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Universidade do Algarve

APONTAMENTOS DA DISCIPLINA DE
FUNDAMENTOS DE TELECOMUNICAÇÕES I
(2010/2011)

MESTRADO INTEGRADO EM ENGENHARIA ELECTRÓNICA


E TELECOMUNICAÇÕES

Prof. Mª do Carmo Medeiros


Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

Prefácio

A disciplina de Fundamentos de Telecomunicações I conjuntamente com a disciplina de


Fundamentos de Telecomunicações II tem por objectivo estabelecer as bases fundamentais das
Telecomunicações analógicas e digitais, incluindo aspectos de transmissão, modulação,
emissão/recepção, ruído e o seu impacto no desempenho dos sistemas de comunicação, assim
como a introdução ao estudo de códigos correctores de erro.
O material apresentado nestes apontamentos baseia-se principalmente em dois livros que
são utilizados como livros de referência nas disciplinas de base de telecomunicações quer em
Portugal como no resto do mundo :

-S. Haykin and M. Moher. Communication Sytems, 5th edição (Wiley, 2010).
-A.B. Carlson and P.B. Crilly, Communication Systems, 5th edição (McGraw-Hill, 2010).

Estes apontamentos foram desenvolvidos como elemento de trabalho do professor, podem


servir como ponto de referência aos alunos, mas não dispensam estudo dos livros referidos na
bibliografia.
Ao longo dos anos alguns alguns erros e gralhas foram sendo corrigidos com a ajuda dos
vossos colegas, conto convosco para continuar a melhorar este material.

ii
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

Conteúdo
Prefácio ................................................................................................................................... ii
Conteúdo ................................................................................................................................ iii
1 Introdução ..................................................................................................................... 1
1.1 Telecomunicações ..................................................................................................... 1
1.2 Organização de um sistema de comunicação ............................................................ 1
2 Modulação analógica de portadora sinusoidal .............................................................. 3
2.1 Introdução.................................................................................................................. 3
2.2 Modulação convencional de amplitude de portadora continua ................................ 4
2.2.1 Largura de banda necessária para transmitir o sinal AM .................................. 6
2.2.2 Desmodulação do sinal AM .............................................................................. 6
2.2.3 Potência do sinal AM ........................................................................................ 7
2.2.4 Caso particular da modulação AM .................................................................... 8
2.3 Modulação de amplitude de banda lateral dupla (DSB- Double Side Band) ............ 9
2.3.1 Largura de banda necessária para transmitir um sinal DSB ............................ 10
2.3.2 Desmodulador DSB coerente .......................................................................... 12
2.3.3 Influência da fase da portadora local ............................................................... 12
2.4 Modulação de banda lateral única ........................................................................... 13
2.4.1 Produção de sinais SSB ................................................................................... 13
2.4.2 Descrição matemática de sinais SSB............................................................... 14
2.4.3 Transformadas de Hilbert ................................................................................ 14
2.4.4 Desmodulador SSB coerente ........................................................................... 16
2.4.5 Influência da fase da portadora local ............................................................... 17
2.5 Vestígio de Banda Lateral (VSB, ‘Vestigial Side Band’) ....................................... 18
2.6 Exercícios propostos ............................................................................................... 18
3 Modulação de Fase e de Frequência............................................................................ 23
3.1 Conceitos básicos .................................................................................................... 23
3.2 Relação entre PM e FM ........................................................................................... 23
3.3 Análise espectral de sinais FM ................................................................................ 24
3.4 Largura de banda necessária para a transmissão de sinais FM ............................... 27
3.4.1 Regra de Carson: ............................................................................................. 28
3.4.2 Critério da potência: ........................................................................................ 29
3.4.3 Critério apresentado no livro de Haykin: ........................................................ 29
3.4.4 Exemplo: FM comercial .................................................................................. 29
3.5 FM de banda estreita ............................................................................................... 29
3.5.1 Método directo ................................................................................................ 32
3.6 Desmodulação de sinais FM ................................................................................... 32
3.7 Exercícios propostos ............................................................................................... 33
4 Desempenho de Sistemas de Transmissão Analógicos na Presença de Ruído............ 36
4.1 Introdução................................................................................................................ 36
4.2 Ruído Térmico......................................................................................................... 36
4.3 Ruído Gaussiano de Banda Larga ........................................................................... 37
4.4 Revisão .................................................................................................................... 38
4.4.1 Processos aleatórios......................................................................................... 38
4.4.2 Processos estacionários e ergódicos ................................................................ 39
4.5 Relação Sinal Ruído sinal de banda base ................................................................ 39
4.6 Relação Sinal Ruído em sistemas DSB ................................................................... 40
4.7 Caracterização de ruído passa banda ....................................................................... 43
4.8 Envolvente e Fase do Ruído Passa Banda ............................................................... 44
4.9 Relação Sinal Ruído em Sistemas DSB Coerentes ................................................. 45
4.10 Relação Sinal Ruído em Sistemas SSB ............................................................... 47
4.11 Relação Sinal Ruído em AM Convencional com Detecção Coerente................. 48
4.12 Relação Sinal Ruído em AM Convencional com Detecção de Envolvente ........ 48
4.13 Desempenho dos Sistemas FM............................................................................ 51

iii
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

4.14 Exercícios propostos ........................................................................................... 55


5 Príncipios de recepção rádio ....................................................................................... 57
5.1 Introdução................................................................................................................ 57
5.2 Um pouco de história .............................................................................................. 57
5.3 Funções do receptor rádio ....................................................................................... 57
5.4 O receptor super-heterodino .................................................................................... 58
5.5 Conversor de frequência.......................................................................................... 60
5.6 Receptor com conversão dupla................................................................................ 60
5.7 Analisador de espectros ........................................................................................... 61
5.8 Sistemas de multiplexagem na frequência .............................................................. 61
5.9 Sistema de satélite (Intelsat) .................................................................................... 62
5.10 FM stereo............................................................................................................. 63
5.11 Exercícios propostos ........................................................................................... 64
6 Modulação de amplitude de pulso............................................................................... 66
6.1 Amostragem ideal ................................................................................................... 66
6.2 Teorema da amostragem periódica.......................................................................... 68
6.3 Amostragem prática – Modulação por amplitude de pulso. .................................... 68
6.4 Modulação por duração e posição de pulso............................................................. 69
6.5 Multiplexagem de sinais analógicos........................................................................ 70
6.5.1 Multiplexagem de sinais digitais ..................................................................... 72
6.6 Exercícios propostos ............................................................................................... 72
7 Modulação por código de pulsos (PCM-Pulse Code Modulation).............................. 75
7.1 Arquitectura do sistema gerador de sinais PCM ..................................................... 75
7.2 Taxa de geração de dados binários num sistema PCM ........................................... 77
7.3 Receptor PCM ......................................................................................................... 77
7.4 Erro de quantificação .............................................................................................. 78
7.5 Quantificação não uniforme .................................................................................... 79
7.6 Modulação diferencial por código de pulso ............................................................ 83
7.7 Exercícios resolvidos............................................................................................... 86
8 Códigos de Linha ........................................................................................................ 89
8.1 Introdução................................................................................................................ 89
8.2 Densidade espectral de potência de um sinal digital ............................................... 90
8.3 Calculo da densidade espectral de potência do sinal unipolar ................................ 92
8.4 Exercícios propostos ............................................................................................... 97
9 Transmissão digital em banda base ............................................................................. 99
9.1 Introdução................................................................................................................ 99
9.2 Modelo de um sistema de transmissão digital ......................................................... 99
9.3 Caracterização da informação digital .................................................................... 100
9.4 Limitações de transmissão .................................................................................... 101
9.5 Diagrama de olho .................................................................................................. 102
9.6 Ruído e erros em sistemas de transmissão digital ................................................. 103
9.7 Nível de decisão óptimo ........................................................................................ 106
9.8 Calculo da probabilidade média de erro ................................................................ 107
9.9 Filtro adaptado....................................................................................................... 111
9.10 Cálculo da Probabilidade de erro do filtro óptimo ............................................ 114
9.11 Interferência entre símbolos ............................................................................. 115
9.12 Igualação em transmissão digital ...................................................................... 118
9.13 Exercícios propostos ......................................................................................... 123
10 Bibliografia ............................................................................................................... 127
11 Guias de trabalhos práticos ....................................................................................... 128
11.1 Guia de trabalho prático: Modulação de amplitude .......................................... 128
11.2 Guia de trabalho prático: Modulação de frequência.......................................... 128
11.3 Guia de trabalho prático: Efeito do ruído nas comunicações analógicas .......... 128
11.4 Guia de trabalho prático: Probabilidade de erro em sistemas de transmissão
digitais banda base ................................................................................................................ 128

iv
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

1 Introdução

1.1 Telecomunicações

Telecomunicações, Tele do grego significa distância enquanto a palavra comunicações de


modo geral significa a troca de pensamentos, mensagens, ou informação através da fala, sinais,
escrita ou comportamento. Aqui nesta disciplina iremos focar-nos na transmissão da informação
de um ponto para o outro através de sistemas electrónicos. O prefixo Tele (distância)
actualmente pode significar uma distância muito curta por exemplo quando usamos Bluetooth
ou quando ligamos o nosso computador portátil a uma rede sem fios, por esse motivo
actualmente a área Telecomunicações está a ser substituída por muitos autores somente por
‘Comunicações’, (ver bibliografia base da disciplina).
Actualmente as telecomunicações fazem parte da nossa rotina diária, de acordo com os
dados estatísticos do International Telecommunications Union, [3] em 2008 a percentagem de
assinantes de telemóvel era 61% da população mundial. Do mesmo modo o acesso residencial
de banda larga explodiu: há 10 anos o acesso residencial típico era de 55 kbit/s, enquanto
actualmente 200 Mbit/s já podem ser oferecidos por volta de 100 euros por mês [4]. Os acessos
de banda larga actualmente suportam aplicações na internet, como por exemplo o YouTube,
MySpace, Facebook, twitter, Google earth, on-line gamming, televisão digital de alta definição,
etc.
No entanto para além do mundo das telecomunicações apercebido pelos utilizadores, para
um engenheiro de telecomunicações, há que compreender a sua tecnologia de suporte.

1.2 Organização de um sistema de comunicação

Numa primeira abordagem, podemos considerar um sistema de comunicação composto


pelos seguintes elementos funcionais, como se ilustra na Fig. 1.1.

Fonte de Destino de
informação informação

Rede e Rede e
camadas camadas
de controlo de controlo

Emissor Canal Receptor

Fig. 1.1 Elementos de um sistema de comunicação.

1
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

A fonte de informação, gera a informação que queremos transmitir: voz, música, vídeos,
ficheiros, etc. O emissor, é um termo genérico para o elemento que processa a informação
gerado pela fonte de informação de modo a que seja transmitida pelo canal de transmissão.
Nos sistemas de comunicação os sinais mensagem são transmitidos de um ponto para outro
através de um canal de transmissão. O canal de transmissão pode ser uma linha de transmissão
(como uma linha telefónica) ou simplesmente pode ser um espaço aberto no qual os sinais são
irradiados (como a transmissão por via rádio).
De modo geral os sinais não estão adaptados aos canais de comunicação, i.e. não podem ser
transmitidos directamente, há que adaptar os sinais de informação, esta adaptação pode ser feita
através da modulação dos sinais, como iremos estudar de seguida.
O receptor, tem por função converter o sinal que foi transmitido pelo canal num sinal que
possa ser compreendido pelo destinatário. O receptor tem funções que vão para além das
inversas das do emissor, deve de compensar as distorções introduzidas pelo canal de
transmissão e ainda outras funções adicionais como por exemplo sincronização e correcção de
erros de transmissão.
O destino da informação, representa o utilizador final da informação, pessoa ou máquina.
Para além destes blocos funcionais, existe ainda a rede e as camadas de controlo.
Actualmente, os sistemas de comunicação funcionam de um modo geral em rede, como por
exemplo a Internet ou a rede móvel. No funcionamento em rede, existe um elevado número de
sistemas de comunicação a partilhar os mesmos recursos por isso torna-se necessárias
funcionalidades de rede e controlo de modo a tornar eficiente a partilha de recursos.
De notar que esta primeira abordagem ao tema é muito simplista, e cheia de palavras que
estamos fartos de ouvir, mas que do ponto de vista de um engenheiro de telecomunicações têm
um significado bastante mais profunda. Por exemplo informação, o que é a informação? Como
se pode medir a informação? Qual a capacidade de de um canal necessária para transmitir uma
determinada quantidade de informação? Claude E. Shannon (1916-2001) considerado o pai da
teoria da informação, em 1948, publicou o artigo ‘A Mathematical theory of communications’
que serve de suporte às comunicações modernas. No entanto, para que as comunicações
deixassem de ser uma teoria e se tornassem a realidade actual, para além de matemáticos foram
necessários Físicos como Maxwel, Hertz, Oersted, os inventores do transístor (Bardeen,
Shockley e Brattain) e dos circuitos integrados (Kilby e Noyce) assim como sonhadores com
sentido para o negócio como Marconi e Bell.

2
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

2 Modulação analógica de portadora sinusoidal

2.1 Introdução

Nos sistemas de comunicação os sinais mensagem são transmitidos de um ponto para outro
através de um canal de transmissão. O canal de transmissão pode ser uma linha de transmissão
(como uma linha telefónica) ou simplesmente pode ser um espaço aberto no qual os sinais são
irradiados (como a transmissão por via rádio).
De modo geral os sinais não estão adaptados aos canais de comunicação, i.e. não podem ser
transmitidos directamente, há que adaptar os sinais de informação, esta adaptação é feita
modulando os sinais. O processo de modulação envolve basicamente dois sinais, o sinal
mensagem x(t), que é geralmente um sinal de banda base, e o sinal de portadora x p (t ) que é
geralmente um sinal sinusoidal de alta frequência. A modulação da portadora pelo sinal
mensagem consegue-se fazendo variar a amplitude, fase ou frequência da portadora, em
correspondência com o sinal mensagem. Este método de modulação é chamado de modulação
de onda continua (C-W continous wave).
Entre outros factores de determinam a utilização de modulação de onda continua salienta-
se:
-Radiação mais eficiente da energia electromagnética. Para que uma antena radie energia
com boa eficiência é necessário que as suas dimensões físicas sejam da ordem do comprimento
de onda do sinal a transmitir. O tamanho das antenas depende do comprimento de onda λ
( λ = c / f c= 3 × 108 m/s velocidade da luz e f frequência) da aplicação. No caso dos
telefones celulares, o tamanho típico é de λ / 4 . Considerando que queremos transmitir um
sinal de banda base com uma largura de banda de 3 kHz (voz), nesse caso o tamanho da antena
seria de λ / 4 = 25 km, impressionante!.... No entanto se se utilizasse uma portadora de 900
MHz, o tamanho da antena seria só de 8 cm, e já a poderia transportar no bolso. A transmissão
eficiente em linha de vista necessita antenas com dimensões físicas de pelo menos 1/10 do
comprimento de onda do sinal transmitido. No caso de sinais áudio, que têm componentes
significativas até 100 Hz, para que essas componentes de frequência fossem transmitidos
eficientemente seriam necessárias antenas com aproximadamente 300 km 1. No entanto este
sinal pode ser transmitido eficientemente por uma antena de aproximadamente de 1 m, se for
utilizada a modulação de frequência de uma portadora de 100 MHz.
-Maior largura de banda disponível. Os sistemas de comunicação são limitados por dois
factores, custo e hardaware. O desempenho do hardware depende da frequência a que opera,
através da modulação pode-se escolher uma gama de frequência de operação favorável. Outra
consideração é a largura de banda fraccional, que é definida como sendo a razão entre largura de
banda absoluta e a frequência central. Os custos de implementação e os problemas de
implementação podem ser minimizados se a largura de banda fracional for 1-10%. Como a
largura de banda disponível (largura de banda fracional) é uma certa percentagem da frequência

c 3 × 10 8
λ≈ = = 300 × 10 4 m
1 f 100

3
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

da portadora, quanto maior for a frequência da portadora maior será em valor absoluto o largura
de banda disponível.
-menor ruído e menor interferência. O processo de modulação pode aumentar a relação
sinal/ruído do sinal transmitido.
-utilização mais eficiente de um dado canal de transmissão por multiplex na frequência.

Banda de frequência Frequência da Largura de banda


portadora
Ondas longas 100 kHz 2 kHz
Ondas curtas 5 MHz 100 kHz
VHF 100 MHz 2 MHz
Microondas 5 GHz 100 MHz
Ondas milimétricas 100 GHz 2 GHz
Ondas ópticas 5x1014 Hz 1013 Hz

Tabela 2.1 Banda de frequências e frequências ilustrativas da porpadora e da largura de


banda.

2.2 Modulação convencional de amplitude de portadora continua

Considere a portadora sinusoidal

x p (t ) = A p cos(2πf p t ) (2.1)

onde A p é a amplitude da portadora e f p é a frequência da portadora. Para simplificar a


exposição e sem afectar os resultados e conclusões da análise optou-se por considerar a fase
inicial da portadora zero. Considera-se o sinal mensagem x(t), como sendo um sinal de largura
de banda limitada W e a amplitude do sinal x(t) é normalizada de modo que x(t ) ≤ 1 . Esta
normalização impõe um limite na potência média do sinal

∞ ( 2.2)
S x = x 2 (t ) = lim x(t ) dt ≤ 1
1

2

T →∞ T
−∞

Adicionalmente considera-se que x ( t ) = 0 . Nos sistemas de modulação de amplitude


(AM) a amplitude da portadora varia de acordo com o sinal modulante x(t):

x
AM
(t ) = A p [1 + µx(t )]cos ω p t ( 2.3)

O índice de modulação µ , é uma constante positiva. No domínio da frequência temos que:

δ (f + f p )+ δ (f − f p )+ µX ( f + f p ) + µX ( f − f p )
Ap Ap Ap Ap (2.4)
X AM ( f ) =
2 2 2 2

4
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Tempo Frequência

x(t)

X())

-W W
f
0

x(t) – sinal mensagem X(f)- espectro do sinal mensagem

1/ 1/
2 2

-fp fp
0 f

xp(t) – portadora (Ap=1) Xp(f)- espectro da portadora

Amax
Portadora
A A
Band lateral
Ap/2 inferior Ap/2
Amin
A A Band lateral
superior

-fp+W -fp -fp-W fp-W fp fp+W f


µ = 0.5 0

Amin = A p (1 + µ ) XAM(f) - espectro do sinal AM


xAM(t) – sinal AM. e [ (
X AM ( f ) = Ap (1 + µ )X ( f ) * ℑ cos 2πf p )]
Amin = A p (1 − µ )

Fig. 2.1 Análise gráfica quer no domínio da frequência como no domínio do tempo.

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A Fig. 2.1 ilustra graficamente o processo de modulação de amplitude quer no domínio


temporal quer no domínio da frequência. A amplitude da portadora xp(t) é multiplicada pelo
sinal mensagem multiplicado pelo índice de modulação µx(t ) adicionado da componente dc 1.
Se 0 < µ ≤ 1 , dado que x(t ) ≤ 1 , garante-se que (1 + µx(t )) ≥ 0 e consequentemente que a
envolvente do sinal AM corresponda a x(t). Caso µ > 1 , a situação anterior não se verifica
como se ilustra na figura.
O primeiro e segundo termos na equação (2.4) correspondem a uma portadora não
modulada de frequência fp, esta portadora não modulada não transporta informação, a potência
contida nesta portadora é potência ‘desperdiçada’, na medida que não é utilizada para transmitir
informação. No entanto, este tipo de modulação possibilita a recepção não coerente do sinal
mensagem, através do uso de um simples detector de envolvente, quando 0 < µ ≤ 1 .

µ =1 µ = 1.5

Fig. 2.2 Modulação AM com μ=1 e μ=1.5.

2.2.1 Largura de banda necessária para transmitir o sinal AM

A largura de banda necessária para transmitir um sinal AM é de 2W.

2.2.2 Desmodulação do sinal AM

Se µ ≤ 1 , é possível recuperar o sinal mensagem a partir do sinal AM através de um


detector de envolvente como se mostra na figura abaixo.

6
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

Fig. 2.3 Detector de envolvente.

Para que o detector de envolvente funcione apropriadamente deverá ser dimensionado de


1 1
modo que < Rs C < .
fp W

2.2.3 Potência do sinal AM

A potência média necessária para transmitir o sinal AM é:

(2.5)

(t ) (A 1 + µ x ( t )  cos ω p t )
2
=ST 2
=
x AM p 

Ap2 1 + µ x ( t )  cos 2 ω p t


2
=

1 1 
= Ap2 (1 + 2 µ x ( t ) + µ 2 x 2 ( t ) )  + cos 2ω p t 
2 2 

Ap (1 + µ 2 S x )
1 2
=
2

Para o calculo da potência do sinal AM considera-se que


x (t ) 0=
e que a potência do sinal mensagem x(t ) é x 2 (t ) S x . O valor médio dos
termos que multiplicam por cos 2ω p t é zero.
Para facilitar a análise da distribuição da potência do sinal AM podemos escrever

S=
T Pp + 2 PBL (2.6)

onde
1 2 1 2 2 1 2 (2.7)
=Pp =
Ap PBL = Ap µ S x µ S x Pp
2 4 2

7
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

O termo Pp representa a potência da portadora, que é transmitida mesmo quando não é


transmitido nenhum sinal mensagem. A potência transmitida nas bandas laterais, PBL dada a
condição de µ x ( t ) ≤ 1 faz com que µ 2 S x ≤ 1 , e por isso numa situação de operação normal
1
temos sempre que PBL ≤
Pp . Na situação limite a potência total transmitida é
2
P 1
ST =Pp + 2 PBL =Pp + 2 p =2 Pp , sendo a potência das banda laterais 2 PBL = ST , no
2 2
máximo metade da potência sinal do sinal AM. A potência desperdiçada na portadora é sempre
≥ que a potência total do sinal mensagem.

2.2.4 Caso particular da modulação AM

O caso particular de x ( t ) = Am cos ( 2π f mt ) , é um caso interessante já que permite uma


análise quantitativa, temos que:

x AM (=
t) (A p + x ( t ) ) cos ( 2π f p t ) (2.8)

(t )
x AM= Ap (1 + µ cos ( 2π f mt ) ) cos ( 2π f p

Am
Com o índice de modulação µ = . Aplicando regras da trigonometria à equação (4.8) ,
Ap
temos que:

x AM ( t ) =Ap cos ( 2π f p t ) + (
µ cos 2π ( f p − f m ) t + ) (
µ cos 2π ( f p + f m ) t ) (2.9)
Ap Ap
2 2

A figura abaixo representa a geração deste sinal AM quer no domínio do tempo como no
domínio do tempo.

Tempo Frequência
1

0.8

0.6 Mensagem
0.4

0.2
Amplitude

-0.2

-0.4

-0.6

-0.8

-1 -fm fm f
-1 -0.8 -0.6 -0.4 -0.2 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
Tempo

Mensagem

8
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

0.8 Portadora
0.6

0.4

0.2
Amplitude

-0.2

-0.4

-0.6

-0.8

-1
-1 -0.8 -0.6 -0.4 -0.2 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
-fp fp f
Tempo

Portadora
1.5
sinal AM

0.5
Amplitude

-0.5

-1 - fp-fm -fp - fp+fm fp-fm fp


fp+fm
-1.5
-1 -0.8 -0.6 -0.4 -0.2 0 0.2 0.4 0.6 0.8 1
Tempo

sinal AM

Fig. 2.4 Análise da modulação quer no domínio temporal quer na frequência.

2.3 Modulação de amplitude de banda lateral dupla (DSB- Double Side Band)

Um sinal modulado em amplitude de banda lateral dupla é uma portadora sinusoidal cuja
amplitude é proporcional ao sinal mensagem, x(t).

xDSB ( t ) = Ap x ( t ) cos ( 2π f p t ) (2.10)

A representação na frequência de um sinal DSB é obtida através da sua transformada de


Fourier.

(2.11)
X ( f − fp ) + X(f + f
Ap Ap
X DSB (=
f)
2 2

Onde X(f) é a transformada de Fourier de x(t). Apesar dos sinais DSB e AM serem bastante
semelhantes no domínio da frequência (com excepção da ausência da portadora no caso do sinal
DSB) o mesmo não acontece no domínio temporal, como se vê na Fig. 2.5.

9
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

A inversão de fase que se verifica sempre que x(t) cruza o zero, faz com que o sinal
mensagem não se possa recuperar através de um simples detector de envolvente.

2.3.1 Largura de banda necessária para transmitir um sinal DSB

A largura de banda necessária para transmitir este sinal é BT= 2W, onde W é a largura de
banda do sinal x(t).
A vantagem principal deste tipo de modulação é que a potência média transmitida é toda
transmitida nas bandas laterais.
A potência do sinal DSB é dada por:

1 2 (2.12)
P=
DSB 2=
PBL Ap S x
2

10
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Tempo Frequência

x(t) X(f)

-W 0 W
f

x(t) – sinal mensagem X(f)- espectro do sinal mensagem

1/ 1/
2 2

-fp fp
0
f

Xp(t) – portadora (Ap=1) Xp(f)- espectro da portadora

0.8
Portado
0.6 Band lateral ra
0.4 inferior
0.2
Band lateral
0
superior
-0.2

-0.4

-0.6
-fp-W -fp -fp+W fp-W f fp+W f
-0.8
Inversão de 0
-1 fase
0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.6 0.7 0.8
t

Sinal DSB no tempo. Sinal DSB na frequência.

Fig. 2.5 Modulação DSB com portadora suprimida.

11
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2.3.2 Desmodulador DSB coerente

y passa z
baixo

x e (t ) = x(t ) cos(2πf p
Ap cos ( 2π f p t )

Fig. 2.6 Modulação DSB com portadora suprimida.

( )
O sinal que chega ao receptor xe ( t ) = x ( t ) Ap cos 2π f p t este sinal é multiplicado por
uma réplica da portadora originando o sinal y(t). Á saída do multiplicador temos que:

z (t ) { A x ( t ) cos ( 2π f t )} A cos ( 2π f t + φ )
p p p p
(2.13)

Ap2
=
2
{x ( t ) cos ( 4π f t + φ ) + cos (φ )}
p

x (t )
= Ap2 cos (φ )
2

2.3.3 Influência da fase da portadora local

Como se viu na secção anterior é possível realizar a desmodulação coerente do sinal DSB,
mas no entanto, é necessário que no receptor se seja capaz de replicar a portadora não só em
frequência como em fase, o que não é uma tarefa fácil já que o sinal DSB é um sinal de
portadora suprimida. Iremos estudar o que acontece se a portadora local tiver a mesma
frequência que a portadora do emissor mas com uma fase diferente. Neste caso temos que:

z (t ) { A x ( t ) cos ( 2π f t )} A cos ( 2π f t + φ )
p p p p
( 2.14)

Ap2
=
2
{x ( t ) cos ( 4π f t + φ ) + cos (φ )}
p

x (t )
= Ap2 cos (φ )
2

π
O sinal à saída do receptor aparece multiplicado pelo factor cos φ , se por acaso φ = ,o
2
sinal à saída do receptor seria 0 o que seria um desastre!

12
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

2.4 Modulação de banda lateral única


(SSB- Single Side Band)

2.4.1 Produção de sinais SSB


Como se viu anteriormente, em AM convencional transmitem-se duas bandas laterais mais
uma componente correspondente à frequência da portadora. A portadora não transmite
informação, destina-se a facilitar a detecção do sinal. Por outro lado as duas bandas laterais
contêm toda a informação do sinal modulante (mensagem). Os sistemas de comunicação em que
se envia apenas uma das bandas laterais são chamados de sistemas de banda lateral única (SSB,
Single Side Band). A vantagem destes sistemas é de permitir que a largura de banda necessária
para a transmissão do sinal SSB seja metada da do sinal AM ao mesmo tempo que representam
uma poupança de potência. A principal desvantagem consiste na maior complexidade dos
respectivos emissores e receptores quando comparados com os sistemas AM convencionais.
O sinal SSB é produzido, como se mostra na Fig. 2.7, utilizando um modulador DSB
seguido de um filtro passa banda que tem por objectivo filtrar ou a banda lateral superior do
sinal ou a banda lateral inferior do sinal DSB.

Fig. 2.7 Geração de sinal SSB através da filtragem de uma banda lateral do sinal DSB.

13
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

Este método de produção de sinais SSB apresenta dificuldades de implementação, a que salta à
primeira vista é que exige um conteúdo de baixas frequências desprezável no espectro do sinal
x(t). Esta propriedade verifica-se contudo em muitos sinais com interesse prático, como por
exemplo a voz humana. A figura mostra como é possível aproveitar a zona de conteúdo de
frequências desprezável do sinal DSB para a zona de transição do filtro de banda lateral Bt.
Uma regra prática para o desenho do filtro impõe Bt>1% da frequência de corte nominal
(fp). Daqui se conclui que fp <100 Bt; como Bt é imposta pelo sinal de banda base, fp terá um
valor limitado. Por isso em emissores práticos o sinal SSB é produzido com portadoras de baixa
frequência, efectuando-se de seguida uma conversão para a frequência pretendida.

2.4.2 Descrição matemática de sinais SSB


O método descrito acima para produzir sinais SSB não é viável no caso de sinais com conteúdo
importante de baixas frequências (por exemplo, sinais vídeo). Neste caso pode-se utilizar outro
tipo de modulador SSB baseado na transformada de Hilbert.

2.4.3 Transformadas de Hilbert


Considere um filtro de quadratura, que introduz um desvio de fase de –90º em todas as
componentes de frequência positiva e +90º em todas as componentes de frequência negativa.
Como um desvio de fase de ±90º equivale a uma multiplicação por e ± j = ± j a função de
transferência do filtro de quadratura pode ser escrita através da função sign:

− j f 〉0 ( 2.15)
H Q ( f ) = − j sgn ( f ) = 
+ j f 〈0

HQ(f)

+j

0 f

-j

Fig. 2.8 Função de transferência do filtro de quadratura.

14
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

A resposta impulsional do filtro de quadratura é hQ (t ) =


1
. Se se considerar que um sinal
πt
x(t) é aplicado ao filtro de quadratura à saída teremos no temporal:

+∞
1 x (λ )
∞ ( 2.16)
y ( t ) =xˆ ( t ) =x ( t ) ∗ hQ ( t ) =∫ x (τ )hQ ( t − τ ) dτ = ∫ dλ
−∞
π −∞ t − λ

e no domínio da frequência:

− jX ( f ) ; f > 0 ( 2.17)

( f ) X=
Y= ˆ ( f )  = 0; f 0
 jX ( f ) ; f < 0

onde x̂ ( t ) é a transformada de Hilbert de x(t), e X̂ ( f ) a transformada de Fourier de x̂ ( t ) .

De seguida define-se o chamado sinal analítico:

( t ) x ( t ) + jxˆ ( t )
z= ( 2.18)

É fácil concluir que z(t) tem o seguinte espectro:

 X ( f ) + X ( f ) f > 0 2 X ( f ) f ≥0 ( 2.19)
Z ( f ) =X ( f ) + jXˆ ( f ) = =
 X ( f ) − X ( f ) f <0  0 f <0

Fazendo uso de uma das propriedades da transformada de Fourier verifica-se a seguinte


propriedade:

z (t ) e ↔ Z ( f − fp )
j 2π f p t ( 2.20)

De modo idêntico pode-se mostrar que o conjugado de z(t) tem as seguintes características:

 X ( f ) − j (− jX ( f )) f ≥0  0 f ≥0
* *

Z * ( f ) =X * ( f ) − jXˆ * ( f ) = * = *
 X ( f ) − j ( jX ( f ))
*
f < 0 2 X ( f ) f <0
( 2.21)

E ainda que

z* ( t ) e ↔ Z ( f + fp )
− j 2π f p t ( 2.22)

Com base nestes resultados conclui-se finalmente que o sinal SSB (banda lateral superior)
tem a seguinte expressão matemática:

15
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

1 ( 2.23)
xUSSB ( t )
z ( t ) e p + z* ( t ) e
j 2π f t − j 2π f p t
= 
4  
1
= Re  z ( t ) e p 
j 2π f t

2
Re ( x ( t ) + jxˆ ( t ) ) e p 
1  j 2π f t
=
2
x (t ) xˆ ( t )
= cos 2π f p t − sin 2π f p t
2 2

Com esta equação pode-se definir outro tipo de modulador SSB que não necessita de filtro
de banda lateral, sendo portanto útil para sinais com conteúdo elevado de baixas frequências.
Este modulador representa-se na figura seguinte:

Fig. 2.9 Modulador USSB.

Um problema prático na implementação do modulador SSB acima descrito consiste na


dificuldade em construir um circuito de rotação de fase de banda larga.

2.4.4 Desmodulador SSB coerente

xUSSB ( t ) x ( t ) cos ( 2π f p t ) + xˆ ( t ) sin ( 2π f p t )


=
y Filtro z
passa baixo

Ap cos ( 2π f p t )

Fig. 2.10 Desmodulador DSB coerente.

16
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

( )
O sinal que chega ao receptor é xe ( t ) = x ( t ) Ap cos 2π f p t , este sinal é multiplicado por uma
réplica da portadora originando o sinal y(t)

Á saída do multiplicador temos que:

=y (t ) {x ( t ) cos ( 2π f t ) − xˆ ( t ) sin ( 2π f t )} A cos ( 2π f t )


p p p p
(2.24)

A { x ( t ) cos ( 2π f t )} cos ( 2π f t ) − A { xˆ ( t ) sin ( 2π f t )} cos ( 2π f t )


p p p p p p

x (t ) x (t )
= Ap
2
(1 + cos 4π f p t ) − Ap
2
( 0 + sin 4π f pt )

Depois de passar pelo filtro passa baixo temos que:


Ap
z (t ) = x (t )
( 2.25)
2

ou seja o sinal mensagem que foi transmitido afectado de um factor de escala.

2.4.5 Influência da fase da portadora local

{ }
x ( t ) cos ( 2π f p t ) − xˆ ( t ) sin ( 2π f p t ) Ap cos ( 2π f p t + φ )
y (t ) = (2.26)

{ } { }
Ap x ( t ) cos ( 2π f p t ) cos ( 2π f p t ) − Ap xˆ ( t ) sin ( 2π f p t ) cos ( 2π f p
x (t ) xˆ ( t )
= Ap
2
( cos (φ ) + cos 4π f p t ) + Ap
2
( sin (φ ) + sin 4π f pt )

Depois de passar pelo filtro passa-baixo temos que:

x (t ) xˆ ( t ) ( 2.27)
=z ( t ) Ap cos (φ ) + Ap sin (φ )
2 2

Daqui se conclui que conforme φ aumenta o termo x ( t ) cos φ é atenuado e pior que isto, o
π
termo xˆ ( t ) sin φ começa a ser predominante. Para φ = apenas se detecta o termo de
2
distorção x̂ ( t ) .
No caso de sinais áudio, como o ouvido humano tem pouca sensibilidade a rotações de fase
não consegue distinguir x ( t ) de x̂ ( t ) , e portanto o sincronismo de fase não é importante. No
entanto, para outro tipo de sinais, ex: sinais digitais a falha de sincronismo é importante como se
vê pela figura.

17
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x̂ ( t )
x(t

Fig. 2.11 Sinal rectangular e sua transformada de Hilbert.

2.5 Vestígio de Banda Lateral (VSB, ‘Vestigial Side Band’)

Nesta técnica de transmissão, grande parte de uma das bandas laterais é transmitida em
conjunto com um vestígio de outra banda lateral. O sinal VSB é muito utilizado na televisão, e
certos sistemas de transmissão de dados. A largura de banda típica para transmitir um sinal VSB
é cerca de 1.25 vezes a de um sinal SSB.
O sinal é produzido por filtragem de um sinal DSB. O filtro utilizado para produzir o sinal
VSB deverá ter uma simetria ímpar em torno de fp e reposta a 50% em fp. O sinal pode ser
detectado por meio de uma detecção síncrona.

2.6 Exercícios propostos

1. Considere o sinal AM s(t)=(1+f(t))cos(2πfct) em que a frequência da portadora fc=150


kHz e f(t)=20cos(10x103πt)+20cos(5x103πt) (mensagem).

a) Represente o sinal AM s(t) no domínio da frequência e do tempo.


b) Esse sinal poderá ser desmodulado por um detector de envolvente? Justifique.
c) Qual será a saída do detector de envolvente.

2. Considere o sistema de conversão de frequência representado na figura abaixo. O sinal


de entrada s1(t) é um sinal cujo espectro está representado na figura.

18
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

Qual a frequência f0 do oscilador local e qual a função de transferência do filtro para os


casos seguintes:
a) A saída é um sinal banda base, de 0 a 1 MHz.
b) A saída é um sinal de banda lateral dupla centrado em 20 MHz.
c) A saída é um sinal de banda lateral única com as características de b).

3. Considere um amplificador com uma pequena não linearidade em que a sua


característica entrada/saída é dada por:

sout=A1 sin + A2 sin2


Considerando que sin=0.1 cos (2π2500) +0.2 cos(2π3000 t) e que a tensão de saída é filtrada
usando um filtro ideal passa banda, cuja banda passante é de 50 a 4000 Hz e ganho unitário.
Calcule a potência de saída do filtro para os termos de frequência gerados pelo amplificador
não-linear. Determine a razão entre a potência das componentes de frequência 2500 e 3000 à
saída do filtro.

4. Considere o sinal AM

xc(t)=Ac[1+µx(t)]cos(2πfct)

considerando o sinal mensagem x(t) normalizado de modo a que |x(t)|<1 e <x(t)> = 0


Calcule a potência média do sinal xc(t).

5. Uma portadora representada por 10.cos(2π x 106 t)V é modulada em amplitude por um
sinal modulador representado por 3.cos(2π x 103 t)V. Calcule:

o índice de modulação
as frequências das bandas laterais
a amplitude das bandas laterais
a percentagem da potência transmitida nas bandas laterais.

19
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

6. Um emissor de AM emite um sinal com potência de 5 kW e com um índice de


modulação de 60%. Calcule a potência transmitida na portadora e em cada banda
lateral.

7. Um emissor de AM emite um sinal com uma potência 24 kW quando modulado a


100% por
uma sinusoide. Determine a potência do sinal quando:
a) a portadora não é modulada
b) a portadora é modulada a 60%, uma banda lateral é suprimida e a portadora é atenuada de
26dB.

8. A corrente na antena de um emissor AM é de 8A quando só é transmitida a portadora, e


passa a 8,93A quando a portadora é modulada por uma sinusoide. Calcule o indice de
modulação. Calcule a corrente na antena quando a portadora for modulada a 80%.

9. Um emissor radia 9 kW quando a portadora não está modulada e 10,125 kW quando


está modulada por uma sinusoide. Se outra sinusóide modular simultaneamente a
portadora com um indice de modulação de 0,4 qual será a potência radiada.

10. Um sinal AM é descritos pela equação s(t)= [1+ µ f(t)] cos(ω0t) e (|m f(t)| <=1). A LB
de f(t) é B << f0. Considere o receptor:

a) Especifique fx, Bx, f1 e Be se se pretender uma replica de f(t) à saída.

b) Mostre qual dos três detectores reproduz f(t) à saída. Desenhe as características do filtro
correspondente. Se a resposta para o detector 2 for afirmativa qual o valor de f2 e α.

11. Um emissor de AM tem uma potência de saída de 24 KW quando modulado com µ=1.

20
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

Calcular a potência de saída quando:


a) A portadora não é modulada.
b) A portadora é modulada com µ=0.6 e se suprime uma banda lateral e se reduz a
componente da portadora de 26 dB.

1. Pretende-se produzir um sinal SSB-SC utilizando o método de filtragem. O sinal


mensagem ocupa a banda de 300-3000 Hz e a frequência da portadora é de 40 M Hz.
Suponha que estão disponíveis filtros que proporcionam uma atenuação de 40 dBs num
intervalo de 1% da frequência de corte respectiva.

Desenhe o diagrama de blocos do sistema e faça um esboço da região espectral ocupada


pelo sinal em cada ponto do sistema.

2. Um dos problemas mais delicados na detecção coerente de portadora modulada é a


produção de um sinal local com a mesma frequência e fase da portadora do sinal
recebido.

Considere um sinal DSB, mostre que o circuito representado na figura seguinte


produz à saída um sinal com a mesma frequência da portadora recebida. Qual deverá ser
a largura de banda do filtro passa-banda ?

(.)2 LPF :2
(frequência) saída
DSB

b) Ainda em relação ao circuito da figura anterior mostre que a fase do sinal nem sempre é
igual à fase da portadora de entrada. Quais os problemas que daí advêm para os sistemas
analógicos ? Como poderia evitar estes problemas ?

3. Na recepção de um sinal modulado em amplitude usando modulação DSB, a fase do


oscilador local varia ± 13º em redor do seu valor óptimo. Qual a influência deste erro de
fase na amplitude do sinal detectado.

4. Considere uma estação de rádio que emite 2 sinais x(t) e y(t).


Considere que tanto x(t) como y(t) só têm componentes de frequência no intervalo da 30 Hz
a 19 k Hz. A estação transmite na realidade o sinal

s(t)=[A+x(t)+y(t)]cos(2πfct) + [A+x(t)-y(t)]cos(2πfct)

em que fc=106 Hz e A << x(t)+y(t)

a) Desenhe o esquema de um receptor cujas saídas sejam x(t) e y(t). Considere que a fase e
a frequência da portadora são conhecidas no receptor.

21
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

b) Qual seria a saída de um receptor consistindo sómente de um detector de envolvente e


um filtro passa-baixo.

5. Um sinal de banda lateral vestigial é gerado, passando-se um sinal DSB através de um


filtro de banda lateral residual. Se a função de transferência desse filtro é a amostrada na
figura, encontre a expressão para o sinal de banda lateral vestigial resultante, quando o
sinal modulador é dado por:

f(t)= (a) A sen(100πt)


(b) A[sen(100πt) + cos(200πt)]
(c) Asen(100πt)cos(200πt)

A frequência da portadora é 10 K Hz e a amplitude da portadora é 4A. Esboce o espectro do


sinal de banda lateral vestigial resultante em cada caso.

-20 -10 -9 9 10 20
f (kHz)

22
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

3 Modulação de Fase e de Frequência

3.1 Conceitos básicos

Dada a portadora sinusoidal, com angulo


x p (t ) = A p cos(θ i (t )) ( 3.1)
A sua frequência instantânea é obtida por derivação de θ i (t ) , isto é:
1 dθ i (t ) ( 3.2)
f i (t ) =
2π dt

Quando a frequência da portadora é constante f p , a fase da portadora é:


θ i (t ) = 2πf p t + θ 0 ( 3.3)
onde θ 0 é o valor de θ i (t ) no instante t=0.
Na modulação de fase (PM, Phase Modulation), θ i (t ) varia linearmente com o sinal
mensagem x(t):
θi (t ) = 2πf pt + θ 0 + Kθ x(t ) ( 3.4)

Temos então o sinal PM, considerando θ 0 = 0 :


x p (t ) = Ap cos(2πf pt + Kθ x(t )) ( 3.5)

Na modulação de frequência (FM, Frequêncy Modulation), a frequência instantanea varia


linearmente com x(t), obtendo-se:

i (t )
ω= i (t )
2π f= 2π f p + 2π K f x ( t ) ( 3.6)

Tem-se então que:


t t ( 3.7)
θi (t ) = ∫ ωi (t )dt =2πf pt + θ 0 + ∫ K f x(t )
t0 t0

E o sinal FM:
 t  ( 3.8)
=x p ( t ) Ap cos  2π f p t + 2π K f ∫ x ( t ) 
 
 t0 

3.2 Relação entre PM e FM

A figura abaixo compara sinais PM e FM, quando o sinal mensagem é uma sinusoide.

23
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

Mensagem

Sinal PM

Sinal FM

Fig. 3.1 Comparação de sinal PM com sinal FM.

Apesar de muito semelhantes a modulação FM apresenta em relação à modulação PM


characteristicas de desempenho superiores na presença de ruído e será portando analisada em
pormenor.

3.3 Análise espectral de sinais FM

Considere o sinal mensagem, x(t):

x(t ) = Am cos(2πf m t )
( 3.9)

24
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

A frequência instantânea do sinal FM correspondente é:


f ( t=
i ) f + K A cos ( 2π f t )
p f m
( 3.10)
m

= f p + ∆f cos ( 2π f mt )

onde
∆f =K f Am ( 3.11)

∆f é o desvio de frequência, que representa o desvio máximo de frequência ao redor da


portadora fp. A característica fundamental de um sinal FM é que o desvio de frequência ∆f é
proporcional à amplitude do sinal mensagem e independente da sua frequência. O ângulo do
sinal FM

∆f ( 3.12)
θ i (t ) = 2πf p t + sin (2πf m t )
fm

∆f
A razão = β , é o índice de modulação. β é medido em radianos.
fm

O sinal FM pode então escrever-se do seguinte modo:

[
x FM (t ) = Ap cos 2πf p t + β sin (2πf m t ) ] ( 3.13)

A modulação de frequência por se tratar de um processo não linear, não é de fácil análise no
domínio da frequência, por se tratar a sua análise quantitativa só é possível em particulares,
como quando o sinal mensagem é uma sinusoide, nesse caso podemos escrever:

exp ( 2π f p t + β sin ( 2π f mt ) ) + p exp ( −2π f p t − β sin ( 2π f mt ) )


Ap A
xFM ( t )
=
2 2

= p exp ( 2π f p t ) exp ( β sin ( 2π f mt ) ) + p exp ( −2π f p t ) exp ( − β sin ( 2π f m


A A
2
   2 
Termo associado com as componentes positivas de frequência Termo associado com as componentes positivas de frequên

( 5.14)

Concentrando-se só com os termos associados à frequência positiva


exp ( j β sin ( 2π f t ) )
m
( 3.14)
Verificamos que é um sinal periódico com período 1/fm e portanto em príncipio pode ser
representado por uma série de Fourier

exp ( j β sin ( 2π f mt ) ) = ∑ cn exp ( jn 2π f mt ) ( 3.15)


n

25
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

Os coeficientes cn correspondem às funções de Bessel

cn = J n ( β ) ( 3.16)

As funções de Bessel foram estudadas por Bessel (1784-1846) no âmbito dos seus estudos
sobre o movimento dos planetas, são funções que se encontram calculadas para diferentes
valores de n (ordem da função) e β (argumento da função).
π
1
Jn ( β ) =
j ( β sin λ − nλ )

2π −
∫π e dλ

Deste modo o sinal FM pode ser escrito como:

∑ J (β ) cos[2π ( f ]

+ nf m )
( 5.18)
x FM (t ) = Ap n p
n = −∞

Cuja transformada de Fourier é:


∞ ( 3.17)
∑ J ( β ) δ ( f − f − nf m ) + δ ( f + f p + nf m
Ap
X FM ( f )
= n p
2 n = −∞

que se encontra representada abaixo.

Fig. 3.2 Espectro do sinal FM.

O espectro de um sinal FM depende directamente das funções de Bessel. Para entender


melhor o comportamento das funções de Bessel iremos analisar o seu comportamento e as suas
propriedades mais relevantes:

26
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

Fig. 3.3 Funções de Bessel.

Algumas propriedades das funções de Bessel:

Se β<<1
J0 ( β ) ≅ 1
β
J1 ( β ) ≅
2
Jn ( β ) ≅ 0 n ≥ 2

3.4 Largura de banda necessária para a transmissão de sinais FM

Teoricamente, um sinal FM contém um número infinito de riscas espectrais, por isso a


largura de banda necessária para a sua transmissão é infinita. No entanto, na prática a potência
do sinal está concentrada num número finito de riscas, vejamos alguns exemplos:

0.5

0.45
β = 0.5
0.4

0.35

0.3

0.25
fm
0.2

0.15

0.1

0.05

0
fp

27
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

0.35

0.3
β = 2.0

0.25

0.2

0.15 fm

0.1

0.05

0
fp

0.16

0.14
β = 10.0

0.12

0.1

0.08

0.06

0.04

0.02

0
fp

Fig. 3.4 Espectro do sinal FM com fm constante e β variável, as riscas não representadas
tem reduzida amplitude. Só está representado na figura o eixo positivo das frequências.

∆f
Como β = , tendo em conta que fm é constante para todos os casos representados na
fm
figura, elevado corresponde a um desvio máximo de frequência ,f, elevado e a uma
largura de banda elevada.

3.4.1 Regra de Carson:

 1 ( 3.18)
BT = 2∆f + 2 f m = 2∆f 1 +  = 2 f m (1 + β )
 β

Significa que o número de riscas a considerar é de β+1 para cada lado da portadora.

28
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

3.4.2 Critério da potência:

Considera-se um número de ricas N tal que a potência contida nestas riscas seja 98% do
total da potência do sinal.

N
Basta calcular N para que ∑ J ( β ) ≥ 0.98
n= − N
2
n

∑ J (β ) =1
n = −∞
2
n
dado que

3.4.3 Critério apresentado no livro de Haykin:

É baseado na amplitude das riscas. Segundo este critério o número de riscas a transmitir é
calculado de forma que todas as riscas excluídas tenham amplitude inferior a 1% da amplitude
da risca da portadora quando não modulada. Este critério é mais pessimista que a regra de
Carson

No caso geral, com um sinal modulador arbitrário não existe solução teórica para o caso
geral. Costuma usar-se uma aproximação que consiste em usar para o cálculo da largura de
banda um sinal sinusoidal com frequência igual à frequência máxima do sinal modulador W.
Assim calcula-se o parâmetro = f/W, em que  é f o desvio de frequência máximo
pretendido.

3.4.4 Exemplo: FM comercial

W = 15kHz
BT = 2(75+15) = 180kHz (Carson)
BT = 3,2x 75kHz = 240 kHz (Haykin)
Na prática utiliza-se, com bons resultados, a banda para cada estação de 200 kHz.

Em TV o som é FM com f = 50kHz

3.5 FM de banda estreita


O sinal FM pode ser escrito como:

[ ]
x FM (t ) = Ap cos 2πf p t + β sin (2πf m t )

Com base no valor de β, são normalmente definidos dois tipos de modulação FM


FM de banda-estreita, se β for pequeno ~1 rad;
FM de banda-larga, para valores elevados de β (superiores a 1 rad).
Utilizando a relação trignométrica

29
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

cos( A + B ) = cos A cos B − sin A sin B ( 3.19)


A equação pode ser reescrita da seguinte forma:

x FM (t ) = Ap cos(2πf p t )cos[β sin (2πf m t )] − Ap sin (2πf p t )sin[β sin (2πf m ( 3.22)

Considerando β muito pequeno (~1 rad) podemos efectuar as seguintes aproximações:


cos[β sin (2πf m )] ≅ 1 ( 3.23)
sin [β sin (2πf m t )] ≅ β sin (2πf m t )
Com estas simplificações a equação ( 3.22) pode ser reescrita do seguinte modo:

( ) ( )
x NFM (t ) = Ap cos 2πf pt − βAp sin 2πf pt sin (2πf mt ) ( 3.24)

Fig. 3.5 Emissor FM de banda estreita.

NFM ( t )
x=
1
2  ( ) (
Ap cos ( 2π f p t ) − β Ap cos 2π ( f p − f m ) t − cos 2π ( f p + f m ) t

Foi utilizada a igualdade trignométrica


1
=
sin A sin B cos ( A − B ) − cos ( A + B )
2

A transformada de Fourier de xNFM(t) é dada por

30
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

X NFM ( f ) =
Ap
2
[δ ( f − f ) + δ ( f + f )] +
p p

1
4
[
βAp − δ ( f − f p + f m ) − δ ( f + f p − f m ) + δ ( f − f p − f m ) + δ ( f + f p + f m ) ]
Largura de banda necessária para transmitir o sinal FM de banda estreita BT=2fm

Falta representar o gráfico… fazer como exercício.


O emissor de FM de banda estreita representado na figura, é muito semelhante a um emissor
AM, no entanto esta implementação só é válida para sinais FM com β muito pequeno. Um
método utilizado para gerar FM de banda larga é 1º gerar um sinal FM de banda estreita e de
seguida utilizar um multiplicador de frequência.
Um multiplicador de frequência é um dispositivo não linear desenhado de modo a
multiplicar a frequência do sinal de entrada por um determinado factor. Por exemplo a
característica entrada-saída de um dispositivo de lei quadratica é:
xo ( t ) = axe2 ( t )
Se o sinal de entrada for o sinal FM
(
xe (t ) = Ap cos ω pt + β sin ω mt )
A saída do dispositivo de lei quadratica

(
xo (t ) = aA2p cos 2 ω pt + β sin ω mt = ) 1 2
2
[ (
aAp 1 + cos 2ω pt + 2 β sin ω mt )
O primeiro termo é uma componente DC que pode ser fácilmente eliminada por um filtro, a
segunda componente é um sinal FM com frequência de portadora o dobro da do sinal FM de
entrada e índice de modulação também o dobro do índice de modulação do sinal de entrada. De
modo análogo podemos concluir que depois de um sinal FM de banda estreita passar por n
dispositivos de lei quadratica, obtemos um sinal FM com freuquência de portora nfp e índice de
modulação nβ. Os multiplicadores de frequência ao mesmo tempo que aumentam o índice de
modulação também aumentam a frequência da portadora, como consequência pode acontecer
que para que se consiga um determinado (elevado) índice de modulação se obtenha uma
frequência de portadora extremamente elevada e fora da gama de frequências pretentida, para
evitar este problema utiliza-se conversores de frequência, que têm por função transladar a
frequência mas mantendo intacto o índice de modulação. Este método de geração de sinais FM é
o chamado método indirecto que se encontra representado na Fig. 3.6.
x

Fig. 3.6 Gerador FM de banda larga, método indirecto.

31
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

3.5.1 Método directo


No método directo utiliza-se um dispositivo cuja frequência varie linearmente com a
amplitude do sinal aplicado como é o caso do (VCO-Voltage controlled oscillator). Neste caso é
necessário um controle preciso da frequência do oscilador. Esta necessidade de controlo preciso
de frequência do oscilador é um dos inconvenientes deste tipo de modulador. Contudo, o FM
directo apresenta a vantagem de não ser necessário um factor de multiplicação elevado como
acontece no FM indirecto, nem necessita de conversão de frequência.

3.6 Desmodulação de sinais FM

A desmodulação de um sinal FM requer um dispositivo que produza um sinal cuja


amplitude seja uma função linear da frequência instantânea do sinal de entrada. Esta função
pode ser realizada utilizando a resposta em frequência de um circuitos que apresente uma
resposta linear na gama de frequências de interesse, como se mostra na figura abaixo.

Sinal FM Resposta do circuito Sinal de Saída

fmin f
fmi fmax fmax

Fig. 3.7 Esquema ilustrativo do funcionamento do desmodulador FM.

Como se pode ver na figura variações de frequência à entrada do circuito são transformadas
em variações de amplitude à saída do circuito. O circuito que realiza desmodulação de
frequência (também conhecido por descriminador), muitas vezes também é sensível a variações
de amplitude do sinal de entrada. Como o sinal à entrada do desmodulador varia não só em
frequência como também em amplitude (considere por exemplo as oscilações de amplitude
introduzidas pelo ruído aditivo) e como o discriminador é normalmente também sensível a
variações de amplitude normalmente é utilizado um andar limitador antes do descriminador de
modo a reduzir as variações de amplitude.
Nível de saída

Nível de entrada

Fig. 3.8 Resposta do discriminador incluíndo um andar limitador.

A característica ideal de circuito desmodulador é uma linha recta, na prática circuitos com
uma função característica como se mostra na Fig. 3.7 são suficientes. O intervalo utilizável é o
que apresenta características lineares.

32
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

f f
f
1

Fig. 3.9 Curva característica de um desmodulador FM

3.7 Exercícios propostos

1) Um sinal, m(t)=sin(9x103πt), é modulado em frequência. Se a frequência da portadora é


de 100 MHz e o desvio máximo da frequência de 5 kHz.

a) Qual o índice de modulação do sinal FM.


b) Represente o sinal FM no domínio temporal e na frequência.
c) Qual a largura de banda necessária para transmitir o sinal? Justifique.
d) Considerando a sua resposta à alínea c). Qual a percentagem de potência do sinal que é
efectivamente transmitida.
d) Como é produzido um sinal FM.
e) Descreva um demodulador FM.

2) Um sinal modulado em angulo é descrito pela equação

s(t)=10 cos(2 x 106 π t + 10 cos( 2000 π t))

Encontre:

a) A potência do sinal modulado.


b) O desvio máximo de frequência.
c) O desvio máximo de fase.
d) A largura de banda necessária para transmitir o sinal sinal.
e) É possível determinar se este é um sinal modulado em frequência ou fase?

3) Considere o seguinte sinal FM

33
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

( )
xFM (t ) = 10 cos 2 × 107 πt + 3 sin (1000πt )
Represente o sinal no dominio temporal e na frequência.
Qual a largura de banda necessária para transmitir este sinal.
Considere que o sinal é transmitido atravéz de um canal cuja função de transferência se
encontra representada abaixo. Qual a percentagem de potência que é transmitida ?

4) Queremos transmitir 20 canais de voz usando um canal de transmissão com uma grande
largura de banda. Sabendo que um canal de voz está concentrado predominantemente nas
frequências
300 Hz < |f| < 3.4 k Hz. Considere uma banda de guarda entre canais de 200 Hz. Qual a
largura de banda se a modulação usada for SSB? Justifique.

5) Um sinal, m(t)=sin(20x103πt), é modulado em frequência. Se a frequência da portadora é


de 100 MHz e o desvio máximo da frequência de 5 kHz.

a) Qual o índice de modulação do sinal FM.


b) Represente o sinal FM no domínio temporal e na frequência.
c) Qual a largura de banda necessária para transmitir o sinal? Justifique.
d) Considere que o sinal é transmitido por um canal passa banda, cuja função de
transferência se encontra representado abaixo. Qual a percentagem de potência que é
transmitida?

6) Considere PM de banda larga gerado por um sinal sinusoidal s (t ) = Am cos(2πf mt ) ,


utiliando-se um modulador com sensibilidade de fase kp radianos por volt.
a) Mostre que se o desvio máximo da fase do sina PM for 1 radiano, a largura de banda do
sinal PM varia linearmente com a frequência fm.

34
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

b) Compare as caracteristicas deste sinal PM de banda larga com a de sinal FM de banda


larga.

7) A Fig. Abaixo mostra o diagrama de blocos de um analisador de espectro de tempo real,


a funcionar de acordo com o principio da modulação de frequência. Um dado sinal g(t) e um
sinal modulado na frequência s(t) são aplicados a um multiplicador cuja saída passa por um
filtro cuja resposta impulsional é dada por h(t).

(
s (t ) = Am cos 2πf c t − πkt 2 )
h(t ) = Am cos(2πf t + πkt )
c
2

ké uma constante.
Mostre que a envolvente do sinal à saída do filtro é proporcional à amplitude do
espectro do sinal g(t) com kt a variar de acordo com a frequência.

g(t) Filtro saída

s(t)

Formulário

Funções de Bessel de ordem n=0,1,2,3,4,5,6,7,8,9,10.

1
0

1
0.5 2
3
4 5
6 7 8 9 10
Jn(x)

-0.5
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20
x

35
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

4 Desempenho de Sistemas de Transmissão Analógicos na Presença de Ruído

4.1 Introdução

O ruído tem um papel fundamental no desempenho de um sistema de telecomunicações e na


qualidade que lhe está associada. Nos sistemas analógicos, um dos parâmetros fundamentais de
qualidade é a relação sinal-ruído, definida como a razão entre a potência do sinal e a potência do
ruído num dado ponto do sistema.
O ruído num sistema de telecomunicações poder ter diferentes origens. Pode ser devido a
outros sistemas de telecomunicações, como por exemplo acontece, em certas condições, entre
pares telefónicos. Este tipo de ruído é habitualmente designado por diafonia (em inglês cross-
talk). Interferência, ocorre sobretudo em sistemas de comunicação sem fios, devido a outros
sistemas que operem na mesma frequência ou em frequências vizinhas. Existem outras fontes de
ruído naturais, como as descargas atmosféricas das trovoadas, e fontes de ruído com origem em
equipamentos feitos pelo homem, entre os quais os electrodomésticos e os motores de explosão,
que afectam principalmente os sistemas que operam em frequências inferiores a cerca de 30
MHz.
Ainda que fosse possível isolar um sistema de telecomunicações de todos os tipos de ruído
já referidos, manter-se-ia o ruído inerente aos movimentos aleatórios dos electrões nos
condutores, ruído térmico, que só se anula à temperatura do zero absoluto.

4.2 Ruído Térmico

A teoria cinética das partículas diz que a energia média de uma partícula à temperatura
absoluta de T é proporcional a kT em que k é a constante de Boltzman. Quando uma resistência
de valor R está a uma temperatura T, o movimento aleatório dos electrões produz uma tensão
aleatória de ruído n(t) aos seus terminais. O ruído térmico é portanto causado pela sobreposição
de um grande número de acontecimentos aleatórios pelo que só é possível a sua caracterização
em termos estatísticos.
De acordo com o teorema do limite central n(t) possui uma fdp (função densidade
probabilidade) gaussiana pN(n) ;
− ( n − mn )2 ( 4.1)
1
e σn
2
p N (n ) =
2πσ n 2

mn = n = 0
2(πkτ ) 2
σ n2 =n =
2
R Volt 2
3h
Onde a temperatura τ é medida em º Kelvin e
k = 1.38 x10 −23 Joules/Kelvin = constante de Boltzma
h = 6.60 x10 −34 Joules.segundo = constante de Planck

36
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

A presença da constante de Plank na equação anterior indica que se trata de um resultado


obtido através da mecânica quântica. Através da mecânica quântica também é possível mostrar
que a densidade espectral de potência do ruído térmico é dada por,
hf KT ( 4.2)
N ( f ) R ≈ 2 RkT (1 − ) Volt 2 /Hz para f <<
2

2kT h
Na prática usa - se a aproximação
N ( f ) R ≈ 2 RkT Volt 2 /Hz
2

4.3 Ruído Gaussiano de Banda Larga

Para além do ruído térmico, muitos outros tipos de ruído tratados em telecomunicações
também obedecem também são gaussianos (têm uma f.d.p (função densidade probabilidade
gaussiana) e têm uma densidade espectral de potência constante numa grande largura de banda
(branco por analogia com a luz).

Fig. 4.1 (a) Função densidade probabilidade gaussiana. (b) Densidade espectral de
potência.

A densidade espectral de potência do ruído Gn ( f )


η ( 4.3)
Gn ( f ) = N ( f ) =
2
watt/Hz
2

combinação de todas fontes de ruído (incluindo o térmico

o termo ½ evidencia que se trata de uma densidade espectral de potência de banda lateral
dupla. A partir da transformada de Fourier de Gn ( f ) , obtêm-se a função de auto correlação do
ruído;
+∞ η jωτ η ( 4.4)
Rn (τ ) = ∫ e df = δ (τ )
−∞ 2 2

Assim, Rn (τ ≠ 0) = 0 , por isso quaisquer duas amostras de um ruído branco gaussiano são
não-correlacionadas e por isso estatisticamente independentes.

37
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

No nosso estudo, para além de considerar que o ruído introduzido no sistema é branco e
Gaussiano (AWGN-Additive White Gaussian Noise), n(t), de média nula e variância σ 2 com
função densidade probabilidade:
n2 ( 4.5)

p N (n ) =
1 2σ 2
e
2πσ 2

também iremos considerar que resulta de um processo aleatório ergódico e estacionário.

4.4 Revisão

Considere um conjunto de formas de onda correspondentes à emissão de diferentes mensagens


por uma fonte de informação, s1 (t ), s2 (t )..., si (t ) . A mensagem concreta que é emitida a cada
instante é desconhecida à priori, sendo portanto imprevisível a forma de onda que irá ser
produzida. O conjunto de todas formas de onda geradas pela fonte é representado formalmente
por S(t,a). Cada elemento do conjunto é designado por função amostra corresponde a
determinado sinal for exemplo si(t)= s(t,ai). O argumento fulcral que se faz de S(t,a) é a
consideração de que quando se está a observar uma função amostra não se sabe quais das
amostras de trata. Num instante t1 pode ocorrer um qualquer do conjunto dos valores possíveis
s(t1,a) o que significa que s(t1,a) constitui uma variável aleatória que toma valores definidos por
s(t1,a1), s(t1,a2),…, s(t1,ai)…
s(t2,a) constitui outra variável aleatória…

Fig. 4.2 Forma de onda num sinal S(t,a).

4.4.1 Processos aleatórios

Um processo aleatório S(t)=S(t,a) não é mais que uma família de sinais s(t1), s(t2),
s(t3),....s(ti) ., designados por funções amostra, cujas funções densidade de probabilidade (fdp)
descrevem o processo aleatório nos respectivos instantes de tempo
∞ ( 4.6)
p ( s1 (t1 ) ≤ A) = ∫ p ( s1 )ds1
−∞

38
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

4.4.2 Processos estacionários e ergódicos

Um processo aleatório estacionário é aquele cujas características permanecem invariantes


no tempo. Translação na origem dos tempos para o conjunto de sinais amostra {s(t,ai)} não
afecta os valores das médias estatísticas.
O conceito de ergocidade pressupõe que existe equivalência, para largos valores de tempo,
entre as médias de estatísticas e as médias temporais.
E[ s(t )] = s = m s
E[ s 2 (t )] = s 2 = m s 2 + σ s2
m s e σ s2 são a média e variância
do processo aleatório s(t )
T
2
si (t )] = E[ s(t )] = lim
T →∞ T
∫ s (t )dt
i

-
2
T
2
si 2 (t )] = E [ s 2 (t )] = lim ∫s (t )dt = S
2
i
T →∞ T
-
2

média estatística
E[ ] média temporal.

4.5 Relação Sinal Ruído sinal de banda base


Iremos considerar como referência um sistema de comunicação que transmite um sinal x(t)
na banda base sem qualquer tipo de modulação. x(t) é um sinal de largura banda W e
normalizado tal que:
x(t ) ≤ 1 S x = x 2 = x 2 (t ) ≤ 1

Fig. 4.3 Sistema de transmissão banda base.

39
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

O canal de transmissão, é um canal ideal que não introduz distorção, no entanto adiciona
ruído branco com densidade espectral de potência G n ( f ) = η / 2 . O sinal recebido é uma
versão atenuada de x(t). À entrada do receptor tem-se um filtro passa-banda que iremos ideal
(rectangular) para simplificar os cálculos com uma largura de banda W. O sinal à saída do
receptor:
z (t ) = x(t ) + n f (t ) ( 4.7)

Neste caso considerou-se que o sinal não é atenuado e n f (t ) é o ruído branco depois de
passar pelo filtro passa baixo de largura de banda W
A potência do sinal no receptor S r = S x
A potência do ruído à saída do receptor é

W
η ( 4.8)
Nr = ∫ H r ( f ) df = ηW
2

−W
2
A relação sinal ruído (RSR) no receptor é
Sr ( 4.9)
RSR = =γ
ηW
O parâmetro γ - Gamma representa a relação sinal ruído de um sistema de transmissão
analógico em banda de base. Iremos usá-lo como termo de comparação dos desempenhos dos
restantes sistemas de transmissão. De notar que ηW é a potência de ruído considerando um
filtro passa baixo com largura de banda W.

4.6 Relação Sinal Ruído em sistemas DSB

A figura abaixo representa um sistema DSB

Fig. 4.4 Sistema de transmissão DSB.

40
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

Espectro do sinal mensagem

|X(f)|

-W 0 W f

Espectro do sinal DSB xDSB(t)

|Xe(f)|

0 fp-W fp f
fp+W

Função de transferência do filtro de Frequência Intermédia

|H(f)|
1

-fp-W fp -fp+W 0 fp-W fp f


fp+W

41
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

Densidade espectral de potência do ruído branco

Densidade espectral de potência à saída do filtro FI

42
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

4.7 Caracterização de ruído passa banda

O ruído passa banda npb(t) é uma função amostra de um processo gaussiano estacionário e
ergódico

n pb = 0 n pb = σ n2 pb = N r
2

Podemos descrever nqb(t) em termos de componentes em fase nI (t ) e quadratura nQ (t )

n pb (t ) = nI (t )cos ω pt − nQ (t )sin ω pt ( 4.10)

As duas componentes nI (t ) e nQ (t ) , são variáveis aleatórias gaussianas conjuntas.


Descrevendo o ruído passa banda em termos de amplitude e fase aleatórias

n pb (t ) = rn (t )cos(ω pt + φn (t )) ( 4.11)
[
= rn (t ) cos ω pt cosφ n (t ) − sin ω pt sinφ n (t ) ]
= nI (t )cos ω pt − nQ (t )sin ω pt

onde
nI (t ) = rn (t )cos φn (t ) ( 4.12)
nQ (t ) = rn (t )sin φn (t )
As funções n i (t ) e n q (t ) , são as funções banda base que ocupam a largura de banda
f ≤ W , de modo que quando estas funções são moduladas usando DSB, nas portadoras seno
e coseno, o ruído passa banda resultante ocupa a largura de banda f p − W ≤ f ≤ f p + W
A potência do ruído

n(t )
2
= (n (t )cos ω t ) + (n (t )sin ω t )
Q p
2
I p
2
− 2nQ (t )nI (t )sin ω pt cos ω pt ( 4.13)

nQ (t ) + nI2 (t )
1 2 1
=
2 2

A potência associada às componentes em fase e quadratura é idêntica, temos que:


P = P = n2 = n2 ( 4.14)
nI nQ I Q

e portanto:

η ( 4.15)
n 2 = nI2 = nQ2 = 2 × × 2W = 2ηW
2

43
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

Assim, temos que a densidade espectral de potência das componentes na banda base nI (t ) e
nQ (t )
Gn I ( f ) = GnQ ( f ) = η ( 4.16)

4.8 Envolvente e Fase do Ruído Passa Banda

[
rn (t ) = nI2 (t ) + nQ2 (t )] 1/ 2 ( 4.17)

 nQ (t )
φn (t ) = tan −1  
 nI (t ) 

A envolvente rn (t ) e a fase φn (t ) são ambas funções amostras de processos aleatórios passa-


baixo. As funções densidade de probabilidade de rn (t ) e φn (t ) podem ser obtidas a partir das the
nI (t ) e nQ (t ) . Considerando que NI e NQ representam as variáveis aleatórias obtidas por
observação (num determinado instante fixo) dos processos aleatórios representados pelas
funções amostra nI (t ) e nQ (t ) respectivamente. De notar que NI e NQ são variáveis aleatórias
independentes Gaussianas com média nula e variância σ2, por isso a função densidade
probabilidade conjunta é dada por:
 n2 + n2  ( 4.18)
f N I , N Q (nI , nQ ) =
1
exp − I 2 Q 
2πσ 2
 2σ 
Assim, a probabilidade do evento conjunto de NI se encontrar ente nI e nI+dnI e NQ se
encontrar entre nQ e nQ+dnQ, que corresponde à área tracejada na figura, é dada por:
 nI2 + nQ2 
f N I , N Q (nI , nQ )dnI dnQ =
1
exp − dnI dnQ

( 4.19)
2πσ 2  2 σ 2

Fig. 4.5 Ilustração do ruído passa banda. (a) Em termos coordenadas componentes
em fase versus componente em quadratura. (b) Em termos da envolvente e fase.

44
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

Usando a transformação
nI = rn cos(φn ) ( 4.20)
nQ = rn sin (φn )

No limite as duas áreas incrementais são iguais e dadas por:


dnI dnQ = rn sin( dφn )drn ≈ rn dφn drn ( 4.21)

Considerando as duas variáveis aleatórias R e Ψ obtidas por observação, num dado


instante, o processo aleatório representado pela envolvente r(t) e fase ψ (t ) , respectivamente.
Substituindo as equações (3.22) e (3.23) em (3.21), encontra-se a probabilidade das variáveis
aleatórias R e Ψ se encontrarem conjuntamente na área a sombreado
r  r2  ( 4.22)
exp − drdψ
2 
2πσ 2  2σ 

Isto é, a função densidade probabilidade conjunta de R e Ψ é:


 r2  ( 4.23)
f R , Ψ (r ,ψ ) =
r
exp − 2 
2πσ 2  2σ 
Esta função densidade probabilidade não depende do ângulo ψ o que significa que as
variáveis aleatórias R e Ψ são estatisticamente independentes. Por isso f R , Ψ (r ,ψ ) , pode ser
expressa como o produto de f R (r ) por f Ψ (ψ ) . Particularmente, a variável aleatória Ψ que
representa a fase é uniformemente distribuída no intervalo 0 a 2π , como se mostra em;
1 ( 4.24)
 , 0 ≤ ψ ≤ 2π
f Ψ (ψ ) =  2π
 0, outros valores
Deste modo para a função densidade da variável aleatória R resta
 1  r 2
 ( 4.25)
 exp − 2 , r≥0
f R (r ) = σ 2  2σ 

 0, outros valore

onde σ 2 é a variância do sinal original passa banda n pb (t ) . f R (r ) é a distribuição de


Rayleigh.

4.9 Relação Sinal Ruído em Sistemas DSB Coerentes

Agora que já sabemos caracterizar o ruído passa banda, estamos em condições de terminar a
análise do desempenho de um sistema DSB coerente.

45
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

Fig. 4.6 Desmodulador DSB coerente.

O primeiro bloco do receptor é o Filtro FI (Frequência intermédia), localizado à frequência


fp e largura de banda 2W. A função deste filtro é filtrar o ruído banco introduzido pelo canal e
deixar passar inalterado o sinal.
S
Para realizar a análise da relação sinal ruído à entrada do receptor,   , consideramos a
 N R
relação potência do sinal recebido Sr e o a potência do ruído nos vários pontos do receptor.

( )
O sinal que chega ao receptor é xDSB (t ) = x(t )cos 2πf pt , cuja potência é S r =
Sx
, a
2
relação sinal ruído à saída do filtro IF é

S S γ ( 4.26)
RSR R =   = r =
 N  R 2ηW 2

Á saída do multiplicador temos que,

y (t ) = {x(t )cos(2πf t ) + n(t )}cos(2πf t )


p p

= {x(t )cos(2πf t ) + n (t )cos ω t − n (t )sin ω }cos(2πf t )


p I p Q p p

=
x(t ) + n (t )
I
(1 + cos 4πf t ) − n (t ) sin 4πf t
p
Q
p
2 2
( 4.27)

Depois da filtragem pelo filtro passa baixo temos:

( 4.28)
z (t ) = x(t ) + nI (t )
1 1
2 2

46
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

A Relação Sinal Ruído

( 4.29)
x (t )
1 2
S S
RSR = 4 = x = r =γ
nI (t ) 2ηW ηW
1 2
4

Definindo Figura de Mérito do receptor como


RSR D ( 4.30)
Figura de Mérito =
RSR R

Para DSB temos


Figura de Mérito = 1

4.10 Relação Sinal Ruído em Sistemas SSB

Sx
Antes do multiplicador a potência do sinal SSB é S r =
4

Sr ( 4.31)
RSR = =γ
ηW

Depois do multiplicador

y (t ) =  x(t )cos(2πf pt ) + j xˆ (t )sin (2πf pt ) + n(t ) cos(2πf pt )


1 1 
 2 2 
=  x(t )cos(2πf pt ) + j xˆ (t )sin (2πf pt ) + nI (t )cos ω pt − nQ (t )sin ω p  cos(2πf pt )
1 1 
 2 2 
nQ (t )
 x(t ) + nI (t )(1 + cos 4πf pt ) −
11 
= sin 4πf pt + jxˆ (t )sin 4πf pt
22  2

( 4.32)

Depois do filtro passa baixo


x(t ) nI (t ) ( 4.33)
z (t ) = +
4 2

A potência de ruído à saída do filtro FI de largura de banda W é ηW , e tendo em conta a


representação do ruído passa banda em termos de componentes em fase e quadratura, temos
que:

η ( 4.34)
n 2 = nI2 = nQ2 = 2 × × W = ηW
2

47
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

Assim, temos que a densidade espectral de potência das componentes na banda base nI (t ) e
nQ (t )
η ( 4.35)
Gn I ( f ) = GnQ ( f ) =
2

( 4.36)
z (t ) = x(t ) + nI (t )
1 1
4 2

A Relação Sinal Ruído

( 4.37)
x (t )
1 2
S S
RSR = 16 = x = r =γ
nI (t ) 4ηW ηW
1 2
4

4.11 Relação Sinal Ruído em AM Convencional com Detecção Coerente

A potência do sinal AM S r =
1
(1 + S x )
2
y (t ) = {(1 + µx(t )) cos(2πf t ) + n(t )}cos(2πf t )
p p

= {(1 + µx(t ))cos(2πf t ) + n (t )cos ω t − n (t )sin ω }cos(2πf t )


p I p Q p p

=
(1 + µx(t )) + n (t ) (1 + cos 4πf t ) − n (t ) sin 4πf t
I Q
p p
2 2
( 4.38)

Tendo em conta que para além do filtro passa baixo também a componente contínua é
eliminada

( 4.39)
µ x(t )2 µ 2 S
1 2
S
RSR = 4 = x
= r =γ
nI (t )
1 2 2ηW ηW
4

4.12 Relação Sinal Ruído em AM Convencional com Detecção de Envolvente

Na modulação AM convencional tanto a portadora como as duas bandas laterais são


transmitidas
x (t ) = A [1 + µx(t )]cos ω pt
AM p
( )
( 4.40)

48
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

De acordo com a figura


S
=
(
Ap2 1 + µ 2 S x ) ( 4.41)
 
 N R 2Wη

Fig. 4.7 Receptor AM com detecção de envolvente.

Para analisar a relação sinal ruído à saída do detector de envolvente, soma-se as


componentes em fase e quadratura do ruído passa banda ao sinal AM recebido.

xr (t ) = Ap (1 + µx(t ) + nI (t ))cos(2πf pt ) − nQ (t )sin (2πf ( 4.42)

Sendo a envolvente y(t) dada por:


y (t ) = Ap (1 + µx(t ) + nI (t )) + nQ2 (t )
2 ( 4.43)

É útil representar as componentes que compõem o sinal por meio de fasores, e considerar
dois casos extremos de funcionamento.

49
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

Fig. 4.8 Representação fasorial da envolvente do sinal AM mais ruído passa banda.
(a) sinal muito maior do que ruído. (b) ruído muito maior do que sinal.

1º caso
Potência média da portadora muito maior do que a potência média de ruído, situação
representada na Figura 3.8 (a). Nesse caso o termo correspondente ao sinal Ap (1 + µx(t )) é
muito maior do que os termos de ruído nI (t ) e nQ (t ) . Nesta situação a envolvente pode ser
aproximada por:
y (t ) = Ap (1 + µx(t ) + nI (t )) ( 4.44)

Considerando que a componente DC é eliminada obtém-se


S A2 µ 2 S ( 4.45)
  =
p x

 N D 2Wη

ou seja uma relação sinal ruído idêntica à obtida na detecção coerente.

2º caso
Situação representada na Fig. 4.8 (b), onde o ruído é dominante.
y (t ) = rn (t ) + Ap (1 + µx(t ))cos(φn (t )) ( 4.46)
O termo dominante é o ruído e não existe nenhum termo que só dependa do sinal, o sinal
recebido é sim multiplicado por um factor multiplicativo que depende da fase do ruído. A
mensagem é destruída não sendo possível a sua recuperação. Existe um valor de threshold para
a potência do sinal AM a partir do qual é possível recuperar o sinal transmitido.

50
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

4.13 Desempenho dos Sistemas FM

Considerar o modelo de um receptor FM representado na figura abaixo.

Fig. 4.9 Modelo de um receptor FM.

O sinal FM que chega ao receptor x FM (t ) é dado por:

 t
 ( 4.47)
x FM (t ) = Ap cos 2πf pt + 2πK f ∫ x(τ )dτ 
 0 

Fazendo
t ( 4.48)
φ (t ) = 2πK f ∫ x(τ )dτ
0

Temos
[
x FM (t ) = Ap cos 2πf pt + φ (t )] ( 4.49)

O sinal FM recebido ao qual foi adicionado ruído aditivo WGN, depois de passar pelo filtro
passa banda com largura de banda BT. BT é considerada a largura de banda necessária para
transmitir o sinal FM, pelo que na saída do filtro teremos:

[ ]
x r (t ) = Ap cos 2πf pt + φ (t ) + rn (t )cos(2πf pt + φn (t )) ( 4.50)

Torna-se útil a representação fasorial do sinal x r (t )

resultante xr (t )
rn (t )
θ (t ) − φ (t )
Ap φn (t ) − φ (t )

Fig. 4.10 Representação fasorial do sinal FM envolto em ruído passa banda.

51
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

A fase de x r (t ) representada por θ (t ) é obtida a partir da Fig. 4.10.

 rn (t )sin[φn (t ) − φ (t )] ( 4.51)
θ (t ) − φ (t ) = tan −1 
 Ap + rn (t )cos[φn (t ) − φ (t )]

a envolvente de x r (t ) não tem nenhum interesse para a análise já que quaisquer variações
na amplitude do sinal são removidas pelo bloco limitador.
O objectivo é determinar a frequência instantânea do sinal de modo a identificar o sinal
recebido e o efeito do ruído adicionado. O bloco descriminador tem essa função, a saída do
descriminador é dada por
1 dθ (t ) ( 4.52)
v(t ) =
2π dt

De modo a tornar a análise mais fácil necessitamos de simplificar a expressão.


Considerando que a potência média da portadora é muito maior do que a potência de ruído
fazemos as seguintes simplificações
Ap + rn (t )cos[φn (t ) − φ (t )] → Ap ( 4.53)

considerou-se rn << Ap
 r (t )sin[φn (t ) − φ (t )] rn (t )sin[φn (t ) − φ (t ( 4.54) )
tan −1  n →
 Ap  Ap

o arco da tangente de um ângulo muito pequeno pode ser aproximado pelo valor do ângulo,
assim temos que:
rn (t )sin[φn (t ) − φ (t )] ( 4.55) )
θ (t ) = φ (t ) +
Ap

A saída do descriminador de frequência é então dada por:


1 dθ (t ) ( 4.56)
v(t ) =
2π dt
1 d  rn (t )sin[φn (t ) − φ (t )]
= φ (t ) + 
2π dt  Ap 
1 d rn (t )sin[φn (t ) − φ (t )]
= K f x(t ) +
2π dt Ap

Ou seja obtém-se um termo proporcional ao sinal mensagem vd (t ) = K f x(t ) e um termo de


1 d rn (t )sin[φn (t ) − φ (t )]
ruído nd (t ) = .
2π dt Ap
A partir do diagrama fasorial, nota-se que as variações da fase φn (t ) do ruído passa banda
são relativas a φ (t ) . Sabemos que a fase do ruído passa banda é uniformemente distribuída no
intervalo [0,2π ] radianos. Por isso somos tentados a considerar que a diferença de fases

52
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

[φn (t ) − φ (t )] também é uniformemente distribuída no mesmo intervalo. Se esta assumpção


fosse verdadeira, a componente de ruído nd(t) à saída do descriminador seria independente do
sinal modulante e iria depender somente das características da portadora e do ruído passa banda.
Teoreticamente foi provado que esta assumpção é verdadeira para situações onde a relação
potência da portadora potência do ruído é elevada, desde modo considerando que o receptor
funciona nessas condições, podemos considerar:

1 d rn (t )sin[φn (t )] 1 dnQ (t ) ( 4.57)


nd (t ) = =
2π dt Ap 2πAp dt

o que significa que o ruído aditivo que aparece à saída do descriminador é inversamente
proporcional a Ap, amplitude da portadora e da derivada da componente em quadratura do ruído
passa banda.
S
Para relação sinal ruído na saída do receptor FM   , necessitamos de calcular a
 N D
S
potência do sinal detectado   .
 N D
A potência média do sinal detectado
Sv d = vd (t ) = K 2f S x ( 4.58)
2

A potência média do ruído detectado


S nd = nd (t ) ( 4.59)
2

Para o cálculo desta potência de ruído convém analisar em pormenor as operações que
ocorrem no receptor. À saída do filtro passa banda de largura de banda BT temos ruído passa
banda, cuja componente em quadratura nQ(t), ocupa na banda base uma largura de banda BT e
tem uma densidade espectral de potência GnQ ( f ) = η , Fig. 4.11(a)

Fig. 4.11. (a) Densidade espectral de potência da componente de ruído banda base em
quadratura nQ(t). (b) Densidade espectral de potência do ruído à saída do descriminador
de frequência. (c) Densidade espectral de potência do ruído à saída do filtro passa baixo do
receptor.

53
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

O ruído nv(t) à saída do descriminador é proporcional à derivada em ordem ao tempo da


componente em quadratura do ruído passa banda nQ(t). No domínio da frequência a operação
de diferenciação corresponde a uma multiplicação por j 2πf , deste modo podemos considerar
que a função transferência do discriminador é H d ( f ) = j 2πf , sendo a densidade espectral da
potência do ruído nv(t) dada por:
f2 ( 4.60)
Gnv ( f ) = H d ( f ) GnQ ( f ) = Gn ( f )
2

Ap2 Q

Representada na Figura 3.11 (b).


Á saída do filtro passa baixo temos então que a potência do ruído é dada por
2ηW 3 ( 4.61)
W
f2
S nd = ∫
−W
Ap2
ηdf =
3 Ap2

De notar que a potência média do ruído detectado é inversamente proporcional à potência


da portadora, por isso em sistemas FM é possível reduzir o ruído na recepção aumentando-se a
a potência da portadora.
Temos finalmente a relação sinal ruído na detecção
 
S K 2S 3 A2 K 2 S 3 A2 β 2 S ( 4.62)
  = = p f3 =
f x x p x

 N  d 2ηW 2ηW 2ηW


3

2
3 Ap

Kf
Tendo sido usa a relação β =
W
A figura de mérito do receptor FM
S ( 4.63)
 
 N d
= = 3β 2 S x
Figura de Mérito S
 
 N r

Da equação (3.65) podemos concluir que a Figura de Mérito de um receptor FM aumenta


Kf
com o valor de β = , ou seja é possível melhorar a performance do sistema FM
W
aumentando a largura de banda utilizada, no entanto há que ter cautela com esta conclusão já
que o que este sistemas estão sujeitos a efeitos de thresholds.

54
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

4.14 Exercícios propostos

1) Considere modulação AM. Se a potência da portadora for de 50 KW e se o índice de


modulação for 0.5 e o sinal mensagem m(t ) = 4 cos(2πf m t − π / 9 ) + 2 sin [4πf m t ] , como
representado na figura abaixo:

Encontre a expressão matemática para o sinal AM no domínio temporal.


Represente o sinal AM no domínio do tempo e da frequência
A potência média de saída.
A eficiência da transmissão.
Considere que o sinal é transmitido por um canal de transmissão que não causa distorção,
mas introduz ruído branco Gaussiano com densidade espectral de potência
Gn ( f ) = 10 −18 W / Hz . Calcule a relação sinal ruído à saída do receptor. Considere que se trata
de um receptor coerente e faça justificando as considerações que achar necessárias.

2) Considere o sinal mensagem m(t) cuja densidade espectral de potência é Gm(f)

η m f
 f ≤ fm
Gm ( f ) =  2 f m
;
 0;
 outros valores de f
Este sinal é transmitido por um emissor SSB (Banda Lateral Única).

Projecte um emissor capaz de modular este sinal em SSB com uma frequência de portadora
de 1 MHz. Represente o sinal (no domínio da frequência) nos vários pontos do emissor
Calcule a potência do sinal do sinal á entrada e á saída do modulador SSB.
Projecte um receptor capaz de desmodular o sinal em SSB.

55
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

Deduza a relação Sinal/Ruído na recepção considerando quando o sinal é transmitido é lhe


adicionado ruído branco de densidade espectral de potência η/2. Considere que o sinal é
desmodulado por um desmodulador coerente. Faça as considerações apropriadas.

3) Considere um sinal DSB-Sc que é transmitido através de um cnal ruídoso, cuja densidade
espectral de potência está representada na figura abaixo. A largura de banda do sinal mensagem
é 4 khz e a frquência da portadora é 200 khz. Considere que a pot~encia média do sinal
modulado é 10 watts, determine a relação sinal ruído à saída do receptor.

G(f)

10-6

-400 0 400 f(kHz)

4) Considere que a função de transferência de o filtro de pré-enfase e o filtro de de-enfase


de um sistema FM são as seguintes
 jf 
H pe ( f ) = k 1 + 
 f 0 

 
 
1 1 
H de ( f ) =  
k 1 + jf
 
 f0 
A constante k deve de ser selecionada de modo a que o potência do signal depois do filtro
de pré-enfase seja identica à potência do sinal original.
Calcule o valor de k considerando que a densidade espectral do sinal mensagem é:
 S0
 −W ≤ f ≤ W
GM ( f ) = 1 + ( f / f 0 )2
 0 outros valores
Qual é o melhoramento introduzido no sistema pelo uso dos filtros de pre-enfase e de-
enfase?

56
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

5 Príncipios de recepção rádio

5.1 Introdução
Esta matéria é leccionada com recurso às seguintes apresentações em power point.

5.2 Um pouco de história

5.3 Funções do receptor rádio

57
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

5.4 O receptor super-heterodino

58
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

59
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

5.5 Conversor de frequência

5.6 Receptor com conversão dupla

60
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

5.7 Analisador de espectros

5.8 Sistemas de multiplexagem na frequência

61
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

5.9 Sistema de satélite (Intelsat)

62
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

5.10 FM stereo

63
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

5.11 Exercícios propostos

1) Um sinal, m(t)=sin(20x103πt), é modulado em frequência. Se a frequência da portadora é


de 100 MHz e o desvio máximo da frequência de 5 kHz.
a) Qual o índice de modulação do sinal FM.
b) Represente o sinal FM no domínio temporal e na frequência.
c) Qual a largura de banda necessária para transmitir o sinal? Justifique.
d) Considere que o sinal é transmitido por um canal passa banda, cuja função de
transferência se encontra representado abaixo. Qual a percentagem de potência que é
transmitida?

25 kHz
|H 25 kHz
1
(f)|

-100 100 MHz


0

e) Considere que na recepção se utiliza um receptor superheterodino, cujo amplificador de


frequência intermédia (FI) está centrado em 10.7 MHz. O oscilador local tem frequência
superior à da portadora.
e1) Descreva sucintamente justiçando o receptor FM superheterodineo.
e2) Determine a frequência do canal imagem. Qual a importância do canal imagem?

2) Queremos transmitir 20 canais de voz usando um canal de transmissão com uma grande
largura de banda. Sabendo que um canal de voz está concentrado predominantemente nas
frequências
300 Hz < |f| < 3.4 k Hz. Considere uma banda de guarda entre canais de 200 Hz. Qual a
largura de banda se a modulação usada for SSB? Justifique.

3) O diagrama seguinte representa um sistema de recepção de canais AM.

a) Indique a principal vantagem e desvantagem deste receptor, comparativamente ao de


desmodulação directa.

64
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

b) Determine o ganho e o factor de ruído do LNA.


c) Determine o índice de modulação, para manter a relação sinal ruído após a
desmodulação.
d) Determine as frequências do oscilador, de modo a sintonizar cada um dos canais.
e) Determine ainda a banda imagem e as características do filtro 1, que é rejeita-banda.
f) Determine o valor da frequência intermédia na situação limite da banda imagem ser
adjacente à banda de recepção.

65
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

6 Modulação de amplitude de pulso

A matéria de teoria de amostragem já foi estudada em disciplinas de processamento de


sinal, por isso as bases teóricas são consideradas já adquiridas.

6.1 Amostragem ideal

Considere o sinal analógico x(t), de largura de banda limitada W, representado na figura


abaixo, quer no domínio do tempo quer no domínio da frequência

Tempo Frequência

x(t
|X

-W W f
0
t

Fig. 6.1. Sinal mensagem x(t).


Considere que de Ts em Ts segundos são retiradas amostras do sinal x(t), vamos considerar que
se trata de uma amostragem ideal, em que a amostra é retirada instantaneamente. Assim,
obtemos uma sequência de amostras [x(nTs)], ou seja um trem de deltas de Dirac.

( 6.1)

xδ (t ) = x (t ) ∑δ (t − kT ) = ∑ x(kT )δ (t − kT )
k
s
k
s s

xδ (t ) = ∑ x(kTs )δ (t − kTs )
k

T
Ts Tempo

Fig. 6.2. Operação de amostragem no domínio do tempo.

66
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

No domínio da frequência a operação de amostragem corresponde à convulsão

Xδ ( f ) = X ( f ) ⊗ fs ∑δ ( f − nf ) = f ∑ X ( f − nf )
n
s s
n
s
( 6.2)

1
fs =
Com Ts

Fig. 6.3. Operação de amostragem no domínio da frequência.

O espectro de um sinal amostrado idealmente é portanto um somatório infinito de réplicas do


sinal antes de ser amostrado localizadas em valores múltiplos de f s . Se a condição f s ≥ 2W for
satisfeita então é possível recuperar o sinal inicial x(t) a partir das suas amostras, para isso basta
passar o sinal amostrado por um filtro passa-baixo ideal com largura de banda W.

 f  − j 2πft d ( 6.3)
H ( f ) = KΠ  e
 2B 

Considerando que W < B < f s − W , temos então à saída do filtro

Y ( f ) = H ( f )X δ ( f ) = Kf s X ( f )e − j 2πft d ( 6.4)

O que corresponde ao sinal original a menos de uma constante Kfs e atrasado de td. A saída
do filtro no domínio do tempo é então

y (t ) = ℑ−1{Y ( f )} = Kf s x (t − td ) ( 6.5)

A operação de reconstrução do sinal original a partir das suas amostras também pode ser
analisada no domínio temporal, considerando a resposta impulsional do filtro.

67
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

h (t ) = 2 BKsinc 2 B (t − td ) ( 6.6)

Logo à saída do filtro temos

y (t ) = h (t ) ⊗ xδ (t ) = ∑ x(kT )h(t − kTs ) = 2BK ∑ x(kT ) sinc 2B(t − t


k
s
k
s d − kT ( 6.7)

Considerando B=fs/2, K=1/fs e td=0, temos que

y (t ) = ∑ x(kT ) sinc ( f t − k )
k
s s

A reconstrução no domínio temporal está ilustrada na . na figura vê-se claramente que os


valores correctos de x(t) são reconstruídos nos instantes de amostragem. Entre os instantes de
amostragem x(t) é obtida por interpolação. Este resultado corresponde ao teorema da
amostragem periódica através do teorema da amostragem.

6.2 Teorema da amostragem periódica

Um sinal de energia finita e com largura de banda limitada, W, pode ser completamente
reconstruído a partir das suas amostras retiradas a uma taxa igual ou superior a 2W.

6.3 Amostragem prática – Modulação por amplitude de pulso.

Na amostragem prática realizada por circuitos electrónicos a amostra tem uma duração
finita. A amostragem pode ser realizada por um circuito de comutação que fecha de Ts em Ts
segundo e mantêm-se fechado durante τ segundos como se mostra na figura Fig. 6.4.

Fig. 6.4. Operação de amostragem prática.

68
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

Matematicamente essa operação de amostragem pode ser representada por:

x s (t ) = x (t )s (t )
t − kTs 
O sinal s (t ) = ∑ Π
k τ 
 , é um trem de pulso rectangulares, cada pulso com duração τ, e

com período Ts. Fica como exercício mostrar que é possível recuperar o sinal original a partir
das amostras obtidas por um circuito prático.
Por analogia com a modulação de amplitude, e tendo em conta a expressão, considerando
s(t) como sendo uma portadora, a mensagem é transmitida na amplitude dos pulsos. Este tipo
de modulação é chamado modulação de amplitude de pulso (PAM-Pulse Amplitude
Modulation). De notar que se trata de uma modulação analógica, a amplitude dos pulsos varia
analogicamente de acordo com a amplitude do sinal mensagem x(t). A vantagem de ser
transmitir o sinal amostrado é que o canal de transmissão só vai estar ocupado a transmitir o
sinal durante a duração da amostra, no resto do tempo pode ser utilizado para transmitir outros
sinais. Mas é preciso ter sempre presente que a largura de banda necessária para transmitir o
sinal amostrado é muito maior do que a necessária para transmitir o sinal analógico, sem
demonstrar a largura de banda necessária para transmitir um trem de pulsos de duração τ é
1
Bt ≥ >> W

6.4 Modulação por duração e posição de pulso

A modulação por duração de pulso (PWM-Pulse Width Modulation), consiste em fazer


variar a duração do pulso de acordo com a amostra do sinal amostrado
A duração τk do k pulso de um sinal PWM pode ser expressa por:

τ k = τ 0 [1 + µx (kTs )]
e
1 + µx (t ) ≥ 0
.
onde τ0 representa largura do pulso no instante de amostragem x(kTs) e μ representa o índice
de modulação que controla a largura do pulso.
Enquanto a modulação por posição de pulso (PPM-Pulse Position modulation consiste em
fazer variar a posição do pulso de acordo com o sinal amostrado.
O início do k pulso de um sinal PPM ocorre em tk ,

tk = kTs + td + t0 x (kTs )
.
A posição do pulso não modulado x(kTs)=0 ocorre em kTs+td.

O circuito gerador de PWM e PPM, é muito simples é composto por um comparador,


que compara um sinal dente de serra com período Ts, com o sinal mensagem, sempre que o sinal
mensagem

69
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

x(t)
+ PWM

-
PPM
Monoestável

Gerador
dente de serra

Fig. 6.5.Circuito gerador PDM e PPM.

Fig. 6.6. Sinais ilustrativos.

Actualmente estes tipos de modulção não são muito utilizados em telecomunicações.

6.5 Multiplexagem de sinais analógicos

Quando a capacidade de um canal de comunicação for superior ao requerido para a


transmissão de um único sinal, o canal pode ser utilizado para transmitir simultaneamente vários
sinais, este processo é conhecido por multiplexagem. A Fig.8.7 ilustra o funcionamento de um
sistema de multiplexagem no domínio temporal (Time Division Multiplexing – TDM), vários
sinais são filtrados e amostrados sequêncialmente. O sistema de amostragem sequencial aqui
representado por um comutador mecânico que roda à frequência fs, cada rotação completa tem
uma duração Ts, durante Tc segundos está comutado para um dos sinais. O domínio temporal é
assim dividido em intervalos de tempo de são atribuídos aos diferentes sinais. No receptor as
diferentes amostras são distribuídas por outro comutador. Para que o sistema funcione é
necessários que os comutadores do emissor e receptor estejam sincronizados. A sincronização é
sem dúvida um dos aspectos mais importantes de um sistema TDM.

70
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

Fig. 6.7. Sistema TDM.

Fig. 6.8 Funcionamento ilustrativo de um sistema TDM. a) Sinal x1. b) N sinais


multiplexados no tempo.

71
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

6.5.1 Multiplexagem de sinais digitais

Como no caso de sinais digitais a multiplexagem de sinais digitais consiste em combinar


bits (símbolos) provenientes de várias fontes de informação (possivelmente com diferentes taxas
de transmissão) e combinar os bits de modo a obter um agregado de símbolos de elevada taxa de
transmissão, que utilize eficientemente um canal de grande largura de banda. A combinação de
bits pode ser realizada bit a bit, ou então a combinação é feita com conjuntos de bits (palavras)
provenientes de diferentes fontes. Para que seja possível recuperar o sinal no destino é
necessário que o sinal multiplexado

6.6 Exercícios propostos

1- Considere um sistema PAM em que o sinal mensagem é um sinal sinusoidal com


frequência 1 Hz.
a) Qual o período máximo de amostragem ?
b) Considere um período de amostragem de 1/3 s. Realize graficamente a operação de
amostragem quer no domínio do tempo como no domínio da frequência.

2- Considere dois sinais, s1(t) de largura de banda de 2 KHz e o outro s2(t) de largura de
banda 4 kHz. Determine a frequência de amostragem mínima considerando que estes sinais
serão transmitidos por um sistema usando multiplexagem no tempo.

3- O sinal x(t ) = e − at u(t ) é de banda ilimitada. Determine a frequência de amostragem


mínima (em termos de frequência a 3 dB de x(t)) de modo que para f(3dB) a componente de
alaising de maior amplitude esteja pelo menos 10 dB abaixo da componente principal.

4- A figura seguinte representa um método prático para efectuar a amostragem de sinais


analógicos que utiliza um circuito de amostragem e retenção (sample and hold).

Amostragem e
retenção

Desenhe a forma de onda à saída do circuito de amostragem e retenção.

72
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

b) Represente o espectro de frequências (amplitude) do sinal xs(t) nas seguintes condições:


1/Ta > 2B, 1/Ta = 2B, 1/Ta < 2B.
c) Mostre que se pode recuperar o sinal original se 1/Ta>2B.

5- Considere um sistema de telemetria, em que se pretende multiplexar no tempo 5 sinais de


larguras de banda respectivamente, B1= 1500 Hz, B2=350 Hz, B3=300 Hz, B4=150 Hz, e B5=
100 Hz. Considere ainda que para implementar este sistema dispomos de multiplexadores de 8
entradas com frequência de amostragem fs=750 Hz, multiplexadores de 2 entradas com
frequência de amostragem fs=375 Hz , gerador de relógio de 6 kHz, e divisores de frequência.
Projecte o sistema.

6- Considere o sistema da figura.

F(f) = 0, para |f| > B arg(H(f))


|H(f)|

x(t) g(t) K
f(t) H(f)

-B B f f

−β 2πf
p(t)
p(t) p(t)

... ... ... ...

-5T/4 -3T/4 -T/4 T/4 3T/4 5T/4 -5T/4 -3T/4 -T/4 T/4 3T/4 5T/4
t t
(a) (b)

a) p(t) é um trem de pulsos rectangulares como se mostra na figura 1 parte a), com período
T = 1/2B. Determine os parâmetros K e β do filtro ideal de modo a que g(t)=f(t).

b) Devido a uma avaria no gerador de pulsos , os pulsos p(t), embora permanecendo


periódicos começaram a ser gerados com formas aleatórias, como se mostra na parte (b) da
figura. Será possível recuperar f(t) ? Considere  zero.

7- A duração τk do k pulso de um sinal PDM pode ser expressa por:

73
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

τ k = τ 0 [1 + µx( kTs )]
e
1 + µx ( t ) ≥ 0
em que τ 0 representa a largura do pulso PWM quando x( kTs ) = 0 e o index de modulaç ão µ
controla a largura do pulso PWM.

a) Considere um sinal de voz PWM, em que fs = 8 kHz e |μx(t)| < 0.8. Este sinal deve ser
transmitido por um canal com largura de banda BT = 500 KHz. Calcule o valor máximo e
mínimo que τ0 poderá assumir.

74
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

7 Modulação por código de pulsos (PCM-Pulse Code Modulation)

Neste capítulo iremos a transmissão de sinais analógicos através da modulação por códigos
de pulsos. A modulação por código de pulsos de um sinal analógico tem por objectivo a sua
transmissão digital.

7.1 Arquitectura do sistema gerador de sinais PCM

A Fig.8.1 , mostra a arquitectura de um sistema gerador de sinais PCM. O sinal analógico


x(t), passa por um filtro passa baixo (FPBaixo) e é amostrado pelo circuito de amostragem e
retenção (S&H Sample & Hold) obtendo-se o sinal PAM x(kTs). De seguida o sinal é
quantificado em q níveis discretos. O sinal amostrado e quantificado xq(kTs) é então codificado.

Fig. 7.1 Sistema gerador de sinais PCM.

A operação de quantificação consiste na quantificação do sinal PAM em q níveis.


Considerando o sinal analógico um sinal de tensão normalizado tal que |x(t)| ≤ 1 V. Se a
quantificação for uniforme a gama de tensões de 2 V (o valor máximo da amplitude do sinal
pico a pico) é dividida em q níveis igualmente espaçados, sendo a separação entre níveis de
2
∆=
q V.
1 3 q −1
Os níveis discretos são ± , ± , ±  , ± , como se mostra na figura, para q = 8 . De
q q q
seguida o codificador codifica cada nível discreto numa palavra de um código digital

75
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

sinal analógico x(t) níveis de


quantificação
níveis de decisão
sinal amostrado

sinal quantificado

Código
Tensã

7
1
q

5
1
q

3
q

1 T
q s


1 2 3 4 5 6 7 8 9 1
q T T T T T T T T 0T
3
− 0
q

5
− 0
q

7 0

q

Instantes de
amostragem

101 101 010 000 010 111 111 Sinal


110 PCM (sinal
binário)

Fig. 7.2 Esquema ilustrativo do processo de modulação por código de pulso.

76
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

Operações envolvidas:

1º amostragem de acordo com o teorema de Nyquist;


2º quantificação, o sinal é quantificado para o nível mais próximo, nesta operação é
cometido o erro de quantificação;
3º cada nível de quantificação é codificado utilizando-se v bits, q=2v;
*3º a cada amostra quantificada faz-se corresponder o conjunto de bits equivalente.

7.2 Taxa de geração de dados binários num sistema PCM

Considerando um sinal analógico x(t) com largura de banda W, a frequencia de amostragem


mínima utilizada é fs=2W, assim a taxa de geração de dados binários é rb=vfs.

7.3 Receptor PCM

O primeiro bloco do receptor PCM é um regenerador que tem por objectivo regenerar o
sinal PCM que chega ao receptor. O sinal PCM à entrada do receptor pode estar contaminado
por ruído e/ou distorcido. De seguida cada conjunto de v bits que compõem uma palavra são
convertidos de série em paralelo e a amplitude correspondente é descodificada. O circuito de
Sample&Hold gera o sinal xq(kTs) em forma de degraus como se mostra na figura, o sinal xq(kTs)
é uma versão aproximada do sinal x(t) amostrado, trata-se de uma versão aproximada porque as
amostras foram quantificadas. O papel do filtro passa baixo à saída do receptor é suavizar
xq(kTs), no entanto o sinal à saída do filtro passa baixo yD(t) difere de x(t) na medida em que o
sinal quantificado xq(kTs) difere do sinal amostrado x(Ts).

Fig. 7.3 Receptor PCM.

77
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

b
)

7.4 Erro de quantificação

Fig. 7.4 Erro de quantificação.

O erro de quantificação do símbolo k, definido pela variável aleatória ε K , é a diferença entre o

sinal amostrado, x (kTs ) , e o sinal quantificado x q (kTs ) .

ε k = x q (kTs ) − x(kTs ) ( 7.1)


Quando a quantificação é uniforme ou linear, ou seja quando for constante a diferença de
amplitudes entre dois níveis consecutivos ( ∆ = const. ). Se as amplitudes a quantificar tiverem

uma distribuição uniforme entre +1 e –1 V, a distribuição de


ε k é também uniforme entre
∆ ∆
− e
2 2 , isto é:

1 ∆ ( 7.2)
 − ≤εK ≤
f (ε K )
para
= ∆ 2
0 outros valores

f (ε K ) função densidade probabilidade de ε k .

∞ ∆/2
ε k2 ∆2
A potência do ruído de quantificação σ q2 = ε K2 = ∫ f (ε k )ε k2 dε k = ∫ dε k =
−∞ −∆ / 2
∆ 12

Este resultado indica que a potência de ruído aumenta quando o espaçamento entre níveis
aumenta, o que intuitivamente já era esperado.

78
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

Uma medida da influência do erro de quantificação no desempenho de um sistema PCM é a


relação entre a potência do sinal e a potência do ruído de quantificação (RSR – Relação Sinal
Ruído)

Sx ( 7.3)
RSR =
σ q2
Considerando a normalização x (t ) ≤ 1 , temos então que S x ≤ 1 , e

(
RSR = 10 log 10 S x 3q 2 ) ( 7.4)
(S
= 10 log 10 x 3 × 2 2 v 2 )
≤ 4.8 + 6.0v dB

A expressão indica que a relação sinal ruído é proporcional ao nº de bits utilizado para
codificar cada amostra.

7.5 Quantificação não uniforme

Muitos sinais analógicos (especialmente voz, música e video) apresentam uma gama
dinâmica apreciável e a distribuição de amplitudes está longe de ser uniforme, têm média nula e
a suas amplitudes tomam com maior probabilidade valores próximos do valor médio como
ilustrado na figura.

pX

pX
( )

Fig. 7.5 Função densidade probabilidade de um sinal mensagem x(t), com níveis de
quantificação não uniformes.
x

79
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

A potência do sinal mensagem Sx é calculada

1 1 ( 7.5)
S x = ∫ x 2 p X ( x )dx = 2 ∫ x 2 p X ( x )dx
−1 0

Como pX(x) apresenta um pico dominante em valores próximos de x=0 então S x << 1 . A
forma de pX(x) também significa que x (t ) << 1 a maior parte do tempo. Assim, faz todo o
sentido ter intervalos de quantificação não uniformes, intervalos de quantificação mais largos
para amostras que ocorrem em intervalos de menor probabilidade e intervalos de menor
comprimento no caso contrário.
O ruído de quantificação calcula-se do seguinte modo.
Considera-se que o valor amostrado xa = x (kTs ) no intervalo ∆ i = bi − ai , cujo nível de
quantificação é xi. O erro de quantificação é então:
ε i = xi − x a ( 7.6)
A potência do erro de quantificação no intervalo ai < x < bi , é então:
( 7.7)
bi

ε i2 = ∫ (xi − x a )2 p X (x )dx
ai

O ruído total de quantificação é a soma dos ruídos de cada intervalo


q/2 ( 7.8)
σ q2 = 2∑ ε i2
i =1

Normalmente q>>1 e o intervalo de quantificação ∆ i = bi − ai é tão pequeno que


p X (x ) ≈ p X (x i ) , no intervalo de integração e x localiza-se grosseiramente a meio do
i
intervalo. Nestas condições

xi + hi / 2 ∆3i ( 7.9)
ε ≈ p X (x i )∫
i
2
(xi − x ) dx = p X (xi )
2
xi − hi / 2 12
e
1 q/2 ( 7.10)
σ q2 ≈ ∑ p X ( x i )∆3i
6 i =1

Teoricamente poderiamos optimizar o desempenho de um sistema PCM encontrando os


valores de xi, ai e bi que minimizem o ruído de quantificação. Tal abordagem é possível, mas
exige na prática que para determinado sinal com determinada função densidade probabilidade
seja implementado em hardware um quantificador específico. Na prática é utilizada
quantificação uniforme depois de o sinal ser submetido a uma operação de não-linear de
compressão. As curvas caracteristicas de compressão estão standarizadas e foram obtidas
através de estudos experimentais realizados com sinais representativos.

80
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

Fig. 7.6 Compressor.

Fig. 7.7 Expandor.

81
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

Na prática são frequentes dois tipos de curvas de compressão:


• A curva de compressão µ, adoptada nos Estados Unidos, Canadá e no Japão:

log(1 + µ x ) ( 7.11)
y=
log(1 + x )
Com µ=255

Fig. 7.8 Lei de compressão µ .

• A curva A, utilizada na Europa:

ax ( 7.12)
y = para 0 ≤ x ≤ 1 / a
1 + log(a )
1 + log(a x )
y = sign(x ) para 1/a < x ≤
1 + log(a )

Com a=87.6

82
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

Fig. 7.9 Lei de compressão A.

7.6 Modulação diferencial por código de pulso

DPCM – Differential Pulse Code Modulation

Como se viu anteriormente uma desvantagem da modulação PCM é a largura de banda


necessária para transmitir o sinal PCM , que é directamente proporcional ao número de bits por
palavra. Um método de conversão analógico-digital alternativo é a modulação diferencial por
código de pulso. A abaixo apresenta o esquema de um modulador DPCM, como se ilustra na
figura este modulador compara o sinal amostrado com o sinal amostrado no instante de
amostragem anterior e é a diferença entre os dois sinais que é quantificada, codificada e
transmitida utilizando-se v bits por amostra.
Como a gama de amplitudes do sinal diferença entre amostras consecutivas é menor que a
gama de amplitudes do sinal analógico x(t), é necessário um número menor de bits para
codificar o sinal diferença mantendo-se o mesmo erro de quantificação que a modulação PCM.

x Quantificador e
codificador

DPCM

Atraso Ts
Trem de impulses
de amostragem

Fig. 7.10 Modulador or DPCM.

83
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

Sinal amostrado

Diferença entre pulsos


amostrados consecutivos

Fig. 7.11 Operação do gerador DPCM.

7.3 Modulação Delta

A modulação Delta é um caso limite da modulação DPCM, a diferença entre o sinal amostrado
no instante anterior é codificado utilizando-se só um nível. Este tipo de modulador é
essencialmente utilizado para a voz humana e sinais de vídeo, e o sua grande vantagem é a sua
simplicidade de implementação. O modulador Delta representado na figura compara o sinal x(t)
com uma aproximação em degrau x̂ (t ) e a diferença x (t ) − xˆ (t ) é quantificada em dois níveis
± ∆ dependendo do sinal da diferença como se ilustra na

84
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

x̂(

Sinal
digital

Fig. 7.12 Funcionamento do modulador Delta.

Da análise da Figura 7.13 podemos constatar que quando o declive de x(t) aumenta e o
sinal x̂ (t ) não consegue acompanhar x(t) aumentando o ruído de quantificação, nesta situação
chamado de ruído de sobrecarga. Este tipo de ruído pode ser minimizado filtrando o sinal x(t)
para evitar variações rápidas no tempo, ou aumentando ∆ e/ou s frequência de amostragem do
sinal. A filtragem e/ou aumento de ∆ resulta num aumento da distorção do sinal, e o aumento da
frequência de amostragem implica um aumento da largura de banda necessária para transmitir
este sinal. Como x̂ (t ) varia de ±∆ cada Ts segundos, o declive do sinal x̂ (t ) é ±fs∆, pelo que para
que não ocorra ruído de sobrecarga é necessário verificar-se a condição:

dx(t ) ()
≤ fs∆
dt max

85
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

Por outro lado quando o sinal x(t) não sofre grandes variações, o ruído, designado por ruído
de quantificação ou ruído granular, é semelhante ao ruído PCM, podendo ser reduzido
diminuindo o valor de ∆. Uma solução para diminuir quer o ruído granular como o ruído de
sobrecarga é detectar a condição de sobrecarga e aumentar ∆ quando se detecta a sobrecarga.
Moduladores que adaptam o valor de ∆ ao declive do sinal, são chamados sistemas de
modulação delta adaptativos.
O dimensionamento de ∆ é pois um factor fundamental no desempenho de moduladores
delta, se para valores de ∆ pequenos o ruído granular é reduzido trata-se uma situação que pode
provocar ruído de sobrecarga, no entanto aumentando o valor de ∆ diminui o ruído de
sobrecarga, mas à custa de um aumento do ruído de quantificação. Este comportamento
encontra-se ilustrado na figura seguinte.

Ruído de Ruído
R sobrecarga
SR granular
d i t d i t

∆ óptimo ∆

Fig. 7.13 Esquema ilustrativo Relação Sinal Ruído (RSR) em função de ∆ para
sistemas de modulação Delta.

7.7 Exercícios resolvidos

Considere um sinal mensagem, s(t), sinusoidal com amplitude A e frequência f0 . Considere


que este sinal mensagem é aplicado a um modulador delta .

a) Mostre que quando, ∆ , o nível de quantificação é maior do que 2A o sinal à saída


modulator ŝ (t ) não é uma aproximação válida de s(t).
∆f s
b) Mostre que para evitar ruído de sobrecarga é necessário que A ≤ , onde fs é a
2πf 0
frequência de amostragem.

c) Mostre que a condição


f s > 3 f 0 , satisfaz quer a alínea a) quer a alínea b).

Resolução

86
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

a) Como se ilustra no esquema abaixo, qualquer que seja o instante de amostragem quando
∆ > 2 A , ŝ (t ) é sempre uma onda rectangular que não contém informação acerca de
s(t).

-A

b) A condição de sobrecarga ocorre quando entre dois instantes de amostragem


consecutivos a função cresce ou decresce de um valor maior do que ∆ , ou seja

ds(t ) ∆
<
dt Ts , onde T é o intervalo de amostragem
s

d
( A sin (2πf 0 t )) < ∆
dt Ts

A2πf 0 cos(2πf 0 t ) <
Ts

O declive da função atinge o seu valor máximo quando t=0.



2 Aπf 0 <
Ts
∆f s
A<
2πf 0

c) De modo a satisfazer as duas alíneas anteriores


∆f s
A<
∆ < 2A e 2πf 0

destas duas condições temos que:

87
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

2∆f s
∆<
2πf 0
f s > πf 0 > 3 f s

88
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

8 Códigos de Linha

8.1 Introdução

Os códigos de linha têm essencialmente as funções de:


• formatar a densidade espectral de potência do sinal digital adaptando-o ao canal de
transmisssão;
• assegurar a sincronização temporal entre o emissor e receptor, o código utilizado deve
de incluir informação temporal que permita ao receptor sincronizar-se com o emissor;.
Outros aspectos importantes na escolha do código de linha é a sua eficiência espectral da
transmissão e a sua capacidade do código de detectar erros.
Na Fig. 9.1, e para o caso da sequência binária 0110100011, ilustram-se alguns dos códigos
de linha mais usados. Os formatos (a), (c) e (e) estão neste exemplo baseados em impulsos
rectangulares, p(t) de duração T, e T/2 nos casos (b) e (d) em que há retorno a zero. Em todas as
situações ilustradas a taxa de transmissão é r=1/T baud.
O formato unipolar corresponde a uma sinalização do tipo on-off, isto é, o impulso só é
transmitido quando ocorre, por exemplo, o bit 1. Como o impulso ocupa todo o intervalo de
símbolo, este formato é dito unipolar sem retorno a zero. No caso do formato unipolar com
retorno a zero, o impulso rectangular tem duração normalmente igual a T/2. Qualquer destes
formatos é de realização prática simples. No entanto, porque o sinal resultante não tem média
nula, a sua utilização implica a transmissão de uma componente contínua o que se traduz, entre
outros efeitos, num custo adicional em termos de potência de transmissão.

Fig. 8.1 Códigos de linha: a) unipolar; b) unipolar com retorno a zero; c) polar; d)
polar com retorno a zero; e) bipolar (AMI-Alternate Mark Inversion); f) Manchester

89
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

O formato polar resolve este problema no caso em que os bits são equiprováveis, pois os pulsos
p(t) e –p(t) são transmitidos quando ocorrem os bits 1 e 0, respectivamente. No entanto, e tal
como acontece com o formato unipolar, o transporte da informação relativa ao ritmo de símbolo
não é garantida. De facto, se ocorrer uma sequência longa de 0's ou de 1's, o sinal mantém-se
constante durante esses períodos do tempo. Não existindo passagens por zero a um ritmo certo,
dificilmente o receptor poderá sincronizar-se com o emissor. Outra desvantagem do formato
polar tem a ver com a questão da inversão de polaridade que ocasionalmente possa ser
introduzida pelo canal de transmissão. Ao contrário do que acontece com o formato unipolar, o
formato polar não permite detectar a inversão de polaridade o que se traduz em erros
sistemáticos na saída do detector.
O formato bipolar tem capacidade de detecção da inversão de polaridade, resolvendo o
problema atrás referido. Neste formato, ao símbolo 0 corresponde a ausência de transmissão e
ao bit 1 correspondem os impulsos p(t) e –p(t)em regime de alternância. A falha deste regime
de alternância provocada pela inversão da polaridade pode assim ser detectada pelo receptor. No
entanto, o formato bipolar também não resolve o problema da sincronização de símbolo.
O formato do tipo Manchester é, de entre aqueles que aqui considerámos, aquele que
melhor resolve o problema da sincronização de símbolo. De facto, mesmo que ocorram
sequências longas de 0's ou 1's, está sempre garantida uma passagem por zero por cada intervalo
de sinalização com duração T. Naturalmente que, número de transições por unidade de tempo,
este formato é aquele que requer a banda de transmissão mais larga, o que se traduz numa
menor eficiência espectral.

8.2 Densidade espectral de potência de um sinal digital

Com o objectivo de caracterizar a eficiência espectral dos códigos de linha atrás referidos,
iremos determinar a sua densidade espectral, iniciaremos o nosso estudo com
O sinal digital genérico:

∞ (9. 1)
x(t ) = ∑a
k =−∞
k p(t − kT )

onde p(t) representa o formato do pulso elementar, 1/T, taxa de transmissão e {ak} é o
conjunto de símbolos digitais que são amostras de um processo aleatório estacionário e
ergódico.
A densidade espectral de potência de x(t) é dada por:

P( f ) ∞ (9. 2)
2
Sx ( f ) =
T
∑ R (n)e
n =−∞
a
− j 2πfnT

Ra (n ) = E [ak ak −n ] (9. 3)
P(f) representa a transformada de Fourier de p(t) e Ra(n) a função de autocorrelação de {ak},

90
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

tem as seguintes características (por ser estacionário e ergódico)

E [ak ] = ak  (9.4)

E [ak ak − i ] = Ra (i ) = Ra (− i )∀k ∈ Z

Demonstração

Considerar um sinal aleatório de duração finita ou truncado

 x(t ) t < T0 / 2
 (9.5)
xT0 (t ) = 

 0 t > T0 / 2

Como cada função amostra truncada tem energia finita, tem transformada de Fourier dada
por
∞ T0 / 2 (9.6)
X T0 ( f ) = ∫ xT0 (t )e − jωt = ∫ xT0 (t )e − jωt
−∞ −T0 / 2

De acordo com o teorema de energia de Rayleigh temos que

T0 / 2 ∞ ∞ (9.7)
2

∫ x 2 (t )dt = x T2 (t )dt =
∫ ∫ X (f ) df
0 T0
−T0 / 2 −∞ −∞

Sendo então a potência média P , dada por

1 ∞  (9.8)
∫ X T0 ( f ) df 
2
P = lim E 
T0 → ∞  T 
 0 −∞ 

∞ 2
E  X T0 ( f )  , pode ser interpretada como sendo uma densidade

1
A quantidade lim
0  
T0 → ∞ T
− ∞
espectral de potência.
∞ 2
(9.9)
G x ( f ) = lim E  X T0 ( f ) 

1
0  
T0→∞ T
 −∞ 

Considerando que o sinal truncado xT0 (t ) , é composto por 2K+1 pulsos, de modo que
T0 = (2 K + 1)T , deste modo no limite T0 → ∞ corresponde K → ∞ , então para K >> 1

91
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

k (9.10)
xT0 (t ) = ∑a
k =− K
k p(t − kT )

k
X T0 ( f ) = ∑ a P( f )e
k =− K
k
− jωkT

e
2
k  k 
X T0 ( f ) = P( f )  ∑
ak e − jωkT  ak e + jωiT  ∑
2
  
 k =− K  i =− K 

(9.11)

Calculando a média estatística E[.]

E  X T0 ( f )  = P( f ) ρ K ( f )
2 2 (9.12)
 
k k
ρK ( f ) = ∑ ∑
k =− K i =− K
E [ak ai ]e − jω (k −i )T

Considerando x(t) ergódico e estacionário em sentido lacto

E [ak ai ] = Ra (k − i )

O somatório duplo em ρ K ( f ) pode ser manipulado e representado por uma soma simples

2K
 
∑ 1 − 2K + 1 R (n)e
n
ρ K ( f ) = (2 K + 1) a
− jωnT

n =−2 K

Substituíndo estas expressões em (9.12) obtemos


S x ( f ) = lim P( f ) ρ K ( f ) = P( f ) ∑ R (n)e
1 2 1 2 − j 2πfnT
K →∞ (2 K + 1)T T n =−∞
a

8.3 Calculo da densidade espectral de potência do sinal unipolar

Consideremos o formato unipolar, com bits equiprováveis, sendo a sequência aleatória


definida por:

92
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

 A '1' (9.13)
ak = 
 0 '0'
O pulso elementar é o pulso rectangular com duração T e amplitude 1, logo:

P( f ) = Tsinc( fT ) (9.14)
e

Ra (n ) = E [ak ak −n ] (9.15)

n=0
ak poderá assumir um valor que poderá ser 0 ou A independentemente dos valores
assumidos pelos outros aks.
A2 (9.16)
Ra (0 ) = E [ak ak ] = A2 P(ak = A) + 02 P(ak = 0 ) =
2

n=1, Ra(1)=E[akak+1]

Realizações possíveis do acontecimento são {0,0}{


, 0, A}{
, A,0}{
, A, A} , cada uma destes
acontecimentos tem a mesma probabilidade igual a 1/4

(9.17)
Ra (1) = E [a k a k +1 ] = 0 × 0 × P(a k = 0, a k +1 = 0 ) + 0 × A × P(a k = 0, a k +1 = A) +
A2
A × 0 × P(a k = A, a k +1 = 0 ) + A × A × P(ak = A, ak +1 = A) =
4
=

∀n ≠ 0 , Ra (n ) = E [a k a k +1 ] , o par {ak , ak +1} , pode tomar as 4 configurações possíveis


{0,0}{
, 0, A}{
, A,0}{
, A, A}, cada uma destas configurações tem probabilidade igual a ¼ logo
A2
Ra (n ) = E [ak ak +1 ] =
4 e temos que:

A2 (9.18)
 n = 0
R a (n ) =  22
A n ≠ 0
 4
e logo temos que:

93
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

P( f ) ∞ (9.19)
2
Sx ( f ) =
T
∑ R (n)e
n =−∞
a
− j 2πfnT

 
T 2sinc 2 ( fT )  A 2 A 2 − j 2πfnT 

=
T
+
 2 n=−∞ 4
e ∑ 
 
 n≠0 
 2 ∞ 2 
= Tsinc 2 ( fT ) ∑
A A − j 2πfnT 
+ e
 4 
 n =−∞ 4 
A 2 ∞ 2 
= Tsinc 2 ( fT ) ∑
δ ( f − nT )
1 A
+
 4 T 
 n =−∞ 4 
A 2T A2
= sinc 2 ( fT ) + δ ( f − nT )
4 4

Na obtenção do resultado atendeu-se à igualdade



1 ∞  n (9.20)
∑ e − j 2πfnT =
n = −∞
∑ δ f − 
T n=−∞  T

e ao facto de sinc(fT) ter zeros nos multiplos de 1/T resulta finalmente que:

A 2T A2 (9.21)
Sx ( f ) = sinc 2 ( fT ) + δ(f )
4 4

Deixa-se como exercício a verificação dos seguintes resultados:

Polar: S x ( f ) = A 2 Tsinc 2 ( fT )

Bipolar:
S x ( f ) = A 2Tsinc 2 ( fT )sin 2 (πfT )

Manchester:
S x ( f ) = A2Tsinc 2 ( fT / 2 ) sin 2 (πfT / 2 )

94
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

Fig. 8.2 Densidade espectral de potência dos formatos unipolar, polar, bipolar (AMI)
e Manchester.

Na Fig. 9.2 estão representados os espectros de potência (normalizados por A2T) dos
códigos de linha atrás considerados. Para a mesma amplitude A, o formato unipolar exige uma
potência de transmissão que vale A2/2, metade da qual gasta na transmissão da componente
contínua. Todos os restantes formatos exigem uma potência de transmissão que vale A2, excepto
o formato bipolar a que corresponde uma potência de transmissão A2 /2.
Da análise da Fig. 9.2 , verifica-se que para o caso do formato Manchester a maior parte da
potência concentra-se numa banda cuja largura é aproximadamente igual a 2/T, enquanto que
para todos os restantes formatos a largura de banda vale 1/T . Isto quer dizer que o formato
Manchester tem uma eficiência espectral que vale metade da eficiência espectral dos outros
códigos de linha aqui considerados, no entanto devido à concentração de potência ao redor de
1/T é fácil a sua sincronização. A partir da Fig. 9.2 é possível concluir que para os formatos RZ
é possível obter obter o sincronismo através de uma filtragem passa banda em redor de 1/T,
dado que para estes sinais existe uma forte componente em redor dessa frequência. A obtenção
do sincronismo para o sinal NRZ exige a elaboração de circuitos mais sofisticados.

95
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

Fig. 9.3 Densidade espectral de potência para sinais unipolares cujos pulsos são
rectangulares e para 3 situações: NRZ, RZ com duty-cycle de 50% e RZ com duty-cycle de
25%.

96
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

8.4 Exercícios propostos


1) Codifique a sequência binária seguinte em HDB3:

10 1 0 0 1 0 0 0 0 0 1 1 1 0 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0

b) Descodifique a forma de onda que obteve confirmando que obtém a sequência original.

2) Calcule a densidade espectral de potência para um sinal digital unipolar com bits
equiprováveis, considerando as seguintes situações.
a) Duty cycle de 50%
b) Duty cycle de 25%
c) Duty cycle de 75%
3)Calcule a densidade espectral do código de linha AMI (Alternate Mark Inversion)
Mostre que:

Polar:
S x ( f ) = A 2Tsinc 2 ( fT )

Bipolar:
S x ( f ) = A 2Tsinc 2 ( fT )sin 2 (πfT )

Manchester:
S x ( f ) = A2Tsinc 2 ( fT / 2 ) sin 2 (πfT / 2 )

3) Codifique a sequência binária seguinte em HDB3:

10 1 0 0 1 0 0 0 0 0 1 1 1 0 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0

b) Descodifique a forma de onda que obteve confirmando que obtém a sequência original.

4) Calcule a densidade espectral de potência para um sinal digital unipolar com bits
equiprováveis, considerando as seguintes situações.
Duty cycle de 50%
Duty cycle de 25%
Duty cycle de 75%
5) Calcule a densidade espectral do código de linha AMI (Alternate Mark Inversion)
Mostre que:

Polar:
S x ( f ) = A 2Tsinc 2 ( fT )

Bipolar:
S x ( f ) = A 2Tsinc 2 ( fT )sin 2 (πfT )

Manchester:
S x ( f ) = A2Tsinc 2 ( fT / 2 ) sin 2 (πfT / 2 )

97
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

98
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

9 Transmissão digital em banda base

9.1 Introdução
Actualmente os sistemas de transmissão são predominantemente digitais e a tendência é para se
tornarem cada vez mais digitais. Existem várias vantagens da transmissão digital relativamente
à transmissão analógica nomeadamente: (a) facilidade do projecto de circuitos digitais e
facilidade da sua implementação em circuitos integrados, os circuitos digitais estão menos
sujeitos a distorções que os circuitos analógicos, os circuitos digitais só operam em estados bem
definidos, normalmente dois estados, um distúrbio deverá ser suficientemente elevado para
produzir uma mudança de estado no circuito digital, enquanto que qualquer interferência se faz
sentir nos circuitos analógicos; (b) existência de técnicas de processamento digital de sinal bem
desenvolvidas; (c) os sinais de saída dos computadores são digitais, os sinais transmitidos nas
redes de comunicação têm tendência para serem predominantemente relativos a troca de
informação entre computadores; (d)imunidade ao ruído, considere por exemplo um pulso digital
que se propaga numa linha de transmissão, o pulso ao propagar-se é atenuado, distorcido e é-lhe
adicionado ruído, na recepção o pulso ainda será reconhecido como tal se a sua amplitude
ultrapassar um valor predefinido no instante de amostragem, os efeitos da transmissão
(distorção, atenuação, interferência e ruído) só se farão sentir se ultrapassarem um determinado
limiar, se não ultrapassarem esse limiar o pulso pode ser regenerado, no caso dos sistemas de
transmissão analógicos não existe esta operação de regeneração e todos os efeitos de
transmissão ficarão impressos no pulso.

9.2 Modelo de um sistema de transmissão digital


A Figura 11.1 ilustra um sistema de transmissão digital em termos de diagramas de blocos. O
sinal digital ao ser transmitido pelo canal de transmissão é atenuado, distorcido, é-lhe
introduzido ruído e é afectado por interferências. Na recepção o sinal é filtrado por um filtro
passa baixo, que tem por objectivo reduzir o ruído introduzido pelo canal de transmissão, é
amplificado para combater a atenuação e é egualizado. A operação de egualização consiste na
filtragem do sinal por um filtro desenhado com o objectivo de compensar a resposta do canal de
transmissão. Um sinal de sincronismo recuperado a partir do sinal que chega ao receptor é
utilizado como temporizador nas operações de recuperação do sinal digital no receptor. Para que
o sinal digital seja recuperado numa primeira fase é amostrado por um amostrador de retenção
(Sample&Hold), o passo seguinte é comparar o sinal amostrado com o nível de decisão (D) e
decidir se o símbolo transmitido foi ‘0’ ou ‘1’. De notar que o sinal digital recuperado é um
sinal sem ruído nem distorção mas que pode conter erros, como se ilustra na fdigitais os efeitos
de transmissão fazem-se sentir através de erros de decisão.

Fig. 9.1 Modelo de um sistema de transmissão digital.

99
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

Sinal Digital

Distorção

Ruído +

Filtragem + equalização
Nível de decisão

Sinal de síncronismo

Erro introduzido

Fig. 9.2 Sinais ilustrativos em vários pontos do sistema de transmissão digital


representado na Fig. 11.1.

9.3 Caracterização da informação digital

A representação de uma mensagem digital em banda de base toma normalmente a forma de


uma sequência de pulsos modulada em amplitude:

x(t ) = ∑ ak p(t − kTs ) ( 9.1)


k

- ak representa o símbolo k pertencente a um alfabeto de M símbolos;


- Ts não é necessariamente a duração do pulso, mas sim a duração entre duas transições
sucessivas do sinal. Taxa ou ritmo de transmissão de símbolo: r = 1/Ts [baud];
O pulso não-modulado p(t) está sujeito às seguintes condições:

1 t = 0 ( 9.2)
p(t ) = 
0 t = ±Ts ,±2Ts ,...

Por exemplo p(t) pode ser um pulso rectangular Π(t/Ts), ou qualquer outro pulso que
obedeça à condição da equação acima. Esta condição garante que se pode recuperar a
mensagem amostrando x(t) periodicamente nos instantes t = KTs com K = 0, ± 1, ± 2, … dado
que:

100
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

x(KTs ) = ∑ a k p(KTs − kTs ) = a k ( 9.3)


k

O sinal y(t) à saída do filtro passa-baixo pode ser descrito da seguinte forma:

y (t ) = ∑ a k ~
p (t − t d − kTs ) + n(t ) ( 9.4)
k

td é o atraso de transmissão, p (t ) é o pulso p(t) distorcido e n(t) o ruído aditivo. Para se


~

recuperar a mensagem o sinal é amostrado periodicamente:


Se p (0 ) = 1 :
~

y (t K ) = a K + ∑ a ~p (KT
k s − kTs ) + n(t K ) ( 9.5)
k ≠K

t K = KTs + t d interferência inter-simbólica (IIS)


Sinal Ruído

9.4 Limitações de transmissão

Duas das limitações fundamentais na transmissão são a interferência inter-simbólica e o


ruído aditivo. A combinação destes dois efeitos pode resultar em erros na mensagem regenerada
como se ilustra.

Fig. 9.3 Sinal distorcido depois do filtro passa baixo do receptor.

101
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

É possível diminuir o efeito do ruído aditivo diminuindo a largura de banda do filtro passa
baixo à entrada do receptor, no entanto a redução da largura de banda do filtro à entrada do
receptor implica o alargamento do pulso e consequentemente um aumento da interferência inter-
simbólica.

9.5 Diagrama de olho


O diagrama de olho é um indicador qualitativo do sistema de transmissão. O diagrama de
olho consiste na sobreposição dos diferentes símbolos transmitidos, como seria visualizado num
osciloscópio com persistência infinita. A figura abaixo mostra um diagrama de olho para o caso
de uma sequência de 8 símbolos medido por um osciloscópio digital.

a)

tempo

b) Duração do símbolo c)

Figura 9.1 a) Forma de onda distorcida. b) Diagrama de olho simulado. c) Diagrama


de olho medido.

Fig. 9.4. Diagrama de olho.

A construção do diagrama de olho depende do nº de símbolos adjacentes que interferem


com o símbolo em análise.
Os parâmetros que podem ser avaliados através da observação do diagrama de olho;
- instante de amostragem óptimo, que corresponde ao instante de abertura máxima do olho;
-IIS (Interferência Inter-Simbólica), que é particularmente significativa nos instantes de
amostragem, já que provoca a diminuição da margem de ruído do sistema;
-se o sinal de sincronismo é recuperado no receptor a partir da transição do sinal pelo limiar
de decisão, como acontece normalmente, então a distorção nos cruzamentos pelo limiar de

102
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

decisão (jitter) origina um sinal de sincronismo imperfeito e consequentemente instantes de


amostragem sub-óptimos;
-o declive do olho na vizinhança do limiar de decisão, é um indicador da sensibilidade do
sincronismo;
-finalmente as não-linearidades do canal de transmissão podem manifestar-se como
assimetrias no olho.

instante de amostragem óptimo

Distorção nos instantes de


amostragem (IIS)
margem de ruído

Limiar de decisão
Distorção nos cruzamentos
por zero (∆T).

Declive dá a sensibilidade a erros no


instante de amostragem

Intervalo de tempo em que o


sinal pode ser amostrado Jitter (%) = ∆T/Ts x 100

Fig. 9.5 Diagrama de olho generalizado.

9.6 Ruído e erros em sistemas de transmissão digital


Uma das características que tornam os sistemas de transmissão digital atractivos
comparativamente aos sistemas analógicos é serem mais imunes ao ruído. Para testar esta ideia
iremos estudar o desempenho de sistemas de transmissão digital na presença de ruído.Vamos
considerar um receptor digital como se mostra na figura.

Regenerador

G(f)=η/2

y(t) y(tk)
FPBaixo Sample &
x(t) H(f) Hold +
xr(t)

_
D

Fig. 9.6 Receptor digital.

103
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

O canal de transmissão não distorce o sinal mas introduz ruído Gaussiano de média nula e
variância σ com função densidade probabilidade:
2

n2 ( 9.6)

p N (n ) =
1 2σ 2
e
2πσ 2

O objectivo do receptor é recuperar os bits originalmente transmitidos com uma probabilidade


mínima de erro. O sinal que chega ao receptor y(t):

y (t ) = ∑ a k ~
p (t − t d − KT ) + n(t ) ( 9.7)
k

Onde ak é a amplitude do pulso k e ~p (t ) o pulso recebido, T o intervalo entre dois pulsos


consecutivos.
O sinal depois de ser filtrado por um filtro passa baixo (que tem por finalidade retirar o
ruído fora da gama de frequências do sinal) é amostrado por um amostrador de retenção
(Sample & Hold) no instante tk, tk= kT+τ, 0 ≤ τ ≤ T .
Considerando que o sistema não introduz interferência entre símbolos e ~p (t k ) = 1 o sinal
recebido no instante de amostragem é:
y (t k ) = a k + n(t k ) ( 9.8)
O passo seguinte é comparar os valores de y(tk) com um nível de decisão D e decidir se o
símbolo transmitido foi ‘0’ ou ‘1’.
 y (t ) > D ⇒ a ='1'
k k
(9.9)

 y (t k ) < D ⇒ a k ='0'
Considerando que x(t) é um sinal unipolar,
 '1' a k = A ( 9.10)

'0' a k = 0
Vamos considerar Y a variável aleatória que representa y(tk) sendo n a variável aleatória que
representa n(tk).

O problema que se põe é o de:


• dada a observação y(tk) qual foi o símbolo transmitido? ‘1’ ou ‘0’ ?

Existem duas situações hipóteses possíveis, H0 e H1:


 H 0 : y (t ) = n(t ) →Y = n ( 9.11)

 H 1 : y (t ) = A + n(t ) → Y = A + n
H0 corresponde à situação em que o símbolo ‘0’ foi transmitido, nesse caso o sinal no
receptor é composto somente por ruído.
H1 corresponde à situação em que o símbolo ‘1’ foi transmitido, nesse caso o sinal no
receptor é composto pelo ruído adicionado ao nível A.
A função densidade probabilidade de Y, na hipótese H0:
pY ( y | H 0 ) = p N ( y ) ( 9.12)
A função densidade probabilidade de Y, na hipótese H1:

104
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

pY ( y | H 1 ) = p N ( y − A ) ( 9.13)
Obtida através da transformação linear de pN(n) com n=y-A

Fig. 9.7 Funções densidade de probabilidade do sinal amostrado nos instantes tk,
quando os níveis 0 e A são transmitidos, respectivamente pY ( y | H 0 ) e pY ( y | H 1 ) .

O comparador implementa a seguinte regra de decisão:

Escolhe a hipotese H 0 (a k = 0) se Y<D


Escolhe a hipotese H 1 (a k = A) se Y>D

Esta regra de decisão ignora a situação em que Y=D, dado que a probabilidade de ocorrer é
muito pequena, caso ocorra alternadamente considera-se H0 e H1.

Caso o ruído adicionado ao sinal seja de tal modo elevado no instante de amostragem, o
comparador ao aplicar as regras de decisão pode cometer erros. Toma uma decisão errada
quando Y<D e o símbolo transmitido tenha sido ‘1’ ou quando Y>D e o símbolo transmitido
tenha sido ‘0’. Considerando Pe1 e Pe0 as probabilidade de erro do comparador relativas às
situações acima mencionadas. As probabilidades de erro do regenerador são:

∞ (9.14)
Pe 0 = P(Y > D | H 0 ) = ∫ pY ( y | H 0 )dy
D
D
Pe1 = P(Y < D | H 0 ) = ∫p Y ( y | H 1 )dy
−∞

105
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

A Figura ilustra graficamente, as probabilidades de erro Pe0 e Pe1,que correspondem às áreas


sombreadas definidas pelas curvas pY ( y | H 0 ) e pY ( y | H1 ) respectivamente. A figura evidencia
o papel do nível de decisão, D, no valor dessas probabilidades de erro. Para diminir a
probablidade de erro Pe0 basta aumentar o valor do nível de decisão D, no entanto esse aumento
do nível de decisão irá provocar um aumento de Pe1. Em termos de desempenho do sistema um
erro é um erro, por isso o nível de decisão D, deve de ser ajustado para um valor que minimize a
probabilidade média de erro do sistema Pe.

Pe = P0 Pe0 + P1 P e1 (9.15)

Onde P0 e P1 são as probabilidades de ‘0’ e ‘1’ serem transmitidos respectivamente.

pY ( y | H 0 ) pY ( y | H 1 )

0 D A y

Pe1 Pe 0

Fig. 9.8 Funções densidade probabilidade condicionadas, nível de decisão e probabilidades


de erro de decisão.

9.7 Nível de decisão óptimo

O nível de decisão óptimo Dopt, deve de minimizar Pe, ou seja:


dPe ( 9.16)
=0
dD

Aplicando a regra de Leibniz para a derivação de integrais obtém-se:


( ) (
P0 pY Dopt | H 0 = P1 pY Dopt | H 1 ) ( 9.17)

Considerando P0=P1=0.5, temos que:

( ) (
pY Dopt | H 0 = pY Dopt | H 1 ) ( 9.18)
Ou seja Dopt corresponde ao ponto onde as funções densidade probabilidade se intersectam.

106
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

9.8 Calculo da probabilidade média de erro

Considerando que o ruído aditivo introduzido pelo canal de transmissão é Gaussiano de


média nula e variância σ , a sua função densidade probablidade pN(n) é:
2


n2 ( 9.19)
p N (n ) =
1 2σ 2
e
2πσ 2
A função densidade probabilidade de Y, na hipótese H0, quando o ‘0’ foi transmitido, Y=n é:

y2 ( 9.20)
pY ( y | H 0 ) = p N ( y ) =
1 2σ 2
e
2πσ 2

A função densidade probabilidade de Y, na hipótese H1, quando o ‘1’ foi transmitido,


Y=n+A, e n=Y-A, é:

( y − A )2 ( 91.21)
pY ( y | H 1 ) = p N ( y − A) =
1 2σ 2
e
2πσ 2
Estamos então em condições de calcular Pe0 e Pe1, tendo em conta a função complementar
de erro erfc(k) definida como:
∞ ( 9.22)
erfc(k ) =
2 2
−x
π ∫e dx
k

Fig. 9.9 Função complementar de erro erfc(k).

Voltando ao calculo das probabilidades de erro Pe0 e Pe1

107
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

∞ ∞

y2 ( 9.23)
Pe 0 = P(Y > D | H 0 ) = ∫ pY ( y | H 0 )dy = ∫
1 2σ 2
e dy
D D 2πσ 2
D ∞

( y − A )2
Pe1 = P(Y < D | H 0 ) = ∫p ( y | H 1 )dy = ∫ 1 2σ 2
Y e
−∞ D 2πσ 2



y2 ( 9.24)

1 2σ 2
Pe 0 = e dy
D 2πσ 2

y dy
Fazendo a mudança de variável x = , obtemos dx = , e o extremo de integração
2σ 2σ
D
x' =

Obtem-se então para a equação ( 9.24)

∞ ( 9.25)
1 1  D 
∫ π e dx = 2 erfc 2σ 
−x 2
Pe 0 =
D / ( 2σ )

Análogamente para Pe1 temos:

D

( y − A )2 ( 9.26)

1 2σ 2
Pe1 = e dy
−∞ 2πσ 2

Fig. 9.10 Função densidade probabilidade PY ( y | H1 ) .

Por razões de simetria, como ilustrado na figura o integral na equação ( 9.26) é equivalente
a:

108
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

D

( y − A )2 ∞

( y − A )2 ( 9.27)
∫ ∫
1 2σ 1 2σ 2
Pe1 = dy =
2
e e
−∞ 2πσ 2 2 A− D 2πσ 2

y−A dy
Fazendo a mudança de variável x = obtemos dx = , e o extremo de integração
2σ 2σ
A− D
x' =

Obtem-se então

∞ ( 9.28)
1 − x2 1  A− D
Pe1 = ∫ π
e dx = erfc
2  2σ 

A− D

A
Como Dopt = (no caso de P1=P2=0.5), temos que:
2

1  A  ( 9.29)
Pe = Pe0 = Pe1 = erfc 
2  2 2σ 

Exemplo:

109
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Considere um sistema digital que transmite pulsos rectangulares unipolares a uma taxa de
η
transmissão rb=10 Mbit/s e densidade espectral de potência do ruído GN ( f ) = = 2 × 10− 20
2
W/Hz. Qual a potência média do sinal que chega ao receptor para que no máximo ocorra um bit
errado por hora.

1º Calcular qual é a probabilidade de erro do sistema:


durante 1 hora----- são transmitidos 3600 × 10 × 10 = 3.6 × 10
6 10
bits
durante 1 hora só um bit é detectado erradamente logo
1
Pe = ≈ 3 × 10 −11
3.6 × 1010

A partir do gráfico de erfc(k) verificamos que 3 × 10 , corresponde a um valor de k ≈ 5 ,


−11

como num sistema de transmissão unipolar, em que os ‘0’s correspondem ao nível 0 de tensão e
os ‘1’s correspondem ao nível A de tensão, como foi deduzido anteriormente temos que
A
≈5
2 2σ

2º Potência do sinal média recebida


Pr = P0 Pm 0 + P1 Pm1
onde P0 e P1 são as probabilidades de transmissão dos ‘0’s e ‘1’s respectivamente e Pm0 e
Pm1 a potência média dos ‘0’s e ‘1’s respectivamente.

A2

1
Pr = 0.5 × 0 + 0.5 × A 2 dt =
Tb 2
Tb

2º Potência do ruído recebido no receptor, Pn

Consideramos que o filtro passa baixo do receptor é um filtro ideal com largura de banda
B = rb / 2 = 5 × 10 6 MHz

η
Pn = ∫G N ( f ) H r ( f )2 df = × 2 B = 2 × 10 −20 × 2 × 5 × 10 6 = 2 × 10 −13 W
2
−∞

No entanto a potência do ruído também pode ser calculada no domínio temporal atendo a
que o ruído é um processo ergódico e estacionário:
[ ]
Pn = n 2 (t ) = E n 2 (t ) = σ 2
temos então que:

110
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

σ = 2 × 10 −13 = 4.5 × 10 −7 V

3º Calculo de A
A
=5
Da relação 2 2σ , podemos tirar o valor de A = 2 × 5 × 2 × 4.5 × 10 −7 = 6.3 µV
E logo cacular o valor da potência média necessária

Pr =
A2
=
6.3 × 10 − 6( )2 ≈ 506 pW
2 2

9.9 Filtro adaptado


Nesta secção iremos responder à questão:
Qual o filtro do receptor que origina uma menor Probabilidade de Erro do sistema?
Como já referido na secção 9.6 um receptor deve de incluir um filtro passa baixo, que tem
por objectivo limitar o ruído introduzido pelo canal. Este filtro não deverá causar interferência
intersímbolica e deverá minizar a Pe do sistema, ou seja deverá maximizar a relação sinal ruído
no instante da decisão.
Vamos considerar que o canal de transmissão introduz ruído branco sem introduzir
distorção. O sinal transmitido tem uma duração limitada τ , e está centrado no instante t=kT,
x (t ) = ak p (t − kT )
p(t) é o pulso elementar com as seguintes características p(0)=1, p(t)=0 para |t|> τ / 2 , e τ <T.
Para que a Pe seja mínima é necessário que no instante em que se efectua a decisão tk, a
razão da amplitude do sinal, y(tk), e o valor eficaz do ruído, (r.m.s), σ , seja máxima.

y (t k ) ( 9.30)
Maximizar
σ
Que é equivalente a maximizar a relação
 y (tk )  ( 9.31)
2

Maximizar  

 σ 
 y (t ) 
2

De seguida iremos escrever a relação  k  em função da função de transferência do


 σ 
filtro passa baixo, H(f)

y (t ) = ℑ −1 ( X ( f )H ( f )) ( 9.32)

∞ ( 9.33)
y (t ) = ∫ X ( f )H ( f )e j 2πft df
−∞

No instante t=tk, temos que:


( 9.34)
∞ ∞
j 2πft k j 2πft k
y (t k ) = ∫ X ( f )H ( f )e df = ∫ ak P( f )H ( f )e df
−∞ −∞

111
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

A potência do ruído
∞ ∞ ( 9.35)
η
∫ H ( f ) GN ( f )df = ∫ H ( f ) df
2 2
σ2 =
2
−∞ −∞
O nosso objectivo é então maximizar a razão:

∞ 2 ( 9.36)
j 2πft k
ak2 ∫ P( f )H ( f )e df
y 2 (t k ) −∞
=

σ 2
η
∫ H( f )
2
df
2
−∞

Podemos utilizar a desigualdade de Schwarz 2 para encontrar a função H(f) que maximiza a
razão fazendo:
η ( 9.37)
V(f )= H( f )
2
a H ( f )P( f )e j 2πft k a P( f )e j 2πft k
W *( f ) = k = k
V(f ) η
2
Obtendo-se o majorante quando

η ( 9.38)
H(f ) = kP* ( f )e − j 2πft k
2
2 η
Ou seja quando
( 9.39)
H opt ( f ) = k P ( f )e − j 2πft k
2 *
η

A esta função de transferência corresponde à resposta impulsional hopt(t)

 2k  2k ( 9.40)
hopt (t ) = ℑ−1  P* ( f )e − j 2πft k  = p(t k − t )
η  η

No caso em que o ruído de canal é branco a resposta impulsional do filtro adaptado é uma
réplica do sinal x(t) atrasada de tk e definida no sentido reverso do tempo. O atraso tk,
corresponde ao atraso entre a chegada do pulso e o instante que o pulso depois de atravessar o
filtro H(f) atinge o seu valor máximo, tk é um parametro que pode ser escolhido pelo

2
Desigualdade de Schwarz

∞ 2

∫ V ( f )W ( f )df
*

∫ W(f )
−∞ 2
≤ df

∫ V(f )
2 −∞

−∞

A igualdade verifica-se quando V ( f ) = kW ( f ) , k uma constante.

112
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

engenheiro. Por vezes o filtro óptimo obtido por este método é um filtro não causal e por isso
físicamente irrealizável. No desenho do filtro óptimo, de modo a obter-se uma resposta
normalizada dimensiona-se o filtro adaptado do seguinte modo:
( 9.41)
hopt (t ) = p(t k − t )
1
τ eq

tk = τ / 2
Onde τ eq = ∫p
2
(t )dt e . O atraso t k = τ / 2 foi escolhido por ser o atraso mínimo para
−∞

que a resposta impulsional do filtro seja causal e a constante de proporcionalidade



τ eq = ∫p
2
(t )dt foi escolhida de modo a que a amplitude de pico à saída do filtro seja ak.
−∞
∞ ( 9.42)
y (t ) = hopt (t ) * x(t ) = ∫ hopt (w)x(t − w)dw
−∞

p(t k − w)a k p(t − w)dw
1
= ∫τ
− ∞ eq

ak
=
τ eq −∞
∫ p(t k − w) p(t − w)dw

= ak t =t k

O pico do sinal recebido ocorre atrasado de τ / 2 em relação ao início do pulso. Apesar


do filtro óptimo introduzir atraso não introduz interferência intersimbolica. A figura
abaixo ilustra estas considerações para o caso do pulso rectangular, neste caso τ eq = τ .

x(t)

a) ak

0 t0 t0+τ

hopt(t)

1/τ

b)

0 τ t0

y(t)
c)
ak

t 113
0 tk-τ tk tk+τ
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Fig. 9.11 Filtro adaptado para pulso rectangular. a) Pulso à entrada do receptor. b)
Resposta impulsional do filtro adaptado. c) Saída do filtro adaptado.

9.10 Cálculo da Probabilidade de erro do filtro óptimo

Como vimo na secção a probabilidade de erro de um sistema digital binário unipolar é


1  A 
Pe = erfc  , onde A é a amplitude do sinal no instante de amostragem y(tk), no
2  2 2σ 
caso de um receptor que utiliza o filtro óptimo temos que y(tk)=ak, e que o canal
η
introduz ruído branco com densidade espectral de potência temos que:
2
A energia média por bit
∞ ( 9.43)
A2
ak2 ∫ p (t )dt =ak2τ eq τ eq
2
Eb = =
2
−∞

A potência de ruído à saída do filtro Pn


∞ ∞ ( 9.44)
η η
∫ H opt ( f ) G N ( f )df = hopt (t )
2 2
Pn = σ = ∫
2
df =
2 τ eq
−∞ −∞
Obtendo-se
1  Eb  ( 9.45)
Pe = erfc 

2  2η 

É a probabilidade de erro mínima que só é obtida quando se utiliza um filtro adaptado.


A resposta impulsional do filtro adaptado para um dado pulso elementar pode ser
implementada usando elementos passivos, no entanto é necessário alguma perícia para
se conseguir h(t ) ≈ 0 para t > τ que se o filtro não introduza interferência inter-
símbolica. No caso do pulso elementar ser rectangular, o filtro adaptado pode ser
implementado por um circuito de Integrate&Dump o qula está representado na figura. O
reset do integrador deverá de ser efectuado no instante tk.

114
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

Fig. 9.12 Esquema de um receptor incluíndo um filtro Integrate&Dump.

9.11 Interferência entre símbolos

Para além do ruído outra fonte de erros em sistemas digitais é a Interferência Inter -
Simbólica (IIS). A escolha dos impulsos utilizados como suporte à transmissão de
símbolos em sistemas digitais é um aspecto determinante do desempenho desses
sistemas. Por exemplo, os canais de banda limitada induzem o alargamento dos
impulsos. Se a entrada for uma sequência de impulsos rectangulares, então a resposta a
cada um dos impulsos vai interferir com os seguintes
(região sombreada), o que se traduz na ocorrência de IIS.

Entrada Função de transferência do canal saída

|H(f)|

0 T f 0 T

Fig. 9.13 Espalhamento temporal introduzido por um canal de largura de banda


limitada.

Analisando isoladamente dos outros fenómenos presentes num sistema de


comunicações, a IES poderia ser eliminada simplesmente por um aumento de largura de
banda do canal de transmissão. Contudo, esta solução além de representar um
desperdício de largura de banda, pode introduzir demasiado ruído adicional o que
causaria um aumento da probabilidade de erro do sistema.

115
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

Nesta secção iremos estudar este assunto, procurando moldar a forma dos impulsos de
modo a eliminar a IES, mas mantendo a largura de banda de transmissão o menor
possível. Começaremos por considerar o sinal digital x(t).


x(t ) = ∑ a p(t − kT )
k s
( 9.46)
k = −∞

onde
-ak é a variável aleatória discreta que modela a fonte digital
-Ts não é necessáriamente a duração do pulso, mas sim a duração entre duas transições
sucessivas do sinal. Taxa ou ritmo de símbolo: r = 1/Ts [baud];
O pulso não-modulado p(t) está sujeito às seguintes condições, que garantem no
domínio temporal zero Interferência Inter-Símbolica:

1 t = 0 ( 9.47)
p(t ) = 
0 t = ±Ts ,±2Ts ,...
Num sistema de transmissão digital em que o canal de transmissão tem uma largura de
banda limitada, é devido à limitação de largura de banda que este canal introduz
distorção severa se os pulsos utilizados fossem rectangulares, já que o espectro de um
sinal digital rectangular é infinito.
O objectivo desta secção é estudar pulsos cuja forma introduz IIS mantendo a largura de
banda o menor possível, por isso iremos impor a condição do pulso ter um espectro de
largura de banda limitada B, assim o espectro do pulso elementar P(f) obedece à
seguinte condição:

P( f ) = 0 f ≥0 ( 9.48)

Uma limitação fundamental da transmissão digital é a relação entre a IIS, a largura de


banda e a taxa de transmissão dos símbolos símbolos ( que está relacionada com o
ritmo binário).
Em 1924 Harry Nyquist estabeleceu o seguinte critério:

Considerando um canal ideal passa-baixo com largura de banda B, é possível transmitir


símbolos independentes a uma taxa r ≤ 2B baud sem IIS. Não é possível transmitir
símbolos independentes a r > 2B.
A utilização da taxa de símbolos máxima permitida (r = 2B, ritmo de Nyquist) pelo
critério de Nyquist envolve a utilização de um pulso especial, o pulso sinc:

p (t ) = sinc(rt ) = sinc(t Ts ) ( 9.49)

Cujo espectro é a função rectangular:


1 f
P( f ) = Π 
r r 116
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

( 9.50)

O pulso sinc possui características que fazem com que:


-Não haja influência do filtro passa-baixo, com largura de banda B ≥ r/2, no sinal visto
que P(f) = 0 para | f | > r/2. Assim, este pulso não sofre distorção devido ao filtro passa-
baixo e por isso pode-se ter r = 2B;
- Não haja interferência inter-simbólica, embora p(t) não seja limitado no tempo, visto
que este tipo de pulso é igual a zero nos instantes t = ± Ts, ± 2Ts, ….

Instantes de amostragem Instantes de amostragem

Fig. 9.14 Amostragem sem e com Interferência Inter-Símbolica (IIS).

Na prática, o pulso sinc não é realizável (espectro ideal passa-baixo e depende de modo
crítico da precisão temporal no instante de amostragem). Os problemas de sincronização
são resolvidos usando pulsos com uma forma designada por coseno elevado com um
factor de excesso de banda α entre 0 e 1.
r 1
Factor de excesso de banda: B = Bmin (α + 1) com Bmin = =
2 2Ts

Frequência de Nyquist

1
fN =
2Ts

117
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

a) Espectro do pulso para |f| >0. b) Forma do pulso.

Fig. 9.15 a) Espectro do pulso coseno elevado e forma do pulso.

1
O pulso coseno elevado permite transmitir a uma taxa de transmissão de r = , sem
2Ts
IIS, no entanto a largura de banda necessária para transmitir os pulsos é de
B = Bmin (α + 1) . A expressão matemática do espectro do pulso coseno elevado é:

Ts 0 ≤ f < f N (1 − α ) ( 9.51)


 
T π f π 
P( f ) =  s 1 − sin  −  f N (1 − α ) ≤ f ≤ f N (1 + α )
 2   2αf N 2α 
0
 f ≥ f N (1 + α )

No domínio temporal temos que:

cos(παt Ts )
p(t ) = sinc(t Ts ) ( 9.52)
1 − (2αt Ts )
2

9.12 Igualação em transmissão digital

Independentemente do tipo de pulso escolhido existe sempre alguma IIS, resultado das
imperfeições do filtro, conhecimento incompleto das características do canal, etc. Para
combater estes efeitos negativos utilizam-se técnicas de igualação. Estas técnicas têm
por função ‘igualar’ garantir que a IIS é nula ou desprezável nos instantes de
amostragem, não sendo necessário ‘igualar’ o sinal em todo o tempo.
Um ‘igualizador’ é um filtro cuja função de transferência é tal que se obtém à saída um
sinal Peq(f) com IIS nula ou desprezável.

118
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

c Iguala
P
H I ~p (t )

Peq ( f ) = Pi ( f )H c ( f )I ( f )

Peq ( f )
I( f ) =
Pi ( f )H c ( f )

Fig. 9.16 Representação esquemática da metodologia utilizada na implementação de


um ‘egualizador’. Pi(f) espectro do pulso à entrada do canal, Hc(f) função de transferência
do canal de transmissão e I(f) função de transferência do filtro ‘egualizador’.

Os filtros egualizadores são normalmente filtros transversais como se mostra na figura .

Fig. 9.17 Igualizador transversal com 2N+1 coeficientes.

O filtro transversal representado na Fig.11.17 tem 2N+1 ‘taps’ e um atraso total de


2NTs. A saída do filtro, no domínio temporal, é dada por:

N
peq (t ) = ∑ c ~p (t − nT
n s − NTs )
n=− N

119
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

Por exemplo para t=0, quando N=1 o caso do exemplo a seguir temos que

peq (0 ) = c−1 ~
p (0 + 1Ts − 1Ts ) + c0 ~p (0 − 0Ts − 1Ts ) + c1 ~
p (0 − 1Ts − 1Ts )
p (0 ) + c0 ~
= c−1 ~ p (− Ts ) + c1 ~
p (− 2Ts )

Quando se considera um tempo de amostragem tk = kTs + NTs , isto quer dizer que k=0
corresponde ao tempo de amostragem t0=NTs
N N
peq (t k ) = ∑ c ~p (kT
n s − nTs ) = ∑ cn ~
pk −n ( 9.53)
n=− N n=− N

onde cn são os coeficientes do filtro e ~p (t ) o sinal distorcido à entrada do egualizador.

Isto quer dizer que k=0 corresponde ao tempo de amostragem t0=NTs, se o objective for
encontrar a saída do filtro em t=0, para o filtro do exemplo, isto corresponde a k=-1 e
temos que t=0 corresponde a tk=-1=-1Ts+Ts=0 e assim pela equação 11.54 temos que :

peq (t = 0) = peq (tk = −1 ) = c−1 ~


p−1− ( −1) + c0 ~
p−1− ( 0 ) + c1 ~
p−1− (1)
=c ~ p (0) + c ~
−1 p (− T ) + c ~
0 sp (− 2T )
1 s

Temos a mesma solução! E a dúvida do Manuel está esclarecida!!!

Os coeficientes são calculados de modo a eliminar a IIS no instante de amostragem, tal


que:
1 k = 0
peq (t k ) =  (9.54)
0 k = ± 1, ±2,..., ± N

Trata-se de um egualizador ‘zero forcing’, tem como objectivo eliminar a IIE nos
instantes de amostragem.
Os coeficientes cn são calculados a partir da equação de matrizes:

 ~p0  ~
p−2 N  c − N  0 
       0 
    
~p N −1  ~
p− N −1   c−1  0 
~ ~      ( 9.55)
 pN  p− N   c0  = 1
~p N +1  p− N +1 
~  c1  0 
     
       0 
~  p0 
~ c  0 
 p2 N  N  

120
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

Exemplo:

Considere o sinal, representado na figura abaixo, à entrada do egualizador. Calcule os


coeficientes de um filtro transversal com 3 taps utilizado na egualização.

p (t )
~

~
p0 = 1.0

~
p−1 = 0.1 ~
p2 = 0.1
Ts

~
p−2 = 0.0 -Ts
~
p1 = −0.2

No instante tk=0, k=0, teremos à saída do filtro equalizador


c−1 p0 + c0 p−1 + c1 p−2

No instante tk=Ts, teremos à saída do filtro equalizador

121
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

c−1 p1 + c0 p0 + c1 p −1

Utilizando a equação que matrizes definida em ( 9.55), temos que:


 1.0 0.1 0.0 c − 1  0
− 0.2 1.0 0.1  c  = 1
  0   
 0.1 − 0.2 1.0   c1  0

Temos então o seguinte sistema de equações

c−1 + 0.1c0 = 0
− 0.2c−1 + c0 + 0.1c1 = 0
0.1c−1 − 0.2c0 + 1c1 = 0

Obtendo-se:

c−1 = −0.096 ; c0 = 0.96 e c1 = 0.2

à saída do filtro teremos, nos instantes tk:

t = −Ts peg (−Ts ) = 0.1× (− 0.096 ) + 0 × 0.96 + 0 × 0.2 = 0.01


t=0 peg (0) = 1.0 × (− 0.096 ) + 0.1× 0.96 + 0 × 0.2 = 0
t = Ts peg (Ts ) = −0.2 × (− 0.096 ) + 1.0 × 0.96 + 0.1× 0.2 = 1
t = 2Ts peg (2Ts ) = 0.1× (− 0.096 ) − 0.2 × 0.96 + 1.0 × 0.2 = 0
t = 3Ts peg (3Ts ) = 0 × (− 0.096 ) + 0.1× 0.96 − 0.2 × 0.2 = 0.06
t = 4Ts peg (4Ts ) = 0 × (− 0.096 ) + 0 × 0.96 + 0.1× 0.2 = 0.02
t = 5Ts peg (5Ts ) = 0 × (− 0.096 ) + 0 × 0.96 + 0 × 0.2 = 0

Como se ilustra na figura, de notar que o pulso egualizado se encontra atrasado de Ts


segundos em relação ao pulso não egualizado.

122
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

peg (t )
1

-Ts Ts t

9.13 Exercícios propostos

11.1- Uma fonte de dados binários gera ‘0’s com probabilidade P0=0.8 e ‘1’s com
probabilidade P1=0.2. Os dados são transmitidos através de um canal com um diagrama
de transição de probabilidade desenhada na figura seguinte.

Emissão Recepção
P0/0=0.8

0 0

P1/0=0.7
1 1

a) Determine Pe.
b) Determine Pe se a regra de decisão se inverter.
c) Determine Pe se todos os símbolos forem considerados como zeros. Qual a melhor
regra de decisão?

11.2- A velocidade de transmissão de um sistema digital é de rb=2 400 bit/s, considere


que o canal de transmissão introduz ruído Gaussiano. A relação sinal ruído no receptor é
de 10 dB. Considere que o filtro de recepção é um filtro passa-baixo ideal com largura
de banda B=rb/2 Hz. Calcule a probabilidade de erro do sistema para:
a) Pulsos NRZ unipolares.
b) Pulsos NRZ bipolares.
c) Pulsos RZ (50%) unipolares.
d) Pulsos RZ (50%) bipolares.

123
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

Nota: Considere os ‘1’ e ‘0’s igualmente prováveis.

11.3- É prática comum nos sistemas de transmissão digital manter uma probabilidade de
erro <10-5. Determine a relação sinal ruído necessária no receptor de modo que o
objectivo seja conseguido.
a) Pulsos NRZ unipolares.
b) Pulsos NRZ bipolares.
c) Pulsos RZ (50%) unipolares.
d) Pulsos RZ (50%) bipolares.
Nota: Considere os ‘1’ e ‘0’s igualmente prováveis.

11.4- Considere um canal de transmissão digital com uma largura de banda de 2400 Hz,
admitindo que no receptor temos uma relação sinal ruído de 20 dB. Calcule a velocidade
de transmissão (em bit/s) que é possível atingir nesse canal de transmissão se a
probabilidade de erro for de 10-5.

11.5- Considere um sistema linear em que o desvio padrão do ruído é 2 mV. E que se
trata de ruído Gaussiano. Qual é a probabilidade do ruído de tensão instantâneo estar
compreendido entre -4 e 4 mV.

11.6- Repita o problema anterior considerando que foi adicionado ao ruído uma tensão
continua de 2 m V.

11.7- Um sistema de transmissão digital binário transmite 50 000 digitos por segundo.
No processo de transmissão é adicionado ruído branco, de modo que no descodificador,
os pulsos recebidos têm amplitude de 1 V, com um tensão de ruído de rms 0.2 V.
Considere igual probabilidade de transmissão de “1” e “0”.
a) Qual o tempo médio durante o qual não são cometidos erros?
b) Qual é a alteração nesse tempo médio se a amplitude o sinal for duplicada?

11.8- Um canal de largura de banda de 2 400 Hz proporciona uma relação sinal ruído de
20 dB. Qual é a velocidade de transmissão da informação em bit/s se se transmitir por
este canal um sinal PCM com Pe=10-5.

11.9- Considere o sistema de transmissão digital banda base cujo diagrama de blocos
está representado na figura seguinte.

n(t)
V
Fonte Filtro do Filtro Circuito
Binária emissor Canal de transmissão adaptado de decisão
0,1

Receptor

124
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

A fonte binária produz símbolos independentes e equiprováveis. A velocidade de


transmissão, rb, é de 20 Mbit/s e o pulso elementar tem a forma rectangular com
duração T=1/rb. O ruído n(t), e branco gaussiano de média nula com densidade espectral
de potência de banda lateral dupla η/2=0.125x10-19 V2/Hz. O sinal à saída do filtro do
emissor é um sinal bipolar e a sua amplitude à entrada do receptor é A=1µV.

a) Calcule a probabilidade de erro do sistema.


b) Sugira justificando como poderia num sistema prático reduzir a probabilidade de
erros calculada em a).
c) Suponha agora que o circuito de decisão tem 2 níveis de decisão –A/2, e A/2, sendo
a saída ak=1 se V(KT) ≥A/2 e ak=0 se V(KT) ≤ -A/2. Se –A/2 ≤ V(KT) ≤ A/2 e o
circuito de decisão coloca à saída um terceiro símbolo E que vai ser processado
subsequentemente. Calcule a probabilidade de erro, a probabilidade de uma decisão
ser correcta e a probabilidade do símbolo E.

11.10- Um impulso coseno elevado e a sua transformada estão visualizados na figura.


Este impulso é utilizado para transmitir informação digital num canal de banda limitada
a uma velocidade de 1/Ts símbolos por segundo.

Frequência de Nyquist

1
fN =
2Ts

a) Espectro do pulso para |f| >0. b) Forma do pulso.

a) Espectro do pulso para |f| >0. b) Forma do pulso.

a) Considere que o canal distorce os impulsos. Suponha que os valores amostrados


do pulso recebidos são os seguintes:

125
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

Determine qual é a sequência que causa maior IIS e o valor da IIS.

b) Qual a probabilidade de ocorrência da sequência obtida em a) considerando que os


dígitos binários são equiprováveis e independentes.

Considere o egualizador transversal com 3 elementos de atraso, considere que o sinal à


entrada do filtro é:
~
p −1 = 0.4
~
p 0 = 1.0
~
p1 = 0.2

e ~
p k = 0 para k > 1 . Encontre o valor do sinal egualizado nos instantes de
amostragem peg(tk).

126
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

10 Bibliografia

[1] S. Haykin and M. Moher, Communication Sytems, 5ª edição (Wiley, 2010).


[2] A.B. Carlson and P.B. Crilly, Communication Systems, 5ª edição (McGraw-Hill, 2010).
[3] International telecommunication Union, Measuring the Information Society – The ICT
Development index. 2009. Available online at
http://www.itu.int/ITU-D/ict/publications/idi/2009/material/IDI2009_w5.pdf
[4] Página consultada em Janeiro 2011.
[5] J.G. Proakis, M.Salehi and G. Bauch, Contemporary Communication Systems using
Matlab, 2ª edição, (Thomson Brooks/Cole).
[6] C. Salema, Uma Introdução às Telecomunicações com Mathematica, 1ª edição
(Instituto Superior Técnico, 2009).
[7] F.G. Stremler, Communication Systems, 3ª edição, (Addison-Wesley).

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Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

11 Guias de trabalhos práticos

11.1 Guia de trabalho prático: Modulação de amplitude

11.2 Guia de trabalho prático: Modulação de frequência

11.3 Guia de trabalho prático: Efeito do ruído nas comunicações analógicas

11.4 Guia de trabalho prático: Probabilidade de erro em sistemas de transmissão


digitais banda base

128
Fundamentos de Telecomunicações I MIEET

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