ANDERSON, Perry. A dinâmica feudal.

In:___ Passagens da Antiguidade ao

feudalismo. São Paulo: Brasiliense, 1992.

A partir do século XII tem-se um avanço considerável nas comunidades.

O primeiro e mais importante deles foi o avanço técnico como a charrua de ferro, o arreio
rígido - o cavalo como animal de tração - que produziram um grande aumento na
produtividade. Porem, essas mudanças não foram totalmente difundidas até que ocorresse
uma formação e consolidação de novas relações sociais de produção.

O motor básico do progresso agrícola foi a dinâmica interna, ou seja, a luta de classes.

As inovações tecnológicas foram apenas um reflexo material disso.

O que gerou a luta de classes entre senhores e camponeses foi a divisão da terra
desigualmente, o senhor possuindo grande parte do feudo e os camponeses com pequenos
lotes nos quais os senhores tinham direitos diferenciados por grau.

O senhor feudal sempre queria ganhar mais e com isso foram surgindo novas
implementações de técnicas para conseguir esse objetivo.

O camponês era obrigado a utilizar dessas inovações tecnológicas e tinha que pagar por ela
ao senhor feudal.

" Havia outras banalites de caráter puramente confiscatório, mas a maior parte provinha do
uso coercivo dos meios de produção superiores controlados pela nobreza (...) A intervenção
directa do senhor no controle e supervisão do processo produtivo foi, como e evidente,
declinando à medida que aumentava o excedente. " p.207

O senhor feudal teve um papel importantíssimo no desenvolvimento da economia feudal.

Exemplo: o desenvolvimento da viticultura durante o século XII. O vinho era uma bebida
da elite e exigia um trabalho especializado e produzia um lucro muito maior que os cereais.

Com o aperfeiçoamento dos equipamentos técnicos diminuiu a procura por mão-de-obra

camponesa e, conseqüentemente, o aumento da produção nas terras dos camponeses, pois
agora disponibilizavam de mais tempo para cultivá-las.

Porem, houve uma diminuição das parcelas de terra camponesas, o que gerou uma
diferenciação social nas povoações, na qual a principal linha divisória era a posse ou não de
parelhas de cavalos.

No entanto, os camponeses pobres e os melhores sucedidos se juntavam na luta contra o

senhor feudal praticando varias formas de resistência.
A disputa pela terra foi um setor de conflito social muito importante para o
desenvolvimento do modo de produção feudal.
Entre 1000 e 1250 houve um amplo movimento de ocupação de novas terras - bosques,
florestas - camponês e senhores participavam dessa corrida.

As regiões mais remotas e intratáveis, que exigiam um investimento a longo prazo, ficaram
com a Igreja.

" Os conflitos, pressões e reivindicações surgidos da concorrência pela posse de novas

terras, constituíam mais uma forma de luta de classes." p.211

" O resultado palpável destas pressões dinâmicas inerentes à economia feudal do Ocidente
foi um aumento muito considerável do produto total.' p.213

Com a inovação das técnicas agrícolas ocorreu um grande crescimento demográfico.

As cidades medievais quando surgiram logo alcançaram sua autonomia, o governo delas
variava muito de acordo com cada cidade segundo o peso que davam a atividade
"artesanal" ou "mercantil". Quando priorizavam o primeiro, normalmente os artesãos
faziam parte do poder cívico quando o segundo, autoridade municipal era exclusiva dos
comerciantes.

Como era fácil comprar barato em alguns lugares e vender caro em outros gerou-se um
lucro muito alto.

Os maiores lucros na Idade media vinham do comercio internacional.

Os senhores feudais também possuíam um poder político militar conseguido através da

coação e o aplicavam em expedições armadas para reforçar os monopólios, incursões
punitivas contra rivais, campanhas para impor os tributos e portagens às populações
vizinhas.

" Todavia, as comunidades urbanas organizadas representavam sem duvida uma forca
situada na vanguarda de toda a economia medieval, pois só elas se dedicavam unicamente à
produção de mercadorias e assentavam exclusivamente na troca monetária." p.216

No século XIII voltou-se a acumular moedas e em 1252 criou-se jamanius e o florin

(Gênova e Florença).

A supremacia naval foi a primeira condição para a ascensão das cidades italianas, os outros
foram; a vitória da Primeira Cruzada e a abertura de rotas comerciais regulares no
Atlântico.

Tudo isso só foi possível graças a fragmentação da soberania.

A comuna (commune) representa uma anomalia na sociedade feudal, pois era um

juramento (conjuratio) recíproco feito entre iguais.

" O surto do modo de produção feudal no seu apogeu deu origem às expedições
internacionais de 1000 e 1250, as cruzadas." p.215