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SEST – SERVIÇO SOCIAL DO TRANSPORTE


SENAT – SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM DO TRANSPORTE

OUTUBRO/2015

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS AO SEST SENAT.


NÃO É PERMITIDO COPIAR INTEGRAL OU PARCIALMENTE, DISTRIBUIR,
CRIAR OBRAS DERIVADAS OU ALTERAR A OBRA ORIGINAL, NO TODO
OU EM PARTE.

Curso para Responsável Técnico de Empresa de Transporte


Rodoviário de Carga (RT).
Módulo IV. – tópicos especiais . – Brasília : SEST/SENAT,
2015.

52 p. : il.

1.Transporte de carga. 2. Transportador rodoviário.
I. Serviço Social do Transporte. II. Serviço Nacional de
Aprendizagem do Transporte.

CDU 656.135

SEDE:
SAUS QUADRA 1 – BLOCO “J” – ED. CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO
TRANSPORTE – 12º ANDAR, BRASÍLIA/DF – 70.070-944
0800.7282891 / WWW.SESTSENAT.ORG.BR
APRESENTAÇÃO DO MÓDULO IV

Prezado aluno

Seja bem vindo ao Módulo IV do Curso para Responsável Técnico de Empresa


de transporte Rodoviário de carga (RT). Neste módulo – Tópicos Especiais -
estudaremos: Estatísticas e causas de acidentes com caminhões, Normas de meio
ambiente, saúde e segurança no trabalho, Logística integrada e Noções de gestão
do transporte rodoviário de cargas.

O curso foi elaborado conforme a Resolução ANTT nº 4.799/15 e contém os


conhecimentos necessários para que os Responsáveis Técnicos das empresas
possam exercer suas funções no transporte de cargas com a qualidade e a
segurança exigidas pelo mercado.
O Módulo IV — Tópicos Especiais possui 36 horas/aula. Serão abordados os
seguintes temas:

Unidade 1 – Estatísticas e causas de acidentes rodoviários com caminhões

Unidade 2 – Meio ambiente e o cidadão

Unidade 3 – Normas e procedimentos de segurança

Unidade 4 – Saúde no trabalho

Unidade 5 – Noções de combate a incêndio

Unidade 6 – Conceito de logística e de cadeia logística

Unidade 7 – Organização e controle da operação de transporte em terminais


de cargas e armazéns

Unidade 8 – Noções de gestão do transporte

Unidade 9 – Adequação e manutenção de instalações operacionais

Ao final do módulo, você terá um conjunto de atividades direcionadas para os


temas estudados, e que preparam para a avaliação final.

Bons estudos!

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UNIDADE 1 - ESTATÍSTICAS E
CAUSAS DE ACIDENTES
RODOVIÁRIOS COM CAMINHÕES
O transporte rodoviário de cargas responde por cerca de 60 % (CNT, 2015) de
todo o volume de cargas transportadas no interior do País. Por outro lado, em
virtude desse volume intenso de movimentação, é que se tem gerado boa parte
dos acidentes nas rodovias.

1. ESTATÍSTICAS DE ACIDENTES NAS RODOVIAS


BRASILEIRAS

As estatísticas de acidentes contêm números muito importantes para identificar


as causas dos acidentes, as vítimas, as características dos acidentes, os tipos de
veículos envolvidos e os locais onde há maior concentração de acidentes nas
rodovias.

O site www.vias-seguras.com traz números atualizados de estatísticas em


âmbito nacional, estadual e municipal sobre acidentes nas rodovias. Também
podem ser encontrados números relativos a acidentes no site www.abcr.org.br.

O Boletim estatístico do DPVAT (2014) mostra que o total de indenizações pagas


por seguro de acidente no trânsito, em 2014, chegou a 763.365 casos. A Tabela 1, a
seguir, traz a quantidade de indenizações pagas por natureza de indenização em
2013 e 2014.

Tabela 1 – Indenizações pagas pelo DPVAT

NATUREZA DA IN-
2013 % DO TOTAL 2014 % DO TOTAL
DENIZAÇÃO

Morte 54.767 9% 52.226 7%

Invalidez Permanente 444.206 70 % 595.693 78 %

Despesas médicas 134.872 21 % 115.446 15 %

Total 633.845 100 % 763.365 100 %

Fonte: DPVAT, 2014

Note-se que a quantidade de indenizações pagas sofreu um acréscimo de 20 %


em 2014, em relação ao ano de 2013.

O mesmo boletim DPVAT (2014) mostra que os caminhões e pickups foram


responsáveis por 3 % das indenizações pagas pelo DPVAT (21.855 casos), sendo que
a maior parte das indenizações foi paga por acidentes envolvendo motocicletas,
correspondendo a 580.063 indenizações (76 % do total).

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A Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR) traz estatísticas
sobre os acidentes em rodovias administradas por concessão, no Brasil. A
Associação computa 121.547 acidentes nas diversas rodovias concedidas em 2014.
Do total, 42.997 são acidentes com vítimas, ou seja, o correspondente a 35,3 %.

Em relação aos veículos envolvidos, cabe destacar que a quantidade de caminhões


que participaram do total de acidentes chega a 37.609 veículos.

O Gráfico 1, a seguir, apresenta a evolução na quantidade de caminhões envolvidos


em acidentes entre 2006 e 2014, nas rodovias sob concessão.

Gráfico 1 – Número de caminhões envolvidos em acidentes nas rodovias sob


concessão (2006 – 2014)

Observe que entre 2006 e 2014 aumentou em 101,4 % a quantidade de veículos de


carga envolvidos em acidentes nas rodovias sob concessão.

Destaque-se que o ano de 2012 foi o que teve a maior quantidade de caminhões
envolvidos em acidentes nessa classe de rodovias.

A ABCR mostra ainda que a natureza dos acidentes registrados nas rodovias sob
concessão, em 2014, tem a seguinte categorização:

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NATUREZA DO ACIDENTE QUANTIDADE

Colisão com outro veículo 50.030

Colisão com obstáculos 23.266

Tombamento/capotamento 13.440

Saídas de pista 10.964

Engavetamento 6.983

Atropelamento de pedestre 2.464

Atropelamento de animais 2.708

Acidentes de outra natureza 11.356

Os acidentes envolvendo colisão entre veículos são majoritários, cerca de 50.000


de um total de 121.547 acidentes.

Observe que estamos tratando de estatísticas de acidentes em rodovias


administradas por concessão, nas quais, normalmente, as condições de rodagem,
de sinalização e de pavimentação são melhores que em outras rodovias do país.

Acesse o site www.cnt.org.br para conhecer a pesquisa rodoviária, levantamento


que traz as condições de conservação e de manutenção das rodovias federais
brasileiras a cada ano.

2. CAUSAS DE ACIDENTES EM RODOVIAS

A Associação brasileira de prevenção dos acidentes de trânsito (Vias Seguras)


divulga estudo desenvolvido pela PAMCARY®, corretora de seguros e gestora
de riscos, que analisou o perfil e as causas dos acidentes com veículos de carga,
utilizando dados de sua base constituída ao longo de 40 anos de atividade (www.
vias-seguras.com). A empresa chegou às seguintes conclusões:

Os acidentes mais frequentes e mais graves com caminhões nas rodovias brasileiras
são o tombamento e a capotagem. As estatísticas existentes do estudo mostram
que os tipos de acidentes ocorrem com a seguinte frequência:
• Tombamento – 47 %
• Capotagem – 10 %
• Abalroamento – 27 %
• Colisão – 15 %
• Incêndio – 2 %
• Vazamento – 1 %

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As principais causas relatadas envolvem a velocidade incompatível com os limites
da rodovia e a fadiga do condutor.

Os principais fatores contribuintes com os acidentes são a curva fechada e a pista


mal conservada, fatores que vêm sendo destacados anualmente por meio da
pesquisa rodoviária da Confederação Nacional do Transporte (CNT).

No que diz respeito ao condutor, vale observar que a faixa etária dos motoristas
mais frequentemente envolvidos nos acidentes com veículos de carga é de 18 a
25 anos.

Por fim, os veículos mais propensos a se envolverem em acidentes, ou os mais


vulneráveis, são os articulados ou os caminhões com sobrecarga.

Outras informações do estudo da PAMCARY permitem observar o seguinte em


relação aos principais fatores de risco de acidentes:
• A falha do motorista está presente em 66 % dos acidentes, destacando-se a
imprudência em 43 % dos casos, a velocidade incompatível em 13 % e a fadiga
em 10 % dos eventos.
• As condições da via participam como responsáveis em 47 % das ocorrências,
destacando-se a curva fechada em 20 %, a má conservação da rodovia em 15 %,
e a pista escorregadia em 7 % das situações.
• Outros elementos como o fator humano de terceiros, a luz, o tempo chuvoso,
as condições de trânsito e o defeito mecânico no veículo também são
relacionados como fatores de risco importantes.
Atenção

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) registrou queda de acidentes nas rodovias


brasileiras pelo quarto ano consecutivo em 2014. Em relação a 2013, o número
de acidentes caiu 15,3 %: foram registrados 186.698 acidentes em 2013 e 168.593
acidentes em 2014.

Apesar desta queda importante, os caminhões ainda são responsáveis por uma
grande parte dos acidentes nas rodovias, 21 % do total segundo o Ministério das
Cidades (www.cidades.gov.br), em 2013.

É fundamental, então, que os condutores sejam capacitados e conscientizados


sobre os riscos envolvidos no transporte de cargas nas rodovias, conhecendo os
tipos de acidentes, suas causas, fatores contribuintes e dicas e conhecimentos de
prevenção de acidentes.

Diversos são os órgãos e sites que divulgam estatísticas de acidentes. Veja alguns
dos sites onde podem ser encontradas informações sobre o assunto, no Brasil:
www.dnit.gov.br, www.vias-seguras.com, www.prf.gov.br,www.abcr.org.br,
www.cidades.gov.br, wwwdenatran.gov.br, www.portaldotransito.com.br

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UNIDADE 2 - MEIO AMBIENTE
E O CIDADÃO

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Para sobreviver, o ser humano depende de um meio ambiente limpo e saudável.
Portanto, a qualidade de vida está diretamente relacionada ao uso consciente dos
recursos naturais e à preservação do meio ambiente. Nesta unidade, vamos discutir
a relação entre o Homem e o Meio Ambiente. Nesta unidade conheceremos normas
e legislação referente ao meio ambiente.

1. A RELAÇÃO ENTRE O HOMEM E O MEIO AMBIENTE

O tema poluição é um dos principais assuntos quando falamos de preservação


do meio ambiente. Você sabia que a poluição do meio ambiente é causada pelas
ações do homem?

Quando falamos de poluição, em suas muitas formas, queremos dizer que houve
interrupção das relações de equilíbrio no meio ambiente. Nem sempre os efeitos
da poluição podem ser medidos ou percebidos. Algumas consequências negativas,
como o efeito estufa ou a chuva ácida, só são percebidas depois de algum tempo.

Os poluentes são os principais elementos causadores da piora da qualidade de vida


nas grandes cidades. Existem diferentes origens e tipos de poluição, destacando-se:
• poluição do ar;
• poluição da água; e
• poluição do solo.

A poluição do ar pode ser causada pela fumaça das indústrias, dos escapamentos
dos automóveis, pelas queimadas, dentre outros. No Brasil, a atividade de transporte
e a produção industrial contribuem com mais de 80 % do total das emissões de
CO2 na atmosfera.

Os resíduos das indústrias também poluem a água com solventes, óleos e materiais
tóxicos. Na área rural a água pode ser contaminada por pesticidas e produtos
químicos. E não podemos nos esquecer dos esgotos que muitas vezes são jogados
em lagos, rios e no mar, sem tratamento.

Por fim, vamos falar da poluição do solo causada pelo descarte direto de produtos
poluentes no solo. Por exemplo: lixo descartado sem tratamento; vazamentos de
produtos químicos e derivados de petróleo; restos de pesticidas ou de materiais que
demoram muito tempo para se desmancharem (plásticos, isopor, metais, vidro).

A atividade de transporte contribui para a poluição do meio ambiente.


A fumaça que sai dos escapamentos e os resíduos de pneus e de
outros materiais poluem o ar. O óleo do motor e outros fluidos,
quando descartados de maneira incorreta, poluem o solo e a água.
Não podemos nos esquecer, ainda, dos casos em que a mercadoria
transportada cai na pista ou vaza pelas embalagens. Nestes casos, o
meio ambiente será poluído por materiais e substâncias prejudiciais.

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2. CONSUMO SUSTENTÁVEL: AÇÕES QUE PODEM
AJUDAR O MEIO AMBIENTE

O consumo sustentável tem como objetivo principal atender às nossas necessidades


sem comprometer a vida das gerações futuras. Para praticar o consumo sustentável,
devemos nos preocupar com o que estamos consumindo e a quantidade do nosso
consumo, especialmente quando falamos de água e energia.

Muitos impactos ambientais estão relacionados com nossas opções de consumo


e nosso estilo de vida.

Algumas atitudes podem evitar ou diminuir os problemas de poluição no meio


ambiente. Veja:
• Procure produzir e descartar pouco lixo. Prefira produtos sem embalagem ou
que utilizem embalagens recicláveis.
• Reutilize as sacolas de supermercado para colocar o lixo.
• Utilize detergentes biodegradáveis, mesmo que seja para lavar pequenas
quantidades de louça em suas viagens.
• Não jogue lixo no acostamento ou nas laterais das estradas. Guarde o lixo e
descarte-o em local adequado.
• Não jogue no lixo comum lâmpadas, pilhas, baterias de celular, restos de tinta
ou produtos químicos. Procure locais adequados para o descarte destes
materiais.

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• Adote métodos de lavagem e higienização dos caminhões que utilizam menor
quantidade de água. Assim, seu caminhão fica limpo e você não prejudica a
natureza.
• Realize a manutenção periódica em seu veículo. Isso ajudará a reduzir a
emissão de gases pelo escapamento.
• Ao efetuar a troca de óleo, verifique se o posto escolhido faz descarte correto
do óleo usado.
• Mantenha sempre limpos os filtros de ar, velas, carburador, platinado e
escapamento, para ajudar a economizar combustível.
• Mantenha os pneus calibrados. Além de proteger o seu pneu, isso contribui
para economizar combustível.

Você sabia?
Um automóvel bem regulado chega a consumir cerca de 9 % menos que outros não
regulados. E isso representa, além de economia, 9 % menos de emissões tóxicas.

Lembre-se de que suas ações são muito importantes para ajudar a preservar o
meio ambiente. Para ajudar ainda mais, você poderá ensinar seus familiares e
amigos a reduzirem o consumo de água e de energia, e a adotarem práticas para
proteger o ambiente.

3. COMBATE À PROSTITUIÇÃO INFANTIL

Infelizmente, a exploração sexual de crianças e adolescentes continua existindo


nos grandes centros urbanos, nas regiões rurais e nas estradas de todo o país. Não
podemos mais esconder o assunto nem fazer de conta que isso não acontece.

Os trabalhadores do transporte exercem papel fundamental no combate à


prostituição infantil. Diariamente, os transportadores autônomos encontram muitas
pessoas e têm contato com diversas realidades.

Não podemos ter vergonha nem medo de denunciar!

Se, em qualquer momento, você se deparar com situações de abuso ou exploração


de crianças e de adolescentes, é importante ligar no Disque Denúncia 100.

O Disque Denúncia 100 é um serviço de utilidade pública da Secretaria de


Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR). Para saber mais,
acesse <www.sdh.gov.br/disque-direitos-humanos/>.

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UNIDADE 3 - NORMAS E
PROCEDIMENTOS DE SEGURANÇA

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De acordo com pesquisas do Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transportes — DNIT, o Brasil perdeu mais de 8 mil pessoas em acidentes rodoviários
no ano de 2011. No mesmo ano, mais de 100 mil pessoas sofreram lesões por
decorrência dos acidentes (DNIT, 2012). Dados da Pesquisa CNT mostram que
na última década o número de acidentes em rodovias federais aumentou 77,9 %,
chegando a quase 200 mil acidentes por ano em 2013 (CNT, 2014). Para evitar que
você seja mais uma vítima, a seguir discutiremos algumas formas de prevenção de
acidentes e procedimentos de segurança que podem ajudá-lo.

1. SEGURANÇA NO TRABALHO

Existem algumas medidas que você pode adotar para reduzir as chances de
ocorrerem os acidentes. Além disso, você pode reduzir os efeitos das longas
jornadas de trabalho ao volante. A seguir, vamos entender melhor como proteger
sua saúde.

Você sabia?
Os acidentes de trabalho são aqueles que ocorrem quando você está realizando
alguma atividade profissional, por exemplo, quando está fazendo alguma entrega.

No entanto, mesmo que você não sofra nenhum acidente grave, sua saúde também
pode ser prejudicada pelas condições de trabalho que enfrenta no dia a dia, tais
como: o estresse causado pelo trânsito, o barulho do motor, o desconforto da
cabine, dentre outras.

2. EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL – EPI

A NR-6 do Ministério do Trabalho e Emprego — MTE define como


Equipamento de Proteção Individual — EPI, todo dispositivo ou produto,
de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos
suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho (MTE, 1978a).

Qualquer equipamento utilizado para a proteção de uma pessoa é considerado


um EPI. Mas, você sabe como escolher corretamente os equipamentos para a sua
proteção?

Para selecionar corretamente os EPIs, devem ser considerados:


• o tipo de carga que você transporta;
• o tipo de veículo que você usa;
• seus horários de trabalho;
• as atividades que você realiza além de dirigir.

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Vamos entender melhor...
Se transporta Produtos Perigosos, você deve selecionar equipamentos de proteção
específicos para o tipo de carga transportada. As variações são muitas. Por exemplo:
para produtos líquidos é necessário usar equipamentos impermeáveis. No caso de
produtos gasosos ou corrosivos, é importante usar óculos para proteção dos olhos.

Como vemos, as características da carga interferem na escolha dos EPIs. Reflita...


transportar animais vivos é diferente de transportar alimentos refrigerados. Por
este motivo, a escolha dos EPIs deve sempre considerar o tipo de carga.

As características do veículo também devem ser analisadas nessa decisão.


Veja alguns exemplos: se o caminhão possui câmara frigorífica, você deve estar
preparado para manipular as cargas em baixas temperaturas; se o piso da carroceria
for escorregadio, não se esqueça de escolher calçados antiderrapantes.

Para quem trabalha durante o dia, é importante proteger-se do calor com roupas
leves e aplicar filtro solar para evitar o câncer de pele. Passar muitas horas exposto
ao sol, sem proteção, pode ser perigoso para a saúde.

Você sabia?
Apesar de muito importante para a proteção da saúde do trabalhador, o protetor
solar não é considerado EPI, pois não possui o CA (Certificado de Aprovação) do
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

Lembre-se de considerar, ainda, todas as atividades que realiza além da direção.


Por exemplo: se você é o responsável por embarcar e desembarcar a carga, deve
usar equipamentos adequados para protegê-lo durante estas atividades. Cuidado
com o esforço excessivo da coluna, dos braços e das pernas. Dependendo do
peso das cargas, é importante utilizar cintos que ajudem a proteger suas costas e
coluna.

As variações são muitas, e é difícil prever todos os tipos de carga que você vai
transportar, não é mesmo?

Portanto, tenha pelo menos um kit básico de proteção: luvas, óculos para produtos
químicos, capacete, máscara semifacial, máscara panorâmica, respirador para pó,
máscara de fuga e filtros.

3. PROCEDIMENTOS DE SEGURANÇA EM SITUAÇÕES


DE EMERGÊNCIA

O transportador autônomo enfrenta muitas situações de risco nas estradas, como:


problemas mecânicos no veículo, assaltos e sequestros, incêndios nas laterais da
pista, desmoronamentos, dentre outros. Isso sem contar os riscos de acidentes por
efeitos do cansaço, fadiga ou por algum mal súbito.

Nessas situações, é importante saber como proceder para se proteger e para


reduzir os danos causados nos acidentes e outras situações de emergência.

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3.1 PANE DO VEÍCULO NA ESTRADA

Se o veículo apresentar pane e ficar em posição que impeça ou dificulte a passagem


dos outros veículos, a primeira coisa que você deve fazer é ligar o pisca-alerta e
sinalizar o local (CONTRAN, 98).

Não adianta colocar a sinalização muito próxima. Ela deve ser


colocada pelo menos a 30 metros antes do local onde o veículo está
parado. Com este cuidado, os motoristas terão tempo suficiente para
reduzir a velocidade e desviar o veículo de qualquer obstáculo, com
segurança.

Você deve estar se perguntando: “Como farei para calcular a distância sem usar
algo para medir?” Para facilitar, você pode usar a medida em passos:

TIPO DE VIA VELOCIDADE MÁXIMA DISTÂNCIA MÍNIMA PARA


PERMITIDA INÍCIO DA SINALIZAÇÃO

local 40 km/h 40 passos longos

avenida 60 km/h 60 passos longos

fluxo rápido 80 km/h 80 passos longos

rodovia 100 km/h 100 passos longos

Portanto, lembre-se: quanto maior for a velocidade da via, maior a distância para
iniciar a sinalização.

Se a pane ocorrer durante a noite, se estiver chovendo ou se a visão estiver


prejudicada por neblina ou fumaça, o mais indicado é usar uma distância maior
para iniciar a sinalização. Uma dica é dobrar a distância mínima indicada.

Quando você estiver contando os passos e encontrar uma curva, pare a contagem.
Caminhe até o final da curva e então recomece a contar a partir do zero.

Faça a mesma coisa quando o veículo estiver parado no topo de uma elevação,
sem visibilidade para os veículos que estão subindo.
O mais indicado é usar os equipamentos de sinalização de emergência, tais como
o triângulo e os cones. Se você não tiver esses equipamentos à mão, podem ser
utilizados outros elementos, como galhos de árvore, cavaletes de obra, latas,
pedaços de madeira, pedaços de tecido, plásticos etc. À noite ou sob neblina, a
sinalização deve ser feita com materiais luminosos — lanternas, pisca-alerta e faróis
dos veículos devem sempre ser utilizados.

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3.2 SEQUESTROS E ASSALTOS

Por viajarem muitas vezes desacompanhados e com o caminhão carregado,


infelizmente os motoristas do transporte de cargas podem passar por situações
de risco, de sequestros e assaltos.

Caso isso aconteça, é muito importante tentar proteger seu bem mais precioso: A
SUA VIDA.

Veja a seguir algumas dicas importantes para situações como essas:


• NÃO REAJA. Na maior parte das vezes, o bandido não está sozinho.
• Fale devagar e faça movimentos lentos, mantenha as mãos em posição visível.
• Avise sobre qualquer movimento que pretenda fazer.
• Responda, com calma, somente o que lhe for perguntado.
• Não discuta, evite brincadeiras ou conversas.
• Entregue ao criminoso o que ele exigir.
• Não olhe diretamente para os criminosos.
• Não tente fugir.

Procure memorizar todos os detalhes possíveis: fisionomia, gestos, frases, gírias e


roupas usadas, trajetos e locais visitados, veículos utilizados etc. Memorize o maior
número de detalhes que poderão ser úteis em uma investigação policial.

Se a polícia aparecer, jogue-se no chão, ponha as mãos na cabeça e não faça


nenhum gesto brusco. Esteja preparado para ser revistado e, até, algemado. Siga
todas as instruções da polícia.

Se você presenciar um assalto, ligue para a polícia assim que possível!

3.3 PROCEDIMENTOS DE EMERGÊNCIA EM CASO DE CATÁSTROFES


NATURAIS

O motorista pode enfrentar situações inesperadas. Para estes casos, vamos indicar
algumas medidas que podem ser úteis.

SITUAÇÃO PROCEDIMENTO INDICADO

Enchentes e inundações Avise imediatamente o Corpo de Bombeiros ou a Defesa Civil sobre


áreas afetadas pela inundação.
Não tente atravessar locais inundados com o caminhão. Mesmo que
o local pareça seguro, não arrisque sua vida.
Para retirar qualquer objeto de seu caminhão, procure a ajuda dos
bombeiros ou da Defesa Civil.
Se houver tempo, coloque documentos e objetos de valor em um
saco plástico bem fechado e em local protegido.

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SITUAÇÃO PROCEDIMENTO INDICADO

Desmoronamentos e Se você perceber nas estradas e rodovias qualquer sinal de desmo-


deslizamentos ronamento, avise imediatamente a polícia rodoviária.
Avise também os seus colegas, para que todos evitem circular pelo
local de risco.
Não arrisque sua vida. Somente pessoas especializadas em salva-
mento podem circular pelos locais de risco.
Ao verificar riscos de deslizamento, avise imediatamente o Corpo
de Bombeiros e a Defesa Civil.

Incêndios Ao avistar algum foco de incêndio na faixa de domínio de uma ro-


dovia, avise imediatamente a polícia rodoviária.
Se houver fumaça na pista: reduza a velocidade, ligue os faróis e
fique atento aos veículos que vêm na direção contrária.
Evite ultrapassagens perto de focos de incêndio.
Não estacione, nem pare, para olhar a área em chamas.

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UNIDADE 4 - SAÚDE NO TRABALHO

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A atividade de transporte de cargas pode causar efeitos na saúde física e mental
dos motoristas. Muitos apresentam quadros de hipertensão, obesidade e doenças
do sono, colocando em risco as próprias vidas e as vidas dos demais usuários das
estradas. Para melhorar as condições de trabalho e reduzir os efeitos negativos na
saúde dos transportadores autônomos, a seguir vamos conhecer melhor diversos
temas relacionados à saúde do trabalhador.

1. SAÚDE FÍSICA E MENTAL DO TRABALHADOR

Você sabe dizer o que significa “ter saúde”?

Ter saúde não significa apenas inexistência de dor ou apresentar boas taxas de
colesterol e glicose. A saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e
social, não somente uma ausência de doenças.

A medicina do trabalho é a ciência que estuda as causas das doenças


ocupacionais, incluídas as doenças profissionais e as do trabalho, objetivando
sua prevenção.

Todo transportador autônomo deve realizar exames periódicos e adotar


algumas práticas de direção que podem prevenir doenças e evitar acidentes ou
aposentadorias por invalidez. Exemplos: adotar uma postura adequada ao dirigir;
parar o caminhão em local seguro; fazer exercícios de alongamento.

Não podemos nos esquecer, também, da saúde psicológica. Os autônomos


trabalham por conta própria e estão sempre buscando dirigir distâncias maiores
num tempo menor. A pressão é muito grande! Isso sem falar dos riscos de acidentes,
assaltos e outros eventos indesejáveis.

O Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional — PCMSO, desenvolvido


pelo Ministério do Trabalho e Emprego — MTE, tem por objetivo promover e
preservar a saúde dos trabalhadores (MTE, 1978b).

Tal programa deve desenvolver ações de:


• Promoção à saúde
• Prevenção de doenças

Para conhecer melhor as ações do PCMSO acesse a página do programa no


site do MTE. <http://www.mte.gov.br/index.php/seguranca-e-saude-no-tr
abalho/2015-09-14-19-18-40/2015-09-14-19-23-50/2015-09-29-20-46-45>.

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2. ERGONOMIA NO AMBIENTE DE TRABALHO

A ergonomia, também chamada de engenharia humana, é uma ciência relativamente


recente que estuda as relações entre a saúde do homem e seu ambiente de
trabalho.

Os riscos ergonômicos podem afetar a integridade física ou mental do trabalhador.


Eles podem gerar distúrbios psicológicos e fisiológicos e provocar sérios danos à
saúde, pois produzem alterações no organismo, comprometendo a produtividade,
a saúde e a segurança,

Para evitar que esses riscos comprometam as atividades e a saúde do trabalhador,


é necessário um ajuste entre as condições de trabalho e o homem, em relação à
praticidade e ao conforto físico e psíquico.

Veja alguns exemplos de riscos ergonômicos, seus efeitos na saúde e também


algumas ações que podem proteger sua saúde.

RISCOS ERGONÔMICOS EFEITOS NA SAÚDE AÇÕES PREVENTIVAS


(EXEMPLOS) (EXEMPLOS) (EXEMPLOS)

esforço físico excessivo cansaço físico e dores melhores condições no local


musculares de trabalho

levantamento de peso cansaço físico e dores melhoria no processo de


musculares trabalho

postura inadequada problemas na coluna ferramentas adequadas;


postura adequada

controle rígido de produti- hipertensão e doenças modernização de máquinas


vidade nervosas e equipamentos
ferramentas adequadas

situação de estresse hipertensão e doenças melhoria no relacionamento


nervosas entre as pessoas

trabalhos em período alteração do sono alteração no ritmo de trabalho


noturno

jornada de trabalho diabetes alteração no ritmo de trabalho


prolongada taquicardia
doenças digestivas (gastrite
e úlcera)

monotonia e repetitividade LER/DORT melhoria no processo de


trabalho

imposição de rotina intensa ansiedade e pânico alteração no ritmo de trabalho

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Nem sempre conseguimos fazer com que nosso ambiente de trabalho seja ideal.
Para os transportadores autônomos é importante pensar nas condições de seu
caminhão e em sua postura de trabalho.

Você pode evitar uma série de problemas de saúde. Que tal seguir algumas
recomendações?

Fonte: adaptado de MASCARELLO (2015)

Lembre-se também de:


• Dirigir com cuidado e atenção para evitar paradas bruscas.
• Para dar marcha à ré, procure equipar o seu veículo com espelhos apropriados.
Desta forma, você evita virar o pescoço e a coluna.
• Quando dirigir por muito tempo, pare por cerca de 5 minutos a cada 3 horas
de estrada, caminhe um pouco e faça alongamentos.

Muitos exercícios de alongamento podem ser feitos por você em qualquer horário,
mesmo que esteja na estrada! Veja.

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3. ALIMENTAÇÃO, TRABALHO E SAÚDE

Não é difícil compreender que uma alimentação inadequada faz com que o motorista
não consiga trabalhar direito. E não estamos falando apenas do desconforto de
dirigir sentindo fome...

Você sabia?

A alimentação interfere na boa forma e no funcionamento do organismo. Quando


a pessoa se alimenta de maneira errada, a digestão pode provocar sonolência.
Imagine dirigir no calor, depois de comer um prato cheio de comidas salgadas e
gordurosas.

Além disso, as propriedades nutritivas dos alimentos interferem diretamente no


seu humor e, consequentemente, no seu desempenho. Portanto, cultivar hábitos
alimentares corretos melhora a sua produtividade.

Isso significa que o seu café da manhã, almoço e jantar devem ser escolhidos de
acordo com as necessidades que você terá no decorrer do dia. Veja a seguir como
balancear suas refeições.

23
Você não precisa comer muito! O importante é ter uma alimentação balanceada,
contendo os elementos qualitativos necessários, de acordo com as necessidades
individuais. Evite comer muito de uma só vez. Tente realizar pequenas refeições a
cada 3 horas.

24
UNIDADE 5 - NOÇÕES DE COMBATE
A INCÊNDIO

25
A prevenção é sempre a melhor maneira de evitar os incêndios. Mas, no caso de
ocorrerem, precisamos saber como agir para evitar maiores danos e proteger
a vida dos envolvidos. Veja quais são os tipos mais comuns de incêndio e os
procedimentos a serem adotados.

1. FOGO X INCÊNDIO

O fogo é um tipo de queima, combustão ou oxidação que resulta de uma reação


química em cadeia. O fogo é o efeito da reação química de um material combustível
com oxigênio, acarretando desprendimento de luz e calor.

O incêndio, por sua vez, é a presença de fogo em local não controlado, ou seja,
em grandes proporções, causando prejuízos materiais, quedas, queimaduras e
intoxicações por fumaça.

Nos veículos de transporte de cargas, o fogo pode ter início em mangueiras de


borracha envelhecidas que levam o combustível para o motor. Incêndios causados
pelo aquecimento das lonas de freio também são comuns.

2. CLASSES DE INCÊNDIOS

CLASSE DESCRIÇÃO EXEMPLO

A Fogo em combustíveis sólidos comuns Fogo em papel, madeira, tecidos etc.

B Fogo em líquidos inflamáveis Fogo em gasolina, óleo, querosene etc.

C Fogo em equipamentos elétricos Fogo em motores, transformadores, geradores, com-


energizados putadores etc.

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D Fogo em metais combustíveis Fogo em zinco, alumínio, sódio, magnésio etc.

E Fogo em material radioativo Fogo em Produtos Perigosos Radioativos

K Fogo em óleo e gordura, em cozi- Fogo sobre bancadas ou fogão em cozinhas industriais
nhas

3. EQUIPAMENTOS DE COMBATE AO INCÊNDIO

Quando ocorre um princípio de fogo, a reação natural das pessoas é procurar


algum extintor ou outro equipamento para tentar combater o fogo.

Não podemos usar qualquer extintor para combater o fogo!

Cada tipo de extintor possui um agente de combate específico. Portanto, antes


de iniciar o combate ao fogo é importante saber identificar o tipo de incêndio que
você vai tentar combater.

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TIPO DE EXTINTOR CLASSE DE INCÊNDIO FORMA DE UTILIZAÇÃO
INDICADA

Pó químico A, B e C Rompa o lacre, aperte a alavanca e direcione


para veículos o jato para a base das chamas.

Espuma AeB Puxe o pino de segurança, retire o esguicho


mecânica e acione o gatilho direcionando o jato para
a base das chamas.

Pó químico BeC Abra o registro do propelente, puxe o pino


seco e empurre o esguicho devidamente. Por
fim, acione o gatilho direcionando o jato
para a base das chamas.

A Abra o registro do propelente, puxe o pino


Água pressuri- e empurre o esguicho devidamente. Retire
zada -o do porta-esguicho e acione o gatilho di-
recionando o jato para a base das chamas.

Gás carbônico BeC Retire o pino e acione o gatilho direcionan-


CO2 do o jato para a base das chamas.

Todo caminhão reboque e semirreboque deve ter um extintor de incêndio com


carga de pó químico seco ou de gás carbônico. Os veículos de transporte de
líquidos ou gases inflamáveis devem ter um extintor de incêndio com carga de
pó químico de oito quilogramas, ou dois extintores de incêndio com carga de gás
carbônico de seis quilogramas cada.

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Verifique o rótulo do extintor. Ele deve conter:
• Data de validade;
• Lacre de segurança intacto;
• Selo do INMETRO.

Lembre-se: os extintores do seu caminhão devem estar em boas condições. Não


podem estar amassados ou enferrujados.

4. PRIMEIROS SOCORROS EM CASO DE INCÊNDIO

Primeiro Socorro é o tipo de atendimento, temporário e imediato, que é prestado


à vítima de acidente ou mal súbito, antes da chegada do socorro médico. Este
tipo de socorro pode proteger a pessoa contra maiores danos, evitando causar o
chamado segundo trauma, isto é, novas lesões ou agravamento das já existentes.

O objetivo dos Primeiros Socorros é resguardar a vítima, ou seja, a manutenção


do suporte básico da vida. É importante chamar a atenção para o fato de que a
presença de um médico é sempre indispensável.

Procedimentos:

— Se uma pessoa estiver com as roupas em chamas, obrigue-a a se jogar no chão,


envolva-a com um cobertor, uma cortina ou um pano grande, para abafamento.

— Realize os procedimentos iniciais de combate ao fogo com os meios disponíveis


e adequados. De preferência, utilize um extintor.

Veja algumas orientações de combate a princípios de incêndio.

29
Aproxime-se no sentido do vento.

Aproxime-se do foco do incêndio cuidadosamente.

Movimente o jato em forma de leque, atacando a base do fogo.

No caso de combustível líquido, evite uma pressão muito forte, para que não aumente a área
de combustão.

Ao final, assegure-se de que não houve reignição.

Fonte: adaptado de CASA OLIVETTI (2015)

Segundo o Glossário do Incêndio disponível no site bombeiros.com.br,


reignição é nova ignição de incêndio já combatido e extinto, que ressurge
devido a brasas e focos escondidos e não encontrados no rescaldo, que é a
fase do serviço de combate a incêndio em que se localizam focos de fogo
escondidos ou brasas, que podem tornar-se novos focos.

Acione o Corpo de Bombeiros (pelo telefone 193) utilizando qualquer


telefone público sem ficha ou cartão. Você poderá, ainda, enviar uma
mensagem de texto gratuitamente pelo celular.

30
UNIDADE 6 - CONCEITO DE LOGÍSTICA
E DE CADEIA LOGÍSTICA

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A logística está presente em grande parte das atividades econômicas, sendo fator de
influência direta para o sucesso delas. A seguir vamos conhecer melhor as características
e funções desenvolvidas pela logística.

1. LOGÍSTICA

Você, certamente, já deve ter ouvido a palavra logística diversas vezes. Mas, já parou para
pensar se realmente sabe o que ela significa?

Segundo definição utilizada pelo Council of Supply Chain Management Professionals


(BOWERSOX et al., 2003), uma das mais importantes entidades que estudam o assunto,
“Logística é o processo de planejamento, implementação e controle eficiente e eficaz
do fluxo e armazenagem de mercadorias, serviços e informações relacionadas desde o
ponto de origem até o ponto de consumo, com o objetivo de atender às necessidades
do cliente.”

Traduzindo para uma linguagem mais simples, a logística é a arte de comprar, receber,
armazenar, separar, expedir, transportar e entregar o produto ou o serviço certo, na hora
certa, no lugar certo, ao menor custo possível.

Atenção

A logística é responsável pela movimentação das mercadorias entre os pontos de


fornecimento e os pontos de consumo. Assim, para movimentar e gerenciar as
mercadorias, é necessário realizar corretamente atividades como: transporte, pedidos,
estoque, armazenagem, embalagem.

2. ATIVIDADES NAS CADEIAS LOGÍSTICAS

Qualquer cadeia logística é formada por um conjunto de elementos:


• Fixos: locais onde estão as fontes de matérias-primas (fornecedores),
depósitos, armazéns, indústrias, lojas, pontos de consumo final.
• Ligações: conectam as partes fixas, estabelecendo a comunicação entre os
vários pontos fixos da cadeia.
Para você entender melhor as cadeias logísticas, analise a figura a seguir, que
representa uma cadeia logística genérica e simplificada. Ela é composta por três
elementos fixos: um fornecedor, uma fábrica/empresa e um cliente.

32
FÁBRICA/
FORNECEDORES CLIENTES
EMPRESA

SUPRIMENTO LOGÍSTICA DE DISTRIBUIÇÃO


FÍSICO PRODUÇÃO FÍSICA

Todas as cadeias logísticas devem possuir, NO MÍNIMO, um


fornecedor, uma empresa e um cliente!

3. FLUXO DE PRODUTOS E SERVIÇOS NAS CADEIAS


LOGÍSTICAS

Um dos aspectos importantes nas cadeias logísticas é a forma como se dá o


fluxo de materiais, possibilitado pelos serviços de transporte, bem como o fluxo
financeiro e de informações possibilitados por meio dos serviços de comunicação.
Veja na figura como se dão os fluxos nas cadeias:

33
Como você sabe, as matérias-primas devem sair dos fornecedores em direção
à fábrica, onde são processados e transformados em produtos. Estes, por sua
vez, devem sair das fábricas em direção aos clientes. Esta etapa, chamamos de
distribuição física.

Para que este fluxo de matérias-primas e de produtos acabados ocorra de maneira


adequada, é preciso cumprir uma sequência de atividades, o que chamamos de
Ciclo Crítico da Logística.

Você Sabia?

O Ciclo Crítico é formado pelo conjunto das atividades que são indispensáveis para
que ocorra a troca de informações e a movimentação dos produtos (transporte)
entre fornecedores, indústria e consumidores.

O Ciclo Crítico funciona assim: primeiro o cliente solicita os produtos que deseja
à empresa (atividade 1 — processamento de pedidos). A empresa verifica seus
estoques (atividade 2 — gestão de estoques), processa e monta o pedido e, em
seguida, entrega a mercadoria a um transportador, que vai levá-la até o cliente
(atividade 3 — transporte).
Como você pode perceber, três atividades devem ser realizadas para que o ciclo
crítico se complete: (1) processamento de pedidos; (2) gestão de estoques; e (3)
transporte. Por sua importância elas são chamadas de atividades primárias da
logística. Vamos detalhar cada uma delas.

ATIVIDADES PRIMÁRIAS DA LOGÍSTICA

PROCESSAMENTO É a atividade que inicia a movimentação de produtos nas cadeias


DE PEDIDOS logísticas. Ela resulta de uma necessidade do cliente.

MANUTENÇÃO Corresponde ao controle dos itens do estoque da empresa.


DE ESTOQUES Quando bem executada, ela permite avaliar a necessidade de
repor ou aumentar os estoques. O desafio é definir a quantidade
de produtos em estoque para conseguir atender seus clientes.

TRANSPORTE É a atividade que viabiliza a movimentação dos produtos entre os


pontos de produção e os pontos de consumo nas cadeias logísti-
cas, interligando fornecedores, indústrias e consumidores.

Sem uma adequada execução das atividades de processamento de pedidos e


gestão de estoques não é possível planejar corretamente o transporte, pois são
estas atividades que definem, dentre outros fatores:

• o que será movimentado;


• quantos itens serão transportados;
• qual a origem e o destino dos itens transportados;
• qual veículo deve ser utilizado;
• qual o volume dos itens transportados;

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• quais os horários de saída e de chegada;
• quem irá entregar e receber as mercadorias;
• qual o custo das mercadorias e do frete.

4. O PAPEL DAS EMPRESAS E COOPERATIVAS DE


TRANSPORTE DE CARGAS NAS CADEIAS LOGÍSTICAS

Como vimos, o transporte é uma das atividades primárias da logística. Ele é


responsável por movimentar insumos, mão de obra, matéria-prima e outros
elementos para viabilizar o processo produtivo, além de garantir o deslocamento
do produto final até os consumidores.
Em relação à qualidade do serviço oferecido, são fatores avaliados no transporte:
pontualidade, tempo de viagem, flexibilidade para o manuseio de vários tipos de
cargas, gerenciamento dos riscos quanto a roubos, danos e avarias, capacidade do
veículo, dentre outros.
Por ser tão importante, a administração da atividade de transporte em uma cadeia
logística envolve muitas ações, tais como:
• Decisões quanto ao modo ou combinação de modos (multimodalidade), que
serão utilizados para movimentar produtos.
• Definição dos roteiros que os veículos devem seguir para efetuar as entregas
de mercadorias.
• Dimensionamento do número de veículos da frota e escolha do tipo de veículo
para compor a frota.
Você já deve ter percebido que nenhuma empresa pode realizar negócios sem
movimentar matérias-primas ou produtos de alguma forma. Por este motivo, o
transporte é o elemento mais importante no cálculo do custo logístico para a maior
parte das empresas.

As empresas de transporte e as cooperativas de transporte têm o papel


fundamental de promover a ligação entre os outros agentes da cadeia logística
(fornecedores, indústrias, centros de distribuição, atacadistas, varejistas etc.),
deslocando as mercadorias no prazo e na qualidade desejados e com o menor
custo de transporte possível. Nesse sentido, os transportadores e as cooperativas
de transporte são elementos essenciais para o sucesso de uma cadeia logística
integrada.

35
UNIDADE 7 - ORGANIZAÇÃO E
CONTROLE DA OPERAÇÃO DE
TRANSPORTE EM TERMINAIS DE
CARGAS E ARMAZÉNS
Nesta unidade, conheceremos melhor as atividades realizadas nestes pontos das
cadeias logísticas.

1. IMPORTÂNCIA DO TRANSPORTE

Vamos começar falando do papel do transporte para as operações em terminais


e armazéns de mercadorias. Não é preciso muito esforço para compreender sua
importância...

Sem transporte, a mercadoria não chega e nem sai dos terminais e armazéns!

O transporte tem papel importante na movimentação das mercadorias entre os


pontos de fornecimento e os pontos de consumo. Veja na figura um esquema que
liga uma fábrica a um armazém e a seus clientes.

É o transporte que promove a conexão entre eles, garantindo que a carga seja
movimentada entre os pontos da cadeia.

2. TIPOS DE TERMINAIS E ARMAZÉNS

Os terminais e armazéns de mercadorias podem ser classificados de várias formas.


A seguir vamos conhecer algumas delas.

CLASSIFICAÇÃO DOS TERMINAIS

Quanto à propriedade • do transportador


(quem é dono) • de uma empresa usuária
• de órgãos públicos
• de empresas de armazenagem
• de empresas produtoras
• de distribuidoras comerciais

37
Quanto ao tipo de • cargas gerais (para qualquer tipo de carga)
carga movimentada • carga típica
ou armazenada • carga específica

Quanto à sua função • concentradores de produção (ficam em áreas produtoras)


• beneficiadores (armazenam e transformam os produtos antes do
embarque, melhorando a sua qualidade)
• reguladores/estocadores (garantem que um produto esteja dispo-
nível mesmo fora da época)
• pontos de passagem e rearranjo (exemplos: centros de distribuição,
pontos de trânsito e terminais de cross-docking)

Você sabia?
Nos terminais que realizam o cross-docking, a carga coletada chega em veículos
de grande capacidade, é separada por rota de entrega, e consolidada em carros
menores que realizam a sua distribuição.

3. ATIVIDADES REALIZADAS NOS TERMINAIS E


ARMAZÉNS

As principais atividades são: recebimento, conferência, estocagem e expedição de


mercadorias.
RECEBIMENTO = entrada de produtos no terminal/armazém
EXPEDIÇÃO = saída de produtos do terminal/armazém

38
3.1 RECEPÇÃO E CONFERÊNCIA DE MERCADORIAS

Antes de começar a descarga do caminhão, é necessário fazer um exame rápido


da Nota Fiscal de entrega e do Manifesto de Transporte, para verificar se os
documentos estão de acordo com o pedido de compra de materiais.

Na sequência, você deve conduzir o caminhão para a doca de descarga, para que
as cargas sejam retiradas (descarga do caminhão).

Nas docas, um conferente vai realizar um exame de avarias e


a conferência das mercadorias conferidas. Caso ele encontre
irregularidades significativas, poderá recusar a carga. Por isso, é
importante que você acompanhe todo o processo!

Se estiver tudo certo, inicia-se a descarga das mercadorias.

3.2 EXPEDIÇÃO DE MERCADORIAS

A expedição refere-se à saída das mercadorias do terminal ou do armazém para serem


distribuídas aos clientes. Quando um pedido é recebido, a mercadoria é separada e levada
para uma área de preparação dos pedidos, onde eles serão agrupados por cliente.

Antes de carregar o caminhão, os pedidos devem ser conferidos pelo responsável pela
expedição. Esse procedimento evita erros no envio dos pedidos e complicações na entrega
ao cliente, o que geraria um alto custo de retorno da mercadoria, além de desagradar o cliente.

39
As cargas colocadas em primeiro lugar na carroceria do caminhão
são as que sairão por último!

4. CONTROLE DE CHEGADAS E MANOBRAS DOS


VEÍCULOS

Quando o veículo chega na portaria, o profissional responsável pelo seu recebimento


deverá ter em mãos uma relação das entregas programadas. Ele irá encaminhar o
veículo para a doca pré-definida para a descarga. Em alguns terminais existem
docas separadas para cada tipo de carga, facilitando sua movimentação após o
desembarque.

Enquanto você não recebe a autorização para seguir até a doca, é


possível adiantar o processo de soltura de amarras e tomar as outras
providências para o desembarque.

Fique atento às instruções para a circulação do portão até a doca, assim pode
evitar congestionamentos dentro do terminal ou armazém!

Ao chegar nas docas, você vai encontrar as plataformas de acostagem. Em geral,


elas permitem (ALVARENGA e NOVAES, 2000):
• Posicionamento dos veículos perpendicularmente à plataforma, ou seja, a 90
graus (veículo para reto);
• Posicionamento dos veículos diagonalmente à plataforma, ou seja, a 45 graus
(veículo para inclinado).

Vejamos cada uma delas!

4.1 POSICIONAMENTO PERPENDICULAR À PLATAFORMA

Conhecida como acostagem a 90 graus. Nesse caso, a plataforma forma uma linha
reta e contínua e a descarga é realizada pela traseira do veículo. Caminhões-baú,
por exemplo, são descarregados pela traseira.

Recomenda-se um espaço de no mínimo 33,5 m para as manobras, sendo que o


ideal é dispor de 35,0 m.

40
Acostagem a 90 graus

Quando há um grande movimento de veículos na área das docas, plataformas


estreitas podem prejudicar as manobras e causar esperas. Por este motivo, a prática
recomenda docas de 3,50 m de largura. Os equipamentos utilizados para descarga
de mercadorias dos caminhões (empilhadeiras, carrinhos, paletes) podem exigir
uma largura maior, podendo chegar a mais de 5,0 m.

A área de descarga é o local usado para que as pessoas tenham acesso ao


caminhão e possam fazer a descarga, sendo 5,0 m a largura mínima recomendada.
Logo atrás deve haver uma área de acumulação da carga que foi retirada dos
veículos, onde a mercadoria passará pela primeira triagem. Recomenda-se uma
faixa de 12,0 m para acomodar provisoriamente as cargas.

4.2 POSICIONAMENTO DIAGONAL À PLATAFORMA

É a forma mais usada quando a descarga dos veículos é feita não só pela parte
traseira, mas também pela lateral. O espaço de manobra de veículos pode ser
menor, com dimensão de aproximadamente 25,0 m.

Acostagem a 45 graus

41
UNIDADE 8 - NOÇÕES DE GESTÃO
DO TRANSPORTE
A qualidade da informação pode ser o diferencial de um processo decisório. Em
função disso, vêm sendo desenvolvidas e aplicadas no setor do transporte as
chamadas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC).

1. TECNOLOGIAS PARA A GESTÃO DA FROTA

A obtenção de informação com qualidade, na precisão requerida e em tempo hábil


para que o tomador de decisão possa desenvolver suas atividades é, atualmente,
uma das grandes preocupações nas cadeias logísticas e na atividade de transporte
de cargas. Muitas tecnologias estão disponíveis para que o uso do caminhão seja
otimizado. Não importa se sua empresa tem uma frota grande ou pequena — a
gestão dos veículos permitirá uma economia de tempo e dinheiro.

Nos casos de grandes transportadoras, as centrais de controle podem estar


instaladas na sede da empresa. É possível, também, subcontratar uma outra
empresa, apenas para fazer o controle da frota, que vai operar coletando e
fornecendo dados dos caminhões para a transportadora.

As empresas especializadas em fornecer serviços de monitoramento auxiliam as


empresas de transporte a cuidar de sua frota. Elas proporcionam:
• Controle do vencimento de documentos, como CHN e outros.
• Auxílio na localização do veículo em caso de furto ou roubo.
• Monitoramento do botão de pânico.
• Controle de restrição de horários do trânsito de seu caminhão.
• Registro do consumo de combustível.
• Relatórios de histórico por período.

Porém, para que haja a comunicação entre a central de monitoramento e o caminhão,


os equipamentos instalados nos veículos devem permitir o monitoramento,
rastreamento e comunicação entre os veículos e com a equipe técnica na central.

2. TECNOLOGIA PARA TRANSMISSÃO DE DADOS

As principais tecnologias utilizadas para transmissão de dados entre o caminhão


e a central são: via satélite, via rádio, via celular e os chamados sistemas híbridos,
que reúnem, por exemplo, tecnologia de satélite e de telefonia móvel GSM/GPRS.

Um satélite é um equipamento construído pelo homem e colocado no


espaço ao redor da Terra para permitir a comunicação entre dois ou mais
pontos distantes de forma rápida.

43
Para a transmissão de dados via satélite, é necessário que seja instalado no
caminhão um dispositivo receptor de sinais dos satélites (aquele equipamento
muitas vezes visto sobre a cabine). Esse tipo de tecnologia assemelha-se à utilizada
pelas antenas parabólicas nos locais onde não existe TV a cabo.

A comunicação entre o caminhão e a central de monitoramento de frota é realizada


por códigos pré-definidos, criados para impedir que criminosos possam entender
todo o conteúdo das mensagens, e para facilitar o entendimento entre o motorista
e a central.

O GPS (do inglês Global Positioning System), ou Sistema de Posicionamento Global,


permite que o veículo obtenha sua localização em qualquer local do planeta. O
dispositivo utiliza satélites para fazer os cálculos com exatidão.

3. SISTEMAS DE RASTREAMENTO E COMUNICAÇÃO

Essa tecnologia permite maior segurança nas viagens, pois possibilita a localização
do veículo onde quer que ele esteja, e garante a comunicação entre a central de
monitoramento e o motorista.

Em caso de emergência, é possível enviar comandos para o veículo e controlar o


seu funcionamento. Assim, quando a central é avisada do roubo de um caminhão,
por exemplo, é possível interromper a alimentação do motor (o veículo para de
funcionar) ou travar as portas.

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Podem ser classificados em bloqueadores e rastreadores de veículos.

SISTEMAS DE RASTREAMENTO
Bloqueadores São dispositivos de segurança que permitem o bloqueio do veículo a distân-
cia. Eles não fornecem a localização do veículo e são indicados para evitar e
dificultar o furto e roubo de veículos.

Rastreadores Funções básicas:


Comunicação entre a central de monitoramento da frota da empresa e os
caminhões;
Localização on-line de veículos;
Controle da frota, permitindo monitorar: nível de combustível, velocidade do
veículo durante as viagens, abertura das portas, temperatura, presença de
caronas, entre outros.

4. GESTÃO DA OPERAÇÃO DO VEÍCULO

O computador de bordo é um equipamento que possibilita ao motorista saber, em


tempo real, dados como:
• distância percorrida
• velocidade máxima e mínima
• alertas de excesso de velocidade em chuva
• alerta de frenagem brusca
• se as portas estão abertas ou fechadas
• se a carreta está engatada ou desengatada
• se o motor está ligado ou não
• a temperatura no baú

Além de auxiliar o motorista para uma condução mais eficiente e segura, o


computador de bordo permite extrair um relatório final contendo dados de
desempenho e consumo. Exemplos:
• Consumo de combustível
• Tempo da viagem nas faixas de rotações do motor
• Tempo do veículo parado com a ignição ligada
• Tempo de carreta engatada e desengatada
• Tensão de bateria
• Número de vezes que o motorista pisou no freio e na embreagem
• Tempo de viagem

Outro equipamento importante é o botão de pânico, utilizado em casos de


emergência para estabelecer a comunicação imediata com a central de controle.
Basta um toque no botão para que a empresa seja notificada de que algo errado
está acontecendo (roubo, sequestro, acidente etc.), podendo tomar as providências
necessárias.

45
Botão do pânico é a nomenclatura dada ao dispositivo instalado em local
discreto e de fácil acesso, dentro de um veículo, para acionamento em casos
de emergência.

Além do interior de veículos, o botão do pânico pode ser instalado em porta-


malas e nos baús de caminhões. O botão estabelece contato com a central via
telefones cadastrados no sistema.
Estes equipamentos e sistemas permitem que a central de monitoramento
da empresa possa tomar conhecimento imediato de qualquer situação não
programada e, assim, tomar decisões a distância, buscando a segurança e o
controle das operações de transporte de cargas.

5. QUALIFICAÇÃO E TREINAMENTO DE
FUNCIONÁRIOS E PRESTADORES DE SERVIÇO

Finalmente, é importante conhecer os programas existentes no mercado para


realizar a qualificação, tanto dos funcionários das empresas e das cooperativas de
transporte, quanto dos prestadores de serviços que é o caso dos transportadores
autônomos contratados pelas empresas e cooperativas.
De acordo com o parágrafo 1º do artigo 15 da Resolução 4.799/2015 “O Responsável
Técnico responde solidariamente com a ETC ou CTC pela adequação e manutenção
de veículos, equipamentos e instalações, bem como pela qualificação e treinamento
profissional de seus empregados e prestadores de serviço.”
Empresas que capacitam seus funcionários podem oferecer seus produtos e
serviços com qualidade, reduzem os índices de reclamações, otimizam o tempo e
fidelizam clientes.
A qualificação em qualquer área é importante por que prepara o funcionário para
atender melhor e para desempenhar da melhor forma suas atividades. Seu objetivo
principal é a incorporação de conhecimentos teóricos, técnicos e operacionais
relacionados à produção de bens e serviços, por meio de processos educativos
desenvolvidos em diversas instâncias (escolas, sindicatos, empresas, associações).
Neste sentido, o maior, mais completo e amplo programa de capacitação de mão
de obra qualificada em transporte rodoviário de cargas no Brasil é oferecido pelo
Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte – SENAT, em praticamente todo
o território nacional, por meio de suas Unidades Operacionais (ver www.sestsenat.
org.br).
O Senat oferece cursos de capacitação e de qualificação sobre diversos temas
do setor de transporte rodoviário de cargas, alguns na modalidade de ensino
presencial e outros na modalidade de ensino a distância. Os cursos são destinados
tanto ao pessoal do nível operacional quanto aos profissionais das empresas de
transporte de nível gerencial.
Cabe destacar a oferta dos cursos especializados obrigatórios por exigência do
Conselho Nacional de Trânsito – CONTRAN, para qualificar condutores de veículos
de transporte de produtos perigosos e de carga indivisível.

46
UNIDADE 9 - ADEQUAÇÃO E
MANUTENÇÃO DE INSTALAÇÕES
OPERACIONAIS

4
7
O planejamento e a organização das áreas externas do terminal definem o que
chamamos de layout das áreas externas. Seu objetivo é contribuir para a redução
de custos e, também, para o aumento da produtividade por meio de:
• Melhor utilização do espaço disponível;
• Redução da movimentação de material e pessoal;
• Fluxo mais racional;
• Menor tempo para o desenvolvimento dos processos;
• Melhores condições de trabalho.

Nesta unidade focaremos nossa atenção na definição do layout das áreas externas
dos terminais e armazéns.

1. LAYOUT DAS ÁREAS DE RECEBIMENTO E


EXPEDIÇÃO

Quando o veículo chega na portaria, o profissional responsável pelo seu recebimento


deverá ter em mãos uma relação das entregas programadas. Ele irá encaminhar o
veículo para a doca pré-definida para a descarga. Em alguns terminais existem
docas separadas para cada tipo de carga, facilitando sua movimentação após o
desembarque.

Enquanto o motorista não recebe a autorização para seguir até a


doca, é possível adiantar o processo de soltura de amarras e tomar
outras providências para o desembarque.

O motorista deve estar atento às instruções para circulação do portão até a doca,
assim contribuindo para evitar congestionamentos dentro do terminal ou armazém!

2. RECOMENDAÇÕES PARA O LAYOUT EXTERNO

Veja algumas recomendações úteis para o projeto das áreas de circulação e


plataformas de um terminal ou armazém:

2.1 PORTARIA

É o ponto de contato do terminal ou armazém com o ambiente externo. Quanto


mais portarias houver no terminal ou armazém, mais “aberto” ele será para o
ambiente externo.

48
Moura (1998) cita diversos motivos para utilizar somente uma portaria, mas também
menciona os inconvenientes desta escolha:
• Centralização do controle de entradas e saídas do pessoal e de visitantes,
bem como dos veículos de carga;
• Maior segurança devido à facilidade de controle de entrada e saída;
• Diminuição do número de funcionários (porteiros) necessários.

Porém o autor cita alguns inconvenientes a respeito do uso de somente uma


portaria, como vemos a seguir:
• Congestionamento de veículos nos horários de início e fim de expediente de
trabalho;
• Confusão entre a circulação de veículos de passeio (visitantes e funcionários)
e veículos de carga;
• Confusão entre veículos entrando e saindo do terminal ou armazém.

Uma sugestão é dispor de: uma portaria de entrada para veículos que
chegam dos fornecedores; uma portaria de saída para veículos que
farão a distribuição aos clientes; e uma portaria para funcionários e
visitantes.

2.2 BALANÇA

Deve ficar próxima à portaria para permitir a conferência do peso do veículo antes
e depois de descarregado, permitindo a verificação da quantidade de carga que
ficou no armazém.

2.3 ESPAÇO PARA CIRCULAÇÃO DE VEÍCULOS

Os veículos, após adentrarem o terminal, deverão circular na área do terreno até o


estacionamento na doca de recebimento e, após a descarga, circular até a saída.

Algumas sugestões para as áreas de circulação:


• As vias devem ter largura mínima de 4,0 metros por sentido de tráfego.
• Os portões de entrada devem ter aproximadamente 6,0 metros de largura
para uma via de direção, e 9,0 m no caso de entrada e saída pelo mesmo
portão.
• Caso haja circulação de pedestres no portão de passagem de veículos,
aumentar aproximadamente 2,0 metros na sua largura.
• As vias devem permitir uma movimentação fácil do veículo, sem necessidade
de manobras para fazer curvas ou para mudar de direção.

49
Você sabia?

A elaboração adequada do layout do pátio externo é fundamental para que o prazo


de preparação dos pedidos e os tempos de carga e descarga das mercadorias
sejam minimizados. Isso contribui com a melhoria do nível de serviço logístico.

50
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

• ALVARENGA, A.; NOVAES, A. G. Logística aplicada. São Paulo: Pioneira, 2000.


• ANTT. Agência Nacional de Transportes Terrestres. Resolução n° 4.799, de 27 de julho de 2015 que
regulamenta procedimentos para inscrição e manutenção no Registro Nacional de Transportadores
Rodoviários de Cargas, RNTRC; e dá outras providências. Disponível em: http://www.antt.gov.br/. Acesso
em dezembro de 2015.
• BOMBEIROS.COM.BR. Glossário do Incêndio. Disponível em: < http://www.bombeiros.com.br/br/
bombeiros/glossario.php> Acesso em março de 2015.
• BOWERSOX, D. J.; CLOSS D. J.; STANK T. P.. 21st Century Logistics: Making Supply Chain Integration A
Reality. CSCMP: Michigan, 2003.
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