O documento discute a organização da comunidade internacional e o papel da Igreja nela, incluindo o apoio da Igreja à ONU e a importância da cooperação entre nações para promover o bem comum e os direitos humanos de todos. Também aborda temas como desenvolvimento, pobreza, dívida externa e a necessidade de solidariedade para criar uma ordem social mais justa globalmente.
O documento discute a organização da comunidade internacional e o papel da Igreja nela, incluindo o apoio da Igreja à ONU e a importância da cooperação entre nações para promover o bem comum e os direitos humanos de todos. Também aborda temas como desenvolvimento, pobreza, dívida externa e a necessidade de solidariedade para criar uma ordem social mais justa globalmente.
O documento discute a organização da comunidade internacional e o papel da Igreja nela, incluindo o apoio da Igreja à ONU e a importância da cooperação entre nações para promover o bem comum e os direitos humanos de todos. Também aborda temas como desenvolvimento, pobreza, dívida externa e a necessidade de solidariedade para criar uma ordem social mais justa globalmente.
Inicialmente quando falamos da organização da comunidade internacional, já se percebe
que para que haja a garantia dos direitos básicos dos homens, deve através do diálogo entre as nações, chegar ao bem-comum a toda a comunidade Internacional. A organização que quase todos conhecem é a ONU (Organização das Nações Unidas) que desde 1945 a Igreja acompanha, com um representante ou até mesmo em certos momentos da história encontramos alguns Papas que discursaram diante dos representantes dessas nações, tendo como primeiro o Papa Paulo VI, discursando no dia 04 de outubro de 1965 na assembleia da ONU 1. Posteriormente temos Papa João Paulo II2, Papa Bento XVI3 e Papa Francisco4, mostrando que a Igreja em seu magistério e em sua Doutrina Social incentivam as organizações internacionais além de que elas respondam as necessidades da vida humana em suas várias dimensões5. Para que a continuidade da família e sua convivência, justiça e seus direitos na sociedade e entre os países seja garantido, o Magistério ressalta a importância e a exigência de que se institua uma autoridade pública universal. Pois nos encontramos na necessidade de responder a alguns problemas que se encontram no âmbito mundial, para que a soberania de algum país não se torne absoluta diante dos menos desfavorecidos. É visto que tal autoridade deve reger com a base no bem comum e naquilo que se refere ao princípio da subsidiariedade.6 Ao falarmos de uma política internacional deve ser voltada para a paz, se faz necessário dizer que os “homens e as nações adquire uma dimensão moral e determina as relações no mundo atual sob o aspecto econômico, cultural, político e religioso”7. Não se pode tomar uma dimensão somente da realidade humana, mas sim no todo que o envolve, mesmo porque a dignidade passa por todas as dimensões humanas. Um outro lado que se encontra na sociedade civil é os chamados agrupamentos, que tem como sua função sensibilizar a chamada opinião pública no que se refere aos diversos aspectos da vida em seu âmbito internacional, são as chamadas organizações não governamentais e também movimentos que visão manter o direito humano. A igreja vê tais atitudes de forma positiva, pois de tal forma isso faz com que os governos não fiquem inertes naquilo que se refere aos direitos das pessoas. Em um linguajar mais popular é o chamado “tocar na ferida”8. De todas as realidades que encontramos do papel da Igreja ao qual é chamada a participação na sociedade e no meio internacional, ela se encontra não somente como uma 1 Cf. PAULO VI, Discurso de Paulo VI na assembleia das nações unidas, in Vaticano II: mensagens, discursos e documentos, 2007, p.99-106. 2 Cf. JOÃO PAULO II, Discurso do Papa João Paulo II na assembleia geral das nações unidas (on line), 1979, disponível em: <http://www.vatican.va/content/john-paul-ii/pt/speeches/1979/october/documents/hf_jp- ii_spe_19791002_general-assembly-onu.html>, acesso em: 04 de outubro de 2020. 3 Cf. BENTO XVI, Encontro com os membros da assembleia geral das nações unidas (on line), 2008, disponível em: <http://www.vatican.va/content/benedict-xvi/pt/speeches/2008/april/documents/hf_ben-xvi_spe_20080418_un- visit.html>, acesso em: 04 de outubro de 2020. 4 Cf. FRANCSICO, Visita à organização das nações unidas (on line), 2015, disponível em: <http://www.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2015/september/documents/papa-francesco_20150925_onu- visita.html>, acesso em: 04 de outubro de 2020. 5 Cf. Pontifício Conselho “justiça e paz”, Compêndio da Doutrina Social da Igreja, 2011, n. 440. (a partir daqui utilizaremos a sigla DSI) 6 Cf. DSI n. 441. 7 DSI n. 442. 8 Cf. DSI n. 443. instituição religiosa, mas também tem a sua chamada personalidade jurídica. Essa personalidade é conhecida pela maioria de nós como Santa Sé (Sé Apostólica), tem a sua própria autoridade, “realiza atos juridicamente próprios”9. Uma das características da Santa Sé é a sua atividade internacional que se mostra de forma objetiva a participação de diversos assuntos internacionais além das organizações intergovernamentais, sempre visando o bem-comum de todos, sendo essa organização diplomática pessoal.10 Outra característica que se tem a Santa Sé é o seu corpo diplomático, sendo um instrumento que atua pela liberdade da Igreja e pela dignidade da pessoa humana, bem como manter a ordem social. Mesmo sabendo que a concepção de Igreja e Estado são coisas bem distintas, sabemos que as pessoas que habitam no mundo são chamadas a salvação, que passa pelo convívio social. Tal convívio nos leva ao entendimento de que a relação mútua entre Igreja e sociedade se dá também na participação de alguns acordos que muitas vezes ajudam na prevenção de possíveis desavenças entre as nações, assim contribuindo com o progresso dos povos em vista da justiça e da paz.11 A Doutrina Social da Igreja nos indica também a cooperação internacional para o desenvolvimento que parte da colaboração das nações, para que se garanta o direito ao desenvolvimento de todos os povos. Devendo haver a cooperação entre as comunidades políticas, pois cada uma tem o seu próprio caminhar de desenvolvimento, sendo que essa colaboração mútua ajuda no desenvolvimento. O problema que encontramos é que as estruturas de pecado, não contribuem para o desenvolvimento dos povos, isso acontece devido a desigualdade social e outras formas que ajudam a manter a estrutura de pecado.12 A forma que se tem para enfrentar as dificuldades do desenvolvimento não deve ser tido somente como uma aspiração, mas é um direito, sendo um direito deve ser uma obrigação: “A colaboração para o desenvolvimento do homem todo e de todos os homens é efetivamente, um dever de todos para com todos e de todos, e ao mesmo tempo, há de ser comum às quatro partes do mundo: Leste e Oeste, Norte e Sul”13. Existe por parte da Doutrina Social da Igreja o encorajamento de certas forma de incentivos aos países pobres e subdesenvolvidos para que se tenha acesso ao mercado internacional, pois é comprovado que os países que são excluídos do mercado internacional, ficam estagnado no seu desenvolvimento, enquanto aqueles que conseguiram entrar neste mercado começaram a crescer em seu desenvolvimento. Falta de certa forma uma adaptação do mercado internacional para que as oportunidades se tornem justas, mesmo para as nações menos desenvolvidas e com alto índice de pobreza14. Outras situações que ocorrem ao não desenvolvimento das nações que não participam do mercado internacional é o alto índice de analfabetismo, bem como a ausência de saneamentos básicos, além de que as instituições políticas se encontram precárias, sendo dominada pela corrupção. Todas essas situações são acarretadas pela impossibilidade da liberdade de iniciativa econômica e de outras ações estatais15. Por fim é através da solidariedade que o espírito da cooperação internacional através de seu mercado que se pode chegar à justiça social e a caridade universal, esse é o caminho que a comunidade internacional “deve empenhar-se a percorrer ‘segundo uma concepção adequada do bem comum dirigido a toda a família humana” 16. Assim acontecerá o efeito do aumento da potencialidade dos pobres para que se tenha um crescimento justo e honesto na distribuição dos bens desses países pobres17. 9 DSI n. 444. 10 Cf. Ibidem. 11 Cf. DSI n. 445. 12 Cf. DSI n. 446. 13 JOÃO PAULO II apud DSI n. 446. 14 Cf. DSI n. 447. 15 Ibidem. 16 DSI n. 448. 17 Cf. Ibidem. A luta contra a pobreza se dá no mundo de diversas formas, seja diretamente, dando elementos básicos de subsistência para o desenvolvimento da pessoa humana, ou indiretamente, quando através dos meios sociais e políticos se criam meios para a garantia justa dos direitos e sua igualdade. A pobreza como nos afirma a Doutrina Social é “um dramático problema de justiça: a pobreza, nas suas diferentes formas e consequências, caracteriza-se por um crescimento desigual e não reconhece a cada povo ‘igual direito’ a ‘sentar-se à mesa do banquete comum’”18. A Igreja tem como forte motivação o que foi firmado na conferência de Puebla, a chamada ‘opção preferencial pelos pobres’, fazendo reafirmando seu compromisso de uma justa destinação universal de bens. Sendo que na solidariedade aconteça a estimulação da luta contra a pobreza apoiada pela subsidiariedade, ajudando o desenvolvimento socioeconômico dos países pobres19. Por fim a dívida externa é um problema de muitos países principalmente daqueles que são menos desenvolvidos. Esso problema acontece devido as crises que encontramos nos aspectos da vida econômica do país, nas relações internacionais como: “flutuação de câmbio, especulações financeiras, neocolonialismo econômico”20. É claro que a corrupção e a má gestão devido a interesses pessoais podem levar a crise de um país. Desta forma se faz necessário, não ignorar essas nações mais pobres e menos desenvolvidas, mas sim ajuda-las pois elas têm “o direito fundamental dos povos à subsistência e ao progresso”21.
18 DSI n. 449. 19 Cf. Ibidem. 20 DSI n. 450. 21 Ibidem.