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UNIVERSIDADE COMUNITÁRIA DA REGIÃO DE CHAPECÓ


ÁREA DE CIÊNCIAS EXATAS E AMBIENTAIS
CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

FORMAS E ARMADURAS PARA ESTRUTURAS DE


CONCRETO

Felipe Matheus Kroth Zen

Chapecó
Junho 2019

Relatório de Estágio – Práticas em Engenharia


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Felipe Matheus Kroth Zen

FORMAS E ARMADURAS PARA ESTRUTURAS DE


CONCRETO

Relatório de Estágio Supervisionado apresentado ao Curso de


Engenharia Civil da Universidade Comunitária da Região de
Chapecó, como parte dos requisitos para aprovação na disciplina.

Chapecó
Junho 2019
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Relatório de Estágio – Práticas em Engenharia


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1. ARMADURAS PARA ESTRUTURAS DE CONCRETO

As atividades descritas nesse relatório foram acompanhadas em uma obra no município de


Chapecó. A edificação é do tipo residencial multifamiliar, contendo 20 pavimentos no total,
dentre eles 01 subsolo com garagens, mais 03 pavimentos de garagens contando com o térreo,
01 pavimento com salões de festas, 11 pavimentos tipos e mais 03 pavimentos com duplex.

1.1. ESTOCAGEM DOS MATERIAIS EM OBRA

Na obra as armaduras eram depositadas sobre o piso, na área das vagas de garagens do
pavimento térreo. O local era próximo das bancadas de corte e dobra do aço. Os espaçadores
do cabo de proteção eram depositados em baias numeradas de acordo com cada tamanho, os
arames eram depositados no piso em rolos e os espaçadores armazenados em sacos plásticos.

A tabela 01 define a forma de estocagem dos materiais utilizados nas confecções das
armaduras.
Tabela 01 – Estocagem dos materiais de armaduras
Avaliação do

Acondicio- acondicionamento e da
Material Estocagem estocagem Detalhes
namento
Parcialmente
Correto Incorreto
correto

Ferragens (4) (2) x (1)


Arame recozido (5) (2) x (1)
Espaçadores (1) (3) (2) x (1)
Armaduras Prontas (2) (2) x (1)
Estribos (2) (2) x (1)
(I) Acondicionamento (II) Estocagem (III) Detalhes
(1) Em baias (1) Local descoberto (1) Dentro do canteiro de obras
(2) Pilhas/Lado a lado (2) Local coberto (2) No passeio público
(3) Embalagem Plástica (3) Depósito fechado (3) Na rua
(4) Barras (4) Depósito aberto
(5) Rolos

Fulano de Tal. Chapecó: ACEA/UNOCHAPECÓ, 2016.


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1.1.1. Erros
a) NA REFERÊNCIA: NR18 (2011, p. 36) “Tubos, vergalhões, perfis, barras, pranchas e
outros materiais de grande comprimento ou dimensão devem ser arrumados em camadas, com
espaçadores e peças de retenção, separados de acordo com o tipo de material e a bitola das
peças”.
NA OBRA: As barras de aço eram armazenadas uma ao lado da outra sobre o piso, sem
espaçadores e peças de retenção, nem identificação ou separação por bitola.

b) NA REFERÊNCIA: Segundo Souza (2002, p. ?): “o estoque deve ser feito em lugar
fechado, coberto e apropriado para evitar a ação da água”.
NA OBRA: As barras eram estocadas sobre o piso cimentício, porém os caibros utilizados
para a elevação das barras estavam muito espaçados, fazendo com que a barra curvasse e
entrasse em contato com o solo e água quando chovia demasiadamente.

1.1.2. Acertos
a) NA REFERÊNCIA: Segundo Yazigi (1996, p. ?): “Os materiais serão armazenados e
estocados de modo a não prejudicar o trânsito de pessoas e trabalhadores e fluxo de
materiais”.
NA OBRA: Os materiais não interferiam no trânsito de pessoas nem de veículos.

b) NA REFERÊNCIA: NBR 14931 (2004, p. 09): “Cada produto deve ser claramente
identificável na obra, de maneira a evitar trocas involuntárias, e os produtos não podem ser
estocados em contato direto com o solo”.
NA OBRA: As vigas prontas possuíam etiquetas de madeira e eram estocadas sobre
cavaletes ou sobre estrados de madeira.

Na figura 01 ilustra a condição de armazenamento de cada um dos materiais citados acima.

Figura 01 – Armazenamento das barras de aço (a); Armazenamento dos espaçadores (b);
Armazenamento dos rolos de arames (c); Baias de armazenamento de espaçadores (d);
Armazenamento de barras cortadas (e); Armazenamento de armaduras montadas (f);

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(continuação)

(a) (b)

(c) (d)

(e) (f)

Fulano de Tal. Chapecó: ACEA/UNOCHAPECÓ, 2016.


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1.2. DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE

1.2.1. Execução da montagem de armaduras sobre cavalete

1.2.1.1. Local de montagem


O local da montagem era ao lado do corte e da dobra. A montagem ocorria sobre cavaletes
com base de madeira e na parte superior barras de aço, conforme Figura 02. A altura era de
0,80m e largura variável, com no máximo 1,5m. A quantidade de cavaletes dependia do
tamanho da peça que era montada, geralmente 03 cavaletes espaçados igualmente entre si.

Todo o processo de corte, de dobra e montagem era realizado por 1 encarregado e as vezes 1
ou 2 auxiliares, portanto ele montava peça por peça, só cortava e dobrava o que iria utilizar
para confeccionar aquela armadura, por isso não identificava cada barra individualmente.

Figura 02 – Cavalete de montagem

1.2.1.2. Montagem das armaduras de vigas e pilares


Para a montagem primeiro era colocado duas barras longitudinais sobre um cavalete, com o
auxilio da trena e do giz ele marcava a posição de cada estribo nas barras, seguindo a
especificação de espaçamento e quantidade de acordo com o projeto (figura 03a)

Com a marcação feita eram posicionados todos os estribos nas barras, e com o auxilio de uma
chave turquesa e arame recozido “bwg 16” ele amarrava o estribo, passando e envolvendo o
estribo em todas as direções, fazendo um ponto onde havia marcado com o giz (figura 03b).

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(continuação)

Figura 03: a) Marcação de giz; b)Amarração de estribos

As duas primeiras barras eram amarradas nas arrestas superiores dos estribos, feito isso com
auxilio de 1 ou 2 pessoas a peça era suspensa e girada de modo a deixar as barras ainda não
amarradas sobre os cavaletes e as amarradas na parte inferior, para facilitar a continuação da
amarração. Novamente erram amarradas as outras duas barras nas outras duas arrestas do
estribo (figura 04). Com as quatro barras presas nos quatro cantos do estribo eram colocadas
as demais barras nas faces da armadura, quando especificado no projeto .

Figura 04 – Amarração demais barras longitudinais

O processo de montagem é praticamente o mesmo, a única diferença é que para a montagem


das vigas os ganchos dos estribos eram colocados todos na parte superior da armadura,
intercalando os lados que a emenda iria ficar (figura 05), para evitar o estufamento da
armadura na concretagem.

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(continuação)

Figura 05 – Emendas intercaladas

Já para os pilares as emendas dos estribos intercalavam tanto de lado quanto de face da
armadura, formando uma espiral ao redor da armadura, para evitar a flambagem na
concretagem.

Nos pilares era deixado um trecho sem estribos (figura 06), esse trecho era as esperas dos
pilares seguintes. Os ganchos dos pilares também eram dobrados na bancada de estribos
seguindo mesmo procedimento.

Figura 06 – Trecho de pilares sem estribos

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1.2.1.2.1. Acertos
a) NA REFERÊNCIA: Segundo a NBR 14931 (1983, p.13), “A montagem pode ser feita
sobre cavaletes de madeira ou cavaletes com barras de aço e a montagem da armadura deve
ser feita por amarração, utilizando arames”.
NA OBRA: Eram utilizados arames para as amarrações e os cavaletes especiais
facilitavam a montagem das peças.

b) NA REFERÊNCIA: Segundo Ripper (1996, p. ?): ”O espaçamento nos pilares entre as


barras longitudinais (verticais) não pode ser maior que a menor dimensão externa do pilar e
nunca maior que a 30cm ou 12 vezes o diâmetro da armadura longitudinal”.
NA OBRA: A distância máxima entre as barras era seguida conforme a norma.

1.2.1.2.2. Erros
a) NA REFERÊNCIA: Não encontrado nenhuma referência sobre o assunto.
NA OBRA: Quando errava a marcação a mesma não era apagada com água ou qualquer
outro produto, apenas refeita, podendo gerar confusão e montagem incorreta.

1.2.2. Etiquetagem das peças

Depois de finalizado a montagem de uma ou duas peças era colocado um pedaço de madeira
com a identificação da peça (figura 07). O pedaço de madeira continha a numeração apenas
do pilar ou viga, mas não tinha nenhuma letra ou símbolo qualquer para identificar se aquela
peça se tratava de uma viga ou pilar.

Figura 07 – Identificação de madeira


Fulano de Tal. Chapecó: ACEA/UNOCHAPECÓ, 2016.
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Os números eram escritos de caneta esferográfica na madeira, e o pedaço de madeira era


fixado em dois pontos na armadura, para facilitar a retirada após a instalação da peça.

1.2.2.1. Erros
a) NA REFERÊNCIA: De acordo com a NBR 14862 (ABNT 2002, p. 05), “Cada etiqueta
deve conter no mínimo as seguintes indicações:
 Designação da armadura;
 Comprimento das peças, em metros;
 Quantidade de peças por amarrado;
 Massa em kg;
 Ordem de produção”.

NA OBRA: Não era identificado o código completo da peça, exemplo: P17 ou V11
apenas o número 17 ou 11.

b) NA REFERÊNCIA: De acordo com a NBR 14931 (ABNT 2004, p. 09), “Cada produto
deve ser claramente identificável na obra, de maneira a evitar trocas involuntárias, e os
produtos não podem ser estocados em contato direto com o solo”.
NA OBRA: A tinta de caneta pode sair facilmente, na obra não acontecia, pois as peças
eram instaladas logo após a montagem, mas poderia ser um risco.

1.2.2.2. Acertos
a) NA REFERÊNCIA: De acordo com a NBR 14931 (ABNT 2004, p. 09), “Cada produto
deve ser claramente identificável na obra, de maneira a evitar trocas involuntárias, e os
produtos não podem ser estocados em contato direto com o solo”.
NA OBRA: A placa de madeira era amarrada com arame, de forma que sua retirada só
seria possível com chave turquesa evitando perda da identificação.

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1.2.3. Espaçadores

Na obra eram utilizados espaçadores de plástico circulares para os pilares, os mesmos eram
clicados nos estribos após a instalação da armadura. Todas as faces do pilar recebiam
espaçadores, mas não havia uma regra e a distribuição era aleatória (figura 08).

Figura 08 – Espaçadores tipo circulares

Nas vigas o espaçador também era de plástico do tipo cadeirinha (figura 09), eram utilizados
apenas nos fundos das vigas e a disposição era aleatória.

Figura 09 – Espaçadores tipo cadeirinha

Na obra a laje era protendida, portanto havia espaçadores em “U” de ferro, com diversos
tamanhos, de forma a garantir a geometria do cabo.

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1.2.3.1. Erros
a) NA REFERÊNCIA: Segundo a NBR 14931 (2004, p.13): “O cobrimento especificado para
a armadura no projeto deve ser mantido por dispositivos adequados ou espaçadores e sempre
se refere à armadura mais exposta”.
NA OBRA: Não eram utilizados espaçadores nas laterais das vigas e nas cabeças de vigas,
apenas na parte inferior.

b) NA REFERÊNCIA: De acordo com a NBR 14931 (2004, p.14), “Para tanto, devem ser
utilizados suportes rígidos e suficientemente espaçados para garantir o seu posicionamento”.
NA OBRA: Não havia uma padronização ou preocupação com a distância entre espaçadores.

1.2.3.2. Acertos
a) NA REFERÊNCIA: Segundo a NBR 14931 (2004, p.13): “O cobrimento especificado para
a armadura no projeto deve ser mantido por dispositivos adequados ou espaçadores e sempre
se refere à armadura mais exposta”.
NA OBRA: O pilar possui espaçador em todas as faces.

1.2.4. Fixação das armaduras dos pilares

Após a montagem a armadura era transportada por grua até o local da instalação.
Primeiramente o ferreiro instala um gabarito ao redor das esperas do pilar inferior (figura 10),
o gabarito para o colarinho respeita a seção do pilar, espessura dos painéis de fechamento e o
cobrimento da armadura, mas ele não fixa na laje, pois a fixação e o prumo ficam por conta
dos carpinteiros que fizerem as formas.

Figura 10 – Gabarito de madeira

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Como as esperas não possuem estribos (figura 11), nenhum estribo precisa ser retirado, em
alguns casos apenas o ferreiro utilizando uma alavanca precisa entortar as esperas para que se
aproximem das barras da armadura para possibilitar a amarração.

Figura 11 – Esperas sem estribos

Utilizando arame e a turquesa o ferreiro amarra todas as barras envolvendo as mesmas em


todas as direções (figura 12), depois de amarradas a grua é liberada e os espaçadores clicados,
e a etiqueta removida e guardada.

Figura 12 – Amarração da armadura na espera

1.2.4.1. Erros
a) NA REFERÊNCIA: Segundo a NR 18 (2018, p. ?): “18.8.5. É proibida a existência de
pontas verticais de vergalhões de aço desprotegidas. (118.176-9 / I4)”.
NA OBRA: As esperas não possuíam protetores de ponta.

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b) NA REFERÊNCIA: Segundo a NBR 14931 (2004, p.15): “A superfície interna das fôrmas
deve ser limpa e deve-se verificar a condição de estanqueidade das juntas, de maneira a evitar
a perda de pasta ou argamassa”.
NA OBRA: Resto de arrames não eram removidos

1.2.4.2. Acertos
a) NA REFERÊNCIA: NBR 14931 (2004, p.16), “Os estribos de pilares no trecho da
intersecção com a viga devem ser projetados de modo a possibilitar sua montagem”.
NA OBRA: A quantidade de estribos continua a mesma especificada.

1.2.5. Fixação das armaduras das vigas

Como na obra a laje era protendida, havia apenas quatro vigas na obra, não sendo possível o
acompanhamento de todos os processos solicitados e somado ao fato da laje ter uma execução
bem mais complexa, acompanhei a execução da fixação das armaduras de vigas e lajes em
outra obra.Após a montagem todas as armaduras eram transportadas até o local por munk,
então os funcionários recebiam, identificavam e estocavam próximo do local de utilização.
Com todas as formas prontas, eram colocados pedaços de madeira sobre a parte superior das
formas (figura 13), para impedir a armadura de entrar na forma e facilitar os encaixes.

Figura 13 – Calço de madeira sobre a forma


Quando uma viga descarrega seu peso em outra, ou seja, viga T (figura 14), ela é encaixada
de modo que a armadura da viga que está chegando fique com as barras superiores sobre as
barras superiores da viga que está passando e as inferiores sobre as inferiores, tomando
cuidado para que a armadura que chega entre e preencha toda a seção da viga que passa. Para
isso alguns estribos foram retirados e recolocados após o término.

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(continuação)

Figura 14 – Encontro de viga com viga

Nas vigas que terminam em pilares, quando o pilar possuía a mesma seção ou menor que a
viga, a armadura entrava até o outro lado do pilar, nesse processo as armaduras precisavam
ser forçadas. Quando o pilar possuía seção maior as vigas entravam o máximo possível, sendo
limitadas pela forma do outro lado.

Após todos os encaixes feitos os espaçadores são colocados dentro das formas e então as
madeiras sobre as formas são retiradas e as armaduras abaixadas (figura 15).

Figura 15 – Armaduras na posição final

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1.2.5.1. Erros
a) NA REFERÊNCIA: Segundo a NBR 14931 (2004, p.16): “Nas regiões de grande
densidade de armadura, como por exemplo na região de traspasse de armadura de pilar, o
projeto deve prever detalhamento que garanta o espaçamento necessário entre barras para a
execução da concretagem”.
NA OBRA: Não eram previstos em projeto espaçamento de estribos diferentes para
encaixe das vigas T.

b) NA REFERÊNCIA: Segundo Souza (2002):“Deve se posicionar as peças já montadas


dentro das formas, evitando o máximo o choque com os painéis.”
NA OBRA: Não havia cuidado no momento de soltar as armaduras dentro das formas.

1.2.5.2. Acertos
a) NA REFERÊNCIA: De acordo com a NBR 14931 (2004, pg. 09): "O processo de
ancoragem dos componentes de armaduras por aderência ou por meio de dispositivos
mecânicos deve seguir o que estabelece o projeto da estrutura".
NA OBRA: Todas as vigas possuíam gancho no encontro com pilares.

1.2.6. Fixação das armaduras das lajes

Nessa obra a laje era nervurada, usando vigotes treliçados, EPS e tela/malha POP com panos
de 2,0x3,0m e malha de 20x20cm com ferros Ø5mm.

Com as armaduras posicionadas os vigotes eram posicionados entrando 7,5cm dentro das
ferragens das vigas (figura 16a). Com os vigotes posicionados eram preenchidos os vazios
com o EPS (figura 16b), depois era colocado a armadura negativa na parte externa das lajes,
utilizando os ferros de Ø8mm (figura 16c), amarrando nas vigas e passando dentro dos
vigotes. Em panos maiores que 3m eram usados duas barras de Ø8mm. Em lajes que
descarregavam sobre as vigas, as barras possuíam ganchos para prender nas vigas.

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(continuação)

Figura 16: a) Vigotes treliçados; b) Placas de EPS; c) Ferragem negativa Ø8mm

Após isso eram colocadas as malhas, transpassando 20cm de cada lado e amarrando em cada
ponto com os vigotes e amarrando nas vigas.

1.2.6.1. Erros
a) NA REFERÊNCIA: Segundo a NBR 14931 (2004, p.14), “O posicionamento das
armaduras negativas deve ser objeto de cuidados especiais em relação à posição vertical. Para
tanto, devem ser utilizados suportes rígidos e suficientemente espaçados para garantir o seu
posicionamento”.
NA OBRA: Não utilizado espaçadores inferiores.

1.2.6.2. Acertos
a) NA REFERÊNCIA: Segundo Souza (2002), deve se posicionar as barras da ferragem
negativa, amarrando-as á armadura das vigas.
NA OBRA: Eram amarradas nas vigas.

b) NA REFERÊNCIA: De acordo com a NBR 14931 (2004, pg. 09): "O processo de
ancoragem dos componentes de armaduras por aderência ou por meio de dispositivos
mecânicos deve seguir o que estabelece o projeto da estrutura".
NA OBRA: Possuíam ganchos para prender nas vigas.

1.3. AVALIAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS DE SEGURANÇA INDIVIDUAL

Durante a realização das atividades em obra, todos os funcionários estavam usando


equipamentos como, capacete, botas e luvas. Para atividades no perímetro da laje, era
utilizado cinto de segurança e talabarte preso a um cabo de aço.

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Em vários momentos alguns funcionários estavam com falta de equipamentos de segurança


total ou parcial para o desempenho de determinadas funções, deixando o cinto pendurado em
local próximo, mas optando por não utiliza-lo. (figura 17).

Figura 17 – Cintos pendurados

O trabalho construtivo era sob a luz solar, e muitos não possuíam óculos de proteção com
lente escura e não faziam o uso de protetor solar.

A tabela 02 a seguir apresenta a utilização dos principais EPI’S para a etapa de armaduras
para as atividades descritas.
Tabela 02 – Utilização de EPI’s
Equipamentos de Porcentagem de funcionários
proteção individual adequados a norma
Capacete 100%
Luvas 100%
Botas 100%
Óculos 10,5%
Cinto de segurança 21,05%
Protetor solar 0%
Protetor auditivo 0%

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A figura 18 representa os funcionários utilizando botas e luvas no momento da montagem da


armadura.

Figura 18 – Utilização de luvas e botas

1.4. ANÁLISE DOS RESÍDUOS SÓLIDOS GERADOS NO PROCESSO

Os resíduos gerados na obra são compostos por pequenos pedaços de vergalhões, resultados
do aproveitamento das barras, como na obra havia a necessidade de espaçadores de aço para o
cabo de protensão, todo pedaço maior de vergalhão era cortado e dobrado para se transformar
em espaçador. Na figura 19 podemos ver a caixa com o resíduo para descarte dos vergalhões.

Figura 19 – Caixa de resíduos das ferragens

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A tabela 03 analisa os resíduos sólidos das ferragens, quanto ao local do descarte e o destino
final.

Tabela 03 – Resíduos sólidos gerados no processo


Volume ou
Classe Acondicio- Destino é
Estocagem Destino peso por
do Tipo namento adequado
(II) (III) unidade de
Resíduo (I) ?
tempo
Vergalhão Aço
B (2) (2) (1) Não 5Kg/mês
CA-50
Arame
B (2) (2) (1) Não 500g/mês
Recozido
(I) Acondicionamento (II) Estocagem (III) Destino Final
(1) Tambor de 200 l (1) Local descoberto (1) Aterro na obra
(2) Caixa de madeira (2) Local coberto (2) Aterro industrial licenciado
(3) Caçamba estacionária (3) Depósito fechado (3) Aterro sanitário
(4) Outras – descrever (4) Outras - descrever (4) Outras - descrever
Fonte: adaptada da Instrução Normativa 04 - Atividades Industriais da Fundação do Meio
Ambiente (2014)

1.5. CONCLUSÕES

1.5.1. Falha 1: Falta de espaçadores na lateral e cabeça das vigas


O cobrimento mínimo especificado deve ser garantido, e sem os espaçadores para impedir o
movimento da armadura dentro das formas durante a concretagem fazendo com que a mesma
fique aparente, sofrendo corrosão e outras ações de agentes externos, enfraquecendo a
estrutura.

1.5.2. Falha 2: Armazenamento das barras de aço


Não havia uma separação das barras de acordo com a bitola, todas eram armazenadas juntas e
diretas sobre o piso em contato com a água.

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1.5.3. Falha 3: Descaso dos colaboradores com a segurança


Muitos colaboradores executavam atividades em altura sem o uso do cinto de segurança,
mesmo tendo um cinto pendurado a poucos metros de onde se executava a atividade. Os
cabos de aço para proteção coletiva estavam presentes apenas nas periferias da laje, e mesmo
os funcionários que realizavam a atividade na borda da laje e possuíam o cinto de segurança,
não clipavam o talabarte no cabo de aço.

1.6. SUGESTÕES DE MELHORIAS

1.6.1. Sugestão 1: Baias para armazenamento de materiais


O sistema de baias para separação das armaduras é relativamente simples, pois consiste
apenas de tacos de madeira ou vergalhões na vertical para fazer a separação dos feixes de
barras com bitolas diferentes. O local de armazenagem como não pode ser mudado, pode ser
colocados estrados de madeira e placas de compensados sobre os estrados, para manter as
barras altas em relação ao piso e evitar o contato com a água.

1.6.2. Sugestão 2: Utilização de espaçadores em todas as faces de pilares e vigas


O custo dos espaçadores é relativamente baixo em comparação aos problemas que os mesmos
podem evitar, portanto o ideal é a utilização de espaçadores em todas as faces dos pilares e
vigas.

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2. FORMAS PARA ESTRUTURAS DE CONCRETO

As atividades descritas nesse relatório foram acompanhadas em uma obra no município de


Chapecó. A edificação é do tipo residencial multifamiliar, contendo 20 pavimentos no total,
dentre eles 01 subsolo com garagens, mais 03 pavimentos de garagens contando com o térreo,
01 pavimento com salões de festas, 11 pavimentos tipos e mais 03 pavimentos com duplex.

2.1. ESTOCAGEM DOS MATERIAIS EM OBRA

Na obra o índice de reaproveitamento das formas na obra é alto, portanto não eram estocadas
grandes quantidades de chapas de compensado na obra, apenas solicitavam pequenas
quantidades de chapas para reposição.

As chapas de compensado eram estocadas uma ao lado da outra de pé, diretamente no chão e
em contato com a água (figura 20a), os arames eram armazenados nas mesmas condições,
porém em rolos.

Figura 20: a) Chapas de madeirite estocadas; b) Arames estocados.

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A tabela 04 define a forma de estocagem dos materiais utilizados nas confecções das
armaduras.
Tabela 04 – Estocagem dos materiais de formas
Avaliação do

Acondicio- acondicionamento e da
Material Estocagem estocagem Detalhes
namento
Parcialmente
Correto Incorreto
correto

Madeirites (1) (2) x (1)


Pregos (2) (2) x (1)
Formas acabadas (1) (3) (2) x (1)
Guias e caibros (1) (3) (2) x (1)
(I) Acondicionamento (II) Estocagem (III) Detalhes
(1) Lado a lado (1) Local descoberto (1) Dentro do canteiro de obras
(2) Embalagem Plástica (2) Local coberto (2) No passeio público
(3) Pilhas (3) Depósito fechado (3) Na rua
(4) Barras (4) Depósito aberto
(5) Rolos

2.1.1. Erros
a) NA REFERÊNCIA: Segundo Yazigi (1997): ”As chapas necessitam ser empilhadas na
posição horizontal sobre três pontaletes posicionados no centro da chapa e a 10 cm de cada
uma das bordas menores, evitando o contato com o piso”.
NA OBRA: As chapas de compensado eram armazenadas na vertical e em contato direto
com o piso.

b) NA REFERÊNCIA: Segundo Yazigi (1997, p.237): “O armazenamento das chapas


compensadas precisa ser feito em local fechado, coberto e apropriado para evitar ação da
água”.
NA OBRA: O local de armazenamento era coberto, porém quando chovia havia contato
dos compensados com a água.

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2.1.2. Acertos
a) NA REFERÊNCIA: Segundo Ripper (1996): “A madeira bruta deve ser estocada perto do
galpão da preparação das fôrmas, separadas por tipo (taboas, pontaletes)”.
NA OBRA: Os caibros e tábuas eram armazenados dessa maneira.

2.2. DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE

2.2.1. Execução da montagem de formas sobre mesa gabaritada

2.2.1.1. Local de montagem


A mesa principal mede 7m de comprimento e 1,3m de altura, localizada no 3º pavimento
(figura 21).

Figura 21 – Vista parcial da mesa de montagem principal

Dificilmente é utilizada, pois como o prédio possui muitos pavimentos tipos e o índice de
reaproveitamento das peças é muito alto, o carpinteiro possui outra mesa de montagem com
3m de comprimento e uma bancada de corte, alguns pavimentos abaixo do pavimento em
construção, geralmente dois pavimentos abaixo. Como são poucas a serem refeitas optaram
por equipamentos menores para facilitar o transporte (figura 22).

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(continuação)

Figura 22 – Vista bancada de corte

2.2.1.2. Montagem de uma face lateral


A montagem inicia com os cortes dos madeirites plastificados, utilizando a bancada de corte
que possui uma serra circular acoplada, após é cortado os caibros. Os caibros de 4,5x4,5cm
são colocados sobre a mesa e a placa de madeirite é colocada sobre eles.

Na obra as fôrmas são fixadas por encaixe, ou seja, as laterais não são pregadas ao fundo,
apenas encaixadas, por isso a mesa possui um gabarito para dar a distância correta da lateral
até o fundo da fôrma (figura 23).

Figura 23 – Utilização do molde

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Após o madeirite colocado, um funcionário ponteia os pregos de 3,9x39 a cada 15cm (figura
24), após isso enquanto um funcionário termina de pregar o outro pressiona e martela o
madeirite contra o gabarito da mesa, de forma a garantir o perfeito encaixe das peças.

Figura 24 – Pregos sendo ponteados

Após o madeirite fixado nos caibros longitudinais é realizado a medida e o corte da peça no
tamanho final, utilizando a maquita. Quando é necessária a emenda de caibros é pregado um
reforço de madeira, para garantir que eles trabalhem unidos e rígidos (figura 25).

Figura 25 – Reforço na emenda de caibros

Então a peça é virada e são fixados os reforços a cada 40cm (figura 26), pregando em um dos
caibros longitudinais primeiro, depois com a ajuda de um esquadro e um lápis é transferido

Relatório de Estágio – Práticas em Engenharia


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para o outro caibro a posição que o reforço deve ser pregado, então a peça é virada e colocada
no chão para terminar de pregar. Os madeirites ainda são fixados com arame nos reforços.

Figura 26 – Reforços verticais (gravatas)

A execução da lateral dos pilares é bem parecida com as vigas, única diferença é a quantidade
de caibros longitudinais que variam de acordo com a largura do pilar.

2.2.1.2.1. Acertos
a) NA REFERÊNCIA: Segundo Yazigi: (1997) : “As dimensões corretas das chapas são de
1,10 m, 2,20 m para chapas resinadas e 1,22 m ; 1.44 m ou 1,10 m ; 2,20 m para as chapas
plastificadas”
NA OBRA: A chapa de madeirite possui dimensões corretas.

b) NA REFERÊNCIA: Segundo Müller (2016, p. 63):


[...] para o cálculo do espaçamento da estruturação lateral da fôrma, é necessário
conhecer a espessura do compensado e também do número de lâminas, bem como,
as dimensões do sarrafo de estruturação. A partir destas variáveis é possível obter o
espaçamento máximo vertical e a quantidade de sarrafos de estruturação por painel
da fôrma.
NA OBRA: As distâncias dos reforços na lateral estavam suficientes e garantia resistência
à peça.

Fulano de Tal. Chapecó: ACEA/UNOCHAPECÓ, 2016.


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c) NA REFERÊNCIA: Segundo Maranhão (2000, p. 20 apud Müller, 2016, p. 33):


As laterais também são totalmente seladas com resina do tipo epóxi ou similar, a
prova d’água. Dessa forma, segundo Maranhão obtém-se do compensado
plastificado uma vida útil muito elevada, comparado ao painel resinado, sendo seu
reaproveitamento em média de 15 utilizações por face de cada chapa.
NA OBRA: As bordas do madeirite onde encaixavam nas outras recebiam pintura, para
garantir mais durabilidade e reaproveitamento.

2.2.1.2.2. Erros
a) NA REFERÊNCIA: Segundo a NR 18 (2018, p. ?): “18.7.3. Nas operações de corte de
madeira, devem ser utilizados dispositivo empurrador e guia de alinhamento. (118.168-8 /
I4)”.
NA OBRA: A bancada de corte não está dentro da NR18.

2.2.2. Identificação das peças

Depois de finalizado a fabricação a peça era identificada com o nome e o comprimento. A


identificação era realizada com tinta azul ou amarela (figura 27).

Figura 27 – Identificação das peças

Relatório de Estágio – Práticas em Engenharia


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2.2.2.1. Acertos
a) NA REFERÊNCIA: Segundo Yazigi (2006): ”Os painéis sempre deverão ser empilhados
face a face, em posição horizontal. ou também se disporão verticalmente, desde que possam
suas unidades ser identificadas (sendo necessário para esse fim ser pintados números que as
identifiquem facilmente).”
NA OBRA: A marcação era realizada com tinta.

2.2.2.2. Erros
a) NA REFERÊNCIA: Segundo Yazigi (2006): ”Os painéis sempre deverão ser empilhados
face a face, em posição horizontal. ou também se disporão verticalmente, desde que possam
suas unidades ser identificadas (sendo necessário para esse fim ser pintados números que as
identifiquem facilmente).”
NA OBRA: Com o passar do tempo as peças perdiam a marcação e a mesma não era
refeita, pois o carpinteiro disse que todos já sabiam onde era o local dela.

2.2.3. Desmoldante
O desmoldante era aplicado nas peças um dia antes da montagem. Era aplicado utilizando um
pulverizador manual de 12 litros (figura 28).

Figura 28 – Pulverizador manual (costal)

Fulano de Tal. Chapecó: ACEA/UNOCHAPECÓ, 2016.


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2.2.3.1. Erros
a) NA REFERÊNCIA: Segundo Abbate (2013): ”Deve-se evitar, porém, que as fôrmas sejam
untadas com muita antecedência à concretagem para que não haja aderência de poeira, o que
pode provocar falhas na superfície da peça concretada”.
NA OBRA: Devido a equipe reduzida o desmoldante era aplicado e ficava vários dias
exposto ao tempo, enquanto a equipe finalizava o restante das formas. Com isso pode ter
acumulo de poeira e essa camada de poeira pode gerar fissuras na superfície acabada.

2.2.3.2. Acertos
a) NA REFERÊNCIA: Segundo Abbate (2013): ”Quando borrifado, o desmoldante tende a
formar uma película muito mais uniforme, o que permite melhor controle do consumo e da
espessura”.
NA OBRA: A aplicação com o pulverizador garante uma aplicação mais uniforme que o
pincel ou rolo.

2.2.4. Fixação das formas dos pilares

2.2.4.1. Gabarito
Primeiramente o carpinteiro com auxilio de um prumo de corda (uma corda grossa e comprida
com um corpo de prova amarrado em uma ponta e um gabarito de madeira na outra) trazia o
prumo do pilar seis pavimentos abaixo. Fazia isso para todos os pilares das extremidades.

Com essa informação ele conseguia posicionar o gastalho. O gastalho é composto por duas
madeiras com comprimento maior que a face mais larga do pilar, fixadas paralelas e rente ao
chão, uma de cada lado, e sobre elas são pregados mais duas madeiras no outro sentido do
pilar, uma de cada lado também, entre as madeiras é deixado o tamanho exato do pilar mais
uma folga para as fôrmas.

O gastalho (figura 29) é usado para travar a base do pilar e é reaproveitado para outros
pavimentos. O carpinteiro após definir a sua posição fixa o mesmo na laje utilizando um finca
pino automático. Feito a fixação e marcação correta de onde o pilar vai ser executado, são
colocados os espaçadores e dado inicio a colocação das fôrmas.

Relatório de Estágio – Práticas em Engenharia


32

(continuação)

Figura 29 – Gastalho

2.2.4.2. Sequencia executiva


Primeiro se coloca uma lateral maior, depois as duas laterais menores e em casos de pilares
maiores nesse momento são atravessadas as mangueiras para posterior passagem dos
parafusos metálicos (anti-estufamento) (figura 30), então é colocado a outra lateral fechando a
fôrma entorno da armadura.

Figura 30 – Tubos para passagem de barras

Com a fôrma fechada é realizado o travamento da mesma, usando tensores metálicos que
pressionam um lado da forma contra o outro (figura 31).

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Figura 31 – Travamento das formas

O esquadro do pilar é feito apenas no gastalho junto à laje, ocasionando da parte superior do
pilar ficar um pouco fora do esquadro. Após o travamento da fôrma é realizado o prumo do
pilar e travamento do pilar na posição final.

Com os pilares da extremidade travados no prumo e no esquadro, esticam-se linhas de nylon


para servir como referencia e com uma trena é medida e posicionado os demais pilares. Para
garantir o prumo dos pilares são utilizadas escoras fixadas na laje com aranhas, foram
utilizadas duas escoras por face do pilar.

Enquanto um funcionário verificava o prumo na base e no topo de cada lateral, usando um


laser (figura 32), o outro funcionário media a distancia entre pilares e outro martelava as
escoras para ajusta-las na posição final, então fixava a guia nas aranhas.

Figura 32 – Prumo com laser

Relatório de Estágio – Práticas em Engenharia


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2.2.4.3. Erros
a) NA REFERÊNCIA: Segundo Bocchile (2003): ”Porém, ainda hoje é possível observar nas
obras práticas arcaicas de medição que levam à ocorrência de erros de prumo e de locação e,
em consequência, a gastos desnecessários e retrabalho”.
NA OBRA: O prumo de corda era improvisado e não possuía aferição.

2.2.4.4. Acertos
a) NA REFERÊNCIA: Segundo NR 18 (2013): ”As armações de pilares devem ser estaiadas
ou escoradas antes do cimbramento”.
NA OBRA: A fôrma do pilar era travada com escoras de forma que garantia que o pilar
não mudaria de posição durante a concretagem.

b) NA REFERÊNCIA: Segundo Yazigi (1996): ”A confecção das fôrmas e do escoramento


terá de ser feita de modo a haver facilidade na retirada dos seus diversos elementos”.
NA OBRA: O sistema de encaixe facilita o processo de desmontagem das formas.

2.2.5. Fixação das formas das vigas

2.2.5.1. Transferência de nível


Após a desforma dos pilares era executado o encabeçamento dos pilares/colarinho que serve
para apoio do fundo das vigas (figura 33). O nível do colarinho não era transferido do andar
inferior, o carpinteiro tinha um pilar de referencia e todos os pavimentos para determinar o
nível dos colarinhos ele ia até esse pilar e com a ajuda de uma trena marcava no pilar a
distância de cima da laje concretada até o nível inferior da viga descontando a folga da fôrma.

Figura 33 – Detalhe do colarinho nos pilares


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Com esse colarinho de referencia usando uma mangueira com água ele transferia o nível para
os demais pilares.

2.2.5.2. Sequencia executiva


Após a colocação dos colarinhos e garantir que os mesmos estavam firmes junto ao pilar
(eram presos no pilar apenas pelos tensores metálicos, que comprimem a madeira contra o
concreto), era iniciado a colocação do fundo das vigas (figura 34).

Figura 34 – Colocação dos fundos das vigas

Antes um funcionário verificava novamente o prumo do pilar e a distância entre eles, então
dois funcionários posicionavam o fundo e outros dois posicionavam as escoras metálicas que
possuíam um caibro na ponta, para evitar do fundo flambar ou cair, as escoras dão dispostas
de 60 a 80cm entre elas.

Com uma linha de nylon é regulado as escoras para garantir o nível do fundo da viga. Com o
fundo nivelado são colocadas as laterais e encaixadas no fundo, então para garantir o
travamento são usados sargentos metálicos a cada 30cm.

Em alguns pontos ainda são fixados mais um travamento externo. Na parte superior são
colocadas cantoneiras metálicas para manter o esquadro da fôrma.

Relatório de Estágio – Práticas em Engenharia


36

Nas vigas faixa são usadas duas escoras por caibro, devido a largura da viga, também
espaçadas 60cm entre elas.

2.2.5.3. Acertos
a) NA REFERÊNCIA: Segundo NBR 14931 (2004, p. 15):
Antes do lançamento do concreto devem ser devidamente conferidas as posições e
condições estruturais do escoramento, a fim de assegurar que as dimensões e
posições das fôrmas sejam mantidas de acordo com o projeto e permitir o tráfego de
pessoal e equipamento necessários à operação de concretagem com segurança.

NA OBRA: O escoramento é suficiente e bem distribuído.

b) NA REFERÊNCIA: Segundo a NBR 14931 (2003): “A fôrma deve ser estanque, de modo
a impedir a perda de pasta de cimento”.
NA OBRA: O sistema de encaixe garante estanqueidade da forma, e a mesma não
apresenta vazamentos.

2.2.5.4. Erros
a) NA REFERÊNCIA: Segundo (EXECUÇÃO..., 200?): ”Os eixos principais são transferidos
do pavimento inferior para o superior.”.
NA OBRA: O nível dos colarinhos e por consequência das vigas, não é verificado em
relação aos pavimentos inferiores.

2.2.6. Fixação das formas das lajes e escoramento

Primeiramente eram dispostos caibros no sentido longitudinal da laje (longarinas), escorados


por escoras metálicas a cada 60cm. Quando necessário emendas nos caibros era pregado um
reforço na lateral dos mesmos (reforço de madeira) (figura 35), os caibros eram distanciados
entre si 80cm e ligados por gabaritos na transversal, esses gabaritos eram intercalados e com
distância de 3m no sentido longitudinal, os caibros longitudinais percorriam em linha de um
lado ao outro da laje, sobrando as vezes 1m para fora, para evitar o corte dos mesmos.

Fulano de Tal. Chapecó: ACEA/UNOCHAPECÓ, 2016.


37

(continuação)

Figura 35 – Reforço na emenda dos caibros

No sentido transversal eram dispostas transversinas metálicas espaçadas entre si de forma a


garantir o encaixe das cubetas. Essas barras metálicas não eram escoradas, apenas suportadas
pelos caibros (figura 36).

Figura 36 – Transversinas metálicas

Todo o nível da laje era regulado pelas escoras metálicas rosqueáveis e verificado por laser.

Onde existiam maciços na laje não era colocado cubetas, apenas pedaços de madeira com uma
polegada de espessura apoiadas nas transversinas metálicas (figura 37). Para a colocação das
cubetas era esticado linhas de nylon nas extremidades para conseguir fazer o esquadro e então
as cubetas eram dispostas do centro para as laterais.

Relatório de Estágio – Práticas em Engenharia


38

(continuação)

Figura 37 – Maciços das lajes

2.2.6.1. Acertos
a) NA REFERÊNCIA: Segundo NBR 14931 (2004), “Os elementos estruturantes das fôrmas
devem ser dispostos de modo a manter o formato e a posição da fôrma durante toda sua
utilização”.
NA OBRA: O escoramento era suficiente e garantia o nível da laje.

b) NA REFERÊNCIA: Segundo Yazigi (2009), “As longarinas precisam ser suportadas por
escoras metálicas”.
NA OBRA: Existia guias/gabaritos para travar as longarinas.

2.2.6.2. Erros
Não foram encontrados erros na bibliografia pesquisada.

2.2.7. Desforma

2.2.7.1. Lajes e vigas


O desforme das lajes e vigas era ao mesmo tempo. Para desformar a viga primeiro era retirado
a parte interna da viga, usando um pé de cabra, mas tomando cuidado para não danificar as
peças para reaproveitamento.

Depois eram soltos os fundos das vigas, onde o escoramento era removido do centro para os
cantos, controlando assim a descida do fundo e o lado que ele iria virar. Para soltar a parte
Fulano de Tal. Chapecó: ACEA/UNOCHAPECÓ, 2016.
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externa era utilizada uma corda presa nos arames que foram passados para prender a lateral
nos reforços, assim quando a lateral soltava dois funcionários no andar de cima suspendiam a
peça e baixavam com cuidado para que os funcionários do andar inferior recolhessem a peça,
peças pequenas e leves eram içadas pela corda para o andar de cima.

O desforme da laje também acontecia com a remoção das escoras do centro para as laterais,
cuidando para os caibros não caírem na cabeça, então algumas escoras eram colocadas nas
transversinas metálicas para apoia-las provisoriamente até remover os caibros, então as
transversinas eram soltas e removidas com as cubetas.

2.2.7.2. Pilares
Primeiramente eram removidas as escoras de travamento dos pilares e posterior as aranhas das
guias. Então eram removidos os tensores que travavam as formas e o gastalho inferior.Então
removiam os parafusos metálicos do meio das formas quando havia, e com a ajuda do pé-de-
cabra era forçada o desencaixe das laterais.

2.2.7.3. Erros
a) NA REFERÊNCIA: Segundo Yazigi (1996): ”Deve-se retirar os painéis, desprendendo-os,
nunca usando alavancas (pés-de-cabra) entre o concreto endurecido e as fôrmas”.
NA OBRA: Utilizado alavanca/pé-de-cabra o que pode danificar a forma e o concreto.

b) NA REFERÊNCIA: Segundo Yazigi (1996): ”As formas de madeira precisam ser limpas
imediatamente após o seu uso e não deixadas para que isso seja feito por ocasião da utilização
seguinte”.
NA OBRA: A limpeza não era feita nem na viga para retirar restos de desmoldante que
podem prejudicar a cura do concreto nem limpeza das fôrmas e cubetas no momento da
remoção.

2.2.7.4. Acertos
a) NA REFERÊNCIA: Segundo Yazigi (2000 p.221), “A desforma precisa ser procedida
cuidadosamente, de modo a não causar danos ao concreto”.
NA OBRA: Era tomado o cuidado para não danificar as peças e reaproveitar.

Relatório de Estágio – Práticas em Engenharia


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b) NA REFERÊNCIA: Segundo NBR 14931 (2004): ”A confecção das fôrmas e do


escoramento terá de ser feita de modo a haver facilidade na retirada dos seus diversos
elementos”.
NA OBRA: O sistema de encaixe facilitava a desmontagem das fôrmas.

c) NA REFERÊNCIA: Segundo Yazigi (1996): ”A retirada do escoramento e das formas deve


ser efetuada sem choques e obedecer ao plano de desforma elaborado de acordo com o tipo da
estrutura”.
NA OBRA: Uso de cordas para vigas laterais externas.

2.3. AVALIAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS DE SEGURANÇA INDIVIDUAL

No processo de confecção dos painéis das fôrmas, nem todos os operários utilizavam as luvas,
não utilizavam óculos na hora de efetuar os cortes, apenas utilizavam botas. As maquinas de
corte e bancada de corte, não possuíam equipamentos de proteção, e estavam em desacordo
parcial com a NR18.

Alguns colaboradores utilizavam cintos de segurança de altura mas nem sempre clipavam o
mesmo nas linhas de viga. Todos usavam botas e capacetes, porém nem todos utilizavam
luvas. O uso de protetor solar também era feito por um parcial da equipe, mas a reaplicação
do protetor após algumas horas não era feito por ninguém.

Os equipamentos de uso coletivos encontrados foram os guarda corpos e a linha de vida da


edificação.

2.4. ANÁLISE DOS RESÍDUOS SÓLIDOS GERADOS NO PROCESSO

O resíduo gerado da carpintaria são restos de formas utilizadas e pedaços de madeirites e


caibros, porém a obra não soube informar o volume gerado, pois como pode ser visto na
figura 38a e figura 38b o material vem sendo estocado em uma área do prédio e ainda não foi
descartado. Mas a obra tem um alto índice de reaproveitamento de formas, portanto é um
volume relativamente baixo comparado com outras obras do mesmo porte.

Fulano de Tal. Chapecó: ACEA/UNOCHAPECÓ, 2016.


41

(continuação)

Figura 38: a) Resíduos de compensados; b) Resíduos de formas

A tabela 05 analisa a gestão dos resíduos sólidos gerados no processo de execução de formas.

Tabela 05 - Resíduos sólidos gerados no processo


Volume ou
Classe Acondicio- Destino é
Estocagem Destino peso por
do Tipo namento adequado
(II) (III) unidade de
Resíduo (I) ?
tempo
B Madeiras (2) (2) (2) Sim N/I
(I) Acondicionamento (II) Estocagem (III) Destino Final
(1) Tambor de 200 l (1) Local descoberto (1) Aterro na obra
(2) Granel no chão (2) Local coberto (2) Aterro industrial licenciado
(3) Caçamba estacionária (3) Depósito fechado (3) Aterro sanitário
(4) Outras – descrever (4) Outras - descrever (4) Outras - descrever
Fonte: adaptada da Instrução Normativa 04 - Atividades Industriais da Fundação do Meio
Ambiente (2014)

Relatório de Estágio – Práticas em Engenharia


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2.5. CONCLUSÕES

2.5.1. Falha 1: Equipamentos em desacordo com a NR18


O fato do equipamento não estar de acordo com a NR18 expõem o trabalhador a riscos de
acidentes e a empresa pode sofrer notificações caso uma fiscalização seja realizada na obra.
Além de falta de ergonomia.

2.5.2. Falha 2: O local do corte das formas


A bancada de corte se encontra em locais com pouco espaço para manuseio das peças, pois
está cercada de escoras metálicas. Com isso os funcionários optam por cortas as peças de
madeirite utilizando a maquita.

2.5.3. Falha 3: Transferia de nível


A transferência de nível deve seguir em relação ao nível demarcado anteriormente no
pavimento inferior, de modo a garantir uma altura padrão de pé direito e corrigir possíveis
desníveis que podem ocorrer na laje. Do modo que é realizado hoje, se uma laje engrossar
3cm na altura, essa diferença não é corrigida no pavimento seguinte e torna-se acumulativa.

2.6. SUGESTÕES DE MELHORIAS

2.6.1. Sugestão 1: Topografia


A demarcação dos eixos principais da obra assim como do nível do pavimento pode ser
realizado através de topografia, para que diferenças de prumo e nível não sejam acumulativas,
gerando economia em rebocos e trazendo mais qualidade para a estrura.

2.6.2. Sugestão 2: Laser para transferir nível de colarinhos


Após a demarcação do nível do pavimento a posição dos colarinhos pode ser transferida para
todos os pilares através de laser, não mais através de mangueiras de água, que podem ter
vários problemas, como por exemplo se outro colaborador pisar sobre a mangueira ou dobra-
la em qualquer trecho da mesma, gerando uma alteração no nível indicado.

Fulano de Tal. Chapecó: ACEA/UNOCHAPECÓ, 2016.


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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABBATE, Vinicius. Desmoldante: um para cada tipo de fôrma. 70. ed: Téchne 2003.
Disponível em: <http://techne17.pini.com.br/engenharia-civil/70/artigo286230-1.aspx>.
Acesso em 27 de junho de 2019.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14862: Armaduras


treliçadas eletrossoldadas - Requisitos – Maio 2002.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14931: Execução de


estruturas de concreto - Procedimento – Abril 2004.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15696: Fôrmas e


escoramentos para estruturas de concreto — Projeto, dimensionamento e procedimentos
executivos – Abril 2009.

BOCCHILE, Cláudia. Aferição de prumo e medidas. 77. ed: Téchne 2003. Disponível em:
<http://techne17.pini.com.br/engenharia-civil/77/artigo287269-1.aspx>. Acesso em 27 de
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MARANHÃO, George M. Fôrmas para concreto: subsídios para a otimização do projeto


segundo a NBR 7190/97. São Carlos: USP, 2000.

MÜLLER, Guilherme Luiz. DIMENSIONAMENTO DE FÔRMAS DE MADEIRA


PARA ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO: UMA PROPOSTA TEÓRICA –
Junho 2016.

NR 18 – SEGURANÇA NO TRABALHO. CONSTRUÇÃO CIVIL. Disponível em:


<http://www.normaslegais.com.br/legislacao/trabalhista/nr/nr18.htm>. Acesso em 27 de junho
de 2019.

Relatório de Estágio – Práticas em Engenharia


44

SOUZA, Roberto de, MEKBEKIAN, Geraldo. Qualidade na aquisição de materiais e


execução de obras. São PINI, 2002.

YAZIGI, Walid. A técnica de edificar. 3 ed. Ver. e atual, São Paulo: PINI, 1997.

Fulano de Tal. Chapecó: ACEA/UNOCHAPECÓ, 2016.

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