queira mais dicas sobre produtividade no uso, compra e


manutenção do seu computador, recomendamos muito conferir a
seção especial da Dell no blog Saia do Lugar. Veja mais aqui.
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oferecendo ferramentas de produtividade que influenciam
positivamente o dia a dia de PMEs, o que significa que os
recomendamos como ótimos exemplos, mas não há interferência na
nossa linha editorial, muito menos em nossa opinião.
Confira nossa forma de trabalhar com conteúdo patrocinado no
artigo ”Conteúdo útil para empreendedores em primeiro lugar”.

8
Índice

Introdução 12
O que a leitura desse livro te entregará 19

Seção 1
Conceitos de produtividade

Capítulo 1
Afinal, o que é ser produtivo?

Produtividade não é o objetivo final, é um meio 24


As 3 diferenças entre a pessoa produtiva e a pessoa ocupada 27
5 atitudes que separam os “alcançadores” de quem fica no “quase” 30
Como ser o melhor do mundo na sua área 35
Entrevista: Christian Barbosa, maior especialista brasileiro na área 43

Capítulo 2
Uma vida produtiva é uma vida feliz

A galinha dos ovos de ouro e sua relação com produtividade 51


Como ser feliz pode te ajudar a alcançar resultados 54
A estória do pescador e do banqueiro 57
E o que fazer quando está tudo dando errado? 61
Trabalhar mais é diferente de trabalhar melhor 65
Como sua vida social te ajuda a combater inimigos da produtividade 70
6 dicas para não se transformar em um Workaholic 73
O que realmente motiva as pessoas 77

9
Capítulo 3
O elemento que toda pessoa produtiva precisa ter

1% inspiração, 99% transpiração 84


A importância dos hábitos 87
Estudo de caso: Como um novo hábito me permitiu perder 16 kg 100
Técnica: O calendário de Seinfeld 110
4 dicas para meros mortais enfrentarem grandes desafios 114

Seção 2
Produtividade na prática

Capítulo 4
Como fazer um bom planejamento

Sempre afie o seu machado 121


Os 4 fundamentos do planejamento 124
Como criar metas inteligentes em seu planejamento 129
Como trabalhar as expectativas do seu planejamento 134
Estudo de caso: Como faço meu planejamento na Empreendemia 139
2 lições de planejamento que aprendi com Garrincha 143

Capítulo 5
A importância da definição de prioridades

Muito cuidado com os jacarés que assombram o seu dia a dia 148
Como definir prioridades no dia a dia 151

10
Capítulo 6
As tarefas nossas de cada dia

Estudo de caso: Minha jornada em busca da organização suprema 165


6 mandamentos de como gerenciar suas tarefas 170
Dicas de como lidar com e-mails 174
Dicas de como lidar com Home Office 179

Capítulo 7
O papel da infraestrutura na produtividade da empresa

O quanto sua empresa é preparada para “caquinhas” no dia a dia? 185


5 aspectos a avaliar ao comprar equipamentos para sua empresa 189
5 dicas para o computador ser o melhor amigo da produtividade 194
3 ferramentas que economizam o valioso tempo do empreendedor 197

Capítulo 8
Só uma andorinha produtiva não faz o verão

Delegar ou não delegar, eis a questão 202


A importância de uma forte cultura empresarial 207
Como fazer de uma equipe uma máquina de produtividade 212
As características de um líder 219
O dia a dia dentro da equipe de projeto 222
O que fazer para sua empresa não se afundar em reuniões 226

Conclusão

Até logo e muito obrigado pelos peixes! 232


Sobre os autores 234

11
Introdução

O empreendedor e sua épica luta pela produtividade

Convenhamos, ser produtivo não é fácil pra ninguém. Porém,


o dia a dia de um empreendedor possui algumas características
específicas que tornam essa batalha especialmente complicada.

Saiba lutar contra o tempo

Para dificultar ainda mais, o lema “Tempo é dinheiro” tem um


significado literal para quem empreende. Enquanto um funcionário
geralmente possui um salário fixo, os ganhos e o patrimônio do
empresário estão diretamente relacionados ao seu desempenho na
empresa.

Introdução 12
Nesse contexto, aprender a ser produtivo é mais do que um
diferencial bacana, é praticamente uma questão de sobrevivência.
Como o primeiro passo de toda batalha é conhecer o inimigo,
confira os fatores do cotidiano de um empreendedor que tornam essa
luta pela produtividade um problema tão cabeludo.

Fator 1: Um sonho gigantesco

Grande parte dos empreendedores possui um espírito


megalomaníaco e não vê a hora da sua empresa dominando o mundo.
Seja no início, quando ficamos doidos para tirar aquele produto
do forno ou quando já estamos estabelecidos e queremos levar o
negócio a outro patamar, todo empreendedor é um bicho sonhador.
Por um lado, isso motiva. Sonhar grande e pequeno dá o mesmo
trabalho. Por outro, é difícil planejar os passos de uma longa jornada.
Esse dilema gera basicamente 2 problemas:

1. Por onde devemos começar?

2. Como sei se meu progresso do dia foi suficiente?

Nos aprofundaremos mais à frente no livro, porém é importante


deixar claro que 2 grandes habilidades de pessoas produtivas são:

1. Quebrar projetos gigantescos em partes menores

2. Definir critérios de sucesso para avaliar seu progresso

Introdução 13
Sempre que estiver perdido no meio de um grande projeto,
divida esse monstro em pedaços menores e defina direitinho qual
indicador te dirá se você fez um bom trabalho ou não.

Fator 2: O empreendedor precisa criar seu próprio mapa

Desde a época das cavernas nossos ancestrais foram treinados


a não seguir sozinhos em um caminho desconhecido. Nunca se sabe
se algum animal sinistro ou planta venenosa poderá colocar sua vida
em risco.
A questão é que na vida moderna, dificilmente os perigos
realmente colocarão sua vida em risco.
Normalmente o medo está mais ligado a machucar o ego do que
a um perigo físico em si. Porém, mesmo sem riscos à sobrevivência,
morremos de medo de fazer algo sem que tenhamos alguém para
validar aquele caminho.
Essa necessidade de validação é o que nos faz pagar tão caro a
um personal trainer para nos dizer “Você consegue fazer mais uma
repetição, não desista!” ou fazemos um trabalho que não gostamos
só porque temos um chefe para dizer “Agora faça isso, depois, faça
aquilo”.
Ter alguém mais experiente que já percorreu o caminho é algo
extremamente reconfortante quando não sabemos para onde ir.
Porém, esse é um luxo que o empreendedor normalmente não possui,
já que ele é justamente o responsável por abrir esse caminho e indicá-
lo para seus companheiros de jornada.

Introdução 14
Para facilitar esse processo, existem 3 coisas que o empreendedor
pode fazer:

1. Ter contato com outros empreendedores – Apesar de não


ser exatamente o mesmo caminho, pode ter certeza que
outros empreendedores já passaram por perrengues bem
parecidos com os seus e poderão dar dicas interessantes

2. Revisar constantemente a visão – Quando se está perdido,


em dúvidas sobre o próximo passo, a melhor coisa é parar
e relembrar para onde sua visão aponta. Se você está na
direção errada, ir em frente só te afastará do destino

3. Dar passos pequenos e avaliar o progresso – Digamos que


você está no meio do mato, deseja ir para o norte e não sabe
exatamente qual trilha deve seguir. Nessa situação, minha
principal dica é: olhe para os lados e escolha o primeiro
caminho que fizer sentido. Ande um pouquinho nele e veja
se você foi para o norte. Se sim, siga em frente. Se não, volte
para onde você estava e escolha outro caminho. É nessa hora
que a definição anterior dos critérios de sucesso se mostra
tão importante.

Esse hábito de sempre reavaliar onde você está e fazer pequenos


testes para medir progresso é essencial para uma jornada produtiva.
Lembre-se que ser produtivo não é nada mais nada menos do
que chegar mais perto dos seus objetivos, sejam eles grandes sonhos
ou uma lista de tarefas que precisam ser completadas ao final do dia.

Introdução 15
Fator 3: Pessoas sempre recorrem ao empreendedor para tirar
dúvidas

Como se criar um caminho não fosse difícil o suficiente, o


empreendedor também precisa guiar outras pessoas nessa jornada.
Na hora que algo sai um pouco do planejado, todo mundo recorre
ao empreendedor para perguntar o que fazer. Se essas interrupções
forem constantes, dificilmente ele conseguirá focar em projetos de
longo prazo ao mesmo tempo em que precisa apagar incêndios.
Para lidar com esse fator, as 2 palavras-chave são: treinamento e
autonomia.
Quanto mais preparadas estiverem as pessoas para resolver
problemas, menos elas irão te procurar para resolver pepinos e mais
tempo você terá para trabalhar em questões estratégicas, que levarão
a empresa ao próximo patamar.
Esses pontos serão bastante aprofundados no capítulo sobre
produtividade em equipe.

Fator 4: Normalmente é o empreendedor que lida com pessoas


de fora da empresa

Como se não fosse difícil o suficiente ter que gerar seu próprio
planejamento, delegar tarefas para a equipe e ainda lidar com pepinos
do dia a dia, o empreendedor ainda precisa conciliar sua agenda com
a de clientes, fornecedores, parceiros, investidores etc.

Introdução 16
Para sobreviver a essa loucura, existem 4 coisas a serem feitas:

1. Perguntar “Realmente sou necessário?” – Muitas vezes o


empreendedor gosta de estar presente em todas as decisões,
mas nem sempre ele é necessário. Por exemplo, se o cliente
quer uma reunião só para acompanhar resultados, por que
não fazer um relatório e mandar outra pessoa apresentá-lo?

2. Destinar tempo específico para reuniões – Na hora de marcar


uma reunião, dificilmente as pessoas possuem apenas um
horário disponível. Normalmente existem algumas opções
que podem ser encaixadas com a sua agenda. Por isso, deixar
horários fixos para reuniões, como por exemplo, das 11 às
12h e das 14 às 15 h, pode facilitar muito seu planejamento.

3. Ter margem para atrasos – Isso serve para tudo, mas é


especialmente crítico para reuniões. Se você tem uma
reunião que termina às 13 h e precisa de 20 minutos para ir
até outro cliente, marcar a próxima para 13:30 é arriscado.
Sempre leve em conta que a conversa anterior pode demorar
um pouco mais ou o trânsito pode estar pior do que o normal.
É melhor ser cauteloso do que ficar com fama de atrasado.

4. Se possível, evite reuniões presenciais – O mundo moderno


nos proporcionou a maravilha dos e-mails e conferências
por Skype. Por que não aproveitá-los? Além do tempo em
trânsito, reuniões presenciais exigem certas formalidades
(passar pela segurança do prédio, tomar um cafezinho, , etc.)
que não acontecem quando a conversa é feita à distância.

Introdução 17
Conclusão: Agora que você conhece o inimigo, está na hora de
enfrentá-lo!

Conhecendo os fatores que tornam a rotina do empreendedor


mais complicada do que o normal, você está pronto para começar a
sua jornada por um dia a dia mais produtivo.
Toda vez que estiver perdido pensando “Por que minha rotina é
tão complicada?!?”, volte para esse texto e confira o que pode estar te
atrapalhando. Atuar diretamente nesses fatores pode ser a diferença
entre o desespero e o sucesso em meio a uma rotina extremamente
movimentada.

Abraços,
Millor Machado (sempre lutando pela
minha produtividade)

Introdução 18
O que a leitura desse
livro te entregará

Se perguntarmos aleatoriamente na rua, aposto que pelo menos


99,999999% das pessoas dirá que quer ser mais produtiva. Porém,
chutaria que em torno de 1% dessas pessoas saberia informar
exatamente o que está fazendo para alcançar esse objetivo.
Por que será que mesmo desejando um dia a dia mais produtivo,
tão poucas pessoas conseguem chegar lá?
Seria muito superficial afirmar que essas pessoas são preguiçosas
ou que simplesmente nasceram sem o “dom da produtividade”. Nós
não acreditamos nisso.
Baseados em bastante estudo e principalmente, experiência
própria, temos mais do que a clara a ideia de que apesar das pessoas
serem diferentes, todos podem aumentar sua produtividade diária
através de algumas noções que os ajudarão a tomar decisões no
dia a dia. Muito mais do que “dom natural” ou força de vontade
extraordinária, conhecimentos específicos aliados à prática podem
aumentar e muito a produtividade de qualquer um. Inclusive você,
caro(a) leitor(a).
Por isso, nosso objetivo principal com esse livro é abordar o
maior número possível de situações no dia a dia e analisar como tirar
o maior proveito delas, sempre citando exemplos e dicas práticas de
como aplicar esses conceitos básicos.

Introdução 19
Se durante o dia você perceber algo que está atrapalhando sua
produtividade e pensar “Isso que os caras do Empreendemia tinhamt
falado! Deixa eu reler o livro pra ver o que eles recomendam nessa
situação”, nossa missão está mais do que cumprida.

O que a leitura desse livro NÃO te entregará

Por mais que quiséssemos falar algo como “Quem ler o ebook
economizará X% de tempo nas tarefas diárias” ou “Leia esse livro
e aumente sua produtividade em 10 dias”, infelizmente só quem
conseguirá gerar o resultado é você.
Por mais que técnicas e ferramentas ajudem, a única coisa que
garante a produtividade é o comportamento humano. Não adianta
esperar resultados do dia para a noite, não é isso que estamos
prometendo.
Parafraseando o grande Morpheus: “Existe uma diferença entre
saber o caminho e percorrer o caminho”.
Se você também não acredita em resultados mágicos e está
disposto(a) a conhecer os fundamentos da produtividade e não vê a
hora de iniciar a sua própria jornada, vamos lá!

Introdução 20
Seção 1

Conceitos de
produtividade

21
22
Capítulo 1

Afinal, o que é ser


produtivo?

23
Produtividade não é o
objetivo final, é um meio

O primeiro passo para se tornar o mestre da produtividade é


entender o que significa ser produtivo e o que isso tem a ver com
planejamento e expectativa.
Ninguém precisa entregar produtividade no final do dia. O que
queremos e somos exigidos constantemente é entregar resultados,
sejam eles relatórios, vendas, contatos ou qualquer outra atividade.
Portanto, a produtividade é apenas um meio para gerar mais
resultados em menos tempo. É importante que esses resultados
gerados sejam aqueles planejados, pensados com foco no que é
importante para a empresa.
Quantas vezes você já não passou o dia inteiro super ocupado, se
matando para fazer várias coisas, e ao chegar ao final do dia ficou com
uma sensação horrível de improdutividade?
Isso é bem comum e geralmente acontece porque a sensação de
produtividade é algo que está relacionado com a nossa expectativa.
Ou seja, se você fez várias coisas, mas que não são aquelas que
esperava ter feito até o final do dia, dificilmente se sentirá produtivo.
A produtividade tem tanto a ver com planejamento e expectativa,
que se você planejar não fazer nada o dia inteiro para relaxar e
realmente não fizer, te garanto que se sentirá bem, sem aquela
sensação ruim de improdutividade.

Cap. 1 - Afinal, o que é ser produtivo? 24


Se considerarmos resultados como uma fórmula matemática
(Calma! Quem não gosta de matemática pode ficar tranquilo, não vou
me aprofundar nisso), ela seria:

Resultados = produtividade x horas trabalhadas

Isso significa que, para alcançar bons resultados, é necessário


investir horas de trabalho e ter uma produtividade relevante.
Mas cuidado! Não adianta querer trabalhar infinitas horas
seguidas esperando grandes resultados. Na medida que a carga horária
aumenta, a produtividade cai e os resultados ficam praticamente na
mesma do que ficariam com menos horas de trabalho.
Ou seja, o ideal é um equilíbrio.

É muito trabalho, não é mesmo?

Agora que o conceito está claro, há 3 coisas principais que te


ajudam a manter sua produtividade em alta e entregar cada vez mais
resultados no dia a dia.

Cap. 1 - Afinal, o que é ser produtivo? 25


1. Crie o hábito – O maior aliado para ter bons resultados todos
os dias é o hábito. Com ele as tarefas são feitas com menos
esforço e proporcionam uma produtividade maior.

2. Trabalhe com foco e sem interrupções – Facebook, MSN,


pessoas conversando toda hora e outras distrações só
quebram o ritmo de trabalho e mandam sua produtividade
lá pra baixo. Feche tudo que pode te atrapalhar e produza.
Deixe para olhar seu Facebook ou bater um papo durante o
intervalo.

3. Delegue tarefas – O empreendedor tem que lidar com


várias tarefas diferentes ao longo do dia: administrativas,
financeiras, técnicas etc. Como é bem difícil alguém ser
especialista e fazer tudo isso muito bem, foque nas tarefas que
você faz melhor e delegue o resto. Assim você acaba sendo
bem mais produtivo e entregando bem mais resultados.

Ao longo do livro nos aprofundaremos em cada um desses


assuntos, vendo dicas e técnicas para aumentar sua produtividade.
Por agora, o mais importante é deixar bem claro que muito mais
do que a produtividade em si, você precisa entender exatamente
quais são seus resultados esperados e como você fará para chegar lá.

Abraços,
Gabriel (felizmente há muito tempo sem
aquela sensação de improdutividade!)

Cap. 1 - Afinal, o que é ser produtivo? 26


As 3 diferenças entre
a pessoa produtiva e
a pessoa ocupada

Uma frase extremamente comum no mundo corporativo é “Não


tenho tempo para nada!”. Como fã da democracia, sou obrigado a
discordar! O tempo é um dos poucos recursos que todas as pessoas
têm, igualmente.
Por outro lado, a forma que você aproveita as suas 24 horas, aí
sim são outros 500.

Mesmo apagar incêndios pode ser feito sem desespero

Se está entre as pessoas que “não tem tempo pra nada”, confira
abaixo algumas diferenças de postura que podem te levar a um dia a
dia muito mais produtivo.

Cap. 1 - Afinal, o que é ser produtivo? 27


1 - Ocupar o tempo vs. aproveitar o tempo

Existe uma coisa chamada Lei de Parkinson, que diz que “O


trabalho se expande para preencher o tempo disponível para ser
concluído”. Ou seja, se você fala pra uma pessoa ocupada “Você tem
até tal hora para entregar algo”, essa pessoa dará um jeito de ocupar
essas horas, mesmo que o prazo esteja extremamente folgado.
Por outro lado, as pessoas produtivas pensam “Preciso entregar
essa tarefa. Vou dar um jeito de aproveitar as horas que tenho e
entregar o máximo possível”.
Com esses pensamentos diferentes, dificilmente uma pessoa
ocupada entregará algo antes do prazo. Em compensação, a pessoa
produtiva sempre pensa em formas de entregar além do esperado.

2 - Fazer o que acontece vs. fazer acontecer

Uma pessoa “ocupada” se distrai facilmente. Isso acontece


porque, sem um objetivo claro, qualquer interrupção parece relevante
e o que é importante mas não é urgente fica sempre deixado pra
depois.
A pessoa produtiva sabe que precisa alcançar um objetivo
importante. Tudo que não estiver relacionado com esse objetivo deve
ser ignorado até que o objetivo seja alcançado.
Faz sentido imaginar um piloto de F1 checando o e-mail a cada 5
minutos durante a corrida? Por que faria pra você?

Cap. 1 - Afinal, o que é ser produtivo? 28


3 - Seguir as regras vs. criar as regras

Pessoas “ocupadas” normalmente recebem uma lista de tarefas


e saem executando sem entender muito bem o porquê. Isso reduz a
motivação e aumenta muito a sensação sobre a dificuldade da tarefa.
Em compensação, pessoas produtivas fazem questão de entender
exatamente onde precisam chegar, porque aquilo precisa ser feito e
qual o impacto que aquela atividade gerará. A partir disso, elas criam
seus próprios planos e executá-los de maneira eficiente.

Conclusão: Produza ou descanse, enrolação é desperdício

Que fique bem claro, trabalhar 37 horas por dia dificilmente é


a coisa mais produtiva a se fazer. Assim como qualquer máquina, o
corpo humano precisa de manutenção e se você não tiver momentos
para descansar, uma hora a máquina quebra.
Por isso, não tem problema algum checar Facebook, tirar
um cochilo ou levantar pra tomar uma água, desde que seja num
momento em que você esteja conscientemente descansando.
Se estiver descansando, evite ficar ocupado(a). Se estiver
ocupado(a), aí sim é hora de deixar de enrolação e produzir.

Abraços,
Millor Machado (produtivo enquanto
ocupado)

Cap. 1 - Afinal, o que é ser produtivo? 29


5 atitudes que separam
os “alcançadores” de
quem fica no “quase”

Existe em inglês o termo “achievers”, mas como em português


não me lembro de nada parecido, usarei a palavra “alcançadores”
para descrever as pessoas que chegam ao final do dia e se orgulham
do que fizeram.
Vale a pena deixar bem claro que ser um “alcançador” não é
fácil, mas também não é algo destinado a algumas poucas pessoas
que foram abençoadas com esse dom. Eu mesmo desenvolvi essas
posturas com o tempo, não foi algo mágico, do dia pra noite.

Muita gente fica no “quase”. E você?

Cap. 1 - Afinal, o que é ser produtivo? 30


Seguem as lições que aprendi para melhorar meu lado
“alcançador” e ficar cada vez mais longe do “quase”.

“Alcançadores” sabem onde querem chegar

Ao contrário da ideologia defendida pelo filósofo brasileiro Jessé


Gomes da Silva Filho, deixar a vida te levar não é uma boa atitude
para quem quer chegar mais longe.
Para alcançar um objetivo, a primeira coisa que você precisa ter é
um objetivo. Como diria o sábio gato de Alice no País das Maravilhas
“Se você não sabe onde quer chegar, qualquer caminho serve”.
Porém, existe um problema: é muito difícil correr atrás de um
objetivo amplo como “quero ser feliz”. Por outro lado, objetivos de
curtíssimo prazo como “quero comer lasagna no almoço” também
não te levam muito longe.
Para facilitar a definição do objetivo, minha dica é: imagine como
será seu dia típico numa terça-feira daqui a X anos (o valor de X é você
que escolhe). Nesse dia típico, comece imaginando o trabalho que
você estará fazendo às 15 h. Depois pense em como vai ser quando
chegar em casa. Como sua família te receberá quando ouvir um
“Querida, cheguei!”?
O que você fará no seu tempo livre é tão importante quanto
o que você vai fazer profissionalmente. Saber o que você vai fazer
quando não estiver ocupado é fundamental para criar seu propósito
de vida. Isso te ajudará muito a tomar decisões importantes sobre seu
estilo de vida.

Cap. 1 - Afinal, o que é ser produtivo? 31


“Alcançadores” criam planos de ação

Ao contrário da lenda urbana da Loira do Banheiro, seus objetivos


não aparecerão simplesmente se você falar seu nome 3 vezes. Para
ser um “alcançador”, é essencial criar planos de ação.
Apesar de planejamento ser um tema razoavelmente complexo
e que será aprofundado em outro capítulo, na prática um bom
planejamento responde as seguintes perguntas:

1. Quais objetivos quero alcançar e quais fatores indicam que


alcancei esse objetivo?

2. Quais tarefas preciso fazer para alcançar meus objetivos?

3. Em qual ordem e quando farei cada uma dessas tarefas?

4. Quais recursos (tempo, dinheiro, aprovação de alguém etc.)


eu precisarei para executar cada uma dessas tarefas?

5. Se me faltar algum desses recursos, quais tarefas farei para


consegui-los?

“Alcançadores” revisam constantemente seus planos

Antigamente quando me falavam “Coloque seus planos no papel


e isso te ajudará a alcançar seus objetivos” eu achava que era algo
muito óbvio e que não traria resultados mágicos. E eu estava certo,
colocar os planos no papel não é suficiente.

Cap. 1 - Afinal, o que é ser produtivo? 32


Tão importante quanto colocar o plano no papel é sempre olhar
para ele. Se você planeja algo, mas esquece o que tinha prometido, é
muito difícil enxergar se está indo na direção certa.
Para não depender só da sua memória, registre seu plano em
algum lugar e se programe para revisá-lo constantemente. A frequência
de revisão varia entre semanal, mensal etc. de acordo com o tamanho
do objetivo, mas é fundamental que você ganhe esse hábito.
Daremos exemplos bem práticos sobre essa revisão no “Estudo
de caso: Como faço meu planejamento na Empreendemia”.

“Alcançadores” sabem dizer “não” para o que não é realmente


importante

Uma das coisas mais lindas da vida é sua infinita diversidade.


A cada momento nossa vida pode mudar completamente e tomar
rumos inimagináveis. Porém, apesar de tudo isso ser bonito do ponto
de vista espiritual, é algo que pode atrapalhar muito um plano.
Mesmo sabendo que é normal que os planos mudem, o
“alcançador” consegue manter o foco no que é importante e dizer
“não” para o que não o ajudará no seu objetivo.
Por mais que seja difícil dizer “não” para oportunidades
interessantes, isso é extremamente necessário para que você foque
seus recursos no que realmente é importante. Esse tema será
aprofundado no subcapítulo “Como definir prioridades no dia a dia”.

Cap. 1 - Afinal, o que é ser produtivo? 33


Conclusão: Saia do lugar!

Além dessas 4 atitudes, sair do lugar é o ponto que mais diferencia


um “alcançador” daquele cara que está sempre no “quase”. Ao invés
de ficar esperando aquele momento perfeito em que tudo parece
conspirar a seu favor, o “alcançador” simplesmente vai lá e começa
a agir.
Da mesma forma que ao tirar seu carro da garagem você não
espera todos os sinais ficarem verdes e é capaz de alterar seu caminho
caso algo aconteça (acidentes, trânsito, obras etc.), simplesmente
tomar a iniciativa é um grande diferencial para quem alcançar
melhores resultados.

Abraços,
Millor Machado (fugindo
desesperadamente do “quase”)

Cap. 1 - Afinal, o que é ser produtivo? 34


Como ser o melhor do
mundo na sua área

Pode até parecer que estamos batendo na mesma tecla (e


estamos mesmo), porém a produtividade não é nada além de uma
ferramenta que te auxilia a alcançar um objetivo, seja ele qual for.
Ou seja, não adianta ser a pessoa mais produtiva do mundo se não
houver uma visão clara de onde você quer chegar.
Seguindo essa linha, gosto muito do raciocínio construído por
Seth Godin no livro “O melhor do mundo”. Apesar de curto (90 páginas,
com figuras), ele tem uma quantidade inacreditável de sabedoria
sobre como avaliar a hora de persistir ou desistir de um objetivo.

É essencial ser o melhor do mundo em alguma coisa

Cap. 1 - Afinal, o que é ser produtivo? 35


A ideia básica do livro é: se você quer o sucesso, você precisa ser
o melhor do mundo no que faz. Se não o esforço para ser o melhor do
mundo em algo não vale a pena, o melhor a fazer é desistir e direcionar
os esforços para algo em que possa ser o melhor do mundo.

Ou você é o melhor do mundo ou será esquecido

Na vida, todos nós fazemos escolhas o tempo todo. Se você pode


escolher entre o melhor do mundo ou o segundo melhor, por que
escolher o segundo?
Não é à toa que quando um filme se torna o mais assistido, mais
pessoas o assistem. Quanto mais rico alguém é, mais fácil é ganhar
dinheiro. E por aí vai. Como diria a grande canção Xibom bombom: o
de cima sobe e o de baixo desce.

Escolha para quem você será o melhor do mundo

Ser o melhor do mundo significa ser a escolha óbvia na hora de


alguém te contratar, comprar seu serviço, ler seu artigo etc. Entre
qualquer outra coisa, a pessoa escolheu dedicar o tempo a você,
justamente por ser o melhor do mundo para ela, naquele momento.
Obviamente, não é possível ser o melhor do mundo em tudo e
para todos, por isso você precisa escolher muito bem seu público-
alvo. Quem é a pessoa que irá te considerar o melhor do mundo?
Querer agradar a todos é o caminho certo para a mediocridade.

Cap. 1 - Afinal, o que é ser produtivo? 36


Conheça o maior inimigo do melhor do mundo, o Vão

Quando você está começando uma nova atividade, tudo é muito


bacana. Os resultados começam a vir rápido e a empolgação come
solta. Depois de um tempo, barreiras aparecem, a atividade começa a
ficar chata e os resultados não vêm com a mesma facilidade. Acabou-
se o que era doce. É nessa hora que a maioria das pessoas desiste.
Esse momento é o terrível Vão.
A grande questão é que para ser o melhor do mundo, você precisa
atravessar o Vão. Poucas são as pessoas que continuam trabalhando
apesar da monotonia, cansaço e desmotivação. Poucas são as pessoas
que colhem os verdadeiros frutos de ser o melhor do mundo.
Uma forma fácil de visualizar o Vão é imaginar a corrida de São
Silvestre. Na largada, vemos uma quantidade gigantesca de pessoas
correndo felizonas, todas empolgadas com a chance de aparecer na
TV com a roupa do Batman ou do Homem-Aranha.
Nesse momento, provavelmente a quantidade de pessoas que
desiste é bem pequena. Afinal, os primeiros km são razoavelmente
fáceis e todo metro avançado é um bom progresso.
Mais pra frente, a fadiga começa a bater e vemos as primeiras
desistências. Nessa hora o desânimo se inicia e pensamos “Se até
os super-heróis desistiram, provavelmente também não conseguirei.
Minha perna já está doendo e ainda falta MUITO para chegar”.
Lá pelo décimo km vemos que a grande massa já foi embora e
alguns poucos esforçados ainda continuam, além é claro do pelotão
de frente que já abriu uma grande distância dos meros mortais.

Cap. 1 - Afinal, o que é ser produtivo? 37


Por outro lado, depois que passamos pelo 10o km pensamos “Já
fiz o mais difícil! Agora vou até o fim!”. Esse é o momento em que
você supera o Vão e se junta aos melhores do mundo.
Essa motivação nos dá um grande combustível para seguir em
frente, mesmo com a perna doendo e a vontade absurda de ir pra
casa para passar o final de ano com a família.
Ou seja, por incrível que pareça, depois de um certo tempo fica
mais fácil seguir em frente do que desistir. Quando você vê a luz no
fim do túnel, a motivação come solta e você continua seguin, mesmo
que esteja fisicamente mais cansado do que estava nos km anteriores.
Como já diziam, o Vão é separa homens de meninos.
Isso vale tanto para a São Silvestre como para o aprendizado de
um idioma, criação de um novo negócio e tantas outras situações
que tememos. No momento em que você passou do Vão, se tornar o
melhor do mundo é basicamente uma questão de tempo.

O Vão nunca é atravessado de primeira. Sucessos repentinos


levam 10 anos para acontecer

Um erro comum ao avaliar os melhores do mundo é vê-los no


topo e achar que já nasceram assim. Porém, por mais que a mídia
adora falar sobre gênios que nasceram com sorte, não é bem assim.
Até no caso de jovens prodígios que parecem surgir do nada,
eles sempre tiveram um longo período no Vão até que alcançassem o
estrelato, como por exemplo Justin Bieber.

Cap. 1 - Afinal, o que é ser produtivo? 38


Apesar de não achá-lo melhor do mundo em nada (exceto em
servir de exemplo nesse texto), é inegável que ele alcançou um grau
de sucesso que não é pra qualquer um.
Mesmo sendo um garotinho juvenil criado a leite com pera e
Ovomaltine, quando ele lançou seu 1o CD, com 16 anos, o moleque
já tinha 14 anos desde que começou a aprender a tocar instrumentos
musicais!
Em um caso mais famoso, os Beatles passaram muito tempo
fazendo shows que duravam mais de 6 horas. Se teve uma coisa que
eles fizeram antes do sucesso, essa coisa foi: treinar.
Apesar de saber da heresia de colocar Justin Bieber e Beatles na
mesma frase, a moral da história é que sorte obviamente faz parte,
mas não atravessa o Vão sozinha. Anos de treino e preparação são
essenciais em qualquer jornada rumo ao sucesso.
Se quiser se aprofundar no assunto, recomendo bastante conferir
o livro Outliers, de Malcolm Gladwell e a regra das 10 mil horas.

Força de vontade sozinha não atravessa o Vão, o treino precisa


virar um hábito natural

Outro erro comum na área de desenvolvimento pessoal é


simplesmente confiar na força de vontade para alcançar algo
relevante. O problema é apesar da força de vontade gerar iniciativa
para começar algo bacana, ela sozinha não consegue se manter por
tempo o suficiente para atravessarmos o Vão.

Cap. 1 - Afinal, o que é ser produtivo? 39


Para compreender melhor esse processo, vale a pena imaginar
nosso cérebro como um homem (lado lógico) conduzindo um elefante
(lado emocional). Apesar do homem conseguir direcionar o elefante,
se o elefante quiser ir para um lado, pode ter certeza que ele irá, não
importando o lado que o homem queira ir.
Quando fazemos resoluções de ano novo, normalmente esse é o
lado lógico falando. Ninguém precisa de muitos argumentos para ser
convencido de que vale a pena ter uma vida mais saudável, melhorar
o relacionamento com as pessoas, ganhar novas competências, etc.
Porém, mesmo sabendo o que devemos fazer, uma força maior
nos faz desistir depois de poucos dias. Uma hora ou outra o elefante
finca o pé no chão e a força de vontade acaba indo embora.
Nessa linha de raciocínio, a única forma de conseguir atravessar o
Vão e ser melhor do mundo é ter muito claro qual é o fator emocional
que te motivará a seguir em frente. Ao invés de pensar “Quero
perder peso porque meu médico mandou”, algo muito mais forte é
pensar algo na linha “Se perder uns quilinhos, minha autoestima vai
melhorar, vou me sentir mais disposto a alcançar novos objetivos e
minha família ficará orgulhosa de mim”.
A parte boa é que depois que o elefante ganha certa velocidade,
fica muito difícil pará-lo. Esse é o momento em que todas as
desculpinhas mentais (manifestações do elefante) vão embora e o
processo de treinar para ser o melhor do mundo simplesmente passa
a ser algo natural, que você faz sem muito esforço. Ou seja, um hábito.
Não é a toa que a capacidade de ganhar hábitos é considerada
como a principal característica que uma pessoa produtiva precisa.

Cap. 1 - Afinal, o que é ser produtivo? 40


Se você ainda não considera que tem essa característica, não se
preocupe, temos um capítulo inteiro só sobre essa parte.

Conclusão: “Faça ou desista, não existe tentar”

Considerando que para ser o melhor do mundo é necessário


atravessar o Vão e ele é um adversário terrível, vale a pena enfatizar
que você precisará de todas as forças para vencê-lo.
Se você não estiver com o elefante, o homem e o hábito do
seu lado, dificilmente valerá a pena tentar esse caminho. Se for
para começar, que seja para atravessar o Vão e se encontrar com os
vencedores do outro lado.
Por isso, ao contrário da crença popular, não há problema algum
em desistir. Para quê tentar atravessar um Vão que exigirá um esforço
absurdo e o retorno não será tão bacana assim?
Ao invés disso, a principal dica é simplesmente desistir do que
não realmente te motiva e focar absolutamente todos seus esforços
para atravessar o Vão certo. É muito melhor passar por um perrengue
absurdo e se juntar aos vencedores do outro lado do Vão do que fazer
como a grande maioria das pessoas e vagar por diversos Vãos sem
nunca se esforçar o suficiente para fugir da mediocridade.
Se for para ficar longe da mediocridade, não tenha dúvida
alguma de que vale a pena pegar a fama de “arregão” em coisas que
não valem a pena para alcançar a glória na hora de atravessar a linha
de chegada junto com os outros melhores do mundo.

Cap. 1 - Afinal, o que é ser produtivo? 41


Se você está buscando materiais sobre aumento de produtividade
e já chegou até aqui, mesmo com todos os estímulos para desistir,
pode ter certeza que já passou por um pedaço considerável do Vão.
Agora é uma questão de seguir em frente e continuar lutando para ser
o melhor do mundo na sua área.
Para finalizar: lembre-se que nosso desafio diário não é ser
melhor que os outros, é ser melhor do que nós mesmos.

Abraços,
Millor Machado (o melhor Millor
Machado do mundo)

Cap. 1 - Afinal, o que é ser produtivo? 42


Entrevista: Christian
Barbosa, maior especialista
brasileiro na área

Christian Barbosa é o maior especialista em gerenciamento do


tempo e produtividade pessoal do país. Considerado “Senhor do
Tempo”, pela Revista Você S/A e Zero Hora, ele é fundador da Triad
Productivity Solutions, consultoria multinacional especializada em
produtividade. Além disso, escreve na coluna “Agenda do CEO” da
Você S.A. e é autor de diversos livros.
Convidamos Christian para passar uma noção geral sobre o tema.
Caso tenha algum termo que não seja familiar, pode ter certeza que
ele será passado nos próximos capítulos do livro.

Christian Barbosa, “o cara” da produtividade

Cap. 1 - Afinal, o que é ser produtivo? 43


1 - Quando se fala em produtividade pensamos em técnicas
“mágicas” que farão o dia render mais. Na sua visão, o mais
importante é dominar alguma técnica como a Pomodoro ou o
ponto principal é ter uma postura de trabalho mais eficiente?

É um conjunto de fatores.
Para começar, ninguém nasceu sabendo como administrar seu
tempo. Se a pessoa tem uma postura mais eficiente, com alto nível
de concentração e sabe dizer “não”, ela pode ter melhores resultados
do que alguém que não tem. Mas isso não significa que ela esteja
utilizando realmente bem o seu tempo.
“Administrar tempo” tem a ver com algo muito maior. Tem a ver
com conseguir realizar suas metas, colocar atividades de equilíbrio e
lazer ao longo do dia a dia, estar em dia com seus relacionamentos
realmente importantes, viver por coisas que realmente fazem sentido,
etc. Por isso que eu digo que precisa de uma metodologia, que consiga
apoiar todas essas fases.
Pomodoro é uma técnica que ajuda a focar e a realizar atividades
de forma mais eficiente. É excelente, mas não ajuda em outras
etapas que a administração do tempo tem o dever de ajudar. 4
hours workweek é um conjunto de técnicas. Já GTD (Getting Things
Done) do David Allen é uma metodologia, assim como a Triad que eu
desenvolvi.
As pessoas não gostam da palavra “metodologia”. Acham que é
um conjunto de imposições que vão tirar a flexibilidade, mas não é
nada disso.

Cap. 1 - Afinal, o que é ser produtivo? 44


Todo ser humano só consegue ter uma vida normal graça a
uma série de rotinas (métodos): escovar os dentes, dirigir, estudar,
etc. Você precisa de uma metodologia de tempo que seja realmente
eficiente para você.
Recomendo que o empreendedor realmente procure uma
metodologia que se adapte ao seu estilo e que consiga adicionar
técnicas como Pomodoro para aprimorar seus resultados.

2 - Qual o impacto de um bom planejamento das tarefas nos


resultados do dia a dia?

Para o empreendedor isso é algo vital.


Empreendedor sem tempo não consegue fazer a empresa crescer,
vive com a empresa cheia de urgências, começa a não aproveitar seu
tempo com as pessoas realmente importantes e pior, pode prejudicar
a própria saúde.
Eu era assim, um empreendedor sem tempo que depois de
anos acabou severamente doente. Precisei mudar e valorizar o
planejamento, que sempre achei que só funcionava na teoria.
O impacto de um bom planejamento de tarefas é conseguir
reduzir o volume de urgências, ter mais foco em novas oportunidades,
sair do operacional e entrar no estratégico, prosperar financeiramente
e em todas as áreas da sua vida.

Cap. 1 - Afinal, o que é ser produtivo? 45


3 - Sistemas de aumento de produtividade, como o Neotriad,
por si só já resultam em um aumento de produtividade ou seu
principal valor é facilitar a vida de quem já tem uma postura
mais eficiente?

Um sistema complementa a metodologia. Quanto mais aderente


o sistema for, mais resultados terá.
Eu não pensava assim em 2004 quando lancei meu primeiro livro.
Estava muito impregnado por planners, um mundo ainda analógico.
Achei que a ferramenta era secundária, mas com a revolução web
que sofremos nos últimos anos, sem uma ferramenta (que pode ser
até um caderno) é impossível de organizar suas atividades.
Todos precisam de alguma, infelizmente o cérebro não foi feito
para planejar seu tempo.
Quando parei para pensar e desenvolver o Neotriad, tentei criar
uma ferramenta que pudesse aplicar 100% da metodologia Triad,
mesmo sem o conhecimento do usuário.
O objetivo era ajudar a pessoa que não tinha uma postura
eficiente a adotar uma postura mais produtiva, por pura osmose. Ou
seja, a interface do sistema, os recursos, deveriam implicitamente
ajudar as pessoas a criar bons padrões.
Nem sempre esse objetivo dá certo, às vezes a pessoa só
consegue ganhar produtividade depois de ler e ver os conceitos, por
isso temos investido muito em treinamento, vídeos e tutoriais para
ajudar as pessoas a um uso eficiente.

Cap. 1 - Afinal, o que é ser produtivo? 46


Em uma pesquisa com nossos usuários, conseguimos reduzir
o volume de urgências em 55% e 89% dos usuários afirmam que
melhorou seu nível de planejamento. Esse é nosso foco. Não é ser
uma simples agenda, um gestor de metas, equipes ou projetos, é
efetivamente ajudar as pessoas a terem mais vida, mais planejamento,
mais equilíbrio e por consequência realizarem todas as suas demandas.
Uma coisa que pode parecer engraçada, mas quem já tem uma
postura mais eficiente representa a minoria de nossos usuários.
Em geral esse perfil já tem seu próprio esquema de organização e
dificilmente gostariam de alterá-lo com qualquer ferramenta que
seja. Ele até pode recomendar para as pessoas, mas nem sempre usa
adequadamente.

4 - Quais os principais “assassinos de produtividade” no dia a


dia do empreendedor?

Eu acho que os principais assassinos do tempo do empreendedor


são:

1. Reuniões – Quanto mais reuniões o empreendedor faz,


menos tempo ele tem para realmente focar no estratégico

2. Urgência – Um empreendedor urgente cria uma empresa


urgente, é um circulo vicioso muito difícil de romper

3. E-mail: A mania de trabalhar com foco no e-mail e não em


tarefas é um dos itens mais problemáticos do empreendedor

Cap. 1 - Afinal, o que é ser produtivo? 47


4. Multitarefas: Ser empreendedor não significa ser “super
herói” faz de tudo. Quem tenta multitarefar entre suas
prioridades acaba consumindo 25% a mais de tempo no dia

5 - Qual a dica que você dá para nosso leitor que quer terminar
de ler essa entrevista e já passar a organizar melhor seu tempo
e aumentar sua produtividade diária?

Eu acho que a dica básica é buscar uma metodologia que adapte a


sua realidade, comece a gerenciar seu próprio tempo e ajude a equipe
a gerenciar o tempo dela também. Metas, projetos, processos não
servem de nada sem pessoas para realizá-los e, pessoas precisam de
tempo para isso. A principal preocupação do empreendedor/diretor é
conseguir dar mais tempo para sua equipe focar no Importante.
Outra dica é: ache uma ferramenta. É impossível ser produtivo
hoje em dia sem uma ferramenta.
Experimente o Neotriad. Se não gostar, experimente o Basecamp.
Não importa se é a minha ferramenta ou de um concorrente, o que
importa é que você precisa de alguma coisa desse tipo na sua empresa
para conseguir ajudar a equipe a colaborar de forma produtiva.

Nota do editor: Além das ferramentas citadas, temos uma


ferramenta bem bacana integrando tarefas relacionadas a clientes e
financeiras. Vale a pena conferir o Empreendekit.

Cap. 1 - Afinal, o que é ser produtivo? 48


49
Capítulo 2

Uma vida
produtiva é uma
vida feliz

50
A galinha dos ovos
de ouro e sua relação
com produtividade

Autoria de Esopo, o pai das fábulas

Certa vez um fazendeiro chegou em seu galinheiro e avistou


algo diferente do normal. Uma das galinhas havia posto um ovo
com cor diferente do habitual, o ovo era dourado.
Depois de certo tempo olhando para aquele objeto reluzente,
ele decidiu limpá-lo, cheirá-lo e até lambê-lo. De fato era um ovo
de ouro nas suas mãos.

Empolgadíssimo com a situação, o fazendeiro chamou sua


mulher e disse:
— Querida, estamos ricos! Olha só!
— O que aconteceu? Explica direito essa história.
— Olhada nisso! Uma das galinhas produziu um ovo de ouro!

Cap. 2 - Uma vida produtiva é uma vida feliz 51


— Que bom! Agora devemos cuidar muito bem dessa galinha
para que ela possa sempre nos prover com essas lindos ovos.
— Que cuidar que nada! Se naturalmente ela deu esse ovo,
imagina quantos existem dentro dela! Vou pegar uma faca para
sacrificá-la e pegarmos logo a fortuna que ela deve ter em sua
barriga!
— Não faça isso! Muito mais importante do que o que há
agora é o que ela ainda tem a nos oferecer.
— Deixa disso mulher! Sei o que estou fazendo. Confia.
Depois de um tempo, contrariando a vontade da mulher, o
fazendeiro volta com a coitada da galinha toda aberta. Eis que ao
invés de muitos outros ovos de ouro, a galinha possuía exatamente
a mesma coisa que todas as galinhas: tripas e sangue.
Desesperado com a lambança que havia acabado de fazer, o
ganancioso fazendeiro desabafa:
— É mulher, você estava certa. Por minha causa nós perdemos
o que seria uma fonte de riqueza para nos tirar da pindaíba.
— Eu avisei...

Moral da história: Quem tudo quer, tudo perde.

A ideia de relembrar essa fábula é gerar a reflexão sobre a forma


como tratamos nossa mente, a fonte de toda a nossa produção.

Cap. 2 - Uma vida produtiva é uma vida feliz 52


Como você verá no resto desse capítulo, somos completamente
contra a ideia de que para atingir o sucesso o empreendedor precisa
se matar de trabalhar para mais pra frente, finalmente descansar.
Acreditamos que muito mais do que um número absurdo de horas
trabalhadas (algo que cansa a mente e destrói sua produtividade), o
principal fator que define o impacto de uma pessoa é a sua capacidade
em aproveitar ao máximo essas horas (definição de produtividade).
Ao invés de focar em trabalhar mais, foque em trabalhar melhor.
Para trabalhar melhor, é essencial que sua mente esteja, não apenas
descansada, como também motivada. Por isso a qualidade de vida é
um tema tão importante quando falamos sobre produtividade.
Da mesma forma que os ovos ainda não estão dentro da galinha,
não adianta querer se matar no curto prazo e ficar na pindaíba depois
que aquele resultado inicial for embora.

Abraços,
Millor Machado (aumentando muito a
longevidade da minha galinha dos ovos
de ouro)

Cap. 2 - Uma vida produtiva é uma vida feliz 53


Como ser feliz pode te
ajudar a alcançar resultados

Sempre que falamos de produtividade, estamos falando de


alcançar os resultados planejados.
Dois grandes inimigos da produtividade são a falta de
planejamento e motivação. Sem um bom planejamento, o dia pode
até ser muito cheio e ocupado, mas geralmente de coisas pouco
importantes e que não vão contribuir para os resultados desejados.
Sem motivação, pode até ser que tenha tudo muito bem
planejado, mas falta vontade de correr atrás do necessário, resolver
o problema e alcançar os resultados. A falta de motivação pode
ser causada por diversos fatores: equipe desalinhada, chefes ruins,
problemas pessoais, problemas financeiros, saúde e por ai vai.
Na teoria (do pessimista), sempre haverá algo para desmotivar.
Na prática, uma coisa consegue ser mais forte que as desculpas e
transforma os problemas em desafios mais simples. Essa é a felicidade.
Quando estamos felizes, problemas pequenos não nos
incomodam mais. Além disso não nos desesperamos com qualquer
coisa, conseguimos manter a cabeça no lugar e encontrar melhores
soluções. Com a motivação inabalada, o trabalho flui e os resultados
são alcançados mais facilmente. E isso acaba sendo um ciclo, porque
quanto mais produtivo, mais motivado. E quanto mais motivados,
ficamos ainda mais produtivos.

Cap. 2 - Uma vida produtiva é uma vida feliz 54


Para conseguir manter sua felicidade em alta, seguem algumas
dicas:

• Tenha um hobby

• Descanse

• Cultive bons relacionamentos

• Tenha uma vida social legal

• Se aproxime de outras pessoas felizes (e fuja das reclamonas


e desmotivadas)

• Pare de reclamar – reclamar só faz com que você tire a sua


felicidade de perto de você.

Sem dúvidas essas coisas te ajudarão a ter um dia a dia mais feliz.
Maaas... se depois de tudo isso você se pegar em momentos de
desânimo e desmotivação, ainda tem uma fantástica e quase milagrosa
técnica da Amy Cuddy, professora e pesquisadora em Harvard.
Ela explica em sua palestra “Sua linguagem corporal molda
quem você é” como a sua postura e comportamento físico acabam
influenciando a forma como você pensa e como se sente.
Basicamente o que ela sugere é que você precisa fingir por 2
minutos para si próprio que está feliz e motivado. Da mesma forma
que sua mente reflete seu corpo (baixa sua cabeça, tensiona os
ombros, etc.), seu corpo poderá influenciar seu estado mental.

Cap. 2 - Uma vida produtiva é uma vida feliz 55


Ou seja, comporte-se da maneira que você se comportaria se
estivesse realmente feliz (sente-se com uma boa postura, sorria,
converse sobre assuntos legais com outras pessoas, repita a mensagem
em voz alta). Quando menos perceber, você já está na pilha de novo
pra correr atrás do que quer.
Pode parecer esquisito, mas vale o teste. São apenas 2 minutos
e, na pior das hipóteses, você vai parecer um louco feliz nesse tempo.

Abraços,
Gabriel (bem feliz ao escrever esse
livro!)

Cap. 2 - Uma vida produtiva é uma vida feliz 56


A estória do pescador
e do banqueiro

Recebi a história a seguir do meu tio Petronio (valeu tio!) e ela me


fez refletir bastante sobre como que, muitas vezes fazemos as coisas
simplesmente por que parecem interessantes, mas que nem sempre
estão de acordo com o que realmente queremos para nossas vidas.

A história do pescador e do banqueiro

Um banqueiro de investimentos americano estava no cais de


uma povoação das Caraíbas, quando chegou um barco com um
único pescador.
Dentro do barco, havia vários atuns amarelos de bom
tamanho.
O americano elogiou o pescador pela qualidade do pescado e
perguntou-lhe: “Quanto tempo gastou para pescá-los?”
O pescador respondeu que pouco tempo. Então americano
perguntou: “Por que não gasta mais tempo e tira mais pescado?”
O pescador disse que tinha o suficiente para satisfazer as
necessidades imediatas da sua família.

Cap. 2 - Uma vida produtiva é uma vida feliz 57


Mais uma vez, americano perguntou: “Mas o que você faz
com o resto do seu tempo?”
O pescador disse: “Depois de pescar, descanso, brinco com
os meus filhos, tiro um cochilo com minha mulher, vou ao povoado
à noite, onde tomo vinho e toco violão com os meus amigos.”

O americano replicou:
“Sou um especialista em gestão e poderia ajudá-lo. Você
deveria investir mais do seu tempo na pesca e adquirir um barco
maior. Depois, com os ganhos você poderia comprar vários barcos
e eventualmente até uma frota de barcos pesqueiros.”
“Em vez de vender o peixe a um intermediário, poderia fazê-
lo diretamente a um processador e eventualmente até abrir a sua
própria processadora. Poderia assim controlar a produção, o
processamento e a distribuição.”

Cap. 2 - Uma vida produtiva é uma vida feliz 58


“Deveria sair deste pequeno povoado e ir para a capital, de
onde geriria sua empresa em expansão”.
O pescador perguntou: “Mas, quanto tempo demoraria?”
O americano respondeu: “Entre 15 e 20 anos”.
“E depois?”, perguntou o pescador.
O americano deu risada e disse que essa era a melhor parte:
“Quando chegar a hora, poderá anunciar uma IPO (Oferta
Pública de Aquisição) e vender as ações da sua empresa ao
público. Ficará rico, terá milhões! ”
“Milhões… E depois?”, tornou o pescador.
Daí o americano responde:
“Poderá então se aposentar e ir para uma cidade no litoral,
onde pode dormir até tarde, pescar um pouco, brincar com os
seus filhos, dormir a sesta com a sua mulher, ir todas as noites
ao povoado tomar um vinho e tocar violão com os seus amigos”.
Então o pescador pergunta: “E não é isso o que já tenho?!?”

Moral da história

Será que não seríamos mais felizes se simplesmente


aproveitássemos o que já temos?

Cap. 2 - Uma vida produtiva é uma vida feliz 59


A felicidade está no caminho, não no fim. Ela não é um lugar, é
algo que você precisa viver diariamente.
Quando isso acontece e sua rotina fica feliz, você produz mais e
alcança seus objetivos, criando um círculo virtuoso.
Será que você realmente precisa alcançar tantos objetivos ou já
é possível ser feliz desde já?

Abraços,
Millor Machado (buscando novos
objetivos, mas me sentindo produtivo
desde já)

Cap. 2 - Uma vida produtiva é uma vida feliz 60


E o que fazer quando está
tudo dando errado?

Empreender sempre foi e sempre será algo extremamente


difícil, gerando alguns momentos em que dá vontade de jogar tudo
para o alto e desistir. O problema é que seguir em frente nessas
situações é justamente o que separa as pessoas realmente produtivas
das que são derrotadas pelo Vão.
Apesar de estar passando por uma ótima fase na Empreendemia,
já passamos e ainda passaremos por muitos momentos em que tudo
parecia estar perdido, em que o bicho pegou, a porca torceu o rabo,
a cobra fumou etc.
Confira as lições aprendidas sobre como manter a qualidade de
vida mesmo com o pé na jaca.

Aceite que você está lascado

Nelson Mandela já dizia “Corajoso não é quem não sente medo, é


quem age mesmo com medo.”. O mesmo vale para o sucesso. Sucesso
não é a ausência de problemas, é seguir em frente mesmo com eles.
Outro grande líder, Forrest Gump, já dizia “Merd*s acontecem”.
Saber disso faz muita diferença pra quem quer chegar mais longe.
Entenda que uma hora ou outra as coisas vão dar errado, aceite isso
e siga em frente.

Cap. 2 - Uma vida produtiva é uma vida feliz 61


O mesmo vale pra hora que o problema acontece. Negar que o
problema existe não vai resolvê-lo. Ao invés disso, a primeira atitude
de quem quer resolver um problema é esfriar a cabeça, bater no peito
com orgulho e falar “Deu merd*!”.

Aceite quando estiver lascado

Normalmente as coisas não são tão ruins quanto parecem ser

Se você acha que sua vida é uma porcaria e as coisas não


poderiam ficar piores, saiba que você é no mínimo ingênuo. As coisas
sempre podem ficar piores.
Na grande maioria das vezes, ao analisar friamente um problema
você percebe que ele é menor do que realmente parece ser no
momento em que você estava gritando os piores palavrões da língua
portuguesa.
Quando tudo parecer perdido, lembre-se que você não torce para
o Palmeiras. Se torcer, pelo menos vocês foram eleitos o campeão do
século 20. Sempre existe um lado bom na situação.

Cap. 2 - Uma vida produtiva é uma vida feliz 62


Conclusão: Aprenda com os erros e siga em frente

Uma das frases mais sábias que já falamos no Saia do Lugar foi
“Se for pra errar, erre em algo inédito”. Ou seja, errar é humano, mas
ficar repetindo o erro é sacanagem, né?
Essa história de que o erro é a melhor fonte de aprendizado é
uma meia verdade, já que o aprendizado verdadeiro ocorre quando
você faz algo e acerta.
O erro é um meio para o aprendizado, não o fim. Estar na m*rda
é normal, ficar nela não.
Por isso, você precisa pensar em formas criativas de sair dela.
Ficar reclamando nunca levou ninguém a lugar nenhum. Planejamento
e ação sim. Além disso, analisar a causa dos problemas é essencial.
Com isso em mente, vale muito a pena fazer sempre uma bela
análise logo que você sai da m*rda.
Primeiramente, qual foi a causa daquela situação? Depois, como
você faz para evitar que aquilo aconteça de novo?
Um exemplo bem comum de situação desse tipo é quando o
computador não está colaborando com sua produtividade. Sabe
aquele momento em que ele dá pau e você perde horas de trabalho,
ou faz o favor de ficar desligando logo na hora daquela conferência
com um cliente importantíssimo?
Ao invés de simplesmente xingá-lo e falar “Ah, mas ele está
comigo há tanto tempo! Tadinho!”, você pode aceitar que ele causa
dor de cabeça no seu dia a dia e está na hora de trocá-lo.

Cap. 2 - Uma vida produtiva é uma vida feliz 63


Se você estiver passando por isso agora, recomendo que pule
para o subcapítulo “5 aspectos a avaliar na hora de comprar um
equipamento para sua empresa”.
No caso, além de evitar a causa raiz, é necessário criar planos
alternativos para minimizar o impacto do problema quando ele
acontecer.
Nessa área, um excelente exemplo de plano B é ter o suporte
para pequenas empresas da Dell.
A Dell tem tutoriais e suporte para a maior parte dos problemas
que você possa ter na sua empresa. Sejam os erros no seu sistema
operacional, até problemas de peças e estrutura de TI. E o mais
bacana de tudo isso? Eles tem uma característica que é rara entre os
serviços de suporte de hoje em dia: É rápido e funciona!
Quer saber mais sobre como contratar as soluções de problemas
para micro e pequenas empresas da Dell? É só clicar aqui.

Abraços,
Millor Machado (errando muito, mas
apenas de forma inédita)

Cap. 2 - Uma vida produtiva é uma vida feliz 64


Trabalhar mais é diferente
de trabalhar melhor

Durante nossa jornada pelo aumento da produtividade é comum


cairmos na armadilha de querer trabalhar 20 horas por dia. O nome
mais conhecido para esse nosso estado não tão sóbrio é “Workaholic”.
Nossa cultura aprecia isso e pode ser que você se sinta mal por
não trabalhar até às 4 horas da manhã e acordar às 7 para começar
tudo de novo. Mas ‘trabalhar mais’ é diferente de ‘trabalhar melhor’
e aqui vamos mostrar que trabalhar menos horas pode te fazer gerar
mais resultados.

A pirâmide das necessidades de Maslow

Maslow foi um grande autor da psicologia que impactou


profundamente a área de gestão de pessoas. Ele é mais conhecido
pela Pirâmide de Maslow, que mostra uma hierarquia das principais
necessidades humanas.
Basicamente, a pirâmide serve para visualizarmos que sem
satisfazer necessidades básicas, como as fisiológicas (alimentação,
sono etc.) ou segurança física, fica muito mais difícil mirar hierarquias
mais altas, como auto realização.

Cap. 2 - Uma vida produtiva é uma vida feliz 65


A pirâmide de Maslow

Se você mexe na base da pirâmide, ela perde estrutura e


começa a tombar. Ou seja, não adianta nada você tentar alcançar a
autorrealização sem ter cuidado das suas necessidades básicas.
Ao trabalhar demais, suas necessidades básicas acabam ficando
de lado e você deixa sua saúde, relacionamentos e até família de lado,
para passar mais horas produzindo. Por mais que não pareça, esse é o
caminho para entregar menos resultados.
Quando isso acontece, as exigências mais básicas do seu corpo
te puxam para a base da pirâmide. O organismo grita e é impossível
ignorar. Na prática, você vai trabalhar com sono, fome, cansaço e
saudade dos seus amigos e família. Você pode até trabalhar por mais
tempo, só que vai trabalhar mal. Isso gera o que costumo chamar
de eficiência marginal decrescente (um conceito que adaptei da
economia).

Cap. 2 - Uma vida produtiva é uma vida feliz 66


Eficiência decrescente – trabalhar mais e render menos

Quando estamos trabalhando, temos uma taxa de eficiência que


é o que nos permite transformar o tempo trabalhado em resultados.
Relembrando a fórmula do Gabriel no capítulo 1:

Tempo trabalhado x Taxa de eficiência = Resultado

No primeiro momento, podemos trabalhar por mais tempo e


continuar produzindo com a mesma eficiência. Porém, com o tempo,
a tendência é que essa taxa comece a cair e até chegar a zero. Como a
tia Edith falava na escola, “tudo multiplicado por zero, dá zero”.
Além disso, contar que ao trabalhar cansado, você aumenta
a chance de cometer erros, o que gerará retrabalho e pode ser
considerado como produtividade negativa.

Quanto mais sua eficiência cai,


menos resultados você gera!

Cap. 2 - Uma vida produtiva é uma vida feliz 67


Caso real: Como excesso de trabalho me levou à estaca zero

Logo no primeiro ano, junto a alguns amigos, parti na empreitada


de criar uma empresa júnior. O trabalho de criar uma empresa é
grande e sempre havia muitas coisas para entregar, o que não me
deixava respirar por um segundo.
Na tentativa de entregar tudo o mais rápido possível, passava
horas e horas na frente do computador, resolvendo pepinos e visitando
frequentemente a prefeitura para conseguir todos os documentos
necessários. Juntando tudo isso com a graduação, acabava que eu
fazia muitas horas extras madrugada a fora.
Inicialmente eu me sentia muito produtivo, sempre com os
prazos em ordem e me destacando como alguém que “fazia as coisas
acontecerem”. Infelizmente o meu momento de fama foi breve, já
que Maslow ficava constantemente me lembrando de que eu estava
esquecendo algumas necessidades básicas.
Sono, cansaço físico, perda de memória e desânimo viraram
fatores comuns na minha vida, sempre atrapalhando meu trabalho
e fazendo com que produzisse menos. Mas eu não ia ser derrotado
pelas leis da natureza e comecei a trabalhar mais ainda para suprir
essa perda de eficiência.
Infelizmente, a mãe natureza é severa e não permite que
desdenhem dela. Com todo esse esforço excessivo, acabei ficando
muito doente e aprendi uma boa lição: não importa o quanto tente
ignorar, uma hora a base da sua pirâmide de necessidades vai estar
tão desestruturada que você vai ter que reorganizar suas prioridades.

Cap. 2 - Uma vida produtiva é uma vida feliz 68


No final, deixei muita gente importante de lado, adoeci e a
empresa ficou de lado até eu melhorar.
Depois disso, comecei a trabalhar menos e aprendi o que era ser
produtivo de verdade. O que realmente importa não é o número de
horas que você trabalha, mas sim o que você entrega enquanto está
em atividade. Como o Millor falou antes, existe uma grande diferença
entre ser produtivo e ser ocupado.
Se você estiver com as necessidades da base da pirâmide em
ordem, vai ter menos distrações, se sentir bem e sua eficiência estará
sempre alta. Como sempre, o segredo está no equilíbrio. Encontre o
tempo que você consegue trabalhar bem e quando começar a ficar
cansado, simplesmente descanse.
Afinal, o que você acha que te levará mais longe: rastejar durante
muitas horas ou voar durante poucas?

Abraços,
Lucas Hoogerbrugge (indo ler um livro
para depois voltar a produzir de montão)

Cap. 2 - Uma vida produtiva é uma vida feliz 69


Como sua vida social te
ajuda a combater inimigos
da produtividade

Ao tentarmos ser mais produtivos, muitas vezes acabamos


deixando de lado nossas relações e focamos demais no trabalho.
Essa falta de vida social pode causar alguns problemas que impactam
o trabalho e acabam matando a produtividade – sem falar dos
problemas pessoais, que também acabam influenciando o trabalho.

1 - Estresse

Quando você trabalha muito tempo sem pausa, acaba não


despressurizando e todas as dificuldades do dia a dia se acumulam
na sua cabeça. O estresse gerado por isso pode atrapalhar sua
concentração e até levar a um colapso nervoso que vai te impedir de
entregar todos os resultados necessários.

Cap. 2 - Uma vida produtiva é uma vida feliz 70


Para evitar isso, nada melhor que uma gelada (se você não toma
cerveja, pode ser um suco mesmo) com os amigos para descontrair
de um dia difícil, não?

2 - Falta de motivação

Com os pepinos de todo o dia, muitas vezes é difícil manter a


motivação. Quando tudo parecer perdido e a luz no fim do túnel
estiver difícil de aparecer, são os seus amigos, familiares ou parceiros
que vão te dar aquela força para seguir em frente. Não se esqueça
deles!

3 - Falta de criatividade

A criatividade é altamente ativada por experiências diferentes


e ficar muito tempo em um mesmo ambiente tende a favorecer a
mesmice.
Se dar o direito de ter experiências novas, fora do ambiente de
trabalho, pode mudar suas perspectivas e servir de insumo para ideias
inovadoras.

4 - Chatice

Se você não sai do escritório, existe uma chance muito grande de


não conseguir conversar sobre coisas diferentes e acabar virando “O
chato”. Essa falta de assunto dificulta a criação de empatia.

Cap. 2 - Uma vida produtiva é uma vida feliz 71


Isso é danoso pro seu networking e você pode acabar deixando
de fazer conexões importantes e também perdendo as que já têm.
Lembre-se, nem todo mundo gosta de falar de trabalho 24h – nem
mesmo os empreendedores.
Portanto, se organize para fazer tudo o que tem que fazer, mas
nunca se esqueça de ter uma vida social. Você resolve todos esses
problemas e de brinde ainda fica feliz.

Abraços,
Lucas Hoogerbrugge (indo tomar uma
gelada assim que terminar esse artigo)

Cap. 2 - Uma vida produtiva é uma vida feliz 72


6 dicas para não
se transformar em
um Workaholic

Tec tec tec tec! Ahhhhhh!!! Tec tec!

Vivemos numa cultura onde ser viciado no trabalho - o chamado


Workaholic – é tido como sinônimo de dedicação à empresa e até
uma premissa, muitas vezes, para o sucesso profissional.
Como vimos anteriormente, está mais do que comprovado que
trabalhar demais reduz a produtividade de qualquer profissional,
além de trazer consequências muitas vezes irreparáveis à nossa vida
pessoal ou até à nossa saúde.
Por isso deixamos aqui 6 dicas para que você se transforme de
uma vítima dessa “doença” dos tempos modernos, em um profissional
que consegue equilibrar melhor seu tempo e produtividade.

Cap. 2 - Uma vida produtiva é uma vida feliz 73


1 - Durma bem, alimente-se melhor!

São duas dicas numa só, que podem se resumir num maior
cuidado com a sua saúde.
Garanta boas noites de sono e evite só de porcarias. O seu corpo
só agradece.
Você consegue escutá-lo, não consegue?

2 - Estabeleça limites

Sim, é complicado, mas é ao mesmo tempo fundamental que


a sua jornada de trabalho seja respeitada, principalmente por você.
Cumpra o horário e leve o mínimo de trabalho para casa.
Pode parecer impossível, mas você verá como é muito mais uma
questão de disciplina e produtividade do que uma questão de tempo
disponível.

3 - Fuja da tentação de estar on-line o tempo todo

A internet é maravilhosa com todas as suas possibilidades, mas


também é uma tremenda distração.
Procure fazer o máximo de trabalho off-line, desconecte-se do
seu e-mail e dos comunicadores instantâneos e tenha mais tempo
para se focar em mais coisas importantes e em menos coisas urgentes.

Cap. 2 - Uma vida produtiva é uma vida feliz 74


4 - Tenha contato com a natureza

Poucas coisas são tão revigorantes quanto um passeio por uma


trilha ou caminhar no parque. Isto reduz o estresse e muitas das vezes
até serve como inspiração para, na volta, resolver aquele problema
que parecia impossível quando sua cabeça estava a mil.

5 - Relacione-se mais

Um dos sinais mais evidentes de que você se tornou um


Workhaholic é não ter tempo para os amigos, nem poder passear
com a família, ou fazer aquelas coisas que, em última instância, são a
razão para você trabalhar: uma melhor Qualidade de Vida.

6 - Questione os seus objetivos

O que o leva a trabalhar tanto? Porque não lhe sobra tempo para
nada? Onde você estará daqui a 2, 5, 10 anos, nesse ritmo?
Tudo deve ser questionado, antes de ser repetido tantas vezes
assim, não é? Comece a refletir sobre isso.
Na prática, o trabalho não é nada mais do que um meio para
se atingir algum objetivo. Claro que muitos de nós adoram o seu
trabalho e não se incomodam em trabalhar mais do que deveriam.
Mas lembre-se que, independentemente se é para: ganhar respeito
enquanto profissional, poder oferecer uma qualidade de vida melhor
à sua família ou ganhar dinheiro, tudo isso tem um preço.

Cap. 2 - Uma vida produtiva é uma vida feliz 75


E esse preço é pago com o seu tempo e sua dedicação.

Abraços,
Alexandre Borin (CEO da Prestus)

Cap. 2 - Uma vida produtiva é uma vida feliz 76


O que realmente
motiva as pessoas

Existe um grande motivo pelo qual decidi abrir a Empreendemia


ao invés de seguir outros caminhos: empreender me motiva MUITO
mais do que qualquer outra opção profissional. Inclusive, pessoas
adoram elogiar a coragem em empreender, mas na verdade é
simplesmente uma questão de não conseguir me ver em outro lugar.
Acredito que, para ser um bom profissional, eu preciso mandar
muito bem nas tarefas cotidianas. Para mandar muito bem, encontrar
um trabalho que me motive é essencial. Se você não tem “sangue nos
olhos” no seu trabalho, dificilmente irá perseverar naquelas atividades
que não são tão interessantes, porém são necessárias.
Para se aprofundar nessa área, recomendo muito a palestra de
Dan Pink: “Os quebra cabeças da motivação”.

Dinheiro é um fator motivante, mas nem sempre

Existem basicamente 2 tipos de atividades, as que são mais


mecânicas/repetitivas e as que envolvem a criatividade.
Nas atividades mais mecânicas, o dinheiro é um fator motivante.
Se você falar para alguém que aperta parafusos que ele receberá
proporcionalmente ao número de parafusos apertados, ele apertará
muitos parafusos, já que o benefício de cada parafuso é bem óbvio.

Cap. 2 - Uma vida produtiva é uma vida feliz 77


Em atividades criativas, o estímulo financeiro chega a prejudicar o
desempenho, já que faz as pessoas ficarem muito focadas em ganhar
mais ao invés de abrir a cabeça para gerar novas ideias.
Ou seja, o dinheiro afunila sua atenção, o que é bom para
tarefas em que é necessário foco, e ruim para tarefas que exijam um
pensamento mais “fora da caixa”.
O problema disso é que boa parte dos trabalhos que te darão
grandes ganhos de performance exigem criatividade.

Se não é dinheiro, o que realmente motiva as pessoas a fazer


trabalhos criativos?

Se você quer estimular a motivação em uma área que envolva


criatividade e inovação, ou seja, empreendedorismo, entenda os 3
fatores essenciais para que a motivação coma solta.

1 - Autonomia

Pessoas criativas gostam de ser donas do próprio nariz. Apesar


de autonomia não significar “fazer o que quiser”, esse sentimento de
ter espaço para gerar novas ideias é fundamental.
Ninguém consegue produzir algo realmente inovador cheio de
barreiras ao redor. O quanto você está em um ambiente em que o erro
é aceito? Se o fracasso é condenado, dificilmente sua produtividade
dará grandes saltos.

Cap. 2 - Uma vida produtiva é uma vida feliz 78


Para jogar sua motivação nas alturas, faça questão de estar em
um ambiente em que você tenha a possibilidade de fazer coisas novas
sabendo que o erro faz parte do processo.
Acredite, isso fará uma grande diferença na sua produtividade
diária.

2 - Maestria

Quem quer fazer um trabalho grandioso adora olhar para ele e


falar “Caramba, eu sou sinistro hein?”. Se eu te perguntar qual seu
maior orgulho na vida, provavelmente você vai citar algo que achou
que não fosse possível fazer, mas depois de um tempo foi lá, sofreu e
conseguiu.
Mesmo que tenha sido algo que te gerou dinheiro, o que faz seus
olhos brilharem com essa memória é o dinheiro em si ou o sentimento
de superar um desafio?
No próximo capítulo iremos nos aprofundar nessa tema da
maestria, mas por enquanto vale a pena fazer um exercício. Pare por
uns 30 segundos e faça questão de se lembrar dos seus maiores feitos
na vida.
Aposto que depois dessa reflexão, seu queixo está mais para
cima, seus ombros mais relaxados e o peito estufado. Isso é um sinal
claro do seu corpo dizendo “Sou sinistro e estou motivado! Que venha
a próxima tarefa!”.

Cap. 2 - Uma vida produtiva é uma vida feliz 79


3 - Propósito

Quantas vezes você já parou no meio de uma atividade e pensou


“Por que %@$ eu estou fazendo isso?”.
Se a resposta dessa pergunta não é óbvia, provavelmente
sua motivação vai embora em pouco tempo. Por isso, uma das
características mais importantes das pessoas produtivas é começar a
fazer algo já com o fim em mente.
Por exemplo, nunca gostei muito de exercícios físicos. Porém,
com o tempo isso me fez acumular alguns quilinhos que tornaram as
visitas ao médico menos agradáveis. Como definitivamente eu gosto
mais de me sentir bem do que de lasagna (e olha que gosto MUITO
de lasagna!), estava na hora de tomar vergonha na cara e ganhar o
hábito de me exercitar. Esse se tornou meu propósito.
Com isso em mente, toda vez em que eu estava com motivação
em falta e barriga de sobra, me lembrava do propósito e isso me
fazia sair do lugar. Resultado: 16 kgs perdidos em cerca de 6 meses
(darei mais detalhes de como consegui esse resultado no subcapítulo
“Estudo de caso: Como ganhar um novo hábito me permitiu perder 16 kg”).
Garanto que essa visualização de como será sua vida depois
de alcançar um objetivo também te deixará muito mais produtivo.
Pensando nisso, te pergunto: Qual o propósito de fazer o trabalho
que você faz atualmente?
Se a resposta for ou “pagar minhas contas” ou for muito difícil de
ser definida, vale a pena refletir sobre o que te motiva no trabalho ou
então repensar seus próximos passos.

Cap. 2 - Uma vida produtiva é uma vida feliz 80


A música de Rocky também motiva bastante,
mas não é disso que estamos falando!

Conclusão

Agora que você já sabe o que significa produtividade e o que


realmente te motivará a chegar lá, está na hora de aprender sobre o
último conceito essencial para um dia a dia mais produtivo, a criação
de hábitos.
Espero que tenha gostado da leitura até aqui e que esteja
motivadíssimo para seguir em frente nessa épica jornada para
produzir freneticamente no dia a dia.

Abraços,
Millor Machado (autônomo, maestro e
cheio de propósito)

Cap. 2 - Uma vida produtiva é uma vida feliz 81


82
Capítulo 3

O elemento que
toda pessoa
produtiva precisa
ter

83
1% inspiração, 99%
transpiração

Só para saciar os mais curiosos: a disciplina para manter esforços


constantes e focados em seu objetivo é o grande elemento que
toda pessoa produtiva precisa ter. Ou seja, não adianta ter picos de
produtividade. É necessário criar hábitos e é sobre eles que falaremos
neste capítulo. Não só sobre sua importância para a produtividade,
como também sobre como criá-los e cultivá-los.
Em relação a mudanças importantes, cresci com a ilusão de
que elas eram feitas por grandes pessoas com grandes ideias. Com
o tempo fui vendo que isso era uma falácia e que o que realmente
acontecia era que essas ideias existiam, porém o resultado vinha de
1% de inspiração e 99% de transpiração.
Isso se tornou óbvio para mim quando passei um tempo
considerável tentando pensar em uma grande ideia e não cheguei a
lugar algum. Acontece que o problema não foi o tempo gasto, mas a
forma que estava usando esse tempo.
Meu esforço estava totalmente voltado para pensar em algo
perfeito, que ia sair do papel e já ser uma revolução, uma quebra
de paradigmas. Ou seja, gastava 99% do tempo com a inspiração.Ao
contrário do que pensava antes, percebi que essas revoluções exigiam
muita experimentação e, principalmente, prática. Pode-se dizer que a
grande ideia é apenas a faísca para tudo começar e depois disso será
exigido MUITO esforço para as ideias saírem do papel.

Cap. 3 - O elemento que toda pessoa produtiva precisa ter 84


Então é só ter uma ideia e ficar tentando que um dia chegamos
lá?
Pelo contrário. Como dizia Einstein, “Insanidade é continuar
fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes”. O
mais importante é sempre colocar novas ideias nos seus experimentos
e ir adaptando ao longo do tempo. É aí que você tem que focar os
seus 99% de transpiração.
Esse mesmo princípio vale para os nossos resultados do dia a dia.
Por exemplo, você teve uma grande ideia para aumentar resultados
de venda da empresa? Agora é planejar, correr atrás e começar e
dedicar a maior parte do tempo em fazer o seu projeto acontecer. O
importante é que o tempo não pode ser investido só em ideias. Mas
nem por isso o tempo tem que ir só para o esforço.
Um exemplo muito bacana desse equilíbrio entre ideia e trabalho
é o do grande físico e matemático Sir Isaac Newton. Ou você realmente
acha que caiu uma maçã na cabeça de Newton e ele formulou a Lei
da Gravidade?

Newton trabalhou muito para defender sua teoria

Cap. 3 - O elemento que toda pessoa produtiva precisa ter 85


Não quero dizer que ele teve que tomar mais de uma maçã na
cabeça até demonstrar a lei. O que acontece é que ele trabalhou muito
e se baseou no estudo de diversos outros pensadores para chegar
aonde chegou. Ele errou muitos cálculos e criou diversas teorias e foi
ajustando-as ao longo do tempo até chegar ao resultado certo.
Newton teve sim seu momento de iluminação, mas ele teve
muita disciplina para manter um processo de pesquisa científica
que permitiu que ele chegasse ao patamar de grande cientista da
humanidade.
A vida não é feita de ideias, mas sim de resultados. É a disciplina,
esforço e persistência que transformam um “momento de iluminação”
em uma mudança genial.
Se você está buscando seu “momento de iluminação”, espero
que as ideias desse livro te ajudem bastante nos 1% de inspiração. Os
outros 99% de transpiração, aí é uma questão de aprender a ganhar
novos hábitos e inserir esse processo no seu dia a dia.
Está preparado para ganhar novos hábitos e causar a tão sonhada
mudança? Então vamos lá!

Abraços,
Lucas (super fã dos grandes gênios da
humanidade)

Cap. 3 - O elemento que toda pessoa produtiva precisa ter 86


A importância dos hábitos

Depois de buscar sobre uma definição formal, não consegui achar


nada bacana, decidi criar a minha própria: Tudo que se faz de forma
natural, sem pensar muito em cada etapa (MACHADO, Millor. 2013)
Porém, o problema dessa definição é que ela também pode
servir para um vício.
Pensando nisso, decidi usar os conceitos do subcapítulo sobre
como ser o melhor do mundo e definir hábitos como “Tudo que se faz
de forma natural, sem pensar muito em cada etapa e que te ajuda a
ser o melhor do mundo em alguma coisa”.
Apesar do termo também servir para coisas do dia a dia (escovar
os dentes, acordar cedo, etc.), consideraremos o hábito como um
processo de treinamento para atravessar o Vão.
No caso do vício, ao invés de ter um Vão e depois vir a
prosperidade, o vício dá um ânimo inicial que rapidamente passa a
apenas gerar mais problemas conforme você investe nele.

Relação de resultados por esforço


de um hábito vs. um vício

Cap. 3 - O elemento que toda pessoa produtiva precisa ter 87


Considerando que atravessar o Vão é um processo longo (leva
anos) e a força de vontade humana é razoavelmente fraca, o melhor
que podemos fazer para sermos o melhor do mundo é transformar
esse processo de desenvolvimento pessoal em um hábito.
Se imaginarmos um piloto de fórmula 1, grande exemplo de alta
performance, será que ele realmente fica pensando em cada curva
que faz ou simplesmente chega um momento em que treinou tanto
que faz as manobras de forma natural?
Ou então um grande pianista, será que ele fica pensando toda
hora em qual será a próxima nota ou a música simplesmente flui pelas
suas mãos?
Pois é, a principal característica de profissionais no topo de suas
áreas é que eles parecem um pato. Isso mesmo, um pato, que apesar
de estar fazendo um esforço imenso batendo as pernas debaixo
d’água, parece tranquilão, como se fosse a coisa mais natural do
mundo.
Se você quer alcançar a produtividade suprema, não tenha
dúvidas de que ser como o pato é essencial. Justamente por isso que
dedicamos este capítulo inteiro a esse tema.

Os elementos necessários para ganhar um novo hábito

Se eu tivesse que recomendar apenas um livro para quem quer


aprender sobre produtividade, eu recomendaria “Os 7 hábitos das
pessoas altamente eficazes”, de Stephen Covey.

Cap. 3 - O elemento que toda pessoa produtiva precisa ter 88


O que mais me chama atenção é a forma que ele define os
princípios básicos de produtividade e desenvolvimento pessoal.
Por isso, usarei sua definição sobre elementos necessários para
ganhar um novo hábito:

1. Conhecimento – O primeiro passo para ganhar um novo


hábito é saber qual Vão ele te ajudará a atravessar. Sem
um objetivo claro, é muito difícil saber se você está tendo
progresso em direção à glória. Conforme falamos antes, seu
cérebro pode ser representado como um homem guiando um
elefante. Esse primeiro elemento é o homem que apontará o
caminho para nosso amigo paquiderme.

2. Desejo – Mais do que motivação, é necessário DESEJO (com


direito a letras maiúsculas) para inserir um novo hábito na
sua vida. Se o objetivo final não te instiga, será muito difícil
manter a força de vontade na hora que o temido Vão aparecer.
Na analogia do cérebro, o desejo é o todo poderoso, porém
irracional, elefante. A inteligência do homem com a força do
elefante pode mover grandes barreiras.

3. Habilidade – Por mais que se saiba onde queremos chegar e


estarmos mega motivados, o hábito só fica completo quando
ganhamos habilidade o suficiente para executá-lo de forma
automática. Não é à toa que as duas palavras vieram do latim
HABERE, relacionado a ter/segurar/possuir. Quando você
ganha habilidade, aí sim a tríade se forma e você ganhou
inércia na sua jornada rumo à produtividade suprema.

Cap. 3 - O elemento que toda pessoa produtiva precisa ter 89


Como desenvolver cada um dos elementos

Situação 1: Falta de Conhecimento

Cap. 3 - O elemento que toda pessoa produtiva precisa ter 90


Apesar das pessoas geralmente terem uma noção geral sobre o
que querem, dificilmente elas criam objetivos específicos o suficiente
para avaliar se estão tendo progresso ou não.
Por exemplo, existe uma diferença muito grande entre falar
“Quero ficar mais rico esse ano” e “Quero juntar R$1.250 por mês,
totalizando R$15 mil ao final do ano”.
Sem um objetivo claro, temos o risco de adotarmos uma das
seguintes posturas: “De vez em quando consigo juntar uma graninha
no final do mês, acho que estou mandando bem” ou “Putz, trabalho
tanto e não estou ficando rico! F&$@-#% essa m#&@%, vou largar
mão!”.
Convenhamos que nenhum desses pensamentos refletem a
atitude de quem quer direcionar seus esforços para chegar cada vez
mais longe.
Para lidar com essa situação, o melhor a fazer é investir um
tempinho refletindo exatamente sobre onde você quer chegar e qual
o critério que indicará se você está chegando mais perto.
Por mais que isso dê a ideia de um burro correndo atrás da
cenoura, acredite que, além de fazer bem para a pele, ter essa cenoura
como referência será essencial para te manter em movimento na hora
que as coisas começarem a ficar chatas e difíceis.
Esse tema será aprofundado no capítulo sobre planejamento,
porém já fica a dica de que se você quer ganhar um hábito, o homem
que guia seu elefante precisa ter instruções claras e específicas sobre
a direção que ele deve seguir.

Cap. 3 - O elemento que toda pessoa produtiva precisa ter 91


Além da definição de um objetivo específico, algo que pode
ajudar muito na construção de um novo hábito é criar um plano a
partir dos chamados gatilhos de ação.
Gatilhos de ação são basicamente regras definidas anteriormente,
que indicarão o momento de executar a ação que você quer que vire
um hábito. Por exemplo, ao invés de simplesmente falar “Amanhã de
manhã irei para a academia”, você pode falar “Irei para a academia
amanhã, logo depois de deixar meu filho na escola”.
O conceito do gatilho de ação é que você toma a decisão antes,
poupando esforço do homem sobre qual decisão ele deve tomar.
Quanto mais clara a direção, mais fácil do homem guiar o elefante.
Um exemplo muito bacana relatado no livro “Switch” fala sobre
um experimento feito com estudantes universitários que poderiam
ganhar pontos extra se mandassem um relato de como tinha sido seu
Natal. O prazo era o dia 26/12, logo depois do Natal.
Um grupo de estudantes recebeu simplesmente essas instruções
e apesar de na hora eles terem demonstrado interesse nos pontos
extra, apenas 33% deles mandou o relato.
Em compensação, outro grupo recebeu instruções de definir
antecipadamente quando e onde iriam fazer a tarefa (Ex.: “Vou
escrever esse relatório no escritório do meu pai, na manhã de Natal,
antes de todo mundo acordar”).
Acredite se quiser, mas a taxa de entrega desse grupo foi de 75%,
mais do que o dobro do grupo que não tinha usado os gatilhos de
ação.

Cap. 3 - O elemento que toda pessoa produtiva precisa ter 92


Logicamente os gatilhos de ação não irão funcionar quando você
não quiser fazer algo (duvido que os estudantes topariam participar
de 8 horas de aula no dia do Natal), mas quando é algo que queremos
fazer e que na hora ficamos com preguiça, os resultados podem ser
excelentes.
Fica então a reflexão para o próximo hábito que você quiser
ganhar: qual será o gatilho (situação, horário e local) que te fará sair
do lugar e começar a executar a tarefa?

Situação 2: Falta de Desejo

Acredite, se eu quisesse, poderia ter sido um jogador de futebol


melhor do que Messi. O problema é que não sou canhoto. E não fui
treinado desde moleque pelo Barcelona. E meu centro de gravidade
é mais alto do que o normal, atrapalhando o domínio da bola. E por
aí vai...

Cap. 3 - O elemento que toda pessoa produtiva precisa ter 93


Cá entre nós, algum desses motivos realmente te convenceu de
que eu tinha tudo para ser um ás da bola e acabei me tornando um
perna de pau de marca maior? Pois é, é assim que você soa quando
fala que não vai pra academia só porque está chovendo ou que não
cria uma estratégia de expansão da empresa só porque não sabe o
suficiente sobre publicidade e propaganda.
Na prática, minha completa e absurda falta de habilidade
futebolística se deve à minha falta de desejo de treinar exaustivamente
durante anos para alcançar o nível de um jogador profissional.
Conscientemente ou não, escolhi seguir outros caminhos. O futebol é
simplesmente um Vão que eu não tive desejo o suficiente de enfrentar.
Por outro lado, começar a Empreendemia foi uma atitude quase
que insana. Nós tínhamos apenas 6 meses de experiência profissional,
ainda estávamos na faculdade, nossa rede de contatos era nula, não
tínhamos condição de executar sozinhos o plano megalomaníaco
e sabíamos que a empresa poderia levar alguns anos até faturar o
suficiente para pagar um salário razoável.
A diferença nesse caso é que o desejo de dar nossa contribuição
pelo empreendedorismo brasileiro simplesmente falou mais alto.
Esse desejo nos gerou brilho nos olhos suficiente para atrair uma
megazordpluspower equipe, deu inspiração para que começássemos
o Saia do Lugar com conteúdo hipersimples e o mais importante,
nos mostrou (e mostra até hoje) o motivo para vermos amigos de
faculdade comprando apartamentos enquanto ficamos felizes por ter
dinheiro o suficiente para pedir um frappuccino no Starbucks sem dor
na consciência.

Cap. 3 - O elemento que toda pessoa produtiva precisa ter 94


Muito mais do que dinheiro, o comentário de um empreendedor
falando que nosso trabalho o ajudou a gerar mais negócios é o que
realmente faz nosso trabalho valer a pena. Esse tipo de interação é o
que mais alimenta nosso desejo de seguir em frente.
No seu caso, na hora que as desculpinhas começarem a aparecer,
pare um pouco e avalie qual seu real desejo naquilo. Se não for um
desejo relevante, dificilmente o hábito se consolidará.
Se você comprovar que o desejo não é tão grande assim, existem
duas opções:

1. Reavaliar a perspectiva – Ex.: “Preciso melhorar minha


alimentação porque me chamam de gordo” vs. “Me alimentar
melhor me dará mais disposição, permitindo brincar mais
com meus filhos”

2. Desistir desse hábito e partir para outro – Ex.: Aceitar que


nunca serei melhor que Messi e focar meus esforços em criar
materiais bacanas para empreendedores

Moral da história, o hábito só pode ser ganho em um Vão que


vale a pena ser atravessado. Se o desejo existe, o resto aparece. Sem
ele, qualquer pedra no caminho parecerá uma grande muralha e as
desculpinhas terão espaço livre para crescer.
Como diria o grande dramaturgo e escritor Caio F. Abreu:
“Quem quer, arruma um jeito. Quem não quer, arruma uma
desculpa”

Cap. 3 - O elemento que toda pessoa produtiva precisa ter 95


Situação 3: Falta de Habilidade

O elefante do nosso cérebro é como uma criança que tenta


algumas vezes encaixar uma peça quadrada em um buraco triangular,
fica irritada quando não consegue e simplesmente desiste. Porém, se
até os Beatles precisaram praticar insanamente para se tornarem “Os
Beatles”, não ache que você tem obrigação de mandar bem logo de
cara no seu novo hábito.
Da mesma forma que você não pede para uma criança resolver
equações diferenciais na 1a série, não adianta querer começar um
novo hábito achando que você será profissional do dia pra noite. O
que importa é começar pequeno e evoluir aos poucos.
Um exemplo bem bacana é de Van Gogh, considerado um dos
maiores pintores de todos os tempos. Dá só uma conferida em um
quadro que ele pintou aos 27 anos.

Cap. 3 - O elemento que toda pessoa produtiva precisa ter 96


Carpenter, 1880

Convenhamos que se não fosse do grandioso Van Gogh, esse


quadro não valeria mais do que R$10, um abraço e um saco de farinha.
Em compensação, o clássico autorretrato, pintado 9 anos depois
mostra uma melhoria clara na sua habilidade.

Agora sim hein, Vincent?

Cap. 3 - O elemento que toda pessoa produtiva precisa ter 97


Levando isso em conta, toda vez que você estiver começando um
novo hábito, saiba que é normal levar um tempo até que a habilidade
seja desenvolvida. Se até Van Gogh conseguiu evoluir de garranchos
no caderno para pinturas que valem milhões, você também consegue
melhorar suas habilidades com a prática.
Sempre que der, é uma boa medir sua performance e avaliar
progresso na habilidade, mas se não der, mantenha a calma e continue
treinando mesmo assim. Um dia a habilidade virá.
Lembre-se do que já dizia nosso amigo Aristóteles “Nós somos
aquilo que fazemos repetidamente. Excelência, então, não é um modo
de agir, mas um hábito”.

O segredo para saber se algo se tornou um hábito ou não

Já ouvi diversas estatísticas que dizem que se você faz uma tarefa
por 30 dias seguidos, ela virou um hábito. Também ouvi dizer que um
hábito precisa de 3 meses para ser consolidado. Por via das dúvidas,
eu tenho uma técnica muito mais simples para saber se algo se tornou
um hábito ou não: se eu preciso me perguntar, é porque ainda não
ganhei o hábito.
Por definição (hábito = o que se faz de forma natural), se você
precisa pensar sobre a execução da tarefa, ela ainda não se tornou
um hábito.
No momento em que você se pegar fazendo a tarefa sem precisar
de um mega estímulo motivacional, aí sim o hábito está consolidado.
Você simplesmente saberá quando acontecer.

Cap. 3 - O elemento que toda pessoa produtiva precisa ter 98


Um exemplo claro disso é o banho. Quantas vezes você fica na
dúvida se já passou o shampoo? Esse tipo de dúvida mostra que você
passa shampoo sem pensar. Ou seja, é um hábito.

Conclusão: Não adianta ter pressa, faça seu trabalho e o hábito


irá aparecer na hora certa

Apesar de lembrar de alguns marcos como “1ª vez que


engatinhou” ou “1ª vez que ficou em pé sozinho”, dificilmente você
vê um momento exato em que fala “Ah, agora esse bebê consegue
andar com naturalidade”. Aprender a andar é um processo que você
vai estimulando e do nada, voilà, o bebê está correndo pela casa.
No caso de outros hábitos (inclusive o hábito de ganhar hábitos),
o processo é similar. Ao invés sonhar com o dia em que você terá o
hábito X, apenas seja paciente e aproveite a jornada.
Afinal de contas, vale a pena enfatizar que o único que consegue
alcançar grandes objetivos sem ganhar hábitos é Chuck Norris. Sem
ganhar hábitos e sem usar as mãos.

Abraços,
Millor Machado (ganhando o hábito de
ganhar novos hábitos)

Cap. 3 - O elemento que toda pessoa produtiva precisa ter 99


Estudo de caso: Como
um novo hábito me
permitiu perder 16 kg

Como você deve ter reparado, estudei bastante sobre como


hábitos são criados e a importância deles no desenvolvimento pessoal.
Porém, convenhamos que toda teoria do mundo não adianta nada
sem aplicação. Por isso estou aqui compartilhando algo BEM pessoal,
mas que acredito que possa te ajudar a aplicar esses conceitos no seu
dia a dia.

Contexto inicial: Um magrelo com síndrome de super-homem

Quando pequeno, reparei algo interessante. Apesar de comer


que nem um desesperado, sempre fui extremamente magro. Apelidos
como “frango desnutrido” ou “filé de borboleta” eram razoavelmente
comuns na época de escola e início da faculdade.
Tudo isso, aliado ao fato do meu pai ter mantido a mesma
forma magra em toda a vida adulta, me fez acreditar que poderia
simplesmente comer tudo que era tipo de porcaria e nunca precisaria
me preocupar em engordar.
Porém, depois que saí de casa para fazer faculdade e a comidinha
da mamãe foi substituída por doses diárias de miojo e lasagna, ficou
mais do que claro que sim, eu poderia engordar.

Cap. 3 - O elemento que toda pessoa produtiva precisa ter 100


Comentários como “Impressão minha ou você está com uns
quilos a mais?” e “Maneira essa sua camiseta com alto-relevo na
barriga” passaram a ser cada vez mais frequentes e decidi que era
hora de mudar.

Até a balança xingava

As tentativas frustradas do monge de 3 dias

Eis que no início de 2011 voltei das férias com um pensamento


na cabeça: estava na hora da pança ir embora. Com isso em mente, a
primeira coisa que fiz foi pagar o plano semestral da academia.
Afinal, sou muito mão de vaca para pagar a academia e não ir.
Com certeza isso me motivaria a malhar todo dia!
A princípio o plano funcionou perfeitamente, comecei a malhar
freneticamente, empolgado com aquele novo estilo de vida e em
menos de um mês já conseguia sentir certa evolução.

Cap. 3 - O elemento que toda pessoa produtiva precisa ter 101


Tudo ia muito bem, até que aconteceu um “imprevisto”. O
carnaval.
Depois de interromper a rotina para alguns dias de farra,
má alimentação e sedentarismo, os dias seguintes tinham uma
desculpinha óbvia de “Ah, acabei de voltar de viagem. Hoje preciso
descansar para recuperar minha rotina”.
Nessa linha de raciocínio, alguns dias de recuperação se
transformaram em semanas e depois de um tempo, o pensamento já
era de “Já faltei tanto. Agora nem vale mais a pena voltar. Perdi meu
dinheiro, paciência”.
No segundo semestre decidi que não repetiria o mesmo erro.
Ao invés de me matricular na academia, comecei a fazer Muay
Thai, um estilo de luta bastante conhecido por puxar bastante o
condicionamento físico.
Como eu adorava praticar artes marciais quando adolescente e
tinha alguns amigos que fariam o Muay Thai junto comigo, essa era a
fórmula perfeita para o sucesso. Agora vai!
Não foi...
Apesar do treino ser ótimo e a galera muito gente boa, as aulas
foram bem desanimadoras, já que toda hora eu ficava pensando “Com
14 anos eu quebrava 9 telhas na altura da cabeça só com um chute.
Hoje a perna não sobe mais do que a altura da cintura”.
Além disso, a aula começava pontualmente às 19:30 e raramente
dava tempo de: chegar do trabalho, jantar, assistir um episódio de um
seriado e dar aquela enroladinha básica.

Cap. 3 - O elemento que toda pessoa produtiva precisa ter 102


Resultado: estou vendendo luvas, caneleiras e ataduras com
pouco uso. Se souber de alguém querendo comprar, só me avisar.
Pesquisando mais a fundo, descobri que essas tentativas
frustradas representam um fenômeno comum em pessoas que
querem novos hábitos: o monge de 3 dias.
Quantas vezes você começou algo a todo vapor, se dedicou
àquilo como se não houvesse amanhã e depois de alguns dias a
motivação simplesmente foi embora e nunca mais voltou? Pois é,
nesses momentos você foi o monge de 3 dias.
Infelizmente, por maior que seja o esforço nesse pequeno
período, o resultado do monge de 3 dias dificilmente será relevante.

A eliminação das desculpinhas e o início de um novo plano

Apesar de ser razoavelmente clichê falar sobre como cada erro é


uma oportunidade de aprendizado, essas tentativas frustradas foram
fundamentais para que eu soubesse o que eu não queria fazer.
Se você já tentou diversas vezes e falhou, saiba que cada uma
dessas tentativas te levou para mais perto do sucesso. É muito melhor
tentar e falhar do que não saber o que funciona e o que não funciona.
Nessa linha de raciocínio, comecei a avaliar mais a fundo os
fatores que me incomodavam tanto na academia quando no Muay
Thai. Depois de certa reflexão percebi que minha maior barreira
psicológica era a necessidade de um horário fixo. Eu simplesmente
tinha dificuldade em ser pontual depois de chegar do trabalho.

Cap. 3 - O elemento que toda pessoa produtiva precisa ter 103


Apesar da academia ficar aberta o dia inteiro, minha preguiça não
me permitia ir de manhã cedo e de noite ela ficava completamente
lotada, exceto por um período de cerca de 20 minutos em que eu
poderia fazer minha série antes da academia fechar. Qualquer
imprevisto ou preguiça e já ficava tarde demais para sair de casa.
Avaliando as opções de exercícios com horário livre, cheguei à
conclusão de que a melhor coisa seria começar correr pelo bairro.
Eis que em um momento Forrest Gump bateu e saí correndo
pela rua, sem me preocupar muito com tênis apropriado, distância,
velocidade média etc. Simplesmente saí de casa e comecei a correr.

A dificuldade em manter a motivação e necessidade de critérios


alternativos de sucesso

Apesar do ato semi-heróico de me revoltar com a situação e


simplesmente sair correndo, a realidade bateu e antes de chegar na
esquina minha perna já estava gritando de dor, meu coração estava
saindo pela boca e tive que andar, quase rastejando, para manter
o movimento e conseguir voltar pra casa. Tudo indicava que nessa
tentativa eu seria o monge de 3 minutos.
Obviamente, somente força de vontade não era suficiente para
me transformar em atleta do dia pra noite.
Depois de chegar em casa e recuperar o fôlego, percebi que
performance na corrida não poderia ser meu critério de sucesso. Eu
precisava de algo mais fácil, que me desse ânimo mesmo tendo um
desempenho comparável a uma lesma manca, de ressaca.

Cap. 3 - O elemento que toda pessoa produtiva precisa ter 104


Decidi então que teria um critério de sucesso mais fácil, sair de
casa e caminhar. Tentei correr e precisei voltar no meio do caminho?
Não tem problema, atividade feita. Fui e voltei andando do mercado
carregando um quilo de arroz? Excelente! Ponto marcado.
Esse sistema de “pontuação” foi peça-chave na hora de lutar
contra a preguiça. Toda vez que pensava na dificuldade de ter que me
exercitar, minha consciência soltava um “Controle-se! Dar 2 voltas no
quarteirão é muito fácil e leva menos de 10 minutos! Vai lá e deixa de
frescura!”. Daí eu saía de casa e voltava felizão por ter feito mais um
dia de exercícios.
Isso fez com que a motivação fosse crescendo e vi que ali havia
algo diferente, eu me sentia orgulhoso pelos resultados obtidos.
Mesmo sendo um critério muito fácil e inventado por mim, não tem
problema, eu estava finalmente mandando bem!
Outro fator essencial no ganho do novo hábito foi saber lidar
com recaídas.
Durante o carnaval de 2012, mais uma vez fiquei alguns dias sem
exercício e a volta foi extremamente desanimadora. Porém, dessa
vez ao invés de pensar “Já faltei tanto, estou longe do objetivo”, o
pensamento foi de “Estava tão bem há tão pouco tempo. Com certeza
vai ser fácil recuperar o que perdi”. Poucos dias depois eu já estava
firme e forte nas caminhadas.
Por isso, se você vez ou outra tiver recaídas, não tem problema.
Simplesmente aceite que amanhã é um novo dia e você sempre pode
recomeçar. Ao invés de desanimar com o objetivo que ficou distante,
crie um novo objetivo mais próximo e recomece o seu trabalho.

Cap. 3 - O elemento que toda pessoa produtiva precisa ter 105


Ponto de virada: o momento em que os resultados reais
começam a aparecer

Conforme você vai alcançando os objetivos fáceis, o elefante


do seu cérebro fica empolgado e vai ganhando inércia. Nessa hora,
você consegue melhorar sua performance e finalmente os resultados
“de verdade” começam a aparecer, aumentando ainda mais a sua
motivação.
No meu caso, eu não monitorava constantemente a balança, já
que meu indicador de sucesso não era emagrecer (objetivo difícil),
era apenas sair de casa (objetivo fácil). Porém uma coisa deixou mais
do que claro que a caminhada estava funcionando: minhas calças
estavam caindo!
Mesmo andando por apenas cerca de 20 minutos por dia, o
hábito de praticar ALGUM exercício constantemente fez com que em
2 meses eu precisasse usar cinto para segurar a maioria das calças e
bermudas.
Depois de 3 meses do início dos exercícios, finalmente subi em
uma balança e vi que já havia perdido cerca de 6 quilos. Nada absurdo
comparado a casos de sucesso que vemos por aí, mas o ponto é que
foi consideravelmente fácil chegar até aqui.
Ao invés de sentir que tinha feito um grande sacrifício e
não aguentava mais, conseguir esses resultados com um esforço
razoavelmente pequeno foi extremamente motivador para que eu
começasse a levar o processo mais a sério.

Cap. 3 - O elemento que toda pessoa produtiva precisa ter 106


Depois de dominar um hábito, chega a hora de dominar o
próximo

A principal desvantagem do monge de 3 dias é que exige um


grande esforço inicial e os resultados são ruins, desanimando qualquer
um.
Em compensação, o mortal de 100 dias sabe que seu resultado será
fraco e simplesmente segue em frente, criando habilidade conforme
o tempo passa. Ao final dos 100 dias, o mero mortal já não é mais
tão fraco assim e isso faz com que ele consiga melhores resultados,
gerando mais motivação para se fortalecer e consequentemente,
gerar resultados ainda melhores.
Esse é o famoso efeito bola de neve, aplicado a uma situação
favorável. É criado o tão desejado ciclo virtuoso e seu elefante fica
cada vez mais eufórico e cheio de vontade de continuar o hábito.
Na corrida, os treinos constantes fizeram com que eu ficasse mais
resistente e aguentasse correr por distâncias maiores, o que acelerou
a perda de peso. Quanto mais peso eu perdia, mais eu me animava
com o processo e me esforçava mais na corrida.
Além disso, quando vi que estava começando a estagnar, fiquei
querendo mais. Essa foi a hora que comecei a melhorar minha dieta.
A princípio, simplesmente cortei refrigerantes e outras porcarias
como pipoca e doces. Exceto no domingo, aí tudo era liberado (lembre-
se, nesse caso é melhor alcançar constantemente um objetivo fácil do
que falhar feio em um objetivo muito ambicioso).

Cap. 3 - O elemento que toda pessoa produtiva precisa ter 107


Conforme eu sentia bons resultados na dieta, maior minha
motivação para melhorá-la. Esse ânimo foi aumentando aos poucos
até o momento em que consegui manter um cardápio praticamente
impecável sem ter que fazer um grande esforço.
Finalmente, a empolgação com os resultados era mais forte do
que a fome!
Para se ter uma ideia desse efeito, no 3o mês minha circunferência
na barriga tinha sido reduzida em 3 centímetros. Do 3o para o 6o
mês, alcancei a marca perdi mais 9 centímetros, gerando o triplo do
resultado anterior no mesmo período de tempo!
Na balança, o 2o trimestre me levou mais 10 quilos, totalizando
os 16 que deram nome a esse subcapítulo.
Imagina só se eu não tivesse tido paciência para esperar o efeito
bola de neve?

Conclusão: Qualquer progresso é melhor do que nenhum


progresso. Simplesmente comece!

No momento que aquele esforço inicial se transformou em


hábito, ficou cada vez mais automático manter a rotina de exercícios.
Hoje em dia, além da corrida e da alimentação, finalmente ganhei o
hábito de malhar (em casa, no horário que eu quiser) e estou muito
feliz com os resultados que estão sendo atingidos.
Se existe um conselho que posso dar para quem quer fazer uma
mudança parecida, ele é: qualquer progresso é progresso.

Cap. 3 - O elemento que toda pessoa produtiva precisa ter 108


Como reflexão final, toda vez que você estiver sofrendo para
começar ou manter o novo hábito, lembre-se:

• Se você não tem muito tempo, não tem problema. Exerça


seu novo hábito mesmo que só por 10 minutos por dia

• Se você não está mandando bem, não desanime, apenas


mude seu critério de sucesso

• Se teve uma recaída, não tem problema. Amanhã é um


excelente dia para recomeçar

• Se você quer evoluir mais rápido, tenha paciência que o


efeito bola de neve dará um empurrãozinho

Abraços,
Millor Machado (beijo do ex-gordo!)

Cap. 3 - O elemento que toda pessoa produtiva precisa ter 109


Técnica: O calendário
de Seinfeld

A dificuldade de criar hábitos varia de pessoa para pessoa e de


acordo com o próprio hábito.
Vícios costumam aparecer facilmente, já os bons hábitos como:
alimentação mais saudável, prática de atividade física, estudo,
trabalho... Esses já não são tão fáceis assim. É necessário vencer a
preguiça e ter a disciplina para poder fazer uma tarefa repetida várias
vezes. Felizmente existem técnicas que dão uma forcinha a mais.
Uma técnica bem eficaz é o calendário do Seinfeld.

“Mas quem é Seinfeld?”

Jerry Seinfeld é um comediante americano e uma das referências


no humor. Se consagrou quando fez uma série de TV, também chamada
Seinfeld, na década de 90. A série foi tão famosa nos Estados Unidos,
que só de reprises a série já rendeu mais de 3 bilhões (sim, bilhõõões)
de dólares.
Ao ser perguntado como fazia para ser um bom comediante,
Seinfeld disse que o segredo para melhorar cada vez mais suas piadas
era escrever todo dia. Mas como escrever todos os dias não é algo
muito fácil, ele também explicou como faz para ter a disciplina para
escrever todos os dias.

Cap. 3 - O elemento que toda pessoa produtiva precisa ter 110


“Ok, parabéns pra ele. Mas afinal, qual é a técnica?”

A técnica consiste em acompanhar suas vitórias dia a dia, da


seguinte forma:

• Construa um calendário (quanto maior melhor)

• Defina qual hábito você quer criar.

• A cada dia que você fizer essa atividade, pegue uma caneta e
marque um grande X naquele dia

• Depois de alguns dias, você vai perceber que vai começar


a aparecer uma corrente de X. Continuando no ritmo, essa
corrente só vai crescer

Eis a corrente de X

A partir desse momento, seu objetivo é: não quebre a corrente.

Cap. 3 - O elemento que toda pessoa produtiva precisa ter 111


Quanto maior a corrente, menos você vai querer quebrá-la. Você
começa a competir com você mesmo. Quando menos perceber, sua
corrente vai ficar maior e o seu esforço para fazer aquelas atividades
vai diminuindo cada vez mais.

“E funciona mesmo?”

Como tudo nesse livro, depende mais da sua vontade e esforço


do que da técnica em si, mas já adianto que usei e funcionou bem.
No meu caso, nunca tive paciência para ler livros, mas sempre
me interessei muito por alguns assuntos e queria estudar mais a
fundo as coisas. Já estava inconformado com minha incapacidade de
leitura regular, quando fiquei sabendo dessa técnica. No mesmo dia
já escolhi um livro, imprimi o calendário e colei na parede do meu
quarto. Todo dia eu precisava ler parte dele. Não importava o horário.
O que mais importava era o hábito de ler todo dia.
Percebi que o melhor horário para uma leitura mais tranquila
era antes de dormir. Depois de uma semana, uma pequena corrente
já tinha sido formada. Às vezes, ao chegar da aula à noite, já estava
bem cansado e só queria dormir, mas olhava a corrente e não tinha
coragem. Pegava o livro e lia algumas páginas e então ia dormir feliz e
com mais um X marcado.
Infelizmente, por algum motivo que não me lembro, no 12º dia
eu me esqueci de ler. Quebrei a corrente. Desânimo? Nada! A partir
de agora eu tinha uma meta muito mais clara. O mínimo de dias agora
que eu precisava ler consecutivamente era 12.

Cap. 3 - O elemento que toda pessoa produtiva precisa ter 112


Comecei novamente minha corrente e quando fui ver, já estava
lendo há mais de 20 dias consecutivos. Chegou num ponto que eu
simplesmente lia, não precisava mais me esforçar que nem no início.
Pronto. Hoje leio praticamente todos os dias, sem nenhum
esforço e já não preciso mais do calendário para me motivar, porque
virou um hábito. Sempre dá para melhorar, mas atualmente leio em
média dois livros por mês, sem nenhum esforço.

“Mas sou uma pessoa moderna e papel é coisa do passado.


Não tem nada que me ajude a fazer isso no smartphone?”

Sim, pessoa moderna. Também somos modernos e usamos um


aplicativo para iOS (iPhone, iPod e iPad) muito bom chamado Streaks.
Para Android existe o Habit Streak. Ambos medem o desempenho
(tempo máximo sem quebrar a corrente) e você pode fazer vários
calendários, um para cada hábito que quer criar.

Resumindo, não importa se é no papel, no celular ou na parede


do seu quarto, o importante é registrar diariamente suas vitórias e
não quebrar a corrente. Quando menos perceber, o hábito foi criado.

Abraços,
Gabriel (usando a técnica para ganhar o
hábito de fazer atividades físicas)

Cap. 3 - O elemento que toda pessoa produtiva precisa ter 113


4 dicas para meros
mortais enfrentarem
grandes desafios

Não tenha medo de grandes desafios

Caro(a) leitor(a),
Hoje vou te revelar um segredo, do fundo do meu coração.
Por mais que seja difícil revelar algo tão pessoal num livro que
será lido por tanta gente, acredito que é algo bem relevante para
passar a mensagem deste subcapítulo.
Meu segredo é: sou extremamente preguiçoso. Muito mesmo.

Cap. 3 - O elemento que toda pessoa produtiva precisa ter 114


O problema é que além de ser preguiçoso, sou muito ambicioso,
o que me leva a pegar desafios cada vez maiores. Para lidar com isso,
descobri que a melhor coisa a fazer é aumentar minha eficiência e
conseguir o máximo de resultado com o mínimo de esforço.
Se você também é preguiçoso(a) e quer encarar grandes desafios,
aposto que irá gostar bastante das dicas a seguir.

1 - Não tenha medo de começar pequeno

Já ouviu falar que Roma não foi construída em um dia? Pois é,


não foi mesmo.
Ao invés de um cara olhar e falar “Mamma mia!!! Vamos construire
uno império!!!”, provavelmente ele simplesmente construiu uma
pequena vila. Só depois disso que ele conquistou um povo aqui, outro
lá e com o tempo conseguiu acumular um território gigantesco.
Se você é ambicioso, mas só tem condições de começar pequeno,
não tem problema algum. O importante é começar.

2 - Pequenos esforços em grande quantidade valem muito mais


do que poucos grandes esforços

Se você está em uma jornada que vai dar resultados no longo


prazo (característica da maioria dos grandes desafios), a melhor
coisa a fazer é dar um jeito de quebrá-lo em uma série de pequenos
desafios e enfrentá-los um por vez.

Cap. 3 - O elemento que toda pessoa produtiva precisa ter 115


Por exemplo, sabendo que você precisa tomar 2 L de água por
dia, você pode fazer isso de uma vez e ficar sem beber água pelo resto
do dia ou tomar diversos copos com certo intervalo de tempo. Qual
tática faz mais sentido?
Pensando nisso, saiba que mesmo que você só tenha condições
de avançar um pouquinho, esse pouquinho vale a pena, desde que
seja algo constante e faça parte de um hábito. Keep walking!

3 - Comemore seus sucessos

Na maioria das vezes, as pessoas desistem de um desafio por


não enxergarem que o esforço está valendo a pena. Isso desanima o
elefante. Para driblar esse problema, reavalie seu critério de sucesso.
Por exemplo, no caso da corrida, meu objetivo no início não eram
kilos perdidos, eu simplesmente queria ganhar o hábito. Com isso,
meu critério era simplesmente o número de treinos por semana.
Depois de 70 dias, meu físico não mudou quase nada, porém
consegui ganhar disciplina para completar 40 treinos e isso me deixou
extremamente motivado. Hoje em dia, já posso comemorar resultados
mais visíveis, mas no começo o hábito foi o que fez a diferença.
A parte boa dos hábitos é que ao começar pequeno e fazer
constantemente um pequeno esforço, essa sensação de progresso te
motivará a aumentar seu esforço e, consequentemente, seu resultado.
Ou seja, progresso gera progresso.

Cap. 3 - O elemento que toda pessoa produtiva precisa ter 116


4 - Tenha companheiros na jornada

Um grande desafio é grande demais para ser enfrentado sozinho.


Por isso, ter pessoas para te apoiar é fundamental.
Se você conhece alguém que já enfrentou com sucesso esse
desafio, faça questão de aprender o máximo possível com a experiência
dessa pessoa. Essa experiência servirá tanto para orientar o homem
com boas práticas quanto o elefante com motivação.

Conclusão: Você já é um vencedor. Agora é hora de continuar!

Não adianta muita coisa ganhar motivação para enfrentar


grandes desafios se isso não se transforma em ação. Nesse momento
você acaba de finalizar a seção 1 desse livro, o que por si só já é um
belo passo. Muita gente desiste antes.
Se você quer seguir em frente nesse grande desafio pela
produtividade, chegou a hora de conferir a parte prática e finalmente
ver aplicações diretas desses conceitos que tanto falamos.
A você que chegou até aqui, já pode se considerar um vencedor(a).
Porém, ainda tem mais. Muito mais!

Abraços,
Millor Machado (enfrentando o desafio
de escrever sobre enfrentar desafios)

Cap. 3 - O elemento que toda pessoa produtiva precisa ter 117


Seção 2

Produtividade
na prática

118
119
Capítulo 4

Como fazer um
bom planejamento

120
Sempre afie o seu machado

Planejar é uma forma de garantir que o objetivo em mente


seja alcançado, através de preparação, definição de ações e metas
intermediárias.
Para garantir a qualidade de um planejamento, um item muito
específico pode fazer a diferença: experiência prática capaz de
considerar os problemas, que com certeza aparecerão.
Como o norte do livro agora é exatamente a parte prática da
produtividade, nada melhor do que uma boa fábula para utilizarmos
como exemplo:

Nas montanhas do Canadá havia um mestre lenhador.


Certo dia, ele foi procurado por um rapaz de preparo físico
notável, que lhe disse: “Quero aprender a cortar árvores, quero
me tornar lenhador como o senhor”.
Sem hesitar, o mestre aceitou: “Volte amanhã e vou lhe
ensinar meu ofício”.
Lá pelo terceiro mês de aprendizado, para o espanto do mestre
lenhador, o jovem comentou: “Aprendi o que tinha de aprender. Já
sou um lenhador, um bom lenhador. Na verdade, acho que sou o
melhor lenhador do Canadá”.

Cap. 4 - Como fazer um bom planejamento 121


Diante do olhar incrédulo do mestre, ousou ainda mais,
lançando-lhe um desafio:
“Vamos delimitar duas áreas de terra, com a mesma
quantidade de árvores cada, e cortar. Quem derrubar primeiro a
última árvore é o mais rápido e, portanto, o melhor”, propôs.
E assim aconteceu.
No início, o jovem, com mais disposição e uma velocidade
incrível, abriu vantagem sobre o mestre. De vez em quando,
lançava um olhar para a área vizinha e observava intrigado que
este fazia pequenas paradas para descansar.
“Moleza. Vai ser fácil”, pensava consigo.
No entanto, o sol nem havia se posto por completo no
horizonte e o mestre derrubava sua última árvore, enquanto o rapaz
ainda tinha algumas pela frente. Surpreso, ele correu até o mestre:
“Como o senhor cortou mais rápido do que eu?! É impossível,
não consigo entender. Não parei um só minuto e vi que o senhor
parava toda hora para descansar!”.
Então o lenhador mais velho olhou nos olhos do jovem e lhe
transmitiu sua derradeira, e talvez mais importante lição: “Cada
vez que eu parava para descansar, aproveitava para afiar os
machados”.

A fábula do lenhador canadense traz dois aspectos essenciais


sobre produtividade no dia a dia:

Cap. 4 - Como fazer um bom planejamento 122


Sempre afie seu machado

1. A importância de planejar o caminho ideal para se alcançar o


resultado em mente. No caso, o aprendiz falhou ao confundir
velocidade com eficiência.

2. Ter as ferramentas ideais para que o objetivo seja alcançado


de maneira ótima. Ao afiar seus machados e descansar,
o mestre foi eficaz porque não gastou sua força à toa com
machados menos cortantes e, ao descansar, recuperava a
energia.

Abraços,
Luiz Piovesana (afiando minhas ferramentas)

Cap. 4 - Como fazer um bom planejamento 123


Os 4 fundamentos
do planejamento

Tudo que fazemos tem um objetivo. Desde uma criança que


chora para conseguir um novo brinquedo dos pais até uma empresa
que contrata vendedores para aumentar sua receita.
Ser produtivo é alcançar esse objetivo.
Essa é a relação entre Produtividade e Planejamento. Primeiro
define-se o objetivo, os passos para chegar lá e depois esses passos
são executados. Se o processo foi produtivo, o objetivo será alcançado.
Planos em si podem até parecer simples, já que prometer é
teoricamente fácil. O problema aparece logo depois disso, quando é
necessário executar o que está previsto, aprender com os resultados
(bons e ruins) em curto prazo e readaptar o plano.

Cap. 4 - Como fazer um bom planejamento 124


Os 4 fundamentos abaixo são essenciais para empreendedores
que realmente querem utilizar o planejamento como uma técnica
eficiente para fazer a empresa ser produtiva e, assim, crescer.

1 - Uma direção para o futuro

Desde crianças nos perguntamos: “O que serei quando crescer?”


O mesmo vale para sua empresa, porém para um futuro um
pouco mais próximo: “como minha empresa estará em 1 ou 2 anos?”.
Para dar direção à sua empresa, quanto mais histórico sobre o
negócio você tem, maiores as chances de fazer uma previsão mais
realista. Se a empresa é muito nova e/ou você está no negócio há
pouco tempo, realmente fica difícil fazer uma boa previsão, mas ainda
assim é importante colocar as coisas no ‘papel’.
Por maior que seja a incerteza sobre o futuro do negócio, passar
pelo processo de definição é muito importante, já que essa visão
criada definirá o rumo que você tomará, influenciando suas decisões.
O planejamento não deve ser escrito em pedra e tratado como
uma coleira. Sua principal função é ser um direcionamento, que pode
e deve ser modificado com o aprendizado adquirido na prática.

2 - Objetivo bom é objetivo mensurável e com foco

Falar que o objetivo da empresa é ‘ser melhor e faturar mais’


significa exatamente: nada.

Cap. 4 - Como fazer um bom planejamento 125


Um bom objetivo precisa, primeiramente, ser mensurável.

• Quer faturar mais, então quanto a mais?

• Quer oferecer mais serviços para aumentar seu portfólio –


quanto isso refletirá no faturamento?

• Quer aumentar o número de clientes, então qual é o aumento


e como isso reflete o seu faturamento e seus custos?

Nem sempre é possível colocar um número exato, ainda mais


quando a empresa está começando. Porém, defini-lo é necessário,
por mais que ele esteja errado – esse número pode ser redefinido,
desde que se mantenha o histórico de alterações e seus motivos.
Tudo isso é aprendizado que vai ajudar no trabalho do dia a dia e
nos próximos planejamentos.
Em segundo lugar, estabelecer vários objetivos é igual a
praticamente não fazer um planejamento, porque assim você cria
várias direções divergentes que desfocam seus esforços.
Estabeleça um foco e, a partir dele, defina funções e objetivos
por departamentos/pessoas – um objetivo focado traz maior
aprofundamento e ajuda no alinhamento entre os envolvidos.

3 - Quebrar em pedaços menores

Jack, o estripador, e Hannibal Lecter tinham razão em um ponto:


quebrar em pedaços menores sempre ajuda.

Cap. 4 - Como fazer um bom planejamento 126


Quando vemos um projeto ou problema complexo pela frente,
não vale a pena quebrar a cabeça tentando encontrar uma solução
completa de uma vez. Por isso, precisamos quebrá-lo em pedaços
menores e mais simples. Em conjunto, eles formam a solução final
ao serem resolvidos. Lembra do subcapítulo sobre grandes desafios?
Se o planejamento for apenas um objetivo, mas um objetivo
gigante e que você avaliará se o alcançou depois de um ano, há uma
grande chance de ele ser mais um documento largado numa pasta
qualquer.
O primeiro passo aqui é pensar em etapas intermediárias, tanto
de complexidade, quanto do período de análise. Ou seja, para alcançar
aquele objetivo final, você precisa traçar as metas (mensuráveis!) do
meio do caminho e fazer medições constantes, pelo menos mensais.
A partir dessa quebra, com certeza ficará muito mais fácil pensar
em ações específicas para você e sua equipe executarem. No dia a dia,
o ideal é que sua atenção esteja em executar essas ações da melhor
maneira possível, garantindo assim que as metas parciais sejam
batidas.

4 - A disciplina do acompanhamento

Um planejamento só consegue ter influência na empresa caso ele


seja a ferramenta de direcionamento das ações. A revisão constante
do planejamento e de como a empresa andou servem para que este
“guia” continue atualizado refletindo o futuro desejado. Consultar e
atualizar o papel é mais importante do que a versão inicial do papel.

Cap. 4 - Como fazer um bom planejamento 127


Mesmo que o planejamento tenha sido pensado para o ano
inteiro, na prática ele vai durar menos que isso. Após um mês, você
já deve reavaliá-lo e readequar algumas previsões baseado no que
aconteceu na “vida real”.
Você vai ver o que aconteceu diferente do previsto, e rever a
previsão. Seu planejamento do ano não pode ficar estático após o
primeiro mês se os resultados deste mês mostrarem que a previsão
pra todo o ano é duvidosa. Flexibilidade é a chave.
Ou seja, esse acompanhamento faz com que você acumule
aprendizado e consiga sempre melhorar seu direcionamento.
Direção, clareza, pedaços menores e acompanhamento –
o quarteto fantástico para qualquer planejamento que busca a
eficiência.

Abraços,
Luiz Piovesana (nunca encoleirado, mas
sempre direcionado, aprendendo e
redirecionando)

Cap. 4 - Como fazer um bom planejamento 128


Como criar metas
inteligentes em seu
planejamento

“Dividir para conquistar”


Apesar de não termos citado essa frase épica quando falamos
sobre os fundamentos do Planejamento, explicamos sobre a
importância de quebrar os objetivos do plano em pedaços menores,
ajudando a:

1. Acompanhar o progresso da empresa

2. Definir as tarefas de cada dia

Estes pequenos objetivos, quebrados em parte menos são as


famosas metas.
Matematicamente:

Metas alcançadas = objetivo final alcançado = empresário felizão

Para que ‘bater metas’ realmente influencie a felicidade final


do empresário, é essencial conseguir defini-las de uma maneira
inteligente.
Pela utilidade (e também pelo trocadilho), utilizamos o método
SMART de criação de metas.

Cap. 4 - Como fazer um bom planejamento 129


Para representar o progresso, uma meta deve ser:

1 - Específica (Specific)

Especificar uma meta significa tirar quaisquer possibilidades de


ambiguidade ou mal entendimento dela, a fim de facilitar a criação de
atividades e a avaliação da meta no futuro.
A equipe responsável por bater essa meta deverá saber: o quê
é esperado, o porquê da existência dela (seu propósito, para quê ela
servirá), quem são os envolvidos, o lugar e quais são os requisitos e
limitações (ex.: R$50.000 de faturamento vs. aumentar as vendas).

2 - Mensurável (Measurable)

O que não se mede não é gerenciável.

Cap. 4 - Como fazer um bom planejamento 130


Essa frase mostra a importância de uma meta não só ter um
critério para definir se ela de fato foi alcançada, como também desse
critério poder ser medido.
Por exemplo, uma meta ruim nesse caso é “melhorar as nossas
propostas para clientes”; já a versão bacana dela seria “diminuir em
50% o tempo de atendimento/construção de nova proposta”.
E não custa deduzir que “uma meta que não é mensurável nunca
será alcançada”.

3 - Alcançável (Attainable)

Nem fácil, nem difícil demais - evite os extremos.


De nada adianta uma meta tão alta que é impossível de ser
alcançada, pois desmotiva a equipe e faz que a meta se torne inútil.
Também não é nada frutífera uma meta tão baixa que não exigirá
nada da equipe e trará uma falsa sensação de dever cumprido.
Claro, acertar na mosca é muito difícil e, por isso, defendemos
bastante aqui a agressividade nas metas, já que quanto mais
importantes elas são, mais maneiras você descobrirá para torná-las
realidade. Ou seja, é melhor errar atirando um pouco mais pra cima,
do que mirando para o chão.

4 - Relevante (Relevant)

Uma boa meta é aquela cujo propósito trará progresso à empresa.

Cap. 4 - Como fazer um bom planejamento 131


Usando o exemplo anterior “diminuir em 50% o tempo de
construção de novas propostas”. Essa meta só será relevante caso
a demora em entregar novas propostas esteja segurando novas
vendas; ou se ao diminuir esse tempo você conseguirá economizar
consideravelmente os seus custos sem prejudicar qualidade ou
faturamento.
Alguns critérios para avaliar a relevância de uma meta são:
impacto nas métricas principais (faturamento, nº de clientes etc.),
momento (timing) e se faz sentido em conjunto com as demais metas.
Na prática, só você, caro(a) empreendedor(a) saberá se a meta é
relevante para a sua empresa.

5 - Temporal (Time-bound)

É tudo uma questão de prazo. Como metas são passos


intermediários no planejamento, se você não organizá-las por tempo,
com certeza o seu plano final será diretamente prejudicado.
Para ilustrar, coloco um trecho de um artigo chamado “Uma
tarefa sem prazo é uma tarefa que nunca será feita”, escrito por
Jeremy Wright:

Existe uma coisa do mundo dos negócios que é importante ser


aprendida cedo por um empreendedor: “O trabalho se expande
para preencher o tempo disponível para ser concluído”. Isso é
conhecido como a Lei de Parkinson e significa que prazos nos
motivam.

Cap. 4 - Como fazer um bom planejamento 132


Sem prazos, o esforço para completar uma tarefa é ou superestimado
ou ignorado. Com isso, o empreendedor fica enrolando ao invés de
sentar a bunda na cadeira e fazer o projeto sair.
Quando um prazo razoável é definido, ele cria uma referência
psicológica. No fundo de sua mente, o empreendedor sabe que
se deixar passar aquele prazo será necessário assumir o erro e
explicar para os outros membros da equipe o porquê daquela
tarefa não ter sido feita. Isso é uma experiência vergonhosa e
desconfortável.
Use prazos a seu favor e nunca aceite a mentalidade “Vou fazer
isso quando tiver tempo”. Como Parkinson nos lembra, uma tarefa
sem prazo nunca será feita.

Pensando no progresso da sua empresa, para ser produtivo nas


tarefas que você e sua equipe realizam no dia a dia, garanta que elas
correspondam a metas bem construídas do seu planejamento.

Abraços,
Luiz Piovesana (porque planejamento
não é nada sem metas inteligentes)

Cap. 4 - Como fazer um bom planejamento 133


Como trabalhar as
expectativas do seu
planejamento

Planejamentos, por definição, se referem à criação de


expectativas. Você planeja um projeto, suas atividades etc. para que,
no final, algo seja entregue em determinada data. Seja uma equipe
fazendo um projeto interno ou um vendedor planejando o que será
entregue ao cliente.
Isso é previsão do futuro, então estimamos o quanto, como,
quando e o quê entregaremos ao completar esse plano. E é aí que
surgem duas dúvidas.

Dúvida 1: Devo prometer pouco para poder entregar muito?

Faz bastante sentido seguir o modelo de Kano (que diz que


entregar mais do que o cliente espera gera uma satisfação MUITO
maior do que apenas o que ele espera): você promete X e, ao entregar
o resultado, o seu cliente/chefe/colaborador vai ficar felizão vendo
que tem mais do que X lá.
O problema disso é que a sua meta talvez não tenha sido feita
de maneira realista. Se você sabe que pode entregar 2X e promete
apenas X, você se coloca numa posição tão confortável que ela chega
a incentivar a mediocridade (sua e/ou da sua equipe).

Cap. 4 - Como fazer um bom planejamento 134


Dúvida 2: Então devo prometer muito?

“É melhor mirar muito alto e errar do que mirar baixo e acertar“


– é sempre bom repetir os bons ditados.
Com metas ousadas você cria um desafio. Para profissionais que
sempre buscam melhorar, enxergar grandes desafios pode ser uma
ótima maneira de motivá-los.
Por outro lado, metas muito ousadas tendem a não ser sempre
alcançadas, o que gera descontentamento e desmotivação geral –
mesmo todos sabendo que essas metas eram muito altas e que o
“médio” poderia ser suficiente.

Nem sempre o que queremos é o


que conseguimos alcançar

Cap. 4 - Como fazer um bom planejamento 135


Mas e aí?

É um paradoxo meio chato, porque basicamente existem duas


coisas que bons profissionais gostam de fazer:

1. Entregar a mais, causando aquela surpresa que vai deixar


pessoas felizonas.

2. Ter metas ousadas que pedem aquele esforço a mais.

Como quase tudo na vida (fora ler o glorioso Saia do Lugar ou


dançar como os Teletubbies), o negócio é equilibrar os dois lados. Pra
isso, existem alguns pontos a se considerar no planejamento.

Quais são as verdadeiras métricas de sucesso?

Vários projetos têm inúmeras métricas onde você pode gastar a


vida analisando e bastante tempo de um estagiário para colocá-las em
planilhas, mas quais são as métricas que realmente indicam o sucesso
ou fracasso? Se todo o resto der errado, quais são as métricas que te
fazem bater no peito e falar: “Oh yeah! Consegui!”?
Essas metas devem ser entregues de qualquer maneira. Puxar
a meta pra cima como forma de incentivo, nesse caso, pode não ser
a melhor ideia. Se o resultado passar um pouco da meta, ótimo; se
passar muito, considere que foi erro de planejamento e revise os
métodos.

Cap. 4 - Como fazer um bom planejamento 136


A experiência ajuda a fazer melhores estimativas

Sua empresa ou as pessoas envolvidas no projeto já fizeram


antes algum projeto no mesmo estilo? Se sim, o ideal é colocar metas
mais agressivas porque: 1- isso motiva os envolvidos, o que poderia
ser crítico por esse projeto ser ‘repetido’; 2- pode mostrar o ganho de
eficiência através da evolução na curva de aprendizagem.
Caso sejam pessoas novas, considere isso nas metas desse projeto
e dê espaço para surpresas. Esse tempo focado em aprendizado fará
diferença no futuro. Metas menores são essenciais no início.

Não se esqueça de considerar o aprendizado nas expectativas

Um fator muitas vezes deixado de lado, mas essencial, é o


aprendizado. Principalmente quando estamos em projeto novo.
A ideia por trás do aprendizado é ganhar conhecimento sobre o
quê fazer, como fazer ou mesmo se vale a pena fazer.
Nesse caso, é difícil mirar algo como “70% de aprendizado”. Para
ser SMART, é mais prático definir como uma meta de pesquisa. Por
exemplo: pesquisar 10 opções, testar 3 e implementar 1. Esse número
inicial provavelmente estará errado, mas é uma referência.

Conclusão

Gerenciar expectativas é essencial em qualquer relação com


pessoas.

Cap. 4 - Como fazer um bom planejamento 137


Isso significa que, por exemplo, se hoje eu não receber uma
visita do Faustão trazendo uma recheada poupança Bamerindus (das
antigas, hein?!), não vou ficar desapontado. Isso não é algo que estou
esperando.
Porém, se o pessoal que fez faculdade comigo desmarcar o happy
hour de hoje, aí não vou ficar nada feliz.
Nesse caso, não existem só emoções envolvidas, como também
ações que dependem de você e das suas promessas. Tenta esquecer o
aniversário de namoro ou casamento pra ver o que acontece.
De maneira prática, a partir do momento em que se promete,
você tem 2 possibilidades:

1. Entregar

2. Se não entregar, arrume o erro, aprenda o porquê e faça o


máximo para não repeti-lo

Abraços,
Luiz Piovesana (por metas altas e
clientes surpreendidos)

Cap. 4 - Como fazer um bom planejamento 138


Estudo de caso: Como
faço meu planejamento
na Empreendemia

À medida que o time da Empreendemia foi se formando e


aumentando, foi necessário que a empresa criasse e adaptasse formas
para acompanhar as atividades de todos.
Depois de um tempo e muitas discussões conseguimos chegar
numa estrutura muito boa e que funciona bem. Não sou só eu quem
faz o planejamento assim, mas toda a empresa.
O principal objetivo da nossa organização é ser extremamente
focado e evitar ao máximo distrações e sobrecarga. Sempre queremos
ser muito produtivos para poder descansar e ter qualidade de vida.
Começamos a nos planejar de forma mais macro, olhando
a empresa inteira a médio e longo prazo e depois vamos nos
programando com prazos cada vez menores.
Resumindo, dividimos nosso planejamento da seguinte forma:

• Revisão de estratégia – trimestral

• Reunião de Sprint – quinzenal

• Semanário da Alegria – semanal

• Reunião diária – obviamente, diária

Cap. 4 - Como fazer um bom planejamento 139


Revisão de estratégia

A primeira coisa que fazemos, antes de sair listando um tanto


de atividades e distribuindo entre todo mundo, é uma reunião de
estratégia. O principal objetivo dessa reunião é definir como queremos
que a empresa esteja em 3 meses.
Temos uma visão de onde queremos chegar a longo prazo, mas
por ser uma startup, nossa realidade muda muito rapidamente. Ou
seja, não adianta definir nossa estratégia para 5 ou 10 anos, porque
em no máximo 6 meses tudo teria que ser refeito.
Além de definir os objetivos para os próximos 3 meses, também
colocamos tarefas e metas parciais. Assim conseguimos acompanhar
nossos avanços aos poucos.
Com objetivos finais e parciais definidos, todos já sabem os
trabalhos que devem focar. O que não nos ajudar a atingir aqueles
objetivos é considerado como distração.

Reunião de Sprint

Ok, agora que os objetivos do trimestre estão definidos, é hora


de nos programarmos para os próximos 15 dias. Para isso, fazemos a
reunião de “sprint”.
O conceito dessa reunião foi retirado do SCRUM, processo de
desenvolvimento ágil de software. Geralmente os sprints variam
entre 1 semana e 1 mês e dependem do ciclo de projetos de cada
empresa. No nosso caso, 2 semanas foi o tempo escolhido.

Cap. 4 - Como fazer um bom planejamento 140


O principal objetivo dessa reunião é definir os principais objetivos
para o período e distribuir as tarefas para todas as pessoas (até a
próxima reunião de sprint).
Junto com isso, sempre fazemos um balanço e uma análise das
duas semanas anteriores, vendo se algo não foi feito e analisando o
motivo da falha.
Um detalhe importante: na reunião de sprint definimos os
projetos principais. Processos como “responder e-mails”, “atender
clientes” e outras coisas recorrentes não entram aqui porque sempre
devem ser feitos.
Como aqui na Empreendemia somos poucas pessoas, é possível
fazer a reunião de sprint com todos da empresa. Mas no caso de
empresas com mais pessoas, o recomendado é fazer os sprints por
times. Assim a reunião flui e todos saem com objetivos bem definidos
(sem contar que a reunião fica mais curta, dinâmica e produtiva).

Semanário da alegria

O semanário da alegria (convenhamos que é um nome muito


bom!) é a nossa forma de acompanhar as tarefas da semana de todo
o time.
Toda 2ª feira criamos uma conversa por e-mail falando o que foi
feito na semana anterior e o que será feito nessa próxima. Mesmo
que não haja aprofundamento nenhum, todo mundo do time tem
uma noção sobre o que as outras pessoas estão fazendo e para onde
a empresa está caminhando.

Cap. 4 - Como fazer um bom planejamento 141


Fazer o semanário demora no máximo 10 minutos, e é muito
bom, pois acaba forçando todo mundo a pegar as tarefas definidas no
sprint e organizá-las em duas semanas. Todos começam a semana já
sabendo o que deve ser feito e terminam conferindo o desempenho.

Reunião diária

Essa reunião é com todo o time e pode durar no máximo 15


minutos. Nos reunimos exatamente às 9:30 todos os dias para poder
falar o que foi feito no dia anterior e o que será feito naquele dia.
Essa reunião é bem importante porque acaba nos forçando a
organizar o dia, alinha as expectativas da equipe e ajuda a organizar
os horários de todos, principalmente em tarefas feitas em conjunto.

Conclusão

Apesar desse tipo de planejamento levar certo tempo, ele ajuda


a equipe a alinhar suas atividades em torno dos objetivos gerais.
O tempo inteiro (quinzenal, semanal e diariamente) alguém
está lendo ou ouvindo o que você fez e vai fazer, e você mesmo está
revisando e conferindo com o que foi planejado. Essa é uma excelente
motivação para se organizar e produzir ainda mais.

Abraços,
Gabriel (sempre alinhado com a equipe)

Cap. 4 - Como fazer um bom planejamento 142


2 lições de planejamento
que aprendi com Garrincha

Apesar da habilidade contestável, sou um grande entusiasta do


futebol. Com destaque para o jogo bonito e extremamente eficaz do
glorioso Bahia.
De qualquer forma, agora vou falar sobre as lições aprendidas
com 2 histórias que ouvi sobre o ídolo de outro clube, Manoel
Francisco dos Santos, o famoso Garrincha.
Para quem não o conhece, Garrincha é considerado um dos
maiores jogadores que já passaram pela seleção brasileira.

História 1

No treino logo antes do jogo da seleção o técnico fala:


— Garrincha, é o seguinte. Você pega a bola pelo canto, entra
na área, dribla o zagueiro russo e toca pro Vavá fazer o gol.

Cap. 4 - Como fazer um bom planejamento 143


Eis que, com grande sabedoria, Garrincha responde:
— Tudo bem. Mas você combinou isso com o zagueiro russo?

Moral da história: Planejar é fundamental, mas não conte com o


que não está sob sua influência direta.

História 2

Em outro treino, o técnico passa as instruções para Garrincha:


— Garrincha, é o seguinte. Você pega a bola na intermediária,
dribla o Joãozinho, entra na área e chuta no canto pra fazer o gol.
Em certo momento do jogo, Garrincha pegou a bola na
intermediária e partiu pra área. Driblou então o 1o zagueiro e saiu
da área. Foi em direção ao 2o zagueiro e o driblou. Depois, ainda
fez questão de driblar o volante para entrar na área e fazer o gol.
Já no vestiário, o técnico comenta:
— Po Garrincha, bacana o que você fez, foi um golaço. Mas
por que você enrolou tanto para fazer o gol?
Eis que então, Garrincha responde:
— Você me falou pra driblar o Joãozinho e depois fazer o gol.
Como eu não sabia quem ele era, decidi driblar os 3 só pra garantir.

Moral da história: Missão dada, missão cumprida.

Cap. 4 - Como fazer um bom planejamento 144


Conclusão

Logicamente não posso afirmar que de fato esses diálogos


ocorreram e não podemos levar essas lições ao pé da letra, mas quem
precisa lidar diariamente com a diferença entre o plano e a realidade
com certeza se identifica com essas situações.
Como diria nosso amigo Gustavo Caetano: “Se o terreno estiver
diferente do mapa, siga com o que você está vendo no terreno”.

Abraços,
Millor Machado (driblando a
concorrência e partindo pro gol)

P.S: O primeiro clube que Garrincha jogou foi o Esporte Clube Pau
Grande, na sua cidade natal, Magé-RJ. Fica a dica pra aqueles que
gostam de enxergar o duplo sentido nas coisas.
P.S.2: O Esporte Clube Pau Grande chegou a participar da 3a
divisão do campeonato carioca, mas apesar dos esforços, o Pau
Grande não conseguiu subir.

Cap. 4 - Como fazer um bom planejamento 145


146
Capítulo 5

A importância
da definição de
prioridades

147
Muito cuidado com os
jacarés que assombram
o seu dia a dia

Mostramos anteriormente que é possível ficar ocupado o dia


inteiro e ainda sim ser completamente improdutivo. Justamente por
isso que definir prioridades é algo tão essencial para a produtividade.
Para ilustrar essa situação, temos uma analogia interessante:

Era uma vez uma fazenda muito grande. O proprietário


estava em plena expansão e resolveu utilizar mais áreas de sua
propriedade para o gado. Porém, na área escolhida para a expansão
havia um pântano e não seria possível colocar o gado lá.
Então ele contrata um especialista em drenagem: VOCÊ!
Pois bem, escopo do projeto e prazos definidos e lá vai você
rumo à drenagem do pântano. O dia começa bem, mas de repente
surge um jacaré e morde a sua perna! Você então se esquece do
pântano e corre atrás do jacaré para capturá-lo. Afinal, é muito
difícil trabalhar com um jacaré mordendo sua perna!
Só depois de capturar o jacaré é que você retoma a atividade
do pântano. Isso se repete durante todo dia, todo o mês.

Cap. 5 - A importância da definição de prioridades 148


Eis que chegando no prazo da entrega, diversos jacarés
foram capturados e você está exausto de tanto trabalho. Porém não
apenas o pântano não está drenado, como os jacarés continuam
aparecendo, por mais que você os capture.

Moral da história: Se você tem um jacaré a morder a perna, a


tendência é esquecer que sua tarefa principal era drenar o pântano.

Trazendo a lição para o nosso dia a dia, podemos perceber que


drenar o pântano era a nossa prioridade. Os jacarés são as tarefas não
planejadas que sempre surgem e acabam nos distraindo.
É normal aparecer um “jacaré” no nosso dia a dia, mas pare para
pensar e veja a quantidade que tem aparecido para você e quanto do
“pântano” você tem conseguido realmente drenar.
O que mais prejudica nossa produtividade é a atenção que damos
para os jacarés. Realmente não conseguimos drenar o pântano sem
ter que caçá-los? Não conseguimos negociar com eles? (ok, com os
jacarés em si não conseguiríamos negociar nada, mas você entendeu!)
Na maioria das vezes você deve deixá-los de lado até terminar
de drenar seu pântano. Afinal, você não foi contratado para caçar os
jacarés e sim para drenar o pântano. É esse o resultado que vão te
cobrar no final do dia.
Então a dica quente para uma drenagem eficiente de pântanos é:
aprenda a falar “NÃO” para os jacarés do seu dia a dia!

Cap. 5 - A importância da definição de prioridades 149


Aprenda a dizer “não”!

Esse “não” é complicado e às vezes não temos saída. Se não for


possível deixar os jacarés de lado até finalizar sua tarefa principal,
então pare tudo e renegocie o escopo, explicando que a drenagem do
pântano pode levar um pouco mais de tempo, já que agora você tem
jacarés para caçar. Nessa hora, uma boa comunicação é fundamental.
Por sinal, pesquisando para esse texto, encontrei várias notícias
relevantes (ou não) envolvendo jacarés. Aparentemente os EUA não
são um país muito seguro para se morar do ponto de vista “jacarés na
sua casa”. Acho que para esses não tem como falar “não”:

• Jacaré invade cozinha de uma residência na Flórida, EUA

• Crocodilo de 3 metros invade quintal de família nos EUA

• Crocodilo é flagrado em piscina de casa nos EUA

Abraços,
Gabriel (dizendo “não” para os jacarés
que não me deixam acabar esse texto)

Cap. 5 - A importância da definição de prioridades 150


Como definir prioridades
no dia a dia

Na prática, empreender é “simplesmente” fazer as coisas certas,


da maneira certa, na hora certa. O problema é que, por mais que
existam “profissionais” que digam o contrário, o ser humano não
consegue prever o futuro.
Se fosse possível ver o impacto exato de nossas ações, dificilmente
nos distrairíamos com tarefas que geram pouco ou nenhum resultado.
Quantas vezes você não gostaria de conversar com si próprio no
passado para poder falar: “Meu filho, pára de fazer isso, não vai dar
em nada! Faz essa outra coisa que é bem mais importante”?
Para evitar que seu “eu futuro” fique com pensamentos titânicos
do tipo “Devia ter amado mais, me importado menos com problemas
pequenos, ter morrido de amor”, uma das melhores coisas que você
pode fazer é definir anteriormente quais serão as prioridades de um
período; seja ele um dia, uma semana, um mês ou um ano.
Esse planejamento prévio será essencial para te mostrar se
aquelas tarefas que surgem no dia a dia são realmente importantes
ou apenas mais jacarés mordendo a sua perna e te distraindo do
verdadeiro objetivo.
Esse subcapítulo te dará dicas de como agradar o seu “eu futuro”
ao mesmo tempo em que você lida com as diversas requisições que
aparecem para o “eu presente”.

Cap. 5 - A importância da definição de prioridades 151


Dica 1: Produtividade é uma questão de expectativas

Acima de tudo, uma empresa é uma instituição de pessoas (sua


equipe), que depende de pessoas (fornecedores e parceiros) para
gerar a felicidade de pessoas (clientes e acionistas). Seja em forma de
dinheiro ou não, o objetivo de uma empresa é deixar pessoas felizes.
Felicidade é algo complexo de definir e medir, mas nós
consideramos felicidade como o alcance ou superação de expectativas.
Sempre é necessário um referencial.
Por isso, alinhar expectativas é o primeiro passo para um dia a
dia que deixe todo mundo feliz. Vale ressaltar que você é uma destas
pessoas e suas expectativas contam muito no planejamento.
O primeiro passo de qualquer análise de prioridades é pensar
“Quais as expectativas de resultado que as pessoas têm para
esse período de tempo?”. Ter esse critério de sucesso definido
anteriormente é essencial para apontar o que é realmente prioritário.
As tarefas que ajudarão a alcançar expectativas são as prioridades.
O que aparecer depois, provavelmente não é tão importante assim e
pode ser feito depois que as expectativas forem alcançadas.

Dica 2: Muito cuidado com os prazos que você promete

Por definição, um prazo é uma expectativa. Ou seja, cumprir os


prazos prometidos deve vir sempre no topo da lista das prioridades.
Pelo bem de todos, a habilidade de criar prazos viáveis é essencial.

Cap. 5 - A importância da definição de prioridades 152


Dica 3: Avalie tarefas por urgência e importância

Existem diversas formas de classificar prioridades de tarefas.


Minha preferida é a matriz do tempo, popularizada por Stephen
Covey no livro: 7 hábitos das pessoas altamente eficazes.
Essa matriz avalia 2 variáveis: urgência e importância.

1 - Urgência

A tarefa urgente normalmente é aquela que possui um prazo


muito próximo ou que já deveria ter sido entregue, também chamada
de “para ontem”.
É possível que a urgência seja gerada por demandas suas, porém
normalmente as tarefas se tornam urgentes por causa de alguém
pressionando a entregar aquilo o mais rápido o possível.

2 - Importância

A definição que usamos para importância é: aquilo do que você


bate no peito com orgulho e fala: “Eu fiz isso!”. Importante é algo que
empurra a humanidade pra frente.
Você não vira pra ninguém e fala “Hoje eu respondi milhares de
e-mails! Que orgulho!”. Porém, é difícil conter a felicidade ao falar
“Hoje lancei um novo produto!” ou “Consegui um novo cliente!”.
As atividades que não geram essa sensação de felicidade podem
até servir de suporte para o que é importante, mas de nada adianta
se no final do dia a barrinha de progresso do Windows não avançar.

Cap. 5 - A importância da definição de prioridades 153


Representação visual da matriz:

Fonte: 7 Hábitos das pessoas altamente


eficazes, Stephen Covey

Confira agora algumas dicas de como lidar com cada um dos


quadrantes da matriz.

Urgente e importante (A)

Essas são as tarefas críticas e que precisam ser feitas de qualquer


forma. É importante avaliar o que gerou a urgência da tarefa:

1. Não era possível prevê-la

2. Você empurrou com a barriga até o último minuto

No 1o caso, a melhor coisa a fazer é sempre deixar no


planejamento uma margem para imprevistos. Quando o 2o caso
acontecer, é importante reavaliar o porquê daquilo não ter sido feito
com mais calma e sem a pressão da urgência.

Cap. 5 - A importância da definição de prioridades 154


Com a prática, a análise desses casos e refinamento do
planejamento diminuirá muito aquele sentimento de apagar incêndios
e, consequentemente, aumentará sua qualidade de vida.

Urgente e não importante (B)

Essas infelizmente são as tarefas que mais comem tempo do


empreendedor e geralmente são geradas por outros. Se a demanda
fosse sua, você dificilmente a consideraria não importante.
Por exemplo, se o telefone toca enquanto você está no meio de
uma tarefa importante, provavelmente o barulho te deixará ansioso
para atendê-lo, mesmo que o teor da ligação seja completamente
inútil. Ou seja, a urgência gerada pelo barulho te distraiu de algo que
geraria resultados muito melhores. Até retomar a concentração, você
leva um tempo que poderia ter sido melhor aproveitado.
Outro exemplo são aquelas reuniões que você sabe que não te
agregarão em nada, mas está participando porque alguém pediu. Vai
dizer que nunca passou por isso?
Sair desse quadrante não é fácil, mas é simples. O segredo é
aprender a dizer “não” ou pelo menos “não agora” para as pessoas.
Nessas horas, vale a pena avaliar com a pessoa se ela realmente
precisa daquilo em um prazo tão apertado. Se precisar, avalie se
agradar essa pessoa naquele momento é mais importante do que suas
tarefas já planejadas. Se for, ao invés de “Resolver pepino X”, chame a
tarefa de “Ajudar Fulano com X” e passe a tarefa para o quadrante de
urgente e importante. Isso te dará uma sensação de dever cumprido
bem maior do que só atender o pedido no impulso.

Cap. 5 - A importância da definição de prioridades 155


No caso de algo como um atendente de telemarketing ligando
no meio de uma tarefa para te vender uma promoção que você não
precisa, fica a dica, a expressão “Não tenho interesse” possui um
poder mágico de encerrar ligações. “Não quero” ou “Não, obrigado”
não funciona, tem que ser “Não tenho interesse”. Talvez seja algum
tipo de senha do mundo do call center, não sei. Só sei que funciona.
Outro exemplo de urgência sem importância é o instinto que
temos de conferir o e-mail a cada 3 segundos. Na maioria dos casos,
os e-mails não têm tanta urgência ou tanta importância assim. Se for
alguém importante com uma urgência, provavelmente a pessoa terá
seu telefone e ligará. Nos aprofundaremos nessa parte mais a frente.
A moral da história é que aprender a escapar educadamente
dessas urgências é uma habilidade que te dará mais tempo para focar
nas tarefas que deixarão seu “eu futuro” satisfeito. Na grande maioria
das vezes as pessoas entenderão e o seu dia vai render bem mais.

Importante e não urgente (C)

Um exemplo clássico dessas tarefas são as resoluções de ano


novo. Quando você está de bobeira, cheio de champagne, ao som do
especial Roberto Carlos, é fácil definir objetivos como: perder peso,
achar o amor da vida, passar mais tempo com a família etc.
Um problema bem comum é que esses objetivos são definidos no
início do ano e você tem 365 dias para alcançá-los. Isso faz com que
seja muito fácil adiá-los em prol de uma tarefa urgente que surgiu no
meio do caminho. Afinal, você ainda tem o resto do ano para pensar
nisso.

Cap. 5 - A importância da definição de prioridades 156


Outro problema dessas resoluções é que normalmente elas
são gigantescas e envolvem um esforço muito grande. Ninguém fala
“Terminei as tarefas do dia 15 minutos antes, vou ali dar o 1o passo
para uma mudança completa na minha dieta”. Boa parte dessas
promessas estão mais ligadas a mudanças de hábito do que a tarefas.
Por isso, o melhor a fazer é criar um planejamento claro de como
você alcançará aqueles objetivos, quebrando-os em etapas menores
(se lembra do subcapítulo sobre grandes desafios?).
Isso fará com que você reserve tempo para esse objetivo se tornar
um hábito no seu dia a dia e defina prazos específicos para cada uma
dessas etapas (urgência gerada pelo seu “eu passado”, que você não
quer desagradar). Colocar prazos específicos é um excelente método
para criar o sentimento de urgência em algo que é importante.
Esse é o momento em que você volta um pouco no livro e dá
uma relida no subcapítulo “Estudo de caso: Como ganhar um novo
hábito me permitiu perder 16 kg”. Vai lá, é rapidinho e ninguém está
te pressionando para ler esse livro “para ontem”. Te garanto que
consolidar essa habilidade de criar hábitos será um passo muito
efetivo para alcançar seus objetivos de ano novo.
Ou você prefere depender da boa vontade de Iemanjá?

Não urgente e não importante (D)

Essas são aquelas tarefas que caracterizam uma das palavras


mais feias da língua portuguesa, a procrastinação. Entre os exemplos,
temos: assistir vídeos de gatinhos no Youtube ou ler notícias sobre o
BBB. Esse tipo de tarefa é bem relaxante, porém inútil.

Cap. 5 - A importância da definição de prioridades 157


Toda vez que você der aquela enrolada, pense que na verdade
você não está enrolando (palavra com certo tom de malandragem),
você está procrastinando. Convenhamos que ninguém quer ser um
pro-cras-ti-na-dor (sílaba a sílaba a palavra fica ainda mais horrível).

Cuidado para não enrolar muito tempo

No próximo capítulo falaremos especificamente sobre como


lidar com a procrastinação, mas a dica principal é: defina horários de
descanso em que você poderá “vagabundear” à vontade.
Lembre-se que o corpo e a mente precisam de períodos de
descanso e neles você pode e deve relaxar. Nesses períodos, essas
tarefas são estimuladas; fora deles, você está PROCRASTINANDO.

Dica 4: Tenha acesso fácil aos seus objetivos importantes

Na teoria, ser produtivo é fácil. Você planeja as coisas importantes


que quer fazer, vai lá e faz. O problema é que existem 2 fatores que
lutam diariamente para te impedir de trabalhar dessa forma.

Cap. 5 - A importância da definição de prioridades 158


Um deles é a chamada “resistência”, abordada no livro “A guerra
da arte“ de Steven Pressfield (sim, ele fez um trocadilho maroto com
o “A arte da guerra”).
A “resistência” é aquele medo do fracasso ou aquela preguiça
de pensar e se concentrar, que te faz enrolar na hora de fazer algo
importante. Por exemplo, quando você está escrevendo um texto
sobre produtividade e fica com vontade de checar seu e-mail (está
acontecendo agora comigo), essa é a resistência se manifestando.
A origem da “resistência” é biológica, o que a torna um adversário
bem cruel. Basicamente a “resistência” é algo criado por uma parte
do nosso cérebro que tem a função de identificar possíveis ameaças e
armazenar memórias de medo.
No caso de ameaças físicas, essa parte do cérebro cumpre um
excelente papel de sobrevivência. Nas tarefas importantes, essa
“resistência” nos faz buscar tarefas mais fáceis e menos arriscadas.
Junto com a “resistência”, temos as distrações externas citadas
anteriormente.
Em termos práticos, a “resistência” te faz demorar mais tempo
para começar uma tarefa e as externalidades te fazem trabalhar nas
coisas erradas. Ou seja, sua eficiência é atacada por todos os lados,
tornando fácil se esquecer das coisas importantes que você planejou.
Como uma hora ou outra a “resistência” irá te pegar, saiba que
é normal ficar meio perdido de vez em quando. Para lidar com isso, o
segredo é: quando estiver em dúvida, consulte os objetivos da “Dica
3: Importância vs. urgência” e reveja suas prioridades.

Cap. 5 - A importância da definição de prioridades 159


Por exemplo, quando estou perdido no que devo fazer naquele
momento, consulto minha lista de tarefas do dia. Quando estou
perdido no que fazer no dia, consulto meu semanário da alegria. Para
definir o semanário, consulto a ata da reunião de Sprint. E por aí vai...
Na hora de retomar a consciência, depois de um nocaute
da “resistência”, ter os objetivos em algum tipo de ferramenta é
essencial. Se quiser rever as ferramentas por aqui, vale a pena reler o
subcapítulo “Como faço meu planejamento na Empreendemia”.

Conclusão: Foque no que é importante e ignore o resto

Agora que você já aprendeu a: definir critérios de sucesso,


monitorar os prazos, separar tarefas por “Urgência x Importância” e
manter seus objetivos facilmente consultáveis, gostaria de finalizar
esse texto com uma excelente reflexão do escritor Seth Godin.

Trabalho árduo nas coisas certas


“Eu não acho que os vencedores ganhem da concorrência porque
trabalhem mais. Também tenho minhas dúvidas se eles ganham
porque são mais criativos. O segredo, eu acho, é entender o que
realmente importa.
O que realmente importa não é óbvio e muda muito. Muda de
acordo com a cultura, com o cliente, com o produto e até mesmo
com o dia da semana.

Cap. 5 - A importância da definição de prioridades 160


Porém, aqueles que conseguem inovar, fazer mais vendas e
crescer, o fazem se aperfeiçoando nas coisas que importam e
IGNORANDO O RESTO.
As 2 partes são difíceis, principalmente quando você está cercado
por pessoas que insistem em enrolar e trabalhar em coisas que
não fazem a mínima diferença”

Fica então a pergunta:


E você, está sempre se aperfeiçoando no que importa e ignorando
o resto?

Abraços,
Millor Machado (focando no que
importa, um dia a dia mais produtivo
para meus leitores)

Cap. 5 - A importância da definição de prioridades 161


162
Capítulo 6

As tarefas nossas
de cada dia

163
É aqui onde o trabalho é realmente realizado, onde a produtividade
faz a maior diferença e onde gastamos a maior parte das nossas horas
e dos nossos queridos cabelos.
Ter um dia a dia produtivo é um trabalho árduo de organização
e concentração, por isso neste capitulo falaremos sobre algumas
ferramentas e métodos para você alcançar o ápice operacional.

Cap. 6 - As tarefas nossas de cada dia 164


Estudo de caso: Minha
jornada em busca da
organização suprema

Cerca de dois anos atrás minha vida era bem mais calma e não
tinha problemas de organização já que não trabalhava e a rotina
da faculdade era relativamente tranquila. Se você não tem muita
coisa para fazer, é bem fácil se organizar, certo? Assim sendo, o que
era muito importante eu simplesmente escrevia na mão e isso era
suficiente.
Entretanto, as coisas mudaram e logo que entrei no mercado de
trabalho, o quesito organização começou a se tornar um complicador.
Milhares de tarefas surgiram e comecei a ficar perdido com tanta
coisa para fazer, já que nunca tinha passado por uma experiência
semelhante.

O formalismo da indústria: Tentando organizar o dia em um


mamute de papel

No meu 1o emprego, em uma grande multinacional, eu era


subordinado a várias pessoas e cada uma delas fazia pedidos
diferentes, muitas vezes sem relação entre si. Isso gerava um grande
volume de tarefas dispersas, que eu gerenciava com uma agenda de
papel.

Cap. 6 - As tarefas nossas de cada dia 165


Até certo ponto, essa forma de organização servia, mas acabava
tendo dificuldades em priorizar as tarefas e definir importância para
elas. Sem falar de ter que carregar um mamute de papel por todo o
lado – apesar do caderno ser bonitão, dificilmente era prático.

Rotina de um empreendedor: A lendária técnica de anotar na


mão

Pouco tempo depois, vim para a Empreendemia e as dificuldades


em me organizar mudaram bastante, já que a vida de um empreendedor
é bem diferente da rotina de um funcionário de indústria.
Como a vida empreendedora é mais dinâmica, precisava mudar as
tarefas várias vezes por dia e o problema de priorização transformou-
se em falta de agilidade e dinamicidade.
Como o caderno não estava funcionando, mudei de hábito e
comecei a organizar meu dia a dia em um papel, além de voltar a
anotar na mão as tarefas mais importantes. Claro que esses métodos
me deram mais agilidade, mas ainda assim, acabava me perdendo na
papelada e encurtava tudo o que ia anotar, para caber na minha mão.

Depois da tempestade...

Como depois da tempestade, sempre vem a bonança, em um


momento de epifania cheguei à conclusão que apenas uma boa
ferramenta de organização de tarefas não era suficiente para melhorar
essa parte da minha vida.

Cap. 6 - As tarefas nossas de cada dia 166


Decidi então sair em busca da verdade sobre a organização, o
universo e tudo mais.
Durante essa jornada, cheguei à conclusão que havia algumas
coisas que podiam me ajudar a alcançar o estado da arte da
produtividade.

Separe um tempo para planejar seu dia

Toda manhã eu separo um tempo para avaliar o que fiz no dia


anterior e o que preciso fazer hoje. Nesse período, paro para avaliar
meu dia de uma maneira mais sistêmica e estimo o tempo que levarei
para fazer as tarefas. Isso ajuda a ver se terei tempo para tudo o que
preciso fazer dentro das 24h e como vou priorizar essas atividades.
Todos gostaríamos de 30h, mas infelizmente, estamos presos nas 24h.

Deixe folga para imprevistos

Nesse processo de planejamento, também tive que me acostumar


a deixar folgas no meu planejamento para imprevistos, que sempre
acontecem. Não adianta deixar uma agenda apertada, uma vez que
qualquer imprevisto vai acabar com a sua organização.

Foque no que é importante

Um empreendedor tem muita coisa a fazer e não tem tempo a


perder, então é muito importante separar o joio do trigo. Com o tempo
fui vendo que estava dando muita atenção para o joio e isso acabava
me espremendo para fazer as atividades que eram importantes.

Cap. 6 - As tarefas nossas de cada dia 167


Para mudar essa situação, dentro do meu planejamento
fazia questão de identificar o que era essencial. Então na prática,
simplesmente passei a me policiar perguntando: Isso que eu estou
fazendo, realmente é o que eu tinha me proposto a fazer?

Reserve horários para atividades específicas

Como meu dia é dividido entre tarefas recorrentes e projetos


novos, comecei a separar alguns horários para os processos repetitivos
e deixo o resto do dia livre para os trabalhos mais criativos.

Use uma boa ferramenta de organização

Quando vi que a maior parte dos meus problemas de organização


era mais de hábitos do que a falta de uma ferramenta, reorganizei a
maneira com que gerenciava meu dia a dia. Essa mudança de hábito
me trouxe algumas melhorias, porém ainda me faltava algum lugar
para compilar todas as atividades que tinha que fazer de forma rápida,
fácil e que contemplasse meu mais novo método.
Esse lugar mágico que encontrei foi o Tarefas, aplicativo de
organização de tarefas do EmpreendeKit. Quando comecei a usá-lo
senti uma sensação de plenitude, pois foi realmente o momento que
me senti completo com a mudança de hábitos, como se o ciclo da
produtividade infinita houvesse fechado.
O trunfo dessa ferramenta é que, além de simples e rápida, ela
permite que eu arraste minhas tarefas de um dia para outro e defina o
que é importante ou não. Essas características estão 100% alinhadas
com o que eu precisava: uma ferramenta extremamente dinâmica!

Cap. 6 - As tarefas nossas de cada dia 168


Foi muito difícil conseguir chegar a um nível de organização
satisfatório. Parar para respirar e avaliar o que podia fazer para
melhorar foi fundamental.
Escolher uma ferramenta que fosse simples e se adequasse às
minhas necessidades foi tão importante quanto, já que sem ela o
método não adiantaria nada.
Se você também quer melhorar sua produtividade e está
buscando algo para te ajudar, recomendo muito que dê uma olhada
na nossa ferramenta de organização de tarefas.
Veja mais informações aqui.

Praticamente uma jornada espiritual

Abraços,
Lucas Hoogerbrugge (me sentindo o
mestre da organização operacional)

Cap. 6 - As tarefas nossas de cada dia 169


6 mandamentos de como
gerenciar suas tarefas

Agora que vimos a jornada que o Lucas viveu para se organizar,


vamos especificar um pouco mais e falar sobre como otimizar a
relação Tempo Vs. Tarefas bem feitas.
Gerir o tempo é algo útil para qualquer pessoa. Como todos
sabem, é o recurso comum que temos que não é renovável e, por isso,
saber aproveitá-lo bem diferencia os homens dos pirralhos.

Os 6 mandamentos

Acredito que nenhum profissional é um bom profissional se,


primeiro, não for uma pessoa eficiente. Lembre-se que ser eficiente
não é simplesmente fazer tudo rápido. Ser eficiente significa alcançar
o resultado planejado, dentro do tempo estimado, alcançando ou
superando expectativas.

Cap. 6 - As tarefas nossas de cada dia 170


Seguindo a linha dessa parte do livro (produtividade na prática),
ao invés de falar de metodologias, aqui apresento uma lista de ações
bastante simples que uso há certo tempo e que carinhosamente
elevei para o status de “mandamentos”:

1 - Encoste uma vez

Se você começou a fazer uma tarefa, termine-a antes de ver um


e-mail ou checar o Facebook. Isso acontece normalmente com
e-mails: você abre o e-mail, termina a leitura, começa a responder
e pensa “hum, termino isso depois”.
O problema é que pra terminar isso depois, você vai ter que gastar
tempo novamente lendo o e-mail e vendo o que você já escreveu
- ou seja, o tempo de preparação é retrabalho e, assim, você está
desperdiçando tempo.

2 - As 6 tarefas mais importantes do dia

Todo dia defina quais são “as 6 tarefas mais importantes” do dia,
aquelas que tem que acontecer de qualquer maneira. A questão é: se
você não finaliza as 6 tarefas importantes do dia, algo está errado.
No geral, é legal considerar essas tarefas como ações que vão
causar progresso na sua empresa, e não os pequenos processos
repetitivos.
A quantidade não precisa ser exatamente 6, mas a ideia é essa.

Cap. 6 - As tarefas nossas de cada dia 171


3 - Estime a duração de cada tarefa

Os tempos de cada tarefa são extremamente variáveis e ter


planejado o que será feito e por quanto tempo é essencial para que
você saiba que o seu dia é possível (que as tarefas cabem no seu
horário útil).
Por isso é legal quebrar projetos mais longos em tarefas menores
para que você possa ver o avanço aos poucos, ao invés de tentar
fazer tudo de uma vez só. Além de ajudar na gestão do seu tempo, a
qualidade do projeto feito aos poucos tende a ser maior.

4 - Defina quando, dentro do dia, você fará cada tarefa

Por questões logísticas ou mesmo de humor, definir o horário em


que você fará cada tarefa é muito importante.
Além disso, avaliar se uma tarefa é pré-requisito de outra ajuda
bastante nessa parte.

5 - Faça as tarefas mais difíceis primeiro

Não importa se o seu horário de maior produtividade é de


manhã, de noite ou de madrugada. A partir do ponto que você está
com energia e concentração para produzir de verdade, faça primeiro
os projetos mais difíceis/importantes .
Isso garante que você terá o máximo do seu poder cognitivo pra
ele e também te ajuda a fugir da procrastinação.

Cap. 6 - As tarefas nossas de cada dia 172


6 - Se eu não fizer isso, eu vou morrer?

Essa é uma pergunta bem extremista, mas passa bem o tom.


Quanto menos tempo você tem, mais você aprende a priorizar o que
é mais importante e a enxergar o que não fará diferença na sua vida.
Para garantir que você está fazendo apenas atividades úteis,
sempre faça essa pergunta a si mesmo.

São 6 passos muito simples e que podem ser aplicados


imediatamente. Então, por que já não começar agora a gerir melhor
o seu tempo?

Abraços,
Luiz Piovesana (cada vez mais ninja e
menos pirralho)

Cap. 6 - As tarefas nossas de cada dia 173


Dicas de como lidar
com e-mails

Ao falarmos das tarefas que temos todos os dias, seria impossível


não termos um subcapítulo falando exclusivamente sobre e-mails.
Boa parte das pessoas tem uma relação de amor e ódio com eles.
Por um lado, e-mails são extremamente úteis no dia a dia, tanto
para trabalhar e fazer negócios, quanto para se comunicar com amigos
e família – eles economizam tempo e facilitam a vida.
Ao mesmo tempo, é normal vermos as pessoas reclamando
sobre excesso de SPAM e principalmente em relação ao exagerado
número de mensagens eletrônicas que recebem.
E é aí que mora o perigo: se não houver disciplina e organização,
o email pode ser o buraco negro da sua produtividade.

E-mails, uma fonte inesgotável de informações e urgências

É muito fácil passar o dia inteiro respondendo e-mails. Eles


vão aparecer e você provavelmente sentirá uma sensação de
produtividade, já que manterá sua caixa de entrada quase sempre
vazia e fará com que as pessoas sintam-se correspondidas.
Porém, a maioria do que aparece por e-mail é urgente, mas não
tão importante. Com isso, é criado um desespero de responder e dá
essa falsa sensação de produtividade.

Cap. 6 - As tarefas nossas de cada dia 174


Quais eram as tarefas planejadas? No fim do dia você consegue
falar que ajudou no progresso da sua empresa ou simplesmente
utilizou o e-mail como uma forma de procrastinação?

É possível se proteger da armadilha do e-mail

Por mais que você dependa dele para fechar negócios ou fazer
projetos andarem, é essencial definir um número de vezes que você
vai, de fato, ler e responder e-mails.
Fazer esse processo 3 vezes por dia normalmente é mais do
que o suficiente. Se você trabalha diretamente com vendas, não há
problemas em checar os novos e-mails recebidos quando você estiver,
por exemplo, naquele tempo entre tarefas – o perigo é ser distraído
por outras mensagens e isso atrapalhar o seu planejamento do dia.
Afinal, quem nunca passou por essa situação?

Cap. 6 - As tarefas nossas de cada dia 175


Disciplina, controle da ansiedade e planejamento

Pessoas gostam de novidades, então é sempre muito tentador


olhar sua caixa de entrada para ver se aquele potencial cliente
respondeu o envio da proposta ou ver se o fornecedor respondeu
com a solução para o seu problema.
Sendo eu uma pessoa que já foi compulsiva em ver e-mails,
o melhor controle para essa ansiedade foi passar a planejar muito
bem o meu dia (como falei no subcapítulo “6 mandamentos de como
gerenciar suas tarefas”), com tarefas focadas em atingir o planejamento
da empresa. E, claro, disciplina de manter esse planejamento bem
feito e trabalhar de maneira focada com e-mails na hora certa.
Algo que me ajudou muito nisso foi saber que se realmente um
e-mail for tão urgente, que a pessoa não pode esperar 3 ou 4 horas
por uma resposta, ela vai dar um jeito de ligar.

Uma boa ferramenta

Além do planejamento, disciplina e controle, algo que ajuda


muito é ter uma ótima ferramenta de e-mails. Nesse quesito não
tenho dúvida nenhuma em recomendar o Gmail – a ferramenta de
e-mails do Google – que pode ser tanto para você ter um email@
gmail.com ou mesmo @suaempresa.com.br através do Google Apps.
Além de um espaço mais do que suficiente, a busca por
mensagens antigas e a possibilidade de utilizar etiquetas (pastas) para
os diferentes tipos de e-mail são funções muito bacanas.

Cap. 6 - As tarefas nossas de cada dia 176


Outras boas práticas

Definir etiquetas (pastas/filtros) para cada assunto

Criando uma pasta para cada área da sua empresa (administrativo,


vendas, RH, contratos, financeiro etc.), você consegue resolver um
assunto de cada vez ao checar cada pasta.
Mesmo que você não goste de navegar entre pastas e prefira
mexer só na Caixa de Entrada, saber qual a área de cada mensagem
antes de abri-la pode ajudar na priorização.

Responder na hora ou criar uma nova tarefa

Como falamos anteriormente, depois de gastar tempo lendo


um e-mail, você tem duas opções: responder na hora, aproveitando
o tempo que você já investiu; ou criar uma tarefa para que você
responda depois com mais tempo (não se esqueça de avisar a outra
pessoa que levará um tempo maior para a resposta).
Uma opção para quem prefere manter tudo dentro do e-mail é
criar uma pasta chamada “Responder depois”, onde você acumulará
e-mail menos urgentes para responder com mais tempo. Para fazer
isso bem, é necessário criar um processo de análise frequente dessa
pasta.

Resolveu? Então tire da sua frente

Respondeu o e-mail e matou o assunto? Então o arquive na


devida pasta.

Cap. 6 - As tarefas nossas de cada dia 177


Já respondeu a mensagem, mas o assunto ainda não acabou e
você aguarda uma resposta? Você pode tanto arquivar e criar uma
tarefa para cobrar a pessoa novamente, quanto criar uma pasta
adicional com o nome “Cobrar” – e deixar o e-mail ao mesmo tempo
nessa pasta e na pasta correspondente ao seu assunto.

Não apague e-mails, arquive-os

Utilizando não só o Gmail como vários outros serviços, o espaço


fornecido hoje em dia é bem suficiente para que não seja preciso
deletar mensagens. Isso ajuda quando é necessário puxar aquele
e-mail ou anexo antigo que não tinha sido salvo no computador.
Existem várias boas práticas para organizar seus e-mails, mas o
mais importante é que você consiga utilizar o que faz mais sentido e
seja efetivo para você.

Abraços,
Luiz Piovesana (porque os e-mails são
nossos amigos)

Cap. 6 - As tarefas nossas de cada dia 178


Dicas de como lidar
com Home Office

Um recurso cada vez mais utilizado é o Home-Office (escritório em


casa). Existem variações, já que existem profissionais que trabalham
sempre em home-office, assim como há outros que o utilizam como
ferramenta para fugir do ‘barulhinho e interrupções’ do escritório.
Trabalhar em casa pode parecer, à primeira vista, um sinônimo
de produtividade – afinal, sem perdas de tempo com trânsito, sem
distrações de colegas nem patrões com exigências de última hora,
autonomia total nos horários, enfim, um paraíso!
Porém, ao trabalhar em casa, qualquer profissional se depara,
rapidamente, com um enorme desafio: a disciplina para manter o
foco e para evitar desgaste com distrações.
Seguem algumas dicas para quando estiver em seu Home-Office:

1 - Não misture lazer com trabalho

Mesmo que você tenha montado seu escritório num cômodo


específico da casa, é imperativo que ele seja usado apenas para o
trabalho. Mantenha a área de lazer separada – e isso inclui a televisão,
videogames e outras formas de entretenimento. O seu ambiente de
trabalho deve ser separado ao máximo em sua casa e sua família deve
ser educada para respeitar o seu horário de trabalho.

Cap. 6 - As tarefas nossas de cada dia 179


O trabalho deve ficar longe de distrações

2 - Estabeleça pausas regulares

Sabe aquela hora do cafezinho, quando você trabalhava no


escritório? Pois é, ela é fundamental para manter a sua produtividade
e, mesmo estando em casa, você não deve abdicar dela.

3 - Configure a internet e o computador para trabalhar

Existem várias formas para driblar a avalanche de distrações


que a internet oferece, desde evitar o uso de aplicativos que causam
interrupções constantes, até sistemas de rastreamento do tempo
dispendido nas tarefas. O mais importante é definir horas certas para
lidar com os sistemas de mensagens instantâneas, reduzir o número
de vezes que você checa seu e-mail e responde suas mensagens,
separar tempo para pesquisar conteúdo na web e também para se
atualizar com as notícias de seu setor. Tudo isso inserido numa rotina
que amplie sua produtividade.

Cap. 6 - As tarefas nossas de cada dia 180


Uma boa forma de não ser interrompido por assuntos pessoais
é trazer o notebook que você utiliza na empresa para o seu home-
office. Uma boa opção para notebooks para PMEs é a Dell.
Além de oferecer configurações específicas para o melhor
desempenho no trabalho, os notebooks Dell contam com um ótimo
suporte, garantindo a produtividade da empresa e seus funcionários.
Veja aqui as opções de notebooks Dell.

4 - Não se torne um Super-homem

Lembre-se que mesmo trabalhando em casa, você será mais


produtivo se mantiver seu foco no que é importante e no que faz bem.
Transfira para a secretária da empresa ou mesmo para um assistente
virtual todas as tarefas (principalmente os afazeres pessoais que
pipocarão à volta de seu “home-office”), além das coisas que tomam
tempo e que não precisam ser executadas por você.
Com isto, além de hábitos saudáveis que melhorarão sua
Qualidade de Vida, você manterá níveis de produtividade acima da
média, o que será algo positivo pra você e para sua empresa.

Abraços,
Alexandre Borin Cardoso (CEO da Prestus)

Cap. 6 - As tarefas nossas de cada dia 181


182
Capítulo 7

O papel da
infraestrutura na
produtividade da
empresa

183
Para que a produtividade da sua empresa dependa apenas de
você e de seus funcionários, é preciso garantir que vocês disponham
da infraestrutura suficiente para não serem distraídos gastando
tempo com problemas externos aos objetivos principais da empresa.
Se quiser diminuir o tempo gasto apagando incêndios causados
por problemas de infraestrutura, esse capítulo é pra você!

Cap. 7 - O papel da infraestrutura na produtividade da empresa 184


O quanto sua empresa
é preparada para
“caquinhas” no dia a dia?

Uma vez em no Saia do Lugar, comentei sobre a Síndrome do


Corneteiro do Apocalipse (SCA). A SCA é bem comum em reuniões
de avaliação de novos produtos e basicamente consiste em levantar
problemas que não existem e provavelmente nunca irão existir.
Além da SCA, existe outra síndrome que pode prejudicar uma
empresa. Essa é a Síndrome do “Depois eu vejo isso” (SDEVI).
A SDEVI se manifesta quando vemos que algo tem potencial para
dar caquinha mais pra frente, avaliamos a situação e concluímos:
“Depois eu vejo isso”.
Uma curiosidade sobre a SDEVI é que de vez em quando ela é
apontada por alguém com o espírito de um grande herói do cinema
nacional, que gentilmente avisa: Coronel, isso vai dar “problema”.

Conheça os tipos de risco que você está disposto a correr

Simplificando bastante, existem 4 tipos de riscos que você corre.

1. Risco físico: Algo que coloque em risco a integridade física das


pessoas. Desde acidentes de trabalho até o desenvolvimento
de algo crônico como lesão por esforço repetitivo.

Cap. 7 - O papel da infraestrutura na produtividade da empresa 185


2. Risco financeiro: Aqui os problemas vão desde a perda de
clientes até a necessidade de ficar toda hora consertando
um computador que parecia bom, mas era uma bela porcaria
(nessa parte, a Dell oferece máquinas de extrema qualidade,
com um suporte campeão, veja as opções aqui)

3. Risco do retrabalho: De certa forma, tempo é dinheiro.


Porém, é importante enfatizar o risco de algo ter que ser feito
de novo. Um fenômeno bem comum nessa área é quando
estamos quase terminando um documento e a energia cai
antes de salvarmos o arquivo.

4. Risco do ego: Seja por um cliente pouco se lixando em relação


a um novo produto ou por ver amigos ganhando muito
mais em carreiras tradicionais, o ego do empreendedor é
constantemente atacado no dia a dia.

Avalie o impacto da caquinha Vs. a probabilidade dela


acontecer

Uma das melhores formas de lidar com o medo é pensar


objetivamente sobre a pior coisa que pode acontecer e qual a chance
disso ocorrer. Se ela não for tão ruim, bring it on! Se ela não for muito
provável, bring it on!
Porém, um problema do ser humano é achar que ele sempre é a
exceção. Ao ver uma estatística dizendo que algo tem 99% de chance
de dar errado, a pessoa sempre acha que está no 1%.

Cap. 7 - O papel da infraestrutura na produtividade da empresa 186


Por isso, o melhor a fazer é conversar com pessoas mais
experientes e avaliar a real probabilidade da caquinha acontecer. Se
o cara falou que o problema é provável e que ele pode ser grande, é
melhor se prevenir.

Decida o que você vai fazer, mesmo que seja para decidir que não
vai fazer nada em relação àquilo. Tomar a decisão é essencial. O que
não se pode é ser pego de surpresa.
Para evitar a SDEVI, o melhor a fazer é perguntar “Depois
quando?”.
Se algo é relevante, é essencial definir um prazo para que a
pendência não fique lá pra sempre. Se não for relevante, apague
da sua lista de pendências e seja uma pessoa mais feliz por se livrar
daquele problema. Se for, defina o prazo e resolva o problema.
É importante destacar que o “quando” nem sempre precisa ser
temporal. Algo como “na hora que isso incomodar” pode ser um bom
prazo.

Cap. 7 - O papel da infraestrutura na produtividade da empresa 187


Por exemplo, eu e Luiz (meu sócio) temos pastas separadas
com documentos da empresa. Em algum momento sabemos que
precisaremos centralizá-las, mas só iremos fazer isso na hora em
que precisarmos delegar tarefas para várias outras pessoas e elas
começarem a se confundir com a organização das pastas.
Até lá, essa pendência some da nossa lista de preocupações.

Conclusão: Desde que o problema seja relevante, prevenir é


melhor que remediar

Na análise sobre impacto vs. possibilidade da caquinha acontecer,


vale sempre a pena investir em sistemas preventivos desde o backup
automático de arquivos como o Dropbox até contratar uma consultoria
jurídica ou tributária para evitar problemas mais para frente.
Especificamente na parte de computadores, recomendamos
muito conferir o suporte para pequenas empresas da Dell. Nesse
suporte a Dell tem tutoriais e suporte para a maior parte dos problemas
que você possa ter, sejam os erros no seu sistema operacional, até
problemas de peças e estrutura de TI.
Quer entender como as soluções de problemas para micro e
pequenas empresas da Dell podem te ajudar? É só clicar aqui.

Abraços,
Millor Machado (lutando para criar uma
ambiente à prova de caquinha)

Cap. 7 - O papel da infraestrutura na produtividade da empresa 188


5 aspectos a avaliar ao
comprar equipamentos
para sua empresa

Como escolher o melhor ar condicionado para o meu escritório?


Há cerca de 2 anos, além de ter que responder essa pergunta,
passei por todo o processo de compra desse equipamento, o que
gerou algumas dores de cabeça e aprendizados.
Como qualquer pequena empresa, o orçamento era limitado,
mas ao mesmo tempo sabíamos que não adiantava economizar na
compra e depois torrar dinheiro em manutenção e energia elétrica –
ou pior, voltarmos a passar aquele calor “agradável”. Essa dificuldade
com as compras de diversos equipamentos faz parte do cotidiano de
qualquer empresário.
Isso acontece porque escolher um produto é difícil: existem
muitas opções, variações e pouca personalização para cada tipo de
empresa. É fácil gastar muito tempo para fazer uma nova compra.
Apesar desses equipamentos não serem a parte principal do
produto ou serviço da sua empresa, eles influenciam diretamente na
sua eficiência e de seus funcionários.
Por exemplo, um computador com defeito pode causar despesas
com conserto, tempo de um funcionário e, consequentemente, trazer
várias dores de cabeça e mais perdas se esse atraso alcançar um
cliente ou impedir uma venda.

Cap. 7 - O papel da infraestrutura na produtividade da empresa 189


Para te ajudar nas próximas compras de equipamentos,
levantamos aqui 5 critérios bem práticos:

1 - Defina exatamente o problema que você quer resolver

Comprar um ar condicionado para um comércio de shopping


que tem entrada e saída de pessoas durante 12 horas todo dia é bem
diferente de comprar um para um escritório de 40 m² com 8 pessoas
que funciona das 9 às 18 h. Pode ter certeza que a estrutura desses
tipos de empresas será bem diferente.
Especificar exatamente qual o objetivo do equipamento vai
te ajudar a levantar orçamentos e também auxiliará os potenciais
fornecedores a te mostrarem apenas as opções que fazem sentido
nesse contexto.

Cap. 7 - O papel da infraestrutura na produtividade da empresa 190


2 - Levante as opções válidas de marcas e modelos

Sabendo qual a finalidade do equipamento, você pode fazer uma


pesquisa sobre as opções existentes no mercado.
Para levantar essas informações, pesquise na internet, pergunte
para outros empresários ou visite diretamente as lojas.
Esse conhecimento básico será de grande ajuda na hora de
comparar as características mais importantes para o seu caso.

3 - Analise primeiro a Linha Empresarial

Alguns produtos como: móveis, computadores e outros


eletrônicos possuem uma linha de uso pessoal e outra de uso
empresarial. Antes de economizar alguns reais na linha pessoal,
pesquise as reais diferenças e quanta dor de cabeça os serviços
agregados da linha empresarial podem te economizar.
Normalmente produtos segmentados para empresas dão foco
em atributos que fazem muita diferença para empresários: garantia,
manutenção, eficiência e robustez.
Um exemplo legal é a Dell, que tem uma ótima linha de
computadores empresariais com configurações específicas para o
trabalho da sua pequena empresa. Veja aqui as opções.
Somado a isso, a durabilidade e, principalmente, o suporte da
Dell (tanto online, quanto de ter um técnico na sua empresa em até
24h) faz valer a pena. Veja como funciona o suporte Dell para PMEs.

Cap. 7 - O papel da infraestrutura na produtividade da empresa 191


4 - Os 4 apoios: garantia, durabilidade, manutenção e
assistência

Essa parte da análise se baseia na resposta de 3 perguntas:

1. Por quanto tempo e com que intensidade o equipamento


será utilizado?

2. Por quanto tempo e em quais condições sua empresa pode


funcionar sem esse equipamento?

3. Você precisará de auxílios de alguém especializado para


aproveitar todos os recursos desse produto?

A partir dessas respostas, analise a durabilidade de cada marca e


os custos de manutenção. É normal nesse estágio ver que um produto
um pouco mais caro no momento da compra pode, por outro lado,
gerar economias na hora da manutenção.
Da mesma forma, vale a pena analisar a compra de uma garantia
estendida (além do tempo mínimo) e da assistência oferecida para
que você realmente não tenha dores de cabeça na hora de instalar ou
começar a utilizar o novo equipamento.
Por fim, mas provavelmente o mais relevante, veja como cada
marca cuida da manutenção e conserto do equipamento. Descubra
desde a velocidade e qualidade de atendimento, até o prazo para
conserto ou substituição de peças – esses aspectos vão ditar a
quantidade de tempo que você ficará sem o equipamento em caso de
defeito ou durante a manutenção.

Cap. 7 - O papel da infraestrutura na produtividade da empresa 192


5 - Veja como outra pessoa resolveu um problema parecido
com o seu

Agora que você entendeu bem mais a fundo as possibilidades


em torno do seu uso do equipamento e das possibilidades perante as
diferentes marcas, converse novamente com outros empresários que
tiveram que fazer essa escolha antes.
Assim você poderá checar se as informações levantadas
realmente correspondem à realidade e então tomar sua decisão final.

Como uma dica bônus: faça uma cotação de seguro contra mau
uso ou roubo. Dependendo do valor e da vida útil do equipamento,
com certeza pode valer a pena.

Abraços,
Luiz Piovesana (curtindo o ar gelado do
escritório da Empreendemia)

Cap. 7 - O papel da infraestrutura na produtividade da empresa 193


5 dicas para o computador
ser o melhor amigo
da produtividade

O computador virou peça central de trabalho da maioria


das empresas. O maior problema disso é a forma como ficamos
dependentes dele. Enquanto o computador funciona bem, estamos
felizes. Os problemas começam quando ele não funciona como
deveria. A lentidão, as mensagens de erro e as telas azuis começam a
nos tirar do sério e aí a produtividade cai absurdamente.
E como não há nada tão ruim que não possa piorar, ainda tem uma
situação que consegue ser pior que isso, que é quando o computador
dá algum defeito. O dinheiro e tempo que gastamos para levar numa
assistência, esperar o conserto e voltar a trabalhar é muito grande.
Quem mais perde com isso é a própria empresa, que por querer
economizar alguns reais na compra de um computador melhor e
adequado, acaba com sua produtividade reduzida, funcionários
insatisfeitos, trabalhos mal feitos e consequentemente, menos lucro.
Pra evitar isso, seguem dicas de como lidar com os computadores.

• Escolha bons equipamentos – Não precisa ser o melhor e


mais caro, mas é importante que ele seja adequado para o
seu ritmo de trabalho e os programas que vocês costumam
usar. E é sempre bom pensar para frente. Comprar um pc
que será bom por um mês também não adianta.

Cap. 7 - O papel da infraestrutura na produtividade da empresa 194


• Só instale o necessário – Evite instalar programas e joguinhos
que não tem a ver com trabalho. O grande problema é que a
maioria desses programas vem com barras de ferramentas,
antivírus e um tanto de coisas desnecessárias. Quanto mais
programas instalados, mais coisas vão tentar funcionar
ao mesmo tempo. Na hora de utilizar o que realmente for
necessário, vai estar tudo congestionado. Nem adianta
colocar a culpa no computador, coitado.

• Faça manutenção constante – Limpe arquivos, desinstale


programas desnecessários e passe antivírus regularmente.

• Trate o computador com carinho – Isso serve principalmente


aos vendedores que precisam andar com o notebook o dia
inteiro de um lado para o outro. Evite jogar o PC no carro
ou guardar de qualquer jeito. Eles são sensíveis e podem
estragar com qualquer impacto mais forte.

• Tenha uma boa assistência técnica – Por último e não menos


importante, é que o defeito seja resolvido rápido quando ele
aparecer (veja bem, não é ‘se’ ele aparecer, e sim ‘quando’).
Computadores de linha empresarial costumam oferecer
uma assistência técnica diferenciada, com conserto rápido
e empréstimo de computador até que o problema seja
resolvido (assim você não fica sem trabalhar).

Cap. 7 - O papel da infraestrutura na produtividade da empresa 195


Vocês podem ser amigos!

Um exemplo legal de marca que possui uma assistência


diferenciada para computadores empresariais é a Dell, que oferece
o ProSupport. Com ele você tem garantia das peças, mão de obra em
caso de defeito e visita do técnico no próximo dia útil.
As dicas parecem óbvias, mas pense quantas delas você realmente
se preocupa. Tome esses cuidados e você vai ver que investindo um
pouco mais, vai conseguir ser mais produtivo e ainda economizar
tempo e dinheiro no futuro.
Se além da parte da assistência técnica, você se interessou em
conhecer melhor os diferentes produtos da Dell, clique aqui.

Abraços,
Gabriel (cada vez mais produtivo
com toda a infraestrutura que a
Empreendemia proporciona)

Cap. 7 - O papel da infraestrutura na produtividade da empresa 196


3 ferramentas que
economizam o valioso
tempo do empreendedor

Como já falamos anteriormente, o lema “Tempo é dinheiro” é


brutalmente verdadeiro para os empreendedores. Enquanto muita
gente tem seu salário garantido no fim do mês, o empreendedor
PRECISA aproveitar o máximo do seu tempo para garantir o leitinho
das crianças e fazer um agrado na patroa.
Por outro lado, a gestão de uma empresa exige uma quantidade
cavalar de trabalho administrativo que, apesar de essencial, não é
onde o empreendedor consegue gerar os melhores frutos do seu
trabalho.
Por isso, se você quer economizar tempo e não tem condições
de contratar alguém para te ajudar nessa área, confira algumas
maravilhas da tecnologia que te deixam focar nas atividades que mais
contribuem para o seu ganha-pão.

Cap. 7 - O papel da infraestrutura na produtividade da empresa 197


Ferramenta 1 - Diga adeus à querida fila do banco

Esse parágrafo praticamente pede que eu use alguma pesquisa


de mercado para falar sobre o crescimento do internet banking, mas
convenhamos que provavelmente você já sabe que o número de
transações bancárias pela internet está crescendo muito a cada ano.
A moral da história é que, em vez de ter que ir no horário exato
que o banco fica aberto e ter que pegar aquelas ótimas filas, você
consegue fazer boa parte das operações bancárias pela internet.
Fora quando abri a conta, não consigo lembrar a última vez que
fiquei na fila do banco em vez de investir meu tempo na empresa.

Ferramenta 2 - Encontre fornecedores de forma mais prática

Quem nunca passou aperto na hora de encontrar um fornecedor


de confiança?
Normalmente é muito difícil pedir vários orçamentos de uma
vez e quase nunca conseguimos ter uma ideia sobre a qualidade do
serviço prestado.
Para facilitar esse processo, uma turma de rapazes muito espertos,
bonitos e, principalmente, modestos, criou o Empreendemia. Por lá
você pode rapidamente pedir orçamento para fornecedores de todo o
Brasil e conferir as avaliações de quem já fez negócios com a empresa.
Se você está precisando de algo e não tem ideia de onde achar
o fornecedor, recomendo fazer um busca na nossa lista de empresas.

Cap. 7 - O papel da infraestrutura na produtividade da empresa 198


Ferramenta 3 - Assine contratos sem precisar ir no cartório

Já imaginou que belezura que seria assinar um contrato


eletronicamente, sem precisar reconhecer firma no cartório? Pois é,
é isso que faz o e-CPF.
Além de dar acesso aos serviços da Receita Federal, tanto da
pessoa física quanto jurídica, o e-CPF é a sua identidade na internet e
facilita muito sua vida com a economia de tempo e desburocratização
(até pra escrever essa palavra é complicado!) de processos.
Se quiser economizar idas ao cartório, confira o e-CPF aqui.

Conclusão

Se existe algo que você precisa fazer sempre e acha um saco,


provavelmente outras pessoas sofrem com esse mesmo problema e
já inventaram formas de economizar seu tempo nessa tarefa.
Por isso, recomendo muito o uso de ferramentas que liberem seu
bem mais precioso (seu tempo) para que você possa focar naquelas
atividades que ao terminar, você pula de felicidade e grita “Ye-yeah!!!”.

Abraços,
Millor Machado (podia estar no banco,
podia estar no cartório, mas estou aqui,
feliz da vida escrevendo esse livro)

Cap. 7 - O papel da infraestrutura na produtividade da empresa 199


200
Capítulo 8

Só uma andorinha
produtiva não faz
o verão

201
Delegar ou não delegar,
eis a questão

Normalmente, o empreendedor é uma pessoa que topa resolver


todo o tipo de problema sozinho e, assim, vai levando sua empresa à
glória. Porém, há um limite.
Você, como empreendedor, sabe que precisa de ajuda para
conseguir respirar e pensar no crescimento do negócio (além de
apenas executar as ações do dia a dia), mas encontrar e treinar
pessoas para trabalhar tomaria mais tempo do que você tem.
E aí você continua trabalhando até não aguentar mais.
Grande parte dos empreendedores cai na armadilha de achar
que esse ritmo alucinado consegue perdurar por muito tempo sem
consequências para seu negócio ou até para sua saúde.
Para ilustrar essa situação, segue o relato do empreendedor
Derek Sivers, empresário americano fundador da CD Baby – uma loja
online de CDs de bandas emergentes:

Em 2001, a CD baby tinha 3 anos de idade. Eu tinha 8 funcionários,


mas ainda mantinha tudo perto, debaixo das minhas asas.
Trabalhava das 7h até às 22h durante os 7 dias da semana – com
todos os processos e informações passando por mim.

Cap. 8 - Só uma andorinha produtiva não faz o verão 202


A cada 5 minutos eu era interrompido com uma pergunta de um
funcionário:
— Derek, um cara quer alterar a foto da arte do CD dele depois
que já foi publicado no site. O que eu falo pra ele?
— Derek, aceitamos transferência bancária como meio de
pagamento?
— Derek, uma pessoa fez dois pedidos hoje e ela quer saber - se
eles puderem ir num pacote só, ela recebe a economia de frete de
volta?
Era difícil me concentrar em fazer uma tarefa do começo ao fim e
ao mesmo tempo responder essas perguntas o dia inteiro. Comecei
a achar que ao chegar ao trabalho, eu teria que sentar no meio do
corredor e ficar respondendo perguntas o dia inteiro.
Não demorou e eu já não aguentava mais. Parei de ir ao escritório
e desliguei o meu celular. Logo depois vi que eu estava fugindo dos
meus problemas ao invés de resolvê-los – se não os resolvesse, eu
e minha empresa iríamos para o buraco.
Depois de uma noite de muita reflexão e anotando ideias, entrei no
modo “delegar agora!”: eu tinha que me tornar desnecessário
para que a empresa funcionasse.
No dia seguinte, quando cheguei ao escritório, me perguntaram:
— Derek, uma banda cujos CDs chegaram ontem mudou de ideia
e quer os CDs de volta. Nós já fizemos todo o trabalho, mas ele
está perguntando se ele pode receber de volta o valor que pagou,
já que ele nunca foi anunciado no site.

Cap. 8 - Só uma andorinha produtiva não faz o verão 203


Dessa vez, em vez de simplesmente responder a pergunta, eu juntei
todo mundo e comuniquei a situação que me havia sido passada.
Eu respondi a pergunta, mas o mais importante foi que expliquei
meu processo de pensamento e a filosofia por trás da resposta.
— Sim, devolva tudo que foi pago pela banda. Nós teremos uma
pequena perda financeira, mas é importante sempre fazermos o
que for necessário para garantir a satisfação de nossos clientes,
contato que não seja um pedido maluco. Um pequeno gesto como
este é o que o motivará a falar aos seus amigos que nós somos
uma ótima empresa. Todos nós precisamos lembrar que ajudar
músicos é o nosso primeiro objetivo e lucro é o segundo. Vocês têm
minha permissão total para usarem esse guia e tomarem decisões
(sozinhos) no futuro. Façam nossos clientes felizes. Garanta que
todos os que lidem conosco saiam com um belo sorriso.
Perguntei em volta para garantir que todos tinham entendido.
Pedi a uma pessoa para iniciar um manual e escrever nele a
resposta para essa situação e a filosofia por trás dela. Depois
disso todos voltaram a trabalhar.
10 minutos depois, nova pergunta e o mesmo processo:
1. Juntar todos em volta
2. Responder a pergunta e explicar a filosofia
3. Garantir que todos entenderam o processo
4. Pedir para uma pessoa escrever o manual
5. Deixar claro que eles podiam tomar essa decisão sem mim

Cap. 8 - Só uma andorinha produtiva não faz o verão 204


2 meses fazendo isso, as perguntas acabaram.
Depois disso, mostrei para um funcionário como fazer algumas
últimas coisas que ainda eram minha responsabilidade. Como
parte do aprendizado, eles tinham que documentar o processo no
manual e mostrar para outra pessoa (aprender ensinando).
Agora eu era totalmente desnecessário.
A partir daí eu comecei a trabalhar de casa e parei de vez de ir
ao escritório.
Eu tinha até ensinado a eles o meu processo de raciocínio e
filosofias sobre recrutamento e contratações. Assim, os 2 mais
novos funcionários foram encontrados, entrevistados, contratados
e treinados totalmente por quem já trabalhava na empresa. Eles
usaram o manual para garantir que os novos entenderiam a
filosofia e a história da CD Baby, além de aprenderem a tomar
decisões sozinhos.
Eu ligava uma vez por semana para garantir que estava tudo ok.
E estava. Eles nem tinham perguntas para mim.
Pelo fato da minha equipe fazer a empresa andar, eu estava livre
para efetivamente melhorar o negócio.
Me mudei então para a Califórnia só para deixar claro que fazer
as coisas andarem bem era papel deles.
Eu ainda estava trabalhando muitas horas por dia, mas agora
esse tempo era investido em melhorias, otimizações e inovações.
Para mim, essa era a parte mais legal – era divertido, não era
trabalho.

Cap. 8 - Só uma andorinha produtiva não faz o verão 205


Durante esse tempo fora, a empresa cresceu de U$ 1 M para U$
20 M em 4 anos.
Existe uma grande diferença entre ser autônomo/independente e
ser dono de um negócio.
Ser autônomo dá uma sensação de liberdade até que você percebe
que se tirar um tempo para fazer outra coisa, o negócio declina.
Para ser o dono de um negócio, garanta que você poderia sair
por 1 ano e, ao voltar, a empresa estará melhor do que quando
você saiu.

Abraços,
Luiz Piovesana (com planos de me
mudar para Califórnia)

Cap. 8 - Só uma andorinha produtiva não faz o verão 206


A importância de uma
forte cultura empresarial

A cultura de uma empresa define não só como ela funciona


internamente, mas também o valor percebido pelos clientes e
parceiros. Ou seja, não adianta prometer mil maravilhas se as pessoas
que executam o trabalho não vivem isso no seu dia a dia.
Uma cultura bem alinhada é essencial para que as
pessoas trabalhem motivadas, com maior qualidade de vida e,
consequentemente, sejam mais produtivas.
No nosso caso, fizemos questão de definir os Valores (com
V maiúsculo!) da Empreendemia como empresa: uma lista com os
aspectos que levamos em conta na hora de tomar qualquer tipo de
decisão e, claro, a base da nossa cultura.
Sabemos que apesar de ainda sermos pequenos, a cultura cresce
e se solidifica com a empresa. Por isso, seguem algumas dicas de como
construímos e mantemos nossa cultura rumo ao infinito e além.

Faça com que os Valores sejam específicos para SUA empresa

Ter os Valores definidos é o primeiro passo para o fortalecimento


da cultura. Por isso, não adianta colocar uma lista de palavras
genéricas e clichês como “Ética, comprometimento, profissionalismo
e sustentabilidade”. Que empresa não valoriza isso hoje em dia?

Cap. 8 - Só uma andorinha produtiva não faz o verão 207


Você, seus sócios e seus funcionários têm que se identificar
com os valores e falar “Show! É isso mesmo que somos. Esses valores
definem quem somos e como agimos, por isso somos diferentes”.
Se os seus Valores definem como a sua empresa age, então como
enfatizar os seus diferenciais através deles?

Faça dos seus Valores o código de conduta

Colocar Valores legais no papel é algo bastante simples, mas


realmente vivê-los na prática é bem mais difícil. É o que se diz: pra
poder cobrar, você tem que dar o exemplo.
Além disso, sempre que uma decisão sai do campo do “óbvio”,
recorrer aos Valores é sempre uma grande ajuda pra conflitos ou
problemas mais complicados.
Por exemplo, uma vez estávamos discutindo sobre uma prática
muito comum no mundo das empresas nascentes, a compra de
anúncios para uma página de demonstração, sem que houvesse
produto construído.
A vantagem dessa prática é que torna possível fazer um
teste de demanda sem a necessidade de investir tempo no seu
desenvolvimento. Se ninguém quiser nem clicar em um “Saiba mais”,
dificilmente irão comprar o produto. Ou seja, evitaríamos a dor de
cabeça de criar algo que ninguém queria.
Por outro lado, essa é uma prática que pode frustrar o cliente, já
que ao clicar em “Saiba mais”, ele veria uma página vazia.

Cap. 8 - Só uma andorinha produtiva não faz o verão 208


Depois de certo tempo de discussão, um argumento mudou
tudo: “Um dos nossos Valores é: criar utilidade para nossos clientes.
Não podemos entregar algo que não funciona!”.
Com isso em mente, fizemos algo inusitado: apontamos os
anúncios para concorrentes. Com isso, medimos o interesse dos
clientes ao mesmo tempo em que eles teriam o que estava sendo
prometido no anúncio. Ajudar o concorrente era um problema menor
do que ferir um dos Valores.

Contrate pessoas que se identifiquem com os seus Valores

Na prática, é impossível fazer com que uma empresa seja


produtiva. As pessoas são produtivas, não a empresa.
Por mais que uma pessoa execute sua função como ninguém, se
ela não for alinhada com os Valores da empresa, isso será um problema
cedo ou tarde. Ou ela não se encaixará no ambiente, ou poderá criar
problemas em relacionamentos com clientes ou fornecedores.

Sua equipe é ninja?

Cap. 8 - Só uma andorinha produtiva não faz o verão 209


Como o mestre Guy Kawasaki (blogueiro, escritor e empreendedor)
diz: “A vida é muito curta para trabalharmos com pessoas que não
gostamos”.
Na Empreendemia, os valores que usamos para contratar pessoas
e avaliar sua performance são:

1. Missão dada, missão cumprida. Sem desculpinhas.

2. Sangue nos olhos

3. Sem mi mi mi (para alta performance, não podemos ter


frescura na comunicação interna)

4. De boa na lagoa (qualidade de vida é essencial para um bom


trabalho)

5. Atendimento show

6. Don’t be evil (copiado do Google, já que achamos a frase


excelente para resumir conceitos de ética e sustentabilidade)

7. Criar utilidade para nossos clientes

8. Ser ninja (pra termos tempo de ficar de boa na lagoa, é


essencial sermos produtivos)

9. Humildade

10. Dx/Dt > 0 (derivada maior que zero: sempre crescendo


profissional e pessoalmente)

Cap. 8 - Só uma andorinha produtiva não faz o verão 210


Conclusão: A cultura guia decisões da sua empresa.
Consequentemente, sua produtividade

Da mesma forma que ao planejar uma viagem (chegar em um


objetivo distante) você avalia os caminhos que pode percorrer e quais
não valem a pena, a cultura empresarial te ajudará muito nas infinitas
escolhas que as pessoas precisarão fazer no dia a dia.
Se você e sua equipe não se sentem parte de algo maior,
dificilmente ficarão motivados o suficiente para manter a
produtividade durante essa jornada tão difícil.

Abraços,
Luiz Piovesana (no fim de uma das
semanas mais Ninjas da Empreendemia)

Cap. 8 - Só uma andorinha produtiva não faz o verão 211


Como fazer de uma
equipe uma máquina
de produtividade

O começo de qualquer empresa é aquela luta onde somos


faxineiros, presidentes, vendedores, secretários e tudo mais que for
necessário. Por mais que existam sócios, ser polivalente é uma das
características de bons empreendedores.
Com o tempo a empresa começa a crescer, as demandas de
trabalho aumentam e você vê que só conseguirá continuar crescendo
se tiver mais pessoas te ajudando, sejam novos sócios, funcionários
ou prestadores de serviços.

Cap. 8 - Só uma andorinha produtiva não faz o verão 212


Apesar do evidente aumento de mão de obra disponível para
gerar o rico dinheirinho para sua empresa, ter mais pessoas envolvidas
na operação gera novas demandas, tanto administrativas, quanto de
gerenciamento e liderança.
Além disso, a conta tem que fechar. Não adianta se afobar,
contratar muita gente e tomar prejuízo.
E, o ponto mais importante: você precisa garantir a produtividade
dessa rede de funcionários, sócios e fornecedores para a conta fechar
no final, sua empresa crescer e gerar mais lucro.
Seguem as dicas abaixo para te ajudar a formar, gerir e liderar
sua equipe com o máximo de produtividade:

Delegar ou terceirizar?

O primeiro ponto a decidir é se você vai ter uma nova pessoa ou


se contratará uma empresa especializada para fazer o trabalho.
No caso de optar pela terceirização, lembre-se que é ilegal
terceirizar a atividade chave que está descrita em sua razão social ou
mesmo criar uma relação de subordinação hierárquica direta.
Na prática não há fórmula pronta para essa decisão, mas o que
normalmente fazemos na Empreendemia é avaliar:

• Quão essencial é essa atividade considerando nosso negócio


principal? Hoje terceirizamos contabilidade, advocacia,
compra de anúncios e assessoria de imprensa. Porém,
criamos internamente toda a parte de conteúdo e software.

Cap. 8 - Só uma andorinha produtiva não faz o verão 213


• Qual o custo envolvido? Contratar funcionários sempre deve
ser uma decisão muito bem pensada, já que contratações
geram vínculos duradouros e normalmente caros.

• Qual a facilidade de gerenciar? Gerenciar um funcionário


é normalmente mais fácil e rápido do que lidar com uma
empresa terceira que, claro, não está 100% do tempo
disponível – ou seja, esse tempo gasto deve ser também
colocado na conta durante a tomada de decisão.

Como a gestão interna é algo mais complexo (cujos princípios


também se aplicam a gerir terceiros), a partir daqui esse será nosso
foco. Afinal, não escolhemos o título deste subcapítulo à toa. ;)

Recrutamento

Uma boa seleção de funcionários causa grande diferença na


produtividade da equipe e, claro, na retenção das pessoas na empresa.
É normal procurarmos a melhor pessoa possível para a função,
olhando aspectos técnicos, formação etc. Isso não está errado. O
erro acontece quando não avaliamos a parte pessoal, desde ver se os
Valores pessoais batem com os da empresa, até se esse candidato se
encaixa com as pessoas com quem trabalhará.
A criação de um bom ambiente depende de uma boa relação
entre as pessoas lá presentes. Tecnicamente, alguém sempre pode
ser treinado e capacitado – porém, alinhamento (com a empresa/
equipe) é algo praticamente impossível de ser trabalhado.

Cap. 8 - Só uma andorinha produtiva não faz o verão 214


Por isso, o ideal é primeiro analisar a interação entre os candidatos
e o restante da equipe, para depois avaliar a capacidade técnica.

9 mulheres não fazem um bebê em 1 mês

Assim como exemplificado nesse subtítulo, algumas coisas


simplesmente não podem ser aceleradas com o aumento da equipe.
Por mais que caiba no orçamento, muitas vezes empreendedores
montam equipes infladas com expectativas de resultados rápidos que
acabam não aparecendo. Para evitar isso, procure analisar tamanhos
ideais de equipes (que variam bastante dependendo do projeto) e
levar em conta que quanto mais pessoas uma equipe tem, maior o
esforço relacionado à comunicação e supervisão no dia a dia.

Responsabilidades e processos bem definidos

Passar responsabilidades claras para seus funcionários é uma


forma, primeiro, de deixar claro o que é esperado de cada um, ajudando
a avaliar sua produtividade. Em segundo lugar, é necessário garantir a
relevância dessas responsabilidades, já que ter um propósito dentro
da empresa é um fator extremamente motivante, fazendo com que
essa pessoa sinta-se dona dessa pequena parte da empresa e tente
superar expectativas.
Para as tarefas do dia a dia, ter processos bem organizados é uma
questão primária. Sem essa informação bem estruturada, organizada
e acessível, grandes perdas de produtividade podem acontecer.

Cap. 8 - Só uma andorinha produtiva não faz o verão 215


Uma ferramenta que ajuda bastante na disposição de informações
de forma compartilha entre os membros da equipe são redes de
computadores integrados em torno de um servidor comum. Uma boa
opção para formar a rede em seu escritório é através da solução Dell
para redes corporativas, fornecendo assim toda a estrutura de dados
para seus funcionários. Veja mais aqui.

Quem não conhece não lidera

Até chegarem à sua empresa, pessoas tiveram origens, criações,


educações e vivências diferentes entre si. Por isso, tratar todos da
equipe da mesma maneira é um erro comum de muitos líderes e que
pode atrapalhar bastante o alinhamento da equipe.
Uns gostam de ganhar um desafio e se virar sozinhos até entregar
o resultado; outros gostam de um acompanhamento mais próximo e
de objetivos mais mastigados.
Qualquer que seja o perfil, conhecer cada pessoa de sua equipe
te ajudará a definir as melhores maneiras de se relacionar com ela.
Abordagens personalizadas te darão abertura para trazer o máximo
de produtividade que cada pessoa é capaz.

Liderar e supervisionar são atividades que consomem tempo

O empreendedor, no papel de líder, é o responsável por garantir


que o trabalho de toda a equipe contribua de uma maneira integrada
para o planejamento da empresa.

Cap. 8 - Só uma andorinha produtiva não faz o verão 216


Acredite: esse trabalho não é pequeno e nem simples, já que
o empreendedor precisa se disponibilizar para esclarecer pontos e
oferecer ajuda. Além disso, o fato de planejamentos serem mutáveis
faz com que esse trabalho de alinhamento entre todas as ações seja
contínuo e ocupe boa parte do tempo dele.

Use ferramentas simples para gestão

Além das 3 ferramentas que citamos no outro subcapítulo, existem


ferramentas específicas para te auxiliar em tarefas administrativas. O
ideal é procurar aquelas que sejam simples e façam o essencial.
De um modo geral, as principais áreas de gestão são:

• Organização pessoal: uma lista de tarefas do que deve ser


feito no seu dia a dia, assim você se programa e evita gastar
tempo fazendo coisas além do programado.

• Gestão de clientes: controlar seus clientes, agendar tarefas


de clientes, agendar envio de propostas, atendimentos etc.

• Gestão financeira: controlar fluxo de caixa, agendar


pagamentos, emissão de nota fiscal e boletos.

É possível encontrar ferramentas gratuitas e pagas. Sempre


pesquise e veja 2 coisas: preço e funcionalidades essenciais.
Não adianta ter uma ferramenta gratuita, mas que não faça o
essencial, e muito menos uma ferramenta cara e super complexa que
seja muito difícil de usar e não otimize seu tempo.

Cap. 8 - Só uma andorinha produtiva não faz o verão 217


O mais importante é encontrar a ferramenta que melhor se
encaixa no seu negócio.
Uma ótima opção para microempresários é o EmpreendeKit, um
conjunto de soluções (incluindo as 3 mencionadas acima) que ajudam
na gestão do dia a dia, tudo muito fácil de utilizar.

Avaliação contínua

Para finalizar, lembramos que através do papel de supervisor, o


empresário tem acesso completo aos trabalhos de seus funcionários e
faz o possível para que eles contribuam diretamente com o planejado.
Aproveitando esse conhecimento sobre o trabalho de seus
liderados, sessões frequentes (mensais, por exemplo) de avaliação
individual com cada membro de sua equipe são bastante válidas.
Feedbacks honestos e construtivos sobre cada pessoa podem
causar mudanças incríveis que com certeza elevam a produtividade
não só da pessoa, mas da empresa como um todo.

Abraços,
Luiz Piovesana (por equipes eficientes
que criam negócios espetaculares)

Cap. 8 - Só uma andorinha produtiva não faz o verão 218


As características
de um líder

Como é impossível falar sobre equipes sem falar sobre liderança,


segue abaixo um texto com as 9 características dos melhores líderes:

Ser um líder é ser um super-herói

• Um líder tem que mostrar CURIOSIDADE. Ele deve ouvir


pessoas que estejam fora do círculo do “Sim, senhor”. Se
ele não testa suas crenças e opiniões, como ele sabe que
está certo? A falta de habilidade em ouvir é uma forma de
arrogância. Isso pode parecer que ou você acha que sabe
tudo, ou que você simplesmente não se importa.

• Um líder deve ser CRIATIVO, fazer algo que ninguém


imaginaria, algo realmente diferente. O famoso “pensar fora
da caixa”. Liderar é administrar mudanças – não importa se
você lidera uma empresa ou um país.

Cap. 8 - Só uma andorinha produtiva não faz o verão 219


• Um líder deve COMUNICAR. Não estou falando de fazer
fofoca ou de soltar grunhidos. Estou falando sobre encarar a
realidade e falar a verdade.

• Um líder deve ser uma pessoa de CARÁTER. Isso significa


saber a diferença entre certo e errado e ter coragem de fazer
a coisa certa. Abraham Lincoln disse uma vez, “Se você quer
testar o caráter de um homem, dê poder a ele”.

• Um líder precisa ter CORAGEM. Presunção não é


coragem. Falar alto também não é coragem. Coragem é o
comprometimento de sentar numa mesa de negociação e
achar um acordo proveitoso para todas as partes.

• Para ser um líder você precisa ter CONVICÇÃO – um fogo


dentro de você. Você tem que ter paixão. Você tem que, real
e profundamente, querer fazer algo até o fim.

• Um líder deve ter CARISMA. Carisma é a qualidade que faz


com que pessoas queiram ser suas seguidoras. É a habilidade
de inspirar. Pessoas se inspiram e seguem um líder porque
elas confiam nele.

• Um líder deve ser COMPETENTE. Você tem que saber o que


você está fazendo. Mais importante que isso, você precisa se
cercar de pessoas que saibam o que estão fazendo.

• Você não consegue ser um líder sem ter SENSO COMUM


(COMMON SENSE).

Cap. 8 - Só uma andorinha produtiva não faz o verão 220


Além desses 9, o maior C é de CRISE. Líderes não nascem líderes,
são criados. A liderança é verdadeiramente lapidada em tempos de
crise.
Quando o bicho estiver pegando, saiba que esse será o melhor
momento para desenvolver suas características de um líder.

Fica aqui a menção ao Lee Iacocca (um dos primeiros salvadores


da Chrysler) que escreveu o artigo base para este texto.

Abraços,
Luiz Piovesana (por líderes com 10 ou
mais C’s)

Cap. 8 - Só uma andorinha produtiva não faz o verão 221


O dia a dia dentro da
equipe de projeto

Como já falamos acima, vida de empreendedor não é fácil,


principalmente no começo da empresa. Cabe ao próprio fundador
fazer desde a limpeza do vaso sanitário até o planejamento estratégico.
Eu e meus colegas de trabalho, felizmente, temos aptidões bem
diferentes e temos uma divisão clara das tarefas. Eu cuido de toda a
empresa, meus sócios limpam a privada e o estagiário traz o café.
Na verdade, meu principal papel na empresa é o desenvolvimento,
desde programação até o design de interfaces, uma mistura que já
não é muito trivial. Isso sem contar das tarefas paralelas e os terríveis
pepinos diários de um empreendedor.
O que faço para não perder minha sanidade mental?

Estabelecer uma rotina diária

Eu particularmente odeio rotinas, mas é um mal necessário, pois


nos ajuda a manter a disciplina com os horários. O dia fica menos
bagunçado e fica mais fácil planejar o dia.
Horários de descanso também devem ser programados.
Alongamentos ajudam a desestressar e são saudáveis. Atividades
físicas e entretenimento ajudam tanto a relaxar quanto a resolver
pepinos – já tive vários insights enquanto jogava Wii.

Cap. 8 - Só uma andorinha produtiva não faz o verão 222


Atropelar horário de almoço, de saída e de sono só vai diminuir
seu rendimento. Os problemas vão ficar martelando o dia inteiro no
seu cocuruto e seus neurônios vão pedir arrego.

Paciência com seus sócios

Sócio é pior que mãe, acha que a gente é feito de ouro e tem
super poderes. Pior ainda, acham que você tem 10 braços e que seu
cérebro pode processar 64 tarefas paralelamente. Nosso e-mail não
para, nossas bocas não se calam e nossos ouvidos são um verdadeiro
absorvedor de informações. Nosso escritório é frenético, o inferno
sobre a Terra, um noticiário de tragédias.
Se eu der bola para metade dos problemas com que meus sócios
aparecem nessas conversas, estaria apodrecendo num manicômio.
Há coisas que eles estão certos, mas também existem as: a se discutir,
a se adiar e as que devem ser ignoradas.
Saiba discutir. Nossa equipe briga todo dia. No entanto, por mais
que alguém saia de olho roxo, levamos as coisas para o profissional
e, no final da tarde, estamos todos juntos tomando uma cervejinha.

Agendando e priorizando tarefas

Em nosso site, temos um sistema de feedback e reporte de


erros para os próprios usuários reportarem. O interessante é que as
pessoas usam e acabam encontrando problemas que muitas vezes a
gente não repara.

Cap. 8 - Só uma andorinha produtiva não faz o verão 223


Não pense que problemas aparecem em horários programados.
Os pepinos sempre aparecem em safras, aos montes, e é preciso
saber priorizá-los. A maneira que escolhemos priorizar as tarefas é
resolver aquilo que os usuários se incomodam mais e segurança do
sistema, em menor tempo possível.
Existem diversas metodologias de gerenciamento de projetos
que ajudam a priorizar as tarefas e cumpri-las, como o Extreme
Programming (XP) e SCRUM (este último aplicável a várias situações,
não apenas para programação).
Definir processos de como lidar com esses pepinos pode ajudar
muito no dia a dia.

Saiba ficar surdo temporariamente

Meus sócios muitas vezes vem me cobrando coisas que eles


consideram alta prioridade, mas que para mim é besteira e tenho
coisas mais importantes a fazer. É aí que aperto o botão “mute” e faço
o que devo fazer.
Só não pode esquecer-se de lembrar depois. A melhor coisa é
anotar as tarefas em algum canto, para não deixá-las empoeirando.
Brincadeiras, zoeiras e conversas são divertidas. Eu sou um
sujeito bem descontraído, mas também preciso de concentração.
E minha equipe de trabalho é barulhenta demais! Tenho um sócio
com um terrível gosto musical que me dá vontade de arrancar meus
tímpanos fora. Nesses momentos um fone de ouvido e uma música
de seu gosto resolvem o problema.

Cap. 8 - Só uma andorinha produtiva não faz o verão 224


Todo mundo gosta de dar palpites. Organizá-
los é fundamental para manter a sanidade.

Conclusão

Não vá abraçando cada problema que aparece. Organize as


ideias. Não importa se é de seu sócio, seu chefe, seu cachorro ou
seu cliente, você deve ser capaz de administrar as atividades que te
passam dentro do seu ritmo e tempo.

Abraços,
Mauro Ribeiro (mantendo a minha
saúde mental e a vida dos meus sócios)

Cap. 8 - Só uma andorinha produtiva não faz o verão 225


O que fazer para
sua empresa não se
afundar em reuniões

Qualquer tipo de negócio precisa de comunicação para funcionar.


Isso é verdade tanto dentro da própria empresa, quanto com empresas
parceiras, fornecedoras ou clientes.

Fazer reuniões é uma das ótimas ferramentas existentes para que


essa comunicação exista. A partir das definições de uma reunião, uma
equipe consegue dar foco em seus trabalhos de maneira alinhada.
O mesmo vale para reuniões “externas”, quando você recebe
ou visita alguém de outra empresa. Os encontros são essenciais para
que as partes se conheçam melhor e possam avançar a negociação de
ações em conjunto.
O trabalho em si (o que valerá dinheiro) é o que é feito após a
reunião.

Cap. 8 - Só uma andorinha produtiva não faz o verão 226


Porém, como tudo que acontece em excesso, fazer muitas
reuniões pode significar perder tempo produtivo seu e de todos os
que estão participando.
Já parou para calcular quanto custa (somando o tempo de todos
os participantes) todo o tempo de reuniões que você faz por semana?
Para te ajudar a otimizar suas reuniões internas e externas,
seguem algumas dicas essenciais:

1 - Defina o “produto” da reunião

O que deverá ser decidido ou entregue no fim da reunião? Ter


esse objetivo definido antes dela acontecer ajudará bastante na
preparação e alinhamento dos participantes.
Claro, existem outros tipos de reuniões onde o produto é algo
um pouco mais aberto, como por exemplo: análise das vendas do mês
anterior, brainstorming, 1ª reunião com potencial novo parceiro etc.
Entretanto, ainda sim é possível e necessário definir esses
produtos. Por exemplo, em reuniões de brainstorming, você pode
definir que o objetivo dela é levantar 3 possibilidades de ação e seus
responsáveis para atacar um determinado problema.

2 - Escolha apenas as pessoas essenciais

Agora que o objetivo está fechado, é hora de decidir quem


realmente deve participar da reunião.

Cap. 8 - Só uma andorinha produtiva não faz o verão 227


Além de ser uma questão de custo (quanto mais gente lá, menos
gente trabalhando), é uma decisão sobre a dinamicidade, velocidade
e importância da reunião. Quanto mais pessoas, mais discussões e
mais tempo investido nela; por outro lado, quanto mais pessoas,
maior a chance de ter um resultado mais “democrático” e definitivo.
Então avalie quais as pessoas que farão a diferença no objetivo
da reunião e se ela precisa ser mais rápida ou mais participativa.

3 - Defina o meio de comunicação

Telefone, presencial, vídeo ou chat? Estes são os formatos mais


comuns de reunião que utilizamos por aqui.
Apesar dos avanços da vídeo conferência, ela ainda não substitui
o poder de uma reunião presencial. Para não abusar dessas reuniões
ao vivo, o raciocínio que eu faço para decidir o meio de comunicação
é o seguinte:

1. Consigo resolver isso por e-mail?

2. Se não, consigo resolver por telefone?

3. Se não, consigo marcar isso no meu escritório para evitar


deslocamento?

4. Se não, vale a pena uma vídeo conferência?

Se passar por esses 4 pontos, aí sei que o melhor formato


realmente é a reunião presencial fora do meu escritório.

Cap. 8 - Só uma andorinha produtiva não faz o verão 228


4 - Procure marcar reuniões externas no mesmo dia

Quem trabalha na parte comercial entende isso muito bem:


precisa fazer uma reunião fora do escritório? Com quais outras
empresas/pessoas, que fiquem numa região próxima dessa primeira,
podemos marcar reuniões no mesmo dia?
Essa busca por reuniões adicionais se traduz diretamente em
otimização do uso dos recursos da empresa e também pode acelerar
outras oportunidades que, por si próprias, não valeriam uma reunião
presencial. Então não deixe de otimizar suas saídas do escritório.
Como ferramenta de apresentação para as reuniões e de
trabalho para o tempo entre reuniões, uma boa opção é utilização
de notebooks. A Dell tem uma linha bastante completa de notebooks
para PMEs que fazem toda a diferença no dia a dia. Além deles
serem utilizados nessas ocasiões de reuniões fora, também têm as
configurações que você precisa para utilização no seu escritório.
Veja as opções de notebooks da Dell aqui.

5 - Avalie se a reunião externa realmente vale o tempo, o


esforço e o dinheiro

Reunião externa normalmente significa potencial novo cliente.


Toda empresa precisa ter esse investimento comercial, por mais que
só uma porcentagem dessas visitas gerem vendas.
Principalmente para quem presta serviços, vendedores dedicados
fazem muita diferença.

Cap. 8 - Só uma andorinha produtiva não faz o verão 229


Porém, para que essa porcentagem não seja
muuuuuuuuuuuuuuuito baixa, é possível realizar uma simples triagem
antes para ver se esse potencial cliente vale a viagem. Cheque se ele
se encaixa no perfil de cliente com alto potencial, tente falar com um
contato comum e também pesquise um pouco pela internet – claro,
sem que isso tudo gaste muito tempo =)

São 5 dicas bastante simples que, se levadas a sério, podem trazer


um grande aumento de produtividade na sua empresa. É fácil testar.

Abraços,
Luiz Piovesana (Quer que sua equipe
trabalhe assim? Então envie esse
subcapítulo – e o link para o livro - por
email mesmo, ao invés de marcar uma
reunião)

Cap. 8 - Só uma andorinha produtiva não faz o verão 230


Conclusão

231
Até logo e muito
obrigado pelos peixes!

Se você chegou até aqui, temos uma excelente notícia: Você


acabou de atravessar o Vão e alcançar o posto de melhor leitor do
nosso livro do mundo!
Sabemos que sua rotina é bem corrida e que não foi fácil ler
todas essas páginas com conteúdo que apesar de prático, algumas
vezes deu alguns choques de realidade que não são fáceis de escutar.
Além dos merecidos “parabéns” por ter estudado nosso conteúdo
até o fim, você também merece um “Muito obrigado!” pela atenção e
por validar o nosso trabalho.
Agora que você já superou esse Vão, está na hora de partir
para os próximos, sempre através dos hábitos positivos e quando
possível, usando algumas das ferramentas que indicamos por aqui.
Lembrando que mais do que algo a ser lido de uma vez, queremos
que esse material sirva de consulta toda vez que você precisar lidar
com alguma situação no dia a dia.
Se você gostou do livro, pedimos por favor que o repasse para o
maior número possível de pessoas.
Um detalhe é que ao invés do .pdf, você nos dará uma grande
força se enviar o link para download, permitindo uma medição mais
precisa do alcance do livro e deixará nossos patrocinadores mais
felizes :D

Conclusão 232
Fica então a lição de casa: enviar para pelo menos 3 pessoas o
link: http://bit.ly/livroprodutividade
Caso queira mandar feedbacks, dúvidas ou simplesmente trocar
uma ideia, fale conosco pelo produtividade@empreendemia.com.br.

Um último abraço,
Equipe Empreendemia (torcendo demais
pela sua jornada rumo à produtividade
suprema)

Conclusão 233
Sobre os autores

Gabriel Costa
Gabriel é formado em Engenharia de Alimentos pela
Unicamp mas gosta mesmo de entender e trabalhar
com micro empresas. Tem experiência nas áreas de
Marketing e Relacionamentos. Na Empreendemia
é gerente de Marketing e atua diretamente no
desenvolvimento de produtos que ajudem a
desenrolar a vida do microempresário brasileiro.

Lucas Hoogerbrugge
Lucas é formado em Gestão de Comércio
Internacional pela Unicamp e tem experiência
nas áreas de Marketing e Relacionamentos. Na
Empreendemia é gerente de Marketing e sua
principal função é entender o usuário e identificar
como o Empreendemia pode ajudá-lo.

Luiz Piovesana
Luiz é formado em Engenharia de Controle e
Automação pela Unicamp, exerceu diversos cargos
de liderança no movimento das empresas juniores
e tem experiência no Brasil e no exterior na área de
Relações Externas e Vendas. Na Empreendemia, é
diretor comercial e sua principal função é garantir o
leitinho das crianças no fim do mês.

Conclusão 234
Mauro Ribeiro
Mauro é formado em Engenharia da Computação
pela Unicamp, tem experiência nas áreas de
Marketing Virtual, Projetos de Software para Web
e Mobile, Design de Interfaces e Front-End, Design
Gráfico e Computação Gráfica. Na Empreendemia é
diretor de tecnologia e responsável pelas áreas de
desenvolvimento e experiência do usuário.

Millor Machado
Millor é formado em Engenharia de Controle e
Automação pela Unicamp e tem experiência nas
áreas de Recursos Humanos, Análise de Mercado e
Vendas. Na Empreendemia é diretor de estratégia e
trabalha com planejamento e desenvolvimento de
novos produtos. Além disso, acha muito estranho
falar de si na 3ª pessoa.

Conclusão 235

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