Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
FUVEST 2011
2ª Fase − Primeiro Dia (09/01/2011)
NOME
IDENTIDADE
BOX 100
001/001
A
PORTUGUÊS e REDAÇÃO
09/01/2011 (domingo)
INSTRUÇÕES
REDAÇÃO
1. Não ultrapassar, de forma alguma, o espaço de 34 linhas reservado para o texto, dentro do retângulo
ABCD. O que estiver fora do retângulo, ou no verso da página, NÃO será considerado na correção.
2. A Redação deve ser feita com caneta esferográfica azul ou preta.
3. A letra deve ser LEGÍVEL.
4. Se errar, risque e escreva novamente a palavra. Ver exemplo.
5. Transcrever a Redação para a folha destinada a esse fim. O que estiver escrito na página “Rascunho da
Redação” NÃO será considerado na correção.
BOA PROVA!
ASSINATURA DO CANDIDATO:
Q.01
Examine esta propaganda de uma empresa de certificação digital (mecanismo de segurança que
garante autenticidade, confidenciabilidade e integridade às informações eletrônicas).
b) Forme uma frase correta e coerente com base em um verbo derivado da palavra “burocracia”.
c) “Estar com os dias contados” é uma das dezenas de locuções formadas a partir do substantivo
“dia”. Crie uma frase em que apareça uma dessas locuções (sem repetir, é claro, a locução
utilizada na propaganda acima).
Q.02
Leia o seguinte texto e responda ao que se pede.
Campos de Melo passou todos os anos de sua vereança sem dar uma palavra. Era o boca de
siri da câmara municipal de Cuité. Até que, uma tarde, ergueu o busto, como quem ia falar. O
presidente da Mesa, mais do que depressa, disse:
ņ Tem a palavra o nobre vereador.
Então, em meio do grande silêncio, o grande mudo falou.
ņ Peço licença para fechar a janela, pois estou constipado.
a) Tendo em vista o contexto, é correto afirmar que, tanto do ponto de vista da estrutura quanto da
mensagem, o título do texto constitui um provérbio?
b) Que frase do texto contribui de maneira mais decisiva para dar um caráter anedótico a essa breve
narrativa? Justifique sua escolha.
A
Página 2/14 − Caderno Reserva
51
ÁREA DESTINADA À RESPOSTA DA QUESTÃO 01 (DELIMITADA PELOS CÍRCULOS ABCD)
[01] TEXTOS ESCRITOS FORA DESTA REGIÃO (OU A LÁPIS) NÃO SERÃO CONSIDERADOS PELO CORRETOR
Corretor #1
3
1
FUVEST 2011
Corretor #2
3
D C
51
ÁREA DESTINADA À RESPOSTA DA QUESTÃO 02 (DELIMITADA PELOS CÍRCULOS ABCD)
[02] TEXTOS ESCRITOS FORA DESTA REGIÃO (OU A LÁPIS) NÃO SERÃO CONSIDERADOS PELO CORRETOR
1
Não ultrapasse os alvéolos!
2
Corretor #1
1
FUVEST 2011
2
Corretor #2
D C
Área Reservada
Não escreva no topo da folha
0000−00 04 880
Q.03
É correto afirmar que os textos “a” e “b”, a seguir, podem ser entendidos de maneira diferente da que
pretendiam seus redatores? Justifique sua resposta separadamente para cada um dos textos.
Texto a: Alguns sonhos não mudam. Quer dizer, só de tamanho. (Propaganda de uma instituição
bancária)
Texto b: A chuva tirou tudo o que eles tinham. Agora vamos dar o mínimo que eles precisam.
(Campanha feita por estabelecimentos comerciais em prol de vítimas de enchente)
Q.04
Leia os seguintes versos de “Alegria, Alegria”, de Caetano Veloso, e, em seguida, os dois
comentários em que os autores explicam por que essa canção é uma de suas prediletas.
http://www.caetanoveloso.com.br
I. “A linguagem era nova, cheia de referências visuais, e tudo estava ali, combinando temas que
nem sempre pareciam combinar: despreocupação, engajamento político, tecnologia, lirismo... .”
Laura de Mello e Souza. Adaptado.
a) Transcreva um verso* que ilustre, de modo mais expressivo, o que está sublinhado nesse
comentário. Justifique sua escolha.
*(verso = uma linha.)
II. “A canção era importante pela força mágica de afirmar a potência criativa da vida em meio à
fragmentação do mundo.” Jurandir Freire Costa. Adaptado.
b) Transcreva um verso que exemplifique, de modo mais evidente, o que está sublinhado nesse
comentário. Justifique sua escolha.
A
Página 4/14 − Caderno Reserva
52
ÁREA DESTINADA À RESPOSTA DA QUESTÃO 03 (DELIMITADA PELOS CÍRCULOS ABCD)
[03] TEXTOS ESCRITOS FORA DESTA REGIÃO (OU A LÁPIS) NÃO SERÃO CONSIDERADOS PELO CORRETOR
Texto a:
Corretor #1
3
Texto b: 4
1
FUVEST 2011
Corretor #2
3
D C
52
ÁREA DESTINADA À RESPOSTA DA QUESTÃO 04 (DELIMITADA PELOS CÍRCULOS ABCD)
[04] TEXTOS ESCRITOS FORA DESTA REGIÃO (OU A LÁPIS) NÃO SERÃO CONSIDERADOS PELO CORRETOR
1
Não ultrapasse os alvéolos!
2
Corretor #1
1
FUVEST 2011
2
Corretor #2
D C
Área Reservada
Não escreva no topo da folha
0000−00 06 220
Q.05
Leia o texto a seguir e responda ao que se pede.
Q.06
Leia o seguinte texto.
Flagrado na Ilha de Caras, Fernando Pessoa disse que está bem mais leve depois que passou
a ser um só.
http://www.revistapiaui.com.br. Adaptado.
a) Esse texto tem apenas finalidade humorística ou comporta também finalidade crítica? Justifique
sua resposta.
A
Página 6/14 − Caderno Reserva
53
ÁREA DESTINADA À RESPOSTA DA QUESTÃO 05 (DELIMITADA PELOS CÍRCULOS ABCD)
[05] TEXTOS ESCRITOS FORA DESTA REGIÃO (OU A LÁPIS) NÃO SERÃO CONSIDERADOS PELO CORRETOR
Corretor #1
3
1
FUVEST 2011
Corretor #2
3
D C
53
ÁREA DESTINADA À RESPOSTA DA QUESTÃO 06 (DELIMITADA PELOS CÍRCULOS ABCD)
[06] TEXTOS ESCRITOS FORA DESTA REGIÃO (OU A LÁPIS) NÃO SERÃO CONSIDERADOS PELO CORRETOR
1
Não ultrapasse os alvéolos!
2
Corretor #1
1
FUVEST 2011
2
Corretor #2
D C
Área Reservada
Não escreva no topo da folha
0000−00 08 660
Q.07
Considere o seguinte excerto de O cortiço, de Aluísio Azevedo, e responda ao que se pede.
(...) desde que Jerônimo propendeu para ela, fascinando-a com a sua tranquila seriedade de
animal bom e forte, o sangue da mestiça reclamou os seus direitos de apuração, e Rita preferiu no
europeu o macho de raça superior. O cavouqueiro, pelo seu lado, cedendo às imposições
mesológicas, enfarava a esposa, sua congênere, e queria a mulata, porque a mulata era o prazer, a
volúpia, era o fruto dourado e acre destes sertões americanos, onde a alma de Jerônimo aprendeu
lascívias de macaco e onde seu corpo porejou o cheiro sensual dos bodes.
Q.08
Leia o excerto de A cidade e as serras, de Eça de Queirós, e responda ao que se pede.
*Caliça: pó ou fragmentos de argamassa ressequida, que sobram de uma construção ou resultam da demolição
de uma obra de alvenaria.
**Fumo: fumaça.
b) Tendo em vista o contexto histórico da obra, por que é Paris a cidade escolhida para representar a
vida urbana? Explique sucintamente.
c) Sintetizando-se os termos com que, no excerto, Paris é descrita, que imagem da cidade finalmente
se obtém? Explique sucintamente.
A
Página 8/14 − Caderno Reserva
54
ÁREA DESTINADA À RESPOSTA DA QUESTÃO 07 (DELIMITADA PELOS CÍRCULOS ABCD)
[07] TEXTOS ESCRITOS FORA DESTA REGIÃO (OU A LÁPIS) NÃO SERÃO CONSIDERADOS PELO CORRETOR
Corretor #1
3
1
FUVEST 2011
Corretor #2
3
D C
54
ÁREA DESTINADA À RESPOSTA DA QUESTÃO 08 (DELIMITADA PELOS CÍRCULOS ABCD)
[08] TEXTOS ESCRITOS FORA DESTA REGIÃO (OU A LÁPIS) NÃO SERÃO CONSIDERADOS PELO CORRETOR
1
Não ultrapasse os alvéolos!
2
Corretor #1
1
FUVEST 2011
2
Corretor #2
D C
Área Reservada
Não escreva no topo da folha
0000−00 10 318
Q.09
Entre as variedades de preconceito enumeradas a seguir, aponte aquelas que o grupo dos “capitães
da areia” (do romance homônimo) rejeita e aquelas que acata e reforça: preconceito de raça e cor; de
religião; de gênero (homem e mulher); de orientação sexual. Justifique suas respostas.
Q.10
Examine o seguinte texto para responder ao que se pede.
POÉTICA
De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo
A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte.
Nasço amanhã
Ando onde há espaço
ņ Meu tempo é quando.
a) Do ponto de vista da organização formal dada ao conjunto do poema, o poeta mostra-se vinculado
à tradição literária. Essa afirmação tem fundamento? Justifique sua resposta.
b) Do ponto de vista da mensagem configurada no poema, o poeta expressa sua oposição até
mesmo a coordenadas fundamentais da experiência. Você concorda com essa afirmação?
Justifique sua resposta.
A
Página 10/14 − Caderno Reserva
55
ÁREA DESTINADA À RESPOSTA DA QUESTÃO 09 (DELIMITADA PELOS CÍRCULOS ABCD)
[09] TEXTOS ESCRITOS FORA DESTA REGIÃO (OU A LÁPIS) NÃO SERÃO CONSIDERADOS PELO CORRETOR
a) Raça e cor:
b) Religião: 0
Corretor #1
3
c) Gênero: 4
1
FUVEST 2011
Corretor #2
3
D C
55
ÁREA DESTINADA À RESPOSTA DA QUESTÃO 10 (DELIMITADA PELOS CÍRCULOS ABCD)
[10] TEXTOS ESCRITOS FORA DESTA REGIÃO (OU A LÁPIS) NÃO SERÃO CONSIDERADOS PELO CORRETOR
1
Não ultrapasse os alvéolos!
2
Corretor #1
1
FUVEST 2011
2
Corretor #2
D C
Área Reservada
Não escreva no topo da folha
0000−00 12 758
REDAÇÃO
Observe esta imagem e leia com atenção os textos abaixo.
Texto 1
Texto 2
Quando Roberto Burle Marx plantou a palma talipot, um visitante teria comentado: “Como elas levam tanto
tempo para florir, o senhor não estará mais aqui para ver”. O paisagista, então com mais de 50 anos, teria dito:
“Assim como alguém plantou para que eu pudesse ver, estou plantando para que outros também possam
contemplar”.
http://www.abap.org.br. Paisagem Escrita. nº 131, 10/11/2009. Adaptado.
Texto 3
Onde não há pensamento a longo prazo, dificilmente pode haver um senso de destino compartilhado, um
sentimento de irmandade, um impulso de cerrar fileiras, ficar ombro a ombro ou marchar no mesmo passo. A
solidariedade tem pouca chance de brotar e fincar raízes. Os relacionamentos destacam-se sobretudo pela
fragilidade e pela superficialidade.
Z. Bauman. Vidas desperdiçadas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005. Adaptado.
Texto 4
A cultura do sacrifício está morta. Deixamos de nos reconhecer na obrigação de viver em nome de qualquer
coisa que não nós mesmos.
G. Lipovetsky, cit. por Z. Bauman, em A arte da vida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2009.
Como mostram os textos 1 e 2, a imagem de abnegação fornecida pela palma talipot, que, de certo modo,
“sacrifica” a própria vida para criar novas vidas, é reforçada pelo altruísmo* de Roberto Burle Marx, que a
plantou, não para seu próprio proveito, mas para o dos outros. Em contraposição, o mundo atual teria escolhido
o caminho oposto.
Com base nas ideias e sugestões presentes na imagem e nos textos aqui reunidos, redija uma dissertação
argumentativa, em prosa, sobre o seguinte tema:
O altruísmo e o pensamento a longo prazo ainda têm lugar no mundo contemporâneo?
*Altruísmo = s.m. Tendência ou inclinação de natureza instintiva que incita o ser humano à preocupação com o outro.
Dicionário Houaiss da língua portuguesa, 2009.
Instruções:
ł LembreͲse de que a situação de produção de seu texto requer o uso da norma padrão da língua
portuguesa.
łAredaçãodeveráterentre20e30linhas.
łDêumtítuloasuaredação.
02
03
04
Rascunho da Redação
05
06
07
08
09
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
001/040
FUVEST 2011
2ª Fase − Primeiro Dia (09/01/2011)
BOX 100
001/001
IDENTIDADE
086
001/001
A
Segunda Fase – 1º dia
08/01/2012 (domingo)
INSTRUÇÕES GERAIS
BOA PROVA!
ASSINATURA DO CANDIDATO:
Q.01
Leia este aviso, comum em vários lugares públicos:
a) As pessoas que não gostam de ser filmadas prefeririam uma mensagem que dissesse o contrário.
Para atender a essas pessoas, reescreva o aviso, usando a primeira pessoa do plural e fazendo
as modificações necessárias.
b) Criou-se, recentemente, a palavra “gerundismo”, para designar o uso abusivo do gerúndio. Na sua
opinião, esse tipo de desvio ocorre no aviso acima? Explique.
Q.02
Leia com atenção o seguinte texto:
A onipresença do olho mágico da televisão no centro da vida doméstica dos brasileiros, com o
poder (imaginário) de tudo mostrar e tudo ver que os espectadores lhe atribuem, vem provocando
curiosas alterações nas relações entre o público e o privado. Durante pelo menos dois séculos, o bom
gosto burguês nos ensinou que algumas coisas não se dizem, não se mostram e não se fazem em
público. Essas mesmas coisas, até então reservadas ao espaço da privacidade, hoje ocupam o
centro da cena televisiva. Não que o bom gosto burguês deva ser tomado como referência
indiscutível da ética que regula a vida em qualquer sociedade. Mas a inversão de padrões que
pareciam tão convenientemente estabelecidos nos países do Ocidente dá o que pensar. No mínimo,
podemos concluir que a burguesia do terceiro milênio já não é a mesma que ditou o bom
comportamento dos dois séculos passados. No máximo, supõe-se que os fundamentos do contrato
que ordenava a vida social entre os séculos XIX e XX estão profundamente abalados, e já vivemos,
sem nos dar conta, em uma sociedade pós-burguesa, num sentido semelhante ao do que chamamos
uma sociedade pós-moderna.
a) O que a autora do texto quer dizer, quando se refere ao “poder de tudo mostrar e tudo ver” (L. 2),
atribuído à televisão, como “imaginário”?
b) Indique a palavra do primeiro período que tem o mesmo significado do prefixo que entra na
formação da palavra “onipresença” (L. 1).
c) Indique uma palavra ou expressão do texto que corresponda ao sentido da palavra “ética” (L. 7).
A
Página 2/14 − Caderno Reserva
PROVA 1
[01]
QUADRO DESTINADO À RESPOSTA DA QUESTÃO 01
51
TEXTOS ESCRITOS FORA DESTE QUADRO (OU A LÁPIS) NÃO SERÃO CONSIDERADOS PELO CORRETOR
Questão 01
1
FUVEST 2012
OK
Questão 02
1
FUVEST 2012
OK
4
Área Reservada
Não escreva no topo da folha
0000−00 04 880
Q.03
Leia a seguinte mensagem publicitária, referente a carros, e responda ao que se pede:
POTÊNCIA, ROBUSTEZ E TRAÇÃO 4WD. PORQUE TEM LUGARES QUE SÓ COM ESPÍRITO
DE AVENTURA VOCÊ NÃO CHEGA.
a) A mensagem está redigida de acordo com a norma padrão da língua escrita? Se você julga que
sim, justifique; se acha que não, reescreva o texto, adaptando-o à referida norma.
b) Se a palavra “só” fosse excluída do texto, o sentido seria alterado? Justifique sua resposta.
Q.04
Leia atentamente este texto:
“Dos púlpitos dessa igreja, o padre Antônio Vieira pronunciara com sua voz de fogo os sermões
mais célebres de sua carreira”, escreveu Jorge Amado, protestando [contra o projeto de demolição da
igreja da Sé]. Conta Jorge que correu na época [decênio de 1930] a notícia de que o arcebispo
embolsou gorjeta grande para permitir que a Companhia Linha Circular de Carris da Bahia abatesse o
templo. Não há provas do suborno, é certo, mas o fato é que o arcebispo, em documento assinado
por ele mesmo, deu a sua “inteira aquiescência” à obra destrutiva. A irritação anticlerical de Jorge
Amado subiu então ao ponto de ele fazer o elogio dos “índios patriotas” que, nos primeiros dias
coloniais, haviam realizado uma “experiência culinária” com o bispo Sardinha. Acrescentando ainda
que, naquela década de 1930, baiano já não gostava de bispo nem como alimento.
b) Tendo em vista o contexto, é correto afirmar que a expressão “experiência culinária” é usada com
sentido irônico?
A
Página 4/14 − Caderno Reserva
PROVA 1
[03]
QUADRO DESTINADO À RESPOSTA DA QUESTÃO 03
52
TEXTOS ESCRITOS FORA DESTE QUADRO (OU A LÁPIS) NÃO SERÃO CONSIDERADOS PELO CORRETOR
Questão 03
1
FUVEST 2012
OK
Questão 04
1
FUVEST 2012
OK
4
Área Reservada
Não escreva no topo da folha
0000−00 06 220
Q.05
Leia o seguinte texto:
Época, 15/04/2011.
a) Qual a razão apresentada por essa matéria jornalística para aconselhar seus leitores a “pensar
antes de compartilhar”?
Q.06
Leia este texto:
a) Tendo em vista a opinião do autor do texto, pode-se concluir corretamente que a língua falada é
desprovida de regras? Explique sucintamente.
b) Entre a palavra “episcopalmente” e as expressões “meter o bico” e “de orelhas murchas”, dá-se
um contraste de variedades linguísticas. Substitua as expressões coloquiais, que aí aparecem, por
outras equivalentes, que pertençam à variedade padrão.
A
Página 6/14 − Caderno Reserva
PROVA 1
[05]
QUADRO DESTINADO À RESPOSTA DA QUESTÃO 05
53
TEXTOS ESCRITOS FORA DESTE QUADRO (OU A LÁPIS) NÃO SERÃO CONSIDERADOS PELO CORRETOR
Questão 05
1
FUVEST 2012
OK
Questão 06
1
FUVEST 2012
OK
4
Área Reservada
Não escreva no topo da folha
0000−00 08 660
Q.07
Leia o excerto de Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida, para
responder ao que se pede.
Caldo Entornado
A comadre, tendo deixado o major entregue à sua vergonha, dirigira-se imediatamente para a
casa onde se achava Leonardo para felicitá-lo e contar-lhe o desespero em que a sua fuga tinha
posto o Vidigal. (...) A comadre, segundo seu costume, aproveitou o ensejo, e depois que se
aborreceu de falar no major desenrolou um sermão ao Leonardo, (...). O tema do sermão foi a
necessidade de buscar o Leonardo uma ocupação, de abandonar a vida que levava, gostosa sim,
porém sujeita a emergências tais como a que acabava de dar-se. A sanção de todas as leis que a
pregadora impunha ao seu ouvinte eram as garras do Vidigal.
a) Vê-se, no excerto, que a comadre procura incutir em Leonardo princípios morais destinados a
corrigir o comportamento do afilhado.
b) No sermão que prega a Leonardo, a comadre manifesta a convicção de que o trabalho é fator
decisivo na formação da personalidade de um jovem.
Q.08
Leia o trecho de Dom Casmurro, de Machado de Assis, para responder ao que se pede.
Um dia [Ezequiel] amanheceu tocando corneta com a mão; dei-lhe uma cornetinha de metal.
Comprei-lhe soldadinhos de chumbo, gravuras de batalhas que ele mirava por muito tempo, querendo
que lhe explicasse uma peça de artilharia, um soldado caído, outro de espada alçada, e todos os
seus amores iam para o de espada alçada. Um dia (ingênua idade!) perguntou-me impaciente:
Mas, papai, por que é que ele não deixa cair a espada de uma vez?
Meu filho, é porque é pintado.
Mas então por que é que ele se pintou?
Ri-me do engano e expliquei-lhe que não era o soldado que se tinha pintado no papel, mas o
gravador, e tive de explicar também o que era gravador e o que era gravura: as curiosidades de
Capitu, em suma.
b) Continuando no mesmo paralelo entre “gravura” e Dom Casmurro, pode-se considerar que a lição
dada pelo pai ao filho, a respeito da gravura, serve de advertência também para o leitor do
romance? Justifique sua resposta.
A
Página 8/14 − Caderno Reserva
PROVA 1
[07]
QUADRO DESTINADO À RESPOSTA DA QUESTÃO 07
54
TEXTOS ESCRITOS FORA DESTE QUADRO (OU A LÁPIS) NÃO SERÃO CONSIDERADOS PELO CORRETOR
Questão 07
1
FUVEST 2012
OK
Questão 08
1
FUVEST 2012
OK
4
Área Reservada
Não escreva no topo da folha
0000−00 10 318
Q.09
Leia o excerto de A cidade e as serras, de Eça de Queirós, e responda ao que se pede.
Na sala, a tia Vicência ainda nos esperava desconsolada, entre todas as luzes, que ardiam no
silêncio e paz do serão debandado:
Ora uma coisa assim! Nem querem ficar para tomar um copinho de geleia, um cálice de
vinho do Porto!
Esteve tudo muito desanimado, tia Vicência! exclamei desafogando o meu tédio. Todo
esse mulherio emudeceu, os amigos com um ar desconfiado...
Jacinto protestou, muito divertido, muito sincero:
Não! Pelo contrário. Gostei imenso. Excelente gente! E tão simples... Todas estas raparigas
me pareceram ótimas. E tão frescas, tão alegres! Vou ter aqui bons amigos, quando verificarem que
eu não sou miguelista.
Então contamos à tia Vicência a prodigiosa história de D. Miguel escondido em Tormes... Ela
ria! Que coisas! E mau seria...
Mas o Sr. Jacinto, não é?
Eu, minha senhora, sou socialista...
a) Defina sucintamente o miguelismo a que se refere o texto e indique a relação que há entre essa
corrente política e a história do Brasil.
b) Tendo em vista o contexto da obra, explique o que significa, para Jacinto, ser “socialista”.
Q.10
Leia o seguinte excerto de Capitães da areia, de Jorge Amado, e responda ao que se pede.
O sertão comove os olhos de Volta Seca. O trem não corre, este vai devagar, cortando as
terras do sertão. Aqui tudo é lírico, pobre e belo. Só a miséria dos homens é terrível. Mas estes
homens são tão fortes que conseguem criar beleza dentro desta miséria. Que não farão quando
Lampião libertar toda a caatinga, implantar a justiça e a liberdade?
Compare a visão do sertão que aparece no excerto de Capitães da areia com a que está presente
no livro Vidas secas, de Graciliano Ramos, considerando os seguintes aspectos:
b) o homem (o sertanejo).
Responda, conforme solicitado, considerando cada um desses aspectos nas duas obras citadas.
A
Página 10/14 − Caderno Reserva
PROVA 1
[09]
QUADRO DESTINADO À RESPOSTA DA QUESTÃO 09
55
TEXTOS ESCRITOS FORA DESTE QUADRO (OU A LÁPIS) NÃO SERÃO CONSIDERADOS PELO CORRETOR
Questão 09
1
FUVEST 2012
OK
Questão 10
1
FUVEST 2012
OK
4
Área Reservada
Não escreva no topo da folha
0000−00 12 758
REDAÇÃO
Texto 1
A ciência mais imperativa e predominante sobre tudo é a ciência política, pois esta determina
quais são as demais ciências que devem ser estudadas na pólis. Nessa medida, a ciência política
inclui a finalidade das demais, e, então, essa finalidade deve ser o bem do homem.
Aristóteles. Adaptado.
Texto 2 Texto 3
O termo “idiota” aparece em comentários FILHOS DA ÉPOCA
indignados, cada vez mais frequentes no Somos filhos da época
Brasil, como “política é coisa de idiota”. O que e a época é política.
podemos constatar é que acabou se
invertendo o conceito original de idiota, pois a Todas as tuas, nossas, vossas coisas
palavra idiótes, em grego, significa aquele que diurnas e noturnas,
só vive a vida privada, que recusa a política, são coisas políticas.
que diz não à política. Querendo ou não querendo,
Talvez devêssemos retomar esse conceito teus genes têm um passado político,
de idiota como aquele que vive fechado tua pele, um matiz político,
dentro de si e só se interessa pela vida no teus olhos, um aspecto político.
âmbito pessoal. Sua expressão generalizada
O que você diz tem ressonância,
é: “Não me meto em política”.
o que silencia tem um eco
M. S. Cortella e R. J. Ribeiro, de um jeito ou de outro, político.
Política – para não ser idiota. Adaptado. (...)
Wislawa Szymborska, Poemas.
Texto 4
As instituições políticas vigentes (por exemplo, partidos políticos, parlamentos, governos) vivem
hoje um processo de abandono ou diminuição do seu papel de criadoras de agenda de questões e
opções relevantes e, também, do seu papel de propositoras de doutrinas. O que não significa que
se amplia a liberdade de opção individual. Significa apenas que essas funções estão sendo
decididamente transferidas das instituições políticas (isto é, eleitas e, em princípio, controladas)
para forças essencialmente não políticas primordialmente as do mercado financeiro e do
consumo. A agenda de opções mais importantes dificilmente pode ser construída politicamente nas
atuais condições. Assim esvaziada, a política perde interesse.
Zygmunt Bauman. Em busca da política. Adaptado.
Texto 5
Os textos aqui reproduzidos falam de política, seja para enfatizar sua necessidade, seja para
indicar suas limitações e impasses no mundo atual. Reflita sobre esses textos e redija uma
dissertação em prosa, na qual você discuta as ideias neles apresentadas, argumentando de modo a
deixar claro o seu ponto de vista sobre o tema Participação política: indispensável ou superada?
Instruções:
A redação deve obedecer à norma padrão da língua portuguesa.
Escreva, no mínimo, 20 e, no máximo, 30 linhas, com letra legível.
Dê um título a sua redação.
02
03
04
Rascunho da Redação
05
06
07
08
09
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
001/040
FUVEST 2012
2ª Fase − Primeiro Dia (08/01/2012)
086
001/001
IDENTIDADE
084
001/001
A
Segunda Fase – 1º dia – 06/01/2013 (domingo)
INSTRUÇÕES GERAIS
ASSINATURA DO CANDIDATO:
Q.01
Examine o seguinte anúncio publicitário:
a) Qual é a relação de sentido existente entre a imagem de uma folha de árvore e as expressões
“Mapeamento logístico” e “caminho”, empregadas no texto que compõe o anúncio acima
reproduzido?
Q.02
Leia o texto.
Ditadura / Democracia
A diferença entre uma democracia e um país totalitário é que numa democracia todo mundo
reclama, ninguém vive satisfeito. Mas se você perguntar a qualquer cidadão de uma ditadura o que
acha do seu país, ele responde sem hesitação: “Não posso me queixar”.
Millôr Fernandes, Millôr definitivo: a bíblia do caos.
a) Para produzir o efeito de humor que o caracteriza, esse texto emprega o recurso da ambiguidade?
Justifique sua resposta.
b) Reescreva a segunda parte do texto (de “Mas” até “queixar”), pondo no plural a palavra “cidadão”
e fazendo as modificações necessárias.
$
Página 2/14 − Caderno Reserva
PROVA 1
[01]
QUADRO DESTINADO À RESPOSTA DA QUESTÃO 01
51
TEXTOS ESCRITOS FORA DESTE QUADRO (OU A LÁPIS) NÃO SERÃO CONSIDERADOS PELO CORRETOR
Questão 01
1
FUVEST 2013
OK
Questão 02
1
FUVEST 2013
OK
4
Área Reservada
Não escreva no topo da folha
0000−00 04 880
Q.03
Leia este texto:
Entre 1808, com a abertura dos portos, e 1850, no auge da centralização imperial, modificara-
se a pacata, fechada e obsoleta sociedade. O país europeizava-se, para escândalo de muitos,
iniciando um período de progresso rápido, progresso conscientemente provocado, sob moldes
ingleses. O vestuário, a alimentação, a mobília mostram, no ingênuo deslumbramento, a subversão
dos hábitos lusos, vagarosamente rompidos com os valores culturais que a presença europeia
infiltrava, justamente com as mercadorias importadas. O contato litorâneo das duas culturas, uma
dominante já no período final da segregação colonial, articula-se no ajustamento das economias. Ao
Estado, a realidade mais ativa da estrutura social, coube o papel de intermediar o impacto
estrangeiro, reduzindo-o à temperatura e à velocidade nativas.
Raymundo Faoro, Os donos do poder.
b) As palavras “litorâneo” e “temperatura” foram usadas, ambas, no texto, em seu sentido literal?
Justifique sua resposta.
Q.04
Leia o texto.
b) Responda sucintamente a pergunta que encerra o texto: “Por que, então, a palavra cidadania é
constantemente evocada, se o seu significado é tão pouco esclarecido?”
$
Página 4/14 − Caderno Reserva
PROVA 1
[03]
QUADRO DESTINADO À RESPOSTA DA QUESTÃO 03
52
TEXTOS ESCRITOS FORA DESTE QUADRO (OU A LÁPIS) NÃO SERÃO CONSIDERADOS PELO CORRETOR
Questão 03
1
FUVEST 2013
OK
Questão 04
1
FUVEST 2013
OK
4
Área Reservada
Não escreva no topo da folha
0000−00 06 220
Q.05
Leia o excerto.
Ninguém mais vive, reparou? Vivencia. “Estou vivenciando um momento difícil”, diz
Maricotinha. Fico penalizado, mas ficaria mais se Maricotinha estivesse passando por ou vivendo
aquele momento difícil. Há uma diferença, diz o dicionário. Viver é ter vida, existir. Vivenciar também
é viver, mas implica uma espécie de reflexão ou de sentir. Não é o caso de Maricotinha. O que ela
quer dizer é viver, passar por. Mas disse vivenciar porque é assim que, ultimamente, os pedantes a
ensinaram a falar.
Ruy Castro, Folha de S. Paulo, 27 de junho de 2012. Adaptado.
a) Da personagem José Dias, diz o narrador do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis:
“José Dias amava os superlativos. Era um modo de dar feição monumental às ideias; não as
havendo, servia a prolongar as frases”. Em que o comportamento linguístico de Maricotinha, tal
como o caracteriza o texto, se compara ao da personagem machadiana?
c) No trecho “os pedantes a ensinaram a falar”, a palavra “pedante”, considerada no contexto, pode
ser substituída por ............................................... .
Q.06
Leia as seguintes manchetes:
Grupo I Grupo II
Esperada, na Câmara, a mensagem pedindo
Quase metade dos médicos receita o que
a decretação do estado de guerra
Jornal do Brasil, 07 de outubro de 1937. indústria quer
Folha de S. Paulo, 31 de maio de 2010.
a) Cada um dos grupos de manchetes acima reproduzidos, por ter sido escrito em épocas diferentes,
caracteriza-se pelo uso reiterado de determinados recursos linguísticos. Indique um recurso
linguístico que caracteriza as manchetes de cada um desses grupos.
b) Manchetes jornalísticas costumam suprimir vírgulas. Transcreva a última manchete de cada grupo,
acrescentando vírgulas onde forem cabíveis, de acordo com a norma-padrão da língua
portuguesa.
$
Página 6/14 − Caderno Reserva
PROVA 1
[05]
QUADRO DESTINADO À RESPOSTA DA QUESTÃO 05
53
TEXTOS ESCRITOS FORA DESTE QUADRO (OU A LÁPIS) NÃO SERÃO CONSIDERADOS PELO CORRETOR
Questão 05
1
FUVEST 2013
OK
Questão 06
1
FUVEST 2013
OK
4
Área Reservada
Não escreva no topo da folha
0000−00 08 660
Q.07
Leia com atenção o trecho de Til, de José de Alencar, para responder ao que se pede.
[Berta] ʊ Agora creio em tudo no que me disseram, e no que se pode imaginar de mais
horrível. Que assassines por paga a quem não te fez mal, que por vingança pratiques crueldades que
espantam, eu concebo; és como a suçuarana, que às vezes mata para estancar a sede, e outras por
desfastio entra na mangueira e estraçalha tudo. Mas que te vendas para assassinar o filho de teu
benfeitor, daquele em cuja casa foste criado, o homem de quem recebeste o sustento; eis o que não
se compreende; porque até as feras lembram-se do benefício que se lhes fez, e têm um faro para
conhecerem o amigo que as salvou.
[Jão] ʊ Também eu tenho, pois aprendi com elas; respondeu o bugre; e sei me sacrificar por
aqueles que me querem. Não me torno, porém, escravo de um homem, que nasceu rico, por causa
das sobras que me atirava, como atiraria a qualquer outro, ou a seu negro. Não foi por mim que ele
fez isso; mas para se mostrar ou por vergonha de enxotar de sua casa a um pobre-diabo. A terra nos
dá de comer a todos e ninguém se morre por ela.
[Berta] ʊ Para ti, portanto, não há gratidão?
[Jão] ʊ Não sei o que é; demais, Galvão já pôs-me quites dessa dívida da farinha que lhe
comi. Estamos de contas justas! acrescentou Jão Fera com um suspiro profundo.
a) Nesse trecho, Jão Fera refere-se de modo acerbo a uma determinada relação social (aquela que o
vinculara, anteriormente, ao seu “benfeitor”, conforme diz Berta), revelando o mal-estar que tal
relação lhe provoca. Que relação social é essa e em que consiste o mal-estar que lhe está
associado?
b) A fala de Jão Fera revela que, no contexto sócio-histórico em que estava inserido, sua posição
social o fazia sentir-se ameaçado de ser identificado com um outro tipo social ņ identificação,
essa, que ele considera intolerável. De que identificação se trata e por que Jão a abomina?
Explique sucintamente.
Q.08
No excerto abaixo, narra-se parte do encontro de Brás Cubas com Quincas Borba, quando este,
reduzido à miséria, mendigava nas ruas do Rio de Janeiro:
Tirei a carteira, escolhi uma nota de cinco mil-réis, ņ a menos limpa, ņ e dei-lha [a Quincas
Borba]. Ele recebeu-ma com os olhos cintilantes de cobiça. Levantou a nota ao ar, e agitou-a
entusiasmado.
ʊ In hoc signo vinces!* bradou.
E depois beijou-a, com muitos ademanes de ternura, e tão ruidosa expansão, que me produziu
um sentimento misto de nojo e lástima. Ele, que era arguto, entendeu-me; ficou sério, grotescamente
sério, e pediu-me desculpa da alegria, dizendo que era alegria de pobre que não via, desde muitos
anos, uma nota de cinco mil-réis.
ʊ Pois está em suas mãos ver outras muitas, disse eu.
ʊ Sim? acudiu ele, dando um bote para mim.
ʊ Trabalhando, concluí eu.
*“In hoc signo vinces!”: citação em latim que significa “Com este sinal vencerás” (frase que teria aparecido no
céu, junto de uma cruz, ao imperador Constantino, antes de uma batalha).
b) Tendo, agora, como referência, a história de D. Plácida, contada no livro, discuta sucintamente o
mencionado conselho de Brás Cubas.
$
Página 8/14 − Caderno Reserva
PROVA 1
[07]
QUADRO DESTINADO À RESPOSTA DA QUESTÃO 07
54
TEXTOS ESCRITOS FORA DESTE QUADRO (OU A LÁPIS) NÃO SERÃO CONSIDERADOS PELO CORRETOR
Questão 07
1
FUVEST 2013
OK
Questão 08
1
FUVEST 2013
OK
4
Área Reservada
Não escreva no topo da folha
0000−00 10 318
Q.09
Embora seja, com frequência, irônico a respeito do livro e de si mesmo, o narrador das Viagens na
minha terra não deixa de declarar ao leitor que essa obra é “primeiro que tudo”, “um símbolo” , na
medida em que, diz ele, “uma profunda ideia (...) está oculta debaixo desta ligeira aparência de uma
viagenzita que parece feita a brincar, e no fim de contas é uma coisa séria, grave, pensada (...)”.
Tendo em vista essas declarações do narrador e considerando a obra em seu contexto histórico e
literário, responda ao que se pede.
a) Do ponto de vista da história social e política de Portugal, o que está simbolizado nessa viagem?
b) Considerada, agora, do ponto de vista da história literária, o que essa obra de Garrett representa
na evolução da prosa portuguesa? Explique resumidamente.
Q.10
Leia o seguinte poema.
TRISTEZA DO IMPÉRIO
Os conselheiros angustiados
ante o colo ebúrneo
das donzelas opulentas
que ao piano abemolavam
“bus-co a cam-pi-na se-re-na
pa-ra-li-vre sus-pi-rar”,
esqueciam a guerra do Paraguai,
o enfado bolorento de São Cristóvão,
a dor cada vez mais forte dos negros
e sorvendo mecânicos
uma pitada de rapé,
sonhavam a futura libertação dos instintos
e ninhos de amor a serem instalados nos arranha-céus de Copacabana,
[com rádio e telefone automático.
b) Ao conjugar de maneira intempestiva o passado imperial ao presente de seu próprio tempo, qual é
a percepção da história do Brasil que o poeta revela ser a sua? Explique resumidamente.
$
Página 10/14 − Caderno Reserva
PROVA 1
[09]
QUADRO DESTINADO À RESPOSTA DA QUESTÃO 09
55
TEXTOS ESCRITOS FORA DESTE QUADRO (OU A LÁPIS) NÃO SERÃO CONSIDERADOS PELO CORRETOR
Questão 09
1
FUVEST 2013
OK
Questão 10
1
FUVEST 2013
OK
4
Área Reservada
Não escreva no topo da folha
0000−00 12 758
REDAÇÃO
Esta é a reprodução (aqui, sem as marcas normais dos anunciantes, que foram substituídas
por X de um anúncio publicitário real, colhido em uma revista, publicada no ano de 2012.
Como toda mensagem, esse anúncio, formado pela relação entre imagem e texto, carrega
pressupostos e implicações: se o observarmos bem, veremos que ele expressa uma determinada
mentalidade, projeta uma dada visão de mundo, manifesta uma certa escolha de valores e assim por
diante.
Redija uma dissertação em prosa, na qual você interprete e discuta a mensagem contida nesse
anúncio, considerando os aspectos mencionados no parágrafo anterior e, se quiser, também outros
aspectos que julgue relevantes. Procure argumentar de modo a deixar claro seu ponto de vista sobre
o assunto.
Instruções:
Ͳ AredaçãodeveobedecerànormaͲpadrãodalínguaportuguesa.
Ͳ Escreva,nomínimo,20e,nomáximo,30linhas,comletralegível.
Ͳ Dêumtítuloasuaredação.
02
03
04
Rascunho da Redação
05
06
07
08
09
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
001/040
FUVEST 2013
2ª Fase − Primeiro Dia (06/01/2013)
084
001/001
IDENTIDADE
MATÉRIAS NO TERCEIRO DIA (07/01/2014)
000
000/000
PROVADESEGUNDAFASE–1ºDIA
05/01/2014(DOMINGO)
Instruções
1. Sóabraestecadernoquandoofiscalautorizar. 9. Faça, na página apropriada deste caderno, o
rascunhodaredação.
2. Verifique,nacapadestecaderno,seseunome
estácorreto. 10. Transcreva o rascunho da redação para a folha
avulsadefinitiva.Oqueestiverescritonapágina
3. Antesdeiniciaraprova,verifiqueseocaderno “Rascunho da Redação” NÃO será considerado
contémdezquestõeseapropostaderedação,e nacorreção.Nãoultrapasse,deformaalguma,o
seaimpressãoestálegível. espaço de 34 linhas da folha de redação. Não
serãofornecidasfolhascomplementares.
4. A prova deverá ser feita com caneta
esferográficadetintaazuloupreta.Nãoutilize 11. Duração da prova: 4h. O candidato deve
canetamarcaͲtexto. controlarotempodisponível.Nãohaverátempo
adicional para transcrição do rascunho da
5. Escreva, com letra legível, tanto as respostas
redaçãoparaafolhadefinitiva.
dasquestõesquantoaredação.
12. O candidato poderá retirarͲse do localde prova
6. Se errar, risque a palavra e a escreva
apartirdas15h.
novamente.Exemplo:caza casa
13. Durante a prova, são vedadas a comunicação
7. A resposta de cada questão deverá ser escrita entre candidatos e a utilização de qualquer
exclusivamente no quadro a ela destinado. O material de consulta, eletrônico ou impresso, e
que estiver fora desse quadro NÃO será deaparelhosdetelecomunicação.
consideradonacorreção.
14. Atenção! No final da prova, é obrigatória a
8. Os espaços em branco nas páginas dos devoluçãodestecadernodequestõesedafolha
enunciados podem ser utilizados para definitivadaredação.
rascunho.Oqueestiverescritonessesespaços
NÃOseráconsideradonacorreção.
Observação
Adivulgaçãodalistadaprimeirachamadaparamatrículaseráfeitanodia01/02/2014.
ASSINATURADOCANDIDATO:_____________________________________________________________
01
Leiaoseguintetexto,quetratadasdiferençasentrefalaeescrita:
Talvez aindamais dignode atenção sejao desaparecimento [na escrita] da mímicae das inflexões ou
variaçõesdotomdavoz.Asuafaltatemdesersupridaporoutrosrecursos.
É,nestesentido,quesetornaaltamenteinstrutivaavelhaanedota,quenoscontaaindignaçãodeum
ricofazendeiroaoreceberdeseufilhoumtelegramacomafrasesingela–“mandeͲmedinheiro”,queeleliae
relia emprestandoͲlhe um tom rude e imperativo. O bom homem não era tão néscio quanto a anedota dá a
entender:estavanodireitodeexigirdaformulaçãoverbalumaqualidadequelhefizessesentiraatitudefilial
decarinhoerespeitoederefugarumafraseque,semaajudadegestoseentoaçãoadequada,soaàleitura
espontaneamentecomoríspidaeseca.
J.MattosoCâmaraJr.,Manualdeexpressãooraleescrita.Adaptado.
a) ConsiderandoͲsequeoverbodafrasedotelegramaestánoimperativo,seessamesmafrasefosseditaem
umaconversatelefônica,haveriapossibilidadedeopaientendêͲlademododiferente?Explique.
b) Reescrevaafrasedotelegrama,acrescentandoͲlhe,nomáximo,trêspalavraseapontuaçãoadequada,de
modoaatenderaexigênciadopai,mencionadanotexto.
02
Avaliearedaçãodasseguintesfrases:
I. Ofutebolconquistouumpapelnasociedadetantoculturalmentecomoeconômicoepolítico.
II. Osclubesbuscamaexpansãodonúmerodeassociadosbemcomoreduzirgastoscompublicidade.
III. Doravantetaisfatos,ficaclaroqueofutebolexerceumagrandeinfluêncianocotidianodobrasileiro.
IV. Otécnicodeclarouaosjornalistasque,paraopróximojogo,eletemumacartanamangadocolete.
a) ReescrevaasfrasesIeII,corrigindoafaltadeparalelismonelaspresente.
b) ReescrevaasfrasesIIIeIV,eliminandoainadequaçãovocabularqueelasapresentam.
A
Página 2/14 − Caderno Reserva
PROVA 1
[01]
QUADRO DESTINADO À RESPOSTA DA QUESTÃO 01
51
TEXTOS ESCRITOS FORA DESTE QUADRO (OU A LÁPIS) NÃO SERÃO CONSIDERADOS PELO CORRETOR
Questão 01
0
1
2
3
1
FUVEST 2014
OK
Questão 02
1
FUVEST 2014
OK
4
Área Reservada
Não escreva no topo da folha
0000−00 04 880
03
Considereoseguintetexto,paraatenderaoquesepede:
Oorgulhoéaconsciência(certaouerrada)donossoprópriomérito;avaidade,aconsciência(certaou
errada)daevidênciadonossopróprioméritoparaosoutros.Umhomempodeserorgulhososemservaidoso,
podeserambasascoisas,vaidosoeorgulhoso,podeser—poistaléanaturezahumana—vaidososemser
orgulhoso.Édifícilàprimeiravistacompreendercomopodemosterconsciênciadaevidênciadonossomérito
paraosoutros,semaconsciênciadonossoprópriomérito.Seanaturezahumanafosseracional,nãohaveria
explicaçãoalguma.Contudo,ohomemviveaprincípioumavidaexterior,emaistardeumainterior;anoçãode
efeito precede, na evolução da mente, a noção de causa interior desse mesmo efeito. O homem prefere ser
exaltadoporaquiloquenãoé,asertidoemmenorcontaporaquiloqueé.Éavaidadeemação.
FernandoPessoa,Daliteraturaeuropeia.
a) ConsiderandoͲanocontextoemqueocorre,expliqueafrase“ohomemviveaprincípioumavidaexterior,e
maistardeumainterior”.
b) Reescreva a frase “O homem prefere ser exaltado por aquilo que não é, a ser tido em menor conta por
aquiloqueé”,substituindoporsinônimosasexpressõessublinhadas.
04
Entrevistado por Clarice Lispector, para a pergunta “Como você encara o problema da maturidade?”, Tom
Jobim deu a seguinte resposta: “Tem um verso do Drummond que diz: ‘A madureza, esta horrível prenda...’
Nãosei,Clarice,agenteficamaiscapaz,mastambémmaisexigente”.
Nota: O verso citado por Tom Jobim é o início do poema “A ingaia ciência”, de Carlos Drummond de Andrade, e sua versão correta é:
“Amadureza,essaterrívelprenda”.
a) Apontedoisrecursosexpressivosempregadospelopoetanaexpressão“terrívelprenda”.
b) ReescrevaarespostadeTomJobim,eliminandoasmarcasdecoloquialidadequeelaapresentaefazendo
asalteraçõesnecessárias.
A
51 Página 4/14 − Caderno Reserva
PROVA 1
[03]
QUADRO DESTINADO À RESPOSTA DA QUESTÃO 03
52
TEXTOS ESCRITOS FORA DESTE QUADRO (OU A LÁPIS) NÃO SERÃO CONSIDERADOS PELO CORRETOR
Questão 03
0
1
FUVEST 2014
OK
Questão 04
1
FUVEST 2014
OK
4
Área Reservada
Não escreva no topo da folha
0000−00 06 220
05
Leiaoseguintetexto,paraatenderaoquesepede:
Conversadeabril
Éabril,meperdoareis.Estoucompletamentecansado.Retornoàaldeiadepoisdetrêsdiasdegalopede
jipepelasestradasconfusasdecaminhõesepoeiraeexplosões.Tenhonobolsoumcadernodenotas.Quereis
quevosdescrevaessasmontanhasevales,eoquefazemossereshumanosnestetempodeprimavera?DeixaiͲ
meestirarocorponacama;depoistiroasbotas.OuviͲme.Asmontanhas,jávosdescrevereiasmontanhas.
RubemBraga*
*RubemBragafoicorrespondentedeguerrajuntoàFEB,ForçaExpedicionáriaBrasileira,duranteaSegundaGuerraMundial.Ofragmento
acimapertenceaumadesuascrônicasdesseperíodo.
a) Reescrevaoseguintetrecho,dandoͲlhecaracterísticasnarrativaseempregandoaterceirapessoadoplural,
emlugardasegunda:
“Tenhonobolsoumcadernodenotas.Quereisquevosdescrevaessasmontanhasevales,eoquefazemos
sereshumanosnestetempodeprimavera?”
b) Tendo em vista as informações contidas no excerto, o início do texto – “É abril” – é coerente com o
empregodopronomeeste,em“nestetempodeprimavera”?Explique.
06
Leiaoseguintetrechodeumareportagem,paraemseguidaatenderaoquesepede:
CantoriadesabiáͲlaranjeiranamadrugadadivideouvidospaulistanos
Diz uma antiga lenda indígena que, durante as madrugadas, no início da primavera, quando uma
criançaouveocantodeumsabiáͲlaranjeira,elaéabençoadacomamor,felicidadeepaz.Issolánafloresta.Na
selvaurbana,ahistóriaéoutra:temgenteserevirandonacamacomasinfoniaquechegaadurarduashoras
seguidasantesmesmodeclarearodia.
“Morei35anosnointeriorpaulistaenuncafuiacordadaporpassarinhoalgum”,contaumamoradora
do Brooklin (zona sul). “Agora, em plena São Paulo barulhenta e caótica, minhas madrugadas têm sido bem
diferentes”.
FolhadeS.Paulo,16/09/2013.Adaptado.
a) Tendoemvistaocontexto,épossívelconcluir,demodoirrefutável,queacitadamoradoradoBrooklinfaz
partedospaulistanosquenãoapreciamocantodosabiáͲlaranjeira?Justifiquecombasenotexto.
b) Reescreva os trechos do texto que se encontram em discurso direto, empregando o discurso indireto e
fazendoasmodificaçõesnecessárias.
A
52 Página 6/14 − Caderno Reserva
PROVA 1
[05]
QUADRO DESTINADO À RESPOSTA DA QUESTÃO 05
53
TEXTOS ESCRITOS FORA DESTE QUADRO (OU A LÁPIS) NÃO SERÃO CONSIDERADOS PELO CORRETOR
Questão 05
1
FUVEST 2014
OK
Questão 06
1
FUVEST 2014
OK
4
Área Reservada
Não escreva no topo da folha
0000−00 08 660
07
No breve “Prólogo da 3ª edição” das Memórias póstumas de Brás Cubas, assinado pelo autor, Machado de
Assis,constavaoseguintetrecho:
Capistrano de Abreu, noticiando a publicação do livro, perguntava: “As Memórias póstumas de Brás
Cubassãoumromance?”MacedoSoares,emcartaquemeescreveuporessetempo,recordavaamigamenteas
Viagensnaminhaterra.AoprimeirorespondiajáodefuntoBrásCubas(comooleitorviueveránoprólogo
dele que vai adiante) que sim e que não, que era romance para uns e não o era para outros. Quanto ao
segundo,assimseexplicouofinado:“TrataͲsedeumaobradifusa,naqualeu,BrásCubas,seadoteiaforma
livre de um Sterne ou de um Xavier de Maistre, não sei se lhe meti algumas rabugens de pessimismo”. Toda
essagenteviajou:XavierdeMaistreàrodadoquarto,Garrettnaterradele,Sternenaterradosoutros.DeBrás
Cubassepodetalvezdizerqueviajouàrodadavida.
OquefazdomeuBrásCubasumautorparticularéoqueelechama“rabugensdepessimismo”.Hána
almadestelivro,pormaisrisonhoquepareça,umsentimentoamargoeáspero,queestálongedevirdosseus
modelos.Étaçaquepodeterlavoresdeigualescola,maslevaoutrovinho.
MachadodeAssis
Considerandoessetrechonocontextodaobraàqualseincorpora,atendaaoquesepede.
a) IdentifiqueumaspectodasMemóriaspóstumasdeBrásCubascapazdetersuscitadoadúvidaexpressa
porCapistranodeAbreu.Expliqueresumidamente.
b) Em que consistem os “lavores de igual escola”, a que se refere o autor, no final do trecho? Explique
sucintamente.
08
Considereoexcertoabaixo,noqualonarradordeAcidadeeasserras,deEçadeQueirós,contemplaacidade
deParis.
(...)EporaqueladocetardedemaioeusaíparatomarnoterraçoumcafécordechapéuͲcoco,quesabia
afava.
Com o charuto aceso contemplei o Boulevard, àquela hora em toda a pressa e estridor da sua grossa
sociabilidade.Adensatorrentedosônibus,calhambeques,carroças,parelhasdeluxo,rolavavivamente,com
toda uma escura humanidade formigando entre patas e rodas, numa pressa inquieta. Aquele movimento
indescontinuadoerudedepressaentonteceuesteespírito,porcincoquietosanosafeitoàquietaçãodasserras
imutáveis.Tentavaentão,puerilmente,repousarnalgumaformaimóvel,ônibusqueparara,fiacrequeestacara
numbruscoescorregardapileca;maslogoalgumdorsoapressadoseencafuavapelaportinholadatipoia,ou
umcachodefigurasescurastrepavasofregamenteparaoônibus—e,rápido,recomeçavaorolarretumbante.
a) No trecho “com toda uma escura humanidade formigando entre patas e rodas”, podeͲse reconhecer a
marcadequalescolaliterária?Justifiquesucintamentesuaresposta.
b) Tendoemvistaquecontemplarsignifica“fixaroolharem(alguém,algoousimesmo),comencantamento,
com admiração” (Dicionário Houaiss) ou “olhar, observar, atenta ou embevecidamente”
(DicionárioAurélio), qual é a experiência vivida pelo narrador, no excerto, e que sentido ela tem no
contextodaépocaemquesepassaahistórianarradanoromance?
A
53 Página 8/14 − Caderno Reserva
PROVA 1
[07]
QUADRO DESTINADO À RESPOSTA DA QUESTÃO 07
54
TEXTOS ESCRITOS FORA DESTE QUADRO (OU A LÁPIS) NÃO SERÃO CONSIDERADOS PELO CORRETOR
Questão 07
0
1
FUVEST 2014
OK
Questão 08
1
FUVEST 2014
OK
4
Área Reservada
Não escreva no topo da folha
0000−00 10 318
09
ObserveoseguintetrechodeTil,deJosédeAlencar,noqualonarradorcaracterizaapersonagemBerta:
Contradição viva, seu gênio é o ser e o não ser. Busquem nela a graça da moça e encontrarão o
estouvamentodomenino;porémmalseapercebamdailusão,quejáaimagemdamulherdespontaráemtoda
suaesplêndidafascinação.AantítesebanaldoanjoͲdemôniotornaͲserealidadenela,emquemsecambiamno
sorrisoounoolharaserenidadecelestecomosfulvoslampejosdapaixão,àsemelhançadofirmamentoonde
aoradiantematizdaaurorasucedemosfulgoressinistrosdaprocela.
a) Segundo o narrador, Berta é uma “contradição viva”, cujo “gênio é o ser e o não ser”. Como essa
característicadapersonagemserelacionaàprincipalfunçãoqueeladesempenhanatramadoromance?
b) Considerando a expressão “anjoͲdemônio” no contexto cultural da época em que foi escrito o romance,
justificaͲseofatodeonarradorclassificáͲlacomo“antítesebanal”?Expliqueresumidamente.
10
Nopoema“Sentimentodomundo”,queabreolivrohomônimodeCarlosDrummonddeAndrade,dizemos
versosiniciais:
Tenhoapenasduasmãos
eosentimentodomundo,
Considerandoessesversosnocontextodaobraaquepertencem,respondaaoquesepede.
a) Quedesejodopoetaficapressupostonoverso“Tenhoapenasduasmãos”?
b) No poema de abertura do primeiro livro de Carlos Drummond de Andrade – Alguma poesia (1930) –
apareciamosconhecidosversos
Mundomundovastomundo
maisvastoémeucoração.
Quando,anosdepois,opoetaafirmater“osentimentodomundo”,eleratificaoualteraopontodevista
queexpressaranoscitadosversosdeseulivrodeestreia?Expliquesucintamente.
A
54 Página 10/14 − Caderno Reserva
PROVA 1
[09]
QUADRO DESTINADO À RESPOSTA DA QUESTÃO 09
55
TEXTOS ESCRITOS FORA DESTE QUADRO (OU A LÁPIS) NÃO SERÃO CONSIDERADOS PELO CORRETOR
Questão 09
1
FUVEST 2014
OK
Questão 10
1
FUVEST 2014
OK
4
Área Reservada
Não escreva no topo da folha
0000−00 12 758
REDAÇÃO
² The Guardianǡ ʹʹ
ʹͲͳ͵ǡǣ
O ministro de finanças do Japão, Taro Aso, disse na segundaͲfeira (dia 21) que os velhos
deveriam“apressarͲseamorrer”,paraaliviarapressãoquesuasdespesasmédicasexercemsobreo
Estado.
“Deusnoslivredeumasituaçãoemquevocêéforçadoaviverquandovocêquermorrer.Eu
acordariamesentindocadavezpiorsesoubessequeotratamentoétodopagopelogoverno”,disse
ele durante uma reunião do conselho nacional a respeito das reformas na seguridade social. “O
problemanãoseráresolvido,amenosquevocêpermitaqueelesseapressemamorrer”.
OscomentáriosdeAsosãosuscetíveis decausarofensano Japão,ondequaseum quarto da
populaçãode128milhõestemmaisde60anos.Aproporçãodeveatingir40%nospróximos50anos.
Aso,de72anosdeidade,quetemfunçõesdeviceͲprimeiroͲministro,dissequeiriarecusaros
cuidadosdefimdevida.“Eunãoprecisodessetipo deatendimento”,declaroueleemcomentários
citados pela imprensa local, acrescentando que havia redigido uma nota instruindo sua família a
negarͲlhetratamentomédicoparaprolongaravida.
Paramaioragravo,elechamoude“pessoasͲtubo”ospacientesidososquejánãoconseguem
sealimentarsozinhos.OministériodasaúdeedobemͲestar,acrescentou,está“bemconscientede
que custa várias dezenas de milhões de ienes” por mês o tratamento de um único doente em fase
finaldevida.
Mais tarde, Aso tentou explicar seus comentários. Ele reconheceu que sua linguagem fora
“inapropriada” em um fórum público e insistiu que expressara apenas sua preferência pessoal. “Eu
disseoqueeu,pessoalmente,penso,nãooqueosistemadeassistênciamédicaaidososdeveser”,
declaroueleajornalistas.
Não foi a primeira vez que Aso, um dos mais ricos políticos do Japão, questionou o dever do
Estadoparacomsuagrandepopulaçãoidosa.Anteriormente,emumencontrodeeconomistas,elejá
dissera: “Por que eu deveria pagar por pessoas que apenas comem e bebem e não fazem nenhum
esforço? Eu faço caminhadas todos os dias, além de muitas outras coisas, e estou pagando mais
impostos”.
theguardian.com,Tuesday,22January2013.Traduzidoeadaptado.
Ù À À
²ǡ
Ù ±
ǡ
ǡ
Ø
Ù
ǣÙ
ǫǫ
ǫÙÀ
ǫÙ
ǫ
ǡ
ǡ
²
ǡ
ǡ
²Ù
ǡ
–ǡsiteǤ
Instruções:
Ǧ ǡ
Ǧ ÀǤ
Ǧ
ǡ Àǡ ʹͲ ǡ
ÀǤ ͵Ͷ
Ǥ
Ǧ ²À Ǥ
02
03
04
Rascunho da Redação
05
06
07
08
09
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
000/000
FUVEST 2014
2ª Fase − Primeiro Dia (05/01/2014)
000
000/000
Identidade
Matérias no 3º dia (06/01/2015)
CAIXA
000
000/000
PROVADESEGUNDAFASE–1ºDIA
04/01/2015(DOMINGO)
Instruções
1. Sóabraestecadernoquandoofiscalautorizar. 9. Faça, na página apropriada deste caderno, o
rascunhodaredação.
2. Verifique,nacapadestecaderno,seseunome
estácorreto. 10. Transcreva o rascunho da redação para a folha
avulsadefinitiva.Oqueestiverescritonapágina
3. Antesdeiniciaraprova,verifiqueseocaderno “Rascunho da Redação” NÃO será considerado
contém10questõeseapropostaderedação,e nacorreção.Nãoultrapasse,deformaalguma,o
seaimpressãoestálegível. espaço de 30 linhas da folha de redação. Não
4. A prova deverá ser feita com caneta serãofornecidasfolhascomplementares.
esferográficadetintaazuloupreta.Nãoutilize 11. Duração da prova: 4h. O candidato deve
canetamarcaͲtexto. controlarotempodisponível.Nãohaverátempo
5. Escreva, com letra legível, tanto as respostas adicional para transcrição do rascunho da
dasquestõesquantoaredação. redaçãoparaafolhadefinitiva.
6. Se errar, risque a palavra e a escreva 12. O candidato poderá retirarͲse do localde prova
novamente.Exemplo:caza casa
apartirdas15h.
Ousodecorretivonãoserápermitido. 13. Durante a prova, são vedadas a comunicação
entre candidatos e a utilização de qualquer
7. A resposta de cada questão deverá ser escrita
material de consulta, eletrônico ou impresso, e
exclusivamente no quadro a ela destinado. O
deaparelhosdetelecomunicação.
que estiver fora desse quadro NÃO será
consideradonacorreção. 14. No final da prova, é obrigatória a devolução
deste caderno de questões e da folha definitiva
8. Os espaços em branco nas páginas dos
daredação.
enunciados podem ser utilizados para
rascunho.Oqueestiverescritonessesespaços
NÃOseráconsideradonacorreção.
Observação
Adivulgaçãodalistadaprimeirachamadaparamatrículaseráfeitanodia31/01/2015.
ASSINATURADOCANDIDATO:_____________________________________________________________
01
Examineaseguintematériajornalística:
SemͲtetousatopodepontosdeônibusemSPcomocama
Às 9h desta segunda (17), ninguém dormia no ponto de ônibus da rua Augusta com a Caio Prado.
NinguémanãoserJoãoPauloSilva,42,quechegavaàoitavahoradesonoemcimadaparadadecoletivos.
“Eusempredurmoemcimadessespontosnovos.Égostoso.Otetotemumvidroeumatelaembaixo,
então não dá medo de que quebre. É só colocar um cobertor embaixo, pra ficar menos duro, e ninguém te
incomoda”,disseSilvadepoisdeacordaredescerdaestrutura.Nodia,entretanto,eleestavasemacoberta,
“porcausadocalordematar”.
Pornãotertrabalhoemlocalfixo(“Catolata,ajudonumaempresadecarreto.Façooquedá”),elevaria
olocaldepouso.“Àsvezeséaquinocentro,jádormiemPinheiroseatéemSantana.Masésemprenospontos,
porqueeunãovoudormirnarua”.
www1.folha.uol.com.br,19/03/2014.Adaptado.
a) Qualéoefeitodesentidoproduzidopelaassociaçãodoselementosvisuaiseverbaispresentesnaimagem
acima?Explique.
b) O vocábulo “pra”, presente nas declarações atribuídas a João Paulo Silva, é próprio da língua falada
corrente e informal. Cite mais dois exemplos de elementos linguísticos com essa mesma característica,
tambémpresentesnessasdeclarações.
02
Leiaoseguintetextojornalístico:
PARAPARA
Numa de suas recentes críticas internas, a ombudsman desta Folha propôs uma campanha para
devolveroacentoqueareformaortográficarouboudoverbo“parar”.Faztodosentido.
Oquenãofaznenhumsentidoéler“SãoPauloparaparaveroCorinthiansjogar”.Pioraindaqueleré
terdeescrever.
JucaKfouri,FolhadeS.Paulo,22/09/2014.Adaptado.
a) Noprimeiroperíododotexto,existealgumapalavracujoempregoconotaaopiniãodoarticulistasobrea
reformaortográfica?Justifiquesuaresposta.
b) Paraevitaro“parapara”quedesagradouaojornalista,podeͲsereescreverafrase“SãoPauloparaparaver
oCorinthiansjogar”,substituindoapreposiçãoquenelaocorreporoutradeigualvalorsintáticoͲsemântico
ou alterando a ordem dos termos que a compõem. Você concorda com essa afirmação? Justifique sua
resposta.
A
Página 2/14 − Caderno Reserva
PROVA 1
[01]
51
Questão 01
1
FUVEST 2015
OK
[02]
PROVA 1
Questão 02
1
FUVEST 2015
OK
Área Reservada
Não escreva no topo da folha
0000−00 04 880
03
Leiaoseguintetexto:
Maltraçadas
Canadáplanejaextinguiroscarteiros
Nomundointeiro,osserviçosdecorreiotentamseadaptaràdisseminaçãodoeͲmail,doFacebook,do
SMSedoSkype,quegolpearamquaseatéamorteoshábitostradicionaisdecorrespondência,masemnenhum
lugar se chegou tão longe quanto no Canadá. Em dezembro, o Canada Post anunciou nada menos que a
extinçãodocarteirotalcomooconhecemos.Ametaéacabarcomoandarilhouniformizadoque,façachuvaou
faça sol, distribui envelopes de porta em porta e, às vezes, até conhece os rostos por trás dos nomes dos
destinatários. Os adultos de amanhã se lembrarão dele tanto quanto os de hoje se recordam dos leiteiros,
profetizou o blog de assuntos metropolitanos do jornal Toronto Star, conformado à marcha inelutável da
modernidadetecnológica.
ClaudiaAntunes,http://revistapiaui.estadao.com.br.Adaptado.
a) Qualéarelaçãodesentidoexistenteentreotítulo“Maltraçadas”eoassuntodotexto?
b) Semalterarosentido,reescrevaotrecho“conformadoàmarchainelutáveldamodernidadetecnológica”,
substituindoapalavra“conformado”porumsinônimoeoadjetivo“inelutável”peloverbolutar,fazendoas
modificaçõesnecessárias.
Exemplo:“marchainevitáveldamodernidadetecnológica”=marchadamodernidadetecnológicaquenão
sepodeevitar.
04
Leiaaseguintemensagempublicitáriadeumaempresadaáreadelogística:
Agenteandanalinhaparalevarsuaempresamaislonge
MudamosojeitodetransportarcontêineresnoBrasileMercosul.Atravésdomodalferroviário,oferecemos
soluçõeslogísticaseconômicas,segurasesustentáveis.
a) Visandoaobtermaiorexpressividade,recorreͲse,notítulodamensagem,aoempregodeexpressãocom
duplosentido.Indiqueessaexpressãoeexpliquesucintamente.
b) Segundooanúncio,umadasvantagensdoproduto(transporteferroviário)neleoferecidoéofatodeesse
produtoser“sustentável”.Citeummotivoquejustifiquetalafirmação.
A
51 Página 4/14 − Caderno Reserva
PROVA 1
[03]
52
Questão 03
0
1
FUVEST 2015
OK
[04]
PROVA 1
Questão 04
1
FUVEST 2015
OK
Área Reservada
Não escreva no topo da folha
0000−00 06 220
05
Limiteinferior
Aprendi muito com o economistaͲfilósofo Roberto de Oliveira Campos, particularmente quando tive a
honra e a oportunidade de conviver com ele durante anos na Câmara dos Deputados. Sentávamos juntos e
assistíamosaosmesmosdiscursos,algunsmuitobonsesábios.
Frequentemente,diantedealgunsincontroláveiscolegasqueexerciamumaoratóriadealtavisibilidade,
comosdoisbraçosagitadostentandoencontrarumaideia,Robertomesurpreendiacomaafirmação:“Delfim,
acabodedemonstrarumteorema”.Esacavaumamordazconclusãocríticacontraoincautoorador.
Umbelodia,umfalanteeconhecidodeputadoensurdeceuoplenáriocomumagritariaqueentupiuos
ouvidosdoscolegas.Aquantidadedesandicesditasnolongodiscursocomoardequemestavainventandoo
mundo fez Roberto reagir com incontida indignação. Soltou de supetão: “Delfim, construí um axioma, uma
afirmação preliminar que deve ser aceita pela fé, sem exigir prova: a ignorância não tem limite inferior”. E
completou, com a perversidade de sua imensa inteligência: “Com ele poderemos construir mundos
maravilhosos”.
AntonioDelfimNetto,FolhadeS.Paulo,17/09/2014.Adaptado.
a) ExpliqueporqueoaxiomaformuladoporRobertodeOliveiraCampostornariapossível“construirmundos
maravilhosos”.
b) Identifiqueotrechodotextoqueexplicaoempregodaexpressão“oratóriadealtavisibilidade”.
06
Examineatirinha.
a) De acordo com o contexto, o que explica o modo de falar das personagens representadas pelas duas
traças?
b) Mantendoocontextoemquesedáodiálogo,reescrevaasduasfalasdoprimeiroquadrinho,empregando
oportuguêsusualegramaticalmentecorreto.
A
52 Página 6/14 − Caderno Reserva
PROVA 1
[05]
53
Questão 05
1
FUVEST 2015
OK
[06]
PROVA 1
Questão 06
1
FUVEST 2015
OK
Área Reservada
Não escreva no topo da folha
0000−00 08 660
07
Andai, ganhaͲpães, andai; reduzi tudo a cifras, todas as considerações deste mundo a equações de
interessecorporal,comprai,vendei,agiotai.Nofimdetudoisto,oquelucrouaespéciehumana?Quehámais
umas poucas de dúzias de homens ricos. E eu pergunto aos economistas políticos, aos moralistas, se já
calcularam o número de indivíduos que é forçoso condenar à miséria, ao trabalho desproporcionado, à
desmoralização,àinfâmia,àignorânciacrapulosa,àdesgraçainvencível,àpenúriaabsoluta,paraproduzirum
rico?ʊ QuelhodigamnoParlamentoinglês,onde,depoisdetantascomissõesdeinquérito,jádevedeandar
orçadoonúmerodealmasqueéprecisovenderaodiabo,onúmerodecorposquesetêmdeentregarantesdo
tempoaocemitérioparafazerumtecelãoricoefidalgocomoSirRobertoPeel,ummineiro,umbanqueiro,um
granjeeiroʊsejaoquefor:cadahomemrico,abastado,custacentosdeinfelizes,demiseráveis.
AlmeidaGarrett,Viagensnaminhaterra.
a) Destas reflexões feitas pelo narrador de Viagens na minha terra, deduzͲse que ele tinha em mente um
determinadoidealdesociedade.Oquecaracterizaesseideal?Expliqueresumidamente.
b) Identifique, em Viagens na minha terra, o tipo social sobre o qual, principalmente, irá recair a crítica
presentenasreflexõesdonarrador,notrechoaquireproduzido.Oque,deacordocomolivro,caracteriza
essetiposocial?
08
Respondaaoquesepede.
a) Qual é a relação entre o “sistema de filosofia” do “Humanitismo”, tal como figurado nas Memórias
póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, e as correntes de pensamento filosófico e científico
presentesnocontextohistóricoͲculturalemqueessaobrafoiescrita?Expliqueresumidamente.
b) Dequemaneira,emOcortiço,deAluísioAzevedo,sãoencaradasascorrentesdepensamentofilosóficoe
científicodegrandeprestígionaépocaemqueoromancefoiescrito?Expliquesucintamente.
A
53 Página 8/14 − Caderno Reserva
PROVA 1
[07]
54
Questão 07
0
1
FUVEST 2015
OK
[08]
PROVA 1
Questão 08
1
FUVEST 2015
OK
Área Reservada
Não escreva no topo da folha
0000−00 10 318
09
Aumareligiosidadedesuperfície,menosatentaaosentidoíntimodascerimôniasdoqueaocoloridoeà
pompaexterior,quasecarnalemseuapegoaoconcreto(...);transigentee,porissomesmo,prontaaacordos,
ninguémpediria,certamente,queseelevasseaproduzirqualquermoralsocialpoderosa.Religiosidadequese
perdia e se confundia num mundo sem forma e que, por isso mesmo, não tinha forças para lhe impor sua
ordem.
SérgioBuarquedeHolanda,RaízesdoBrasil.Adaptado.
TendoemvistaestasreflexõesdeSérgioBuarquedeHolandaarespeitodosentidodareligiãonaformaçãodo
Brasil,respondaaoquesepede.
a) EssasreflexõesseaplicamàsociedaderepresentadanasMemóriasdeumsargentodemilícias,deManuel
AntôniodeAlmeida?Justifiqueresumidamente.
b) Os juízos aqui expressos por Sérgio Buarque de Holanda encontram exemplificação em Memórias
póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, especialmente na parte em que se narra o período de
formaçãodomeninoBrásCubas?Justifiquesucintamente.
10
LeiaopoemadeDrummondpararesponderàsquestõesrelativasadoisversosdesuaúltimaestrofe.
ELEGIA1938
Trabalhassemalegriaparaummundocaduco,
ondeasformaseasaçõesnãoencerramnenhumexemplo.
Praticaslaboriosamenteosgestosuniversais,
sentescalorefrio,faltadedinheiro,fomeedesejosexual.
Heróisenchemosparquesdacidadeemquetearrastas,
epreconizamavirtude,arenúncia,osangueͲfrio,aconcepção.
Ànoite,seneblina,abremguardaͲchuvasdebronze
ouserecolhemaosvolumesdesinistrasbibliotecas.
Amasanoitepelopoderdeaniquilamentoqueencerra
esabesque,dormindo,osproblemastedispensamdemorrer.
MasoterríveldespertarprovaaexistênciadaGrandeMáquina
eterepõe,pequenino,emfacedeindecifráveispalmeiras.
Caminhasentremortosecomelesconversas
sobrecoisasdotempofuturoenegóciosdoespírito.
Aliteraturaestragoutuasmelhoreshorasdeamor.
Aotelefoneperdestemuito,muitíssimotempodesemear.
Coraçãoorgulhoso,tenspressadeconfessartuaderrota
eadiarparaoutroséculoafelicidadecoletiva.
Aceitasachuva,aguerra,odesempregoeainjustadistribuição
porquenãopodes,sozinho,dinamitarailhadeManhattan.
CarlosDrummonddeAndrade,Sentimentodomundo.
ConsiderandoͲsea“Elegia1938”nocontextodeSentimentodomundo,expliquesucintamente
a) aqueserefereoeulíricocomaexpressão“felicidadecoletiva”?
b) oquesimboliza,paraoeulírico,a“ilhadeManhattan”?
A
54 Página 10/14 − Caderno Reserva
PROVA 1
[09]
55
Questão 09
1
FUVEST 2015
OK
[10]
PROVA 1
Questão 10
1
FUVEST 2015
OK
4
Área Reservada
Não escreva no topo da folha
0000−00 12 758
REDAÇÃO
Naverdade,duranteamaiorpartedoséculoXX,osestádioseram Comentário do Prof. Michael J.
lugaresondeosexecutivosempresariaissentavamͲseladoaladocom Sandel referente à afirmação de
os operários, todo mundo entrava nas mesmas filas para comprar que, no Brasil, se teria produzido
sanduíches e cerveja, e ricos e pobres igualmente se molhavam se uma sociedade ainda mais
chovesse. Nas últimas décadas, contudo, isso está mudando. O segregada do que a norteͲ
adventodecamarotesespeciais,emgeral,acimadocampo,separam americana.
osabastadoseprivilegiadosdaspessoascomunsnasarquibancadas
mais embaixo. (...) O desaparecimento do convívio entre classes O maior erro é pensar que serviços
sociais diferentes, outrora vivenciado nos estádios, representa uma públicossãoapenasparaquemnão
perda não só para os que olham de baixo para cima, mas também podepagarporcoisamelhor.Esseé
paraosqueolhamdecimaparabaixo. o início da destruição da ideia do
Os estádios são um caso exemplar, mas não único. Algo bem comum. Parques, praças e
semelhante vem acontecendo na sociedade americana como um transportepúblicoprecisamsertão
todo, assim como em outros países. Numa época de crescente bonsapontodequetodosqueiram
desigualdade, a “camarotização” de tudo significa que as pessoas usáͲlos, até os mais ricos. Se a
abastadas e as de poucos recursos levam vidas cada vez mais escola pública é boa, quem pode
separadas. Vivemos, trabalhamos, compramos e nos distraímos em pagar uma particular vai preferir
lugares diferentes. Nossos filhos vão a escolas diferentes. Estamos que seu filho fique na pública, e
falando de uma espécie de “camarotização” da vida social. Não é assim teremos uma base política
bom para a democracia nem sequer é uma maneira satisfatória de para defender a qualidade da
levaravida. escola pública. Seria uma tragédia
Democracianãoquerdizerigualdadeperfeita,masdefatoexige se nossos espaços públicos fossem
queoscidadãoscompartilhemumavidacomum.Oimportanteéque shopping centers, algo que
pessoas de contextos e posições sociais diferentes encontremͲse e acontece em vários países, não só
convivamnavidacotidiana,poiséassimqueaprendemosanegociar no Brasil. Nossa identidade ali é de
earespeitarasdiferençasaocuidardobemcomum. consumidor,nãodecidadão.
MichaelJ.Sandel.ProfessordaUniversidadeHarvard. Entrevista.FolhadeS.Paulo,
Oqueodinheironãocompra.Adaptado. 28/04/2014.Adaptado.
[No Brasil, com o aumentoda presençade classespopulares em centros de compras, aeroportos, lugares
turísticosetc.,écrescenteatendênciadosmaisricosasegregarͲseemespaçosexclusivos,quemarquemsua
distinção e superioridade.] (...) Pode ser que o fenômeno “camarotização”, isto é, a separação física entre
classes sociais, prosperepara muitos outros setores.De repente,os supermercados poderão ter alaVIP, com
entradaindependente,cujaacessibilidade,tacitamente,sejadecididapelolimitedocartãodecrédito.
RenatodeP.Pereira.www.gazetadigital.com.br,06/05/2014.[Resumido]eadaptado.
Até os anos de 1960, a escola pública que eu conheci, embora existisse em menor número, tinha boa
qualidadeeeraumespaçoanimadodeconvíviodeclassessociaisdiferentes.Aprendíamosmuito,unscomos
outros, sobre nossas diferentes experiências de vida, mas, em geral, nos sentíamos pertencentes a uma só
sociedade,aummesmopaíseaumamesmacultura,queeradetodos.Porisso,acreditávamosqueteríamos,
também,umfuturoemcomum.Vejocomtristezaquehojeseestabeleceuocontrário:asescolaspassarama
segregarosdiferentesestratossociais.Achoqueaperdaculturalfoiimensaeasconsequências,paraavida
social,desastrosas.
TrechodotestemunhodeumprofessoruniversitáriosobreaEscolaFundamentaleMédiaemqueestudou.
Os três primeiros textos aqui reproduzidos referemͲse à “camarotização” da sociedade nome dado à
tendência a manter segregados os diferentes estratos sociais. Em contraponto, encontraͲse também
reproduzidoumtestemunho,noqualserecuperaaexperiênciadeumperíodoemque,noBrasil,atendência
eraoutra.
Tendoemcontaassugestõesdessestextos,alémdeoutrasinformaçõesquejulguerelevantes,redijauma
dissertaçãoemprosa,naqualvocêexponhaseupontodevistasobreotema“Camarotização”dasociedade
brasileira:asegregaçãodasclassessociaiseademocracia.
Instruções:
Ͳ Aredaçãodeveserumadissertação,escritadeacordocomanormaͲpadrãodalínguaportuguesa.
Ͳ Escreva,nomínimo,20linhas,comletralegível.Nãoultrapasseoespaçode30linhasdafolhaderedação.
Ͳ Dêumtítuloasuaredação.
Rascunho da Redação
(Título)
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
Página 13/14 − Caderno Reserva
Área Reservada
Não escreva no topo da folha
0000−00 14 198
FUVEST Fundação Universitária para o Vestibular|10/12/2014|10:21:03
XXX.XXX.XXX.XXX DD/MM/AAAA HH:MM:SS
000/000
FUVEST 2015
2ª Fase − Primeiro Dia (04/01/2015)
CAIXA
000
000/000
Identidade
001
001/001
ASSINATURA DO CANDIDATO:_____________________________________________________________
Instruções
1. Só abra este caderno quando o fiscal autorizar. 9. Faça, na página apropriada deste caderno, o
rascunho da redação.
2. Verifique, na capa deste caderno, se seu nome
está correto. 10. Transcreva o rascunho da redação para a folha
avulsa definitiva. O que estiver escrito na página
3. Este caderno contém 10 questões de Português “Rascunho da Redação” NÃO será considerado
e a proposta de redação. na correção. Não ultrapasse, de forma alguma, o
espaço de 30 linhas da folha de redação. Não
4. A prova deverá ser feita com caneta
serão fornecidas folhas complementares.
esferográfica de tinta azul ou preta. Não utilize
caneta marcatexto. 11. Duração da prova: 4h. O candidato deve
controlar o tempo disponível, com base no
5. Escreva, com letra legível, tanto as respostas
marcador de tempo afixado na lousa e nos
das questões quanto a redação.
avisos do fiscal. Não haverá tempo adicional
6. Se errar, risque a palavra e a escreva para transcrição do rascunho da redação para a
novamente. Exemplo: folha definitiva.
O uso de corretivo não será permitido. 12. O candidato poderá retirarse do local de prova
7. A resposta de cada questão deverá ser escrita a partir das 15h.
exclusivamente no quadro a ela destinado. O 13. Durante a prova, são vedadas a comunicação
que estiver fora desse quadro NÃO será entre candidatos e a utilização de qualquer
considerado na correção. material de consulta, eletrônico ou impresso, e
8. Os espaços em branco nas páginas dos de aparelhos de telecomunicação.
enunciados podem ser utilizados para 14. No final da prova, é obrigatória a devolução
rascunho. O que estiver escrito nesses espaços deste caderno de questões e da folha definitiva
NÃO será considerado na correção. da redação.
Observação
A divulgação da lista da primeira chamada para matrícula será feita no dia 02/02/2016.
Examine este anúncio de uma instituição financeira, cujo nome foi substituído por X, para responder às questões
01 e 02.
01
a) Considerando o contexto do anúncio, existe alguma relação de sentido entre a imagem e o slogan
“É DIFERENTE QUANDO VOCÊ CONHECE”? Explique.
b) A inclusão, no anúncio, dos ícones e algarismos que precedem o texto escrito tem alguma finalidade
comunicativa? Explique.
02
b) Complete a frase impressa na página de resposta, flexionando de forma adequada os verbos “oferecer”,
“proporcionar” e “alcançar”.
A
Página 2/14 − Caderno Reserva
PROVA 1
[01]
51
Questão 01
1
FUVEST 2016
OK
[02]
PROVA 1
Questão 02
a)
b) Conhecer profundamente os negócios de nossos clientes é só o primeiro passo que permite que 3
4
............................................................ sempre respostas mais rápidas, ............................................................
0
decisões mais assertivas e ............................................................ melhores resultados.
1
FUVEST 2016
OK
4
Área Reservada
Não escreva no topo da folha
0000−00 04 880
03
a) De acordo com o texto, em que grupo de países os diários íntimos surgiam com maior frequência e por que
isso ocorria?
b) A que expressões do texto se referem, respectivamente, os termos sublinhados no trecho “ele não está
submetido a interposta pessoa”?
04
Nosso andar é elegante e gracioso, e também extremamente eficiente do ponto de vista energético. Somos
capazes de andar dezenas de quilômetros por quilo de feijão ingerido. Até agora, nenhum sapato, nenhuma
técnica especial de balançar os braços, ou qualquer outro truque foram capazes de melhorar o número de
quilômetros caminhados por quilo de feijão consumido. Mas, agora, depois de anos investigando o
funcionamento de nossas pernas, um grupo de cientistas construiu uma traquitana simples, mas extremamente
sofisticada, que é capaz de diminuir o consumo de energia de uma caminhada em até 10%.
Tratase de um pequeno exoesqueleto que recobre nosso pé e fica preso logo abaixo do joelho. Ele
mimetiza o funcionamento do tendão de Aquiles e dos músculos ligados ao tendão. Uma haste na altura do
tornozelo, a qual se projeta para trás, segura uma ponta de uma mola. Outra haste, logo abaixo do joelho, segura
uma espécie de embreagem (...).
Fernando Reinach, www.estadao.com.br, 13/06/2015. Adaptado.
a) Transcreva o trecho do texto em que o autor explora, com fins expressivos, o emprego de termos
contraditórios, sublinhandoos.
b) Esse excerto provém de um artigo de divulgação científica. Aponte duas características da linguagem nele
empregada que o diferenciam de um artigo científico especializado.
A
51 Página 4/14 − Caderno Reserva
PROVA 1
[03]
52
Questão 03
1
FUVEST 2016
OK
[04]
PROVA 1
Questão 04
1
FUVEST 2016
OK
4
Área Reservada
Não escreva no topo da folha
0000−00 06 220
05
O tempo personalizou minha forma de falar com Deus, mas sempre termino a conversa com um painosso
e uma avemaria.
(...)
Metade da avemaria é uma saudação floreada para, só no final, pedir que ela rogue por nós. No pai
nosso, sempre será um mistério para mim o “mas” do “não nos deixeis cair em tentação, mas livrainos do mal”.
Me parece que, a princípio, se o Pai não nos deixa cair em tentação, já estará nos livrando do mal.
Denise Fraga, www1.folha.uol.com.br, 07/07/2015. Adaptado.
a) Mantendo se a relação de sentido existente entre os segmentos “não nos deixeis cair em tentação” / “mas livrai
nos do mal”, a conjunção “mas” poderia ser substituída pela conjunção e, de modo a dissipar o “mistério” a
que se refere a autora? Justifique.
b) Sem alterar seu sentido, reescreva o trecho da oração citado pela autora, colocando os verbos “deixeis” e
“livrai” na terceira pessoa do singular.
06
Um restaurante, cujo nome foi substituído por Y, divulgou, no ano de 2015, os seguintes anúncios:
a) Na redação do anúncio II, evitou se um erro gramatical que aparece no anúncio I. De que erro se trata?
Explique.
b) Tendo em vista o caráter publicitário dos textos, com que finalidade foi usada, em ambos os anúncios, a forma
“pra”, em lugar de “para”?
A
52 Página 6/14 − Caderno Reserva
PROVA 1
[05]
53
Questão 05
1
FUVEST 2016
OK
[06]
PROVA 1
Questão 06
1
FUVEST 2016
OK
4
Área Reservada
Não escreva no topo da folha
0000−00 08 660
07
No capítulo CXIX das Memórias póstumas de Brás Cubas, o narrador declara: “Quero deixar aqui, entre
parêntesis, meia dúzia de máximas* das muitas que escrevi por esse tempo.” Nos itens a) e b) encontramse
reproduzidas duas dessas máximas. Considerandoas no contexto da obra a que pertencem, responda ao que se
pede.
* “Máxima”: fórmula breve que enuncia uma observação de valor geral; provérbio.
08
Leia estes dois excertos das obras indicadas e responda ao que se pede.
(...) Ao sair do Tejo, estando a Maria encostada à borda do navio, o Leonardo fingiu que passava distraído
por junto dela, e com o ferrado sapatão assentou lhe uma valente pisadela no pé direito. A Maria, como se já
esperasse por aquilo, sorriu se como envergonhada do gracejo, e deu lhe também em ar de disfarce um tremendo
beliscão nas costas da mão esquerda. Era isto uma declaração em forma, segundo os usos da terra: levaram o
resto do dia de namoro cerrado; ao anoitecer passou se a mesma cena de pisadela e beliscão, com a diferença
de serem desta vez um pouco mais fortes; e no dia seguinte estavam os dois amantes tão extremosos e familiares,
que pareciam sê lo de muitos anos.
Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um sargento de milícias.
Na ocasião em que Léonie partia pelo braço do amante, acompanhada até o portão por um séquito de
lavadeiras, a Rita, no pátio, beliscou a coxa de Jerônimo e soprou lhe à meia voz:
Não lhe caia o queixo! ...
O cavouqueiro teve um desdenhoso sacudir d’ombros.
Aquela pra cá nem pintada!
E, para deixar bem patente as suas preferências, virou o pé do lado e bateu com o tamanco na canela da
mulata.
Olha o bruto! ... queixou se esta, levando a mão ao lugar da pancada. Sempre há de mostrar que é
galego!
Aluísio Azevedo, O cortiço.
b) Em ambos os excertos, assim como no conjunto das obras a que pertencem, é notória a predisposição a
retratar as personagens de origem portuguesa de um modo bastante peculiar, influenciado por uma
determinada corrente de opinião, existente no contexto históricosocial dos períodos em que as obras foram
escritas. Identifique esse modo de representar tais personagens e a corrente de opinião que o influencia.
Explique sucintamente.
A
53 Página 8/14 − Caderno Reserva
PROVA 1
[07]
54
Questão 07
1
FUVEST 2016
OK
[08]
PROVA 1
Questão 08
1
FUVEST 2016
OK
4
Área Reservada
Não escreva no topo da folha
0000−00 10 318
09
a) No período em que Jacinto passa a viver na serra, tornamse relativamente frequentes, no romance, as
referências à cultura da Antiguidade Clássica. Consideradas no contexto da obra, o que conotam as
referências que o narrador, no excerto, faz a aspectos dessa cultura?
b) Considerandoa no contexto em que aparece, explique a expressão “nem façamos Arcádia”, empregada por
Jacinto.
10
Leia o texto.
(...) Muita gente o tinha odiado. E ele odiara a todos.
Apanhara na polícia, um homem ria quando o surravam.
Para ele é este homem que corre em sua perseguição na
figura dos guardas. Se o levarem, o homem rirá de novo.
Não o levarão. Vêm em seus calcanhares, mas não o
levarão. Pensam que ele vai parar junto ao grande
elevador. Mas SemPernas não para. Sobe para o pequeno
muro, volve o rosto para os guardas que ainda correm, ri
com toda a força do seu ódio, cospe na cara de um que se
aproxima estendendo os braços, se atira de costas no
espaço como se fosse um trapezista de circo.
A praça toda fica em suspenso por um momento.
“Se jogou”, diz uma mulher, e desmaia. SemPernas se
rebenta na montanha como um trapezista de circo que não
tivesse alcançado o outro trapézio. O cachorro late entre as
grades do muro.
Jorge Amado, Capitães da Areia.
Para responder ao que se pede, atente para as informações referentes à localização espacial dessa cena, na qual
se narram a perseguição e a morte de SemPernas.
a) A cena se passa diante do conhecido Elevador Lacerda (foto acima), que vem a ser um dos mais famosos
“cartõespostais” de Salvador, Bahia. Qual é o efeito de sentido introduzido na cena por essa característica
da localização espacial?
b) Observe que o Elevador Lacerda, de uso público, situase no desnível brusco e pronunciado que, em Salvador,
separa a “Cidade Alta” (parte mais moderna da cidade, considerada seu centro econômico) da “Cidade Baixa”
(sobretudo portuária e popular). Que sentido essa característica do espaço confere à cena?
A
54 Página 10/14 − Caderno Reserva
PROVA 1
[09]
55
Questão 09
1
FUVEST 2016
OK
[10]
PROVA 1
Questão 10
1
FUVEST 2016
OK
4
Área Reservada
Não escreva no topo da folha
0000−00 12 758
REDAÇÃO
UTOPIA (de ou-topia, lugar inexistente ou, segundo outra leitura, de eu-topia, lugar feliz).
Thomas More deu esse nome a uma espécie de romance filosófico (1516), no qual relatava as condições de vida
em uma ilha imaginária denominada Utopia: nela, teriam sido abolidas a propriedade privada e a intolerância
religiosa, entre outros fatores capazes de gerar desarmonia social. Depois disso, esse termo passou a designar não
só qualquer texto semelhante, tanto anterior como posterior (como a República de Platão ou a Cidade do Sol de
Campanella), mas também qualquer ideal político, social ou religioso que projete uma nova sociedade, feliz e
harmônica, diversa da existente. Em sentido negativo, o termo passou também a ser usado para designar projeto
de natureza irrealizável, quimera, fantasia.
Nicola Abbagnano, Dicionário de Filosofia. Adaptado.
CIDADE PREVISTA
(...)
A utopia nos distancia da realidade presente, ela nos torna Irmãos, cantai esse mundo
capazes de não mais perceber essa realidade como natural, que não verei, mas virá
obrigatória e inescapável. Porém, mais importante ainda, a utopia um dia, dentro em mil anos,
nos propõe novas realidades possíveis. Ela é a expressão de todas as talvez mais... não tenho pressa.
potencialidades de um grupo que se encontram recalcadas pela Um mundo enfim ordenado,
ordem vigente. uma pátria sem fronteiras,
Paul Ricoeur. Adaptado. sem leis e regulamentos,
uma terra sem bandeiras,
A desaparição da utopia ocasiona um estado de coisas sem igrejas nem quartéis,
estático, em que o próprio homem se transforma em coisa. Iríamos, sem dor, sem febre, sem ouro,
então, nos defrontar com o maior paradoxo imaginável: o do homem um jeito só de viver,
que, tendo alcançado o mais alto grau de domínio racional da mas nesse jeito a variedade,
existência, se vê deixado sem nenhum ideal, tornandose um mero a multiplicidade toda
produto de impulsos. O homem iria perder, com o abandono das que há dentro de cada um.
utopias, a vontade de construir a história e, também, a capacidade de Uma cidade sem portas,
compreendêla. de casas sem armadilha,
Karl Mannheim. Adaptado.
um país de riso e glória
como nunca houve nenhum.
Acredito que se pode viver sem utopias. Acho até que é Este país não é meu
melhor, porque as utopias são ao mesmo tempo ineficazes e nem vosso ainda, poetas.
perigosas. Ineficazes quando permanecem como sonhos; perigosas Mas ele será um dia
quando se quer realizálas. o país de todo homem.
André Comte Sponville. Adaptado. Carlos Drummond de Andrade
A utopia não é apenas um gentil projeto difícil de se realizar, como quer uma definição simplista. Mas se
nós tomarmos a palavra a sério, na sua verdadeira definição, que é aquela dos grandes textos fundadores, em
particular a Utopia de Thomas More, o denominador comum das utopias é seu desejo de construir aqui e agora
uma sociedade perfeita, uma cidade ideal, criada sob medida para o novo homem e a seu serviço. Um paraíso
terrestre que se traduzirá por uma reconciliação geral: reconciliação dos homens com a natureza e dos homens
entre si. Portanto, a utopia é a desaparição das diferenças, do conflito e do acaso: é, assim, um mundo todo
fluido – o que supõe um controle total das coisas, dos seres, da natureza e da história.
Desse modo, a utopia, quando se quer realizála, tornase necessariamente totalitária, mortal e até
genocida. No fundo, só a utopia pode suscitar esses horrores, porque apenas um empreendimento que tem por
objetivo a perfeição absoluta, o acesso do homem a um estado superior quase divino, poderia se permitir o
emprego de meios tão terríveis para alcançar seus fins. Para a utopia, tratase de produzir a unidade pela
violência, em nome de um ideal tão superior que justifica os piores abusos e o esquecimento da moral
reconhecida.
Frédéric Rouvillois. Adaptado.
Rascunho da Redação
(Título)
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
000/000
FUVEST 2016
2ª Fase − Primeiro Dia (10/01/2016)
CAIXA
001
001/001
Identidade
001
001/001
DGGHJDTKLD MQ RDJMHMDTQ
FAÇO
N
NÁ
NA
B a PA
A O NE
A
_`bcd ef IÕ
gfhijed kdgf
1. Só abra este caderno 7. 0 %' % 11. [ ./ ' 19
!" # %/ %1% ) % % ! quatro horas# : !
%7!1(%% %1% %('
lm end
2. $% !%& ' %% % %4# : % !'C1%& ( S%
opqolqrols % & % % (% %) %41% 2 %% ( % %('
tebunjhbv %# não % ) !% 7 %
%./# 1! #
3. *% % +( ,- 5/ @1% ) %('
questões de Português e a 8. : %'. %( !! ' !./
' ' % %./# S ')3! @ %./
%! '%( % ' 2@ %!41#
4. 0 ' 1 %1% ) % 2%! 4!" ' @#
( % %2% 3 ) : % %41% % ! 12. : ! '% )
% 4 " ' %# 5/ %% %'. não % ) %4 6%
4!"% % ( 6%7# !% %./# ' 1 ' 4 ,\@#
5. * %1& ( letra 9. U.& ')3! 13. [ % ' 1& /
legível& %' ' ' ! %% % & 1% (!./
das questões quanto a @ %./# % % ! %
%./# 4!"./ % %
10. V %1 @ (% ! % &
6. 8% % & !% '1 %./ ' 2@ %% ]! !(' %&
% % %1 1(%%# 1 %!41# : % % % ' %@ %
*7%('9 caza casa# %41% % ! ')3! %%(!./#
: % %41 / WX@ X%./Y
% ) '% (!4# não % ) !% 14. 5 ' 1& +
%./# 5/ '%& S !3^ ! %1./
;<=>?; % 2 ( 3(& %% % % 2@
0 ' !(%! @( ' %'. % Z- !@ %!41 %./#
( C % ) !13 2@ % %./# 5/
! 02.02.2017. % / 2 %! 2@
('%(% %#
01
Considere a imagem abaixo, extraída da apresentação do filme A Amazônia, que faz parte da campanha “A
natureza está falando”.
Eu sou a Amazônia, a maior floresta tropical do mundo. Eu mando chuva quando vocês precisam. Eu
mantenho seu clima estável. Em minhas florestas, existem plantas que curam suas doenças. Muitas delas vocês
ainda nem descobriram. Mas vocês estão tirando tudo de mim. A cada segundo, vocês cortam uma das minhas
árvores, enchem de sujeira os meus rios, colocam fogo, e eu não posso mais proteger as pessoas que vivem aqui.
Quanto mais vocês tiram, menos eu tenho para oferecer. Menos água, menos curas, menos oxigênio. Se eu
morrer, vocês também morrem, mas eu crescerei de novo...
a) Por estar em primeira pessoa, o texto constitui exemplo de uma determinada figura de linguagem. Identifique
essa figura e explique seu uso, tendo em vista o efeito que o filme visa alcançar.
b) No referido áudio, é possível perceber, no final da locução da atriz, uma entonação especial, representada na
transcrição por meio de reticências. Tendo em vista que uma das funções desse sinal de pontuação é sugerir
uma ideia não expressa que cabe ao leitor inferir, identifique a ideia sugerida, neste caso.
02
A praga dos selfies
De uma coisa tenho certeza. A foto pelo celular vale apenas pelo momento. Não será feito um álbum de
fotografias, como no passado, onde víamos as imagens, lembrávamos da família, de férias, de alegrias. As
imagens ficarão esquecidas em um imenso arquivo. Talvez uma ou outra, mais especial, seja revivida. Todas as
outras, que ideia. Só valem pelo prazer de fazer o selfie. Mostrar a alguns amigos. Mas o significado original da
foto de família ou com amigos, que seria preservar o momento, está perdido. Vale pelo instante, como até
grandes amores são hoje em dia. É o sorriso, o clique, e obrigado. A conquista: uma foto com alguém conhecido.
W. Carrasco, “A praga dos selfies”. Época, 26.09.2016.
a) Para que o emprego da palavra “onde”, sublinhada no texto, seja considerado correto, a que termo
antecedente ela deve se referir? Justifique sua resposta.
b) Reescreva a frase “Todas as outras, que ideia.”, substituindo os dois sinais de pontuação nela empregados
por outros, de tal maneira que fique mais evidente a entonação que ela tem no contexto.
A
Página 2/14 − Caderno Reserva
PROVA 1
[01]
51
Questão 01
1
FUVEST 2017
OK
[02]
PROVA 1
Questão 02
1
FUVEST 2017
OK
4
Área Reservada
Não escreva no topo da folha
0000−00 04 880
03
Supercomputadores são usados para cálculos de simulação pesada. Um exemplo recorrente do uso desse
tipo de equipamento é a de simulação climática: com quatrilhões por segundo de processamento, tornase
possível que um computador tenha capacidade de calcular as oscilações meteorológicas. Isso ajuda a prevenir
desastres, ou a preparar políticas de apoio à agricultura, se antecipando a cenários os mais variados.
Evidentemente, há outros usos, como pesquisas científicas que precisam também simular cenários, com
uma ampla gama de variáveis. Estudos militares e de desenvolvimento de tecnologia também se beneficiam do
poder computacional desse tipo de equipamento.
www.techtudo.com.br, 24.06.2016.
a) Reescreva o trecho “é a de simulação climática: com quatrilhões por segundo de processamento”, levando
em conta a correção e a clareza.
b) A palavra “cenários” (sublinhada no texto) foi empregada com o mesmo sentido em suas duas ocorrências?
Justifique sua resposta.
04
É menor pecado elogiar um mau livro, sem lêlo, do que depois de o haver lido. Por isso, agradeço
imediatamente depois de receber o volume.
Carlos Drummond de Andrade, Passeios na ilha.
b) Levando em conta o contexto, reescreva duas vezes o trecho “sem lê lo”, substituindo “sem” por “sem que”,
na primeira vez, e por “mesmo não”, na segunda.
A
51 Página 4/14 − Caderno Reserva
PROVA 1
[03]
52
Questão 03
1
FUVEST 2017
OK
[04]
PROVA 1
Questão 04
1
FUVEST 2017
OK
4
Área Reservada
Não escreva no topo da folha
0000−00 06 220
05
a) A dificuldade explicitada no último quadrinho verificase apenas na redação de cartas ou ocorre também na
redação dos gêneros textuais romance e conto? Justifique sua resposta.
b) O texto que compõe as falas dos quadrinhos pertence inteiramente à modalidade escrita da língua
portuguesa? Justifique sua resposta, com base em elementos presentes no texto.
06
Por toda parte, a verbiagem,* oca, inútil e vã, a retórica [...] pomposa, a erudição míope, o aparato de
sabedoria resumem toda a elaboração intelectual. [...] Aceitam se e proclamam se os mais altos representantes
da intelectualidade: os retóricos inveterados, cuja palavra abundante e preciosa impõe se como sinal de gênio,
embora não se encontrem nos seus longos discursos e muitos volumes nem uma ideia original, nem uma só
observação própria. E disto ninguém se escandaliza; o escândalo viria se houvera originalidade.
Manoel Bomfim, A América Latina: males de origem. Adaptado.
*verbiagem: falatório longo mas com pouco sentido ou utilidade; verborragia.
a) O sentido que se atribui, no texto, à palavra “retórica” é o de “arte da eloquência, arte de bem argumentar;
arte da palavra” (Houaiss)? Justifique.
b) Mantendose o sentido que eles têm no contexto, que outra forma os verbos “se encontrem” e “houvera”
poderiam assumir?
A
52 Página 6/14 − Caderno Reserva
PROVA 1
[05]
53
Questão 05
1
FUVEST 2017
OK
[06]
PROVA 1
Questão 06
1
FUVEST 2017
OK
4
Área Reservada
Não escreva no topo da folha
0000−00 08 660
07
Considere o excerto em que Araripe Júnior, crítico associado ao Naturalismo, referese ao “estilo” praticado
“nesta terra”, isto é, no Brasil.
O estilo, nesta terra, é como o sumo da pinha, que, quando viça, lasca, deforma se, e, pelas fendas
irregulares, poreja o mel dulcíssimo, que as aves vêm beijar; ou como o ácido do ananás do Amazonas, que
desespera de sabor, deixando a língua a verter sangue, picada e dolorida.
a) O modo pelo qual o crítico explica a feição que o “estilo” assume “nesta terra” indica que ele compartilha
com o Naturalismo um postulado fundamental. Qual é esse postulado? Explique resumidamente.
b) As características de estilo sugeridas pelo crítico, no excerto, aplicamse ao romance O cortiço, de Aluísio
Azevedo? Justifique sucintamente sua resposta.
08
Leia o trecho de Vidas secas, de Graciliano Ramos, para, em seguida, responder ao que se pede.
Aí Fabiano parou, sentou se, lavou os pés duros, procurando retirar das gretas fundas o barro que lá havia.
Sem se enxugar, tentou calçar se e foi uma dificuldade: os calcanhares das meias de algodão formaram bolos
nos peitos dos pés e as botinas de vaqueta resistiram como virgens. Sinha Vitória levantou a saia, sentou se no
chão e limpou se também. Os dois meninos entraram no riacho, esfregaram os pés, saíram, calçaram as
chinelinhas e ficaram espiando os movimentos dos pais. Sinha Vitória aprontava se e erguia se, mas Fabiano
soprava arreliado. Tinha vencido a obstinação de uma daquelas amaldiçoadas botinas; a outra emperrava, e ele,
com os dedos nas alças, fazia esforços inúteis. Sinha Vitória dava palpites que irritavam o marido. Não havia meio
de introduzir o diabo do calcanhar no tacão. A um arranco mais forte, a alça de trás rebentou se, e o vaqueiro
meteu as mãos pela borracha, energicamente. Nada conseguindo, levantou se resolvido a entrar na rua assim
mesmo, coxeando, uma perna mais comprida que a outra. Com raiva excessiva, a que se misturava alguma
esperança, deu uma patada violenta no chão. A carne comprimiu se, os ossos estalaram, a meia molhada rasgou
se e o pé amarrotado se encaixou entre as paredes de vaqueta. Fabiano soltou um suspiro largo de satisfação e
dor.
a) O trecho pertence à parte de Vidas secas intitulada “Festa”, na qual se narra a ida da família de sertanejos,
acompanhada da cachorra Baleia, à cidade, onde deve participar de uma festividade pública. Considerada
esta questão no contexto do livro, como se passa essa participação e o que ela mostra a respeito da
socialização da família?
b) O tratamento narrativo dado aos eventos apresentados no trecho confere a ele um tom que contrasta com
o que é dominante, no conjunto de Vidas secas. Qual é esse tom? Explique sucintamente.
A
53 Página 8/14 − Caderno Reserva
PROVA 1
[07]
54
Questão 07
1
FUVEST 2017
OK
[08]
PROVA 1
Questão 08
1
FUVEST 2017
OK
4
Área Reservada
Não escreva no topo da folha
0000−00 10 318
09
Leia o trecho do conto “A hora e vez de Augusto Matraga”, de Sagarana, de João Guimarães Rosa, para responder
ao que se pede.
E aí o povo encheu a rua, à distância, para ver. Porque não havia mais balas, e seu Joãozinho BemBem
mais o Homem do Jumento tinham rodado cá para fora da casa, só em sangue e em molambos de roupas
pendentes. E eles negaceavam e pulavam, numa dança ligeira, de sorriso na boca e de faca na mão.
Se entregue, mano velho, que eu não quero lhe matar...
Joga a faca fora, dá viva a Deus, e corre, seu Joãozinho BemBem...
Mano velho! Agora é que tu vai dizer: quantos palmos é que tem, do calcanhar ao cotovelo!...
Se arrepende dos pecados, que senão vai sem contrição, e vai direitinho p’ra o inferno, meu parente
seu Joãozinho BemBem!...
Úi, estou morto...
a) Nesse trecho, em que se narra a luta entre Nhô Augusto e seu Joãozinho BemBem, os combatentes, ao
mesmo tempo em que se agridem, dispensam, um ao outro, um tratamento que demonstra estima e
consideração. No âmbito dos valores que são postos em jogo no conto, como se explica esse tratamento?
b) No trecho, Nhô Augusto é designado como “o Homem do Jumento”. Considerandose essa designação no
intertexto religioso, muito presente no conto, como se pode interpretála? Justifique sua resposta.
10
Leia o excerto de Mayombe, de Pepetela, no qual as personagens “dirigente” e Comandante Sem Medo discutem
o comportamento do combatente chamado Mundo Novo. As indicações [d] e [C] identificam, respectivamente,
as falas iniciais do “dirigente” e do Comandante Sem Medo, que se alternam, no diálogo.
a) Que relação se estabelece, no excerto, entre a forma dialogal e as ideias expressas pelo Comandante Sem
Medo?
b) No plano da narração de Mayombe, isto é, no seu modo de organizar e distribuir o discurso narrativo,
empregase algum recurso para evitar que o próprio romance, considerado no seu conjunto, recaia no
dogmatismo criticado no excerto? Explique resumidamente.
A
54 Página 10/14 − Caderno Reserva
PROVA 1
[09]
55
Questão 09
1
FUVEST 2017
OK
[10]
PROVA 1
Questão 10
1
FUVEST 2017
OK
4
Área Reservada
Não escreva no topo da folha
0000−00 12 758
REDAÇÃO
Examine o texto* abaixo, para fazer sua redação.
* Para o excerto aqui apresentado, foram utilizadas as traduções de Floriano de Sousa Fernandes, Luiz Paulo Rouanet e
Vinicius de Figueiredo.
** Sapere aude: cit. lat. de Horácio, que significa “Ousa saber”.
Estes são os parágrafos iniciais de um célebre texto de Kant, nos quais o pensador define o
Esclarecimento como a saída do homem de sua menoridade, o que este alcançaria ao tornar se capaz de
pensar de modo livre e autônomo, sem a tutela de um outro. Publicado em um periódico, no ano de 1784,
o texto dirigia se aos leitores em geral, não apenas a especialistas.
Em perspectiva histórica, o Esclarecimento, também chamado de Iluminismo ou de Ilustração,
consiste em um amplo movimento de ideias, de alcance internacional, que, firmando se a partir do século
XVIII, procurou estender o uso da razão, como guia e como crítica, a todos os campos da atividade humana.
Passados mais de dois séculos desde o início desse movimento, são muitas as interrogações quanto ao
sentido e à atualidade do Esclarecimento.
Com base nas ideias presentes no texto de Kant, acima apresentado, e valendo se tanto de
outras informações que você julgue pertinentes quanto dos dados de sua própria observação da
realidade, redija uma dissertação em prosa, na qual você exponha o seu ponto de vista sobre o tema:
O homem saiu de sua menoridade?
Instruções:
A dissertação deve ser redigida de acordo com a normapadrão da língua portuguesa.
Escreva, no mínimo, 20 linhas, com letra legível. Não ultrapasse o espaço de 30 linhas da folha de redação.
Dê um título a sua redação.
Rascunho da Redação
(Título)
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
000/000
FUVEST 2017
2ª Fase − Primeiro Dia (08/01/2017)
CAIXA
001
001/001
Identidade
001
001/001
FAÇO
U
UÁ
UA
B a PA
A O U
A
`bcde fg IÕ
hgijkfe lehg
1. Só abra este caderno 8. + !&( & 12. [!-. (!6=
!"#!$ &. &6&!* &! &!" quatro horas$ > "
&;"6)&& ! &6& !! &)(
mn foe
2. %&!"&' ( && & &8$ > & "(H6&' ) R&
pqrpmrspmt &!' & & )& &* &86&! 7! && ! !&\," ; ] 7!&&
ufcvokicw !!&$ não &!* "&! & 6" $
!!&-.$ 9. G6&!* &)(
3. +"& & "" (! !!"-.
(*," & ,!& 9. > &(- &) !G !&-.
!"&-. (! R! (*," (! 7G &"86$
?@CDE? & ","$ &" (&) &!
+ (!")&"! G) (! 8"# (! !G$ 13. > " (&!*
)!H &!* "6, 4. /& &! 0) 12 > & &86&! &!" !&8!!:&
" 02.02.2018. &3& & 4!,5 & && &(- não &!* (!6 (!8! 1^G$
(!( & !&-.$ "&! !!&-.$
14. [!& (!6' .
5. + (!6 &6&!* &! 7&" 10. S-' (*," 6& )"-.
) & &7&!,!* "" && &!' &!& " &
& 8 # (!&$ 9. !G !&-.$ 8"#-. & &!
8"#& & )!:&;$ )&!" & '
11. V!!&6 !G &&!_" ")(!&'
6. /!&6' ) letra !&-. (! 7G & !&\," (&"
legível' !&( 6 &"86$ > & & & (!&G &
das questões quanto a &86&! &!" (*," &&)"-.$
POLEGAR DIREITO
&!* (&!)"8$
)(&)&!&$
JKKLMJTNQJ
Examine a propaganda.
a) Considerando o contexto da
propaganda, existe alguma relação
de sentido entre a imagem
estilizada dos dedos e as palavras
“digital” e “diferença”? Explique.
a) No texto, o autor retifica o que corriqueiramente se entende por “morte natural”? Justifique.
b) A que palavra ou expressão se referem, respectivamente, os pronomes destacados no trecho “Vejo que os filósofos lhe
assinam um limite bem menor do que o fazemos comumente”?
A
Página 2/14 − Caderno Reserva
PROVA 1
[01]
51
Questão 01
1
FUVEST 2018
OK
[02]
PROVA 1
Questão 02
1
FUVEST 2018
OK
4
Área Reservada
Não escreva no topo da folha
0000−00 04 880
Nós vivemos aqui que nem gado. Tem a cerca e nós não podemos sair dessa cerca. Tem que viver só do que tem dentro
da cerca. É, nós vivemos que nem boi no curral.
Paulo A. M. Isaac, Drama da educação escolar indígena BóeBororo.
a) Nos trechos “Tem a cerca...” e “Tem que viver...”, o verbo “ter” assume sentidos diferentes? Justifique.
b) Reescreva, em um único período, os trechos “Nós vivemos aqui que nem gado” e “nós não podemos sair dessa cerca”,
empregando discurso indireto. Comece o período conforme indicado na página de respostas.
Leia o texto.
Um tema frequente em culturas variadas é o do desafio à ordem divina, a apropriação do fogo pelos mortais. Nos mitos
gregos, Prometeu é quem rouba o fogo dos deuses. Diz Vernant que Prometeu representa no Olimpo uma vozinha de
contestação, espécie de movimento estudantil de maio de 1968. Zeus decide esconder dos homens o fogo, antes disponível para
todos, mortais e imortais, na copa de certas árvores os freixos porque Prometeu tentara tapeálo numa repartição da carne
de um touro entre deuses e homens.
Na mitologia dos Yanomami, o dono do fogo era o jacaré, que cuidadosamente o escondia dos outros, comendo
taturanas assadas com sua mulher sapo, sem que ninguém soubesse. Ao resto do povo – animais que naquela época eram
gente – eles só davam as taturanas cruas. O jacaré costumava esconder o fogo na boca. Os outros decidem fazer uma festa
para fazêlo rir e soltar as chamas. Todos fazem coisas engraçadas, mas o jacaré fica firme, no máximo dá um sorrisinho.
Betty Mindlin, O fogo e as chamas dos mitos. Revista Estudos Avançados. Adaptado.
a) O emprego do diminutivo nas palavras “vozinha” e “sorrisinho”, consideradas no contexto, produz o mesmo efeito de
sentido nos dois casos? Justifique.
b) Reescreva o trecho “Os outros decidem fazer uma festa para fazêlo rir (...). Todos fazem coisas engraçadas”, substituindo
o verbo “fazer” por sinônimos adequados ao contexto em duas de suas três ocorrências.
A
51 Página 4/14 − Caderno Reserva
PROVA 1
[03]
52
Questão 03
a)
4
b) O líder indígena disse que _________________________________________________________________
0
_________________________________________________________________________________________ 1
FUVEST 2018
OK
_________________________________________________________________________________________ 2
[04]
PROVA 1
Questão 04
1
FUVEST 2018
OK
4
Área Reservada
Não escreva no topo da folha
0000−00 06 220
Leia o texto.
No Brasil colonial, o indissolúvel vínculo do matrimônio, tal como ele era concebido pela Igreja Católica, nem sempre terminava
com a morte natural de um dos cônjuges. A crise do casamento assumia várias formas: a clausura das mulheres, enquanto os
maridos continuavam suas vidas; a separação ou a anulação do matrimônio decretadas pela Igreja; a transgressão pela
bigamia ou mesmo pelo assassínio do cônjuge.
Maria Beatriz Nizza da Silva, História da Família no Brasil Colonial. Adaptado.
b) Reescreva a oração “tal como ele era concebido pela Igreja Católica”, empregando a voz ativa e fazendo as adaptações
necessárias.
Leia o texto.
A complicada arte de ver
Ela entrou, deitouse no divã e disse: "Acho que estou ficando louca". Eu fiquei em silêncio aguardando que ela me
revelasse os sinais da sua loucura. "Um dos meus prazeres é cozinhar. Vou para a cozinha, corto as cebolas, os tomates, os
pimentões é uma alegria! Entretanto, faz uns dias, eu fui para a cozinha para fazer aquilo que já fizera centenas de vezes:
cortar cebolas. Ato banal sem surpresas. Mas, cortada a cebola, eu olhei para ela e tive um susto. Percebi que nunca havia visto
uma cebola. Aqueles anéis perfeitamente ajustados, a luz se refletindo neles: tive a impressão de estar vendo a rosácea de um
vitral de catedral gótica. De repente, a cebola, de objeto a ser comido, se transformou em obra de arte para ser vista! E o pior
é que o mesmo aconteceu quando cortei os tomates, os pimentões... Agora, tudo o que vejo me causa espanto."
Ela se calou, esperando o meu diagnóstico. Eu me levantei, fui à estante de livros e de lá retirei as "Odes Elementares",
de Pablo Neruda. Procurei a "Ode à Cebola" e lhe disse: "Essa perturbação ocular que a acometeu é comum entre os poetas.
Veja o que Neruda disse de uma cebola igual àquela que lhe causou assombro: 'Rosa de água com escamas de cristal'. Não,
você não está louca. Você ganhou olhos de poeta... Os poetas ensinam a ver".
Rubem Alves, Folha de S.Paulo, 26/10/2004. Adaptado.
b) Reescreva o trecho “Agora, tudo o que vejo me causa espanto.”, substituindo o termo sublinhado por “Naquela época” e
empregando a primeira pessoa do plural. Faça as adaptações necessárias.
A
52 Página 6/14 − Caderno Reserva
PROVA 1
[05]
53
Questão 05
1
FUVEST 2018
OK
[06]
PROVA 1
Questão 06
1
FUVEST 2018
OK
4
Área Reservada
Não escreva no topo da folha
0000−00 08 660
Não veem teus olhos lá o formoso jacarandá, que vai subindo às nuvens? A seus pés ainda está a seca raiz da murta*
frondosa, que todos os invernos se cobria de rama e bagos vermelhos, para abraçar o tronco irmão. Se ela não morresse, o
jacarandá não teria sol para crescer tão alto.
José de Alencar, Iracema.
* murta: arbusto, árvore pequena.
b) A frase “Se ela não morresse, o jacarandá não teria sol para crescer tão alto” pode ser entendida como uma alegoria do
processo de colonização do Brasil? Explique.
É de crer que D. Plácida não falasse ainda quando nasceu, mas se falasse podia dizer aos autores de seus dias: Aqui
estou. Para que me chamastes? E o sacristão e a sacristã naturalmente lhe responderiam: Chamamos te para queimar os
dedos nos tachos, os olhos na costura, comer mal, ou não comer, andar de um lado para outro, na faina, adoecendo e sarando,
com o fim de tornar a adoecer e sarar outra vez, triste agora, logo desesperada, amanhã resignada, mas sempre com as mãos
no tacho e os olhos na costura, até acabar um dia na lama ou no hospital; foi para isso que te chamamos, num momento de
simpatia.
Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas.
a) Podese afirmar que, neste excerto, além de resumir a existência de D. Plácida, o narrador expressa uma certa concepção
de trabalho? Justifique.
b) De que maneira o ritmo textual, que caracteriza a possível resposta dos sacristãos, colabora para a caracterização de D.
Plácida?
A
53 Página 8/14 − Caderno Reserva
PROVA 1
[07]
54
Questão 07
1
FUVEST 2018
OK
[08]
PROVA 1
Questão 08
1
FUVEST 2018
OK
4
Área Reservada
Não escreva no topo da folha
0000−00 10 318
A MÁQUINA DO MUNDO
(...)
Carlos Drummond de Andrade, Claro enigma.
*carpirse: lamentarse.
a) O ponto de vista do eu lírico em relação à “máquina do mundo” ilustra as principais características de Claro enigma?
Justifique.
É por isso que faço confiança nos angolanos. São uns confusionistas, mas todos esquecem as makas* e os rancores
para salvar um companheiro em perigo. É esse o mérito do Movimento, ter conseguido o milagre de começar a transformar os
homens. Mais uma geração e o angolano será um homem novo. O que é preciso é ação.
Pepetela, Mayombe.
*“makas”: questões, conflitos.
a) A fala de Comandante Sem Medo alude a uma questão central do romance Mayombe: um objetivo político a ser
conquistado por meio do Movimento. Qual é esse objetivo?
b) As “makas” e os “rancores” dos angolanos repercutem no modo como o romance é narrado? Explique.
A
54 Página 10/14 − Caderno Reserva
PROVA 1
[09]
55
Questão 09
1
FUVEST 2018
OK
[10]
PROVA 1
Questão 10
1
FUVEST 2018
OK
4
Área Reservada
Não escreva no topo da folha
0000−00 12 758
REDAÇÃO
As obras de arte assumem a função da representação da cultura de um povo desde os tempos mais remotos da história
das civilizações. É através delas que o ser humano transmite uma ideia ou expressão sensível. Contudo algumas obras de arte fogem
do conceito de retratação do belo e do sensível, parecendo terem sido feitas para chocar e causar polêmicas.
A principal obra do escultor inglês contemporâneo Marc Quinn é uma réplica de sua cabeça feita com cerca de 4,5 litros de
seu próprio sangue – extraído ao longo de cinco meses. Uma peça nova é feita a cada cinco anos, e elas ficam armazenadas em um
recipiente de refrigeração especialmente desenvolvido para elas.
http://gente.ig.com.br/cultura. Adaptado.
Graças aos seus três urubus, a obra “Bandeira Branca” é o acontecimento mais movimentado da 29ª Bienal [2010]. No dia
da abertura, manifestantes de ONGs de proteção aos animais se posicionaram diante da instalação segurando cartazes com dizeres
que pediam a libertação das aves. Chegaram a ser confundidos com a própria obra. “Me entristece o fato de que apenas os animais
estejam sendo ressaltados. Espalharam informações erradas sobre como os urubus estão sendo tratados”, lamenta Nuno Ramos. Na
obra, os urubus estão cercados por uma rede de proteção e têm como poleiro várias caixas de som que, de tempos em tempos, tocam
uma tradicional marchinha de carnaval. As aves tinham a permanência na Bienal autorizada pelo próprio Ibama, que, depois, voltou
atrás, alegando que as instalações estavam inapropriadas para a manutenção dos animais. Denúncias e proibições à parte, a obra de
Nuno Ramos ganha sentido e fundamentação apenas na presença dos animais. Sem eles, a obra perde seu estatuto artístico e vira
mero cenário, já que os animais são seus principais atores.
IstoÉ. 08/10/2010. Adaptado.
A exposição "Queermuseu Cartografias da Diferença na Arte Brasileira", realizada desde 15 de agosto no Santander
Cultural, em Porto Alegre, foi cancelada após protestos em redes sociais. A mostra ficaria em cartaz até 8 de outubro, mas o espaço
cultural cedeu às pressões de internautas. A seleção contava com 270 obras que tratavam de questões de gênero e diferença. Os
trabalhos, em diferentes formatos, abordam a temática sexual de formas distintas, por vezes abstratas, noutras, mais explícitas. São
assinados por 85 artistas, como Adriana Varejão, Candido Portinari, Ligia Clark, Yuri Firmesa e Leonilson.
Folha de S.Paulo. 10/09/2017. Adaptado.
Nos últimos dias, recebemos diversas manifestações críticas sobre a exposição “Queermuseu – Cartografias da diferença
na Arte Brasileira”.
Ouvimos as manifestações e entendemos que algumas das obras da exposição “Queermuseu” desrespeitavam símbolos,
crenças e pessoas, o que não está em linha com a nossa visão de mundo. Quando a arte não é capaz de gerar inclusão e reflexão
positiva, perdeu seu propósito maior, que é elevar a condição humana.
Por essa razão, decidimos encerrar a mostra neste domingo, 10/09. Garantimos, no entanto, que seguimos comprometidos
com a promoção do debate sobre diversidade e outros grandes temas contemporâneos.
https://www.facebook.com/SantanderCUltural/posts. Adaptado.
A arte é um exercício contínuo de transgressão, principalmente a partir das vanguardas do começo do século 20. Isso dá a
ela uma importância social muito grande porque, ao transgredir, ela aponta para novos caminhos e para soluções que ainda não
tínhamos imaginado para problemas que muitas vezes sequer conhecíamos. A seleção dos trabalhos dos artistas para a próxima
edição do festival [Videobrasil], por exemplo, me fez ver que os artistas estão muito antenados com as diversas crises que estamos
vivendo e oferecem uma visão inovadora para o nosso cotidiano e acho que isso é um bom exemplo.
Solange Farkas. https://www.nexojornal.com.br.
____________________________________________
Considerando as ideias apresentadas nos textos e também outras informações que julgar pertinentes, redija uma
dissertação em prosa, na qual você exponha seu ponto de vista sobre o tema: Devem existir limites para a arte?
Instruções:
A dissertação deve ser redigida de acordo com a normapadrão da língua portuguesa.
Escreva, no mínimo, 20 linhas, com letra legível e não ultrapasse o espaço de 30 linhas da folha de redação.
Dê um título a sua redação.
Rascunho da Redação
(Título)
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
000/000
FUVEST 2018
2ª Fase − Primeiro Dia (07/01/2018)
CAIXA
001
001/001
Identidade
001
001/001
FAÇO
U
UÁ
UA
B a PA
A O U
A
~
4. Uma foto sua será 9. A resposta de cada 13. v5, "w
*, "7 xK;>C9 y9C;?/ S
!" * "
!" -/ S * ^" q
#$%&'( $') -" * z+ ! {
* + , , não 7 " /
"+ -. 5,/ M, "7
5,
TVWXYZ[\]T / 10. Os espaços em 5,
6 q 7+ -"/
^ 7 "+ 5. & 0 12
24.01.2019. *3 )+4 -. / 14. S 7
5,/ S * -" -N
5 não será " - 1|/
WY\ÕXW 6. 6 " "7 5,/
89: 8;<=>; =?@=C9DCEG8; 15. v " ,
1. 'z q H= I<>; ;JKL/ M, -. 11. #5 7+ " 5,
* ./ N!/
5,/ -.5, **
2. %* 7. &" L=>C;
7 L=DQR=L 12. (" }
/ *3 * 5, z+
5,/ " -"/ S *
3. 6 -" 7+ 5,/
/ 8. ' * " rs s5,t
* , " "/ não 7 16. M " 0
" , Exemplo: caza casa/ 5,/ M, q+z "5,
/ S -" , +
M, -* 7 -/ 5 u2 *3
5,/ M, -" 5,/
q ,
" / /
_``bc_def_ gohijklmnijlp
Examine a tirinha.
I.
II. Art. 149 Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo o a trabalhos forçados ou a jornada
exaustiva, quer sujeitando o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua
locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto:
Pena reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente à violência.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2003/L10.803.htm
a) Explique a relação de sentido entre os trechos (I) “Escravidão no Brasil não é analogia” e (II) “Reduzir alguém a condição
análoga à de escravo”.
b) Qual a relação entre o uso da imagem sobre um fundo escuro e o texto do anúncio?
A
Página 2/14 − Caderno Reserva
PROVA 1
[01]
51
Questão 01
−
PROVA 1 FUVEST 2019
Questão 02
5
FUVEST 2019
−
Área Reservada
Não escreva no topo da folha
0000−00 04 880
I. A tônica é que os pequenos jogadores da equipe de futebol Javalis Selvagens estão tranquilos e até confortáveis, bem
cuidados na caverna pela numerosa equipe internacional que tenta retirálos dali, e que têm muita vontade de voltar a
comer seus pratos favoritos quando voltarem para casa.
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/07/07/internacional/1530941588_246806.html. Adaptado.
II. Bem, minha vida mudou muito nos últimos dois anos. O mundo que explorei mudou muito. Eu vi muitas paisagens diferentes
durante as turnês, e é realmente inspirador ver o quão grande é o mundo. Eu quero explorar e experimentar diferentes
partes da natureza, mas eu não gosto do deserto, sinto muito pelas plantas! Ou talvez eu goste disso… te deixa com sede
de olhar para ele…
http://portalaurorabr.com/2018/09/16/eu sou feminista porque sou mulher diz aurora em entrevista ao independent/
III.
a) Quanto ao sentido, a palavra “bem”, destacada nos três textos, desempenha a mesma função em cada um deles? Justifique.
b) Reescreva o trecho “Eu quero explorar e experimentar diferentes partes da natureza, mas eu não gosto do deserto, sinto
muito pelas plantas!”, empregando o discurso indireto e fazendo as adaptações necessárias. Comece o período conforme
indicado na folha de respostas.
Leia os textos.
Texto I
Devo acrescentar que Marx nunca poderia ter suposto que o capitalismo preparava o caminho para a libertação humana se
tivesse olhado sua história do ponto de vista das mulheres. Essa história ensina que, mesmo quando os homens alcançaram
certo grau de liberdade formal, as mulheres sempre foram tratadas como seres socialmente inferiores, exploradas de modo
similar às formas de escravidão. “Mulheres”, então, no contexto deste livro, significa não somente uma história oculta que
necessita se fazer visível, mas também uma forma particular de exploração e, portanto, uma perspectiva especial a partir da
qual se deve reconsiderar a história das relações capitalistas.
FEDERICI, Silvia, Calibã e a Bruxa: mulheres, corpo e acumulação primitiva. S.l.: Elefante, 2017.
Texto II
Em todas as épocas sociais, o tempo necessário para produzir os meios de subsistência interessou necessariamente aos homens,
embora de modo desigual, de acordo com o estádio de desenvolvimento da civilização.
MARX, Karl, O capital. São Paulo: Boitempo, 2017.
a) Existe diferença de sentido no emprego da palavra “homens” em cada um dos textos? Justifique.
A
51 Página 4/14 − Caderno Reserva
PROVA 1
[03]
52
Questão 03
_____________________________________________________________________________________________ −
_____________________________________________________________________________________________ −
PROVA 1 FUVEST 2019
_____________________________________________________________________________________________
−
Questão 04
5
FUVEST 2019
−
Área Reservada
Não escreva no topo da folha
0000−00 06 220
a) Levando em conta o período histórico em que a letra da música foi composta, justifique o uso do plural no terceiro verso.
b) A letra da canção apresenta características de qual gênero discursivo? Aponte duas dessas características.
Leia o texto.
Tio Ben cravou pouco antes de falecer: “grandes poderes nunca vêm sozinhos”. E não há responsabilidade maior do que tirar a
vida de alguém. Isso, no entanto, não significa que superheróis tenham a ficha completamente limpa. Na verdade, uma olhada
mais atenta nos filmes sobre os personagens confirma uma teoria não tão inocente – a grande maioria deles é homicida.
Foi pensando nisso que um usuário do Reddit, identificado como T0M95, resolveu planilhar os assassinatos que acontecem nos
filmes da Marvel. Nos 20 longas, que saíram nos últimos 10 anos, foram 65 mortes – e 20 delas deixaram sangue nas mãos dos
mocinhos.
Vale dizer que o usuário contabilizou apenas mortes relevantes à história: só entraram na planilha vítimas que tinham, pelo
menos, nome antes de baterem as botas. Nada de figurantes ou bonecos criados em computação gráfica só para dar volume a
uma tragédia. Ficaram de fora, por exemplo, as centenas que morreram durante a batalha de Wakanda, em “Vingadores:
Guerra Infinita”, ou a cena de “Guardiões da Galáxia” que se consagrou como o maior massacre da história do cinema.
https://super.abril.com.br/cultura/quantos assassinatos cada heroi e vilao da marvel cometeu nos cinemas. Adaptado.
a) Qual o sentido das palavras “cravou” e “planilhar” destacadas no texto e qual o efeito que elas produzem?
b) Substitua os doispontos do trecho “Vale dizer que o usuário contabilizou apenas mortes relevantes à história: só entraram
na planilha vítimas que tinham, pelo menos, nome antes de baterem as botas” por uma conjunção e indique qual a relação
de sentido estabelecida por ela.
A
52 Página 6/14 − Caderno Reserva
PROVA 1
[05]
53
Questão 05
−
PROVA 1 FUVEST 2019
Questão 06
5
FUVEST 2019
−
Área Reservada
Não escreva no topo da folha
0000−00 08 660
Os trechos seguintes foram extraídos do texto “Casas de cômodos”, que consiste em um apanhado de impressões recolhidas
pelo escritor Aluísio Azevedo. Leiaos para responder às questões.
I. Há no Rio de Janeiro, entre os que não trabalham e conseguem sem base pecuniária fazer pecúlio e até enriquecer, um tipo
digno de estudo – é o “dono de casa de cômodos”; mais curioso e mais completo no gênero que o “dono de casa de jogo”,
pois este ao menos representa o capital da sua banca, suscetível de ir à glória, ao passo que o outro nenhum capital
representa, nem arrisca, ficando, além de tudo, isento da pecha de mal procedido.
Quase sempre forasteiro, exercia dantes um ofício na pátria que deixou para vir tentar fortuna no Brasil; mas, percebendo
que aqui a especulação velhaca produz muito mais do que o trabalho honesto, tratou logo de esconder as ferramentas do
ofício e de fariscar os meios de, sem nada fazer, fazer dinheiro.
II. (...) há sempre uma quitandeira de quem o dono da casa de cômodos, começando por merecer a simpatia, acaba por
conquistar a confiança e o amor. Juntam se e, quando ela dá por si, está cozinhando e lavando para todos os hóspedes do
eleito do seu coração, sem outros vencimentos além das carícias, que lhe dá o amado sócio.
Assim chega a empresa ao seu completo desenvolvimento, e o dono da casa de pensão começa a ganhar em grosso,
acumulando forte, sem trabalhar nunca, nem empregar capital próprio, até que um dia, farto de aturar o Brasil, passa com
luvas o estabelecimento e retira se para a pátria, deixando, naturalmente também com luvas, a preciosa quitandeira ao seu
substituto.
Aluísio Azevedo, Casas de cômodos.
a) Que recurso da estética naturalista surge já no início das notas, feitas em razão do cotidiano nacional da época? Justifique.
b) Para o leitor de O Cortiço, salta à vista o aproveitamento que Aluísio Azevedo fez de parte dessas impressões ao conceber
a relação entre João Romão e Bertoleza. Há também, contudo, diferenças relevantes. Qual o fator que, central na sociedade
brasileira do século XIX, acentua o tom perverso do final do romance? Justifique com base no enredo.
I. E agora, para que cada um esteja prevenido e possa fazer as orações que mais lhe calharem, devo dizer o que é a relíquia...
(...)
Esmagada, com um rouco gemido, a Titi aluiu* sobre o caixote, enlaçando o nos braços trêmulos... Mas o Margaride coçava
pensativamente o queixo austero, Justino sumira se na profundidade dos seus colarinhos, e o ladino** Negrão escancarava
para mim uma bocaça negra, de onde saía assombro e indignação!
*desabou; ** espertalhão.
II. (...) a Titi tomou o embrulho, fez mesura aos santos, colocou o sobre o altar, devotamente desatou o nó do nastro*
vermelho; depois, com o cuidado de quem teme magoar um corpo divino, foi desfazendo uma a uma as dobras do papel
pardo... Uma brancura de linho apareceu...
*fita
a) As passagens acima são revelações de diferentes objetos, todos eles contemplados no romance como relíquias. Explicite a
que objetos cada um dos trechos se refere.
b) No último parágrafo do romance, Teodorico reflete: “... houve um momento em que me faltou esse descarado heroísmo
de afirmar, que, batendo na terra com pé forte, ou palidamente elevando os olhos ao céu – cria, através da universal ilusão,
ciências e religiões”. Qual dos três excertos melhor se aplica à reflexão de Teodorico? Justifique.
A
53 Página 8/14 − Caderno Reserva
PROVA 1
[07]
54
Questão 07
−
PROVA 1 FUVEST 2019
Questão 08
5
FUVEST 2019
−
Área Reservada
Não escreva no topo da folha
0000−00 10 318
Quartafeira, 10 de julho.
Meu pai é muito querido na família. Todos gostam dele e dizem que é muito bom marido e um homem muito bom. Eu gosto
muito disso, mas fico admirada de todo mundo só falar que meu pai é bom marido e nunca ninguém dizer que mamãe é boa
mulher. No entanto, no fundo do meu coração, eu acho que só Nossa Senhora pode ser melhor que mamãe.
Helena Morley, Minha vida de menina.
a) Os trechos acima se assemelham por serem retratos dos pais realizados por seus filhos: no primeiro deles, o menino Brás
Cubas; no segundo, a pequena Helena. Você concorda com essa afirmação? Justifique sua resposta com base nos tempos
verbais e na linguagem empregada em cada um deles.
b) Nos trechos acima, as expressões “O marido era na Terra o seu deus” e “só Nossa Senhora pode ser melhor que mamãe”
dão, respectivamente, exemplos de duas formas contrastantes de organização familiar, o patriarcado e o matriarcado. Você
concorda com essa afirmação? Justifique sua resposta com base em ambas as passagens.
Leia os textos.
– Eu acho que nós, bois, – Dançador diz, com baba – assim como os cachorros, as pedras, as árvores, somos pessoas soltas, com
beiradas, começo e fim. O homem, não: o homem pode se ajuntar com as coisas, se encostar nelas, crescer, mudar de forma e
de jeito… O homem tem partes mágicas… São as mãos… Eu sei…
João Guimarães Rosa, “Conversa de bois”. Sagarana.
Um boi vê os homens
Tão delicados (mais que um arbusto) e correm
e correm de um para o outro lado, sempre esquecidos
de alguma coisa. Certamente faltalhes
não sei que atributo essencial, posto se apresentem nobres
e graves, por vezes. Ah, espantosamente graves,
até sinistros. Coitados, dirseia não escutam
nem o canto do ar nem os segredos do feno,
como também parecem não enxergar o que é visível
e comum a cada um de nós, no espaço. E ficam tristes
e no rasto da tristeza chegam à crueldade.
(...)
Carlos Drummond de Andrade, “Um boi vê os homens”.
Claro enigma.
a) Em ambos os textos, o assombro de quem vê decorre das avaliações contrastantes sobre quem é visto. Justifique essa
afirmação com base em cada um dos textos.
b) O conto de Rosa e o poema de Drummond valem se de uma mesma figura de linguagem. Explicite essa figura e justifique
sua resposta.
A
54 Página 10/14 − Caderno Reserva
PROVA 1
[09]
55
Questão 09
−
PROVA 1 FUVEST 2019
Questão 10
5
FUVEST 2019
−
Área Reservada
Não escreva no topo da folha
0000−00 12 758
REDAÇÃO
Leia os textos para fazer sua redação.
O progresso, longe de consistir em mudança, depende da capacidade de retenção. Quando a mudança é absoluta, não
permanece coisa alguma a ser melhorada e nenhuma direção é estabelecida para um possível aperfeiçoamento; e quando a
experiência não é retida, a infância é perpétua.
George Santayana, A vida da razão, 1905, Vol. I, Cap. XII. Adaptado.
O Historiador
Veio para ressuscitar o tempo
e escalpelar os mortos, Essa escultura de um
as condecorações, as liturgias, as espadas, garoto negro foi esculpida
o espectro das fazendas submergidas, no tamanho real de uma
o muro de pedra entre membros da família, criança, com seus cabelos
o ardido queixume das solteironas, crespos, seu nariz largo,
os negócios de trapaça, as ilusões jamais confirmadas sua boca marcada. A
nem desfeitas. criança segura uma lata
Veio para contar por sobre sua cabeça, de
o que não faz jus a ser glorificado onde escorre uma tinta
e se deposita, grânulo, branca sobre seu corpo
no poço vazio da memória. feito de bronze.
É importuno,
Nexo Jornal, 13/07/2018.
sabese importuno e insiste,
rancoroso, fiel.
Carlos Drummond de Andrade, A paixão medida, 1981. Flávio Cerqueira, Amnésia, 2015.
A minha vontade, com a raiva que todos estamos sentindo, é deixar aquela ruína [o Museu Nacional depois do
incêndio] como memento mori, como memória dos mortos, das coisas mortas, dos povos mortos, dos arquivos mortos,
destruídos nesse incêndio. Eu não construiria nada naquele lugar. E, sobretudo, não tentaria esconder, apagar esse evento,
fingindo que nada aconteceu e tentando colocar ali um prédio moderno, um museu digital, um museu da Internet – não duvido
nada que surjam com essa ideia. Gostaria que aquilo permanecesse em cinzas, em ruínas, apenas com a fachada de pé, para
que todos vissem e se lembrassem. Um memorial.
Eduardo Viveiros de Castro, Público.pt, 04/09/2018.
Articular historicamente o passado não significa conhecêlo ‘como ele de fato foi’. Significa apropriarse de uma
reminiscência, tal como ela relampeja no momento de um perigo.
Walter Benjamin, Sobre o conceito de história,1940.
Considerando as ideias apresentadas nos textos e também outras informações que julgar pertinentes, redija uma dissertação
em prosa, na qual você exponha seu ponto de vista sobre o tema: De que maneira o passado contribui para a compreensão
do presente?
Instruções:
A dissertação deve ser redigida de acordo com a norma padrão da língua portuguesa.
Escreva, no mínimo, 20 linhas, com letra legível e não ultrapasse o espaço de 30 linhas da folha de redação.
Dê um título a sua redação.
Rascunho da Redação
(Título)
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
000/000
FUVEST 2019
2ª Fase − Primeiro Dia (06/01/2019)
CAIXA
001
001/001
Identidade
1
1/1
Quarenta e seis anos depois, a vietnamita que comoveu o mundo quer que sua foto contribua para a paz
Só vi esse registro muito tempo depois. Passei 14 meses no hospital, tratando as queimaduras. Quando voltei para casa, meu
pai me mostrou a foto, recortada de um jornal vietnamita: “Aqui está sua foto, Kim”. Olhei a foto e, meu Deus, como fiquei
envergonhada! Como eu estava feia! E pelada! Todos estavam vestidos, e eu, uma menina, estava sem roupa. Vi a agonia e dor
em meu rosto. Fiquei com raiva. Por que ele tirou aquela foto de mim? Era melhor não ter tirado nenhuma! Eu era só uma
criança, mas tinha de lidar com muita dor. Quanto mais famosa a imagem ficava, mais eu precisava encarar minha tragédia.
Kim Phuc Phan Thi, em depoimento a Ruan de Sousa Gabriel, 19/09/2018. Disponível em https://epoca.globo.com/.
A reinvenção da vírgula
No começo de 1902, Machado de Assis ficou desesperado por causa de um erro de revisão no prefácio da segunda
edição de suas Poesias completas. Dizem que chegou a se ajoelhar aos pés do Garnier implorando para que o editor tirasse o
livro de circulação. O aristocrático e impoluto Machado, quem diria. Mas a gralha era mesmo feia. O tipógrafo trocou o E por
A na palavra cegara, o revisor deixou passar, e vocês imaginam no que deu.
No nosso caso, o erro não foi nada de mais, nem erro foi para falar a verdade, apenas um acréscimo besta de pontuação,
talvez dispensável, ainda que de modo algum incorreto. Vai o revisor, fiel à ortodoxia da gramática normativa, e espeta duas
vírgulas para isolar um adjunto adverbial deslocado, coisa de pouca monta, diria alguém, mas suficiente para o autor sair
bradando aos quatro ventos que lhe roubaram o ritmo da sentença. Um editor experiente traria um cafezinho bem doce, a
conter o ímpeto dramático do autor de primeira viagem, talvez caçoando, “deixa de onda”, a lembrálo – valhame Deus! – que
ele não é nenhum Bruxo do Cosme Velho*. E assim lhe cortando as asas antes do voo.
* Referente a Machado de Assis.
Disponível em https://jornal.usp.br/artigos/a reinvencao da virgula/. Adaptado.
a) Qual o sentido da palavra “espeta”, destacada no texto, e qual o efeito que ela produz?
b) Explique o significado, no texto, da expressão “cortando as asas antes do voo”.
A
Página 2/14 − Caderno Reserva
PROVA 1
[01]
51
Questão 01
−
PROVA 1 FUVEST 2020
Questão 02
5
FUVEST 2020
−
Área Reservada
Não escreva no topo da folha
0000−00 04 880
Tenho utilizado o conceito de precariado num sentido bastante preciso que se distingue, por exemplo, do significado
dado por Guy Standing e Ruy Braga. Para mim, precariado é a camada média do proletariado urbano constituída por jovens
adultos altamente escolarizados com inserção precária nas relações de trabalho e vida social.
Para Guy Standing, autor do livro The Precariat: The new dangerous class, o precariado é uma “nova classe social” (o
título da edição espanhola do livro é explícito: Precariado: una nueva clase social). Ruy Braga o critica, com razão, salientando
que o precariado não é exterior à relação salarial que caracteriza o modo de produção capitalista, isto é, o precariado pertence
sim à classe social do proletariado, sendo tãosomente o “proletariado precarizado”. (...) Por outro lado, embora Ruy Braga (no
livro A política do precariado) esteja correto em sua crítica do precariado como classe social exterior à relação salarial, ele
equivocase quando identifica o precariado meramente com o “proletariado precarizado”, perdendo, deste modo, a
particularidade heurística do conceito capaz de dar visibilidade categorial às novas contradições do capitalismo global.
Giovanni Alves, O que é precariado?. Disponível em https://blogdaboitempo.com.br/. Adaptado.
O vídeo “Por que mentiras óbvias geram ótima propaganda” destaca quatro aspectos principais da propaganda russa: 1)
alto volume de conteúdo; 2) produção rápida, contínua e repetitiva; 3) sem comprometimento com a realidade; e 4) sem
consistência entre o que se diz entre um discurso e outro. Essencialmente, isso é o firehosing (fluxo de uma mangueira de
incêndio). O conceito foi concebido após cerca de seis anos de observação do governo de Vladimir Putin. No entanto, é
impossível não notar as semelhanças com as táticas discursivas de políticos ocidentais.
Para tentar inibir efeitos da tática, apenas rebater as mentiras disseminadas não é uma ação eficaz. Já mostrar outra
narrativa, tal como contar como funciona a criação de mentiras dos propagandistas, sim, seria um método mais efetivo. De
maneira simplificada, é o que o linguista norteamericano George Lakoff chama de verdadesanduíche: primeiro exponha o que
é verdade; depois aponte qual é a mentira e diga como ela é diferente do fato verdadeiro; depois repita a verdade e conte quais
são as consequências dessa contradição. A ideia é tentar desmentir discursos falsos sem repetilos.
Le Monde Diplomatique Brasil, “Firehosing: a estratégia de disseminação de mentiras usada como propaganda política”. Disponível em
https://diplomatique.org.br/. Adaptado.
a) De que maneira o conceito de firehosing aproxima se da imagem do fluxo de uma mangueira de incêndio?
b) Explique com suas palavras a metáfora “verdade sanduíche” usada pelo linguista George Lakoff.
A
51 Página 4/14 − Caderno Reserva
PROVA 1
[03]
52
Questão 03
−
PROVA 1 FUVEST 2020
Questão 04
5
FUVEST 2020
−
Área Reservada
Não escreva no topo da folha
0000−00 06 220
a) Indique o duplo sentido presente na manchete de capa da revista, explicitando os elementos linguísticos utilizados.
b) Explique como a imagem e o texto se combinam na construção do sentido.
Adaptados a esse idioma que se transforma conforme a plataforma, os memes e textões dominaram a rotina desta década
como modos de a gente rir, repercutir notícias, dividir descontentamentos, colocar o dedo em feridas, relatar injustiças e até se
informar. Entraram logo no vocabulário para além da internet: "virar meme", "dar textão". Suas características também
interferiram no jeito de compreender o mundo e expressar o que acontece à nossa volta. Viktor Chagas, professor e pesquisador
da Universidade Federal Fluminense (UFF), os vê como manifestações culturais de grande relevância para entender o período
e, também, como "extravasadores de afetos”. [...]
Por mais que o textão seja "ão", assim como o meme ele é uma expressão sintética típica de hoje, explica Viktor Chagas.
Mesmo o textão mais longo na verdade é um textinho: faz parte da lógica do espaço em que circula.
TAB UOL,“Vim pelo meme e era textão”. Disponível em https://tab.uol.com.br/. Adaptado.
a) Retire do texto dois argumentos que justifiquem a caracterização de “memes e textões” como “extravasadores de afetos”.
b) Em que sentido pode se afirmar que não há uma contradição no trecho “Mesmo o textão mais longo na verdade é um
textinho”?
A
52 Página 6/14 − Caderno Reserva
PROVA 1
[05]
53
Questão 05
−
PROVA 1 FUVEST 2020
Questão 06
5
FUVEST 2020
−
Área Reservada
Não escreva no topo da folha
0000−00 08 660
a) Identifique o evento diretamente relacionado à mudança de tratamento entre Comissário e Sem Medo.
b) “Sem Medo” não é um apelido aleatório. Justifique a afirmação com base em elementos do desfecho do romance.
Texto 1
Desde que a febre de possuir se apoderou dele totalmente, todos os seus atos, todos, fosse o mais simples, visavam um interesse
pecuniário. Só tinha uma preocupação: aumentar os bens. Das suas hortas recolhia para si e para a companheira os piores
legumes, aqueles que, por maus, ninguém compraria; as suas galinhas produziam muito e ele não comia um ovo, do que no
entanto gostava imenso; vendiaos todos e contentavase com os restos da comida dos trabalhadores. Aquilo já não era
ambição, era uma moléstia nervosa, uma loucura, um desespero de acumular, de reduzir tudo a moeda. E seu tipo baixote,
socado, de cabelos à escovinha, a barba sempre por fazer, ia e vinha da pedreira para a venda, da venda às hortas e ao capinzal,
sempre em mangas de camisa, de tamancos, sem meias, olhando para todos os lados, com o seu eterno ar de cobiça,
apoderandose, com os olhos, de tudo aquilo de que ele não podia apoderarse logo com as unhas.
Aluísio Azevedo, O Cortiço.
Texto 2
(...) Rubião é sócio do marido de Sofia, em uma casa de importação, à Rua da Alfândega, sob a firma Palha & Cia. Era o negócio
que este ia proporlhe, naquela noite, em que achou o Dr. Camacho na casa de Botafogo. Apesar de fácil, Rubião recuou algum
tempo. Pediamlhe uns bons pares de contos de réis, não entendia de comércio, não lhe tinha inclinação. Demais, os gastos
particulares eram já grandes; o capital precisava do regime do bom juro e alguma poupança, a ver se recobrava as cores e as
carnes primitivas. O regime que lhe indicavam não era claro; Rubião não podia compreender os algarismos do Palha, cálculos
de lucros, tabelas de preço, direitos da alfândega, nada; mas, a linguagem falada supria a escrita. Palha dizia coisas
extraordinárias, aconselhava o amigo que aproveitasse a ocasião para pôr o dinheiro a caminho, multiplicálo.
Machado de Assis, Quincas Borba.
a) Como o contraste entre os trechos “já não era ambição, era uma moléstia nervosa, uma loucura, um desespero de
acumular” e “não entendia de comércio, não lhe tinha inclinação”, respectivamente sobre as personagens João Romão e
Rubião, reflete distintas linhas estéticas na prosa brasileira do fim do século XIX?
b) A partir das diferentes esferas sociais e práticas econômicas referidas nos fragmentos, trace um breve paralelo entre as
trajetórias dos protagonistas nos dois romances.
A
53 Página 8/14 − Caderno Reserva
PROVA 1
[07]
54
Questão 07
−
PROVA 1 FUVEST 2020
Questão 08
5
FUVEST 2020
−
Área Reservada
Não escreva no topo da folha
0000−00 10 318
Observe as seguintes capas que o artista Santa Rosa desenhou para o livro Angústia, de Graciliano Ramos:
Capa da 2ª edição, 1941 Capa da 3ª edição, 1947
a) Comente o episódio figurado na capa de 1941, analisando a posição de Luís da Silva na cena.
b) Comente o episódio figurado na capa de 1947, analisando a posição de Luís da Silva na cena.
“Se quiséssemos recolher tudo o que já foi encontrado [da cruz de Cristo], daria para lotar um navio. O Evangelho conta que a cruz
podia ser levada por um homem. Encher a Terra com tamanha quantidade de fragmentos de madeira que nem 300 homens
aguentariam levar é uma desfaçatez”, já afirmava o teólogo francês Jean Calvino, profundamente cristão, em seu Tratado das
Relíquias, publicado em 1543. A observação de Calvino continua viva cinco séculos depois. Os pedaços da chamada Vera Cruz, a cruz
em que Jesus de Nazaré foi executado segundo a tradição cristã, são considerados relíquias de primeira categoria pela Igreja Católica,
mas aparentemente são tão numerosos que dão a impressão de que Cristo foi um gigante crucificado em dois troncos de sequoias.
Manuel Ansede, “Fragmentos da cruz de Cristo dariam para ´lotar um navio inteiro”. In: El país, Caderno “Ciência”. Março de 2016. Adaptado.
a) Identifique as personagens que atuam como narradoras em cada um dos excertos de Eça de Queirós.
b) É possível afirmar que o romance A Relíquia endossa a perspectiva adotada por Manuel Ansede a respeito de elementos
pertinentes à tradição cristã? Justifique.
A
54 Página 10/14 − Caderno Reserva
PROVA 1
[09]
55
Questão 09
−
PROVA 1 FUVEST 2020
Questão 10
a) (I) _____________________________________________________________________________________
(II) _____________________________________________________________________________________
(III) _____________________________________________________________________________________
5
FUVEST 2020
−
Área Reservada
Não escreva no topo da folha
0000−00 12 758
REDAÇÃO
Texto 1:
Texto 2: Somente numa sociedade onde exista um clima cultural, em que o impulso à curiosidade e o amor à descoberta sejam
compreendidos e cultivados, pode a ciência florescer. Somente quando a ciência se torna profundamente enraizada como um
elemento cultural da sociedade é que pode ser mantida e desenvolvida uma tecnologia progressista e inovadora, tornandose,
então, possível uma associação íntima e vital entre ciência e tecnologia. Essa associação é uma característica da nossa época
e certamente essencial para a manutenção de uma civilização com os níveis presentes de população e qualidade de vida.
Oscar Sala, O papel da ciência na sociedade. 1974. Disponível em http://www.revistas.usp.br/revhistoria. Adaptado.
Texto 4: Nós criamos uma civilização global em que os elementos mais cruciais – o transporte, as comunicações e todas as
outras indústrias, a agricultura, a medicina, a educação, o entretenimento, a proteção ao meio ambiente e até a importante
instituição democrática do voto – dependem profundamente da ciência e da tecnologia. Também criamos uma ordem em que
quase ninguém compreende a ciência e a tecnologia. É uma receita para o desastre. Podemos escapar ilesos por algum tempo,
porém mais cedo ou mais tarde essa mistura inflamável de ignorância e poder vai explodir na nossa cara.
Carl Sagan, 1996.
Texto 5: Algo muito estranho está acontecendo no mundo atual. Vivemos melhor que qualquer outra geração anterior. Pessoas
são saudáveis graças às ciências da saúde. Moram em residências robustas, produto da engenharia. Usam eletricidade, domada
pelo homem devido ao seu conhecimento de química e física. Paradoxalmente, essas mesmas pessoas ligam seus
computadores, tablets e celulares para adquirir e disseminar informações que rejeitam a mesma ciência que é tão presente em
suas vidas. Vivemos num mundo em que pessoas usam a ciência para negar a ciência.
Alicia Kowaltowski, Usando a ciência para negar a ciência. 2019. Disponível em https://www.nexojornal.com.br/. Adaptado.
Considerando as ideias apresentadas nos textos e também outras informações que julgar pertinentes, redija uma dissertação
em prosa, na qual você exponha seu ponto de vista sobre o tema: o papel da ciência no mundo contemporâneo.
Instruções:
A dissertação deve ser redigida de acordo com a norma padrão da língua portuguesa.
Escreva, no mínimo, 20 linhas, com letra legível e não ultrapasse o espaço de 30 linhas da folha de redação.
Dê um título a sua redação.
Rascunho da Redação
(Título)
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
0/0
FUVEST 2020
2ª Fase − Primeiro Dia (05/01/2020)
CAIXA
1
1/1
%%$#IIMMDDHHMMSS#$%%