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2013/2014

1º SEMESTRE
Ismai

TELETRABALHO
Organização e Gestão de Empresas I
Teletrabalho

Índice
1 Introdução............................................................................................................................3
2 O que é o Teletrabalho?.......................................................................................................4
3 Evolução do Teletrabalho.....................................................................................................5
4 Perfil do teletrabalhador......................................................................................................7
5 Profissões adequadas ao teletrabalho.................................................................................9
6 O teletrabalho no Código do Trabalho...............................................................................11
7 Vantagens e Desvantagens.................................................................................................12
7.1 Vantagens do teletrabalhador....................................................................................12
7.2 Vantagens para as empresas......................................................................................12
7.3 Vantagens para a sociedade.......................................................................................13
7.4 Desvantagens para o trabalhador (potenciais):..........................................................13
7.5 Desvantagens para as empresas:................................................................................14
7.6 Desvantagens para a sociedade:................................................................................14
8 Uma forma de organização do trabalho utilizada?.............................................................15
9 O teletrabalho em Portugal................................................................................................16
9.1 2
Condicionantes...........................................................................................................16
10 Conclusão.......................................................................................................................18
11 Webgrafia.......................................................................................................................19
12 Bibliografia.....................................................................................................................19

OGE I ISMAI 1º Semestre


Teletrabalho

1 Introdução

A sociedade de informação está a produzir uma significativa aceleração das mudanças


económicas e sociais, estando a emergir novas e mais flexíveis formas de trabalho, num
contexto de transição entre uma economia baseada na indústria e uma economia baseada no
conhecimento e na informação.

O acesso a redes dentro e fora das empresas, a videoconferência em rede local, a


utilização partilhada de documentos em tempo real e a redistribuição de chamadas telefónicas
são alguns exemplos destas novas tecnologias.

A evolução das tecnologias de informação e da comunicação impõe uma redefinição do


espaço de trabalho. A combinação destas duas tecnologias, torna possível o desempenho de
certas atividades e da transmissão de informação em qualquer localização geográfica, abrindo
novas fronteiras ao mundo do trabalho. Hoje é mais rápido enviar um email do que uma carta
por correio.

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Cada vez menos será o trabalhador a deslocar-se ao trabalho, e cada vez mais será o
trabalho a ir até ao trabalhador.

Trabalhar a partir de casa parece ser cada vez mais a hipótese acertada numa altura em
que a flexibilidade se tornou num dos assuntos da ordem do dia.

O teletrabalho surge como resposta às novas necessidades do Homem. Um fenómeno em


pleno crescimento, uma consequência inevitável da Era da Informação.

O teletrabalho é uma forma alternativa diferente de organização de trabalho. O que


importa é o que se faz e quando se faz não o local onde se faz.

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Teletrabalho

2 O que é o Teletrabalho?

O conceito de teletrabalho é cada vez mais discutido e, embora não tenha uma definição
técnica específica, é usual enquadra-lo como um conjunto de novas formas de trabalhar,
usando as TIC como ferramentas e o teletrabalhador como um individuo que passa, pelo
menos parte do tempo fora do ambiente tradicional da empresa.

O Teletrabalho constitui uma modalidade de trabalho com características próprias:  


 Distância: situação laboral em que teletrabalhador se encontra num ponto
geograficamente distinto daquele em que o trabalho é realizado e/ou entregue.  
 Tecnologia: o recurso intensivo a meios informáticos e de telecomunicações como
redes, equipamentos, aplicações e/ou serviços para o suporte e/ou entrega do
trabalho.
 Estruturação: existência de um acordo claro (ou mesmo contratado) entre os
intervenientes (teletrabalhador, empresa empregadora e cliente) que estabelece e

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regula as condições laborais e as condições de trabalho, onde e quando se desenvolve
o teletrabalho:   
o Forma organizativa: a partir de casa do trabalhador, em centros de
teletrabalho, escritórios satélite, teletrabalho móvel, escritórios partilhados,
etc.
o Modalidade: formal ou informal, tempo inteiro, tempo parcial, em alternância
(alguns dias por semana) ou ocasional.  

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Teletrabalho

3 Evolução do Teletrabalho

Não se pode afirmar que o Teletrabalho tenha surgido em algum local ou até mesmo
numa data específica, porem diversos autores atribuem como fatores impulsionadores do seu
surgimento um conjunto de atributos. Destacam-se a globalização da economia, a revolução
tecnológica, os processos de reestruturação organizacional (reengenharia, doirrisinng.
terciarização) e o aumento da competitividade como grandes impulsionadores da flexibilização
do trabalho.

Alguns aspetos tiveram grande contribuição para o surgimento das novas formas de ser e
do novo perfil do trabalhador. De entre elas pode-se destacar as mudanças nos conteúdos do
trabalho, novas exigências de perfis profissionais e novas qualificações, motivadas pelas
inovações tecnológicas e organizacionais (SCHIRIGATTI & KASPRZAK, 2007).

Vale salientar que o uso de telecomunicações, para uma Administração à Distancias foi
identificada já no ano 1857 nos Estados Unidos com a experiência de J. Edgar Thompson,

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proprietário da estrada de ferro Penn, ao descobrir que poderia usar o sistema privado de
telégrafo da sua empresa para gerenciar divisões remotas, ou seja, gerenciar o pessoal que
estava distante do escritório central delegando aos funcionários o controle no uso de
equipamentos e na mão-de-obra. Hoje constantes e vitais no trabalho administrativo, tanto no
setor privado como público, em organizações pequenas e grandes (KUGELMASS, 1996).

Bleyer (2002) afirma que a ideia do Teletrabalho já permeava a Europa desde a década
de 40. Porem, não se pode afirmar exatamente onde se iniciou o processo. De acordo com
alguns estúdios, este teve origem na Inglaterra e hoje estende-se por todo o mundo.

O reaparecimento na sociedade europeia do trabalho em casa ocorre em 1960, quase


extinto desde os finais do século XIX, ocorrendo na produção de vestuário, têxteis e calçados. E
na década de 70 verifica-se em outros setores como embalagem e montagem de artigos
elétricos e eletrônicos, alimentação industrial, bebidas, detergentes, plásticos e cosméticos.
Assim, da convergência do trabalho à distância e do trabalho em casa surge o conceito do
teletrabalho.

Jardim (2003) complementa no que se refere ao interesse pelo trabalho à distância,


apareceu pela primeira vez no ano de 1950 na obra de Norbert Wiener— The human use of
human being - ao citar o exemplo hipotético de um arquiteto que vive na Europa e

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supervisiona à distância, por meio de um fac-simile, a construção de um imóvel nos Estados


Unidos.

Para a autora, foi na década de 70 com a crise do petróleo e a elevação dos preços dos
combustíveis e dos transportes, e com a redução dos componentes eletrônicos dos
computadores, que se pensou na fusão das telecomunicações e da informática, criando-se o
neologismo telemática.

O Teletrabalho foi iniciado então, quando não existia o computador pessoal nem a
massificação da Internet. Nas décadas de 60 e 70, quando o Teletrabalho despertou a atenção
da sociedade, ele era realizado de outro modo — através da utilização do fac-simile, correio,
telefone convencional, telex e telegrafo.

Entretanto, foi a partir da década de 80 que se pode assistir ao paradigma da


deslocalização, apoiado nos conceitos da não-concentração da atividade assalariada, ações
voltadas à redução do impacto ambiental, melhor organização territorial, redução de custos de
mão-de-obra e imobiliário e motivação social. Todos esses conceitos aliados ao
desenvolvimento tecnológico e uma política de acomodação resultarão na capacidade de
desenvolver uma nova organização empresarial. 6

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4 Perfil do teletrabalhador

Fernandéz (1999) cita alguns traços que supõe caracterizar a personalidade do


teletrabalhador:

 Espirito empreendedor, capacidade de assumir riscos, critério próprio para tornar


decisões, capacidade de iniciativa;
 Auto motivação, autocontrolo e disciplina;
 Capacidade para trabalhar por resultados;
 Capacidade de organização;
 Capacidade para trabalhar com um contato social reduzido;
 Habilidade na comunicação;
 Capacidade de equilibrar o trabalho com as responsabilidades domésticas.

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Nilles (1997) acredita que o profissional ideal para teletrabalhar deve possuir algumas
caraterísticas essenciais, e justifica-as da seguinte maneira:

 Auto motivação;
 Auto disciplina;
 Conhecimentos específicos e experiência profissional;
 Flexibilidade e criatividade,
 Contato social;
 Fase da vida;
 Família;
 Hábitos compulsivos;
 Ambiente físico para teletrabalhar em casa.

Como os teletrabalhadores não possuem estímulos visuais e auditivos do escritório


tradicional para mantê-los motivados, podendo ter distrações que não ocorrem no escritório
tradicional, quanto maior o ânimo que tiverem para realizar o serviço, mais fácil será a sua
adaptação ao Teletrabalho. Porem, mesmo que um profissional esteja altamente motivado,
tudo pode dar errado se lhe faltar autodisciplina. Como um ambiente doméstico de
Teletrabalho não é próprio para supervisão constante, é muito melhor contar com
profissionais que não dependam desta questão. É comum encontrar pessoas que precisam de

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um estímulo frequente no escritório tradicional e que se adaptam prontamente a um


ambiente doméstico de Teletrabalho. O segredo está no fato de poderem trabalhar no próprio
ritmo e estilo além de se sentirem mais responsáveis.

Quanto aos conhecimentos específicos e a experiência profissional citada pelo autor


como características essenciais do teletrabalhador, podem se justificar pelo fato de uma
transição mais suave a um ambiente doméstico de Teletrabalho acontecer com uma pessoa
que já tem aptidões e a experiência para realizar o serviço.

Por ser o Teletrabalho urna nova forma de trabalho, funcionários que têm dificuldades
em se adaptar a novas situações, podem resistir a um novo ambiente de trabalho. Porém,
aqueles criativos e com uma postura flexível provavelmente terão pouca ou nenhuma
dificuldade de adaptação.

Relativo às restrições do convívio social gerado pelo trabalho longe do escritório, até
certo ponto, pode-se considerar uma compensação por meios eletrônicos de comunicação
deste contato, mas é claramente uma situação diferente da encontrada no ambiente
profissional tradicional. Muitas vezes a comunicação informal que ocorre durante o convívio

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social no escritório é tão importante quanto a comunicação formal.

Ao fazer menção à interferência de fases da vida do trabalhador como característica


essencial para ser ideal ao Teletrabalho, Nines (1997) considera que em alguns momentos é
possível que os profissionais passem a gostar do trabalho em casa, podendo aproveitar
intervalos com os filhos, marido ou esposa. O ambiente familiar, para um profissional do
Teletrabalho em casa é o substituto do ambiente do escritório.

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Teletrabalho

5 Profissões adequadas ao teletrabalho

Um conjunto de profissões em particular, engloba características que permitem uma


adequação de sucesso na adesão ao Teletrabalho. Nilles (1997) lista inúmeras opções de
funções viáveis ao Teletrabalho e classifica-as de acordo com a adaptabilidade de cada uma ao
trabalho de tempo integral ou parcial em casa e tempo integral ou parcial em centro satélite.
De entre elas estão as profissões de advogado, analista de mercado de ações, analista
financeiro, arquiteto, artista gráfico, cientista da computação, programador de sistemas,
corretor de imóveis, economista, engenheiro, estatísticos, publicitários, vendedores externos,
escritor, por exemplo.

Troppe (1999) reforça a ideia do autor e acrescenta o teletrabalho favorece mais tipos de
trabalho cuja categoria está relacionada a profissões relacionadas com a prestação de serviços.

O mesmo autor considera que centenas de atividades são compatíveis com o


Teletrabalho. Como exemplo dessas atividades podem ser destacadas aquelas referentes as
seguintes áreas; 9
 Recursos humanos: administração de pessoal, recrutamento, gestão de formação;
 Comunicação: lançamento de campanhas institucionais e preparação de eventos;
 Contabilidade /finanças /auditoria: tratamento de faturas, contabilidade, preparação
de relatórios e auditorias, gestão de tesouraria;
 Comercial e marketing: administração de vendas, gestão pós-venda, preparação de
estudos, acompanhamento de mercado;
 Informática: desenvolvimento de sistemas, manutenção de sistemas;
 Planeamento: estudos estratégicos;
 Jurídico: preparação e acompanhamento de contratos, regulamentos e
procedimentos;

Fernandéz (1999) destaca algumas tarefas que mais se adaptam a maneira particular de
operar ao teletrabalhador como aquelas que permitam, tanto ao empresário como ao
teletrabalhador controlar rigorosamente o ritmo de trabalho, onde também é fundamental a
programação. Outro tipo refere-se àquelas com escassa necessidade de comunicação e/ ou de
trabalho em grupo. Apesar de a comunicação ser a base do trabalho à distância, quanto menos
necessidade se tenha dela, melhor para os seus utilizadores.

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Teletrabalho

Em suma, um trabalho será tanto mais adequado às características do Teletrabalho,


quanto mais simples possa ser programado com relação aos seus prazos, quanto menos forem
as consultas aos agentes externos e menos for o espaço exigível.

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Teletrabalho

6 O teletrabalho no Código do Trabalho1.


O Código do Trabalho define teletrabalho como uma "prestação laboral realizada com
subordinação jurídica, habitualmente fora da empresa e através do recurso a tecnologias de
informação e comunicação" Pode ser desempenhado por quem já faça parte da empresa ou
seja admitido para tal. Em ambos os casos deve haver um contrato. Se for escrito prova que as
partes acordaram este regime, mas a falta de um documento não significa a inexistência de
vínculo. Pode, sim, complicar a sua prova.

Direito à privacidade

Quem presta serviço em regime de teletrabalho fá-lo, habitualmente, a partir de casa,


o que levanta questões sobre a privacidade. Tem direito aos tempos de descanso e repouso,
bem como da sua família. A entidade patronal não pode esperar que esteja disponível 24 horas
por dia, 7 dias por semana. Em contrapartida, pode controlar a atividade ou os instrumentos
de trabalho do empregado, por exemplo, com uma visita à residência, entre as 9 e as 19 horas.

Computador e Net a cargo da empresa

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O teletrabalhador tem os mesmos direitos que os colegas que se deslocam à empresa:
formação, promoções e progressão na carreira, limites do período normal de trabalho e
reparação de danos por acidente de trabalho ou doença profissional. O empregador deve
proporcionar formação adequada para as tecnologias de informação e comunicação a usar na
atividade e promover contactos regulares com a empresa e os colegas, para o funcionário não
se sentir isolado. Se o contrato nada indicar quanto aos instrumentos de trabalho, parte-se do
princípio de que pertencem ao empregador, que assegura a instalação, manutenção e
despesas. O funcionário só pode usá-los para trabalhar, a menos que a empresa autorize o
contrário.

3 anos à distância

Quem trabalhava em regime "normal" pode chegar a um acordo para que o teletrabalho
tenha uma duração máxima inicial de 3 anos, a menos que a empresa esteja abrangida por um
instrumento de regulamentação coletiva que defina um prazo diferente. Nos primeiros 30 dias,
as partes podem pôr fim a este tipo de trabalho. Quando cessar o regime, o trabalhador
retoma a prestação de trabalho nas instalações do empregador ou noutras acordadas entre as
partes.

1
Art.º nº 165 até Art.º nº171 do Código do Trabalho

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Teletrabalho

7 Vantagens e Desvantagens

As empresas que adotam este sistema de trabalho, têm de possuir cuidados específicos
com a seleção da pessoa certa para desempenhar determinada tarefa, com o local e condições
disponíveis para a realização do trabalho, assim como cuidados na própria organização onde o
colaborador se insere.

Este tipo de trabalho trás aspetos positivos mas também negativos para o colaborador,
uma vez que é este que controla o seu tempo e as tarefas, vai por vezes provocar-lhe algum
stress. Outro dos aspetos negativos é o facto de ele por vezes trabalhar sozinho o que lhe
provoca um certo tipo de isolamento.

Destacamos algumas vantagens, classificando-as segundo o seu destinatário –


teletrabalhador, o empregador e a sociedade – pois têm sido estas as mais defendidas quer a
nível nacional quer internacional.

7.1 Vantagens do teletrabalhador



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Fomenta a autonomia na organização do seu trabalho e diminui o absentismo na
execução de tarefas.
 Trabalha de acordo com o seu biorritmo, segundo métodos e preferências pessoais,
logo, torna-se mais fácil alcançar objetivos pessoais e organizacionais.
 Redução no tempo despendido na deslocação da sua residência até ao local de
trabalho, o que vai levar a uma diminuição do stress devido ao trânsito.
 Redução das despesas efetuadas nos transportes públicos ou particulares.
 Maior convivência com a família, devido ao aumento de tempo disponível.
 Possibilidade de aumento dos rendimentos mensais, caso possa trabalhar para mais
do que uma empresa.

7.2 Vantagens para as empresas


 Redução de custos: despesas gerais e custos de espaço (o trabalho pode ser
desenvolvido onde estão as competências minimizando os custos) bem como custos
relacionados com o recrutamento e com a relocalização dos trabalhadores.
 Aumento da produtividade: a produtividade aumenta num intervalo entre 10% e 40%,
principalmente devido a uma maior otimização do tempo.

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 Aumenta a motivação: os teletrabalhadores respondem à confiança que lhes é


atribuída, adotando um estilo de trabalho mais independente e uma maior motivação.
 Retenção de competências: atrair e reter os melhores com mais talento e formação,
que de outra forma poderiam não estar disponíveis.
 Flexibilidade organizacional: os teletrabalhadores não tendo necessidade de
abandonar a sua vida familiar não apresentam condicionantes a sua localização
geográfica e /ou ao fuso horário.

7.3 Vantagens para a sociedade


 Preservação do espaço rural.
 "Desconcentração" do centro das cidades.
 Criação de empregos.
 Aumento da produtividade.
 Descongestionamento do tráfego urbano.
 Poupança em combustíveis.
 Redução da poluição.
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 Revitalização dos subúrbios.
 Redução dos investimentos em infra estruturas de transportes.
 Integração, no mercado de trabalho - combatendo a exclusão social - de pessoas que
não podem sair de casa (idosos, portadores de deficiência, donas de casa, etc.).

Tal como em tudo, e como já foi visto para os teletrabalhadores, não existem apenas
vantagens, existem também desvantagens para ambas as partes intervenientes com o
teletrabalho.

7.4 Desvantagens para o trabalhador (potenciais):

 Isolamento social.
 Degradação da vida familiar, devida à intrusão do trabalho no lar.
 Apagamento da diferenciação entre trabalho e lazer.
 Exploração do trabalhador: possibilidade de condições de emprego menos favoráveis,
em termos de regalias económico-social e consequentemente maior dificuldade de

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defesa dos seus interesses laborais e profissionais (o contrato de trabalho tende a ser
individual, dificultando ou impedindo as reivindicações coletivas.
 Maiores dificuldades na promoção do emprego.

7.5 Desvantagens para as empresas:


 Dificuldade em conseguir a presença do trabalhador no local de trabalho, mesmo
quando necessita.
 Aumento de custos em equipamentos extra, energia e telecomunicações.
 Destruição da unidade da empresa e do coletivo de trabalho.
 Aumento dos custos de formação do trabalhador.
 Falta de segurança e confidencialidade da informação.

7.6 Desvantagens para a sociedade:


 Desaparecimento das formas coletivas de trabalho e dispersão da mão-de-obra.

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Exploração de trabalhadores em situação mais vulnerável (mulheres, crianças,
pessoas com deficiência, membros de minorias étnicas, etc.).
 Desaparecimento das estruturas tradicionais de educação e formação profissional.
 Transferência, para as zonas menos desenvolvidas, apenas dos empregos pouco
qualificados e mal pagos, agravando assim as assimetrias.

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Teletrabalho

8 Uma forma de organização do trabalho utilizada?

A imagem do trabalho e da empresa é fruto da nossa experiência e dos paradigmas


sucessivamente elaborados pela ciência organizativa o que passa pela ideia de progresso que
dela fizemos.

A implementação de novas formas de organização do trabalho implica sempre profundas


mudanças culturais e de estilos e métodos de gestão, que exigem um longo tempo para serem
adotadas e incorporadas. Alteram a forma de trabalhar, o relacionamento entre os
trabalhadores e, em alguns casos, a própria função de cada um.

Atualmente caminhamos para uma sociedade em rede, baseada nas telecomunicações e


nas tecnologias de informação, onde as pessoas participam nos projetos com um certo nível de
interdependência, de iniciativa e criatividade. Todas as vertentes da vida empresarial estão a
ser afetadas por desenvolvimentos tecnológicos e sociais: os métodos de trabalho usados,
onde e quando é que o trabalho é organizado, executado e qual o seu conteúdo.

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A nível Europeu, o teletrabalho começa a ser visto como uma forma de abrir novas
oportunidades para aumentar a competitividade, de promover o emprego e melhorar a
qualidade do trabalho.

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Teletrabalho

9 O teletrabalho em Portugal
No nosso país alguns dos empresários e gestores ainda oferecem resistência a este tipo de
sistema de trabalho, não se sabendo muito bem porque não chegam eles a um consenso, para
muitos dos Portugueses o teletrabalho ainda é considerado um trabalho precário.

Como as tecnologias e a Internet ainda não estão suficientemente divulgadas entre os


empresários, a nossa sociedade empresarial ainda se baseia bastante em fatores
presencialistas, para que isto deixe de acontecer, existem diversas condições que são
favoráveis ao crescimento do teletrabalho em Portugal mas que a maioria dos empresários
talvez desconheça, tais como:

 A importância deste novo sistema de trabalho estar associada ao desenvolvimento das


novas tecnologias de informação que nos fazem estar a “dois passos” do outro lado
do mundo. Com algumas ferramentas, como a Internet podemos enviar documentos
originais em segundos para qualquer lugar do mundo, ou seja, faz-nos todos vizinhos
uns dos outros, por maior que seja a distância que esteja entre nós.

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Esta forma de se organizar o trabalho favorece maiores investimentos em técnicas de
comunicação à distância, onde já são visivelmente crescentes os progressos na área de
tecnologias informáticas e de telecomunicações, além da diversidade de formas de
comunicações à distância.

9.1 Condicionantes
Ao contrário do que era esperado, o teletrabalho não tem tido uma rápida disseminação
em Portugal, possivelmente pelo facto de não se encaixar nas estruturas organizacionais
predominantes, muito hierarquizadas, com controlo rígido do desempenho dos trabalhadores.

O teletrabalho põe em causa os estilos da gestão clássica uma vez que implica atingir
objetivos sem a existência de um controlo direto dos procedimentos e dos tempos de
presença dos indivíduos, o que pressupõem um clima de confiança a que os gestores tem
dificuldade a se adaptar. O teletrabalho é visto ainda como uma diminuição do controlo e
menos como uma perda de poder dos gestores sobre os seus subordinados.

Porém coloca-se um problema em relação à coordenação de objetivos, tarefas e


comportamentos para que os membros da equipa estejam em sintonia em relação às regras e
ideias sobre organização. Em relação aos teletrabalhadores, a situação torna-se mais

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complexa, pois como estes estão isolados, existe a tendência para a criação das próprias regras
e a assumirem uma abordagem diferente perante o trabalho.

No caso especifico do teletrabalhador, a cultura poderá ser um fator condicionador da


sua implementação, pois durante muitos anos o centro do ambiente de trabalho tem sido o
posto de trabalho. Por tal, os gestores resistem às mudanças provocadas pelo teletrabalho, já
que gerir alguém que não está presente no dia-a-dia altera necessariamente as regras/ normas
de organização.

As formas de gestão tradicionais requerem uma cadeia de comando rígida. Porem, o


teletrabalho implica um maior distanciamento entre os teletrabalhadores e os gestores. Os
gestores necessitam de ter capacidade de cooperação e mostrar confiança em relação aos seus
subordinados. Por seu lado, os teletrabalhadores tem que ser mais flexíveis ao nível do
desempenho dos seus papeis, serem capazes de tomar decisões e de se auto dirigirem.

A resistência dos gestores é também um fator condicionados da disseminação do


teletrabalho. A resistência a nível da organização é caraterizada por barreiras de ordem
cultural e/ou ordem estrutural como a falta de uma identidade clara de uma visão; os padrões

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organizacionais existentes dificultam a aprendizagem; incentivos errados ou falta de incentivos
para mudar; etc.

Quanto aos trabalhadores tem um certo medo das mudanças uma vez que, receiam
que o teletrabalho afete a nível físico e/ou psicológico o seu bem-estar; tenham uma perda da
dimensão relacional que decorre da partilha do mesmo espaço de trabalho; receiam ser
marginalizados em relação a colegas que estão presentes na empresa; sejam prejudicados a
nível dos seus direitos; bem como sentirem o seu espaço familiar invadido pelo trabalho.

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Teletrabalho

10 Conclusão
Podemos concluir que nem todas as empresas nem todos os trabalhadores estão à
partida, preparados para adotar situações de teletrabalho, uma vez que este método implicará
algumas mudanças na forma organizativa do trabalho em Portugal. Como podemos analisar
pelas pesquisas o teletrabalho tem vantagens e desvantagens tanto para as empresas como
para os trabalhadores como também para a sociedade em si.

Competir em igualdade e ultrapassar a concorrência são metas que as empresas


procuram alcançar, o que dificilmente conseguirão se continuarem agarradas a hábitos
inerentes aos modelos caraterizados pela compartimentação das tarefas, uma cadeia
hierárquica rígida e um fluxo de informação vertical.

A adesão ao teletrabalho implica algumas mudanças radicais, como o fato do trabalhador


deixar de fazer o trajeto diário casa-empresa, passando a poder organizar com alguma
liberdade o modo de trabalho, horário e até local de trabalho. Por outro lado, o trabalhador
passa a estar mais exposto à qualidade do trabalho que produz, necessitando por isso de criar

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hábitos de planeamento de tarefas a realizar e de gestão do seu tempo.

Por seu lado, as empresas têm de se adaptar às mudanças inerentes a esta nova forma de
organização do trabalho, tornando-se mais flexíveis e realçando as contribuições individuais
dos trabalhadores que favoreçam a motivação. Porem, a maior parte delas não esta preparada
para alterar o seu estilo de gestão e a utilizar as técnicas de supervisão que o teletrabalho
requer, deixando de ter um elevado controlo sobre o trabalhador.

Deparamo-nos assim, com um conjunto de aspetos que direta ou indiretamente


influenciam a implementação do teletrabalho. Os fatores tecnológicos e as práticas de gestão
são considerados os fatores mais importantes no condicionamento da disseminação do
teletrabalho pelas empresas. As práticas de gestão usadas nas empresas condicionam a
implementação de projetos de teletrabalho e que as condicionantes tecnológicas inibem a
adoção de situações de teletrabalho pelas empresas.

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11 Webgrafia
 http://www.deco.proteste.pt
 www.apdt.org/
 www.cite.gov.pt



12 Bibliografia

 FERNANDÉZ, António Barrero - As vantagens do teletrabalho, as actividades mais


adequadas, Editorial Estampa.

 SOUSA, Maria José - O Teletrabalho em Portugal, Sociedade Digital


 KÓVACS, I. - Tendências de Transformação Tecnológica e Organizacional nas
Empresas: a Emergência de Novos Sistemas Produtivos, Economia e Sociedade
 19
NUNES, A.; VALÉRIO, N. - O Crescimento Económico Moderno, Editorial Presença

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