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11º Ano Teste Areal 2018 PDF
11º Ano Teste Areal 2018 PDF
A (60 pontos)
1
obstáculo, dificuldade.
2
apoia.
3
cada um dos vasos que elevam a água na nora.
4
estimula.
5
abranda.
6
ansiava por.
1
Caiu a forca pavorosa aos olhos de Simão; mas os pulsos ficaram em ferros, o pulmão ao
ar mortal das cadeias, o espírito entanguido 8 na glacial estupidez dumas paredes salitrosas, e dum
pavimento que ressoa os derradeiros passos do último padecente, e dum teto que filtra a morte a
gotas de água.
O que é o coração, o coração dos dezoito anos, o coração sem remorsos, o espírito
anelante de glórias, ao cabo de dezoito meses de estagnação da vida?
O coração é a víscera, ferida de paralisia, a primeira que falece sufocada pelas rebeliões
da alma que se identifica à natureza, e a quer, e se devora na ânsia dela, e se estorce9 nas agonias
da amputação10, para os quais a saudade da ventura extinta é um cautério 11 em brasa; e o amor,
que leva ao abismo pelo caminho da sonhada felicidade, não é sequer um refrigério 12.
Ao deslaçar da garganta a corda da justiça, Simão Botelho teve uma hora de desafogo,
como que sentia o patíbulo 13 lascar14 entre os seus braços, e então convidou o coração da mulher
que o perdera a assistir às segundas núpcias da sua vida com a esperança.
Depois, a passo igual, a esperança fugia-lhe para as areias da Ásia, e o coração
entumecia-se15 de fel, o amor afogava-se nele, morte inevitável, quando não há abertura por onde
a esperança entre a luzir na escuridão íntima.
Esperança para Simão Botelho, qual?
A Índia, a humilhação, a miséria, a indigência 16.
E os anelos17 daquela alma tinham mirado 18 as ambições de um nome. Para a felicidade
do amor envidava19 as forças do talento; mas, além do amor, estava a glória, o renome e a vã
imortalidade, que só não é demência nas grandes almas e nos génios que se sentem previver nas
gerações vindouras.
Mas grinaldas de amor a escorrerem sangue dos espinhos, essas infiltram veneno
corrosivo no pensamento, apagam no seio a faísca das nobres afoitezas 20, apoucam a ideia que
abrangera mundos, e paralisam de mortal espasmo 21 os estos22 do coração.
Assim te sentias tu, infeliz, quando dezoito meses de cárcere, com o patíbulo ou o
degredo na linha do teu porvir, te haviam matado o melhor da alma.
Camilo Castelo Branco, Amor de Perdição, (cap. XIX), IN-CM, 2007, pp. 431-435.
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contrariedades.
8
enfezado, tolhido de frio.
9
contorce.
10
mutilação.
11
castigo violento.
12
consolo, alívio.
13
lugar onde os condenados sofrem a pena capital (por guilhotina, por forca, …).
14
quebrar-se.
15
enchia-se.
16
miséria.
17
desejo ardente.
18
apetecido, aspirado a.
19
empregava,
20
coragem.
21
êxtase.
22
ímpetos.
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1. Explicita a estrutura interna do texto, fundamentando a tua resposta.
2. Indica a presença, ao longo do texto, de dois interlocutores de níveis diferentes.
3. Caracteriza a personagem Simão Botelho e salienta como o seu comportamento
evidencia uma crítica e uma mudança na sociedade portuguesa.
B (40 pontos)
Lê o soneto de Camões.
Leitura | Gramática
Louvor de Garrett
3
Há coisas que o meio ambiente, o tempo histórico, o local onde estudamos nos
dão e que nos marcam para sempre. Entre as muitas coisas novas e diferentes que
então se praticavam no Pedro Nunes, havia um grupo de teatro. (…)
Aí – ou nas aulas de Português, mas é natural que ambas as experiências, a teatral
e a literária, se tenham complementado – devo ter caído na “poção mágica” do
Romeiro de Frei Luís de Sousa. Li o texto pela primeira vez quando tinha 13 ou 14
anos – e ainda não me refiz do fascínio inicial, aumentado pelas muitas releituras, não
sei quantas representações teatrais, filmes e telefilmes. Aquele Romeiro, aquela
“ameaça” à normalidade feliz do triângulo Maria-Madalena-Manuel de Sousa Coutinho,
foi para mim uma fonte de mistério, o sinal de uma coisa que mais tarde, muito mais
tarde, reconheceria como “desassossego” (O Livro do dito, convém que se recorde, só
foi conhecido em 1982). (…)
De forma evidentemente não consciente, o que o “Ninguém” do Romeiro me
deixava entrever é que, para lá do dito, do explícito, havia – há – no texto literário
um amplo espaço de indeterminação, o espaço do mistério, de um segredo que nos
cabe adivinhar ou (o que é ainda melhor) simplesmente reconhecer. (…)
Nessa altura, eu não sabia que algum fundo de verdade histórica existia naquele
punhado de retratos apenas esboçados por Garrett. É claro que só muito mais tarde
descobri em Manuel de Sousa Coutinho o soberbo prosador, cuja vida se dividiu entre
a aventura e a literatura, a esta tendo legado a magistral Vida de Dom Frei
Bartolomeu dos Mártires.
Quer dizer que, naquela indecisão histórica que a figura do Romeiro vem
transformar em autêntica tragédia, eu pressentia a vibração de uma outra literatura,
uma literatura que não se esgotava na aparência da sua imaginária “perfeição”,
porque os textos literários nos eram dados como coisas finais, definitivas. Ora, o Frei
Luís de Sousa foi, para mim, nessa altura, o primeiro texto “aberto” que me era dado
ler: o “suspense”, a emoção, o desconcerto, o excesso emocional, tudo estava lá, ou,
pelo menos, tudo eu imaginava lá figurar. (…)
O espaço de representação de Frei Luís de Sousa é atravessado por um vendaval
permanente: ninguém está bem naquele lugar, ninguém está bem no seu papel e, por
isso, Manuel de Sousa acaba por incendiar aquela casa, como se com isso quisesse
exorcizar pelo fogo a causa de toda a inquietude. (…)
Frei Luís de Sousa é o livro do desassossego português, antes de ser drama
histórico, narrativa amorosa ou tragédia sebastiana. Todas as personagens vivem um
mal-estar, cuja causa difusa, corporizada no fantasma de D. João de Portugal, é,
afinal de contas, “ninguém”. E qual de nós pode dizer que nunca se sentiu, ainda que
por instantes, prisioneiro deste desejo de não ser, neste momento em que existe? “Eu
só estou bem onde não estou”, lembram-se? E é preciso ler Frei Luís de Sousa em voz
alta, para ouvir o eco que o silêncio entre as palavras nos envia – ou a música que
faria da obra-prima de Garrett a ópera portuguesa por excelência.
Sei hoje – e sei dizê-lo – porque é que o Frei Luís de Sousa foi tão importante para
mim: a partir daí, a literatura passou a ser, aos meus olhos, o terreno onde se
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desenhava o risco dos limites e a experiência do indivisível. Com Garrett comecei a
aprender o que quer dizer, literariamente, ser moderno.
António Mega Ferreira, Público, 8 de fevereiro de 1999.
7. A palavra sublinha na frase “Sei hoje ‒ e sei dizê-lo ‒ porque é que o Frei Luís
de Sousa foi tão importante (…)” (l. 31) permite um mecanismo de
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(A) coesão lexical.
(B) coesão referencial.
(C) coesão frásica.
(D) coesão interfrásica.
"ler FLS em voz alta" é sujeito, sim (oração subord. subst. completiva); Na outra frase, vejo a relativa relativa "onde
estudamos", a subordinante e mais duas relativas restritivas - "que o meio ambiente... nos dão" e "que nos marcam...
sempre".
O ideal de beleza feminino é uma construção social que varia de época para época.
Atualmente, as figuras femininas excessivamente magras que dominam os circuitos da moda
poderão funcionar como padrão de beleza para personalidades menos estruturadas e fomentar
comportamentos miméticos que resultem em situações como a anorexia e a bulimia.
Para fundamentar o teu ponto de vista, recorre a dois argumentos, ilustrando cada um deles
com um exemplo concreto e significativo.