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O método da marxista
DOCUMENTO
economia política.
Karl Marx
Apresentação de João
Quartim de Moraes e
tradução de Fausto
Castilho
Apresentação
Poucos textos de Marx ocupam posição tão singular em sua obra quanto
“O método da economia política”, terceiro dos quatro tópicos da “Introdução à
crítica da economia política” (Einleitung zur Kritik der Politischen Ökonomie),
conhecida mais simplesmente por Introdução de 1857, o mais notável, ao lado
do estudo sobre as “Formas que precederam a produção capitalista”, dos escritos
incluídos nos Grundrisse der Kritik der Politischen Ökonomie, conjunto de ma-
nuscritos econômicos redigidos por Marx em Londres durante o biênio 1857-58
e publicados pela primeira vez em Moscou em 1939.
A singularidade do texto que apresentamos no original, acompanhado da sólida
e elegante tradução preparada por Fausto Castilho em 1996, está em que é a mais
longa, densa e sistemática discussão sobre o método na obra de Marx. Ele também
tratou do tema no Posfácio à 2a edição alemã de O capital,1 mas principalmente
para comentar resenhas sobre a 1a edição. Cita uma longa passagem de uma de-
las, publicada no Correio Europeu de São Petersburgo, em que o autor expõe o
que chama o método efetivo (wirkliche) de O capital. Ora, nota Marx, o que essa
exposição, “acertada” e “benevolente”, descreve é o “método dialético”. Mas, por
mais pertinente que tivesse sido a caracterização de seu método pelo resenhista
russo, ele julgou útil consagrar à questão os cinco parágrafos restantes do Posfá-
cio, principalmente para esclarecer as relações entre sua dialética e a hegeliana.
de que Althusser (de quem ele não gosta) e seu epígono Balibar recorrem à “repetição compulsiva
do termo ‘determinado’[...]”, que lhes permite “dar a ilusão de um setzen” (isto é, de um “pôr”, no
sentido ontologicamente forte), revelando, assim, “a exasperação do teórico diante da armadilha
que lhe estende a linguagem, armadilha da qual, por razões que remontam ao coração mesmo de
seu ideal de ciência, ele é impotente para escapar”. Novamente esquece que não só na Introdução
de 1857, mas em outros textos, Marx também manifestou a mesma compulsão. O que certamente
não podemos, ou melhor, já que o papel suporta todas as possibilidades, não devemos, é jogar
nas costas de Althusser um pretenso “tique” que está presente no próprio Marx. Cf. p.92, nota 53.
Cf. também p.93-4.
4 Assim, por exemplo, escrevem “consistência” em vez de “consciência” filosófica. Mero lapso, sem
dúvida, mas é preciso prestar atenção no que publicamos. Mas traduzir Voraussetzung, categoria
fundamental da filosofia clássica alemã (= pressuposição), por “ponto de partida” (que em alemão
se diz Ausgangspunkt) é um erro puro e simples.