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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO

NORTE
Curso de Bacharelado em Turismo
Disciplina de Língua Portuguesa Instrumental I
1º Período
Profª Drª Araceli Sobreira Benevides

ANÁLISE DA OBRA “VIAGENS DE


GULLIVER”, DE JONATHAN SWIFT

Natal/RN
Janeiro – 2009
ANÁLISE DA OBRA “VIAGENS DE GULLIVER”, DE
JONATHAN SWIFT

Autora: Maria Clara Valença


Nasário

Natal/RN
Janeiro de 2008
SÚMARIO

1. INTRODUÇÃO. 4

2. DADOS SUMÁRIOS SOBRE O AUTOR E A OBRA 5

3. ESTRUTURA DA NARRATIVA - PARTE I - VIAGEM A


LILIPUTE
3.1. Personagens 8
3.2. Enredo 9
1
3.3. Ambiente
0
1
3.4. Tema
1
1
3.5. Tempo
1
1
3.6. Ponto de Vista
2
1
3.7. Linguagem e Estilo
2
1
3.7.1. Ponto de vista moral e religioso
3
1
3.7.2. Ponto de vista político e ideológico
4
3.8. Impressões Pessoais quanto a Parte I – Viagem a 1
Lilipute 4

4. ESTRUTURA DA NARRATIVA – PARTE II – VIAGEM A


BROBDINGNAG
1
4.1. Personagens
5
1
4.2. Enredo
7
1
4.3. Ambiente
8
1
4.4. Tema
9
1
4.5. Tempo
9
2
4.6. Ponto de Vista
0
2
4.7. Linguagem e Estilo
0
2
4.7.1. Ponto de vista moral e religioso
1
2
4.7.2. Ponto de vista político e ideológico
2
Análise da Obra “Viagens de Gulliver”, de Jonathan Swift

4.8. Impressões Pessoais quanto a Parte I – Viagem a 2


Brobdingnag 2

5. ESTRUTURA DA NARRATIVA – PARTE IV - VIAGEM AO


PAÍS DOS HOUYHNHNMS
2
5.1. Personagens
3
2
5.2. Enredo
4
2
5.3. Ambiente
4
2
5.4. Tema
5
2
5.5. Tempo
5
2
5.6. Ponto de Vista
5
2
5.7. Linguagem e Estilo
6
2
5.7.1. Ponto de vista moral e religioso
7
2
5.7.2. Ponto de vista político e ideológico
7
5.8. Impressões Pessoais quanto a Parte IV – Viagem ao 2
País dos Houyhnhnms 8

6. CONCLUSÃO 2
9
7. REFERÊNCIAS 3
0

Análise da Obra “Viagens de Gulliver”, de Jonathan Swift 4


Análise da Obra “Viagens de Gulliver”, de Jonathan Swift

1. INTRODUÇÃO

O livro “Viagens de Gulliver”, de Jonathan Swift, foi escrito com o


propósito de registrar as impressões do autor a respeito de
determinadas nações de forma satírica e crítica, sendo esse sarcasmo
disfarçado na forma de uma narrativa fantástica feita pelo personagem
Lemuel Gulliver, um viajante inveterado que descobre, por meio de
acidentes, terras desconhecidas e estranhas onde este, por sua vez, é
o “desconhecido”, o “estranho”.
Nesta obra, Swift tenta mostrar o quanto a sociedade de seu
tempo, em especial a realeza e a nobreza aristocrática da Inglaterra do
final do século XVIII, estava mergulhada em suas corrupções, e como
ele próprio escreve em seu livro, seus hábitos imorais, e sua
costumeira forma de impor sua cultura ao restante do mundo.
Para o estudante de turismo, o estudo dessa obra é de extrema
importância para analisar o caráter do turista, como descobridor e não
como juiz de culturas que diferem da sua própria. Além disso, o relato
dessas incríveis viagens permitirá ao leitor perceber que, apesar de o
livro ter três séculos de existência, continua extremamente atual. As
leis contraditórias, as guerras sem motivo aparente, e até mesmo a
exploração do mais fraco, do mais pobre, continuam sendo temas a
serem discutidos até hoje.
O futuro profissional do turismo, ao ler “Viagens de Gulliver”,
adquirirá, por meio do relato, uma nova forma de referir-se ou até
mesmo, de abordar o turista ou ainda os lugares que visitar, sendo a
obra então de suma importância para a formação do turismólogo e
para todos aqueles que desejam fazer turismo de uma forma mais
ampla e criativa.
Por isso, a análise dos aspectos relevantes dessa obra, como
complemento da leitura desta, se faz necessária não só ao estudante,
mas a todos que desejam obter visão mais crítica de mundo, maior
conhecimento da sociedade e principalmente, uma forma de leitura
muito agradável.

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Análise da Obra “Viagens de Gulliver”, de Jonathan Swift

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Análise da Obra “Viagens de Gulliver”, de Jonathan Swift

2. DADOS SUMÁRIOS SOBRE O AUTOR E A OBRA.

O Autor e a obra
Jonathan Swift (Dublin, 30 de Novembro de 1667 — Dublin, 19
de Outubro de 1745) foi um escritor irlandês, considerado como o
satirista mais ferino e brilhante na língua inglesa. Criado pelo tio, mora
com a mãe durante certo tempo até virar secretário do Sir William
Temple, onde começa a escrever seus primeiros livros e artigos. Com a
morte do Sir Temple, é nomeado cônego e mais tarde deão da igreja
anglicana. Morre em sua cidade natal, com 78 anos, surdo e louco.
O estilo da prosa de Swift é pouco cortês e direto, com uma
clareza que poucos contemporâneos alcançaram, característica dos
Humanistas Iluministas do século XVIII. O livro “História de um Tonel”
de Swift proclama sua análise cética das afirmações do mundo
moderno, e em seus últimos trabalhos de prosa, tais como “A Vingança
de Isaac Bickertaff”, e a maior de todas as suas zombarias do orgulho,
“Viagens de Gulliver”, mostram a veia crítica e satírica do autor.
“Viagens de Gulliver” (Gulliver's Travels, no original), é um romance
satírico de 1726, ano de sua 1ª edição. As edições usadas nesta análise
são a de 1987 da editora Globo, traduzida do original por Octavio
Mendes Cajado; e a versão on-line da edição de 1950 dos Clássicos
Jackson, volume XXXI, digitalizada pelo site www.ebooksbrasil.org.
Ambas são fieis ao texto original.

Obras
• História de um tonel (1704) Sátira em prosa.
• A batalha dos livros (1704) Sátira em prosa.
• Argumento contra a abolição do cristianismo (1708) Panfleto.
• Diário para Stella (1710-1713) Cartas.
• The Conduct of the Allies (1711) Panfleto politico.
• Viagens de Gulliver (1726) Romance.
• Modesta proposição (1729) Sátira política.
• Versos sobre a morte do doutor Swift (1739) Poema.

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Resumo da Obra

“Viagens de Gulliver” conta os relatos fantásticos dos lugares por


onde passa Lemuel Gulliver, um cirurgião londrino, que decide sair de
sua casa e rumar para as Índias Orientais, quando seu navio naufraga
depois de uma tempestade. É quando ele chega à ilha de Lilipute, onde
todos os habitantes têm menos de 15 centímetros. Depois de vários
episódios onde seu tamanho “exagerado” é usado a favor dos
liliputianos, como quando venceu a guerra contra os inimigos destes,
Gulliver, com medo dos planos para matá-lo, foge para a ilha vizinha e
inimiga de Lilipute, Blefuscu e de lá, para a Inglaterra.
Dois meses depois de sua volta a Inglaterra, Gulliver embarca
novamente, desta vez com destino a Surat. Naufraga e é levado
acidentalmente a ilha de Brobdingnag, onde as pessoas são gigantes.
Lá, o lavrador o usa para fins lucrativos até que, com medo de Gulliver
possuir uma doença, vende o cirurgião à rainha, que vê em Gulliver um
tipo de brinquedo para diverti-la.
Por causa da imensa repulsa que lhe causam as dimensões
exageradas dos gigantes desse país, Gulliver resolve fugir e, depois de
uma pequena distração do menino que dele cuidava, é levado por uma
águia gigante para o mar e encontrado por marinheiros semelhantes a
ele, que o levam para casa.
Cansado do ofício de médico de bordo, Gulliver aceita o convite
para ser capitão de um navio; começa então a sua quarta e última
viagem. Logo depois, é traído por eles e deixado no país dos
Houyhnhnms, onde os cavalos são os governantes. Os cavalos se
interessam em saber de onde ele é e como aprendeu a imitar os
Yahoos, animais irracionais daquele país, parecidos fisicamente com os
homens. Gulliver aprende o idioma deles e conta como chegou à ilha.
Depois de descrever a cultura, a política e como são os homens
ingleses, Gulliver ouve dos cavalos que entre os Yahoos e os homens
descritos pelo cirurgião, existe idêntica semelhança na disposição dos
espíritos. Os cavalos descrevem ao protagonista todas as virtudes e

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cultura destes. Gulliver, fascinado, resolver vivem no país para sempre,


mas devido a uma assembléia geral para decidir a morte dos Yahoos,
ele resolve fugir.
Ajudado por um alazão, Gulliver constrói uma pequena canoa e
foge. Depois, tenta morar em outra ilha, mas é expulso pelos nativos,
homens e mulheres que andavam nus. Algum tempo depois é
encontrado por marinheiros portugueses que o levaram contra sua
vontade. O capitão do navio convence-o a voltar para sua terra. Ao
chegar, sente desprezo pela família, devido à semelhança com os
Yahoos e por estar desabituado do contato com este “animal”.

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3. ESTRUTURA DA NARRATIVA - PARTE I - VIAGEM A


LILIPUTE

3.1. Personagens

Personagens Principais
Sr. Lemuel Gulliver – É o protagonista e narrador da história.
Inglês, nascido de uma família pobre, é mandado para um colégio em
Cambridge. Lá, consegue emprego com o Sr. Bates, uma espécie de
“padrinho”, que o ajuda a se formar cirurgião e assim, embarcar na
viagem que dá início às suas aventuras.
Gulliver não é muito descrito quanto ao seu físico, porém, vemos
com clareza um típico inglês do século XVIII. Gulliver é patriota e nesse
momento, sente-se superior em relação aos liliputianos, com quem tem
relação nessa primeira parte da obra. No primeiro capítulo, vemos
Gulliver falando um pouco a respeito de suas resoluções quanto à vida
de cirurgião, e já nessas primeiras páginas as críticas de Swift ao estilo
de vida inglês.

“(...) A minha consciência não me consentia imitar o modo de


proceder da maior parte dos cirurgiões, cuja ciência é deveras
semelhante à dos procuradores (...)”.
Jonathan Swift, “Viagens de Gulliver”, Parte I, Capítulo I, versão on line.

Gulliver é uma personagem que mostra um vasto conhecimento


de cultura, usos e costumes de povos desconhecidos, sendo um
candidato “perfeito” para as aventuras vividas na obra.
Golbasto Momarem Evlame Gurdilo Shefin Mully Ully Gue –
Imperador de Lilipute. Segundo o livro, homem de fino trato e de voz
aguda, porém distinta. É ele que ordena a população para abastecer
Gulliver com suprimentos e roupas e também é ele que faz Gulliver
prisioneiro de Lilipute. O imperador participa do plano de acusar
Gulliver de alta traição, plano que o faz fugir para Blefuscu e assim,
voltar à Inglaterra. O autor dá a entender que o imperador é uma
pessoa extremamente autoritária e soberba, no relato da descrição dos
títulos de nobreza deste.

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Skyresh Bolgolam – Antagonista. Ministro e almirante do rei de


Lilipute; pessoa de muita confiança do amo e grandemente versada em
negócios, mas rabugento e áspero. Sem motivos aparentes, torna-se
inimigo mortal de Gulliver. É quem impede a liberdade de nosso
protagonista e, por causa desse ódio sem motivo, com outros membros
da corte, arma o plano de acusar Gulliver de diversos crimes, como
visto no capítulo VII da obra.
Flimnap - Tesoureiro do rei (amigo de Gulliver). Participa dos
planos que intencionam matar o cirurgião, graças ao ódio que adquiriu
por mentirem a respeito de um envolvimento entre Gulliver e sua
esposa.

Personagens Secundários.

Sr. Bates - Mestre, professor, eminente cirurgião de Londres.


Uma espécie de “padrinho” de Gulliver, que o ajuda em vários intentos.
Srta. Mary Borton - Esposa de Gulliver e mãe de seus filhos.
Não recebe, da parte da Gulliver, o que se pode chamar de afeição; e
sua participação no desenrolar da história é mínima.
William Prichard - Comandante do Antílope, navio em que
Gulliver fez a viagem na qual naufraga e chega a Lilipute.
Limtoc – General de Lilipute, que, invejoso por Gulliver ganhar a
batalha contra Blefuscu, planeja acusá-lo de vários crimes, entre eles,
alta traição.
Lalcon – Camareiro de Lilipute, que participa dos planos contra
Gulliver.
Balmuff - Grande juiz de Lilipute. É ele que redige as acusações
de alta traição e outros crimes contra Gulliver.
Redressal - Secretário principal de assuntos privados. É o único
defensor de Gulliver na corte de Lilipute.

3.2. Enredo

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Análise da Obra “Viagens de Gulliver”, de Jonathan Swift

A história começa com aquilo que se pode chamar de


“explicação” das viagens de Gulliver: sua formação em cirurgião, o que
o levou para dentro do seu primeiro navio, suas experiências
marítimas, enfim, todos os acontecimentos que antecederam a sua
chegada a Lilipute.
O autor descreve a os usos e costumes, a cultura e a sua
maneira de viver de nesse país, mostrando a complicação que sua
condição exagerada em relação aos nativos lhe impunha. Sendo
informado do plano para acusá-lo de crimes diversos, no clímax maior
da narrativa, Gulliver foge para Blefuscu e depois de algumas
dificuldades, volta à Inglaterra.
Nessa parte da narrativa, podemos ver claramente Swift criticar
a França e a Inglaterra (Blefuscu e Lilipute, respectivamente) e suas
guerras sem motivo aparente (Lilipute e Blefuscu entram em guerra
por discordarem da melhor maneira de quebrar um ovo) e ainda critica
os partidos da Inglaterra da sua época, os Whigs e os Tories, quando
fala a respeito dos partidos rivais locais.
A sutileza de Swift em criticar a política de Lilipute e Blefuscu,
mostra que, apesar de a narrativa ser fantástica, há traços da
sociedade onde o autor vivia, e a organicidade da obra é explicita,
tendo em vista se tratar de um diário de viagens: os acontecimentos
ocorrem em seqüência, sem o uso do recurso de flash-black narrativo,
e a intriga, ou clímax, é apenas um só: a tentativa de Gulliver de fugir
dos planos ardilosos de seus inimigos.

3.3. Ambiente

Nesta parte, a narrativa toda se ambienta nas duas ilhas vizinhas


e inimigas, Lilipute e Blefuscu. As duas ilhas são de natureza
abundante, mas o autor se detém em descrever suas capitais e cidades
urbanas, que são bastante comuns, a não ser pelo diferencial de
tamanho em relação à Gulliver. A sociedade liliputiana é aristocrática e
tem na figura de seu imperador o chefe de estado e soberano absoluto.

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Análise da Obra “Viagens de Gulliver”, de Jonathan Swift

O autor mantém contato direto com todas as parcelas da sociedade, da


plebe à nobreza.
Nas suas descrições o autor faz questão de manter-se fiel a
“realidade” ficcionária da narrativa; ou seja, predominam as descrições
físicas e em alguns casos, descrições psicológicas de determinadas
personagens de maior importância (como a do imperador de Lilipute),
como é visto no episódio em o autor fala a respeito de Mildendo, a
capital.

“(...) Em outros tempos, havia boa ópera e excelente comédia;


como, porém, a liberalidade do príncipe não abrangesse os
atores, decaíram“
Jonathan Swift, “Viagens de Gulliver”, Parte I, Capítulo IV, versão on line.

A detalhada descrição de Gulliver sobre tudo que vê e passa na


ilha de Lilipute é constante. A originalidade do autor é inegável, porém,
em determinadas partes, há excessivas descrições que podem
condicionar o leitor a “passar por cima” e não perceber a riqueza da
criatividade de Jonathan Swift em criticar o modo extremamente formal
da sociedade de sua época de se comunicar.

3.4. Tema

O tema da obra "Viagens de Gulliver" são as viagens ditas


imaginárias feitas pelo personagem principal Gulliver. Essa obra, que a
principio tem um caráter de história infantil, na verdade é um romance
satírico, que fala do desprezo de Swift pelas instituições sociais de sua
época e reflete a inquietação do mesmo quanto a esta condição de
corrupções que vivia a sociedade inglesa do século XVIII e que vive a
nossa, nos dias de hoje.
Nesta parte da narrativa, o romance trata apenas de narrar o
fantasioso, o imaginário, porém com as pitadas de “realidade” nas
tiradas cômicas do autor.

3.5. Tempo

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Análise da Obra “Viagens de Gulliver”, de Jonathan Swift

A narrativa decorre de forma lenta, mas com muita ação; o que


dá essa característica lenta são as extensas descrições e reflexões a
respeito dos liliputianos, seus usos, costumes, pensamentos, enfim,
tudo que o autor vê, ele descreve de forma a não deixar duvidas da
“veracidade” de sua história. A ordem segue cronologicamente e
começa no ano de 1699, ano da partida do autor no Antílope, e termina
no ano de 1702. Nota-se também que Gulliver começa suas viagens no
final do século XVII, passando nove meses e treze dias nas terras de
Lilipute.

3.6. Ponto de Vista

O narrador é também o protagonista da história, Lemuel Gulliver.


A narrativa, toda feita em primeira pessoa, mostra um narrador ciente
de todos os fatos ao seu redor, porém restrito aos fatos referentes a
ele mesmo. Gulliver relata todos os acontecimentos de maneira
organizada, com seqüência lógica, participando da maioria destes
acontecimentos; e quando não há participação, há conhecimento do
narrador do acontecido.
O autor acompanha as personagens, não interferindo ou
prevendo seus movimentos. Ele serve apenas de espectador-
participante da história e tem o hábito de se dirigir ao leitor, o que dá
um caráter de leveza a narrativa, dando a impressão de que estamos
ouvindo o próprio Gulliver contar a história, o que auxilia no conceito
da obra como conto infantil.

“Não enfastiarei o leitor com os pormenores da minha


recepção, que foi consoante à generosidade de tão grande
príncipe (...)”.
Jonathan Swift, “Viagens de Gulliver”, Parte I, Capítulo VII, versão on line.

3.7. Linguagem e Estilo

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Análise da Obra “Viagens de Gulliver”, de Jonathan Swift

O estilo do autor é correto, de vivacidade impressionante, porém


de linguagem um tanto quanto afetada devido à época em que o autor
vivia; também a linguagem é rebuscada devido às críticas do autor
quanto à formalidade da linguagem usada pela nobreza de seu tempo.
Tendo como preferência a ironia e a sátira, o autor se utiliza dessas
ferramentas para recriminar a comunidade aristocrática inglesa do
século XVIII, principal alvo de sua obra. É sobre ela que ele se refere ao
falar da escrita e da justiça do liliputianos.
Nessa mesma parte, ele usa da ironia para criticar o sistema
jurídico inglês e as leis que o autor considerava sem sentido. Servindo-
se praticamente de recursos metafóricos na narrativa, Swift mostra a
forma dele de analisar sutilmente a comunidade que, segundo o
próprio, estava imersa em um mar de corrupções.
Não se encontrou erros gramaticais nesta parte da narrativa. O
discurso, em todos os casos, é indireto livre, sendo Gulliver que
transmite as falas, pensamentos e ações de todos os personagens e
essas falas se adequam perfeitamente ao cotidiano das personagens.
Não há, também, nenhum cacoete de estilo do autor, a não ser seu
sarcasmo constante, mas este faz parte do estilo de sátira de Swift e
serve para transmissão de seus valores e idéias.
Nessa parte da narrativa Gulliver se vê como superior
fisicamente, que vê a “humanidade” de maneira diminuta,
encontrando nesta superioridade, encontrando uma forma de exercer
despotismo, mostrando-se melhor que os liliputianos. O humanismo
iluminista é traço freqüente, devido à preocupação do autor em
mostrar as formas de cultura e saber dos liliputianos e como eles lhe
instruíam a respeito destas.

“O valor que este povo consagra à física e às matemáticas é


simplesmente com a mira de que essas ciências sejam
vantajosas para a vida e para os progressos das artes
aplicadas”
Jonathan Swift, “Viagens de Gulliver”, Parte I, Capítulo VI, versão on line.

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Análise da Obra “Viagens de Gulliver”, de Jonathan Swift

Nessa parte da obra, revela concepção otimista em relação à


sociedade liliputiana, mostrando que a sociedade de Lilipute não de
todo ruim, e que, em alguns poucos aspectos, pode sim, ser agradável,
como ele representa no trecho a respeito do tratamento aos idosos.
Apesar de positiva, a concepção das pessoas de Lilipute é sempre
fantasiosa.

3.7.1. Ponto de vista moral e religioso

O autor mantém-se como um observador superior de moral: É ele


quem denuncia as corrupções do governo de Lilipute. Como seu
caráter é de espectador-personagem, este procura interferir sempre de
maneira positiva, mas sem sucesso nas suas modificações, nesta parte
da narrativa.
Porém, apesar de ser um religioso, Swift não critica nenhuma
religião nesta parte da narrativa. Do ponto de vista moral, a obra é de
caráter adulto devido à complexidade de sua linguagem e análise
psicológica dos personagens, porém, inocente o suficiente para ser
lidas por crianças (lembrar que o livro é considerado uma obra infanto-
juvenil). O autor, em poucas partes, fala a respeito de sexualidade,
mas quando esta é citada, pode-se perceber sutileza.

3.7.2. Ponto de vista político e ideológico

A obra representa testemunho sobre sua época, e reflete a


realidade da sociedade inglesa onde viveu o autor. O autor tenta, de
maneira pertinente, mostrar-se neutro politicamente, sem apoiar
nenhum partido, mas sim, criticando ambos; engajado em sua sátira,
Swift tenta fazer o leitor perceber que a rivalidade política na
sociedade de sua época era déspota, pouco interessada no povo, mas
sim, em detalhes fúteis.

3.8. Impressões Pessoais quanto a Parte I – Viagem a


Lilipute

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Análise da Obra “Viagens de Gulliver”, de Jonathan Swift

Quanto a minha opinião sobre esta parte, achei a história


fascinante, de uma inteligência incrível e de humor mordaz, porém não
muito empolgante, devido ao excesso de descrições, que a meu ver,
não trazem informações que sejam extremamente necessárias para
entendimento do texto. Confesso que a leitura da narrativa produz no
leitor uma análise profunda da nossa sociedade, já que o livro continua
atualíssimo, apesar de ter sido escrito há muitos séculos. A viagem a
Lilipute é descrita de forma cansativa sim, porém de extrema
criatividade, levando o leitor a apreciar o estilo de Jonathan Swift.

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4. ESTRUTURA DA NARRATIVA – PARTE II –


VIAGEM A BROBDINGNAG

4.1. Personagens

- Personagens Principais

Grildrig – O nome de Gulliver no país, dado pela sua Amazinha.


Nesta parte da narrativa, há em Gulliver um sentimento de
inferioridade e até mesmo, certa baixa auto-estima; como neste país
até as moscas, para ele, são gigantes, ele passa toda a narrativa
tentando se defender dos perigos, ajudado pela Amazinha
Glumdalclitch.
A inteligência e engenhosidade do cirurgião são também
mostradas, quando este planeja sua vida no país, ou quando ainda
inventa várias coisas para o rei e rainha. Nesta segunda viagem, há um
Gulliver que tenta mostrar aos gigantes que, apesar do tamanho, sua
“espécie” é racional e detentora de conhecimento, em várias áreas que
eles não dominam.

“(...) Desses cabelos [do rei] (...) fiz também uma linda
bolsinha, com o nome da rainha escrito em letras de ouro, que
dei a Glumdalclitch, com permissão de Sua Majestade (...)”.
Jonathan Swift, “Viagens de Gulliver”, Parte II, Capítulo VI, p.141.

É fato que nesta parte do livro, o personagem se mostra como


inferior sim, mas um inferior que tem repugnância nesta “humanidade”
que ele vê tão grotescamente; e Gulliver deixa bem claro esse asco,
em toda esta parte da obra.
Glumdalclitch ou Amazinha – A filha do Amo. Glumdalclitch
vira a protetora inseparável do protagonista. Perita na agulha, e muito
esperta, a menina de nove anos é quem veste, alimenta, e ensina
Gulliver a língua local. Glumdalclitch também é a salvadora de Gulliver
em diversas ocasiões onde este correu grave perigo, devido a sua
estatura.

Análise da Obra “Viagens de Gulliver”, de Jonathan Swift 18


Análise da Obra “Viagens de Gulliver”, de Jonathan Swift

Percebe-se a boa vontade dela para com Gulliver, porém o autor


faz questão de deixar claro de ela é apenas uma menina, e como todas
as crianças, é travessa ao ponto de divertir a rainha com os acidentes
que Gulliver sofre ao morar no palácio real; e amorosa ao ponto de
perceber as intenções de fuga de Gulliver, quando ele assim intenta.

“Eu proporcionava diariamente (...) alguma história ridícula; e


Glumdalclitch, embora gostasse muitíssimo de mim, era
suficientemente travessa para contá-la a rainha (...)”.
Jonathan Swift, “Viagens de Gulliver”, Parte II, Capítulo V, p.138.

“(...) Nunca me esquecerei da relutância de Glumdalclitch (...)


rompendo em uma torrente de lágrimas, como se de algum
modo previsse o que ia acontecer (...)”.
Jonathan Swift, “Viagens de Gulliver”, Parte II, Capítulo VII, p.158.

Amo - O Fazendeiro, pai da Amazinha. Vê o cirurgião como um


ser incrível, que “igualmente imitava em todos os seus atos” (Jonathan
Swift. “Viagens de Gulliver”, Parte II, Capítulo II, p.106). Por conselho
de um de seus vizinhos, o lavrador vende Gulliver à rainha depois de
apresentá-lo como um animal em vários locais do reino. O autor ainda
relata como o Amo fica impressionado com a capacidade racional dele,
e de como se preocupava com seu bem-estar, pelo menos a princípio,
antes de Gulliver não lhe ser mais útil.

- Personagens Secundários

Rainha – Depois de comprar Gulliver do Amo, a rainha o


considera um tipo de “distração” só dela; no entanto, pessoa amável,
protege Gulliver das humilhações que seu Amo lhe fazia passar.
Rei – Sério e inteligente, porem ignorante, segundo o autor, em
matéria de política. Critica ferozmente a “raça” de Gulliver, depois de
uma serie de várias conversas entre eles.
O Anão da corte – Era o preferido da rainha, antes de Gulliver;
cria por este um terrível ódio, colocando o autor em perigo. Depois de
levar várias surras, como castigo, foi dado a uma dama da corte. Pode-
Análise da Obra “Viagens de Gulliver”, de Jonathan Swift 19
Análise da Obra “Viagens de Gulliver”, de Jonathan Swift

se dizer que, durante um curto espaço de tempo, o anão era o


antagonista da narrativa.

4.2. Enredo

A narrativa começa quando Gulliver parte novamente, e


novamente naufraga, sendo levado a Brobdingnag, onde começa as
suas complicações com os nativos, por conta de sua estatura diminuta
em relação a eles. Neste momento, Gulliver conhece Glumdalclitch, a
filha do amo e sua protetora durante toda a estada na ilha.
Depois de suspeitar que o cirurgião estivesse doente, o lavrador
vende Gulliver para a rainha. Ele se torna a companhia indispensável
da rainha; começa o clímax dessa parte da narrativa e acontecem as
maiores aventuras dele nesse país. O rei também se agrada da
companhia do novo hóspede e passa horas conversando com ele; este,
por sua vez, conta vários aspectos da sua terra natal, mas o rei conclui
que a raça de Gulliver é odiosa.
É percebível, que apesar das inúmeras críticas ao seu país natal,
Swift consegue colocar nessa parte da narrativa, uma idéia de
patriotismo que na verdade não existia. As imensas qualidades que
Gulliver descreve da Inglaterra, são vistas pelos olhos do Rei e
conseqüentemente, são consideradas hediondas, já que só fazem
aumentar a corrupção, a violência e a guerra, entre “tão impotentes e
vis insetos” (Jonathan Swift. “Viagens de Gulliver”, Parte II, Capítulo VII,
p.152).
Existem nesta parte da obra várias intrigas, porém que levam a
apenas uma só: a tentativa de fuga de Gulliver daquele país. Assim
como na 1ª viagem, os esforços de Gulliver são apenas para encontrar
semelhantes a ele.
Porém, nesta segunda viagem, os motivos são ainda maiores: se
em Lilipute ele não sofria nenhum perigo imediato de vida, em
Brobdingnag até moscas são motivo de susto para o cirurgião e, além
disso, ele é humilhado pela Rainha por ser “covarde”, quando na
verdade ele apenas teme pela sua vida.

Análise da Obra “Viagens de Gulliver”, de Jonathan Swift 20


Análise da Obra “Viagens de Gulliver”, de Jonathan Swift

“Motejava-me freqüentemente a rainha à conta de meus


temores (...). A razão foi esta: (...) o reino é infestado de
moscas (...) e esses odiosos insetos (...), pousavam-me sobre a
comida e deixava ovos repugnantes, assaz visíveis para mim
(...)”.
Jonathan Swift, “Viagens de Gulliver”, Parte II, Capítulo III, p.121.

Assim como na viagem anterior, os acontecimentos ocorrem em


seqüência, sem o uso do recurso de flash-black narrativo. Como foi dito
anteriormente, o livro segue a linha de diário de viagens, seguindo,
portanto, uma ordem metódica de acontecimentos, onde as intrigas
são paralelas para se levar ao clímax, ou seja, a fuga de Gulliver do
país. Apesar de ser fictício, o enredo revela traços da sociedade onde
Swift vivia através da ironia e da sátira e muitas vezes, em descrições
feitas pelo personagem Gulliver ao Rei de Brobdingnag.

4.3. Ambiente

Todos os acontecimentos são narrados no país de Brobdingnag,


aonde Gulliver chega em meio de naufrágio. O ambiente, a princípio, é
rural, já que se passa na fazenda do amo, e depois urbano, quando o
personagem é levado para o palácio real, onde todo o contato do
protagonista com os nativos é feito nos moldes da primeira parte, ou
seja, predomina em sua narrativa a visão que ele tem da elite local.
Nas descrições, Swift faz questão de descrever o asco que o
tamanho das pessoas lhe causava; vemos a descrição dos corpos das
mulheres e homens de maneira muito desagradável, além de mostrar
também que, psicologicamente e socialmente, aquela sociedade
também lhe causava ira.
Contudo, apesar das descrições serem em sua maioria da cidade,
ou seja, urbanas, o autor descreve, na obra, alguns aspectos
geográficos do país, como cadeias de montanhas e a população, mas
delongando-se apenas na descrição da capital, Lobrulgrud.

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O autor, assim como na primeira parte, delonga-se nas


descrições, condicionando-as para que pareçam verdadeiras, e se
ajustem ao comportamento de marinheiro de Gulliver. Mesmo sendo
minuciosas e originais, da mesma maneira da primeira parte, as
descrições são extremamente extensas, levando o leitor a não se
prender tanto a eles.

4.4. Tema

Utilizando-se do mesmo tema da primeira viagem, Swift mantém


o caráter de história infantil, mas sem esconder a sátira, neste
romance que fala do desprezo dele pelas instituições sociais de sua
época e também pela própria sociedade, seus usos e costumes, e até
mesmo por seus corpos. Gulliver, nesta parte da narrativa, acrescenta
uma forma de também criticar a maneira como os ingleses vivem.
Swift mostra preocupação com a educação e o modo de vida dos
nativos, preocupação que não é vista na primeira viagem.
A conotação política nesta parte da narrativa é menor; não há
criticas tão diretas a respeito dos Whigs e do Tories. Há, na verdade,
uma tentativa de “mascarar” a Inglaterra, para mostrá-la superior a
Brobdingnag, como se vê no capítulo VII.

“(...) Ainda assim, posso dizer (...) que iludi artificiosamente


muitas de suas perguntas e imprimi a cada ponto um feitio
mais favorável do que o permitiria o rigor da verdade (...):
ocultei as fragilidades e deformidades de minha terra natal e
coloquei-lhe as virtudes e belezas à mais vantajosa das luzes
(...)”.
Jonathan Swift, “Viagens de Gulliver”, Parte II, Capítulo VII, p.140

4.5. Tempo

Diferente da primeira viagem, a narrativa aqui é mais rápida,


com muita ação e vários episódios de suspense quanto ao destino da
vida do autor. Há, da mesma maneira que na primeira parte, extensas

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descrições sobre usos e costumes dos nativos, que fazem parte do


estilo da narrativa.
A ordem da narrativa ainda segue cronologicamente e começa
no ano de 1703, quando Gulliver chega à ilha de Brobdingnag, e
termina em junho de 1706, com sua chegada às Dunas, próxima da
casa de Gulliver em Redriff. A estada dele em Brobdingnag foi de cerca
de dois anos.

4.6. Ponto de Vista

Da mesma maneira que na viagem anterior, o protagonista da


história, Lemuel Gulliver, também é o narrador. Há continuação da
narrativa em primeira pessoa, onde o narrador sabe dos
acontecimentos sem tomar partido deles, ou interferir na sua ordem de
forma alguma, a não ser que estes acontecimentos sejam referentes a
ele mesmo.
Estes acontecimentos são organizados cronologicamente, como
já foi dito, e tem seqüência lógica evidente. Gulliver participa de todos
os acontecimentos, mas também nesta parte é espectador em alguns
momentos. O hábito de Swift de se dirigir ao leitor também é mantido,
assim como a leveza que este hábito confere à narrativa.

4.7. Linguagem e Estilo

O estilo do autor permanece, assim como na primeira parte,


correto, vivo e de linguagem um tanto quanto afetada, por causa das
críticas de Swift quanto à forma extremamente formal de se comunicar
dos ingleses do século XVIII.
Ainda mantendo a ironia e a sátira como ferramentas de
recriminação da sociedade de sua época, Swift, nesta parte da
narrativa, como forma de redimir e até mesmo, de manter a boa
imagem de sua terra natal, tece críticas bem menores, como se

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Gulliver estivesse tentando mostrar superioridade, perante os


superiores a ele em tamanho.

“(...) Imagine o meu querido leitor qual não seria o meu desejo
em possuir o engenho e a língua de Demóstenes e de Cícero,
para ser capaz de descrever dignamente a minha pátria,
Inglaterra, e traçar dela uma idéia sublime (...)”.
Jonathan Swift, “Viagens de Gulliver”, Parte II, Capítulo IV, versão on line.

Diferentemente da primeira viagem, o autor não se utiliza de


muitos recursos metafóricos; sua crítica nesta parte da narrativa é
mais direta. Isso não significa que ele não utilize metáforas, pois estas
fazem parte de seu estilo pessoal. Não se pode encontrar erros
gramaticais nesta parte da narrativa; o discurso permanece, em todos
os casos, indireto livre, e ainda é o protagonista que descreve as ações
de todos os personagens. A fala é adequada ao nível de instrução dos
personagens e não há cacoete de estilo, a não serem as metáforas e
sátiras que o autor também utiliza na primeira parte.
Por se sentir inferior aos nativos de Brobdingnag, e ao mesmo
tempo, sentir asco por eles, Gulliver tenta, nessa parte da narrativa,
mostrar superioridade e inteligência. O humanismo iluminista continua
a ser traço freqüente, mostrado na constante preocupação do autor em
colocar em pauta a ciência e a cultura do país onde se encontra e de
como os nativos recebem instrução.

“Os estudos desse povo são muito incompletos, pois


consistem apenas em moral, história, poesia e matemática,
nas quais força é preciso reconhecer que excelem (...)”
Jonathan Swift, “Viagens de Gulliver”, Parte II, Capítulo VII, p.153.

A concepção pessimista que Swift revela nessa parte da obra,


vem enfatizar o sentimento de mostrar superioridade aos nativos.
Mesmo sendo esta negativa, a narrativa segue de maneira fantasiosa,
colaborando para o caráter fantasioso e infantil do livro.

4.7.1. Ponto de vista moral e religioso

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Nesta parte da obra, assim como na primeira, o autor se mantém


como um observador superior de moral; porém, ele volta o foco não
para o governo, mas sim, para a sociedade. Gulliver denuncia os
costumes tolos, fúteis e por muitas vezes, promíscuos da sociedade de
Brobdingnag, mas sempre como espectador desta, sem interferir no
caráter moral dos nativos.
Da mesma maneira que na primeira parte, Swift não crítica
nenhuma religião ou membros do clero. A obra segue o caráter dito
infantil, porém, sendo as descrições psicológicas e as análises morais
feitas por Gulliver serem complexas, a obra é considerada adulta. O
autor não menciona cenas de sexo ou demonstrações de amor em
parte alguma desta parte, e quando fala a respeito de sexualidade,
demonstra sutileza que pode ser dita infantil.
4.7.2. Ponto de vista político e ideológico

Testemunho de sátira da sociedade inglesa do século XVII, a


narrativa permanece neutra, sem apoiar partido algum, mas, em
contraste com a primeira parte da narrativa, sem muitas críticas a
instituições políticas. As críticas são feitas apenas pelo rei de
Brobdingnag, nos episódios em que Gulliver lhe conta a respeito dessas
instituições.
O autor tenta pintar uma Inglaterra justa para o rei, sem sucesso;
porém a crítica quanto ao conhecimento da sociedade de Brobdingnag
é enorme. Nesta parte da narrativa, Swift começa mostrar um Gulliver
engajado em modificar a sua sociedade alienada na falta de caráter e
moral. A ideologia cristã, que Swift seguia, começa a se mostrar nesta
parte da narrativa, em episódios como o episódio das damas de honra,
porém de maneira sutil. É o começo da loucura que aflige Gulliver na
narrativa, levando a uma baixa auto-estima que pode ser vista no
trecho abaixo:

“Quando me vi na estrada, observando a pequenez das casas,


das árvores (...), principiei a julgar-me em Lilipute. Eu tinha
medo de pisar em cada viandante que encontrava (...).

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Quando cheguei em casa (...), abaixei-me para entrar (...),


receoso de bater com a cabeça”.
Jonathan Swift, “Viagens de Gulliver”, Parte II, Capítulo VIII, p.168

4.10. Impressões Pessoais quanto a Parte II – Viagem


a Brobdingnag

A meu ver, esta parte da narrativa tem mais a oferecer que a


primeira. Verdadeiro relato da opinião da elite de um país ao ver um
turista ou visitante, nesta parte da narrativa é possível enxergar que
Jonathan Swift que mostra uma preocupação constante com o destino
da sociedade. Apesar das descrições extremamente extensas, a obra,
nesta viagem, tem um ritmo agradável de leitura, principalmente
devido as cenas tragicômicas de Gulliver ao enfrentar perigos em
Brobdingnag, e por isso, posso afirmar que a originalidade de Swift é
inegável.

5. ESTRUTURA DA NARRATIVA – PARTE IV - VIAGEM


AO PAÍS DOS HOUYHNHNMS

5.1. Personagens

Sir Lemuel Gulliver – Nesta parte da narrativa, Gulliver adquire


características da racionalidade dos Houyhnhnms, ou seja, Gulliver é
“um animal racional que vê a raça humana inteira como irracional e
bestial” (OLIVEIRA, 1996). Gulliver adquire, nesta parte da narrativa,
aversão total a todos de sua espécie, e de todos os costumes dito
humanos, preferindo agir como os cavalos Houyhnhnms que ele
conhecera.
Amo – Amigo e mestre de Gulliver nesta viagem, o amo é um
cavalo com características humanas: Racional, falante e extremamente
sábio. É o amo quem ensina a língua local ao protagonista, quem o
protege e quem explica todo o modo e sistema de vida dos nativos
locais. Percebe-se que o amo é inocente e desprovido de qualquer
malicia, não sendo conhecido por ele nem por nenhum dos seus nada
que seja mau, como prova o trecho abaixo:

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“Durante o meu relato distingui nas feições de meu amo


grandes mostras de inquietação, porque o duvidar ou o não
acreditar são tão pouco conhecidos neste país (...)”.
Jonathan Swift, “Viagens de Gulliver”, Parte IV, Capítulo IV, p.273

Yahoos – São os antagonistas da narrativa. Seres cruéis,


imundos, desprezíveis na forma e no caráter, donos de todos os vícios
possíveis, síntese de tudo que o autor abomina no ser humano. São
eles que causam em Gulliver um sentimento de revolta quanto a sua
condição de semelhança com estes seres de aparência humana, porém
de irracionalidade que não podia ser considerada animal. Gulliver só
tece comentários desagradáveis sobre estes seres na narrativa.
Alazão – Criado do Amo, cria por Gulliver uma afeição especial e
torna-se uma espécie de criado e servo do protagonista durante a
estadia deste na ilha.

5.2. Enredo

A narrativa apresenta um Gulliver cansado do ofício de médico


de bordo que aceita o convite para ser capitão de um navio e é traído
por seus companheiros, chegando ao país dos Houyhnhnms. A
complicação começa quando Gulliver descobre os Yahoos e o quanto
eles são cruéis e maus, apesar de sua semelhança com ele.
O clímax da narrativa é quando Gulliver é informado que precisa
fugir do país. Os cavalos decidem em assembléia seu destino e ele
parte, cheio de tristeza do país. Ao chegar a seu lar, Gulliver mostra
sinais de loucura, não suportando estar perto de outros de sua espécie,
comparando-os com os Yahoos.
Nesta parte da narrativa, Swift mostra a verdadeira natureza da
obra: mostrar uma raça humana completamente fantasiosa, mas cheia
de realidade metafórica, ou seja, os Houyhnhnms seriam a antítese do
homem na sociedade onde Swift vivia.
Assim como nas partes anteriores, há unidade, organicidade
cronológica, tendo apenas um pequeno episódio de flashback
narrativo, mostrado no trecho abaixo. A intriga aqui, assim como na

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viagem para Lilipute, é um só: Gulliver não quer voltar a ter contato
com os de sua espécie, preferindo viver para sempre com os cavalos, o
que não lhe é permitido

“(...) Mas houve por ocultar-me um pormenor, que me dizia


pessoalmente respeito, e de que não tardei a sentir os
infortunados efeitos (...)”
Jonathan Swift, “Viagens de Gulliver”, Parte IV, Capítulo IX, p.311.

5.3. Ambiente

Toda a narrativa acontece na ilha dos Houyhnhnms, onde


Gulliver é deixado para trás. O ambiente é totalmente físico, já que
todo ele se passa nos campos e pradarias locais, não existindo, como
no caso das outras viagens, ambiente urbano. Nas descrições
predomina a natureza emocional daquilo que Gulliver vê, tendo em
vista as reações dele em relação aos Yahoos.
O autor não se alonga em descrições físicas do local onde está,
mas como característica freqüente de Gulliver, há sempre descrições
detalhadas dos locais de suas viagens, indispensáveis para
contextualização da narrativa. De originalidade surpreendente, as
descrições são extensas, mas o leitor, ao contrário das partes
anteriores, não sente o desejo “de passar por cima”

5.4. Tema

Este romance de aventuras, nesta parte da obra, está repleto de


conflitos psicológicos, tendo em vista a rejeição da “natureza Yahoo”
de Gulliver e sua vontade de ser um Houyhnhnm, ou seja, ser
moralmente racional. A crítica social, presente em todas as partes da
narrativa, nesta se intensifica, sendo o clímax de toda a obra: A luta
constante de Gulliver para não pertencer à sociedade que tanto critica,
e assim, mudar a essência do seu ser para se tornar melhor.

5.5. Tempo

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A narrativa, assim como na primeira viagem, é mais lenta: não


há muitos episódios de ação ou suspense, mas sim muita análise
psicológica e reflexões do autor. Há nesta parte, extensas descrições
sobre conversas entre o Amo e Gulliver, o que confere a narrativa um
desenrolar lento.
A ordem da narrativa continua seguindo cronologicamente e
começa no ano de 1711, com o motim no navio onde Gulliver era
capitão, e termina em dezembro de 1715. A estada dele no país dos
Houyhnhnms foi de cerca de quatro anos.

5.6. Ponto de Vista

O narrador é o personagem Gulliver e a narrativa permanece em


primeira pessoa, onde Gulliver tem conhecimento do que acontece,
mas não interfere, nem mesmo quando tem relação com ele; esta falta
de interferência de Gulliver, essa submissão que ele obtém no país é a
principal diferença do ponto de vista desta parte da narrativa para o
ponto de vista das outras partes.
Sempre como espectador dos acontecimentos, Gulliver julga o
comportamento dos Houyhnhnms como extremamente correto, e faz
questão de mostrar isso ao leitor com o seu hábito de se dirigir a ele.

“O leitor estará talvez escandalizado com os retratos fiéis que


tracei, então, da espécie humana, e da sinceridade com que
falei ante um soberbo animal que formava já uma tão má
opinião acerca dos Yahoos; confesso, porém, ingenuamente,
que o caráter dos Houyhnhnms e as excelentes qualidades
desses virtuosos quadrúpedes tinham feito uma tal impressão
sobre o meu espírito, que não podia compará-los a nós outros,
humanos, sem desprezar os meus semelhantes (...)”.
Jonathan Swift, “Viagens de Gulliver”, Parte IV, Capítulo VII, versão on line.

5.7. Linguagem e Estilo

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Análise da Obra “Viagens de Gulliver”, de Jonathan Swift

O estilo do autor permanece, assim como na partes anteriores,


correto, vivo e de linguagem um tanto quanto afetada, mas aqui a
linguagem é afetada devido ao alto grau de cultura do Amo.
Sendo a ironia e a sátira seus instrumentos de crítica, Swift,
nesta parte da narrativa, o autor deixa ambas de lado e de forma
metafórica, chega a ser cruel com a sociedade, mas desta vez como
um todo, comparando o homem com um animal irracional, sem
capacidade nenhuma de obter virtudes. Na sua tentativa de
desmascarar a humanidade, Swift usa o Amo de Gulliver para mostrar
o caminho a ser seguido pela humanidade “Yahoo”.
Assim como na segunda viagem, a crítica é direta, mas a
metáfora é predominante, sendo essa que mostra as semelhanças
entre a sociedade dos Yahoos e a sociedade de Gulliver. Não se pode
encontrar erros gramaticais nesta parte da narrativa; o discurso é, em
todos os casos, indireto livre, e é o protagonista que descreve as ações
de todos os personagens. A fala é adequada ao nível de instrução do
Amo, que é com que Gulliver mantém contato e não há cacoete de
estilo, a não serem as metáforas o autor também utiliza na primeira
parte.
O humanismo iluminista é traço predominante, visto que Gulliver
tenta mostrar que o homem é o centro da sua sociedade e ainda, tenta
fazer o alazão entender que a mudança da essência do homem
consiste na sua vontade.

“(...) folgaria em conservar-me a seu serviço enquanto eu


vivesse; pois verificava que eu me havia curado de alguns
maus hábitos e disposições, diligenciando (...) imitar os
Houyhnhnms (...)”.
Jonathan Swift, “Viagens de Gulliver”, Parte IV, Capítulo X, p.320.

Tendo uma concepção mais do que otimista dos Houyhnhnms,


mas ainda sim, mostrando desprezo em relação aos Yahoos, a
narrativa segue fantasiosa, e principalmente nesta parte da obra, de
uma complexidade sutil ao ponto da obra se passar como inocente
conto infantil.

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5.7.1. Ponto de vista moral e religioso

Nesta parte da narrativa, o propósito moralizador da obra é


totalmente revelado. Apesar de não haver preocupação com problemas
religiosos, assim como nas outras viagens, Swift mostra uma grande
preocupação com os problemas sociais da sua sociedade, mostrados
nas críticas feitas pelo Amo. Não tendo muitas mostras de sexualidade,
nesta parte da narrativa o autor abstém-se de descrever cenas de
amor ou sexo, devido a obra ser considerada infanto-juvenil.

5.7.2. Ponto de vista político e ideológico

Não há mostras de tendências políticas seguidas pelo autor nesta


parte da narrativa, diferentemente das outras partes. Porém, assim
como visto anteriormente, a narrativa é, de forma metafórica, um
relato da sociedade inglesa da época de Swift. Os problemas e vícios
vistos nos Yahoos podem muito bem ser vistos em qualquer sociedade
que não siga a ideologia dos Houyhnhnms, e é isso que Gulliver deixa
claro nesta parte da narrativa.

5.8. Impressões pessoais quanto a Parte IV – Viagem


a Houyhnhnms

Na opinião de leitora da obra, sem sombra de dúvida, esta parte


foi a que mais me agradou. Deixando de lado as metáforas e o humor,
Swift mostra-se um cidadão preocupado com a sociedade de seu
tempo, e dessa maneira, se mostra atualíssimo, pois os problemas que
ele condena são vistos até hoje, nas sociedades humanas no mundo
todo. O Amo, com toda a certeza, leva o leitor a pensar sobre seus
próprios atos, e toda a loucura que envolve o personagem principal ao
final da obra, é emocionante e reflexiva. Porém, conforme dito
anteriormente, as descrições extensas fazem o leitor se desligar um
pouco dessas reflexões e até, como é o meu caso, ter menos prazer na
leitura da obra.

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6. CONCLUSÕES

Apesar das viagens serem completamente diferentes, em todos


os termos analisados neste trabalho, todas elas constituem uma crítica
mordaz da vida no Ocidente, em especial no Império Britânico. As
pretensões da sociedade inglesa, como dominadora e potência mundial
na época, assim como seu desejo de dominação e submissão de outras
culturas, são massivamente criticadas pelo autor de uma maneira leve,
sutil e humorística, por muitas vezes.
Nas primeiras viagens, Gulliver mostra o relativismo que muitas
vezes cega os homens. Seja como o superior “Homem-Montanha”, seja
como Grildrig, Gulliver é prisioneiro de povos, que por muitas vezes,
são intelectualmente inferiores a ele, mostrando que o colonizador
pode ser sim, “colonizado”, ou seja, ter sua cultura humilhada, e ter
sua sociedade como motivo de chacota para outros povos.
Mas é na quarta viagem que Swift se mostra um misantropo,
quando nos compara com os seus odiáveis Yahoos, criaturas cheias de
todos os possíveis vícios da raça humana. Swift apresenta o problema
e a solução, nos moldes da sua ideologia Iluminista, onde o ser humano
é responsável por tornar a sociedade melhor, através da mudança de
pensamento. Mostrando que os Houyhnhnms são uma sociedade
utópica, Swift tenta mostrar também que essa utopia é possível.
Para o profissional do turismo, entender o funcionamento da
sociedade onde ele está inserido, como forma de desenvolver o
turismo a fim de satisfazer as necessidades dessa sociedade é
essencial. E esta obra, como um estudo satírico profundo da sociedade
do século XVIII, mostra-se tão atual, que para o turismólogo, é
necessária sim, a complementação da leitura com análise desta para
melhor entendimento da obra como síntese da sociedade moderna.
Ao mostrar os bons valores éticos a serem seguidos numa
sociedade, Jonathan Swift nos faz refletir a respeito de nós mesmos e
dos rumos que a nossa sociedade está tomando nesses dias; e essas
reflexões, se utilizadas para melhora da visão crítica de mundo,

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melhoram a qualidade dos turismológos e de todos os profissionais que


as realizam.
7. REFERÊNCIAS

CORDEIRO, Jaime Francisco P. Revisitando os gregos: a Filosofia, a


Antropologia e a História olhando para o Outro. Texto
apresentado na VI Semana de Estudos Clássicos da FEUSP, 23 a 27 de
abril de 2007, obtido no site:
www.paideuma.net/agreciacomoorigem.doc

GARCIA, Othon Moacyr. Comunicação em prosa moderna. 26ª


edição. Rio de Janeiro, Editora FGV, 2008.

MACHADO, Marília Novaes da Mata; VIANA, Eliete Augusta de Souza.


Um Discurso da Desigualdade Social em Viagens de Gulliver, de
Swift. Artigo feito para a Universidade Federal de São João Del-Rei, em
2008 e obtido no site:
www.ufsj.edu.br/portalrepositorio/File/revistalapip/machado_viana_artig
o.doc, acessado no dia 14 de janeiro de 2009.

OLIVEIRA, Vera Aparecida. Análise Literária da Obra “Viagens de


Gulliver”. Obtido pela cessão do trabalho pela autora , em 1996, ao
site http://www.mundocultural.com.br/index.asp?
url=http://www.mundocultural.com.br/analise/viagens_guliver/resumo.
html, acessado no dia 20 de janeiro de 2009.

REILL, Peter Hanns (2004) "Introduction". In: Encyclopedia of the


Enlightenment. Editada por Peter Reill and Ellen Wilson. New York:
Facts on File, pp. x-xi ISBN 0-8160-5335-9 in
http://pt.wikipedia.org/wiki/Iluminismo, acessado no dia 20 de janeiro
de 2009.

SWIFT, Jonathan. Viagens de Gulliver – Viagens em diversos países


remotos do mundo em quatro partes por Lemuel Gulliver, a principio
cirurgião e, depois capitão de vários navios. Rio de Janeiro, Editora
Globo, 1987.

http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/gulliver.html - Versão on-line da


obra. Digitalização do livro em papel. Clássicos Jackson vol. XXXI,
1950.

http://www.bitpop.info/as-viagens-de-gulliver-de-jonathan-swift.html -
Resumo da Obra Completa, acessado no dia 6 de janeiro de 2009.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Jonathan_Swift - Biografia de Jonathan


Swift. Acessado no dia 6 de janeiro de 2009.

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Análise da Obra “Viagens de Gulliver”, de Jonathan Swift

http://www.netsaber.com.br/biografias/ver_biografia_c_2444.html -
Biografia de Jonathan Swift. Acesso no dia 6 de janeiro de 2009.

http://www.mundocultural.com.br/index.asp?
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html - Resumo da Obra Completa, acessado no dia 7 de janeiro de
2009.

Análise da Obra “Viagens de Gulliver”, de Jonathan Swift 34

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