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“As Viagens de Gulliver” se trata das histórias vividas por um médico cirurgião e aprendiz de

navegação que parte da Inglaterra e após uma forte tempestade, que resultou em um
naufrágio, é carregado para uma ilha, onde vivencia uma série de acontecimentos com povos
bastante diferentes. Assim, Gulliver usa suas anotações para narrar minunciosamente todos os
momentos dessa aventura surreal.

 Resumo da obra
A história tem início com uma longa carta enviada por Lemuel Gulliver ao seu primo
Richard Sympson, na qual o protagonista dá um breve resumo da sua vida antes das
suas viagens e os motivos que o levaram a embarcar mar adentro.

Em seguida, Gulliver narra detalhadamente todas as aventuras que viveu após


enfrentar uma terrível tempestade e ser carregado até uma ilha um tanto incomum.

Dividida em quatro partes, as viagens de Gulliver percorrem diferentes territórios,


cada um deles marcados por peculiaridades e peripécias improváveis.

Capa do livro As Viagens de Gulliver “As Viagens de Gulliver” de Jonathan Swift. (Foto:
Wikipédia)
 Parte I: viagem a Lilliput
Após ser o único sobrevivente de um naufrágio, o médico Lemuel Gulliver consegue
chegar a uma praia desconhecida. Exausto por ter ficado dias perdido no meio do mar,
desaba e adormece na areia sem conseguir encontrar ajuda.

Ao acordar, Gulliver está aprisionado, dos pés até o cabelo, por um grupo de pessoas
minúsculas. Olhando ao seu redor, se vê na mira de dezenas de criaturinhas com arcos
e flechas apontados em sua direção.

Assim foi o primeiro encontro entre o cirurgião aventureiro e os habitantes da ilha de


Lilipute. Após afirmar que não era inimigo daquele povo e prometer se comportar,
Gulliver passa a viver na ilha com as pessoinhas.

A maior casa da ilha lhe é oferecida, ainda assim o homem precisa engatinhar para
entrar nela. O “gigante” começa a ajudar a população e o rei nos trabalhos braçais e
nas atividades cotidianas, o sentimento de confiança floresce e Gulliver se torna o
favorito da corte local.

Mais tarde, Gulliver descobre que Lilipute está em guerra com um país vizinho
chamado Blefuscu, por um motivo banal: em Lilipute quebram-se os ovos pela parte
mais fina da casca, enquanto em Blefuscu os ovos são quebrados pela parte mais
grossa.

Certo dia, o exército de Blefuscu prepara-se para atacar o reino inimigo. Para salvar
Lilipute, o médico captura os navios de Blefuscu e impede o ataque. Após se negar a
destruir as forças rivais, obriga os dois países a assinar um tratado de paz honroso para
ambos, sendo condecorado pelo imperador de Lilipute por tal ato.

Depois de algum tempo vivendo na pequena ilha, Gulliver é obrigado a deixá-la ao


descobrir que o governo está pensando em prendê-lo por traição, devido a boa relação
que mantinha com os blefuscunianos.

Sem opção, Gulliver foge para Blefuscu, onde é bem recebido e percebe que nada que
haviam dito sobre aquele povo era verdade. Certo dia encontra uma barco
abandonado, segue remando até ser avistado por um navio que o leva de volta para à
Inglaterra.

 Parte II: viagem a Brobdingnag


Depois de algum tempo em sua terra natal, Gulliver parte em viagem novamente.
Desta vez, se perde após uma tempestade, é abandonado por sua tripulação e forçado
a navegar até as terras mais próximas para obter água fresca.

Gulliver vai parar numa terra de gigantes chamada Brobdingnag. É encontrado por um
fazendeiro de aproximadamente 22 metros de altura, que o explora como atração
turística já que ele era uma criatura minúscula naquela localidade.

Após ser comprado pela rainha Glumdalclitch, Gulliver passa a viver em uma espécie
de casa de bonecas de madeira, feita especialmente para ele, esta é referida como sua
“caixa de viagem”.

Após passar por uma série de dificuldades na sociedade dos gigantes, o médico faz
uma viagem com a família real para a praia. Durante o passeio, uma águia gigante
rouba sua caixa de madeira e o deixa no mar onde é resgatado por marinheiros e
levado novamente para a Inglaterra.

 Parte III: viagem a Laputa, Balnibarbi, Luggnagg, Glubbdubdrib e


Japão
Mas, suas viagens o levarão ainda a outras terras tão ou mais estranhas. Indo ao mar
de novo, o navio de Gulliver é feito prisioneiro por piratas e acaba abandonado em
uma ilha rochosa perto da Índia, que se chama Balnibari.

Gulliver passa a viver na ilha flutuante de Laputa, onde muito se pensa e pouco se faz.
Lá os habitantes eram conhecedores da lógica (matemática) e da harmonia (música) e
não se interessavam por nenhum outro ramo de conhecimento científico.

Pouco interessado por esse tipo de conhecimento e pelas pessoas daquele lugar, o
aventureiro segue viagem por outras ilhas. Vai a Glubbdubbdrib, onde os espíritos são
regularmente consultados.
Gulliver conversa com os fantasmas de figuras históricas, tais como Alexandre, o
Grande, Júlio César, Homero, Aristóteles, René Descartes e Pierre Gassendi. Por fim,
ele visita a cidade de Luggnagg, onde encontra os Struldbruggs, uma raça de pessoas
imortais.

Conversando com eles, Gulliver descobre que a imortalidade não é tão desejável
quanto parece, pois ela traz vários problemas, como a falta de memória, a
mesquinharia e o tédio. Após visitar o Japão, Gulliver retorna para casa determinado a
nunca mais voltar ao mar.

 Parte IV: viagem ao país dos Houyhnhnms


Apesar da sua intenção de ficar longe do mar, Gulliver se vê entediado com seu trabalho como
cirurgião e volta ao mar como capitão de um navio mercante.

Depois de ser traído por seus homens e abandonado em um bote, chega ao país dos
Houyhnhnms, que era governado por cavalos, que procediam como criaturas racionais,
enquanto os humanos, chamados de Yahoos, eram seres bestiais, com falta de inteligência e
racionalidade.

Gulliver passa a admirar e imitar a eles e ao seu estilo de vida. No entanto, a Assembleia dos
Houyhnhnm decide expulsar o médico do país, pois ele é muito parecido com um Yahoo para
continuar a viver como um Houyhnhnm.

Gulliver fica triste, mas ele respeita a decisão. Com a ajuda do seu mestre, constrói um barco e
retorna à Inglaterra, depois de quatro anos. Ao voltar pra casa, se torna recluso e acha todos
os seres humanos detestáveis, especialmente sua família.

Acostumado a viver com os modos de um cavalo, Gulliver teve sua perspectiva da sociedade
alterada. Assim, para se adaptar a sua vida na Inglaterra, compra dois cavalos com quem
conversa diariamente. Daí em diante, começa a escreve sobrer suas experiências e explorações
pelo mundo.

 Análise do livro “As Viagens de Gulliver”


“As Viagens de Gulliver” é um clássico da literatura infanto-juvenil, escrito pelo
irlandês Jonathan Swift. Descrito como um rabugento convicto, o autor dizia não
suportar as crianças. Assim, não pretendia escrever para elas.

Por isso, seu livro não é exatamente uma história de humor e aventura infantil, mas
sim uma sátira sobre o ser humano e as instituições sociais da Inglaterra. Através das
viagens de Gulliver, o autor busca expressar sua indignação em relação a corrupção, os
vícios, a maldade humana e os abusos de poder dos governantes.

A primeira parte do livro foi publicada em 1726, porém teve sua edição limitada e
censurada. O livro completo só foi publicada em 1735, e a obra que se tratava de uma
história de ficção, acabou conquistando o público juvenil e adulto por sua composição
repleta de lições e críticas sociais.

“As Viagens de Gulliver” é uma violenta sátira à sociedade de todas as épocas, aos
preconceitos e leis que regem os homens, e de que muitas vezes não são assimiladas
de acordo a realidade.

Em cada uma das localidades e personagens, Swift faz uma relação com a sociedade,
como as formas de pensar e à organização de países, religiões e grupos sociais. Alguns
exemplos são:

Em Lilipute critica a autoridade e o poder exercido pela monarquia e os conflitos e


lutas irrelevantes;
Em Laputa critica a nova ciência da época e os sábios que viviam imersos em filosofias
abstratas e pouco práticas;
Já em Houyhnhnms aborda uma espécie animal como um ser superior aos humanos,
na qual eles conseguem administrar uma sociedade de forma mais efetiva e funcional.

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