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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRONÔMICA

INSTITUTO NACIONAL DE COLONIZAÇÃO E REORMA AGRÁRIA

TESTE DE PERCOLAÇÃO NO ASSENTAMENTO RURAL


DARCI RIBEIRO, EM ITAPORANGA-SE.
ARACAJU-SE, DEZEMBRO DE 2008
APRESENTAÇÃO

Este trabalho apresenta o relato do teste de percolação realizado no


Assentamento Rural Darcy Ribeiro, localizado no município de Itaporanga D´Ajuda-SE.
Trata-se de uma parceria institucional entre a Universidade Federal de Sergipe (UFS), por
meio do Departamento de Engenharia Agronômica e do Instituto Nacional de Colonização
e Reforma Agrária, com o objetivo de realizar estudos sobre o solo e seus atributos
relacionados à construção civil e implicações ambientais.
Este relatório compõe-se de uma introdução, que trata da questão do solo, da
caracterização sócio-ambiental do Assentamento Rural Darcy Ribeiro, da metodologia
empregada para os testes de textura, nível freático e percolação e finalmente dos
resultados obtidos e suas relações ambientais.
INTRODUÇÃO

A base de todo processo de produção encontra-se nas reservas naturais, sendo


renováveis ou não. O solo, sempre foi considerado um fator econômico essencial na
produção agropecuária, isto porque para o bom desenvolvimento e produção vegetal,
necessita-se que o mesmo exerça as funções de fornecer calor à planta, reter água, sustentar
as raízes, fornecer gases (O2 e CO2) e nutrientes para as plantas. Na construção civil o solo
serve de base para as construções e também de reservatório e filtro para os dejetos líquidos
residenciais.

As características físico-hídricas do solo (textura e percolação) determinam sua


capacidade de absorção e retenção de água, sendo assim, é considerada a melhor forma de
determinar e descrever a água no perfil. Devido à especificidade dos solos, é de bom senso
que estudos visem à determinação destas características, sejam realizados em campo,
visando à padronização do manejo agrícola e do processo de construção civil.
METODOLOGIA

O teste de percolação (permeabilidade do solo) foi executado de acordo com a norma


da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) NBR 13.969/97, em número de 3
(três) ensaios, tendo como base os seguintes aspectos:
● Reconhecimento da área (em campo);
● indicação do nível do lençol freático (em campo);
● teste de percolação (em campo);
● teste de textura do solo (em laboratório).
O Reconhecimento da área foi realizado no dia 13/08/2008, com a presença de
técnicos da Universidade Federal de Sergipe e do Instituto Nacional de Colonização e
Reforma Agrária. A área destinada para a construção das casas dos colonos foi percorrida
e georreferenciada, com auxílio de GPS tipo Garmim 76.
Considerando as características de relevo, solo, vegetação e representatividade para a
construção das casas foram escolhidas três áreas para os ensaios de nível freático,
percolação e textura do solo.
No mesmo dia utilizado para reconhecimento da área, a profundidade do nível freático
foi mensurada por meio de um trado holandês, com três metros de comprimento, sendo
perfurado o solo em camadas homogêneas e observado a presença de água em
quantidade que indicasse a saturação do solo, por meio visual e tátil.
Foram abertas trincheiras nos três locais escolhidos, de acordo com as normas da
ABNT, com profundidade de 1,5m e largura de 1,5m. Providenciou-se, ainda, água em
abundância para o teste de percolação.
O teste de percolação, por meio da cova de infiltração, foi conduzido no dia
20/08/2008, em triplicata, de acordo com a seguinte seqüência:
● Abertura de cova quadrada, com 0,3m, no fundo da trincheira;
● aporte de 0,05m de brita no 1 no fundo da cova quadrada;
● saturação, por pelo menos quatro horas, da cova quadrada;
● medição do tempo de rebaixamento do nível de saturação, com número de 3
(três) repetições;
● aferição do tempo e cálculo do valor de percolação.
Enquanto a saturação do solo era conduzida, em cada trincheira aberta, foi realizada
uma análise morfológica expedita do perfil do solo para separação dos horizontes, com
posterior coleta de terra para medição da textura no laboratório de Água e Solo do
Departamento de Engenharia Agronômica da UFS. A síntese das características dos locais
amostrados pode ser vistas na Tabela 1.

Tabela 1. Características dos locais amostrados para os testes de nível freático, textura e
percolação no Assentamento Rural Darcy Ribeiro, em Itaporanga-SE.
NOME COORDENADAS (UTM)
Leste Norte
Sondagem a Trado 0692249 8770299 
(ST – 01)
Sondagem a Trado 0692402 8770045
(ST – 02)
Sondagem a Trado 069218 8769978
(ST – 03)

A textura foi medida, pelo método do densímetro de acordo com a metodologia


preconizada por BRASIL (1997), por meio da seguinte seqüência:
● Secagem de 500g de solo ao ar, destorroado e homogeinizado,
● Passada a amostra anterior na peneira 10 (2,0 mm)
● Determinado o teor de água da amostra que passou na peneira 10
● Adicionado água destilada e hidróxido de sódio
● Deixado em repouso por 12 horas
● Realizada a separação mecânica e novo peneiramento 270 (0,05 mm),
● Medida a densidade da amostra, por meio do densímetro, em diferentes
tempos,
● Fracionamento da areia,
● Procedimentos de cálculos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os testes foram realizados em condições de tempo com sol, parcialmente nublado,


com temperatura superior a 25C. A área onde serão realizadas as construções para
moradia dos assentados se situa, na maior parte, no topo do tabuleiro, com
predominância de relevo plano ou suavemente ondulado.
Na Tabela 2 encontram-se os resultados obtidos para a textura dos locais
amostrados. Verifica-se que tendência textural da área estudada é de apresentar solos
com maior teor de areia na zona superficial e argilosa, à medida que aumenta a
profundidade. Este fato indica que podem ser solos pertencentes à classe dos Argissolos,
oriundos da Geologia Barreiras.

Tabela 2. Resultados obtidos para a textura no Assentamento Rural Darcy Ribeiro, em


Itaporanga-SE.
NOME PROF. GRANULOMETRIA TEXTURA COR
(m) (g/kg)
A S AR
0,0 – 0,18 868,41 65,76 65,43 Areia franca Cinza
0,18 – 0,76 854,32 57,68 88,00 Areia franca Amarela
ST – 01
0,76 – 1,5 513,99 58,98 427,04 Argila arenosa Amarela
ST – 02 0,0 – 1,1 509,82 133,47 356,71 Argila arenosa Amarela
1,1 – 1,5 465,41 144,31 390,28 Argila arenosa Vermelha
ST – 03 0,0 – 1,5 797,77 50,22 152,02 Franco arenosa Cinza
1,5 308,43 118,20 573,37 Argila Vermelha
PROF. = profundidade, A = areia, S = silte, AR = argila

Uma das áreas demarcadas para a realização do teste de percolação apresentou


nível freático inferior a 0,6m. Assim, foi recomendado aos técnicos do INCRA que o lote
fosse remanejado de local. Os demais lotes encontram-se em situação topográfica
semelhante aos locais amostrados (Tabela 3), mostrando que a representatividade dos
testes foi adequada.
As ST - 01 e ST – 02 apresentaram absorção relativa média mostrando plena capacidade
de absorção dos dejetos líquidos oriundos das construções, desde que os parâmetros
técnicos da construção sejam respeitados. A percolação na área da ST – 03 se mostrou
lenta, ultrapassando o valor de referência para o alcance de um resultado numérico.
Nesse caso, a vala de percolação poderá ser construída, desde que tenha uma grande área
para absorção ou o lote pode ser remanejado.

Tabela 3. Resultados obtidos para a textura no Assentamento Rural Darcy Ribeiro, em


Itaporanga-SE.
NOME Nível TEMPO (s) PERCOLAÇÃO ABSORÇÃO
freático (m) RELATIVA
(L/m2.dia)
ST – 01 > 3,0 186 80 Média
ST – 02 > 3,0 146 90 Média
ST – 03 > 3,0 1090 - Impermeável

Antenor de Oliveira Aguiar Netto


CREA 21.570 – D (Bahia)

Gregório Guirado Faccioli


CREA 66.485 – D (MG)
Fotografia 1. Vista geral do ST- 01 no Assentamento Rural Darcy Ribeiro, Ribeiro, em
Itaporanga-SE.
Fotografia 2. Coleta de amostra de Terra do ST- 01 no Assentamento Rural Darcy Ribeiro,
em Itaporanga-SE.

Fotografia 3. Processo de saturação do solo no ST - 02 no Assentamento Rural Darcy


Ribeiro, em Itaporanga-SE.
Fotografia 4. Detalhe da medição do rebaixamento da água no ST - 03 no Assentamento
Rural Darcy Ribeiro, em Itaporanga-SE.

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