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08/08/19

SISTEMA ALIMENTAR
Todos os caminhos que o alimento passa, desde a produção ao descarte. Analisar os diferentes
momentos do alimento (plantio, comercialização, consumo, transporte, sustentabilidade,
desperdício).

15/08/19
Conceito de Alimentação saudável: reflexão sobre controvérsias
Definição de Saúde da OMS “Um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente
a ausência de afecções e enfermidades” 1947

ORGÂNICO X AGROECOLÓGICO
Na agricultura orgânica pode existir monocultura. Na agroecológica não é simplesmente abolir
agrotóxicos, é considerar a biodiversidade como auxílio e na a produção.

AGROECOLOGIA
Base científica de uma agricultura sustentável. Corresponde fundamentalmente a um campo de
conhecimentos de natureza multidisciplinar que pretende contribuir na construção de estilos de
agricultura de base ecológica e na elaboração de estratégias de desenvolvimento rural, tendo-se
como referência os ideais da sustentabilidade numa perspectiva multidimensional de longo prazo
(CAPORAL E COSTABEBER, 2002b).

Parte-se do princípio que um sistema alimentar insustentável não é capaz de produzir alimentos
saudáveis para o consumo. A alimentação só pode ser considerada saudável se for também
sustentável, devendo ultrapassar a perspectiva nutricional. A alimentação saudável e sustentável
deve estar relacionada à produção de alimentos que protejam a biodiversidade e promovam o
consumo variado, resgatando alimentos, preparações e hábitos culturais tradicionais. Deve ser
acessível e disponível a todos, em quantidade e qualidade, baseada em alimentos produzidos e
processados na região, por agricultores familiares, de maneira agroecológica, fundamentada na
comercialização justa, aproximando a produção do consumo. Além disso, deve ser isento de
contaminantes físicos, biológicos ou químicos que causem malefícios a todos os envolvidos, de
maneira aguda ou crônica.

Sustentabilidade: agroecologia e agricultura familiar atender as necessidades presentes sem


prejudicar as necessidades que precisarão ser atendidas nas gerações futuras ambientalmente
correta, socialmente justa e economicamente viável.
Pilares: agricultura familiar, orgânicos, agroecológicos, economicamente justos e solidários e
consumo ético; alimentar -produção, distribuição, preparo e descarte

Monocultura/uso de fertilizantes e pesticidas: mais barato, porém mais sujeito a pragas;


contaminação do solo da água e dos demais recursos naturais, poluição do ambiente, redução da
produção, extinção de espécies

Pecuária insustentável: extensiva e intensiva - muita quantidade de metano liberado, solo


desgastado e consumo de água
22/08/19
ANTES X ATUALMENTE
 Produção: agrotóxicos, transgênicos, concentração de terra
 Processamento: o processado nem sempre é ruim (fazer uma geléia em casa é realizar um
processamento)
 Distribuição: acidentes de trânsito, caminhoneiros, regionalidades desrespeitadas, rodovias
 Consumo: alto consumo de processados, informação ruim. Antes descascava-se mais, hoje
desempacota-se mais.

29/08/19
Alimentos convencionais e orgânicos, agrotóxicos e transgênicos.
- Transgênicos: alimentos com inserção de genes de outras plantas buscando “refinar”
alguma característica.
-Biotecnologia: uso de processos biológicos naturais para produzir alimentos, bebidas, medicamentos
-Engenharia genética - manipulação de genes e seus componentes para alterar características de
plantas, fungos, bactérias... [agrega apenas características desejáveis]; geralmente adicionam gene
marcador que gera resistência a antibióticos. Exemplos: soja -roundup ready (resistente ao defensivo
roundup feito à base de glifosato)-; liberty link -resistente ao defensivo liberty, base de glifosato de
amido ambos da BAYER-; milho yieldgard e Bt -gene da bactéria Bacillus thuringiensis confere
resistência a insetos que atacam o milho, principalmente as lagartas-.

Estratégias para melhorar o sistema alimentar


 Produção: incentivo fiscal à agricultura familiar e orgânicos, diminuição de subsídios para a
monocultura, hortas comunitárias, priorizar produção sazonal e regional, economia de
recursos naturais, aproveitamento integral do recurso, melhora na qualidade de vida do
agricultor, incentivo à produção para o autoconsumo, banco de sementes, reforma agrária.
PAA: programa de aquisição de alimentos da agricultura familiar. Aproxima a produção do consumo,
compra de alimentos do pequeno produtor por parte do governo federal e encaminhamento desses
alimentos para alimentação escolar, hospitais, asilos, equipamentos de SAN, restaurantes populares.
PNAE (2009): governo federal torna obrigatória a compra de no m´nimo 30% dos alimentos de
escolares da agricultura familiar.
FNDE: entidade que financia a compra desses alimentos. Apenas agricultores familiares com DAP
(declaração de aptidão ao pronaf) podem participar das políticas públicas para agricultura familiar.
 Processamento: incentivo ao processamento caseiro (envolve habilidades culinárias),
regulação do setor (critérios para processamento como higiene e quantidade e qualidade de
aditivos), taxação, rotulagem adequada, fortalecimento de pequenas indústrias, pesquisa.
 Distribuição: embalagens, compras direto com os agricultores feiras, CSA’s (comunidades
que sustentam a agricultura local), Células de consumo sustentável, cestas, redução de
desperdício, centrais de abastecimento locais, diversificação do transporte.
 Consumo: incentivar o consumo de alimentos sazonais e regionais, controle da publicidade,
incentivo ao consumo de alimentos in natura ou minimamente processados.

05/09/19
Prática no sítio agroecológico

10/10/19
GRUPOS ALIMENTARES
Guia Alimentar para a População Brasileira de 2006
- Grupos alimentares: criados para guiar a população acerca da alimentação saudável, separa os
alimentos em 7 diretrizes. Em cada grupo alimentar existem alimentos considerados mais ou menos
saudáveis, de acordo com o seu grau de processamento.

1. Os alimentos saudáveis e as refeições:


Orientações gerais: refeições são saudáveis quando preparadas com alimentos variados,
tipos e quantidades adequadas às fases dos cursos da vida. Três refeições diárias,
intercalando lanches pequenos. Incentivo ao aleitamento materno.
Profissionais de saúde: importância da interpretação da informação nutricional e da lista de
ingredientes presentes nos rótulos, para seleção de alimentos saudáveis. Os cereais, de
preferência integrais, as leguminosas e as frutas devem fornecer mais da metade (55 a 75%)
do total de energia diária da alimentação.
Governo e setor produtivo de alimentos: aumentar e incentivar a produção, o
processamento, o abastecimento e a comercialização de todos os tipos de alimentos que
compõe uma alimentação saudável. Garantir a qualidade dos alimentos – in natura e
processados, colocados no mercado para consumo da população. Regulamentar estratégias
de marketing de alimentos, principalmente aquelas direcionadas para crianças e
adolescentes.
Família: incentivar o consumo diário de cereais integrais, feijões, frutas, legumes, leite e
derivados de carnes magras, aves e ou peixes. Diminuir o consumo de alimentos que
contenham elevada quantidade de açúcares, gorduras e sal. Valorizar a cultura alimentar.
Refeições variadas, ricas em alimentos regionais saudáveis e disponíveis na comunidade.
2. Cereais Tubérculos e Raízes:
maior fonte de energia e principal componente da refeição(carboidratos complexos).
Preferência por integrais (fibras, vitaminas, minerais e ácidos graxos essenciais), regionais 6
porções/dia, podem ser: in natura, secos, minimamente processados (lavados, descascados,
congelados), preparações prontas para o consumo

3. Frutas Legumes e Verduras:


3 porções/dia de frutas e 3 porções/dia de verduras e legumes. São fontes de vitaminas,
minerais e fibras. Compostos bioativos: funções biológicas benéficas distintas à saúde
humana. Podem ser: in natura, secos, higienizados, descascados, picados, congelados,
enlatados, conservas, geleias, sucos. Valorizar e promover produção e processamento com
preservação do valor nutritivo ( nutricionista pode criar rede local de comercialização de
orgânicos, facilitando o acesso.
4. Feijões e outros alimentos vegetais ricos em proteína:
Feijões, favas, leguminosas, cereais, castanhas e sementes (amendoim, castanha do Brasil,
nozes, pistache, avelã, macadâmia, pecan. Semente de girassol e de abóbora). Arroz e feijão
1:2, 1 porção/dia. Podem ser: secos, farinhas, in natura ou descascados, torrados, salgado,
branqueadas e congeladas, cozidas e embaladas a vácuo, extratos de castanhas (“leites”),
proteína texturizada, tofu, húmus, extrato saborizado.
5. Leites e derivados, Carne e Ovos:
Fonte de proteína. Leite e derivados 3 porções/dia e carne e ovos 1 porção/dia. Fontes de
vitamina B12, cálcio, ferro, alto valor biológico. Preferir carnes magras (brancas), miúdos
restringidos a uma vez por semana, evitar embutidos.
Aumentar a disponibilidade interna de peixes e por produção sustentável, e incentivar o
consumo dos mesmos.
6. Gorduras, Açúcares e Sal
Consumo excessivo: podem causar patologias (obesidade, hipertensão, diabetes,
hiperlipidemias, doenças cardiovasculares...). Usar sal IODADO (bócio).
Gordura e óleos totais: 1 porção/dia. Gordura trans (eliminar), preferência por óleos vegetais
e azeites.
Açúcar: 1 porção/dia. Reduzir processados ricos em açúcar, bebidas açucaradas e adição em
bebidas caseiras. Açúcares naturais presentes em alimentos e frutas.
Sódio 5g/dia - precisa reduzir metade do consumo atual

GUIA ALIMENTAR DE 2014 (GAPB 2014)


Olhar diferenciado: mudança de grupos alimentares para grau de processamento como foco.
Proporcionam autonomia e soberania alimentar para a população ao lhe dar o
conhecimento e as diretrizes para fazerem suas próprias escolhas.
Princípios do guia:
Alimentação é mais que ingestão de nutrientes; recomendações sobre alimentação devem estar em
sintonia com o seu tempo; alimentação saudável deriva de sistema alimentar socialmente e
ambientalmente sustentável -impostos nas formas de distribuição e distribuição dos alimentos,
justiça social e integridade do ambiente-; diferentes saberes geram o conhecimento para a
formulação de guias alimentares; guias alimentares ampliam a autonomia nas escolhas alimentares. -
Alimentação saudável: recomendações da OMS e do guia alimentar para a população brasileira:
limitar ingestão total de gorduras (eliminar gordura trans industrial), de açúcares e sódio; evitar o
consumo de ultraprocessados; aumentar o consumo de frutas, legumes, verduras, leguminosas,
cereais integrais, grãos e oleaginosas; escolha alimentar é definida por diversos fatores.

Alimentação saudável é afetada por diversas dimensões: higiênico-sanitário, sensorial,


biológica/nutricional, social/política, econômica, religiosa, simbólica, cultural, sustentável, produção-
abastecimento adequados.

Base: grau de processamento.


1. Alimentos in natura:
Obtidos diretamente de plantas ou animais e não sofrem
nenhuma alteração depois que saem da natureza.

2. Alimentos minimamente processados:


Alimentos in natura que sofreram a limpeza, remoção de partes não desejáveis, moagem,
secagem, fermentação, pasteurização, congelamento / processos que não envolvem a adição
de sal, açúcar, óleos e/ou gordura.
3. Alimentos processados: alimentos que receberam a adição de sal, açúcar, óleos e/ou
gorduras.
4. Alimentos ultraprocessados: alimentos formulados pela indústria - normalmente não se
identifica qual ingrediente inicial compõe o final; tendem a ser extremamente calóricos, ricos
em sal, açúcar, gorduras trans.
 Ingredientes culinários: produtos extraídos de alimentos in natura e usados para temperar e
cozinhar alimentos
 Óleos, gordura, sal e açúcar: produtos extraídos de alimentos in natura, ou da natureza e
passam por processos como prensagem, moagem, trituração, pulverização e refino. Usados
para temperar e cozinhar alimentos.

Como melhorar o sistema alimentar como um todo? Educação, publicidade, rotulagem, legislações
de saúde; articulação: saúde, educação, agricultura, alimentação; segurança alimentar e nutricional
acessibilidade, qualidade nutricional-sensorial-higiênico sanitária, sustentabilidade, diversidade
cultural e socioeconômica.

17/10/19
PANC: plantas alimentícias não convencionais. O termo PANC foi criado em 2008 pelo Biólogo e
Professor Valdely Ferreira Kinupp e refere-se a todas as plantas que possuem uma ou mais partes
comestíveis, sendo elas espontâneas ou cultivadas, nativas ou exóticas que não estão incluídas em
nosso cardápio cotidiano. Cerca de 90% da alimentação mundial concentra-sem em 3-4 espécies, das
390000 espécies vegetais 10% são comestíveis (+ ou – 39000 com potencial alimentício). Por qual
motivo “não se come” todo o resto? Analfabetismo botânico.
A agricultura convencional, portanto, baseada no uso de agrotóxicos, foi desenvolvida na primeira e
na segunda guerras mundiais, para servir como armas químicas de guerra! O DDT, por exemplo, é
resultado disso. A agricultura convencional, não respeitando os princípios necessários da vida, ou
seja, a diversidade e a complexidade - no caso dos agrossistemas – vem semeando a
disfuncionalidade, principalmente depois da chamada “Revolução Verde”, alegando substituir “com
vantagem” a diversidade e a complexidade dos ecossistemas agrícolas, pela artificialização extrema.
A pedra de toque é a venda de insumos, que vai parar nos mesmos oligopólios de sementes e
agroquímicos daqueles que a defendem e mandam na agricultura mundial e na nossa alimentação.
Muitas dessas mesmas empresas vendem, além de sementes e agrotóxicos associados, as vitaminas
e os remédios para tratar das nossas doenças (resultado da disfuncionalidade de nossa
alimentação).O Brasil, detentor da maior diversidade biológica até então, a partir de 2008 se tornou
o país que mais consome agrotóxicos em todo mundo!
As PANC geram AUTONOMIA para o ser humano que deseja buscar - por suas próprias mãos - os
nutrientes que necessita e os sabores que mais lhe agradam. Em conjunto, integradas com as
comunidades humanas, culturas biodiversas, esta autonomia é também fator de autoafirmação e
emancipação, no que se pode chamar de SOBERANIA ALIMENTAR E ECOLÓGICA.
Nutracêuticos: plantas com potencial alimentício e medicinal.
 Capuchinha: Parte comestí vel e usos: Toda a planta. Com sabor picante semelhante ao
agrião, as flores e folhas podem ser consumidas em forma de saladas, patês, pães, em sopas,
refogados. Seus frutos podem ser preparados como alcaparra (em forma de conserva). Suas
sementes maduras podem ser tostadas e moídas, substi tuindo a pimenta-do-reino. Rica em
vitamina C, antocianina, carotenoides e fl avonoides. O suco é expectorante. As folhas
abrem o apetite, facilitam a digestão e são calmantes. Tem potencial anti-oxidante,
anti-inflamatório e hipotensor
 Dente-de-Leão: folhas e raízes podem ser consumidas cruas ou refogadas. As flores podem
ser usadas em saladas, na confecção de geleias ou à milanesa. Rica em vitaminas A, B e C
além de ferro e potássio. As raízes são popularmente usadas como diuréticas e contêm
inulina. Folhas com propriedades depurativas.
 Ora-pro-Nobis/ Carne-de-pobre: as folhas possuem cerca de 25% de proteínas (peso seco),
das quais 85% acham-se numa forma digestível, facilmente aproveitável pelo organismo e
muito indicada para dietas vegetarianas. come-se as folhas, frutos e flores, cruas ou cozidas.
As folhas podem ser usadas em saladas, refogados, sopas, omeletes ou tortas, além de
enriquecer pães, bolos, massas. Sua mucilagem pode substituir o ovo nas preparações. Os
frutos podem ser usados para sucos, geleias, mousse e licor. As sementes podem ser
germinadas para produzir brotos. As flores jovens podem ser usadas em saladas, salteadas
puras ou com carnes e em omelete.
 Picão preto: o picão apresenta atividade antioxidante, é fonte de proteína, fibra, ferro,
magnésio e alto teor de cobre. Analgésico. Também foram detectadas atividades
antimalárica, bactericida, hepatoprotetora, anti-inflamatória, hipotensora,
imunoestimulante, e anti-hipertensiva.
 Almeirão-do-campo: rico em cálcio; pode ser consumido como salada

24/10/19
Relatos de experiência sobre produção, aquisição e distribuição de alimentos.
Movimento Slow food: O Slow Food (em inglês, literalmente, "comida lenta") é um movimento e
uma organização não governamental fundados por Carlo Petrini em 1986, tendo como objetivo
promover uma maior apreciação da comida, melhorar a qualidade das refeições e uma produção que
valorize o produto, o produtor e o meio ambiente. O slow food opõe-se à tendência de padronização
do alimento o mundo, e defende a necessidade de que os consumidores estejam bem informados, se
tornando co-produtores.
Cepagro: O Cepagro  – Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo – foi fundado em
20/04/1990 por pequenos agricultores e técnicos interessados na formação de pequenas redes
produtivas locais, como forma de viabilização das propriedades rurais familiares.
Promover a Agroecologia de maneira articulada em rede em comunidades rurais e urbanas,
garantindo a incidência política.
Linhas de atuação:
 Agricultura urbana:
A promoção da agricultura urbana no Cepagro enfatiza a sensibilização e articulação
comunitárias para práticas ambientalmente sustentáveis em espaços públicos e privados.
Utilizamos como estratégia de atuação a sensibilização para a gestão comunitária de
resíduos orgânicos, a assessoria a hortas pedagógicas e comunitárias e o mapeamento de
quintais produtivos. Atuamos junto a grupos comunitários, agricultores urbanos, gestores e
órgãos públicos, além da comunidade acadêmica e escolar. Trabalhamos articulados a redes
locais e nacionais, realizando incidência política e participação em conselhos, encontros e
seminários. Buscamos a troca e socialização de saberes por meio de oficinas e intercâmbios;
produção de materiais informativos e parcerias com instituições educacionais e de pesquisa.
Contribuímos assim para a transformação da cidade, proporcionando espaços para a
interação social com qualidade ambiental, a segurança alimentar e nutricional, além da
manutenção da biodiversidade.
 Desenvolvimento Rural Sustentável:
A promoção do desenvolvimento rural sustentável no Cepagro está voltada para o fomento à
transição agroecológica e à diversificação produtiva, além do fortalecimento da identidade
de grupos de agroecologia. Trabalhamos junto a agricultores familiares, tanto os que buscam
alternativas à agricultura chamada convencional (especialmente fumicultores) quanto os que
já estão inseridos em redes agroecológicas. A fim de fortalecer a relação campo-cidade,
atuamos também junto a consumidores, estudantes, educadores e lideranças
comunitárias. Como metodologia de trabalho, priorizamos a mobilização e articulação
comunitária; a realização de oficinas, seminários e intercâmbios de saberes; a inclusão e
integração de famílias na Rede Ecovida de Agroecologia e outras redes colaborativas, além
do apoio ao Sistema Participativo de Garantia. A partir dessas ações, promovemos uma
agricultura mais sustentável, com melhorias na saúde das famílias agricultoras, no meio
ambiente e na qualidade dos alimentos; contribuindo para a permanência das famílias no
campo e a conservação e valorização da agrobiodiversidade. Paralelamente, por meio
da participação em espaços públicos de representação e ações de incidência política,
fomentamos o acesso e fornecemos subsídios para a construção de políticas públicas
voltadas para o desenvolvimento da agroecologia. Colaboramos ainda com atividades de
pesquisa e extensão universitárias.
 Educação Agroecológica:
Atividades práticas, reflexivas e participativas nos contextos urbano e rural, direcionadas
para as comunidades escolar e acadêmica, agricultores familiares e urbanos, consumidores,
grupos de economia solidária e organizações diversas. Realizamos oficinas, intercâmbios,
mutirões, produção de publicações, intervenções lúdicas, formação e sensibilização de
educadores e consumidores, bem como incidência política para o fortalecimento de
temáticas agroecológicas em espaços educativos. Visamos estimular a mudança de hábitos
alimentares e de atitudes em relação ao meio ambiente e a todas as formas de vida.

Mesa Brasil:
Rede nacional de bancos de alimentos e colheita urbana, que tem como missão "contribuir para a
segurança alimentar e nutricional de pessoas em vulnerabilidade social, mediante a distribuição de
alimentos doados por parceiros, o desenvolvimento de ações educativas e a promoção da
solidariedade social em todo o país”.
Desde 2003, o programa arrecada alimentos excedentes ou fora dos padrões de comercialização,
mas ainda próprios para consumo em parceiros doadores, e entrega em instituições sociais sem fins
lucrativos, combatendo o desperdício de alimentos e contribuindo para a cidadania, sustentabilidade
e realização do Direito Humano à Alimentação Adequada.

31/10/19
Relatos de experiência sobre produção, aquisição e distribuição de alimentos.
Células de Consumidores Responsáveis: coordenado pelo Laboratório de Comercialização da
Agricultura Familiar (LACAF/UFSC). Comercialização de alimentos orgânicos e agroecológicos junto a
grupos de agricultores familiares de Santa Catarina. As CCR constituem arranjos de compra e venda
direta de alimentos orgânicos por pedido antecipado. A iniciativa promove a articulação entre grupos
de agricultores e grupos de consumidores, buscando ampliar o acesso aos orgânicos da população a
preços justos. Nesse formato de venda os agricultores não têm perdas na comercialização e incluem
alimentos não-convencionais (às conhecidas plantas alimentícias não-convencionais – PANCS), o que
favorece a redução dos desperdícios de alimentos.
A Célula de Consumidores Responsáveis (CCR) é um projeto de extensão do Laboratório de
Comercialização da Agricultura Familiar (LACAF/UFSC). O projeto iniciou em 2016, visando a
construção social de mercados mais justos para os agricultores agroecológicos, associado à
crescente demanda dos consumidores por alimentos mais limpos e saudáveis. As CCR são definidas
como organizações que integram redes agroalimentares alternativas, sendo uma tecnologia social
para a venda direta de alimentos. Elas buscam reduzir os custos de acesso aos alimentos orgânicos,
tornam mais próxima a relação entre agricultores e consumidores e, assim, promovem relações de
co-responsabilidade.
Produção e consumo de alimentos no Brasil:

 Indígenas: pesca, tubérculos, raízes, frutas e frutos (o que a natureza oferecia)


 Portugueses: não tinham interesse no que era comido nas terras brasileiras (se interessaram
economicamente pela cana, milho e mandioca); ciclo do pau brasil, sesmarias [latifúndio e
monocultura para exploração - define os dias atuais] não se promove tecnologia, nem
desenvolvimento interno técnico ou social; domesticação de animais com a criação de
engenhos de açúcar, mandioca / milho e feijão para subsistência; importação de
manufaturados; novas relações de trabalho = escravização dos povos africanos /grandes
ciclos exclusivamente para exportar - o mercado interno não se sustenta (muitas taxas e
impostos). Expansão da agricultura: imigrantes como responsáveis pela mão de obra;
industrialização e barateamento da produção
 Revolução verde: novos insumos para a produção de alimentos / pretexto para “fim da
fome” e necessidade de aumentar a agricultura - agrotóxicos, maquinários / hoje ainda
existem pessoas passando fome - a produção de alimentos é GIGANTESCA o problema está
na distribuição. Segurança alimentar é colocada como centro da agenda política brasileira.
Países desenvolvidos e em desenvolvimento reduzem os seus números de fome. Novas
articulações das relações sociais e de trabalho; pequenos proprietários e produtores perdem
espaço. Complexo agroindustrial se articula (poucas empresas detêm toda a cadeia produtiva
- não há soberania alimentar).

Apenas 24% das terras são ocupadas por 84% dos produtores da agricultura familiar que geram 44%
da renda nacional e geram maior parte dos alimentos consumidos internamente.

Modelo tradicional de agricultura

Ao contrário do processo de co-evolução sociocultural e ecológico que vigorou ao longo de mais de


10.000 anos de agricultura, nos últimos 100 anos vem ocorrendo um crescente processo de
artificialização da natureza. Esta mudança é comandada pela adoção maciça de tecnologias
industriais, rompendo a dinâmica de manutenção dos equilíbrios ecológicos em favor de uma
vigorosa busca de maior produtividade física, em detrimento da longevidade (ODUM, 1986) dos
sistemas de produção agrícola. Isso se agravou na medida em que as chamadas tecnologias
modernas, ao serem incorporadas como conhecimento nas matrizes culturais dos grupos sociais
envolvidos, quase sempre determinaram o rompimento de estratégias tradicionais, reduzindo
drasticamente a sustentabilidade socioambiental dos agroecossistemas e causando uma crescente
perda na qualidade e diversidade dos alimentos e matérias primas produzidas. Adicionalmente,
observa-se que o modelo convencional de desenvolvimento agrícola levou a uma debilidade
crescente na relação entre as populações rurais e seus territórios, entre a produção de alimentos e as
necessidades básicas das populações, devido, especialmente, ao rompimento do processo de co-
evolução sociedade- natureza. A erosão sociocultural e a perda de valores que antes orientavam as
estratégias de produção e consumo e que asseguravam a manutenção de certos equilíbrios
ecológicos, como parte dos mecanismos de reprodução social, causaram, também, a perda da
qualidade alimentar e nutricional como consequência do estreitamento da variabilidade genética. No
limite desse processo, agricultores e sociedade em geral passaram a ter uma dieta menos
diversificada, a consumir alimentos contaminados por agrotóxicos e com menor qualidade biológica.
Inclusive no meio rural a insegurança alimentar de muitas famílias de agricultores está presente e se
expressa numa crescente dependência aos mercados para a aquisição de alimentos básicos, o que
também tem como causa a redução da diversificação da produção.

Historicamente, a evolução da cultura humana pode ser explicada com referência ao meio ambiente,
o mesmo tempo em que a evolução do meio ambiente pode ser explicada com referência à cultura
humana, o que tem especial significado quando se pretende alcançar melhores patamares de
sustentabilidade.

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