Você está na página 1de 19

XV Congresso Brasileiro de Sociologia

26 a 29 de julho de 2011 - Curitiba, PR

Grupo de Trabalho 22: Sexualidades, corporalidades e transgressões

Título do Trabalho: “Internet e mercado erótico: notas sobre pornografia e


controle

Carolina Parreiras, Unicamp

1
Internet e mercado erótico: notas sobre pornografia e controle

Carolina Parreiras1

Resumo

Em minha pesquisa de Doutorado abordo o tema dos vídeos pornôs


encontrados na internet para pensar sobre os possíveis impactos e
modificações proporcionados por esta tecnologia nos modos de
representação pornográfica. A escolha do on-line se deu a partir da
constatação do enorme crescimento e segmentação do mercado pornô
neste espaço, bem como das constantes tentativas nacionais e
transnacionais de controle do conteúdo veiculado na rede, cujos principais
pontos de discussão são a pornografia, a pedofilia e a pirataria. Assim
pretendo neste trabalho abordar as maneiras como o on-line atua no
mercado erótico, especialmente no Brasil, permitindo o aumento do
chamado altporn ou mesmo dos filmes amadores. Ao mesmo tempo,
proponho uma reflexão, ainda que inicial, sobre as variadas tentativas de
controle da internet, as quais, sem dúvida interferem no modo como este
mercado erótico aparece organizado.

Introdução

Desde seus primórdios nos anos 1990, a internet vem sendo associada
à veiculação de materiais ditos pornográficos: imagens, textos e vídeos. Nos
últimos anos, este processo passou a receber maior atenção, visto que o online
deixou de ser visto apenas como espaço onde vídeos e imagens podem ser

1
Doutoranda em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas (Área de Gênero e
Sexualidade) com orientação da professora doutora Maria Filomena Gregori e financiamento
da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).
carolparreiras@gmail.com

2
alocados e passou a ser também um local de geração de produções muito
específicas e possíveis apenas a partir das novas tecnologias.

Neste sentido, tornam-se populares a chamada pornografia alternativa


(ou altporn) e as produções amadoras. Em minha pesquisa de doutorado,
venho tentando compreender de que modo o online atua no mercado
pornográfico brasileiro, proporcionando uma maior segmentação e também a
geração de estéticas e estilos diversos, os quais não se resumem apenas à
pornografia.

Por outro lado, a popularização da Internet – com o crescimento da


quantidade de acessos e de usuários e as incessantes inovações tecnológicas
– traz também discussões sobre as maneiras como o online tem sido utilizado
e que práticas são nele adotadas. Um dos pontos que mais desperta atenções
refere-se às tentativas nacionais e transnacionais de gerenciar e controlar os
acessos estabelecendo regras e normas de conduta específicas para o online.
Isto inclui, por exemplo, a proposição de leis, de códigos de conduta e pactos
jurídicos que envolvem governos, provedores de acesso e de conteúdo e que,
sem dúvida, trarão implicações consideráveis nos usos feitos na e da Internet.
Para minha pesquisa interessam dois pontos específicos: a pirataria e a
pornografia infantil.

Assim a proposta deste paper se divide em duas frentes: em um primeiro


momento tento, ainda que de modo inicial e panorâmico, apresentar parte das
discussões relativas ao controle e regulamentação das práticas online e de que
modo isto afeta a realização da pesquisa – visto que eu também estou em
constate trânsito e sujeita às mesmas penalizações – e a produção dos vídeos
em si. Na segunda parte, apresento alguns dados etnográficos resultantes da
observação e interação com os sujeitos envolvidos na produção de pornografia
alternativa no Brasil. No último ano tenho acompanhado grande parte do
processo de produção dos vídeos e imagens, bem como o modo como os
conteúdos disponibilizados no site da produtora – a única do gênero no país –
são concebidos. Pretendo iniciar uma discussão sobre categorias

3
classificatórias e também sobre a própria ideia contida na denominação
“alternativo”.

Internet e controle: pornografia e pornografia infantil

Acredito que grande parte das pesquisas realizadas na e da internet se


defrontam com uma questão inicial muito semelhante: a dificuldade de definir
metodologias de pesquisa, bem como de recortes empíricos. Isto porque se
trata de um espaço de difícil mapeamento, principalmente quando se fala em
pesquisas qualitativas. As aferições quantitativas talvez gozem de uma situação
um pouco melhor, até porque grande parte dos programas hoje permite
contagem de acessos ou mesmo a localização geográfica dos locais de ondem
partem os mesmos. Ainda assim, estes dados são bastante imprecisos.
Como, então, lidar com um contexto marcado por imprecisões,
mudanças constantes, deslocamentos e fluidez? Esta pergunta me persegue
desde o mestrado e creio não possuir qualquer tipo de resposta imediata,
mesmo se tomar como ponto de apoio os trabalhos mais recentes sobre as
muitas facetas e utilizações da internet. Em minha pesquisa anterior sobre as
relações entre homens que se relacionam afetiva e sexualmente com outros
homens e que fazem parte de uma comunidade de um programa de
relacionamentos (Orkut – www.orkut.com) mostrou-se mais interessante e
viável a realização de um estudo de caso2. Mas para o doutorado dificilmente
seria possível a aplicação da mesma estratégia, concentrando as análises e
observações em apenas um site ou uma comunidade de consumidores ou
produtores de pornografia on-line.
E foi com este pensamento que iniciei minha incursão em campo: tentar
entender as circulações envolvidas na produção, distribuição, divulgação e
consumo de representações pornográficas na internet. Apesar de já possuir um
conhecimento prévio de alguns sites que disponibilizam pornografia – paga e
gratuita – decidi partir de algo menos localizado, até mesmo para colocar à

2
Para maiores detalhes ver Parreiras (2008). No primeiro e no segundo capítulos descrevo e
analiso os caminhos que me levaram à escolha de apenas uma comunidade, bem como minha
entrada no grupo.
4
prova a medida em que conseguiria acompanhar as possíveis redes e
deslocamentos.
Optei por tentar realizar um mapeamento de parte das discussões
realizadas sobre pornografia. Para isso, cadastrei algumas palavras-chave em
uma ferramenta disponibilizada pelo Google – o Google Alerts – e passei a
receber diariamente em meu e-mail as menções que estas palavras recebiam
em sites ou blogs. Foi deste modo que cheguei às associações entre
pornografia e pornografia infantil e à decisão de discutir na tese as variadas
tentativas nacionais e transnacionais de regular o conteúdo veiculado na web,
bem como tipificar o que seriam cibercrimes e como policiar as atividades. De
certa maneira, as questões relativas à regulamentação das atividades online
fornecem um contexto mais amplo para aquilo que pretendo discutir: as
interfaces possíveis entre pornografia e internet.

Só para dar uma ideia do peso da pornografia online: de acordo com


algumas pesquisas quantitativas, cerca de 40% das atividades realizadas on-
line envolvem algum conteúdo pornográfico. Uma das pesquisas neste sentido,
conduzida pela HitWise em 2008 (empresa de consultoria e marketing on-line),
calcula que cerca de 10% das buscas feitas pelos internautas envolvem
pornografia (sex e porn aparecem como algumas das palavras mais
procuradas no Google). Outras pesquisas3 feitas em 2009 afirmam que em
média 43% dos usuários da internet ao redor do mundo acessam material
considerado pornográfico e que 35% de todos os downloads realizados
envolvem pornografia.
O que a pesquisa de campo tem mostrado é que não é possível discutir
pornografia online sem passar pelo tema da pornografia infantil. Isto porque
aquilo que for legalmente sancionado, seja para o Brasil ou em termos

3
Estas pesquisas são realizadas anualmente com os mais diversos fins. Em geral, os
responsáveis pelos levantamentos são empresas de consultoria, órgãos governamentais,
organizações anti-pornografia (a principal delas é a National Coalition for the Protection of
Children & Family, sediada nos Estados Unidos), jornais e revistas ou mesmo as empresas
envolvidas na produção e distribuição de conteúdo pornográfico. Sem dúvida, os dados primam
pela inexatidão e muitas vezes pela falta de neutralidade, o que faz com que devam ser
olhados com cuidado. Isto se deve aos interesses envolvidos na execução dos levantamentos
e na já apontada dificuldade de mapear a web. Para maiores informações ver
www.nationacoalition.org; http://www.cnbc.com/id/29960781/;
http://www.pbs.org/wgbh/pages/frontline/shows/porn/business/.
5
internacionais, afetará a maneira como a internet passará a ser utilizada,
criando um domínio de condutas permitidas e legítimas. Tudo que estiver fora
deste domínio poderá ser enquadrado como violação à norma e, portanto,
criminalizado e punido.
As reflexões realizadas por Rubin (1984) podem ser valiosas para ajudar
a entender este contexto de discussões sobre direitos sexuais. Ela mostra que,
durante o século XIX na Inglaterra e nos Estados Unidos, houve o surgimento
de diversos movimentos sociais de combate aos vícios: movimento pró-
castidade, eliminação da prostituição, anti-masturbação, ataques à literatura e
condutas obscenas, anti-aborto e anti-controle de natalidade. Havia, como ela
afirma, uma cruzada pela moral apoiada em todo um aparato social, médico e
jurídico. Ela mostra que na década de 50 foi feita uma revisão das leis e
moralidades do século XIX. É neste período também que surgiu a figura do
“criminoso sexual” (sex offender), termo utilizado para nomear estupradores e
praticantes de abusos contra a criança.
Na década de 70, houve um aumento do que Rubin chamou de “histeria
erótica”, sendo que o grande alvo de proteção passou a ser as crianças.
Apesar da revisão de várias leis anti-obscenidade – a nudez e atividade sexual
per se não eram mais consideras obscenas -, ocorreu um incremento das
cruzadas pró-moralidade, graças ao pânico moral gerado por quaisquer
atitudes que ferissem a sexualidade de crianças e adolescentes. As primeiras
leis sobre pornografia infantil são deste período e definem como obsceno
qualquer representação de menores nus ou envolvidos em atividade sexual. A
posse destes materiais é, assim, considerada crime.
Uma observação a ser feita é que o atual pânico moral em torno da
chamada pornografia infantil – ou pedofilia4 – não é algo novo ou recente. A
caça às bruxas promovida atualmente contra os pedófilos também não o é.
Talvez o que esteja acontecendo agora é uma atualização destas situações,

4
Landini (2004) propõe pensar sobre os termos pedofilia e pornografia infantil a partir do modo
como são utilizados pelos operadores do direito e também em reportagens veiculadas pela
mídia impressa. Ela mostra que pornografia infantil e pedofilia não são sinônimos: pedofilia está
ligada a uma classificação clínica, enquanto pornografia infantil a uma classificação legal. Outro
texto importante é o de Ian Hacking (2002) no qual ele mostra como a categoria abuso de
crianças foi construída e socialmente moldada. De acordo com ele, a criação da categoria foi
seguida de uma nova legislação e outras práticas de diversos profissionais.
6
com a introdução da internet, dotada de alto potencial agregador e que permite
uma acessibilidade e comunicação sem precedentes. Isto facilita, por exemplo,
a formação de redes de pedófilos. Eles têm a possibilidade de se organizar em
comunidades hospedadas em fóruns ou programas de relacionamento e, deste
modo, podem trocar experiências e materiais – fotos e vídeos - com mais
facilidade. Também se utilizam grandemente de ferramentas como torrents5 e
sites de compartilhamento6 de arquivos para disponibilizar conteúdos com
pornografia envolvendo crianças.
Nesta caçada à pornografia infantil os grupos pró-moralidade estão
bastante atuantes em várias partes do mundo. Sua principal bandeira é a
defesa da família, considerada o bastião da sociedade, e de sua integridade.
Muitas destas organizações possuem ligação com doutrinas religiosas e, em
muitos locais, conseguem exercer um papel político importante. Um ponto a se
considerar é que muitos destes movimentos vem se dedicando ao combate dos
vícios e da imoralidade na internet. Os principais argumentos são o combate à
pornografia e à pornografia infantil, responsáveis, no primeiro caso, por destruir
casamentos/relacionamentos e no segundo por atacarem a inocência infantil.
Como se pode ver, a preocupação em torno da internet só tem crescido
nos últimos anos. Os pais são constantemente alertados para os perigos em
potencial que as relações estabelecidas on-line podem trazer aos seus filhos e
são ensinados a adotar métodos de segurança – que normalmente bloqueiam
páginas consideradas impróprias – e de controle nos acessos. Tem sido cada
vez mais comum se deparar com notícias de prisões de pessoas pegas
fazendo troca de materiais com pornografia infantil ou formando redes de
distribuição destes materiais. A ordem do momento é que a internet precisa ser
controlada.
Outro modo de fazer valer este controle é a criação de leis específicas
para as relações e condutas on-line. As iniciativas neste sentido são globais e
há uma pressão popular para que algo de concreto seja feito contra a
proliferação do abuso sexual de crianças e sua visibilização na internet. Mas

5
Os torrents funcionam a partir da transferência direta de dados entre redes de computadores,
conhecidas como P2P (peer to peer). O arquivo vai sendo baixado em partes de diferentes
usuários (chamados de seeds) que estiverem on-line naquele momento.
6
Os mais conhecidos são o Rapidshare, Megaupload, 4shared, Badongo, MediaFire.
7
estas iniciativas se defrontam com um grande problema: é bastante complicado
estabelecer controle sobre algo não mensurável e que é marcado por uma
grande dose de imanência. Legislar sobre um espaço, uma mídia, um ambiente
de sociabilidade que nem mesmo se consegue tipificar é uma tarefa das mais
árduas e polêmicas. A pornografia infantil na internet é uma realidade. Os
efeitos causados por ela também o são. Mas como estabelecer até onde o
controle deve ir? Até onde o Estado tem o direito de legislar? E depois de se
estabelecerem leis, como operacionalizar seu cumprimento?
No Brasil há uma grande mobilização no sentido de investigar e punir os
acusados de pedofilia. Desde março de 2008, está em atividade a chamada
CPI da Pedofilia, uma iniciativa do senador Magno Malta. Uma das primeiras
frentes de ação desta CPI tem sido o policiamento da internet. Em dezembro
de 2008, foi sancionado pelo presidente Lula o projeto de lei que aumenta a
punição e a abrangência dos crimes de pedofilia on-line: aumento de 6 para 8
anos na pena para crimes de pornografia infantil; criminalização da posse,
distribuição, aquisição e divulgação de material pornográfico envolvendo
crianças. Outra ação da CPI foi o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC)
entre o Governo brasileiro e a empresa Google. O objetivo do Termo é policiar
o Orkut, programa de relacionamentos do Google e um dos meios mais
utilizados no Brasil para troca e distribuição de materiais com pornografia
infantil. O Google se comprometeu a enviar à Polícia Federal e ao Ministério
Público dados7 de usuários que supostamente estivessem violando as regras
de conduta e se engajando em redes de pedofilia. Além do Google, foi firmada
uma parceria com provedores de acesso, sendo que eles tem que enviar aos
órgãos governamentais as informações solicitadas sobre usuários sob
investigação de pedofilia. A CPI conta ainda com o apoio – primordial a meu ver
– de uma Ong chamada Safernet. Através dela podem ser feitas denúncias de
uma série de crimes cometidos on-line (os cybercrimes): pornografia infantil,
racismo, apologia e incitação de crimes contra a vida, xenofobia, neo-nazismo,
maus tratos contra animais, intolerância religiosa, homofobia e tráfico de
pessoas.
7
O Termo prevê que estes dados devem ser armazenados por 6 meses. Normalmente a
identificação dos usuários é feita pelo IP, número de protocolo gerado toda vez que um
computador se conecta à rede e que permite sua localização geográfica.
8
Em relação à pornografia infantil ela é assim tipificada na atual
legislação brasileira:

Pornografia infantil significa qualquer representação, por qualquer


meio, de uma criança envolvida em atividades sexuais explícitas
reais ou simuladas, ou qualquer representação dos órgãos
sexuais de uma criança para fins primordialmente sexuais - Art. 2
alínea c do Protocolo Facultativo à Convenção sobre os Direitos
da Criança referente à venda de crianças, à prostituição infantil e
à pornografia infantil, adotado em Nova York em 25 de maio de
2000 e Ratificado pelo Brasil através do DECRETO No 5.007,
DE 8 DE MARÇO DE 2004.
A legislação brasileira em vigor tipifica como crime a conduta de
Apresentar, produzir, vender, fornecer, divulgar ou publicar, por
qualquer meio de comunicação, inclusive rede mundial de
computadores ou internet, fotografias ou imagens com pornografia
ou cenas de sexo explícito envolvendo criança ou adolescente -
Art. 241 do Estatuto da Criança e do Adolescente.

Acredito que este debate está apenas começando e tende a se acirrar


nos próximos anos. Tentei trazer aqui algumas questões que apareceram até o
momento e que fornecem indícios a serem aprimorados. Em meio a este
campo de disputas, não vejo como uma pesquisa que pretende estudar
pornografia na internet possa fugir de debater pornografia infantil, visto que
este tema é uma preocupação das pessoas ligadas à pornografia e que não
querem ser associadas a uma prática considerada criminosa. Por isso o
esforço de variados de sites de reiterar que só veiculam vídeos e fotos de
pessoas com maioridade legal e que consentiram em participar das atividades
mostradas. Torna-se relevante na medida em que cada vez mais há uma
tentativa de controlar conteúdos. Como afirmei anteriormente é muito difícil
tipificar estes conteúdos a serem controlados, o chamado “lado negro8” da

8
Utilizo o termo “lado negro” utilizando a nomenclatura sugerida pelo pesquisador norte-
americano Michael Bergman. Este lado negro da internet – também chamado de “internet
9
internet. De algum modo, os X-sites 9ou programas que permitem a troca de
vídeos pornográficos podem ser atingidos e isto afetaria os futuros rumos desta
investigação. Por fim, é uma preocupação também metodológica porque nos
sites de pornografia mainstream e gratuita que me propus a estudar, já me
deparei repetidas vezes com vídeos de pornografia infantil. Por mais que se
tente controlar sua proliferação, eles estão presentes e me colocam
importantes questões éticas10 que influem em meu posicionamento em campo.

Altporn, mainstream, amador, kink: pornografias, internet e


categorizações

Minha proposta central é a tentativa de entender a divisão dos materiais


e representações pornográficos encontrados online em mainstream e
alternativo, tentando perceber quais as convenções de gênero e sexualidade
mobilizadas em ambos. De modo geral, é chamada de mainstream a
pornografia produzida com fins deliberadamente comerciais e composta por
práticas e atos sexuais muito específicos e padronizados. Já pornografia
alternativa seria a tentativa de fazer produções não enquadrada nos moldes
tradicionais e referendados. Há a reiteração de que os corpos apresentados
fogem das convenções estéticas e de beleza referendadas, presentes nos
filmes pornô mainstream. Assim, são mostradas mulheres e homens acima do
peso, com tatuagens e outros tipos de body modification, a depilação
(especialmente da virilha) não é obrigatória. Além disso, as práticas sexuais
apresentadas tentam quebrar com a lógica mainstream da mulher submissa e,
ao mesmo tempo, sempre pronta para o sexo, mostrando cenas que se
aproximariam mais da realidade. De modo geral, há um apelo para o fato de

profunda” ou “internet invisível” - seria formado por plataformas paralelas que distribuiriam
anonimamente todos os tipos de conteúdos. Um exemplo é o Freenet, um software que permite
diversas atividades e tem sido local para hospedagem de pornografia infantil, troca de vírus,
agregador de grupos terroristas, entre outros. De todo modo, é um local da internet ainda
pouco estudado e de difícil definição.
9
Termo genérico para nomear os sites que veiculam pornografia.
10
Como a pornografia infantil é crime e qualquer apologia ou conivência com tais atitudes
também seriam, sempre que me deparo com fotos ou vídeos envolvendo crianças recorro ao
Safernet e efetuo a denúncia, indicando o link do site, uma breve descrição do conteúdo, data,
horário e meu IP de acesso.
10
que estas pessoas e seus atos estariam mais próximos daquilo que as pessoas
realmente fazem em suas intimidades.
Para explicar minha opção por alguns sites, acredito que faz sentido
pensar em uma diferenciação dos materiais pornográficos encontrados online.
Paasonen (2010) chama a atenção para a existência de duas possibilidades –
estéticas, políticas, econômicas e tecnológicas: o porn on the net e o netporn.
O porn on the net seria uma reciclagem de vídeos, textos e imagens
pornográficos e sua alocação em sites. Não são materiais pornográficos
produzidos especificamente para a internet e podem ser facilmente
encontrados em sites de acesso gratuito similares ao YouTube. Associado
comumente com o que se chama de indústria pornográfica, é marcado pela
estandardização, consumo passivo e lógica da mesmice.
Já o netporn se caracteriza por representar pornografias próprias das
plataformas e redes online. Os maiores exemplos são o altporn e os vídeos
amadores. Alguns pontos são marcantes quando se fala em pornografia
produzida especificamente para a internet e com as possibilidades fornecidas
pelas novas tecnologias: revisão das fronteiras entre produtores e
consumidores, crescimento na quantidade de manifestações alternativas ou
independentes, tentativa de modificação nas convenções do pornô mais
convencional, referencial queer e não-normativo, busca de quebrar com
práticas consideradas opressoras e encontradas no mainstream (exemplo é a
pornografia feminista), resistência à comodização.
Ainda que se estabeleçam estas duas tipificações cabe salientar que as
fronteiras entre elas são tênues e estão sendo negociadas em diferentes
contextos. Não é possível dizer, por exemplo, que toda pornografia alternativa
não visa ser comercial ou gerar dividendos. O que ocorre é a formação de
novos mercados com um público consumidor de cada um dos vários tipos de
produções e das estéticas próprias de cada uma delas. Assim,

Alternative pornographies (i.e. netporn) have, from kink sites to


subcultural pornographies, fed back to the imageries of
commercial pornography (porn on the net) that they apparently
subvert. If independent pornographies appropriate poses and
11
elements from the so-called mainstream while abandoning or
disregarding others, this is also the case vice versa. (Paasonem,
2010, p. 1301)

Sem dúvida, o que mais me interessa é entender as práticas próprias do


online e que, de algum modo, foram possíveis ou facilitadas pela Internet.
Através de um blog e de um evento pornográfico realizado dentro de uma feira
erótica na cidade de São Paulo, cheguei à única produtora de pornografia
alternativa do país – a XXXP11.
A XXXP é apenas um dos braços (o mais conhecido) de uma produtora
de vídeos chamada Red Light. Além da XXXP, dedicada ao altporn, a empresa
é composta pela Fetxxx (Real BDSM powerplay, submissive beautiful women,
slaves, fendom, submissive males violated by beautiful dominatrices, hot piss
on wet pussy, slave training, an anal playground) e pela FSxxx - o ramo mais
lucrativo financeiramente - (flagras, amadores, putaria, bandalheira e
safadeza). Recentemente eles lançaram também um site chamado BPxxx
(Encontre a mulher que você procura), dedicado à busca de atrizes pornô.
Neste site estão perfis das atrizes com seus contatos e modos como podem
ser encontradas: telefones, Twitter, 12Orkut, Facebook, site pessoal e, caso elas
também atuem como garotas de programa ou acompanhantes, link para suas
avaliações no GP Guia.
Graças ao Twitter consegui contatos com as pessoas ligadas à
produtora: os donos, as duas pessoas envolvidas com a produção em si e com
atrizes. Tenho acompanhado estas pessoas e a produção dos vídeos e

11
O nome da produtora, bem como de todos os colaboradores da pesquisa foram modificados
para evitar ao máximo sua exposição. Ao longo do texto eles serão assim referidos.
12
Criado em 2006, o Twitter foi concebido para ser um programa de microblogging, permitindo
postagens de até 140 caracteres. De maneira geral é uma rede de informações em tempo real
construída através das postagens de seus usuários. Deste modo, se caracteriza por ser
bastante dinâmico e permitir uma interligação global de pessoas que produzem e consomem
informações em tempo real. Vem do princípio de gerar e propagar informações a aplicação do
termo mídia social para nomeá-lo. Inicialmente, a cada postagem a pessoa respondia à
pergunta “What are you doing”, mas a partir das apropriações diversas que os usuários
passaram a fazer da ferramenta – compartilhar não apenas seu cotidiano, mas também fotos,
links, sua localização, trocar mensagens e estabelecerem conversações - esta pergunta foi
substituída em 2009 por “What's happening?”.

12
imagens (e mesmo a montagem do site) a fim de entender parte do processo
necessário até que os vídeos cheguem ao online. Acredito que cabe aqui
contar um pouco da história da produtora e descrever os sites, a fim de
entender suas atuais propostas.
Não são novidade pesquisas que tentam entender o modo como as
representações pornográficas são produzidas e concebidas, focalizando nos
momentos que acontecem longe das câmeras e das edições pelas quais os
vídeos e imagens passam. No Brasil, o principal estudo é o de Benítez (2010),
no qual ela mostra os bastidores da indústria pornográfica mainstream
nacional.
Confesso que não estava nos meus planos de pesquisa enfocar a
produção, os bastidores ou qualquer contexto fora do online. Mas ao longo do
campo, o que aconteceu foi exatamente isto: acabei tendo acesso ao processo
de produção dos vídeos e construção dos sites de pornografia alternativa. Ao
acompanhar os trânsitos, os fluxos e as circulações das pessoas envolvidas na
concepção e realização do altporn acredito que acabo tendo um momento
privilegiado para compreender o modo como tudo isto chega ao online e pode
existir a partir dele.
A XXXP – descrita em uma postagem do Twitter como um “experimento”
- foi criada em 1998 por três amigos (Rufião, Barbellax e Tatão) que resolveram
abandonar sua banda de punk e fazer um vídeo pornográfico, chamado “Plastic
Lesbians”, com bonecas Barbie. O fazer vídeos só se tornou um negócio nos
anos 2000, sendo que durante alguns anos eles produziram materiais que
eram distribuídos em DVD por empresas ligadas ao mainstream. No item
“About” no site eles tentam definir o que fazem:

A XXXP é a reunião de três caras e diversos grupos de pessoas


que juntos produzem pornografia. Nada do que fazemos é arte.
Podemos nos apropriar do trabalho de outros artistas, mas tudo
que passa por aqui se transforma em pornografia. Ignoramos o
que chamam de erotismo ou nudez artística. O erotismo é a
pornografia dos oprimidos. (…) Acreditamos em conexões, por
isso contamos com outras pessoas e grupos para tornar tudo o
13
que fazemos mais interessante: bandas, estilistas, poetas,
prostitutas, webdevelopers, escritores, amigos bêbados,
jornalistas, strippers, designers, dançarinas, engolidoras de fogo,
fotógrafos, atrizes e atores da indústria pornográfica, camelôs,
locutores, videomakers, enfim, uma revoada de desajustados.

Fica clara a ideia de unir pessoas de diversas origens e posicionadas em


diferentes lugares em torno da produção de pornografia. Este foi um dos
primeiros pontos que me chamaram a atenção, não apenas por estar no site e
ser reafirmado nas postagens do Twitter, mas também nas conversas e
entrevistas. Por detrás do empreendimento, há a vontade de criar em torno do
pornô alternativo uma comunidade de pessoas que partilham de certas ideais e
gostem de uma determinada estética.
Esta estética tem como objetivo inicial fugir dos ditames - de corpos,
sexualidades, desejos e prazeres - da pornografia mais convencional, mas não
se resume apenas a ela. Envolve um estilo de vida com músicas, jeitos de
vestir, lugares e pessoas que consomem este estilo. Veio daí a decisão de
reformular o site da XXXP e transformá-lo em uma plataforma mais interativa.
Este site ainda não está no ar, mas em uma das visitas à produtora, pude ver a
prévia. Aproveitando as possibilidades da web 2.013, a ideia é interligar pessoas
que de algum modo estão envolvidas com a pornografia, sejam elas
produtores, atrizes e atores, fotógrafos, bandas que queiram atrelar seu
trabalho ao site e o público consumidor, nesta nova plataforma. Além de um

13
O termo Web 2.0 foi criado nos anos 2000 por uma empresa norte-americana chamada
O'Reilly Media e veio para nomear uma segunda geração de comunidades e programas da
Internet. De maneira geral, o termo web 1.0 designa as chamadas ponto.com, sendo que há
um grupo de pessoas que produzem sites, programas, aplicativos e uma grande massa de
consumidores. A inflexão contida no conceito de web 2.0 é a possibilidade de expandir a ideia
de produção, sendo que cada usuário passa a ser um potencial produtor e consumidor. A Web
passa a ser vista como plataforma e permite o surgimento das wikis (exemplo é a wikipedia), o
desenvolvimento de redes sociais diversas e a “folksonomia” (ou processo de usar marcadores
– tags – como forma de indexar informações). Entre os princípios centrais da Web 2.0 estão a
colaboração; a confusão de fronteiras entre produção e consumo; a possibilidade de ampliar os
conceitos de comunidades e interação online para englobar variadas ferramentas geradoras de
redes sociais e também as chamadas mídias sociais; revisão da questão dos direitos autorais,
com o surgimento de alternativas como as licenças Creative Commons; utilização de
13
plataformas abertas (API).

14
site onde as pessoas poderão comprar pornografia, a XXXP será também uma
rede social na qual os assinantes (será cobrada uma assinatura anual) terão
como criar perfis e interagir com as outras pessoas participantes.
O site atual é composto das seguintes partes:
- Xgirls: Além da nudez, além da atitude, corpos como forma de expressão,
você controla sua nudez . São perfis das mulheres que participam nos vídeos e
fotos encontrados no site. Neles estão disponíveis ensaios fotográficos, algum
contato e sites onde elas podem ser encontradas.
- Xlab: xLab é um hub subculltural onde pessoas mostram suas criações e
compartilham suas loucuras. É uma parte do site onde as pessoas podem
propor parcerias, dar ideias e sugerir criações. Está dividido em categorias e ao
clicar em cada uma a página é redirecionada para o local onde os vídeos
podem ser adquiridos. Alguns deles são produzidos pela própria Red Light e
outros por terceiros. São estas as categorias: Kink; Geração Perdida;
Libertinos; Fetishboxxx; Pornolândia; QueerFiction; Amigas; Candy;
Indulgência; Nerd Sex; Inexistência; Darling.
- Blog: ao clicar a pessoa é conduzida ao blog da produtora onde são postadas
notícias, curiosidades e quaisquer outros assuntos relacionados à pornografia.
O tom das postagens é mais descontraído.
- Shop: ao clicar há o direcionamento para uma empresa de vídeos que hoje
realiza a comercialização do material produzido pela Red Light. É possível
adquirir vídeos mais curtos e cenas no próprio site da XXXP, mas os DVDs com
cenas agrupadas são vendidos de modo terceirizado.
- Entrevistas: parte do site dedicada a agrupar entrevistas de pessoas ligadas
ao pornô ao redor do mundo - cineastas, atrizes e atores, produtores,
escritores, bandas, performers.
- Bandas: local de divulgação das bandas que cedem suas músicas como trilha
sonora das cenas e vídeos. No geral, são bandas independentes e conhecidas
por circularem em nichos muito específicos (o que está atrelado a esta ideia de
uma estética para além da pornografia).
- Vídeos: local onde é possível adquirir os vídeos da produtora. No geral são
cenas de duração mais curta. Cada vídeo vem acompanhado de uma
descrição e uma foto. Todos eles são comercializados pelo mesmo valor:
15
R$4,99.
- Podcast: espaço onde convidados são chamados a falar de temas relativos à
pornografia. Eu mesma participei de dois podcasts: um deles sobre pornografia
e estudos acadêmicos e o outro sobre mulheres e pornografia (neste atuei mais
como mediadora da conversa). Estas conversas são por áudio ou vídeo.
Algo que me intrigava desde o início era saber se eles conseguiam ter
uma ideia de quem era o público consumidor de pornografia alternativa no
Brasil. Ao inquirir Lola e Rufião sobre o assunto recebi respostas muito
parecidas: a de que havia certo núcleo de pessoas interessadas neste tipo de
vídeos e que a maioria delas tinha uma relação muito próxima com a internet e
as plataformas digitais. Nos dizeres de Lola, a Xplastic era “pornografia de
nerds”. Acredito que isto corrobora o que venho dizendo até aqui: quem
consome altporn também está consumindo um estilo de vida específico e
ligado a certas tendências que seriam consideradas alternativas,
independentes ou mesmo modernas. Por isto a necessidade de modificar o
site, transformá-lo em um lugar mais interativo e que possa funcionar quase
como uma comunidade, unindo pessoas com gostos semelhantes e às vezes
geograficamente distantes.
Em relação aos outros dois sites ligados à Red Light cabem algumas
considerações, mesmo que iniciais. O Fetxxx tem uma proposta muito clara:
trazer vídeos e fotos que envolvam pornografia fetichista. Se assim podemos
dizer, este gênero de produções é chamado de kink. O nome quer designar
práticas sexuais não-normativas e é comumente ligado a cenas fetichistas
como BDSM, fendom, pet play, leather, spanking, podolatria, pissing. A grande
referência internacional neste tipo de produções é o site Kink.com, divulgado
em várias partes do Fetxxx. Os vídeos também estão à venda e abaixo da foto
em miniatura de cada um deles há uma descrição de que fetiches a pessoa irá
encontrar ao assistir. Algo que me chamou a atenção é que todo o site está em
inglês, bem como as tags que marcam os vídeos e permitem que eles sejam
localizados pelos mecanismos de busca. Além disso, uma loja virtual
estrangeira é indicada para os que estão fora do Brasil e quiserem adquirir os
vídeos. Ao contrário da XXXP, parece que é esperado um público que não está
apenas no país.
16
Outras partes do site são:
- Kinksters: indicação de mulheres que atuam como modelos, instrutoras de
práticas fetichistas ou dominadoras profissionais.
- Pornstars: breve perfil de atrizes brasileiras que fizeram ou fazem vídeos
fetichistas.
- Projects: funcionam como as categorias de classificação dos vídeos. São os
seguintes - “ass worship”, “balloon”; “fetishboxxx”; “FetishDolls”; “smoking
fetish”; “tatari gami”; “unknow feet”; “we <3 kink” e “xxxp”.
Já o FSxxx flerta com o amadorismo, mas o mescla com algo mais
profissionalizado. A ideia subjacente é a de que a pornografia pode ser feita por
qualquer um e por meio de quaisquer equipamentos. A definição contida do
“About” esclarece melhor a proposta:

FSxxx é a pornografia do dia a dia, um site amador turbinado com


atrizes pornô profissionais, uma mistura da safadeza que a galera
coloca no youtube com a safadeza que nós produzimos aqui na
Red Light.

De acordo com Lola, este é o ramo da produtora que mais gera


14
dividendos. Isto porque as tags de marcação são colocadas com os nomes
mais associados à pornografia (especialmente à mainstream) e também porque
há a comercialização via operadoras de celular. Tem a interface mais simples
de todos os sites da produtora e se assemelha bastante a um blog. As
postagens encontradas são, em geral, sobre atrizes ou pessoas (conhecidas
ou não) que foram flagradas em orgias, nuas ou em atos sexuais. No “About”,
além da descrição do site, há o link para a loja onde os vídeos podem ser
encontrados, bem como um mini-tutorial de como adquirir as cenas no celular.
Apenas a análise dos sites já levanta uma série de questões, sendo que
tentei pontuar algumas delas aqui. Como ainda estou em campo, acredito que
muitos outros dados serão incorporados nos meses vindouros. O que tentei

14
Utilizar palavras de marcação mais conhecidas é uma estratégia para aumentar a audiência
dos sites. Entre as que A FSxxx utiliza estão: amador, amadora, anal, anus, arrombada, atriz
pornô, belladonna, buceta, bunda, camel toe, cinema, cu, flagra, gostosa, lesbicas, loira,
peituda, perva, pornochanchada, putaria, rabo, safada, vadia.
17
mostrar, ainda que de modo inicial, é como a internet permite a circulação de
pessoas, imagens, vídeos, convenções e categorias. Altporn, kink, mainstream,
bizarro, feminista, snuff, amador, gonzo são apenas algumas das várias
categorias classificatórias com as quais tenho me deparado no decorrer da
pesquisa. Entender o que elas significam e o que nomeiam é essencial para
explicar os muitos modos como a pornografia encontra o online.

Bibliografia

ATWOOD, Feona. 2007. No money shot? Commerce, Pornography and New Sex
Taste Cultures. In: Sexualities. [online]. 2007, vol 10 (4, p.441-456. Disponível em:
http://sexualities.sagepub.com/cgi/content/abstract/10/4/441.
BENITEZ, Maria Elvira Diaz. 2009. Nas redes do sexo: bastidores e cenários do pornô
brasileiro. Tese (Doutorado). PPGAS/MN/UFRJ.
DERY, Mark. 2007. Naked Lunch: Talking Realcore With Sergio Messina. In: JACOBS,
K; JANSSEN, M. & PASQUINELLI, M (ed). C'lickme. A netporn studies reader.
Amsterdam: Institute of Network Cultures.
FOUCAULT, Michel. 2009. História da Sexualidade 1. A vontade de saber. São Paulo:
Graal.
HACKING, Ian. 2002. Kind-Making: The case of Child Abuse. In: The Social
Construction of What?. Harvard: Harvard University Press.

HINE, Christine M. Virtual Ethnography, London: Sage Publications, 2003 [2000].


HOFFMANN, Rodolfo, LEONE, Eugenia. “Participação da mulher no mercado de
trabalho e desigualdade da renda domiciliar no Brasil: 1981-2002”. IN: Nova
Economia, v. 14, n. 2, p. 35-58, 2004.
HUNT, Lynn. 1999. A invenção da pornografia. Obscenidade e as origens da
Modernidade, 1500 – 1800. São Paulo: Hedra.
JACOBS, K; JANSSEN, M. & PASQUINELLI, M. 2007. Introduction. In: C'lickme. A
netporn studies reader. Amsterdam: Institute of Network Cultures.
JAVA, A et alli. Why We Twitter: Understanding Microblogging Usage and
Communities. University of Maryland, Baltimore County, Article. 2007. Disponível em
http://www.scribd.com/doc/230982/Why-We-Twitter-Understanding-
MicrobloggingUsage-and-Communities, Acesso em: 09/06/2011.
LANDINI, Tatiana. 2004. Pedofilia e Pornografia Infantil: algumas notas. In:
18
PISCITELLI, A., GREGORI,M. & CARRARA, S (org). Sexualidades e saberes:
convenções e fronteiras. Rio de Janeiro: Garamond.
LAQUEUR, Thomas. 2001. Inventando o sexo. Corpo e gênero dos gregos a Freud.
Rio de Janeiro: Relume Dumará.
LEITE JR, Jorge. 2006. Das maravilhas e prodígios sexuais. A pornografia “bizarra”
como entretenimento. São Paulo: Annablume.
MILLER, D & SLATER, D. 2004. Etnografia on e off-line: cybercafés em Trinidad.
Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 10, nº21, p.41-65, jan/jun.
PAASONEN, Susanna. 2010. Labors of Love: netporn, Web 2.0 and the meanings of
amateurism. In: New Media & Society. Vol 12.
PARREIRAS, Carolina. Sexualidades no pontocom: espaços e (homo) sexualidades a
partir de uma comunidade online. Dissertação de mestrado. Instituto de Filosofia e
Ciências Humanas – Unicamp, 2008.

RUBIN, Gayle. 1984. Thinking sex: notes for a radical theory of the politics of sexuality.
In: VANCE, Carole (ed). Pleasure and Danger: Exploring Female Sexuality. London:
Pandora. 1992. 267-293.

19

Você também pode gostar