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Rafael Barreto Ramos

© 2013

Direito Civil IV – Família

07/02/13

Ø Bibliografia Utilizada
- Maria Berenice Dias – Manual de Direito Famílias – RT

- Maria Helena Diniz – Curso de Direito Civil Brasileiro – Saraiva

- Carlos Roberto Gonçalves – Direito Civil Brasileiro – Saraiva

- Eduardo de Oliveira Leite – Direito Civil Aplicado – RT

- Paulo Luiz Netto Lobo – Famílias – Saraiva

- Paulo Nader – Direito Civil – Forense

- Guilherme Calmon Nogueira da Gama – Direito Civil: Família – Atlas

- Walsir Edson Rodrigues e Renata Barbosa – Direito Civil: Famílias – Lumen Juris

- Arnaldo Rizzardo – Direito de Família – Forense

- Silvio Venosa – Atlas

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Ø Família

1. Conceito (Rebeca Ribeiro)

Origem da família na palavra latina Famel: Escravo. Haja vista que a família mais antiga que nos
influenciou foi a grande família romana.

“Família mais antiga da humanidade era matriarcal porque a mãe tinha certeza dos filhos e os pais
tinham relação sexual com várias.” - Friedrich Engels

- Fustel de Coulanges

2. Origem e evolução histórica

2.1. A grande família romana (Rebeca Ribeiro)

Unidade política, econômica, religiosa e jurisdicional.

A grande família romana tinha uma unidade política muito grande, pois precisava de 3 status para
ser cidadão e ter personalidade: civitates, libertatis e familial.

A produção da sociedade vinha de dentro da família, que praticamente se sustentava. A economia


dependia da família, a casa, terra e solo faziam parte da família.

Era também uma unidade religiosa forte: ao morrer pessoas cultuavam a alma dos mortos da
família. P filho mais velho era o responsável herdava tudo. Os padres eram parte família.

A grande família romana era considerada unidade jurisdicional, pois tinha um juiz que mandava: pai.

Nota:

- Jacques Lacan (Psicanalista Francês): Família é uma estruturação psíquica onde cada um desenvolve
um papel: pai, mãe e filho.

I. Papel de pai: provedor, sustento e paga as contas. Além colocar limites e punir.

II. Papel de mãe: papel do aconselhamento, escuta, apaziguadora de conflitos, orientação e cuidado
para com casa e filhos.

III. Papel de filhos: Alguém que precisa de pai e mãe.

Para Lacan um mosteiro e um convento podem ser uma família.

- Família para o direito:

Primeiro espaço coletivo. Pais são os primeiros professores. (Filho que ganha Kit princesa não sabe ouvir
NÃO à Adulto insuportável)

“uma pessoa sozinha não é família. Casal sim.”

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2.2. Direito de trabalho - Concepções de família

- Restrita: Comunidade formada por pais e filhos biológicos ou não, ou apenas pelos filhos que já
perderam pais, ou por apenas pais que já perderam filhos, ou por casal.

- Ampla: Envolve a concepção restrita e os demais parentes consanguíneos e afins até 4º grau
(Parentes decorrentes de casamento nora genro, etc).

Ex. Consanguíneos: Tio, primo, avô.

- Amplíssima/sociológica (Venosa): Todos os que convivem na casa são considerados como família.

Ex. Empregados domésticos como parte da família.

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Família como “Conjunto de pessoas ligadas pelo vínculo da consanguinidade” - Clovis Bevilaqua.

- Crítica (Rebeca Ribeiro)

Conceito advindo do início do século passado. Pobre.

2.3. A família no Código de 1916 (Arts. 233/229/380/186 – Código Civil Brasileiro de 1916)

Não traz um conceito de família, mas a todo momento que se refere à família, refere-se à
matrimonial, legítima¹, formada por casamento. Reforça a ideia de que a família é um grupo de
pessoas chefiadas por um homem.

(1) Família legítima: Homem que é o chefe da sociedade conjugal que, por sua vez, é exercida com a
colaboração da mulher.

- Filho:

I. Natural: advindo de homem e mulher solteiros.

II. Legitimado: quando os pais têm o filho para depois casar.

III. Legítimo: pais casados que têm filhos.

IV. Ilegítimos: provenientes de adultério ou incesto. (Somente passaram a ter direitos de receber herança e
alimentos a partir da Constituição Federal de 1988)

Art. 186 - Discordando eles entre si, prevalecerá a vontade paterna, ou, sendo o casal separado, devorciado ou
tiver sido o seu casamento anulado, a vontade do cônjuge, com quem estiverem os filhos. (Redação dada pela
Lei nº 6.515, de 1977).

Art. 229. Criando a família legítima, o casamento legitima os filhos comuns, antes dele nascidos ou concebidos
(arts. 352 a 354).

Art. 233. O marido é o chefe da sociedade conjugal, função que exerce com a colaboração da mulher, no
interêsse comum do casal e dos filhos (arts. 240, 247 e 251). (Redação dada pela Lei nº 4.121, de 1962).

Compete-lhe:

I - A representação legal da família; (Redação dada pela Lei nº 4.121, de 1962).

II - a administração dos bens comuns e dos particulares da mulher que ao marido incumbir administrar, em
virtude do regime matrimonial adotado, ou de pacto, antenupcial (arts. 178, § 9º, nº I, c, 274, 289, nº I e 311);
(Redação dada pela Lei nº 4.121, de 1962).

III - o direito de fixar o domicílio da família ressalvada a possibilidade de recorrer a mulher ao Juiz, no caso de
deliberação que a prejudique; (Redação dada pela Lei nº 4.121, de 1962).

IV - prover a manutenção da família, guardadas as disposições dos arts. 275 e 277. (Redação dada pela Lei nº
4.121, de 1962).

Art. 380. Durante o casamento, exerce o pátrio poder o marido, como chefe da família (art. 233), e, na falta ou
impedimento seu, a mulher.

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2.4. A família na idade média

Não explicitado.

2.5. Família natural e família substituta

- Família natural é a família biológica da criança.

- Família substituta, por sua vez, é aquela que recebe a criança por meio de guarda, tutela ou
adoção.

Nota:

Art. 226/CF¹

Pacto de São José da Costa Rica – Art. 17,1² Família Base (célula mãe)
sociedade. Grupo mais simples

Declaração Universal dos Direitos dos Homens XVII, 3³.

(1) Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.

§ 1º - O casamento é civil e gratuita a celebração.

§ 2º - O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei.

§ 3º - Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como
entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.

§ 4º - Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus
descendentes.

§ 5º - Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela
mulher.

§ 6º - O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio, após prévia separação judicial por mais de um ano
nos casos expressos em lei, ou comprovada separação de fato por mais de dois anos.

§ 7º - Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, o planejamento


familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o
exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas.

§ 8º - O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando
mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações.

(2) Artigo 17 - Proteção da família

1. A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e deve ser protegida pela sociedade e pelo Estado.

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(3) ARTIGO NÃO ENCONTRADO! Disposto abaixo artigo que melhor se encaixa no exposto pela professora:

Artigo XXIII

3. Toda pessoa que trabalhe tem direito a uma remuneração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como
à sua família, uma existência compatível com a dignidade humana, e a que se acrescentarão, se necessário,
outros meios de proteção social.

2.6. A igreja, o Direito Canônico e Direito de Família

O Direito de família recebeu muita influência do direito canônico. Muitos dos institutos atualmente
adotados advieram do direito canônico.

Ex. Noções de parentesco, cautelar separação de corpos, alimentos, separação e regras de anulação
de casamento.

2.8. Revolução industrial

Teve influencia na modificação dos modelos familiares. Na migração de muitas famílias do campo
para a zona urbana trouxe modificação dos modelos familiares. As famílias ainda eram numerosas,
mas a família da cidade é menor que a família do campo.

2.9. Revolução sexual (60-70)

Também trouxe influência para a formação das famílias. Maior liberdade de assumir novos formatos
de famílias. “Não quero casar, quero viver em união estável.”

Ex. As pílulas anticoncepcionais passaram a ser divulgadas nestas épocas.

2.10. A família como fato natural X A família como fato cultural

- Natural: A família é inata ao ser humano. Jamais acabará. O ser humano tem um desejo inato a
formar uma família.

- Cultural: O ser humano tem desejo sexual, que é diferente do desejo de formar uma família. Não
se deve confundir uma questão biológica com uma cultural.

A família é um fato cultural, o que justifica suas grandes modificações no decorrer do tempo.

2.11. Conceito de Jacques Lacan (Obra Complexos Familiares)

Estruturação psíquica onde cada um desenvolve um papel. Vide acima.

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Nota:

àDiscussão (Rebeca Ribeiro)

- Se o Estado ajudar organizar famílias, ajuda a organizar a sociedade.

- O abrigo deve ser o último recurso para a criança, pois é um instituto e não uma família. Todavia,
muitas vezes, ninguém se interessa em adotar uma criança de 7 anos. E, em alguns casos, estas
crianças, ao completar 18 anos, não têm para onde ir, e pedem para ficar no abrigo.

- Família ideal: aquela que orienta seus membros, ensinando-os o que é certo e errado.

- Código Civil de 1916

Marido não podia ser réu em ação de investigação de paternidade (Lei 883/49).

Nos casos de separação de fato¹ por mais de 5 anos ou separação judicial, o ex-marido poderia ser réu em
ação de investigação de paternidade.

(1) Separação de fato: Ruptura do vínculo matrimonial/da vida comum sem a intervenção judicial.

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15/02/13

Ø Direito de Família
1. Conceito

Conjunto de normas que regulam o casamento, o parentesco, a filiação, adoção, guarda, tutela e
curatela, a união estável, os alimentos e as políticas de proteção à criança, ao adolescente e ao idoso
e todos os efeitos que destes institutos resultam.

2. Conteúdo

Envolve o direito matrimonial, convivencial, parental e assistencial.

3. Natureza jurídica

Direito extrapatrimonial¹, personalíssimo.

(1) Direito extrapatrimonial (Rebeca Ribeiro): Intransferível e inalienável a condição de pai, mãe, etc.

Contraexemplo: “pode ficar com minha esposa”, “vendo meu filho”.

4. Demais considerações

Constitui ramo do Direito Privado, mas contém normas de Ordem Pública.

“A maioria dos preceitos de Direito de Família é composta de normas cogentes¹, sendo que
excepcionalmente, em matéria de regime de bens, deixa o código margem à autonomia da
vontade.” – Pontes de Miranda

(1) Normas cogentes: Normas imperativas, inafastáveis.

- Crítica:

Não é somente o regime de bens que fica à disposição da autonomia da vontade.

Ex. Fica a critério do casal quantos filhos vão ter.

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Ø Princípios do Direito de Família (Arts. 226 e 227, CF)


1. Princípio da igualdade jurídica entre os cônjuges¹
(1) Cônjuges: Aqueles que contraíram núpcias, os consortes. “Casados”

Determina que, no âmbito das relações familiares, marido e esposa são iguais em direitos e
obrigações.

2. Princípio da igualdade jurídica entre os filhos

Determina que todos os filhos têm os mesmos direitos e obrigações, independentemente da


natureza, da origem e da filiação¹.

(1) Filiação: cabe ressaltar que a classificação de filiação do Código Civil de 1916 NÃO MAIS É ADOTADA.

3. Princípio do poder familiar (Corolário/decorrente do princípio da igualdade jurídica entre os


cônjuges)

Determina que, no processo de criação dos filhos, pais e mães são iguais em direitos e deveres. Na
discordância, prevalece a DECISÃO JUDICIAL.

Ex. Tanto pai quanto a mãe tem o direito de guarda dos filhos.

4. Princípio da aplicação da affectio societatis ao matrimônio

Se um ou ambos não quiserem mais permanecer associados, o casamento pode ser dissolvido pelo
divórcio.

(Rebeca Ribeiro, adaptado) Princípio da dissolubilidade do matrimônio. O ânimo de permanecer casado pode
acabar, consequentemente, se um não quiser o casamento pode ser dissolvido pelo divórcio. Não é permitido
novo casamento enquanto não se divorciar.

Nota (Rebeca Ribeiro):

Até 1977, o casamento era eterno. É neste ano que surge o divórcio (desquite¹).

(1) Desquite: Separação legal dos cônjuges e seus bens, sem dissolução do vínculo matrimonial.

5. Princípio da multiplicidade familiar

Define que o Estado reconhecerá e protegerá formas diversas de família.

6. Princípio da liberdade

Preconiza que o Estado não interferirá na organização das famílias, que é de livre decisão do casal.

O Estado somente interferirá na organização das famílias se houver VIOLAÇÃO DE DIREITOS.

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7. Princípio do Respeito à Dignidade da Pessoa Humana nas relações familiares

Define que o Estado somente interferirá nas famílias para garantir a preservação da dignidade da
pessoa humana nas relações familiares.

8. Princípio do melhor interesse da criança e do adolescente

Surge na Convenção Internacional da Criança e do Adolescente ocorrida em 1989.

Determina que, em todas as decisões judiciais, o juiz pautará naquilo que for mais interessante para
a criança ou adolescente envolvido no processo.

9. Princípio da paternidade/maternidade responsáveis

Define que não basta gerar a criança. Pais e mães são responsáveis por garantir o sustento,
educação, saúde, moradia e todos direitos fundamentais garantidos aos filhos menores.

Nota:

- Realizar a leitura da Lei do planejamento familiar - 9.263/96, disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9263.htm

- Não é permitida a realização de ligadura no momento do parto. A única hipótese de ligadura no


parto é nos casos em que uma próxima gravidez ofereça risco.

- O médico não pode recomendar a realização de tal procedimento, pois incorre em crime de
Genocídio. No entanto, é permitido a este o esclarecimento de dúvidas.

Ø Do Casamento
1. Conceito

1.1. Teoria clássica ou contratual (Caio Mário, Orlando Gomes, Silvio Rodriges)

Casamento é um contrato, um acordo de vontades.

“Homem e mulher escolhem como, quando casar, etc.”

1.2. Teoria institucional (Maria Helena Diniz, Hauriout, Carbonnier)

Casamento é uma instituição social¹, pois contrato são duas vontades, duas direções opostas; o
casamento, por outro lado, apresenta vontades convergentes.

(1) Instituição social: aquilo que já está pronto pela lei. Somente se escolhe se vai fazer parte ou não.

Ex. As consequências, os deveres dos cônjuges estão todos definidos.

1.3. Teoria eclética ou mista (Planiol, Ripert)

Contrato na formação e instituição quanto ao conteúdo.

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21/02/13
- Casamento: União legal entre duas pessoas visando à constituição da família matrimônio e
estabelecimento auxílio mútuo.

“Casamento é um contrato bilateral e solene, pelo qual um homem e uma mulher se unem
indissoluvelmente legitimando por ele suas relações sexuais, estabelecendo a mais estrita comunhão
de vida e de interesses e comprometendo-se a criar e educar a prole que de ambos nascer” – Clovis
Bevilaqua

- Crítica (Rebeca Ribeiro)

Conceito de Clovis Bevilaqua é defasado, pois, atualmente, já considera o casamento de pessoas de mesmo
sexo¹, sem prole, a adoção, sendo este também não mais indissolúvel graças a existência do divórcio.

(1) Casamento de pessoas do mesmo sexo: Somente possível através da conversão de união estável em
casamento. Todavia, a maioria depende de decisão judicial, pois a maioria dos cartórios não a reconhece de
pronto. Os efeitos do casamento são os mesmos.

2. Do processo de habilitação para o matrimônio

Os cartórios cobram uma taxa de habilitação de 308 reais. Pessoas hipossuficiente são isentas.

2.1. Documentação (Art. 1525)

Art. 1.525. O requerimento de habilitação para o casamento será firmado por ambos os nubentes, de próprio
punho, ou, a seu pedido, por procurador, e deve ser instruído com os seguintes documentos:

I - certidão de nascimento ou documento equivalente;

II - autorização por escrito das pessoas sob cuja dependência legal estiverem, ou ato judicial que a supra;

III - declaração de duas testemunhas maiores, parentes ou não, que atestem conhecê-los e afirmem não existir
impedimento que os iniba de casar;

IV - declaração do estado civil, do domicílio e da residência atual dos contraentes e de seus pais, se forem
conhecidos;

V - certidão de óbito do cônjuge falecido, de sentença declaratória de nulidade ou de anulação de casamento,


transitada em julgado, ou do registro da sentença de divórcio.

Nota:

- Idade & casamento

I. Idade mínima para casamento: 16 anos.

II. Dos 16 aos 18 anos: Somente com autorização dos pais.

III. Menos de 16: Somente com autorização judicial.

- A região do cartório pode ser a de qualquer dos noivos.

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2.2. Editais (Art. 1527)

Art. 1.527. Estando em ordem a documentação, o oficial extrairá o edital, que se afixará durante quinze dias
nas circunscrições do Registro Civil de ambos os nubentes, e, obrigatoriamente, se publicará na imprensa local,
se houver.

- Considerações

Conhecida como Proclamas do matrimônio. Tem a finalidade de tornar público o ânimo matrimonial dos
cônjuges para que, se houver, sejam apresentas as oposições de impedimento¹.

(1) Oposição de impedimento (Rebeca Ribeiro): Ao olhar o edital das datas de casamento, alguém diz: “não
pode casar, já é casado.”

Nota (Rebeca Ribeiro):

Casamento para menor de 16 anos somente se dará por dois motivos:

I. Gravidez, desde que não haja impedimento (Ex. Imaturidade para casar).

II. Evitar a imposição de pena nos casos de crimes contra a dignidade sexual

Ex. Menor de 14 anos com cara de 17 anos: a fim de evitarem o estupro presumido, estes manifestam a
vontade de se casarem.

2.3. Certificado (Art. 1532) (Rebeca Ribeiro)

Se não houver oposição de impedimento, o juiz expede certificado de habilitação que tem duração
de 90 dias.

Art. 1.532. A eficácia da habilitação será de noventa dias, a contar da data em que foi extraído o certificado.

2.4. Celebração (Art. 1534)

Celebrado por juiz de paz com duas testemunhas e a portas abertas (cerimônia pública). Na ausência
do juiz de paz, o casamento poderá ser celebrado pelo oficial do cartório.

As partes devem possuir livre manifestação de vontade. Em caso de negatória ou dúvida, a


cerimônia deve ser interrompida por 24 horas.

Art. 1.534. A solenidade realizar-se-á na sede do cartório, com toda publicidade, a portas abertas, presentes
pelo menos duas testemunhas, parentes ou não dos contraentes, ou, querendo as partes e consentindo a
autoridade celebrante, noutro edifício público ou particular.

§ 1o Quando o casamento for em edifício particular, ficará este de portas abertas durante o ato.

§ 2o Serão quatro as testemunhas na hipótese do parágrafo anterior e se algum dos contraentes não souber
ou não puder escrever.

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IMPORTANTE:

- Se decorridos 90 dias da data da extração do certificado, deve-se repetir todo o procedimento de


habilitação.

- Define a lei que o casamento deve ser gratuito. Todavia, a taxa de habilitação não é ilegal, pois é
referente à habilitação e não ao casamento.

3. Espécies de casamento

3.1. Casamento civil

Aquele celebrado pelo oficial do registro civil mediante prévio processo de habilitação.

3.2. Casamento religioso (Art. 1515/1516) (Rebeca Ribeiro)

Se o casamento for somente no religioso, será considerado legalmente como união estável.

Atualmente, a legislação brasileira somente aceita os casamentos evangélicos, católicos e judaicos.

Art. 1.515. O casamento religioso, que atender às exigências da lei para a validade do casamento civil,
equipara-se a este, desde que registrado no registro próprio, produzindo efeitos a partir da data de sua
celebração.

Art. 1.516. O registro do casamento religioso submete-se aos mesmos requisitos exigidos para o casamento
civil.

§ 1o O registro civil do casamento religioso deverá ser promovido dentro de noventa dias de sua realização,
mediante comunicação do celebrante ao ofício competente, ou por iniciativa de qualquer interessado, desde
que haja sido homologada previamente a habilitação regulada neste Código. Após o referido prazo, o registro
dependerá de nova habilitação.

§ 2o O casamento religioso, celebrado sem as formalidades exigidas neste Código, terá efeitos civis se, a
requerimento do casal, for registrado, a qualquer tempo, no registro civil, mediante prévia habilitação perante
a autoridade competente e observado o prazo do art. 1.532.

§ 3o Será nulo o registro civil do casamento religioso se, antes dele, qualquer dos consorciados houver
contraído com outrem casamento civil.

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3.3. Casamento putativo (Art. 1561)

Casamento nulo ou anulável, mas que foi contraído de boa-fé por um ou ambos os nubentes.

Os efeitos correm normalmente em relação aos cônjuges, aos filhos do casal e a terceiro de boa-fé¹.

Ex. Dois indivíduos se casam sem ter ciência de que eram irmãos.

(1) Terceiro de boa-fé: direitos assegurados. Ex. Contratos celebrados.

Art. 1.561. Embora anulável ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé por ambos os cônjuges, o casamento, em
relação a estes como aos filhos, produz todos os efeitos até o dia da sentença anulatória.

§ 1o Se um dos cônjuges estava de boa-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só a ele e aos filhos
aproveitarão.

§ 2o Se ambos os cônjuges estavam de má-fé ao celebrar o casamento, os seus efeitos civis só aos filhos
aproveitarão.

3.4. Casamento nuncupativo ou in extremis (Art. 1540)

Celebrado por qualquer pessoa com 6 testemunhas que não sejam parentes dos contraentes em
momentos extremos da vida. As 6 testemunhas devem comparecer ao juiz de paz em 10 dias para
que este expeça a certidão. Caso o cônjuge sobreviva, este mesmo poderá ir ao cartório.

Ex. Refugiado de guerra com enfermeira.

Art. 1.540. Quando algum dos contraentes estiver em iminente risco de vida, não obtendo a presença da
autoridade à qual incumba presidir o ato, nem a de seu substituto, poderá o casamento ser celebrado na
presença de seis testemunhas, que com os nubentes não tenham parentesco em linha reta, ou, na colateral,
até segundo grau.

3.5. Casamento em caso de moléstia grave (Art. 1539)

Casamento celebrado pelo oficial do cartório ou juiz de paz em casos de moléstia grave. Neste
casamento, há o início do processo de habilitação.

(Rebeca Ribeiro) Já houve o início do processo de habilitação. Oficial ou juiz de paz vai onde o enfermo está
com 2 testemunhas e celebra o casamento.

Art. 1.539. No caso de moléstia grave de um dos nubentes, o presidente do ato irá celebrá-lo onde se
encontrar o impedido, sendo urgente, ainda que à noite, perante duas testemunhas que saibam ler e escrever.

§ 1o A falta ou impedimento da autoridade competente para presidir o casamento suprir-se-á por qualquer
dos seus substitutos legais, e a do oficial do Registro Civil por outro ad hoc, nomeado pelo presidente do ato.

§ 2o O termo avulso, lavrado pelo oficial ad hoc, será registrado no respectivo registro dentro em cinco dias,
perante duas testemunhas, ficando arquivado.

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3.6. Casamento por procuração (Art. 1542/1550)

Casamento realizado através de procuração. A procuração sempre será por instrumento público
feito no cartório de notas. É uma procuração específica com poderes especiais. A procuração vale
por 90 dias.

(Rebeca Ribeiro) Pontes de Miranda admite 2 procurados. Caio Mário e Silvio Rodrigues, por sua vez, não
admitem.

Art. 1.542. O casamento pode celebrar-se mediante procuração, por instrumento público, com poderes
especiais.

§ 1o A revogação do mandato não necessita chegar ao conhecimento do mandatário; mas, celebrado o


casamento sem que o mandatário ou o outro contraente tivessem ciência da revogação, responderá o
mandante por perdas e danos.

§ 2o O nubente que não estiver em iminente risco de vida poderá fazer-se representar no casamento
nuncupativo.

§ 3o A eficácia do mandato não ultrapassará noventa dias.

§ 4o Só por instrumento público se poderá revogar o mandato.

Art. 1.550. É anulável o casamento:

I - de quem não completou a idade mínima para casar;

II - do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal;

III - por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558;

IV - do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento;

V - realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogação do mandato, e não
sobrevindo coabitação entre os cônjuges;

VI - por incompetência da autoridade celebrante.

Parágrafo único. Equipara-se à revogação a invalidade do mandato judicialmente decretada.

3.7. Casamento inexistente (Rebeca Ribeiro)

Ausente no Código Civil, sendo definido pela doutrina.

O defeito é tão grande que torna o casamento inexistente. Neste caso, o casamento é mais que
nulo, pois o defeito é gravíssimo.

São levantadas 3 hipóteses:

I. Casamento por pessoa do mesmo sexo – NÃO MAIS ADOTADA;

II. Ausência de livre manifestação de vontade ou manifestação externada de forma negativa;

III. Celebrado por autoridade absolutamente incompetente

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Nota:

Se for celebrado por autoridade relativamente incompetente¹, o casamento será considerado como
ANULÁVEL, sendo válido após o decurso do prazo de 180 dias.

(1) Autoridade relativamente incompetente: oficial ou juiz de paz de cartório que não é do domicílio dos
noivos.

3.8. Casamento Consular (Art. 1544/ Art. 7 e 18, Lei de Introdução ao Código Civil) (Rebeca Ribeiro)

Dois estrangeiros perante o cônsul do país deles.

Ex. Dois brasileiros em Londres.

Ao voltar para o Brasil, ainda que seja apenas um cônjuge, terá o prazo de 180 dias para registrar no
cartório da cidade. Caso a cidade não possua, deverá registrar no cartório da capital do estado em
questão.

No estrangeiro, o consulado tem a função de cartório em caso de necessidade de certidão de óbito


ou outras.

Estrangeiros no Brasil também podem, desde que possuam a mesma nacionalidade.

Art. 1.544. O casamento de brasileiro, celebrado no estrangeiro, perante as respectivas autoridades ou os


cônsules brasileiros, deverá ser registrado em cento e oitenta dias, a contar da volta de um ou de ambos os
cônjuges ao Brasil, no cartório do respectivo domicílio, ou, em sua falta, no 1o Ofício da Capital do Estado em
que passarem a residir.

(LICC) Art. 7o A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da
personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família.

§ 1o Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e
às formalidades da celebração.

§ 2o O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante autoridades diplomáticas ou consulares do país


de ambos os nubentes. (Redação dada pela Lei nº 3.238, de 1957)

§ 3o Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de invalidade do matrimônio a lei do primeiro
domicílio conjugal.

§ 4o O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem os nubentes domicílio, e,
se este for diverso, a do primeiro domicílio conjugal.

§ 5º - O estrangeiro casado, que se naturalizar brasileiro, pode, mediante expressa anuência de seu cônjuge,
requerer ao juiz, no ato de entrega do decreto de naturalização, se apostile ao mesmo a adoção do regime de
comunhão parcial de bens, respeitados os direitos de terceiros e dada esta adoção ao competente registro.
(Redação dada pela Lei nº 6.515, de 1977)

§ 6º O divórcio realizado no estrangeiro, se um ou ambos os cônjuges forem brasileiros, só será reconhecido


no Brasil depois de 1 (um) ano da data da sentença, salvo se houver sido antecedida de separação judicial por
igual prazo, caso em que a homologação produzirá efeito imediato, obedecidas as condições estabelecidas
para a eficácia das sentenças estrangeiras no país. O Superior Tribunal de Justiça, na forma de seu regimento
interno, poderá reexaminar, a requerimento do interessado, decisões já proferidas em pedidos de

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homologação de sentenças estrangeiras de divórcio de brasileiros, a fim de que passem a produzir todos os
efeitos legais. (Redação dada pela Lei nº 12.036, de 2009).

§ 7o Salvo o caso de abandono, o domicílio do chefe da família estende-se ao outro cônjuge e aos filhos não
emancipados, e o do tutor ou curador aos incapazes sob sua guarda.

§ 8o Quando a pessoa não tiver domicílio, considerar-se-á domiciliada no lugar de sua residência ou naquele
em que se encontre.

(LICC) Art. 18. Tratando-se de brasileiros, são competentes as autoridades consulares brasileiras para lhes
celebrar o casamento e os mais atos de Registro Civil e de tabelionato, inclusive o registro de nascimento e de
óbito dos filhos de brasileiro ou brasileira nascido no país da sede do Consulado. (Redação dada pela Lei nº
3.238, de 1957)

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22/02/13 (Rebeca Ribeiro, adaptado)


- Esponsais: Contratos que definiam que, em caso de descumprimento da promessa de casamento,
gerava o direito de indenização por perdas e danos.

“Compromisso de casamento entre pessoas de sexos diferentes pare que se conheçam melhor antes
do casamento.”

4. Das provas do casamento¹ (Art. 1543 e seguintes)


(1) Prova do casamento: Certidão do registro

4.1. Prova específica ou direta (Art. 1.543)

É a certidão do casamento.

Em sua ausência, analisam-se os meios subsidiários de prova (vide abaixo).

Art. 1.543. O casamento celebrado no Brasil prova-se pela certidão do registro.

Parágrafo único. Justificada a falta ou perda do registro civil, é admissível qualquer outra espécie de prova.

4.2. Prova indireta (Art. 1.545)

É a posse de estado de casados. A sociedade sabe que os cônjuges são casados, há a apresentação
pública.

Art. 1.545. O casamento de pessoas que, na posse do estado de casadas, não possam manifestar vontade, ou
tenham falecido, não se pode contestar em prejuízo da prole comum, salvo mediante certidão do Registro Civil
que prove que já era casada alguma delas, quando contraiu o casamento impugnado.

4.3. Meios subsidiários (1.543 – parágrafo único)

Testemunhas, fotos, passaporte, bilhete, etc.

Art. 1.543. O casamento celebrado no Brasil prova-se pela certidão do registro.

Parágrafo único. Justificada a falta ou perda do registro civil, é admissível qualquer outra espécie de prova.

4.4. Efeitos

Retroagem à data inicial do casamento.

4.5. P. in dubio pro matrimônio (Art. 1.547)

Em caso de dúvida, decreta-se o casamento como celebrado. Caio Mário aponta a possibilidade de
falar que a união estável é casamento. Entretanto, se há prova indireta, o juiz decreta casamento
através da emissão de certidão.

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5. Efeitos do casamento

5.1. Sociais e pessoais

Emancipação¹, criação do parentesco (sogro, cunhado), constituição de família matrimonial,


alteração de estado civil, alteração do nome², criação de direitos e deveres³.

(1) Emancipação: Prevista no art. 5º, parágrafo único, II do Código Civil.

Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os
atos da vida civil.

Parágrafo único. Cessará, para os menores, a incapacidade:

II - pelo casamento;

(2) Alteração do nome: Não mais obrigatória desde 1962.

Art. 1.565. Pelo casamento, homem e mulher assumem mutuamente a condição de consortes, companheiros
e responsáveis pelos encargos da família.

§ 1o Qualquer dos nubentes, querendo, poderá acrescer ao seu o sobrenome do outro.

§ 2o O planejamento familiar é de livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos


educacionais e financeiros para o exercício desse direito, vedado qualquer tipo de coerção por parte de
instituições privadas ou públicas.

(3) Criação de direitos e deveres: Previsão legal no art. 1566.

Art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges:

I - fidelidade recíproca;

II - vida em comum, no domicílio conjugal;

III - mútua assistência;

IV - sustento, guarda e educação dos filhos;

V - respeito e consideração mútuos.

5.2. Patrimoniais

Regime de bens, obrigação alimentar, direitos sucessórios¹.

(1) Direitos sucessórios: um cônjuge é herdeiro do outro.

5.3. Domicílio (Art. 1569)

Antigamente, deveria ser o mesmo. Atualmente, pode ser diferente por escolha dos cônjuges ou
necessidade profissional.

Art. 1.569. O domicílio do casal será escolhido por ambos os cônjuges, mas um e outro podem ausentar-se do
domicílio conjugal para atender a encargos públicos, ao exercício de sua profissão, ou a interesses particulares
relevantes.

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6. Nulidade do casamento: Dos impedimentos matrimoniais (Quem não pode se casar)

“Barreiras impostas pela lei à realização do casamento e que, uma vez desrespeitadas, provocam do
ordenamento jurídico uma sanção de maior ou menor eficácia” – Silvio Rodrigues

6.1. Art. 1.521 – Tornam nulo o casamento (Pessoas que não podem se casar. Erro gravíssimo.)

Art. 1.521. Não podem casar:

I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;

II - os afins em linha reta;

Sogro, cunhado, enteado, genro, nora

III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante;

Pessoa adota criança antes de se casar. Depois se casa e separa. O adotado não pode se casar com o ex-
marido, nem se casa com o ex-marido da filha adotada.

IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive¹;

V - o adotado com o filho do adotante;

“Irmão emprestado”.

VI - as pessoas casadas;

VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu
consorte.

(1) Até o terceiro grau inclusive: Tio e sobrinho.

Primos de 4º grau podem se casar.

Decretos-lei 3.200/41 e 5.891/73 à Tio e sobinha podem se casar se apresentarem 2 relatórios médicos
atestando que:

I. A criança não terá doenças congênitas;

II. A união não trará dano psicológico ao casal.

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IMPORTANTE:

- Contagem de grau:

A contagem deve começar a partir do ascendente comum.

“Eduardo é parente de 4º grau de Juliana.”

1º Grau: pai, mãe e filho.

2º Grau: Irmão

3º Grau: Avós

4º Grau: Primos (Podem se casar)

6.2. Quem pode fazer oposição (Art. 1.522)

Qualquer pessoa até o casamento. Se o juiz de paz tiver conhecimento de alguma causa impedidita,
deverá anular o casamento de ofício.

Art. 1.522. Os impedimentos podem ser opostos, até o momento da celebração do casamento, por qualquer
pessoa capaz.

Parágrafo único. Se o juiz, ou o oficial de registro, tiver conhecimento da existência de algum impedimento,
será obrigado a declará-lo.

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28/02/13 (Rebeca Ribeiro, adaptado)


7. Das causas suspensivas para o matrimônio (Art. 1.523)

- Quem pode apresenta-las

Qualquer pessoa.

- Antigos impedimentos/impedientes

Não torna nulo, mas acarreta em sanção.

- Sanção: regime obrigatório de separação de bens (Art. 1.641)

Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento:

I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da celebração do casamento;

Art. 1.523. Não devem casar:

I - o viúvo ou a viúva que tiver filho do cônjuge falecido, enquanto não fizer inventário dos bens do casal e
der partilha aos herdeiros;

Evitar confusão de patrimônio.

II - a viúva, ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até dez meses depois do
começo da viuvez, ou da dissolução da sociedade conjugal;

Evitar confusão de sangue.

III - o divorciado, enquanto não houver sido homologada ou decidida a partilha dos bens do casal;

Evitar confusão de patrimônio.

IV - o tutor ou o curador e os seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados ou sobrinhos, com a pessoa
tutelada ou curatelada, enquanto não cessar a tutela ou curatela, e não estiverem saldadas as respectivas
contas.

Evitar confusão de patrimônio.

Parágrafo único. É permitido aos nubentes solicitar ao juiz que não lhes sejam aplicadas as causas
suspensivas previstas nos incisos I, III e IV deste artigo, provando-se a inexistência de prejuízo,
respectivamente, para o herdeiro, para o ex-cônjuge e para a pessoa tutelada ou curatelada; no caso do
inciso II, a nubente deverá provar nascimento de filho, ou inexistência de gravidez, na fluência do prazo.

- Interpretação:

A sanção é retirada se provado que se casou com menos de 10 meses, mas não tinha gravidez ou não havia
patrimônio.

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IMPORTANTE:

- Se nascer uma criança até 300 dias depois da morte ou do divórcio, será considerada como filha do
primeiro marido.

- Se nascer uma criança até 180 dias após o casamento de uma mulher que se casou sem estar
grávida, será considerada como filha do 2º marido.

8. Das causas de anulabilidade do matrimônio (art. 1550)


Art. 1.550. É anulável o casamento:

I - de quem não completou a idade mínima para casar;

II - do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal;

III - por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558;

IV - do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento;

V - realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogação do mandato, e não
sobrevindo coabitação entre os cônjuges;

VI - por incompetência da autoridade celebrante.

Parágrafo único. Equipara-se à revogação a invalidade do mandato judicialmente decretada.

8.1. Tornam o casamento anulável

A anulação do casamento restaura o estado civil para solteiro, podendo o indivíduo se casar
novamente.

Ex. Hermafrodita, infantilismo, estéril (motivos graves dos quais o parceiro não tinha ciência)

São erros essenciais quanto a pessoa do outro: assassino, traficante, aids, câncer.

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8.2. Prazo (art. 1.560)

O maior prazo é de 4 anos que ocorre nos casos de coação.

Se o prazo for perdido, deve-se realizar o divórcio.

1557 – Erro sobre a pessoa à 3 anos.

180 dias (1550) à idade

Incompetência relativa à 2 anos

Art. 1.560. O prazo para ser intentada a ação de anulação do casamento, a contar da data da celebração, é de:

I - cento e oitenta dias, no caso do inciso IV do art. 1.550;

II - dois anos, se incompetente a autoridade celebrante;

III - três anos, nos casos dos incisos I a IV do art. 1.557;

IV - quatro anos, se houver coação.

§ 1o Extingue-se, em cento e oitenta dias, o direito de anular o casamento dos menores de dezesseis anos,
contado o prazo para o menor do dia em que perfez essa idade; e da data do casamento, para seus
representantes legais ou ascendentes.

§ 2o Na hipótese do inciso V do art. 1.550, o prazo para anulação do casamento é de cento e oitenta dias, a
partir da data em que o mandante tiver conhecimento da celebração.

Art. 1.557. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge:

I - o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro tal que o seu conhecimento
ulterior torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado;

II - a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne insuportável a vida conjugal;

III - a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável, ou de moléstia grave e transmissível,
pelo contágio ou herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência;

IV - a ignorância, anterior ao casamento, de doença mental grave que, por sua natureza, torne insuportável a
vida em comum ao cônjuge enganado.

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8.3. Antigos impedimentos relativamente dirimentes ou dirimentes privados

I - de quem não completou a idade mínima para casar;

Menor de 16 anos sem autorização judicial.

II - do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal;

Dos 16 aos 18 anos sem autorização dos pais.

V - realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogação do mandato, e não

Anteriormente à realização do casamento, o noivo revoga a procuração à se houver a coabitação, o


casamento será válido.

VI - por incompetência da autoridade celebrante.

Incompetência Relativa

Nota:

Art. 1.567. A direção da sociedade conjugal será exercida, em colaboração, pelo marido e pela mulher, sempre
no interesse do casal e dos filhos.

Parágrafo único. Havendo divergência, qualquer dos cônjuges poderá recorrer ao juiz, que decidirá tendo em
consideração aqueles interesses.

Art. 1.568. Os cônjuges são obrigados a concorrer, na proporção de seus bens e dos rendimentos do trabalho,
para o sustento da família e a educação dos filhos, qualquer que seja o regime patrimonial.

9. Regime de Bens (Art. 1.658 e seguintes)

9.1. Pacto pré-nupcial ou antenupcial

Feito no cartório de notas. Toda vez que não for se casar no regime de comunhão parcial, deve ser
feito o pacto pré-nupcial.

No pacto pré-nupcial não podem ser estabelecidas cláusulas que livrem as partes de obrigações
legais.

O Código Civil exige também que o pacto pré-nupcial seja registrado no cartório de registro de
imóveis para que este tenha efeito erga omnes.

Silvio Rodrigues à Para dar maior publicidade.

Uma família que cobra algo da parte do casal, esbarra no limite estabelecido no pacto.

Ex. Maria 70%, João 30%

- Se registrou o pacto, a família do atropelado pode cobrar até 30%. Se não registrar, até 50%.

(Rebeca Ribeiro) Juntamente com o processo de habilitação, deve-se levar uma cópia do pacto, pois são
cartórios diferentes.

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01/03/13 (Rebeca Ribeiro, adaptado)


9.2. Princípios que regem os regimes de bens

9.2.1. Princípio da variedade de regimes

Existe mais de um regime à disposição dos nubentes. Ainda é possível a criação de próprio regime por meio de
pacto pré-nupcial.

9.2.2. Princípio da livre estipulação

As partes são livres para escolher o regime que melhor lhes atender, com exceção das pessoas que se casam
obrigatoriamente pelo regime de separação de bens (maior de 70 anos, menor de 16 e pessoas que
desobedecem as causas suspensivas – vide acima).

9.2.3. Princípio do regime legal¹

(1) Regime legal: Atualmente é o regime parcial de bens – Lei 6.515/77.

Regime legal prevalece quando as partes silenciam, ou se o pacto pré-nupcial for nulo ou anulado.

9.2.4. Princípio da mutabilidade dos regimes

Durante o casamento, é possível a modificação do regime, todavia são necessários a autorização judicial, a
alegação de um motivo justo e o consenso entre as partes.

Os que se casaram no regime do Código Civil de 1916 também podem modificar.

- Crítica:

Artigo 2.039.

Art. 2.039. O regime de bens nos casamentos celebrados na vigência do Código Civil anterior, Lei no 3.071, de
1o de janeiro de 1916, é o por ele estabelecido.

Nota:

Antes do Código de 1916, a separação de bens necessitava de autorização do cônjuge para vender
os bens móveis. Atualmente, não mais é necessário.

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9.3. Artigos que “servem” para todos os regimes

9.3.1. “Tudo que os cônjuges podem fazer” (Art. 1642)

Art. 1.642. Qualquer que seja o regime de bens, tanto o marido quanto a mulher podem livremente:

I - praticar todos os atos de disposição e de administração necessários ao desempenho de sua profissão, com
as limitações estabelecida no inciso I do art. 1.647;

Com critério de razoabilidade à pequenos atos.

II - administrar os bens próprios;

Aquele que não divide. Ex. herança.

III - desobrigar ou reivindicar os imóveis que tenham sido gravados ou alienados sem o seu consentimento
ou sem suprimento judicial;

Ex. Fiança, doação, hipoteca.

- Crítica:

“Inconstitucional, pois se o marido não quiser assinar até eu conseguir outorga judicial, perco tempo.”

IV - demandar a rescisão dos contratos de fiança e doação, ou a invalidação do aval, realizados pelo outro
cônjuge com infração do disposto nos incisos III e IV do art. 1.647;

Aval e fiança somente com assinatura do outro.

V - reivindicar os bens comuns, móveis ou imóveis, doados ou transferidos pelo outro cônjuge ao concubino,
desde que provado que os bens não foram adquiridos pelo esforço comum destes, se o casal estiver
separado de fato por mais de cinco anos;

Mulher pode reinvidicar bem doado para a amante. Problema é “mais de cinco anos”.

1ª teoria: legislador se esqueceu do “não”.

2ª teoria: inversão do ônus da prova: se tem mais de 5 anos, eu provo que foram eles que compraram. Se tem
menos de 5 anos, ele e a amante têm que provar que foram eles que compraram.

VI - praticar todos os atos que não lhes forem vedados expressamente.

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9.3.2. Art. 1.647 (Todos, menos quem casou no regime de separação absoluta de bens)

Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto
no regime da separação absoluta:

I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;

II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos;

III - prestar fiança ou aval;

IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam integrar futura meação.

Para obrigar o cônjuge a contar para o outro o que está acontecendo com a família.

Parágrafo único. São válidas as doações nupciais feitas aos filhos quando casarem ou estabelecerem
economia separada.

9.4. Do regime de comunicação parcial de bens

No regime parcial, o patrimônio existente anteriormente ao casamento pertence somente ao


cônjuge. O que é adquirido posteriormente, é dividido em 50%.

Ex. Se comprar apartamento financiado, 1 cônjuge paga 70% antes do casamento e depois paga
mais 30%. Somente os 30% serão comunicados (15% para um e 15% para outro).

- Doação e herança (Recebido a título gratuito): Não divide só para o filho.

- Prêmio e loteria (Recebido a título eventual): Divide-se em 50%.

9.4.1. Bens incomunicáveis (Art. 1659)

Art. 1.659. Excluem-se da comunhão:

I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do casamento, por
doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar;

II - os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges em sub-rogação dos bens
particulares;

III - as obrigações anteriores ao casamento;

IV - as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito do casal;

V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão;

VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge;

VII - as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes.

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9.4.2. Bens comunicáveis (Art. 1.660)

Bem comunicável à adquirido onerosamente à tudo o que se adquire depois que se casa é
dividido meio a meio.

Não são incluídas a herança ou a doação, que somente são divididos se algo for acrescentado.

Art. 1.660. Entram na comunhão:

I - os bens adquiridos na constância do casamento por título oneroso, ainda que só em nome de um dos
cônjuges;

II - os bens adquiridos por fato eventual, com ou sem o concurso de trabalho ou despesa anterior;

III - os bens adquiridos por doação, herança ou legado, em favor de ambos os cônjuges;

IV - as benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge;

V - os frutos dos bens comuns, ou dos particulares de cada cônjuge, percebidos na constância do casamento,
ou pendentes ao tempo de cessar a comunhão.

9.5. Do regime de comunicação universal de bens

Divide-se tudo o que tem e for comprado antes do casamento, doação e herança.

9.5.1. Bens comunicáveis (Art. 1667)

Art. 1.667. O regime de comunhão universal importa a comunicação de todos os bens presentes e futuros dos
cônjuges e suas dívidas passivas, com as exceções do artigo seguinte.

9.5.2. Bens incomunicáveis (Art. 1668)

Bem de uso pessoal, instrumento de profissão e aquilo que receber de doação e herança com cláusula de
incomunicabilidade. (art. 1668, I)

Art. 1.668. São excluídos da comunhão:

I - os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os sub-rogados em seu lugar;

Bem doado ou herdado – cláusula de incomunicabilidade

II - os bens gravados de fideicomisso¹ e o direito do herdeiro fideicomissário, antes de realizada a condição


suspensiva;

III - as dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com seus aprestos, ou reverterem
em proveito comum;

IV - as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a cláusula de incomunicabilidade;

V - Os bens referidos nos incisos V a VII do art. 1.659.

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(1) Fideicomisso

Testamento Apartamento Juliana – 50 anos Filho de Pedro (ainda não nascido)

Com 59 anos Juliana passará o apartamento ao Pedro Júnior. O BENEFICIÁRIO FINAL ainda não foi concebido
no momento da elaboração do testamento.

Se o Pedro Júnior for casado com Ana, esta somente será proprietária do apartamento em 50% se Juliana
completar 50 anos ou se ela morrer antes disso.

Art. 1.659. Excluem-se da comunhão:

I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do casamento, por
doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar;

Bens que possuíam antes de se casar, doação e herança.

II - os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges em sub-rogação dos
bens particulares;

Bem adquirido exclusivamente particular.

III - as obrigações anteriores ao casamento;

IV - as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito do casal;

Ex. Marido atropelou uma pessoa.

V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão;

VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge;

VII - as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes.

VI e VII: O salário é só seu. Se divorciar, não dá 50%.

IMPORTANTE:

Só se divide dívida contraída em proveito do casal.

Contraexemplo. joia para a amante não é proveito do casal.

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07/03/13 (Rebeca Ribeiro, adaptado)


9.6. Do regime de participação final nos aquestos¹ (Art. 1.672)

(1) Aquestos: aquisitos à aquisição.

Mistura de separação com comunhão parcial.

“O que tinha antes de se casar é só seu. E o que comprar é dividido em caso de futuro divórcio.
Doação e herança são só suas.”

Diferença é que a pessoa administra o que ela comprar sozinha (bom para dois microempresários ou
dois corretores). Se colocar no pacto pré-nupcial à pode vender imóvel sem autorização do outro.
No parcial a administração é comum. No dia do divórcio dos aquestos, precisa de contador.

- Bens comunicáveis

- Bens incomunicáveis

- Bens próprios

- Venda de bem imóvel

- Administração isolada

- Crítica:

Cairá no desuso, embora o oficial do cartório tenha que explicar. (Art. 1528)

Art. 1.528. É dever do oficial do registro esclarecer os nubentes a respeito dos fatos que podem ocasionar a
invalidade do casamento, bem como sobre os diversos regimes de bens.

Ex. A e b são casados com o regime de aquestos e B deve ao credor C.

C vê B dirigindo um carro de luxo.

As coisas móveis são presumidas do cônjuge devedor, o credor pode pedir penhora. Cabe embargos de terceiro
para pegar o bem de volta, caso este esteja com outro.

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9.7. Do regime de separação de bens

“O que eu compro é meu e o que você compra é seu”.

Pode haver um bem comum no regime de separação de bens.

Regime muito criticado pelos autores, que achavam que este foi criado para “evitar o golpe de baú”.
Então, foi editada a súmula 377 do STF que diz que no regime de separação legal de bens, certifica-
se que os bens adquiridos na constância do casamento serão divididos. Ou seja, na prática virou
comunhão parcial, de modo que se o indivíduo de 70 anos quiser ficar no regime de separação não
conseguira, isto é, terá que dividir.

Obrigatória (Art. 1641 – Súmula 377 STF)

Separação

Voluntária

9.7.1. Separação de bens voluntária

Aquela que o casal escolhe

9.7.2. Separação de bens obrigatória

Pessoas que não tem escolha.

Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento:

I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da celebração do casamento;

II – da pessoa maior de 70 (setenta) anos; (Redação dada pela Lei nº 12.344, de 2010)

III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial.

STF Súmula nº 377 - 03/04/1964 - DJ de 8/5/1964, p. 1237; DJ de 11/5/1964, p. 1253; DJ de 12/5/1964, p.


1277.

Regime de Separação Legal de Bens - Comunicação - Constância do Casamento

No regime de separação legal de bens, comunicam-se os adquiridos na constância do casamento.

- Bens reservados (Lei 4121/62 – Estatuto da mulher casada)

Não existem mais. Ate este estatuto, era necessária autorização do marido para tudo e eram
consideradas inofensivas. Tudo que ela comprava com o salário dela, não teria que dividir, porém
teria que provar. Era para proteger a mulher: bens reservados.

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- Dívidas (Art. 1644)

Em qualquer regime são responsabilidade de ambos nas dívidas adquiridas em benefício do casal.

Art. 1.644. As dívidas contraídas para os fins do artigo antecedente obrigam solidariamente ambos os
cônjuges.

- Bens móveis

Em qualquer regime são presumidos que foram comprados na união e são de ambos, mas admite
prova em contrário.

- Bens imóveis

Sempre precisa da assinatura do outro cônjuge, salvo no regime de aquestos e separação universal.

- Benfeitorias

São divididas em todos os regimes, exceto separação voluntária de bens.

- Loteria e prêmios

Não divide durante o casamento. Só divide o que foi comprado durante a união.

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08/03/13
10. Da dissolução da sociedade conjugal (Art. 1571 e seguintes)

10.1. Sociedade conjugal vs. Vínculo conjugal

Quando se casa, contrai:

(1) Rompe-se com a separação.

(2) Rompe-se com o divórcio E COM A MORTE.

Art. 1.571. A sociedade conjugal termina:

I - pela morte de um dos cônjuges;

TAMBÉM ROMPE COM O VÍNCULO CONJUGAL! (IMPORTANTE)

II - pela nulidade ou anulação do casamento;

III - pela separação judicial;

IV - pelo divórcio.

Rompe com o vínculo conjugal.

§ 1o O casamento válido só se dissolve pela morte de um dos cônjuges ou pelo divórcio, aplicando-se a
presunção estabelecida neste Código quanto ao ausente.

§ 2o Dissolvido o casamento pelo divórcio direto ou por conversão, o cônjuge poderá manter o nome de
casado; salvo, no segundo caso, dispondo em contrário a sentença de separação judicial.

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10.2. Art. 1572

10.2.1. Art. 1572 – caput – Separação sanção

Art. 1.572. Qualquer dos cônjuges poderá propor a ação de separação judicial, imputando ao outro qualquer
ato que importe grave violação dos deveres do casamento e torne insuportável a vida em comum.

10.2.2. §1º Separação falência – 1 ano de separação de fato

§ 1o A separação judicial pode também ser pedida se um dos cônjuges provar ruptura da vida em comum há
mais de um ano e a impossibilidade de sua reconstituição.

10.2.3. §2º Separação remédio – 2 anos de doença mental manifestada após o casamento, de cura
improvável

§ 2o O cônjuge pode ainda pedir a separação judicial quando o outro estiver acometido de doença mental
grave, manifestada após o casamento, que torne impossível a continuação da vida em comum, desde que,
após uma duração de dois anos, a enfermidade tenha sido reconhecida de cura improvável.

§ 3o No caso do parágrafo 2o, reverterão ao cônjuge enfermo, que não houver pedido a separação judicial, os
remanescentes dos bens que levou para o casamento, e se o regime dos bens adotado o permitir, a meação
dos adquiridos na constância da sociedade conjugal.

10.3. Art. 1573 – Rol dos motivos da separação sanção

Art. 1.573. Podem caracterizar a impossibilidade da comunhão de vida a ocorrência de algum dos seguintes
motivos:

I - adultério;

II - tentativa de morte;

III – sevícia¹ ou injúria grave;

(1) Sevícia: maus tratos físicos ou psicológicos.

IV - abandono voluntário do lar conjugal, durante um ano contínuo;

Com 6 meses podia pedir.

V - condenação por crime infamante;

Crimes graves. Ex. contra dignidade pessoal

VI - conduta desonrosa.

Parágrafo único. O juiz poderá considerar outros fatos que tornem evidente a impossibilidade da vida em
comum.

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10.4. Art. 1574 – Separação por mútuo consentimento

1 ano de casamento,

Art. 1.574. Dar-se-á a separação judicial por mútuo consentimento dos cônjuges se forem casados por mais de
um ano e o manifestarem perante o juiz, sendo por ele devidamente homologada a convenção.

Parágrafo único. O juiz pode recusar a homologação e não decretar a separação judicial se apurar que a
convenção não preserva suficientemente os interesses dos filhos ou de um dos cônjuges.

Nota:

Antes da EC 66/2010, todos os tipos de separação estavam condicionados a prazos. Exceto a


separação sanção quando havia violação de um dever conjugal (Art. 1566), que era baseada na
conduta desonrosa: pedida a qualquer tempo.

Art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges:

I - fidelidade recíproca;

II - vida em comum, no domicílio conjugal;

III - mútua assistência;

IV - sustento, guarda e educação dos filhos;

V - respeito e consideração mútuos.

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10.5. Divórcio de fato (NÃO LECIONADO)

Direto: 2 anos de separação de fato

Indireto (por conversão)

1 ano de separação judicial ou medida cautelar de separação de corpos. Art. 888, CPC

Art. 888. O juiz poderá ordenar ou autorizar, na pendência da ação principal ou antes de sua propositura:

I - obras de conservação em coisa litigiosa ou judicialmente apreendida;

II - a entrega de bens de uso pessoal do cônjuge e dos filhos;

III - a posse provisória dos filhos, nos casos de separação judicial ou anulação de casamento;

IV - o afastamento do menor autorizado a contrair casamento contra a vontade dos pais;

V - o depósito de menores ou incapazes castigados imoderadamente por seus pais, tutores ou curadores, ou
por eles induzidos à prática de atos contrários à lei ou à moral;

Vl - o afastamento temporário de um dos cônjuges da morada do casal;

VII - a guarda e a educação dos filhos, regulado o direito de visita que, no interesse da criança ou do
adolescente, pode, a critério do juiz, ser extensivo a cada um dos avós; (Redação dada pela Lei nº 12.398, de
2011)

Vlll - a interdição ou a demolição de prédio para resguardar a saúde, a segurança ou outro interesse público.

10.6. Abandono de Lar

Efeito para quem é culpado ao abandonar o lar: perde direito de usar o nome do outro, exceto se
provar que já é conhecido com esse nome.

Artigo 1240-A – Nova modalidade de usucapião. Quem fica na casa 2 anos após o abandono do
outro é o dono da casa.

Art. 1.240-A. Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem oposição, posse direta, com
exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade
divida com ex-cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua
família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
(Incluído pela Lei nº 12.424, de 2011)

§ 1o O direito previsto no caput não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez.

§ 2o (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.424, de 2011)

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Nota:

O culpado só tem direito de alimentos mínimos se precisar (art. 1704).

Art. 1.704. Se um dos cônjuges separados judicialmente vier a necessitar de alimentos, será o outro obrigado a
prestá-los mediante pensão a ser fixada pelo juiz, caso não tenha sido declarado culpado na ação de separação
judicial.

Parágrafo único. Se o cônjuge declarado culpado vier a necessitar de alimentos, e não tiver parentes em
condições de prestá-los, nem aptidão para o trabalho, o outro cônjuge será obrigado a assegurá-los, fixando o
juiz o valor indispensável à sobrevivência.

Culpa: quando viola dever conjugal. (Art. 1578).

Art. 1.578. O cônjuge declarado culpado na ação de separação judicial perde o direito de usar o sobrenome do
outro, desde que expressamente requerido pelo cônjuge inocente e se a alteração não acarretar:

I - evidente prejuízo para a sua identificação;

II - manifesta distinção entre o seu nome de família e o dos filhos havidos da união dissolvida;

III - dano grave reconhecido na decisão judicial.

§ 1o O cônjuge inocente na ação de separação judicial poderá renunciar, a qualquer momento, ao direito de
usar o sobrenome do outro.

§ 2o Nos demais casos caberá a opção pela conservação do nome de casado.

10.7. Separação de fato vs. Separação judicial

De fato: Separação sem interferência do poder judiciário.

Judicial: Judicial interfere proferindo sentença. Diferente de cartório (Separação administrativa).

10.8. Separação de corpos

É uma medida cautelar que tem interferência judicial. Ex. Marido tentando matar esposa.

Nota:

- Divórcio chegou ao Brasil com a lei 6515/77 de modo que se pode casar e divorciar quantas vezes
quiser. Foi para acabar com o preconceito: hoje desquitada = separada judicialmente.

- Petição de divórcio: colocar quantos filhos, do nome, da guarda dos filhos. Direito de visita para
quem não tem guarda, patrimônio, alimentos.

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10.9. Divórcio hoje: não há prazo EC 66/2010 (NÃO LECIONADO)

A figura da separação judicial não deixou de existir.

10.10. Fiscalização de deveres (NÃO LECIONADO)

Fiscalização de deveres

Fiscalização de regime de bens

Fiscalização de alimentos

Guarda de filhos

Nome e mudança do estado civil

10.11. Direito de visitas (NÃO LECIONADO)

Nota:

A dissolução da sociedade conjugal acaba com os direitos sucessórios.

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14/03/13
10.12. Divórcio vs. Separação

Todas as separações podiam ser litigiosas ou consensuais, exceto na separação mútuo


consentimento (sempre consensual).

Art. 1577 – Ação de reestabelecimento de sociedade conjugal à anulação da separação para voltar
a ser casado.

O divórcio, por outro lado, não é passível de anulação. Deve-se se casar novamente.

Art. 1.577. Seja qual for a causa da separação judicial e o modo como esta se faça, é lícito aos cônjuges
restabelecer, a todo tempo, a sociedade conjugal, por ato regular em juízo.

Parágrafo único. A reconciliação em nada prejudicará o direito de terceiros, adquirido antes e durante o
estado de separado, seja qual for o regime de bens.

- Divórcio:

I. Judicial: Intervenção do judiciário.

Leva sentença no cartório para averbação.

II. Administrativo: Realizado em cartório de notas, sem filhos, consensual.

Leva ESCRITURA PÚBLICA no cartório (substitui sentença).

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10.13 Partilha de bens 1575 x 1581 – súmula 197 – STJ

- Partilha de bens - Art. 1575

Deve ser feita a partilha ao separar.

Art. 1.575. A sentença de separação judicial importa a separação de corpos¹ e a partilha de bens.

Parágrafo único. A partilha de bens poderá ser feita mediante proposta dos cônjuges e homologada pelo juiz
ou por este decidida.

(1) Separação de corpos: Equivocado, pois se trata de cautelar.

- Divórcio – Art. 1581

Art. 1.581. O divórcio pode ser concedido sem que haja prévia partilha de bens.

TRATA-SE DE UM ERRO.

SÚMULA 197 tentou consertar este erro.

STJ Súmula nº 197 - 08/10/1997 - DJ 22.10.1997

Divórcio Direto - Partilha dos Bens

O divórcio direto pode ser concedido sem que haja prévia partilha dos bens.

Na prática, os juízes aceitam que os bens permaneçam em condomínio e que a partilha seja feita
depois.

10.14. Efeitos da separação e do divórcio

- Coloca termo aos deveres de coabitação, fidelidade e ao regime de bens

Separação e divórcio colocam termo a algumas obrigações: vida em comum, bens e fidelidade.

- Exceção: guarda dos filhos, respeito, assistência e alimentos.

Ex. Ex-marido morre depois de 1 mês da separação. Ex-mulher não herda nada.

- Efeitos do divórcio

Pode ser que seja obrigado a pagar alimento ao ex-cônjuge.

10.15. Mudança de nome

O nome poderá voltar a ser o anterior ao casamento. Também poderá ser mantido caso a pessoa
seja conhecida profissionalmente pelo nome, etc.

10.16. Possibilidade de contrair novo matrimônio (divórcio)

Autoexplicativo.

10.17. Obrigação alimentar (NÃO LECIONADO)

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10.18. Estado Civil

Divórcio: divorciado

Separação: Separado

10.19. Guarda de filhos (NÃO LECIONADO)

10.20. Direito de Visitas

Deve se estabelecer

10.21. Finalização do direito sucessório e previdenciário

Autoexplicativo.

10.22. Concubinato vs. União estável

- União estável “é a entidade familiar formada por um homem e uma mulher com vida em comum,
por período que revele estabilidade e vocação de permanência com sinais claros, induvidosos de
vida familiar e com uso em comum do patrimônio.” – TJRJ n 667/1723

- Concubinato: “dormir com, dividir o leito”.

I. Puro, legal ou próprio: Pessoas desimpedidas.

Ex. Relação homem solteiro, viúvo, separado com uma mulher na mesma situação. União estável.

II. Impuro, desleal ou impróprio: Atualmente conhecido apenas como concubinato.

Homem casado que mantém outra família. / Relação de pessoas impedidas para o patrimônio.

Nota:

- Antigamente 1 ano dormindo junto caracterizava casamento de fato.

- União estável é mais antiga que o casamento.

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10.23. Arts. 1723 e seguintes do Código Civil

Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na
convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família.

§ 1o A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521; não se aplicando a
incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou judicialmente.

§ 2o As causas suspensivas do art. 1.523 não impedirão a caracterização da união estável.

- Considerações:

União estável à convivência pública, contínua e duradoura cujo objetivo é constituir família. Atualmente é
considerada como CONCUBINATO PURO.

Art. 1.727. As relações não eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar, constituem
concubinato¹.

(1) Concubinato: Trata-se do concubinato impuro que atualmente é conhecido apenas como concubinato.

10.24. Lei 8971/94

Art. 1º A companheira comprovada de um homem solteiro, separado judicialmente, divorciado ou viúvo, que
com ele viva há mais de cinco anos, ou dele tenha prole, poderá valer-se do disposto na Lei nº 5.478, de 25 de
julho de 1968, enquanto não constituir nova união e desde que prove a necessidade.

Parágrafo único. Igual direito e nas mesmas condições é reconhecido ao companheiro de mulher solteira,
separada judicialmente, divorciada ou viúva.

- Considerações

União estável – concubinato puro – pode pedir alimentos.

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10.25. Usufruto

- Usufruto de ¼ dos bens – havendo filhos

- Usufruto de ½ dos bens – ausência de filhos

10.26. Lei 9278/96 – Direito real de habitação (Mulher pode morar lá enquanto permanecer
sozinha. (?))

Art. 5° Os bens móveis e imóveis adquiridos por um ou por ambos os conviventes, na constância da união
estável e a título oneroso, são considerados fruto do trabalho e da colaboração comum, passando a pertencer
a ambos, em condomínio e em partes iguais, salvo estipulação contrária em contrato escrito.

§ 1° Cessa a presunção do caput deste artigo se a aquisição patrimonial ocorrer com o produto de bens
adquiridos anteriormente ao início da união.

§ 2° A administração do patrimônio comum dos conviventes compete a ambos, salvo estipulação contrária em
contrato escrito.

- Considerações

Meação automática: União estável à separou, 50% para cada.

Art. 8° Os conviventes poderão, de comum acordo e a qualquer tempo, requerer a conversão da união estável
em casamento, por requerimento ao Oficial do Registro Civil da Circunscrição de seu domicílio.

- Considerações:

União pode ser convertida em casamento. Logo, é concubinato puro.

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15/03/13 (Rebeca Ribeiro, adaptado)

Ø União Estável
1. Prazo

5 anos de convivência ou prole.

Atualmente, não há mais prazo específico, tendo o juiz liberdade para decidir se é união estável ou
não.

Professora define que menos de 2 anos de convivência é muito pouco.

IMPORTANTE:

Não existe divórcio para a união estável. Para que a dissolução seja legalizada, há a AÇÃO DE
DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL cuja competência é da vara de família.

A petição deve ser igual à do divórcio.

2. 1723 União estável (Pessoas desimpedidas para casamento) vs. 1727 concubinato (Pessoas
impedidas para casamento)

Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na
convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família.

§ 1o A união estável não se constituirá se ocorrerem os impedimentos do art. 1.521; não se aplicando a
incidência do inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de fato ou judicialmente.

Art. 1.727. As relações não eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar, constituem
concubinato.

3. 1724 Deveres entre os companheiros


Art. 1.724. As relações pessoais entre os companheiros obedecerão aos deveres de lealdade, respeito e
assistência, e de guarda, sustento e educação dos filhos.

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4. 1725 Regime de bens aplicável à União estável


Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre os companheiros, aplica-se às relações patrimoniais,
no que couber, o regime da comunhão parcial de bens.

5. Pacto escrito

Se não houver pacto escrito, a união será regida pelas mesmas regras do regime de comunhão
parcial de bens.

Pode ser por escrito particular.

(Rebeca Ribeiro) Não precisa ser escritura pública, particular serve. Caso o pacto seja feito, pode-se
definir se divide tudo ou nada.

Na ausência de regime parcial de bens, aplicam-se as mesmas regras do regime parcial de bens.

IMPORTANTE:

No casamento o pacto escrito particular não é permitido. O pacto pré-nupcial deve ser registrado.

Nota:

Se estiver em união estável e afirmar que é solteiro, não chega a mentir, pois não se casou. O mais
correto seria falar que é convivente.

- Estado civil? (questão de monografia) – Companheiros, viventes?

6. Dissolução da União Estável

Não existe divórcio na união estável.

Contudo, caso seja do interesse das partes legalizar a união estável, existe a ação de dissolução da
união estável, cuja competência é da VARA DE FAMÍLIA. Similar à ação de divórcio.

7. A união estável vs. Namoro (Maria Berenice Dias)

União estável pressupõe convivência pública, contínua, duradoura. Deve haver objetivo de
constituir família e, principalmente, embaralhamento patrimonial.

O namoro, por outro lado, não objetiva constituir família, não é público e não há embaralhamento
patrimonial.

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8. Súmulas 380 e 382 stf

Utilizadas em situações de concubinato.

Antes das Leis 9278/96 e 8971/94, era tudo que havia para companheiro: era considerada união de
fato. Hoje a União Estável não precisa destas súmulas, entretanto o CONCUBINATO IMPURO precisa.

“A amante tem direito de ser indenizada se ajudou a comprar alguma coisa.”

STF Súmula nº 380 - 03/04/1964 - DJ de 8/5/1964, p. 1237; DJ de 11/5/1964, p. 1253; DJ de


12/5/1964, p. 1277.

Comprovação - Existência de Sociedade de Fato - Cabimento - Dissolução Judicial - Partilha do


Patrimônio Adquirido pelo Esforço Comum

Comprovada a existência de sociedade de fato entre os concubinos, é cabível a sua dissolução


judicial, com a partilha do patrimônio adquirido pelo esforço comum.

STF Súmula nº 382 - 03/04/1964 - DJ de 8/5/1964, p. 1237; DJ de 11/5/1964, p. 1253; DJ de


12/5/1964, p. 1277.

Vida em Comum Sob o Mesmo Teto "More Uxorio" - Caracterização do Concubinato

A vida em comum sob o mesmo teto "more uxorio", não é indispensável à caracterização do
concubinato.

9. Direitos do concubinato paralelo ao matrimônio

- Patrimoniais, indenização pelo que ajudou a comprar.

- Não gera obrigação alimentícia. Companheira tem direito a alimentos. Concubina não tem.

- Filhos têm todos os direitos.

10. Pessoas do mesmo sexo

Para união civil de pessoas do mesmo sexo, aplicam-se as mesmas regras da união estável.

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11. Conversão da união estável em casamento

Quem está em união estável pode se casar sem que haja impedimento. No entanto, existem pessoas
que optam pela conversão, para que o período em que se viveu a união estável seja reconhecido.

11.1. Art. 8º Lei 9278/96

Converte-se a união estável em casamento no cartório.

Art. 8° Os conviventes poderão, de comum acordo e a qualquer tempo, requerer a conversão da união estável
em casamento, por requerimento ao Oficial do Registro Civil da Circunscrição de seu domicílio.

11.2. Art. 1726 Código Civil

Define que o pedido deve ser judicial.

Art. 1.726. A união estável poderá converter-se em casamento, mediante pedido dos companheiros ao juiz e
assento no Registro Civil.

11.3. Provimento 190/09 corregedoria geral de justiça

Permite que o pedido de conversão da união estável em casamento pode ser feito nos cartórios.

“Permitiu que se voltasse a fazer conversão em cartório.”

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12. Concubinato vs. União estável

CC 1916 CC 2002

183, vii Não há correspondência

248, IV 1642, V (mulher casada pode anular doação para


amante)

1177 550 (mulher casada pode anular doação para amante)

1474 793 (os amantes não podem ser beneficiários do


seguro de vida)

1719 1801, III a amante não pode ser beneficiária em


testamento.

Art. 226, §3º, CF

13. Leis 7036/44 – Acidente de trabalho (súmula 35, STF)


STF Súmula nº 35 - 13/12/1963 - Súmula da Jurisprudência Predominante do Supremo Tribunal Federal -
Anexo ao Regimento Interno. Edição: Imprensa Nacional, 1964, p. 45.

Acidente do Trabalho ou de Transporte - Concubina - Indenização - Morte do Amásio - Impedimento para o


Matrimônio

Em caso de acidente do trabalho ou de transporte, a concubina tem direito de ser indenizada pela morte do
amásio, se entre eles não havia impedimento para o matrimônio.

14. 4242/63 – Imposto de renda

Companheiro ser dependente. Declaração de imposto de renda.

15. Lei 883/49

Réu não podia ser concubinato impuro: investigação de paternidade.

16. 6015/73 – Art 57 registros públicos

Mulher poderia colocar nome do companheiro, se um dois era só separado.

17. Concubinato

– Lato sensu: puro impuro, próprio, improprio, legal, desleal, etc.

– Stricto sensu: aquele que é protegido pela lei.

Ex. União estável, Concubinato puro.

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21/03/13 (Rebeca Ribeiro, adaptado)

Ø Do parentesco (Art. 1.593)


- Vínculo existente entre pessoas que uma das outras, ou que derivam de um mesmo tronco
comum, ou ainda, resultante do casamento, de adoção ou de técnicas de reprodução assistida.

Art. 1.593. O parentesco é natural ou civil, conforme resulte de consangüinidade ou outra origem.

1. Parentesco espécies

- Biológico, consanguíneo ou natural: parentesco genético.

- Por afinidade: Resulta do casamento ou União Estável. “Liga aos ascendentes, descendentes e
irmãos do cônjuge ou companheiro.”

- Civil: Resulta da adoção ou de técnicas de reprodução assistida (art. 1597, III, IV e V). Neste caso, o
pai é aquele que autorizou a técnica.

Art. 1.597. Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos:

III - havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o marido;

IV - havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões excedentários, decorrentes de concepção


artificial homóloga;

V - havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia autorização do marido.

- Socioafetivo: não está no código civil. Conceito doutrinário baseado no afeto, na convivência, na
afinidade. “Por criar a criança pode ser considerado como pai dela.”

Nota:

É crime registrar filho que não é seu. O Estado é muito tolerante com o esse tipo de situação, pois o
artigo 1593 fala “ou outra origem” à é errado falar que é o filho por registro, pois é crime. O
correto é fazer adoção (adoção simulada à fraude).

Somente ‘pula’ fila de espera de adoção com autorização judicial para evitar comércio.

- Adoção intuito persona: adotar alguém específico ou da própria família. Também é necessária a
autorização judicial.

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2. Linhas

- Reta

Pessoas que estão em situação de ascendência¹ e descendência².

(1) Ascendência: Pai mãe, avô.

(2) Descendência: Filho, neto, bisneto

- Colateral ou transversal

São pessoas que vêm de uma mesma origem, mas que não se encontram em situação de ascendência e
descendência.

Ex. Irmão, tio, sobrinho.

3. Graus

O parentesco somente surte efeitos até o 4º grau para aplicação do direito (inclusive no que diz
respeito ao recebimento de herança).

4. irmãos germanos – bilaterais¹


(1) Bilaterais & germanos: Mesmo pai e mesma mãe.

5. Irmãos uterinos (unilaterais¹)

Filhos da mesma mãe, pais diferentes.

(1) unilaterais: Só do mesmo pai ou mãe.

6. Irmãos consanguíneos (unilaterais)

Mesmo pai, mães diferentes.

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7. CPC – Art. 405, §2º

- Regra: parentes até 3º grau podem testemunhar.

Art. 405. Podem depor como testemunhas todas as pessoas, exceto as incapazes, impedidas ou suspeitas.

§ 2o São impedidos: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de 1º.10.1973)

I - o cônjuge, bem como o ascendente e o descendente em qualquer grau, ou colateral, até o terceiro grau, de
alguma das partes, por consangüinidade ou afinidade, salvo se o exigir o interesse público, ou, tratando-se de
causa relativa ao estado da pessoa, não se puder obter de outro modo a prova, que o juiz repute necessária ao
julgamento do mérito;

- Exceção direito de família:

Em causas de direitos de famílias, se for o única forma de apurar a verdade, o magistrado poderá
ouvir parentes não como informantes e sim como testemunhas.

O juiz é considerado suspeito se atuar em causas em que uma das partes seja credora dele ou de
parentes até 3º grau.

Em direito eleitoral é causa de ilegibilidade. Não se pode se candidatar em cargo eletivo se é


ascendente, descendente, cônjuge e irmão.

8. CPC – Art. 134, IV e V

O juiz não atua em causa de parente ou em advogado de uma das partes seja seu parente.

Art. 134. É defeso ao juiz exercer as suas funções no processo contencioso ou voluntário:

IV - quando nele estiver postulando, como advogado da parte, o seu cônjuge ou qualquer parente seu,
consangüíneo ou afim, em linha reta; ou na linha colateral até o segundo grau;

V - quando cônjuge, parente, consangüíneo ou afim, de alguma das partes, em linha reta ou, na colateral, até o
terceiro grau;

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9. CPC – Art. 135

Juiz suspeito à parte for credora ou devedora dele ou de um parente até 3º grau.

Art. 135. Reputa-se fundada a suspeição de parcialidade do juiz, quando:

I - amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes;

II - alguma das partes for credora ou devedora do juiz, de seu cônjuge ou de parentes destes, em linha reta ou
na colateral até o terceiro grau;

III - herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de alguma das partes;

IV - receber dádivas antes ou depois de iniciado o processo; aconselhar alguma das partes acerca do objeto da
causa, ou subministrar meios para atender às despesas do litígio;

V - interessado no julgamento da causa em favor de uma das partes.

Parágrafo único. Poderá ainda o juiz declarar-se suspeito por motivo íntimo.

10. CF – Art. 14, §7º

Não pode candidatar para cargo eletivo se o parente já exerce função, exceto instância superior.

Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual
para todos, e, nos termos da lei, mediante:

§ 7º - São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consangüíneos ou afins, até
o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito
Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já
titular de mandato eletivo e candidato à reeleição.

11. Impedimentos (NÃO LECIONADO)

12. Art. 1829 – Herança

Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:

I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no
regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no
regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares;

II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;

III - ao cônjuge sobrevivente;

IV - aos colaterais.

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13. Art. 228, CCB

Art. 228. Não podem ser admitidos como testemunhas:

I - os menores de dezesseis anos;

II - aqueles que, por enfermidade ou retardamento mental, não tiverem discernimento para a prática dos atos
da vida civil;

III - os cegos e surdos, quando a ciência do fato que se quer provar dependa dos sentidos que lhes faltam;

IV - o interessado no litígio, o amigo íntimo ou o inimigo capital das partes;

V - os cônjuges, os ascendentes, os descendentes e os colaterais, até o terceiro grau de alguma das partes, por
consangüinidade, ou afinidade.

Parágrafo único. Para a prova de fatos que só elas conheçam, pode o juiz admitir o depoimento das pessoas a
que se refere este artigo.

14. Direito penal: agravantes

É circunstância agravante cometer crime contra ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro


e irmão.

IMPORTANTE:

- Direito de Família à Guarda, curatela, tutela envolvem parente (o mais próximo exclui o mais
remoto).

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22/03/13

Ø Do poder familiar
1. Considerações iniciais
(Rebeca Ribeiro) Poder Familiar à Poder parental à Antigo pátrio poder. “É mais obrigação do que poder.”

1.1. Conceito

Maria Helena Diniz defende que é um numus público¹ conferido para o estado quando o indivíduo
tem um filho, passando a ser responsável por este.

(1) Numus público: Ônus público.

1.2. Características

O poder familiar somente é retirado por magistrado por meio de sentença.

O poder é INALIENÁVEL, INTRANSFERÍVEL e IRRENUNCIÁVEL.

- Exceção:

Ocorre quando os pais voluntariamente levam os filhos para orfanato. Ainda assim, deve haver anuência
judicial, pois, em regra, os filhos devem ficar com os pais. Trata-se de uma exceção à IRRENUNCIABILIDADE do
poder familiar.

1. Conjunto de direitos¹ e obrigações² dos pais com relação aos filhos menores não
emancipados
(1) Poder familiar como direito: Ninguém pode retirá-lo.

(2) Poder familiar como obrigação: Art. 1.634

Art. 1.634. Compete aos pais, quanto à pessoa dos filhos menores:

I - dirigir-lhes a criação e educação;

II - tê-los em sua companhia e guarda;

III - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casarem;

IV - nomear-lhes tutor por testamento ou documento autêntico, se o outro dos pais não lhe sobreviver, ou o
sobrevivo não puder exercer o poder familiar;

V - representá-los, até aos dezesseis anos, nos atos da vida civil, e assisti-los, após essa idade, nos atos em que
forem partes, suprindo-lhes o consentimento;

VI - reclamá-los de quem ilegalmente os detenha;

VII - exigir que lhes prestem obediência, respeito e os serviços próprios de sua idade e condição.

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2. Previsão legal

Art. 1630 e seguintes.

3. Perda¹ e suspensão² do poder familiar (Princípio do melhor interesse da criança)


(1) Perda (Rebeca Ribeiro): Definitiva, envolve todos os filhos. Art. 1.638

(2) Suspensão (Rebeca Ribeiro): Provisória, envolve só a criança mencionada na sentença. Art. 1.637

A pobreza pode causar suspensão do poder familiar. Não é caso de perda. A suspensão envolve
somente a criança mencionada na sentença.

Maus tratos podem acarretar na perda do poder familiar. A perda envolve toda a prole.

Pais condenados a pena privativa de liberdade superior a dois anos têm o poder de família suspenso.

(Suspensão) Art. 1.637. Se o pai, ou a mãe, abusar de sua autoridade, faltando aos deveres a eles inerentes ou
arruinando os bens dos filhos, cabe ao juiz, requerendo algum parente, ou o Ministério Público, adotar a
medida que lhe pareça reclamada pela segurança do menor e seus haveres, até suspendendo o poder familiar,
quando convenha.

Parágrafo único. Suspende-se igualmente o exercício do poder familiar ao pai ou à mãe condenados por
sentença irrecorrível, em virtude de crime cuja pena exceda a dois anos de prisão.

(Perda) Art. 1.638. Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que:

I - castigar imoderadamente o filho;

II - deixar o filho em abandono;

III - praticar atos contrários à moral e aos bons costumes;

IV - incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo antecedente.

4. Extinção (Art. 1635)

Comporta causas naturais e jurídicas e a perda.

Art. 1.635. Extingue-se o poder familiar:

I - pela morte dos pais ou do filho;

II - pela emancipação, nos termos do art. 5o, parágrafo único;

III - pela maioridade;

IV - pela adoção;

V - por decisão judicial, na forma do artigo 1.638.

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5. Falta de um dos pais (Arts. 1631 e 1633)

Se um dos pais morre, o outro exercerá o poder familiar EXCLUSIVAMENTE.

Art. 1.631. Durante o casamento e a união estável, compete o poder familiar aos pais; na falta ou
impedimento de um deles, o outro o exercerá com exclusividade.

Parágrafo único. Divergindo os pais quanto ao exercício do poder familiar, é assegurado a qualquer deles
recorrer ao juiz para solução do desacordo.

Art. 1.633. O filho, não reconhecido pelo pai, fica sob poder familiar exclusivo da mãe; se a mãe não for
conhecida ou capaz de exercê-lo, dar-se-á tutor ao menor.

6. Falta de acordo entre os pais

Em divergência de escolhas entre os pais, prevalecerá a decisão judicial.

7. Divórcio (Art. 1632) (Rebeca Ribeiro)

Divórcio não acarreta na perda do poder familiar. Pode-se perder a guarda, que é um dos atributos
do poder familiar. Mesmo que se case novamente, não se caracterizará a perda.

Art. 1.632. A separação judicial, o divórcio e a dissolução da união estável não alteram as relações entre pais e
filhos senão quanto ao direito, que aos primeiros cabe, de terem em sua companhia os segundos.

8. Do usufruto e da administração dos bens dos filhos menores (Art. 1689) (Rebeca
Ribeiro)

Ser usufrutuário e administrador do bem de filho menor faz parte do poder familiar.

Ex. Sandy e Júnior.

A venda dos bens do menor depende de autorização judicial e parecer do Ministério Público.

Art. 1.689. O pai e a mãe, enquanto no exercício do poder familiar:

I - são usufrutuários dos bens dos filhos;

II - têm a administração dos bens dos filhos menores sob sua autoridade.

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9. Bens excluídos da administração dos pais (Art. 1693) (Rebeca Ribeiro)

Há alguns bens que são excluídos da administração dos pais.

Art. 1.693. Excluem-se do usufruto e da administração dos pais:

I - os bens adquiridos pelo filho havido fora do casamento, antes do reconhecimento;

Não se pode reconhecer filho depois de descobrir que ele recebeu herança.

II - os valores auferidos pelo filho maior de dezesseis anos, no exercício de atividade profissional e os bens
com tais recursos adquiridos;

Filho de 16 anos que compra seu patrimônio.

III - os bens deixados ou doados ao filho, sob a condição de não serem usufruídos, ou administrados, pelos
pais;

IV - os bens que aos filhos couberem na herança, quando os pais forem excluídos da sucessão.

10. Curador especial (Art. 1692) (Rebeca Ribeiro)

Se o filho acha que o pai e a mãe estão dilapidando seu patrimônio, pode ir ao Ministério Público e
pedir um curador especial, cuja função seria a administração de seu patrimônio. Os avós, eventuais
interessados ou outros também podem fazer tal requisição.

Art. 1.692. Sempre que no exercício do poder familiar colidir o interesse dos pais com o do filho, a
requerimento deste ou do Ministério Público o juiz lhe dará curador especial.

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04/04/13

Ø Filiação
1. Conceito

Parentesco consanguíneo ou civil em primeiro grau em linha reta.

2. Presunção de paternidade (Art. 1597 CC)

A presunção de paternidade SÓ EXISTE NO CASAMENTO, não se aplicando, portanto, na união


estável.

“Sou a mãe, meu marido é o pai.”

Trata-se de PRESUNÇÃO RELATIVA que admite prova contrária.

(Rebeca Ribeiro) Não existe na união estável, somente no casamento, sendo esta uma garantia para o
homem.

Após 180 dias de casamento, os filhos que nasceram são considerados do marido.

A mãe pode ir registrar sozinha levando a certidão de nascimento.

Viúvas com até 10 meses de gravidez após o falecimento do marido podem declarar que o falecido é o pai,
tendo em vista que 10 meses é o maior período de gestação humana.

A presunção de paternidade ADMITE PROVA EM CONTRÁRIO.

Ex. O suposto pai que registra como filho e depois descobre que não é pai pode ajuizar ação negatória de
paternidade.

Art. 1.597. Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos:

I - nascidos cento e oitenta dias, pelo menos, depois de estabelecida a convivência conjugal;

II - nascidos nos trezentos dias subsequentes à dissolução da sociedade conjugal, por morte, separação
judicial, nulidade e anulação do casamento;

III - havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o marido;

IV - havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões excedentários, decorrentes de concepção


artificial homóloga;

V - havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia autorização do marido.

Nota:

- Fecundação artificial homóloga: do próprio pai;

- Fecundação artificial heteróloga: de um doador.

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2.1. Objetivos (Art. 1598)

Evitar a confusão de sangue e patrimonial.

Art. 1.598. Salvo prova em contrário, se, antes de decorrido o prazo previsto no inciso II do art. 1.523, a
mulher contrair novas núpcias e lhe nascer algum filho, este se presume do primeiro marido, se nascido dentro
dos trezentos dias a contar da data do falecimento deste e, do segundo, se o nascimento ocorrer após esse
período e já decorrido o prazo a que se refere o inciso I do art. 1597.

2.2. Presunção juris tantum

Trata-se de expressão em latim cujo significado literal é "apenas de direito". Normalmente a


expressão em questão vem associada a palavra presunção, ou seja, presunção "juris tantum", que
consiste na presunção relativa, válida até prova em contrário.

3. Ações

3.1. Características das ações

Todas as ações propostas são:

I. Ações de estado

II. Personalíssimas

III. Imprescritíveis

3.2. Ação de contestação de paternidade / ação negatória de paternidade (Art. 1.601)

Visa desconstituir o vínculo de paternidade.

Contestar a presunção da paternidade ou filho assumido cujo pai desconfia que não seja seu.

3.2.1. Legitimidade

- Ativa: suposto pai.

- Passiva: suposto filho.

Art. 1.601. Cabe ao marido o direito de contestar a paternidade dos filhos nascidos de sua mulher, sendo tal
ação imprescritível.

Parágrafo único. Contestada a filiação, os herdeiros do impugnante têm direito de prosseguir na ação.

IMPORTANTE:

Se um legitimado morre no curso da ação, os herdeiros podem CONTINUAR NA AÇÃO. Todavia,


quando o pai já é falecido, propõe-se a investigação de paternidade contra a família deste.

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3.3. Ação de reconhecimento de paternidade (Art. 1.514)

“Eu sou o pai da criança.”

3.3.1. Legitimidade

- Ativa: Suposto pai;

- Passiva: Suposto filho.

Art. 1.514. O casamento se realiza no momento em que o homem e a mulher manifestam, perante o juiz, a
sua vontade de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os declara casados.

3.4. Ação de investigação de paternidade

Quando o pai se recusa a registrar o filho.

3.4.1. Legitimidade

- Ativa: Suposto filho.

- Passiva: Suposto pai.

Embora todas as ações sejam personalíssimas, na ação de investigação de paternidade qualquer


interessado pode contestar, pois há o interesse.

Ex. Mulher de suposto pai de filho com terceira poderá contestar, pois é terceiro interessado, haja
vista que o juízo de mérito positivo afetará a herança de seus filhos.

4. Lei 8.560/92 (Perfilhação compulsória)

Trata da perfilhação compulsória. Dar a alguém o filho de outrem.

4.1. Ação de perfilhação compulsória

É a ação de investigação de paternidade proposta de ofício pelo Ministério Público quando a mãe vai
registrar o filho sozinha.

Se o pai se recusar a registrar o filho, o cartório fará um registro provisório e encaminhará para o
magistrado que, por sua vez, intimará o pai, sendo que este três opções:

I. Assumir a paternidade;

II. Negar a paternidade;

III. Afirmar que tem dúvidas neste aspecto.

Caso o pai negue, o processo será encaminhado ao ministério público que ajuizará ação de
investigação de paternidade.

IMPORTANTE:

Se o homem se recusar a fazer o exame de DNA, será considerado como pai da criança.

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5. Súmula 301 – STJ (Lei 12.004/09)

STJ Súmula nº 301 - 18/10/2004 - DJ 22.11.2004

Ação Investigatória - Recusa do Suposto Pai - Exame de DNA - Presunção Juris Tantum de
Paternidade

Em ação investigatória, a recusa do suposto pai a submeter-se ao exame de DNA induz presunção
juris tantum de paternidade.

IMPORTANTE: (Rebeca Ribeiro)

- A mãe NÃO pode se negar em declarar o pai, pois faz parte do direito de identidade da criança.

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11/04/13
Nota:

- Ação avoengas: ações de paternidade propostas pelos avós.

- A presunção de paternidade é uma garantia para o filho, pois este não fica sem registro. É também
uma garantia para o homem fora do casamento, pois, para este, não há presunção de paternidade.
Para o marido deixar de ser pai, deverá propor ação de negatória de paternidade.

- A ação contrária, na qual o pai deseja constituir o vínculo da paternidade, é a ação de


reconhecimento de paternidade.

- Quem propõe a ação de investigação de paternidade é o suposto filho.

- Caso o filho deseje propor ação contra pessoa que não é seu pai, deverá propor a ação de
investigação de paternidade do pai biológico.

6. Ação de prova de filiação (Art. 1604 e 1605)

Ex. Documento que prova a filiação da criança foi perdido.

6.1. Prova direta¹

(1) Prova direta: certidão de nascimento

Pede-se ao magistrado que exija do cartório a emissão da segunda via da certidão de nascimento.

Fundamenta-se nas provas subsidiárias de paternidade.

Ex. Testemunha, passaporte, fotos, etc.

Analisa-se também posse de estado de filiação, que, por sua vez, é a apresentação pública como pai
filho. (Prova indireta)

Art. 1.604. Ninguém pode vindicar estado contrário ao que resulta do registro de nascimento, salvo provando-
se erro ou falsidade do registro.

Art. 1.605. Na falta, ou defeito, do termo de nascimento, poderá provar-se a filiação por qualquer modo
admissível em direito:

I - quando houver começo de prova por escrito, proveniente dos pais, conjunta ou separadamente;

II - quando existirem veementes presunções resultantes de fatos já certos.

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7. Ação de impugnação de reconhecimento (Art. 1.619, 113, Lei de registros públicos)

Retirada do nome da pessoa que não é pai/mãe do registro.

“Aquela que pessoa que não me reconheceu não é meu pai/minha mãe.”

Art. 1.619. A adoção de maiores de 18 (dezoito) anos dependerá da assistência efetiva do poder público e de
sentença constitutiva, aplicando-se, no que couber, as regras gerais da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 -
Estatuto da Criança e do Adolescente. (Redação dada pela Lei nº 12.010, de 2009)

(Lei de registro públicos) Art. 113. As questões de filiação legítima ou ilegítima serão decididas em processo
contencioso para anulação ou reforma de assento.

7.1. Reconhece de filho maior (Art. 1614)

O filho maior de idade somente pode ser reconhecido com seu consentimento.

- Crítica:

O pai não tem que dar seu consentimento para que a paternidade seja reconhecida. O mesmo deveria se
aplicar ao filho.

“Se o pai pode ser pai a qualquer tempo, o filho também deveria ser.”

Art. 1.614. O filho maior não pode ser reconhecido sem o seu consentimento, e o menor pode impugnar o
reconhecimento, nos quatro anos que se seguirem à maioridade, ou à emancipação.

8. Súmula 149 - STF

STF Súmula nº 149 - 13/12/1963 - Súmula da Jurisprudência Predominante do Supremo Tribunal


Federal - Anexo ao Regimento Interno. Edição: Imprensa Nacional, 1964, p. 83.

Ações de Investigação de Paternidade e de Petição de Herança - Prescrição

É imprescritível a ação de investigação de paternidade, mas não o é a de petição de herança.

9. Art. 27, ECA


Art. 27. O reconhecimento do estado de filiação é direito personalíssimo, indisponível e imprescritível,
podendo ser exercitado contra os pais ou seus herdeiros, sem qualquer restrição, observado o segredo de
Justiça.

10. Autorização para morar no lar (Art. 1611)

Somente pode levar um filho de outro casamento para morar no lar com a anuência do outro
cônjuge.

Se o cônjuge não concordar e sair do lar, não se caracteriza o abandono de cônjuge.

Art. 1.611. O filho havido fora do casamento, reconhecido por um dos cônjuges, não poderá residir no lar
conjugal sem o consentimento do outro.

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11. Reconhecimento de filhos


a. Voluntário (1609)

“O pai vai lá e registra o filho.”

Art. 1.609. O reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento é irrevogável e será feito:

I - no registro do nascimento;

II - por escritura pública ou escrito particular, a ser arquivado em cartório;

III - por testamento, ainda que incidentalmente manifestado;

IV - por manifestação direta e expressa perante o juiz, ainda que o reconhecimento não haja sido o objeto
único e principal do ato que o contém.

Parágrafo único. O reconhecimento pode preceder o nascimento do filho ou ser posterior ao seu falecimento,
se ele deixar descendentes.

b. Coativo (Ordem judicial)

Através de perfilhação compulsória e investigação de paternidade.

- No Direito anterior (Código Civil

a. Legítimos

Advindos do casamento.

b. Ilegítimos

I. Naturais

Mulher solteira e mulher solteira (se se casassem, o filho seria chamado e legitimado)

II. Espúrios (impuros)

II.I Adulterinos

II.I.I a parte

Pai casado com outra mulher.

II.I.II a matre

Mãe casada com outro homem

II.I.III a patre e a matre

A tem filho com D que é casado com C, sendo que A é casado com B.

II.II Incestuosos

Advindos de pai e filho, madrasta e enteada.

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12. Diferença arts. 1.604 e 1.608

O homem somente pode questionar uma certidão de nascimento se alegar que o documento é falso
e há erro material¹.

(1) Erro material: Ex. Nome redigido incorretamente.

Por outro lado, a mulher pode atacar que as declarações que foram dadas na certidão foram falsas.

Art. 1.604. Ninguém pode vindicar estado contrário ao que resulta do registro de nascimento, salvo provando-
se erro ou falsidade do registro².

Provando-se erro ou falsidade do registro: Erro material.

Art. 1.608. Quando a maternidade constar do termo do nascimento do filho, a mãe só poderá contestá-la,
provando a falsidade do termo, ou das declarações nele contidas.

Nota:

- O reconhecimento de filhos é feito de forma mais ampla possível.

Ex. Escritura pública, testamento, perante testemunhas (não é automático), em audiência de


qualquer natureza.

- O reconhecimento é IRRETRATÁVEL.

IMPORTANTE:

Todas as ações de filiação são ações de estado, sendo, portanto, imprescritíveis.

Todavia, o Código Civil ELENCA UM PRAZO DE 4 ANOS após o alcance da maioridade para
propositura da ação de impugnação de reconhecimento.

- Crítica:

Professora acha errado dispor prazo para ações de estado.

Nota:

- Caso se descubra que outro é o pai, a ação cabível é a de investigação de paternidade.

- Art. 1.961. Os herdeiros necessários podem ser privados de sua legítima, ou deserdados, em todos os casos
em que podem ser excluídos da sucessão.

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12/04/13

Ø Da adoção (Art. 28 e seguintes ECA/39)


1. Conceito

Ficção legal que possibilita que se constituía entre o adotante e o adotado um laço de parentesco de
primeiro grau na linha reta.

Forma mais drástica de colocação do menor no ambiente familiar. É definitiva e cria um parentesco.

Se o seio familiar apresentar risco ao menor, este deverá ser encaminhado à família extensa (avós, etc.). Caso
a família extensa não apresente uma condição satisfatória, a criança/adolescente será encaminhada para a
adoção.

2. Histórico

2.1. 1957

Até 1957 apenas o maior de 50 anos sem filhos biológicos poderá adotar.

2.2. Lei 3133/57

Diminui-se a idade para 30 anos e não é mais exigida a inexistência de filhos biológicos.

Em caso de existência de filho biológico, o filho adotivo não tinha direito à herança.

Se, após a adoção, o casal tem um filho biológico, este tem direito a herdar metade do patrimônio
dos pais.

2.3. Lei 4.655/65

Legitimação adotiva

2.4. Decreto 6.697/79

Ao adotar um menor de 21 anos, poder-se-ia escolher entre a adoção plena e restrita:

2.4.1. Adoção restrita

Somente vincula o adotante e o adotado. Realizada em cartório por meio de escritura pública.

REVOGÁVEL.

2.4.2. Adoção plena

Vincula toda a família do adotante ao adotado. Realizada por meio de SENTENÇA em processo judicial.

IRREVOGÁVEL.

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2.5. ECA

Determina que todas as adoções de crianças e adolescentes seriam plenas. A adoção restrita
continua a existir somente para ADULTOS.

2.6. Código Civil Brasileiro de 2002

Atualmente, TODAS AS ADOÇÕES SÃO PLENAS, até mesmo a de adulta.

2.6.1. ECA 18.069/90

O ECA é aplicado subsidiariamente para a adoção de adultos. Competência para adoção de criança e
adolescente é a vara da infância e juventude e a competência para a adoção de adultos é da vara de família.

- Nova lei adoção

- Lei 12.010/2009

3. Requisitos

I. Idade mínima

Em regra, a idade mínima é de 18 anos. Caso se trate de adoção conjunta, somente um dos cônjuges precisa
ter mais de 18 anos.

IMPORTANTE:

A adoção para casais homossexuais não está prevista nem na nova lei da adoção nem no Código Civil
de 2002. Todavia, deve-se levar em consideração o que é melhor para a criança/adolescente.
Ademais, é admitida a adoção para companheiros e, atualmente, para o casal homossexual aplicam-
se as mesmas regras da união estável.

Conforme a nova lei, a pessoa com mais de 12 anos a ser adotada deve anuir.

II. Diferença de idade

Tem que ter a diferença de idade de 16 anos.

III. Sentença

Dá-se por meio de sentença judicial, que considera que a adoção será em prol do benefício da
criança/adolescente.

IV. Concordância do adolescente

É relativa, pois, em caso de discordância, leva-se em consideração seu motivo.

Ex. A discordância por receio , em alguns casos, não deve ser considerada.

V. Processo

VI. Reais benefícios para o adotado

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3. Efeitos

O filho adotivo passa a ser filho do adotante para todos os efeitos.

Ex. Se o pai biológico morre sem deixar herdeiros, a herança vai para o Estado e não para a criança
adotada.

I. Parentesco

Cria-se o parentesco fictício.

II. Poder familiar dos pais adotivos

Extinguindo o poder familiar dos pais biológicos

III. Nome

Pode-se mudar até mesmo o primeiro nome do adotado.

IV. Responsabilidade civil

Ex. Caso o adotado quebre a vidraça dos vizinhos, os adotantes devem arcar com os prejuízos.

V. Alimentos

Obrigação alimentícia dos adotantes em relação ao adotado.

VI. Sucessões

O adotado passa a ser herdeiro do adotante.

VII. Pensão previdenciária

Em caso de morte do adotante, o adotado passa a ter direito do

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4. Adoção internacional

4.1. Requisitos

- Os mesmos da adoção nacional:

I. Diferença de idade

II. Sentença

III. Concordância do adolescente

IV. Processo

V. Reais benefícios para o adotado

VI. Idade mínima

- Requisitos exclusivos:

I. Declaração do órgão correspondente à nossa vara da infância e juventude dizendo que no país em questão o
casal está apto a adotar.

“A criança deve ser levada a um lugar no qual a adoção é legítima.”

II. Estágio de convivência no Brasil de, no mínimo, 30 dias.

4.2. Convenção de Haia

Em 2006, o Brasil assinou a convenção de Haia que regulou a adoção internacional.

Durante os 2 primeiros anos da criança no exterior, a CEJA – Comissão Estadual Judiciária de Adoção
– recebe relatórios semestrais, do órgão internacional competente, sobre a situação da criança.

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18/04/13
5. Da adoção Unilateral

Feita por uma pessoa somente.

Pode ser feita por casados, sendo que o adotado não será herdeiro do cônjuge que não adotou.

6. Da adoção de enteados

Se o pai da criança for ausente, o padrasto poderá pedir a adoção do enteado que, por sua vez,
romperá apenas os laços paternos, não sendo rompidos, portanto, os laços maternos.

Os impedimentos matrimoniais permanecem e os demais efeitos são rompidos.

Ex. Não poderá se casar com eventual irmã biológica, todavia não mais será herdeiro do pai
biológico.

Ø Da guarda (Art. 28 e seguintes ECA)


1. Conceito

Forma de colocação mais simples do menor em família substituta ou em associação.

Dever criar, educar, alimentar, vestir, orientar. É a companhia física da criança, a posse física da
criança.

Encerra-se aos 18 anos. Não cria parentesco e nem direitos sucessórios.

Nota:

Guardião – pupilo

Adotante - adotado

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2. Espécies de guarda

- Guarda bilateral ou compartilhada

Aquela concedida a mais de uma pessoa. Geralmente utilizada para pai e mãe.

É cabível alimentos até mesmo na guarda compartilhada, pois, ainda assim, a criança mora em apenas um
lugar, estuda em um único lugar, etc.

- Guarda isolada

Concedida a apenas uma pessoa.

- Guarda alternada

Aquela em que o magistrado especifica períodos para que a criança fique com o pai e períodos para que fique
com a mãe e, nestes momentos, a guarda é exclusiva.

Cabem alimentos, pois devem-se pagar despesas como, por exemplo, plano de saúde, cursos de idiomas, etc.

- Guarda de fato

Aquela que não contou com a interferência do judiciário. Não tem garantias em relação à criança.

3. Competência (Art. 148 ECA)

Caso não se trate de maus tratos, a competência será da vara de família. Caso contrário, a
competência será da vara da infância e da juventude.

Art. 148. A Justiça da Infância e da Juventude é competente para:

Parágrafo único. Quando se tratar de criança ou adolescente nas hipóteses do art. 98, é também competente a
Justiça da Infância e da Juventude para o fim de:

a) conhecer de pedidos de guarda e tutela;

4. Guarda x tutela x adoção

- A guarda não é incompatível com o poder familiar dos pais biológicos;

- A tutela, por outro lado, é incompatível;

- Não implicam na adoção da criança/adolescente.

5. Efeitos previdenciários

Não gera efeitos sucessórios, porém gera efeitos previdenciários.

Nota:

O poder familiar é mais amplo que a guarda, sendo esta um dos atributos desse.

“Pode-se não ter a guarda, mas se ter o poder familiar.”

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19/04/13

Ø Da tutela (Arts. 1728 e seguintes do Código Civil)


1. Conceito

Substitui o poder familiar dos pais biológicos. Específica para os menores que têm patrimônio.

Instituto de caráter assistencial que visa substituir o poder familiar.

2. Espécies

- Tutela legítima

Decorre de uma ordem de preferência trazida pela lei. Eis a ordem de preferência:

I. Ascendentes, nos quais os mais próximos excluem os mais remotos;

II. Colaterais, nos quais os mais velhos têm preferência em relação aos mais novos.

- Tutela testamentária

Aquela em que os pais indicam um tutor no testamento.

- Tutela dativa

Ocorre na falta de tutor legítimo ou testamentário. Imposta pelo magistrado.

- Tutela de fato

Aquela que não decorre de nomeação por sentença. Neste caso, o vizinho é considerado como apenas gestor
de negócios, tendo direito somente a ressarcimento de eventuais gastos.

Ex. Vizinho começou a criar a criança e alugou seus imóveis.

- Tutela especial

Aquela concedida pelo juiz para a prática de apenas um ato específico.

Ex. Somente para a realização de uma cirurgia.

Nota:

Se a fortuna da criança for grande, o tutor tem direito de receber, sendo o salário estipulado pelo
magistrado.

Deste modo, A REMUNARAÇÃO SOMENTE SE DÁ QUANDO HÁ PATRIMÔNIO SUFICENTE. Assim, a


maioria das tutelas é GRATUITA.

3. Munus público

Trata-se de um ônus, uma obrigação.

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4. Casos em que os filhos menores são postos em tutela (Art. 1728)


Art. 1.728. Os filhos menores são postos em tutela:

I - com o falecimento dos pais, ou sendo estes julgados ausentes;

II - em caso de os pais decaírem do poder familiar.

5. Tutela dos índios

De acordo com os doutrinadores, os índios que não sejam adeptos aos nossos costumes são
tutelados.

Para adulto, o termo correto é curatela, todavia o índio é uma exceção à regra, pois, apesar de ser
tutelado, não possui deficiência mental, haja vista que a curatela ocorre para pessoas que têm
deficiência mental.

Lei 6001/73 – Estatuto do índio

6. Vários irmãos órfãos (Art. 1733)

A preferência é a de que seja nomeado apenas um tutor para todos os irmãos.

Art. 1.733. Aos irmãos órfãos dar-se-á um só tutor.

§ 1o No caso de ser nomeado mais de um tutor por disposição testamentária sem indicação de precedência,
entende-se que a tutela foi cometida ao primeiro, e que os outros lhe sucederão pela ordem de nomeação, se
ocorrer morte, incapacidade, escusa ou qualquer outro impedimento.

§ 2o Quem institui um menor herdeiro, ou legatário seu, poderá nomear-lhe curador especial para os bens
deixados, ainda que o beneficiário se encontre sob o poder familiar, ou tutela.

IMPORTANTE:

Tratam-se de PREFERÊNCIAS que, em caso de IMPOSSIBILIDADE, poderão ser contrariadas.

7. Responsabilidade do juiz (Art. 1744)

Quando o juiz não exigir garantia, não nomear um tutor no momento oportuno ou quando não
remover o tutor suspeito, o juiz vai responder com seu patrimônio PARTICULAR.

Art. 1.744. A responsabilidade do juiz será:

I - direta e pessoal, quando não tiver nomeado o tutor, ou não o houver feito oportunamente;

II - subsidiária, quando não tiver exigido garantia legal do tutor, nem o removido, tanto que se tornou
suspeito.

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8. Não podem exercer tutela/Pessoas impedidas (Art. 1735)


Art. 1.735. Não podem ser tutores e serão exonerados da tutela, caso a exerçam:

I - aqueles que não tiverem a livre administração de seus bens;

II - aqueles que, no momento de lhes ser deferida a tutela, se acharem constituídos em obrigação para com o
menor, ou tiverem que fazer valer direitos contra este, e aqueles cujos pais, filhos ou cônjuges tiverem
demanda contra o menor;

III - os inimigos do menor, ou de seus pais, ou que tiverem sido por estes expressamente excluídos da tutela;

IV - os condenados por crime de furto, roubo, estelionato, falsidade, contra a família ou os costumes, tenham
ou não cumprido pena;

V - as pessoas de mau procedimento, ou falhas em probidade, e as culpadas de abuso em tutorias anteriores;

VI - aqueles que exercerem função pública incompatível com a boa administração da tutela.

9. Prestação de contas (Art. 1757/1758)

Prestação de contas parcial todos os anos e detalhada de 2 em 2 anos.

Para fiscalizar os atos do tutor, o juiz pode nomear o protutor, que é a pessoa responsável por
fiscalizar os atos do tutor. O protutor pode receber.

10. Venda de imóveis

Somente com autorização judicial.

11. Protutor (Art. 1742)


Art. 1.742. Para fiscalização dos atos do tutor, pode o juiz nomear um protutor.

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12. Atribuições do tutor (Arts. 1747/1748/1749/1740/1741)


Art. 1.740. Incumbe ao tutor, quanto à pessoa do menor:

I - dirigir-lhe a educação, defendê-lo e prestar-lhe alimentos, conforme os seus haveres e condição;

II - reclamar do juiz que providencie, como houver por bem, quando o menor haja mister correção;

Inciso IMPOSSÍVEL, pois o tutelante não poderia corrigir o tutelado, devendo ser marcada audiência para que o
magistrado a corrigisse.

III - adimplir os demais deveres que normalmente cabem aos pais, ouvida a opinião do menor, se este já
contar doze anos de idade.

Art. 1.741. Incumbe ao tutor, sob a inspeção do juiz, administrar os bens do tutelado, em proveito deste,
cumprindo seus deveres com zelo e boa-fé.

Art. 1.747. Compete mais ao tutor:

I - representar o menor, até os dezesseis anos, nos atos da vida civil, e assisti-lo, após essa idade, nos atos em
que for parte;

II - receber as rendas e pensões do menor, e as quantias a ele devidas;

III - fazer-lhe as despesas de subsistência e educação, bem como as de administração, conservação e


melhoramentos de seus bens;

IV - alienar os bens do menor destinados a venda;

V - promover-lhe, mediante preço conveniente, o arrendamento de bens de raiz

Art. 1.748. Compete também ao tutor, com autorização do juiz:

I - pagar as dívidas do menor;

II - aceitar por ele heranças, legados ou doações, ainda que com encargos;

III - transigir;

IV - vender-lhe os bens móveis, cuja conservação não convier, e os imóveis nos casos em que for permitido;

V - propor em juízo as ações, ou nelas assistir o menor, e promover todas as diligências a bem deste, assim
como defendê-lo nos pleitos contra ele movidos.

Parágrafo único. No caso de falta de autorização, a eficácia de ato do tutor depende da aprovação ulterior do
juiz.

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13. Vedações ao tutor (Art. 1749)


Art. 1.749. Ainda com a autorização judicial, NÃO pode o tutor, sob pena de nulidade:

I - adquirir por si, ou por interposta pessoa, mediante contrato particular, bens móveis ou imóveis
pertencentes ao menor;

Não pode comprar imóvel do tutelado.

II - dispor dos bens do menor a título gratuito;

Não pode doar patrimônio do tutelado.

III - constituir-se cessionário de crédito ou de direito, contra o menor.

Não pode se instituir como credor do tutelado, NEM MESMO COM AUTORIZAÇÃO JUDICIAL.

14. Pessoas impedidas (Art. 1735)


Art. 1.735. Não podem ser tutores e serão exonerados da tutela, caso a exerçam:

I - aqueles que não tiverem a livre administração de seus bens;

II - aqueles que, no momento de lhes ser deferida a tutela, se acharem constituídos em obrigação para com o
menor, ou tiverem que fazer valer direitos contra este, e aqueles cujos pais, filhos ou cônjuges tiverem
demanda contra o menor;

III - os inimigos do menor, ou de seus pais, ou que tiverem sido por estes expressamente excluídos da tutela;

IV - os condenados por crime de furto, roubo, estelionato, falsidade, contra a família ou os costumes, tenham
ou não cumprido pena;

V - as pessoas de mau procedimento, ou falhas em probidade, e as culpadas de abuso em tutorias anteriores;

VI - aqueles que exercerem função pública incompatível com a boa administração da tutela.

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15. Pessoas que podem se escusar (Art. 1736)


Art. 1.736. Podem escusar-se da tutela:

I - mulheres casadas;

Obsoleto.

II - maiores de sessenta anos;

III - aqueles que tiverem sob sua autoridade mais de três filhos;

IV - os impossibilitados por enfermidade;

V - aqueles que habitarem longe do lugar onde se haja de exercer a tutela;

VI - aqueles que já exercerem tutela ou curatela;

VII - militares em serviço.

Art. 1.738. A escusa apresentar-se-á nos dez dias subseqüentes à designação, sob pena de entender-se
renunciado o direito de alegá-la; se o motivo escusatório ocorrer depois de aceita a tutela, os dez dias contar-
se-ão do em que ele sobrevier.

IMPORTANTE:

Na existência de várias pessoas nas condições de exercer a tutela, pode-se pedir ao magistrado que
faça um rodízio nesta de 2 em 2 anos.

Na ausência de mais de um tutor, poderá o juiz exigir que uma pessoa nas condições de exercer a
tutela a exercê-la por mais de 2 anos.

O juiz poderá FRACIONAR a tutela.

Nota:

- “Parágrafo Irreal”:

Art. 1.753. Os tutores não podem conservar em seu poder dinheiro dos tutelados, além do necessário para as
despesas ordinárias com o seu sustento, a sua educação e a administração de seus bens.

§ 1o Se houver necessidade, os objetos de ouro e prata, pedras preciosas e móveis serão avaliados por
pessoa idônea e, após autorização judicial, alienados, e o seu produto convertido em títulos, obrigações e
letras de responsabilidade direta ou indireta da União ou dos Estados, atendendo-se preferentemente à
rentabilidade, e recolhidos ao estabelecimento bancário oficial ou aplicado na aquisição de imóveis,
conforme for determinado pelo juiz.

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IMPORTANTE:

- 25/04 – Aula ECA

- 26/04 – Filme

- 02/05 – Trabalho (10 pontos)

- 24/05 – Prova (24/05)

Matéria: Poder familiar e parentesco em diante

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25/04/13 (Aula ECA – Powerpoint AUSENTE! P.S. Caso queira visualizá-lo, utilize a versão Direito de
Família IV - FULL)

1693 – Nesta época as crianças indesejadas eram abandonadas ‘como cachorro’.

1726 – Na época as crianças eram abandonadas pelos mesmos motivos de hoje, como também por
motivos de ordem moral (filhos que eram fruto de adultério, senhores com escravos, etc.)

- Medidas protetivas: aquelas aplicadas quando as crianças/adolescentes são vítimas ou quando se


prejudica em suas próprias condutas. Para qualquer pessoa até 18 anos.

Ex. É usuário de drogas, se recusa a ir para a escola, etc.

- Medida socioeducativa: aplicada quando a criança/adolescente comete CRIME. Para criança acima
de 12 anos.

- Conselho tutelar: tratado nos artigo. 36 e seguintes do ECA. Conselheiro tutelar é responsável por
verificar se os direitos da criança estão sendo respeitados nas residências, em suas famílias.

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03/05/13

Ø Da curatela
1. Conceito

Encargo público, cometido por lei a alguém para reger e defender a pessoa maior e administrar seus
bens em razão de enfermidade ou deficiência mental. – Clóvis Bevilaqua

2. Semelhanças x Diferenças

2.1. Semelhanças

A maioria dos institutos da tutela serve para a curatela.

Ex. Prestação de contas e Proibição à alienação de bens imóveis

Tanto a tutela quanto a curatela são institutos previstos na legislação para beneficiar uma pessoa que tem
prejuízo se não tivesse os atos da vida civil representados por alguém.

2.2. Diferenças

I. Idade

Normalmente a tutela é para menor de 18 anos cujos pais morreram ou perderam o poder familiar.

I. Exceção: índio.

Curatela, por outro lado, em via de regra, é concedida a um adulto incapaz.

II. A ordem de preferência para exercício

- Na tutela:

i. Ascendentes, sendo que os mais próximos excluem os mais distantes.

ii. Colaterais, sendo que os mais velhos excluem os mais novos.

- Na curatela:

i. Cônjuge ou companheiro;

ii. Pai e mãe;

III. Limitação

A tutela é para todos os aspectos da pessoa.

Em contrapartida, a curatela pode ter limites.

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3. Hipóteses (Art. 1767)


Art. 1.767. Estão sujeitos a curatela:

I - aqueles que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para os atos
da vida civil;

II - aqueles que, por outra causa duradoura, não puderem exprimir a sua vontade;

III - os deficientes mentais, os ébrios habituais e os viciados em tóxicos;

IV - os excepcionais sem completo desenvolvimento mental;

V - os pródigos.

4. Pessoas que podem pedir a interdição (Art. 1768 e 1769)


Art. 1.768. A interdição deve ser promovida:

I - pelos pais ou tutores;

II - pelo cônjuge, ou por qualquer parente;

III - pelo Ministério Público.

Art. 1.769. O Ministério Público só promoverá interdição:

I - em caso de doença mental grave;

II - se não existir ou não promover a interdição alguma das pessoas designadas nos incisos I e II do artigo
antecedente;

III - se, existindo, forem incapazes as pessoas mencionadas no inciso antecedente.

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5. Processo de interdição (Art. 1177 e seguintes CPC)

A parte pode não concordar, nomeando até mesmo um advogado.

Existe uma audiência obrigatória do juiz com o interditando.

É nomeado pelo juiz um perito médico e há uma perícia médica.

Em alguns casos, muito específicos, NA PRÁTICA, o juiz libera o curatelado da perícia médica.

Normalmente é o Ministério Público encarregado por fazer a defesa do interditado. Todavia, quando
é este quem propõe a ação, é nomeado Defensor Público para defender o interditado, haja vista o
impedimento de o Ministério Público figurar, em simultâneo, nos pólos ativo e passivo.

- Deste modo:

I. Petição

II. MP fiscaliza

III. Direito de defesa do interditado

IV. Audiência obrigatória com o magistrado

V. Perícia

VI. Sentença

VI. Alteração do registro da pessoa.

6. Curatela do nascituro (Art. 1779)

O nascituro é curatelado quando o pai não pode exercer o poder familiar e a mãe deficiência mental.

Art. 1.779. Dar-se-á curador ao nascituro, se o pai falecer estando grávida a mulher, e não tendo o poder
familiar.

Parágrafo único. Se a mulher estiver interdita, seu curador será o do nascituro.

7. Enfermo ou pessoa portador de deficiência

A lei define que, a pedido da pessoa, esta pode ser curatelada.

Professora discorda da curatela para portador de deficiência em virtude da lucidez desta e da


existência de outros instrumentos jurídicos que podem conferir poderes para terceiros.

Ex. Procuração.

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8. Curadorias especiais (Art. 9º, CPC Art. 1733, §2º)

Nomeado para a prática de um ato específico.

Art. 9o O juiz dará curador especial:

I - ao incapaz, se não tiver representante legal, ou se os interesses deste colidirem com os daquele;

II - ao réu preso, bem como ao revel citado por edital ou com hora certa.

Parágrafo único. Nas comarcas onde houver representante judicial de incapazes ou de ausentes, a este
competirá a função de curador especial.

Art. 1.733. Aos irmãos órfãos dar-se-á um só tutor.

§ 2o Quem institui um menor herdeiro, ou legatário seu, poderá nomear-lhe curador especial para os bens
deixados, ainda que o beneficiário se encontre sob o poder familiar, ou tutela.

9. Pressupostos

I. Fático

A incapacidade, a doença mental, a dependência química, a prodigalidade.

II. Jurídico

Sentença de interdição no processo de interdição.

Menor com problemas mentais

Até os 16, aplica-se o instituto da tutela.

Aos 16, como o tutelado continuará necessitando de representação, o tutor deverá requerer a
transformação da tutela em curatela.

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09/05/13

Ø Dos Alimentos
1. Previsão legal

Art. 1694 e seguintes do Código Civil Brasileiro.

2. Espécies

2.1. Naturais ou necessários ou mínimos

Aqueles indispensáveis para a sobrevivência da pessoa. Não levam em consideração as condições de


vida anteriores da pessoa, etc.

- Hipóteses:

I. Cônjuge culpado pelo divórcio ou separação.

quando a própria pessoa deu causa à sua dificuldade.

2.2. Civis ou côngruos

Aqueles vão além do indispensável à sobrevivência.

- Hipóteses:

I. Alimentos pagos ao cônjuge não culpado pelo divórcio;

II. Alimentos pagos à prole do casal divorciado.

2.3. Voluntários

- Intervivos

Existem duas formas de oferecer alimentos voluntários intervivos:

I. Acordo na ação de divórcio;

II. Através da ação de oferta de alimentos (Art. 24 da Lei 5478/68)

Art. 24. A parte responsável pelo sustento da família, e que deixar a residência comum por motivo, que não
necessitará declarar, poderá tomar a iniciativa de comunicar ao juízo os rendimentos de que dispõe e de pedir
a citação do credor, para comparecer à audiência de conciliação e julgamento destinada à fixação dos alimento
a que está obrigado.

- Causamortis

Ex.Fixação de salário mínimo no testamento em favor de alguém.

Art. 1.920. O legado de alimentos abrange o sustento, a cura, o vestuário e a casa, enquanto o legatário viver,
além da educação, se ele for menor.

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2.4. Provisórios (Art. 4º - Lei 5478/68)

Concedidos/fixados de ofício pelo magistrado. Somente nos casos em que a parte tem à sua
disposição prova pré-constituída.

São concedidos através de antecipação de tutela.

Art. 4º As despachar o pedido, o juiz fixará desde logo alimentos provisórios a serem pagos pelo devedor,
salvo se o credor expressamente declarar que deles não necessita.

Parágrafo único. Se se tratar de alimentos provisórios pedidos pelo cônjuge, casado pelo regime da
comunhão universal de bens, o juiz determinará igualmente que seja entregue ao credor, mensalmente, parte
da renda líquida dos bens comuns, administrados pelo devedor.

2.5. Provisionais (Art. 852, CPC)

São aqueles concedidos por meio de petição quando não há prova pré-constituída antes da
sentença.

Ex. Ação de investigação de paternidade cumulada com pedido de alimentos.

- Exceção:

Durante o processo de divórcio, os alimentos que uma parte pede à outra são chamados de
provisionais.

São concedidos através de medida cautelar.

Art. 852. É lícito pedir alimentos provisionais:

I - nas ações de desquite e de anulação de casamento, desde que estejam separados os cônjuges;

II - nas ações de alimentos, desde o despacho da petição inicial;

III - nos demais casos expressos em lei.

Parágrafo único. No caso previsto no no I deste artigo, a prestação alimentícia devida ao requerente abrange,
além do que necessitar para sustento, habitação e vestuário, as despesas para custear a demanda.

2.6. Pretéritos

São aqueles anteriores ao pedido judicial. NÃO SÃO TUTELADOS PELO ORDENAMENTO JURÍDICO
BRASILEIRO.

Portanto, não podem ser cobrados.

2.7. Futuros

São aqueles que ainda não venceram. Não podem ser cobrados.

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2.8. Vencidos (Art. 206, §2º)

Aqueles que foram fixados pelo juiz, mas não foram pagos. Podem ser cobrados através de ação de
execução de alimentos, mas somente podem ser cobrados os alimentos não pagos dos dois últimos
anos.

Art. 206. Prescreve:

§ 2o Em dois anos, a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se vencerem.

2.9. Atuais

Somente se podem cobrar os alimentos para data futura ao pedido ao juiz, pois sua finalidade não é
enriquecimento e sim extensão do direito à vida.

2.10. Indenizatórios (Art. 186, CC)

Aqueles que decorrem do cometimento de ilícito civil, ou seja, qualquer ação ou omissão que cause
prejuízo a alguém (com dolo ou culpa).

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano
a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

2.11. Gravídicos

São os alimentos pagos ao nascituro quando houver indícios suficientes de paternidade. Após o
nascimento, será feito o exame de DNA.

Se o homem for o pai da criança, os alimentos gravídicos serão convertidos em definitivos.

Por outro lado, os alimentos são irrestituíveis. Em contra partida, existem casos em que foi ajuizada
ação contra o pai biológico da criança.

IMPORTANTE:

- Origem da obrigação alimentar:

I. Parentesco;

II. Casamento;

III. União estável;

IV. Ilícito civil.

- Os alimentos nunca fazem coisa julgada e sempre que houver modificação na condição de quem
paga ou recebe, é possível a modificação dos alimentos através do ajuizamento da ação revisional.

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3. Pressupostos (Art. 1695 e 1694, §1º)

Necessidade de quem pede e possibilidade de quem paga.

Atualmente, a jurisprudência tem começado a considerar a RAZOABILIDADE.

Ex. Um bebê precisa receber uma pensão de 90 mil dólares?

Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que
necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades
de sua educação.

§ 1o Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa
obrigada.

§ 2o Os alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência, quando a situação de necessidade resultar de


culpa de quem os pleiteia.

Art. 1.695. São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens suficientes, nem pode prover,
pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do
necessário ao seu sustento.

4. Irrestituíveis

Os alimentos são irrestituíveis, ou seja, não cabe indenização por alimentos pagos indevidamente.

5. Pessoas obrigadas (Art. 1696 e art. 1697)

Os obrigados a pagar alimentos são:

I. Cônjuges e companheiros entre si;

II. Ascendentes, descendentes e irmãos;

Art. 1.696. O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a todos os
ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de outros.

Art. 1.697. Na falta dos ascendentes cabe a obrigação aos descendentes, guardada a ordem de sucessão e,
faltando estes, aos irmãos, assim germanos como unilaterais.

IMPORTANTE:

Tios não devem alimentos a sobrinhos.

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6. Quando cessam

- Independência do alimentando;

Ex. Tem 28 anos de idade e já formou.

- Novo casamento do credor

Se a pessoa que recebia a pensão se casou ou viver em união estável ou até concubinato, pode-se
propor a exoneração de alimentos.

Em caso de novo casamento, pode-se pedir a revisão dos alimentos.

O casamento do filho, por outro lado, não impede a possibilidade de pedir alimentos.

- Morte

Morte do alimentado.

A morte do alimentante, por outro lado, transfere os alimentos para o espólio até o limite das forças
da herança.

- Indignidade (Art. 1708)

Cessa-se através da proposição da exoneração/extinção de alimentos.

Art. 1.708. Com o casamento, a união estável ou o concubinato do credor, cessa o dever de prestar alimentos.

Parágrafo único. Com relação ao credor cessa, também, o direito a alimentos, se tiver procedimento indigno
em relação ao devedor.

7. Chamamento ao processo (Art. 1698)

A lei não fez a previsão do litisconsórcio passivo, mas este é permitido.

Ex. Ação de alimentos contra o pai e o avô. Mas somente pode pedir ao avô, quando os filhos destes
não tiverem condições de pagar.

Art. 1.698. Se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em condições de suportar
totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato; sendo várias as pessoas obrigadas a
prestar alimentos, todas devem concorrer na proporção dos respectivos recursos, e, intentada ação contra
uma delas, poderão as demais ser chamadas a integrar a lide

8. Revisional de alimentos/Atualização (Revisional) (Art. 1699)

Havendo modificação na condição de quem paga ou quem recebe, pode-se ajuizar ação revisional de
alimentos.

Art. 1.699. Se, fixados os alimentos, sobrevier mudança na situação financeira de quem os supre, ou na de
quem os recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz, conforme as circunstâncias, exoneração, redução ou
majoração do encargo.

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9. Características

a) Personalíssimos

b) Transmissíveis (ao espólio) (Art. 1700, CC)

Art. 1.700. A obrigação de prestar alimentos transmite-se aos herdeiros do devedor, na forma do art. 1.694.

Art. 1694. (vide acima)

c) Incessíveis

d) Irrenunciáveis (Art. 1707/Súmula 379, STF)

Art. 1.707. Pode o credor não exercer, porém lhe é vedado renunciar o direito a alimentos, sendo o respectivo
crédito insuscetível de cessão, compensação ou penhora.

STF Súmula nº 379 - 03/04/1964 - DJ de 8/5/1964, p. 1237; DJ de 11/5/1964, p. 1253; DJ de 12/5/1964, p.


1277.

Acordo de Desquite - Renúncia aos Alimentos

No acordo de desquite não se admite renúncia aos alimentos, que poderão ser pleiteados ulteriormente,
verificados os pressupostos legais.

e) Imprescritíveis

Art. 206. Prescreve:

§ 2o Em dois anos, a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se vencerem.

f) Impenhoráveis

g) Incompensáveis

h) Atuais

i) Irrestituíveis

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10/05/13
IMPORTANTE:

- Pode-se pedir pensão até os 26 anos de idade, desde que o alimentando esteja frequentando
curso superior.

- A pensão é calculada conforme o seguinte binômio:

I. Necessidade;

II. Razoabilidade.

10. Pedido: salário mínimo ou não?

Se o réu que vai pagar alimentos é funcionário de uma empresa ou funcionário público, recomenda-
se que se peça com base no salário deste, pois, se receber aumento, o valor da pensão também
aumentará.

Caso seja autônomo, recomenda-se que se peça com base no salário mínimo, haja vista este valor
aumentará conforme o aumento do salário mínimo.

11. Réu autônomo

Pai autônomo que contribui para o INSS com a quantia de 1 salário mínimo, todavia recebe muito
mais que isso.

Neste caso, verifica-se o padrão de vida do indivíduo, provando-se, deste modo, quanto este
realmente recebe para que este valor seja utilizado como base de cálculo para a pensão.

12. Tabela de proporções

NÃO EXISTE TABELA DE PROPORÇÕES.

Todavia, é comum os advogados pedirem 20% do salário para um filho e 50% para dois filhos.

IMPORTANTE:

Pode-se pedir ao magistrado que o pagamento não seja feito em dinheiro.

Ex. Pagar cursinho de inglês, faculdade, etc. Pagar em cestas básicas.

13. Pensionamento do alimentando

Pode-se pedir também para PENSIONAR o alimentando.

Ex. Não vou pagar para o meu irmão. Quero que ele venha morar comigo.

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14. Ação de alimentos

14.1. Ação de rito especial – Lei 5478/68

14.1.1. Prova pré-constituída

Somente para os casos em que as partes dispõe de PROVA PRÉ-CONSTUÍDA.

14.1.2. Alimentos provisórios (Art. 4º)

O magistrado fixa, DE OFÍCIO, os alimentos provisórios. O réu já deve alimentos desde a citação (Art.
13,§2º) em virtude da prova pré-constituída que, por sua vez, diz respeito somente à obrigação e
não a quanto o indivíduo recebe.

Art. 4º As despachar o pedido, o juiz fixará desde logo alimentos provisórios a serem pagos pelo devedor,
salvo se o credor expressamente declarar que deles não necessita.

Parágrafo único. Se se tratar de alimentos provisórios pedidos pelo cônjuge, casado pelo regime da comunhão
universal de bens, o juiz determinará igualmente que seja entregue ao credor, mensalmente, parte da renda
líquida dos bens comuns, administrados pelo devedor.

Nota:

Defende a professora que é uma lei ditatorial e o artigo 13 §2º fere o princípio do contraditório.

Art. 13 O disposto nesta lei aplica-se igualmente, no que couber, às ações ordinárias de desquite, nulidade e
anulação de casamento, à revisão de sentenças proferidas em pedidos de alimentos e respectivas execuções.

§ 1º. Os alimentos provisórios fixados na inicial poderão ser revistos a qualquer tempo, se houver modificação
na situação financeira das partes, mas o pedido será sempre processado em apartado.

§ 2º. Em qualquer caso, os alimentos fixados retroagem à data da citação.

§ 3º. Os alimentos provisórios serão devidos até a decisão final, inclusive o julgamento do recurso
extraordinário.

14.2. Foro: residência do alimentando (Art. 100 – CPC)

Art. 100. É competente o foro:

II - do domicílio ou da residência do alimentando, para a ação em que se pedem alimentos;

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14.3. Prisão (Art. 19 – Lei 5478/68)

Em caso de dívida, pode-se pedir a prisão do devedor.

Trata-se de previsão coercitiva e não punitiva. Tem como função o incentivo ao pagamento.

O prazo de prisão na lei é de 60 dias.

O magistrado pode ouvir o réu para que este se explique.

A lei define que se a pessoa tiver com os três últimos meses em dia, ela continua devendo, mas NÃO
É PRESA. (Súmula 309 – STJ – Vide abaixo).

Após o prazo máximo de prisão, caso o réu continue devendo, poderá ser feito um novo pedido,
sendo a pessoa presa novamente.

Art. 19. O juiz, para instrução da causa ou na execução da sentença ou do acordo, poderá tomar todas as
providências necessárias para seu esclarecimento ou para o cumprimento do julgado ou do acordo, inclusive a
decretação de prisão do devedor até 60 (sessenta) dias.

Nota:

Os bens do réu poderão ser penhorados (inclusive os bens de família) e seu dinheiro depositado em
banco bloqueado. Trata-se de ação de execução por quantia certa, aplicando-se, portanto, todos os
institutos cabíveis que estão dispostos no Código de Processo Civil.

- Ações Cabíveis:

I. Ação de alimentos: Recebimento de alimentos;

II. Ação de execução de alimentos: Cobrança de alimentos;

III. Ação de oferta de alimentos: Deseja-se pagar de alimentos;

IV. Ação de exoneração de alimentos: Extinção do pagamento de alimentos;

V. Ação Revisional de Alimentos: Atualizar/modificar o valor de alimentos pago.

14.4. Súmula 309 – STJ

STJ Súmula nº 309 - 27/04/2005 - DJ 04.05.2005 - Alterada - 22/03/2006 - DJ 19.04.2006

Débito Alimentar - Prisão Civil - Prestações Anteriores ao Ajuizamento da Execução e no Curso do


Processo

O débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende as três
prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do processo.

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14.5. Art. 733 – CPC

Art. 733. Na execução de sentença ou de decisão, que fixa os alimentos provisionais, o juiz mandará citar o
devedor para, em 3 (três) dias, efetuar o pagamento, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de
efetuá-lo.

§ 1o Se o devedor não pagar, nem se escusar, o juiz decretar-lhe-á a prisão pelo prazo de 1 (um) a 3 (três)
meses.

- Considerações:

Destinado a quem propõe o processo no rito ordinário da lei (Código de Processo Civil). Estipula o prazo de 3
meses de prisão e não de 60 dias, conforme define a lei Lei 5478/68.

§ 2o O cumprimento da pena não exime o devedor do pagamento das prestações vencidas e vincendas.

§ 3o Paga a prestação alimentícia, o juiz suspenderá o cumprimento da ordem de prisão.

14.6. Art. 8º Testemunhas (Máximo 3)

Poderão ser arroladas até 3 testemunhas.

Art. 8º Autor e Réu comparecerão à audiência acompanhados de suas testemunhas, 3 (três no máximo),
apresentando, nessa ocasião, as demais provas.

14.7. Revisional (Art. 13, §1º)

Art. 13 O disposto nesta lei aplica-se igualmente, no que couber, às ações ordinárias de desquite, nulidade e
anulação de casamento, à revisão de sentenças proferidas em pedidos de alimentos e respectivas execuções.

§ 1º. Os alimentos provisórios fixados na inicial poderão ser revistos a qualquer tempo, se houver
modificação na situação financeira das partes, mas o pedido será sempre processado em apartado.

14.8. Desconto em folha (Art. 17 – 5478/68 e Art. 734, CPC)

O desconto em folha é obrigatório nos casos em que a pessoa tiver carteira assinada ou for
funcionária pública para se evitar a inadimplência.

A desobediência pela empresa ou pela repartição pública é crime contra a administração pública.

Art. 17. Quando não for possível a efetivação executiva da sentença ou do acordo mediante desconto em
folha, poderão ser as prestações cobradas de alugueres de prédios ou de quaisquer outros rendimentos do
devedor, que serão recebidos diretamente pelo alimentando ou por depositário nomeado pelo juiz.

Art. 734. Quando o devedor for funcionário público, militar, diretor ou gerente de empresa, bem como
empregado sujeito à legislação do trabalho, o juiz mandará descontar em folha de pagamento a importância
da prestação alimentícia.

Parágrafo único. A comunicação será feita à autoridade, à empresa ou ao empregador por ofício, de que
constarão os nomes do credor, do devedor, a importância da prestação e o tempo de sua duração.

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14.9. Progressão processual

I. Distribui-se ação e o réu é citado;

II. Realiza-se a primeira audiência (de conciliação);

III. Se não houver acordo, marca-se audiência de instrução e pagamento;

IV. Na segunda audiência, o juiz já terá oficiado o réu para declarar o quanto recebe. Assim, nesta,
proferirá sentença de imediato ou então no prazo de 10 dias;

V. Caso uma das partes não concorde, poderá apelar.

IMPORTANTE:

A partir do ajuizamento da ação de execução de alimentos, a dívida não prescreve.

Nota:

- 24/05 – Prova (24/05)

Matéria: Poder familiar e parentesco em diante.

31/05 – 2ª Chamada das provas

03/06 – Trabalho

07/06 – Prova Global

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16/05/13

Ø Dos Bens de Família


1. Previsão legal

Artigos 1711 e seguintes do Código Civil e Lei 8009/90.

2. Conceito

Bem impenhorável para o pagamento de quaisquer tipos de dívidas civis, previdenciárias ou


trabalhistas.

“Perde-se tudo, menos os bens de família.”

3. Requisitos

Somente pode registrar um bem como bem de família se o valor deste não ultrapassar 1/3 do valor
do patrimônio líquido da família.

4. Critério de razoabilidade

Deve-se analisar o critério de razoabilidade do caso concreto.

Ex. Se dada família deve 300 mil e vive num imóvel de 4 milhões poderá o juiz determinar que esta
venda o referido imóvel para pagar a dívida e compre outro de menor valor.

5. Bem de Família

5.1. Legal (Lei 8009/90)

A lei 8009 determinou que todos os imóveis residenciais das famílias são considerados,
automaticamente, como bens de família, sendo, portanto, impenhoráveis.

Esta regra beneficia as famílias que têm somente um imóvel como bem.

5.1.1. Mais de um imóvel residencial

Se houver mais de um imóvel residencial, o bem de família será aquele de menor valor.

Todos os imóveis residenciais, independentemente de registro, são considerados como bens de família.

5.2. Voluntário (Código Civil)

O registro voluntário tem como finalidade possibilitar à família, nos casos em que possuir diversos
imóveis, a escolha de qual será considerado como bem de família.

Se a família não fizer o registro voluntário, aplicar-se-á a regra geral da lei 8009, conforme exposto
acima.

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IMPORTANTE:

Registra-se no cartório o imóvel como bem de família.

6. Imóvel residencial impenhorável para o pagamento de dívidas civis,


previdenciárias ou trabalhistas

Vide item 5.1.

7. Valores mobiliários¹
(1) Valores mobiliários: Títulos de crédito emitidos por sociedades anônimas de capital aberto.

Ex. Ações, debêntures, partes beneficiárias, etc.

Pode-se registrar, juntamente com o/além do imóvel, valores mobiliários no limite do próprio valor
deste, sendo que a somatória dos valores mobiliários e do imóvel não pode superar 1/3 do
patrimônio total da família.

Os valores mobiliários ficam registrados como bem de família no cartório de imóveis juntamente
com o imóvel.

8. Quando cessa

O código civil afirma que o bem de família cessa quando os pais morrem e os filhos atingem a
maioridade.

- Crítica

Ao ver da professora, os filhos órfãos, mesmo quando atingem a maioridade, continuam sendo considerados
como família.

IMPORTANTE:

Divórcio, separação, morte de um dos pais NÃO FAZ CESSAR O BEM DE FAMÍLIA.

9. Alienação de bem gravado com bem de família

Necessária autorização judicial e parecer do Ministério Público para a alienação do bem de família.

10. Imóvel alugado

O bem de família recai sobre o conjunto de móveis que abastece a residência. O que ultrapassar o
abastecimento da residência poderá ser penhorado pelo oficial de justiça.

Ex. Duas geladeiras, duas televisões, etc.

IMPORTANTE:

CARRO NÃO FAZ PARTE DE BEM DE FAMÍLIA. Somente pode ser considerado como impenhorável
através da alegação de que é utilizado como instrumento de trabalho.

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11. Imóvel rural

O bem de família rural abrange a casa, os móveis que abastecem a casa, utensílios agrícolas e a
porção de terra que o estatuto da terra definiu pequena propriedade rural que, por sua vez, é o
mesmo definido para usucapião constitucional rural (área de até 50 hectares).

12. Dívidas que dão ensejo à penhora do bem de família

I. Dívidas relativas aos impostos e taxas de condomínio atreladas à própria coisa (Obrigação propter
rem)

II. Dívidas trabalhistas do empregado doméstico da própria residência;

III. Se o bem foi adquirido com produto de ato ilícito;

IV. Se foi condenado à pena de perdimento de bens;

Ex. Peculato.

V. Pagamento de pensão alimentícia;

VI. Se a própria pessoa oferece o bem como garantia;

VII. Caso aceite a ser fiador em contrato de locação;

VIII. Dívidas com financiamento para aquisição do próprio imóvel.

13. Imóvel em que a pessoa reside sozinha

A jurisprudência tem considerado como bem de família.

- Crítica

Esta medida é considerada pela professora como errônea, vez que o magistrado poderia se
fundamentar em outros argumentos como, por exemplo, princípio da dignidade humana.

Nota:

- Instruções próximo trabalho (03/06)

Deverão ser elaboradas 14 questões, sendo estas:

I. 2 do Estatuto do Idoso;

II. 2 casos concretos;

III. 2 casos concretos sobre partilha de bens, casamento ou união estável

IV. Demais questões são livres.

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17/05/13

Ø Do Estatuto do Idoso (Lei 10.741/03)


1. Conceito

É considerado como idoso o indivíduo com idade igual ou superior a 60 anos.

IMPORTANTE:

No que diz respeito à gratuidade, o estatuto se refere ao maior de 65 anos.

Se o poder público MUNICIPAL desejar, é facultada a mudança para 60 anos através de lei municipal.

2. Prioridades (Art. 3º)


Art. 3o É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com
absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao
esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e
comunitária.

Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende:

I – atendimento preferencial imediato e individualizado junto aos órgãos públicos e privados prestadores de
serviços à população;

O idoso tem preferência para atendimento em todas as filas de instituição pública ou privada que preste algum
serviço

II – preferência na formulação e na execução de políticas sociais públicas específicas;

As políticas do Estado serão primariamente destinadas às crianças e depois aos idosos;

III – destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção ao idoso;

IV – viabilização de formas alternativas de participação, ocupação e convívio do idoso com as demais


gerações;

V – priorização do atendimento do idoso por sua própria família, em detrimento do atendimento asilar,
exceto dos que não a possuam ou careçam de condições de manutenção da própria sobrevivência;

VI – capacitação e reciclagem dos recursos humanos nas áreas de geriatria e gerontologia e na prestação de
serviços aos idosos;

VII – estabelecimento de mecanismos que favoreçam a divulgação de informações de caráter educativo


sobre os aspectos biopsicossociais de envelhecimento;

VIII – garantia de acesso à rede de serviços de saúde e de assistência social locais.

IX – prioridade no recebimento da restituição do Imposto de Renda.

O idoso tem prioridade para receber restituição do Imposto de Renda;

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Nota:

- Some-se também:

I. Os ônibus terão 10% dos assentos destinados a idosos, pessoas portadoras de deficiência e gestantes;

II. Todos os estacionamentos, inclusive os privados, devem possuir, perto da entrada, 10% das vagas
reservadas para idosos, pessoas portadoras de deficiência e gestantes;

3. Cinco Direitos fundamentais dispostos no ECA

a) Direto à vida e à saúde (Art. 15 – Planos de saúde)

I. O SUS vai fornecer atendimento geriátrico;

II. Os postos de saúde fornecerão medicamentos gratuitos e órteses e próteses para os idosos portadores de
deficiência;

III. O SUS vai fornecer campanha de vacinação para idosos;

IV. O Estado vai fornecer verba para estudos de doenças comuns desta fase da vida.

Ex. Doenças do coração, diabetes, etc.

- Polêmica (Art. 15, §3º):

§ 3o É vedada a discriminação do idoso nos planos de saúde pela cobrança de valores diferenciados em razão
da idade.

i. Interpretação:

Os planos de saúde não podem cobrar mais de uma pessoa por esta ser mais velha.

Os planos de saúde, por outro lado, ameaçaram aumentar os preços para todos.

Então, a Agência Nacional de Saúde permitiu que os planos de saúde dividissem os usuários em faixas de
idade. Divisão esta que tem sido aceita pela jurisprudência.

Deste modo, atualmente, se a pessoa for usuária do mesmo plano há 10 anos, quando completar 60, não
passará para a faixa superior a 60 que, por sua vez, é a mais cara, ficando este, então na penúltima faixa.

b) Profissionalização e proteção no trabalho

Direito não constatável na prática, tendo em vista que não existe nenhum tipo de benefício para empresas que
contratam idosos. O único benefício para aos idosos no que se refere à profissionalização é ter a idade como
critério de desempate em concursos público.

c) Convivência familiar e comunitária

O abrigamento, o afastamento da família do idoso deve ocorrer somente em último caso.

d) Educação, cultura, esporte e lazer

As turmas de Educação de Jovens e Adultos devem acolher os idosos que desejarem estudar, se formar.

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e) Liberdade, respeito e dignidade

De acordo com o Estatuto, as campanhas publicitárias, as novelas, os filmes, os espetáculos, públicos, o


cinema, a televisão, etc. não deverão associar a imagem do idoso a algo vexatório.

Art. 15. É assegurada a atenção integral à saúde do idoso, por intermédio do Sistema Único de Saúde – SUS,
garantindo-lhe o acesso universal e igualitário, em conjunto articulado e contínuo das ações e serviços, para a
prevenção, promoção, proteção e recuperação da saúde, incluindo a atenção especial às doenças que afetam
preferencialmente os idosos.

§ 1o A prevenção e a manutenção da saúde do idoso serão efetivadas por meio de:

I – cadastramento da população idosa em base territorial;

II – atendimento geriátrico e gerontológico em ambulatórios;

III – unidades geriátricas de referência, com pessoal especializado nas áreas de geriatria e gerontologia social;

IV – atendimento domiciliar, incluindo a internação, para a população que dele necessitar e esteja
impossibilitada de se locomover, inclusive para idosos abrigados e acolhidos por instituições públicas,
filantrópicas ou sem fins lucrativos e eventualmente conveniadas com o Poder Público, nos meios urbano e
rural;

V – reabilitação orientada pela geriatria e gerontologia, para redução das seqüelas decorrentes do agravo da
saúde.

§ 2o Incumbe ao Poder Público fornecer aos idosos, gratuitamente, medicamentos, especialmente os de uso
continuado, assim como próteses, órteses e outros recursos relativos ao tratamento, habilitação ou
reabilitação.

§ 3o É vedada a discriminação do idoso nos planos de saúde pela cobrança de valores diferenciados em razão
da idade.

§ 4o Os idosos portadores de deficiência ou com limitação incapacitante terão atendimento especializado, nos
termos da lei.

4. Benefício de 1 salário mínimo (Art. 34)

O idoso pobre, mesmo que nunca tenha contribuído com a previdência social, tem direito a um
salário mínimo conforme disposto na Lei Orgânica da Assistência Social, que define que pessoa
pobre é aquela que está inserida em família cuja renda per capta seja inferior a ¼ do salário mínimo
por mês.

Ademais, o Estatuto diz que se os idosos forem marido e mulher e um destes já receberem o
benefício, no momento do cálculo para o outro, não entrará no cálculo da renda per capta.

Art. 34. Aos idosos, a partir de 65 (sessenta e cinco) anos, que não possuam meios para prover sua
subsistência, nem de tê-la provida por sua família, é assegurado o benefício mensal de 1 (um) salário-mínimo,
nos termos da Lei Orgânica da Assistência Social – Loas.

Parágrafo único. O benefício já concedido a qualquer membro da família nos termos do caput não será
computado para os fins do cálculo da renda familiar per capita a que se refere a Loas.

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5. Gratuidade nos transportes (Arts. 39 e 40)

Não entram na gratuidade os ônibus especiais.

Ex. Ônibus executivo.

Todavia, os ônibus que fazem viagens interestaduais, o idoso tem 100% de gratuidade se ganhar até
2 salários mínimos por mês. Entretanto, são garantidas somente duas vagas por ônibus e para os
idosos que excederem as vagas gratuitas, é garantido, no mínimo, 50% de desconto.

Art. 39. Aos maiores de 65 (sessenta e cinco) anos fica assegurada a gratuidade dos transportes coletivos
públicos urbanos e semi-urbanos, exceto nos serviços seletivos e especiais, quando prestados paralelamente
aos serviços regulares.

§ 1o Para ter acesso à gratuidade, basta que o idoso apresente qualquer documento pessoal que faça prova de
sua idade.

§ 2o Nos veículos de transporte coletivo de que trata este artigo, serão reservados 10% (dez por cento) dos
assentos para os idosos, devidamente identificados com a placa de reservado preferencialmente para idosos.

§ 3o No caso das pessoas compreendidas na faixa etária entre 60 (sessenta) e 65 (sessenta e cinco) anos, ficará
a critério da legislação local dispor sobre as condições para exercício da gratuidade nos meios de transporte
previstos no caput deste artigo.

Art. 40. No sistema de transporte coletivo interestadual observar-se-á, nos termos da legislação específica:
(Regulamento)

I – a reserva de 2 (duas) vagas gratuitas por veículo para idosos com renda igual ou inferior a 2 (dois) salários-
mínimos;

II – desconto de 50% (cinqüenta por cento), no mínimo, no valor das passagens, para os idosos que excederem
as vagas gratuitas, com renda igual ou inferior a 2 (dois) salários-mínimos.

Parágrafo único. Caberá aos órgãos competentes definir os mecanismos e os critérios para o exercício dos
direitos previstos nos incisos I e II.

6. Medidas protetivas (Art. 44)

O idoso está sujeito à medida protetiva:

I. Quando pratica conduta que prejudica a si mesmo;

II. Quando é vítima.

Está sujeito a ser curatelado.

Art. 44. As medidas de proteção ao idoso previstas nesta Lei poderão ser aplicadas, isolada ou
cumulativamente, e levarão em conta os fins sociais a que se destinam e o fortalecimento dos vínculos
familiares e comunitários.

IMPORTANTE:

Idoso NÃO está sujeito à medida socioeducativa. Caso cometa crime, responderá criminalmente.

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7. Diretrizes para entidades de longa permanência (Art. 49)

As entidades deverão fornecer alimentação, vestuário, tratamento médico, como também não
podem impedir a família de ter acesso ao idoso.

Art. 49. As entidades que desenvolvam programas de institucionalização de longa permanência adotarão os
seguintes princípios:

I – preservação dos vínculos familiares;

II – atendimento personalizado e em pequenos grupos;

III – manutenção do idoso na mesma instituição, salvo em caso de força maior;

IV – participação do idoso nas atividades comunitárias, de caráter interno e externo;

V – observância dos direitos e garantias dos idosos;

VI – preservação da identidade do idoso e oferecimento de ambiente de respeito e dignidade.

Parágrafo único. O dirigente de instituição prestadora de atendimento ao idoso responderá civil e


criminalmente pelos atos que praticar em detrimento do idoso, sem prejuízo das sanções administrativas.

8. Prioridade na tramitação de processos (Art. 71)

Todo processo em que uma das partes for idosa terá prioridade em sua tramitação.

Art. 71. É assegurada prioridade na tramitação dos processos e procedimentos e na execução dos atos e
diligências judiciais em que figure como parte ou interveniente pessoa com idade igual ou superior a 60
(sessenta) anos, em qualquer instância.

§ 1o O interessado na obtenção da prioridade a que alude este artigo, fazendo prova de sua idade, requererá o
benefício à autoridade judiciária competente para decidir o feito, que determinará as providências a serem
cumpridas, anotando-se essa circunstância em local visível nos autos do processo.

§ 2o A prioridade não cessará com a morte do beneficiado, estendendo-se em favor do cônjuge supérstite,
companheiro ou companheira, com união estável, maior de 60 (sessenta) anos.

§ 3o A prioridade se estende aos processos e procedimentos na Administração Pública, empresas prestadoras


de serviços públicos e instituições financeiras, ao atendimento preferencial junto à Defensoria Publica da
União, dos Estados e do Distrito Federal em relação aos Serviços de Assistência Judiciária.

§ 4o Para o atendimento prioritário será garantido ao idoso o fácil acesso aos assentos e caixas, identificados
com a destinação a idosos em local visível e caracteres legíveis.

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9. Competência dos juizados especiais (Art. 94)

Os crimes cometidos contra o idoso cujas penas não ultrapassarem 4 anos de prisão serão da
competência dos juizados especiais criminais.

Na prática, os tribunais aplicam esta regra somente quando as penas não forem superiores a 2 anos,
vez que esta é a competência original do juizado especial.

Art. 94. Aos crimes previstos nesta Lei, cuja pena máxima privativa de liberdade não ultrapasse 4 (quatro)
anos, aplica-se o procedimento previsto na Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, e, subsidiariamente, no
que couber, as disposições do Código Penal e do Código de Processo Penal. (Vide ADI 3.096-5 - STF)

IMPORTANTE:

Não há conselho tutelar de idoso. Há somente conselho federal, estadual e municipal do idoso que,
por sua vez, pensa em políticas públicas, etc.

Existe promotoria do idoso.

Não existe defensoria, vara específica do idoso, etc.

9. Parte final: novos crimes

9.1. Rol exemplificativo

I. Obrigar o idoso a outorgar procuração;

II. Fornecer senha bancária;

III. Tratar o idoso de forma vexatória em relação à idade;

IV. Abandonar o idoso em abrigo, asilo, etc.

9.2. Previsão legal

TÍTULO VI

Dos Crimes

CAPÍTULO I

Disposições Gerais

Art. 93. Aplicam-se subsidiariamente, no que couber, as disposições da Lei no 7.347, de 24 de julho de 1985.

Art. 94. Aos crimes previstos nesta Lei, cuja pena máxima privativa de liberdade não ultrapasse 4 (quatro)
anos, aplica-se o procedimento previsto na Lei no 9.099, de 26 de setembro de 1995, e, subsidiariamente, no
que couber, as disposições do Código Penal e do Código de Processo Penal. (Vide ADI 3.096-5 - STF)

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CAPÍTULO II

Dos Crimes em Espécie

Art. 95. Os crimes definidos nesta Lei são de ação penal pública incondicionada, não se lhes aplicando os arts.
181 e 182 do Código Penal.

Art. 96. Discriminar pessoa idosa, impedindo ou dificultando seu acesso a operações bancárias, aos meios de
transporte, ao direito de contratar ou por qualquer outro meio ou instrumento necessário ao exercício da
cidadania, por motivo de idade:

Pena – reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.

§ 1o Na mesma pena incorre quem desdenhar, humilhar, menosprezar ou discriminar pessoa idosa, por
qualquer motivo.

§ 2o A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se a vítima se encontrar sob os cuidados ou responsabilidade
do agente.

Art. 97. Deixar de prestar assistência ao idoso, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, em situação de
iminente perigo, ou recusar, retardar ou dificultar sua assistência à saúde, sem justa causa, ou não pedir,
nesses casos, o socorro de autoridade pública:

Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.

Parágrafo único. A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e
triplicada, se resulta a morte.

Art. 98. Abandonar o idoso em hospitais, casas de saúde, entidades de longa permanência, ou congêneres, ou
não prover suas necessidades básicas, quando obrigado por lei ou mandado:

Pena – detenção de 6 (seis) meses a 3 (três) anos e multa.

Art. 99. Expor a perigo a integridade e a saúde, física ou psíquica, do idoso, submetendo-o a condições
desumanas ou degradantes ou privando-o de alimentos e cuidados indispensáveis, quando obrigado a fazê-lo,
ou sujeitando-o a trabalho excessivo ou inadequado:

Pena – detenção de 2 (dois) meses a 1 (um) ano e multa.

§ 1o Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:

Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos.

§ 2o Se resulta a morte:

Pena – reclusão de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.

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Rafael Barreto Ramos
© 2013

Art. 100. Constitui crime punível com reclusão de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa:

I – obstar o acesso de alguém a qualquer cargo público por motivo de idade;

II – negar a alguém, por motivo de idade, emprego ou trabalho;

III – recusar, retardar ou dificultar atendimento ou deixar de prestar assistência à saúde, sem justa causa, a
pessoa idosa;

IV – deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo motivo, a execução de ordem judicial expedida na ação
civil a que alude esta Lei;

V – recusar, retardar ou omitir dados técnicos indispensáveis à propositura da ação civil objeto desta Lei,
quando requisitados pelo Ministério Público.

Art. 101. Deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo motivo, a execução de ordem judicial expedida nas
ações em que for parte ou interveniente o idoso:

Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.

Art. 102. Apropriar-se de ou desviar bens, proventos, pensão ou qualquer outro rendimento do idoso, dando-
lhes aplicação diversa da de sua finalidade:

Pena – reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa.

Art. 103. Negar o acolhimento ou a permanência do idoso, como abrigado, por recusa deste em outorgar
procuração à entidade de atendimento:

Pena – detenção de 6 (seis) meses a 1 (um) ano e multa.

Art. 104. Reter o cartão magnético de conta bancária relativa a benefícios, proventos ou pensão do idoso, bem
como qualquer outro documento com objetivo de assegurar recebimento ou ressarcimento de dívida:

Pena – detenção de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos e multa.

Art. 105. Exibir ou veicular, por qualquer meio de comunicação, informações ou imagens depreciativas ou
injuriosas à pessoa do idoso:

Pena – detenção de 1 (um) a 3 (três) anos e multa.

Art. 106. Induzir pessoa idosa sem discernimento de seus atos a outorgar procuração para fins de
administração de bens ou deles dispor livremente:

Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.

Art. 107. Coagir, de qualquer modo, o idoso a doar, contratar, testar ou outorgar procuração:

Pena – reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.

Art. 108. Lavrar ato notarial que envolva pessoa idosa sem discernimento de seus atos, sem a devida
representação legal:

Pena – reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.

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