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Desta forma, as ondas sonoras percorrem distâncias muito mais longas na água do que as
ondas luminosas, sendo esta a principal razão de muitos animais marinhos usarem o som - e não a
luz - para se direcionar nos seus deslocamentos nos oceanos. “A velocidade do som em uma água de
salinidade 35‰ (ppt = partes por mil) é aproximadamente 1.500 m/s, quase 5x mais do que sua
velocidade no ar” (ARAUJO, 2017).
A velocidade média do som na água do mar é da ordem de 1.500 m/s, sendo a variação
vertical para uma região de média latitude conforme exemplificada na figura 1 (MÖLLER JR; ASEFF,
2015, p. 130).
Profundidade
Figura 1 - Perfil vertical da velocidade do som em função das camadas observadas na distribuição de temperatura em
profundidade (ARAUJO, 2017).
De forma sucinta, compreende-se então que o som se propaga rapidamente nas águas rasas e
quentes, e na camada de mistura, onde as características da água são muito homogêneas, a
velocidade do som aumenta com a profundidade em função apenas do efeito da pressão. Abaixo da
camada de mistura, a velocidade do som começa a decrescer com a profundidade, em função do
gradiente de temperatura, eventualmente atingindo um mínimo a cerca de 1000 m de profundidade
(base da termoclina principal). Abaixo desta, a velocidade do sol aumenta novamente, ocorrendo a
compensação da baixa temperatura com o aumento da pressão, uma vez que nesta profundidade,
tanto a temperatura quanto a salinidade permanecem praticamente constantes ao longo do
gradiente de pressão (ARAUJO, 2017).
A região da coluna d’água que apresenta as menores velocidades de propagação do som é
denominada de canal SOFAR (Sound Fixing and Ranging). Esta camada compreende a profundidade
na qual a velocidade do som atinge seu mínimo, sendo a camada onde se costuma fazer a
transmissão do som (MÖLLER JR; ASEFF, 2015).
Nesta, a refração ocorrida quando as ondas sonoras atravessam para as camadas adjacentes
(de maior velocidade de propagação) tende a manter a energia sonora dentro desta camada, ou seja,
as ondas sonoras tendem a ser “redirecionadas” para a camada de menor velocidade, permanecendo
nessa zona (figura 2). Ondas emitidas em baixas frequências podem viajar por distâncias
consideráveis (milhares de quilômetros) ao longo do SOFAR, permitindo por ex. detectar-se a
localização de submarinos (CIRANO, 2014).
Alcance
Figura 2- Condições simultâneas para a ocorrência do SOFAR (MÖLLER JR; ASEFF, 2015, p. 131).
Figura 3 - Representação da Frente de Onda por Acústica de Raios, com curvaturas variáveis (REINAS, 1993, p. 50).
O diagrama de raios é uma ferramenta gráfica utilizada para que se possam identificar os
caminhos que percorrem as frentes de ondas, bem como calcular as intensidades parciais de
conjuntos de raios para que se possa obter o campo sonoro total de determinada propagação em
uma determinada região na qual se registre um gradiente de velocidade do som (REINAS, 1993,
p.51).
Essencialmente, o diagrama de raios ilustra velocidade do som em função da profundidade
de propagação, considerando-se igualmente a profundidade da fonte. Desta forma, pode-se observar
graficamente os comportamentos diferentes em função das tantas possibilidades de combinações de
condições oceânicas (figura 4).
Figura 4 - Diagramas de raios de som para duas situações: (a) a partir de uma fonte rasa para um perfil de velocidade
do som que aumenta com a profundidade ao longo da camada de mistura e depois diminui; (b) a partir de uma fonte
sonora próxima do mínimo de velocidade no canal de som para um perfil típico de velocidade de som no oceano aberto
(TALLEY et. al., 2011, p. 52).
Referências
ARAUJO, T. G. Oceanografia Física. Paulo Afonso. 09 mai. 2017. 47 slides. Apresentação em Power-point.
CIRANO, M. Propriedades físicas da água do mar. Salvador. 08 abr. 2014. 79 slides. Apresentação em
Power-point.
MÖLLER JR, O. O.; ASEFF, C. R. C. Propriedades físicas da água do mar. In: CASTELLO, J. P; KRUG, L. C.
(Org.). Introdução às Ciências do Mar. Pelotas: Ed. Textos, 2015. P. 112-139.
REINAS, J. Estudo de modelos de propagação sonora no oceano para cálculo da perda de transmissão a
longa distância em lâmina de águas rasas. 1993. 128 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Mecânica) –
Centro Tecnológico, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis (SC), 1993. Disponível em:
https://repositorio.ufsc.br/xmlui/bitstream/handle/123456789/157812/95665.pdf. Acesso em: 08 dez. 2020.
TALLEY, L.; PICKARD, G.; EMERY, W.; SWIFT, J. Physical Properties of Seawater In: TALLEY, L. (Ed.)
Descriptive Physical Oceanography. 6th ed. Amsterdam: Elsevier, 2011. P. 29-65.