Você está na página 1de 2

Teste 4

Não é empresa fácil historiar − e muito menos resumir – o complexo movimento


chamado “Realismo” na literatura portuguesa do século XIX. Por trás dessa palavra,
cifra simplista, se escondem e convivem fenómenos e atitudes estéticas de natureza
muito diversa. Abre esse período a ruidosa Questão Coimbrã, polémica literária que
significou – na frase de Teófilo Braga – “a dissolução do Romantismo”. Nela se
manifestou pela primeira vez o protesto da geração nascida por meados do século contra
o exagero balofo e caduco do gosto romântico, convertido em gesto vácuo de monótona
artificiosidade. Dela surgiu o Realismo. A França − e através desta a Alemanha e a
Inglaterra – foi a principal inspiradora dos dirigentes da rebelião coimbrã. Entre 1860 e
1865 saturaram-se de cultura europeia, aspirando a plenos haustos os ares que vinham
de fora, absorvendo de golpe o humanitarismo social francês de 48. Leram e decoraram
Proudhon e Quinet, o satanismo baudelairiano, a erudição histórica de Leconte de Lisle,
o determinismo de Taine, as eloquências liberais humanitárias de Hugo, o diletantismo
crítico de Renan, o revolucionarismo apostólico de Michelet, − e ainda Hegel, e Heine,
e Darwin, e Flaubert. Espíritos muito díspares, tinham, porém, em comum o prurido de
irreverência e de liberdade, o sentimento de revolta contra a estagnação do
Ultrarromantismo constitucionalista e o intuito de renovação do clima das letras e da
vida portuguesa. Fora desta comunidade de formação e de atitude geracional, cada um
deles seguiu uma trajetória criadora e vital acentuadamente diferenciada.

Ernesto Guerra Da Cal, in Jacinto Prado Coelho, Dicionário de Literatura.

Após a primeira audição

1. Completa o esquema com palavras retiradas do texto.

Contextualização
do Realismo em
Portugal

Novos ideais
Após a segunda audição
2. Para responder a cada um dos itens de 2.1. a 2.4., seleciona a única opção que
permite obter uma afirmação correta.
2.1 A frase: “Não é empresa fácil historiar − e muito menos resumir – o complexo
movimento chamado “Realismo” na literatura portuguesa do século XIX.”
A. salienta uma opinião do autor.
B. recupera uma ideia que o narrador pretende refutar.
C. recupera uma ideia errada que alguns leitores têm.
D. recupera uma frase do texto que o sintetiza.
2.2 O texto aprecia
A. o século XIX na sua complexidade literária.
B. uma revolução cultural e artística iniciada em França.
C. a Questão Coimbrã e o início do Romantismo.
D. um complexo movimento designado Ultrarromantismo.
2.3 A frase: “Entre 1860 e 1865 saturaram-se de cultura europeia, aspirando a
plenos haustos os ares que vinham de fora, absorvendo de golpe o humanitarismo
social francês de 48.”
A. assinala o caráter revolucionário e socialmente empenhado desta geração.
B. realça a importância da cultura europeia no humanitarismo francês.
C. salienta a relevância do legado germânico para esta geração.
D. assinala as datas mais emblemáticas da Revolução Francesa.

Você também pode gostar